da Natureza

cias da
Ciências
ênci
Ciên
Ci Nat re
Natu suas Tecnologias
reza e su

4 FÍSICA
4 Termodinâmica
Joniel Alves dos Santos Bacharelado, mestrado e doutorado em Física pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-doutorado na área de Física Atômica e Molecular.
©Shutterstock/Studio Art

Curitiba | 2022
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) O projeto
eto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, os
(Angela Giordani / CRB 9-1262 / Curitiba, PR, Brasil)
diagramas
amas e as figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e estimulam
um envolvimento
nvolvimento ativo com os temas de estudo. Assim, fique atento aos seguintes ícones:
S237 Santos, Joniel Alves dos.
Sistema Positivo de Ensino : ensino médio : Coloração artificial Formas em proporção Fora de escala numérica
formação geral básica : ciências da natureza e suas
tecnologias : módulo 4 : física : termodinâmica Coloração semelhante à natural Imagem microscópica Imagem ampliada
/ Joniel Alves dos Santos; Thaís Ananda dos
Santos (guia de estudos). – Curitiba : Cia. Bras. Fora de proporção Escala nu
nnumérica
mérica Representaçã
açã
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Representação rtt sti
rtí stica
ca
de Educação e Sistemas de Ensino, 2022.
232 p. : il.

ISBN 978-65-253-0201-0 (Livro do aluno)

1. Educação. 2. Física – Estudo e ensino. 3.

Ensino médio. I. Santos, Thaís Ananda dos. II. Título.

CDD 370

2022
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13. TERMOLOGIA E PROCESSOS
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DE TRANSMISSÃO DE CALOR
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14. TRANSFORMAÇÕES GASOSAS
2022 • Estudo dos gases
Contato
• Classificações das transformações gasosas
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• Equação de Clapeyron
 90

FÍS
74
29

51 71

15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 16. TERMODINÂMICA

AO APERFEIÇOAMENTO DAS • 1ª. lei da Termodinâmica
MÁQUINAS TÉRMICAS • 2ª. lei da Termodinâmica
• Máquinas e geração de energia
antes da Revolução Industrial
• Revolução Industrial e o aperfeiçoamento
histórico das máquinas térmicas
Fique ligado!
As atividades do Livro didático
apresentam diferentes níveis de
complexidade. Confira abaixo
a legenda que acompanha as
questões:
Assimilação

Aperfeiçoamento

Aprofundamento
©Shutterstock/Csh3D
Termologia e
Te
T

FÍS
processos de 13
3
transmissão OBJETIVOS DO CAPÍTULO
de calor ▶ Identificar os processos de
transmissão de calor.
▶ Interpretar os efeitos dos fenômenos
de transmissão de calor em situações
cotidianas.
▶ Avaliar os riscos envolvidos em
atividades cotidianas, aplicando
conhecimentos das Ciências da
Natureza.

Acesse aqui as videoaulas

deste Módulo.
Termologia e processos
Te
de transmissão de calor

"Conto-me entre as pessoas que pensam que a ciência tem grande

beleza. Um cientista no seu laboratório não é apenas um técnico: é
também uma criança colocada perante fenômenos naturais que a
impressionam como um conto de fadas".

*
©Wikimedia Commons/Marie
mmons/Marie Curie

Douglas Mogueira. 2021. Digital.

O domínio do fogo pode ser considerado o primeiro grande
advento para a evolução do homem, nosso primeiro instrumento
de tecnologia. Além disso, a beleza e a complexidade intrigante
da chama sempre mantiveram o fogo como protagonista nos
estudos para a compreensão da matéria e do Universo.

História da Termologia
Cor amarelo-
-alaranjado: região
mais brilhante
(800 °C a 1 000 °C). Mas o que é o fogo?
Ao estudar o fogo, podemos pensar na reação de combustão total:
CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
Cor azul: região
De fato, essa equação explica a reação química da combustão que
mais quente origina a chama, mas não explica o que o fogo é! Assim como uma
(1 000 °C a 1 400 °C).
receita não explica o sabor de um bolo de chocolate.
Vamos pensar, por exemplo, na delicada chama de uma vela. As
cores dessa chama são a primeira coisa que notamos, porque elas
Transmissão de calor brilham devido à radiação de corpo negro. Dentro da chama, estão
por convecção ocorrendo centenas de reações químicas, mas o oxigênio do ar e a
parafina da vela não fazem nada sozinhos. É preciso um pouco de
calor externo para iniciar o processo, caso contrário não teríamos a
chama. É o que chamamos de pirólise, processo em que a parafina,
©Shutterstock
©Shutterstock/Winyuu
que é o combustível sólido, é vaporizada pelo calor e quebrada em
pedaços menores.

A parafina é um composto constituído exclusivamente por carbono e hidrogênio.

©Shutterstock/Studio Art

A reação química que ocorre pela ação do calor é chamada de pirólise – o prefi-
xo “piro-”, em grego, significa fogo, e o sufixo “-lise” indica quebra.

*SALDANHA, Ana. Factos da vida. Lisboa: Caminho, 2017. p. 139.

6 CNT FÍSICA
 ©Shutterstock/Sergey Merkulov
Em sua parte inferior, a chama é azulada. Isso se deve a
processos quânticos, nos quais os elétrons dos hidrocarbonetos
presentes na parafina e o oxigênio do ar colidem uns com os

FÍS
outros. Nessas colisões, esses elétrons podem subir para estados
mais energéticos e, quando retornam ao estado fundamental,
liberam a energia em forma de luz.
Nem todos os carbonos na vela são convertidos em CO2. Dessa
forma, os carbonos que sobram se juntam e formam pequenas
partículas de fuligem, que se aquecem e produzem um brilho
amarelo-alaranjado. Essa fuligem brilhante é de onde vem a maior
parte da luz das velas. Eventualmente, na ponta da chama, toda a
fuligem queimou e foram deixados apenas dióxido de carbono e
vapor-d’água no ar. Emissão de luz por átomos

hands-on
Vamos investigar as diferentes partes da chama de uma vela?

Materiais
▶ vela acesa ▶ tigela de metal ▶ colher

Como fazer

1. Posicione a tigela de metal acima 2. Toque uma colher na parte amarela da

Divo Padilha. 2021. 3D.

da vela, sem tocá-la (conforme chama (conforme a ilustração). Afaste a

a ilustração). Afaste a tigela e colher e responda: o que se formou na
responda: o que se formou na parte parte da colher que tocou a parte amarela
de baixo do objeto? da chama?

3. Aproxime a colher da chama da vela até quase tocar o pavio

(conforme a ilustração). Afaste a colher e responda: o que se
formou na colher?

4. Esse experimento tem seus resultados

reproduzíveis, isto é, qualquer pessoa que o
realize obterá as mesmas respostas?

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 7

Por que a chama tem essa forma?
A forma da chama está relacionada fundamentalmente com a
gravidade, que puxa o ar frio, mais denso, para baixo, enquanto o ar
quente sobe. Esse processo dinâmico é chamado de convecção, e é o
que dá à chama a sua forma familiar.

Se você acender uma vela em gravidade zero, não haverá ar mais pesa-
do (ou mais leve) – nesse caso, não serão criadas as correntes de convec-
ção e a chama terá uma forma diferente, aproximando-se de uma esfera.

A forma da chama
depende do campo
gravitacional.

A chama parece um cone sólido, mas todas essas reações químicas

e quânticas que a fazem brilhar só podem acontecer onde existe ar.
Portanto, a chama, na verdade, é oca.
Divo Padilha. 2021. 3D.

A chama da vela é oca.

A formação de novas moléculas e novas ligações é o que

transforma a energia de ligação em calor. O calor, por sua vez, dispara
uma reação em cadeia, vaporizando mais combustível, produzindo
mais colisões entre as moléculas e fazendo o fogo queimar. Portanto, Acesse o vídeo
©Shutterstock/Alexandra Lande

sobre correntes de
a chama vai seguir queimando enquanto houver combustível e
convecção de ar.
oxigênio.
Esse é o entendimento moderno do fogo. Mas, na maior parte da A forma da chama resulta da
história da humanidade, ele teve interpretações muito distintas, e até ação das correntes de convecção
mesmo místicas, que foram desenvolvidas até a atualidade. criadas no seu entorno.

8 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 ©
W

iki
m ed
ia C
omm
Do fogo ao calor

ons
Os filósofos da Antiguidade abordaram a composição da matéria e suas
transformações por meio da ideia de princípios primitivos dos corpos, ou

FÍS
seja, pelo conceito dos quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
Essa ideia foi proposta por Empédocles (492-432 a.C.), em meados
do século V a.C. Entretanto, ele não estava preocupado em explicar as
causas dos fenômenos naturais, mas a composição do Universo.

©Shutterstock/Andrey_Kuzmin/Lambros Kazan/Natata
A mesma tese foi posteriormente adotada por Platão (ca. 427-
347 a.C.), no fim do século V a.C., e principalmente por Aristóteles
(384-322 a.C.), no início do século IV a.C. O calor estava associado
aos corpúsculos do elemento fogo.
Na mesma época (final do século V a.C.), havia também o
atomismo, linha de pensamento cuja formação é atribuída a
Demócrito (460-370 a.C.), que sugeria que tudo que havia na Terra
era formado por átomos e vazios. Os átomos podiam assumir várias
formas e sua combinação originava todo tipo de substância/matéria.
Para Demócrito, o calor surgia do movimento dos átomos nos
espaços vazios entre eles.
Também nessa mesma época, Hipócrates (460-370 a.C.) já notava
a importância da observação da temperatura de pessoas. Contudo,
só no fim do século XVI surgiu o termoscópio a ar, antecessor do
termômetro.
A versão mais próxima do termômetro atual foi feita em 1702,
pelo astrônomo dinamarquês Ole Roemer (1644-1710). Entretanto,

ageplus/AP Photo
inicialmente sua utilização enfrentou diversos problemas, em
decorrência de diferenças culturais, de problemas de comunicação

©Im
e de guerras e também em virtude da grande quantidade de escalas

os
termométricas (havia 27 escalas em uso em 1778).

ad
Est
os, Washington, D.C.
do Congresso dos
Posteriormente, o termômetro foi aperfeiçoado por Daniel Gabriel el
Fahrenheit (1686-1736), que desenvolveu, em 1714, um termômetro
de mercúrio de grande precisão, revolucionando as medidas

teca
Unid
termométricas.

o
ibli
©B
Nessa época, havia duas correntes principais que tentavam
explicar o calor. Uma corrente iniciada por Roger Bacon (ca. 1214-
1294) no século XIII, a qual afirmava que o calor era o movimento
s
edia Common

interno das partículas do corpo, e outra que considerava o calor como

uma espécie de fluido, chamada de teoria do flogístico, proposta pelo o
alquimista alemão Johann Joachim Becher (1635-1682).
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rena/Album/Akg-Ima

Os alquimistas tinham como

objeto de estudo a composição
e a transformação da matéria.
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©F

O termoscópio era um
instrumento baseado na
expansão do ar, foi o primeiro
termômetro clínico.
©Fotoarena/Alamy Stock Photo/Andrew
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13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 9

 O Flogístico Problemas...
A palavra “flogístico” derivou do
termo “arder” em grego. Segundo uston, we have
Ho !
a problem
Johann Joachim Becher, esse seria o
principal material responsável pela
combustibilidade das substâncias. Essa Ao se considerar a combustão de
materiais diferentes, alguns, como

toloczko. 2021. Digital.

concepção de princípio inflamável foi
retomada pelo alquimista alemão Georg os orgânicos, perdem massa nesse
Ernst Stahl (1660-1734), segundo o processo, enquanto outros, como
os metais, ganham massa por cal-
qual os materiais eram formados pela
cinação. As explicações para tal fato
combinação de uma matéria terrosa
procuravam se adequar à teoria do
chamada de cal, diferente para cada flogístico. Nesse sentido, Stahl ar-
material, e do flogístico, comum a todos os materiais. Assim, a gumentava que a perda do flogisto
combustão era explicada da seguinte forma: criava espaços vazios e que, ao se
reagrupar, a matéria se tornava mais
densa; outros tentavam explicar atri-
Quando o material era queimado, o flogístico abando- buindo “peso negativo” ao flogísti-
x
s/Digital Portrait Inde

nava o corpo, indo para o ar e deixando as cinzas. Uma co. Tais adaptações exigiam tantas
vez sem a substância flogística, o material parava de reformulações da concepção de
queimar. A não verificação da combustão na ausência flogístico que a deixavam tão mais
do ar era explicada pela necessidade desse elemento na complexa quanto frágil, culminando
©Wikimedia Common

absorção do flogístico. numa teoria insustentável.

O escocês Joseph Black (1728-
1799) fez vários experimentos
A teoria do flogístico tornou-se a primeira a reunir em usando a balança nas reações e
um único modelo explicativo o fenômeno da combustão. determinando, por exemplo, o peso
E, apesar de ter algumas inconsistências, manteve-se do ar fixo que se ganhava ou se
como uma das principais linhas de perdia durante as reações. Essas
pensamento no século seguinte. pesquisas também foram realizadas
ria

por Lavoisier, influenciado por seus

©Shutterstock/Histo

No Século das Luzes, o francês Guillaume mestres Guillaume François Rouelle,

François Rouelle (1703-1770) disseminou a o químico e farmacêutico sueco Carl
teoria do flogístico na França. Nesse momento, Wilhelm Scheele (1742-1786) e
o que conhecemos como Química ainda era o químico inglês Joseph Priestley
um conjunto de conhecimentos vagos, com (1733-1804).
mais situações práticas do que teóricas. Assim como Black, Lavoisier rea-
Temos, assim, as primeiras tentativas lizou experimentos baseado no uso
formais de compreender e caracterizar os gases, chamados de “ares” sistemático da balança, provando
que, ao ser calcinado, o metal ga-
e essenciais para entender a combustão. Entre eles, estavam o ar
nhava peso em vez de perder, como
fixo (dióxido de carbono), o ar inflamável supunha a teoria do flogístico.
(hidrogênio), o ar flogisticado (nitrogênio) e
o ar deflogisticado (oxigênio), todos eles de
Vizulis

©Shutterstock/German Vizulis

alguma forma relacionados com o flogístico.

ock/German

J
©Wikimedia Commons/Rogers,

Os nomes atuais desses gases foram concebidos

posteriormente, pelo químico francês Antoine
©Shutterst

Laurent de Lavoisier (1743-1794).

O processo de combustão, entretanto,
permanecia longe de ser entendido.
mons/

Acreditava-se ainda que a reação envolvia não

er
Ida Faland
edia Com

a remoção de oxigênio do ar, mas a captação

de flogístico pelo ar.
©Wikim

10 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 mons
Com
e dia
kim
Sai o flogístico, entra o calórico Benjamin Thompson (1753-1814), físico

i
©W
Influenciado por Black, americano, nomeado Conde de Rumford,
Lavoisier adotou a teoria do investigou a produção de calor por atrito em

calórico e o descreveu como
“matéria do fogo”, atribuindo
uma relação de causa e efeito
entre o calórico e o calor, ou
seja, todos os corpos tinham o
calórico e, quando ele fluía para
fora dos corpos, a temperatura
do corpo diminuía, e vice-versa.
FÍS
fábricas de canhões. Após rodar peças metálicas
uma sobre a outra, ele podia medir o aumento
de temperatura decorrente do calor produzido
pelo atrito mergulhando-as em água. Ao perceber er
que, enquanto fosse produzido atrito entre as peças,
ças,
o calor continuava sendo produzido, Thompson
concluiu que ele não poderia ser uma substância material,
eliminando a ideia do calórico. Esses experimentos Lib
rary
me
co
de Thompson deram fundamento à 1ª. lei da

ll
We
Assim, os diferentes calores

/
ons
Termodinâmica.

omm
específicos das substâncias eram

explicados considerando que
o calórico era atraído de modo
desigual pelas diferentes espécies
de matéria. A dilatação provocada
pelo aquecimento era explicada
pela autorrepulsão do calórico.
Evandro Marenda. 2021. Digital.
©Wikimedia C
Os passos finais na interpretação atual do
calor foram dados por Julius Robert von Mayer
(1814-1878), médico e físico alemão que, em 1840,
enunciou a equivalência entre calor e trabalho e o
equivalente mecânico do calor de forma precisa. O
princípio que traduz essa equivalência é chamado de
1ª. lei da Termodinâmica ou princípio de Mayer.
O fato de Mayer ter realizado experimentos por meio de
observações médicas em vez de realizá-los em um laboratório
de Física não lhe deu muita
credibilidade na comunidade
científica, gerando uma

intensa disputa pelo mérito

da descoberta. Essa
disputa tinha mais
contornos nacionalistas

tol
oc
que científicos, já que
zko
.2
02
Alemanha e
1.
Dig
ita
Grã-Bretanha eram
Sai o calórico, entram calor e l.
rivais à época.
temperatura Na mesma época, de
No início da Revolução forma independente, o físico britânico James
Industrial, o estudo do calor Prescott Joule (1818-1889) propôs a equivalência
começou a despertar o interesse entre trabalho e calor, estabelecendo um valor
de vários setores da Física. Então, numérico para ela – 4,1550 J/cal.
a teoria do calórico logo foi Em 1850, Rudolf Julius Emmanuel Clausius
la y
ko

abandonada frente à hipótese de (1822-1888), físico alemão, enunciou que calor

Ni

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hk
ves
/ Ne
que a temperatura de um corpo e trabalho não eram mais do que duas faces de umm ©Shutterstock

(intimamente ligada ao calor)
era resultado da agitação das
partículas constituintes da matéria.
O flogístico foi trocado por outra chave
mestra, uma vez que as explicações eram
baseadas na hipótese da existência de um
fluido térmico sutil, indestrutível, elástico
e autorrepulsivo, chamado de calórico.
mesmo fenômeno, que mais tarde ganharia o nome me
de energia. Esse conceito inovador ganhou o nomemee
de princípio da conservação de energia.
O conceito de energia permitiu que
alcançássemos um novo patamar na
industrialização, com o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento das máquinas a vapor. E o
desenvolvimento energético sustentável continuaa ©
Sh
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sendo um tema fundamental na atualidade. ers
tock/
Nicku

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 11

ressolve aí ;))
5. Use as palavras do quadro para preencher as lacunas da
frase a seguir de acordo com o conhecimento da teoria do
calor e da combustão.
Calor comburente combustível
energia luminosa gás carbônico oxigênio
parafina vapor-d’água
A combustão é uma queima, uma reação química
exotérmica, isto é, uma reação que sempre produz energia
em forma de . No caso da chama de uma vela,
a é a substância que pode ser queimada,
ou seja, é o . A combustão é alimentada
pelo , chamado de , ( ) Quando um material é queimado, o flogístico o
enquanto são liberados e abandona, indo para o ar e deixando as cinzas. Uma
. A chama da vela também
produz . queimar.
6. Em seus experimentos numa fábrica de canhões em
Munique, Benjamin Thompson percebeu que, enquanto fosse
produzido atrito entre peças de metal, o calor continuaria a
ser produzido. Então, ele concluiu que o calor não poderia ser
uma substância material. Em suas palavras:
“Não é necessário adicionar que qualquer coisa
que um corpo isolado, ou sistema de corpos, pode
fornecer continuamente sem limitação, não pode
de maneira alguma ser uma substância material”.
Essa ideia serviu de fundamento para que se chegasse à
conclusão de que
a) calor era um tipo de energia.
b) a massa deveria se conservar.
c) o calor era um fluido.
d) a massa era transformada em calor.
Processos de transmissão de calor
O mundo material a nossa volta é formado por pequenas
partículas que estão em constante movimento (energia cinética).
A junção dessas partículas se dá por meio de energias de ligação.
Nos fluidos, as partículas também apresentam energia de rotação.
A soma de todas essas energias das partículas constituintes da
matéria é chamada de energia interna. A energia interna é, portanto,
armazenada em forma de ligações químicas e movimento. Quando
um corpo recebe energia térmica, ou seja, quando o calor flui para
ele, a energia cinética de translação das moléculas do corpo aumenta
e, consequentemente, sua energia interna também. O que podemos
concluir com isso? Ora, se um corpo recebe calor, sua temperatura
deve aumentar. Assim, a temperatura de um corpo está diretamente
12 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
7. Em 1714, Daniel Gabriel Fahrenheit aperfeiçoou o
termômetro, produzindo um equipamento capaz de fazer
medidas com grande precisão. Os termômetros precisam de
dois pontos fixos, definindo uma escala termométrica. Com
isso em mente, complete os espaços da frase a seguir, que
apresenta informações sobre a escala Fahrenheit.
É uma escala dividida em partes iguais e seus
pontos fixos são °F e °F.
8. Em relação à teoria do flogístico, assinale com V as
afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
vez sem a substância flogística, o material para de
( ) A não verificação da combustão na ausência do ar
é explicada pela necessidade desse elemento para
absorver o flogístico.
9. Na chama da vela, há três partes distintas, chamadas
zonas ou cones: a zona azul, ou cone de gás, na base
da chama; a zona brilhante, ou cone de luz amarelada,
que fica entre o cone de gás e a extremidade externa da
chama; e o cone de fogo, que é a parte vermelha e mais
externa da chama. As diferentes cores na chama da vela
estão associadas com as temperaturas de cada região.
Assinale a alternativa que relaciona as regiões de acordo
com suas temperaturas, da maior para a menor.
a) Zona azul; zona brilhante; cone de fogo.
b) Zona brilhante; cone de fogo; zona azul.
c) Cone de fogo; zona azul; zona brilhante.
d) Cone de fogo; zona brilhante; zona azul.
Agora, você pode fazer a atividade 32
da seção Foco no Enem.
relacionada com a energia nele
armazenada, ou seja, com a sua
energia interna.
TEMPERATURA
É uma propriedade de todo corpo, que
está relacionada com a energia cinética
média das partículas que o constituem.
CALOR
Indica a quantidade de energia
transferida de um corpo para outro em
decorrência
orrência da diferença de temperatura
entre
ent re ele
eles.
s.
 Essas são as noções modernas sobre calor e temperatura. Note
que o conceito de calor está intimamente ligado ao conceito de hands-on
temperatura, entretanto, eles são distintos. Lembre-se de que o calor Como a energia térmica

FÍS
é transferido de forma espontânea do corpo mais quente (maior se distribui por esse corpo
temperatura) para o mais frio (menor temperatura) e de que esse quando o calor flui através dele?
processo de transferência de energia térmica ocorre até que as Vamos responder a essa
temperaturas dos corpos se igualem, o que chamamos de equilíbrio pergunta analisando um
térmico. Esse é um fato experimental conhecido como lei zero da experimento simples.
Termodinâmica.
Materiais
O calor pode ser transferido de três maneiras diferentes:
condução, convecção e irradiação. ▶ 1 fio de cobre desencapado de
aproximadamente 30 cm de com-
primento e 3 mm de diâmetro
Condução térmica ▶ 1 suporte (pode ser uma latinha
Quando corpos diferentes estão em um mesmo ambiente, eles com areia dentro)
têm a tendência de atingir a mesma temperatura, isto é, de chegar a ▶ 1 vela
um equilíbrio térmico com o ambiente. Entretanto, quando tocamos ▶ 5 pregos pequenos (podem ser
numa maçaneta de metal e na madeira de uma porta, temos a tachinhas também)
sensação de que elas estão com temperaturas diferentes. ▶ régua
▶ martelo
Como isso é possível se ambas estão no mesmo ambiente e,
portanto, à mesma temperatura? Como fazer
Isso ocorre porque o calor flui mais facilmente no metal do que na 1. Faça um furo de um lado e de
madeira. Por isso, dizemos que o metal é melhor condutor térmico do outro do suporte utilizando um
que a madeira. Essa propriedade do calor de fluir por meios materiais prego. Esse furo deve permitir a
(sólidos, líquidos e gasosos) é chamada de condução térmica. passagem do fio de cobre.
2. Marque cinco pontos no fio, com
Na condução térmica, o calor se propaga pelo meio material uma separação de 5 cm. Depois,
passando de partícula para partícula, por meio de interações acenda a vela, deixe pingar para-
intermoleculares com suas vizinhas. Basicamente, as partículas fina derretida em cada ponto mar-
passam a vibrar mais intensamente, transferindo essa vibração umas cado e fixe os pregos ou tachinhas
para as outras. antes que a parafina se solidifique.
©Shutterstock/Osweetnature

Corpos com 3. Fixe o fio de cobre no suporte e

Corpos separados Corpos em contato mesma temperatura acenda a vela, posicionando a
chama na extremidade do fio.

toloczko. 2021. Digital.

Calor transferido Não ocorre mais
Quente Frio
espontaneamente transferência de calor
Átomos
do corpo Átomos do
quente corpo frio Átomos do corpo quente
têm alta têm baixa transferem energia cinética Conclusão
energia energia para átomos do corpo frio
10. Por que os pregos (tachinhas)
se soltam em sequência e não
todos ao mesmo tempo?
Nas ilustrações, as cores mais avermelhadas representam corpos mais quentes, as cores
mais azuladas representam corpos frios e consideramos que o sistema está fechado. 11. Como o calor flui pelo fio de
acordo com essa observação?

A condução é um processo de transferência de calor por contato

12. O que mudaria se um fio de
direto entre os corpos, em que a energia é transferida de partícula
para partícula. Portanto, a condução depende de um meio material.
al. mesmo tamanho e diâmetro,
mas de outro metal, fosse
usado no lugar do cobre?

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 13

 Fluxo de calor Agora, suponha que você
O fluxo está sempre associado com a variação de alguma grandeza quer colocar, com a mão, um
física em relação ao tempo. Assim, se falamos em fluxo de calor, cubo de gelo em um copo de
estamos falando da quantidade de calor transferida por intervalo de água. Instintivamente, você
tempo, através de uma seção reta do material: faz isso o mais rápido possível,
pois, convenhamos, a sensação
Q
 de segurar um cubo de gelo
Fluxo de calor em W (SI) t Quantidade de calor
transferido em J (SI) não é muito agradável. Qual é a
ideia por trás dessa rapidez no
Intervalo de tempo em s (SI) processo? Diminuir o intervalo
de tempo que os corpos ficam
em contato! Quanto mais
joule tempo em contato, maior será a
Lembre-se de que: 1 watt 1 quantidade de calor perdida da
segundo
sua mão para o gelo.
Por outro lado, se você
primeiro molhar a mão com
Área
Uma barra de metal de água fria e depois pegar o cubo
d
Sa a

comprimento L conecta de gelo, notará que segurá-lo

k/Fouad A.

T1 T2 dois corpos a diferentes será menos desconfortável

utterstoc

temperaturas T1 > T2. do que antes. Isso porque,

Q
O fluxo Φ representa a ao colocar a mão em contato
© Sh

Condutor térmico taxa com que o calor flui com a água, você baixou a
do corpo mais quente
L
para o corpo mais frio.
sua temperatura, diminuindo,
portanto, a diferença de
temperatura entre ela e o gelo.
©Shutterstock/Turgaygundogdu

A sensação térmica de frio foi

atenuada porque a diferença de
temperatura foi diminuída.

QUE VARIÁVEIS Uma última análise simples

pode ser feita imaginando a
INFLUENCIAM NA seguinte situação: ao mergulhar

CONDUÇÃO TÉRMICA? a ponta de uma colher de

metal em uma vasilha com
água fervente, notaremos que
depois de algum tempo a outra
ponta da colher estará quente.
Isso é a condução térmica em
ação. Podemos pensar ainda
no comprimento da colher:
se ela tiver um comprimento
Vamos analisar por meio de alguns simples experimentos mentais. maior, levará mais tempo
para que a extremidade fora
Como já vimos, as diferentes sensações térmicas no metal e na
da vasilha esteja mais quente,
madeira devem-se ao fato de o metal ser melhor condutor térmico
pois agora o calor deverá fluir
do que a madeira. Portanto, um fator importante para a condução é o
por uma distância maior, já
tipo de material.
que o comprimento da colher
Você também pode imaginar a diferença entre tocar apenas a aumentou.
ponta de um dedo numa superfície fria (ou quente) e tocar a palma da
mão inteira. A sensação térmica fria (ou quente) será mais intensa no
segundo caso, quando você aumentou a área de contato.
14 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 organize
as ideias A quantidade de calor trocado irá
13. Podemos, então, reunir as variáveis aumentar se a(o) diminuir se a(o)

FÍS
descritas e analisar sua relação com
área de contato
a quantidade de calor trocado em um
quadro, indicando com setas, para cima ou intervalo de tempo
para baixo, a relação de proporcionalidade
entre as grandezas (suponha que a seta comprimento (ou espessura)
para cima significa aumentar e que a seta diferença de temperatura
para baixo significa diminuir):

Com base em nossas análises, podemos inferir que a quantidade de calor trocado será maior quanto
maior for a área de contato e o intervalo de tempo e que será menor quanto maior for o comprimento (ou
espessura) do material por onde ele flui, ou seja,
Área em m2 (SI) O coeficiente de condutibilidade
Quantidade de calor
Variação da temperatura em K (SI) térmica é uma constante característi-
transferido em J (SI)
ca de cada material. Se ele for alto, o
A  T  t
Coeficiente de condutibilidade
Q  K Variação do tempo em s (SI)
material é considerado um bom con-
térmica em J/s · m · K (SI)
L dutor térmico. Se for baixo, o mate-
Comprimento em m (SI)
rial é chamado de isolante térmico.

