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Apostila Sistema de Seguranca Publica No Brasil PDF
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1.1 SISTEMA:
Esse conceito, embora o R-200 ainda não tenha sido modificado, enfrenta alguns
conflitos conceituais. Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1987), ele é contraditório quando
confunde ordem jurídica com a “ordem nas ruas”. E explica que embora uma violação a norma
jurídica possa se constituir numa inflação a ordem pública, nem sempre as violações à ordem
pública podem ser consideradas com inflação a ordem jurídica. Dessa forma, ele propõe um
“conceito sintético”, que a seu ver “parece conter o essencial”, e postula que “Ordem Pública,
objeto da Segurança Pública, é a situação de convivência pacifica e harmoniosa da população,
fundada nos princípios éticos vigentes na sociedade”. E acrescenta que ao definir a Ordem
Pública com “objeto” da Segurança Pública, ele esta fazendo uma vinculação “operativa”. O
termo “situação” deve ser entendido como um fato e não uma norma. E por “convivência
pacifica e harmoniosa” deve ser compreendido a ausência da “violência, do terror, da
intimidação e dos antagonismos capazes de romper a situação desejada”. Por último, o Jurista
enfatiza que “a menção aos princípios éticos, vincula a situação, a ser mantida ou recuperada, às
1
R-200.
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vigências éticas e que não é, de nenhum modo, uma atividade repressiva: a repressão dos crimes
compete aos tribunais”.
Para outro Jurista, Álvaro Lazzarini, o conceito contido no R-200, que define Ordem
Pública como “conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico(...)”, também
é conflitante, e sugere que seja abandonado ou substituído. Para ele...
O conceito de ordem pública tal qual foi concebido no R-200, fortalece a doutrina do fiel
cumprimento da lei, excluindo as variáveis sociais, econômicas e políticas, que são mutáveis no
tempo e no espaço, independentemente do sistema jurídico em vigor. Mas embora o texto legal
não tenha sido reformado, a verdade é que o Brasil mudou. Se antes vivíamos sob um Regime de
exceção, hoje convivemos num Estado Democrático de Direito, onde a participação do cidadão
deve ser privilegiada, e sua opinião valorizada no planejamento das políticas publicas e no
fortalecimento da Democracia.
Compreende:
Tranqüilidade Pública;
Segurança Pública;e,
Salubridade Pública.
O Manual Básico de Policiamento Ostensivo, instituído no inicio dos anos 80, do último
século, definiu Segurança Pública como “a garantia que o Estado (União, Unidades Federativas e
Municípios) proporciona à Nação, a fim de assegurar a Ordem Pública contra violações de toda
espécie, desde que não contenha conotações ideológicas”.
Todavia, no período de exceção, a Ordem Pública nas ruas não apresentava níveis
intoleráveis de criminalidade e violência. Os crimes sem ideologia se resumiam a furtos, assaltos
contra transeuntes, poucos homicídios, e outros delitos de incidências reduzidas e menores
potenciais. Não havia seqüestros, assaltos a bancos, roubos de carros e nem as elevadas taxas de
homicídios. A propósito, Sapori (in Ratton & Barros, 2007:100), afirma “que o crescimento dos
indicadores de criminalidade nas últimas duas décadas em nosso Pais coincide temporariamente
com o processo de fortalecimento de nossas instituições democráticas”. Disso pode-se concluir
que o maior empenho da Polícia Militar era justamente no controle e na contenção de
manifestações de ruas contrárias ao Regime, ou seja, aquelas com conotações ideológicas, pois a
Segurança Pública estava sob controle.
