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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE (...)

(nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº


(informar) e no RG nº (informar), residente e domiciliado à (endereço), na
cidade de (informar), por seus procuradores legalmente constituídos (doc. de
procuração anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
propor

AÇÃO INDENIZATÓRIA

contra a (nome da empresa), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o nº (informar), com sede à (endereço), na cidade de (informar), o
que faz pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

01 - DOS FATOS

O requerente, em (data), efetuou a compra de um (informar) da marca


(informar) junto à empresa requerida, optando pelo pagamento à vista no valor
de R$ XXX,XX (valor por extenso), conforme Cupom Fiscal anexo.

Entretanto, em menos de 01 (uma) semana após a aquisição do aparelho, o


mesmo passou a apresentar defeitos que impossibilitaram seu uso, de modo
que o requerente procurou a loja para solicitar seu reparo ou troca.

Ocorre que, chegando ao estabelecimento comercial requerido, o consumidor


foi informado de que o objeto comprado não poderia ser trocado e nem os
valores gastos ressarcidos, haja vista que o mesmo estaria fora da cobertura
da garantia em razão dos problemas financeiros da empresa fabricante do
produto.

Cumpre salientar que, no ato da compra, em momento algum o requerente foi


informado de que o produto estaria “fora da garantia” em razão de dificuldades
da fabricante. Alegação esta que, de toda forma, é completamente desprovida
de sustentação.

Inconformado, o requerente buscou de forma independente a assistência


técnica autorizada para sanar o vício no produto, porém, foi informado de que
não poderiam consertar o defeito.

Diante da situação, o requerente voltou ao estabelecimento requerido e


solicitou mais uma vez de forma amigável a devolução da quantia paga pelo
aparelho, tendo seu pedido prontamente recusado pelo requerido, o qual
mandou que o requerente “procurasse seus direitos”, pois não seria ele o
responsável pelo conserto do produto.

Sentindo-se lesado, o reclamante buscou ajuda no PROCON, porém, até o


momento nada foi resolvido, pois o requerido deixou de comparecer à
audiência designada não demonstrando nenhum interesse em resolver a
situação, tratando o problema com imenso descaso.

02 - DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor define, de maneira bem nítida, que o


consumidor de produtos e serviços deve ser agasalhado pelas suas regras e
entendimentos, senão vejamos:

"Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestações de serviços."

Com esse postulado o Código de Defesa do Consumidor consegue abarcar


devem responder por todos os fornecedores – sejam eles pessoas físicas ou
jurídicas – ficando evidente que quaisquer espécies de danos porventura
causados aos seus tomadores.

Com isso, fica espontâneo o vislumbre da responsabilização da empresa


requerida sob a égide da Lei nº 8.078/90, visto que se trata de um fornecedor
de produtos que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de
seus consumidores.

03 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Percebe-se, outrossim, que o requerente deve ser beneficiado pela inversão do


ônus da prova, pelo que reza o inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos encontra respaldo nos
documentos anexos, que demonstram a verossimilhança do pedido, conforme
disposição legal:

"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;"

O requerimento ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso


ordenamento jurídico, a exemplo do Código Civil, que evidenciam a pertinência
do pedido de reparação de danos.

Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser tratados de


forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua desigualdade. Ou
seja, no caso ora debatido, o requerente realmente deve receber a supracitada
inversão, visto que se encontra em estado de hipossuficiência, uma vez que
disputa a lide com uma empresa de grande porte, que possui maior facilidade
em produzir as provas necessárias para a cognição do Excelentíssimo
magistrado.

04 – DA RESPONSABILIDADE

A responsabilidade pelos vícios de qualidade apresentados por produtos de


consumo duráveis é suportada solidariamente pelo comerciante, nos exatos
termos do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis


respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”

O dispositivo traduz a responsabilidade solidária, que obriga os diversos níveis


de fornecedores a resolver o problema. No caso de protelarem a solução por
um dos envolvidos, os outros também podem ser chamados à
responsabilidade.