COEFICIENTE DE CONDUTIBILIDADE (K) TÉRMICA DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

Material Valor de K (kcal/h ⋅ m ⋅ °C) Material Valor de K (kcal/h ⋅ m ⋅ °C)
Água 0,50 Lã 0,033
Algodão 0,047 Ouro 267
Alumínio 175 Telha de barro 1,14
Ar seco em repouso 0,022 Tijolo furado 0,35
Cobre 332 Tijolo maciço 0,70
Fibra de vidro 0,20 Vidro comum 0,65
Gelo 0,80 Zinco 96
Isopor 0,025

De maneira formal, o fluxo de calor representa a potência A lei de Fourier foi enunciada em
térmica da quantidade de calor transportada em certo 1811 e diz que o fluxo de calor entre dois
intervalo de tempo. corpos é proporcional ao gradiente de
Assim, temos: temperatura entre eles.
Q Um gradiente
  Pot Lembrando que Pot 
t é uma variação
Q K  A  T  t
gradativa de
 Como Q  uma propriedade
t L
física ao longo
K  A  T  t do espaço.

 L Aplicando a propriedade
de divisão de frações
2
Área em m (SI) t
K  A  T  t 1
Coeficiente de  
condutibilidade L t
térmica em
J/s · m · K (SI) K  A  T

©Shutterstock/
Lei de Fourier Fouad A. Saad Gradiente de temperatura de uma barra,
L desde a extremidade quente até a fria
Fluxo de calor Variação da temperatura
transferido em J/s (SI) Comprimento em m (SI) em K (SI)

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 15

Convecção E onde encontramos
A convecção térmica acontece nos fluidos e é um processo
pelo qual a propagação do calor se dá acompanhando o
exemplos de
deslocamento do próprio fluido aquecido. Esse movimento do aplicação das
fluido, provocado pela diferença de temperatura, é denominado
de corrente de convecção.
correntes de
Quando aquecido na região inferior, o fluido sofre expansão
convecção?
térmica, ficando menos denso. A porção mais fria e portanto Numa geladeira comum, por
mais densa do fluido, localizada na região superior, tende então exemplo, a camada de ar em contato
a descer, gerando um processo cíclico de transferência de calor com o refrigerador, que fica na parte
por correntes de convecção. superior, perde calor. Essa camada
fica mais densa e tende a descer
Gases e líquidos são considerados fluidos. enquanto a camada de ar abaixo sobe,
fazendo com que o ambiente interno
da geladeira se mantenha a uma
temperatura baixa. Uma observação
Fluido Fluido
aquecido resfriado importante é que, para que isso ocorra
com eficiência, as prateleiras devem
ser vazadas!
Outro exemplo são os aparelhos
de ar-condicionado. Esses
equipamentos são sempre instalados
ição na parte superior das paredes, para
Lembre-se da defin
© Shu de densidade:
que o ar mais frio e mais denso,
tterstock/Vectormine
Massa liberado pelo aparelho, desça e
O fluido aquecido tende a subir, pois fica Densidade = Volume empurre o ar mais quente que está
menos denso. Como consequência, o fluido no ambiente.
mais frio, que está acima, desce, gerando
uma corrente de convecção.

©Shutterstock/Andrey_Popov
©Shutterstock/Apogapo

As correntes de convecção contribuem para a

distribuição do calor em ambientes climatizados.

16 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Alguns fenômenos climáticos Brisa marítima

Jack Art. 2013. Digital.

também podem ser entendidos
pelo processo de convecção. O que Ar frio Ar quente

FÍS
chamamos de vento, por exemplo, 4
2
é o deslocamento de uma massa
de ar provocado por um gradiente 3
de temperatura. O ar em contato 1
com a superfície quente do planeta, Dia
seja solo ou água, se aquece e
sobe, deixando um espaço que
é preenchido por uma massa de 1. A areia, por ter calor específico menor, ao receber radiação solar, se aquece
mais rapidamente do que a água.
ar mais fria, gerando ventos por 2. O ar sobre a areia se torna mais quente, expande-se, torna-se menos denso
correntes de convecção. Outros e sobe.
fatores, como a pressão, também 3. O espaço deixado pelo ar quente que subiu é preenchido pelo ar mais frio
que está sobre o mar: surge então a brisa marítima.
influenciam nesse movimento das 4. O ar que subiu resfria-se, contrai-se e torna-se mais denso, descendo e
camadas de ar. completando a corrente de convecção.
Brisa terrestre
As brisas em regiões costeiras

Jack Art. 2013. Digital.

também podem ser entendidas Ar frio
analisando o processo de Ar quente
D
convecção.
B
Em alguns casos, todavia, a
dinâmica das massas de ar pode
A
manter camadas de fluido mais frias C
Noite
em regiões inferiores e camadas
mais quentes em regiões superiores
(bloqueadas por uma massa de ar A. A areia, por ter calor específico menor que a água, resfria-se mais
frio que se posicionou acima). rapidamente.
B. O ar sobre o mar, que está mais quente do que o ar sobre a areia, expande-
Por exemplo, durante o -se, torna-se menos denso e sobe.
inverno, em noites e manhãs frias, C. O espaço deixado pelo ar quente que subiu é preenchido pelo ar mais frio
o solo perde calor rapidamente que está sobre a areia: surge assim a brisa terrestre.
D. O ar que subiu resfria-se, contrai-se e torna-se mais denso, descendo e
para o meio, mantendo-se mais completando a corrente de convecção.
frio do que a camada de ar
imediatamente acima, fazendo

©Shutterstock/grmarc
com que não se formem as
correntes de convecção. Esse
fenômeno, denominado inversão
térmica, impede que a poluição
atmosférica seja dispersada,
pois a renovação do ar deixa
de ser eficiente e a formação
das correntes de convecção é
prejudicada. Assim, a poluição
permanece acumulada sobre as
grandes cidades.
A dispersão da poluição do
ar pode ocorrer com o passar do
dia, à medida que o aquecimento
do solo eleva as temperaturas das
Nas grandes metrópoles, em dias frios, é comum a ocorrência de inversões térmicas e do
camadas inferiores da atmosfera e
consequente acúmulo de poluição em camadas mais baixas da atmosfera.
origina as correntes de convecção.

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 17

Irradiação Uma onda eletromagnética é uma
A existência da vida na Terra só é possível graças ao Sol, a nossa oscilação nos campos elétrico e
magnético do espaço que se propaga
principal fonte de energia primária. O Sol irradia energia para todo à velocidade da luz, sem necessaria-
o espaço em forma de ondas eletromagnéticas (ou radiação), que mente precisar de um meio material.
viajam pelo vácuo espacial até chegar à Terra. Aqui, essa energia A luz visível é um exemplo de onda
eletromagnética, mas a maior parte das
(cerca de 1,7 · 1017 J · s–1) é, em partes, absorvida pelas plantas, por ondas eletromagnéticas é imperceptível
bactérias fotossintéticas e pelos oceanos, possibilitando a cadeia aos nossos sentidos, como a radiação
complexa da vida no planeta. infravermelha, as micro-ondas, a radia-
ção ultravioleta, os raios X, etc.
Essa radiação é absorvida pelos átomos e moléculas dos corpos
nos quais incide, gerando a agitação térmica dessas partículas e
aumentando, assim, a temperatura desses corpos. Por isso, nos dias
ensolarados nos sentimos mais aquecidos.

k/Petr Bonek
A radiação térmica está associada com a temperatura. Assim,

utterstoc
qualquer corpo com temperatura absoluta não nula está irradiando
energia continuamente, inclusive você! A temperatura média

© Sh
corporal normal (de 36 a 37,5 °C) está associada com a radiação
infravermelha. Portanto, estamos constantemente emitindo radiação
infravermelha, o que possibilita a realização de imagens por análise
térmica (imagens termográficas).
Como podemos analisar a irradiação de forma teórica?
Quando a energia radiante incide em um corpo, parte dessa
radiação é refletida, parte é transmitida ao longo do corpo e parte
é absorvida, provocando a agitação térmica das partículas, fazendo
com que a temperatura desse corpo aumente.
©Shutterstock/Osweetnature

Reflexão
A radiação incidente
sofre três fenômenos:
reflexão, transmissão Imagem termográfica de uma pessoa.
e absorção. As cores representam as diferentes
Absorção temperaturas: o azul representa as regiões
Transmissão mais frias e o vermelho, as mais quentes.

Podemos, então, dividir a quantidade total de energia incidente

(Q) em cada uma dessas parcelas:

Radiação total = refletida + transmitida + absorvida ou Qtotal = QR + Qtran + QA Um material é di

to
transparente qu
Podemos também definir as taxas (i) de reflexão, transmissão e ando sua
taxa de transmis
são é 1,
absorção em função dos percentuais de cada fenômeno, ou seja: ou seja, quando
100% da
radiação incide
Quantidade de Taxa de calor Quantidade de calor Quantidade de calor nte atravessa
calor refletido transmitido transmitido absorvido esse material e
nada é
absorvido ou re
Taxa de calor QR Q tran QA fletido. No
iR i tran iA caso de um espe
refletido lho perfeito,
Q total Q total Q total a radiação é com
pletamente
Quantidade de refletida. Por ou
calor total Taxa de calor tro lado, se
um material abso
absorvido rve 100%
da radiação, sua
taxa de
Uma definição importante em Física é a de corpo negro – um corpo absorção é 1, e es
se material
ideal que absorve toda a energia radiante incidente sobre ele, ou seja, é definido como
opaco.
sua taxa de refletividade é iR = 0 e sua taxa de absorção iA = 1 (100%).
18 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Lei de Stefan-Boltzmann

©Shutterstock/Avn Photo Lab

Todos os corpos, independentemente do material dos quais são
formados, emitem e absorvem radiação térmica. Quando os materiais

FÍS
estão em equilíbrio térmico (desconsiderando outros processos de
transferência de calor), a potência irradiada é igual à absorvida. No
entanto, se a potência irradiada for superior à absorvida, o corpo
tende a reduzir sua temperatura em virtude da perda de calor pela
irradiação. De modo similar, se a potência absorvida for superior à
irradiada, a temperatura do corpo se eleva.
A potência emitida por um corpo depende da sua natureza, das
Materiais aquecidos emitem radiação.
suas dimensões e da sua temperatura. A expressão que relaciona a Dependendo do material e da temperatura,
temperatura com a potência irradiada foi obtida experimentalmente essa radiação ocorre na faixa da luz visível,
por Joseph Stefan (1835-1893) e teoricamente por Ludwig Boltzmann como é o caso do carvão em brasa.
(1844-1906). Ambos perceberam que a taxa com que um corpo
emite energia térmica é diretamente proporcional à quarta potência
da temperatura (T4) e à área (A) da superíficie do corpo exposta ao Na equação, o term
o
ambiente. O corpo negro seria, então, o emissor ideal, cuja potência é σ (letra grega sigm
a)
representa uma co
máxima e dada pela expressão: nstante
de proporcionalid
ade,
denominada cons
Área em m2 (SI) tante
Potência máxima
Temperatura em K (SI) de Stefan-Boltzman
emitida em W (SI) n,
cujo valor é:
Pot = σ ⋅ A ⋅ T4 σ = 5,67 ⋅ 10–8 W/m2 4
Constante de Stefan-Boltzmann ⋅K
em W/m2 ⋅ K4 (SI)

A mesma expressão pode ser usada para a potência absorvida pelo Vamos resolver
corpo, apenas considerando, nesse caso, a temperatura do ambiente
onde o corpo está imerso e não a do próprio corpo. juntos?
Assim, se um corpo negro estiver a uma temperatura T em um Toda essa discussão é
ambiente cuja temperatura é Ta, ele estará simultaneamente emitindo baseada no corpo negro ideal,
e absorvendo radiação térmica, e a potência líquida será dada pela que é um absorvedor/emissor
diferença entre a potência emitida e a absorvida, ou seja, ideal. Mas e para os casos reais?
Nessas situações, temos
percentuais de emissividade
Área em m2 (SI)
Potência líquida em W (SI) de um corpo negro ideal. Por
exemplo, se um corpo tem
Temperatura em K (SI)
Pot   A  (Ta4  T 4 ) emissividade de 0,70 de um
corpo negro ideal de 1 m2 de
liquido

Coeficiente de condutibilidade
térmica em W/(m2 ⋅ K4) (SI) área a uma temperatura de
Temperatura ambiente em K (SI) 1 000 K, podemos primeiro
considerar a potência irradiada
Se a temperatura do ambiente for superior à temperatura do por um corpo negro ideal:
corpo, a potência líquida será positiva, o que implica recebimento Pot = 5,67 · 10–8 · 1 · (103)4
de energia. Do contrário, se a temperatura do ambiente for menor Pot = 5,67 · 104 W
que a temperatura do corpo, a potência líquida será negativa e,
O resultado é multiplicado
consequentemente, haverá perda de energia térmica pelo corpo. Isso
por 0,70:
explica por que, mesmo com o ar sendo um mau condutor de calor,
sentimos algum frio se a temperatura ambiente for menor que nossa Pot   0, 70    5, 67 104 
real

temperatura corpórea: nesse caso, a potência líquida de nosso corpo

Pot  3, 97 104 W
será negativa. real

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 19

ressolve aí ;))
14. (AFA) Assinale a alternativa que define corretamente calor.
a) Trata-se de um sinônimo de temperatura em um
sistema.
b) É uma forma de energia contida nos sistemas.
c) É uma energia de trânsito, de um sistema a outro,
devido à diferença de temperatura entre eles.
d) É uma forma de energia superabundante nos corpos
quentes.
e) É uma forma de energia em trânsito, do corpo mais
frio para o mais quente.
15. Considere as afirmações a seguir.
I. Quando uma porção de ar atmosférico
próximo à superfície da Terra se aquece,
ela tende a subir por se tornar mais leve, e o espaço
deixado é preenchido por uma porção de ar mais fria.
II. A energia do Sol chega até a Terra por meio dos raios
solares que atravessam o vácuo espacial.
III. Quando um alimento é aquecido numa panela, o calor da
chama se propaga pelas paredes da panela até o alimento
nela contido.
Em cada situação apresentada, a energia térmica está
sendo transportada, respectivamente, por processos de
a) Irradiação, convecção e condução.
b) Convecção, condução e irradiação.
c) Condução, irradiação e convecção.
d) Convecção, irradiação e condução.
16. Complete corretamente as lacunas a seguir com os
respectivos processos de transmissão de calor.
O transporte de energia térmica que ocorre entre
partículas por causa da diferença de temperatura é
a térmica. Quando a energia térmica
é transmitida pelo transporte de matéria de uma região
a outra devido à diferença de densidade, o processo
é chamado de térmica. No vácuo, a
energia térmica é transmitida por ondas eletromagnéticas,
processo chamado de térmica.
17. (UNIFENAS – MG) A transmissão de calor por convecção
só é possível:
a) no vácuo.
b) nos sólidos.
c) nos líquidos.
d) nos gases.
e) nos fluidos em geral.
20 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
18. Imagine dois corpos ou substâncias em contato. Entre
os itens a seguir, assinale o que determina o sentido da
transmissão de calor entre eles.
a) Seus estados físicos.
b) Suas densidades.
c) O calor específico de cada corpo.
d) Suas temperaturas.
19. Nos dias frios, usamos agasalhos porque
eles
a) absorvem bem o calor.
b) fornecem calor ao nosso corpo.
c) mantém o frio fora do corpo, impedindo-o de entrar.
d) reduzem a propagação de calor do corpo para o meio
externo.
e) nenhuma das alternativas.
20. É comum que, no verão, as pessoas
utilizem roupas de cores mais claras e, no
inverno, roupas mais escuras. Com base
no que foi estudado até aqui, isso pode ser explicado
porque
a) roupas claras absorvem mais radiação térmica do que
roupas escuras.
b) roupas claras refletem mais radiação térmica do que
roupas escuras.
c) roupas escuras absorvem menos radiação térmica do
que roupas claras.
d) roupas escuras refletem mais radiação térmica do que
roupas claras.
21. Selecione a opção que melhor preenche as lacunas de
cada um dos itens a seguir.
I. Um material com maior condutibilidade térmica é
eficiente em transmissão de calor por condução.
II. Quando exposto ao Sol, um pedaço de metal bem polido
(espelhado) fica quente do que um pedaço de
metal revestido de tinta preta.
III. Quando uma barra de metal é aquecida em uma de suas
extremidades, o calor se propaga até a outra extremidade
por .
a) mais – menos – convecção.
b) menos – mais – radiação.
c) mais – menos – condução.
d) menos – mais – condução.
e) mais – mais – radiação.
22. Sobre processos de transmissão de calor, assinale com V as afirmativas 26. (OBF) Um estudante
verdadeiras e com F as falsas. caminha descalço
a) ( ) Quando dois corpos estão com temperaturas diferentes, a transferência em um dia em que a

FÍS
de calor ocorre do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura ambiente é de 28 °C.
temperatura. Em um certo ponto, o piso de
cerâmica muda para um assoalho
b) ( ) A convecção térmica é um processo de propagação de calor que ocorre
de madeira, estando ambos em
apenas nos fluidos.
equilíbrio térmico. O estudante tem
c) ( ) O processo de propagação de calor por irradiação não precisa de um então a sensação de que a cerâmica
meio material. estava mais fria que a madeira.
d) ( ) O processo de propagação de calor por irradiação ocorre somente no Refletindo um pouco, ele conclui
vácuo. corretamente, que:
e) ( ) Quando dois corpos estão com a mesma temperatura, a transmissão de a) a sensação de que as
calor ocorre do mais denso para o menos denso. temperaturas são diferentes
f) ( ) O processo de convecção térmica consiste na movimentação de partes de fato representa a realidade
do fluido dentro do próprio fluido em razão da diferença de densidade física, uma vez que a cerâmica
entre essas partes. tem uma capacidade calorífica
g) ( ) A condução de calor pode ocorrer em sólidos. menor que a madeira.
h) ( ) A diferença de temperatura entre dois corpos causa a transferência de b) a sensação de que as
calor de um corpo para outro. temperaturas são diferentes
não representa a realidade
i) ( ) A convecção térmica só é observada em líquidos.
física, uma vez que a cerâmica
tem uma capacidade calorífica
23. Agora, corrija as afirmativas falsas.
menor que a madeira.
c) a sensação de que as
temperaturas são diferentes de
fato representa a realidade física,
uma vez que a condutividade
térmica da cerâmica é maior que
a da madeira.
d) a sensação de que as
temperaturas são diferentes não
24. Quando utilizados para resfriar um ambiente, os aparelhos de ar-condicionado representa a realidade física,
devem ficar na parte de uma parede para facilitar o processo uma vez que a condutividade
de convecção. Assim, o ar se resfria nas proximidades dele, o que causa térmica da cerâmica é maior que
de sua densidade, fazendo-o descer. O ar quente que está na parte de a da madeira.
baixo, denso, sobe e resfria-se. Esse processo de transferência de e) não há elementos físicos
calor se chama . suficientes para afirmar se a
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas. sensação térmica corresponde
a) superior – aumento – mais – convecção. ou não à realidade, uma vez
que para tanto seria necessário
b) inferior – diminuição – mais – condução.
saber os calores específicos da
c) superior – aumento – menos – condução. cerâmica, da madeira e também
d) inferior – diminuição –menos – irradiação. da pele humana.
e) superior – aumento – menos – convecção.

25. Uma parede de tijolos de espessura 180 mm tem suas faces sujeitas a certa
diferença de temperatura. Se dobrarmos a espessura dessa parede, para a
mesma diferença de temperatura, o fluxo de calor conduzido pela parede
a) não se altera. c) cai pela metade.
b) duplica. d) nenhuma das alternativas.

13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 21

27. A brisa nas praias é um exemplo do
cotidiano que representa a transmissão
de calor por convecção. Sobre esse fenômeno, assinale a
alternativa correta.
a) Como a água tem maior calor específico do que a
areia, a areia sempre está mais fria, fazendo com que
a brisa sopre do continente para o oceano.
b) Como a água tem menor calor específico do que a
areia, ela esquenta mais rapidamente durante o dia,
fazendo com que a brisa sopre do oceano para o
continente.
c) A diferença de pressão e densidade não influencia no
fenômeno da brisa marítima.
d) Como a água tem maior calor específico do que a
areia, ela demora mais para esquentar durante o dia,
fazendo com que a brisa sopre do oceano para o
continente.
e) A brisa sopra do oceano para o continente durante a
noite e do continente para o oceano durante o dia.
28. Dois cilindros, A e B, de materiais diferentes, têm o
mesmo comprimento, mas o diâmetro do cilindro A é
o dobro do diâmetro do cilindro B. A taxa de condução
de calor é a mesma para os dois cilindros quando se
mantém a mesma diferença de temperatura entre suas
extremidades. Nesse caso, pode-se dizer que:
a) eles têm a mesma condutibilidade térmica.
b) o cilindro A tem o dobro da condutibilidade térmica
do B.
c) o cilindro B tem o quádruplo da condutibilidade
térmica do A.
d) não se pode afirmar nada sobre as condutibilidades
térmicas com apenas essas informações.
29. (FUVEST – SP) Têm-se dois corpos, com a mesma
quantidade de água, um aluminizado A e outro negro
N, que ficam expostos ao sol durante uma hora. Sendo
inicialmente as temperaturas iguais, é mais provável que
ocorra o seguinte:
a) ao fim de uma hora não se pode dizer qual
temperatura é maior.
b) as temperaturas são sempre iguais em qualquer
instante.
c) após uma hora a temperatura de N é maior que a de A.
d) de início a temperatura de A decresce (devido à
reflexão) e a de N aumenta.
e) as temperaturas de N e de A decrescem (devido à
evaporação) e depois crescem.
22 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
30. (UNESP – SP) Uma estufa para a plantação
de flores é feita com teto e paredes de vidro
comum. Dessa forma, durante o dia, o ambiente interno
da estufa é mantido a uma temperatura mais alta do que o
externo. Isso se dá porque o vidro comum:
a) permite a entrada da luz solar, mas não permite a
saída dos raios ultravioleta emitidos pelas plantas e
pelo solo da estufa.
b) é transparente à luz solar, mas opaco aos raios
infravermelhos emitidos pelas plantas e pelo solo da
estufa.
c) é opaco à luz solar, mas transparente aos raios
infravermelhos emitidos pelas plantas e pelo solo da
estufa.
d) ao ser iluminado pela luz solar, produz calor,
aquecendo as plantas.
e) não permite a entrada da luz solar, mas permite a
saída dos raios ultravioleta, emitidos pelas plantas e
pelo solo da estufa.
31. Todo corpo emite algum tipo de onda eletromagnética e
a intensidade dessa emissão (I) depende da temperatura
absoluta (T). A Lei de Stefan-Boltzmann expressa
quantitativamente essa relação pela equação I = σ ⋅ T4.
O símbolo σ refere-se a uma constante denominada
de constante de Stefan-Boltzmann. A radiação recebida
por um corpo pode provocar aquecimento; e a emitida,
resfriamento. Conforme a cor de um corpo, haverá uma
tendência de ele absorver e emitir mais energia na forma
de radiação. Corpos negros, por exemplo, absorvem e
emitem mais que os brancos.
Complete os espaços com as palavras adequadas, que se
encontram entre os parênteses:
a) Pela Equação de Stefan-Boltzmann, é possível
concluir que a intensidade da radiação (I) emitida
por um corpo é (diretamente/
inversamente) proporcional à temperatura
absoluta elevada à quarta potência. Assim, quanto
mais (quente/frio) for um corpo, maior
será a intensidade de radiação emitida.
b) Quando uma pessoa se aquece próximo a uma lareira,
pode-se concluir que o calor se propaga até ela,
principalmente, por (condução/
convecção/irradiação).
Agora, você pode fazer as atividades
33 a 38 da seção Foco no Enem.
 foco no
enem
32. (UEL - PR) Além do flogístico,
outro conceito que surge na origem da compreensão
da Termodinâmica é o calórico, fluido elástico que
permearia todas as substâncias e se moveria de um
corpo a outro através de processos de atração e repulsão.
Conde Rumford, ao estudar a perfuração de canhões
sob a água, concluiu que aparentemente haveria calórico
ilimitado sendo expelido dos blocos metálicos ao longo
do processo de usinagem, fato que contraria a premissa
de que tal substância não poderia ser criada, somente
conservada. Tais observações iniciaram a derrocada do
conceito de calórico.
De acordo com a Física atual, é correto afirmar que o
fenômeno observado por Rumford diz respeito à:
a) combustão das moléculas da água.
b) combustão dos blocos de metal.
c) conversão de flogístico em calórico.
d) conversão de energia cinética em calor.
e) troca de calor entre a água e o metal.
33. Para a instalação de um aparelho de
ar-condicionado, é sugerido que ele seja colocado na parte
superior da parede do cômodo, pois a maioria dos fluidos
(líquidos e gases), quando aquecidos, sofrem expansão,
tendo sua densidade diminuída e sofrendo um deslocamento
ascendente. Por sua vez, quando são resfriados, tornam-se
mais densos e sofrem um deslocamento descendente.
A sugestão apresentada no texto minimiza o consumo de
energia, porque
a) diminui a umidade do ar dentro do cômodo.
b) aumenta a taxa de condução térmica para fora do
cômodo.
c) torna mais fácil o escoamento da água para fora do
cômodo.
d) facilita a circulação das correntes de ar frio e quente
dentro do cômodo.
e) diminui a taxa de emissão de calor por parte do
aparelho para dentro do cômodo.
34. (IFSC) O frasco de Dewar é um recipiente construído com
FÍS
o propósito de conservar a temperatura das substâncias
que ali forem colocadas, sejam elas quentes ou frias.
O frasco consiste em um recipiente de paredes duplas
espelhadas, com vácuo entre elas e de uma tampa feita de
material isolante. A garrafa térmica que temos em casa é
um frasco de Dewar. O objetivo da garrafa térmica é evitar
ao máximo qualquer processo de transmissão de calor
entre a substância e o meio externo.
É correto afirmar que os processos de transmissão de
calor são:
a) indução, condução e emissão.
b) indução, convecção e irradiação.
c) condução, convecção e irradiação.
d) condução, emissão e irradiação.
e) emissão, convecção e indução.
35. A refrigeração
e o congelamento de alimentos são
responsáveis por uma parte significativa
do consumo de energia elétrica numa residência típica.
Para diminuir as perdas térmicas de uma geladeira,
podem ser tomados alguns cuidados operacionais:
I. Distribuir os alimentos nas prateleiras deixando espaços
vazios entre eles, para que ocorra a circulação do ar frio
para baixo e do ar quente para cima.
II. Manter as paredes do congelador com camada bem
espessa de gelo, para que o aumento da massa de gelo
aumente a troca de calor no congelador.
III. Limpar o radiador (“grade” na parte de trás)
periodicamente, para que a gordura e a poeira que nele
se depositam não reduzam a transferência de calor para o
ambiente.
Para uma geladeira tradicional, é correto indicar, apenas,
a) a operação I. d) as operações I e III.
b) a operação II. e) as operações II e III.
c) as operações I e II.
13. TERMOLOGIA E PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALORR CNT 23

