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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA:

PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E


DIMENSIONAMENTO
 
 

Milene Silva de Jesus Palhinha

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em:


Arquitectura

JÚRI

Presidente: Prof. Dra. Maria Helena Neves Pereira Ramalho Rua (IST)
Orientador: Prof. Dra. Maria Luísa de Oliveira Gama Caldas (FAUTL)
Co-Orientador: Prof. Dr. António Heleno D. Moret Rodrigues (IST)
Vogal: Prof. Dr. Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes (IST)

Abril 2009
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Agradecimentos

 
AGRADECIMENTOS:

A autora gostaria de expressar o seu agradecimento a todos aqueles que contribuíram de natureza diversa
para a concretização deste estudo:

À Professora Doutora Luísa Caldas, orientadora do estudo, pela motivação, disponibilidade e preciosas
críticas e sugestões, feitas durante o desenvolvimento do trabalho, encaminhando o tema tratado nesta
dissertação.

Ao Professor Dr. Moret Rodrigues, co-orientador do estudo pela amabilidade de ter aceite o convite.

À Arquitecta Ana Tomé pela amabilidade e aconselhamento, apesar de pontual, para a execução dos
modelos físicos.

Ao Laboratório de Arquitectura Bioclimática do IST, pela cedência de utilização do equipamento para a


realização do estudo lumínico.

Ao amigo José Gama pela colaboração fotográfica.

À amiga Sara Santos pela colaboração nas medições lumínicas.

Aos atenciosos inquiridos, que sem os quais não haveria a avaliação subjectiva dos modelos em estudo.

A todos os amigos pelas inúmeras trocas de impressões, comentários ao trabalho e pela muita paciência e
amizade.

Aos familiares pela compreensão, estímulo e apoio incondicional em todos os momentos.

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Resumo

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA:
PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Milene Silva de Jesus Palhinha


Mestrado Integrado em Arquitectura
Orientadora: Prof. Dra. Maria Luísa de Oliveira Gama Caldas (FAUTL)
Co-Orientador: Prof. Dr. António Heleno Domingues Moret Rodrigues (IST)

Resumo

A arquitectura bioclimática é a resposta ao fenómeno do aquecimento global e à crise energética


internacional. Uma das estratégias principais da concepção bioclimática consiste na protecção do edifício
contra ganhos solares excessivos, diminuindo o consumo energético e simultaneamente permitir
adequados níveis de iluminação natural, mitigando a necessidade de iluminação artificial. Os sistemas de
sombreamento são o elemento preponderante no processo de concepção das fachadas de um edifício, no
seu papel no desempenho energético e na procura de um espaço interior com o máximo de conforto e
luminosidade que responda às preocupações ambientais e exigências arquitectónicas. Adicionalmente, os
sistemas de sombreamento têm ainda um papel fundamental na caracterização e definição da arquitectura
do edifício. Conceber e dimensionar um sistema de sombreamento em arquitectura requer igual atenção
aos aspectos funcionais e aos aspectos estéticos.

A presente dissertação aborda a dicotomia sombra e luz, iniciado pela revisão dos princípios de concepção
e desempenho dos sistemas de sombreamento e seguido de um levantamento dos sistemas actualmente
existentes no mercado e suas características. Analisam-se também alguns exemplos de sistemas de
sombreamento concebidos ou adaptados por arquitectos. Finalmente, é proposto um método de
concepção de um sistema de sombreamento, que resulte num equilíbrio entre a optimização do
sombreamento e a qualidade de iluminação natural, partindo das características climáticas do local e das
intenções arquitectónicas do projecto. Os modelos propostos são testados por meio de maquetas físicas,
em termos de geometria solar, níveis de luminosidade e por um inquérito efectuado a estudantes de
arquitectura.

Palavras-Chave
Arquitectura Bioclimática
Fachadas
Sistemas de Sombreamento
Iluminação

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Índice Geral

 
INDICE GERAL

INTRODUÇÂO .................................................................................................................................................................................9

Enquadramento ...........................................................................................................................................................................9

Objectivos ..................................................................................................................................................................................13

Metodologia ...............................................................................................................................................................................13

Estrutura da tese .......................................................................................................................................................................14

 
1. PRINCÍPIOS TÉCNICOS E ESTRATÉGIAS DE DESENHO ..................................................................................................16

1.1. Pressupostos ......................................................................................................................................................................16

1.1.1. Eficiência Energética ..................................................................................................................................................16

1.1.2. Conforto ......................................................................................................................................................................17

1.2. Princípios Solares...............................................................................................................................................................19

1.2.1. Geometria Solar .........................................................................................................................................................20

1.2.2. Radiação Solar ...........................................................................................................................................................25

1.2.3. Sombreamento e Iluminação......................................................................................................................................29

1.3. Sistemas de Sombreamento como Estratégia da Construção Bioclimática ......................................................................32

1.3.1 Como Estratégia Passiva ............................................................................................................................................33

1.3.2 Como Estratégia Activa ...............................................................................................................................................37

 
2. EVOLUÇÃO E LEVANTAMENTO DE SISTEMAS DE SOMBREAMENTO ............................................................................39

2.1. Evolução das técnicas de fachadas e de sistemas de sombreamento .............................................................................39

2.2. Classificação dos Sistemas de Sombreamento .................................................................................................................43

2.2.1. Exteriores ou Interiores ..............................................................................................................................................43

2.2.2. Fixos ou Móveis..........................................................................................................................................................44

2.2.3. Sistemas avançados de controlo solar .......................................................................................................................44

2.3. Levantamento dos Sistemas de Sombreamento de Mercado ...........................................................................................45

2.3.1. Palas Horizontais e Verticais ......................................................................................................................................45

2.3.2. Lamelas ou Brise-Soleils ............................................................................................................................................47

2.3.3. Malhas Metálicas ........................................................................................................................................................49

2.3.4. Portadas .....................................................................................................................................................................49

2.3.5. Venezianas .................................................................................................................................................................50

2.3.6. Estores de Bandas Horizontais ..................................................................................................................................51

2.3.7. Telas de Rolo ou Estores verticais .............................................................................................................................51

2.3.8. Cortinas ......................................................................................................................................................................52

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Índice Geral

 
2.3.9. Toldos .........................................................................................................................................................................53

2.3.10. Vidros avançados de controlo solar .........................................................................................................................53

2.4. Exemplos de criações e adaptações de Sistemas de Sombreamento por Arquitectos .....................................................54

2.4.1. Edifício de Habitação na Rue des Suisses, Paris, França (1996-2000) ....................................................................55

2.4.2. Centro Comercial Fünf Höfe, Munique, Alemanha (1999-2003) ................................................................................56

2.4.3. Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica, Biberach, Alemanha (2000-2003) .............................................................58

2.4.4. Edifício extensão da Nikolai School, Leipzig, Alemanha (2000-2003) .......................................................................60

2.4.5. Edifício de Escritórios em Esslingen, Alemanha (2003) .............................................................................................61

2.4.6. Edifício de Habitação Social Carabanchel 16, Madrid, Espanha (2006-2007) ..........................................................63

 
3. ESTUDO DE UM MÉTODO DE PROJECTO PARA UM SISTEMA DE SOMBREAMENTO ..................................................65

3.1. Definição do conceito, objectivos e estratégia ...................................................................................................................65

3.1.1. Conceito .....................................................................................................................................................................65

3.1.2. Objectivos ...................................................................................................................................................................65

3.1.3. Estratégia ...................................................................................................................................................................66

3.2. Método para Optimização do Sombreamento ....................................................................................................................66

3.2.1. Caracterização local ...................................................................................................................................................66

3.2.2. Desenho e composição do vão ..................................................................................................................................68

3.2.3. Dimensionamento dos elementos ..............................................................................................................................68

3.2.4. Definição de princípios através da Geometria Solar ..................................................................................................70

3.3. Estudo dos Níveis de Iluminação Natural ..........................................................................................................................78

3.3.1. Elaboração do Modelo Físico .....................................................................................................................................78

3.3.2. Caracterização das Soluções .....................................................................................................................................80

3.3.3. Análise Quantitativa....................................................................................................................................................83

3.3.4. Análise Qualitativa ......................................................................................................................................................90

 
CONCLUSÕES ..............................................................................................................................................................................98

 
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................................................................101

 
ANEXOS.......................................................................................................................................................................................106

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Índice de Figuras

 
INDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Coordenadas Astronómicas: Latitude e Longitude .......................................................................................................21

Figura 2 – Estações do ano: Solstícios e Equinócios ....................................................................................................................22

Figura 3 – Simulador Solar .............................................................................................................................................................23

Figura 4 – Relógio de Sol plano: latitude 40ºN, 10h, Equinócios ...................................................................................................23

Figura 5 – Projecção estereográfica da Trajectória Solar ..............................................................................................................24

Figura 6 – Posição relativa do Sol ..................................................................................................................................................25

Figura 7 – Radiação Solar Directa e Difusa ...................................................................................................................................26

Figura 8 – Fenómenos de trocas térmicas: Reflexão, Absorção e Transmissão ...........................................................................27

Figura 9 – Factor Solar ...................................................................................................................................................................30

Figura 10 – Iluminância ..................................................................................................................................................................31

Figura 11 – Luminância ..................................................................................................................................................................31

Figura 12 – Resposta à orientação ................................................................................................................................................34

Figura 13 – Incidência solar sobre pala horizontal .........................................................................................................................46

Figura 14 – Diagrama de eficiência do sombreamento nas palas horizontais ...............................................................................46

Figura 15 – Diagrama do impacto de luz natural no espaço sobre pala horizontal .......................................................................46

Figura 16 – Incidência solar sobre pala vertical .............................................................................................................................46

Figura 17 – Diagrama de eficiência do sombreamento nas palas verticais ...................................................................................46

Figura 18 – Incidência solar sobre Brise-Soleils ............................................................................................................................48

Figura 19 – Diagrama de eficiência de lamelas horizontais ...........................................................................................................48

Figura 20 – Diagrama de eficiência de lamelas verticais ...............................................................................................................48

Figura 21 – Diagrama de eficiência das malhas metálicas: malha pouco densa ...........................................................................49

Figura 22 – Diagrama de eficiência das malhas metálicas: malha muito densa ............................................................................49

Figura 23 – Incidência solar sobre venezianas interiores ..............................................................................................................50

Figura 24 – Incidência solar sobre venezianas exteriores .............................................................................................................50

Figura 25 – Variantes do sistema Tela de Rolo: Corrente, Mola, Manivela, Motorizado ...............................................................51

Figura 26 – Incidência solar sobre a tela, quando no exterior (à esquerda) ou no interior (à direita) ............................................52

Figura 27 – Incidência solar sobre os toldos ..................................................................................................................................53

Figura 28 – Esquemas de inter-camadas em vidros duplos ..........................................................................................................53

Figura 29 – Fachada do Edifício na Rue des Suisses ...................................................................................................................55

Figura 30 – Detalhe Vertical de Fachada (Fig.29) .........................................................................................................................55

Figura 31 – Fachada do Centro Comercial Fünf Höfe ...................................................................................................................56

Figura 32 – Detalhe Horizontal de Fachada (Fig.31) .....................................................................................................................56

Figura 33 – Fachada do Edifício Laboratório de Pesquisa Farmacêutica......................................................................................58

Figura 34 – Detalhe Horizontal da Fachada (Fig.33) .....................................................................................................................58

Figura 35 – Fachada do Edif. Extensão da Nikolai School ............................................................................................................60

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Índice de Figuras

 
Figura 36 – Detalhes Verticais do Sistema de fachada (Fig.35) quando fechado e quando aberto ..............................................60

Figura 37 – Fachada do Edifício de Escritórios em Esslingen .......................................................................................................61

Figura 38 – Detalhe Vertical de Fachada (Fig.37) .........................................................................................................................61

Figura 39 – Fachada do Edifício de Habitação Social em Carabanchel ........................................................................................63

Figura 40 – Detalhe interior da Fachada (Fig.39) ..........................................................................................................................63

Figura 41 – Solução Comum à esquerda e Solução Base à direita ...............................................................................................68

Figura 42 – Programa computacional SunTool ..............................................................................................................................69

Figura 43 – Modelo Base ...............................................................................................................................................................69

Figura 44 – Tipos de céu: Céu Limpo, Céu Parcialmente Encoberto, Céu Encoberto e Céu Uniforme ........................................78

Figura 45 – Dimensionamento do modelo .....................................................................................................................................79

Figura 46 – Maqueta ......................................................................................................................................................................79

Figura 47 – Modelos a elaborar para estudo da Iluminação ..........................................................................................................80

Figura 48 – Modelo com Vão Aberto (sem sombreamento) ..........................................................................................................80

Figura 49 – Modelo Comum ...........................................................................................................................................................80

Figura 50 – Modelo Base ...............................................................................................................................................................80

Figura 51 – Modelo A .....................................................................................................................................................................80

Figura 52 – Modelo A1 ...................................................................................................................................................................81

Figura 53 – Modelo A2 ...................................................................................................................................................................81

Figura 54 – Modelo A3 ...................................................................................................................................................................81

Figura 55 – Modelo A4 ...................................................................................................................................................................81

Figura 56 - Luxímetro .....................................................................................................................................................................81

Figura 57 – Material Real: Acabamento a branco ..........................................................................................................................82

Figura 58 – Material 1: P.V.C. ........................................................................................................................................................82

Figura 59 – Material Real: Madeira ................................................................................................................................................82

Figura 60 – Material 2: Balsa envernizada .....................................................................................................................................82

Figura 61 – Material Real: Ripado Madeira ....................................................................................................................................82

Figura 62 – Material 3: Ripado balsa envernizado .........................................................................................................................82

Figura 63 – Material Real: Rede Metálica ......................................................................................................................................83

Figura 64 – Material 4: Rede em Alumínio c/ perfuração de 1mm .................................................................................................83

Figura 65 – Padrão do material metálico em tamanho real ...........................................................................................................83

Figura 66 – Grelha de Pontos ........................................................................................................................................................84

Figura 67 – Diagrama cromático de luz para Modelo Vão Aberto .................................................................................................84

Figura 68 – Diagrama cromático de luz para o Modelo Comum ....................................................................................................85

Figura 69 – Diagrama cromático de luz para o Modelo Base ........................................................................................................86

Figura 70 – Diagrama cromático de luz para o Modelo A1 ............................................................................................................86

Figura 71 – Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos de Vão Aberto, Comum, Base e A1 ...................87

Figura 72 – Diagrama cromático de luz para o Modelo A2 ............................................................................................................87

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Índice de Figuras

 
Figura 73 – Diagrama cromático de luz para o Modelo A3 ............................................................................................................88

Figura 74 – Diagrama cromático de luz para o Modelo A4 ............................................................................................................89

Figura 75 – Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos A1, A2, A3 e A4 ..................................................89

Figura 76 - Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos em estudo ............................................................90

Figura 77 – Sundial, relógio de Sol ................................................................................................................................................90

Figura 78 – Modelo Comum (21/06, 15h00) ..................................................................................................................................91

Figura 79 – Modelo Base (21/06, 15h00) .......................................................................................................................................91

Figura 80 – Modelo A1 (21/06, 15h00) ...........................................................................................................................................91

Figura 81 – Modelo Comum (22/12, 15h00) ..................................................................................................................................92

Figura 82 – Modelo Base (22/12 -15h00) .......................................................................................................................................92

Figura 83 – Modelo A1 (22/12 -15h00) ..........................................................................................................................................92

Figura 84 – Modelo Comum (21/06 -12h30) ..................................................................................................................................92

Figura 85 – Modelo Base (21/06 -12h30) .......................................................................................................................................92

Figura 86 – Modelo A1 (21/06 -12h30) ..........................................................................................................................................92

Figura 87 – Modelo A2 (21/06 -12h30) ..........................................................................................................................................93

Figura 88 – Modelo A3 (21/06 -12h30) ..........................................................................................................................................93

Figura 89 – Modelo A4 (21/06 -12h30) ..........................................................................................................................................93

Figura 90 – Modelo A4 (15/09 -10h00) ..........................................................................................................................................93

Figura 91 – Modelo A3 (15/09 -10h00) ..........................................................................................................................................93

Figura 92 – Modelo Comum (22/12 -12h30) ..................................................................................................................................94

Figura 93 – Modelo A1 (22/12 -12h30) ..........................................................................................................................................94

Figura 94 – Modelo A4 (22/12 -12h30) ..........................................................................................................................................94

 
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Índice de Tabelas

 
INDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Reflectância do Material 1 ............................................................................................................................................82 

Tabela 2 – Reflectância do Material 2 ............................................................................................................................................82 

Tabela 3 – Reflectância do Material 3 ............................................................................................................................................82 

Tabela 4 – Reflectância do Material 4 ............................................................................................................................................83 

Tabela 5 – Factor Luz-Dia para Vão Aberto ...................................................................................................................................84 

Tabela 6 – Factor Luz-Dia para Modelo Comum ...........................................................................................................................85 

Tabela 7 – Factor Luz-Dia para Modelo Base ................................................................................................................................86 

Tabela 8 – Factor Luz-Dia para Modelo A1 ...................................................................................................................................86 

Tabela 9 – Factor Luz-Dia para Modelo A2 ...................................................................................................................................87 

Tabela 10 – Factor Luz-Dia para Modelo A3 .................................................................................................................................88 

Tabela 11 – Factor Luz-Dia para Modelo A4 .................................................................................................................................89 

Tabela 12 – Resultados do inquérito em relação aos Elementos de Sombreamento ...................................................................96 

Tabela 13 – Resultados do inquérito em relação ao Ambiente Interior .........................................................................................97 

Tabela 14 - Resultados do inquérito em relação à Ordem de Preferência dos Modelos ...............................................................97 

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
INTRODUÇÂO
 
 
Enquadramento

“Es necessário aprender a ver la arquitectura no solo como los muros, las fachadas o la cubierta, sino
también como el espacio vital que fluye através de ellos y a su alrededor (…) deve ser saludable y
1
agradable al clima y sintetizar la experiencia construtiva de las generaciones que nos precedieron.”

A arquitectura bioclimática surge hoje como uma opção fundamental na resposta tanto nas questões de
aquecimento global como da crise energética internacional. Uma das estratégias principais da concepção
bioclimática passa pela adequada protecção do edifício contra os ganhos solares excessivos, diminuindo o
consumo energético para arrefecimento, e simultaneamente permitindo elevados níveis de iluminação
natural, mitigando a necessidade de iluminação artificial. Os sistemas de sombreamento surgem como um
elemento preponderante no processo de concepção das fachadas de um edifício, quer pelo seu papel no
desempenho energético, quer na procura de um espaço interior com o máximo de conforto e luminosidade.
Adicionalmente os sistemas de sombreamento podem ter um papel fundamental na caracterização e
definição da imagem exterior da arquitectura do edifício, pela sua forma, geometria e materialidade
As fachadas de um edifício representam o seu interface com o ambiente exterior, o sol, a luz e o ar. Este
elemento, que estabelece a relação entre o sistema exterior e interior do edificado, necessita de se adaptar
às diferentes características dos espaços nas diferentes fases do dia e do ano.2 Estas questões são o
reflexo de preocupações directas na arquitectura e no ambiente urbano que a contextualiza, potenciado
pela contínua evolução tecnológica e pela crescente preocupação com os recursos ambientais.
Nos dias de hoje está presente a necessidade de um edificado transmitir essas preocupações, devido às
proporções elevadas que a crise energética global assume, associada ao uso de recursos energéticos não
renováveis (petróleo ou carvão) e sendo a responsável por sérios danos ambientais, desde a poluição
atmosférica, a destruição da camada de ozono, o aquecimento global, a perda do habitat da vida
selvagem, a desertificação e os abates de florestas que destroem os recursos naturais.
As crises energéticas atingem o mundo industrializado, a razão que leva à procura da racionalização do
seu uso e que leva os governos a procurar fontes de energia seguras para reduzir a dependência do
combustível importado, motivado não só pelas preocupações de ordem económica, como pela
consequente focagem dos problemas ecológicos.
Esta mudança de atitude, de defesa do meio ambiente, leva ao estudo de estratégias de desenho passivo
nos países industrializados do norte da Europa e EUA, que resultam em adaptações das “boas práticas”
utilizadas nas construções vernaculares, para exigências da época contemporânea. É uma atitude radical
que se reverte na consequente transformação da arquitectura que procura agora padrões mais exigentes
desde o desenho do planeamento urbano até ao pormenor do desenho do edificado. Estes desenhos são a
consequência da complexa relação de interdependência entre as condições climáticas, económicas,

                                                            
1
VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros (2001) – Introducción à la Arquitectura Bioclimática, México: Limusa, p.10
2
Tony Fitzpatrick e Ove Arup & Partners cit. por YEANG, Ken (1996) – “The Skyscraper bioclimatically considered. A design primer” in External
wall and cladding, Wiley-Academy, Malaysia, p. 153

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
sociais, políticas, estratégicas, estéticas, técnicas e regulamentares, com o objectivo de adquirir um
desenho energeticamente eficiente, mais económico a longo prazo e com maior qualidade arquitectónica.
No âmbito das estratégias de desenho é protagonista o papel dos sistemas de sombreamento, pois são
estes muitas vezes os responsáveis tanto pela imagem da fachada – vertente estética – como o
funcionamento e desempenho desta – vertente funcional.
Baseada na experiência e no respeito pelo ambiente, estas questões determinam o âmbito de estudo, a
Arquitectura Bioclimática, traduzida no dever do arquitecto em criar um projecto esteticamente bem
conseguido e integrado com a envolvente urbanística e o meio ambiente.

