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Curso de Formação de Oficiais da Administração – CFOA PM 2009/2010

1. SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA

1.1 SISTEMA:

Um sistema (do gr. σύστημα), é um conjunto de elementos interconectados


harmonicamente, de modo a formar um todo organizado.Vindo do grego o termo "sistema"
significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto".

Em um sistema, todos são importantes. Observe um exemplo de um sistema: a Polícia


Militar conduz um criminoso à Delegacia. A Polícia Civil registra a ocorrência e dá início ao
Inquérito Policial. Ao ser concluído, o Inquérito é encaminhado ao Ministério público que, por
sua vez, pode pedir o arquivamento ou novas diligências ou aceitar como está e oferecer a
denúncia que é remetida à Vara Criminal. O Poder Judiciário, aceitando a denúncia do
promotor, dá início à instrução criminal. Caso o réu seja condenado, o Sistema Penitenciário
entra em ação para cumprimento de pena e promoção da ressocialização do indivíduo.

A boa integração dos elementos é chamada sinergia, determinando que as transformações


ocorridas em uma das partes influenciará todas as outras. A alta sinergia de um sistema faz com
que seja possivel a este cumprir sua finalidade com eficiência; já sua falta pode implicar em mau
funcionamento, inclusive falha completa. Podemos também dizer nesses últimos casos que a
entropia sistêmica está alta.

1.2 ORDEM PÚBLICA

O Decreto 88.777, de 19831, define ordem pública como sendo...

“o conjunto de regras formais, coativas, que emanam do ordenamento jurídico


da nação, objetivando disciplinar as relações sociais em todos os níveis e
estabelecer um clima de convivência aceitável e pacífico. constitui, assim, uma
situação ou condição que conduz ao bem comum.”

Esse conceito, embora o R-200 ainda não tenha sido modificado, enfrenta alguns
conflitos conceituais. Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1987), ele é contraditório quando
confunde ordem jurídica com a “ordem nas ruas”. E explica que embora uma violação a norma
jurídica possa se constituir numa inflação a ordem pública, nem sempre as violações à ordem
pública podem ser consideradas com inflação a ordem jurídica. Dessa forma, ele propõe um
“conceito sintético”, que a seu ver “parece conter o essencial”, e postula que “Ordem Pública,
objeto da Segurança Pública, é a situação de convivência pacifica e harmoniosa da população,
fundada nos princípios éticos vigentes na sociedade”. E acrescenta que ao definir a Ordem
Pública com “objeto” da Segurança Pública, ele esta fazendo uma vinculação “operativa”. O
termo “situação” deve ser entendido como um fato e não uma norma. E por “convivência
pacifica e harmoniosa” deve ser compreendido a ausência da “violência, do terror, da
intimidação e dos antagonismos capazes de romper a situação desejada”. Por último, o Jurista
enfatiza que “a menção aos princípios éticos, vincula a situação, a ser mantida ou recuperada, às
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R-200.
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vigências éticas e que não é, de nenhum modo, uma atividade repressiva: a repressão dos crimes
compete aos tribunais”.

Para outro Jurista, Álvaro Lazzarini, o conceito contido no R-200, que define Ordem
Pública como “conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico(...)”, também
é conflitante, e sugere que seja abandonado ou substituído. Para ele...

“a ordem pública não é figura jurídica, nem instituição política ou social. É


situação fática de respeito ao interesse da coletividade e aos direitos individuais
que o Estado assegura, pela constituição da República e pelas leis, a todos os
membros da comunidade. Daí decorre a variedade do conceito de “ordem
pública” no tempo e no espaço.”

O conceito de ordem pública tal qual foi concebido no R-200, fortalece a doutrina do fiel
cumprimento da lei, excluindo as variáveis sociais, econômicas e políticas, que são mutáveis no
tempo e no espaço, independentemente do sistema jurídico em vigor. Mas embora o texto legal
não tenha sido reformado, a verdade é que o Brasil mudou. Se antes vivíamos sob um Regime de
exceção, hoje convivemos num Estado Democrático de Direito, onde a participação do cidadão
deve ser privilegiada, e sua opinião valorizada no planejamento das políticas publicas e no
fortalecimento da Democracia.

Compreende:

 Tranqüilidade Pública;
 Segurança Pública;e,
 Salubridade Pública.

1.3 SEGURANÇA PÚBLICA:


“É o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo, ou de todo mal,
que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade, ou dos direitos de
propriedade do cidadão. A segurança pública, assim, limita as liberdades individuais,
estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda,
não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a”. Plácido Silva
“Segurança Pública é o estado anti-delitual, que resulta da observância dos preceitos
tutelados pelos códigos penais comuns e pela lei das contravenções, as ações que promovem a
segurança pública são ações policiais repressivas ou preventivas típicas. As mais comuns são as
que reprimem os crimes contra a vida e a propriedade. Todavia, a segurança pública pode
resultar da simples ausência, mesmo temporária, dos delitos e contravenções”. MÁRIO
PESSOA
“A Segurança Pública é uma atividade pertinente aos órgãos estatais e à comunidade
como um todo, realizada com o fito de proteger a cidadania, prevenindo e controlando
manifestações da criminalidade e da violência, efetivas ou potenciais, garantindo o exercício
pleno da cidadania nos limites da lei”. SENASP

O Manual Básico de Policiamento Ostensivo, instituído no inicio dos anos 80, do último
século, definiu Segurança Pública como “a garantia que o Estado (União, Unidades Federativas e
Municípios) proporciona à Nação, a fim de assegurar a Ordem Pública contra violações de toda
espécie, desde que não contenha conotações ideológicas”.

Neste conceito percebe-se claramente a preocupação do Governo Federal em excluir as


violações da Ordem Pública de cunho ideológico. Todavia tudo estava sob o controle direto do
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Governo Central, através do Exercito, que tinha elementos do seu quadro ocupando os cargos de
Secretário de Segurança Pública e Comandante Geral da Policia Militar. Além disso, a Policia
Militar como Força reserva e auxiliar do Exercito, teria que anteceder o emprego da Força de
Linha e executar as atividades operativas planejadas pela Secretaria de Segurança Pública. Na
pratica isso significava que a Policia Militar, como Instituição responsável pelo Policiamento
Ostensivo, era quem teria de enfrentar cotidianamente as contestações contra o Governo
instalado.

Todavia, no período de exceção, a Ordem Pública nas ruas não apresentava níveis
intoleráveis de criminalidade e violência. Os crimes sem ideologia se resumiam a furtos, assaltos
contra transeuntes, poucos homicídios, e outros delitos de incidências reduzidas e menores
potenciais. Não havia seqüestros, assaltos a bancos, roubos de carros e nem as elevadas taxas de
homicídios. A propósito, Sapori (in Ratton & Barros, 2007:100), afirma “que o crescimento dos
indicadores de criminalidade nas últimas duas décadas em nosso Pais coincide temporariamente
com o processo de fortalecimento de nossas instituições democráticas”. Disso pode-se concluir
que o maior empenho da Polícia Militar era justamente no controle e na contenção de
manifestações de ruas contrárias ao Regime, ou seja, aquelas com conotações ideológicas, pois a
Segurança Pública estava sob controle.

Sobre a Segurança Pública, Diogo de Figueiredo explica que afirmar que algo está seguro
implica em afirmar que esse algo está garantido contra alguma coisa que possa oferecer algum
risco. E se o objeto da preocupação (o algo) é a Ordem Pública, esta deve ser protegida contra os
riscos que a violem. Daí o seu entendimento de Segurança Pública como “a garantia da Ordem
Pública. Sendo uma atividade – meio, ela se submete aos mesmos condicionamentos da Ordem
Pública, que é sua finalidade: deve ser legal, legítima e moral”. Para ele, quatro elementos estão
implícitos na Segurança Pública: o valor garantido; o autor da garantia; o risco e modalidade
poder:

1. O valor garantido é a convivência pacífica e harmoniosa, que exclui a violência nas


relações sociais: é a ordem pública;
2. Autor da Garantia: o monopólio do uso de força nas sociedades organizadas é o
Estado, que toma a si a responsabilidade de proporcionar a garantia da ordem pública.
Esta responsabilidade, todavia, não é excludente;
3. O risco é o anti-valor, a perturbação potencial ou efetiva da ordem pública causada
pelos seus perturbadores, sejam ou não tipificados penalmente;
4. Fator de Garantia é o meio empregado para evitar, reduzir ou eventualmente
eliminar o risco. Na segurança pública, o Estado atua pelo poder de polícia,
exercitado em suas quatro modalidades da ação: a ordem de polícia, geralmente um
comando negativo; o consentimento de polícia, que subordina certas atividades a um
controle prévio; a fiscalização de polícia, que se dá para verificar o cumprimento das
ordens ou a observância das condições do consentimento e a sanção de polícia da
sociedade: o direito, o costume e a moral.

