Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ADMINISTRATIVO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
2
Sumário
1. Introdução........................................................................................................................................... 3
2. Fonte Constitucional........................................................................................................................ 3
3. Competência legislativa .................................................................................................................. 5
4. Natureza jurídica ............................................................................................................................... 6
5. Elementos da improbidade administrativa ................................................................................ 8
6. Sujeito Passivo DO ATO ................................................................................................................. 8
7. Sujeito ativo DO ATO ..................................................................................................................... 10
8. Ato de Improbidade ........................................................................................................................ 16
8.1. Enriquecimento ilícito: ............................................................................................................... 17
8.2. Dano ao erário: .......................................................................................................................... 19
8.3. Violação a princípios: ................................................................................................................ 21
9. Elemento Subjetivo ........................................................................................................................ 24
10. Sanções........................................................................................................................................... 25
10. Ação de Improbidade................................................................................................................... 31
11. Medidas cautelares na LIA - arts. 7º e 16, Lei 8.429/92 ....................................................... 45
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVAi
1. Introdução
Ela se revela:
a) vantagens patrimoniais indevidas
b) exercício nocivo da função pública, tráfico de influências, favorecimento de uma
minoria em detrimento da grande maioria.
Probidade e Moralidade
PROBIDADE está relacionada à honestidade, correção de conduta, boa administração,
com o PRINCÍPIO DA MORALIDADE. Elas se equivalem, sendo a moralidade o princípio e
improbidade lesão ao próprio princípio - José Afonso da Silva.
2. Fonte Constitucional
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (Da função atualmente
ocupada, mesmo que não seja a função na qual foi praticado o ato de improbidade).
Entende-se que o art. 37, §4º da CRF é norma de eficácia limitada, estando hoje
regulamentada pela Lei 8429/99.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
3. Competência legislativa
OBS. nas questões que envolvem direito eleitoral, civil ou político penal a competência
é privativa da União, sendo a lei considerada federal, tendo os estados competência
suplementar. Já quanto aos dispositivos que envolvem direito administrativo – declaração de
bens do servidor, apuração dos fatos na via administrativa, afastamento cautelar do agente –
a competência é concorrente, sendo a lei considerada federal, podendo os estados legislarem
de outra forma.
ADI 2182 foi decidida pelo STF, discutindo a inconstitucionalidade formal da lei de
improbidade, mas a ação foi julgada improcedente, afastando a tese de inconstitucionalidade.
4. Natureza jurídica
A improbidade não é ilícito penal, tem natureza jurídica de ilícito civil, dependendo de
ação civil (ADI 2797). Não exclui os crimes porventura praticados, devendo o ilícito penal ser
processado mediante ação penal. A mesma conduta também pode considerar uma infração
administrativa (funcional), sendo processado por PAD (Lei nº 8.112/90).
Ilícito penal: NÃO se trata de um ilícito penal, porque as suas sanções são totalmente
distintas das criminais. A própria CF demonstra que não se trata de crime: § 4º -sem prejuízo
da ação penal cabível.
Ilícito administrativo: As sanções também têm natureza totalmente diferente. Quem
irá definir o ilícito administrativo é servidor. Outra distinção reside no fato de que a infração
funcional é punida na via administrativa, por meio de processo administrativo. Já as sanções
por improbidade administrativa estão sujeitas à reserva de jurisdição, segundo o STF: “Ato de
improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não incumbe à
Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de atos de
improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Público para
ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão” (STF, RMS 24699,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 30/11/2004).
Ilícito cível: São atos que equivalem a ILÍCITOS CÍVEIS, entendidos como de natureza
extrapenal.
Ilícito de ato de improbidade: Há quem afirme que diante do caput do artigo 12, há
uma natureza autônoma de ilícito de ato de improbidade do qual decorre uma
RESPONSABILIDADE POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. Que será apurada por meio de um
processo civil, não tem natureza criminal.
Uma mesma conduta pode dar origem a três ações diferentes (ação civil, ação penal e
processo disciplinar) e também decisões diferentes em cada um dos processos. Em regra,
uma decisão não influência a outra. Chamamos esse fenômeno de independência de
instâncias.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra
a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos
na forma desta lei. Sujeitos passivos principais
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
contribuição dos cofres públicos. Sujeitos passivos secundários.
Ex. servidor de pessoa do parágrafo primeiro desviou 500.000, dos quais 100.000
vinham dos cofres públicos. A ação de improbidade vai versar apenas sobre os 100.000. No
caput seria a totalidade.
