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FACAMP – Faculdade de Campinas

Curso de Relações Internacionais


Teoria das Relações Internacionas II
1º Semestre de 2010
Catarina Rodrigues Duleba RA: 200910938

Apresentação do capítulo 10, “Great Power Politics in the Twenty-first


Century”, do livro “The Tragedy of Great Power Politics”.

Tema: Debate entre teóricos otimistas e Mearsheimer a respeito do sistema


global atual

O texto se trata da defesa do autor às criticas dos teóricos otimistas. Os


teóricos otimistas alegam que a competição por segurança e a guerra entre as
grandes potências não estão mais presentes e nem estarão presentes no
sistema global, além de alegarem que o importante nas relações internacionais
serão as cooperações entre estados, não a competição. A respeito disso o
autor defende que os Estados continuam a dar valor ao equilíbrio de poder e ao
poder militar com vistas para o futuro independente dos outros Estados.

Na opinião dele, “o mundo real ainda é um mundo realista” 1.

Há o equilíbrio de poder ainda e as competições entre os Estados, nada


foi mudado com o fim da Guerra Fria, nem mesmo a anarquia internacional. O
que ocorreu foi a mudança da distribuição de poder pelo mundo.

O autor não nega que houve um declínio na competição por poder na


década de 1990, mas ainda há condições para haver uma grande guerra
devido às estruturas de poder nos mais variados países da Europa e do
nordeste asiático, o que intensifica a busca por proteção e segurança
principalmente militar, mesmo com a presença da hegemonia americana que
gera certo equilíbrio no sistema.

Anarquia persistente

1
MEARSHEIMER (2001), p. 361.
O sistema internacional possui 5 bases: Os Estados são os atores
principais no sistema global e operam num sistema anárquico. As grandes
potências invariavelmente possuem alguma capacidade ofensiva militar. Os
Estados nunca podem ter certeza se os outros Estados irão ou não ter
comportamentos hostis. Grandes potências valorizam muito a sobrevivência.
Os Estados são atores racionais que são racionalmente efetivos em desenhar
estratégias que maximizam as chances de sua sobrevivência. Esses aspectos
ainda estão presentes no sistema atual.

Os otimistas só não discordam que os Estados são atores racionais.


Eles, otimistas, sugerem que o numero de instituições internacionais está
crescendo e assim, estão fazendo com que um Estado coopere com o outro
obedecendo a certas regras, acabando assim, com a anarquia internacional. O
autor defende a ideia que os Estados só entram num acordo que sirvam para
manter ou ampliar seu poder político, militar e/ou sua influência cultural.

Alguns teóricos citam o mercado como mais importante que os Estados,


mas defende que o papel dele já não é tão grande hoje em dia e para outros, a
corporação multinacional é o principal ator do sistema global.

A verdade é que os Estados não estão sofrendo com o crescimento das


corporações multinacionais porque os níveis de transações econômicas não
são maiores que antigamente, sendo assim, não há como interferir na
soberania do Estado, e mesmo que interferisse ou ameaçasse a hegemonia
deste, o Estado iria se adaptar para assegurar sua sobrevivência. No caso do
desaparecimento dos Estados, surgiriam novos atores nas Relações
Internacionais para substituí-los e assim manter a competição por segurança e
as guerras. Um dos discursos de Mearsheimer para que o Estado não
desapareça é o fator nacionalismo.

INTENÇÕES CERTAS

O autor utiliza do argumento antirrealista, o qual diz que com a


ampliação dos Estados democráticos não haveria justificativa para haver
guerras, uma vez que todos seriam ordenados pela mesma ordem política e, já
que a guerra é pela democracia, não há porquê de um democrata, atacar outro
Estado democrata. O autor defende que por mais que isso possa ser bastante
plausível, não há como se assegurar das intenções de outro Estado. Um
Estado que hoje é democrático pode se tornar totalitário dentro de poucos anos
por meio de um golpe ou até por eleições democráticas.

