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TÓPICOS ESPECIAIS EM
ENGENHARIA ELÉTRICA
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3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - Recursos Hídricos x Geração de Energia
10 UNIDADE 3 - Ética e Responsabilidade Social
15 UNIDADE 4 - Sistema de Gestão Ambiental
15 4.1 Meio ambiente: conceitos e definições

15 4.2 Preservação do meio ambiente

17 4.3 Sistemas de gestão ambiental

20 UNIDADE 5 - Mercados de Energia Elétrica

SUMÁRIO
20 5.1 Contratos de concessão e permissão

20 5.2 Distribuição de energia

21 5.3 Matriz de energia elétrica brasileira

22 5.4 Serviços ancilares

23 5.5 Bandeiras tarifárias

25 5.6 Tarifação do consumidor final


28 UNIDADE 6 - A Eficiência Energética e As Certificações
32 6.1 Cálculo econômico para eficiência operacional

34 6.2 Ações de eficiência energética

52 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução

Acreditamos ser interessante e válido, Ao final do módulo, além da lista de re-


academicamente, dedicar um momento do ferências básicas, encontram-se outras
curso para o que intitulamos “Tópicos Es- que foram ora utilizadas, ora somente con-
peciais”. Para essa ocasião nosso objetivo sultadas, mas que, de todo modo, podem
é levá-los a perceberem temas que a prio- servir para sanar lacunas que por ventura
ri não se relacionam diretamente com os venham a surgir ao longo dos estudos.
conteúdos que se esperam da Engenharia
Elétrica, mas que estão ligados de maneira,
digamos, ética a esse profissional.

A questão dos recursos hídricos versus


geração de energia que sempre está na
pauta do dia, tanto que vivemos todo ano
o conhecido “horário de verão” com vistas
a economia de energia, será o primeiro tó-
pico do módulo.

Ética e responsabilidade social, meio


ambiente, desenvolvimento, sustentabili-
dade dão continuidade à unidade acima.

Discorreremos também sobre os merca-


dos de energia elétrica e claro, a busca pela
eficiência energética que finaliza o módu-
lo.

Ressaltamos em primeiro lugar que em-


bora a escrita acadêmica tenha como pre-
missa ser científica, baseada em normas e
padrões da academia, fugiremos um pouco
às regras para nos aproximarmos de vocês
e para que os temas abordados cheguem
de maneira clara e objetiva, mas não me-
nos científicos. Em segundo lugar, deixa-
mos claro que este módulo é uma compila-
ção das ideias de vários autores, incluindo
aqueles que consideramos clássicos, não
se tratando, portanto, de uma redação ori-
ginal e tendo em vista o caráter didático da
obra, não serão expressas opiniões pesso-
ais.
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UNIDADE 2 - Recursos Hídricos x Geração
de Energia
É fato a existência de conflitos pelo uso A água é um recurso natural essencial à
da água entre o setor elétrico e demais existência e manutenção da vida, ao bem-
usuários. Uso racional dos recursos natu- -estar social e ao desenvolvimento socio-
rais, desenvolvimento econômico, racio- econômico, assim como tem papel funda-
namento de água, direitos da população mental na produção de energia elétrica.
que vive no entorno de possíveis lagos que
Por definição, recursos hídricos são as
farão uma usina hidrelétrica “nascer” são
águas superficiais ou subterrâneas dispo-
alguns deles. Vamos basear a unidade em
níveis para qualquer tipo de uso numa de-
documentos oficiais e alguns estudos aca-
terminada região e que segundo a Organi-
dêmicos que buscam elucidar e defender
zação das Nações Unidas (ONU) não passa
os interesses coletivos que levam aos con-
de um por cento das águas totais do plane-
flitos.
ta.
No momento de elaboração desta uni-
dade, os noticiários falam que muitos re-
Veja:
servatórios de água, principalmente na
região sudeste do Brasil, estão bem abaixo
de sua capacidade e da necessidade da po-
pulação. Se estamos em pleno verão, épo-
ca de chuvas abundantes, é sinal de grande
preocupação para os próximos meses. No
entanto, não podemos pensar a tão curto
prazo, pelo contrário, o uso racional dos re-
cursos hídricos, aliás, não só destes, mas
de todos os recursos que a natureza nos
oferece é tema constante com qual deverí-
amos, além de nos preocuparmos, agirmos
conscientemente.

Alguns pensam que fechar a torneira


Da água dependem muitas indústrias
ao ensaboar o corpo ou escovar os dentes
e as culturas agrícolas, a vida dos animais
é uma ação sem nenhum reação... mas se
e das pessoas, o transporte de pessoas,
pensarmos em termos de Brasil, somos
animais e produtos a depender da região.
200 milhões. Faria diferença sim! Reduzir,
Resumindo: sem água não haveria vida no
reciclar e reciclar são realmente ações para
planeta terra.
alcançar o desenvolvimento sustentável.
Quanto à gestão dos recursos hídricos,
Vamos focar por ora nos recursos hídri-
1934 foi o ano que marcou nossa história
cos e toda a polêmica que temos cotidiana-
com a instituição do Código de Águas que
mente em torno do seu uso.
objetivava estabelecer regras de controle
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para o uso e aproveitamento dos recur- A Constituição Federal, promulgada em


sos hídricos e definir a base para a gestão 1988, deu destaque aos recursos hídricos
pública do setor de saneamento. Quanto e à outorga, uma vez que o inciso XIX do
à organização institucional do setor públi- artigo 21º estabelece que compete à União
co, voltado, principalmente, para a explo- instituir o sistema nacional de gerencia-
ração da água como força hidráulica para mento de recursos hídricos e definir crité-
geração de energia elétrica, destaca-se a rios de outorga de direitos de seu uso. O in-
criação do Departamento Nacional de Pro- ciso VIII do artigo 20º define como bens da
dução Mineral – DNPM e, em seguida, do União os potenciais de energia hidráulica.
Conselho Nacional de Águas e Energia Elé-
Complementando a Constituição Fede-
trica – CNAEE.
ral, em 08/01/1997, foi publicada a Lei nº
A Constituição de 1946 procurou regu- 9.433, também denominada de “Lei das
lamentar a utilização dos recursos natu- Águas”, que instituiu a Política Nacional de
rais, visando à exploração econômica dos Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacio-
mesmos, reservando à União a competên- nal de Gerenciamento de Recursos Hídri-
cia para legislar sobre as águas. cos. São fundamentos da Política Nacional
de Recursos Hídricos:
Durante a década de 70, destaca-se a
instituição do Plano Nacional de Sanea- I – A água é um bem de domínio público.
mento – PLANASA, com a finalidade de
II – A água é um recurso natural limita-
implantar uma política nacional para provi-
do, dotado de valor econômico.
mento de serviços de água e esgotos.
III – Em situações de escassez, o uso
Ao longo da década de 80, houve o re-
prioritário dos recursos hídricos é o consu-
torno da participação da sociedade nas
mo humano e a dessedentação de animais.
questões políticas e socioambientais, por
intermédio das entidades civis. A política IV – A gestão dos recursos hídricos deve
ambiental passou por reestruturações, sempre proporcionar o uso múltiplo das
das quais se destaca a Lei nº 6.938, de águas.
31/08/1981, que estabeleceu o Progra-
ma Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e a
V – A bacia hidrográfica é a unidade
territorial para implementação da Política
constituição do Sistema Nacional de Meio
Nacional de Recursos Hídricos e atuação
Ambiente (SISNAMA). Tal sistema incluía o
do Sistema Nacional de Gerenciamento de
conjunto de instituições governamentais
que deveriam se ocupar da proteção e da
1- Em 2007, os setores do IBAMA responsáveis pela gestão das
gestão da qualidade ambiental, tendo por Unidades de Conservação foram separados do órgão, dando
origem ao ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação
instância superior o Conselho Nacional de da Biodiversidade, criado dia 28 de agosto de 2007, pela Lei
Meio Ambiente (CONAMA). 11.516.
Tanto o IBAMA quanto o ICMBio são autarquias vinculadas ao
Ministério do Meio Ambiente e integram o Sistema Nacional
Em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (SISNAMA). O IBAMA é responsável pela
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais fiscalização e licenciamento ambiental em âmbito federal,
enquanto o ICMBio é responsável pela gestão das unidades de
Renováveis 1 (IBAMA) para ser o executor conservação federais – como Parques Nacionais, Estações Eco-
lógicas, Áreas de Proteção Ambiental, entre outras – atuando
da política ambiental. também na fiscalização e licenciamento apenas dentro destes
territórios.
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Recursos Hídricos. torga, possibilitando, aos investidores, o


planejamento de empreendimentos que
VI – A gestão dos recursos hídricos deve
necessitem desses recursos.
ser descentralizada e contar com a partici-
pação do Poder Público, dos usuários e das Art. 7º Para licitar a concessão ou auto-
comunidades. rizar o uso de potencial de energia hidráu-
lica em corpo de água de domínio da União,
Para viabilizar a implementação da Po-
a Agência Nacional de Energia Elétrica –
lítica Nacional de Recursos Hídricos e a
ANEEL – deverá promover, junto à ANA, a
coordenação do Sistema Nacional de Ge-
prévia obtenção de declaração de reserva
renciamento de Recursos Hídricos, foi pro-
de disponibilidade hídrica.
mulgada a Lei nº 9.984, de 17/07/2000,
que criou a Agência Nacional de Águas § 2º A declaração de reserva de dispo-
– ANA. Dentre as suas atribuições, a que nibilidade hídrica será transformada auto-
permeia o setor elétrico é aquela descrita maticamente, pelo respectivo poder ou-
no inciso XII e no parágrafo 3º, qual seja: torgante, em outorga de direito de uso de
definir e fiscalizar as condições de opera- recursos hídricos à instituição ou empresa
ção de reservatórios por agentes públicos que receber da ANEEL a concessão ou a
e privados, visando a garantir o uso múlti- autorização de uso do potencial de energia
plo dos recursos hídricos, conforme esta- hidráulica.
belecido nos Planos das respectivas bacias
Criada em 1996 pela lei 9.427, a Agência
hidrográficas. Para tanto, a definição de
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL – tem
condições de operação de reservatórios de
por finalidade regular e fiscalizar a produ-
aproveitamentos hidrelétricos será efetu-
ção, transmissão, distribuição e comerciali-
ada em articulação com o Operador Nacio-
zação de energia elétrica, em conformida-
nal do Sistema Elétrico (ONS).
de com as políticas e diretrizes do governo
No artigo 25 está prevista a descentrali- federal.
zação das atividades de operação e manu-
A Lei nº 10.848, de 15/03/2004 que
tenção de reservatórios, canais e adutoras
dispõe sobre a comercialização de energia
de domínio da União, excetuada a infraes-
elétrica entre concessionários, permissio-
trutura componente do SIN. No que tange
nários e autorizados de serviços e instala-
à outorga, os artigos e parágrafos mais re-
ções de energia elétrica, bem como destes
levantes são:
com seus consumidores, no Sistema Inter-
Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas ligado Nacional (SIN), dar-se-á mediante
preventivas de uso de recursos hídricos, contratação regulada ou livre, nos termos
com a finalidade de declarar a disponibi- desta Lei e do seu regulamento, o qual, ob-
lidade de água para os usos requeridos, servadas as diretrizes estabelecidas nos
observado o disposto no art. 13 da Lei nº parágrafos deste artigo, deverá dispor so-
9.433, de 1997. bre:

§ 1º A outorga preventiva não confe- [...]


re direito de uso de recursos hídricos e se
VIII - mecanismo de realocação de ener-
destina a reservar a vazão passível de ou-
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gia para mitigação do risco hidrológico. damentos da Política Nacional de Recursos


Hídricos da Lei nº 9.433, que estabelece
Segundo Souza (2004), o ONS gerencia
como usos prioritários o consumo humano
o novo sistema de maneira centralizada,
e a dessedentação de animais. Além disso,
objetivando o custo mínimo global; as em-
a outorga visa assegurar o controle quanti-
presas têm pouca influência nesse proces-
tativo e qualitativo dos usos da água, sen-
so, não havendo oferta de preços, só es-
do principalmente condicionada a preser-
forços para diminuição de custos.
vação do uso múltiplo.
No que tange a base legal, não está claro
Por outro lado, o artigo 3º da Lei 9.648
que o setor elétrico é mais um usuário no
dá nova redação ao artigo 28º da Lei nº
contexto dos usos múltiplos de recursos
9.074, que em seu parágrafo 3º estabele-
hídricos. Um fato que revela esta questão
ce:
é a revogação do parágrafo único do arti-
go 2º da Lei nº 9.427, que definiu a ANEEL
É vedado (...) estipular, em benefício
como responsável pela promoção da arti-
da produção de energia elétrica, qual-
culação com os Estados e o Distrito Fede-
quer forma de garantia ou prioridade
ral, para o aproveitamento energético dos
sobre o uso da água da bacia hidrográ-
cursos de água e a compatibilização com a
fica, salvo nas condições definidas em
política nacional de recursos hídricos. Ou-
ato conjunto dos Ministros de Estado
tro exemplo que pode ser citado é o expos-
de Minas e Energia e do Meio Ambiente,
to no parágrafo 3º do artigo 31:
dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal, em articulação com os Governos
Os órgãos responsáveis pelo geren-
dos Estados onde se localiza cada bacia
ciamento dos recursos hídricos e a ANE-
hidrográfica.
EL devem se articular para a outorga de
concessão de uso de águas em bacias
Neste caso, pode-se inferir que o ato
hidrográficas, de que possa resultar a
conjunto previsto seja a declaração de re-
redução da potência firme de poten-
serva de disponibilidade hídrica, tal como
ciais hidráulicos, especialmente os que
definida no artigo 7º e no parágrafo 2º da
se encontrem em operação, com obras
Lei nº 9.984, de criação da ANA: para licitar
iniciadas ou por iniciar, mas já concedi-
a concessão ou autorizar o uso de poten-
das.
cial de energia hidráulica em corpo de água
Uma possível interpretação conduz ao de domínio da União, a Agência Nacional
entendimento de que os aproveitamentos de Energia Elétrica – ANEEL – deverá pro-
hidráulicos são prioritários nas bacias hi- mover, junto à ANA, a prévia obtenção de
drográficas, sendo os demais usos defini- declaração de reserva de disponibilidade
dos a partir da articulação entre os órgãos hídrica.
gestores de recursos hídricos e a ANEEL, A declaração de reserva de disponibili-
no controle da quantidade de água que dade hídrica será transformada automa-
será disponibilizada, desde que não haja ticamente, pelo respectivo poder outor-
prejuízo da geração. Isso vai contra os fun- gante, em outorga de direito de uso de
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recursos hídricos à instituição ou empresa energia elétrica no mundo, bem como a