Os conceitos oferecidos por Diogo de Figueiredo não citam a participação do cidadão na


construção da política de Segurança Pública. Contudo, ao definir que compete ao Estado a
garantia da Ordem Pública, ele afirma que essa responsabilidade “não é excludente”. Outro
aspecto a ser considerado é que ele, embora reconheça que a Polícia Civil esteja na estrutura
organizacional do Poder Executivo, as suas competências de polícia judiciária as tornam um”
órgão auxiliar e preparatório da ação do Poder Judiciário”. O Jurista reconhece que as ações da
Polícia Civil ao realizar detenções de criminosos, também contribuem para a Segurança
Pública.Todavia, sugere que a “sua destinação de polícia judiciária não é a manutenção direta e
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imediata das condições gerais da segurança pública – que é a ordem pública”. E lembra que essa
destinação o texto constitucional atribuí às policias militares. E apesar da distância do tempo em
que foram formulados (1989), os ensinamentos de Diogo de Figueiredo ainda contribuem para a
compreensão da segurança pública na ordem democrática do Estado de Direito.

Com a redemocratização, iniciada em 1985, nos governos democráticos, os Direitos


Humanos e a participação do cidadão passaram a ter relevo em todos os assuntos relativos a
segurança pública. O grande desafio é a formação de uma Polícia democrática defensora dos
direitos e da cidadania. Nesse esforço, a SENASP definiu a Segurança Pública como uma ...

“...atividade pertinente aos órgãos estatais e à comunidade como um todo,


realizada com o fito de proteger a cidadania, prevenindo e controlando
manifestações da criminalidade e da violência, efetivas ou potenciais,
garantindo o exercício pleno da cidadania nos limites da lei”.

Esse texto, inspirado no caput do Art 144 da Constituição Federal, atribui a


responsabilidade pela segurança pública tanto ao Estado como a sociedade civil. A variável
ideológica é a cidadania, como direito do cidadão, e como atributo para a atuação dos órgãos do
Estado em consórcio com as comunidades de um modo geral.

Todavia, o estabelecimento de conceitos modernos, coerentes com Estado Democrático


de Direito, por si só não provocará as mudanças desejadas. A tarefa implica em mudanças
institucionais e culturais, além do envolvimento de outras agências públicas e privadas, e da
sociedade civil na construção das políticas de segurança pública adequadas ao momento
contemporâneo.

1.4 DEFESA SOCIAL

“A Defesa Social supõe inicialmente uma concepção geral do sistema anticriminal que
não visa unicamente à expiação de uma falta por meio de um castigo, mas busca proteger a
sociedade contra as ações criminais.”.(Ancel, 1979, p.17)
“Assim, a história das idéias penais nos apresenta duas concepções principais,
fundamentalmente diferentes, da noção de defesa social: a) a concepção antiga, defendida ainda
por muitos, que a limita à proteção da sociedade através da repressão ao crime; b) a concepção
moderna, que encontra sua expressão na excelente fórmula adotada pelas Nações Unidas quando
da criação, em 1948, de sua Secção de Defesa Social: a prevenção do crime e o tratamento dos
delinqüentes. Prevenção e tratamento são, poder-se-ia dizer, as duas dimensões que faltavam à
concepção tradicional”. (Ancel, 1979, p. 10)
“A Defesa Social inclui, entre outras atividades, a prestação de serviços de segurança
pública e de defesa civil”. SENASP
“Defesa Social é o conjunto de ações desenvolvidas por órgãos, autoridades e agentes
públicos, cuja finalidade exclusiva ou parcial seja a proteção e o socorro públicos, através de
prevenção, ou repressão de ilícitos penais ou infrações administrativas. a defesa social visa, antes
de tudo, a atingir um elenco de soluções que levam à harmonia social. A Defesa Social consiste,
então, num conjunto de ações adotadas para proteger os cidadãos contra os risco decorrentes da
própria sociedade. A Defesa Social é exercida pelos poderes constituídos, instituições, órgãos e
entidades públicos ou privados, que tenham por fim proteger o cidadão e a sociedade, através de
mecanismos que assegurem a ordem pública”. PMMG
É o entendimento de que a criminalidade não se resolve no contexto restrito do Direito
Penal, mas sim num programa de ampla defesa social que envolva o punir ( quando útil e justo) e
o tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde ele emerge.
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2. SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Com a transição da democracia, a Constituição Fundamental de 1988 estabeleceu as


normas básicas e os princípios para a formulação e a implementação de políticas de segurança
pública. Uma das grandes inovações foi a diferenciação e a separação entre as funções de
segurança pública, atribuídas prioritariamente à forças policiais e às guardas municipais, e as
funções de defesa nacional, estas atribuídas prioritariamente às Forças Armadas.

No seu art. 144, a Constituição Federal de 1988 define expressamente a segurança


pública e, de forma ainda mais específica, a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, como funções das forças policiais. O mesmo artigo discrimina as
funções de cada uma das forças policiais (polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia
ferroviária federal, polícias civis e militares e corpos de bombeiros militares) que integram o
sistema de segurança pública. Esta inovação normativa introduzida pela Carta Magna em vigor
foi posteriormente incorporada às constituições estaduais e por elas reforçada.

No que se refere às Guardas Municipais, a Constituição apenas reconheceu aos


Municípios a faculdade de constituí-las, destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.

A missão constitucional dos Corpos de Bombeiros Militares também é descrita pela


Constituição Federal, em seu art. 144, § 5º, segundo o qual “aos Corpos de Bombeiros Militares,
além das atribuições definidas em lei, incube a execução de atividades de Defesa Civil”.

Outra inovação importante da Constituição Federal de 1988 foi a subordinação das


polícias militares e civis aos governadores dos estados que passaram a ser responsáveis pela
formulação e pela implementação de políticas de segurança pública nos estados. Desta forma, a
organização da segurança pública passou a ser da competência e responsabilidade de cada
unidade da federação, tendo em vista as peculiaridades regionais e o fortalecimento do princípio
federativo.

Conseqüentemente, essa inovação permitiu o fortalecimento das Secretarias Estaduais de


Segurança Pública (ou Secretarias de Defesa Social, como são na maioria dos casos
denominadas atualmente) possibilitando que os governos estaduais, através delas, passassem a
organizar e empregar as polícias de acordo com políticas e estratégias voltadas para segurança
pública e não para a defesa nacional, que, como vimos, não é a missão precípua das forças
policiais e sim, das Forças Armadas.

Inovação da mesma forma relevante, e que não poderia deixar de ser comentada neste
tópico (muito embora venha a ser abordada de maneira mais pormenorizada em um momento
específico das nossas aulas), foi atribuir ao Ministério Público a função de exercer o controle
externo da atividade policial (art. 129, inciso VII). No caso da polícia federal, o controle externo
da atividade policial está previsto na Lei Complementar nº 75/93 (Estatuto do Ministério Público
da União), que estabelece que o Ministério Público da União exercerá o controle externo
mediante medidas judiciais e extrajudiciais. No caso das polícias estaduais, civis e militares, o
controle externo das atividades policiais cabe ao Ministério Público estadual.
Pois bem, o Título V da Constituição Federal trata “Da Defesa do Estado e das instituições
democráticas”.

Quando nos referimos à Defesa do Estado tratamos, inicialmente, da defesa do território


contra invasão estrangeira (art. 34, inciso II, e art. 137, inciso II). Desta forma, é a defesa da
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soberania nacional e a defesa da própria Pátria. Não se trata da defesa deste ou daquele regime
político ou de uma particular ideologia ou de um grupo detentor do poder.
Já no concernente à Defesa das instituições democráticas afirmamos que o equilíbrio
constitucional consiste na existência de uma distribuição relativamente igual de poder, de tal
maneira que nenhum grupo, ou combinação de grupos, possa dominar sobre os demais; a
democracia é o equilíbrio mais estável entre os grupos de poder.

 Artigo144 da Constituição Federal:

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,


serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o


descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas
de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias
federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada


a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
as militares.
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§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.

