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Boletim Técnico Transpondo


Distribuição autorizada com o reconhecimento da fonte

Edição 10/04/2016

Tipos de azevéns e suas particularidades


Versão 1.3
Wagner Beskow, Ph.D.

Este é um resumo prático, visando ser usado como guia (obtidas na Itália) que são do tipo holandês (p.ex.
de campo para técnicos e produtores. É apresentada Attila). Por este motivo, recomendamos a adoção de
uma classificação quanto ao ciclo de vida (1 a 4) e ao tipo itálico.
número de cromossomos ou ploidia (A ou B).
Nomenclatura botânica (UPOV, 2006):
Classificação com base no comportamento reprodutivo Lolium multiflorum Lam. ssp. italicum (A. Br.) Volkart;
Lolium multiflorum Lam. ssp. non alternativum.
1. Azevém tipo holandês
São materiais sensíveis à vernalização, sendo que
Propomos esta terminologia como a mais clara e alguns de seus perfilhos florescerão na primavera do
correta, mas é também conhecido por azevém anual ano de plantio e outros tenderão a permanecer
ou westerwoldico (pronunciado /véstervôldico/). Esta vegetativos. Se permitidas, tais plantas buscam
palavra vem de Westerwolde, uma região da província sobreviver o verão para completar seu ciclo na
de Groningen, no nordeste da Holanda, fronteira com a primavera seguinte, após um acúmulo maior de horas
Alemanha. O grupo é também chamado de alternativo, de frio. Este comportamento bianual dependerá da
expressão que designa a subespécie, mas esta data de semeadura, do frio acumulado no primeiro
terminologia gera confusão (não recomendamos seu inverno, do manejo e adubação nitrogenada, assim
uso comercial ou popular). como da intensidade do verão. É uma informação mais
relevante para produtores de sementes que
Nomenclatura botânica (UPOV, 2006): pecuaristas.
Lolium multiflorum Lam. var. westerwoldicum Wittm Para o uso forrageiro, pode-se considerar que são
Lolium multiflorum Lam. ssp. alternativum materiais mantidos vegetativos e folhosos com mais
facilidade que os do tipo holandês. Nas condições
É um azevém obrigatoriamente de ciclo anual, embora brasileiras, tendem a se comportar como anuais,
o grupo seguinte também possa apresentar esse exceto sob irrigação ou em verões úmidos ou com
comportamento. chuvas acima da média. Atualmente, a Transpondo não
vê vantagem em se buscar um segundo ano de
O tipo holandês não requer vernalização (acúmulo de produção forrageira destes materiais, pela baixíssima
horas de frio) para florescer. Assim, todas as plantas produção de verão (para fins forrageiros práticos,
deste grupo produzirão sementes e morrerão até o considerar como se fossem estritamente anuais).
verão.
*
* Exemplos de cultivares
Exemplos de cultivares
Atlântica: Potro; BraSeed: Nibbio; PGW: KLm 1384, INIA
Atlântica: Barjumbo4; BAR HQ4; CCGL TEC: Baqueano4; Escorpio4, INIA Titan4.
Embrapa: BRS Ponteio; Fundação ABC: F ABC 1; PGW:
LE 284, INIA Camaro, INIA Bakarat, Winter Star4.
3. Azevém perene
Também conhecido como tipo inglês. É uma espécie
2. Azevém tipo itálico perene em regiões de clima temperado, com verões
amenos (p.ex. Europa – exceto mediterrâneo, Estados
Também conhecido como italiano, terminologia que Unidos, Nova Zelândia, Chile). No Brasil, mesmo no sul,
pode gerar confusão, pois há cultivares italianas tende a comportar-se como anual, bianual ou, na