que receber da ANEEL a concessão ou a importância dessa expansão para o desen-
autorização de uso do potencial de energia volvimento das nações e para a melhoria
hidráulica (BRASIL, 2006; HORA, 2011). dos padrões de vida. De acordo com o De-
partamento de Energia – DOE – dos EUA, o
Segundo o Ministério de Meio Ambien-
consumo de eletricidade praticamente irá
te, o setor elétrico historicamente tem se
dobrar até o ano de 2025.
destacado no processo de exploração dos
recursos hídricos nacionais, em função da A hidroeletricidade e outras fontes re-
implantação e operação de usinas hidrelé- nováveis deverão aumentar a uma taxa
tricas, que têm contribuído para o desen- de 1,9% ao ano até 2025. O crescimen-
volvimento do país. (BRASIL, 2006). to será maior nas economias emergentes
onde é esperado um aumento do consumo
A Política Nacional de Recursos Hídricos
em torno de 4% ao ano. Diversos estudos
estabelece uma relação de igualdade entre
comprovam o papel essencial da eletrifica-
os usuários e critérios para a priorização de
ção no desenvolvimento econômico social
usos que trazem rebatimentos para o pla-
no mundo todo.
nejamento e para a operação desse setor.
O aproveitamento dos potenciais hidrelé- Existem evidências estatísticas que
tricos está sujeito à outorga de direitos de comprovam que o consumo de eletricida-
uso dos recursos hídricos pelo Poder Públi- de está fortemente correlacionado com a
co (inciso IV, Art. 12 da Lei nº 9.433/1997), riqueza, ao mesmo tempo em que a dificul-
estando essa outorga subordinada ao Pla- dade de acesso à energia elétrica apresen-
no Nacional de Recursos Hídricos (§ 2º, Art. ta forte correlação com o número de pes-
12 da Lei nº 9.433/1997) aprovado em 30 soas que vivem com menos de US$ 2 por
de janeiro de 2006 pelo Conselho Nacional dia. A elasticidade da capacidade de gera-
de Recursos Hídricos (Resolução CNRH nº ção elétrica em relação ao PIB nos países
58). (BRASIL, 2006). em desenvolvimento está em torno de 1,4
(BRASIL, 2006).
Assim, um dos desafios para a expan-
são da oferta de energia elétrica, baseada Se por um lado os projetos hidrelétricos
na hidroeletricidade nos próximos anos, contribuem positivamente para a equida-
é a incorporação, no seu processo de pla- de entre as gerações atuais e futuras, por
nejamento, dos princípios da Política das usarem uma fonte renovável e limpa, por
Águas e a articulação com o planejamento outro lado, também contribuem negativa-
dos demais setores usuários dos recursos mente para a equidade entre diferentes
hídricos, contribuindo para a gestão equili- grupos e indivíduos e entre comunidades
brada e integrada dos recursos naturais na locais e regionais, pois estes são afetados
bacia hidrográfica (BRASIL, 2006). distintamente por tais projetos.

Não há dúvidas de que o desenvol- Não se pode ignorar os impactos bas-


vimento socioeconômico está cada vez tante significativos causados por alguns
mais baseado no uso intensivo de energia. empreendimentos hidrelétricos, tanto em
Constata-se uma crescente demanda por termos da sustentabilidade dos ecossiste-
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mas quanto da sustentabilidade social.

Alguns defendem que a utilização dos


recursos hídricos pelo setor agrícola de ir-
rigação comanda um valor econômico para
a sociedade bem maior que o valor propi-
ciado pela geração de energia elétrica, fa-
zendo valor o princípio dos usos múltiplos,
como demonstra estudos de Carrera-Fer-
nandez (2001).

Outros estudos apoiam que uma hidrelé-


trica seja aproveitada de forma diferencia-
da, atendendo à demanda da sua bacia e
não somente pela demanda energética do
sistema interligado a ela.

Concordamos com Tundisi (2008) ao


inferir que o gerenciamento integrado,
preditivo com alternativas e otimização
de usos múltiplos deve ser implantado no
nível de bacias hidrográficas com a finali-
dade de descentralizar o gerenciamento e
dar oportunidades de participação de usu-
ários, setor público e privado, bem como
educação da comunidade em todos os ní-
veis e preparação de gestores com novas
abordagens é outro necessário desenvol-
vimento da gestão de recursos hídricos no
século XXI.

Enfim, os interesses e objetivos dos


mais variados setores da sociedade civil
são realmente diferentes, mas acredita-
mos que as discussões sobre o uso dos re-
cursos hídricos/elétricos são necessárias e
salutares uma vez que não há como fugir-
mos de sua importância não só para o de-
senvolvimento como para a sobrevivência
da população.
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UNIDADE 3 - Ética e Responsabilidade
Social
De imediato já justificamos que, em- Como dizem Cortina e Martinez (2009),
bora pareça, não é fora de propósito um nós filosofamos para encontrar sentido
capítulo sobre ética e responsabilidade para o que somos e fazemos, e buscamos
social dentro de um material que tem sentido para atender aos nossos anseios
como objetivo discutir tópicos da enge- de liberdade, pois consideramos a falta
nharia elétrica. de sentido um tipo de escravidão.

As empresas que atuam em quaisquer Etimologicamente falando, ética vem


setores da economia na atualidade não do grego ethos, e tem seu correlato no
têm mais como único e exclusivo objeti- latim morale, com o mesmo significa-
vo, o “lucro” financeiro. É óbvio que sem do: conduta, ou relativo aos costumes.
lucro nenhuma empresa se sustenta, mas Poderíamos resumir ética em ciência da
há um conjunto de valores e processos conduta.
que integram as estratégias das empre-
Em virtude de vermos os desequilí-
sas, além do exclusivamente econômico
brios econômicos mundiais afetarem po-
(WHITAKER, 2009).
pulações inteiras, é pertinente refletir a
Vamos a alguns entendimentos bási- ética enquanto conduta, pois em tempos
cos: a ética enquanto parte da Filosofia é de competição acirrada, os profissio-
um tipo de saber que se tenta construir nais das mais diversas áreas não podem
racionalmente, utilizando para tanto o ri- pensar somente no retorno econômico-
gor conceitual e os métodos de análise e -financeiro que as organizações lhe im-
explicação da própria filosofia. põem como meta. Ao contrário, precisam
tomar para si o conceito e vivenciar a éti-
Como reflexão sobre as questões mo-
ca no seu cotidiano.
rais, a ética pretende desdobrar concei-
tos e argumentos que permitam com- Ética consiste, essencialmente, em um
preender a dimensão moral da pessoa conjunto de conhecimentos que ajudam
humana nessa sua condição moral, ou os dirigentes a descobrirem as oportu-
seja, sem reduzi-la a seus componentes nidades que brindam sua profissão para
psicológicos, sociológicos, econômicos que cheguem a ser melhores pessoas,
ou de qualquer outro tipo. isto é, para que desenvolvam suas vir-
tudes morais (PÉREZ LOPEZ, 1991 apud
Podemos dizer que a ética, enquanto
SERTEK, 2002).
filosofia moral consegue explicar o fenô-
meno moral, ou seja, consegue dar conta Já responsabilidade social é definida
racionalmente da dimensão moral huma- por Rocha (2009) como o compromisso
na e com isto, conseguimos alcançar um que uma organização deve ter para com
maior grau de conhecimento de nós mes- a sociedade, expresso por meio de atos e
mos, por conseguinte, um grau maior de atitudes que a afetem positivamente, de
liberdade. modo amplo, ou a alguma comunidade de
11

modo específico, agindo pró-ativamente cial e ambiental referem-se à sustenta-


e coerentemente no que tange a seu pa- bilidade da empresa, pode-se referir os
pel específico na sociedade e a sua pres- três valores que se ligam à sustentabili-
tação de contas para com ela. A organi- dade e atuação ética de cada ser humano
zação, nesse sentido, assume obrigações inserido na empresa. São eles: consciên-
de caráter moral, além das estabelecidas cia, liberdade e responsabilidade.
em lei, mesmo que possam contribuir
Consciência – cada pessoa é porta-
para o desenvolvimento sustentável dos
dora da chave, do segredo para conhecer
povos. Assim, numa visão expandida,
com profundidade o ser humano. Dispõe
responsabilidade social é toda e qualquer
da lei da consciência, inserida no seu pró-
ação que possa contribuir para a melho-
prio ser.
ria da qualidade de vida da sociedade.
Liberdade – a verdadeira liberdade
Segundo Whitaker (2009), a ética, a
é aquela que permite a cada pessoa agir
responsabilidade social, o meio ambien-
como convém ao ser humano, cujo anseio
te são questões que devem preocupar a
é a felicidade. A integridade, honradez, a
alta direção e os conselhos de adminis-
coerência entre o modo de ser e de agir
tração das empresas que pretendem ser
são o caminho para alcançar o bem e a
sólidas e deixar lastro.
verdade. Dessa maneira, a pessoa será
Esse tripé, conhecido como Triple Bot- tanto mais livre quanto mais próxima es-
tom Line, expressa esse conjunto de va- tiver de atingir esses valores.
lores e processos ampliando a visão dos
Responsabilidade – a responsabi-
empresários, atingindo os aspectos so-
lidade, por sua vez, corresponde à res-
cial, econômico e ambiental. De fato é
posta a um imperativo que cada cidadão
cada vez mais importante o enfoque do
percebe em seu íntimo. O exercício da
potencial transformador da empresa so-
solidariedade, a cidadania, a responsabi-
cialmente responsável, economicamente
lidade social, a busca do bem comum são
viável e ecologicamente sustentável.
valores da humanidade e nenhum cida-
Nesse contexto, a credibilidade de uma dão pode se eximir dessas práticas (WHI-
instituição é o reflexo da prática efetiva TAKER, 2009).
de valores como a integridade, honesti-
O triple bottom line (o social, ambien-
dade, transparência, qualidade do pro-
tal e econômico) está para a empresa, as-
duto, eficiência do serviço, respeito ao
sim como esses três valores inerentes ao
consumidor, entre outros. Esses valores
ser humano (consciência, liberdade e res-
atribuídos às empresas, na realidade, são
ponsabilidade) estão para cada pessoa.
inerentes aos indivíduos que as criaram
e as representam, aqui, colocamos como O passaporte para a sustentabilidade
exemplo, você, que está se especializan- poderá ser alcançado na medida em que
do em Engenharia elétrica e poderá al- cada pessoa que integra as empresas,
mejar a ocupar o posto de gestor. desde o último colaborador contratado
até o Presidente do Conselho de Admi-
Assim, como os eixos econômico, so-
nistração, se conscientize de sua missão,
12

cada um em seu nível de atuação, e use gócios residia na conduta ética pessoal e
a sua liberdade para desempenhá-la com profissional.
total responsabilidade e comprometi-
Nesse mesmo período, ocorreu a ex-
mento com a atuação ética (WHITAKER,
pansão das multinacionais oriundas prin-
2009).
cipalmente dos Estados Unidos e da Eu-
Acreditamos ser interessante mostrar ropa, com a abertura de subsidiárias em
a evolução do conceito de ética nas em- todos os continentes. Nos novos países
presas, principalmente porque, embora em que passaram a operar, choques cul-
acreditemos ser uma disciplina básica turais e outras formas de fazer negócios
nos cursos de graduação, nunca é demais conflitavam, por vezes, com os padrões
refletir sobre conceitos dessa enverga- de ética das matrizes dessas companhias,
dura. fato que incentivou a criação de códigos
de ética corporativos.
A empresa necessita desenvolver-se
de tal forma que a ética, a conduta ética Durante a década de 1980 foram no-
de seus integrantes, bem como os valo- tados ainda, tanto nos Estados Unidos
res e convicções primários da organiza- quanto na Europa, esforços isolados,
ção se tornem parte de sua cultura. principalmente de professores univer-
sitários, que se dedicaram ao ensino da
Na década de 1960 aconteceram as
Ética nos Negócios em faculdades de Ad-
primeiras preocupações éticas no âmbito
ministração, e em programas de MBA
empresarial. Ocorreram debates em mui-
– Master of Business Administration,
tos países, principalmente de origem ale-
surgindo a primeira revista científica es-
mã, com o intuito de elevar o trabalhador
pecífica na área de administração: “Jour-
à condição de participante dos Conselhos
nal of Business Ethics”.
de Administração das organizações.
No início da década de 1990, redes aca-
O ensino da Ética em faculdades de
dêmicas foram formadas: a Society for
Administração e Negócios tomou impul-
Business Ethics nos EUA, e a EBEN – Eu-
so nas décadas de 1960 e 1970, princi-
ropean Business Ethics Network na Euro-
palmente nos Estados Unidos, quando
pa, originando outras revistas especiali-
alguns filósofos vieram trazer sua contri-
zadas, a Business Ethics Quarterly (1991)
buição. Ao complementar sua formação
e a Business Ethics: a European Review
com a vivência empresarial, aplicando os
(1992). As reuniões anuais dessas asso-
conceitos de Ética à realidade dos negó-
ciações permitiram avançar no estudo da
cios, surgiu uma nova dimensão: a Ética
Ética, tanto conceitualmente quanto em
Empresarial.
sua aplicação às empresas. Daí emergiu
Os primeiros estudos de Ética nos Ne- a publicação de duas enciclopédias, uma
gócios remontam aos anos 1970, quan- nos Estados Unidos e outra na Alemanha:
do nos Estados Unidos, o Prof. Raymond Encyclopedic Dictionary of Business Ethi-
Baumhart realizou a primeira pesquisa cs e Lexikoin der Wirtschaftsethik.
sobre o tema, junto a empresários. Nes-
Nesta mesma ocasião ampliou-se o
sa época, o enfoque dado à Ética nos Ne-
13