§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do


Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela


segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus


bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”

2.1 Polícia Federal


Em março de 1944, na antiga Capital da República, Rio de Janeiro, a Polícia do Distrito
Federal foi transformada em Departamento Federal de Segurança Pública. Apesar de seu nome
trazer a expressão federal, o DFSP, como ficou conhecido, somente atuava na área do Distrito
Federal, no que dizia despeito à segurança pública, agindo em nível nacional apenas na parte de
polícia marítima, aérea e de fronteiras. Com a mudança da Capital Federal, em 1960, o DFSP
transferiu-se para Brasília. Devido a carência de pessoal, o DFSP teve que ser reestruturado,
buscando-se como modelo as polícias da Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, passado a ter,
efetivamente, atribuições em todo território brasileiro a partir de 16 de novembro de 1964, dia de
edição da Lei nº. 4.483 e até hoje comemorada como sua data maior. Ainda em 1967, o DFSP
trocou de nome, surgindo o Departamento de Polícia Federal- DPF.

2.2 Polícia Rodoviária Federal


A Polícia Rodoviária Federal foi criada pelo presidente Washington Luiz no dia 24 de julho
de 1928, através do Decreto 18.323, que definia as regras de trânsito à época, com a
denominação de Polícia de Estradas. Com o Decreto nº. 8. 463, de 27 de dezembro de 1945, que
criou o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, nascia a denominação de Polícia
Rodoviária Federal.
Entre outras atribuições, deve:
 Aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito e os valores decorrentes
da prestação de serviço de estadia e remoção de veículos, objetos, animais e escoltas de
veículos de cargas excepcionais; executar serviços de prevenção, atendimento de
acidentes e salvamento de vítimas nas rodovias federais;
 Realizar perícias, levantamento de locais, boletins de ocorrências, investigações, testes
de dosagem alcoólicas e outros procedimentos estabelecidos em leis e regulamentos,
imprescindíveis à elucidação dos acidentes de trânsito.

2.3 Polícia ferroviária Federal


Criada em 1852, por Decreto do imperador D. Pedro II, a Polícia Ferroviária Federal é um
órgão destinado a patrulhar as ferrovias federais. Atualmente, a DFF possui 180 agentes, sendo
reconhecida como a menor polícia do mundo, com a principal função de proteger o que sobrou
do patrimônio da Rede Ferroviária Federal. Constam na Câmara e no Senado alguns projetos
relacionados com a PFF, entre os quais: incorporação à DPF; criação de 850 novos cargos.
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2.4 Polícia Civil

Em 10 de maio de 1808, na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, foi criada pelo
Príncipe Regente a Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil e nomeado para
exercê-la, o Desembargador Paulo Fernandes Ferreira Viana. O órgão, implantado no modelo de
polícia adotado então em Lisboa, tinha por atribuição fazer a segurança pessoal da família real,
bem como a segurança coletiva, que incluía o policiamento dos logradouros públicos, a
investigação de crimes e a captura de criminosos. Competia ao Intendente Geral decidir sobre as
condutas consideradas ilícitas, determinar a prisão ou a liberdade de alguém, levar a julgamento,
condenar e supervisionar o cumprimento da pena. Surgia, assim, a Polícia Civil no Brasil.

No caso de Pernambuco, em particular, de acordo com a pesquisa realizada pelo Historiador


Carlos Bezerra Cavalcanti, a primeira medida regular de um serviço de Polícia Judiciária no
Estado veio com o Decreto do Governo Provisório de 13 de abril de 1817, que criou, na
Capitania de Pernambuco, um Tribunal de Polícia dirigido por um Juiz Ordinário do Crime e
Polícia da Vila e Termo do Recife. Foi nomeado para o cargo o Patriota Felipe Nery Ferreira
que, segundo o Historiador Francisco Augusto Pereira da Costa, em seus “Anais
Pernambucanos”, “exerceu a função com tanto zelo, natureza e humanidade que recebeu, até dos
próprios inimigos políticos, os maiores louvores”.

A gestão de Policia Judiciária em Pernambuco ficou, por muito tempo, a cargo dos Juizes de
Direito, também chamados de “Questores de Polícia” que, posteriormente, começaram a
“delegar” a missão a outras pessoas, vindo, daí, o termo “delegado”, até hoje usado entre nós.
Em 1836, por lei provincial, foram criadas as Prefeituras Policiais, sendo instituídas, a partir de
então, outras normas para melhorar a eficácia daquele serviço.

2.5 Polícia Militar

A Polícia Militar de Pernambuco surgiu através do Decreto Imperial, datado de 11 de


junho de 1825, firmado pelo Imperador D. Pedro I, que criou, na então Província de
Pernambuco, um corpo de Polícia, este convindo para a tranqüilidade e segurança pública da
cidade do Recife.(Decreto exposto no Salão de Honra do Quartel do Comando Geral). O referido
Corpo de Polícia surgiu em decorrência da Confederação do Equador, movimento republicano
revolucionário ocorrido em Pernambuco em 1824, e sufocado pelo Brigadeiro Lima e Silva, que
atingiu as Províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, cujos revolucionários foram
derrotados e vários executados, entre eles o pernambucano Frei Caneca. Esse Corpo de Polícia
era composto de um efetivo inicial de 320 homens e constituído um Estado-Maior, uma
Companhia de Cavalaria e duas de Infantaria.

Seu primeiro Quartel era sediado no Pátio do Paraíso, no Recife, onde hoje passa a Av.
Dantas Barreto (uma das principais da região metropolitana atual), e o 1º Comandante-Geral foi
o Tenente Coronel de 1ª Linha do Exército Antônio Maria da Silva Torres, que inclusive, tomou
parte na repressão aos mártires de 1824. Contudo, há documentação comprobatória da assunção
no cargo de Comandante Geral da Polícia Militar da Província de Pernambuco, em 18 de agosto
de 1822, do Capitão José de Barros Falcão de Lacerda, e até referência histórica a um contrato de
Maurício de Nassau com a Companhia das Índias Ocidentais, da existência de uma Polícia
Militar, conforme documento datado de 23 de agosto de 1636.

Denominações Históricas Corpo de Polícia do Recife (Decreto Imperial de 11 de junho de


1825) Corpo de Guardas Municipais Permanentes (Resolução do Governo Regencial) Força
Policial da Província de Pernambuco (Lei de 1826)Guarda Cívica (1890) Brigada Policial do
Estado de Pernambuco (Decreto-Lei de 13 de dezembro de 1891) Corpo Policial de Pernambuco
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(Lei nº 181, de 8 de junho de 1896) Brigada Militar de Pernambuco (Lei nº 473, de 28 de junho
de 1900) Regimento Policial do Estado de Pernambuco (Lei nº 918, de 2 de junho de 1908)
Força Pública do Estado de Pernambuco (Lei nº 1165 de 17 de abril de 1913) Brigada Militar de
Pernambuco (Ato nº 125, de 31 de outubro de 1930) Força Policial de Pernambuco (Lei nº 192,
de 17 de janeiro de 1936) Polícia Militar de Pernambuco (Decreto de 1º de janeiro de 1947).

2.6 Corpo de Bombeiros Militar


O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco foi fundado oficialmente em 20 de
outubro de 1887. No ano de 1922 a então Companhia de Bombeiros passou a fazer parte da
Força Pública de Pernambuco (atual PMPE), separando-se desta mais tarde em 22 de julho de
1994.
Entre outras atribuições, deve:
 Realizar serviços de prevenção e de extinção de incêndio;
 Prestar socorro e atendimento médico emergencial e pré-hospitalar, nos casos de
acidentes com vítimas ou a pessoas em iminente perigo de vida;
 Atuar na execução das atividades de defesa civil, inclusive, nos acasos de mobilização
prevista na CF.

2.7 Guarda Municipal (enfoque na GM do Recife)


A Guarda Municipal do Recife é a mais antiga do Brasil. Foi criada pela Lei nº 3, de 22
de fevereiro de 1893, assinada pelo então prefeito Manoel Pinto Damasco e publicada no Diário
Oficial dois dias depois.
No início, os guardas municipais eram chamados de Guardas de Jardim, pois como não
podiam prender ninguém, suas atividades se limitavam a tomar conta das praças. Quando
acontecia de se constatar a presença de um marginal os guardas tinham que se deslocar até a
delegacia mais próxima.Com a portaria 247 de 11 de maio de 1951, os guardas passaram a ter o
porte de armas, além de passe livre nos transportes coletivos. Na mesma época, foi criada a
Associação da Guarda Municipal, com a finalidade de defender os direitos dos guardas
municipais. Através desta Associação, a Guarda tornou-se reconhecida pelas autoridades
policiais, civis e militares do estado, passando a freqüentar os cursos de defesa pessoal e tiro ao
alvo. Os GMs começaram a atuar nas praias, nas repartições da Prefeitura e no trânsito em
parceria com a polícia civil e militar. Em janeiro de 2003, houve a municipalização do trânsito
do Recife.

3. SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

Também a Constituição do Estado de Pernambuco, em seu Título IV, que trata da


Administração Pública Estadual, especificamente no Capítulo IV, art.101, dispõe sobre o
Sistema de Segurança Pública no âmbito do Estado de Pernambuco, elencando seus órgãos
permanentes.

“Art. 101 - A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio e
asseguramento da liberdade e das garantias individuais, através dos seguintes órgãos
permanente:

I - Polícia Civil;

II - Polícia Militar;
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III - Corpo de Bombeiros Militar (Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 04,
de 22/07/94)

§ 1º - As atividades de Segurança Pública serão organizadas em sistema, na forma da Lei.

§ 2º - Cabe ao Governador do Estado, assessorado por um conselho de Defesa Social, o


estabelecimento da política de defesa social e a coordenação das ações de Segurança Pública.

Art. 102 - A Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, integrantes
da Secretaria de Estado responsável pela defesa social, regular-se-ão por estatutos próprios que
estabelecerão a organização, garantias, direitos e deveres de seus integrantes, estruturando-os em
carreira, tendo por princípio a hierarquia e disciplina. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15, de 26/01/99).

Art. 103 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, ocupante do último nível da
carreira, incumbem, privativamente, ressalvada a competência da União:

I - as funções de Polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares;

II - a repressão da criminalidade.

§ 1º - A lei a que se refere o inciso VII, do parágrafo único, do artigo 18, criará órgãos
específicos e especializados para:

a) executar as atividades técnicas e científicas de realização de perícias criminais,


médico-legais e identificação civil e criminal;

b) proceder à apuração dos atos infracionais praticados por menores, obedecido o


disposto na legislação federal;

c) vistoriar e matricular veículos, bem como realizar exames de habilitação de condutores


de veículos, organizando e mantendo cadastro próprio, na forma da legislação federal.

§ 2º - O órgão com as atribuições a que se refere a alínea a, do parágrafo anterior, terá


plena independência técnica e científica, sendo dirigido privativamente por médico-legista ou
perito-criminal, ocupante do último nível da carreira, que participará obrigatoriamente do
Conselho de Defesa Social.

§ 3º - A direção do órgão setorial incumbido das atribuições de identificação civil e


criminal será de livre escolha do Chefe do Poder Executivo, entre os ocupantes de cargos de
nível superior, do quadro de pessoal policial civil do Estado.

§ 4º - Aos Delegados de Polícia de carreira aplica-se o princípio do artigo 3º, § 1º,


correspondente às carreiras disciplinadas no artigo 135, ambos da Constituição da República.
(Parágrafo revogado pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/99)

Art. 104 - As atividades de manutenção da ordem e segurança interna dos


estabelecimentos penais serão definidas em Lei.

Art. 105 - À Polícia Militar, força auxiliar e reserva do Exército, cabe com exclusividade
a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; e ao Corpo de Bombeiros Militar, também
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força auxiliar e reserva do Exército, cabe a execução das atividades da defesa civil, além de
outras atribuições definidas em Lei.

Parágrafo Único - Os Comandantes Gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros


Militar serão nomeados em comissão pelo Governador do Estado entre oficiais da ativa do
último posto de cada corporação.”

4. SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL

4.1 PODER JUDICIÁRIO


O Poder Judiciário Brasileiro tem como característica fundamental a sua unidade e o fato
de exercer o monopólio do poder de dizer o direito aplicável no caso concreto, a chamada coisa
julgada, que é decisão contra a qual não cabe mais nenhum recurso. A Constituição Federal
assegura ao Poder Judiciário autonomia administrativa e financeira, com o objetivo de garantir-
lhe a independência necessária para o exercício pleno de sua missão institucional.
O Poder Judiciário no Brasil se organiza no âmbito da União Federal e de cada Estado
membro da Federação. A Justiça da União compreende a Justiça Federal, a Justiça do Trabalho,
a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. Os estados devem organizar seus Poderes Judiciários, no
exercício de sua autonomia política, observados, no entanto, os princípios estabelecidos na
Constituição Federal. O Estado brasileiro é organizado de acordo com a teoria da tripartição do
Poder do Estado, como está disposto no artigo 2º da Constituição Federal:
"São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário". A fórmula idealizada por Montesquieu, em "O Espírito das Leis", consiste em
atribuir o exercício do Poder do Estado a órgãos distintos e independentes, cada qual com uma
função específica, prevendo-se ainda um sistema de controle entre poderes, de modo que
nenhum dos integrantes dos três Poderes pudesse agir em desacordo com as leis e a Constituição.
Esse sistema de controles recíprocos é também conhecido como "sistema de freios e
contrapesos", expressão tomada da doutrina norte-americana.
Cada Poder do Estado exerce preponderantemente uma função típica e secundariamente
funções atípicas. Assim:
 O Poder Legislativo elabora leis, respeitando o que foi traçado na Constituição
Federal.
 O Poder Executivo administra, ou seja, realiza os fins do Estado, adotando
concretamente as políticas para este fim.
 E o Poder Judiciário soluciona conflitos entre pessoas, ou entre indivíduos e o Estado,
entre grupos, segmentos da sociedade, coletividades, etc.
É muito importante esclarecer que compete ao Poder Judiciário restabelecer direitos que
sofreram lesão ou ameaça de lesão. Isto está inscrito entre os direitos e garantias fundamentais
dos cidadão, no artigo 5º da Constituição Federal: "a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito".
O conteúdo deste artigo é fundamental pois estabelece limites para o exercício do Poder.
Entre as funções atípicas está o controle entre os Poderes. Essa questão é fundamental para
compreender as relações entre os Poderes do Estado.

4.2 MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do estado brasileiro e da democracia. A


sua história é marcada por dois grandes processos que culminaram na formalização do Parquet
como instituição e na ampliação de sua área de atuação. No período colonial , o Brasil foi
orientado pelo direito lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. Mas as
Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordenações Filipinas de 1603 já faziam menção aos
promotores de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de promover a acusação
criminal. Existiam ainda o cargo de procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e o de
procurador da Fazenda (defensor do fisco).
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Só no Império, em 1832, com o Código de Processo Penal do Império, iniciou-se a