Sobrevivência na comunidade global

Os estudantes do Realismo são desafiados quanto ao progresso


econômico e o crescimento do país; os Estados são mais preocupados em
crescer do que guerrear e ameaçar a própria estrutura e a estrutura de
crescimento global, no entanto, Mearsheimer defende que os Estados apenas
se estruturam para entrarem em guerra novamente. É o argumento de que
estamos todo o tempo em guerra e os tempos considerados de “paz” são
apenas os Estados se reestruturando para entrarem em conflito novamente.

Estrutura e paz nos anos 1990

O autor alega que o fato dos Estados Unidos possuírem tropas pelo
mundo não é o que garante a estabilidade política e militar da região, mas
ajuda a manter a estabilidade da região. Além da presença massiva dos EUA
em territórios como Europa e nordeste asiático, outro modo de garantir a
estabilidade dessas regiões é por meio de um sistema bipolar, como ocorre na
Europa com Rússia e EUA, diferentemente do sistema multipolar, a exemplo de
China, Rússia e Estados Unidos no nordeste asiático. Três pontos determinam
a pacificidade destas regiões, mesmo o sistema multipolar sendo menos
estável: presença de armas nucleares, os Estados Unidos é o ator mais
poderoso na região e, tanto China quanto Rússia não possuem grandes
capacidades militares para agir de forma agressiva aos outros Estados.

Outros teóricos podem tentar combater a afirmação do autor defendendo


que o sistema mundial atual é unipolar, no entanto, segundo Mearsheimer, não
haveria competição militar na Europa ou na Ásia Central. O autor não critica
piamente tal teoria, ele aceita a ideia desde que, analisado somente o
hemisfério ocidental. A respeito dos Estados que eram aliados dos EUA durante
a Guerra Fria, o autor defende que eles não possuem capacidade de enfrentar
a hegemonia americana, pois a economia depende muito dos estadunidenses.

Problemas futuros

É impossível estabelecer uma teoria mais concreta do que será o


sistema global quando não se há nada certo sobre como estarão as economias
dos Estados e suas respectivas políticas, no entanto o autor idealiza cenários
tanto de uma possível retirada do exército americano dos mais variados locais,
o que resultaria numa total mudança na estrutura de poder europeia e no
nordeste asiático que desenvolveria uma maior competição militar. Essa
retirada ocorreria por não existir nenhuma potência capaz de parear com os
Estados Unidos. O autor, ainda incerto a respeito das ações dos Estados,
teoriza que os americanos ainda podem se manter nessas regiões para conter
toda e qualquer ascensão político-militar.

A América pacificadora e seu papel em manter a paz

Uma diferente ideologia defende a permanência das tropas dos Estados


Unidos em determinados territórios pelo fato que, sem as tropas, a estrutura
das variadas regiões irá mudar e, consequentemente, focos de conflitos irão
surgir. No caso de haver um conflito, a economia norte-americana será afetada
por menos relevantes, economicamente, que sejam os Estados envolvidos,
devido ao nível de interdependência entre os Estados do sistema global.
Mearsheimer contra-argumenta usando o fato de que as riquezas das
economias beligerantes se transfeririam com o passar do tempo para os
Estados que se mantiverem neutros, ou seja, a abstenção dos EUA, segundo
esta pesquisa apenas o faria crescer. (O autor cita fatos históricos como a
guerra franco-prussiana e a Guerra russo-japonesa para defender a tese que
quando apenas uma das superpotências entra em conflito e esta não ameaça
os aliados de outra superpotência, não há justificativa para a segunda entrar no
conflito. Os Estados Unidos ainda mantém suas tropas mesmo não havendo
sinais do surgimento de uma nova potência).

Futuros conflitos do sistema global

O autor estabelece no texto o ano de 2020 como uma data para que se
possa considerar o futuro do sistema global, sobretudo no nordeste asiático e a
Europa. O autor idealiza dois possíveis acontecimentos na hegemonia desses
locais. A primeira é que os Estados Unidos não retiraria as suas tropas da
Europa e nem do nordeste asiático para evitar o surgimento de uma nova
potência nessas regiões e evitar que haja conflitos entre os Estados. A segunda
possível opção é que não haja a potenciabilidade do surgimento de novas
potencias e os Estados Unidos resolvam retirar suas tropas. No caso disso
acontecer então

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