escopo da Ética Empresarial, universa- ticipação social em projetos relacionados


lizando o conceito. Ressaltou-se a exis- ao meio ambiente. (disponível em: http://
tência de três modos inter-relacionados www.eletrobras.com/elb/data/Pages/
de abordagem da ética no âmbito das LUMISBD291486ITEMIDPTBRIE.htm).
empresas. Alguns temas específicos se
[...] Dentre as iniciativas no âmbito so-
delinearam com um foco de preocupação
cial, a Eletrobras destaca a valorização da
internacional: corrupção, liderança e as
diversidade no seu corpo funcional por
responsabilidades corporativas.
meio do seu Programa de Equidade de
Esforços isolados foram sendo empre- Gênero, a preocupação com o meio am-
endidos por pesquisadores e professores biente e com a inclusão social por meio do
universitários, ao lado de subsidiárias de Programa de Coleta Seletiva Solidária e o
empresas multinacionais em toda a Amé- incentivo ao desenvolvimento local por
rica Latina, e o Brasil foi palco do I Con- meio da implantação dos Centros Comu-
gresso Latino Americano de Ética, Negó- nitários de Produção (CCPs) desenvolvi-
cios e Economia, em julho de 1998. Nessa dos nas comunidades rurais beneficiadas
ocasião, foi possível conhecer as iniciati- pelo ‘Luz para Todos’ [...]
vas no campo da ética nos negócios, se-
Esperamos que tenham entendido
melhanças e diferenças entre os vários
que, embora seja difícil desenvolver um
países, especialmente da América do Sul.
programa que contemple a responsabili-
Em São Paulo, a Escola Superior de Ad- dade social em sua íntegra, um primeiro
ministração de Negócios (ESAN), primei- passo é a conscientização dos empreen-
ra faculdade de administração do país, dedores e dos acionistas majoritários de
fundada em 1941, privilegiou o ensino da que, hoje, no mundo em que vivemos, o
ética nos cursos de graduação desde seu consumidor sabe e, essencialmente, va-
início. loriza a diferença entre empresas que
são socialmente responsáveis e outras
Em 1992, o Ministério da Educação e
que não têm essa preocupação.
Cultura (MEC) sugeriu formalmente que
todos os cursos de administração, em Com certeza, as empresas que se mo-
nível de graduação e pós-graduação, in- bilizam em prol de programas sociais,
cluíssem em seu currículo a disciplina de preocupando-se verdadeiramente com
ética. a comunidade que vive no entorno de
sua organização, ganham a confiança do
Também, em 1992, a Fundação Getú-
consumidor e a percepção da sociedade
lio Vargas, em São Paulo, criou o Centro
de que aquela empresa se preocupa com
de Estudos de Ética nos Negócios (CENE)
algo maior do que seu próprio lucro.
(VOLTOLINI, 2009).
Ganha também maior retenção de ta-
Se focarmos a Eletrobras levando para
lentos, maior envolvimento e comprome-
a prática os conceitos de ética e respon-
timento dos colaboradores, credibilidade
sabilidade social, veremos que, através
de marca, maior chance de fidelizar o con-
de seu site reafirma seu foco na respon-
sumidor, reconhecimento da comunidade
sabilidade social, demonstrando sua par-
14

em que está inserida, valorização de ca-


pital para as empresas que têm ações em
bolsa, entre outros. E o mais importante
de tudo: a satisfação em ajudar a promo-
ver o bem comum.
15
UNIDADE 4 - Sistema de Gestão
Ambiental
4.1 Meio ambiente: concei- equipamentos, rodovias e demais ele-
mentos que formam o espaço urbano
tos e definições construído (CF, 1988, art. 21, XX, 182 e
Quando se fala em meio ambiente, a segs., art. 225);
primeira ideia que vem à mente é relacio-
nada com a natureza, plantas e animais,
meio ambiente do trabalho – é o
integrado pelo conjunto de bens, instru-
contudo, na realidade, o meio ambiente é
mentos e meios, de natureza material
mais amplo e complexo, podendo ser ru-
e imaterial, em face dos quais o ser hu-
ral ou urbano, incluindo até mesmo con-
mano exerce as atividades laborais (CF,
juntos arquitetônicos, ruas, praças, etc.
1988, art.200, VIII);
De acordo com o art. 3º, I, da Lei
6.938/81, o meio ambiente é “o conjun-
preservação ambiental – como o
próprio nome já sugestiona, é o ato de
to de condições, leis, influências, altera-
proteção contra algum dano. “É a ação
ções e interações de ordem física, quími-
de proteger contra a destruição e qual-
ca e biológica, que permite, abriga e rege
quer forma de dano ou degradação de
a vida em todas as suas formas”.
um ecossistema, uma área geográfica ou
Com base na Constituição Federal de espécies animais e vegetais ameaçados
1988, passou-se a entender também que de extinção”.
o meio ambiente divide-se em físico ou
natural, cultural, artificial e do trabalho,
degradação ambiental, ao contrá-
rio, é toda alteração adversa das caracte-
assim conceituados:
rísticas qualitativas do meio ambiente.
meio ambiente natural – forma-
De modo geral, as empresas são res-
do pelo solo, a água, o ar, flora, fauna e
ponsáveis por gerar impactos na nature-
todos os demais elementos naturais res-
za em suas principais áreas (água, ener-
ponsáveis pelo equilíbrio dinâmico entre
gia, recursos naturais variados e geração
os seres vivos e o meio em que vivem (CF,
de resíduos). Independente do seu por-
1988, art. 225, caput e §1º);
te, toda empresa deve estar focada na
meio ambiente cultural – aquele prática da responsabilidade social e am-
composto pelo patrimônio histórico, ar- biental (como já falamos anteriormente),
tístico, arqueológico, paisagístico, turís- para diminuir e prevenir efetivamente os
tico, científico e pelas sínteses culturais impactos que possa causar, dessa forma
que integram o universo das práticas so- contribuindo ativamente para a preser-
ciais das relações de intercâmbio entre vação do planeta.
homem e natureza (CF, 1988, art. 215 e
216); 4.2 Preservação do meio
meio ambiente artificial – é o ambiente
constituído pelo conjunto e edificações, Estudos diversos mostram cotidiana-
16

mente que tanto recursos naturais (as produtos que sejam produzidos em con-
matérias-primas) quanto os bens natu- dições ambientais favoráveis (AMBIENTE
rais (água e ar) estão se tornando escas- BRASIL, 2007).
sos e onerosos, e com isto, se tornam
Enfim, a imagem de empresas ambien-
importantes a preservação e o manejo
talmente saudáveis e comprometidas é
sustentável para que não acabem num
mais bem aceita por acionistas, consumi-
curto espaço de tempo.
dores, fornecedores e autoridades públi-
Além de uma legislação ambiental rí- cas.
gida, que tem exigido cada vez mais res-
Fazendo um recorte no tempo e na
peito e cuidados com o meio ambiente,
história da preocupação com o meio am-
pode-se elencar outros segmentos que
biente, vimos o nascimento, em agosto
tem seguido e exigido responsabilida-
de 1981, da Lei nº 6.938 que dispunha
de e comprometimento das empresas,
sobre a política nacional do meio ambien-
as quais estão se tornando parceiras e
te, seus fins e mecanismos de formula-
agentes ativos no processo de preserva-
ção e aplicação. Esta Lei constituiu-se
ção do meio-ambiente, tais como:
um importante instrumento de amadu-
pressões públicas de cunho local, recimento e consolidação da política am-
nacional e mesmo internacional que exi- biental no país.
gem igualmente, cada vez mais respon-
Em janeiro de 1986, o Conselho Nacio-
sabilidades ambientais das empresas;
nal do Meio Ambiente (CONAMA) apro-
os bancos, financiadores e segu- vava a Resolução 001/86 que estabe-
radoras que dão privilégios a empresas lecia as responsabilidades, os critérios
ambientalmente sadias ou exigem taxas básicos e as diretrizes gerais para uso e
financeiras e valores de apólices mais implementação do Estudo dos Impactos
elevadas de firmas poluidoras; Ambientais e Relatório dos Impactos Am-
bientais (EIA-RIMA) como um dos instru-
a sociedade em geral e a vizinhança
mentos da Política Nacional de Meio Am-
em particular que está cada vez mais exi-
biente (os quais serão contemplados em
gente e crítica no que diz respeito a da-
tópico à frente).
nos ambientais e à poluição provenien-
tes de empresas e atividades; Posteriormente com a Constituição
Federal de 1988, tivemos um capítulo so-
organizações não governamentais
bre Meio Ambiente e vários outros afins,
que estão sempre mais vigilantes, exigin-
sendo considerado um importantíssimo
do o cumprimento da legislação ambien-
documento de Poder Público em relação
tal, a minimização de impactos, a repara-
à questão ambiental (DIAS, 1998).
ção de danos ambientais ou impedindo a
implantação de novos empreendimentos Outro fator que impulsiona as empre-
ou atividades; sas à preservação do meio em que vive
e dos seus recursos naturais, é o ampa-
compradores de produtos inter-
ro que a lei nº 6938/81 garante com a
mediários estão exigindo cada vez mais
Política Nacional do Meio Ambiente que
17

objetiva a preservação, melhoria e recu- campanhas com os colaboradores


peração da qualidade ambiental propícia para que haja economia de água, de for-
à vida, visando assegurar, no país, condi- ma que esse prática educativa seja mul-
ções ao desenvolvimento socioeconômi- tiplicada em suas casas e comunidades
co, aos interesses da segurança nacional (tempo de duração do banho, lavagem de
e à proteção da dignidade humana. A so- calçadas e carros);
ciedade conta também com vários outros
reduzir a impressão de papel;
dispositivos legais para a preservação do
meio ambiente, podemos citar o artigo climatização eficiente;
225 capítulo VI da Constituição Federal.
uso racional da energia.
A Política Nacional do Meio Ambiente,
Entre os princípios internacionalmen-
expressa em seu artigo 4º dos incisos de
te aceitos sobre gestão de recursos hí-
I a VII e no artigo 5º parágrafo único, os
dricos, incorporados à Lei 9.433, estão
seus objetivos sendo claro o seu cunho
os fixados na Agenda 21, da Conferência
protetivo, tornando assim, obrigatória
Rio 92, que foram aprimorados para se-
para as empresas e seus colaboradores
rem factíveis e passíveis de serem imple-
traçarem medidas que colaboram para o
mentados. De acordo com Biswas (s/d), a
equilíbrio do ecossistema.
lei brasileira de recursos hídricos, assim
As empresas podem e devem contri- como a legislação similar da Argentina,
buir para a preservação de um ambiente Chile e México devem servir de exemplo
saudável e cada vez mais investem recur- para os países em desenvolvimento que
sos para capacitar seus colaboradores na estejam interessados em criar ou refor-
preservação da natureza e, em conse- mular sua regulamentação sobre gestão
quência, a sociedade busca a relação de de águas (BORSOI; TORRES, 2002).
consumo com as empresas que traba-
lham com responsabilidade social. 4.3 Sistemas de gestão am-
Várias são as iniciativas educativas biental
que contribuem na preservação do meio No dicionário eletrônico da língua
ambiente e de uma sociedade mais justa. português (Aurélio Buarque de Holanda
São elas: incorporar a preocupação com o Ferreira, 1986), gestão é o ato de gerir,
meio ambiente, na sua forma de gerir os administrar, gerenciar. Transportando
negócios; estabelecer metas ambientais; e relacionando o conceito com as ques-
investir em pesquisas, desenvolvimen- tões do meio ambiente, podemos inferir
to e inovação, certificações ambientais que Gestão Ambiental é a administração
entre outros. Na prática, essas medidas do exercício de atividades econômicas e
funcionam da seguinte forma: sociais de forma a utilizar de maneira ra-
implantação de sistemas de econo- cional os recursos naturais, renováveis
mia e reuso da água; ou não.