sistematização das ações do Ministério Público.
Na República, o decreto nº 848, de 11/09/1890, ao criar e regulamentar a Justiça Federal,
dispôs, em um capítulo, sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público no âmbito federal.
Neste decreto destacam-se:
a) a indicação do procurador-geral pelo Presidente da República;
b) a função do procurador de "cumprir as ordens do Governo da Repúlbica relativas ao
exercício de suas funções" e de "promover o bem dos direitos e interesses da União." (art.24,
alínea c).
Mas foi o processo de codificação do Direito nacional que permitiu o crescimento
institucional do Ministério Público, visto que os códigos (Civil de 1917, de Processo Civil de
1939 e de 1973, Penal de 1940 e de Processo Penal de 1941) atribuíram várias funções à
instituição.
 Em 1951,a lei federal nº 1.341 criou o Ministério Público da União, que se ramificava
em Ministério Público Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho. O MPU pertencia ao
Poder Executivo.
 Em 1981, a Lei Complementar nº 40 dispôs sobre o estatuto do Ministério Público,
instituindo garantias, atribuições e vedações aos membros do órgão.
 Em 1985, a lei 7.347 de Ação Civil Pública ampliou consideravelmente a área de
atuação do Parquet , ao atribuir a função de defesa dos interesses difusos e coletivos.
Antes da ação civil pública, o Ministério Público desempenhava basicamente funções
na área criminal. Na área cível, o Ministério tinha apenas uma atuação interveniente,
como fiscal da lei em ações individuais. Com o advento da ação civil pública, o órgão
passa a ser agente tutelador dos interesses difusos e coletivos.
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
sendo responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis.
Possui independência e autonomia, com orçamento, carreira e administração próprios.
Aparece na Constituição Federal no capítulo das funções essenciais à Justiça, sem vinculação
funcional com quaisquer dos Poderes do Estado.
O Ministério Público é uma instituição pública, mantida por custa de recursos públicos, e
com a missão de garantir o bom funcionamento da sociedade, seguindo os princípios da
honestidade, da democracia e, acima de tudo, da justiça, no mais amplo sentido da palavra. O
MP tem de lutar para transformar em questões judiciais os grandes temas da vida pública, de
maneira que nada fique de fora da atuação da justiça, exigindo que o Judiciário seja o espaço de
grandes transformações sociais. Por tudo isso é que o Ministério Público Federal pode e deve ser
visto como a voz da sociedade diante de todos os poderes, fazendo ecoar essa voz dentro do
Poder Judiciário.
O Ministério Público - MP é uma instituição permanente, essencial função
jurisdicional do Estado, que tem como atribuição a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (Constituição Federal, art. 127).
É uma instituição permanente porque é um dos meios pelos quais o Estado manifesta sua
soberania. Sendo assim, não pode ser extinto por qualquer dos Poderes, nem ter suas atribuições
repassadas a outras instituições.
Por seu papel de fiscalização e salvaguarda dos princípios e interesses fundamentais da
sociedade, o MP é funcionalmente independente de qualquer dos três Poderes. Para garantir que
o trabalho do MP fique livre de intervenção de qualquer dos poderes é que a Constituição
Federal reserva a ele uma Seção específica, no Capítulo IV - Das Funções Essenciais e Justiça,
conforme o esquema a seguir:
O papel do MP não é simplesmente de guardião da lei; sua missão, embora inclua o
aspecto da legalidade, vai muito além desse campo, abrangendo também a guarda e a promoção
da democracia, da cidadania e da justiça, da moralidade, além dos interesses da sociedade de
uma maneira geral, sobretudo nas questões mais vulneráveis e portanto mais necessitadas de
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amparo, como as etnias oprimidas, o meio ambiente, o patrimônio público e os direitos humanos,
entre outros temas.
As peculiaridades das funções atribuídas ao MP na Constituição brasileira, acumulando
as características de fiscal, ouvidor e advogado do povo, colocam-no em uma interessante
posição de defensor da sociedade contra possíveis abusos do Estado, ao mesmo tempo em que
defende o Estado Democrático de Direito contra possíveis ataques de particulares de má-fé.
O MP tanto pode agir por sua própria iniciativa, sempre que considerar que os interesses
da sociedade estejam ameaçados, quanto pode ser acionado por qualquer cidadão que considerar
que algum direito ou princípio jurídico esteja sob ameaça.

Os órgãos do Ministério Público da União são os seguintes: Ministério Público Federal,


Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios. Nos Estados, a instituição é composta pelos Ministérios Públicos
estaduais.

O chefe do Ministério Público da União é o Procurador Geral da República e os chefes


dos Ministérios Públicos dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios são os Procuradores
Gerais. O Ministério Público possui autonomia funcional e administrativa.

RESOLUÇÃO Nº 20, de 28 de maio de 2007.

O controle externo da atividade policial.

Art. 1º Estão sujeitos ao controle externo do Ministério Público, na forma do art. 129,
inciso VII, da Constituição Federal, da legislação em vigor e da presente Resolução, os
organismos policiais relacionados no art. 144 da Constituição Federal, bem como as polícias
legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou militar, à qual seja atribuída parcela
de poder de polícia, relacionada com a segurança pública e persecução criminal.

Art. 2º O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem como
objetivo manter a regularidade e a adequação dos procedimentos empregados na execução da
atividade policial, bem como a integração das funções do Ministério Público e das Polícias
voltada para a persecução penal e o interesse público, atentando, especialmente, para:

I – o respeito aos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal e nas leis;


II – a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio
público;
III – a prevenção da criminalidade;
IV – a finalidade, a celeridade, o aperfeiçoamento e a indisponibilidade da persecução
penal;
V – a prevenção ou a correção de irregularidades, ilegalidades ou de abuso de poder
relacionados à atividade de investigação criminal;
VI – a superação de falhas na produção probatória, inclusive técnicas, para fins de
investigação criminal;
VII – a probidade administrativa no exercício da atividade policial.

Art. 3º O controle externo da atividade policial será exercido:

I - na forma de controle difuso, por todos os membros do Ministério Público. Com


atribuição criminal, quando do exame dos procedimentos que lhes forem atribuídos;
II - em sede de controle concentrado, através de membros com atribuições específicas
para o controle externo da atividade policial, conforme disciplinado no âmbito de cada
Ministério Público.
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Art. 4º Incumbe aos órgãos do Ministério Público, quando do exercício ou do


resultado da atividade de controle externo:

I – realizar visitas ordinárias periódicas e, quando necessárias, a qualquer


tempo, visitas extraordinárias, em repartições policiais, civis e militares, órgãos de perícia
técnica e aquartelamentos militares existentes em sua área de atribuição;
II – examinar, em quaisquer dos órgãos referidos no inciso anterior, autos de inquérito
policial, inquérito policial militar, autos de prisão em flagrante ou qualquer outro expediente ou
documento de natureza persecutória penal, ainda que conclusos à autoridade, deles podendo
extrair cópia ou tomar apontamentos, fiscalizando seu andamento e regularidade;
III – fiscalizar a destinação de armas, valores, substâncias entorpecentes, veículos e
objetos apreendidos;
IV – fiscalizar o cumprimento dos mandados de prisão, das requisições e demais medidas
determinadas pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, inclusive no que se refere aos
prazos;
V – verificar as cópias dos boletins de ocorrência ou sindicâncias que não geraram
instauração de Inquérito Policial e a motivação do despacho da autoridade policial, podendo
requisitar a instauração do inquérito, se julgar necessário;
VI – comunicar à autoridade responsável pela repartição ou unidade militar, bem como à
respectiva corregedoria ou autoridade superior, para as devidas providências, no caso de
constatação de irregularidades no trato de questões relativas à atividade de investigação penal
que importem em falta funcional ou disciplinar;
VII – solicitar, se necessária, a prestação de auxílio ou colaboração das corregedorias dos
órgãos policiais, para fins de cumprimento do controle externo;
VIII – fiscalizar cumprimento das medidas de quebra de sigilo de comunicações, na
forma da lei, inclusive através do órgão responsável pela execução da medida;
IX – expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços policiais, bem como o
respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa seja de responsabilidade do Ministério
Público, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis.
§ 1º Incumbe, ainda, aos órgãos do Ministério Público, havendo fundada necessidade e
conveniência, instaurar procedimento investigatório referente a ilícito penal ocorrido no
exercício da atividade policial.
§ 2º O Ministério Público poderá instaurar procedimento administrativo visando sanar as
deficiências ou irregularidades detectadas no exercício do controle externo da atividade policial,
bem como apurar as responsabilidades decorrentes do descumprimento injustificado das
requisições pertinentes.
§ 3º Decorrendo do exercício de controle externo repercussão do fato na área cível,
incumbe ao órgão do Ministério Público encaminhar cópias dos documentos ou peças de que
dispõe ao órgão da instituição com atribuição para a instauração de inquérito civil público ou
ajuizamento de ação civil por improbidade administrativa.

Art. 5º Aos órgãos do Ministério Público, no exercício das funções de controle


externo da atividade policial, caberá:

I – ter livre ingresso em estabelecimentos ou unidades policiais, civis ou aquartelamentos


militares, bem como casas prisionais, cadeias públicas ou quaisquer outros estabelecimentos
onde se encontrem pessoas custodiadas, detidas ou presas, a qualquer título, sem prejuízo das
atribuições previstas na Lei de Execução Penal que forem afetadas a outros membros do
Ministério Público;
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II – ter acesso a quaisquer documentos, informatizados ou não, relativos à atividade-fim
policial civil e militar, incluindo as de polícia técnica desempenhadas por outros órgãos, em
especial:
a) ao registro de mandados de prisão;
b) ao registro de fianças;
c) ao registro de armas, valores, substâncias entorpecentes, veículos e outros
objetos apreendidos;
d) ao registro de ocorrências policiais, representações de ofendidos e notitia
criminis;
e) ao registro de inquéritos policiais;
f) ao registro de termos circunstanciados;
g) ao registro de cartas precatórias;
h) ao registro de diligências requisitadas pelo Ministério Público ou pela
autoridade judicial;
i) aos registros e guias de encaminhamento de documentos ou objetos à perícia;
j) aos registros de autorizações judiciais para quebra de sigilo fiscal, bancário de
comunicações;
IIl) aos relatórios e soluções de sindicâncias findas.
IV – acompanhar, quando necessária ou solicitada, a condução da investigação policial
civil ou militar;
V – requisitar à autoridade competente a instauração de inquérito policial ou inquérito
policial militar sobre a omissão ou fato ilícito ocorrido no exercício da atividade
policial, ressalvada a hipótese em que os elementos colhidos sejam suficientes ao ajuizamento de
ação penal;
VI – requisitar informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito
policial não concluído no prazo legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao Ministério
Público ou Poder Judiciário, no estado em que se encontre;
VII – receber representação ou petição de qualquer pessoa ou entidade, por desrespeito
aos direitos assegurados na Constituição Federal e nas leis, relacionados com o exercício da
atividade policial;
VIII – ter acesso ao preso, em qualquer momento;
IX – ter acesso aos relatórios e laudos periciais, ainda que provisórios, incluindo
documentos e objetos sujeitos à perícia, guardando, quanto ao conteúdo de documentos, o sigilo
legal ou judicial que lhes sejam atribuídos, ou quando necessário à salvaguarda do procedimento
investigatório.