Arquitectura Bioclimática

A definição clássica de Arquitectura é baseada na tríade de Vitruvius: utilitas, fermitas, venustas, que pode
ser traduzida para função, estrutura, beleza.3 Recentemente, as preocupações ambientais no âmbito da
construção adicionam a estes princípios as questões bioclimáticas, definindo-se o conceito de Arquitectura
Bioclimática. Consiste no desenho dos edifícios tendo em conta a análise do contexto climático local,
aproveitando os recursos naturais disponíveis (sol, vegetação, vento, água) do local em que se insere, com
o objectivo de diminuir os impactes ambientais através da redução dos consumos de energia e a procura
de optimizar as condições de conforto interior do edificado através de estratégias do design solar4, sem
descuidar dos princípios inerentes a Arquitectura.
Neste âmbito a Arquitectura Bioclimática encara-se como um conjunto de atitudes multidisciplinares no
processo do projecto na procura de organizar e racionalizar não só o espaço mas também os recursos
utilizados, de modo a formar um edificado energeticamente eficiente e confortável, no contexto do conceito
da sustentabilidade – "suprir as necessidades da geração presente sem afectar a habilidade das gerações
futuras de suprir as suas"5. A multidisciplinaridade associada à Arquitectura Bioclimática traz um conjunto
de variáveis que procuram torná-la eficaz – a localização, a orientação, as condições climáticas.
A importância crescente da área da Arquitectura Bioclimática passa por perceber que a arquitectura não
deve apenas responder à moda estética, sem considerar os aspectos mais lógicos e simples que permitem
aproveitar um espaço de forma mais natural. Estas questões são abordadas na fase de pré-concepção do
edificado, pois o seu papel elementar passa por encerrar o espaço criando ambientes internos adequados
ao mesmo tempo que deve gerar um ambiente externo confortável.

O ambiente exterior influencia directamente as condições resultantes no espaço interno a nível das
necessidades de aquecimento, arrefecimento e iluminação e por isso a sua concepção deve tirar o máximo
de partido das condições climáticas envolventes, respeitando as condições de conforto dos ocupantes. O
objectivo traduz-se na exigência da redução posterior de custos suplementares significativos devido ao
                                                            
3
 FEIO, António (2006) Arquitectura Bioclimática, Disponível em: http://www.eng.eseig.ipp.pt/ecoclimat2006/ [25/09/2008]
4
  ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – Green Vitruvius: Princípios e práticas de projecto para uma Arquitectura Sustentável, Lisboa:
Ordem dos Arquitectos, Thermie European Commission, Directorate General XVII for Energy; LANHAM, Ana, GAMA, Pedro, BRAZ, Renato
(2004) – Arquitectura Bioclimática: Perspectivas de inovação e futuro (seminários de Inovação), Instituto Superior Técnico, Lisboa; VIQUEIRA,
Manuel Rodríguez entre outros (2001) – Introducción a la Arquitectura Bioclimática, México: Limusa; Disponível em http://pt.wikipedia.org/
5
Relatório de Brundtland – 1987, cit. por PINHEIRO, Manuel Duarte. (Conselho Cientifico: Correia, F. N., Branco, F., Guedes M. C.) (2006) –
Ambiente e Construção Sustentável, Lisboa: Instituto do Ambiente.

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
pouco recurso de sistemas mecânicos para responder às necessidades de conforto, garantindo uma
eficiência energética e consequente melhoria da qualidade da arquitectura.
A opção da estratégia de desenho adequada está dependente não só da localização e orientação do
edificado, assim como das suas necessidades de aquecimento ou arrefecimento. Em climas frios a
construção deve maximizar os ganhos de calor através de uma boa distribuição e armazenamento de calor
dentro do edifício, o que reduz as perdas de calor – Estratégia de Aquecimento – e nos climas quentes a
construção deve, pelo contrário, minimizar e dissipar os ganhos de calor e optimizar a ventilação de ar
fresco – Estratégia de Arrefecimento. Deve ainda ser adicionada uma terceira estratégia de desenho do
edificado – Iluminação Natural – reduzir a luz directa e reflectir o brilho intenso, pois a sua utilização
substitui a luz eléctrica, especialmente onde o calor interno causado pela iluminação artificial pode levar ao
uso de meios mecânicos, contribuindo ainda para uma qualidade de conforto visual, quando tem em conta
os parâmetros de contraste e brilho. 6
Os factores referidos são vantagens para uma maior atenção a este tema, pois um edifício com mais
contributos naturais e menos artificiais é de melhor qualidade arquitectónica.

O papel dos Sistemas de Sombreamento em Fachadas

“Sentados à sombra de uma árvore, num dia caloroso e ensolarado é imediatamente associado a uma
7
sensação de prazer.”

Os sistemas de sombreamento necessitam de conjugar as vertentes funcional e estética.


Na vertente funcional, o sombreamento procura cumprir o conjunto de objectivos e requisitos que
respondem às preocupações ambientais, às exigências arquitectónicas e ao conforto do ocupante.
Os objectivos elementares de um sistema de sombreamento são o controlo térmico, procurando evitar o
sobreaquecimento na estação quente e na estação fria permitir a captação dos ganhos solares úteis, e o
controlo da iluminação, promover o equilíbrio entre a captação e difusão do fluxo luminoso.

A maior complexidade na gestão destes objectivos consiste no encontro do equilíbrio e optimização entre
os dois factores – sombreamento e iluminação - sem afectar os restantes requisitos que o sombreamento
deve responder, definindo a qualidade do design do sistema e do espaço interior.
Um dos requisitos de um espaço interior, influenciados pelo papel de um sistema de sombreamento, é o
impedimento do sobreaquecimento através da radiação solar, podendo quando pobremente desenhados,
permitir o aquecimento em excesso do espaço. A entrada de luz natural é também um requisito de um
espaço interior e por isso, sombrear implica criar uma iluminação adequada às necessidades visuais do
espaço reduzindo o desconforto visual através do controlo da luminância local das superfícies, o contraste
e o brilho. O desenho do sistema de sombreamento deve também prever a visibilidade do interior para o
exterior, ou seja, adequar o equilíbrio entre o bloqueamento dos raios solares e a optimização da
visibilidade, pois estas são um privilégio para o conforto do utilizador do espaço. Como elementos

                                                            
6
GOULDING, John R., LEWIS, J.Owen., STEEMERS, Theo C., (1992) – Energy Conscious Design: A Primer for Architects, London: Published
for the Commission of the European Communities by B.T. Batsford, p.9
7
VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros – op.cit,, p.67 

11

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
exteriores ao edificado, por vezes, são também requisitos, a redução da acústica exterior, a segurança, a
privacidade, a movimentação do ar, e por isso a atenção a estas necessidades na fase concepção, para
que as exigências e os mecanismos associados se enquadrem no desenho do sistema de sombreamento.
A concepção e execução de um sistema de sombreamento resulta num processo complexo que muitas
vezes necessita de conjugar princípios funcionais que são contraditórios na sua obtenção, tendo ainda que
acrescentar as questões que podem surgir a longo prazo, tal como as questões de manutenção e
operação do controlo de dispositivos. Por vezes, sistemas demasiados complexos podem resultar em
custos iniciais ou operativos proibitivos da sua aplicação, utilização e manutenção.

A concepção de um sistema de sombreamento não é apenas a resolução de questões funcionais, mas


também a procura de soluções de qualidade e inovadoras, através de novas respostas às necessidades
crescentes e de um progressivo desafio criativo que ofereça um carácter próprio e particular ao edifício,
coerente com o ambiente em que se insere, e oferecendo respostas à vertente estética.

A fachada tem um importante papel para a imagem do edifício, pelo que o sistema de sombreamento se
assume como um elemento de peso na sua imagem, ao oferecer possibilidades enriquecedoras na
expressão visual da fachada. Muitas vezes os sistemas de controlo solar funcionam como elementos de
adorno da superfície da fachada, convidando ao jogo de luz e sombra e oferecendo a possibilidade de uma
composição espacial. Outros dispositivos constituem por si mesmo entidades arquitectónicas que
adicionam componentes visuais como o ritmo, a luz, a cor e a textura.8
Do ponto de vista compositivo, forma, geometria ou leveza, é ampla e variada em sistemas de
sombreamento, mas que devem ser ajustados de acordo com os requisitos climáticos locais, embora por
vezes, estejam subordinados à sua época ou a modelos regionais.

Desde a época de expansão da industrialização do ferro e do vidro a imagem moderna frequentemente


desejada para um edifício é a glass box, na procura de transmitir leveza, transparência e uma leitura
contínua da fachada. No entanto, o desempenho inadequado deste material tem vindo a colocar alguns
entraves.
As fachadas duplas surgem em resposta a essa imagem, juntamente com o crescente investimento em
vidros de melhores propriedades térmicas e controlo solar, embora resultem em soluções de custo
elevado, tanto na concepção como na manutenção. Por exemplo, nos edifícios em altura, a imagem de
fachada é muitas vezes baseada no vidro e por estes estarem mais expostos ao forte impacto das
temperaturas e da radiação directa, o sombreamento constitui uma das dificuldades desta tipologia. O
desenho de sistemas de sombreamento devem por isso considerar com maior atenção o material a utilizar,
o método de aplicação e fixação exterior, a opção de controlo, a necessidade de manutenção, e as
condições de insolação locais. Embora sofisticado em algumas situações, o dispositivo de sombreamento
é ainda o único elemento que melhor controla os ganhos de calor solares. Se o vidro continuar a ser a

                                                            
8
  OLGYAY, Victor (1998) – Arquitectura y Clima: Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanistas, 1ª Edição, Barcelona, Editorial
Gustavo Gili, S.A., p.65

12

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
imagem desejada para o edifício, novos desenvolvimentos na tecnologia do vidro e do sombreamento são
requeridos.

Os sistemas de sombreamento não devem funcionar como elementos que se agregam à fachada, mas sim
numa composição integral contínua. Esta é mais uma razão para a importância deste elemento
arquitectónico que não deve ficar limitado pelos sistemas tradicionais e estandardizados, embora a
utilização destes não deva ser desaproveitada.
Deve existir uma reflexão sobre a concepção dos sistemas de sombreamento, tirando partido da simples
experiência pragmática de ensaiar formas, vãos, materiais, através dos novos instrumentos de desenho,
da tecnologia e de meios mais rápidos de prever e avaliar o seu comportamento no edificado que a
actualidade pode dispor.

Objectivos

O objectivo geral da presente dissertação, no âmbito da arquitectura e do design ambiental, consiste em


coligir e sistematizar a informação existente sobre o tema dos sistemas de sombreamento actualmente
disponíveis, de grande extensão, na procura de promover uma reflexão em torno da importância e
potencial do desenho dos sistemas de sombreamento de fachadas no âmbito da Arquitectura Bioclimática
e da produção arquitectónica em geral.
Hoje em dia, é importante que a profissão de arquitecto esteja consciente do compromisso de conceber
uma edificação bioclimática, ou seja, que demonstre preocupações na defesa do meio ambiente.

O objectivo específico deste estudo procura contribuir para a optimização dos sistemas existentes a nível
do seu desempenho, analisando as soluções existentes, comerciais e de autor. Dado o carácter limitado
das soluções comerciais e bastante standardizadas, é objectivo propor um método de concepção e
desenho de sistemas de sombreamento optimizados e estudar a nível da sua imagem e desempenho
lumínico, tendo em conta a dicotomia Sombra e Luz.
 
 
Metodologia
 
Como metodologia de trabalho para o estudo podem ser distinguidos três procedimentos:

o Revisão bibliográfica e identificação dos princípios da Arquitectura Bioclimática e principais


questões e complexidades inerentes aos sistemas de sombreamento;
o Síntese da evolução e caracterização morfológica dos sistemas de sombreamento de mercado e
de autor;
o Desenvolvimento da primeira instância de um método de projecto de um sistema de
sombreamento optimizado e a sua análise.

13

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

O primeiro processo de elaboração da dissertação passa pela realização da revisão bibliográfica através
da consulta da literatura especializada, revistas, catálogos e sites informativos, com o fim de contextualizar
o tema abordado, identificando os princípios e complexidades inerentes e destacando o protagonismo dos
sistemas de sombreamento como estratégia de desenho essencial na construção bioclimática. Esta revisão
é o fundamento deste estudo, pois a partir daqui, são propostas e levantadas as questões essenciais para
o desenvolvimento do tema.

Numa segunda fase, é sintetizada a evolução dos sistemas de sombreamento em fachadas, demonstrando
a preocupação da necessidade de sombrear desde a antiguidade, seguido de um levantamento e
classificação de Sistemas de Sombreamento na actualidade, com dois níveis de abordagem. Um primeiro
nível referente ao levantamento dos sistemas de sombreamento existentes no mercado, através de uma
pesquisa em sites de internet referentes a empresas de concepção e/ou venda deste produto, em
catálogos e revistas, com o fim de categorizá-los e realizar uma breve análise, para perceber as vantagens
e desvantagens que os diferentes tipos de sistemas padrão importam. O segundo nível de abordagem é
realizado através de sites de internet e de pesquisa bibliográfica a livros técnicos, o levantamento de obras
que demonstram a preocupação dos arquitectos nas questões funcionais dos sistemas de sombreamento
e na questão da imagem da fachada, obtendo resultados caracterizados pela singularidade do edifício.

O terceiro procedimento procura desenvolver a primeira instância de um método de projecto de um sistema


de sombreamento optimizado, seguida de uma análise qualitativa e quantitativa a nível lumínico, na
procura de definir parâmetros de equilíbrio entre os dois factores Sombra e Luz. Este método é
demonstrado através da evolução de um modelo base e exemplificativo. É utilizado o software AUTOCAD
na criação de modelos virtuais para perceber a sua tridimensionalidade e o uso do SUN-TOOL que
consiste num ferramenta do software ECOTECH, para a simulação de elementos de sombreamento
segundo as variáveis introduzidas associados à incidência solar. De seguida, o estudo lumínico é realizado
em modelos físicos, utilizando um luxímetro, para medições da iluminância, em que os resultados obtidos
são realizados por análise comparativa entre os vários modelos. Para uma avaliação subjectiva dos
modelos físicos é realizado um inquérito.

Estrutura da tese

A presente dissertação está estruturada em cinco secções:


o Enquadramento dos sistemas de sombreamento em fachadas na arquitectura bioclimática;
o Identificação dos princípios técnicos e estratégias associadas;
o Evolução, classificação e levantamento dos sistemas de sombreamento em fachadas;
o Estudo de um método de concepção e dimensionamento de um sistema de sombreamento:
Equilíbrio entre sombra e luz;
o Síntese conclusiva.

14

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Introdução

 
No primeiro capítulo é enunciado um breve enquadramento relativo ao conceito e importância da
Arquitectura Bioclimática perante o estudo de fachadas dirigido para a questão do sombreamento no
edificado. É objectivo perceber o ponto de situação existente, contribuindo para uma compreensão geral da
crescente preocupação ambiental que um edificado deve transmitir devido às proporções elevadas que a
crise ambiental tem vindo a assumir.

O segundo capítulo sintetiza os princípios técnicos e estratégias relativos à natureza dos sistemas de
sombreamento em fachadas no âmbito da Arquitectura Bioclimática, considerando as questões do
sombreamento e da iluminação natural, para uma melhor compreensão do restante desenvolvimento da
dissertação. São descritos os pressupostos a que o sombreamento deve responder, o conforto e a
eficiência energética, e os princípios solares essenciais para o design da construção se adequar ao local
de inserção, sendo estes, na maioria das vezes, as respostas às necessidades do edificado. É
destacado neste capítulo o protagonismo dos sistemas de sombreamento como estratégias de
desenho para uma construção bioclimática, no nível passivo e activo.

No capítulo seguinte a abordagem segue para uma exposição mais directa da evolução e das
características que os sistemas de sombreamento têm enquanto elementos agregados ou inerentes a
fachadas. É por isso também retratada a evolução das fachadas ao longo dos anos, pois a arquitectura
procurou sempre um adequado invólucro, que devido às crescentes necessidades funcionais e qualitativas
é cada vez mais ágil e dinâmico, surgindo sempre como respostas aos meios tecnológicos correntes.
Associada a esta evolução e às necessidades de uma arquitectura cada vez mais preocupada com
ambiente é relevante perceber a generalidade e racionalidade das diversas soluções que foram surgindo
ao longo dos anos dependentes das condições ambientais locais. Este capítulo identifica e classificar os
sistemas de sombreamento segundo as suas características operativas e apresenta o levantamento das
diversas soluções de mercado dos dias de hoje, seguido de exemplos de soluções adaptadas e/ou
desenhadas por arquitectos, que adequam o aspecto funcional, ao criativo e conceptual, resultando na
singularidade do edifício.

Parte da originalidade deste estudo é apresentada no capítulo quarto, assente num estudo experimental
que desenvolve a primeira instância de um método de concepção e dimensionamento de um sistema de
sombreamento, na procura de responder a três factores: a intenção arquitectónica, a optimização do
sombreamento e o equilíbrio do nível de iluminação. Numa primeira fase procede-se à análise do método
que introduz os factores variáveis de modo a conferir a sua adaptabilidade e influência prática,
exemplificada com vários modelos. Numa segunda abordagem, alguns modelos são concebidos em
maqueta, é introduzida a variável da iluminação, e procura-se perceber o padrão resultante e o equilíbrio
entre os dois factores, sombra e luz.
O quinto capítulo consiste numa breve síntese conclusiva dos resultados obtidos e aspectos relevantes das
questões levantadas no desenvolvimento do estudo.

15

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
1. PRINCÍPIOS TÉCNICOS E ESTRATÉGIAS DE DESENHO

Os elementos de sombreamento são o revestimento externo, juntamente com invólucro de vidro de muitos
edifícios. É de primeira importância no desenho bioclimático de edifícios a procura de uma fachada que
actue como um filtro entre o interior e o exterior9. O papel deste invólucro é complexo, pois no âmbito da
Arquitectura Bioclimática é necessário considerar um conjunto de princípios estratégicos e aspectos
técnicos: a eficiência energética e o conforto, as condições solares de modo a favorecer a sombra e a luz
natural mais adequada ao espaço, tendo em conta as estratégias de desenho da Arquitectura Bioclimática.

No desenvolvimento da concepção de um sistema de sombreamento numa fachada, os princípios


descritos não devem ser analisados isoladamente, mas para a melhor compreensão destes conceitos são
apresentados e sistematizados separadamente.

1.1. Pressupostos

O desenho de uma arquitectura Bioclimática passa por perceber dois pressupostos essenciais, a eficiência
energética e o conforto.