identificar e consertar todos os va- A gestão ambiental deve visar o uso


zamentos de água; de práticas que garantam a conservação
18

e preservação da biodiversidade, a reci- trolar suas atividades com o intuito de


clagem das matérias-primas e a redução alcançar seus objetivos.
do impacto ambiental das atividades hu-
manas sobre os recursos naturais. Fazem
Cardella (1999) define como ins-
parte também do arcabouço de conheci- trumentos do sistema de gestão:
mentos associados à gestão ambiental, a) princípio – é a base sobre a qual o
técnicas para a recuperação de áreas de- sistema de gestão é construído. Resulta
gradadas, técnicas de reflorestamento, da filosofia, do paradigma dominante;
métodos para a exploração sustentável
de recursos naturais, e o estudo de riscos b) objetivo – é um estado futuro que se
e impactos ambientais para a avaliação deseja atingir;
de novos empreendimentos ou amplia- c) estratégia – é um caminho para
ção de atividades produtivas. atingir o objetivo;
A prática da gestão ambiental introduz d) política – é uma regra ou conjunto
a variável ambiental no planejamento de regras comportamentais;
empresarial, e quando bem aplicada, per-
mite a redução de custos diretos – pela e) diretriz – é uma orientação. Pode
diminuição do desperdício de matérias- restringir os caminhos possíveis ou dar
-primas e de recursos cada vez mais es- indicações de caráter geral. É mais es-
cassos e mais dispendiosos, como água pecífica que a política e serve, inclusive,
e energia – e de custos indiretos – repre- para explicitá-la;
sentados por sanções e indenizações re- f) sistema organizacional – é um
lacionadas a danos ao meio ambiente ou sistema no qual as relações entre pesso-
à saúde de funcionários e da população as predominam sobre as relações entre
de comunidades que tenham proximida- equipamentos;
de geográfica com as unidades de produ-
ção da empresa. g) sistema operacional – é um siste-
ma no qual as relações entre equipamen-
Uma vez que gestão é o ato de coor- tos predominam sobre as relações entre
denar esforços de pessoas para atingir pessoas. Por extensão, é operacional o
os objetivos da organização, devemos sistema que, mesmo apresentando in-
primar por uma gestão eficiente e eficaz, tensa rede de relações pessoais, apre-
realizada de modo que as necessidades sente características repetitivas e mecâ-
e os objetivos das pessoas sejam consis- nicas de trabalho;
tentes e complementares aos objetivos
da organização a que estão vinculadas h) programa – é um conjunto de
(CARDELLA, 1999). ações desenvolvidas dentro de determi-
nado campo de ação. Promove a evolução
Sistema de gestão pode ser definido da organização rumo aos objetivos. São
então como um conjunto de instrumen- constituídos por objetivos específicos,
tos inter-relacionados, interatuantes e diretrizes, estratégias, metas, projetos,
interdependentes de que uma organiza- atividades e planos de ação;
ção faz uso para planejar, operar e con-
19

i) meta – é um ponto intermediário na e colaboradores (realizações) e ter um


trajetória que leva ao objetivo; comportamento (conduta) coerente com
suas convicções, crenças e valores, por-
j) projeto – é a menor unidade de ação tanto, Sistema de Gestão é um conjunto,
ou atividade que se pode planejar e ava-
em qualquer nível de complexidade, de
liar em separado e, administrativamente,
pessoas, recursos, políticas e procedi-
implantar. Tem característica não repeti-
mentos. Esses componentes interagem
tiva de trabalho;
de um modo organizado para assegurar
k) atividade – é um conjunto de ações que uma dada tarefa seja realizada, ou
com características repetitivas, utiliza- para alcançar ou manter um resultado
das para atingir e/ou manter metas e ob- específico.
jetivos;
De acordo com De Cicco e Fantazzi-
l) método – é um caminho geral para ni (1991), um Sistema de Gestão é uma
resolver problemas; estrutura organizacional composta de
responsabilidades, processos e recursos
m) norma – é um conjunto de regras capazes de implementar tal gestão, de
obrigatórias que disciplinam uma ativida- forma que seu objeto seja eficazmente
de; operacionalizado por todos os gestores
n) Regra – é uma restrição imposta a de pessoas e contratos da empresa, vin-
procedimentos, processos, operações ou do a fazer parte da cultura e dos valores
equipamentos; dessa organização.

o) Procedimento – é a descrição de- Enfim, como pondera Araújo (2002),


talhada de um processo que se realiza os sistemas de gestão se mostram como
em bateladas. Pode ser organizacional ou forma eficiente de se implementar ideias,
operacional. ou seja, novos valores culturais às em-
presas, permitindo que ações efetivas
Cabe à organização adotar um sistema venham a ocorrer, mudanças se operem
de gestão escolhido entre os disponíveis e o projeto corporativo enunciado se re-
ou criar um próprio, de acordo com suas alize.
necessidades e especificidades.
Uma boa gestão leva à proteção do
Para Arantes (1994 apud ARAÚJO, meio ambiente, dever de todos e de cada
2002), as empresas têm um papel cla- um dos seres que habita este planeta e
ro a desempenhar perante a sociedade: neste contexto, vários são os programas
prover produtos de valor (utilidades) que que você poderá aplicar no ambiente or-
irão satisfazer às necessidades de um ganizacional, dentro de sua formação
grupo representativo de pessoas (clien- que é multidisciplinar.
tes), praticando padrões de comporta-
mento (conduta) aceitos pela sociedade.
Além desse papel, as empresas têm obri-
gações internas a cumprir: satisfazer as
expectativas de seus empreendedores
20

UNIDADE 5 - Mercados de Energia Elétrica

5.1 Contratos de concessão 9.074/95 (ANEEL, 2014).

e permissão 5.2 Distribuição de energia


Os contratos de concessão assinados Segundo a ANEEL (2014), o segmen-
entre a Agência Nacional de Energia Elé- to de distribuição se caracteriza como o
trica e as empresas prestadoras dos ser- segmento do setor elétrico dedicado à
viços de transmissão e distribuição de entrega de energia elétrica para um usu-
energia estabelecem regras claras a res- ário final. Como regra geral, o sistema de
peito de tarifa, regularidade, continui- distribuição pode ser considerado como o
dade, segurança, atualidade e qualidade conjunto de instalações e equipamentos
dos serviços e do atendimento prestado elétricos que operam, geralmente, em
aos consumidores. Da mesma forma, de- tensões inferiores a 230 kV, incluindo os
fine penalidades para os casos em que a sistemas de baixa tensão.
fiscalização da ANEEL constatar irregula-
ridades. Atualmente, o Brasil possui 63 conces-
sionárias do serviço público de distribui-
Os novos contratos de concessão de ção de energia elétrica, além de um con-
distribuição priorizam o atendimento junto de permissionárias (cooperativas
abrangente do mercado, sem que haja de eletrificação rural que passaram pelo
qualquer exclusão das populações de processo de enquadramento como per-
baixa renda e das áreas de menor densi- missionária de serviço público de distri-
dade populacional. Prevê ainda o incenti- buição de energia elétrica).
vo à implantação de medidas de combate
ao desperdício de energia e de ações re- A geração distribuída de pequeno
lacionadas às pesquisas voltadas para o porte (classificada como micro ou mini-
setor elétrico. geração distribuída) pode participar do
Sistema de Compensação de Energia re-
A concessão para operar o sistema de gulamentado pela Resolução Normativa
transmissão é firmada em contrato com ANEEL nº 482/2012.
duração de 30 anos. As cláusulas estabe-
lecem que, quanto mais eficiente as em- Esse sistema é conhecido internacio-
presas forem na manutenção e na ope- nalmente pelo termo em inglês “net me-
ração das instalações de transmissão, tering”. Nele, um consumidor de energia
evitando desligamentos por qualquer ra- elétrica instala pequenos geradores em
zão, melhor será a sua receita. sua unidade consumidora (como, por
exemplo, painéis solares fotovoltaicos
As novas concessões de geração, por ou pequenas turbinas eólicas) e a ener-
sua vez, são outorgadas mediante proce- gia gerada é usada para abater o consu-
dimento licitatório por até 35 anos, não mo de energia elétrica da unidade. Nos
havendo previsão de prorrogação con- meses em que a quantidade de energia
forme estabelece as Leis nº 8.987/95 e gerada for maior que o consumo, o saldo
21

positivo poderá ser utilizado para abater Abaixo temos a matriz de energia elé-
o consumo em outro posto tarifário, em trica atualizada em 02/02/2014.
outra unidade consumidora (desde que
as duas unidades estejam na mesma área
de concessão e sejam do mesmo titular)
ou ainda na fatura do mês subsequente.
Vale lembrar que os créditos de energia
gerados continuam válidos por 36 meses.

As distribuidoras são avaliadas em


diversos aspectos no fornecimento de
energia elétrica. Entre eles, está a quali-
dade do serviço e do produto oferecidos
aos consumidores.

A qualidade dos serviços prestados


compreende a avaliação das interrup-
ções no fornecimento de energia elétri-
ca. Destacam-se no aspecto da qualidade
do serviço os indicadores de continuida-
de coletivos, DEC e FEC 2, e os indicado-
res de continuidade individuais DIC, FIC e
DMIC 3 .

A qualidade do produto avalia a confor-


midade de tensão em regime permanen-
te e as perturbações na forma de onda
de tensão. Destacam-se neste quesito
os indicadores coletivos DRPe e DRCe 4,
obtidos a partir da campanha de medição
amostral instituída pela ANEEL.

5.3 Matriz de energia elétri-


ca brasileira
2 -DEC (duração equivalente de continuidade) mede o tempo
que um grupo de consumidores ficou sem energia e o FEC
(frequência equivalente de continuidade) indica a quantidade
O Brasil possui um total aproximado de de vezes que ocorreu interrupção no fornecimento.
3.040 empreendimentos em operação, 3 - DIC (Duração de Interrupção Individual por Unidade
totalizando 126.567.082 kW de potência Consumidora) e FIC (Frequência de Interrupção Individual
por Unidade Consumidora), que medem, respectivamente,
instalada. a duração e a frequência das interrupções do fornecimento
de energia em cada unidade consumidora. DMIC (Duração
Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora),
Está prevista para os próximos anos que registra o tempo máximo que uma unidade consumidora
uma adição de 35.948.322 kW na capa- permaneceu sem energia no intervalo de tempo de apuração.
Esses números são detalhados pelas distribuidoras na fatura
cidade de geração do País, proveniente mensal de seus consumidores.
dos 148 empreendimentos, atualmente 4 - Indicadores coletivos que expressam a média dos indicado-
em construção, e mais 544 outorgadas. res individuais DRP e DRC.
22

Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp

Tipos de Usinas: definição explícita do seu significado. Tal


definição deveria contemplar seu aspec-
UHE - Usinas Hidrelétricas (Caracte-
to semântico e os aspectos mais gerais
rizada por possuir potência instalada su-
do espírito da lei, tais como diminuir a ne-
perior a 30 MW);
cessidade de investimentos e melhorar a
UTE - Usinas Termelétricas; qualidade dos serviços, contribuindo para
a modicidade tarifária.
PCH - Pequenas Centrais Hidrelétri-
cas (Caracterizada por possuir potência No aspecto semântico vale lembrar que
instalada entre 1MW e 30MW); o adjetivo está em desuso na língua portu-
guesa há bastante tempo sendo seu signi-
EOL - Usinas Eolioelétricas; ficado, segundo Aurélio:
UTN - Usinas Termonucleares; “Ancilar. [Do lat. ancillare.] Adj. 2 g. 1.
SOL - Fontes Alternativas de Ener- Relativo a ou próprio da ancila 2. Auxiliar,
gia; subsidiário”.

CGH - Central Geradora Hidrelétrica Serviços ancilares são aqueles que com-
(unidade geradora de energia com poten- plementam os serviços principais que, na
cial hidráulico igual ou inferior a 1 MW (um segmentação brasileira, são caracteriza-
megawatt), normalmente com barragem dos pela geração, transmissão, distribui-
somente de desvio, em rio com acidente ção e comercialização. Estes serviços, em
natural que impede a subida de peixes). um sistema integrado como o brasileiro,
se caracterizam por relações causa-efeito
5.4 Serviços ancilares que afetam os sistemas como um todo e
que ultrapassam as fronteiras da área de
A expressão “serviço ancilar” foi empre-
abrangência das empresas e/ou dos servi-
gada na Lei nº 9.648/98 (Art. 13, Parágra-
ços principais.
fo único, “d” e Art. 14, § 1º, “d”) sem uma
23

Para que possam ser definidos como Serviços Ancilares são definidos como os
serviços e que sejam estabelecidas formas serviços que contribuem para segurança
de remuneração do agente responsável, confiabilidade e qualidade do suprimento
no entanto, é preciso que ela seja mensu- de energia elétrica, tornando-os impres-
rável (INEE, 2006). cindíveis à operação eficiente do sistema
elétrico em um ambiente de mercado.
Souza (2006) explica de maneira bem
didática o que vem a ser os serviços anci- No Brasil, os Serviços Ancilares de gera-
lares: ção e transmissão foram definidos em 10
de junho de 2003, através da Resolução
As mudanças estruturais nas empresas
nº 265 publicada pela Agencia Nacional de
de energia elétrica, decorrentes do pro-
Energia Elétrica – ANEEL. Embora tenha
cesso de desverticalização, resultaram
ocorrido tal definição, regras para remune-
na separação das atividades de geração,
ração da prestação destes serviços foram
transmissão e distribuição de energia elé-
propostas apenas para o Serviço Ancilar
trica.
prestado pelo gerador quando o mesmo
Com o processo de desverticalização trabalha como compensador síncrono, ou
surge a necessidade de repartição dos seja, os geradores que produzem apenas
custos de operação, de maneira que os potência reativa (capacitativa ou indutiva).
agentes envolvidos sejam remunerados
Outro exemplo de serviço ancilar seria o
adequadamente e que as restrições do sis-
autorrestabelecimento (black start).
tema sejam atendidas, viabilizando as ope-
rações de mercado.
5.5 Bandeiras tarifárias
Para que o processo de repartição dos A partir de 2015, as contas de energia
custos ocorra com o máximo de eficiência terão uma novidade: o Sistema de Bandei-
possível, há a necessidade de definir os di- ras Tarifárias. As bandeiras verde, amarela
ferentes tipos de serviços prestados com o e vermelha indicarão se a energia custará
objetivo de conhecê-los, organizá-los por mais ou menos, em função das condições
função e definir metodologias para identi- de geração de eletricidade.
ficação dos envolvidos no fornecimento e
recebimento destes serviços. Bandeira verde: condições favorá-
veis de geração de energia. A tarifa não so-
Definidos os envolvidos no fornecimen- fre nenhum acréscimo.
to e recebimento dos serviços prestados,
o próximo passo é definir métodos de re- Bandeira amarela: condições de
muneração destes serviços, sem que haja geração menos favoráveis. A tarifa sofre
subsídios cruzados e sem perder de vista acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 qui-
os estímulos necessários à expansão do lowatt-hora (kWh) consumidos.
sistema. Bandeira vermelha: condições mais
Uma classe de serviços melhor definida custosas de geração. A tarifa sobre acrés-
após o processo de reestruturação do se- cimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consu-
tor elétrico é a dos Serviços Ancilares. Os midos.
24

Para facilitar a compreensão das ban-


deiras tarifárias, 2013 e 2014 serão Anos
Testes. Em caráter educativo, a ANEEL di-
vulga mês a mês as bandeiras que estariam
em funcionamento. Consulte a seguir quais
bandeiras estariam valendo agora em cada
um dos subsistemas que compõem o Siste-
ma Interligado Nacional (SIN).