Observações:
- Conselho de classe? SIM – é autarquia. Se um empregado da OAB desviar dinheiro
ele responderá por improbidade.
- Sindicato? SIM – ele recebe contribuição sindical (valores públicos). Funcionário levou
o computador para casa. O sindicato é pessoa jurídica de direito privado e recebe contribuição
sindical (PARAFISCALIDADE: transferência da capacidade tributária), para se manter.
Contribuição é tributo. A contribuição é um benefício fiscal, então o sindicado está submetido
à lei de improbidade administrativa.
- Partido Político? SIM. Lembre-se do fundo partidário – tem dinheiro público.
- ONGs? OSCIPS. Serviços Sociais Autônomos, Organizações Sociais? SIM. Na sua
maioria (principalmente o terceiro setor, os entes de cooperação) tem relações com o Estado.
OSCIP pode sofrer ato de improbidade? Como recebe dinheiro público em decorrência
de termo de parceria, está submetida à lei de improbidade – caput ou parágrafo único.
SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO também está submetido à lei de improbidade. – caput.
Concessionárias/permissionárias? Não, se remuneradas por tarifas.
Obs2. Parecerista responde por ato de improbidade? Ato enunciativo. Em regra, não. Somente
quando houver dolo , culpa intensa, erro grave e inescusável.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.
Terceiros que induzam ou concorram para a prática do ato, ou dele se beneficie, sob
qualquer forma. SUJEITO ATIVO IMPRÓPRIO. Basta que ocorra uma dessas:
concorrer, induzir ou se beneficiar. Importante observar que esse terceiro não pode
praticar o ato de improbidade isoladamente. O ato deve ser praticado por um agente
público mediante induzimento, concorrência ou beneficiamento do terceiro.
Obs. tendo se referido apenas a essas três condutas, a instigação não acarreta a
responsabilidade do terceiro.
Obs. terceiro só responde dolosamente
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.
Emagis 33.13 Segundo posição sedimentada no STJ, nas ações civis públicas por
improbidade administrativa, NÃO HÁ litisconsórcio passivo necessário entre o agente público
e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo; cabe ao autor da ação indicar quem repute
responsável pelo ato, sem prejuízo a que acuse, em nova demanda, outro agente cuja
O STJ entende que não é possível demandar por ação de improbidade exclusivamente
o terceiro beneficiado (Info 535).
a) Recl. 2138 STF: decidiu que quando o agente político responde por crime de
responsabilidade, não responderá por ato de improbidade. Porém, a composição do
STF quando da conclusão da decisão tinha sido alterada. Essa posição foi superada.
b) A nova composição do STF decidiu que o agente político responde por improbidade
(mesmo que esteja respondendo por crime de responsabilidade), na primeira instância.
O Presidente da República está excluído da ação de improbidade, em razão do art. 85,
V, CF.
Os ministros do STF ressalvaram que quanto a eles o ato de improbidade será julgado
pelo próprio STF e não pela primeira instância. Por essa razão, o STJ proferiu algumas
decisões posicionando-se favoravelmente ao foro por prerrogativa de função. Contudo, essa
posição é minoritária.
#ENTENDIMENTOJURISPRUDENCIAL #STJ:
O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado
ou não, está sujeito a responsabilização por ato de improbidade administrativa. Isso
porque o conceito de agente público para fins de improbidade abrange não apenas os
servidores públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração
Pública.
Além disso, é possível aplicar a lei de improbidade mesmo para quem não é
agente público, mas induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma, direta ou indireta. É o caso do chamado "terceiro",
definido pelo art. 3º da Lei nº 8.429/92.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015
(Info 568)1.
1 Esse entendimento foi cobrado pela banca CESPE na prova do TJDFT/2016 e foi considerada correta a
seguinte alternativa: “O estagiário de órgão público, independentemente do recebimento de remuneração,
está sujeito à responsabilização por ato de improbidade administrativa.”
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
16
8. Ato de Improbidade
O ato de improbidade não precisa ser um ato administrativo, pode ser simplesmente
uma conduta. Na LIA, o ato de improbidade é dividido em três categorias: atos que geram
enriquecimento ilícito (art. 9º), dano ao erário (art. 10) e violação a princípios da Administração
Pública (art. 11).
Obs. o Estatuto da Cidade - lei 10.257/01 – criou uma quarta categoria quando manda
aplicar a lei 8429. Atos e omissões relativos à ordem urbanística. O único sujeito ativo é o
Prefeito – os demais que concorram para o ato respondem pela 8.429. Exige-se o dolo.
Dispensa enriquecimento ou dano – se houver aplica a 8.429. Conduta comissiva ou omissiva.