36. O resultado da
conversão direta de energia solar é uma
das várias formas de energia alternativa
de que se dispõe. O aquecimento solar é obtido por
uma placa escura coberta por vidro, pela qual passa um
tubo contendo água. A água circula, conforme mostra o
esquema abaixo.
Fonte: Adaptado de PALZ, Wolfgang. Energia solar e fontes alternativas.
Hemus, 1981.
São feitas as seguintes afirmações quanto aos materiais
utilizados no aquecedor solar:
I. o reservatório de água quente deve ser metálico para
conduzir melhor o calor.
II. a cobertura de vidro tem como função reter melhor o
calor, de forma semelhante ao que ocorre em uma estufa.
III. a placa utilizada é escura para absorver melhor a energia
radiante do Sol, aquecendo a água com maior eficiência.
Dentre as afirmações acima, pode-se dizer que, apenas
está(ão) correta(s):
a) I c) II e) II e III
38. (CPS – SP) Ana, após ouvir atentamente uma reportagem
b) I e II d) I e III
37. Numa área de praia,
a brisa marítima é uma consequência da
diferença no tempo de aquecimento do
solo e da água, apesar de ambos estarem submetidos às
mesmas condições de irradiação solar. No local (solo)
que se aquece mais rapidamente, o ar fica mais quente e
sobe, deixando uma área de baixa pressão, provocando o
deslocamento do ar da superfície que está mais fria (mar).
À noite, ocorre um processo inverso ao que se verifica
durante o dia
24 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Como a água leva mais tempo para esquentar (de dia),
mas também leva mais tempo para esfriar (à noite), o
fenômeno noturno (brisa terrestre) pode ser explicado da
seguinte maneira:
a) O ar que está sobre a água se aquece mais; ao subir,
deixa uma área de baixa pressão, causando um
deslocamento de ar do continente para o mar.
b) O ar mais quente desce e se desloca do continente para
a água, a qual não conseguiu reter calor durante o dia.
c) O ar que está sobre o mar se esfria e dissolve-se na
água; forma-se, assim, um centro de baixa pressão,
que atrai o ar quente do continente.
d) O ar que está sobre a água se esfria, criando um
centro de alta pressão que atrai massas de ar
continental.
e) O ar sobre o solo, mais quente, é deslocado para o
mar, equilibrando a baixa temperatura do ar que está
sobre o mar.
Considere o esquema gráfico a
seguir para responder à questão 38.
sobre “Caminhar para desestressar”, decide seguir essa
prática. Assim, caminha 9 km indo de seu trabalho,
localizado na região central, até sua residência, localizada
na região residencial suburbana. Neste percurso, ela
passa pela região residencial urbana e pelo parque,
gastando um tempo de 2,5 h.
Tendo como base o esquema gráfico e considerando
que a temperatura interna de Ana permaneça constante
durante todo o percurso (aproximadamente 37 °C), pode-
-se afirmar que
a) ocorre menos transferência de calor entre Ana e o
ambiente na região central.
b) a maior transferência de calor entre Ana e o ambiente
ocorre na região residencial urbana.
c) durante o percurso, a menor troca de calor entre Ana e
o ambiente ocorre na região do parque.
d) na região rural é onde há a possibilidade de uma
maior troca de calor entre Ana e o ambiente.
e) a diferença de temperatura entre as regiões não interfere
na transferência de calor entre Ana e o ambiente.
Trr
Transformações
T
gasosas 14
4
OBJETIVOS DO CAPÍTULO

▶ Relacionar a ação dos gases sobre o

aquecimento global.
▶ Realizar previsões que relacionem as
variações das grandezas envolvidas
nos estudos dos gases ideais.
▶ Explicar um fenômeno físico
utilizando o método científico.
▶ Classificar as transformações gasosas.
▶ Aplicar a lei geral dos gases ideais.
▶ Avaliar os riscos envolvidos em
atividades cotidianas, aplicando
conhecimentos das Ciências da
Natureza.
©Shutterstock/Imagentle
 Transformações gasosas
Tr

“Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência
consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância”.
HIPÓCRATES*

Estudo dos gases

Os gases englobam um horizonte muito amplo, estando presentes
em nosso dia a dia em formas tão óbvias quanto o ar que respiramos;
em questões que envolvem a geração de energia, como o gás natural;

©Shutterstock/Viktar Malyshchyts
em contextos atrelados à tecnologia, como os motores de automóveis, a
propulsão de foguetes e os balões de monitoramento climático; e até mesmo
na formação de estrelas.
O ar que respiramos constitui nossa atmosfera, que é formada por 78%
Estudos indicam que as nuvens
de nitrogênio e por 21% de oxigênio, além de CO2 e outros gases em menor primordiais de gás se condensam
quantidade. Essa fina camada de gás, que tem uma extensão de pouco mais até formar estrelas e galáxias.
de 30 km a partir da superfície, é essencial para a vida na Terra, pois contém
o oxigênio que respiramos e funciona como um escudo protetor contra
radiações solares mais energéticas.
A radiação solar fornece energia cinética para as moléculas do ar, e é a Acesse a RA
força de atração gravitacional que a Terra exerce sobre as partículas desses sobre o efeito estufa.
gases que impede que essas moléculas se dispersem e escapem da superfície
do nosso planeta. Assim, temos a formação da nossa camada de atmosfera
e, também, a origem da pressão atmosférica, que mantém a evaporação dos
A atmosfera é uma fina camada
oceanos, rios e lagos na superfície da Terra. de gás sobre a superfície da Terra,
No entanto, uma parte da radiação solar não é absorvida pelas moléculas resultado de uma competição
do ar, sendo refletida na superfície. Ao reencontrar a atmosfera, ela é entre a atração gravitacional da
refletida parcialmente, ficando, assim, presa entre a atmosfera e a superfície, Terra e a energia cinética das
partículas do ar.
mantendo a Terra aquecida. Esse fenômeno é conhecido como efeito estufa.
©Shutterstock/Bigmouse

O ar vai ficando mais

rarefeito à medida que
se sobe na atmosfera,
que vai se diluindo até se
tornar o vazio interestelar.
* MONTEIRO, Silvio Gomes.
Ciência médica para cura dos
males humanos. Revista de
Investigação Biomédica, v.
10, n. 3. 2018.

26 CNT FÍSICA
BIOLOGIA ©NASA
 A energia do Sol também é absorvida pelas plantas,
que a armazenam em forma de ligações químicas. Ao
longo de alguns milhões de anos, essas plantas (e também

FÍS
animais), após se decomporem, formam camadas que,
sob a superfície da Terra, sofrendo ação intensa de calor e
pressão, formam o gás natural, uma importante fonte de

©Shutterstock/Siberian art
energia alternativa ao petróleo.
Entretanto, o gás natural não é renovável e tem
importante impacto na intensificação do efeito estufa, por
causa da sua origem fóssil. Outra fonte para geração desse
gás é a queima de biomassa, que constitui uma fonte de A atmosfera mantém o aquecimento da superfície
energia renovável e mais limpa. aprisionando parcialmente os raios solares.

Ciclo do gás natural

©Shutterstock/Cw Craftsman

Ao realizar a fotossíntese, as Esses são apenas alguns desenvolvimento social, humano

algas absorvem o gás carbônico
e emitem oxigênio, que será
absorvido por alguns organismos
animais, cuja respiração expele o
gás carbônico, formando, assim,
uma cadeia em equilíbrio, que
possibilita a existência da vida
como a conhecemos.
aspectos desse ecossistema em
que os gases são uma peça-
-chave. O estudo e a compreensão
do comportamento dos gases,
além de ajudar a ampliar nossa
consciência socioambiental,
são fundamentais para o nosso
e tecnológico. O estudo dos gases
teve início no século XVII, com
grandes cientistas e engenheiros,
e ainda atualmente continua
sendo um grande protagonista
em pesquisas científicas.
14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 27
 verdade
ou fake news?
https://www.dgabc.com.br/Noticia/3112948/qual-planeta-do-sistema-solar-e-mais-quente

O primeiro planeta é Mercúrio, o menor. Para dar a volta ao redor do Sol leva 88 dias terrestres. A atmosfera é
muito rarefeita, o que garante grande variação de temperatura – marcando 400 °C durante o dia e –180 °C à noite.

MARIN, Tauana. Qual planeta do Sistema Solar é mais quente? Disponível em: https://www.dgabc.com.br/Noticia/3112948/qual-planeta-do-
sistema-solar-e-mais-quente. Acesso em: 12 ago. 2020.

Mercúrio pode ter temperaturas negativas? Essa

informação é verdadeira ou é uma fake news?
Para responder a essas perguntas, converse com seus
colegas sobre como ocorre o aquecimento dos planetas do
Sistema Solar e algumas das suas propriedades físicas.

©Shutterstock/Elena11

1. Primeiramente, lembre-se: 2. O que garante que as 3. O que falta em Mercúrio,

quais são os planetas do temperaturas máxima e fazendo com que ele tenha
Sistema Solar? mínima registradas na temperaturas mais elevadas?
superfície da Terra variem, em
média, entre –90 °C e 70 °C?

28 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Definição de gases
As substâncias não se
apresentam como uma extensão
contínua de matéria, mas como
um conjunto de partículas
distantes umas das outras,
sendo essas distâncias maiores
que o próprio tamanho das
partículas. Nos gases, em
particular, essas distâncias são
muito maiores que nos outros
estados, o que significa que
os gases são basicamente um
conjunto de partículas com um
imenso espaço vazio entre elas.
Isso se deve ao fato de que as
partículas que os constituem
têm energia cinética muito
maior que a energia de ligação
entre elas, sendo praticamente
independentes umas das outras.
Um gás sempre ocupa todo
o volume disponível por causa
Variáveis de estado de um gás
Um gás é formado por
um conjunto de moléculas
que é sempre muito grande.
Por exemplo, 29 g de ar tem
6,02 · 1023 moléculas. Você sabe
o que esse número significa?
São muitas moléculas e devemos
nos adaptar a trabalhar com
números grandes e partículas
extremamente pequenas.
Faremos, portanto, duas escolhas,
conforme descrito a seguir.
1) Em vez de explicitarmos
o número de partículas,
vamos expressar o número
de conjuntos de partículas
(assim como você faz com
da alta energia cinética de suas
partículas. Assim, quando
falamos do volume de um gás,
estamos sempre falando do
volume do recipiente que o
contém.
Como então estudar essas
substâncias tão escapadiças que
nem conseguimos ver?
Usando o método da ciência,
claro! Por meio de algumas
perguntas iniciais sobre o seu
comportamento, sugerimos
experiências e analisamos os
resultados.
Tudo bem, mas o que isso
quer dizer de forma prática?
Na prática, escolhemos
grandezas físicas convenientes,
isto é, grandezas que possamos
medir. Submetemos uma dessas
os ovos – ninguém conta 12
ovos no dia a dia, sempre
falamos em dúzias). Cada
conjunto que usaremos de
referência será definido como
quantidade de matéria (n) e
conterá 6,02 · 1023 partículas.
Esse número é chamado
de número de Avogadro
(A = 6,02 · 1023 partículas/
mol). Portanto, a quantidade
de matéria de um gás,
chamada também de número
de mols de um gás, é obtida
pela razão entre a massa do
gás m e a sua massa molar
(ou molécula-grama) M:
grandezas a uma variação e
FÍS
escolhemos outra para verificar
seu comportamento, enquanto
mantemos todas as outras fixas.
Repetindo esse procedimento
para as demais grandezas, sempre
aos pares, podemos inferir algo
sobre o comportamento do gás
estudado, sobre a sua resposta
aos estímulos externos a que é
submetido.
Para que isso fique mais
claro, vamos detalhar toda essa
caminhada de aplicação do
método científico ao estudo dos
gases. Primeiramente, vamos
definir as grandezas físicas mais
úteis para estudar um gás.
©Shutte
rstock/J
akkapan
quantidade de massa do gás
matéria em mol (SI) em kg (SI)
m
n
M
massa molar em kg/mol (SI)
Não se esqueça de conferir
as unidades! Nessa equação, a
massa do gás e a massa molar
devem estar na mesma unidade
(g, kg, etc.).
A massa que corresponde a 1 mol
(6,02 · 1023) de qualquer unidade
fundamental da matéria é conhecida
como massa molar (M).
14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 29
2) Já que são muitas partículas para contar, vamos escolher
propriedades que representem informações globais do conjunto
de partículas. Ou seja, em vez de abordar o estudo de um
ponto de vista microscópico, olhando o comportamento de
cada partícula, vamos usar grandezas que representam o efeito
macroscópico dessas partículas, isto é, o efeito coletivo desse
conjunto de partículas. Essas grandezas físicas macroscópicas são
a temperatura T, a pressão p e o volume V. Essas são as “grandezas
Tome cuidado!
físicas convenientes” que comentamos lá no começo! Aqui, usaremos a
escala absoluta de
temperatura, ou se
Temperatura ja,
as temperaturas
Já vimos que a temperatura tem relação com a energia cinética das serão medidas em
partículas. Quanto maior for a temperatura, maior será o movimento kelvin. Então, vale
o
médio dessas partículas. Há também uma energia armazenada lembrete:
nas vibrações e ligações químicas chamada de energia interna. Ela TK = TC + 273
também está associada com a temperatura. No SI, a unidade de
medida da temperatura é o kelvin (K).

Volume As unidades mais

Uma das características que diferenciam os gases dos sólidos é o frequentes para
fato de não conservarem seu volume. Como vimos, suas partículas medidas de volum
e
constituintes são praticamente independentes umas das outras e, são o metro cúbico
,
o centímetro cúbi
como elas estão em constante movimento por causa da sua energia co
e o litro.
cinética (que reflete na temperatura dos gases), eles sempre ocupam
todo o volume disponível. Portanto, quando falarmos do volume de 1 m3 = 103 L
um gás, estaremos falando do volume do recipiente que o contém. 1 L = 1 dm3
No Sistema Internacional, a unidade de medida do volume é o metro 1 m3 = 106 cm3
cúbico (m3).

O AR PODE
ASSUMIR O © Sh
u t te r s to
ck/Alex Sg

FORMATO
DOS
BALÕES.

30 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Pressão

©Shutterstock/Vara.Art
Agora, pensando nas informações dos últimos parágrafos, se as
partículas do gás estão em constante movimento e se estão confinadas

FÍS
em um recipiente, o que deve ocorrer? O resultado é que as paredes
do recipiente vão ser bombardeadas pelas colisões dessas partículas
(lembre-se de que são muitas!). Em cada colisão, as partículas transferem
(e também recebem) quantidade de movimento (lembre-se da 2ª. lei de
Newton).
Mas o que isso quer dizer? Que temos uma grandeza que depende
da força aplicada sobre uma superfície. Essa grandeza é definida
como pressão.

pressão em Pa (SI)
Força em N (SI) Visão microscópica de um gás
F
p
A
Área em m2 (SI)

As unidades mais frequentes para a pressão são o pascal

(Pa), a atmosfera (atm) e o milímetro de mercúrio (mmHg).
1 Pa = 1 N/m2
1 atm = 1,013 · 105 Pa
760 mmHg = 1 atm

Vamos resolver juntos?

Um aluno encheu um balão com 8,0 g de gás hélio, que tem massa molar de 4 g/mol. O gás estava a
20 °C e o balão tinha capacidade de 50 L. O professor solicitou então que o aluno preenchesse uma tabela
com as variáveis de estado desse gás. Vamos ajudá-lo?
Resolução

Para determinar a quantidade de matéria: Para determinar o volume:

MHe = 4 g/mol V = 50 L ⇒ V = 0,05 m3
m = 8,0 g 1 m3 = 103 L
Com esses dados, podemos encontrar a
quantidade de matéria: Grandezas físicas do gás
m 8, 0 Gás He
n n n  2 mol
M 4 Quantidade de matéria (n) 2,0 mol
Agora, vamos determinar a pressão. Pressão (p) 1 atm = 1,013 · 105 Pa
Como o balão foi inflado sob a atmosfera, Temperatura (T) 293 K
as pressões interna e externa podem ser Volume (V) 0,05 m3
consideradas iguais:
p = 1 atm = 1,013 · 105 Pa
Quando um balão ou uma bexiga são inflados, estamos inserin-
Para determinar a temperatura (que do moléculas de gás dentro dele. Desde que o balão não estoure,
precisa ser em kelvin): a pressão interna é praticamente igual à externa (há uma pequena
TK = TC + 273 ⇒ TK = 20 + 273 diferença devido à tensão do material do balão), ou seja, ambas
correspondem à pressão atmosférica. O efeito de aumentar a
TK = 293 K quantidade de matéria de gás dentro do balão resulta no aumento
do seu volume.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 31

Gás ideal
Um gás é formado por um conjunto numeroso de moléculas que podem ser dos tipos mais diversos
possíveis.

toloczko. 2021. Digital.

H2O O2 NH3 CH4

Cada tipo de gás, de acordo II. as moléculas do gás não O método

com sua substância, é formado
por moléculas de geometrias
diferentes, reatividades
diferentes, etc. Além disso, cada
molécula ocupa um volume no
espaço! E nós não falamos nada
sobre isso ainda... Nem vamos
neste momento. Um dos passos
importantes na investigação
científica é entender o nível de
detalhamento que usaremos para
o estudo.
Como então saber o que
importa?
Isso depende do nosso
objetivo! Aqui, estamos
querendo entender o
comportamento macroscópico
do gás, ou seja, o resultado
coletivo do comportamento
do gás. Então, vamos ignorar
propriedades microscópicas
e evitar características muito
complicadas das moléculas do
interagem umas com as
outras ou com as paredes
do recipiente por forças
intermoleculares, mas apenas
pelas colisões, que são sempre
elásticas, isto é, a energia
cinética é sempre conservada.
Essas hipóteses definem um
modelo (um objeto de estudo).
Esse modelo é chamado de gás
ideal ou gás perfeito.
E qual a utilidade de estudar
algo teórico, que não existe na
prática?
A questão é que, mesmo
que o gás ideal não exista, os
gases reais, como o gás oxigênio
(O2), o gás nitrogênio (N2) e
o gás hidrogênio (H2), entre
outros, comportam-se como
ideais em certas condições.
g
É legítimo p que
supor q gases
g quando necessário.
diferentes devem apresentar
comportamentos
omportamentos distintos, já que
científico não é
como uma receita,
mas o modelo
aplicado precisa
ser descrito detalhadamente
para que seus resultados possam
ser replicados e validados. Um
modelo comum é:
1. definir um problema, isto
é, uma pergunta ou um fato
ainda não explicado por meio
de uma observação;
2. formular uma hipótese que
explica o problema;
3. testar a hipótese, ou as
consequências dessa hipótese,
por meio de experimentos;
4. chegar a uma conclusão
simples, alinhada com os
passos anteriores. Uma nova
hipótese pode ser formulada
Evandro Marenda. 2021. Digital.

gás. Vamos supor hipóteses têm

simplificadoras e depois, aos
poucos, poderemos incluir
elementos mais complexos e
particulares de cada caso. As
hipóteses serão:
I. o gás é formado por um
conjunto de moléculas muito
pequenas comparadas ao
volume que as contém, de
modo que poderemos ignorar
o volume ocupado por elas;
êm características microscópicas
distintas. Entretanto, gases reais
ubmetidos a baixas pressões e
submetidos
ltas temperaturas se comportam
altas
de maneira semelhante,
aproximando-se
proximando-se do que
chamamos
hamamos de gás ideal. Essa é a
eleza da natureza e da ciência!
beleza

32 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 O MÉTODO CIENTÍFICO Vale ressaltar também que, que você procure cisnes negros
ao longo da história, muitas em todos os cantos e não
OBSERVAÇÃO PERGUNTA HIPÓTESES
descobertas foram feitas de encontre, nada garante que não
Imagens: ©Shutterstock/Michaeljung/Prostock-Studio/Quality Stock Arts/Roman Samborskyi/Stokkete/Wayhome Studio

forma acidental, ou por tentativa
e erro. Mais importante do que
o método científico, entretanto,
é a atitude científica, baseada
REFUTAÇÃO na honestidade intelectual para
assumir e aceitar os erros e
EXPERIMENTAÇÃO
ANÁLISE DOS
entender que os fatos são também
RESULTADOS mutáveis. Toda hipótese científica
deve ser falseável, isto é, deve ser
passível de algum teste que possa
LEI OU TEORIA
provar que ela é falsa. Em outras
palavras, uma hipótese impossível
de ser negada não é científica.
Considere, por exemplo, a
hipótese “o mês em que eu nasci
determina minha personalidade”.
Por mais que muitas pessoas
Note que o método científico acreditem nela, essa hipótese não
não é linear, mas um ciclo no é científica, já que não se pode
qual cada rodada contribui para a provar que está errada, nem
próxima, até que se possa chegar mesmo que está correta.
a uma teoria que organize a Da mesma forma, a hipótese
hipótese, as previsões e o resultado “existem cisnes negros” também
da experimentação. não é científica, pois, por mais
FÍS
possa aparecer um. Ou seja, não
é possível provar que ela está
errada, apenas que está certa. Mas
a hipótese “existem apenas cisnes
brancos” é científica, pois basta
achar um cisne negro para que a
hipótese seja falsa.
Em suma, na ciência, um
experimento que mostre o erro
de uma hipótese tem mais valor
do que a reputação, o número
de likes, de seguidores ou a
autoridade de quem a propôs. Ao
contrário do que muitos pensam,
mudar suas opiniões e aceitar
outros pontos de vista quando
se deparar com evidências
experimentais mais robustas, ou
hipóteses mais simples, não é um
sinal de fraqueza. Ao contrário,
demonstra clareza de ideias e
discernimento sobre a nossa
relação com o todo e o contexto
no qual nos encontramos.

ressolve aí ;))

4. O estudo dos gases se iniciou de maneira experimental
e permitiu a obtenção das leis de transformação para os
gases ideais. Essas leis estabelecem as relações entre
as variáveis de estado de um gás ideal. Atualmente,
já conhecemos a natureza molecular da matéria, o
que nos permite explicar esses efeitos macroscópicos
pelo comportamento microscópico das moléculas que
constituem determinado gás. Com base no estudo dos
gases ideais, julgue as afirmações a seguir, assinalando V
para as verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) Os gases ideais são formados por moléculas
independentes que se movem de maneira
uniforme e ordenada.
b) ( ) A pressão de um gás é uma medida da força média
que suas moléculas fazem nas paredes do recipiente.
c) ( ) A temperatura de um gás é uma medida da
energia cinética de suas moléculas.
d) ( ) Os gases ideais são gases em que o volume das
moléculas e suas interações são considerados
desprezíveis.
5. Pressão, volume e temperatura são as principais
grandezas físicas envolvidas no estudo dos gases. A esse
respeito, avalie as afirmações a seguir.
I. A pressão, o volume e a temperatura são grandezas
físicas fixas em um sistema. Quando um agente externo
altera uma das grandezas, as outras permanecem iguais.
II. A temperatura de um gás está relacionada ao grau
de agitação das suas moléculas. Por isso, para um
volume constante, quanto maior a temperatura, maior o
número de colisões e, assim, maior a pressão existente.
III. Quando um mesmo número de moléculas de um gás
ocupa um maior volume, mais afastadas elas ficam e, por
isso, há menos colisões, o que causa uma menor pressão,
se a temperatura for mantida constante.
São verdadeiras as afirmativas:
a) I e II, apenas. d) I, apenas.
b) I e III, apenas. e) III, apenas.
c) II e III, apenas. Agora, você pode fazer as atividades
tividades
26 a 29 da seção Foco no Enem.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 33

 Transformações gasosas

hands-on
Agora, vamos aplicar o método científico! Enquanto seu professor realiza o experimento, observe
atentamente e preencha a ficha de laboratorista.
Materiais
▶ água quente (quase no ponto de ebulição) ▶ garrafa de PET com tampa
▶ um funil ▶ água fria (300 mL)

toloczko. 2021. Digital.

Como fazer
1. Aqueça a água até o ponto de
ebulição e, com a ajuda do funil,
coloque-a na garrafa de PET.
2. Agite a garrafa com cuidado, sem
fechá-la.
3. Após cerca de 20 s, retire rapida-
mente toda a água quente da gar-
rafa de PET e feche-a, rosqueando
a tampa com firmeza.
4. Em seguida, despeje água fria da
torneira sobre a superfície externa
da garrafa.

Conclusão

6. O que tem dentro da garrafa 8. Qual é a pressão interna à 10. O que ocorreu com a garrafa
depois que tiramos a água? garrafa inicialmente? quando foi fechada e colocada
em contato com a água fria?

7. Qual é a pressão externa à 9. Qual será o efeito se as

garrafa inicialmente? pressões de dentro e de fora da
garrafa forem diferentes?
k/Ck Foto
©Shutterstock/Ck
k/C
©Shutterstock

34 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Agora, vamos lá!
Para acompanhar a realização do experimento, observe as etapas que serão

FÍS
desenvolvidas pelo seu professor e registre o que for solicitado.

toloczko. 2021. Digital.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 35

Conceitos
Quando temos uma massa de gás contendo um número n de
quantidade de matéria ocupando um volume V, a uma pressão p e
à temperatura T, dizemos que esse gás está em determinado estado,
que é definido pelo valor das variáveis de estado (p, V, T, n). Assim, ©S
hu
tte
valores diferentes para essas variáveis caracterizam estados diferentes. rst
ock
/ita
ci
Como você viu na seção Hands-on, as variáveis de estado não
são independentes entre si! Esses processos, nos quais o valor dessas O que devemos
d ffazer
variáveis se altera, são chamados de transformações gasosas. então para que a pressão não
aumente nesse caso? Para que
É impossível, para um gás, alterar apenas uma variável o número médio de colisões
de estado, pois, quando uma dessas grandezas varia, pelo se mantenha constante,
menos mais uma grandeza também vai variar. precisamos de um volume
maior para o gás, que agora
tende a se expandir e precisa de
Inicialmente, o estudo dos gases foi desenvolvido de forma mais espaço para que a pressão
experimental, já que a natureza microscópica da matéria ainda não não varie.
era conhecida. Com esses estudos, obtemos as relações entre as
Pelo mesmo raciocínio, ao
variáveis de estado, isto é, as leis que descrevem as transformações.
diminuir a temperatura do gás, o
número médio de colisões com
Transformação isobárica – lei de Charles as paredes do recipiente deve
Imagine que uma massa de gás está confinada em um recipiente diminuir (você pode pensar que
cujo volume pode variar. A pergunta que queremos responder é: O as partículas levam mais tempo
que acontece com o volume do gás se alterarmos a temperatura? para viajar entre as colisões, pois
estão mais lentas agora).
Eduardo Borges. 2015. Digital.

T1 T2
Essa lei, que estabelece a
K
380
380
K
380
relação entre a temperatura T
240 360
340
p
360
340
p
220
200
320
300
280
260
240
V1 100
360
340
320
300
280
260
240
V2 100
de um gás e o volume V que
220 220
320
180
160
200
180
160
140
120
50 150

300
200
180
160
140
120
50 150
ele ocupa, é chamada de lei de
140 100 0 280 100 0

Charles:
200 200
80 104 Pa 80 104 Pa
120 60
40 260 60
40

Quando uma massa de

gás sofre uma transforma-
ção isobárica, a tempera-
tura absoluta e o volume
Uma massa de gás é mantida à pressão constante, enquanto o gás é aquecido. O aquecimento desse gás variam, manten-
gera uma expansão do gás, ou seja, o aumento do seu volume. Essa transformação é chamada de do uma proporção direta.
isobárica (lembre-se de que o prefixo “iso-” significa “mesmo”).

Observe que a pressão

p é constante durante esse experimento.
Também podemos supor que a q quantidade
tid d de
d gás
gá p
permaneceu
Grandezas diretamente proporcio-
sempre
p a mesma. Dessa forma, quando a temperatura varia, nais (proporção direta) são muito
observamos uma alteração no volume desse gás. É bastante comuns nos estudos de ciências.
intuitivo supor que, ao aquecê-lo, as moléculas devem se mover Duas grandezas são ditas propor-
cionais quando a variação de uma
mais rapidamente, aumentando assim o número médio de colisões
afeta a outra. Essa proporção é direta
com as paredes do recipiente (pense que as moléculas estão super- quando a variação em uma é igual à
-rápidas agora, apresentando, portanto, um intervalo de tempo da outra, isto é, se uma dobra, a ou-
menor entre as colisões). tra também dobra, se uma é reduzida
à metade, a outra também é reduzida
à metade, e assim por diante.

36 CNT FÍSICA
Í
 Isso quer dizer que a razão entre o volume e a temperatura absoluta
se mantém sempre constante durante a transformação isobárica. Essa
razão é representada pela inclinação da reta no diagrama V × T.

FÍS
Volume
toloczko. 2021. Digital.

Numa transformação
isobárica, o volume
4V de uma massa de gás
3V aumenta com o aumento
2V
da temperatura.

