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Davy Nabuco Barros, mat. 381982.

Fichamento do Texto 5:
Análise do Currículo de Alfabetização do Sistema Municipal de Ensino de Fortaleza-Ceará numa
Perspectiva Psicológica. In: HOLANDA, Patrícia Helena Carvalho. Alfabetização: uma visão
construtivista e psicanalista. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1998. (Cap. 5)

“Segundo Becker, é no cotidiano da sala de aula onde ocorre o fenômeno de um movimento de


polarização ‘espontânea’… que tende a valorizar ora o professor, ora o aluno, oras relações
professor-aluno.” (p. 101)

5.1 Pedagogia centrada no professor:


sua fundamentação epistemológica e sua prática pedagógica
“O primeiro modelo proposto por Becker pode ser associado à perspectiva empírica, do ponto de
vista da epistemologia. Trata-se em última instância, de uma visão mecanicista associada à teoria do
reflexo, uma vez que compreende o conhecimento como resultado da ação mecânica do objeto
(professor) sobre o sujeito (aluno).” (p. 102)
“De acordo com essa concepção, conforme Schaff, o objeto do conhecimento (o professor) atua
sobre o aparelho perceptivo do sujeito (aluno), levando-o a uma postura passiva e contemplativa,
limitando-se a registrar os estímulos vindos do exterior. Como resultado, o conhecimento aparece
como uma imagem, ou seja, retrato do objeto.” (p. 102)
“a pedagogia tradicional encontra-se interessada no produto e não no processo, pois os alunos são
encarados de forma homogênea. Nesta pedagogia, tudo o que não corresponder a este produto será
eliminado através do esquema estímulo-reforço-punição, que predomina no currículo produto.” (p.
103)
“A disciplina […] é encarada na escola como um fator de domínio docente, ou seja, é competente o
professor que mantém sua sala em silêncio e em ordem, aliás, numa forma utilizada pela pedagogia
tradicional de avalizar os mestres.” (p. 104)
“os alunos ficam distantes dos professores, recebendo os conteúdos de forma dogmática e
descontextualizada; a disciplina e a ordem é que assumem o papel de destaque no sistema.” (p. 104)
“[a] valorização do lúdio, proposta pela pedagogia nova incorporada pelo construtivismo, é uma
forma privilegiada de aprender, haja vista ser o lúdico mais apropriado para envolver criativamente
a criança na educação e na instrução.” (p. 106)
“[a concepção pedagógica advinda da teoria da ‘tábula rasa’, de Locke] leva à pressuposição de que
todos os alunos, ao entrarem na escola, possuem o mesmo grau de conhecimento, as mesmas
oportunidades e histórias de vida semelhantes.” (p. 106)
“o mecanismo é que tende a tornar homogêneas as respostas [,,,].” (p. 106)

5.2 Concepção de criança


“Para Platão, que […] influenciou a pedagogia tradicional, a criança é dotada de uma natureza
contraditória: ao mesmo tempo em que é vista como ser educável, possuidor de uma alma que, por
ser parente do inteligível, tem o senso da ordem, do ritmo e da harmonia é considerada como um
selvagem e comparada a um louco. Assim, consoante essa concepção, a criança não pode prescindir
dos cuidados dos adultos, em virtude da sua natureza educável e corruptível.” (p. 108)
“A pedagogia dos jesuítas, que influenciou quase todo o mundo, abrangendo o Brasil, concebia a
criança como um ser fraco e próximo ao pecado original. Portanto, a educação deveria empenhar-se
em levar o indivíduo a atingir a perfeição; para isto eles adotaram uma ação dogmática, sufocando o
senso crítico e desenvolvendo o intelecto e o conhecimento.” (p. 108)