Admite qualquer tipo de dano. A aplicação é para um prejuízo geral (dano à natureza estética).
Segundo o STJ abrange o patrimônio em sua integralidade, não necessariamente o patrimônio
econômico (REsp 1.130754). Também traz um rol exemplificativo. DOLO OU CULPA.
Princípio da subsunção
Exemplo¹: fraude à licitação com superfaturamento. Se o lucro do superfaturamento foi
dividido entre o agente e o terceiro, houve enriquecimento ilícito e dano ao erário. Contudo, a
imputação tem que ocorrer pelo ato mais grave, no caso o enriquecimento ilícito.
Exemplo²: se o agente não se beneficiou com o enriquecimento ilícito, o agente causou tão
somente o dano ao erário. Porém, o terceiro obteve enriquecimento ilícito. Nessa hipótese a
imputação é pelo ato mais grave praticado pelo agente público e não pelo terceiro. Aqui os
dois responderão por dano ao erário. Quem define o ato de improbidade é a ação do agente.
Se um ato violar os 03 dispositivos (9º, 10 e 11)? Podem ser aplicados dois artigos ao
mesmo tempo? O entendimento é o de que somente seja cabível a indicação em somente um
dos artigos, preferindo sempre a conduta mais grave.
Capitulado o comportamento do agente, daí será estendida a capitulação para o
terceiro, como no concurso de agentes do CP (teoria monista).
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
É um rol exemplificativo. São exemplos: o desvio de finalidade, não publicação dos atos e
contratos, quebra do sigilo funcional, contratação sem concurso público, concessão inicial de
vantagens em concursos públicos. DOLO GENÉRICO.
Dolo
Comissivo ou omissivo
Dispensável – enriquecimento e dano
#DefensoriaPública #MinistérioPúblico
9. Elemento Subjetivo
10. Sanções
e) Multa civil
O limite é fixado em lei
A base de cálculo é fixada em lei: valor do acréscimo patrimonial, valor do dano,
valor da remuneração.
O montante deve ser destinado à pessoa jurídica que sofreu o dano
Perda de função política e suspensão dos direitos políticos apenas com o trânsito em
julgado da decisão. Na verdade a efetiva aplicação de qualquer sanção requer o trânsito em
julgado – presunção de inocência.
Obs. ACP ou ação de improbidade? Muitos usam como sinônimos. José diz que são
procedimentos diferentes. São unânimes, no entanto, ao afirmar que se enquadra como ação
coletiva.
A) Natureza jurídica
Sua natureza jurídica é de ação civil pública, mas há divergência. A doutrina
MAJORITÁRIA defende que se trata de ação civil pública com algumas regras próprias. Pode
ser precedida de inquérito civil.
B) Legitimidade
Tem legitimidade para propor a ação o Ministério Público, a pessoa jurídica lesada. O
Ministério Público tem participação obrigatória, seja como autor da ação ou como custos legis.
Qualquer pessoa pode representar um ato de improbidade. Dessa representação
poderá iniciar: processo administrativo, processo civil e processo penal.
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação
do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que
tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se
esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração
dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista
nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor
militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela
pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à
complementação do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que
couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente,
como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente,
inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil (#ATENÇÃO:
correspondência ao art. 79/81, NCPC).
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do
requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos
e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada,
rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da
ação ou da inadequação da via eleita.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o
juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
33
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei
o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda
dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Observação (Art. 17, §7º): Prevalece o entendimento de que a falta de notificação prévia
acarreta nulidade relativa. TRF5: “Na fase do contraditório preambular previsto no artigo 17,
parágrafo 7º, da Lei 8.429/92, é a manifestação por escrito dirigida ao recebimento ou rejeição
da petição inicial, após o que segue a ação de improbidade o rito ordinário, com a citação da
parte requerida para oferecer contestação. Sabe-se que a ausência da referida proposta
enseja, de regra, a nulidade relativa, mas não a nulidade absoluta.” (TRF5, PROCESSO:
200181000197737, AC502748/CE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SÉRGIO
MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO), Segunda Turma, JULGAMENTO:
06/11/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 14/11/2012 - Página 359)
5) Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o réu? SIM. É
admissível a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de
indisponibilidade e sequestro de bens, visando a assegurar o resultado útil da tutela
jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário. Desse modo, o STJ entende que, ante sua
7) Então, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não
esteja se desfazendo de seus bens? SIM. A indisponibilidade dos bens visa, justamente, a
evitar que ocorra a dilapidação patrimonial. Não é razoável aguardar atos concretos
direcionados à sua diminuição ou dissipação. Exigir a comprovação de que tal fato esteja
ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da medida cautelar e, muitas vezes,
inócua (Min. Herman Benjamin). Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da
indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da
demonstração do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção
automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de
nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial
(REsp 1319515/ES).
8) Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes da
suposta prática do ato de improbidade? SIM. A indisponibilidade pode recair sobre bens
adquiridos tanto antes como depois da prática do ato de improbidade.
9) A indisponibilidade pode recair sobre bem de família? SIM. Segundo o STJ, o caráter
de bem de família de imóvel não tem a força de obstar a determinação de sua indisponibilidade
nos autos de ação civil pública, pois tal medida não implica em expropriação do bem (REsp
1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/05/2013).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
38
Informativo 539 STJ – maio/2014
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
F) Prescrição:
*#ATUALIZAÇÃO: Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta
lei podem ser propostas: III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública
da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art.
1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
Assim, entidade com menos de 50% de recursos públicos, a prescrição será de 05 anos
contados da prestação de contas final.
Quando o agente tem que reparar o Estado, prevalece o entendimento (amplamente majoritário)
de que o texto do art. 37, §5º, CF/88 consagra a imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao
erário (STF RE 669069). A imprescritibilidade só ocorre para a pena de reparação civil.
O STF decidiu que "é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrente de ilícito civil." (RE 669069/MG).
a) O conceito de ilícito civil deve ser buscado pelo método de exclusão: não se
consideram ilícitos civis aqueles que decorram de infrações ao direito público, como os
de natureza penal, os decorrentes de atos de improbidade e assim por diante.
Obs. servidor que tem função de confiança – aplica o prazo do inciso I – do fim da
função.
OBS. vários réus – prazo começa a contar do desligamento do últimos dos réus.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função
de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
Havendo reeleição, o prazo prescricional na hipótese do art. 23, I, LIA começa a correr
a partir do término do segundo mandato, salvo no caso em que seja necessária a
desincompatibilização (Chefes do Executivo que desejem se candidatar a outros cargos
devem renunciar 6 meses antes do pleito), pois haverá a interrupção do mandato.
A LIA só cuidou do prazo prescricional do agente público. Diante dessa omissão, o STJ
passou a assentar que “no que respeita às sanções propriamente ditas, o particular se
submete ao mesmo prazo prescricional aplicado ao agente público envolvido na conduta
ímproba.” (STJ, REsp 1038762/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 18/08/2009, DJe 31/08/2009)
ATENÇÃO: como conclusão da regra, para cada servidor a regra de prescrição estará
prevista em seu estatuto. A lei 8.112 afirma que o prazo começa a contar a partir da data em
que o fato se tornou conhecido. Da mesma forma, fala-se na aplicação do prazo previsto na
lei penal, porque a lei 8.112/90 (art. 142, §2º) expressamente prevê essa possibilidade. A
aplicação do prazo prescricional penal, quando o ato ímprobo também seja crime, depende
de previsão no estatuto do servidor.
Se o agente que pratica o ato ímprobo o faz no exercício cumulativo de cargo efetivo e
de cargo em comissão, o STJ entende que prevalece o fato de ele ocupar o cargo efetivo para
a contagem do prazo de prescrição, seguindo, portanto, a regra do art. 23, II, LIA. É que, com
a exoneração/destituição do cargo em comissão, o vínculo não cessa com a Administração
(STJ, REsp 1060529/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 08/09/2009, DJe 18/09/2009)
G) Tipo penal:
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
H) Pedido
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
43
Declaratório: juiz reconhece a conduta
Condenatório: aplica as sanções
- Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que,
em ação civil pública proposta para apuração de ato de improbidade administrativa, tenha
determinado, até que haja pronunciamento do juízo competente, a indisponibilidade dos bens
do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. Informativo
STJ n. 524.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
44
- A petição inicial na ação por ato de improbidade administrativa deve conter elementos
que comprovem a existência de indícios da prática de ato ímprobo, bem como de sua autoria.
Informativo STJ n. 506.
Há controvérsias acerca da natureza da ação civil que tem por objeto atos de
improbidade administrativa. A maioria da doutrina sustenta não haver impedimento de se
pleitear a aplicação das sanções por atos de improbidade mediante ação civil pública
(Alexandre de Moraes, Maria Sylvia Zanella di Pietro, STJ), eis que a Lei de Improbidade
Administrativa não é, em sua essência, lei de ritos, mas sim de direito material, enquanto a
Lei da ACP é eminentemente processual. Assim, para viabilizar o direito material posto na
primeira seria a segunda o meio processual adequado.