0 T 2T 3T 4T Temperatura

Matematicamente, a equação dessa transformação é dada por

V
constante
T

Durante uma transformação, o gás vai de um estado para outro –

do estado 1 para o estado 2, por exemplo. O que a lei de Charles nos
diz é que, para qualquer estado dessa massa de gás que esteja à mesma
pressão, a razão do volume pela temperatura é um valor constante, ou
seja, a razão entre o volume e a temperatura absoluta, nos estados 1 e
2, tem o mesmo valor. Portanto:

V1 V2
T1 T2

V
é uma constante que determina a inclinação
Se a razão
T
da reta e se, nesse processo, a pressão é mantida constante, isso
V
parece coincidência? Pois não é! A constante dada pela razão
T
está associada com a pressão a que o gás está submetido. Isso quer
dizer que, se a mesma massa de gás passar por uma transformação
isobárica sob outro valor de pressão, o valor da constante será
diferente. Resumindo: a inclinação da reta será diferente para valores
diferentes de pressão.
Observe, na figura, que essa inclinação é inversamente
proporcional à pressão. Isto é, quanto maior a pressão, menor a
inclinação da reta no diagrama V × T.
V
p3
p2 p1 > p 2 > p 3
toloczko. 2021. Digital.

p1

T (K)

Para cada transformação isobárica, a curva no

diagrama V × T tem uma inclinação diferente.
©Shutterstock/Dtram
m

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 37

 Transformação isovolumétrica – lei de Gay-Lussac Matematicamente, temos:
Agora que você já viu a formalização de uma transformação p
gasosa e aprendeu sobre como o efeito macroscópico resulta do constante
T
comportamento microscópico das moléculas do gás, basta repetir
o raciocínio para os outros pares de variáveis de estado. Vamos Analogamente ao caso da
lá? Imagine, então, que uma massa de gás está confinada em um transformação isobárica, para
recipiente cujo volume é fixo, ou seja, não pode variar. A pergunta qualquer estado dessa massa
agora é: O que acontece com a pressão do gás se alterarmos a de gás que tenha o mesmo
temperatura? volume, a razão da pressão pela
temperatura absoluta do gás terá
um valor constante, de modo

Eduardo Borges. 2015. Digital.

que:

p1 p2
T1 T2

Isso vale para quaisquer

estados 1 e 2 que tenham o
Se o gás for submetido a uma transformação a volume constante, temos uma mesmo volume.
transformação isovolumétrica, também chamada de isométrica ou isocórica. p
V3

toloczko. 2021. Digital.

Ao aumentarmos a temperatura do gás, as moléculas passarão a V2
V1 > V 2 > V 3
se mover mais rapidamente, aumentando assim o número médio de V1
colisões com as paredes do recipiente, ou seja, aumentando a pressão.
A recíproca também vale: se diminuirmos a temperatura do gás, o
T (K)
número médio de colisões com as paredes do recipiente diminuirá e a
pressão do gás também diminuirá. Para cada transformação isovolumétrica, a
curva no diagrama p × T tem uma inclinação
Essa lei, que estabelece a relação entre a temperatura T absoluta do
diferente.
gás e a pressão V, é chamada de lei de Gay-Lussac:

©Shutterstock/Naci
Quando uma massa de gás sofre uma transformação yavuz

isovolumétrica, a temperatura absoluta e a pressão desse

gás variam, mantendo uma proporção direta.

Assim como no caso anterior, a razão entre as grandezas que

estão variando nesse experimento se mantém constante. Essa razão é
representada pela inclinação da reta no diagrama p × T.
toloczko. 2021. Digital.

Pressão

4p

3p

2p

0 T 2T 3T 4T Temperatura

Numa transformação isovolumétrica, a pressão de uma

massa de gás aumenta com o aumento da temperatura.
38 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Na figura, você pode ver que essa inclinação é inversamente proporcional ao volume. Isto é, quanto
maior o volume, menor a inclinação da reta no diagrama p × T.

FÍS
Preste atenção às unidades nos diagramas também! Note que, quando a temperatura é expressa em kelvin, a
curva tende para a origem, e, quando é expressa em graus Celsius, tende para –273. Você entende por quê?

toloczko. 2021. Digital.

V V p p

T (K) T (°C) T (K) T (°C)

–273 –273

Diferença nos diagramas V × T e p × T quando a temperatura é expressa em kelvin e em graus Celsius

Transformação isotérmica – lei de Boyle

Seguindo nossa linha de
raciocínio de analisar as variáveis Quando uma massa de gás ideal sofre uma transformação
de estado aos pares, restou-nos isotérmica, a pressão e o volume desse gás variam de forma
inversamente proporcional.
ainda uma pergunta: O que
acontecerá com a pressão do
gás se alterarmos seu volume e
mantivermos sua temperatura
constante? Duas grandezas são ditas inversamente proporcionais quando
o aumento de uma causa a diminuição de outra na mesma propor-
A resposta a essa pergunta é ção. Por exemplo, se uma dobra, a outra diminui pela metade, se
dada pela lei de Boyle, enunciada uma é reduzida a um terço, a outra triplica, e assim por diante.
pelo físico e químico irlandês
Robert Boyle (1627-1691), que

Eduardo Borges. 2015. Digital.

estudou esse tipo de processo,
chamado de transformação
isotérmica.
Como já analisamos nas
seções anteriores, se o volume do
recipiente aumenta, o número
médio de colisões das moléculas
do gás com as paredes diminui,
ou seja, a pressão diminui
se a temperatura não variar.
Se a temperatura for constante,ao aumentar a pressão aplicada
Inversamente, se reduzimos o sobre um gás, o seu volume se reduz proporcionalmente.
volume do recipiente, a pressão
aumenta se a temperatura for
constante. Então, desta vez, a
relação entre a pressão p do gás
e o seu volume V é de proporção
inversa:

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 39

 Isso quer dizer que o produto entre a pressão e o volume se
mantém sempre constante durante a transformação isotérmica. O
diagrama p × V mostra que a representação gráfica dessa relação é
um ramo de hipérbole.

toloczko. 2021. Digital.

Volume
Numa
transformação
isotérmica, a
V
pressão de uma
massa de gás
V/2 diminui com
o aumento do
V/3
V/4 volume.

0 p 2p 3p 4p pressão

Matematicamente, a equação dessa transformação é dada por

p · V = constante

Portanto, o que a lei de Boyle nos diz é que, em uma

transformação isotérmica, para qualquer estado dessa massa de gás
que tenha a mesma temperatura absoluta, o produto da pressão pelo
volume do gás terá o mesmo valor:

p1 · V1 = p2 · V2

Para valores diferentes de temperatura, o produto p · V terá valores

Saiba mais sobre
diferentes (proporcionais a essas temperaturas) e dará origem a
as transformações diferentes curvas no diagrama, curvas estas chamadas de isotermas.
toloczko. 2021. Digital.

gasosas! p

T1 < T2 < T3

T3
T2 Para cada temperatura diferente, a
T1 transformação isotérmica apresenta um
v ramo de hipérbole no diagrama p × V.

Como a constante
p · V é proporcional
à temperatura, as
©Shutterstock/Chemistrygod
Pressão

isotermas de maior
temperatura estão
mais longe dos eixos Lei de Gay-Lussac
no diagrama, e as de Lei de Boyle
menor temperatura
estão mais próximas
dos eixos. ratura Volu
Tempe me
Lei de Charles

Visão tridimensional dos diagramas

de transformação gasosa

40 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
ressolve aí ;))

11. Se a pressão de um gás confinado é duplicada em 12. (FAMERP – SP) A imagem mostra 5 cilindros de mesmo
uma temperatura constante, a sua massa volume, cada um com gás de uma substância diferente,
(duplica/cai pela metade/permanece conforme indicado. Os gases estão todos à mesma

FÍS
constante) e seu volume pressão e temperatura.
(duplica/cai pela metade/permanece constante),
enquanto a energia cinética média das moléculas desse
gás (duplica/cai pela metade/
permanece constante).

O cilindro que contém a maior massa de gás em seu

interior é o
a) 5 b) 3 c) 1 d) 2 e) 4

13. Na tirinha a seguir, Calvin passa por uma experiência ruim.

©Calvin & Hobbes, Bill Watterson 1988 Watterson/Dist.
by Andrews McMeel Syndication

WATTERSON, Bill. Calvin and Hobbes by Bill Watterson for July 09, 1988. Disponível em: https://www.gocomics.com/calvinandhobbes/1988/07/09.
Acesso em: 31 ago. 2020.
Com base nessa situação, complete as lacunas a seguir para explicar corretamente o que acontece, do ponto de vista do
que sabemos sobre os gases e suas variáveis de estado.
O balão estoura, pois, conforme Calvin sobe na atmosfera preso ao balão, o ar se torna mais rarefeito e a pressão
da atmosfera (aumenta/diminui/permanece constante). A pressão do gás dentro do
balão (aumenta/diminui/permanece constante), portanto o volume do balão tende a
(aumentar/diminuir/permanecer constante).

14. Um estudante enche duas bexigas com aproximadamente o mesmo volume. A bexiga 1 com gás hélio e a bexiga dois com
gás carbônico. Ao soltar as bexigas, o que deve acontecer? Justifique sua resposta.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 41

15. Uma massa de gás submetida a uma pressão de 3 atm 17. A tabela a seguir mostra dados de volume e temperatura
ocupa o volume de 1,5 L. Por um processo isotérmico, a absoluta para uma massa de gás que passa por uma
pressão do gás é reduzida para 2 atm. Qual será o volume transformação.
ocupado pelo gás nesse caso?
V (m3) 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
T (K) 200 300 400 500 600
a) Classifique a transformação do gás entre isobárica,
isométrica ou isotérmica. Justifique a resposta.
16. Num experimento de laboratório, uma massa de gás
passa por uma transformação gasosa. Os valores medidos
aparecem na tabela a seguir.
p (103 Pa) 25 50 75 100 125
T (K) 100 200 300 400 500
Qual dos gráficos a seguir melhor representa o
b) Construa o diagrama V × T com os valores da tabela.
experimento?
toloczko. 2021. Digital.
a) p

toloczko. 2021. Digital.

p2

p1

V2 V1 V

b) p

p2

p1

V V

c) p

©Shutterstock/Alexx60
p

V1 V2 V

d) V
V2

V1

T1 T2 T

AAgora,
gora, vo
você pode fazer as atividades
30 a 32 dda seção Foco no Enem.

42 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Equação de Clapeyron
O físico-químico e engenheiro francês Benoit Paul Émile

FÍS
Clapeyron (1799-1864) estudou os gases ideais e fez grandes
contribuições para a Termodinâmica. Entre seus estudos, ele
p˜V
estabeleceu que a combinação entre as variáveis de estado de
T
um gás ideal é diretamente proporcional à quantidade de matéria n
desse gás.
Podemos, então, escrever assim a equação de Clapeyron: R é uma constante
de
proporcionalidad
e.
Como essa relação
vale
para qualquer gás
pV ideal,
 nR a constante R não
pode
T depender da natu
reza do
gás, ou seja, seu va
lor é
o mesmo para qual
quer
gás ideal. Isso sign
ifica
organize que R é uma consta
universal!
nte
as ideias
Mas quanto vale essa constante universal dos gases ideais?

18. Você já deve ter ouvido falar nas “Condições normais de

temperatura e pressão”, ou CNTP, mas do que se trata? Bem, a
própria frase já indica que deve se tratar de algum tipo de padrão que
envolve “condições normais”. E essas condições são as mais intuitivas
possíveis, pois, quando 1 mol de gás está a uma temperatura de 0 °C
e a uma pressão de 1,0 atm, esse gás, qualquer que seja, ocupa um A unidade de medida joule é
volume de 22,4 litros. Resumindo: usada para medidas de energia
e trabalho e é equivalente ao
CNTP Unidade no SI produto da força pela distância.
Quantidade de matéria (n) 1,0 mol Logo:
Pressão (p) 1,0 atm joule = unidade de força ×
Temperatura (T) 0 °C unidade de distância
Volume (V) 22,4 L Já vimos que a pressão é
Agora, você pode responder à nossa pergunta: Quanto vale essa definida pela razão entre força
constante universal? e área:
joule = unidade de pressão ×
unidade de área × unidade de
distância
ou
joule = unidade de pressão ×
unidade de volume

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 43

Lei geral dos gases Essa relação é conhecida
como lei geral dos gases
Ao ler os tópicos anteriores sobre as transformações gasosas, você
ideais e se aplica a qualquer
pode ter se perguntado: mas só existem essas três transformações? As
transformação em que a massa
variáveis se alteram sempre aos pares? A resposta é não, para as duas
do gás (e, portanto, a quantidade
perguntas!
de matéria) se mantém constante.
Num experimento em laboratório, para que o estudo possa ser
conclusivo, analisamos a dependência de uma variável em relação
a outra. Isso porque, se variarmos todas ao mesmo tempo, não Perceba que, com a lei geral
poderemos fazer inferências sobre a relação entre elas de forma dos gases ideais, podemos che-
simples. Isso significa que as transformações isobárica, isométrica gar às fórmulas das transfor-
e isotérmica, apresentadas anteriormente, são apenas os casos mais mações isobárica, isométrica e
simples. isotérmica:
▶ transformação isobárica:
Mas e se tivermos um caso em que há uma mudança das três
variáveis (p, V e T) do gás? p1 = p2
Bom, a equação de Clapeyron pode ser aplicada! Vejamos: p1  V1 p2  V2 V1 V2
 
suponha que uma massa de gás está num estado definido por p1, V1 e T1 T2 T1 T2
T1. Então, temos que:
▶ transformação isométrica:
p1  V1
 nR V1 = V2
T1
p1  V 1 p2  V2 p1 p2
 
Se essa massa de gás passar por uma transformação que levará o T1 T2 T1 T2
gás ao estado p2, V2 e T2, teremos:
▶ transformação isotérmica:
p2  V2
 nR T1 = T2
T2
p1  V1 p2  V2
 p1  V1  p2  V2
Como a constante universal dos gases é a mesma, assim como T1 T2
a quantidade de matéria, o gás não mudou na transformação (por
hipótese). Ou seja, o lado direito das duas expressões é igual. Assim,
podemos escrever:

p1  V1 p2  V2

T1 T2

Essa equação é válida

quando a quantidade
de matéria é a mesma.
Mas e se a quantidade ©Sh
utte
rsto
ck/A
de matéria mudar nesse gnt

processo? Pense nisso!

44 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Misturas de gases ideais
Quando dois ou mais tipos de gases ideais ocupam o mesmo
recipiente, eles não formam um novo e único gás, já que por definição Lembre-se sempre das hipóteses

FÍS
do modelo do gás ideal! Isso é muito
os gases ideais não interagem quimicamente para formar novos importante! Agora, talvez seja uma
elementos. Eles formam então uma mistura homogênea, em que as boa hora para rever as duas hipóte-
substâncias estão presentes na mesma fase. Um bom exemplo de ses no item Gás ideal.
mistura é o ar atmosférico – composto de nitrogênio (78%), oxigênio
(21%) e outros gases em menores quantidades.
Portanto, precisamos levar em conta que a quantidade de matéria
total dessa mistura será a soma das quantidades de matéria de cada Essa lei foi descoberta por
um dos gases componentes: John Dalton (1766-1844), o pai
da teoria atômica da matéria
nmistura = ngás 1 + ngás 2 + ngás 3 + ... + ngás x (lembra-se dele?), e é chamada
Pela equação de Clapeyron, podemos escrever: de lei de Dalton das pressões
parciais.
⎛ p⋅V ⎞ ⎛ p⋅V ⎞ ⎛ p⋅V ⎞ ⎛ p⋅V ⎞ ⎛ p⋅V ⎞
⎜ T ⎟ =⎜ ⎟ +⎜ ⎟ +⎜ ⎟ +! + ⎜ ⎟ VOCÊ SE LEMBRA
⎝ ⎠mistura ⎝ T ⎠gas 1 ⎝ T ⎠gas 2 ⎝ T ⎠gas 3 ⎝ T ⎠gas x DE MIM?

Como os gases ocupam o mesmo volume e a mesma temperatura

(pois se equilibram termicamente), temos:
pmistura = pgás 1 + pgás 2 + pgás 3 + ... + pgás x
Ou seja, a pressão total exercida por uma mistura de gases é a
soma da pressão que cada gás exerce individualmente (ou pressões
parciais). toloczko. 2021. Digital.

+ +

umi
tock/Digitalm

pH = 1 atm pN = 1 atm pO = 1 atm pt = 3 atm

©Shutters

e 2 2

pA pB pmix = pA + pB
A B A+B

+ Esse comportamento se deve

à capacidade que os gases têm
de se movimentar livremente
pA pB pmix = pA + pB através dos outros gases. Então,
V V V quando os misturamos, eles
T T T tendem a se espalhar e tornar a
nA nB nmix = nA + nB
mistura homogênea. Chamamos
esse fenômeno de difusão.
Exemplo da lei das pressões parciais na prática: massas de gases diferentes
contribuem aditivamente para a pressão da mistura à mesma temperatura e volume.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 45

Difusão
As moléculas de gás estão em constante movimento aleatório em
decorrência da sua energia cinética. Isso faz com que o gás se expanda
indefinidamente, ocupando sempre todo o espaço disponível e se distribuindo
homogeneamente nesse espaço (esse comportamento vem do fato de os gases não
terem volume definido). Isso acontece mesmo na presença de outros gases, num
processo chamado de difusão. Quanto menor for a massa molar do gás e maior for
a temperatura, mais rápido esse processo ocorrerá.
A difusão ocorre em muitas situações cotidianas, por exemplo: nos difusores de
essências aromáticas em ambientes; quando abrimos um vidro de perfume e em

©S
alguns instantes sentimos o cheiro; ou mesmo quando um cilindro ou botijão

hu
tt e
rs
de gás é trocado e sentimos o cheiro do gás. ck

to
/N
ew
Af
r ic
a
©Shutterstock/Chemistrygod

Difusão de um gás
em meio a outro
Os difusores de
essências aromáticas
são um exemplo de
dispositivo que usa
a difusão gasosa.

De fato, o gás GLP de cozinha, formado por uma mistura de gases butano (C4H10) e propano
(C3H8), é inodoro. Como então seria possível identificar um vazamento? Precisaríamos de um sensor
capaz de detectar esses gases no ambiente. Para resolver esse problema de forma mais simples,
uma substância contendo enxofre, o mercaptano, é usada

toloczko. 2021. Digital.

como aditivo nos gases de cozinha. O mercaptano tem um C4H8(g) + 5O2(g) 3CO2(g) + 4H2O(ℓ)
odor muito forte, a ponto de podermos senti-lo mesmo
em baixas concentrações.
O gás GLP é inflamável quando próximo de fontes de ignição, e a falta de
cuidado na manipulação ou troca do gás pode acarretar acidentes graves.
Equação da explosão do gás butano

Segundo dados, apenas em São Paulo, o Corpo de Bombeiros registrou 4 055 casos de acidentes por de-
corrência de vazamento de gás GLP.
São Bernardo é a cidade da região do ABC que mais registrou casos de acidentes com o gás LP (gás liquefeito
de petróleo). Somente em 2012, segundo o Corpo de Bombeiros, foram registrados 72 casos. Toda a região
registrou um total [de] 189 casos de acidentes com gás.
Infelizmente, já em janeiro de 2013, há um dado preocupante na cidade de São Caetano. Ela já é o líder em
acidentes com GLP com 18 casos registrados. A cidade sozinha já superou a quantidade de acidentes em toda
região, se comparando o mesmo mês no ano de 2012 (total de 15 casos).
Em Curitiba, em 2014, as ocorrências de acidentes por gás GLP aumentaram 15%. Dentre os casos estão
residências e comércios (como restaurantes).
No estado de Mato Grosso, entre 2012 e 2013, os acidentes já aumentaram 18%.

WAGNER, Felipe. Estatísticas impressionantes – histórico de acidentes com gás. Disponível em: https://www.rwengenharia.eng.br/acidentes-com-
gas/. Acesso em: 31 ago. 2020.

46 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Efusão
Talvez você já tenha vivenciado uma situação assim: você
enche várias bexigas para uma festa e, depois da festa, as

FÍS
bexigas que sobrevivem à explosão (uma das partes mais
divertidas do evento, seguramente!) amanhecem murchas no
dia seguinte...

©S
hut
te rsto
ck/E
xopi
x el

As moléculas de gás conseguem escapar por pequenas aberturas e poros dos materiais.

Além disso, muitas vezes, o refrigerante também já está com

pouco gás no dia seguinte. Mas por que o gás vazou?
Acontece que o tamanho das moléculas de um gás é tão pequeno
que elas também conseguem atravessar pequenas aberturas e
membranas. Esse processo é chamado de efusão.
Por exemplo, se abrirmos um
frasco de amônia (NH3) e um
©Shutterstock/Chemistrygod

de cloreto de hidrogênio (HCℓ),

Representação de uma efusão sentiremos primeiro o cheiro da
amônia, pois sua massa molar é
menor:
v NH MHCA 34, 46
3
1, 42
A efusão é um processo muito importante também nos processos v HCA M NH 17, 06
celulares de troca de diferentes tipos de moléculas, como oxigênio, 3

dióxido de carbono, nutrientes, etc., e também na absorção do Ou seja, a taxa de difusão da

oxigênio nos nossos pulmões. Esses mecanismos são controlados amônia é 1,42 vezes maior que a
pelos poros das membranas celulares, que são seletivas. Essas do cloreto de hidrogênio.
membranas formam barreiras complexas. Por exemplo, no caso do Um detalhe importante é
pulmão, o oxigênio precisa cruzar quatro barreiras: as células que que, aqui, os dois gases estão
revestem os alvéolos, as células que revestem os capilares em torno sob as mesmas condições de
dos alvéolos, a membrana das células dos músculos e, por fim, a temperatura e pressão. É por
membrana da mitocôndria dentro delas. E o dióxido de carbono isso que podemos comparar suas
precisa fazer o caminho contrário! velocidades de difusão, uma vez
O químico escocês Thomas Graham (1805-1869) estudou a que a constante k na fórmula será
difusão e a efusão dos gases e determinou experimentalmente que a mesma para os dois gases.
a velocidade (ou taxa) de difusão/efusão de um gás é inversamente
proporcional à raiz quadrada da sua massa molar, isto é:

velocidade
constante
ou v
k Lei de
massa molar M
Graham
14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 47
ressolve aí ;))

19. O estado de um gás está de acordo com as CNTP 23. Uma quantidade n0 de mols de um gás está a uma
quando está a uma pressão de e pressão p0 e tem uma temperatura absoluta T0, ocupando
temperatura de . Nesse estado, um mol um volume V0. Essa mesma massa de gás passa por
de gás ocupa um volume de litros. um processo que a leva a um estado com pressão 2p0 e
temperatura 3T0. Que fração do número de mols do gás
deve ser adicionada/extraída para que o volume final
20. Com base no estudo dos gases ideais, indique V para as ocupado pelo gás seja igual ao seu volume inicial?
afirmações verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) Sob pressão de uma atmosfera e temperatura
ambiente, um mol de qualquer gás ocupa o
volume de 22,4 litros.
b) ( ) A equação que relaciona volume, temperatura,
pressão e massa de um gás é a equação de
Clapeyron.
c) ( ) A 760 mmHg e 273 K, o volume de um mol de 24. Em um recipiente com capacidade de 40 litros, são
gás depende de sua posição na tabela periódica. colocados 3,16 mols de um gás X e 6,84 mols de um
d) ( ) A expressão p ∙ V = n ∙ R ∙ T representa a lei de gás Y, exercendo uma pressão de 6,56 atm. Qual é a
Boyle. temperatura em que se encontra essa mistura?

21. (UEL – PR) Comparando-se os sistemas representados

a seguir, de mesmo volume e à mesma temperatura,
onde P = pressão, conclui-se que aquele que contém
maior massa de gás é
a) c) e)

25. Um cilindro de gás com capacidade de 10 L contém

51,2 g de oxigênio (O2) e 326,4 g de hélio (He). Se a
temperatura do gás no cilindro é de 20 °C, qual é a
b) d)
pressão total no cilindro?
P

22. Certa massa de gás está submetida a uma pressão p0,

numa temperatura absoluta T0 e ocupa um volume V0.
Essa mesma massa de gás passa por um processo que
leva a um estado com pressão 2p0 e temperatura 3T0. O
volume final equivale à multiplicação de quantas vezes o
volume inicial?

Agora, você pode fazer as atividades

33 a 35 da seção Foco no Enem.
48 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 foco no
enem

FÍS
28. (UNESPAR – PR) Considere as seguintes proposições
26. (UFRGS – RS) Considere a seguinte transformação referentes ao estudo dos gases:
que ocorre com uma amostra gasosa de massa “m” I. Em um gás ideal, o movimento das moléculas é
apresentando comportamento de gás ideal. desordenado.
II. Em um gás ideal as moléculas interagem entre si apenas
durante as eventuais colisões.
III. Numa transformação isotérmica a temperatura permanece
constante enquanto a pressão varia em função do volume.
IV. Numa transformação isobárica a pressão varia em função
do volume e a temperatura permanece constante.
Estão corretas:
O gráfico que melhor representa essa transformação é: a) I, II e IV. c) I, II e III. e) Todas estão
a) d) b) II, III e IV. d) I, III e IV. corretas.

29. (FUVEST – SP) O rótulo de uma lata de desodorante em

aerosol apresenta, entre outras, as seguintes informações:
“Propelente: gás butano. Mantenha longe do fogo”. A
b) e) principal razão dessa advertência é:
a) O aumento da temperatura faz aumentar a pressão do gás
no interior da lata, o que pode causar uma explosão.
b) A lata é feita de alumínio, que, pelo aquecimento,
c) pode reagir como oxigênio do ar.
c) O aquecimento provoca o aumento do volume da lata,
com a consequente condensação do gás em seu interior.
d) O aumento da temperatura provoca a polimerização do
gás butano, inutilizando o produto.
27. (UFRGS – RS) Considere que certa quantidade de gás e) A lata pode se derreter e reagir com as substâncias
ideal, mantida a temperatura constante, está contida em contidas em seu interior, inutilizando o produto.
um recipiente cujo volume pode ser variado.
Assinale a alternativa que melhor representa a variação da 30. (UFRGS – RS) A figura abaixo apresenta um diagrama
pressão (p) exercida pelo gás, em função da variação do pressão × volume. Nele, os pontos M, N e R representam
volume (V) do recipiente. três estados de uma mesma amostra de gás ideal.
a) d)

b) e)

Assinale a alternativa que indica corretamente a relação

entre as temperaturas absolutas TM, TN e TR dos
c) respectivos estados M, N e R.
a) TR < TM > TN. d) TR < TM < TN.
b) TR > TM > TN e) TR = TM < TN.
c) TR = TM > TN.

14. TRANSFORMAÇÕES GASOSASS CNT 49


31. (UFF – RJ) Uma amostra de um gás ideal sofre a
sequência de processos descrita pelo gráfico pressão
versus temperatura mostrado.
É correto afirmar que o volume do gás:
a) diminui no trecho AB, permanece constante no trecho
BC, aumenta no trecho CD.
b) aumenta no trecho AB, permanece constante no trecho
BC, diminui no trecho CD.
c) aumenta no trecho AB, diminui no trecho BC,
permanece constante no trecho CD.
d) permanece constante no trecho AB, aumenta no trecho
BC, diminui no trecho CD.
e) permanece constante no trecho AB, aumenta no trecho
BC, permanece constante no trecho CD.
32. (UFPB) A atmosfera é uma preciosa camada de gases
considerada vital, protegendo os seres vivos de radiações
nocivas e fornecendo substâncias importantes como
oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono, água, dentre
outras. Além disso, os gases têm ampla aplicabilidade:
o N2O é usado como anestésico; o CO2, no combate
a incêndios; o CH4, como combustível; o O2, em
equipamentos de mergulho etc.
Considerando os conceitos relacionados com a teoria dos
gases ideais, numere a segunda coluna de acordo com a
primeira.
(1) Fração molar
(2) Princípio de Avogadro
(3) Transformação isocórica
(4) Lei de Dalton das pressões parciais
(5) Transformação isobárica
(6) Transformação isotérmica
( ) Para uma quantidade fixa de um gás ideal, a volume
constante, a pressão é diretamente proporcional à temperatura.
( ) Sob as mesmas condições de temperatura e pressão,
volumes iguais de dois gases ideais contêm igual número
de moléculas.
( ) A pressão total de uma mistura de gases ideais
é igual à soma das pressões individuais de cada gás
presente na mistura.
( ) Razão entre o número de mols de um gás ideal,
presente em uma mistura gasosa, e o número total de
mols dos gases constituintes da mistura.
50 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
( ) para uma quantidade fixa de um gás ideal, à pressão
constante, o volume é diretamente proporcional à temperatura.
A sequência correta é:
a) 6, 1, 4, 2, 5 d) 3, 4, 2, 1, 6
b) 6, 2, 4, 1, 3 e) 3, 1, 4, 2, 6
c) 3, 2, 4, 1, 5
33. (FUVEST – SP) A tabela abaixo apresenta informações
sobre cinco gases contidos em recipientes separados e
selados.
Qual recipiente contém a mesma quantidade de átomos
que um recipiente selado de 22,4 L, contendo H2, mantido
a 2 atm e 273 K?
a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5
34. (UFU – MG) A atmosfera é composta por uma camada
de gases que se situam sobre a superfície da Terra.
Imediatamente acima do solo ocorre uma região da
atmosfera conhecida como troposfera, na qual ocorrem
as nuvens, os ventos e a chuva. Ela tem uma altura
aproximada de 10 km, a temperatura no seu topo é de
cerca de –50 °C e sua pressão é de 0,25 atm (Dado:
0 kelvin = –273 °C). Se um balão resistente a altas
pressões, cheio com gás hélio até um volume de 10,0 L a
1,00 atm e 27,0 °C é solto, o volume desse balão, quando
chegar ao topo da troposfera, será de:
a) 40,0 L c) 36,3 L e) 52,5 L
b) 74,1 L d) 29,7 L
35. (UFC – CE) As pesquisas sobre materiais utilizados em
equipamentos esportivos são direcionadas em função
dos mais diversos fatores. No ciclismo, por exemplo, é
sempre desejável minimizar o peso das bicicletas, para
que se alcance o melhor desempenho do ciclista. Dentre
muitas, uma das alternativas a ser utilizada seria inflar os
pneus das bicicletas com o gás hélio, He, por ser bastante
leve e inerte à combustão. A massa de hélio, necessária
para inflar um pneu de 0,4 L de volume, com a pressão
correspondente a 6,11 atm, a 25 °C, seria:
Constante universal dos gases:
R = 0,082 L · atm · mol–1 · K–1.
a) 0,4 g c) 2,4 g e) 4,0 g
b) 0,1 g d) 3,2 g
Da Revolução Industrial
D

FÍS
ao aperfeiçoamento 15
5
das máquinas OBJETIVOS DO CAPÍTULO
térmicas ▶ Identificar as etapas do método
científico.
▶ Compreender o processo de
conservação e transmissão de energia.
▶ Identificar a importância do
desenvolvimento e aperfeiçoamento
das máquinas térmicas para a
Revolução Industrial.
▶ Representar modelos explicativos
para o funcionamento de máquinas
térmicas.
▶ Definir e aplicar o ciclo de Carnot.
©Shutterstock/Oleg Totskyi
 Da Revolução Industrial
D
ao aperfeiçoamento das
máquinas térmicas

"O que não está definido, não pode ser medido. O que não pode
ode
ser medido não pode ser melhorado. O que não é melhorado,o,
sempre se degrada".