Acionamento das bandei-


ras tarifárias

Importante: Amazonas, Amapá e Roraima não estão


no SIN e, portanto, nesses estados não funcionará o sis-
tema de Bandeiras Tarifárias.

Conforme explicações da ANEEL, a


energia elétrica no Brasil é gerada, predo-
Além disso, as distribuidoras de ener- minantemente, por usinas hidrelétricas.
gia divulgarão, na conta de energia, a si- Para estas funcionarem, elas dependem
mulação da aplicação das bandeiras para das chuvas e do nível de água nos reserva-
o subsistema de sua região. O consumidor tórios.
poderá compreender então qual bandeira Quando há pouca água armazenada, usi-
estaria valendo no mês atual, se as bandei- nas termelétricas podem ser ligadas com a
ras tarifárias já estivessem em funciona- finalidade de poupar água nos reservató-
mento. rios das usinas hidrelétricas. Com isso, o
Abaixo temos os subsistemas e seus custo de geração aumenta, pois essas usi-
estados pertencentes: nas são movidas a combustíveis como gás
natural, carvão, óleo combustível e diesel.
subsistema Sudeste/Centro-Oeste Por outro lado, quando há muita água ar-
(SE/CO) – regiões sudeste e centro-oeste, mazenada, as térmicas não precisam ser
Acre e Rondônia; ligadas e o custo de geração é menor.
subsistema Sul (S) – região Sul; As bandeiras tarifárias são uma for-
ma diferente de apresentar um custo que
subsistema Nordeste (NE) – região
hoje já está na conta de energia, mas ge-
nordeste, exceto o Maranhão;
ralmente passa despercebido. Atualmen-
subsistema Norte (N) – Pará, Tocan- te, os custos com compra de energia pelas
tins e Maranhão. distribuidoras são incluídos no cálculo de
reajuste das tarifas dessas distribuidoras
e são repassados aos consumidores um
25

ano depois de ocorridos, quando a tarifa reais por quilowatt-hora (R$/kWh). Esse
reajustada passa a valer. Com as bandei- valor, ao ser multiplicado pela quantidade
ras, haverá a sinalização mensal do custo de energia consumida num determinado
de geração da energia elétrica que será período, em quilowatt (kW), representa a
cobrada do consumidor, com acréscimo das receita da concessionária de energia elé-
bandeiras amarela e vermelha. Essa sina- trica. A receita da distribuidora é destina-
lização dá, ao consumidor, a oportunidade da a cobrir seus custos de operação e ma-
de adaptar seu consumo, se assim desejar nutenção, bem como remunerar de forma
(ANEEL, 2014. Disponível em: http://www. justa o capital investido de modo a manter
aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758). a continuidade do serviço prestado com a
qualidade desejada.
5.6 Tarifação do consumi- As empresas concessionárias fornecem
dor final energia elétrica a seus consumidores com
Os consumidores de energia elétrica base em obrigações e direitos estabeleci-
pagam por meio da conta recebida da sua dos em um Contrato de Concessão, cele-
empresa distribuidora de energia elétrica, brado com a União, para a exploração do
um valor correspondente a quantidade de serviço público de distribuição de energia
energia elétrica consumida, no mês ante- elétrica em sua área de concessão.
rior, estabelecida em kWh (quilowatt-hora) No momento da assinatura do Contrato,
multiplicada por um valor unitário, denomi- a empresa concessionária reconhece que
nado tarifa, medida em R$ / kWh (reais por o nível tarifário vigente, ou seja, as tarifas
quilowatt-hora), que corresponde ao preço definidas na estrutura tarifária da empre-
de um quilowatt consumido em uma hora. sa, em conjunto com os mecanismos de
As empresas de energia elétrica pres- reajuste e revisão das tarifas estabeleci-
tam este serviço por delegação da União na dos nesse contrato, são suficientes para a
sua área de concessão, ou seja, na área em manutenção do seu equilíbrio econômico-
que lhe foi dado autorização para prestar -financeiro.
o serviço público de distribuição de energia Os contratos de concessão estabelecem
elétrica. que as tarifas de fornecimento podem ser
Cabe à Agência Nacional de Energia Elé- atualizadas por meio de três mecanismos:
trica – ANEEL – estabelecer tarifas que as- a) Reajuste tarifário anual:
segurem ao consumidor o pagamento de
uma tarifa justa, como também garantir o Este mecanismo tem como objetivo res-
equilíbrio econômico-financeiro da conces- tabelecer o poder de compra da receita
sionária de distribuição para que ela possa obtida por meio das tarifas praticadas pela
oferecer um serviço com a qualidade, con- concessionária.
fiabilidade e continuidade necessárias.
A receita da concessionária de distribui-
A tarifa regulada de energia elétrica ção é composta por duas parcelas: a “Par-
aplicada aos consumidores finais corres- cela A”, representada pelos custos não-ge-
ponde a um valor unitário, expresso em renciáveis da empresa (encargos setoriais,
26

encargos de transmissão e compra de As principais alterações que permitiram a


energia para revenda), e a “Parcela B”, que redução da conta foram:
agrega os custos gerenciáveis (despesas
alocação de cotas de energia, resul-
com operação e manutenção, despesas de
tantes das geradoras com concessão re-
capital).
novadas, a um preço médio de R$ 32,81/
O novo Reajuste Anual é calculado me- MWh;
diante a aplicação do Índice de Reajuste
redução dos custos de transmissão;
Tarifário sobre as tarifas homologadas na
data de referência anterior. redução dos encargos setoriais;
b) Revisão tarifária periódica: retirada de subsídios da estrutura da
tarifa, com aporte direto do Tesouro Nacio-
Este processo tem como principal ob-
nal.
jetivo analisar, após um período previa-
mente definido no contrato de concessão Redução e reajustes: o efeito dessa re-
(geralmente de 4 anos), o equilíbrio econô- dução é estrutural, ou seja, promoverá
mico-financeiro da concessão. uma mudança permanente no nível das
tarifas, pois retira definitivamente custos
Destaca-se que enquanto nos reajustes
que compunham as tarifas anteriores.
tarifários anuais a “Parcela B” da Receita é
atualizada monetariamente pelo IGP-M, no Tarifas diferentes: A ANEEL estabelece
momento da revisão tarifária periódica são uma tarifa diferente para cada distribuido-
calculadas a receita necessária para cober- ra – em função das peculiaridades de cada
tura dos custos operacionais eficientes e a concessão. A tarifa de energia elétrica
remuneração adequada sobre os investi- deve garantir o fornecimento de energia
mentos realizados, com prudência. com qualidade e assegurar aos prestado-
res dos serviços receitas suficientes para
c) Revisão tarifária extraordinária:
cobrir custos operacionais eficientes e re-
É uma revisão a qualquer tempo, a pedi- munerar investimentos necessários para
do da distribuidora, quando algum evento expandir a capacidade e garantir o atendi-
provocar significativo desequilíbrio econô- mento.
mico-financeiro. Também pode ser solicita-
As datas de leitura dos relógios são dis-
da em casos de criação, alteração ou extin-
tribuídas ao longo do mês: por isso, a redu-
ção de tributos ou encargos legais, após a
ção do preço da energia elétrica só deve ser
assinatura dos contratos de concessão, e
percebida integralmente pelo consumidor
desde que o impacto sobre as atividades
após um ciclo completo de cobrança com
das empresas seja devidamente compro-
as novas tarifas, ou seja, no primeiro mês
vado.
de vigência das novas tarifas, dependendo
A redução é resultado da Lei nº da data de vencimento da conta, parte do
12.783/2013, que promoveu a renovação consumo utilizará a tarifa antiga e outra
das concessões de transmissão e geração parte a nova tarifa, reduzida.
de energia que venciam até 2017, e das me-
Como as novas tarifas valem a partir do
didas provisórias 591/2012 e 605/2013.
27

dia 24 de janeiro, por exemplo, um consu-


midor que tem sua leitura feita no dia 10
de fevereiro, teria, em fevereiro, metade
de sua energia faturada pela tarifa antiga
e a outra metade pela nova tarifa. A partir
de 25 de fevereiro todas as contas já per-
ceberão os benefícios completos da tarifa
reduzida.

Classes de consumo: outros fatores que


fazem variar a conta de energia são as ca-
racterísticas de contratação de forneci-
mento. Os consumidores cativos residen-
ciais e os de baixa renda – aqueles que só
podem ser atendidos por uma distribuidora
– têm uma tarifa única em sua concessio-
nária.

As variações também ocorrem de acor-


do com o nível de tensão em que os con-
sumidores são atendidos, que é a tensão
disponibilizada no sistema elétrico da con-
cessionária e que varia entre valores in-
feriores a 2,3 kV (como as tensões de 110
e 220 volts) e valores superiores a 2,3 kV.
Essa variação divide os consumidores nos
grupos A (superiores a 2,3 kV, por exem-
plo as indústrias e grandes comércios) e
B (inferiores a 2,3 kV – no qual se incluem
os consumidores residenciais e os de baixa
renda).

Os consumidores do grupo A têm tarifas


definidas para energia e uso de rede, para
horários de ponta e fora de ponta. Os con-
sumidores livres possuem características
diferentes, pois podem contratar energia
de outros fornecedores, em condições es-
peciais (ANEEL, 2014).
28
UNIDADE 6 - A Eficiência Energética e As
Certificações
A definição mais simples para eficiência No processo de concessão do Selo Pro-
energética seria obter o melhor desempe- cel, a Eletrobras conta com a parceria do
nho na produção de um serviço com o menor Instituto Nacional de Metrologia, Qua-
gasto de energia. lidade e Tecnologia (Inmetro), executor
do Programa Brasileiro de Etiquetagem
Nesta direção, o Programa Nacional de
(PBE), cujo principal produto é a Etique-
Conservação de Energia Elétrica (Procel) visa
ta Nacional de Conservação de Energia
promover o uso eficiente da energia elétrica,
(ENCE), sendo também a Eletrobras par-
combater o desperdício e reduzir os custos
ceira do Inmetro no desenvolvimento do
e os investimentos setoriais. Foi criado pelo
PBE. Normalmente, os produtos contem-
governo federal em 1985, é executado pela
plados com o Selo Procel são caracteriza-
Eletrobras e utiliza recursos da empresa, da
dos pela faixa “A” da ENCE.
Reserva Global de reversão (RGR) e de enti-
dades internacionais. Etiqueta Nacional de Conservação
de Energia
O selo Procel Eletrobras deverá ser uti-
lizado nas cores especificadas abaixo e em
nenhuma hipótese pode-se alterar as co-
res ou fazer uso de fundos que confundam
sua visualização, como dégradés nas cores
institucionais e policromias (diversas cores)
(PROCEL, 2012).

Selo Procel

Fonte:http://www.inmetro.gov.br/consumidor/etique-
tas.asp

Mas, voltemos um pouco no tempo,


afinal de contas, a história sempre nos
aponta o caminho do futuro!

Quanto ao contexto do surgimento


do conceito de eficiência energética, ve-
jamos o que nos contam Roméro e Reis
Fonte: Procel (2012, p. 9).
(2012):
29

Alguns fatos não possuem uma data Com o aumento do consumo de ener-
certa, outros possuem data aproxima- gia no mundo, a sociedade vem a cada dia
da e alguns têm datas precisas. O surgi- se preocupando com as medidas de uso
mento da preocupação mundial com a racional das diversas formas de energia
questão da eficiência energética possui utilizadas, notadamente a energia elé-
precisão: dia 17 de outubro de 1973, data trica. Há também que considerar que a
conhecida como a do primeiro choque do geração de energia, seja ela hidráulica, a
petróleo. óleo, a carvão e a gás natural, agride de
uma forma ou de outra o meio ambiente.
Naquele dia, os produtores majoritá-
Logo, é necessário preservar as fontes
rios da Organização dos Países Exporta-
de energia existentes comercialmente e
dores de Petróleo (OPEP) reduziram a ex-
aumentar a eficiência dos aparelhos con-
tração, elevando o preço do barril de US$
sumidores para evitar uma maior agres-
2,90 para US$ 11,65 em apenas 90 dias,
são ao meio ambiente (MAMEDE FILHO,
ou seja, o valor do barril foi multiplicado
2012).
por um fator muito próximo de quatro.
Atualmente, o governo brasileiro tem
A Agence France-Presse (2014) tam-
desenvolvido uma política moderada de
bém conta que a OPEP estabeleceu que
conservação de energia com a finalidade
os preços do petróleo seriam fixados pela
de reduzir os desperdícios, notadamente
própria organização e não pelas compa-
da área industrial, comercial e de ilumi-
nhias distribuidoras de petróleo, fazendo
nação pública, buscando uma melhor uti-
seu preço saltar de US$ 4,00 o barril para
lização da energia consumida. O PROCEL,
cerca de US$ 40,00. Em janeiro de 2014,
órgão vinculado à ELETROBRAS, é o res-
o barril do tipo “light sweet” (WTI) para
ponsável direto pela execução das políti-
entrega em março perdeu 74 centavos,
cas de eficientização energética, agindo
a 97,49 dólares, no New York Mercantile
das mais diferentes formas, tais como na
Exchange (Nymex).
educação, na promoção, no financiamen-
Declarada a crise, os governos e as so- to, no incentivo, etc.
ciedades, em geral, foram se conscien-
Se focarmos em uma instalação indus-
tizando de que era necessário conter os
trial, por exemplo, o estudo da eficiência
desperdícios de energia e implementar
energética requer agir nos diferentes ti-
programas para alcançar esse objeti-
pos de carga com a finalidade de verificar
vo. No Brasil, os Ministérios das Minas e
o seu potencial de desperdício. Além das
Energia e Indústria e Comércio tomaram
mencionadas cargas, devem ser imple-
para si essa tarefa em 1985, instituindo
mentadas certas ações que podem resul-
o Programa Nacional de Conservação de
tar na racionalização do uso de energia e
Energia Elétrica – PROCEL , cuja função
consequente economia na fatura mensal
básica era integrar as ações de conserva-
de energia elétrica. Essas ações devem
ção de energia, na época em andamento
ser implementadas nos segmentos de
por iniciativa de várias organizações pú-
consumo a seguir enumerados:
blicas e privadas.
iluminação;
30