Sobre a Segurança Pública, Diogo de Figueiredo explica que afirmar que algo está seguro
implica em afirmar que esse algo está garantido contra alguma coisa que possa oferecer algum
risco. E se o objeto da preocupação (o algo) é a Ordem Pública, esta deve ser protegida contra os
riscos que a violem. Daí o seu entendimento de Segurança Pública como “a garantia da Ordem
Pública. Sendo uma atividade – meio, ela se submete aos mesmos condicionamentos da Ordem
Pública, que é sua finalidade: deve ser legal, legítima e moral”. Para ele, quatro elementos estão
implícitos na Segurança Pública: o valor garantido; o autor da garantia; o risco e modalidade
poder:
“A Defesa Social supõe inicialmente uma concepção geral do sistema anticriminal que
não visa unicamente à expiação de uma falta por meio de um castigo, mas busca proteger a
sociedade contra as ações criminais.”.(Ancel, 1979, p.17)
“Assim, a história das idéias penais nos apresenta duas concepções principais,
fundamentalmente diferentes, da noção de defesa social: a) a concepção antiga, defendida ainda
por muitos, que a limita à proteção da sociedade através da repressão ao crime; b) a concepção
moderna, que encontra sua expressão na excelente fórmula adotada pelas Nações Unidas quando
da criação, em 1948, de sua Secção de Defesa Social: a prevenção do crime e o tratamento dos
delinqüentes. Prevenção e tratamento são, poder-se-ia dizer, as duas dimensões que faltavam à
concepção tradicional”. (Ancel, 1979, p. 10)
“A Defesa Social inclui, entre outras atividades, a prestação de serviços de segurança
pública e de defesa civil”. SENASP
“Defesa Social é o conjunto de ações desenvolvidas por órgãos, autoridades e agentes
públicos, cuja finalidade exclusiva ou parcial seja a proteção e o socorro públicos, através de
prevenção, ou repressão de ilícitos penais ou infrações administrativas. a defesa social visa, antes
de tudo, a atingir um elenco de soluções que levam à harmonia social. A Defesa Social consiste,
então, num conjunto de ações adotadas para proteger os cidadãos contra os risco decorrentes da
própria sociedade. A Defesa Social é exercida pelos poderes constituídos, instituições, órgãos e
entidades públicos ou privados, que tenham por fim proteger o cidadão e a sociedade, através de
mecanismos que assegurem a ordem pública”. PMMG
É o entendimento de que a criminalidade não se resolve no contexto restrito do Direito
Penal, mas sim num programa de ampla defesa social que envolva o punir ( quando útil e justo) e
o tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde ele emerge.
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Inovação da mesma forma relevante, e que não poderia deixar de ser comentada neste
tópico (muito embora venha a ser abordada de maneira mais pormenorizada em um momento
específico das nossas aulas), foi atribuir ao Ministério Público a função de exercer o controle
externo da atividade policial (art. 129, inciso VII). No caso da polícia federal, o controle externo
da atividade policial está previsto na Lei Complementar nº 75/93 (Estatuto do Ministério Público
da União), que estabelece que o Ministério Público da União exercerá o controle externo
mediante medidas judiciais e extrajudiciais. No caso das polícias estaduais, civis e militares, o
controle externo das atividades policiais cabe ao Ministério Público estadual.
Pois bem, o Título V da Constituição Federal trata “Da Defesa do Estado e das instituições
democráticas”.
I - polícia federal;
IV - polícias civis;
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”
Em 10 de maio de 1808, na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, foi criada pelo
Príncipe Regente a Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil e nomeado para
exercê-la, o Desembargador Paulo Fernandes Ferreira Viana. O órgão, implantado no modelo de
polícia adotado então em Lisboa, tinha por atribuição fazer a segurança pessoal da família real,
bem como a segurança coletiva, que incluía o policiamento dos logradouros públicos, a
investigação de crimes e a captura de criminosos. Competia ao Intendente Geral decidir sobre as
condutas consideradas ilícitas, determinar a prisão ou a liberdade de alguém, levar a julgamento,
condenar e supervisionar o cumprimento da pena. Surgia, assim, a Polícia Civil no Brasil.
A gestão de Policia Judiciária em Pernambuco ficou, por muito tempo, a cargo dos Juizes de
Direito, também chamados de “Questores de Polícia” que, posteriormente, começaram a
“delegar” a missão a outras pessoas, vindo, daí, o termo “delegado”, até hoje usado entre nós.
Em 1836, por lei provincial, foram criadas as Prefeituras Policiais, sendo instituídas, a partir de
então, outras normas para melhorar a eficácia daquele serviço.
Seu primeiro Quartel era sediado no Pátio do Paraíso, no Recife, onde hoje passa a Av.