Basicamente, todas as empresas envolvidas na lesão ao consumidor têm


participação e devem responder pelos problemas causados. Cabe ao
consumidor escolher se quer acionar o comerciante ou o fabricante.

05 - DA OPÇÃO PELA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA

Se ao adquirir um produto, se o consumidor verificar que ele apresenta defeito,


o Código de Defesa do Consumidor assegura, em seu artigo 18, que:
“§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.”

Portanto, findo o trintídio a que alude o parágrafo primeiro do artigo 18, sem
que o fornecedor efetue o reparo (é direito do revendedor tentar eliminar o vício
nesse prazo), cabe ao consumidor a escolha de qualquer das alternativas
acima mencionadas.

Desta forma, opta o reclamante por resolver o contrato em perdas e danos,


pleiteando a restituição imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada
monetariamente, com fulcro no disposto no inciso II do § 1º do artigo 18, do
diploma consumerista.

06 - DO DANO MORAL

A empresa requerida, ao protelar uma resolução para o problema, seja pelo


conserto do aparelho em tempo hábil ou mesmo a restituição da quantia paga,
tem trazido toda sorte de transtornos ao requerente que se sentiu lesado e
humilhado.

O desgaste imposto ao requerente, como já relatado, é ainda maior pelo fato


de ter que procurar o estabelecimento comercial requerido por diversas vezes
nas tentativas sempre falhas de solucionar a questão.

A sensação de impotência ao tentar solucionar o problema junto à requerida,


sendo tratado por esta com descaso e negligência mesmo diante da
explanação do problema, atingiu de pronto sua alma.

Dessa forma, as esferas patrimonial e emocional foram plenamente atingidas,


sendo que os efeitos do ato ilícito praticado pela requerida alcançaram a vida
íntima do requerente, que viu quebrada a paz, a tranquilidade e a harmonia, lhe
originando seqüelas que se refletem em sérios danos morais.

É notória a responsabilidade objetiva da requerida, a qual independe do seu


grau de culpabilidade, uma vez que incorreu em uma lamentável falha, gerando
o dever de indenizar, pois houve defeito relativo à prestação de serviços. O
Código de Defesa do Consumidor consagra a matéria em seu artigo 14,
dispondo que:

"Art. 14. O fornecedor de serviço responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos".

Com relação ao dano moral puro, resta igualmente comprovado que a


requerida, com sua conduta negligente, violou diretamente direito do
requerente, qual seja, de ter sua paz interior e exterior inabalada por situações
com ao qual não concorreu. Trata-se do direito da inviolabilidade à intimidade e
à vida privada.

A indenização dos danos puramente morais deve representar punição forte e


efetiva, bem como, remédio para desestimular a prática de atos ilícitos,
determinando, não só à requerida, mas principalmente a outras empresas, a
refletirem bem antes de causarem prejuízo à outrem.

Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado pelo abalo moral em


decorrência do ato ilícito, em razão de ter sido vítima de completa e total falha
e negligência da demandada, assim como seja indenizado pelo abalo moral em
decorrência do ato ilícito.

07 - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

a) A citação do requerido, na pessoa do seu representante legal, para


comparecer a audiência conciliatória e, querendo, oferecer sua defesa na fase
processual oportuna, sob pena de revelia e confissão ficta da matéria de fato,
com o conseqüente julgamento antecipado da lide;

b) A procedência do pedido, com a condenação do requerido ao ressarcimento


imediato das quantias pagas, no valor de R$ XXX,XX (valor por extenso),
acrescidas ainda de juros e correção monetária, conforme artigo 18 do Código
de Defesa do Consumidor;

c) Seja o requerido condenada a pagar ao requerente um quantum a título de


danos morais, em valor não inferior a 40 (quarenta) salários mínimos, em
atenção às condições das partes, principalmente o potencial econômico-social
da lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e as circunstâncias fáticas;

d) A condenação do requerido em custas judiciais e honorários advocatícios,


no importe de 20%, caso haja recurso.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e


cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados.

Dá-se à presente o valor de R$ XX.XXX,XX (valor por extenso).


Termos em que,

Pede deferimento.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).

(assinatura)
(nome)
Advogado

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