5.3 Pedagogia centrada no aluno:


sua fundamentação epistemológica e sua prática pedagógica
“A fundamentação epistemológica deste paradigma situa-se nos pressupostos do modelo inatista-
ativista. […] a atenção está centrada no sujeito (aluno) que é criador da realidade. […] neste
paradigma o objeto do conhecimento perde o seu papel de predomínio para o sujeito.” (p. 111)
“[a] perspectiva racionalista […], apesar de conhecer a importância da experiência sensorial,
concebe a razão como determinante do conhecimento, deixando-o centrado no sujeito.” (p. 111)
“ao acreditar na capacidade inata da mente para gerar ideias, independentes dos estímulos do meio,
os filósofos racionalistas estavam diminuindo a capacidade da percepção sensorial.” (p. 111)
“A característica básica da pedagogia centrada no aluno é o psicologismo, a utilização de conteúdos
voltados para o desenvolvimento dos aspectos motores, afetivos e de relacionamento ‘harmonioso’,
visando ao desenvolvimento pessoal do aluno, de forma harmônica e integral, e à formação de
hábitos e atitudes.” (p. 111)
“Uma das críticas feitas a esta pedagogia é a descaracterização do ensino, por não manter os
conteúdos mínimos previstos na grade curricular, em virtude de o poder de decisão ficar nas mãos
dos alunos.” (p. 112)
“a pedagogia centrada no aluno teve o mérito de, ao abraçar as tendências não-diretivas, romper
com o autoritarismo na educação, embora na sua utilização tenham acontecido alguns equívocos, o
que acabou desencadeando um espontaneísmo, concorrendo para a acomodação do professor e para
uma relação de caráter mais clínico do que pedagógico.” (p. 112)
“A proposta curricular fundamentada numa perspectiva construtivista, ao fornecer subsídio para a
prática pedagógica, descarta, portanto, a ideia de prontidão para a alfabetização quando
desconsiderar as habilidades perceptuais envolvidas na leitura, tais como discriminação visual e
auditiva, habilidades psicomotoras e coordenação viso-manual, entre outros fatores da mesma
natureza. […] Para os adeptos do construtivismo, aprender a ler e escrever é algo mais complexo
que adquirir destreza com o lápis.” (pp. 113-14)

5.4 Concepção de criança


“A concepção de criança defendida pela pedagogia centrada no aluno vai coincidir com a proposta
por Rousseau […].” (p. 114)
“Rousseau defende a posição de que a natureza da criança é originalmente boa, portanto deve ser
protegida pela sociedade, fundando, assim, uma pedagogia da natureza, ressaltando a
espontaneidade através de uma interpretação positiva da natureza humana. Valorizou a expressão
livre da criança (desenho livre, jogo livre) e subestimou, em certa medida, disciplina e regras que
possam embotar a espontaneidade infantil, passando a julgar a criança em função de seu próprio
desenvolvimento.” (p. 114)
“o homem só ultrapassaria o estado de natureza com o surgimento da razão e da liberdade que o
fazem aquiescer à cultura. A cultura nasce portanto da natureza humana.” (p. 115)
5.5 Pedagogia centrada na relação:
sua fundamentação epistemológica e sua prática pedagógica
“Este modelo propõe uma relação cognitiva na qual não existe uma proeminência nem do sujeito
nem do objeto. Em outras palavras, no empirismo (primeiro modelo), o conhecimento vem da
experiência (o conhecimento ocorre conforme contato com o mundo externo). já no objetivista-
idealista (segundo modelo), a ênfase está no papel do sujeito, responsável pelo conhecimento
definido praticamente pela percepção, enquanto na concepção interacionista o conhecimento se dá
através da interação do sujeito (aluno) com o objeto (professor).” (p. 116)
“o interacionismo propõe sua visão de sujeito numa perspectiva dialética, sujeito movimento,
sujeito relação, sujeito transformação, o que vai estabelecer nova visão conceptiva de currículo
fundamentada numa concepção de natureza, de mundo e de sujeito, que difere dos modelos
anteriores, pois com base na relação.” (p. 116)

5.6 Concepção de criança


“a pedagogia compreende-a [a natureza moral do homem] como sendo má, conforme Platão; boa,
na perspectiva de Rosseau, nem boa nem má, consoante o entendimento de Locke e Piaget.” (p.
118)
“A proposta curricular da Secretaria de Educação e Cultura do Município de Fortaleza adota a
neutra concepção de natureza humana moral ativa, ao optar pelo referencial teórico-metodológico
construtivista, apontando para uma concepção de natureza enraizada na tradição dialética
defendendo o interacionismo, ou seja, na construção do conhecimento, o sujeito interage com o
meio, por conseguinte compreende o aluno como neutro e ativo.” (p. 118)
“o currículo deve nortear a prática pedagógica e não substituir a supervisão pedagógica e a direção
das escolas.” (p. 118)

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