©Wikimedia Commons/Lord Kelvin Douglas Nogueira. 2021. Digital.

Termodinâmica e máquinas térmicas ao aumento de produção e

lucros, demandou a exploração
O século XVIII foi marcado por mudanças profundas nos aspectos de cada vez mais espaço e
econômicos, tecnológicos e, sobretudo, sociais. O conjunto dessas recursos naturais, gerando graves
mudanças é conhecido como Revolução Industrial. Seu impacto danos ambientais, alguns até
transformou as relações sociais e a relação do homem com a natureza, irreversíveis.
marcando o que pode ser considerada uma cisão entre um mundo Atualmente, temos
antigo e um mundo novo, cujas características têm efeitos ainda nos presenciado também uma
dias atuais. série de mudanças sociais,
A Revolução Industrial, resultado de necessidades de aumento de econômicas, tecnológicas
produção e lucro e do progresso da ciência e da tecnologia, alterou e ambientais, resultado das
profundamente o modo de vida dos seres humanos. Ela fez com que diversas transformações
cidades se tornassem caóticas, cheias e frenéticas e avançou pelo digitais, no que chamamos de
século XIX. Terceira Revolução Industrial,
No início do século XX, já com a Segunda Revolução Industrial processo cuja matéria-prima
em curso, surgiram mais avanços tecnológicos, e um espírito de é a informação. Entretanto,
modernidade atrelou-se ao clima de renovação que a Europa vivenciava. agora podemos refletir sobre
A realidade em constante evolução tecnológica era projetada para o os impactos e as consequências
futuro, num rompimento com o passado, por uma corrente cultural para o meio ambiente com
chamada de Futurismo. Essa corrente exaltava a velocidade, a energia, a mais clareza, uma vez que já
força e o movimento, frutos dos avanços tecnológicos do final do século começamos a experimentar
XIX, conforme mostra a imagem de abertura deste capítulo. os efeitos negativos da
No entanto, se fábricas e invenções modernas eram glorificadas industrialização desenfreada.
©Shutterstock/Jaco Bothma Empire Photo

por um lado, por outro, o nacionalismo, as guerras e a violência

O Futurismo surgiu em 1909, com a
também eram, e o Futurismo acabou sofrendo então uma publicação do Manifesto Futurista, de
identificação com o fascismo. Filippo Marinetti, um poeta e milionário
italiano apaixonado pelos sinais de
As modificações sociais, econômicas e políticas impulsionadas modernidade, como carros velozes,
pela Revolução Industrial mudaram o estilo de vida das pessoas, máquinas, etc.
levaram ao surgimento do capitalismo e também tiveram
consequências profundas no meio ambiente. A substituição da *HERRERA, Ángel María; PALAO, Francisco.
Massive Transformative Purpose:The guide to
velha forma de produção manual pela maquinofatura, com vistas provide sense to your projects and your life. Bubok,
2021. 284 p.
52 CNT FÍSICA
É possíívvel alliiar
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FÍS
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A resposta é ce

©Fotoarena/Alamy Stock Photo

As Revoluções Industriais e
a evolução da sociedade

Máquinas e geração de energia antes da Revolução Industrial

Qual é o objetivo da
tecnologia? A resposta é o
desenvolvimento de ferramentas
que buscam sempre diminuir
o consumo de energia e que,
portanto, procuram aumentar
a capacidade para sustentar
grandes populações.
O primeiro desenvolvimento
tecnológico foi o fogo, que
proporcionou ao homem
iluminação e segurança, além
da possibilidade de cocção de
alimentos. Depois, vieram a roda,
que permitiu o desenvolvimento
do transporte, e as ferramentas
para a caça e a pesca.
Há cerca de dez mil anos, as Como as populações ainda eram
primeiras civilizações usavam a muito pequenas nessas regiões,
força muscular, complementada a madeira podia ser usada como
pela energia cinética das águas e combustível, pois o ciclo natural
pela tração animal, como fonte conseguia assegurar a renovação
de energia, principalmente para e a regeneração das florestas, sem
a produção agrícola e pecuária. necessidade do desenvolvimento
O fogo já era utilizado de forma da silvicultura.
controlada com o uso da lenha.
A montaria também Silvicultura é o estudo dos métodos
de aproveitamento sustentável das
permitiu que a madeira fosse florestas, ou seja, do uso racional das
transportada para regiões florestas e de sua regeneração para o
distantes, difundindo o uso da consumo da madeira em larga escala.
Suas bases científicas surgiram na Ale-
lenha como fonte de energia, manha a partir do século XVIII, quando
o que promoveu grandes se iniciou uma sistemática economia
transformações econômicas e florestal para evitar que as reservas se
sociais na Europa Ocidental. esgotassem.

15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 53

 Assim como os mecanismos que buscavam desenvolver e aplicar máquinas a vapor para o
de utilização da força dos ventos, acionamento de bombas nas minas de carvão.
da água e da tração animal O grande marco da evolução da história da energia na era
para o trabalho, as alavancas moderna foi a Revolução Industrial. A humanidade transformou fogo
desenvolvidas na Grécia Antiga em movimento com o desenvolvimento das máquinas a vapor, e a
permitiram a multiplicação aplicação dessa tecnologia permitiu a industrialização das cidades e
de força e eram utilizadas a evolução dos meios de transporte. Fontes que representam nossa
principalmente na elevação maior fonte de energia, como o petróleo e o gás natural, tiveram
de pesos, mas não para gerar grande avanço nesse período.
movimento.

©Shutterstock/Everett Historical
Depois, outras fontes de Aquarela ilustrando as mudanças ocorridas nas áreas de produção
energia passaram a ser utilizadas, industrial e de transportes no século XIX, quando a sociedade
como: os ventos para os barcos, passou a utilizar máquinas movidas a energia térmica (vapor).
o que foi essencial para a
colonização e o comércio; os
moinhos; e o óleo de baleia como
combustível para iluminação
de casas e ruas. As diferentes
fontes de energia, à medida que
eram descobertas, determinavam
novos rumos para a evolução
social.
Do século I ao V d.C., a
madeira era muito utilizada
também para forjar metais,
na fabricação de armas para
o Império Romano. Na Ásia,
desenvolveram-se sistemas de
irrigação e elevação pneumática.
Entretanto, até meados do
século XVIII, a madeira ainda
era o combustível universal, O alemão Friedrich Wilhelm Ostwald (1853-1932), que recebeu o
além de ser vastamente utilizada Prêmio Nobel de Química em 1909, defendia que qualquer evolução
para a construção civil e, social é baseada na transformação de energia primária em energia
principalmente, naval. útil. De fato, a evolução da sociedade sempre esteve relacionada com
Ainda no século XVIII, na o aumento do consumo de energia e, até muito recentemente, com o
Inglaterra, o carvão, abundante dogma de que o crescimento da produção sempre poderia resolver
e barato, superou a madeira quaisquer problemas que surgissem.
em pouco tempo, tornando-se Assim, de forma geral, as fontes de energia usadas no transporte,
a principal fonte de energia. nos sistemas agroindustriais e na indústria moderna, à medida que
A exploração ostensiva do apresentavam problemas, sempre eram complementadas ou mesmo
carvão esgotou então as jazidas substituídas por outras fontes com vistas a aumentar a eficiência.
de superfície e começaram a Assim, a força muscular foi complementada pela tração animal, que
surgir as minas e poços, onde por sua vez foi complementada pelas águas e ventos. Mais tarde,
a frequente inundação tornou essas fontes foram substituídas pelo carvão, que foi substituído/
imprescindível o bombeamento complementado pelo petróleo e pelo gás natural.
de água. Características como alta densidade energética e facilidade de
Essa necessidade está transporte, entre outras, tornaram o petróleo e o gás natural as
no cerne dos esforços dos melhores fontes para uso em larga escala. E ainda atualmente não
engenheiros ingleses e escoceses, conseguimos desenvolver substitutos comparáveis. Entretanto, tanto

54 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
o petróleo quanto o gás natural Máquinas primitivas
não são renováveis, o que nos
As máquinas e instrumentos primitivos, muitos deles apenas
leva à conclusão de que, desde
idealizações que só foram desenvolvidas anos (ou mesmo séculos)

FÍS
a Revolução Industrial, nossa
mais tarde, em sua maioria, relacionam-se apenas indiretamente à
sociedade tem se apoiado
produção industrial no sentido mais restrito, mas desempenharam
sobre um alicerce energético
um papel fundamental na história do desenvolvimento tecnológico.
insustentável.
Os egípcios antigos já dominavam técnicas de construção,
Mais do que isso, a
manuseio de pesos, elevação de água, combate a incêndio, mineração
exploração desses combustíveis
e extração de óleo. Há registros, no Egito, do uso da alavanca em
fósseis progrediu incialmente
elevadores de contrapeso para elevar a água em poços já em 1550 a.C.
com petróleo abundante e
As alavancas podem ser consideradas as primeiras máquinas de que
barato, o que de certa forma
se tem algum registro. Elas são chamadas de máquinas simples e têm
colocou no ostracismo as
como objetivo o uso da força num sentido estático, e não a produção
correntes de pensamento que
de movimento.
defendiam a ideia do caráter
finito dos recursos naturais,
assim como a relação entre
desenvolvimento e consumo
de energia. Basicamente, não
toloczko. 2021. Digital.

havia interesse em temas que Dispositivo de elevação de

associavam o uso de recursos
naturais ao desenvolvimento
social e econômico e ao impacto
ambiental, o que acabou
atrasando as pesquisas sobre
essas inter-relações.
Atualmente, essa ideia
está cada vez mais evidente,
pois os efeitos do consumo
energético desenfreado já são
notórios. Diversos estudos já
comprovaram que as fontes
energéticas sobre as quais o
desenvolvimento da nossa
sociedade se sustenta são finitas
e que é imprescindível investir
grandemente para desenvolver
fontes de energia que sejam
renováveis e cujos impactos
ambientais sejam menores.
O desenvolvimento
tecnológico deve, portanto,
se destinar à diminuição do
consumo energético nos setores
produtivos, objetivando a
conversão de recursos naturais
(energia primária e matérias-
-primas) em energia utilizável
com o menor impacto ambiental
e a maior eficiência possíveis.
água: um poste pivotado,
um balde e um contrapeso
Os gregos foram fortemente influenciados pela tecnologia egípcia,
expandindo os estudos sobre a teoria e resolvendo os problemas de
funcionamento dos dispositivos.
Os escritos e ideias de Aristóteles sobre mecânica tiveram grande
importância histórica, exercendo grande influência na ciência
medieval. O desenvolvimento de máquinas simples é, geralmente,
atribuído a Arquimedes, que no século III a.C. também conduziu
experimentos e determinou relações que governam o funcionamento
das alavancas. Entretanto, seus trabalhos eram desconhecidos até a
Renascença.
Heron de Alexandria (ca. 10-75) descreveu a fabricação e o
uso dos 5 mecanismos para se colocar uma carga em movimento:
alavanca, molinete, polia, cunha e parafuso. Ele também descreveu
guindastes como uma combinação de alavancas, molinetes e polias.
toloczko. 2021. Digital.
Ilustração de guindaste simples (esquerda) e duplo (direita),
tirados dos manuscritos de Heron de Alexandria.

15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 55

 O parafuso de água, usado para
limpar os porões dos navios, tirar água Ilustração de um parafuso de
levantamento de água baseado
das minas e elevar água para irrigação,
nos manuscritos de Vitrúvio
apesar de ter a criação atribuída
frequentemente a Arquimedes, pode ter
sido conhecido ainda no Egito Antigo,
antes dos tempos de Arquimedes, e foi
utilizado até a Idade Média na Europa.
Também no Egito surgiu a roda-
-d’água, uma das primeiras aplicações
da energia hídrica. Ela consiste de
uma roda grande, com 10 metros de
diâmetro em média, com uma série de Ilustração de uma
recipientes, que são carregados quando roda-d’água baseada nos
passam pelo fluxo de água e esvaziados manuscritos de Vitrúvio
no topo.
Três inventores antigos descreveram
a bomba-d’água: Philo de Bizâncio (ca.
280-220 a.C.), Vitrúvio (81-15 a.C.) e
Heron de Alexandria. Quando o pistão
sobe, criando um vácuo parcial, a água
flui para os cilindros; no movimento de
descida do pistão, as válvulas revertem
e a água é empurrada para cima pelos
canos, até o reservatório.
Os moinhos com engrenagens Ilustração de uma bomba-
tiveram sua invenção atribuída ao -d'água dos manuscritos
de Philo de Bizâncio
arquiteto romano Vitrúvio, que viveu no
século I a.C., apesar de sua forma estável
e eficiente só ter sido desenvolvida em
meados de 1500, atingindo sua melhor
versão no final do século XVI, graças
aos engenheiros holandeses.
O moinho assim esboçado é o
primeiro exemplo conhecido de Moinho romano com
transmissão de energia por meio engrenagens segundo
descrição dos manuscritos
de engrenagens, tendo inspirado
de Vitrúvio
muitas modificações e rearranjos que
resultaram em uma ampla generalização
do uso de energia. O mecanismo geral
do moinho de engrenagens também
foi adaptado ao uso de outras formas toloczko. 2021. Digital.

de energia, principalmente da tração

humana e animal, como alternativa aos
inconvenientes das variações no fluxo
da água e à necessidade de energia Mecanismo com engrenagens de moinho
em locais e circunstâncias que não para aplicação de tração animal. Ilustração
admitiam a aplicação da água, sendo das anotações usualmente atribuídas a um
vastamente utilizado durante a Idade autor anônimo conhecido como “Engenheiro
Hussite”, datadas de 1430.
Média.

56 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Com o tempo, o desenvolvimento Ilustração de um moinho de vento das anotações
do moinho de água foi substituindo do “Engenheiro Hussite” (à direita) e diagrama de
os antigos moinhos de cavalos e um moinho de vento moderno (à esquerda)

FÍS
escravizados e foi se sofisticando cada
vez mais em comparação às fontes
primárias de energia muscular. O uso
do vento como fonte de energia foi
relatado na Pérsia no século X, mas não
se estabeleceu na Europa antes do final

toloczko. 2021. Digital.

do século XII.
Os moinhos de vento foram
sofrendo melhoramentos por meio de
diversas contribuições (como de Da
Vinci e de Jerome Cardan). Eles talvez
tenham sido o primeiro mecanismo
sobre o qual se discutiu a eficiência, no
início do século XVI.

©Wikimedia Commons/Van Gogh Museum

Moinhos de vento holandeses pintados

por Monet (esquerda) e por Jean Baptiste
Armand Guillaumin (direita)
MONET, Claude. Molens bij Zaandam.
1871. Olieverf op doek, 48,3 × 74,2 cm.
Van Gogh Museum, Amsterdam.
©Flickr.com/Irina

GUILLAUMIN, Armand.
Windmills in Holland. 1904.

15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 57

Máquinas de “moto-perpétuo”
E se desenvolvêssemos uma máquina capaz de gerar toda a

tol
oc
energia de que precisamos por meio do seu próprio trabalho?

z ko
. 20
Nesse caso, teríamos uma máquina autossustentável! E essa

21 . D
igital.
máquina funcionaria para sempre sem precisar de uma fonte
de energia externa. Uma vez acionada, continuaria a se mover
indefinidamente.
Entre as primeiras tentativas de desenvolver esse tipo de
máquina de movimento perpétuo, estão as rodas desequilibradas,
cujo movimento faz mover alguns pesos que mudam o seu centro
de massa, fornecendo torque constantemente. Assim, a roda nunca
para de girar.
Se pensarmos nas possibilidades, poderíamos construir usinas Ilustração de uma roda desbalanceada
baseadas nessas rodas, como as eólicas, que girariam sem vento
e forneceriam energia para o mundo inteiro. Isso significa não
queimar mais combustíveis fósseis, ou seja, resolveríamos os
problemas de fornecimento de energia e as mudanças climáticas.
Essa é uma ideia que parece genial, mas não podemos ignorar
o atrito no eixo da roda, que consome energia e, em algum
momento, vai fazê-la parar de girar. Bem, de fato, a questão da
mudança constante do centro de massa, com as peças móveis da
roda, também não funcionaria de forma eficiente em virtude da
maneira como a gravidade age nesse sistema. Na prática, ao mudar
o centro de massa deslocando os pesos no sistema, a gravidade Ilustração da roda
funciona como um freio e a roda, na verdade, oscilaria como um desbalanceada de Bháskara
pêndulo e nunca chegaria a girar. usando mercúrio
Ao longo da história, a ideia de uma máquina de movimento
perpétuo foi sempre uma das questões que moveu muitos
inventores, como Leonardo da Vinci, Nikola Tesla e até mesmo
o matemático indiano Bháskara. Aliás, uma roda desbalanceada
usando mercúrio foi projetada por Bháskara em 1159.
Outra ideia, no mínimo interessante, foi a do filósofo e
alquimista Marcantonio Zimara (ca. 1460-1532), que propôs, no
século XVI, um vento perpétuo. A ideia era que, ao ser movido
pelo vento, o moinho usasse a energia obtida para pressionar um
fole por meio de braços conectados às pás. No entanto, ele nunca
conseguiu construir esse mecanismo de moto-perpétuo.
Muitos desses inventores desistiram da busca pelo movimento
Ilustração do moinho de movimento perpétuo
perpétuo, concluindo que seria impossível realizá-lo. Qualquer
de Marcantonio Zimara
movimento gera calor e, portanto, dissipa energia de alguma
forma, por atrito, por exemplo. Não é possível que um mecanismo
gere energia para compensar e suprir essas perdas.
Sobretudo às vésperas da Revolução Industrial, o
desenvolvimento de máquinas intensificou a busca pelo moto- Acesse o vídeo sobre
perpétuo. Os inventores buscavam construir uma máquina que o funcionamento de um
pudesse suplantar esse impedimento físico da criação de energia, moto-perpétuo.
sem mesmo conhecer o princípio de conservação de energia, que
só foi estabelecido em meados do século XIX.

58 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Sob o olhar atual, a busca pelo moto-
perpétuo pode parecer ingênua, mas vale
salientar que muitas das tentativas no
início da era moderna contribuíram para o
estabelecimento da 1ª. lei da Termodinâmica.
Também vale destacar que o presidente da Royal
Society de Londres (a organização científica
mais famosa da época), em 1895, declarou que
uma máquina capaz de voar era contrária às leis
da Física, pertencia ao domínio do impossível.
Tantas foram as tentativas ao longo da
história que o escritório de patentes dos
Estados Unidos deixou de aceitar patentes de
máquinas de moto-perpétuo sem um protótipo
funcionando. Todos
T d elesl ffracassaram e sempre
l
levavam à mesma conclusão:
l ã não ã se pode
d criar
i ficava no porão. Keely ficou conhecido como
energia,
i apenas ttransformá
transformá-la.
f á lla.
Um dos casos mais emblemáticos é o do
inventor americano John Ernst Worrell Keely
(ca. 1830-1898), que no final do século XIX
anunciou a descoberta de um princípio de
produção de energia que chamou de “vapórica”
ou “força etérica”. Em seu laboratório, ele
exibia uma máquina que funcionava por meio
©Shutterstock/Granger
Foto de John Worrell Keely ao lado de uma de suas invenções
dessa força motriz, entretanto não dava muitos
detalhes do funcionamento. Ao longo de
alguns anos, ele atraiu diversos investimentos,
FÍS
tornando-se milionário e conseguindo
fundar sua própria companhia, a Keely Motor
Company.
Após sua morte, cientistas e engenheiros
conduziram pesquisas para entender o
funcionamento da máquina de Keely. Ao
derrubarem as paredes do laboratório,
encontraram tubulações e sistemas mecânicos
conectados a um motor silencioso de água
dois andares abaixo da casa. Também de forma
oculta, havia dutos condutores por toda a casa
ligados a um motor de ar comprimido que
um inventor fraudulento.
Se, por um lado, sabemos atualmente que
o movimento perpétuo é impossível, por
outro, a busca por um movimento quase sem
perda de energia ainda é muito corriqueiro –
continuamos tentando aumentar a eficiência e
otimizar processos em que se possa armazenar e
restaurar energia elétrica sob demanda.
15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 59
ressolve aí ;))
1. São exemplos de máquinas simples:
a) abridor de lata, cortador de unha e pinça.
b) lâmpada, alicate e martelo.
c) quebra-nozes, carro e carrinho de mão.
d) bicicleta, pinça e tesoura.
2. (UERJ) Durante muito tempo, a partir da Idade Média,
foram projetadas máquinas, como a da figura abaixo, que
seriam capazes de trabalhar perpetuamente.
O fracasso desses projetos levou à compreensão de que o
trabalho não poderia ser criado do nada e contribuiu para
a elaboração do conceito físico de:
a) força.
b) energia.
c) velocidade.
d) momento angular.
3. (MACKENZIE – SP) A civilização moderna está voltada
para um alto consumo de energia que é utilizada nas
indústrias, nos transportes, nos eletrodomésticos e nas
telecomunicações. Nessa busca por energia, o homem vai
atrás de várias fontes, tais como,
I. combustíveis fósseis.
II. energia hidrelétrica.
III. energia nuclear.
IV. etanol.
V. energia eólica (energia dos ventos).
Desses 5 tipos,
a) apenas um é renovável.
b) apenas dois são renováveis.
c) apenas três são renováveis.
d) apenas quatro são renováveis.
e) todos são renováveis.
60 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
4. (UDESC) A procura por novas fontes renováveis
de energia surge como alternativa importante para
superar dois problemas atuais: a escassez de fontes
não renováveis de energia, principalmente do petróleo,
e a poluição ambiental causada por essas fontes
(combustíveis fósseis).
Assinale a alternativa que apresenta um tipo de recurso
energético não renovável:
a) biomassa, massa dos seres vivos habitantes de uma
região.
b) hidrogênio, usado como célula combustível.
c) biogás, utilização das bactérias na transformação de
detritos orgânicos em metano.
d) carvão mineral, extraído da terra pelo processo de
mineração.
e) energia geotérmica, aproveitamento do calor do
interior da Terra.
5. (PUCRS) Instrução: Para resolver a questão, leia o texto
a seguir, sobre fontes de energia, e selecione as palavras/
expressões que preenchem correta e coerentemente as
lacunas.
O foi importante fonte de energia para a Primeira
Revolução Industrial. Atualmente, as maiores reservas
estão localizadas no Hemisfério . É um dos
principais responsáveis pela , pois sua queima
libera grande quantidade de óxido de enxofre na
atmosfera.
a) carvão mineral – Norte – chuva ácida
b) petróleo – Sul – poluição dos oceanos
c) petróleo – Sul – chuva ácida
d) carvão mineral – Sul – poluição dos oceanos
e) petróleo – Norte – chuva ácida
Agora, você pode fazer as atividades
16 e 17 da seção Foco no Enem.
Revolução Industrial e aperfeiçoamento
histórico de máquinas térmicas

FÍS
A Revolução Industrial desenvolveu marcadamente a indústria
têxtil, a mineração e a metalurgia. O desenvolvimento das máquinas
passou, necessariamente, pelo avanço tecnológico das ciências,
primordial para a sua melhoria e para o aumento de rendimento.
O primeiro dispositivo que se aproxima de uma máquina a
vapor de que se tem conhecimento data de meados de 100 a.C. e foi
idealizado por Heron de Alexandria. Mas a ideia de usar máquinas
para substituir o trabalho manual não era muito atrativa numa
sociedade aristocrata, na qual a mão de obra escrava era abundante.

©Sh
utter
O uso do vapor-d’água (chamado de substância de trabalho) para

stoc
realizar trabalho por meio da expansão – processo de evaporação da

k/Fo
uad
água e posterior condensação por resfriamento –, como princípio

A. Sa
ad
de funcionamento de uma máquina a vapor, só foi adotado em
1690, pelo físico Francês Denis Papin (1647-1712). Sua idealização
influenciou o engenheiro Thomas Savery (1650-1715), que, em 1698, Máquina a vapor de Heron
desenvolveu a primeira máquina de utilidade prática, usada em minas
de carvão, ficando conhecida como “Amiga do Mineiro”.

©Shutterstock/Sergey Merkulov
Máquina de Newcomen

O inglês Thomas Newcomen (1664-1729), ferreiro e mecânico,

construiu uma máquina em 1712 que ficou conhecida como motor
Newcomen, cujo princípio, baseado numa caldeira com vapor- James Watt teve seu nome
-d’água, é até hoje utilizado em usinas. Alguns anos mais tarde, em atribuído a muitos dispositivos.
1763, o engenheiro escocês James Watt (1736-1819) recebeu um Entretanto, muito disso se dá
modelo da máquina de Newcomen para consertar. Watt se interessou pelo fato de ele ter patenteado
profundamente pelas máquinas a vapor e, não só consertou a vários tipos de sistemas antes
máquina de Newcomen, como a aperfeiçoou. Ele teve a perspicácia mesmo de construí-los, apenas
de perceber que aproximadamente 3/4 da energia do vapor eram para evitar que concorrentes
tivessem os direitos. Em algu-
perdidos no resfriamento que ocorria no cilindro. Então, construiu
mas situações, ele fez isso com
um condensador numa parte separada da máquina, o que aumentou
ideias de outros, como no caso
consideravelmente o seu rendimento. Pesquisando melhoramentos da transmissão por engrena-
nas máquinas, Watt construiu a sua primeira em 1769 e, em 1781, gens, que foi desenvolvida por
uma mais eficiente, composta de sistemas de transmissão por William Murdoch, mas cuja pa-
engrenagens, desenvolvidos pelo seu empregado, o engenheiro tente foi feita em nome de Watt.
William Murdoch (1754-1839).
©Shutterstock/Vera Petruk

15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 61

 Trabalho em processos termodinâmicos
Trabalho de um gás
Ao estudarmos uma máquina térmica, precisamos considerar,
além da quantidade de calor Q trocado entre o sistema e o ambiente,
o trabalho de uma força, τF, realizado pelo gás ou pelo ambiente
externo sobre o gás.
Consideremos, por exemplo, um recipiente com um pistão móvel,
contendo certa massa de gás. Quando o gás é aquecido, a agitação das
moléculas aumenta e elas empurram o pistão, ou seja, o gás expande,
aumentando seu volume. Na expansão, o gás empurra o pistão;
portanto, exerce uma força sobre ele, fazendo-o se deslocar para cima.
Eduardo Borges. 2015. Digital.

Ao receber calor, o gás

se expande e empurra
o pistão.

'V = A ∙ 'x

Ao receber calor, o gás

'x
se expande e realiza
A trabalho mecânico.
toloczko. 2021. Digital.

F=p∙A
F
Q V

WF = F ∙ 'x = p ∙ A ∙ 'x = p ∙ 'V

G
Sabemos que, quando uma força F produz um deslocamento x,
realiza um trabalho τ, dado por

τF = F · Δx Podemos relacionar a força com a pressão utilizando F = p ⋅ A

τF = p · A · Δx O volume pode ser identificado como área vezes altura: ΔV = A ⋅ Δx

τF = p · ΔV

Obtemos, assim, a expressão para o trabalho realizado pelo gás sob

pressão constante, ou seja, para um processo isobárico.