condutores elétricos; pende do objetivo do estudo de eficiên-


fator de potência; cia energética. Para um estudo completo
motores elétricos; da instalação devem ser realizadas medi-
ções nos seguintes pontos:
consumo de água;
climatização; a) Quadros de Luz (QL)
ventilação natural; Essa medição pode ser feita através
refrigeração; de uma leitura instantânea. O valor da
aquecimento de água; energia pode ser obtido considerando o
elevadores e escadas rolantes; tempo médio de funcionamento de cada
setor.
ar comprimido;
carregamento de transformadores; b) Terminais dos motores
instalação elétrica; No caso de pequenos motores, as me-
administração do consumo de ener- dições devem ser feitas nos seus termi-
gia elétrica; nais através de uma leitura instantânea.
controle de demanda. São considerados motores pequenos
aqueles cuja potência nominal é inferior
Segundo Mamede Filho (2012), antes a 5 cv. Para motores com potência supe-
de desenvolver quaisquer ações de efici- rior a 5 cv, mas que operam de forma con-
ência energética que impliquem custos, tínua e com carga uniforme, basta obter
deve-se inicialmente realizar levanta- também uma leitura instantânea ou de
mento dos aparelhos elétricos instalados pequena duração em torno de quatro ho-
nos diferentes segmentos da indústria, ras. Para motores que operam de forma
conforme anteriormente indicado. Após não contínua e com carga não uniforme,
obtidos esses resultados, é necessário é necessário realizar uma medição que
realizar medições de parâmetros elétri- caracterize pelo menos um ciclo de ope-
cos, tais como energia, demanda ativa e ração da máquina. Utilizando esses pro-
reativa, corrente, tensão e fator de po- cedimentos, é possível obter resultados
tência. Para instalações industriais com que indiquem a substituição ou não dos
grande número de equipamentos de co- motores.
mutação e chaveamento, tais como re-
tificadores, nobreaks, inversores, etc., é c) Centros de Controle dos Motores
necessário realizar medições de compo- (CCM)
nentes harmônicos de tensão e corrente Essa medição tem por objetivo básico
para fins de avaliação da sua contribui- obter informações do consumo de ener-
ção no desempenho do sistema elétrico. gia, níveis de tensão e de distorção har-
As medições devem ser realizadas com mônica. Pode-se adotar como satisfató-
medidores digitais com memória de mas- ria uma medição por um período de 24
sa que permitam obter graficamente as horas.
curvas dos valores medidos. d) Quadro Geral de Força (QGF)
A seleção dos pontos de medição de-
31

Essa medição tem por objetivo princi- niza-se uma tabela horária média a partir
pal avaliar os ganhos obtidos a partir da da soma das demandas respectivas de
implementação das medidas de eficiên- cada dia em cada horário. Por exemplo, o
cia energética. Para isso é necessário que valor da demanda média de 73 kW regis-
as medições sejam realizadas durante a trada no horário de 11:45 horas mostra-
fase de levantamento e após a conclusão da na Tabela a seguir (parte da medição
das ações desenvolvidas. A diferença en- completa) é o resultado da média dos
tre os valores de energia e demanda das valores de demanda dos dias da semana,
duas medições mostra os ganhos obtidos nesse mesmo horário. Já o gráfico mos-
com o projeto. tra a formação das curvas registradas
no período de medição. Para efeito de
Essa medição deve ser realizada por
avaliação dos resultados, devem ser con-
um período mínimo de uma semana para
sideradas apenas as curvas médias das
que se possam obter resultados satisfa-
medições realizadas antes e depois das
tórios. Com os resultados das demandas
ações de eficiência energética.
ativas horárias, obtidas a cada dia, orga-

Medição semanal em kW

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 553).


32

Curva de carga semanal

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 554).

Para determinar o consumo médio tempo de duração da medição –


mensal da instalação a partir dos resul- 167,75 horas.
tados das medições, pode-se calcular a
2) Determinação da taxa de consu-
taxa média de consumo, explicada nume-
mo médio:
ricamente:
Tcm = 89.050 / 167,75 = 530,84 kWh/h
1) Dados da medição realizada:
3) Determinação consumo médio
demanda máxima mensal – 990,5
mensal
kW (máxima registrada durante o perío-
do de medição); Tcm = 530,84 kWh/h X 24 h X 30 dias
= 382.204 kWh/Mês
consumo de energia ativa –
89.050 kWh (energia registrada no apa- 6.1 Cálculo econômico para
relho durante o período de medição);
eficiência operacional
data de início da medição –
Todo projeto de uma instalação elé-
12/11/2009;
trica deve buscar a eficiência operacio-
data do fim da medição – nal. No entanto, essa eficiência deve
19/11/2009; ser medida de forma a se encontrar jus-
tificativas econômicas para a sua imple-
hora de início da medição – 12:15
mentação. Não é razoável adotar proce-
horas;
dimentos para eficientizar um projeto
hora do fim da medição – 12:00 elétrico a qualquer custo.
horas;
33

Sempre que for adotada uma ação de Fc - fluxo de caixa descontado que cor-
eficiência energética esta deve ser pre- responde a diferença entre as receitas e
cedida de uma análise econômica. O mé- despesas realizadas a cada período con-
todo de cálculo denominado Valor Pre- siderado, em R$ ou US$;
sente Líquido (VPL) é de fácil execução
Ir - taxa interna de retorno ou taxa de
e deve ser aplicado em todas as ações de
desconto;
eficiência energética.
T - tempo, em meses, trimestre ou ano,
O Valor Presente Líquido é a soma al-
a que se refere a taxa interna de retorno;
gébrica de todo fluxos de caixa descon-
tados para o instante T = 0. Pode ser de- N - número de períodos.
terminado através da Equação:
Através desse método pode-se deter-
minar o tempo de retorno do investimen-
to, observando-se a Planilha de Cálculo
da Tabela abaixo e o gráfico seguinte.
Quando a curva dos fluxos acumulados
Onde: tocar a reta representativa do investi-
mento, obtém-se o tempo de retorno do
Fac - fluxos acumulados, em R$ ou em
investimento realizado.
US$;

Valor presente líquido

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).


34

Tempo de retorno do investimento

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).

6.2 Ações de eficiência ener- utilizar lâmpadas adequadas para


cada tipo de ambiente;
gética
utilizar telhas translúcidas nos gal-
Vimos que são vários os segmentos de
pões industriais onde não há necessida-
consumo industriais onde podemos im-
de de forro;
plementar ações que busquem a eficiên-
cia energética. Vejamos alguns deles: dar preferência ao uso da iluminação
a) Iluminação: natural;

No Brasil, a iluminação representa atu- evitar o uso de refratores opacos,


almente cerca de 15% de toda a energia como globos, que elevam o índice de ab-
consumida, o que equivale aproximada- sorção dos raios luminosos, em média, de
mente a 58.000 GWh/ano. No ramo in- 30%;
dustrial, a energia, em média, representa as luminárias de corpo esmaltado
de 2 a 8% do consumo da instalação. usadas por longo tempo devem ser subs-
No âmbito de uma instalação indus- tituídas por luminárias do tipo espelhado,
trial, a iluminação é uma das principais que possuem maior eficiência;
fontes de desperdício de energia elétri- a iluminação dos ambientes deve ser
ca, devido à diversidade de pontos de desligada, sempre que não houver a pre-
consumo, ao uso generalizado do serviço sença de pessoas;
e ao frequente emprego de aparelhos de
baixa eficiência. usar luminárias cuja geometria cons-
trutiva facilite a limpeza de suas partes
Para reduzir o desperdício nesse seg- refletoras;
mento, vale a pena observar e implemen-
tar medidas de curto prazo e promover a os difusores das luminárias devem
manutenção do sistema de iluminação. ser substituídos sempre que se tornarem
opacos, inibindo a passagem do fluxo lu-
São medidas de curto prazo: minoso;
35

nos ambientes bem iluminados de- utilizar luminárias de maior aprovei-


ve-se verificar a possibilidade de acen- tamento energético. A eficiência de uma
der alternativamente as lâmpadas neles luminária pode ser medida relacionan-
instaladas; do-se o fluxo emitido pelas lâmpadas e o
fluxo que deixa a luminária. As luminárias
sempre que possível, devem-se uti-
também devem ser escolhidas em função
lizar lâmpadas de maior potência nomi-
da curva de distribuição da intensidade
nal em vez de várias lâmpadas de menor
luminosa. Esse é um ponto difícil para o
potência nominal, pois quanto maior for
projetista. Assim, se uma luminária ca-
a capacidade lâmpadas, maior será o seu
racterizada por sua curva luminotécni-
rendimento;
ca foca com maior intensidade o plano
evitar o uso de lâmpadas incandes- de trabalho e com menor intensidade as
centes; quando usá-las, não empregar paredes, apresenta uma maior eficiência
lâmpadas de bulbo fosco. É preferível uti- energética. No entanto, do ponto de vis-
lizar lâmpadas com bulbo transparente; ta do observador, o ambiente lhe parece
escuro, apesar de o nível de iluminamen-
em áreas externas, tais como esta-
to estar adequado ao tipo de tarefa do
cionamentos, locais de carga e descarga
ambiente, pois a avaliação inicial dá pre-
etc., utilizar, preferencialmente, lâm-
ferência à iluminação das paredes. Isto
padas a vapor de sódio de alta pressão,
é a prática das empresas que trabalham
acionadas por fotocélulas;
em eficiência energética na substituição
utilizar células fotoelétricas ou dis- de lâmpadas e luminárias comuns por
positivos de tempo para iluminação ex- equipamentos eficientes.
terna;
Está em ascensão o uso de LEDs nos
os reatores devem ser desligados sistema de iluminação. São aplicados
sempre que forem desativadas as lâmpa- especialmente em residências, hotéis e
das fluorescentes; motéis. Consomem pouca energia e têm
uma vida útil muito elevada.
em instalações novas, utilizar lâm-
padas fluorescentes T5 de 14 ou 28 W As duas tabelas a seguir mostram, res-
que equivalem às lâmpadas fluorescen- pectivamente, a eficiência luminosa de
tes T10 de 20 e 40 W, respectivamente, vários tipos de lâmpadas comerciais e
essas lâmpadas não são adequadas às lu- a equivalência de fluxo luminoso entre
minárias para lâmpadas T8; lâmpadas incandescentes e compactas
do tipo eletrônica, com reator incorpora-
reduzir a iluminação ornamental uti- do.
lizada em vitrines e placas luminosas;

utilizar reatores de maior eficiência.


Os reatores eletrônicos são aqueles que
apresentam uma eficiência energética
muito superior aos reatores convencio-
nais, ou seja, reatores eletromagnéticos;
36

Eficiência luminosa das lâmpadas elétricas (lm/W)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).

Equivalência de fluxo luminoso entre lâmpadas incandes-


centes e compactas

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).


37

Para que o usuário do sistema de ilumi- Esse acréscimo poderá ser evitado se as
nação tenha sempre as condições de ilu- lâmpadas forem substituídas logo que
minância na forma como foi inicialmente queimem.
projetado, é necessário que o profissio-
b) Condutores elétricos
nal de manutenção execute as seguintes
tarefas: O dimensionamento dos condutores
elétricos, incluindo-se aí a escolha da sua
as paredes, o forro e as janelas de-
isolação, pode conduzir projetos de bai-
vem ser limpos com determinada frequ-
xas perdas elétricas.
ência, já que, normalmente, quando é
projetado um sistema de iluminação, o As principais ações que devem ser
projetista determina o número de lâmpa- desenvolvidas são:
das de acordo com a cor das paredes, piso
e teto, na condição de limpos. Se as pare- b.1) Dimensionamento da seção
des, teto e piso ficam sujos, a iluminância dos condutores
no recinto se torna menor, prejudicando corrente de carga;
as pessoas que utilizam o referido am-
biente; queda de tensão;

as luminárias devem ser limpas com curto-circuito.


determinada frequência. Todas as ins- b.2) Medidas para conservação de
talações se tornam sujas com o tempo energia
e reduzem a iluminância. O intervalo do
tempo de limpeza das luminárias e das implantar transformadores junto
lâmpadas depende do grau de sujeira aos centros de consumo: menor compri-
presente no ambiente. Por exemplo, nos mento dos circuitos secundários;
ambientes de cozinha, a gordura das fri- calcular os custos do cabo e a ener-
turas rapidamente recobrem as superfí- gia de perda;
cies das luminárias e lâmpadas. Nesses
locais, é conveniente proceder à limpeza potências acima de 500 kVA, adotar,
desses aparelhos a cada dois meses; se possível, o local da subestação próxi-
ma à carga;
substituir semanal ou mensalmente
as lâmpadas queimadas; evitar o uso de cabos XLPE ou EPR, a
plena carga, de acordo com a capacidade
se não for conveniente, sob o ponto dos mesmos. A elevação de temperatura
de vista de transtorno na área de produ- do condutor faz crescer a resistência elé-
ção, substituir as lâmpadas com mau fun- trica;
cionamento ou queimadas quando acu-
mular um total de 10%. aplicar a melhor maneira de instalar
os condutores na forma permitida para
Para evitar a perda de iluminância cada particularidade do projeto.
quando 10% das lâmpadas estiverem
queimadas, é necessário, no cálculo lumi- b.3) Temperatura de trabalho dos
notécnico acrescentar 10% de lâmpadas. condutores elétricos em função do
38

carregamento. c) Correção do Fator de Potência


b.4) Valor econômico da seção do Em todo estudo de eficiência energé-
condutor pode ser calculado de acor- tica de uma instalação, é de fundamental
do com a equação: importância o controle do fator de po-
tência.
Ct = C c + C i + C e onde,