Dantas Barreto (uma das principais da região metropolitana atual), e o 1º Comandante-Geral foi
o Tenente Coronel de 1ª Linha do Exército Antônio Maria da Silva Torres, que inclusive, tomou
parte na repressão aos mártires de 1824. Contudo, há documentação comprobatória da assunção
no cargo de Comandante Geral da Polícia Militar da Província de Pernambuco, em 18 de agosto
de 1822, do Capitão José de Barros Falcão de Lacerda, e até referência histórica a um contrato de
Maurício de Nassau com a Companhia das Índias Ocidentais, da existência de uma Polícia
Militar, conforme documento datado de 23 de agosto de 1636.
I - Polícia Civil;
II - Polícia Militar;
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III - Corpo de Bombeiros Militar (Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 04,
de 22/07/94)
Art. 102 - A Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, integrantes
da Secretaria de Estado responsável pela defesa social, regular-se-ão por estatutos próprios que
estabelecerão a organização, garantias, direitos e deveres de seus integrantes, estruturando-os em
carreira, tendo por princípio a hierarquia e disciplina. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15, de 26/01/99).
Art. 103 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, ocupante do último nível da
carreira, incumbem, privativamente, ressalvada a competência da União:
II - a repressão da criminalidade.
§ 1º - A lei a que se refere o inciso VII, do parágrafo único, do artigo 18, criará órgãos
específicos e especializados para:
Art. 105 - À Polícia Militar, força auxiliar e reserva do Exército, cabe com exclusividade
a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; e ao Corpo de Bombeiros Militar, também
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força auxiliar e reserva do Exército, cabe a execução das atividades da defesa civil, além de
outras atribuições definidas em Lei.
Art. 1º Estão sujeitos ao controle externo do Ministério Público, na forma do art. 129,
inciso VII, da Constituição Federal, da legislação em vigor e da presente Resolução, os
organismos policiais relacionados no art. 144 da Constituição Federal, bem como as polícias
legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou militar, à qual seja atribuída parcela
de poder de polícia, relacionada com a segurança pública e persecução criminal.
Art. 2º O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem como
objetivo manter a regularidade e a adequação dos procedimentos empregados na execução da
atividade policial, bem como a integração das funções do Ministério Público e das Polícias
voltada para a persecução penal e o interesse público, atentando, especialmente, para:
Art. 6º Nas visitas de que trata o artigo 4º, inciso I, desta Resolução, o órgão do
Ministério Público lavrará a ata ou relatório respectivo, consignando todas as constatações e
ocorrências, bem como eventuais deficiências, irregularidades ou ilegalidades e as medidas
requisitadas para saná-las, devendo manter, na promotoria ou procuradoria, cópia em arquivo
específico.
A descrição mais detalhada sobre as normas prisionais brasileiras ou pelo menos suas
aspirações para o sistema prisional pode ser encontrada na Lei de Execução Penal (LEP).
Adotada em 1984, a LEP é uma obra extremamente moderna de legislação; reconhece um
respeito saudável aos direitos humanos dos presos e contém várias provisões ordenando
tratamento individualizado, protegendo os direitos substantivos e processuais dos presos e
garantindo assistência médica, jurídica, educacional, social, religiosa e material. Vista como um
todo, o foco dessa lei não é a punição, mas a "ressocialização das pessoas condenadas". Além de
sua preocupação com a humanização do sistema prisional, também incita juizes a fazerem uso de
penas alternativas como fianças, serviços comunitários e suspensão condicional.
Estabelecimentos Prisionais
c) O Ministério Público: a autonomia dos operadores é uma virtude, mas traz problemas,
porque pulveriza a instituição. Além disso, o viés criminalizante predomina. A fiscalização da
polícia civil não se realiza. Sua não participação efetiva nas investigações que instruem os
inquéritos reduz sua qualidade e os torna mais demorados.
2
BRASIL, Medida Provisória n. 813,de 1º de janeiro 1995. Diário Oficial da União, Brasília, p. 01, 1º de jan. 1995.
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Em 1997 a SEPLANSEG foi transformada em Secretaria Nacional de Segurança Pública
- SENASP3, com a missão de assessorar o Ministro da Justiça na definição e implementação da
política nacional de segurança pública, e, em todo o território nacional, acompanhar as atividades
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, por meio das seguintes ações principais:
O Decreto nº 4.991, de 18/02/2004, aprova a estrutura regimental do Ministério da
Justiça e em seu art. 14 define as competências da SENASP, dentre as quais cabe destacar:
No ano 2000 foi lançado o Plano Nacional de Segurança Pública - PNSP4, primeira
política pública de segurança no País, o Fundo Nacional de Segurança Pública - FNSP5, em
apoio às ações previstas no Plano6, e o Plano de Prevenção da Violência Urbana – PIAPS 7,
atrelado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, configurando o que
seria o pacote do Governo FHC para combate a violência e criminalidade no país.