1.1.1. Eficiência Energética

A eficiência energética é uma actividade que faz parte integrante da procura do desenvolvimento
sustentável, pois considera os impactes a diferentes níveis, procurando diminuir as necessidades de uso
de energia na iluminação, ventilação e climatização artificiais.
Esta actividade optimiza o uso das fontes de energia. A sua racionalização consiste no uso de menor
energia para fornecer a mesma quantidade de valor energético e por isso um edifício é mais eficiente
quando proporciona as mesmas condições ambiente através de um consumo de energia mais baixo.
A base da questão está na utilização excessiva de fontes de energia de origem de combustíveis fósseis
(petróleo, carvão, gás natural), pois por estes recursos não serem renováveis, contribuem em muito para a
libertação de dióxido de carbono na atmosfera, trazendo consequências negativas para o ambiente, como
o aquecimento global e a redução da camada de ozono.
A partir dos anos 70 a situação apresentava-se com um exagerado consumo energético nas edificações
que gradualmente destruía os recursos naturais. Para a melhoria da construção de edifícios começa-se,
por isso, a investir no planeamento da eficiência energética, reflectido em alguns países mais
desenvolvidos em políticas de eficiência energética através da adopção de normas, medidas, informações

                                                            
9
 Tony Fitzpatrick e Ove Arup & Partners cit. por YEANG, Ken (1996) – op,cit., p. 153

16

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
públicas, incentivos financeiros e muitas campanhas que procuram implementar desde a fase de
anteprojecto, o uso eficiente da energia e o desenvolvimento de fontes alternativas de energia renovável.
Hoje em dia é patente que a elaboração de projectos de arquitectura inclua estudos sobre o
comportamento energético do edifício. Cada vez mais uma variedade de métodos e ferramentas têm sido
disponibilizadas para reduzir o consumo de energia durante a fase de planeamento e construção, pois em
ambas as perspectivas, económicas e ecológicas, os tipos de sistemas instalados devem ser
monitorizados e harmonizados o mais cedo possível.
A investigação contínua e progressiva em sistemas de sombreamento procura desenvolver-se no sentido
de controlar os ganhos solares e iluminação natural de modo a criar um ambiente mais confortável sem a
necessidade de instrumentos e mecanismos que utilizem fontes energéticas.

1.1.2. Conforto

A referência ao conforto aparece também como um pressuposto essencial do tema abordado, pois integra
os princípios físicos envolvidos, tanto do edificado como do indivíduo, e as necessidades de carácter
ambiental, entre elas, as térmicas e as visuais.

“ A zona de conforto térmico representa aquele ponto no qual a pessoa necessita de consumir
10
a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente envolvente”

A definição de conforto térmico é complexa, pois integra um conjunto de factores que estão associados
não só às condições climáticas (como já foi referido), como ao modo que o ocupante responde às
condições de ambiente interior (factores pessoais) e o modo como o isso pode afectar o desempenho e a
qualidade do espaço do edificado (factores físicos).
Uma das definições aceites para a sensação de conforto térmico na literatura internacional é dada pela
ASHRAE em 2001, que considera como um estado de espírito que reflecte satisfação e o bem-estar
relativo às condições ambientais.11 Consiste no equilíbrio entre a taxa de produção de calor do corpo,
através do metabolismo, actividades individuais, vestuário, e a taxa de perdas de calor para o meio
ambiente, influenciada pela temperatura do ar e a temperatura à superfície dos elementos locais, a
humidade relativa e a velocidade do ar.12
No planeamento e construção do edificado tem sido frequente, estabelecerem-se temperaturas fixas para
as definições de conforto para um espaço de determinadas características, mas estudos mais recentes
referem outros enfoques para o conforto térmico, associados ao facto das pessoas não serem passivas ao
ambiente térmico que as envolve. Outros meios têm sido por isso estudados como a climatização individual
e modelos adaptativos.

                                                            
10
OLGYAY, Victor (1973) in Design with Climate: Bioclimatic Approach to Architectural Regionalism, New Jersey, U.S.A: Princeton University
Press, cit in ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., p.26
11
  STILPEN, Daniel Vasconcellos De Sousa (2007) - “Eficiência Energética e Arquitectura Bioclimática – O Caso do Centro de Energia e
 
Tecnologias Sustentáveis” [21/04/09], Disponível em: <http://www.ppe.ufrj.br/>
12
 ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., pág. 26

17

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Uma das abordagens mais apropriadas para as avaliações de conforto térmico em ambientes construídos
é a utilização da metodologia proposta pelo cientista dinamarquês Povl Ole Fanger, que estuda os efeitos
do ambiente doméstico no conforto humano. Este modelo inovador, proposto pelo autor na sua tese de
doutorado, compreende que o foco da análise térmica deve estar nas pessoas, nas suas roupas e
actividades físicas desempenhadas. Fanger propõe a realização de um balanço de energia em que o
13
volume de controlo fosse delimitado em torno do indivíduo,através da climatização individual, em vez de
em torno da edificação. Uma nova forma de pensar, que em parte reduz a dificuldade de avaliar
termicamente o ambiente e evita a realização das fases de transmissão de calor na estrutura física da
edificação. Torna-se num procedimento simples que permite o balanço de energia em situações em que
não são conhecidas as variáveis externas: as propriedades térmicas dos materiais construtivos (difusão,
condutividade, resistência térmica, emissividade) e a radiação solar. Fanger baseia o seu modelo no
estudo de seis variáveis, sendo quatro ambientais, como a temperatura, humidade relativa, velocidade do
ar e a temperatura média radiante, e duas pessoais, como a roupa e a actividade física (metabolismo).14
Outra abordagem relevante para a definição de conforto térmico é o estudo de Gail Brager e Richard De
Dear, com a “Adaptação térmica em ambiente edificado” em que assinalam que os ocupantes do edifício
adaptam-se aos níveis térmicos dominantes dentro dos edifícios, no prazo de semanas a meses.
Concluem que a diferença entre o conforto térmico do ar condicionado e os edifícios ventilados
naturalmente é bastante significativa e que as pessoas que têm bom controlo sobre o seu ambiente interior
são mais tolerantes às variações da temperatura. Este modelo de adaptação do conforto é um caminho
eficiente para a construção de edifícios solares passivos, pois permite que as pessoas ajustem e controlem
as suas roupas, actividades, postura, alimentação, deslocando a posição da sala, movendo a janela ou
utilizando sistemas de sombreamento ou outras oportunidades de adaptação para alcançar ou manter o
conforto térmico, alargando a zona de conforto. Os ocupantes não são apenas receptores passivos do
ambiente mas sim elementos activos.15
Os critérios de conforto não são por isso uniformes em todo o mundo, pois por variar de pessoa para
pessoa, não deve haver necessidade de uniformizar as temperaturas internas, mas sim de adoptá-las de
forma conveniente para as respectivas regiões e climas.16

O conforto visual é também determinante para a qualidade dos espaços interiores, estando associado à
necessidade de iluminação do edifício, para permitir o desenvolvimento das actividades, sendo por isso
importante perceber os aspectos que influenciam o seu desenvolvimento. O conforto visual consiste no
conjunto de condições existentes num determinado ambiente no qual o ser humano pode desenvolver as

                                                            
13
  Segundo VAN WYLEN, G. J., SONNTAG, R. E. e BORGNAKKE, C. (1998), volume de controlo é a região imaginária delimitada em volta de
um corpo (ou um equipamento) que simplifica a análise termodinâmica do mesmo.   
14
  STILPEN, Daniel Vasconcellos De Sousa (2007) - “Eficiência Energética e Arquitectura Bioclimática – O Caso do Centro de Energia e
Tecnologias Sustentáveis” [21/04/09], Disponível em: <http://www.ppe.ufrj.br/> 
15
  OGOLI, David Mwale (2007) “Thermal Confort in a Naturally-Ventilated Rducational Building” in “Green Challenges in research, Practice and
design Education” – ARCC [23/04/200], Disponível em: < http://www.arccweb.org/journal/beta/index.php>
16
Roaf e Hancock, (1992) cit in ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., pág. 27

18

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
suas tarefas visuais com o máximo de cuidado e precisão, sem esforço, sem riscos de prejuízos à vista e
com reduzidos riscos de acidentes17.
As condições de conforto visual dependem da quantidade, intensidade qualidade e distribuição de luz num
determinado espaço, sendo indicadas pelo factor luz-dia, que deve ser adequado de modo a proporcionar
boa definição de cores e objectos sem ofuscamento.18
A maneira como a luz é distribuída no espaço torna-se mais importante do que a quantidade, porque
quando existe uma grande diferença entre os níveis de iluminação natural junto à janela para os valores
que se verificam nas áreas mais distantes, existe maior tendência para acender a luz, mesmo que os níveis
de iluminação nessa parte sejam adequados, concluindo que a uniformidade dos níveis de iluminação é
fundamental.

1.2. Princípios Solares

O clima traduz-se na relação entre a Terra e o Sol, sendo essencial conhecer os seus princípios para o
design da construção se adequar ao local de inserção. Na maioria das vezes, os princípios solares são as
respostas às necessidades do edificado.
Conhecer a geometria solar, permite prever o comportamento da radiação solar sobre o edificado e
controlar os efeitos de sombra e luz de forma a adequar o desenho do invólucro exterior (as proporções
volumétricas, detalhes de paredes e coberturas, cor, dimensão dos vãos, elementos de sombreamento, ou
os materiais de construção), às necessidades do espaço interior.
Com base nos princípios solares, a edificação procura funcionar como um elemento que protege e regula
as alterações naturais constantes do ciclo climático de um lugar, tirando partido dos aspectos positivos e
diminuindo os seus efeitos negativos.
São as condições climáticas que caracterizam e identificam uma região quanto ao tipo de lugar e
consequente estilo de vida, assim como se tem expressado a arquitectura ao longo das distintas culturas
da civilização humana como resposta ao tempo, à cultura, às condições físicas e ambientais do local onde
se desenvolve19. O clima é definido como o conjunto de condições atmosféricas que caracterizam uma
zona geográfica20, em que os factores intrínsecos da energia solar dependem da posição solar, da
radiação solar, a temperatura, o vento, a humidade e a precipitação.

A análise das condições climáticas com fins arquitectónicos pode ser realizada em três escalas:
o Macroclima - aplicado às características do clima da região.

                                                            
17
EUROPEAN COMMISSION DIRECTORATE - GENERAL FOR ENERGY, [1994]. Daylighting in buildings. Energy Research Group, School of
Architecture, University College Dublin Richview Clonskeagh, Dublin, Ireland, cit. in LAMBERTS, Roberto, DUTRA, Luciano, PEREIRA, Fernando
O. (1997) – Eficiência energética na Arquitectura, S. Paulo, PW Editores, p.44
18
GOULDING, John R., LEWIS, J. Owen, STEEMERS, Theo C., (1992) – op.cit.,p.117
19
VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros (2001) – op.cit., p.13 
20
Dicionario Enciclopédico Espasa (2000) – Espanha, Espasa Calpe, cit in VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros (2001) – Introducción à la
Arquitectura Bioclimática, México: Limusa, p13 

19

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
o Mesoclima - relativo às alterações macroclimáticas que dependem das características locais
(latitude, altitude, topografia, massas de água ou de vegetação).
o Microclima - relativo às alterações climáticas de uma área específica, ocorrentes devido aos
efeitos humanos e dependentes da relação entre as formas e os espaços urbanos21. São os
factores microclimáticos que determinam as características para o desenho arquitectónico, pois as
suas variações são significativas na escala do local de inserção do edificado.

1.2.1. Geometria Solar

Importância deste princípio:

As questões relacionadas à Geometria Solar ganham maior relevância quando se começa a


consciencializar que uma arquitectura deve ser “bioclimática”, ecológica e ultimamente “sustentável”,
representando um importante instrumento de projecto no desempenho térmico e luminoso.
A geometria solar estuda o percurso do Sol em determinada localidade, em função do dia/mês do ano e o
tempo que este fica acima do horizonte.
A primeira leitura passa por perceber onde está o Sol. Com base nas coordenadas astronómicas, latitude e
longitude, para um determinado dia e hora, são definidas as coordenadas horizontais, azimute e altura.
Estes dados traduzem-se normalmente nas primeiras decisões de projecto relativos à implantação,
orientação solar do edifício ou até o tipo de arquitectura a ser adoptada.
A segunda leitura realizada com base nos dados geométricos, procura determinar ou prever as sombras
projectadas pelos elementos e a penetração de Sol pelas aberturas, reflectida nas decisões relativas ao
tipo de invólucro do edificado, sistemas para o sombreamento a utilizar e seu dimensionamento.22

Coordenadas Astronómicas: Latitude e Longitude

Um determinado ponto na superfície terrestre é localizado através do sistema de coordenadas


astronómicas, a latitude e longitude. A longitude mede-se em relação ao Meridiano de Greenwich (A’’), que
consiste no semi-círculo que passa pelos pólos e pelo observatório de Greenwich (na Inglaterra). Assim a
longitude do ponto A é definida pelo ângulo φ1, medida de 0º a 180º, a este ou a oeste do meridiano. A
latitude é medida a partir do Equador (A’), ou seja, cada ponto da superfície terrestre está contido num
círculo paralelo ao Equador em que a distância a este define-se pelo ângulo φ2, medida de 0º a 90º, sendo
Norte quando acima do equador ou Sul, quando abaixo.

                                                            
21
 GOULDING, John R., LEWIS, J. Owen, STEEMERS, Theo C., (1992) – op.cit., p.9
22
FROTA, Anésia Barros (2004) – Geometria da insolação, 1ª edição, Geros LTDA, S. Paulo, p.24

20

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

Figura 1 – Coordenadas Astronómicas: Latitude e Longitude


Fonte: Geometria da Insolação, pág.31

Coordenadas Horizontais: Altitude e Azimute

A posição do sol relativamente a um ponto da Terra é determinada através das coordenadas horizontais,
azimute e altura. Estas coordenadas variam ao longo do dia, devido ao movimento de rotação da Terra em
torno do eixo Polar e varia ao longo do ano devido ao movimento de translação da Terra em torno do Sol.23
Em relação à variação diária, a posição do sol é descrita pela altitude solar e o ângulo de azimute. A
altitude solar é a medida do ângulo entre a linha desde o centro do sol até ao plano do horizonte, variando
de 0º a 90º. O azimute é a medida do ângulo entre a direcção Norte e o plano perpendicular ao do plano do
horizonte, variando de 0º a 360º.24
A variação ao longo do ano da posição do sol é definida pela declinação do Sol, ou seja, o ângulo entre os
raios da luz solar e o plano do equador, repetindo o padrão que origina as quatro estações do ano e
coincidindo com o tempo necessário para a terra completar uma volta em torno do Sol.

Estações: Solstícios e Equinócios

As quatro estações do ano definem-se pelos dois períodos de solstício, quando o sol atinge o seu maior
afastamento em latitude da linha do equador e pelos dois períodos de equinócio, altura em que os raios
solares são perpendiculares à linha do equador, logo a declinação é 0º. Os dois solstícios e os dois
equinócios variam inversamente dependente da localização no hemisfério Norte para o hemisfério Sul.

No caso de Portugal, localizado no hemisfério Norte, o solstício de Verão ocorre a 21 de Junho, o dia do
ano com maior número de horas de sol, em que ao meio-dia solar o sol atinge a maior altitude em todo o
ano e os raios solares fazem um ângulo de 23º27’ com o plano equatorial, culminado sobre o trópico de
Câncer. Este solstício define o início da estação mais quente do ano, o Verão, prolongando-se até 23 de
Setembro. O solstício de Inverno ocorre a 22 de Dezembro, o dia do ano com o menor número de horas de
                                                            
23
 GOULDING, John R., LEWIS, J. Owen, STEEMERS, Theo C., (1992) – op.cit., p.19 
24
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit, p.24 

21

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
sol e que os raios solares fazem um ângulo de -23º27' com o plano equatorial, culminado sobre o trópico
de Capricórnio. Esta data define a entrada da estação fria, o Inverno, prolongando-se até 21 de Março.
No hemisfério Norte, os equinócios da Primavera e do Outono ocorrem respectivamente a 21 de Março e a
23 de Setembro, sendo os dias do ano em que o número de horas de sol e de noite são praticamente
iguais em todo o mundo. Nestes dias os raios solares culminam no plano do equador, ou seja um ângulo
de 0º. É ainda relevante destacar que as datas em que ocorrem os equinócios não dividem o ano em
número igual de dias, pois devido à órbita da Terra, quando esta está mais próxima do Sol, viaja mais
rapidamente do que quando está mais longe.25

Figura 2 – Estações do ano: Solstícios e Equinócios


Fonte: Geometria da Insolação, pág.33

 
 
Instrumentos para estudos da Geometria Solar:

Para o estudo geométrico da insolação podem ser utilizados um conjunto de instrumentos que com base
nas coordenadas astronómicas, data e hora, podem facilitar a análise e o levantamento das principais
questões a que o edificado está afecto.
As coordenadas horizontais já referidas ao serem calculadas e organizadas em tabela podem facilitar a
sua leitura face a outros instrumentos,26 mas acabam por ser redutoras por se limitarem a períodos
específicos, além de não utilizarem directamente uma linguagem de desenho, um recurso utilizado no
desenvolvimento de projectos e sistemas.27
Os Simuladores Solares são utilizados nos estudos de maquetas realizados em laboratórios. Um projector
de luz representa o Sol e uma prancheta assinalada com os pontos cardeais representa o plano de
horizonte. Como as lâmpadas não dispõem de raios paralelos, as observações só são mais correctas
quanto menor for a distância entre o modelo e o projector, e por isso o instrumento é adequado para
maquetas de pequenas dimensões e com resultados principalmente qualitativos.28

                                                            
25
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.33 a 35 e GOULDING, John R., LEWIS, J. Owen, STEEMERS, Theo C., (1992) – Energy op.cit., p.19
26
Ver Anexo 1.1 – Instrumentos para estudos da Geometria Solar: Tabela de Coordenadas Horizontais para Lisboa 
27
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.39 
28
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.41 

22

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

Figura 3 – Simulador Solar


Fonte: Geometria da Insolação, pág.42 e 43

Os Quadrantes Solares, conhecidos como Relógios de Sol – Sundials – constituem-se “por uma base de
projecção de sombras, em cuja superfície estão marcadas as direcções dos pontos cardeais e assinaladas
as posições das extremidades da sombra projectada por uma haste”.29 Este instrumento tem a vantagem
de assinalar as diversas horas de diferentes dias do ano, quando a base é exposta ao Sol com a
orientação conveniente, permitindo utilizar o Sol como fonte luminosa, resultando numa observação mais
rigorosa e que possibilidade o estudo de maquetas de maiores dimensões. Alguns relógios de sol planos
trazem as curvas de sombras descritas sobre um plano horizontal por um ponto P a uma altura unitária.30

Figura 4 – Relógio de Sol plano: latitude 40ºN, 10h, Equinócios


Fonte: Geometria da Insolação, pág.45

                                                            
29
SILVA, A.C. & MALATO, J. (1969) – Geometria da insolação dos edifícios, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, cit in FROTA,
Anésia Barros (2004) – op.cit., p.44
30
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.47 

23

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
31
As cartas solares são instrumentos específicos para a latitude em projecção estereográfica horizontal,
que consiste na representação da esfera celeste por um círculo em que o centro é a projecção do zénite,
ponto mais alto da abóbada celeste que é cortado pelo plano perpendicular ao plano do horizonte, onde é
projectada o percurso aparente do Sol.

Figura 5 – Projecção estereográfica da Trajectória Solar


Fonte: Geometria da Insolação, pág.56

No círculo estão representados os pontos cardeais e uma marcação de 5º em 5º que determina a


coordenada horizontal azimute através de uma linha entre um destes pontos e o centro. Na metade
superior ou inferior do círculo é apresentada a escala de pontos, de 5º em 5º, onde passam as
“almocântaras”, circunferências concêntricas que correspondem ao lugar geométrico dos pontos da
abóbada celeste com a mesma altura. A partir de plantas, cortes e com base nas coordenadas
astronómicas e horizontais é possível identificar questões associadas à geometria da insolação, através da
clara visão da posição do Sol nas diversas datas e levantamento de dados, pois estes apresentam-se na
posição correcta e em verdadeira grandeza.
Por exemplo ao conhecer a orientação do edificado, é denunciada a insolação da fachada, quando livre de
qualquer obstrução. 32 Com o auxílio de transferidores de coordenadas solares33, elementos genéricos de
leitura sobre a carta solar é possível ainda determinar as sombras projectadas pelos elementos de
sombreamento da fachada ou a penetração do Sol das aberturas.34

O seguinte esquema apresenta os vários parâmetros associados à geometria da insolação, ou seja os


ângulos que definem a posição do Sol relativamente a uma superfície.

                                                            
31
Ver Anexo 1.2 - Instrumentos para estudos da Geometria Solar: Carta Solar para Lisboa 
32
 FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.50, 55 e 73 a 77 
33
Ver Anexo 1.3 - Instrumentos para estudos da Geometria Solar: Transferidores auxiliares de coordenadas solares
34
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.47 e 48 

24

 
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Figura 6 – Posição relativa do Sol
Fonte: Geometria da Insolação, pág.185

1.2.2. Radiação Solar

A radiação solar é a principal fonte de energia para o planeta, como fonte de calor e como fonte de luz
natural. Tecnicamente consiste na quantidade de energia radiante emitida pelo Sol que alcança uma
determinada superfície terrestre, sob a forma de radiação electromagnética e formada por duas
componentes: a radiação solar directa e a radiação solar difusa.
A quantidade de radiação solar que atinge uma determinada superfície varia de momento para momento,
pois depende das condições atmosféricas e meteorológicas, das características geográficas e topográficas
ou da envolvente urbana. Estes elementos de obstrução podem ser considerados como vantagens ou
desvantagens, o que vai depender de outros parâmetros como a inclinação, a cor ou o material das
superfícies que recebem a radiação.