Cr - custo total durante a vida do cabo;


d) Motores Elétricos
Os motores elétricos numa instalação
Cc - custo inicial de compra do cabo;
industrial consomem, em média, 75% da
Ci – custo inicial de instalação do cabo; energia demandada. Por isso, devem ser
motivo de avaliações periódicas para de-
Ce – custo de energia desperdiçada ao
terminar se estão operando na faixa de
longo do tempo.
melhor desempenho.
b.5) Cálculo da seção econômica de
um condutor, pode ser calculado de De forma geral, na indústria, mesmo
acordo com a equação: aquelas instaladas em períodos recen-
tes onde o tema eficiência energética
tem tomado corpo entre os gerentes de
produção e financeiros, existe um consi-
derável desperdício de energia, notada-
mente na operação dos motores elétri-
cos, devido a algumas causas que podem
Onde: ser enumeradas:
Ic - corrente de carga; 1. Substituição de motores defeitu-
osos por motores de potência superior,
Na - número de anos considerados no
pelo simples fato de não haver disponi-
cálculo que corresponde ao tempo de
bilidade de um motor de igual potência e
operação do cabo;
características no setor de manutenção
Na - número de horas por ano de fun- da indústria.
cionamento;
2. Instalação, pelo próprio fabricante
G - custo médio do cabo em R$/mm2 da máquina a ser acionada, de um motor
X km; esse valor pode ser obtido através de capacidade desnecessariamente su-
do preço médio de mercado dos cabos perior às necessidades da mesma.
de mesmo material condutor e isolação;
assim, se um cabo de cobre de 120 mm2,
3. Fatores de correção adotados por
projetistas e profissionais de manuten-
isolação EPR, 06/1 kV, tem preço médio
ção que elevam a capacidade nominal
de mercado de R$14,80/m, o valor de G =
dos motores em busca de uma maior se-
R$123,33/mm2 x km, ou seja, 14,80 / 120
gurança e vida útil.
x 1000. Em geral, o valor de G vale para
os cabos das demais seções e de mesma 4. Falta de conhecimento real da carga
especificação. que será acionada e de suas demais ca-
39

racterísticas operacionais. substituir os motores elétricos que


operam com carga inferior a 60% da sua
5. Falta de conhecimento técnico para
capacidade nominal (relação entre a po-
aplicação dos fatores de serviço de al-
tência útil e a potência nominal);
guns motores.
instalar inversores nos motores
6. Previsão quase sempre inatingível
elétricos de indução que operam por um
de aumento de produção da máquina.
longo período de tempo com carga de po-
7. Suposição de que motores subdi- tência variável, tais como ventiladores,
mensionados têm menores desgastes compressores, etc.;
mecânicos e maior vida útil.
instalar inversores nos motores uti-
8. Redução, por tempo muito longo, do lizados nas estações de tratamento de
ritmo de produção de determinadas má- esgoto ou em emissores submarinos e
quinas. cargas similares, pois durante o período
da madrugada há uma acentuada redu-
Em geral, para motores de potên- ção na produção de esgoto e, consequen-
cia nominal não superior a 100 cv temente, menor solicitação dos motores.
são válidas as seguintes informa-
ções constatadas pelos catálogos Durante a avaliação dos motores elé-
dos fabricantes: tricos de uma instalação industrial, é nor-
mal encontrar máquinas acionadas por
quanto maior a sua potência nomi- motores cuja forma de operação é mui-
nal, mais elevado é o seu rendimento má- to complexa para determinar se há po-
ximo; tencial de economia a considerar. Como
exemplo, podem ser indicadas as prensas
os motores, em geral, operam com
hidráulicas utilizadas na fabricação de
o seu rendimento máximo quando carre-
peças metálicas em alto-relevo, em que
gados a 75% da sua potência nominal;
o comportamento da demanda solicita-
os motores que operam com uma da da rede é muito irregular e o tempo
taxa de carregamento igual ou inferior a de operação dessas máquinas também é
50% da sua potência nominal apresen- incerto. As paradas da máquina são fre-
tam um rendimento acentuadamente quentes e a sua duração é variável, po-
declinante; rém necessária para substituição do mol-
de e ajustes decorrentes.
os motores que operam com uma
taxa de carregamento igual ou superior Já a avaliação de potencial de econo-
a 65% da sua potência nominal apresen- mia em máquinas cujos motores operam
tam um rendimento próximo do seu ren- em regime S1, dada a regularidade de seu
dimento máximo (MAMEDE FILHO, 2012). funcionamento, é muito facilitada e se
obtêm resultados muito precisos.
A especificação, a utilização e os cui-
dados com os motores elétricos podem Para determinar o potencial de econo-
resultar na eliminação ou redução dos mia de energia elétrica que pode ser ob-
desperdícios de energia elétrica, ou seja: tida na operação dos motores elétricos,
40

segue a orientação: - chave de partida;


a) Avaliação de desperdício de - temperatura ambiente.
energia elétrica:
Dimensionamento do circuito de ali-
baixa qualidade da energia forneci- mentação
da;
d) Cuidados com a substituição dos
dimensionamento inadequado do motores:
motor;
substituição sempre por motores de
tensão elétrica inadequada; alto rendimento;

utilização inadequada do motor; verificação da rotação;

condições operativas inadequadas; verificação das tensões de placa


comparadas com as de rede;
condições de manutenção inade-
quadas; verificação do número de partidas
por hora;
baixo fator de potência do motor;
regime de funcionamento do motor;
transmissão motor-máquina desa-
justada; torque de partida;

temperatura ambiente elevada. capacidade da chave de partida;


b) Dificuldades de avaliação de capacidade do condutor de alimen-
desperdícios: tação;
dados de catálogos incorretos; redimensionamento da proteção.
variação de rendimentos entre fa- e) Potencial de economia dos mo-
bricantes; tores:
rebobinamento dos motores. Para determinar o potencial de econo-
mia dos motores elétricos de uma deter-
c) Medidas de combate ao desper-
minada instalação, é preciso implemen-
dício:
tar as seguintes ações:
seleção adequada do motor relativa-
Listar os motores de maior potência
mente a:
nominal:
- potência nominal;
- potência nominal;
- regime de funcionamento;
- tensão de operação;
- corrente de partida;
- conjugado de partida;
- queda de tensão na partida;
- regime de operação.
- conjugado de partida;
Medir a corrente nas condições nor-
41

mais de trabalho cessos e a falta de água são desaconse-


lhados e prejudicam as plantas.
Analisar a curva de desempenho do
motor: Não usar a mangueira de água para
remover a sujeira em calçadas, pátios,
- fator de potência;
etc.; usar neste caso, a vassoura.
- rendimento para a corrente medida.
Não usar a mangueira com água cor-
e) Consumo de Água rente; usar apenas a quantidade de água
necessária à limpeza da área.
Os vazamentos de água ao longo da
tubulação são responsáveis por um ex- Inspecionar rotineiramente as co-
cessivo consumo desse líquido nas ins- nexões das tubulações de água quente e
talações industriais. Como consequência, água fria das máquinas da produção.
o motor da bomba d’água necessita tra-
Inspecionar rotineiramente os tan-
balhar além do normal para compensar o
ques de água bruta e tratada, além dos
volume d’água desperdiçado no sistema
boilers ou aquecedores de água.
hidráulico, aumentando o consumo de
energia elétrica. Nesse caso, haverá tan- Realizar inspeções rotineiras no sis-
to desperdício de água quanto de energia tema de suprimento e de distribuição de
elétrica, onerando consequentemente água.
os custos operacionais da instalação.
Regular a válvula de descarga dos
Quanto maior for o consumo de água vasos sanitários.
na instalação consumidora, maior será o
ii) Recomendações aos funcioná-
volume de água nas estações de trata-
rios burocráticos e de chão de fábrica
mento de água, as chamadas ETA’s e o
uso de material de tratamento. Manter bem fechadas as torneiras,
de forma a evitar que pinguem continu-
Assim, é necessário que os responsá-
amente.
veis pela manutenção monitorem perio-
dicamente toda a tubulação de água para Comunicar aos responsáveis pela
descobrir vazamentos e façam os repa- manutenção a existência de vazamentos
ros necessários. em torneiras diversas, chuveiros, cone-
xões, vasos sanitários, etc.
Para que os custos operacionais com
o consumo de água e energia elétrica se- As máquinas de lavar roupa, louça,
jam racionalizados, podem ser adotadas etc., devem ser utilizadas com sua capa-
as seguintes instruções: cidade máxima.
i) Recomendações aos responsá- Dar atenção aos vazamentos no sis-
veis pela manutenção tema de água quente para evitar conco-
mitantemente a perda de água, a perda
As áreas ajardinadas devem receber
de gás e finalmente a perda de energia
a quantidade de água apenas necessária
elétrica.
para preservar a vida das plantas. Os ex-
42

Acionar, minimamente, as válvulas após cerca de três horas, em média,


dos aparelhos sanitários. medir novamente nível da água no reser-
vatório. Para reservatórios muito gran-
Não deixar a torneira aberta enquan-
des, esperar pelo menos cinco horas para
to escovar os dentes ou fazer a barba.
realizar a referida medição;
Deve ser mínimo o tempo de banho.
comparando os dois níveis medidos,
Em qualquer instalação industrial exis- pode-se concluir se houve ou não vaza-
tem dois tipos de vazamentos: vazamen- mento no reservatório;
tos visíveis e vazamentos não visíveis.
caso confirmado, verificar se o vaza-
Os vazamentos visíveis ocorrem com mento ocorreu por trinca no reservatório
maior frequência nas torneiras, cone- ou nos pontos de saída e entrada de tu-
xões com as máquinas, chuveiros, bidês e bulação.
no extravasor das caixas d’água cuja boia
Para que se possa quantificar os des-
não funciona adequadamente. Nos siste-
perdícios de água e energia elétrica numa
mas industriais de maior porte existem
unidade consumidora sujeita a vazamen-
controles através de sensores elétricos.
tos, pode-se utilizar as tabelas abaixo. A
Os vazamentos não visíveis normal- primeira fornece o desperdício de água
mente são de difícil identificação. Esses em função do gotejamento nas tornei-
vazamentos ocorrem, em geral, nos va- ras e registros ou aberturas dos mesmos
sos sanitários (pequenos vazamentos) permitindo a passagem de um fio de água
ou nos reservatórios ao nível do solo ou corrente. A segunda fornece o desperdí-
subterrâneos. cio de água em função dos diferentes ní-
veis de pressão existentes na tubulação
Para orientar as equipes de manuten-
para a condição de vazamento no siste-
ção, seguem algumas recomendações,
ma hidráulico.
ou seja, testes que podem ser realizados
em reservatórios construídos no solo:

abrir o registro do hidrômetro;

fechar o registro de limpeza e o de


saída do reservatório:

vedar a entrada de água, fechando a


boia através de um fio ou barbante;

desligar a bomba de recalque, evi-


tando conduzir água para o reservatório
superior;

medir o nível da água no reservató-


rio através de uma tira de madeira ou ou-
tro material que possa identificar a mar-
ca d’água;
43

Desperdício de água através de orifício à pressão


atmosférica

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).

Desperdício de água através de orifício em função da


pressão (pressão: 5 kg/cm/)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).


44

f) Climatização lações e os diversos elementos para in-


suflamento, tais como o retorno de ar e
De forma geral, os sistemas de climati-
admissão de ar do meio exterior.
zação provocam grandes desperdícios de
energia elétrica nas instalações indus- Para reduzir os desperdícios de
triais e comerciais, independentemente energia elétrica, Mamede Filho
se são utilizados aparelhos do tipo jane- (2012) sugere observar as seguintes
leiro ou sistemas centralizados. orientações:
Atualmente, o PROCEL tem incentiva-
do muito a eficiência de unidades de cli-
matização. Os aparelhos comercializados
com selo PROCEL apresentam uma taxa
média de 0,95 kW/10000 BTU contra
uma taxa média de 1,35 kW/10000 BTU
de aparelhos um pouco mais antigos, per-
mitindo, assim, um ganho de eficiência
de cerca de 30%. Esse ganho já viabiliza
economicamente a substituição dos apa-
relhos antigos por aparelhos certificados
pelo PROCEL, dependendo do tempo de
utilização diário.

Para melhor compreensão, serão


definidos alguns termos básicos re-
lativamente aos sistemas de climati-
zação, ou seja:
a) Circuito de condensação é cons-
tituído pelos equipamentos empregados
no arrefecimento do fluido frigorígeno
(por exemplo, amônia) no condensador
do sistema, tais como bombas, torres de
resfriamento, instrumentos, dispositi-
vos, etc.

b) Circuito de água gelada é cons-


tituído pelos equipamentos de circula-
ção de água gelada, tais como bombas,
instrumentos, dispositivos, tubulação e
fan-coils.

c) Circuito de distribuição de ar é
constituído pelos equipamentos utili-
zados na circulação do ar tratado, tubu-
45

MEDIDA DE CURTO PRAZO

Aparelho de ar condicionado tipo


Aparelho de ar condicionado tipo central
janeleiro

Utilizar somente aparelhos de ar condicionado Verificar, periodicamente, se o termostato está


certificados pelo PROCEL. em pleno funcionamento.

Evitar a entrada do ar exterior no ambiente cli- Verificar as condições dos condensadores das
matizado, mantendo as portas e janelas sempre serpentinas.
fechadas.
Verificar se há incrustações nas superfícies dos
Limpar periodicamente os filtros do aparelho trocadores de calor.
para melhorar o rendimento e higienizar o ar
Verificar se há vazamento do fluido frigorígeno.
circulante.
Verificar a perda de pressão nos trocadores de
Evitar que áreas climatizadas fiquem expostas
calor do equipamento de geração de frio.
ao sol, para evitar o aumento da carga térmica;
para isso utilizar cortinas, persianas ou película Verificar se há vazamentos de água no circuito

de proteção solar nas janelas. de condensação.