62 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 No diagrama p × V, um processo isobárico é representado por
uma linha horizontal. Você já
ouviu

toloczko. 2021. Digital.

p

FÍS
Isobárico
falar nas
p
A B

O trabalho também pode ser determinado

unidades
p Área = p · ΔV = τF
pela área do gráfico no diagrama p × V. horse-power (HP)
e cavalo-vapor
ΔV V
(CV)?
Essas unidades foram criadas
O produto da variação do volume pela pressão, que resulta no há mais de 200 anos e têm rela-
trabalho realizado, equivale exatamente à área do gráfico no diagrama ção com o desenvolvimento das
p × V. Essa é uma maneira prática de se obter o trabalho realizado máquinas a vapor e a Revolução
pelo gás, ou sobre o gás, por meio do diagrama p × V. Industrial.
No século XVIII, os cavalos
Da mesma forma, quando um gás é resfriado, isto é, quando
eram utilizados para realizar a
ele perde calor para o ambiente externo, a agitação das moléculas
maioria das tarefas que exigiam
diminui e há uma compressão, ou seja, o gás diminui de volume. força. Com o surgimento das má-
quinas a vapor, foi necessário evi-
O trabalho τF de uma força pode ser positivo, negativo ou nulo, depen- denciar a vantagem das máquinas
dendo da variação do volume do gás. Quando o gás: em relação ao que já existia. Por
▶ se expande: ΔV > 0. isso, foram criadas unidades de
Isso resulta em τF > 0 e potência relacionadas à potência
toloczko. 2021. Digital.
dizemos que o gás rea- com que um cavalo conseguia rea-
lizou trabalho; lizar certa atividade.
▶ se comprime: ΔV < 0. Dessa maneira, inicialmente,
Fêmbolo
Isso resulta em τF < 0 e surgiu o HP, que tem como base
dizemos que o gás so- as unidades de medida britânicas.
Fgás 's
freu trabalho, uma vez Fêmbolo Assim, 1,0 HP equivale à potência
que foi o meio externo necessária para levantar uma mas-
que realizou trabalho Fgás sa total de 33 000 libras a um pé
sobre o gás; de altura em um minuto. Temos,
▶ não sofre variação de então, a seguinte relação entre HP
volume: ΔV = 0. Isso e W:
resulta em τF = 0 e di- Quando um gás perde calor para o 1 HP = 7,46 · 102 W
zemos que o gás não ambiente, seu volume diminui (se a Com o uso do sistema métri-
realizou nem recebeu trabalho. temperatura for mantida constante). co decimal, foi definido o cavalo-
-vapor. Assim, 1,0 CV é a potência
necessária para levantar a massa
Trabalho de uma força e potência de 75 kg a uma altura de um metro
Chamamos de potência a taxa temporal com que o trabalho de por um segundo.
uma força é realizado, ou seja, potência é a quantidade de trabalho de
1 m/s
uma força τF realizada em relação à variação de tempo Δt:

75 kg
Trabalho de uma força em J (SI)
Potência em W (SI) F 1m
Pot 
t Intervalo de tempo em s (SI) toloczko. 2021. Digital.

J
A unidade de potência no SI é o watt (W), com W .
s
15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 63
6. Calcule o quanto equivale 1 CV Processos cíclicos: a máquina térmica
em watt utilizando a definição de
cavalo-vapor. Importante: utilize Em 1824, o engenheiro Francês Sadi Carnot (1796-1832)
g = 9,8 m/s2 publicou o livro Reflexões sobre a força motriz do fogo. Nesse
trabalho, Carnot foi o primeiro a desenvolver análises teóricas a
Pela definição sabemos que:
respeito das máquinas e concluiu que uma máquina térmica deveria
m= kg operar em ciclos, ou seja, em uma sequência de transformações que
Δh = m começa e termina no mesmo estado termodinâmico, repetindo-se
Δt = s periodicamente.
Esse trabalho inspirou Carnot, que realizou estudos sobre o que
Aplicando a definição de poderia ser feito para tornar as máquinas mais eficientes. Parte desses
trabalho da força peso, temos: estudos resultou em uma equação que relaciona o calor recebido
pela máquina e o trabalho executado por ela para determinar seu
rendimento.

Trabalho de uma força em J (SI)

Rendimento
WF
K
Q

Quantidade de calor recebido em J (SI)

Para determinar a potência:
WF
Pot Ÿ Assim, uma máquina eficiente é aquela que consegue converter em
't trabalho a maior parte do calor que recebe.
Suponha que uma massa de gás, em um cilindro com pistão, esteja
num estado A (pA, VA, TA). O gás é então aquecido e expande até um
estado B (pB, VB, TB).
toloczko. 2021. Digital.

Logo, 1 CV = W
TA TB

pA pB
VB
VA

B
pB

A
pA
V
VA VB

O gás vai do estado A para o estado B

No aquecimento, o gás recebeu uma quantidade de calor Q

e expandiu, realizando, portanto, um trabalho positivo τF, e o
rendimento da máquina é dado pela razão entre a quantidade de
trabalho realizado e a quantidade de calor que foi fornecida ao
gás (τ F/Q).
64 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Uma máquina térmica é,
por definição, um dispositivo
capaz de fornecer trabalho
continuamente por meio de uma
fonte de calor. Sabemos que o
cilindro não é infinito. Por isso,
quando o gás não tem mais como
expandir, o pistão do cilindro
precisa retornar ao estado inicial
A e recomeçar o processo.
Nesse sentido, dois pontos
fundamentais que Carnot
percebeu foram:
I. para voltar do estado B para
o estado A, a máquina deve
seguir um processo diferente
daquele usado para ir de
A até B, caso contrário o
rendimento da máquina seria
nulo;
II. para retornar ao estado
inicial, o gás teria que passar
por uma compressão e,
assim, liberaria calor, ou
seja, parte do calor sempre é
desperdiçada no ciclo.
Um processo termodinâmico
cíclico pode ser realizado de
inúmeras formas (ou caminhos),
que são, em geral, apresentadas
no diagrama p × V. Considere,
por exemplo, o diagrama a
seguir, no qual um processo
cíclico ABCDA (caminho
fechado) é mostrado.
toloczko. 2021. Digital.
p
B C
A D
V etapa, ou seja:
Processo cíclico representado
no diagrama p × V
Nesse exemplo o caminho pode ser analisado como a junção de
quatro processos simples. O estado inicial é o estado A (pA, VA, TA),
a partir do qual o gás passa por um processo isométrico AB, até o
FÍS
estado B (pB, VB, TB). Depois, o gás sofre uma expansão isobárica BC,
até o estado C (pC, VC, TC). No caminho CD, o gás passa por outro
processo isométrico, até o estado D (pD, VD, TD). Finalmente, o gás
retorna ao estado inicial A, passando pela compressão isobárica DA.
Para determinar o trabalho realizado pelo gás, podemos calcular o
trabalho em cada um desses processos:
τF = τAB + τBC + τCD + τDA
Como não há variação de volume do gás (ΔV) nos processos AB e
CD (isométricos), o trabalho realizado nessas etapas é nulo. Logo:
τF = τBC + τDA
Graficamente, podemos representar esse cálculo nas seguintes figuras:
toloczko. 2021. Digital.
p p
B C
A D
0 V 0 V
O gás realiza trabalho (positivo) na expansão BC e sofre trabalho
(negativo) na compressão DA
No processo BC, de expansão volumétrica, o trabalho é positivo;
já no processo DA, de compressão volumétrica, o trabalho é negativo.
Assim, podemos concluir que, graficamente, o trabalho total no ciclo
é dado pela área interna do gráfico.
p
B C
A área interna do gráfico
representa o trabalho
toloczko. 2021. Digital.
realizado no ciclo, ou seja,
o trabalho por ciclo.
A D
V
A máquina térmica é uma máquina que transforma calor em
trabalho útil e, durante o ciclo, há, portanto, trocas de calor entre o
gás e o meio externo. Num processo cíclico, o calor total trocado entre
o gás e o ambiente é dado pela soma dos calores trocados em cada
Q = QAB + QBC + QCD + QDA
A quantidade de calor Q pode ser cedida ou retirada de um gás, sendo
necessário o uso de uma convenção de sinais para diferenciar essas duas
situações:
▶ se o gás recebe calor da fonte externa: Q > 0 (gás aquecido);
▶ se o gás perde calor para o meio externo: Q < 0 (gás resfriado).
15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 65
Processos adiabáticos
Uma transformação adiabática (do grego
adiabatos, significando “impenetrável”) é uma
transformação que ocorre sem que haja troca
de calor entre o gás e o meio externo, ou seja,
Q = 0. Na prática, um processo adiabático ocorre
quando o sistema está termicamente isolado e sem
p
nenhuma fonte de energia térmica ou quando há Q=0
uma variação muito rápida do volume do gás. p1 A

Um exemplo dessa transformação ocorre em T1

sprays aerossóis, nos quais o gás é liberado do T2

confinamento muito rapidamente, a ponto de p2 B
não haver trocas de calor. Dessa forma, a pressão V
V1 V2
interna cai abruptamente, provocando uma
forte baixa na temperatura do gás que continua

©Sh
O gás confinado em alta

utters
confinado, como mostra o diagrama p × V pressão no spray aerossol é

tock/S
representando a transformação. expelido em alta velocidade

howc
e não há tempo para que haja
Podemos concluir, então, que na transformação

ake
trocas de calor. A forte queda
adiabática a temperatura, o volume e a pressão do de pressão provoca a queda de
gás sempre variam simultaneamente. temperatura do gás.

organize
as ideias
7. É crucial, para o entendimento da Termodinâmica, ter uma noção clara da representação das principais transformações
no diagrama p × V, bem como suas principais características. Para isso, vamos preencher a tabela a seguir a fim de
exercitar e esclarecer eventuais dúvidas.
Transformação Característica(s) principal(ais) da transformação Diagrama p × V

toloczko. 2021. Digital.

p

Isobárica

V
p

Isométrica

V
p

Isotérmica

V
p

Adiabática

66 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
O ciclo de Carnot
Em seu trabalho de 1824, Carnot também afirmou que
uma máquina térmica operando em ciclos deve trabalhar com

FÍS
toloczko. 2021. Digital.
temperaturas diferentes e que o rendimento máximo dessa máquina TQ
depende da diferença dessas temperaturas. Essa afirmação é
conhecida como princípio de Carnot. QQ

Num diagrama, podemos exemplificar o funcionamento de uma

máquina térmica de forma mais simples. A fonte externa de calor τF
está a uma temperatura absoluta Tf, e o gás absorve uma quantidade
de calor QQ (positiva). Parte desse calor é convertida em trabalho Qf

τF e parte, Qf (negativa), é rejeitada na fonte fria, que está a uma Tf

temperatura absoluta TQ.
Em seu trabalho, Carnot concluiu então que o rendimento de uma
máquina térmica é dado por:

Temperatura absoluta da fonte mais fria

Rendimento
Tf
K 1
TQ
Temperatura absoluta da fonte mais quente

Esse resultado também permitiu que Carnot concluísse que o

rendimento da máquina era independente da substância de trabalho.
Ele também idealizou um ciclo para uma máquina (ignorando
perdas térmicas e mecânicas por atrito), cujo rendimento seria o
máximo possível para uma máquina térmica que operasse com duas
temperaturas (Tf e TQ). Esse ciclo, formado por um conjunto de ▶ A → B: o gás absorve calor
expansões e contrações adiabáticas e isotérmicas da substância de (QQ) e sofre uma expansão
trabalho, é chamado de ciclo de Carnot e é representado no diagrama isotérmica (QAB > 0), reali-
p × V por quatro processos: zando trabalho, e a pressão
diminui;
▶ B → C: o gás sofre uma ex-
toloczko. 2021. Digital.

p
A TQ TQ pansão adiabática (QBC = 0),
Expansão
isotérmica realizando trabalho, e a tem-
Compressão
adiabática
QQ peratura e a pressão dimi-
B
nuem;
Expansão
QQ
τF ▶ C → D: o gás perde calor (Qf)
D adiabática e sofre uma compressão iso-
Compressão térmica (QCD < 0), sofrendo
isotérmica Qf
Tf
C
trabalho realizado pelo am-
Qf
Tf biente, e a pressão aumenta;
V
▶ D → A: o gás sofre uma com-
pressão adiabática (QDA = 0),
Ciclo de Carnot e diagrama do esquema de funcionamento de uma máquina térmica
sofrendo trabalho realizado
pelo ambiente, e a tempera-
Apesar de o ciclo de Carnot oferecer o maior rendimento possível, tura e a pressão aumentam.
é importante ressaltar que ele é ideal e, na prática, não conseguimos Esse ciclo é reversível, uma
atingi-lo. Assim, nenhuma máquina térmica operando em ciclos entre vez que retorna às condições ini-
duas temperaturas tem rendimento igual ou maior que o idealizado ciais ao final das quatro etapas.
no ciclo de Carnot.
15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 67
ressolve aí ;))
O trabalho total realizado em um ciclo é:
8. O volume de um gás ideal aumenta de 6,0 ⋅ 10–6 m3 para a) 3,0 J b) 6,0 J c) 9,0 J d) 12,0 J e) 15,0 J
11 ⋅ 10–6 m3, enquanto a pressão permanece constante e
igual a 2,0 ⋅ 105 N/m2. Calcule o trabalho realizado pelo gás.

9. Um gás sofre uma compressão isobárica na qual seu

volume se reduz de 13 000 cm3 para 10 000 cm3. Qual é
o trabalho realizado sobre o gás, sabendo que a pressão
permanece constante e igual a 2 500 N/m2?

10. Um gás ideal realiza 2,4 · 103 J de trabalho em 2 minutos. 13. Escolha as expressões entre parênteses para preencher
Calcule a potência desse processo. corretamente as lacunas do texto a seguir, sobre os
processos termodinâmicos.
Num processo de expansão adiabática, (há/
11. Calcule o módulo do trabalho nos gráficos a seguir e não há) troca de calor, a temperatura do gás
atribua o sinal correspondente. (aumenta/diminui) e o seu volume (aumenta/
a) p (N/m2) toloczko. 2021. Digital.
diminui). Na compressão adiabática, (há/
não há) troca de calor, a temperatura do gás
10
(aumenta/diminui) e o seu volume (aumenta/
diminui).

2 5 V (m3) 14. Uma massa de gás ideal sofre as transformações

b) p (N/m2) indicadas no diagrama p × V.

toloczko. 2021. Digital.

p (Pa)
6 A
5

2 8 V (m3)

c) p (N/m2)
1 C
10 B
1 4 V (m3)
5
Com base nesse diagrama, é correto afirmar que
1 5 V (m3) a) a transformação AB é isotérmica e a transformação
d) p (N/m2)
BC, isobárica.
b) o trabalho feito pelo gás no ciclo ABCA é positivo.
8 c) na etapa AB, o gás sofreu compressão e, na etapa BC,
sofreu expansão.
1 d) o trabalho por ciclo realizado sobre o gás é de –6 J.
5 V (m3)
e) a transformação CA é isobárica.
12. Uma máquina térmica ideal tem seu ciclo representado no 15. Determinada máquina térmica ideal opera entre as
diagrama p × V dado na figura. temperaturas de 127 °C e –73 °C. Qual o máximo
p (Pa)
rendimento possível para essa máquina?
toloczko. 2021. Digital.

4
Considere que o máximo rendimento é dado pelo ciclo de
3 Carnot.

1
Agora, você pode fazer as atividades
1 2 3 4 5
18 a 23 da seção Foco no Enem.
V (m3)

68 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 foco no
enem
16. (UPF – RS) São várias as reportagens veiculadas na mídia
que mostram pessoas tentando construir um motor que
não necessita fornecimento contínuo de energia externa
para funcionar, ao que se denomina de “moto-perpétuo”.
Essas máquinas têm como objetivo gerar energia para
manter o seu próprio movimento, bastando dar um
impulso inicial e o movimento se dará de forma perpétua.
Se essa máquina funcionasse, necessariamente se estaria
violando a
a) Lei da conservação de energia.
b) Primeira lei de Newton.
c) Lei da conservação de quantidade de movimento.
d) Lei da gravitação universal.
e) Equação geral dos gases.
18.
17. (UEL – PR) Crises energéticas como a que o
Brasil viveu há poucos meses poderiam ser
amenizadas se fosse possível construir os
“motos-perpétuos”, máquinas
que trabalham sem utilizar
energia externa. A máquina
apresentada na figura é
um exemplo hipotético de
“moto-perpétuo”. Sobre o
funcionamento dessa máquina,
é correto afirmar:
a) Sobre os blocos que estão
imersos na água atua
uma força de empuxo de
sentido contrário à força
peso; portanto, a força resultante no lado direito
da máquina é menor que a força resultante no lado
esquerdo. Por isso, os blocos que não estão imersos
em água caem acelerados, proporcionando um
movimento contínuo.
b) Há necessidade de fornecer energia para que essa
máquina comece a funcionar. Uma vez em movimento,
os blocos se movem ininterruptamente por inércia,
pois estão interligados.
c) A máquina não funciona sozinha, pois a força de
resistência da água sobre os blocos é maior que a
força de resistência do ar; portanto, a força resultante
atua no sentido contrário ao da velocidade de rotação.
d) O bloco, ao sair da roda superior, entra em queda
livre; então, sua energia potencial transforma-se em
energia cinética. Quando ele volta a subir, a energia
FÍS
cinética transforma-se em energia potencial. Como a
energia potencial do bloco imerso em água é menor
que a energia fora da água, o bloco chega no topo
da máquina com uma parte da energia cinética que
adquiriu na queda.
e) A máquina é construída para permitir a
transformação de energia potencial gravitacional em
energia cinética e vice-versa; se não há movimento
contínuo na máquina, isso ocorre porque parte
da energia é degradada em razão das forças de
resistência.
Aumentar a eficiência na queima
de combustível dos motores a combustão e reduzir
suas emissões de poluentes é a meta de qualquer
fabricante de motores. É também o foco de uma
pesquisa brasileira que envolve experimentos com
plasma, o quarto estado da matéria e que está
presente no processo de ignição. A interação da
faísca emitida pela vela de ignição com as moléculas
de combustível gera o plasma que provoca a explosão
liberadora de energia que, por sua vez, faz o motor
funcionar.
Disponível em: www.inovacaotecnologica.com.br. Acesso em: 22
jul. 2010 (adaptado).
No entanto, a busca da eficiência referenciada no
texto apresenta como fator limitante
a) o tipo de combustível, fóssil, que utilizam. Sendo
um insumo não renovável, em algum momento
estará esgotado.
b) um dos princípios da Termodinâmica, segundo o
qual o rendimento de uma máquina térmica nunca
atinge o ideal.
c) o funcionamento cíclico de todos os motores.
A repetição contínua dos movimentos exige que
parte da energia seja transferida ao próximo ciclo.
d) as forças de atrito inevitável entre as peças. Tais
forças provocam desgastes contínuos que com o
tempo levam qualquer material à fadiga e ruptura.
e) a temperatura em que eles trabalham. Para atingir
o plasma, é necessária uma temperatura maior
que a de fusão do aço com que se fazem os
motores.
15. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO APERFEIÇOAMENTO DAS MÁQUINAS TÉRMICASS CNT 69
19. (FUVEST – SP) No sistema cardiovascular
de um ser humano, o coração funciona
como uma bomba, com potência média de
10 W, responsável pela circulação sanguínea. Se uma
pessoa fizer uma dieta alimentar de 2 500 kcal diárias,
a porcentagem dessa energia utilizada para manter sua
22.
circulação sanguínea será, aproximadamente, igual a
Note e adote
1 cal = 4 J
a) 1% c) 9% e) 25%
b) 4% d) 20%
20. Um motor só poderá realizar trabalho
se receber uma quantidade de energia de outro sistema.
No caso, a energia armazenada no combustível é, em parte,
liberada durante a combustão para que o aparelho possa
funcionar. Quando o motor funciona, parte da energia
convertida ou transformada na combustão não pode ser
utilizada para a realização de trabalho. Isso significa dizer
que há vazamento da energia em outra forma.
Carvalho, A. X. Z. Física Térmica. Belo Horizonte: Pax, 2009 (adaptado).
De acordo com o texto, as transformações de energia
que ocorrem durante o funcionamento do motor são
decorrentes de a
a) liberação de calor dentro do motor ser impossível.
b) realização de trabalho pelo motor ser incontrolável.
c) conversão integral de calor em trabalho ser
impossível.
d) transformação de energia térmica em cinética ser
impossível.
e) utilização de energia potencial do combustível ser
incontrolável.
23.
21. (UCS – RS) Os motores a combustão, como
o dos automóveis movidos a gasolina ou a
álcool, são classificados como máquinas
térmicas que, operando em ciclos, entre fontes de calor
quentes e frias, e recebendo e liberando fluidos operantes,
produzem trabalho. Suponha um motor a combustão
hipotético que possua um gás ideal como fluido
operante e que nunca o troque. As
transformações de estado desse gás
ideal, durante um ciclo de operação
do motor, estão representadas no
gráfico pressão × volume [ao lado].
Conclui-se que o gás ideal
a) tem, durante todo o ciclo, a mesma temperatura.
b) tem, durante todo o ciclo, o mesmo volume.
c) gera quantidade de calor liberado mais trabalho
executado maior do que a quantidade de calor recebido.
70 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
d) tem, durante todo o ciclo, sua pressão variando.
e) mantém o produto da sua pressão pelo seu volume
constante durante todo o ciclo, de modo que sua
temperatura sempre varie.
Rudolf Diesel patenteou um motor
a combustão interna de elevada eficiência, cujo ciclo
está esquematizado no diagrama pressão × volume. O
ciclo Diesel é composto por quatro etapas, duas das
quais são transformações adiabáticas. O motor de Diesel
é caracterizado pela compressão de ar apenas, com a
injeção do combustível no final.
No ciclo Diesel, o calor é absorvido em:
a) A → B e C → D, pois em ambos ocorre realização de
trabalho.
b) A → B e B → C, pois em ambos ocorre elevação da
temperatura.
c) C → D, pois representa uma expansão adiabática e o
sistema realiza trabalho.
d) A → B, pois representa uma compressão adiabática
em que ocorre elevação da temperatura.
e) B → C, pois representa expansão isobárica em que o
sistema realiza trabalho e a temperatura se eleva.
Mesmo para peixes de aquário,
como o peixe arco-íris, a temperatura da água fora da faixa
ideal (26 °C a 28 °C), bem como sua variação brusca,
pode afetar a saúde do animal. Para manter a temperatura
da água dentro do aquário na média desejada, utilizam-se
dispositivos de aquecimento com termostato. Por
exemplo, para um aquário de 50 L, pode-se utilizar um
sistema de aquecimento de 50 W otimizado para suprir
sua taxa de resfriamento. Essa taxa pode ser considerada
praticamente constante, já que a temperatura externa ao
aquário é mantida pelas estufas. Utilize para a água o
calor específico 4,0 kJ kg−1 K−1 e a densidade 1 kg L−1.
Se o sistema de aquecimento for desligado por 1 h, qual
o valor mais próximo para a redução da temperatura da
água do aquário?
a) 4,0 °C c) 0,9 °C e) 0,3 °C
b) 3,6 °C d) 0,6 °C
T
Te
Termodinâmica

FÍS
16
6
OBJETIVOS DO CAPÍTULO

▶ Relacionar trabalho e variação da

energia interna de acordo com a 1.ª lei
da Termodinâmica.
▶ Calcular o rendimento de uma
máquina térmica com base na 1.ª lei
da Termodinâmica.
▶ Compreender a 2.ª lei da
Termodinâmica.
▶ Analisar as etapas do motor a
combustão.
▶ Compreender o funcionamento de
um refrigerador.
▶ Identificar os limites para a eficiência
de uma máquina térmica.
©Shutterstock/Vfxartist
 Te
Termodinâmica

© Sh
utte
rsto
“Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito

ck/Th
conhecimento, com que se sintam humildes”.

ongyh
*

od
1.ª lei da Termodinâmica
As máquinas que funcionam em ciclos obedecem à lei da O médico e físico alemão
conservação de energia. Essa lei passou a ser aceita na década de 1850 Hermann von Helmholtz (1821-
e teve a contribuição de diversos pesquisadores. 1894) defendeu, em um livro
Um deles foi o médico Julius Robert von Mayer, que, em 1840, publicado em 1847, após ler
percebeu duas coisas importantes quando trabalhava com sangrias em os trabalhos de Mayer e Joule,
marinheiros europeus. que os diversos tipos de energia
toloczko. 2021. Digital.
Sangue poderiam transformar-se uns
A primeira foi que existe uma venoso
diferença na cor do sangue arterial nos outros e que a energia
e venoso que está relacionada com do Universo era constante.
Sangue Baseando-se na impossibilidade
a quantidade de gás oxigênio e de arterial
gás carbônico. Quanto maior a do moto-perpétuo, Helmholtz foi
quantidade de oxigênio, mais vermelho brilhante é o sangue. o primeiro a exprimir de forma
A segunda foi que, em regiões quentes, como o corpo não precisa mais compreensiva o princípio
de tanta energia para manter sua temperatura, o consumo de oxigênio de conservação de energia. Ele
se reduz e o sangue arterial fica mais parecido com o sangue venoso. aplicou esse princípio para obter
uma equivalência entre trabalho
Essa segunda conclusão e outros estudos serviram para que o calor
mecânico e calor, a fim de explicar
fosse identificado como uma forma de energia. Dessa maneira, era
como a radiação por luz produzia
possível determinar o fator de conversão entre a caloria e a unidade
efeitos químicos e térmicos e,
mecânica de energia.
também, efeitos ao trabalho
Então, em 1845, Mayer calculou o equivalente mecânico do calor, realizado pela eletricidade.
obtendo um valor com um desvio de 14% do valor mais exato que
temos atualmente:
©Shutterstock/Fouad A. Saad

1 call = 4,186
4 186 J
Ainda em 1845, o físico e matemático Joule publicou um resultado
experimental muito mais cuidadoso e preciso. Em seu aparato
experimental, alguns pesos caíam, fazendo girar pás presas a um
eixo dentro de um calorímetro. O atrito das pás com a água fazia
com que ela se aquecesse, e sua temperatura era monitorada com um
termômetro. Assim, Joule conseguiu relacionar a energia potencial da
queda dos pesos com a quantidade de calor transferida para a água.
Uma tentativa de determinar o equivalente mecânico do calor
foi feita pelo Conde de Rumford em 1788 e outra foi encontrada nas
anotações de Carnot após sua morte, mas ambas apresentavam valores Dispositivo utilizado por Joule para
determinar o equivalente mecânico do calor
bastante imprecisos.
*JUBINI, Robson Fontan. Física prática: uma proposta para a construção de um material didático com foco
72 CNT FÍSICA investigativo. 85f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) – Instituto Federal do Espírito Santo, 2017.
Energia interna Já sabemos que um gás pode na forma
f de
d calor
l e trabalho
t b lh
receber ou ceder energia na p d p
podem provocar variação
i çã d
da
A temperatura de um sistema
forma de calor ou de trabalho. energia
gi iinterna.
t
está diretamente associada

com a quantidade de energia
armazenada nele. Essa energia é
chamada de energia interna U e
é a soma das energias de ligação
entre moléculas, cinética de
translação, cinética de rotação,
etc. Se esse sistema é um gás
ideal monoatômico (formado
por átomos independentes), as
suas moléculas constituintes
estão suficientemente afastadas.
Nesse caso, a energia interna é
a soma das energias cinéticas
de translação dos átomos do
gás e depende da temperatura
absoluta do gás e da quantidade
de matéria. A expressão para a
energia interna é dada por
Constante real dos
gases em J/K ⋅ mol (SI)
3
U n˜R ˜T
2 energia não pode ser criada nem
Energia Quantidade Temperatura
interna de matéria em K (SI)
em J (SI) em mol (SI)
Quando recebe mais do que cede,
sua energia interna aumenta,
o que leva a um aquecimento.
Se o gás cede mais energia do
que recebe, a energia interna
diminui e, consequentemente,
ocorre resfriamento. A variação
na energia interna do gás é
ΔU = Uf – Ui e, aplicando a
equação da energia interna,
temos:
3 3
'U n ˜ R ˜ Tf  n ˜ R ˜ Ti
2 2
Ou simplesmente:
3 Trabalho realizado
'U n ˜ R ˜ 'T
2
Caso o gás receba e ceda a
mesma quantidade de energia,
sua energia interna não varia,
e as temperaturas inicial e final
se mantêm iguais. Como a
destruída, mas transformada
ou transferida de um sistema
para outro, energias
i trocadasd
FÍS
Essa é a aplicação do
princípio de conservação
de energia para um sistema
termodinâmico e é chamada
de 1ª
1 . lei
l i da
d Termodinâmica.
T di â i
Essa lei estabelece a
contabilidade entre o calor
transferido, o trabalho
realizado e a energia interna de
um gás. Com isso, concluímos
que o calor cedido ou recebido
pelo gás só pode se converter
em trabalho realizado pelo
gás, ou sobre ele, e/ou variar a
energia interna desse gás:
ou recebido
Q = τF + ΔU
Quantidade de Variação da
calor cedido energia interna
ou recebido

organize
as ideias
1. Preencha o quadro a seguir com sinais ou palavras que atendam à solicitação que se encontra na primeira linha (título da
respectiva coluna).
Representação da A energia A variação da A temperatura
Forma como O gás recebe
grandeza por meio de interna energia interna do gás
o gás trocou ou cede
uma letra e do respectivo aumenta ou (ΔU = U – U0) é aumenta ou
energia energia?
sinal (Q+; Q–; τF+; τF–) diminui? positiva ou negativa? diminui?
Somente recebe
calor
Somente perde
calor
Somente realiza
trabalho
Somente recebe
trabalho

16. TERMODINÂMICAA CNT 73

 1ª. lei e transformações termodinâmicas
Agora, vamos aplicar a 1ª.
lei nos casos particulares das
transformações termodinâmicas
mais simples.
1. Transformação isocórica:
essa transformação se
caracteriza pelo volume
constante, portanto ΔV = 0.
Se não há variação de volume,
o gás não realiza trabalho;
logo, a 1ª. lei nos dá a relação:
0 3. Transformação isotérmica:
Q WF  'U
Q = ΔU
1ª. lei da Termodinâmica para
transformações isocóricas
Essa expressão revela que, em
uma transformação isocórica, a
variação da energia interna de
um gás é igual ao calor fornecido
para ele ou perdido por ele.
Logo, nessa condição, se o gás
recebe calor, sua energia interna
aumenta e a temperatura se
eleva. Caso o gás perca calor para
o ambiente, sua energia interna
se reduz e sua temperatura
também.
2. Transformação isobárica:
ocorre à pressão constante;
portanto, vale a expressão
τF = p · ΔV para o trabalho
realizado pelo gás, ou sobre
o gás.
a temperatura permanece
constante. Logo, de acordo
com a relação entre
temperatura e energia interna
ΔU = 0, a 1.ª lei se reduz a:
0
Q WF  'U
Q = τF
1ª. lei da Termodinâmica para
transformações isotérmicas
4. Transformação adiabática: é
aquela em que não há troca de
calor entre o gás e o ambiente.
Assim, nessa transformação,
o calor trocado é nulo (Q = 0)
e a 1.ª lei da Termodinâmica
pode ser expressa por:
Q
0
WF  'U
ΔU = –τF
1ª. lei da Termodinâmica para
transformações adiabáticas
▶ Essa expressão evidencia que,
não havendo troca de calor, o
trabalho só pode ser realizado
às custas da variação da
energia interna. Se o gás realiza
trabalho (expansão adiabática),
sua energia interna diminui
(resfriamento); se o gás sofre
trabalho do meio externo
(compressão adiabática),
sua energia interna aumenta
(aquecimento).