Espectro Electromagnético da radiação solar:

O espectro da radiação solar é composto por raios infravermelhos, raios visíveis e raios ultravioletas. Os
raios infravermelhos são os responsáveis pela energia solar ou o aquecimento. Os raios visíveis
representam a sensação de luz, sendo por isso de grande utilidade, mas dentro de um certo nível e de
acordo com a actividade desenvolvida, pois em demasia pode causar encadeamento, além de estar
associada ao calor proveniente dos raios infravermelhos de onda curta, pois quando se transformam em
infravermelho de onda longa, provoca o sobreaquecimento indesejável. Os raios ultravioletas são os
responsáveis, dependente do comprimento de onda e em função do tempo da exposição, pela
fotodegradação.35

                                                            
35
 FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.16 

25

 
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Radiação Solar Directa e Difusa:

A Terra recebe quase toda a energia do sol em ondas electromagnéticas na forma de radiação directa e
difusa. A atmosfera funciona como um filtro solar que deixa atravessar parcialmente, mas que pode
difundir, reflectindo parte das radiações. O Sol não aquece directamente o ar, mas ao atravessar, aquece
as superfícies sobre as quais incide e por sua vez aquece o ar.36
A radiação solar directa é a forma de radiação mais intensa e consiste na quantidade de energia radiante
no metro quadrado de superfície em qualquer instante, composta por dois elementos, o raio e a difusão. A
intensidade do raio depende do ângulo de incidência entre o raio solar e a linha perpendicular à superfície,
ou seja, está dependente da fase do dia.
A soma da radiância difundida em todas as direcções recebida do céu denomina-se de radiação solar
difusa ou então radiação solar reflectida, através da envolvente ou edifício adjacente.37

Figura 7 – Radiação Solar Directa e Difusa


Fonte: Energy Conscious Design: A Primer for Architects, pág.20

Por vezes a radiação solar directa é indesejável para a iluminação natural devido não só à sua
componente térmica mas também ao facto do valor do nível de iluminação ser demasiado intenso para ser
usado sobre o plano de trabalho. Por esse motivo, são de valorizar os sistemas que conseguem um
equilíbrio entre os dois factores, funcionando como fontes indirectas de luz, ou seja, quando uma superfície
reflectora é iluminada por uma fonte de luz primária (luz solar ou luz do céu) a qualidade dessa luz pode
ser virtualmente idêntica à luz do céu.38

                                                            
36
FROTA, Anésia Barros (2004) – op.cit., p.16 
37
GOULDING, John R., LEWIS, J. Owen, STEEMERS, Theo C., (1992) – op.cit., p.20; VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros (2001) –
op.cit., p.21 
38
LAMBERTS, Roberto, DUTRA, Luciano, PEREIRA, Fernando O. (1997) – Eficiência energética na Arquitectura, PW Editores, S. Paulo, p.35

26

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Reflexão, Absorção, Transmissão:

Nos envidraçados e nos materiais que compõem os sistemas de sombreamento podem ocorrer três
fenómenos de trocas térmicas associados às suas propriedades solares. Os fenómenos são a reflexão,
absorção e transmissão.

Figura 8 – Fenómenos de trocas térmicas: Reflexão, Absorção e Transmissão


Fonte: Energy Conscious Design: A Primer for Architects, pág.52

A reflexão consiste na mudança da direcção de propagação da energia na direcção em que é procedente,


após o contacto com uma superfície reflectora. Parte substancial da energia recebida na superfície sobre
um material opaco é reflectida ainda na forma de onda curta, aquecendo-as, mas com pouca intensidade.
Este fenómeno ocorre em função das características do material e da cor. A cor branca é a que mais
reflecte (95% da radiação recebida) e à medida que a cor é mais escura, a reflexão é cada vez menor.

Ao contrário dos outros fenómenos, a absorção está relacionada à parcela de energia que persiste após
incidir sobre uma superfície. Qualquer material quando submetido à radiação solar, reflecte uma parcela e
absorve outra, ou seja, aqueles que mais reflectem são os que menos absorvem, e no caso contrário, a
superfície fica sujeita a um pequeno aumento da temperatura, podendo emitir calor radiante (radiação
menor intensidade, mas significativa na escala de temperatura ambiente). A parcela absorvida origina um
conjunto de processos que capturam a energia e convertem-na em calor, passando o material aquecido a
emitir radiação com um espectro correspondente à sua temperatura.
A transmissão solar consiste na parcela de radiação solar que passa pelos envidraçados e pelos sistemas
de sombreamento após ocorrerem os outros dois fenómenos, a reflexão e a absorção, por isso o somatório
destas três parcelas é igual à unidade. Pode-se ainda referir a transmissão visual, valor normalmente
disponibilizado pelo mercado, pois consiste na transmissão da luz visível do espectro solar, sendo esta a
parcela que determina o nível de luz natural adequada às diferentes actividades de um espaço.
Devido à ocorrência destes fenómenos, é por isso necessário que na escolha dos envidraçados e dos
materiais que envolvem o desenho de um sistema de sombreamento, sejam conhecidas as suas
propriedades térmicas.

27

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Ganhos solares directos:

O ganho solar directo é o modo mais simples de se aproveitar de forma passiva a energia solar, realizado
através da absorção da radiação nos elementos utilizados na fachada do edifício, armazenando a energia
durante o dia e fazendo uso da sua inércia térmica. Esta energia, durante o período em que não existem
ganhos solares, é libertada e pode ser aproveitada para o aquecimento e regulação das temperaturas
internas. Quando o calor armazenado é indesejado, este pode ser dissipado através de outros meios como
a ventilação natural ou o arrefecimento natural.
Hoje em dia, o vidro é o elemento capaz de fornecer o mais adequado invólucro do edifício na relação com
os critérios base de desenho arquitectónico, mas o vidro é também o elemento que apresenta um
desempenho inadequado de invólucro exterior.39 As maiores fontes de ganhos de calor são introduzidas
através dos envidraçados e por isso a importância destes elementos, juntamente com os sistemas de
sombreamento, para o controlo da entrada de calor e aproveitamento da energia.

Efeito de estufa:

Este fenómeno é propício em alguns períodos do ano, especialmente nos climas quentes, quando os
ganhos solares através do vidro se tornam excessivos.
Como os envidraçados são os elementos que originam os maiores ganhos de calor, quando estes são
indesejados, deve ser evitada a sua entrada antes do atravessamento pelo vidro. Após a sua passagem
pelo vidro, os raios solares que transportam o calor, alteram o seu comprimento de onda e não conseguem
voltar a sair, ficando o calor retido no espaço sem puder se dissipar e consequentemente aumentando a
temperatura do mesmo, ocorrendo o fenómeno do efeito de estufa, prejudicial ao conforto do espaço.

Temperatura:

A temperatura é um parâmetro mais acessível que permite avaliar o conforto de um determinado espaço.
Este parâmetro está associado às transmissões de energia térmica de um corpo para o outro e às noções
de frio e calor. São as diferenças de temperaturas que permitem as transferências de energia térmica,
sendo que o calor é sempre transferido do corpo de maior temperatura para o corpo de menor
temperatura, na procura de atingir um equilíbrio térmico.40 O corpo humano possui mecanismos que
regulam a sua produção de calor interno para as condições térmicas do ambiente, mantendo uma
temperatura de 36,7ºC, através da geração de calor do metabolismo, compensada pelas perdas de calor
das actividades individuais e é por isso importante salientar que para uma mesma temperatura a sensação
de conforto térmico individual pode ser diferente em função das outras variáveis.41

                                                            
39
Tony Fitzpatrick e Ove Arup & Partners cit. por YEANG, Ken (1996) – op.cit., p.82 
40
  Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura [23/07/2008] 
41
 Roaf e Hancock, (1992) cit in ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., pág. 26

28

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Existem três modos de transmissão de calor:
o Condução - propagação entre a continuidade dos materiais, específico para cada tipo.
o Convecção - transmissão de calor de um corpo sólido para um fluído.
o Radiação - propagação por meio de partículas ou ondas (meio o qual a energia solar alcança a
terra.

Nos locais de temperaturas mais elevadas, deve ser evitada a radiação solar que incide directamente
sobre os envidraçados. Um invólucro em vidro pode ser usado em fachadas que não enfrentam os raios
solares directos, mas nas restantes situações devem ser requeridos sistemas que os evitam e/ou
controlam, devido às questões térmicas e de qualidade de iluminação. Os restantes materiais também
utilizados na fachada do edifício devem reflectir o calor ou então devem ser compostos de várias camadas
de modo a permitir a ventilação dos espaços e o seu arrefecimento.

1.2.3. Sombreamento e Iluminação

Perante as adversas condições solares o sombreamento e a iluminação são uma necessidade para o
conforto e eficiência energética. São por isso apresentados os parâmetros que avaliam e quantificam estas
necessidades, abrangendo a dicotomia de que quando se evita a entrada do sol indesejado, priva-se o
espaço da iluminação natural. No desenho de um sistema de sombreamento, é por isso preciso, considerar
estes aspectos de modo a encontrar um equilíbrio entre os vários parâmetros.

o Proporcionar um adequado controlo solar.


o Evitar a entrada de radiação solar quando indesejado.
o Propiciar uma luminosidade adequada à actividade a que o espaço se destina.
o Garantir equilíbrio entre o fluxo luminoso incidido e reflectido.
o Controlar os níveis de reflexão
o Procurar equilíbrio entre a uniformidade e o contraste
o Evitar o ofuscamento

Coeficiente de sombreamento:

O coeficiente total de sombreamento (CS) define a capacidade de um envidraçado no controlo solar.


Consiste no índice dos ganhos totais de calor, obtido por comparação entre a energia transmitida,
absorvida e novamente radiada de um vidro e com os mesmos parâmetros de um envidraçado incolor e
simples exposto ao sol (unidade de medida). Para a sua avaliação, a percentagem de radiação transmitida,
se tem equiparado ao valor de 1, como o indice básico para o envidraçado exposto ao sol. 42

                                                            
42
OLGYAY, Victor (1973) in Design with Climate – op.cit., p. 67 

29

 
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A transmissão térmica é então medida por um coeficiente de sombreamento do envidraçado. Todos os
tipos de vidros, em conjunto com um sistema de sombreamento proporcionam um coeficiente que facilita
uma correcta selecção para um determinado edifício.43

Factor Solar:

O Factor Solar (FS) consiste na relação entre a energia da radiação solar total que incide no vão
envidraçado e a energia transmitida e absorvida para o interior por convecção e radiação juntamente com
o respectivo dispositivo de protecção.44 Além deste índice, podem ainda ser utilizados pelos diversos
fabricantes, outros índices que indicam a transmissão de calor de um vão, mas muitas vezes, estes são
apenas utilizados por questões de marketing e por isso são pouco relevantes neste levantamento.

Figura 9 – Factor Solar

Factor Luz-Dia:

A avaliação da luz do dia é dificultada pela variabilidade da luz devido às condições meteorológicas locais
ou a poluição. O Factor de Luz -Dia (DF) é o parâmetro mais comum para caracterizar a luz do dia
disponível dentro de um edifício.
O Factor Luz-Dia consiste na razão entre a luminosidade interior distribuída uniformemente num espaço,
medida em vários pontos fixos e a luminosidade simultaneamente disponível no exterior, medida numa
superfície horizontal, preferencialmente sob um céu nublado. Este exprime-se em percentagem, de tal
maneira que um Factor Luz-Dia de 2% significa que, se no exterior existe uma iluminação de 10.000 lux,
num local determinado do interior existe 200 lux. 45

DF = 100 * Eint / Eext

Este conceito apresenta duas vantagens: a sua constância, pois mesmo que a luminosidade exterior
aumente, a luz interior modifica-se simultaneamente, resultando na eficácia do compartimento como
instalação de iluminação e meio de penetração da luz do dia; e o conceito de adaptação, pois a apreciação

                                                            
43
Ver anexo 2.1 – Princípios Solares: Tabela de Coeficiente de Sombra, segundo Olgyay
44
RCCTE – Decreto-lei nº 80/2006
45
HOPKINSON, R. G., PETHERBRIDGE, P., LONGMORE, J. (1966) – Iluminação Natural, 2º Edição, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
p.28

30

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
visual do interior de um compartimento tende a não se modificar radicalmente, mesmo que a luminosidade
actual se torne maior com o aumento da quantidade de luz de dia.
O Factor Luz-Dia resulta num valor aritmético conveniente para a avaliação da iluminação interior,
distribuição e direcção da luz natural no espaço e numa ideia do efeito subjectivo proporcionada pelo nível
de iluminação medido em qualquer momento.

Iluminância e Luminância:

Estes dois factores são também responsáveis pela medição da quantidade de luz existente num
determinado espaço, estando por isso dependentes do fluxo luminoso. O fluxo luminoso mede-se em
lúmens (lm) e consiste na quantidade de fluxo emitido pelo sol visto aos olhos humanos.

A Iluminância consiste na densidade do fluxo luminoso do céu e da luz do sol, incidente sobre uma
superfície (unidade de área), situada a uma certa distância da fonte, ou seja, é a quantidade de luz que
chega a um ponto. A iluminância pode ser medida através de um Luxímetro, em lux, mas não é vista,
apenas são visíveis as diferenças na reflexão da luz. A iluminância é também conhecida como Nível de
Iluminação, variando consoante a actividade a decorrer no espaço.
A Luminância está dependente da iluminância, pois consiste na quantidade de fluxo luminoso que é
recebido numa determinada superfície e modificado pela sua reflectividade e por isso, é a medida física
que produz a sensação de brilho. Este factor é medido em candelas por metro quadrado (cd/m2).

   
Figura 10 – Iluminância Figura 11 – Luminância
Fonte: www.dee.ufc.br - Curso de Eficiência Energética  Fonte: www.dee.ufc.br - Curso de Eficiência Energética 

Reflectância, a influência da cor e do material:

A luminosidade de um espaço é também resultante da reflectância dos objectos. Este consiste na relação
entre o fluxo luminoso reflectido (Exitância) e o fluxo luminoso incidente (Iluminância) sobre uma superfície,
normalmente medido em percentagem.

Refl.(%) = 100 * Exit. / Ilum.

31

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
A existência de superfícies para a reflexão da luz é importante para a iluminação de um espaço, pois são
as superfícies reflectoras que permitem que a luz atinja a área mais distante do vão de um espaço.

O nível de reflectância está dependente do tipo de material e cor utilizada na envolvente e objectos do
espaço, influenciando em muito as suas características luminosas.
É conhecido que as cores claras reflectem o impacto do sol, enquanto os escuros absorvem. A apreciação
visual dá uma medida aproximada da relação entre a cor e o valor da absorção. Alguns estudos mostram
que as cores claras em venezianas exteriores proporcionam 20% mais de protecção que as cores escuras
e que o alumínio oferece uma protecção adicional de 10%. Nas telas de rolo exteriores o efeito é mais
claro, pois as cores claras proporcionam 40% mais de protecção que as de cor escuras. No exemplo dos
cortinados interiores, a diferença não é tão acentuada, pois as cores claras são apenas 18% mais efectivas
que as escuras.46

Uniformidade e Contraste:

A uniformidade e contraste são também aspectos que na avaliação da qualidade do espaço a nível de
iluminação e do sombreamento, ressaltam. A pouca uniformidade na iluminação pode ser uma forte causa
da fadiga visual, devido às grandes diferenças entre as luminâncias dos diferentes planos, embora um
certo de grau de contraste favoreça também a visibilidade. A luz do céu propicia uma iluminação
relativamente uniforme, enquanto a luz solar proporciona uma iluminação mais concentrada.

Ofuscamento:

O ofuscamento leva à redução da capacidade visual e também ao desconforto visual, ocorrendo devido à
visualização directa da fonte de luz, ou perante de um excesso de luz no ambiente que provoca um brilho
intenso nos materiais devido à reflexão da luz

1.3. Sistemas de Sombreamento como Estratégia da Construção Bioclimática

O desenho de elementos de sombreamento é uma Estratégia da Construção Bioclimática, pois a sua


aplicação procura melhorar a construção a nível da eficiência energética e conforto, tirando partido das
condições locais e climáticas, de um modo passivo, ou seja na interacção do edifício com a envolvente e
de um modo activo, através da incorporação de equipamentos que maximizam essa interacção.

                                                            
46
OLGYAY, Victor (1973) in Design with Climate – op.cit., p. 69

32

 
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1.3.1 Como Estratégia Passiva

As estratégias denominadas de passivas são consequências da aplicação dos princípios solares, o Sol, o
Vento e a Água, incluindo a efectiva gestão energética da radiação solar sobre as fachadas, mantendo os
níveis de conforto térmico e luminoso – Arquitectura Solar Passiva.47
O sombreamento tem como principal objectivo a protecção solar e por isso funciona como uma estratégia
de arrefecimento, ou dependendo do tipo de sistema pode também funcionar como um elemento que evita
a saída de ar quente e por isso contribuir para a estratégia de aquecimento, ou ainda garantirem
melhorares condições de luz natural e por isso funcionarem como uma estratégia de iluminação natural.

O desenho solar passivo está por isso associado a três factores que gerem as necessidades energéticas:
aquecimento, arrefecimento e iluminação, que articuladas com as prioridades técnicas, funcionais e
estéticas de projecto, contribuem para o conforto interior e minimização do consumo de energia.
É de evidenciar que não existe uma única solução para cada situação, mas sim, que o edificado nasce de
um processo complexo que procura analisar e relacionar entre si uma variedade de factores. A importância
destes factores é relativa, pois está dependente da orientação, geometria do edificado e das condições
ambientais exteriores, mas os princípios são os mesmos, considerar a exposição solar das fachadas com
maior importância a nível dos espaços e actividades, na procura de proporcionar o ambiente mais
adequado à actividade, minimizando as necessidades de aquecimento durante o período frio e de
arrefecimento durante o período quente e o menor uso da iluminação artificial (Olygay, 1973)48.

Influência da Localização, Orientação e Geometria no sombreamento:

O grau e o tipo de sombreamento necessário está dependente de algumas variantes, desde a localização
do edifício e sua envolvente, a orientação solar a que o edifício se expõe até à sua própria geometria.

A localização geográfica e a orientação são os primeiros parâmetros a considerar para a disposição da


área envidraçada da fachada do edifício, no entanto, dificilmente se consegue evitar em alguns períodos
do ano a excessiva radiação solar, sem a utilização de sistemas de sombreamento.
Nos climas quentes os sistemas devem procurar reduzir ao mínimo os ganhos de calor, aliando a
vantagem dos vãos voltados a sul, pois é o período que o Sol se encontra mais alto e por isso a
penetração da radiação solar é mais facilmente minimizada, enquanto nos períodos mais frios, como o sol
se encontra mais baixo, o vão recebe maior radiação de calor, tornando-se um factor positivo para o
aquecimento. Nos climas quentes, a orientação mais problemática é a nascente / poente, pois o sol
encontra-se mais baixo e por isso a radiação é mais directa, optando-se por vezes pela redução da área
destes vãos.

                                                            
47
YEANG, Ken (1996) – op.cit., p.155
48
 ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., p.61
 

33

 
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1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Figura 12 – Resposta à orientação
Fonte: Green Vitruvius: Princípios e práticas de projecto para uma Arquitectura Sustentável, p.63

A outra variante intrínseca a um sistema de sombreamento é a geometria do edificado, que conjuntamente


com os restantes factores, deve definir estratégias de desenho adequadas. Como exemplo, em climas frios
ou excessivamente quentes a adopção de uma configuração compacta, permite obter uma menor área
exposta ao ambiente, ou até a criação de um microclima através de um pátio interior. Por outro lado, em
climas quentes e húmidos, a estratégia de desenho deve ter como base a abertura do edificado, de modo a
permitir uma maior relação ambiental.

A geometria do vão também se deve adequar a estas variantes, pois o desenho de um vão de pequenas
dimensões procura evitar a excessiva entrada dos raios solares, ao mesmo tempo que se restringe a
entrada de luz natural, ao contrário de quando se desenha um vão de maiores dimensões, em que é
favorecida a entrada de luz natural, mas os ganhos e perdas de calor no interior do podem excessivas,
tornando-se num ambiente interior desconfortável termicamente.