O Plano Nacional de Segurança Pública, como o próprio documento o define, é um
“Plano de Ações” e tem por objetivo aperfeiçoar o sistema de segurança público brasileiro, por
meio de propostas que integrem políticas de segurança, políticas sociais, e ações comunitárias,
de forma a reprimir e prevenir o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança e a
tranqüilidade do cidadão brasileiro.
3
BRASIL, Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997. Altera dispositivos do Decreto nº 1.796, de 24 de janeiro de
1996, aprova a Estrutura Regimental do Ministério da Justiça. A criação da SENASP foi decorrente da
transformação da antiga Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública – SEPLANSEG.
4
BRASIL. Plano Nacional de Segurança Pública. Ministério da Justiça, SENASP, Brasília 2001.
5
BRASIL, Medida Provisória nº 2.029 e efetivado pela Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001. Alterado
posteriormente pela Lei 10.746, de 10 de outubro de 2003.
6
No lançamento do PNSP foi editada a Medida Provisória nº 2.028, que abriu o crédito extraordinário no valor de
R$ 330 milhões destinado ao Fundo Nacional de Segurança Pública.
7
BRASIL, Plano de Prevenção da Violência Urbana. Presidência da República. Gabinete de Segurança
Institucional, Brasília, 2002.
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A criação do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), com o objetivo central de
apoiar financeiramente os Estados e Municípios no desenvolvimento de seus projetos na área de
segurança pública, foi fundamental para consolidação do Plano de Segurança Pública do
Governo Federal.
As metas estabelecidas pelo FNSP previam apoiar, conforme avaliação do Conselho
Gestor, projetos apresentados pelos Estados e Municípios que se comprometessem com os
seguintes resultados:
realização de diagnóstico dos problemas de segurança pública e apresentação das
respectivas soluções;
desenvolvimento de ações integradas dos diversos órgãos de segurança pública;
qualificação das polícias civis e militares, corpos de bombeiros militares e das
guardas municipais;
redução da corrupção e violência policiais;
redução da criminalidade e insegurança pública; e
repressão ao crime organizado8.
A SENASP age como indutora e articuladora das políticas públicas na área da segurança,
exercendo a coordenação a nível nacional para a implantação deste modelo.
8
BRASIL, Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001. Art. 4º.§ 2º. (Alterado pela Lei 10.746-2003)
9
Ibid. Art. 4.
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Polícia Militar;
Polícia Civil;
Corpo de Bombeiros Militar;
Polícia Científica (Instituto de Criminalística, Instituto de Identificação, Instituto
de Medicina Legal).
É fundamental debater sobre temas nacionais que implicam na segurança púbica. Muitas
questões estão sendo levantadas , as principais são: unificação, integração, desmilitarização e
desvinculação do Exército; e, polícia de ciclo completo.
Unificação:
A unificação diz respeito a reunir, congregar, tornar uno, em uma só estrutura, duas ou
mais estruturas iguais ou diferenciadas. Em se tratando de Polícias, unificar significa reunir as
duas Polícias existentes, Civis e Militares, em uma única instituição. Elas deixariam de existir
como instituições autônomas e independentes e seriam reunidas em uma única Polícia.
Por outro lado, alguns autores afiançam que a existência de uma força policial militar no
caso brasileiro se faz necessária. Pois, não se pode esquecer que as Forças Nacionais brasileiras
por falta de uma política efetiva de defesa nacional possuem uma contingente militar limitado,
quando se analisa a extensão do território nacional. Países menores que o Brasil possuem
recursos materiais e um contingente militar bem maior. Assim, em caso de uma mobilização
nacional, o Exército Brasileiro poderá se utilizar dos militares estaduais que integram as Polícias
Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, mas se estes não mais existirem o Brasil terá uma
carência de efetivo, e terá dificuldades para enfrentar eventuais hostilidades estrangeiras.
Ciclo Completo