Art. 6º Nas visitas de que trata o artigo 4º, inciso I, desta Resolução, o órgão do
Ministério Público lavrará a ata ou relatório respectivo, consignando todas as constatações e
ocorrências, bem como eventuais deficiências, irregularidades ou ilegalidades e as medidas
requisitadas para saná-las, devendo manter, na promotoria ou procuradoria, cópia em arquivo
específico.

Parágrafo único. A autoridade diretora ou chefe de repartição policial poderá ser


previamente notificada da data ou período da visita, bem como dos procedimentos e ações que
serão efetivadas, com vistas a disponibilizar e organizar a documentação a ser averiguada.

Art. 7º Os Ministérios Públicos dos Estados e da União deverão adequar os


procedimentos de controle externo da atividade policial, expedindo os atos necessários ao
cumprimento da presente Resolução, no prazo de 90 dias a contar de sua entrada em vigor.

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 28 de maio de 2007.
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4.3 A Defensoria Pública.

Ao Defensor Público do Estado, além de outras funções cometidas pelas Constituições


Federal e Estadual, nas normas gerais preconizadas pela legislação federal e demais leis,
compete, dentro de sua esfera de atribuições, a defesa dos direitos subjetivos juridicamente
tutelados, através da orientação jurídica e da assistência judicial e extrajudicial gratuita, em
qualquer juízo ou instância, às pessoas físicas, cuja insuficiência de recursos não lhes permita
arcar com as despesas processuais ou cuja hipossuficiência as coloque em situação de
vulnerabilidade em relação à parte contrária de modo a caracterizá-las como necessitadas, na
forma da lei.

Os Defensores Públicos atuarão junto a estabelecimentos policiais, prisionais e


penitenciários, visando assegurar às pessoas, sob qualquer circunstância, o exercício dos direitos
e garantias individuais, podendo requerer a transferência de presos para local adequado, quando
necessário, bem como inspecionar cadeias, presídios, manicômios judiciários, estabelecimentos
públicos ou privados de internação de incapazes e de menores, representando à autoridade
competente quanto a irregularidades verificadas.

4.4 Advogados da OAB.

A advocacia é tratada pela Constituição como função indispensável à Justiça. Assim, o


advogado exerce um serviço público, como servidor ou auxiliar da Justiça. É um instrumento da
administração democrática da justiça.

É interessante observar que a advocacia é a única profissão liberal que constitui


pressuposto essencial no funcionamento do Judiciário, como elemento propulsor. Em quase
todas as instâncias judiciais é imprescindível à presença de um advogado, constituindo um
monopólio dessa classe profissional (no âmbito do setor privado) na prestação da defesa judicial.

Dos Direitos do Advogado (Estatuto da OAB Lei nº 8.906/94).

Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do


Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça
devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade
da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.
Art. 7º São direitos do advogado:
I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a
inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua
correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou
apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares,
ainda que considerados incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo
ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
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V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na
sua falta, em prisão domiciliar;
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a
parte reservada aos magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça,
serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de
expediente e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro
serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao
exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido,
desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu
cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso
anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem
de chegada;
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze
minutos, salvo se prazo maior for concedido;
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe
forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade,
contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da
Administração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem
procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo
tomar apontamentos;
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de
flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos;
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em
cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo dez dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em
razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após
trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que
deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
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2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou
ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório,
secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de
ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver
os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns,
tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com
uso e controle assegurados à OAB.
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou
função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do
ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.

4.5 O Sistema Penitenciário.

A Constituição de 1988 contém garantias explícitas para proteção da população


encarcerada, entre essas o inciso onde "é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral".

A descrição mais detalhada sobre as normas prisionais brasileiras ou pelo menos suas
aspirações para o sistema prisional pode ser encontrada na Lei de Execução Penal (LEP).
Adotada em 1984, a LEP é uma obra extremamente moderna de legislação; reconhece um
respeito saudável aos direitos humanos dos presos e contém várias provisões ordenando
tratamento individualizado, protegendo os direitos substantivos e processuais dos presos e
garantindo assistência médica, jurídica, educacional, social, religiosa e material. Vista como um
todo, o foco dessa lei não é a punição, mas a "ressocialização das pessoas condenadas". Além de
sua preocupação com a humanização do sistema prisional, também incita juizes a fazerem uso de
penas alternativas como fianças, serviços comunitários e suspensão condicional.

As Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil, que data de 1994, é um


documento, ainda mais obviamente, de aspirações. Consistindo-se de sessenta e cinco artigos, as
regras abrangem tópicos tais como classificação, alimentação, assistência médica, disciplina,
contato dos presos como o mundo exterior, educação, trabalho e direito ao voto. As regras
basearam-se amplamente no modelo nas Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros das
Nações Unidas e foram oficialmente descritas como um "guia essencial para aqueles que militam
na administração de prisões".

 Estabelecimentos Prisionais

A população carcerária do Brasil está distribuída em vários estabelecimentos de diferentes


categorias, incluindo penitenciárias, presídios, cadeias públicas, cadeiões, casas de detenção e
distritos ou delegacias policiais. A LEP estabelece que as várias categorias de estabelecimentos
sejam identificáveis por características específicas e que sirvam a tipos específicos de presos. Na
prática, no entanto, essas categorias são muito mais maleáveis e a troca de presos das várias
classificações entre os diversos estabelecimentos, muito maiores do que a lei sugere.
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Em teoria, a rota de um preso pelo sistema penal deveria seguir um curso previsível: logo
após ser preso, o suspeito criminoso deveria ser levado à delegacia de polícia para registro e
detenção inicial. Dentro de poucos dias, caso não fosse libertado, deveria ser transferido para
uma cadeia ou casa de detenção enquanto aguardasse julgamento e sentenciamento. Se
condenado, ele deveria ser transferido para um estabelecimento específico para presos
condenados. Ele talvez passasse suas primeiras semanas ou meses num centro de observação,
onde especialistas estudariam seu comportamento e atitudes--entrevistando-o, aplicando exames
de personalidade e "criminológicos" e obtendo informações pessoais sobre ele--para selecionar o
presídio ou outro estabelecimento penal melhor equipado para reformar suas tendências
criminosas.

Segundo a LEP, estabelecimentos para presos condenados seriam divididos em três


categorias básicas: estabelecimentos fechados, i.e., presídios; semi-aberto, que incluem colônias
agrícolas e industriais; e estabelecimentos abertos, i.e., casa do albergado. Um preso condenado
seria transferido para um desses estabelecimentos segundo o período de sua pena, o tipo de
crime, periculosidade avaliada e outras características. No entanto, se ele iniciasse o
cumprimento de sua pena em um presídio, ele deveria normalmente ser transferido para um do
tipo menos restritivo antes de servir toda sua pena, permitindo assim que ele se acostumasse com
uma liberdade maior e, de forma ideal, ganhasse noções úteis antes de retornar à sociedade.

4.6 Críticas e problemáticas enfrentado pelo Sistema Criminal Brasileiro:

a) O poder Judiciário: o acesso é desigual; a lentidão gera injustiça e impunidade; os


procedimentos espelham a desigualdade social; a transparência é precária;

b) A Defensoria Pública: há poucas defensorias estaduais e, onde existem, estão


desaparelhadas e com pessoal insuficiente;

c) O Ministério Público: a autonomia dos operadores é uma virtude, mas traz problemas,
porque pulveriza a instituição. Além disso, o viés criminalizante predomina. A fiscalização da
polícia civil não se realiza. Sua não participação efetiva nas investigações que instruem os
inquéritos reduz sua qualidade e os torna mais demorados.

d) O Sistema Policial: é ineficiente, corrupto e violento, isto é, freqüentemente violam os


direitos humanos, sobretudo dos pobres e negros. Aplicam seletivamente as leis, com viés de
classe e cor.

e) Sistema Penitenciário e de execução penal: não cumpre as determinações da LEP,


violam direitos, não garante a segurança dos apenados e da sociedade, e não aplica,
suficientemente, as penas alternativas à privação da liberdade. A superpopulação dos Presídios e
suas condições físicas, sanitárias e de ressocialização não contribuem para o regresso e
reinserção do detento a vida social.