Sistemas de Sombreamento como Estratégia de Arrefecimento:

O sombreamento como estratégia de arrefecimento é principalmente utilizado num clima tipo Europeu, pois
além de trazer enormes benefícios a nível do conforto, permite a redução ou até eliminação do
arrefecimento por meios mecânicos e consequentemente a pretendida redução do consumo energético.

O principal problema efectivo que se coloca no desenho e orientação dos envidraçados é o


sobreaquecimento na estação de arrefecimento. O sobreaquecimento é um fenómeno que ocorre devido
ao desadequado desenho e aplicação dos envidraçados e do sistema de sombreamento. O vidro é o
elemento que na indústria da construção é principalmente utilizado nas janelas, um elemento transparente,
que permite a luz natural e o ar possam ser admitidos.49
São os envidraçados que também contribuem para a redução de captação de energia solar por radiação
através das seguintes características:

                                                            
49
YEANG, Ken (1996) – op.cit., p. 153 a 182

34

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
o Dimensões - a redução dos envidraçados está associada à procura de uma forma compacta que
reduza as superfícies de aquecimento;
o Inclinação - a radiação tem mais dificuldades a passar o vidro quanto maior for o ângulo;
o Baixa Emissividade - redução das perdas de calor.

Além dos sistemas de sombreamento, que cumprem um importante papel na retenção no controlo das
necessidades de calor solar, sendo a principal estratégia de arrefecimento, podem se destacar outras
estratégias, que associadas a esta minimizam os efeitos de aquecimento do espaço.
As paredes e coberturas podem funcionar também como elementos de gestão dos ganhos externos,
através da aplicação de isolamento e do uso da sua inércia térmica, baseado no facto de que existe um
tempo de atraso na passagem do fluxo de ar quente pela fachada que pode ser explorado através dos
materiais utilizados no edifício para fins de arrefecimento. A reflectividade das paredes e cobertura consiste
na criação de uma barreira que permite desviar a radiação para o exterior do edifício, variando dependente
da materialidade dos elementos.
Estas estratégias contribuem para a conservação de calor nos períodos de aquecimento nas regiões frias,
ou então podem contribuir para a prevenção do sobreaquecimento por condução nos períodos de
arrefecimento nas regiões quentes.

A ventilação natural é também uma estratégia de arrefecimento importante, para a qual os sistemas de
sombreamento devem também contribuir, porque as temperaturas no interior dos edifícios nos climas
quentes podem muitas vezes serem mais altas que as do exterior, devido à constituição do invólucro
exterior não se apropriar ao clima.
Os princípios da ventilação natural baseiam-se na movimentação do ar fresco (vento) como meio de
arrefecimento, sendo realizado quando duas massas de ar têm diferentes temperaturas, as suas
densidades e pressões são também diferentes, originando o movimento de subida do ar da parte mais
densa (fria) para a parte menos densa (quente). A diferença de temperatura deve ser usada para expulsar
o ar quente do edifício, por exemplo, através do efeito chaminé, que consiste na criação de aberturas no
topo para a saída do ar quente e na base do edifício para entrada do ar fresco, sendo este efeito
maximizado quando as aberturas estão localizadas verticalmente. Outro exemplo é facilitar a ventilação
transversal através do desenho de vãos que o permitam, em lados opostos do edifício, para a
movimentação do ar.

Em suma, o sombreamento como estratégia de arrefecimento deve considerar os seguintes aspectos:


o Controlo solar, impedindo a entrada dos raios solares no interior do edifício quando indesejados.
o Contribuir para a diminuição dos ganhos externos, impedindo os aumentos de calor devido aos
efeitos de condução ou a infiltração do ar quente exterior, propiciado pela materialidade do
sistema.
o Permitir a ventilação do espaço, não obstruindo em demasia o vão, quando a cumprir a sua função
de sombrear

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Sistemas de Sombreamento como contributo para a Estratégia de Aquecimento:

Os sistemas de sombreamento como estratégia de aquecimento funcionam como um complemento a essa


necessidade, pois alguns tipos de sistema contribuem para a diminuição das perdas térmicas interiores,
associados aos factores de seguida referidos.
A estratégia de aquecimento é principalmente condicionada pela orientação dos vãos, sendo optimizada
para os vãos voltados a sul, por captarem o máximo dos ganhos solares nos meses frios, e menos nos
meses quentes, enquanto as orientações este/oeste são mais adequadas a espaços que necessitam de
aquecimento intermitente, porque apenas recebem alguma radiação no período da manha ou ao fim de
tarde, atingindo por vezes nos períodos quentes ganhos de calor máximos face à fachada sul, podendo
gerar sobreaquecimento se não forem protegidos. Na fachada norte devem estar os espaços que
requerem pouco aquecimento ou que necessitam de arrefecimento, pois esta recebe muito pouca radiação
tanto no Verão como no Inverno.

Nesta estratégia, os envidraçados são importantes e complexos elementos a considerar, pois são os
responsáveis pelos ganhos ou perdas de calor. Com o progresso técnico e o aparecimento de novos
materiais na concepção dos envidraçados, é hoje possível especificar a constituição de um elemento
envidraçado, satisfazendo exigências de ganho e conservação de calor e de transmissão e direcção de luz
para as diferentes orientações. É procurado o equilíbrio na satisfação das necessidades que por vezes
estão em conflito, o aquecimento e o arrefecimento.

Sistemas de Sombreamento como Estratégia de Iluminação Natural:

Um sistema de sombreamento, como elemento de controlo da entrada dos raios solares no interior, deve
contribuir para promover a iluminação natural, e procurar equilíbrio entre os dois elementos, luz e sombra.
O objectivo da estratégia de iluminação natural é permitir chegar o máximo de luz do dia ao interior do
edifício para uma eficiência e conforto visual, ou até satisfação estética, pois os espaços iluminados por luz
natural são mais atraentes e agradáveis. Esta estratégia adiciona a vantagem de redução ou eliminação da
iluminação eléctrica, contribuindo para uma redução significativa dos consumos energéticos e nos
consequentes impactes negativos ambientais. Segundo alguns estudos, nos últimos anos a combinação da
maximização da luz natural com a iluminação de elevado rendimento, permite seguras poupanças entre
30% a 50%, podendo chegar na ordem dos 60% a 70%.50
A iluminação interior está associada a factores, como a localização e orientação, geometria dos espaços,
forma e dimensão dos vãos, a existência e geometria de sistemas de sombreamento, os e os materiais
utilizados, devendo responder aos requisitos inerentes às actividades a decorrer no espaço, período de
utilização, tipo de utilizadores e a necessidade de privacidade.51

                                                            
50
ACE; ERG; Universidade Dublin, AO (2001) – op.cit., p.71.
51
ACE; ERG; Universidade Dublin, AO (2001) – op.cit., p.72.

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
Hoje em dia, vários sistemas de sombreamento são desenhados para captar a luz natural, dirigindo-a para
o interior, na procura de evitar níveis de iluminação muito elevados junto dos envidraçados e de
proporcionar uma difusão uniforme da luz natural, como as palas reflectoras, os vidros prismáticos ou os
estores reflectores, funcionando tanto para sombreamento como para iluminação.

Sistemas de Sombreamento como Estratégias Complementares:

Além das estratégias já referidas, os Sistemas de Sombreamento podem ainda ser estudados de modo a
funcionarem em complemento com outras estratégias que visam aumentar a qualidade de uma Construção
Bioclimática.
A visibilidade do interior para o exterior é uma necessidade para o conforto do ocupante, principalmente no
período diurno por isso um sistema de sombreamento como instrumento que evita a entrada dos raios
solares, não deve impedir a visibilidade total, por exemplo como acontece com os estores, que ao
cumprirem a sua função de sombreamento, não permitem a visibilidade. Por outro lado, o sistema de
sombreamento pode ainda complementar a estratégia de segurança e privacidade do espaço interior e
neste caso os estores ou as portadas são exemplos muito comuns dessa situação. Um bom sistema de
sombreamento visa equilibrar as diferentes necessidades, para o conforto do ocupante.
Outra estratégia que um sistema de sombreamento deve complementar é a redução acústica. O vão é dos
elementos da construção que constitui maior fragilidade nesse sentido e por isso um sistema de
sombreamento deve proporcionar também uma melhoria acústica, como por exemplo a aplicação de
isolamento nas caixas dos estores.

1.3.2 Como Estratégia Activa

As estratégias activas da construção bioclimática prendem-se com a definição de Arquitectura Solar Activa,
ou seja, a análise e desenvolvimento de uma arquitectura eficiente e confortável está associada à
utilização de equipamentos eléctricos, mecânicos ou químicos, que adequadamente incorporados no
edifício, permitem a captação, armazenamento da energia solar e fornecimento de energia térmica e
eléctrica ao edifício.
Os painéis solares térmicos e fotovoltaicos são exemplos de equipamentos que podem ser incorporados
nos edifícios, integrados em fachadas no sistema de sombreamento, funcionando não só como estratégia
passiva, mas também como estratégia activa. Este tipo de estratégia está também associado ao conceito
de energia renovável, pois conseguem obter energia através de fontes naturais capazes de se regenerar.

Integração de células fotovoltaicas em sistemas de sombreamento:

O papel das células fotovoltaicas é converter a luz proveniente do sol directamente em energia eléctrica,
com a principal vantagem de possibilidade de utilização da energia à medida que é produzida, ou então, a

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
1. Princípios Técnicos e Estratégias de Desenho

 
energia é armazenada em baterias para ser utilizada mais tarde. Este sistema é silencioso, eficiente e
dispensa de manutenção, embora ainda de custo elevado, mas com a previsão de descer nos próximos
anos devido à sua crescente utilização.
A fixação dos painéis fotovoltaicos pode ser na cobertura ou nas fachadas, pois a sua integração em
sistemas de revestimento é simples, podendo em alguns casos substituí-los, com a atenção de que a sua
eficiência diminui com o aumento de temperatura e por isso são mais eficazes como segundo
revestimento, protegidos das intempéries, do que como um revestimento principal. 52

Integração de painéis solares térmicos em sistemas de sombreamentos:

Os painéis solares térmicos são mecanismos utilizados para o aquecimento da água e ambiente através da
captação de energia da luz do sol. São constituídos por uma placa colectora em sanduíche, com um
revestimento isolante na base, um envidraçado pela frente e no interior tubos em que água é bombeada.
A melhor orientação é para sul, tanto para as coberturas como para a integração em fachadas, ou até um
desvio de 30º. A inclinação depende da utilização a que é proposto, se para o aquecimento de água ou
para o aquecimento de ambiente53.
 

                                                            
52
ACE; ERG; Universidade Dublin, AO (2001) – op.cit., p.73.
53
ACE; ERG; Universidade Dublin, AO (2001) – op.cit., p.73. 

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

2. EVOLUÇÃO E LEVANTAMENTO DE SISTEMAS DE SOMBREAMENTO

 
Nos últimos anos os sistemas de sombreamento têm vindo a deixar de ser encarados como elementos
adicionais à fachada e começam a ser considerados como um sistema integrado na própria fachada. Para
isso é necessário perceber de forma sistemática a generalidade e a racionalidade das várias soluções e
técnicas ao longo dos anos, associado à sua evolução nos diferentes períodos.
A evolução e desenvolvimento de uma técnica construtiva não é casual, nem o resultado de uma criação
imediata. Está dependente das condições ambientais do local, sendo uma resposta de um longo processo
com uma variedade de questões, em que as ideias vão criando maturidade à espera de encontrar
circunstâncias e meios tecnológicos adequados para tornar possível o seu desenvolvimento, enquadrada
no conceito estético actual.54
Para uma melhor análise e desenvolvimento de um sistema é necessário ainda ter conhecimento das
características dos diversos tipos de sombreamento disponibilizados no mercado, bem como a sua
aplicação e adaptação. Os exemplos de edifícios apresentados procuram destacar os aspectos positivos
que as soluções adoptadas possuem a nível da preocupação do arquitecto em adaptar e/ou conceber um
sistema de fachada e de sombreamento integrado e a sua procura em adequar os aspectos funcionais aos
aspectos criativos e conceptuais, resultando num edificado de carácter próprio.

2.1. Evolução das técnicas de fachadas e de sistemas de sombreamento

55
“Cladding in the future will be as porous and perfect as human skin.”

Esta deve ser a finalidade de conceber um sistema de fachada focado na questão do sombreamento, um
instrumento essencial para a permanente procura da sensação de conforto nos espaços arquitectónicos,
permitindo ainda a optimização dos recursos energéticos. Com recurso ao desenho bioclimático, um
sistema de sombreamento traduz-se na solução de uma das questões arquitectónicas mais preocupantes,
o excesso de radiação a que um edificado pode estar exposto.

A seguinte exposição é realizada segundo o autor Vicente Patón no artigo “Una Historia Superficial”, da
revista Tectónica: fachadas ligeras, Envolventes (1) de Janeiro de 2006.56

As fachadas são muitas vezes figuradas como a “pele” do edifício, capaz de criar protecção climática e
ambiente de conforto e de privacidade no interior. Esta figuração para fachadas pode até ser bastante
literal, pois os povos primitivos utilizavam a pele dos animais para a criação de abrigos ou então fibras

                                                            
54
PATÓN, Vicente (2006) “Una historia Superficial”, Tectónica: fachadas ligeras, Envolventes (1), Janeiro 2006, p.4.
55
PAWLEY, Martin, cit in YEANG, Ken (1996) – “The Skyscraper bioclimatically considered. A design primer” in External wall and cladding, Wiley-
Academy, Malaysia, p. 153 a 182
56
Ver Anexo 3: Friso Cronológico da evolução das Fachadas 

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
vegetais para fazer cabanas que o protegiam dos diversos agentes climáticos rigorosos e desfavoráveis.
Desde sempre que se verifica a capacidade de adaptação do Homem e da construção às condições
climáticas e características locais, criando e aprendendo técnicas que o permitiam estabelecer-se em
determinados locais.57
Estas técnicas primitivas têm um papel pouco significativo na evolução das técnicas de fachadas, pela sua
fragilidade e porque o que é feito durante muitos anos é uma arquitectura com materiais pesados que
formam o sistema estrutural do edifício, como a arquitectura clássica grega e romana.
Um dos princípios básicos do sombreamento e utilizado de modo evidente nestas culturas ao longo da
história é a orientação, em resposta da observação do percurso solar para conseguir condições de conforto
nos períodos quentes e nos períodos frios. A organização e distribuição dos edifícios nas cidades gregas
são exemplo desta característica, pois permitiam os ganhos solares nos períodos frios e o controlo solar
excessivo nos períodos quentes através de simples dispositivos fixos ou móveis. Os dispositivos fixos eram
em forma de pórticos ou galerias que circundavam o edificado, permitindo que os espaços principais
estivessem protegidos. Os dispositivos móveis aparecem em forma de coberturas de tela em tensão por
cordas sobre os pátios. Estes dispositivos foram aperfeiçoados na arquitectura romana, com base em
lonas suspensas com argolas ou sustentados por cabos em tensão e suportes verticais que possibilitavam
correr horizontalmente e enrolar e desenrolar segundo as horas de insolação (utilizado no Coliseu de
Roma).
Na arquitectura tradicional oriental o sombreamento era realizado através dos longos beirados e das
galerias em pórtico, evitando a incidência directa sobre as fachadas, tal como na arquitectura grega. Eram
ainda adicionados panos ligeiros à base de madeira e papel, reforçado com tiras de bambu ou madeira, ou
então o uso de gelosias, um elemento fixo que controlava não só a radiação solar assim como o contacto
visual e a iluminação.

Ao longo de toda a história, elementos como os beirados, as telas, os panos, as gelosias, sistemas fixos ou
móveis procuram controlar a incidência da radiação solar e entrada da iluminação natural, mas apenas
com a Idade Média (a partir do século V) e o surgimento das técnicas construtivas do gótico (século XII) é
que o invólucro de edifício torna-se mais ligeiro. É criado um sistema estrutural de nervuras que conduz as
cargas às colunas e arcos, livrando as paredes exteriores de suportar esses pesos, permitindo que estas
sejam mais estreitas e que se crie aberturas de maior dimensão para a entrada de luminosidade. Este
sistema construtivo vai sendo atenuado e substituído por outros estilos ao longo de vários séculos de um
invólucro em geral compacto realizado com materiais pesados.
Os toldos no exterior e as cortinas no interior foram os principais dispositivos móveis agregados ao vão
utilizados no século XVI na Procuratie Vecchie de 1514 e Hardwick Hall de 1597, que através de um
sistema de cordas e roldanas permitiam enrolar e desenrolar.
Já próximo do século XVII e principalmente na zona mediterrânea começa a ser utilizado outro tipo de
sistema, que consistia no uso de janela dupla, em que o interior é uma janela de vidro e o exterior é uma
janela cega do tipo portada, normalmente composta por tábuas horizontais.

                                                            
57
PATÓN, Vicente (2006) – op.cit., p.4.

40

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Apenas no século XIX, com o novo gótico, implementado por Viollet Le Duc, se começa a contar com o
processo industrial do ferro e do vidro, os materiais que vêm revolucionar a história da construção tanto a
nível estrutural como a nível de fachadas do edificado. As paredes começam a desaparecer como tais,
transformando-se em grades estruturas metálicas de pilares e vigas. Nestes anos começam também a
aparecer os primeiros painéis de ferro ligeiros para um revestimento de fachada mais opaca, ou então, o
revestimento com grandes superfícies de vidro e galerias cobertas com enormes cúpulas em vidro como a
Galeria Vittorio Emanuele (1865) em Milão ou as Galerias Lafayette em Paris. Esta nova técnica traz uma
maior tendência na arquitectura para a criação de ambientes interiores mais atractivos e com maior ligação
ao exterior, juntamente com outras questões que ainda não tinham sido abordadas como a ausência de
elementos de sombreamento tornando por vezes estes espaços desconfortáveis termicamente.
Esta época começa também a determinar a crescente apreciação pela Luz natural, um dom presente
nestas manifestações construtivas que procuram perceber as suas vantagens e benefícios.

Com o início do século XX e a Revolução Industrial é assinalada a fase de importantes mudanças na


arquitectura, impulsionada pelos novos meios tecnológicos que permitem a transformação e utilização da
energia de forma sistemática resultando numa energia mais barata e no aumento generalizado da sua
utilização.
Durante esta época, correspondente aos anos do Movimento Moderno, este conhecimento foi posto de
parte na área da arquitectura, pois não havia a preocupação pelo consumo rápido e excessivo da energia,
nem o respeito pelo meio ambiente, como é o caso do chamado “Estilo Internacional”. Este traz o
crescimento da indústria e da economia, tendo como tipologias dominantes os grandes conjuntos
habitacionais e os centros de trabalho marcados pelos edifícios de grandes alturas que eram construídos
inteiramente dissociados do contexto climático local resultando no recurso excessivo da climatização e da
iluminação artificial.
Apesar do potencial arquitectónico do vidro, em alguns casos a qualidade da luz natural disponível era
ignorada, acrescentando o facto de o vidro apresentar um desempenho inadequado face às condições
exteriores ainda evidente nas soluções apresentadas nesta época. Devido à sua altura, este edifícios estão
expostos mais directamente ao forte impacto das temperaturas externas e dos raios solares directos, que
os outros edifícios. Portanto, em todas as orientações as fachadas necessitavam de possuir outras
características, de modo a acomodar diferentes funções nas diferentes épocas do ano, respondendo às
diferentes necessidades.