Há, contudo, quem defenda (Tucci, Arnold Wald) que as pretensões das “ações civis
públicas” e das “ações de improbidade administrativa” são diversas, regidas por
procedimentos diversos, razão pela qual seria mais adequado entender que elas não se
confundem. Defendem haver “ação civil de improbidade administrativa”, procedimento
autônomo.
De qualquer forma, é ação de conhecimento regida por procedimento especial,
regulado pela Lei n.º 8.429/92, Lei de Improbidade Administrativa – LIA.
Destaque-se que o procedimento previsto na LIA foi sobremaneira alterado pela MP n.º
2.225-45/01, que acrescentou os §§ 6º a 12 ao art. 17. Parte da doutrina defende a
inconstitucionalidade da referida MP nesse ponto, eis que a CF/88 veda a edição de MP’s
sobre matéria processual. O STF, contudo, até o momento não proferiu qualquer decisão pela
inconstitucionalidade dos dispositivos.
A petição inicial deve ser instruída com documentos que demonstrem indícios
suficientes de prática de atos de improbidade pelo demandado ou com argumentos fundados
da sua impossibilidade. Os fatos devem ser descritos detalhadamente e especificadas as
razões pelas quais são os mesmos considerados atos de improbidade.
Há fase preliminar de admissibilidade da ação, com contraditório. Assim, considerando
em termos a inicial, deve o juiz determinar a notificação do demandado para se manifestar por
escrito, apenas após o que decidir-se-á acerca da admissibilidade da ação. Rejeitada esta,
pode o juiz, se for o caso, condenar o autor por litigância de má-fé.
Recebida a inicial, deve, então, ser citado o demandado para contestar o pedido.
São legitimados ativos para a propositura da demanda o MP (em qualquer caso) e as
pessoas jurídicas elencadas no art. 1º, LIA, neste caso quando os atos de improbidade sejam
contra elas praticados por qualquer agente, servidor ou não. O MP, quando não houver
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
45
proposto a ação, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. A pessoa jurídica interessada, se
não houver ajuizado a demanda, deve ser citada para integrar a lide no pólo ativo, passivo, ou
abster-se de contestar, nos termos do § 3o do art. 6o, Lei no 4.717/65, aplicável à ação civil de
improbidade por força do art. 17, §3º.
É competente o juiz de primeiro grau do foro do local onde ocorreu o dano. Destaque-
se que o STF “concluiu o julgamento da ADIn 2797 (15.9.05, Inf/STF 401) e declarou a
inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º, do art. 84, do C. Proc. Penal, inseridos pelo art. 1º da L.
10.628/02” (Rcl-AgR, DJ 23.06.2006). Assim, não mais se cogita de foro por prerrogativa de
função no caso de ação que tenha por objeto ato de improbidade.
É vedada a realização de transação, acordo ou conciliação (§ 1º).
A ação tem por objeto a declaração da prática de ato de improbidade administrativa, a
imposição das sanções pertinentes, assim como a condenação dos responsáveis a ressarcir
integralmente o Erário pelos danos provocados, e ao perdimento de bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, se for o caso.
A declaração da prática de ato de improbidade pode, em alguns casos, resultar na
desconstituição do ato ou contrato. Pode exigir, ainda, o exame incidental de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, que apenas constará da fundamentação da
sentença e, portanto, não é alcançado pela coisa julgada substancial.
A sentença de mérito na aça civil de improbidade administrativa apresenta, de regra,
três capítulos: declaratório (reconhecimento de que foi praticado ato de improbidade),
constitutivo (desconstituição do ato e a constituição de nova situação jurídica) e condenatório
(às sanções estabelecidas e ao perdimento de bens havidos ilicitamente). No caso de
condenação à reparação civil ou à perda dos bens havidos ilicitamente, a sentença deverá
determinar o pagamento ou a reversão dos bens em favor do órgão ou entidade lesada pelo
ato de improbidade.
A LIA prevê duas providências cautelares, uma no art. 7º, e outra no art. 16. A primeira
refere-se à indisponibilidade dos bens do indiciado em inquérito civil ou procedimento
administrativo; a segunda, ao sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
Como toda medida cautelar, as providências previstas em ambos os artigos visa a
efetividade do provimento jurisdicional a ser proferido no processo principal, a “ação de
improbidade administrativa”. Têm como pressupostos o fumus boni iuris e o periculum in mora.
STF
Plenário
Improbidade Administrativa e Competência - 5
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
i