5. Secretaria Nacional de Segurança Pública

No início de seu governo, Fernando Henrique Cardoso criou a Secretaria de Planejamento


de Ações Nacionais de Segurança Pública – SEPLANSEG2, ligada ao Ministério da Justiça, com
funções principais de assistir o ministro da Justiça nos assuntos referentes à segurança,
entorpecentes e trânsito.

2
BRASIL, Medida Provisória n. 813,de 1º de janeiro 1995. Diário Oficial da União, Brasília, p. 01, 1º de jan. 1995.
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Em 1997 a SEPLANSEG foi transformada em Secretaria Nacional de Segurança Pública
- SENASP3, com a missão de assessorar o Ministro da Justiça na definição e implementação da
política nacional de segurança pública, e, em todo o território nacional, acompanhar as atividades
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, por meio das seguintes ações principais:
O Decreto nº 4.991, de 18/02/2004, aprova a estrutura regimental do Ministério da
Justiça e em seu art. 14 define as competências da SENASP, dentre as quais cabe destacar:

a) assessorar o Ministro da Justiça na definição, implementação e acompanhamento


da Política Nacional de Segurança e dos Programas Federais de Prevenção Social
e Controle da Violência e Criminalidade;
b) planejar, acompanhar e avaliar a implementação de programas do Governo
Federal para a área de Segurança Pública;
c) promover a integração dos órgãos de Segurança Pública;
d) estimular a modernização e o reaparelhamento dos órgãos de Segurança Pública;
e) estimular e propor aos órgãos estaduais e municipais a elaboração de planos e
programas integrados de Segurança Pública, objetivando controlar ações de
organizações criminosas ou fatores específicos que gerem índices de
criminalidade e violência, bem como estimular ações sociais de prevenção da
violência e criminalidade.

No ano 2000 foi lançado o Plano Nacional de Segurança Pública - PNSP4, primeira
política pública de segurança no País, o Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP5, em
apoio às ações previstas no Plano6, e o Plano de Prevenção da Violência Urbana – PIAPS 7,
atrelado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, configurando o que
seria o pacote do Governo FHC para combate a violência e criminalidade no país.
O Plano Nacional de Segurança Pública, como o próprio documento o define, é um
“Plano de Ações” e tem por objetivo aperfeiçoar o sistema de segurança público brasileiro, por
meio de propostas que integrem políticas de segurança, políticas sociais, e ações comunitárias,
de forma a reprimir e prevenir o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança e a
tranqüilidade do cidadão brasileiro.

5.1 OBJETIVOS DO FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA

(Lei nº 10.201/01 com as alterações da Lei nº 10.746/03):

 reequipamento, treinamento e qualificação dos policiais civis e militares, corpos


de bombeiros militares e guardas municipais;
 implantação e manutenção de sistemas de informações, de inteligência e
investigação, bem como de estatísticas policiais;
 estruturação e modernização da polícia técnica e científica;
 implantação e manutenção de programas de polícia comunitária e de programas
de prevenção ao delito e à violência.

3
BRASIL, Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997. Altera dispositivos do Decreto nº 1.796, de 24 de janeiro de
1996, aprova a Estrutura Regimental do Ministério da Justiça. A criação da SENASP foi decorrente da
transformação da antiga Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública – SEPLANSEG.
4
BRASIL. Plano Nacional de Segurança Pública. Ministério da Justiça, SENASP, Brasília 2001.
5
BRASIL, Medida Provisória nº 2.029 e efetivado pela Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001. Alterado
posteriormente pela Lei 10.746, de 10 de outubro de 2003.
6
No lançamento do PNSP foi editada a Medida Provisória nº 2.028, que abriu o crédito extraordinário no valor de
R$ 330 milhões destinado ao Fundo Nacional de Segurança Pública.
7
BRASIL, Plano de Prevenção da Violência Urbana. Presidência da República. Gabinete de Segurança
Institucional, Brasília, 2002.
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A criação do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), com o objetivo central de
apoiar financeiramente os Estados e Municípios no desenvolvimento de seus projetos na área de
segurança pública, foi fundamental para consolidação do Plano de Segurança Pública do
Governo Federal.
As metas estabelecidas pelo FNSP previam apoiar, conforme avaliação do Conselho
Gestor, projetos apresentados pelos Estados e Municípios que se comprometessem com os
seguintes resultados:
realização de diagnóstico dos problemas de segurança pública e apresentação das
respectivas soluções;
desenvolvimento de ações integradas dos diversos órgãos de segurança pública;
qualificação das polícias civis e militares, corpos de bombeiros militares e das
guardas municipais;
redução da corrupção e violência policiais;
redução da criminalidade e insegurança pública; e
repressão ao crime organizado8.

Sem os seus recursos os Estados não teriam condições financeiras de custear os


investimentos na área da segurança pública e, conseqüentemente, muitos dos projetos previstos
no PNSP não teriam como serem efetivados por falta de recursos, como é o caso, por exemplo,
do reequipamento, treinamento e qualificação das polícias civis e militares, corpos de bombeiros
militares e guardas municipais; da criação de sistemas de informações, de inteligência e
investigação, bem como de estatísticas policiais; da estruturação e modernização da polícia
técnica e científica; de programas de polícia comunitária; e programas de prevenção ao delito e a
violência”9.
Outra medida importante foi atrelar a liberação de recursos do FNSP à determinação aos
Estados de formularem seus Planos Estaduais de Segurança Pública e os apresentar a SENASP
como pré-requisito para habilitação aos recursos do Fundo. Isso fez com que muitos
governadores que não priorizavam a segurança fossem obrigados a elaborarem seus planos
estaduais em cumprimento as metas previstas no PNSP.

5.2 SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA

O programa que busca a implantação de um sistema integrado entre União, Estados e


Municípios, propondo profundas reformas nas instituições policiais (modernização tecnológica,
melhoria de infra-estrutura e sistemas de gestão), objetivando à sua reorganização institucional e
a valorização de seus profissionais.

A SENASP age como indutora e articuladora das políticas públicas na área da segurança,
exercendo a coordenação a nível nacional para a implantação deste modelo.

8
BRASIL, Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001. Art. 4º.§ 2º. (Alterado pela Lei 10.746-2003)

9
Ibid. Art. 4.
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5.3 Força Nacional de Segurança Pública.

Considerando o disposto nos artigos 144 e 241 da Constituição e o princípio de


solidariedade federativa que orienta o desenvolvimento das atividades do Sistema Único de
Segurança Pública, por intermédio do Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004 ficou
disciplinado as regras gerais de organização e funcionamento da administração pública federal,
para desenvolvimento do programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de
Segurança Pública, ao qual poderão voluntariamente aderir os Estados e o Distrito Federal.

A Força Nacional de Segurança Pública somente poderá atuar em situações emergenciais


ou excepcionais, atividades de policiamento ostensivo destinadas à preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Compete ao Ministro de Estado da Justiça determinar o emprego da Força Nacional de


Segurança Pública, que será episódico e planejado em qualquer parte do território nacional,
mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal.

O contingente mobilizável da Força Nacional de Segurança Pública será composto por


servidores das polícias federais e dos órgãos de segurança pública dos Estados que tenham
aderido ao programa de cooperação federativa e que tenham recebido, do Ministério da Justiça,
treinamento especializado para atuação conjunta.

Os servidores de órgãos de segurança pública mobilizados para atuar de forma integrada,


no programa de cooperação federativa, ficarão sob coordenação da Secretaria Nacional de
Segurança Pública/Ministério da Justiça enquanto durar sua mobilização, mas não deixam de
integrar o quadro funcional de seus respectivos órgãos.