Contudo é importante referir os casos de excepções de alguns arquitectos modernistas que procuravam
alternativas adequadas a cada lugar, como o Frank Lloyd Wright ou Le Corbusier em que apresentavam
soluções esteticamente muito criativas e com preocupações de ligação ao meio natural58.
A partir de 1935, com Le Corbusier e Jean-Prouvé, os princípios técnicos da nova construção são
desenvolvidos, a ligeireza, a concepção sistemática e a fabricação em série, transmitidos por exemplo
através da concepção de variadíssimos painéis, em monoblocos unidos com juntas elásticas que se
adaptam às dilatações do edifício ou então painéis sanduíche semi-portantes com a base interior em

                                                            
58
http://seminarios.ist.utl.pt/04-05/inov/html/sumarios/13.shtml - Correia Guedes, A arquitectura Bioclimática 

41

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
madeira, a exterior em chapa de alumínio e entre estas um enchimento em poliéster expendido, que
actuava como isolamento.
Estas técnicas de fachada têm, ao longo dos anos, um grande carácter de experimentação com vários
materiais, desde o vidro, ao aço, o alumínio, ou a madeira, generalizando-se e comercializando-se com
extensos catálogos de diferentes produtos e evoluindo tecnologicamente como resposta aos vários
contextos e necessidades que lhe são expostos. É uma postura associada ao investimento na criatividade
e às alterações das condições socioeconómicas e ao rápido desenvolvimento tecnológico dos materiais e
técnicas. Quando se começa a perceber a relação entre as propriedades físicas dos materiais e o seu
comportamento térmico nas construções, assim como os impactes a nível do consumo energético nas
edificações, começa-se a fazer um maior investimento em sistemas de redução desses impactos.
Le Corbusier tinha ainda a utopia de um invólucro todo em vidro, até constatar a fragilidade da qualidade
de um espaço interior através de estudos teóricos de insolação, que lhe permitiram projectar um conjunto
de palas verticais, elementos rectilíneos, que controlavam os efeitos do sol directo sobre a fachada,
denominados de brise-soleil, melhorando assim as condições de conforto térmico e de luminosidade no
ambiente interior, que funcionavam por vezes, juntamente com os beirados.
São exemplos a Unidade de Habitação de Marselha (1947) e o Edifício Millowners Association em
Ahmadabad (1954). O próprio Le Corbusier, rapidamente abandona a utopia de uma pele em vidro que
reveste o edifício, começando por trabalhar vãos ao comprido e a conjugação entre os planos
transparentes e os planos opacos, apontando para uma maior inércia térmica no conjunto da fachada.

Mas o desejo de um invólucro todo em vidro não fica por aí, tornando-se uma maior realidade devido à
evolução tecnológica no âmbito do ferro e do vidro no surgimento de uma nova técnica construtiva a partir
dos anos 60/70, denominada de fachadas duplas ou paredes-cortina. Esta técnica procura conciliar os
benefícios estéticos e de iluminação através da utilização de uma elevada percentagem do vidro, mas com
a eficiência energética e o conforto térmico próxima de um invólucro opaco. Este tipo de fachada é
constituída por duas superfícies envidraçadas, a exterior que atenua como protecção ao vento, chuva e
ruído e a interior que permite a abertura de vãos para a ventilação natural, sendo separadas por uma
caixa-de-ar, onde o ar deverá circular para evitar o sobreaquecimento. A iluminação natural pode por vezes
tornar-se numa desvantagem porque em diversas situações, a uma luz excessiva pode causar
encadeamento, devendo por isso ser procurada uma situação de equilíbrio entre os factores.
Por volta de 1970, começam a aparecer os primeiros revestimentos a plástico, através de peças pré-
fabricadas de resina poliéster reforçada com fibra de vidro, que permitem uma grande liberdade formal da
fachada e independente do seu interior.

A arquitectura moderna trouxe consigo, o novo conceito de fachada de edifício: devia ser autoportante,
com capacidade de montagem e reparação dos elementos de forma independente, leve e protectora a
nível térmico e acústico, em resposta à ruptura com tradição construtiva e na procura de uma arquitectura
para uma nova era, industrial, racionalista e funcional que tem como base rigorosos estudos e desenhos.
A partir dos anos 70, a época é marcada pelas chamadas crises energéticas, consequência da utilização
crescente das matérias-primas que permitiam obter a energia, pois inicialmente não havia a preocupação
que os recursos energéticos tinham reservas limitadas. Esta questão traduz-se em preocupações directas

42

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
na arquitectura, devido à utilização excessiva destes recursos na construção, levando ao estudo de meios
para diminuir a sua utilização. Um dos exemplos é o crescente investimento nos Sistemas de
Sombreamento e por isso a disponibilização no mercado de um vasto tipo de sistemas que se adaptam a
diferentes situações e à evolução das necessidades, ao mesmo tempo que os próprios arquitectos
procuram sistemas funcionais e singulares, na procura de oferecer um carácter particular ao edificado.

2.2. Classificação dos Sistemas de Sombreamento

A importância de classificar os sistemas de sombreamento associa-se à necessidade de se prever o


conjunto de situações adequadas a que estes podem e devem responder no nível técnico e funcional para
que resulte num ambiente mais confortável.
Os diversos sistemas de sombreamento são classificados em função da sua respectiva localização no
edificado, exterior ou interior e ainda subdivididos em função da possibilidade de manuseamento, fixos ou
móveis. È ampla e complexa a diversidade de sistemas e com a evolução tecnológica é ainda assinalado
outro grupo que se afasta do tipo de sistema mais tradicional, os sistemas avançados de vidros de controlo
solar.

2.2.1. Exteriores ou Interiores

O sombreamento pelo interior pode ser menos eficaz porque quando os raios solares interceptam o vidro
estes alteram o seu comprimento de onda e já não conseguem voltar a sair, ficando retidos no espaço
interior aquecendo-o (efeito de estufa), enquanto no sombreamento exterior, os raios solares ao
interceptarem os elementos, dispersam antes de atingirem o vidro, podendo chegar a reduzir os ganhos de
calor até 80%59. (imagem da radiação a passar pelo vidro). Num clima como o de Portugal, um sistema
exterior é mais adequado para o sombreamento, embora um sistema interior possa funcionar como um
bom complemento, principalmente no controlo lumínico.
Um sistema exterior por vezes permite ainda a circulação do ar quando cumpre a sua função de sombrear,
ajudando ainda mais no arrefecimento. Os sistemas exteriores são mais dispendiosos na instalação e
manutenção em relação aos sistemas interiores, mas a longo prazo podem reduzir os custos a nível do
consumo energético.
Os sistemas exteriores têm um papel decisivo e importante na imagem e carácter estético da fachada do
edifício enquanto os sistemas interiores têm um carácter mais passivo.
Quando um sistema de sombreamento é instalado no interior de uma unidade de vidros duplos ou triplos,
com uma caixa-de-ar de características que permitam uma ventilação adequada, este combina as
vantagens de ambos os sistemas, exteriores e interiores, pois aqui os ganhos de calor são dissipados para
o exterior e o sistema fica protegido das condições do clima exterior. Este exemplo está também referido
no agrupamento dos vidros de controlo solar.

                                                            
59
ACE; ERG; Universidade Dublin, OA (2001) – op.cit., p.101. 

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.2.2. Fixos ou Móveis

Palas horizontais ou verticais, galerias, arcadas, paredes reticuladas, são exemplos de elementos fixos
para o sombreamento, que já foram referidos como sistemas presentes na construção tradicional. A
principal desvantagem dos sistemas fixos é que apenas proporcionam um adequado sombreamento numa
certa parte do dia e em certas estações, além de poderem estar a limitar a entrada de luz em outras alturas
do ano, quando a luz natural seria desejada.
Um sistema de sombreamento fixo faz parte integrante do exterior do edificado e por isso deve ser tomado
em consideração algumas atenções como a altura/comprimento e profundidade do elemento afixado e/ou a
sua exacta fixação em relação às dimensões do vão de modo a obter o máximo de benefícios dos raios
solares no Inverno, deixando que os raios passem pelo vão, ou então na estação de arrefecimento
interceptá-los.
Uma fachada a sul tira especial partido de um sistema de sombreamento horizontal fixo, uma fachada a
este e a oeste tirar mais vantagens de um sombreamento lateral fixo, pois a posição do sol é mais baixa.
A eficiência de um sistema fixo varia consoante as variações das estações e a posição do sol e por isso os
sistemas móveis podem ser mais adequados por evitarem alguns problemas nesse sentido. Estes são
controlados manual ou automaticamente, podendo se adequarem à vontade individual e às condições
térmicas confortáveis para o ocupante ao mesmo tempo que podem proporcionar ao longo de todo ano,
bons níveis de iluminação, desde que sejam aplicados e geridos correctamente.
As portadas, os toldos retrácteis, estores de lâminas ajustáveis, as cortinas, telas de rolo, as venezianas
são alguns exemplos de sistemas, que podem estar abertos grande parte do tempo, sendo fechados
apenas com a inclinação dos raios solar o exigir. Alguns destes sistemas podem ser ainda usados para
aumentar o efeito de isolamento térmico na estação de aquecimento.
Os sistemas de sombreamento móveis podem também ser uma boa ferramenta para gerir a entrada de luz
natural, pois a entrada de luz directa num espaço é uma característica muito atraente, mas esta pode ser
indesejável se incidir directamente sobre os ocupantes ou sobre o plano de trabalho e por isso os sistemas
podem ajudar a reflectir a luz solar directa e proporcionando uma boa penetração da luz natural.
Hoje em dia existe também sistemas de sombreamento exteriores que são totalmente automatizados e
controlados por células fotoeléctricas, reagindo às variações da inclinação do sol, aos níveis de
temperaturas e/ou aos níveis de luminosidade, com a principal desvantagem de serem sistemas muito
dispendiosos.

2.2.3. Sistemas avançados de controlo solar

Existem vidros, que devido às suas propriedades podem ser considerados sistemas avançados de controlo
solar. São sistemas mais recentes e que podem também ser considerados como um sistema de
sombreamento, pois traz benefícios no controlo da entrada dos raios solares e a nível de iluminação
natural. Estes sistemas são compostos normalmente por dois painéis de vidro com uma caixa-de-ar no
interior com elementos que juntamente com as características do vidro isolantes e de baixa emissividade
pretendem estabelecer um equilíbrio na interacção luz e sombra, ou seja, criar um ambiente agradável no

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2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
interior e energeticamente eficiente ao protegê-lo da radiação indesejada e consequente
sobreaquecimento, ao mesmo tempo que cria uma confortável distribuição de luz natural.
A principal vantagem ou até a principal finalidade de uso deste sistema está associada à leveza e
transparência que uma fachada pode resultar. As desvantagens são essencialmente de ordem económica,
pois os vidros com estas características são dispendiosos, aliados ao facto de que um sistema deste
género precisa de um processo agregado que permita a adequada ventilação da fachada.

2.3. Levantamento dos Sistemas de Sombreamento de Mercado

No desenvolvimento deste estudo é realizado um levantamento dos sistemas de sombreamento, pois trata-
se de uma base de dados directa dos tipos de sistemas, mecanismos, materiais, vantagens e
desvantagens a considerar para a concepção de uma fachada esteticamente atraente, funcional e de
acordo com a envolvente. 60
A lista de sistemas é muito extensa, pois constantemente o mercado investe em novos sistemas resultando
numa ampla gama de variantes desde a nível dos mecanismos, materiais, forma, dimensões e cores, que
procuram responder às necessidades actuais e aos padrões estéticos. São por isso apenas apresentados
e caracterizados os grupos de sistemas de maior utilização nas diversas tipologias.
É também de referir que no estudo do desempenho dos diferentes sistemas de sombreamento solar é
ainda pouca a informação disponibilizada pelos fabricantes / empresas sobre as propriedades do sistema,
sendo por isso importante investir numa base de dados integrada através da compilação e sistematização
da informação dos sistemas

2.3.1. Palas Horizontais e Verticais

61
As palas são elementos de aplicação fixa no exterior. Muitas vezes estes elementos fazem parte do
próprio corpo da construção, considerando-se os elementos singulares que projectam do corpo da
fachada, a projecção da cobertura e das varandas ou até os próprios recuos de fachada. Outras vezes as
palas são elementos que se agregam à fachada, respondendo a padrões comercializados, do metálico ao
vidro, ou à composição por lamelas de sombreamento, adquirem outro tipo de características associadas a
estes elementos, mas não se tornam mais eficientes por essa materialização.

A aplicação das palas tem um uso frequente em lojas, edifícios de carácter público, principalmente nas
áreas de acesso e entrada e nos edifícios de habitação colectiva comuns. É vantajosa principalmente a sul,
pois excluem os raios solares de maior inclinação vertical, ou seja, quando o sol se encontra mais alto. As
palas contínuas proporcionam muito mais sombra do que as que se limitam à largura da janela. Estas
podem ainda funcionar como light shelves, instrumento de direcção da luz para o tecto, resultando

                                                            
60
Ver Anexo 4.1 - Sistemas de mercado: Empresas de comercialização
61
Ver Anexo 4.2.1 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados - PALAS 

45

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
num espaço com maior nível de iluminação natural através da reflexão de luz difusa no tecto e por
isso capaz de iluminar de forma mais eficaz a superfície e protegendo a parte da frente da sala contra
a irradiação directa.

   
Figura 13 – Incidência solar sobre pala horizontal Figura 14 – Diagrama de eficiência do sombreamento nas
Fonte: Introducción a la Arquitectura Bioclimática, p. 73 palas horizontais
Fonte: Produção no software SUNTOOL

 
Figura 15 – Diagrama do impacto de luz natural no espaço sobre pala horizontal

As palas verticais são mais adequadas para os vãos a este e a oeste, pois são mais eficazes na
intercepção da luz solar directa de pequena inclinação, ou seja, quando o sol se encontra mais baixo.
Mas para estes elementos serem realmente eficazes podem chegar a dimensões tanto em largura
como em altura demasiado extensas e consequentemente com um impacto excessivo ou não
desejado sobre a fachada.

   
Figura 16 – Incidência solar sobre pala vertical Figura 17 – Diagrama de eficiência do sombreamento nas
Fonte: Introducción a la Arquitectura Bioclimática, p. 75 palas verticais
Fonte: Produção no software SUNTOOL

46

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Num sistema de palas horizontais ou verticais podem ainda ser acrescentadas as características destas
quando permeáveis, como as pérgulas (elemento horizontal composto por traves espaçadas entre si) ou as
gelosias (elemento vertical composto por módulos de várias formas geométricas). São normalmente pré-
fabricados e com um grande impacto na concepção das fachadas, quando utilizados, tanto a nível estético
como a nível funcional e por isso a importância de os referir. A vantagem deste sistema consiste na
eficácia do sombreamento ao mesmo tempo que permite a circulação de ar ou até a privacidade de um
determinado espaço exterior.

Na colocação de palas horizontais ou verticais que cumprem as condições de sombreamento é necessário


considerar o seguinte:
o A redução significativa na penetração da luz, sendo mais adequada para locais em que os níveis
de iluminação natural são elevados;
o Dependendo da sua localização no vão podem melhorar o comportamento da iluminação natural;
o Evitam o sobreaquecimento dos espaços interiores, por isso adequam-se a climas mais quentes,
como no Sul da Europa;
62
o Obtém um coeficiente de sombra de 0,25.
o Protecção dos envidraçados face às condições exteriores;
o Podem se tornar por vezes barreiras físicas que obstruem demasiado a visibilidade;
o Têm uma forte expressão na imagem da fachada;

2.3.2. Lamelas ou Brise-Soleils

As lamelas, verticais ou horizontais63, são um sistema normalmente aplicado no exterior em planos de


fachada, em coberturas ou em palas de sombreamento. O sistema caracteriza-se por um conjunto de
lamelas fixadas a perfis de dimensões bastante variáveis. Quando amovíveis, podem ser orientadas
individualmente optimizando os fluxos de calor e a entrada de luz solar conforme desejo do ocupante.
As lamelas encontram-se disponíveis em diferentes formas, materiais e com vários métodos de fixação e
utilização, conseguindo responder a uma grande variedade das necessidades requeridas por diferentes
tipologias: escritórios, habitação, serviços públicos, equipamentos. Traduzem-se também numa diversidade
de respostas arquitectónicas que consistem na própria imagem e identidade do edifício.
Quando em alumínio, reduz o peso das lamelas, além de ser um material não corrosível e por isso reduz a
necessidade de manutenção. O material permite ainda diferentes graus de sombreamento ou iluminação
através da utilização de chapas perfuradas permitindo a passagem de uma luz difusa através das lamelas.
As lamelas em vidro combinam a vantagem de reduzirem o ganho de calor com a diminuição do brilho no
interior, nos sítios desejados, aproveitando ainda a maximização da entrada da luz natural. Este tipo tem
uma maior necessidade de manutenção, devendo por isso estar preparado para tal. O sistema de lamelas
em vidro pode ainda incorporar células fotovoltaicas, integradas no lado inverso do vidro ou entre os dois

                                                            
62
OLGYAY, Victor (1998) – op.cit., p.71
63
Ver Anexo 4.2.2 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – LAMELAS / BRISE-SOLEIL 

47

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
panos de vidro que constituem as lamelas. A principal vantagem consiste em gerar electricidade ao mesmo
tempo que fornece sombreamento.
Este sistema pode ainda ser encontrado em madeira, mas para uso exterior é necessário um tratamento
prévio de envernizamento ou de banho sintético de modo a que o material fique protegido dos raios UV a
que se expõe, como dispositivo de sombreamento, possuindo assim a desvantagem de necessidade de
manutenção. As lamelas em madeira, quando integradas num sistema móvel podem também se tornarem
mais frágeis face a um sistema fixo.

 
Figura 18 – Incidência solar sobre Brise-Soleils
Fonte: Introducción a la Arquitectura Bioclimática p. 73

   
Figura 19 – Diagrama de eficiência de lamelas horizontais Figura 20 – Diagrama de eficiência de lamelas verticais
Fonte: Produção no software SUNTOOL Fonte: Produção no software SUNTOOL

Os dados relevantes na aplicação de sistemas deste tipo são os seguintes:


o Quando móveis e dependendo do dimensionamento e espaçamento dos elementos horizontais ou
verticais e da orientação do vão este pode responder eficazmente às diferentes de necessidades
sombreamento durante as várias fases do dia;
o Dependendo do material e de ser orientável ou não, o coeficiente de sombra é de 0,35 a 0,10.64
o Melhora o comportamento da iluminação natural, pois os elementos funcionam também como
reflectores de luz;
o Sistema muito versátil nos diferentes níveis: formal, material, visual, estético.

                                                            
64
OLGYAY, Victor (1998) – op.cit., p.70 e 71 

48

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.3.3. Malhas Metálicas

A utilização de malhas metálicas resulta numa tela de protecção solar que procura filtrar e reduzir a entrada
dos raios solares directos ao mesmo tempo que cria uma luminosidade mais difusa no espaço interior,
sendo utilizado nas variadas tipologias de edificados, mas normalmente associado ao desejo de vãos
envidraçados de maiores dimensões. 65
Uma das grandes vantagens da sua utilização é a possibilidade de escolha da trama e do tipo de malha,
pois além de permitir criar diversos padrões, módulos e diferentes fachadas de acordo com a versatilidade
exigida pelo edifício é também o responsável, pelo maior ou menor nível de sombreamento. Dependendo
do ângulo de observação e dos diversos jogos de luz natural, visualmente as malhas variam a sua
presença estética, criando efeitos de transparência e opacidade, reflexão da luz solar ou sombras
provocadas pelas nuvens, aparências e geometria diversa, oferecendo “dinâmica” na fachada dos edifícios.
O aço inoxidável é o material mais utilizado na produção destas malhas, pois têm elevada resistência à
corrosão, o que permite resistir bem às condições climatéricas a que se expõe. Uma desvantagem deste
sistema, dependente do local em que se encontra, este pode necessitar de manutenção regular, de modo
a evitar a deposição de partículas que levem à degradação do material.

   
Figura 21 – Diagrama de eficiência das malhas metálicas: Figura 22 – Diagrama de eficiência das malhas metálicas:
malha pouco densa malha muito densa
Fonte: Produção no software SUNTOOL  Fonte: Produção no software SUNTOOL 

2.3.4. Portadas

Consiste num sistema de portas, de correr ou de batente, podendo variar de dimensões, que bloqueia por
completo a entrada dos raios solares. 66 Por vezes as portadas são constituídas por lamelas ajustáveis ao
conforto do ocupante ou então com a existência de pequenas ranhuras que permitem a entrada de uma luz
ténue e pouco relevante, mas permitindo a circulação do ar.
Este sistema é normalmente em alumínio ou PVC, mas pode também ser de madeira, localizando-se
normalmente no exterior e quando fixadas no interior são constituídas por um material de menor resistência
como o MDF.
                                                            
65
Ver Anexo 4.2.3 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – MALHAS METÁLICAS 
66
Ver Anexo 4.2.4 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – PORTADAS

49

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Este sistema é económico, de fácil aplicação e de acessível integração às estruturas existentes. Além de
sombrear pode ser fechado por completo, assumindo-se também como um sistema de segurança e
privacidade.