Desligar o aparelho de ar condicionado quando Realizar periodicamente a limpeza das serpenti-

não houver nenhuma pessoa no ambiente clima- nas dos fan-coils.

tizado. Realizar periodicamente a limpeza das serpenti-

Evitar que a saída de ar do aparelho seja obstru- nas de arrefecimento do ar, dos filtros de ar e dos

ída. ventiladores.

Manter a temperatura do ambiente climatizado


no valor de 23°C que é a temperatura mais agra-
dável para o ser humano.

Nos dias de frio manter funcionando apenas os


ventiladores dos aparelhos de ar condicionado;
proceder da mesma forma para as centrais de
climatização.

Desligar o aparelho de ar condicionado em


ambientes não utilizados ou que fiquem longo
tempo desocupados.

Designar um funcionário da empresa para desli-


gar os aparelhos de ar condicionado em horários
pré-definidos, como, por exemplo, durante o
horário de almoço.
46

MEDIDAS DE MÉDIO PRAZO

Reparar periodicamente as tubulações de ar das centrais de climatização, para evitar a perda de calor
(frio).

Tratar quimicamente a água de refrigeração.

Reparar janelas e portas quebradas ou fora de alinhamento.

Reparar fugas de ar, água e fluido refrigerante.

Evitar a circulação de ar condicionado nos reatores de lâmpadas fluorescentes e, se for necessário,


removê-lo para outro ambiente.

MEDIDAS DE LONGO PRAZO

Elaborar estudos técnicos e econômicos para a implantação de um sistema de termo acumulação ou


água gelada, onde é possível a sua utilização. O sistema de termo acumulação ou água gelada não re-
duz o consumo, apenas permite que os compressores do sistema de climatização não operem na hora
da ponta de carga.

Em edificações antigas, reavaliar o projeto de climatização adequando-o aos critérios mais modernos.

Dimensionar os aparelhos de ar condicionado utilizando a carga térmica do ambiente.

Utilizar barreiras verdes (árvores) para proteger a edificação contra a entrada de raios solares nos
ambientes dotados de janelas e portas de vidro.

g) Ventilação Industrial temente, a troca de polias, é necessário ado-


tar o seguinte procedimento:
Em muitas indústrias existem grandes
ventiladores que são responsáveis por uma a) Determinação da nova velocidade
parcela ponderável do consumo de energia do ventilador, sendo que a velocidade do
elétrica. Esses ventiladores fazem parte do motor com o diâmetro da polia reduzida
processo produtivo e devem ser analisados é dada pela seguinte equação:
para identificar o potencial de desperdício de
energia elétrica.

O principal ponto que pode ser analisado


é a possibilidade da redução da velocidade
dos ventiladores. Se factível, o meio mais fá-
cil para reduzir a velocidade dos ventiladores Onde:
é a substituição das polias do motor e/ou do W2 - velocidade do ventilador com o di-
próprio ventilador. âmetro da polia reduzido;
Para determinar o potencial de economia W1 - velocidade em que opera o venti-
com a mudança da velocidade e, consequen- lador;
47

N1 - volume de movimentação do ar re- Pum - potência útil do motor na condi-


alizado pelo ventilador; ção de operação rotação N2;

N2 - volume de movimentação do ar Pnm - potência atual do motor.


realizado pelo ventilador com o diâmetro
d) Redução da energia consumida no
da polia reduzido.
mês, dada pela equação:
b) Determinação do diâmetro das
polias:
Polia do motor Onde:

Top - tempo de operação do ventilador


durante o mês, em horas.

h) Refrigeração
Os sistemas de refrigeração, se não
Onde: gerenciados adequadamente, consti-
tuem uma grande fonte de desperdício
Dm2 - diâmetro da nova polia do motor;
de energia elétrica. Para alcançar uma
Dm1 - diâmetro da polia atual do motor. melhor eficiência operacional desses
equipamentos, sugere-se seguir os pro-
Polia do ventilador, onde o diâmetro
cedimentos abaixo:
da polia do ventilador é dado pela seguin-
te equação: somente adquirir refrigeradores
certificados pelo PROCEL;

evitar utilizar os refrigeradores com


portas ou tampas abertas;

evitar armazenar produtos quentes;


D v2 - diâmetro da nova polia do venti- evitar armazenar produtos que ne-
lador; cessitem apenas de refrigeração no mes-
mo local dos produtos congelados;
D v1 - diâmetro da polia atual do venti-
lador. nos balcões frigoríficos, respeitar a
c) Determinação da potência útil linha de carga marcada pelo fabricante. O
do motor que é dada pela seguinte armazenamento de produtos acima des-
equação: sa marca eleva a frequência do descon-
gelamento;

degelar periodicamente os refrige-


radores;

em locais onde existem câmaras fri-


Onde: goríficas funcionando continuamente,
aproveitar as mesmas para realizar o pré-
48

-congelamento dos produtos a serem ar- verificar e reparar, se for o caso, a


mazenados nos balcões frigoríficos; vedação das portas e tampas dos refri-
geradores, freezers e câmaras;
afastar os produtos armazenados
pelo menos 10 cm das paredes dos refri- automatizar a porta das câmaras
geradores, para garantir uma melhor cir- frigoríficas, de forma que a iluminação
culação do ar de refrigeração; interna seja desligada quando as portas
permanecerem fechadas;
evitar instalar os refrigeradores e
freezers próximos de equipamentos que abrigar os condensadores dos raios
produzem calor, tais como fogões, for- solares;
nos, etc.;
nas câmaras frigoríficas desprovidas
usar com moderação os expositores de antecâmaras, utilizar cortinas de ar;
ofertados por fabricantes ou fornecedo-
realizar estudos técnicos e econô-
res de produtos resfriados ou congela-
micos visando ao aproveitamento do ca-
dos;
lor rejeitado nas torres de resfriamento,
os termostatos das câmaras frigo- utilizando-o no aquecimento de água ou
ríficas devem ser ajustados para permi- outros produtos
tir que os produtos armazenados sejam
i) Aquecimento de Água
mantidos a uma temperatura de referên-
cia; São medidas de implementação ime-
diata:
no interior das câmaras frigoríficas
devem ser instaladas lâmpadas fluores- os aquecedores de água devem ser
centes compactas tubulares de alta efici- ajustados para a temperatura de traba-
ência, com especificação adequada para lho de 55°C;
baixas temperaturas. A iluminância deve
utilizar as máquinas de lavar roupa e
ser de 200 lux.;
lavar louça somente com plena carga;
é conveniente que numa mesma câ-
utilizar duchas e torneiras com baixa
mara frigorífica sejam armazenados pro-
vazão;
dutos que requeiram a mesma tempera-
tura e o mesmo percentual de umidade; verificar o isolamento térmico da tu-
bulação, reservatórios e demais elemen-
manter sempre em bom funciona-
tos do sistema de aquecimento;
mento e limpos os termostatos que ope-
ram com válvulas de três vias e/ou com manter em 55°C a temperatura da
válvulas de expansão; água quente dos aquecedores centrais
utilizados para higiene pessoal (MAMEDE
as portas das câmaras frigoríficas
FILHO, 2012).
devem estar sempre fechadas quando
fora de operação; São medidas de implementação a
verificar periodicamente a vedação médio e longo prazos:
das portas das antecâmaras; analisar a possibilidade de lavagem a
49

frio de alguns produtos do processo pro- minado pelo óleo ou pela água em algu-
dutivo; ma parte do processo e verificar que as
tomadas de ar devem ser providas de um
realizar estudos técnicos e econô-
ou dois filtros de abertura adequada ao
micos visando à recuperação de calor das
tamanho das partículas em suspensão no
unidades de refrigeração;
local.
é conveniente separar a produção
Em relação à rede de distribuição,
de água quente e vapor;
manter a pressão do sistema de ar com-
instalar redutores de fluxo de água primido tecnicamente adequada ao bom
em ramais alimentadores de grupo de funcionamento da máquina; nunca in-
torneiras que operam com elevada va- troduzir na rede do sistema de ar com-
zão; primido qualquer elemento restritor de
pressão para atendimento às exigências
analisar a viabilidade e avaliar os
de uma única máquina e, evitar que o ar
custos de substituição de chuveiros elé-
circulando em alta velocidade arraste o
tricos por sistema de aquecimento de
condensado formado no interior do sis-
água a gás natural ou energia solar;
tema para os pontos de uso das máqui-
analisar a viabilidade técnica e ava- nas, acarretando mau funcionamento
liar os custos para aproveitamento da das mesmas.
água quente de drenagem das cozinhas,
Sobre a pressão, cada máquina deve
lavanderias e unidades de refrigeração
receber do sistema a pressão nominal
para pré-aquecimento da água quente
indicada pelo fabricante, devendo-se di-
de utilização;
mensionar tantas redes de distribuição
analisar a viabilidade de instalação de ar comprimido quantas forem as má-
de coletores solares para o aquecimento quinas com pressões nominais diferen-
de água, em substituição aos aquecedo- tes.
res elétricos;
Em se tratando de vazamento nos
quando utilizar coletores solares e dutos, válvulas e conexões, evitar vaza-
os respectivos reservatórios térmicos, mentos nos diversos elementos da rede
adquirir equipamentos certificados pelo de ar comprimido, pois a quantidade de
PROCEL - INMETRO. ar desperdiçada é proporcional ao nível
de pressão da rede.
j) Ar Comprimido
Os custos com os vazamentos é o prin-
Uma fonte de desperdício de energia cipal ponto de desperdício nos sistemas
elétrica bastante conhecida é a operação de ar comprimido. Estudos apontam que
do sistema de ar comprimido, cujos pon- entre 20 e 70% do ar comprimido produ-
tos básicos devem ser motivo de cuida- zido num compressor são desperdiçados
dos permanentes. entre este equipamento e os pontos de
Em relação à qualidade do ar comprimi- consumo (MAMEDE FILHO, 2012).
do, vale evitar que o mesmo seja conta-
50

k) Carregamento dos Transforma- veis de carregamento anteriormente de-


dores finidos.

A operação dos transformadores de l) Instalação Elétrica


força deve ser estudada para evitar des-
A execução, de modo sistemático, de
perdícios de energia elétrica. Assim, logo
um adequado programa de manutenção
no projeto da indústria deve-se conside-
das instalações elétricas está inserida no
rar a possibilidade de utilizar transforma-
contexto da filosofia de conservação de
dores de luz e força separadamente, des-
energia elétrica, visto que a sua ausência
ligando o transformador de força após
implica aumento de perdas térmicas, cus-
cessadas as atividades produtivas.
tos adicionais, imprevistos em virtude da
As principais ações que devem ser incidência de defeitos nas instalações,
implementadas num estudo de efi- maior consumo, maior probabilidade de
ciência energética na utilização dos ocorrência de incêndios, etc.
transformadores são: Além das recomendações gerais que
utilizar transformador para ilumina- envolvem verificar a instalação elétrica
ção em indústrias com baixo fator de car- periodicamente para localizar defeitos
ga; monopolares (fugas de corrente) por de-
ficiência da isolação ou emendas de con-
utilizar subestações unitárias próxi- dutores mal-executadas e verificar se os
mas a grandes cargas concentradas; condutores elétricos dos circuitos estão
desligar os transformadores em dimensionados adequadamente para a
operação a vazio no período de carga carga instalada, vale focar:
leve (não há deterioração do óleo); Limpeza e conservação – as tarefas
verificar as perdas de transformado- de limpeza, quando bem planejadas, po-
res antigos e comparar com as perdas dos dem reduzir o consumo de energia elétri-
transformadores novos; ca. Para tal, sempre que possível, realizar
as limpezas durante o dia; iniciar pelos
projetar os Quadros de Comando andares superiores, mantendo-se desli-
(QGF – Quadro Geral Força –, e QGL – Qua- gada a iluminação dos ambientes dos de-
dro Geral de Luz) de forma a possibilitar a mais pavimentos.
transferência de carga entre transforma-
dores de força e entre transformadores Segurança – nas instalações elétricas
de iluminação, mantendo o nível de car- deve ser motivo para implementação de
regamento adequado próximo de 80%; rotinas, de forma a eliminar a possibilida-
de de falhas ou procedimentos perigo-
adquirir transformadores com bai- sos.
xas perdas no ferro e no cobre;
Algumas recomendações de segu-
em geral, os transformadores pos- rança podem ser adotadas:
suem rendimento elevado, não obtendo
grandes economias, quando operado ní- o uso de conexões do tipo “T” é uma
prática muito perigosa e deve ser evita-
51

da, principalmente quando diversos apa- dem ter certeza que o meio ambiente e
relhos elétricos são ligados numa mesma as futuras gerações serão muito gratas,
tomada; pois do nosso uso racional e consciente
de hoje depende e muito uma vida com
inspecionar periodicamente as ins-
qualidade para os nossos descendentes.
talações elétricas, substituindo imedia-
tamente os condutores elétricos desgas-
tados;

evitar empregar condutores já utili-


zados e cujo estado de conservação es-
teja a desejar;

substituir os condutores com seção


transversal inferior às necessidades da
carga a ser alimentada;

segurar pelo bulbo as lâmpadas quei-


madas, evitando tocar o soquete;

ao trabalhar com aparelhos elétri-


cos em operação, evitar tocar em canos
d’água ou de gás canalizado;

antes de realizar qualquer interven-


ção na instalação elétrica, desligue a cha-
ve correspondente àquele circuito.

Proteção para a instalação – se o


disjuntor ou o fusível de proteção de um
circuito operar, procure identificar a cau-
sa, antes de religar o mencionado disjun-
tor ou substituir o fusível; nunca prender
a alavanca do disjuntor, se esse disposi-
tivo realizar disparos contínuos e nunca
usar arames ou fios de qualquer espécie
em substituição aos fusíveis.

Muitas das recomendações e orienta-


ções acima parecem primárias demais,
mas o descuido delas acontece, se por
distração ou imprudência, não importa.

Seguindo as orientações, as chances


de combater o desperdício de energia au-
mentam muito e, além de contribuírem
para reduzir os custos da empresa, po-
52

REFERÊNCIAS

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