6. Secretaria de Defesa Social

No início de 1999 o governo Jarbas Vasconcelos (1999-2002) promoveu modificações na


estrutura organizacional do Poder Executivo Estadual, com a publicação da Lei nº 11.629/99,
com alterações em vários órgãos e, dentre essas modificações criou a Secretaria de Defesa Social
com a “missão de promover a defesa dos direitos do cidadão e da normalidade social”.
A partir de sua criação a Secretaria de Defesa Social assumiu a responsabilidade pela
condução da Política de Segurança Pública do Estado e a promover a integração das ações dos
órgãos operativos que integram o sistema de segurança do Estado: Polícia Militar, Polícia Civil,
Polícia Científica e Corpo de Bombeiros, com vistas à preservação da ordem pública no âmbito
do Estado. Surgiu aí o primeiro grande obstáculo ao governo: vencer a resistência dos próprios
policiais civis e militares, que, em sua maioria, rejeitou a criação da Secretaria de Defesa Social
e a conseqüente integração entre as duas instituições policiais. A forma como o projeto foi
conduzido foi alvo de críticas, por parte das duas corporações que até hoje não admitem terem
perdido o status de primeiro escalão. Mas apesar de toda a resistência foram feitos vários
investimentos na Secretaria de Defesa Social para dotá-la de uma estrutura que permitisse o
pronto atendimento às demandas solicitadas pela sociedade.

A missão é promover a Defesa dos Direitos do Cidadão e da normalidade social, através


dos Órgãos de Segurança Pública, integrando as ações do Governo.
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Os Órgãos que compõem a Secretaria de Defesa Social são:

 Polícia Militar;
 Polícia Civil;
 Corpo de Bombeiros Militar;
 Polícia Científica (Instituto de Criminalística, Instituto de Identificação, Instituto
de Medicina Legal).

O Instituto de Criminalística: Realização de Perícias em locais de morte, desabamentos,


incêndios, balística, material vegetal etc. Por ser a Perícia Técnica a peça chave do processo,
interage com todos os Poderes, com a Justiça, com a Polícia Civil, pois é elemento fundamental
no Inquérito Policial, Polícia Militar nos IPM, e, ainda quando necessário, com as Forças
Armadas, Polícia Federal, Ministério Público etc. Desde que exista um fato a esclarecer, e, que
deste necessite a Justiça, aí estará presente a Polícia Científica.

Instituto de Identificação Tavares Buril: Pelas suas Divisões Civil e Criminal, na


concessão de Cédulas de Identidades e Folhas de Antecedentes Criminais.

Instituto de Medicina Legal: Realização das Perícias Técnico-científicas, com a


finalidade de auxiliar à Justiça, perícias estas em pessoas vivas (Traumatológicas, Sexológicas
etc), cadáveres (Tanatoscópicas), e, Toxicológicas em material orgânico.

7. TEMAS PARA DEBATE

É fundamental debater sobre temas nacionais que implicam na segurança púbica. Muitas
questões estão sendo levantadas , as principais são: unificação, integração, desmilitarização e
desvinculação do Exército; e, polícia de ciclo completo.

 Unificação:

A unificação diz respeito a reunir, congregar, tornar uno, em uma só estrutura, duas ou
mais estruturas iguais ou diferenciadas. Em se tratando de Polícias, unificar significa reunir as
duas Polícias existentes, Civis e Militares, em uma única instituição. Elas deixariam de existir
como instituições autônomas e independentes e seriam reunidas em uma única Polícia.

A unificação institucional pressupõe reunir as duas Polícias existentes, civil e militar, em


uma única instituição. Elas deixariam de existir como instituições autônomas e independentes e
seriam reunidas em uma única Polícia. A unificação pode se dar com ou sem
desmilitarização. Na primeira hipótese, teríamos o inverso: o processo teria a hegemonia da
Polícia Civil, na medida em que a Polícia Militar perderia o seu caráter de militar e teria que se
adaptar ao ordenamento da Polícia Civil; teríamos a criação da Polícia Única Civil. Com
desmilitarização, a integração institucional tende à unificação, na medida em que teremos duas
instituições de mesma natureza, ou seja, civis, uma ostensiva e outra investigativa. Na segunda
hipótese, o processo de unificação teria a hegemonia da Polícia Militar, que não perderia essa
sua característica distintiva, de tal modo que a Polícia Civil teria de adaptar as estruturas já
existentes; teríamos a criação da Polícia Única Militar.
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 Integração

A integração refere-se ao ato de juntar-se, de incorporar-se, tornando parte integrante


naquilo que for possível fazê-lo, duas ou mais estruturas distintas, mantendo a individualidade
de cada uma. No caso das Polícias Civis e Militares, a integração diz respeito à incorporação de
determinadas rotinas, procedimentos e estruturas de ambas as Polícias, de tal modo que possam
ser compartilhadas, racionalizando-se a administração dos recursos humanos e materiais e
otimizando-se a eficácia do aparato policial. Nesse caso, a integração de ambas as instituições
mantém a independência e a autonomia de cada uma delas.

A integração institucional implica a incorporação de determinadas rotinas,


procedimentos e estruturas de ambas as Polícias, Civil e Militar, que podem ser
compartilhadas. Por ela, cada polícia mantém a sua independência, a sua autonomia e a sua
identidade, não havendo a constituição de uma única polícia.

 Desmilitarização e desvinculação do Exército

É pertinente considerar que a função polícia é uma atividade eminentemente civil,


entretanto existem democracias que apresentam Instituições que exercem a função polícia e que
são organizadas sob a estética ou viés militar, como é o caso da Gendermerie na França. Estar
organizada sob esse viés, não significa estar ideologicamente formatada para agir como se
estivesse em um campo de batalha, identificando inimigos. O policial militar é formado para
atuar em situações de Lei e Ordem, ou seja, em conflitos internos.

Por outro lado, alguns autores afiançam que a existência de uma força policial militar no
caso brasileiro se faz necessária. Pois, não se pode esquecer que as Forças Nacionais brasileiras
por falta de uma política efetiva de defesa nacional possuem uma contingente militar limitado,
quando se analisa a extensão do território nacional. Países menores que o Brasil possuem
recursos materiais e um contingente militar bem maior. Assim, em caso de uma mobilização
nacional, o Exército Brasileiro poderá se utilizar dos militares estaduais que integram as Polícias
Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, mas se estes não mais existirem o Brasil terá uma
carência de efetivo, e terá dificuldades para enfrentar eventuais hostilidades estrangeiras.

A desvinculação em se tratando de polícias, refere-se ao fim de qualquer vínculo da


polícia militar com o Exército. Assim, desvincular-se a polícia militar do Exército pressupõe o
fim do conceito de "força auxiliar e reserva do Exército", constante do §6º do art. 144 da
Constituição Federal. Por outro lado, a desvinculação do Exército não implica, necessariamente,
no fim do caráter militar da polícia militar, pois a permanência dessa característica não depende
da vinculação ao Exército. Em decorrência, a polícia militar pode estar desvinculada do Exército
e permanecer militar.

O Art. 42 da Constituição, ao introduzir o conceito de "militar do Estado" para definir o


status dos integrantes das polícias militares e corpos de bombeiros militares, criou a
possibilidade legal da existência da condição de militar para o policial militar,
independentemente do Exército. O parágrafo § 1º do art. 42, ao indicar quais os dispositivos da
Constituição que se aplicam aos militares dos Estados, indicou, dentre outros, o § 3º do art. 142,
que disciplina as disposições concernentes às Forças Armadas, como patentes, critérios de
ingresso e direitos e obrigações tipicamente militares, delimitando um parâmetro de simetria
normativa entre aqueles e estas.

O desenvolvimento econômico e a democracia independem da estética militar das


polícias. Assim, como ocorre no Chile, que possui um crescimento econômico elevado para os
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padrões da América Latina, com a Espanha, e a França, entre outros países, que possuem uma
Polícia com estética militar, o Brasil também pode e deve possuir uma polícia com estética
militar.

 Ciclo Completo

Atualmente, no Estado e no Distrito Federal, nenhuma força policial possui o ciclo


completo de Polícia. A Polícia Militar não tem competência para investigar, exercendo apenas
atos de polícia ostensiva e preventiva. A Polícia Civil não tem competência para exercer atos de
polícia ostensiva e preventiva, apesar de em muitas oportunidades praticar esta espécie de atos,
podendo em tese apenas investigar. Desta forma, ao invés da unificação, poderia se permitir que
as polícias nos Estados e no Distrito Federal praticassem todos os atos do ciclo de polícia.

No Estado de Direito, é possível a existência de várias forças policiais com o ciclo


completo de polícia, dividindo-se as atribuições por matéria, tal como ocorre, por exemplo, nos
Estados Unidos, onde existem mais de 40 agências policiais, que se encontram divididas por
matérias e com o ciclo completo de Polícia.

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