2. O quadro a seguir apresenta, na primeira coluna, os nomes de algumas

transformações gasosas. Nas colunas seguintes, você deve fazer uma análise
dessas transformações com base na 1ª. lei da Termodinâmica.
Variável Reescreva a equação da
Nome da Qual grandeza
de estado 1ª. lei da Termodinâmica
transformação (Q, τF, ΔU) é
constante suprimindo, se houver,
gasosa nula?
(p, V, T) o termo nulo.
Isométrica
Isotérmica
Isobárica
Adiabática

É muito comum o uso da expressão

“perder energia”. Entenda que,
A “fumaça” que aparece atrás dos aviões nada mais é
©Shutterstock/Buteo

nesses casos, estamos nos referind

do que vapor-d’água condensado. Essa condensação é o
ao fato de ela ter sido transformada
©Shutterstoc

resultado do resfriamento do ar em virtude da expansão em outras formas de energia que não

adiabática ao passar pela carenagem do avião. interessam para o sistema estudado.

74 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
ressolve aí ;))
3. Responda às questões a seguir
considerando que, em uma
transformação sem trocas de calor,
ocorreu um aumento no volume do gás.
a) Houve expansão ou compressão da
massa gasosa?
b) Nesse caso, o gás empurrou
a parede (de dentro para fora),
realizando trabalho, ou o meio
externo empurrou a parede (de
fora para dentro) e o gás recebeu
trabalho?
c) Como o trabalho corresponde à
quantidade de energia transferida
de um sistema para outro, podemos
afirmar que o gás recebeu ou cedeu
energia com o trabalho?
d) Nesse processo, o gás deve
aumentar ou diminuir a sua energia
interna?
e) A temperatura do gás deve
aumentar ou diminuir?
f) Determine o sinal matemático do
trabalho.
4. Responda às questões a seguir
considerando que, em uma
transformação sem trocas de calor,
ocorreu uma diminuição no volume do
gás.
a) Houve expansão ou compressão da
massa gasosa?
b) Nesse caso, o gás empurrou
a parede (de dentro para fora),
realizando trabalho, ou o meio
externo empurrou a parede (de
fora para dentro) e o gás recebeu
trabalho?
c) Como o trabalho corresponde à
quantidade de energia transferida
de um sistema para outro, podemos
afirmar que o gás recebeu ou cedeu
energia com o trabalho?
d) Nesse processo, o gás deve
aumentar ou diminuir a sua energia
interna?
e) A temperatura do gás deve
aumentar ou diminuir?
f) Determine o sinal matemático do
trabalho.
5. Esta tabela contém valores do número de mols e da temperatura de cinco
amostras de gases ideais monoatômicos:
FÍS
Gás 1 2 3 4 5
n (número de mols) 2 2 1 8 30
T (K) 400 800 2 000 400 200
a) Calcule a energia interna de cada gás. (Dado: a constante universal dos
gases tem valor igual a 8,3 J / mol · K.)
b) Baseado no texto e nos cálculos efetuados no item a, assinale V para as
afirmações verdadeiras e F para as falsas.
( ) Comparando os gases 1 e 2, podemos concluir que, para uma
mesma quantidade de partículas, quanto maior for a temperatura,
maior será a energia interna.
( ) Comparando os gases 1 e 4, podemos concluir que, para uma
mesma temperatura, quanto maior for a quantidade de partículas,
maior será a energia interna.
( ) Comparando os gases 3 e 5, podemos concluir que, quanto maior
for a temperatura, maior será a energia interna.
( ) Comparando os gases 2 e 3, podemos concluir que, quanto maior
for a quantidade de partículas, maior será a energia interna.
( ) Por tudo o que foi analisado nesses exercícios, concluímos
que a energia interna depende da quantidade de partículas e da
temperatura do gás.
6. A tabela a seguir mostra os valores inicial (Ui) e final (Uf) da energia interna
de quatro amostras de gases, os quais têm uma mesma quantidade de
partículas, ou seja, o mesmo número de mols (n). Define-se a variação da
energia interna como a diferença entre as energias final (Uf) e inicial (Ui).
Assim: ΔU = Uf – Ui. (Obs.: os dados de energia interna estão em uma
mesma unidade de medida de energia.)
a) Com base nessa definição, preencha a última coluna da tabela:
Gás Ui Uf ΔU = Uf – Ui
1 10 20
2 5 20
3 5 5
4 10 5
b) Qual o significado dos sinais positivo e negativo obtidos nos cálculos
do item anterior?
16. TERMODINÂMICAA CNT 75
 c) Considerando as informações apresentadas e a tabela, b) O gás ganhou energia na forma de calor ou de
nos itens a seguir, escolha a palavra entre parênteses trabalho?
que completa corretamente cada frase.
I. Se a energia interna de um gás aumentou (gás 1
e gás 2), pode-se afirmar que ele c) O gás perdeu energia na forma de calor ou trabalho?
(recebeu/cedeu) energia. Consequentemente, sua
temperatura final é (maior
que a/menor que a/igual à) temperatura inicial. d) O gás ganhou mais energia do que perdeu ou perdeu
II. Se a energia interna de um gás diminuiu, pode-se mais energia do que ganhou?
afirmar que ele (recebeu/cedeu)
energia. Consequentemente, sua temperatura final
é (maior que a/menor que a/ e) Calcule a variação da energia interna do gás.
igual à) temperatura inicial.
III. Se a energia interna de um gás permaneceu
constante, pode-se afirmar que ou o gás f) O gás aqueceu ou resfriou?
(trocou/não trocou) energia ou então
cedeu (mais/
menos/a mesma quantidade de) energia que
recebeu. Consequentemente, sua temperatura final 9. Um gás recebe 30 cal de energia na forma de calor e
é (maior que a/menor que a/igual recebe um trabalho de 10 cal.
à) temperatura inicial.
a) Converta as informações acima para a linguagem
d) Considerando o texto e a tabela, assinale V para as matemática da Termodinâmica.
afirmações verdadeiras e F para as falsas, lembrando-
-se de que os gases têm o mesmo número de mols.
I. ( ) Na situação inicial, os gases 2 e 3 estavam em b) O gás ganhou energia na forma de calor ou trabalho?
equilíbrio térmico.
II. ( ) Na situação inicial, a temperatura do gás 1 era
menor que a do gás 2. c) O gás perdeu energia na forma de calor ou trabalho?
III. ( ) O gás 2 ganhou energia e o gás 4 perdeu.
IV. ( ) O gás 1 aqueceu e o gás 3 resfriou.
V. ( ) O gás 2 aqueceu e o gás 4 resfriou. d) O gás ganhou mais energia do que perdeu ou perdeu
VI. ( ) A temperatura inicial e final do gás 3 é a mesma. mais energia do que ganhou?

7. Em Termodinâmica, as quantidades de energia trocadas

são representadas por letras (ΔU, Q, τF) e sinais (+ ou –), e) Calcule a variação da energia interna do gás.
que simbolizam os fenômenos ocorridos. Traduza, para a
linguagem de sinais, os fenômenos descritos a seguir.
a) O gás recebe calor: f) O gás aqueceu ou resfriou?
b) O gás perde calor:
c) O gás realiza trabalho:
d) O gás recebe trabalho:
10. Um gás perde 20 J de energia na forma de calor e realiza
e) A energia interna do gás aumenta: um trabalho de 30 J.
f) A energia interna do gás diminui: a) Converta as informações acima para a linguagem de
sinais da Termodinâmica.
8. Um gás recebe 50 cal de energia na forma de calor e
realiza um trabalho de 30 cal.
a) Converta as informações acima para a linguagem b) O gás ganhou energia na forma de calor ou trabalho?
matemática da Termodinâmica.

76 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 c) O gás perdeu energia na forma de calor ou trabalho?
13. Ao receber 100 cal de energia, na forma de calor, um gás
sofre uma transformação isotérmica, que se caracteriza
por ser lenta, havendo, assim, tempo suficiente para que

FÍS
d) O gás ganhou mais energia do que perdeu ou perdeu
mais energia do que ganhou? o gás troque calor com o meio externo e mantenha a
temperatura constante.
a) Calcule a variação da energia interna.
e) Calcule a variação da energia interna do gás.

b) Nessa situação, a temperatura do gás aumenta ou

f) O gás aqueceu ou resfriou? diminui?

c) Determine o valor do trabalho no SI.

11. Um gás perde 20 J de energia na forma de calor e recebe
um trabalho de 20 J.
a) Converta as informações acima para a linguagem de
14. Em uma transformação isobárica, cuja pressão exercida
sinais da Termodinâmica.
pelo gás é de 10 N/m2, ocorre um aumento de volume de
0,5 m3.
a) Determine o valor do trabalho no SI, lembrando-se de
b) O gás ganhou energia na forma de calor ou trabalho?
que, para transformações isobáricas, o trabalho pode
ser calculado pela equação τF = p ∙ ΔV.
c) O gás perdeu energia na forma de calor ou trabalho?
b) O gás realiza trabalho sobre o meio ou recebe trabalho
do meio?
d) O gás ganhou mais energia do que perdeu ou perdeu
mais energia do que ganhou?
c) Devido ao trabalho, o gás ganha energia do meio ou
cede energia para o meio?
e) Calcule a variação da energia interna do gás.

d) Se, durante essa expansão, o gás recebeu 20 J de

energia na forma de calor, qual a variação da energia
12. Um gás perde 50 cal na forma de calor e a transformação interna?
é do tipo isocórica.
a) Determine o valor do trabalho no SI.

15. Um gás sofreu uma expansão adiabática, ou seja, seu

b) O gás realiza trabalho sobre o meio ou recebe trabalho
do meio?
c) Em decorrência do trabalho, o gás recebe energia do
meio ou cede energia para o meio?
volume aumentou em um curto intervalo de tempo, não
permitindo trocas de calor. Nesse processo, a energia
trocada na forma de trabalho foi de 20 J.
a) O gás realizou trabalho sobre o meio ou recebeu
trabalho do meio?

b) Devido ao trabalho, o gás recebeu energia do meio ou

d) Calcule a variação da energia interna. cedeu energia para o meio?

16. TERMODINÂMICAA CNT 77

 c) Escreva, matematicamente, com símbolo e sinal adequados, o valor 1ª. lei e máquina térmica
do trabalho.
Vimos que uma máquina
térmica funciona em ciclos,
isto é, os estados inicial e final
d) Qual foi a quantidade de calor trocada com o meio externo?
coincidem. Desse modo, para
Responda usando a simbologia matemática apropriada. processos cíclicos, não há
variação de energia interna,
pois ΔT = 0. A relação entre a
quantidade de calor absorvido,
e) Calcule a variação da energia interna. o trabalho realizado e a
quantidade de calor rejeitado é
uma expressão da conservação
de energia aplicada ao caso da
f) Concluímos, então, que uma expansão adiabática provoca aumento máquina térmica:
ou diminuição na temperatura de um gás? QQ = τF + Qf ⇒ τF = Qf – QQ = Q
Nessa expressão, Q, sem
índice, representa a quantidade
de calor resultante que se
16. Um gás sofre uma compressão adiabática, ou seja, o seu volume converte em trabalho no ciclo,
diminui em um curto intervalo de tempo, não permitindo trocas de calor. ou seja, a diferença entre o calor
Nesse processo, a energia trocada na forma de trabalho foi de 30 J. absorvido QQ e o calor rejeitado
a) O gás realizou trabalho sobre o meio ou recebeu trabalho do meio? Qf.
Como vimos, Carnot mediu o
rendimento da máquina térmica
pela razão entre o trabalho
b) Devido ao trabalho, o gás recebeu energia do meio ou cedeu energia realizado pela máquina e a
para o meio? quantidade de calor cedido (QQ)
a ela:
WF
c) Escreva, matematicamente, com símbolo e sinal adequados, o valor K Substituindo τF = QQ – Qf
QQ
do trabalho.
QQ  Q f
K Simplificando as frações
QQ

d) Qual a quantidade de calor trocada com o meio externo? Responda

usando a simbologia matemática apropriada. Qf
K 1
QQ

e) Calcule a variação da energia interna.

Na equação, o rendimento é
uma grandeza adimensional que
expressa o percentual de energia
f) Concluímos, então, que uma compressão adiabática provoca
térmica (QQ, em joules) que foi
aumento ou diminuição na temperatura de um gás?
convertida em trabalho útil (τF,
em joules).

Agora, você pode fazer as atividades

36 a 38 da seção Foco no Enem.

78 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Motor a combustão Na prática, o ciclo real é
A partir da segunda metade do século XIX, surgiram os primeiros um pouco diferente do ciclo
motores a combustão interna. Menores e mais eficientes, permitiram ideal, uma vez que, por causa

FÍS
a fabricação de veículos mais leves e velozes, promovendo uma nova de interferências externas, os
revolução que, aos poucos, substituiu os motores a vapor por motores processos são aproximados.
cujas substâncias de trabalho eram derivadas do petróleo. C
Ciclo real
Nesses motores, uma reação de combustão produz a queima do C
exp omb
QQ ans ustã Válvula
combustível, e os gases aquecidos se expandem, empurrando os ão o c
adi om
abá
de exaustão
tica aberta
pistões e convertendo energia térmica em energia mecânica. Muitos B

Pressão
D
Comp
engenheiros falharam na tentativa de desenvolver esses motores, ressã
o adia
bática Qf

toloczko. 2021. Digital.

até que em 1867 o engenheiro alemão Nikolaus August Otto (1832- Escape A
1891) descobriu que era necessário adicionar uma proporção de ar ao Admissão

combustível na fase de compressão. Com essa modificação, ele pôde Volume

construir um motor a combustão eficiente.
C
p Ciclo ideal
TA TC Diagrama p × V do QQ
Co
ciclo de Otto ideal exp mbus
ans tão c
ão a om
B diab
Co ática

Pressão
mp D
C res
são
adia Qf
bática
A
Admissão Escape
QQ
Volume

B D Comparação dos diagramas p × V do ciclo de

©Shutterstock/Dkn0049

Qf Otto ideal e do ciclo real

O A

V2 V1
V Atualmente, os motores de
automóveis, caminhões, etc.
Um motor a combustão funcionando conforme o ciclo de Otto é o são, em geral, motores de quatro
motor de quatro tempos típico de automóveis, no qual cada “tempo” tempos, variando apenas quanto
corresponde a uma etapa do ciclo completo: admissão, compressão, ao combustível utilizado, que
combustão e escape. pode ser gasolina, diesel, etanol,
Nesses motores, a fonte quente é obtida da explosão do biodiesel, GLP, etc. A partir da
combustível, e a fonte fria é o ar atmosférico. O calor que é obtido invenção do motor a combustão,
pela explosão é utilizado na realização de trabalho mecânico, fazendo a indústria automobilística não
o pistão se movimentar e transmitir o movimento para o virabrequim, parou de expandir e continua
que, por sua vez, transmite esse movimento para o eixo das rodas. sempre a crescer e evoluir
tecnologicamente. É notável
©Shutterstock/Udaix

Válvulas Válvulas Válvula de como essa indústria influenciou

Válvula de Vela de ignição Válvula de
admissão aberta
fechadas fechadas admissão
fechada exaustão aberta
a sociedade como um todo,
Válvula de
Mistura de ar exaustão Disparo
desde a prática do consumo até
e combustível fechada Saída dos
Câmara de
da vela
gases a arquitetura e a infraestrutura
de
combustão
ignição urbana. Ao longo dos anos, a
Pistão
Biela
frota de veículos em circulação
no mundo foi aumentando cada
Virabrequim vez mais e, com isso, também as
emissões de gases poluentes.
Compressão: Combustão:
Admissão: Escape:
compressão da uma explosão
entrada da mistura o pistão empurra
mistura de ar e força o pistão
de ar e combustível os gases queimados
combustível para baixo
Acesse a RA para saber mais
sobre o funcionamento do
Funcionamento de um motor de quatro tempos motor de um carro.

16. TERMODINÂMICAA CNT 79

 Uma das alternativas já
implantadas, e em crescimento,
é a de carros híbridos. Essa
tecnologia é capaz de melhorar
a eficiência sem sacrificar os
principais aspectos dos veículos
convencionais, como velocidade,
custo e autonomia.
Os carros híbridos têm um
motor a combustão e um motor
elétrico que é alimentado pela
própria bateria do carro e pelo
próprio movimento do veículo,
através de um sistema chamado
de freios regenerativos. Assim,
diferentemente dos carros
elétricos, os híbridos não precisam
ser ligados a uma tomada.
A grande inovação está no
controle do fluxo de energia da
bateria. Num veículo com motor
a combustão, como vimos, a
energia térmica da combustão é
convertida em energia mecânica
(movimento). Entretanto, esse
Grande parte do consumo
do veículo ocorre ao parar e
ao reiniciar o movimento, em
semáforos, por exemplo. O
sistema de frenagem regenerativa
permite converter a energia
cinética do carro em eletricidade,
usando o próprio eixo das rodas
para gerar eletricidade por
indução eletromagnética dentro
do motor. As forças magnéticas
dentro do motor resistem ao
movimento, diminuindo a
velocidade do carro, além de gerar
eletricidade como subproduto.
Essa eletricidade é armazenada
na bateria e pode ser usada para
recolocar o carro em movimento.
Esquema de funcionamento das tecnologias
veiculares mais atuais
Convencional
Combustível
As diferenças
erenças nas
velocidades
es de rotação do
motor e naa velocidade do
carro, que geralmente causam
desperdício num carro a
combustão convencional, são
gerenciadas para manter o
motor a combustão sempre
na sua rotação ideal, gerando
eletricidade quando o motor é
menos exigido e reutilizando
essa energia armazenada
quando necessário. Por esse
motivo, carros com motores
híbridos são conhecidos por
serem signifcativamente mais
econômicos que os carros
convencionais.
Híbrido elétrico com recarga
Combustível

processo é irreversível, ou
Motor
seja, não é possível recuperar Bateria
a energia novamente para Motor elétrico Motor
o combustível. Num carro
Gasolina Gasolina e/ou
híbrido, a energia normalmente energia da
rede elétrica
perdida pode ser direcionada e
armazenada na bateria.
Híbrido elétrico Elétrico
©Shutterstock/Otomobil Motor elétrico Motor elétrico
Combustível

Bateria
toloczko. 2021. Digital.

Bateria Motor

Gasolina Energia da
rede elétrica

Carros híbridos são uma

alternativa mais econômica
e menos poluente.

80 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
ressolve aí ;))

17. Toda transformação cíclica começa e termina em um mesmo ponto. Por isso, as 20. Num ciclo termodinâmico, um gás
temperaturas inicial e final são iguais. ideal absorve 1,8 · 103 J em forma

FÍS
a) Qual deve ser a variação da energia interna ao término de um ciclo? de calor da fonte mais quente, dos
quais 6,0 · 102 J são rejeitados
para a fonte mais fria. Calcule a
b) Durante o ciclo, a energia interna permanece constante? eficiência do processo.

18. O gráfico ao lado representa um p 21. O diagrama p × V para uma massa

B de gás está representado na figura.

toloczko. 2021. Digital.

ciclo de Carnot ideal. Com base
nele, preencha as células do

toloczko. 2021. Digital.

C p
quadro adequadamente, colocando TQ
WF B
uma das palavras que estão entre
A
parênteses imediatamente após a
pergunta feita na primeira coluna de D
TF
cada linha. C
V A
V
Transformações gasosas
Quando o sistema é levado do
AB BC CD DA
estado A para o estado B, ao longo
O que ocorre com o do percurso AB, ele absorve uma
volume? (Expansão, quantidade de calor igual a 120 cal e
compressão, não realiza um trabalho de 60 cal. Quando
varia) o sistema é levado do estado A para o
Qual a classificação estado B pelo caminho ACB, o calor
de cada absorvido é de 86 cal, e o trabalho
transformação? realizado, em cal, será:
(Isotérmica, a) 12 d) 60
isocórica, isobárica b) 26 e) 172
ou adiabática)
c) 36
O que ocorre com
a temperatura?
(Aumenta, diminui,
permanece
constante)

Qual o sinal da
variação da energia
interna? (ΔU > 0;
ΔU < 0; ΔU = 0)

19. Na tabela, são apresentadas três máquinas térmicas operando em ciclos entre
fontes de calor nas temperaturas 300 K e 500 K.

Calor recebido da fonte Trabalho realizado

Máquina
quente em unidade SI em unidade SI
A 10 000 11 000
B 12 000 6 000
C 8 000 3 000
É possível construir essas máquinas?
16. TERMODINÂMICAA CNT 81
22. Na primeira coluna do quadro a seguir, são colocadas as eficiências de algumas bombas de calor. Preencha a segunda e a
terceira colunas respondendo ao que se pede.
Eficiência da A eficiência referente à primeira
Significado da eficiência da coluna anterior
bomba de calor coluna é possível ou impossível?

0,07

0,25

23. Uma geladeira tem coeficiente de
desempenho igual a 4. Admitindo
que essa máquina receba 100 J de
trabalho por ciclo, calcule:
a) a quantidade de calor retirada
da fonte fria;
b) a quantidade de calor perdida
para a fonte quente.
24. (UPE) A figura ilustra os diversos processos
termodinâmicos a que um gás é submetido em
uma máquina térmica. Os processos AB e DE são
isocóricos, EA e CD são adiabáticos, e o processo
BC é isobárico. Sabendo que a substância de
trabalho dessa máquina é um gás ideal, determine
a sua eficiência.
a) 10% b) 25% c) 35% d) 50% e) 75%

Agora, você pode fazer as atividades

39 a 41 da seção Foco no Enem.