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melhor das hipóteses, como perene de vida curta por Classificação com base nos cromossomos
não suportar nosso verão (altas temperaturas
combinadas com estiagens). Como toda espécie A. Azevém diploide
perene, é de estabelecimento inicial lento.
Condição original das várias espécies do gênero Lolium,
Por este motivo, tentativas de introdução e adaptação com 14 cromossomos em cada célula. Ver mais
ao nosso ambiente não obtiveram sucesso considerações a seguir.
comercialmente justificável até o presente momento, B. Azevém tetraploide
visto que não nos basta que sobreviva ao verão, é
necessário produzir também neste período. São materiais contendo o dobro de cromossomos em
Futuramente, é possível que as regiões acima de 700m cada célula (28), com relação aos diploides. Este
de altitude do sul do Brasil contem com tal materiais. fenômeno pode resultar tanto do cruzamento natural,
Abaixo dessa linha, isso dificilmente ocorrerá. como de cruzamento ou indução realizados pelo
homem. A tetraploidia indica que houve algum
Nomenclatura botânica (UPOV, 2006): cruzamento entre materiais geneticamente distantes,
mas isso pode ter ocorrido naturalmente ou ter sido
Lolium perenne L. induzida artificialmente em laboratório.
*
Exemplos de cultivares Do ponto de vista prático, de uso comercial, a ploidia é
insuficiente para determinar superioridade de um
PGW: One 50 (anunciada como potencial superadora
azevém sobre outro: há tetraploides superiores como
das limitações acima, característica ainda não
há diploides.
confirmada pela Transpondo).
Os tetrapoides tem células maiores e, por isso, uma
A cultivar “Banquet II”4 foi registrada como azevém relação conteúdo:parede celular maior (mais conteúdo
hibrido (denominação “BQT II” no RNC/MAPA) pela NZ para menos parede). Isso tende a conferir maior
Ruralco (representante da PGW no Brasil), mas digestibilidade e menor FDN, mas nem sempre.
segundo os dados originais neozelandeses, trata-se de
Esta mesma característica também tende a tornar tais
Lolium perenne, com comportamento perene de vida
materiais mais suscetíveis a doenças, acamamento,
curta naquele país.
danos por pisoteio e por superpastejo (serem
“rapados”), mas há exceções, dependendo das
Há dois subtipos de azevém perene: perene de vida
prioridades de cada programa de melhoramento.
curta, com duração de 3 a 4 anos, e perene de vida
longa, com duração de 5 anos ou mais. As sementes também são maiores e mais pesadas,
requerendo taxas de semeadura maiores que dos
4. Azevém híbrido diploides.

Trata-se do cruzamento de um L. multiflorum (seja do As folhas dos tretraploides tendem a ser mais largas e a
tipo holandês ou itálico) com o azevém perene (L. cobrirem o solo mais completamente que os diploides
perenne). Resulta em materiais de comportamento nas mesmas condições de fertilidade e manejo. Por
reprodutivo intermediário em climas frios de verão este motivo é mais difícil manejar consorciações com
ameno, mas tanto o tipo híbrido como o perene tetraploides que com diploides.
tendem a ter comportamentos similares em nossas Os diploides tendem a perfilhar mais que os
condições (bianual ou perene de vida curta). tetraploides e a ter um conteúdo de matéria seca (MS)
maior.
Nomenclatura botânica (UPOV, 2006):
A Transpondo orienta que a ploidia não seja
Lolium boucheanum Kunth determinante na escolha de cultivares e, sim, que se
Lolium hybridum Hausskn. considere, acima de tudo, características como
rendimento de MS, estabelecimento, velocidade de
Exemplos de cultivares
* rebrota, conversão alimentar, sanidade, tolerância a
pragas de raízes, longevidade dentro do tipo, etc.
Ver observação acima sobre Banquet II4.
Cultivares citadas anteriormente sem marcação =
Não recomendamos a adoção das terminologias “de diploides; marcadas com 4 = tetraploides.
rotação curta” ou “de rotação longa” traduzidas da
língua inglesa, por serem confusas em nosso meio.
Tratam-se de tipo hibrido e de tipo perene de vida *
curta, respectivamente. Entre os disponíveis no mercado brasileiro na data deste boletim
(segundo nosso conhecimento), em ordem alfabética por empresas.

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