Você está na página 1de 2

Demócrito

(textos ausentes do volume consagrado aos Pré-Socráticos na coleção “Os Pensadores”)


Psicologia

... a opinião, pois, quer que o animado, por relação ao inanimado, apresente duas diferenças
principais: o movimento e o fato de sentir. Ora, são praticamente estes os dois traços que nós
igualmente recolhemos junto aos nossos predecessores para caracterizar a alma. (Aristot. De
an. 403 b 24-28).

Alguns pretendem, com efeito, que a alma é, em ordem principal e no primeiro rang, o que
põe em movimento, E, imaginando que o que não estivesse por si mesmo em movimento não
poderia mover outra coisa, eles supuseram que a alma era uma qualquer das realidades em
movimento. (Aristot. De an. 403 b 29-35).

Pois não apenas é provável que se enganem ao atribuir à alma o gênero de realidade que
pretendem aqueles que a identificam ao que se move a si-mesma ou ao que pode por em
movimento; mas, talvez, seja propriamente impossível que se lhe atribua um movimento.
(Aristot. De an. 405 b 32-406 a 2).

Das figuras (σχήματα) e átomos (ἄτομα) em número infinito, chamou ele aos de forma esférica
«fogo» e «alma» (eles são como as chamadas «poeiras» existentes no ar, que são visíveis nos
raios solares, através das janelas); e a mistura primordial de todos os átomos constitui, [5]
segundo disse, os elementos da natureza no seu todo (Leucipo posicionou-se da mesma
maneira). Daqueles, os que possuem uma forma esférica são alma, porque tais figuras (ῥυσμοι)
são as mais aptas a esgueirar-se por entre tudo e, estando elas mesmas em movimento, a
mover o resto. (Aristot. De an. 403 b 35 – 404 a 16).

... mas, por outro lado, encontra-se em questão a alma cujos átomos são esféricos (τούτων δὲ
τὰ σφαιροειδῆ ψυχήν), porque tais rhusmoi (τοὺς τοιούτους ῥυσμούς), são eminentemente aptos
a se insinuarem por toda parte (διὰ τὸ μάλιστα διὰ παντὸς δύνασθαι διαδύνειν) e a moverem
todo o resto estando eles próprios em movimento (καὶ κινεῖν τὰ λοιπὰ κινούμενα καὶ αὐτα).”
(Aristot. De an. I, 2, 404 a 1 – 8 = DK67A28).

Uma vez que a alma existe em todo corpo dotado de sensibilidade, haveria necessariamente
dois corpos no mesmo corpo, uma vez que a alma é algo de corpóreo” (Aristor. De an. I, 5,
409 a 32 = DK68A104a).

... [a alma] é incorruptível e se desagrega ao mesmo tempo que o corpo (φθαρτὴν [nämlich
τὴν ψυχὴν] τῶι σώματι συνδιαφθειρομένην) (Aécio, Opiniões, IV, 7, 4 = DK68A109).

Não é de modo algum possível aceitar o que o pensamento augusto de Demócrito proclama:
que os elementos primordiais do corpo e da alma (corporris atque animi primordia) justapostos um
a um (singula privis apposita), religam alternadamente os membros. (Lucrécio, de rerum natura, III,
370 sq. = DK68A108).

O fogo é incorporal (ἀσώματον τὸ πῦρ), não incorporal absolutamente (pois nenhum dentre
estes filósofos nunca disse isso), mas incorporal na medida em que um corpo pode sê-lo, em
razão de sua sutileza (ἀλλ᾽ὡς ἐν σώμασιν ἀσώματον διὰ λεπτομέρειαν). (Filoponos, Comentário
ao de anima de Aristóteles, 83, 27 = DK68A101).
Aristóteles, de an., II, 404 a 27=DK68A101: “Anaxágoras não está de modo algum de acordo
com Demócrito. Pois este último, a alma e o intelecto são absolutamente idênticos (Οὐ μὴν
παντελῶς γ᾿ ὥσπερ Δημόκριτος· ἐκεῖνος μὲν γὰρ ἁπλῶς ταὐτὸν ψυχὴν καὶ νοῦν)”. (Aristot. De
an., II, 404 a 27 = DK68A101).

Demócrito e Epicuro diziam que a alma tem duas partes: a parte racional que tem sua sede
no peito, e a parte irracional dispersa no conjunto da mistura corporal (Δημόκριτος,
᾿Επίκουρος διμερῆ τὴν ψυχήν, τὸ μὲν λογικὸν ἔχουσαν ἐν τῶι θώρακι καθιδρυμένον, τὸ δὲ
ἄλογον καθ᾿ ὅλην τὴν σύγκρισιν τοῦ σώματος διεσπαρμένον.) (Aécio, Opiniões, IV, 4, 6 =
DK68A105).

Demócrito sustenta que ela [a alma] é sem partes e não [possui] múltiplas faculdades, dizendo
ser o mesmo tanto o inteligir quanto o sentir e de uma só faculdade estas coisas procederem
(Ἀμερῆ γάρ φησιν αὐτὴν (τὴν ψυχήν) Δημόκριτος εἶναι καὶ οὐ πολυδύναμον, ταὐτὸν εἶναι
λέγων τὸ νοεῖν τῶι αἰσθάνεσθαι καὶ ἀπὸ μιᾶς ταῦτα προέρχεσθαι δυνάμεως). (Filoponos, in
De an. I, 1, p. 35, 12 = 68 A 105 DK).

Sobre o Intelecto” (Perì nou). Este tratado foi ordenado por Trasilo entre os livros de física (physikà
dè táde) em uma seqüência que, por si mesma, dá a pensar: "1. Sobre a natureza, primeiro livro;
2. Sobre a natureza do homem (ou Sobre a carne), segundo livro; 3. Sobre o intelecto; 4. Sobre as sensações
(alguns autores agrupam estas duas ótimas obras sob o titulo Sobre a alma). (Díogenes Laércio,
Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, IX, 45-49 = 68 A 33 DK).

Você também pode gostar