2ª. lei da Termodinâmica

Dizemos que um sistema é isolado
quando ele não troca energia com a
sua vizinhança.
Um processo é reversível quando é
possível realizá-lo de maneira inversa,
partindo da situação final e levando-
-o ao mesmo estado inicial. Isto é,
passando pelos mesmos estados inter-
mediários, mas no sentido reverso. Por
exemplo, considere que um sistema
está em um estado inicial A e, por um
processo termodinâmico, é levado ao
estado B. Se for possível reverter o
processo, levando o sistema de B para
A, dizemos que o processo é reversível.
Com influência dessas ideias
de conservação de energia
(Mayer e Joule) e de um limite
para o rendimento de uma
máquina térmica (Carnot),
Rudolph Clausius (1822-1888)
concluiu, em seus estudos da
máquina térmica, que uma parte
do calor se convertia em trabalho
(que ele chamou de conteúdo
transformacional do corpo),
enquanto outra era absorvida
pela fonte mais fria, ou seja, o
trabalho era realizado não só
pela redistribuição do calor
no sistema, mas também pelo
consumo do calor.
Clausius notou que a parte
do calor que se convertia em
trabalho era um calor reversível
(absorvido ou liberado
durante a transformação). Ele
também notou que esse calor,
o conteúdo transformacional
do corpo, dividido pela
temperatura, sempre aumentava
para processos espontâneos
que ocorressem em sistemas
isolados.
Em seu trabalho de 1850,
Clausius foi o primeiro
a chamar a equivalência
encontrada por Mayer entre
calor e energia mecânica de

82 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
“1ª. lei da Termodinâmica” e a Refrigerador Numa máquina térmica,
incapacidade de o calor fluir quando o ciclo opera no sentido
Um refrigerador é uma
espontaneamente de um corpo horário, o sistema absorve calor
máquina térmica funcionando

frio para um corpo quente
de “2ª. lei da Termodinâmica”,
enunciando-a da seguinte forma:
É impossível realizar um pro-
cesso cujo único efeito seja a
transferência de calor de uma
fonte para outra com maior tem-
peratura.
FÍS
de uma fonte e o gás realiza
no sentindo reverso (em ciclos
trabalho (τF > 0). Esse dispositivo
com, no mínimo, duas fontes
é, portanto, um motor. Quando o
com temperaturas diferentes).
ciclo da máquina térmica opera
Isto é, pela ação de uma fonte
no sentido anti-horário, realiza-
externa de energia mecânica que
-se trabalho sobre o gás (τF < 0),
realiza um trabalho τF sobre o
e ele libera calor para o ambiente
sistema, o calor (Qf ) é extraído
(resfriando-se). Esse dispositivo
da fonte fria e rejeitado para a
é um refrigerador.
fonte quente (QQ).
Nesse caso, medimos a

toloczko. 2021. Digital.

eficiência (e) desta forma:
TQ
Calor retirado
Alguns meses depois, em 1851, da fonte
QQ
o físico e engenheiro irlandês
William Thomson (1824-1907), Qf
conhecido como Lorde Kelvin, de e
WF
maneira independente, expressou WF
Eficiência do
a 2ª. lei de forma equivalente: Qf refrigerador
Trabalho de
uma força
“É impossível, por meio de um
agente material inanimado, derivar
Ou seja, essa equação
efeito mecânico de qualquer Tf
determina quanto calor foi
parte da matéria resfriando-a
retirado da fonte quente em
abaixo da temperatura do objeto Esquema de funcionamento de um refrigerador relação ao trabalho que recebeu
mais frio dos arredores”. Ele
da fonte externa.
também notou que, quando um Como as expansões
processo era irreversível, parte Após estudar o refrigerador,
representam trabalho positivo
do calor era convertida de forma em 1851, Kelvin enunciou
e as compressões representam
irrecuperável. Thomson afirmou a sua versão da 2ª. lei da
trabalho negativo, o sentido das
que a energia não era destruída, Termodinâmica. Esse enunciado
transformações no processo
mas que sua dissipação era foi refinado pelo físico alemão
cíclico define o sinal do trabalho
produto da conversão em energia Max Planck (1858-1947) e ficou
total realizado:
de movimento de partículas não conhecido como enunciado de
observáveis. p Kelvin-Planck:
Transformação
Ainda que tenha A no sentido
toloczko. 2021. Digital.

percebido que o calor não flui horário É impossível construir uma

espontaneamente da fonte máquina termodinâmica que
mais quente para a fonte retire calor de uma fonte e trans-
V
mais fria, Kelvin estudou as forme esse calor integralmente
em trabalho. (Motor)
máquinas térmicas e construiu O trabalho realizado por um gás, no caso
uma máquina que realizava de um motor, é positivo (diagrama acima)
exatamente esse processo. e, no caso de um refrigerador, é negativo
Obviamente, não de forma (diagrama abaixo). É impossível construir uma
espontânea, mas pela ação de máquina termodinâmica que
p retire calor de uma fonte fria e
uma fonte de energia mecânica
o envie para a fonte quente es-
externa (um motor). Essa Transformação
A no sentido pontaneamente. (Refrigerador)
máquina térmica funcionando anti-horário
num ciclo revertido é o que
chamamos de refrigerador. V

16. TERMODINÂMICAA CNT 83

Geladeira O congelador (4) é constituído
No século XIX, o físico e engenheiro mecânico Jacob Perkins por uma serpentina (cano
(1766-1849) patenteou um compressor capaz de solidificar água, comprido que, para ocupar menos
produzindo gelo artificialmente. Esse dispositivo ajudou no espaço, recebe diversas dobras).
desenvolvimento da indústria e do comércio, permitindo, por Dentro dele, há um líquido sob
exemplo, que alimentos pudessem ser exportados para países baixa pressão e também baixa
distantes. Entretanto, foi apenas no século seguinte, em 1920, temperatura, chamado fluido
que surgiram, nos Estados Unidos, os primeiros refrigeradores refrigerante, responsável por
domésticos. receber o calor dos alimentos.
Ao receber esse calor, o fluido
Como vimos, um refrigerador funciona segundo um processo vaporiza (líquido para gasoso) e é
de transferência de calor de uma fonte fria para uma fonte quente, sugado pelo compressor (1). Em
pela ação de uma fonte de trabalho externo, uma vez que não é um seguida, o vapor é imediatamente
processo espontâneo. Essa fonte de energia externa é o compressor empurrado para o condensador
(muito parecido com o desenvolvido por Perkins), a fonte mais fria é o (2), o qual também pode ser
congelador e a mais quente é o radiador. O fluido de trabalho é o fréon, denominado de radiador, pois
que vaporiza a baixa pressão no congelador, retirando calor do interior da tanto a sua aparência quanto a
geladeira, e se condensa a alta pressão no radiador, liberando calor para o sua função são idênticas às de
ambiente. um radiador de automóvel. Ele
Para compreender o funcionamento de uma geladeira, é é posicionado na parte traseira
importante conhecer seus quatro componentes principais: externa do refrigerador para que
©Shutterstock/Designua

o gás possa trocar calor enquanto

percorre a serpentina do radiador.
Como o compressor executa
uma compressão adiabática, a
temperatura e a pressão do vapor
são elevadas, por isso o fluido
No refrigerador, há uma
bomba responsável por perde calor para o ambiente.
realizar trabalho e promover Pelo fato de perder calor, ocorre
a troca de calor entre a condensação, ou seja, o vapor
fonte fria e a quente. volta para a fase líquida. Embora
tenha perdido calor para o
ambiente, o fluido refrigerante
ainda está aquecido e sob alta
pressão. Para que volte a ficar
Alta temperatura Alta temperatura Baixa temperatura Baixa temperatura
Alta pressão Alta pressão Baixa pressão Baixa pressão
frio e, assim, possa receber calor
Estado de vapor Estado líquido Estado líquido Estado de vapor dos alimentos que estão dentro
Fonte fria
da geladeira, ele passa por uma
parte interna da geladeira estreita válvula de expansão (3)
Líquido a Gás a
baixa pressão baixa pressão
que comunica o condensador
Evaporador
ou congelador
(2) com o congelador (4).
O ciclo de um (4) Saindo da válvula e entrando
refrigerador permite X no evaporador (congelador),
a transferência Válvula de
há uma expansão adiabática
expansão ou Válvulas
de calor no tubo capilar (3) e, consequentemente, uma
sentido oposto X
ao estabelecido Compressor (1)
diminuição da temperatura e da
pela 2ª. lei da Condensador pressão. Dessa forma, o processo
ou radiador
Termodinâmica, uma Líquido a (2) Gás a se reinicia, caracterizando
vez que se trata de alta pressão alta pressão uma transformação cíclica,
um processo não Fonte quente que também obedece às leis da
espontâneo. parte externa – ambiente
Termodinâmica.

84 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 Life
rt Of
tock/A
Clausius e a entropia

utters
Em 1865, Clausius chamou o conteúdo transformacional do

©Sh
corpo de entropia (do grego en + tropein, significando “conteúdo

FÍS
transformador”) e concluiu que, para um sistema aberto, o
equilíbrio termodinâmico sempre ocorria quando a entropia
alcançava o valor máximo. A entropia do universo tende ao
máximo.
Clausius notou que, ao passar por um bosque, se você observar
árvores alinhadas e separadas de maneira uniforme, pode inferir
que elas foram plantadas por alguém. Entretanto, num bosque
sem interferência externa, que se desenvolveu apenas seguindo
a natureza, a disposição das árvores será desordenada. Mas por
que isso é assim? Não é possível que a natureza espontaneamente
produza árvores uniformemente distribuídas?
A resposta é sim, isso pode acontecer, mas é altamente
improvável. Vamos usar uma analogia para exemplificar essa
situação.
Considere um baralho de cartas, recém-retirado da embalagem
e ordenado conforme números (de ás a rei) e naipes (ouros,
espadas, copas e paus). Suponha que você o embaralhe sucessivas
vezes. Após cada embaralhada, o padrão de organização das
cartas torna-se menor, ou seja, a desordem do baralho aumenta.
É extremamente improvável, mas não impossível, que o baralho
retorne à organização inicial, ficando todo em ordem novamente,
sendo somente embaralhado. Essa ideia está relacionada com a
entropia.
A entropia está associada à organização de sistemas dinâmicos.
Quanto maior a desordem, a desorganização, maior a entropia.
No exemplo anterior, a probabilidade de reverter o baralho de
cartas a uma sequência exata de naipes e números é mínima.
As configurações mais prováveis desse embaralhamento são
exatamente aquelas que não apresentam padrões ordenados.
Ou seja, a tendência, ao embaralhar, é deixar a sequência das
cartas cada vez mais desordenada. Por isso, o exemplo do
embaralhamento das cartas pode ser compreendido como um
fenômeno irreversível.

Processos irreversíveis são aqueles

nos quais o sistema não retorna es-
pontaneamente ao estado inicial.

Ao embaralhar as cartas, o nível de desordem aumenta, pois

as configurações desordenadas são muito mais prováveis.
Fisicamente, esse processo é dito como irreversível, pois a
chance de o embaralhamento se reverter e as cartas voltarem à
ordem inicial é extremamente desprezível.

16. TERMODINÂMICAA CNT 85

 Na natureza, os fenômenos
são irreversíveis, uma vez
que ocorrem no sentido das
configurações mais prováveis e,
na prática, não retornam para
configurações menos prováveis.
Clausius, então, enunciou
que:
A entropia do universo nunca
diminui. Ela permanece constan-
te para processos reversíveis e
sempre aumenta para processos
irreversíveis.
O fenômeno de
irreversibilidade, na
Termodinâmica, está diretamente
relacionado à direcionalidade
do fluxo de calor, ou seja, à
espontaneidade dos processos.
Por exemplo, imagine que um
automóvel em alta velocidade
freia bruscamente numa estrada
até parar. Durante a frenagem,
as pastilhas de freio, em contato
com os discos, se aquecem e
também os pneus, travados,
em atrito com o asfalto. No fim
do processo, a energia cinética
do carro foi transformada em
energia interna das pastilhas e
pneus, que se aqueceram. Se, no
entanto, a mesma quantidade de
calor for cedida ao carro, ele não
vai se mover, ou seja, não poderá
converter o calor em energia
mecânica.
Nesse exemplo, a conversão da
energia cinética do carro em calor
acontece de forma espontânea e
não é possível inverter o sentido
da transferência de energia
espontaneamente. Nas máquinas
térmicas reais, os processos são
O termo universo aqui tem o
significado de representar o sistema
e sua vizinhança, que pode interagir
com ele.
86 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
irreversíveis porque o calor que
é transferido para o sistema de
menor temperatura não está mais
disponível para gerar trabalho.
Essa energia, que não pode ser
reaproveitada, é chamada de
energia degradada.
Podemos entender a
degradação natural da energia
como uma evolução para a
desordem ou aumento de
entropia. As energias ordenadas
(mecânica, elétrica, química, etc.)
tendem a se converter em energia
de agitação térmica, que é uma
forma de energia desordenada.
E há ainda a tendência ao
equilíbrio térmico, reduzindo a
possibilidade de transformação
de energia térmica em outras
formas de energia. Por isso,
denominamos a energia térmica
como energia degradada.
Em todos os processos
térmicos espontâneos do universo,
há sempre energia degradada.
Como consequência, à medida que
o universo evolui, a quantidade
de energia disponível para realizar
trabalho diminui e a quantidade
de energia degradada aumenta.
A variação de entropia pode
então ser entendida como uma
medida da indisponibilidade da
energia. Numa transformação
natural, outras formas de energia
se convertem em calor, ou seja,
aumenta a indisponibilidade de
energia útil e trabalho no sistema
e, portanto, a entropia do sistema
aumenta.
Para definir matematicamente
a variação de entropia, Clausius
percebeu que a quantidade
de trabalho disponível num
processo não depende apenas da
quantidade de calor Q em que
o processo se desenvolve, mas
também da temperatura T na
qual essa quantidade de calor é
trocada. Se Q é a quantidade de
calor trocada pelo sistema num
processo isotérmico reversível
à temperatura T, a variação de
entropia do sistema, simbolizada
por ΔS, é dada por:
Quantidade de
calor em J (SI)
Q
'S
T
Entropia em
J/K (SI) Temperatura
em K (SI)
Assim, podemos estabele-
cer que o sentido de ocorrência
natural dos fenômenos é aquele
em que o nível de desordem,
isto é, a entropia, é crescente
(ΔS ≥ 0).
Clausius percebeu que a 1ª.
e a 2ª. lei da Termodinâmica
extrapolam os estudos das
máquinas térmicas e têm
significado cósmico. Nas suas
próprias palavras:
“Quanto mais o Universo se
aproxima da condição limite em
que a entropia é um máximo,
mais as oportunidades de que
haja novas mudanças diminuem;
e supondo que esta condição seja
finalmente atingida, nenhuma
nova mudança poderá jamais
ocorrer e o Universo estará em um
estado de morte imutável.”
Responda ao Quiz
sobre Termodinâmica.
ressolve aí ;))
25. (UFAL) Analise as proposições a seguir:
( ) Máquina térmica é um sistema que realiza
transformação cíclica: depois de sofrer uma série de
transformações ela retorna ao estado inicial.
( ) É impossível construir uma máquina térmica que
transforme integralmente calor em trabalho.
( ) O calor é uma forma de energia que se transfere
espontaneamente do corpo de maior temperatura para
o de menor temperatura.
( ) É impossível construir uma máquina térmica que
tenha um rendimento superior ao da máquina de
Carnot, operando entre as mesmas temperaturas.
( ) Quando um gás recebe 400 J de calor e realiza um
trabalho de 250 J, sua energia interna sofre um
aumento de 150 J.
26. Um refrigerador recebe, a cada ciclo, 100 J de calor da
sua parte interna em decorrência de um trabalho de 20 J
que ela recebe.
a) Determine a quantidade de energia descartada para o
ambiente externo.
b) Calcule a eficiência dessa máquina.
c) Qual é o significado do resultado obtido no item
anterior?
27. (UTFPR) O 2o. princípio da Termodinâmica pode ser
enunciado da seguinte forma: “É impossível construir uma
máquina térmica operando em ciclos, cujo único efeito
seja retirar calor de uma fonte e convertê-lo integralmente
em trabalho”.
Por extensão, esse princípio nos leva a concluir que:
a) sempre se pode construir máquinas térmicas cujo
rendimento seja 100%.
b) qualquer máquina térmica necessita apenas de uma
fonte quente.
c) calor e trabalho não são grandezas homogêneas.
d) qualquer máquina térmica retira calor de uma fonte
quente e rejeita parte desse calor para uma fonte fria.
e) somente com uma fonte fria, mantida sempre a 0 °C,
seria possível a uma certa máquina térmica converter
integralmente calor em trabalho.
28. (UECE) Imagine um sistema termicamente isolado,
composto por cilindros conectados por uma válvula,
inicialmente fechada. Um dos cilindros contém um gás
perfeito, mantido à pressão de 1 atm, e no outro, tem-se
FÍS
vácuo. Abrindo-se a válvula
a) o gás se expande e, assim, sua temperatura diminui.
b) a entropia do sistema se mantém constante, pois não
há troca de calor.
c) a entropia do sistema aumenta, porque o processo é
irreversível.
d) a energia interna do gás diminui, porque sua pressão
diminui.
29. (UFRGS – RS) Selecione a alternativa que preenche
corretamente as lacunas no parágrafo abaixo, na ordem
em que elas aparecem.
A entropia de um sistema termodinâmico isolado
nunca : se o sistema sofre uma transformação
reversível, sua entropia ; se o sistema sofre
uma transformação irreversível, sua entropia .
a) aumenta – permanece constante – diminui
b) aumenta – diminui – permanece constante
c) diminui – aumenta – aumenta
d) diminui – permanece constante – aumenta
e) diminui – permanece constante – permanece
constante
30. (UFSCAR – SP)
Inglaterra, século XVIII. Hargreaves patenteia sua
máquina de fiar; Arkwright inventa a fiandeira hidráu-
lica; James Watt introduz a importantíssima máquina
a vapor. Tempos modernos!
ALENCAR, F.; C; RAMALHO, L. C.; RIBEIRO, M. V. T. História da
sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985.
As máquinas a vapor, sendo máquinas térmicas
reais, operam em ciclos de acordo com a 2.ª lei da
Termodinâmica. Sobre estas máquinas, considere as três
afirmações seguintes:
I. Quando em funcionamento, rejeitam para a fonte fria parte
do calor retirado da fonte quente.
II. No decorrer de um ciclo, a energia interna do vapor-
-d’água se mantém constante.
III. Transformam em trabalho todo calor recebido da fonte
quente.
É correto o contido apenas em:
a) I. c) III. e) II e III.
b) II. d) I e II.
16. TERMODINÂMICAA CNT 87
31. (UFRN) Observe atentamente o processo físico representado na sequência de figuras abaixo. Considere, para efeito de
análise, que a casinha e a bomba constituem um sistema físico fechado. Note que tal processo é iniciado na figura 1 e é
concluído na figura 3.

Pode-se afirmar que, no final dessa sequência, a ordem do sistema é:

a) maior que no início e, portanto, durante o processo representado, a entropia do sistema diminui.
b) maior que no início e, portanto, durante o processo representado, a entropia do sistema aumentou.
c) menor que no início e, portanto, o processo representado é reversível.
d) menor que no início e, portanto, o processo representado é irreversível.

32. (UFPB) Todos os anos, diversos pedidos de patentes de
novas máquinas são rejeitados por violarem as leis da
Termodinâmica. Em particular, o conceito de entropia é
frequentemente o ponto central da falha dos projetos dessas
máquinas, o que demonstra a importância da entropia.
Considerando o conceito de entropia, identifique as
afirmativas corretas:
( ) A reversibilidade de um processo termodinâmico é
uma consequência do aumento da entropia.
( ) Alguns processos termodinâmicos, mesmo quando
há conservação da energia, não são possíveis, pois
fazem a entropia do universo diminuir.
( ) A entropia é uma medida da desordem do sistema.
( ) Quanto maior o número de estados acessíveis a um
sistema, maior será a entropia desse sistema.
( ) De acordo com a 2ª. lei da Termodinâmica, a entropia
de um sistema fechado nunca decresce.
33. (CEFET – CE) Um gás ideal, em equilíbrio termodinâmico
no estado A, sofre uma expansão adiabática reversível,
atingindo o estado de equilíbrio B e, em seguida, passa
por uma compressão irreversível, voltando ao estado
inicial A. Analise as afirmativas seguintes:
I. A entropia do sistema (gás mais vizinhança) aumentou
após a compressão B → A. ( )
II. A entropia do gás aumentou após o ciclo A → B → A. ( )
III. A energia interna do gás aumentou após a expansão
A → B. ( )
IV. A energia interna do gás é a mesma antes e após o ciclo
A → B → A. ( )
São verdadeiras:
a) I e II. b) III e IV. c) I e IV. d) II e III. e) II e IV.
34. (UECE) Um bloco de gelo de massa 136,5 g funde-se
reversivelmente à temperatura de 0 °C. Sabendo-se que o
calor latente de fusão do gelo é 333 kJ/kg, a variação da
entropia do bloco de gelo, em J/K, é:
a) 166,5 b) zero c) 273,0 d) 122,5
35. (UFSC) As máquinas a vapor foram um dos motores da
Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra no século
XVIII e que produziu impactos profundos, em nível mundial,
nos meios produtivos, na economia e no modo de vida da
sociedade. O estudo destas máquinas, em particular de
seu rendimento, deu sustentação à formulação da 2ª. lei
da Termodinâmica, enunciada por diversos cientistas, de
formas praticamente equivalentes, no século XIX.
Com base na 2ª. lei da Termodinâmica, assinale a(s)
proposição(ões) correta(s).
(01) A maioria dos processos naturais é reversível.
(02) A energia tende a se transformar em formas menos
úteis para gerar trabalho.
(04) As máquinas térmicas que operam no ciclo de
Carnot podem obter rendimento de 100%.
(08) A expressão “morte do calor do universo” refere-se a
um suposto estado em que as reservas de carvão, de
gás e de petróleo teriam se esgotado.
(16) O calor não transita naturalmente dos corpos com
temperatura menor para os corpos com temperatura
maior.
(32) O princípio de funcionamento de uma geladeira viola
a 2ª. lei da Termodinâmica.
(64) A entropia de um sistema isolado tende sempre a
aumentar.
Agora, você pode fazer as atividades
42 a 46 da seção Foco no Enem.

88 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
 foco no
enem
36. (FUVEST – SP) Certa quantidade de gás sofre três
transformações sucessivas, A → B, B → C e C → A,
conforme o diagrama p × V apresentado na figura abaixo.
A respeito dessas transformações, afirmou-se o seguinte:
I. O trabalho total realizado no ciclo ABCA é nulo.
II. A energia interna do gás no estado C é maior que no
estado A.
III. Durante a transformação A → B, o gás recebe calor e
realiza trabalho.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I. d) I e II.
b) II. e) II e III.
c) III.
37. (UPE) No diagrama PV, a seguir, está representada uma
série de processos termodinâmicos. No processo ab,
250 J de calor são fornecidos ao sistema, e, no processo
bd, 600 J de calor são fornecidos ao sistema.
Analise as afirmações que se seguem:
I. O trabalho realizado no processo ab é nulo.
II. A variação de energia interna no processo ab é 320 J.
III. A variação de energia interna no processo abd é 610 J.
IV. A variação de energia interna no processo acd é 560 J.
É correto afirmar que apenas as(a) afirmações(ão):
a) II e IV estão corretas. d) III e IV estão corretas.
b) IV está correta. e) II e III estão corretas.
c) I e III estão corretas.
38. (PUC-SP) Um automóvel com motor 1.0 (volume
FÍS
de 1,0 litro), conhecido pelo seu menor consumo de
combustível, opera com pressão média de 8 atm e
3 300 rpm (rotações por minuto), quando movido à
gasolina. O rendimento desse motor, que consome, nestas
condições, 4,0 g/s (gramas por segundo) de combustível,
é de aproximadamente:
(Considere: calor de combustão da
gasolina = 11 100 cal/g; 1 atm = 105 N/m2; 1 cal = 4 J;
1 L = 10–3 m3; 1 rotação corresponde a 1 ciclo.)
a) 18% d) 27%
b) 21% e) 30%
c) 25%
39. No Brasil, o sistema de transporte
depende do uso de combustíveis fósseis e de biomassa,
cuja energia é convertida em movimento de veículos. Para
esses combustíveis, a transformação de energia química
em energia mecânica acontece
a) na combustão, que gera gases quentes para mover os
pistões no motor.
b) nos eixos, que transferem torque às rodas e
impulsionam o veículo.
c) na ignição, quando a energia elétrica é convertida em
trabalho.
d) na exaustão, quando gases quentes são expelidos
para trás.
e) na carburação, com a difusão do combustível no ar.
40. (IFPA) Um sistema termodinâmico pode passar do estado
A ao estado B através de dois processos I e II mostrados
no diagrama PV a seguir.
Se ΔUI, ΔUII são as variações de energia interna e ΔWI,
ΔWII são os trabalhos realizados pelo sistema nos
processos I e II, respectivamente,
a) ΔUI = ΔUII e ΔWI = ΔWII
b) ΔUI = ΔUII e ΔWI < ΔWII
c) ΔUI < ΔUII e ΔWI = ΔWII
d) ΔUI > ΔUII e ΔWI > ΔWII
e) ΔUI + ΔUII = 0 e ΔWI + ΔWII > 0.
16. TERMODINÂMICAA CNT 89

41. (SEDUC – GO) Uma máquina de Carnot opera entre
as temperaturas TQ = 900 K e TF = 400 K, sendo TQ a
temperatura da fonte quente e TF a temperatura da fonte
fria. A máquina realiza 800 J de trabalho em cada ciclo.
Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa
que apresenta a energia liberada em forma de calor, em
Joule, para a fonte fria a cada ciclo.
a) 1 440 d) 320
b) 700 e) 200
c) 640
42. (UDESC) Analise as duas situações:
I. Um processo termodinâmico adiabático em que a energia
interna do sistema cai pela metade.
II. Um processo termodinâmico isovolumétrico em que a
energia interna do sistema dobra.
Assinale a alternativa incorreta em relação aos processos
termodinâmicos I e II.
a) Para a situação I o fluxo de calor é nulo, e para a
situação II o trabalho termodinâmico é nulo.
b) Para a situação I o fluxo de calor é nulo, e para a
situação II o fluxo de calor é igual à energia interna
inicial do sistema.
c) Para a situação I o trabalho termodinâmico é igual à
energia interna inicial do sistema, e para a situação II o
fluxo de calor é igual à energia interna final do sistema.
d) Para a situação I o trabalho termodinâmico é a metade
da energia interna inicial do sistema, e para a situação
II o trabalho termodinâmico é nulo.
e) Para ambas situações, a variação da energia interna
do sistema é igual ao fluxo de calor menos o trabalho
termodinâmico.
43. A invenção da
geladeira proporcionou uma revolução
no aproveitamento dos alimentos, ao
permitir que fossem armazenados e
transportados por longos períodos. A
figura apresentada ilustra o processo
cíclico de funcionamento de uma
geladeira, em que um gás no interior
de uma tubulação é forçado a circular
entre o congelador e a parte externa da
geladeira. É por meio dos processos
de compressão, que ocorre na parte externa, e de expansão,
que ocorre na parte interna, que o gás proporciona a troca
de calor entre o interior e o exterior da geladeira.
Disponível em: http://home.howstuffworks.com. Acesso em: 19 out.
2008 (adaptado).
90 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í
Nos processos de transformação de energia envolvidos
no funcionamento da geladeira,
a) a expansão do gás é um processo que cede a energia
necessária ao resfriamento da parte interna da
geladeira.
b) o calor flui de forma não espontânea da parte mais
fria, no interior, para a mais quente, no exterior da
geladeira.
c) a quantidade de calor cedida ao meio externo é igual
ao calor retirado da geladeira.
d) a eficiência é tanto maior quanto menos isolado
termicamente do ambiente externo for o seu
compartimento interno.
e) a energia retirada do interior pode ser devolvida à
geladeira abrindo-se a sua porta, o que reduz seu
consumo de energia.
44. Até 1824 acreditava-se que as
máquinas térmicas, cujos exemplos são as máquinas
a vapor e os atuais motores a combustão, poderiam
ter um funcionamento ideal. Sadi Carnot demonstrou a
impossibilidade de uma máquina térmica, funcionando
em ciclos entre duas fontes térmicas (uma quente e outra
fria), obter 100% de rendimento.
Tal limitação ocorre porque essas máquinas
a) realizam trabalho mecânico.
b) produzem aumento da entropia.
c) utilizam transformações adiabáticas.
d) contrariam a lei da conservação de energia.
e) funcionam com temperatura igual à da fonte quente.
45. (ITA) Calcule a variação de entropia quando, num
processo à pressão constante de 1,0 atm, se transforma
integralmente em vapor 3,0 kg de água que se
encontram inicialmente no estado líquido, à temperatura
de 100 °C.
Dado: calor de vaporização da água: L(v) = 5,4 · 105 cal/kg
46. (ITA) Duas salas idênticas estão separadas por uma
divisória de espessura L = 5,0 cm, área A = 100 m2
e condutividade térmica k = 2,0 W/mK. O ar contido
em cada sala encontra-se, inicialmente, à temperatura
T1 = 47 °C e T2 = 27 °C, respectivamente. Considerando
o ar como um gás ideal e o conjunto das duas salas um
sistema isolado, calcule:
a) o fluxo de calor através da divisória relativo às
temperaturas iniciais T1 e T2.
b) a taxa de variação de entropia ΔS/Δt no sistema no
início da troca de calor, explicando o que ocorre com
a desordem do sistema.
Atividade complementar – refrigerador invertido
SWOT – Planejamento estratégico

FÍS
O planejamento estratégico é uma expressão muito usada na
administração. Diz respeito a pensar, em longo prazo, as ações
de uma organização, definindo objetivos, avaliando o cenário
e construindo estratégias para se alcançar esses objetivos. Uma Forças
das ferramentas utilizadas para se auxiliar no planejamento ▶ Quais são suas forças?
▶ Em que ele é melhor do que o que já
estratégico se chama análise SWOT. O nome vem das palavras,
existe?
em inglês, para Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), ▶ Quais capacidades o diferenciam do que
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). já existe?
Há várias formas de se fazer uma análise SWOT e, aqui, ▶ Quais são as forças que os outros
enxergam nele?
vamos propor uma para analisar o funcionamento de um
refrigerador invertido – aquele que tem o freezer na parte de
baixo da geladeira.
Um jeito de fazê-la é construir um quadro com quatro
campos, um para cada uma dessas palavras. Nesse quadro, você
colocará frases ou palavras que resumam quais são as forças,
Fraquezas
as fraquezas, as oportunidades e as ameaças do que está sendo
▶ Quais são suas fraquezas?
analisado (no caso, o funcionamento do refrigerador invertido). ▶ O que já fazem melhor do que ele?
O esquema ao lado pode ajudar a entender como preencher ▶ O que se pode melhorar?
esse quadro. Ao ler as perguntas, você pode pensar no caso ▶ Quais são as fraquezas que os outros
específico de alguém que está, por exemplo, analisando enxergam nele?

como funciona o refrigerador invertido comparando com

o funcionamento de um refrigerador comum. É importante
consultar informações fidedignas que estejam disponíveis em
sites de especificações técnicas de funcionamento desse tipo de
refrigerador. Oportunidades
Em seguida, reúna-se com, no máximo, quatro colegas ▶ Quais são as possibilidades que ele
(grupos de até cinco integrantes) e completem o quadro com pode explorar?
▶ Quais condições ou acontecimentos podem
base nas ideias de todo o grupo. Para que todos possam expor trazer impactos positivos?
suas ideias de como preencher o quadro, vocês podem seguir ▶ Em que se pode investir ou do que se pode
esta dinâmica: aproveitar para crescer?
1. Em ordem, um após o outro, todos do grupo devem incluir
pelo menos uma ideia no quadro.
2. Nesse momento de inclusão de ideias, o grupo não deve
debater ou criticar as ideias apresentadas, quanto mais ideias
melhor. Ameaças
▶ Quais condições ou acontecimentos
3. É possível reapresentar uma ideia modificada ou uma podem prejudicá-lo?
combinação de ideias que já foram apresentadas. ▶ O que pode dar errado e causar problemas
4. Quando todas as ideias tiverem sido apresentadas, não para ele ou para a sociedade?
▶ O que é preciso para que ele seja
havendo mais nenhuma a ser incluída no quadro, o grupo desenvolvido e pode ser uma ameaça se
pode debatê-las, verificando se alguma deve ser modificada, não acontecer?
incluída ou excluída – sempre por decisão coletiva.

16. TERMODINÂMICA
TERM A CNT 91
 Forças Fraquezas

Oportunidades Ameaças

92 CNT FÍSIC
FÍSICA
Í