2.3.5. Venezianas

Este sistema, bastante comum e económico, compõe-se por um conjunto de lâminas de dimensões pouco
variáveis, sendo recolhido de modo uniforme empilhando sucessivamente as lâminas, utilizado tipicamente
em vãos em que a altura é superior à sua largura.67 Quando o sistema é utilizado no interior, as lâminas
são de menores dimensões e de um material mais frágil e leve, como a madeira ou o alumínio.
Os perfis das lâminas são variáveis conforme a função pretendida, o que permite uma protecção solar
eficaz, sendo facilmente aplicado às estruturas existentes. As venezianas podem ser controlados
manualmente ou motorizadas. Uma das suas vantagens é a sua versatilidade, ou seja a possibilidade de
orientação das lâminas, de modo a proteger o interior da exposição directa dos raios solares e controlando
a entrada de luz natural e o brilho ou até obter o obscurecimento completo do espaço.
Este sistema solar é concebido para uma ampla gama de aplicações, desde ambientes domésticos a
profissionais, tornando a fachada de vidro na protagonista.

Radiação absorvida e
Radiação reflectida e reflectida
absorvida para o exterior
Calor interior Calor absorvido é reflectido
por radiação e para o exterior por radiação
convecção e convecção

   

Figura 23 – Incidência solar sobre venezianas interiores Figura 24 – Incidência solar sobre venezianas exteriores
Fonte: Dissertação: Performance Evaluation of Solar Shading Fonte: Dissertação: Performance Evaluation of Solar Shading
Systems, p. 7  Systems, p. 7 

Deste sistema é importante assinalar as seguintes observações:


o Quando localizado no exterior consegue o coeficiente de sombra de 0,15, aproximando-se de uma
eficiência de sombreamento das lamelas horizontais, pois formalmente são idênticos;
o Quando localizado no interior o coeficiente de sombra aumenta, de 0,53 a 0,75, dependendo da
cor e do material utilizado, logo a eficiência do sistema diminui;68
o Integração mais sóbria na fachada.

                                                            
67
Ver Anexo 4.2.5 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – VENEZIANAS
68
OLGYAY, Victor (1998) – op.cit., p.68 e 71 

50

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.3.6. Estores de Bandas Horizontais

Este sistema de sombreamento, comum e económico, consiste num conjunto de réguas horizontais
amovíveis na vertical por enrolamento.69 Além de funcionarem como protecção aos raios solares, permitem
a circulação do ar através de umas pequenas aberturas entre as réguas. Têm a principal desvantagem de
cortar demasiado a entrada da luz e o contacto visual com o exterior quando estão a cumprir a função de
sombrear. Este sistema é de fácil aplicação à estrutura existente e pode ser controlado manualmente ou de
forma automática.

2.3.7. Telas de Rolo ou Estores verticais

As telas de rolo consistem num sistema de superfície lisa e flexível que impede a passagem integral dos
raios solares e da luz, sendo amovível na vertical por enrolamento, podendo se localizar no exterior ou no
interior.70 Trata-se de um sistema simples, que varia apenas no tipo de caixa e nas guias laterais, e
acessível economicamente e por isso de utilização muito comum.

 
Figura 25 – Variantes do sistema Tela de Rolo: Corrente, Mola, Manivela, Motorizado
Fonte: http://www.controsol.pt/

Quando utilizado no interior este sistema pode ser utilizado em conjunto com outro sistema de
sombreamento exterior, por exemplo para obter o obscurecimento completo do espaço interior quando
desejado, pois este sistema não é muito eficaz como sombreamento interior, porque a maior parte dos
raios solares já passaram o envidraçado, e aquecem a superfície, ou seja, funciona principalmente para
evitar a entrada de luz e não do calor. É por isso muitas vezes utilizado também como elemento decorativo.
Estão disponíveis em diversos materiais e cores (PVC, poliéster, fibra de vidro) e podem ser mais ou
menos transparente, traduzindo-se em diferentes factores de sombreamento.
O sistema pode ser mais eficaz quando a tela é constituída por um tecido metálico laminado que permite a
vista para o exterior e filtra a radiação solar para o interior, sendo denominadas de telas de filtro solar.
Estas reflectem por isso fortemente o calor no período mais quente, embora com a desvantagem de poder
cortar em demasia a entrada de luz natural no interior. Devido a estas características a sua aplicação pode
ser mais adequada em espaços para computadores ou torres de controlo, porque não necessitam de
grandes níveis de luminosidade.

                                                            
69
Ver Anexo 4.2.6 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – ESTORES DE BANDAS HORIZONTAIS
70
Ver Anexo 4.2.7 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – TELAS DE ROLO 

51

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Uma das desvantagens deste sistema pode consistir na dificuldade de atingir graus intermédios de
luminosidade e na quebra da vista para o exterior nas condições de necessidade de sombreamento, ou
seja é por vezes mais difícil obter um equilíbrio entre as necessidades de iluminação natural e de
sombreamento.

Figura 26 – Incidência solar sobre a tela, quando no exterior (à esquerda) ou no interior (à direita)
Fonte: Dissertação: Performance Evaluation of Solar Shading Systems, p. 7

Deste sistema é importante assinalar as seguintes observações:


o Dependendo da sua localização exterior ou interior este deve responder a diferentes requisitos:
maior espessura e acabamento mais resistente quando utilizado no exterior
o Os coeficientes de sombra variam dependentes da sua localização, material e cor: Interior e
escura é de 0,81, Interior e cor intermédia é de 0,62, Interior e cor clara é de 0,40 e Exterior e cor
intermédia é de 0,25.71
o Têm a principal desvantagem de não obter um equilíbrio entre as necessidades de iluminação
natural e de sombreamento, pois quando cumpre a função de sombrear, corta por completo a
entrada de luz natural.

2.3.8. Cortinas

Este sistema, de utilização interior e amovível é normalmente de utilização complementar a outro sistema
de maior eficácia no sombreamento, pois este tanto pela sua materialidade como pela sua localização
dificilmente funciona sozinho.72 Os materiais e cores são também diversificados: tecidos com filtro sola,
poliéster e PVC e por isso associam-se à função decorativa do espaço. Estes sistemas estão integrados
num perfil superior horizontal, onde se encontra o mecanismo de funcionamento que pode ser manual ou
automático.

                                                            
71
OLGYAY, Victor (1998) – op.cit., p.68 e 71
72
Ver Anexo 4.2.8 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – CORTINAS 

52

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.3.9. Toldos

A utilização deste sistema é anexa ao edifício, pois a sua aplicação deve-se normalmente ao facto de uma
necessidade de ampliação do espaço interior para o exterior para o desenvolvimento de actividades
temporárias. Por vezes a sua aplicação deve-se também ao facto de previamente não haver a consciência
da necessidade de uma protecção solar numa determinada zona da fachada, resultando em soluções
desadequadas à arquitectura.73
No mercado encontram-se disponíveis sistemas fixos e móveis. Dentro dos móveis existem variadíssimos
sistemas, em cassete, articulados ou deslizantes, em que a sua aplicação depende do tamanho da área a
cobrir, objectivo da sua utilização ou orientação da fachada em que são aplicados.

 
Figura 27 – Incidência solar sobre os toldos
Fonte: Introducción a la Arquitectura Bioclimática, p. 74

 
 
2.3.10. Vidros avançados de controlo solar

A utilização deste tipo de sistema está associada ao desejo de uma fachada que revele transparência e
leveza. Esta é uma solução mais dispendiosa em relação às já referidas, pois o vidro necessita de ter
propriedades de baixa transmissão espectral para reduzir os ganhos de calor solar ao mesmo tempo que
devem ter uma alta transmissão de luz visível, para não comprometer a luz natural no interior da sala.
Encontram-se diversos sistemas em que não só funcionam as propriedades do vidro ao vidro, mas
elementos colocados na inter-camada do vidro para o sombreamento.

Figura 28 – Esquemas de inter-camadas em vidros duplos


Fonte: http://www.okalux.de/

                                                            
73
Ver Anexo 4.2.9 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – TOLDOS

53

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Um dos sistemas é a integração de uma película entre os dois panos de vidro que funciona como um filtro
solar, podendo reduzir os ganhos solares em cerca de 80%, ao mesmo tempo que reduz também o brilho
excessivo da luminosidade. Encontram-se disponíveis em diferentes cores e características, que têm
também um papel importante na determinação da sua eficiência. Este tipo de sistema pode ser
desvantajoso nos períodos de Inverno, pois aqui pretendia-se aproveitar os ganhos de calor para o
aquecimento e este não o permite porque é um sistema permanente.
Outro sistema consiste na introdução de painéis capilares entre os elementos de vidro, funcionando como
pequenas almofadas de ar que impedem a convecção do calor, tornando-os eficientes na protecção solar e
na difusão da luz, diminuindo o brilho e o contraste. A aparência visual destes vidros é atraente, pois a
transparência parcial traduz-se num espaço interior agradável.
Está ainda disponível, por exemplo na empresa Okasolar, sistemas que consistem na introdução de
lâminas de sombreamento entre os panos de vidro, oferecendo todas as características de um sistema de
venezianas comum, desde a protecção solar, combinado com a entrada de luz natural, a possibilidade de
protecção e de vista. Dependente dos requisitos do espaço e da localização geográfica, podem ser
requeridas diferentes posições e diferentes perfis para as lâminas, que permite a criação de diferentes
ângulos de reflectividade dependentes da sua posição e adequando-se às diferentes fases do dia e de
estações, a nível de controlo de ganhos de calor e maior ou menor nível de iluminação ou contacto visual.
Estes podem ser uma alternativa aos elementos de sombreamento exterior, uma vez que não requerem
manutenção constante e são independentes do clima, com a desvantagem de ser necessária a criação de
uma caixa-de-ar com características que lhe permitem a circulação de ar, devido ao sobreaquecimento dos
próprios envidraçados.
Entre os panos de vidro, em vez de um sistema de lâminas encontra-se ainda disponível no mercado a
incorporação de redes, grelhas metálicas ou de madeira, com diferentes modelos, padrões ou cores, que
oferecem à fachada diferentes graus de transparência e cor. 74

2.4. Exemplos de criações e adaptações de Sistemas de Sombreamento por Arquitectos

Os seguintes exemplos de fachadas pretendem demonstrar o modo como alguns dos sistemas acima
referidos podem ser integrados no edifício de um modo prático, adequando o aspecto criativo e
conceptual e oferecendo à fachada não só o carácter funcional, mas um carácter de identidade. A
preocupação de uma integração deste nível é também o papel do arquitecto, com a colaboração dos
técnicos responsáveis pela instalação do sistema, tendo em conta as potencialidades do sistema e as
necessidades do ocupante.
A adaptação e a concepção/desenho de um sistema de fachada de sombreamento pelo próprio arquitecto
são acções alvo de pesquisa, na necessidade de sombra para evitar o sobreaquecimento, na necessidade
de luz natural para o bem-estar e actividades inerentes ao espaço, na procura do equilíbrio entre estes dois
factores e na procura de uma imagem harmoniosa e de carácter.

                                                            
74
Ver Anexo 4.2.10 – Sistemas de mercado: Imagens de sistemas comercializados – VIDROS AVANÇADOS DE CONTROLO SOLAR 

54

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
Para melhor se perceber a utilização destes sistemas é realizada uma contextualização do edifício, em que
se destaca a sua integração, as suas funções e as suas necessidades e o modo como as soluções
apresentadas respondem então às questões denunciadas.

2.4.1. Edifício de Habitação na Rue des Suisses, Paris, França (1996-2000)


Arqº. Herzog, Jacques e Pierre de Meuron75

Figura 29 – Fachada do Edifício na Rue des Suisses Figura 30 – Detalhe Vertical de Fachada (Fig.29)
Fonte: El Croquis 129/130, Herzog & de Meuron  Fonte: El Croquis 129/130, Herzog & de Meuron, p.114

O projecto é constituído por três parcelas interligadas, que incluem o preenchimento de dois lados do
perímetro do quarteirão, com o pátio estreito em comum no seu interior, onde se encontra a terceira
parcela. Esta terceira parcela é concebida como um elemento livre e diferente dos restantes, tanto pela sua
altura, forma e geometria, assim como pelas soluções que aqui são adoptadas a nível de fachada. É
espacialmente estruturada por meio de vários pontos de acesso que formam pátios interiores e servem os
três pisos de apartamentos. No piso térreo os apartamentos são organizados com os espaços de convívio
e os quartos para a estreita galeria de acesso público, que se relaciona directamente com o estreito jardim
e na zona tardoz os corredores de circulação individual dos apartamentos dão acesso às cozinhas e casas
de banho. Os pisos superiores seguem organização idêntica, mas os espaços de convívio e os quartos
completam-se com contínuas varandas a sudoeste, onde se encontra o jardim. 
A implantação de um edifício desta natureza, num pátio estreito e limitado por edifícios entre seis a sete
pisos, conforma algumas soluções adoptadas na concepção das fachadas. A forma e organização do
edifício e a materialização das fachadas são responsáveis por transmitir a necessidade dos espaços se

                                                            
75
Ver Anexo 5.1 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Edifício de Habitação na Rue des
Suisses, Paris, França (1996-2000)

55

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
relacionarem com o exterior ao mesmo tempo que tem a privacidade, assim como a necessidade dos
espaços habitacionais aproveitarem ao máximo a luz natural.76

Este é por isso um exemplo relevante para este estudo porque perante estas características locais é
optado um sistema de sombreamento integrante na fachada que considera as advertências.
Enquanto fechado, o sistema de sombreamento cobre completamente as áreas de fachada enquanto a sua
forma curva e ondulante materializada em estores de madeira, ao longo do estreito jardim diminui a
sensação de espaço confinado entre muros. Este sistema funciona em tiras de madeira horizontais que se
enrolam na vertical, deslizando por carrilhos metálicos, em alumínio, que emolduram e configuram a forma
curva e ondulante do sistema, como se de uma peça de mobiliário se tratasse. Este sistema quando aberto
permite assim a entrada completa de luz natural. A desvantagem passa pelo aspecto de que quando este
cumpre a função de sombrear, não permite a entrada de luz.
No piso térreo existe evidentemente uma perda de privacidade das habitações, mas este sistema atenuou
um pouco esse efeito negativo, dando alguma separação entre as varandas e a passagem no jardim.
Enquanto as varandas nos dois pisos superiores, a ondulante fachada proporciona um sombreamento
eficaz quando desejado ou entrada de iluminação natural. É ainda interessante de se referir as mudanças
de padrões que uma fachada deste género possibilita devido às diferentes aberturas do sistema conforme
desejo de cada ocupante.

2.4.2. Centro Comercial Fünf Höfe, Munique, Alemanha (1999-2003)


Arqº. Herzog, Jacques e Pierre de Meuron77

   
Figura 31 – Fachada do Centro Comercial Fünf Höfe Figura 32 – Detalhe Horizontal de Fachada (Fig.31)
Fonte: El Croquis 129/130, Herzog & de Meuron, p.157  Fonte: El Croquis 129/130, Herzog & de Meuron, p.157 

                                                            
76
 CURTIS, William J.R. (1998-2002). The nature of artifice [A conversation with Jacques Herzog], El Croquis 129/130, Herzog & de Meuron, El
Croquis Editorial, Madrid, p.100 a 114.
77
Ver Anexo 5.2 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Centro Comercial Fünf Höfe, Munique,
Alemanha (1999-2003)

56

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
O Centro Comercial conhecido como os Cinco Pátios (Fünf Höfe), abre ao público em 2003, no coração da
cidade de Munique, oferecendo espaços modernos e atractivos para compras, restaurantes e bares,
galerias de arte, espaços de escritório e de residência. Este espaço, que ocupa a área de um quarteirão
inteiro procura ser uma rede de passagens interiores que fazem a ligação entre cinco pátios destinados ao
lazer e passeio e de carácter distinto entre eles. Estas passagens juntamente com os pátios são não só a
circulação principal dos visitantes como as principais entradas de luz natural no interior.
Algumas fachadas exteriores continuam com a pedra original do século XIX, mostrando o espírito
relativamente conservador do projecto, embora as fachadas que precisaram de ser reconstruídas
ressaltam com novas técnicas e materiais.
Este conjunto ressalta então pela sua multifuncionalidade criativa, os novos materiais que marcam a sua
forte presença e o seu pormenor. Um dos exemplos é a fachada do edifício número 8 da rua
Theatinerstrasse, que foi dos únicos edifícios do quarteirão construídos de raiz neste projecto, ocupando
do centro do quarteirão até à frente de rua. A construção estratificada da sua pele permite ao edifício
responder ao sombreamento das grandes superfícies de vidro que definem as montras das lojas e dos
espaços de escritórios. A permeabilidade e a semi-transparência do material utilizado permite ainda a
visibilidade, a entrada de luz natural e ainda segurança quando fechados. Este sistema resulta numa
interacção interessante e alternativa tanto na impressão que a fachada causa do exterior, como do interior.
O sistema de fachada consiste num conjunto de folhas de metal (liga de bronze com elevada percentagem
de cobre) perfuradas, num sistema do tipo fole. Quando fechado, permanecem como um revestimento de
fachada plano e quando aberto agrupam-se verticalmente em quatro folhas, que funciona através de um
mecanismo motorizado que articula os braços ligados às várias folhas de metal.
As folhas de metal perfurado como revestimento e sombreamento são principalmente utilizados para
resultarem efeitos translúcidos, pois a variabilidade das perfurações criam algum efeito de plasticidade e
de transparência, pois o sistema quando semi-aberto ou fechado permite a protecção solar para o interior e
também, devido à perfuração do material, possibilita a entrada de luz natural ténue para o interior.
Este tipo de painéis permitem ainda a visibilidade directa (na ortogonal) tanto do interior como do exterior e
restringe as vistas de um ângulo oblíquo, tanto do interior como do exterior, o que pode ser uma vantagem
para os pisos superiores. Tem ainda a vantagem de não necessitar de manutenção, resultando num
sistema económico a longo prazo e versátil como elemento de fachada.78

Este sistema é um exemplo de um sistema concebido e aperfeiçoado pelos arquitectos Herzog & Meuron,
utilizado em alguns dos seus projectos, pois foi também utilizado no caso de estudo referido anteriormente,
nas duas parcelas que têm frente de rua.

                                                            
78
CURTIS, William J.R. (1998-2002). Op.cit., p.138 a 157.

57

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.4.3. Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica, Biberach, Alemanha (2000-2003)
Arqº. Sauerbruch Hutton Architects79

   

Figura 33 – Fachada do Edifício Laboratório de Pesquisa Figura 34 – Detalhe Horizontal da Fachada (Fig.33)
Farmacêutica Fonte: Detail 10/2004, Bauen mit Glas, p.1094
Fonte: Domus 860  

Este projecto de clara organização forma parte do centro dos Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica,
sendo adjudicado a esta equipa com vários prémios nacionais e internacionais, pois exibe um planeamento
integrado numa abordagem que une a função a um padrão criativo implementando na concepção
conceitos de redução do consumo de energia e sustentabilidade.
O edifício comporta essencialmente gabinetes e laboratórios, em que no piso térreo é previsto um átrio de
comunicações que unifica as diferentes unidades do centro de Laboratórios, com uma escadaria aberta ao
longo dos pisos, permitindo a entrada de luz natural e a ventilação natural para as áreas mais interiores do
edifício. Os pisos superiores dividem-se em duas áreas, a área dos gabinetes que pretendem ser
naturalmente ventiladas são orientadas para o lado oeste, associadas às instalações de trabalhos
experimentais e os laboratórios estão orientados para este.

Este longo edifício com sete pisos explora uma imagem de fachada que funciona como um invólucro
contínuo e completo, combinado com uma abordagem pragmática da construção e tecnologia, facilitando
assim as relações com os edifícios já existentes.
A utilização do colorido na fachada é o factor que acaba por unificar as diferentes áreas funcionais que se
localizam junto à fachada do edificado, além de funcionarem como uma camada de tons ajustáveis ao sol
criando uma imagem contemporânea que simboliza o mundo da investigação e da ciência. Como
curiosidade, sobre a composição cromática, Matthias Sauerbruch explica: “Encontramos uma micrografia
por microscópio electrónico de um preparado do nosso cliente na internet e decidimos ampliar, variando as
cores e também a estrutura” (Detail 2004.10).

                                                            
79
Ver Anexo 5.3 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica,
Biberach, Alemanha (2000-2003)

58

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
O revestimento da fachada resultado assim numa dupla pele de vidro, em que a interior é incolor e a pele
exterior consiste em lamelas verticais em vidro de cor de grandes dimensões, com cerca de 1,85m de
altura 0,55m de largura e 30kg de peso, sendo colocadas linearmente e com a possibilidade de serem
orientáveis através de um sofisticado sistema de construção.
No acabamento das lamelas é aplicado um recobrimento esmaltado, que permite obter um bom nível de
protecção à radiação solar, além de aumentar a sua durabilidade, tornando-se elementos mais sólidos e
protegidos contra as intempéries comparada com outros sistemas de sombreamento, permitindo na mesma
a permeabilidade da luminosidade natural, resultando num efeito de luz colorida que reflecte sobre as
paredes brancas dos laboratórios. 80
A utilização da cor nas lamelas de vidro influencia o espaço interior em vários aspectos, na sua dimensão,
na sua luminosidade, na absorção e reflexão da radiação solar, no nível de sombreamento e no
consequente conforto resultante.
Com este sistema o aproveitamento da luz é bastante significativo, pois neste projecto são estudadas as
proporções dos vãos face às dimensões dos espaços interiores, na procura de resultar uma iluminação
natural adequada nas áreas de trabalho, tanto a nível de brilho e contraste, sem necessitar de iluminação
artificial. Também a protecção solar é valorizada com este sistema porque as lamelas verticais funcionam
como elemento de sombreamento, pois são reflectores do calor, evitando assim o sobreaquecimento das
instalações, reduzindo os ganhos de calor no Verão, e no Inverno actuam como isolamento térmico através
da condução do calor radiante para a massa do edificado, reduzindo as perdas de calor para o exterior. A
disposição das lamelas na vertical é a mais adequada para as orientações a que o edifício se expõe, oeste
e este. O arrefecimento dos espaços interiores é ainda auxiliado pela distância existente entre os dois
panos de vidro, pois não permitir o aquecimento do pano de vidro interior, deixando espaço para ocorrer a
ventilação natural da fachada do edifício e consequentemente a redução de necessidade de refrigeração
mecânica o que leva à redução do consumo da energia.
As lamelas procuram proteger o interior do edifício do calor, do frio, da humidade, cumprindo a função de
sombrear e por se materializarem em vidro, tanto abertas como fechadas, é obtido nas áreas de trabalho o
máximo de iluminação natural. É de questionar o controlo da iluminação natural de um sistema deste tipo,
pois o brilho excessivo pode prejudicar o conforto visual no interior, assim como as propriedades do vidro
utilizado para permitir o desvio dos raios solares, resultando num sistema dispendioso.
O destaque deste sistema baseia-se no seu carácter de efeito criativo e estético funcionando ao mesmo
como um conceito de economia de energia e de custos a longo prazo.

                                                            
80
SCHITICH, Christian, (2004). Glas und Farbe – Ein Gespräch mit Matthias Sauerbruch, Detail 10/2004, Bauen mit Glas, Edition Detail,
München, p. 1094 a 1097 e BRANDOLINI, Sebastiano (2003) “Architettura cromatica - The architecture of colour” (analyses Sauerbruch and
Hutton’s distinctive approach to colour), Domus 860, Junho 2003, Milão, p.55 a 64

59

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.4.4. Edifício extensão da Nikolai School, Leipzig, Alemanha (2000-2003)
Arqº. Schulz & Schulz 81

Figura 35 – Fachada do Edif. Extensão da Nikolai School Figura 36 – Detalhes Verticais do Sistema de fachada
Fonte: http://www.schulz-und-schulz.com/ (Fig.35) quando fechado e quando aberto
Fonte: http://www.schulz-und-schulz.com/ 

O edifício desta escola data o século XIX e o projecto em estudo é o edifício extensão destinada a uma
área de desporto, ginásio, balneários, área de administração e a cafetaria.
As áreas da estrutura existente que ligam ao novo edifício também são restauradas. A ligação entre os
dois edifícios é também evidenciada no interior pela separação da cobertura do novo edifício, permitindo a
entrada de luz natural e ainda através da imagem da fachada do novo edifício. Esta encontra-se sob forma
de placas horizontais especialmente desenvolvidas para este projecto, fazendo referência ao revestimento
de do edifício antigo, enquanto a direcção vertical preserva a relação com a escala dos vãos existentes.

A fachada da extensão do edifício escolar reflecte predominantemente padrões de gesso, um revestimento


de baixo peso para a construção, pois diminui a estrutura do edificado. Este revestimento tem assim por
base a utilização de módulos de caixas de alumínio, preenchidas padrões de gesso pré-fabricados com
revestimento em resina sintética (anti-graffiti), ocultando as fixações da caixa aos perfis laterais em aço.
Ao longo da face do vão em vidro, os elementos pré-fabricados são amovíveis, ou sejam, os elementos
giram em torno de um eixo fixo, um tubo de aço inoxidável, permitindo a entrada de iluminação quando
abertos ou semi-abertos, respondendo ao mesmo tempo às necessidades de sombreamento e de
ventilação conforme o desejado dos ocupantes.82
A luz natural que entra é reflectida nos elementos horizontais, resultando no interior uma iluminação mais
difusa e confortável visualmente. O sistema propõe um equilíbrio entre o factor sombra e o factor luz
natural.

                                                            
81
Ver Anexo 5.4 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Edifício extensão da Nikolai School,
Leipzig, Alemanha (2000-2003)
82
NAUMANN, W (2003). “Sporthalle in Leipzig”, Detail 12/2003, Putz und Farbe, Edition Detail, München, p.1431

60

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.4.5. Edifício de Escritórios em Esslingen, Alemanha (2003)
Arqº Odilo Reutter 83

   
Figura 37 – Fachada do Edifício de Escritórios em Esslingen Figura 38 – Detalhe Vertical de Fachada (Fig.37)
Fonte: Detail 4/2004, Bauen mit Licht, p.344 Fonte: Detail 4/2004, Bauen mit Licht, p.347

Esslingen, uma cidade outrora medieval é ainda marcada por muralhas, torres e fossos que se encontram
lado a lado com as áreas que decorrem da expansão urbana no momento da industrialização, perante uma
arquitectura autêntica segundo os períodos de construção, na procura de caracterizar e estruturar o lugar.
O projecto deste novo edifício, localizado numa zona central, acaba por unificar diferentes áreas que se
encontravam dissociadas, com um programa que se estende a espaços de escritórios, oficinas de trabalho
e laboratórios, sendo bastante exigente no que se refere às instalações técnicas e controlo das condições
climáticas. O edifício consiste numa torre composta por um núcleo estrutural com as restantes áreas
inteiramente livres e por isso mais flexíveis funcionalmente e outro bloco de menor altura destinado a lojas
de serviço, estando apenas ligados através do piso subterrâneo, onde se encontram as oficinas. Estas
recebem luz natural pelas aberturas na cobertura, seguindo a linha de uma antiga vila medieval.
A torre é o elemento mais relevante na questão do sombreamento, pois a fachada é toda em vidro na
procura de tornar os espaços de escritórios mais atractivos e por isso o sistema de vidro duplo que a
incorpora permite que a fachada funcione como uma capa térmica, garantindo à mesma a transparência, a
protecção solar e a direcção e controlo da luz natural, sem grande necessidade dos convencionais meios
mecânicos.

O sistema consiste num conjunto de lâminas introduzidas entre os dois panos de vidro, tendo como base o
sistema “Okasolar Retro” disponibilizado no mercado pela empresa Okalux, integrando-o na fachada
adaptado às condições locais.
Neste sistema é de destacar não só a incorporação das lâminas de sombreamento entre os vidros, mas
sim os perfis particulares das lâminas e a função que estes desempenham. O desenho dos perfis evitam o

                                                            
83
Ver Anexo 5.5 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Edifício de Escritórios em Esslingen,
Alemanha (2003) 

61

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
sobreaquecimento do espaço nos períodos quentes e ajuda no aquecimento interior nos períodos frios,
traduzindo-se numa protecção solar bastante completa, além de reflectirem a luz directa recebida para o
exterior e a luz parcialmente difundida para o interior, funcionando também como um sistema de controlo
de iluminação.
Com este sistema a quantidade de radiação varia de acordo com o pôr-do-sol, ou seja o momento em que
o sistema fecha e abre na parte da manhã ou à tarde em todos os dias do ano torna-se fixo, embora estas
possam ser ajustadas individualmente.
No Verão quando o sol está alto, a radiação solar directa é reflectida para o exterior do edifício, pois a
secção interna curva da lâmina de controlo solar desvia a luz natural do interior, reflectindo-a para o
exterior do edificado. No Inverno, durante a maior procura de luz e energia do ano, a radiação solar
consegue entrar para o interior. Neste período o sol encontra-se com um menor ângulo de incidência sobre
o envidraçado e por isso o perfil da lâmina é mais achatado onde o raio incide, para permitir a entrada dos
raios solares para o interior do espaço. O calor que entra é armazenado na estrutura do edificado fazendo
uso da sua inércia térmica e conexão com o uso de uma estratégia passiva que contribui para o
aquecimento do ambiente.84

A iluminação é também um elemento chave deste sistema, pois além da secção transversal dos perfis ser
bastante plana, permitindo uma transparência da vidraça em cerca de 56%, estes são ainda diferentes
conforme a localização vertical no vão. No nível mais baixo do vão, o sistema reflecte os raios para a área
superior do espaço, de modo a evitar o brilho intenso sobre o plano de trabalho, resultando numa
iluminação mais difusa até á profundidade dos gabinetes e laboratórios. O sistema permite ainda o
obscurecimento total do espaço se assim for desejado, mas o mais adequado é quando se garante o
equilíbrio entre a entrada de uma luz difusa suficiente para não ser necessária a utilização de luz artificial,
com o sombreamento necessário ao espaço, dependente do período corrente.

O redesenho dos perfis das lâminas evita ainda o aquecimento dos panos de vidro, devido à alta
percentagem de reflexão do sistema, chegando aos 95%. Apesar de possuírem todo este detalhe, as
lâminas são de pequenas dimensões, 2cm de largura para um espaço entre panos de 3cm, tornando-se
um elemento muito subtil na visibilidade para o exterior ou para o interior.
Em suma, o sistema apresentado possui características que permitem desempenhar três funções
essenciais: a acção passiva do edifício no arrefecimento de Verão através do sombreamento, a acção
passiva do edifício nos ganhos de calor no Inverno e adequada luminosidade independente da direcção da
luz, da época do ano e das grandes profundidades do espaço.

                                                            
84
MEISSNEST, Heinz (2004). “Landesdenkmalamt in Esslingen”, Detail 4/2004, Bauen mit Licht, Edition Detail, München, p.344 a 347

62

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
2.4.6. Edifício de Habitação Social Carabanchel 16, Madrid, Espanha (2006-2007)
Arqº. Foreign Office Architects 85

 
Figura 39 – Fachada do Edifício de Habitação Social em Carabanchel Figura 40 – Detalhe interior da Fachada (Fig.39)
Fonte: http://www.inhabitat.com/2007/07/09/sustainable-public-housing-by-foreign- Fonte: http://www.inhabitat.com/2007/07/09/
office-architects/ sustainable-public-housing-by-foreign-office-architects/

   

Os edifícios de habitação social têm alguma possível tendência a mostrar um lado mais degradante da
cidade, localizados nas áreas de expansão das cidades, lugares ainda descaracterizados e de maiores
densidades. Para a maioria das cidades, a necessidade de criar uma habitação acessível, significa
crescimento das áreas massificadas sem muito responder a outro tipo de necessidades dos ocupantes ou
do ambiente.
Este projecto em Carabanchel é por isso um desafio para os Foreign Office Architects, na procura de criar
uma unidade residencial agradável para a cidade, sustentável, multi-alternativa, com baixos recursos
económicos e de carácter prático perante o quotidiano. O edifício em questão localiza-se num terreno com
uma ligeira inclinação topográfica, organizando-se num bloco relativamente pequeno com áreas de
estacionamento nos pisos inferiores e por cima 88 apartamentos estreitos que ligam as duas fachadas
principais. O bloco é de forma rectangular disposto no eixo norte-sul, o que significa que as fachadas
principais enfrentam a orientação oeste e este.
As fachadas deste edifício mostram o desenho do sistema de sombreamento pode transformar a sua
imagem, traduzido numa clara identidade, sem desprezar a funcionalidade de aliviar os ganhos de calor do
sol a que o edifício se expõe nesta orientação.
Nos pisos de estacionamento a fachada encontra-se coberta inteiramente com relva, na procura de
oferecer um toque de cor ao edifício, mas sem distrair da restante fachada.
No entanto, o edifício Carabanchel 16 é de evidenciar como caso de estudo na questão do sombreamento
devido ao sistema de fachada utilizado nos pisos superiores. Este consiste no bloqueio das estreitas, mas
longas varandas com telas de 1,5m de largura em tiras de bambu, montado em molduras dobráveis, que

                                                            
85
Ver Anexo 5.6 – Fichas de exemplos de adaptações de Sistemas de Sombreamento por arquitectos: Edifício de Habitação Social Carabanchel
16, Madrid, Espanha (2006-2007)

63

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
2. Evolução e Levantamento de Sistemas de Sombreamento

 
podem ser controladas pelos ocupantes sempre que o desejarem, resultando numa fachada dinâmica ao
longo do dia por se encontrarem abertas ou fechadas consoante a escolha do ocupante. Esta ferramenta
simples de sombreamento, quando totalmente fechada além de diminuir o ganho calor das unidades e a
circulação do ar para o interior, permite ainda em pleno sol, um efeito de manchas luz e sombras no interior
interessante e dinâmico, com nível de luminosidade ténue suficiente para a galeria de circulação.86
Este sistema incorpora uma tecnologia de materiais económica e por isso adequado para um programa
como a habitação social. Consiste no tratamento de varas de bambu fino às palhetas, que acompanha o
entrelaçado de uma malha ou rede, fixada e molduras de aço em perfis com dobradiças. É ainda
caracterizado pela sua rugosidade e sua durabilidade, pois o bambu é também tratado para a resistência
ao fogo, embora tenham ainda a facilidade de serem cortados da malha e substituídos. Para a
movimentação dos painéis, recolhendo-os para junto do gradeamento da varanda é apenas necessário
soltar o gancho que os fixa.

Este edifício mostra assim um lado criativo e pioneiro, ao mesmo tempo que é pragmático, de baixo custo e
sustentável através da solução de fachada, oferecendo um carácter particular e lúdico, ao que poderia ter
sido apenas mais um simples edifício de habitação social.

                                                            
86
CHAPA, Jorge (2007). Sustainable Public Housing by Foreign Office Architects [20-02-09], Disponível em:
http://www.inhabitat.com/2007/07/09/sustainable-public-housing-by-foreign-office-architects/

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
3. ESTUDO DE UM MÉTODO DE PROJECTO PARA UM SISTEMA DE SOMBREAMENTO

O EQUILÍBRIO ENTRE A SOMBRA E A LUZ

Com base nos estudos e levantamentos realizados, reconhece-se a constante necessidade de investir em
sistemas de fachada que particularizam o edifício e respondem às necessidades de sombreamento e de
iluminação. Para isso é explorado um método que procura responder a três factores: a intenção
arquitectónica, a optimização do sombreamento e o equilíbrio do nível de iluminação natural.

3.1. Definição do conceito, objectivos e estratégia


 
 
3.1.1. Conceito

Este estudo consiste no desenvolvimento da primeira instância de um método de projecto de um sistema


de sombreamento optimizado, definindo princípios de projecto que caracterizam uma intenção
arquitectónica. Numa primeira fase procede-se à análise do método que introduz os factores variáveis de
modo a conferir a sua adaptabilidade e influência prática do sombreamento, exemplificada com vários
modelos. Numa segunda abordagem, alguns modelos são concebidos em maqueta, introduzindo a variável
da iluminação, na procura de compreender o padrão de iluminação natural resultante da aplicação deste
sistema num dado espaço.

Para este estudo toma-se como ponto de partida um sistema de sombreamento exterior fixo: exterior, por
ser mais efectivo no controlo dos ganhos solares num clima quente como o de Portugal e fixo, por ser mais
económico e com menor necessidade de manutenção, face a um móvel. É ainda procurado um sistema
que resulte num bom equilíbrio entre a sombra e os níveis de iluminação obtidos, um binómio que poucas
vezes é alcançado com sucesso nos sistemas existentes e disponíveis no mercado.

É assim proposto um novo método de projecto de um sistema de sombreamento, que demonstra que estes
são bons instrumentos de controlo de sombra e iluminação directa e difusa, quando concebidos de forma
adequada às características locais, e considerando também reduções no custo inicial e de manutenção.

3.1.2. Objectivos

A introdução deste estudo procura contribuir para optimização de sistemas a nível da sua função e do
desempenho luz-sombra. O principal objectivo consiste em constituir uma base de trabalho que explora a
relação entre a eficácia de um sistema sombreamento e o padrão de iluminação resultante, a diminuição

65

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
do brilho e a atenuação do contraste luz-sombra, de modo a contribuir para o encontro de um equilíbrio
entre os dois factores.

3.1.3. Estratégia

O método proposto parte de dois factores que caracterizam a localização geográfica do edifício: as
coordenadas geográficas, e os dados climáticos. A latitude e longitude são factores fundamentais na
definição da geometria solar e portanto dos ângulos de sombreamento a adoptar. Os dados climáticos
permitem estabelecer em que época do ano é desejável o sombreamento, segundo as temperaturas
médias mensais do local. O período do dia durante o qual é necessário sombrear resulta de dois outros
factores: a orientação do vão, e o tipo de utilização do edifício (escola, hospital, habitação, escritório, etc.).

Fixada a localização, a orientação e o período anual e diário de maior necessidade de sombreamento, com
base nas características do clima local, o arquitecto pode passar a uma fase de concepção formal. É assim
esboçada a composição do vão, subdividida em módulos de diferentes proporções, segundo a sua
intenção de arquitectura, e de forma adequada à visibilidade interior-exterior. Com base nesse esboço, são
optimizadas as dimensões dos elementos horizontais e verticais de sombreamento para cada um dos
módulos componentes do esboço arquitectónico, denominando-se de Modelo Base.

A partir do Modelo Base são criadas variantes: o Modelo A, em que se estuda o comportamento do modelo
só com elementos horizontais e o Modelo B, em que se estuda o comportamento do modelo com
elementos verticais e horizontais, adoptando princípios baseados em estudos da geometria solar. O
Modelo A é concebido de forma a poderem ser retirados todos os elementos verticais do sistema, através
do redimensionamento dos elementos horizontais de modo a equivalerem, em termos de sombreamento,
ao conjunto dos elementos verticais e horizontais do Modelo Base. Num segundo passo, os ângulos rectos
não coincidentes em planta são atenuados por meio de linhas diagonais, que dão origem ao aspecto final
do sistema: um sistema de lâminas horizontais de geometria irregular mas bastante linear e optimizada.
As vantagens que se procura obter ao retirar os elementos verticais são: menor obstrução visual e maior
penetração de luz natural no espaço, aliado ao facto de esta se tratar de uma estratégia de desenho, que
pode obter diferentes resultados, dependendo do desenho inicial ou das características locais.

3.2. Método para Optimização do Sombreamento

3.2.1. Caracterização local

O método de concepção e dimensionamento da proposta é adaptável a qualquer localização geográfica e


clima. Como exemplo prático, para a realização do estudo apresentado nesta dissertação, é fixada a
localização em Lisboa.
66

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Latitude 38º4’ Norte
Longitude 9º1’ Oeste

Dada esta localização as orientações que o sombreamento necessita de responder são a Este, Sul e
Oeste. Como nas orientações Este e Oeste o sombreamento responde simetricamente, são apresentados
exemplos do modelo para Sul e para Poente.

Portugal é caracterizado por um clima quente, e por isso o período que exige um sombreamento eficaz é a
época de calor, o Verão, em que os raios solares são mais intensos e o arrefecimento do espaço interior é
desejado. Numa primeira abordagem é considerado o período entre 1 de Maio e 30 de Setembro, com um
nível de sombreamento a 100%, mas este abrange não só as datas referidas como é também total no mês
de Abril e alguns dias de Março. Esta situação acontece porque o percurso solar é simétrico, tendo neste
caso o ponto médio no solstício de Verão, altura que o sol se encontra mais alto. Assim conclui-se, que a
geometria solar não responde sempre às necessidades de sombreamento, existe uma desfasamento, pois
é de noção geral que o mês de Setembro exige maior necessidade de sombreamento que o mês de
Março. Esta situação acontece devido ao aquecimento da Terra nos meses de Verão e por isso no mês de
Setembro ainda existe a necessidade de evitar o seu aquecimento, enquanto o mês de Março se segue ao
Inverno, com temperaturas médias reduzidas, existindo ainda necessidade de aquecimento do espaço e
não de corte da entrada dos raios solares. Devido a estes factos é considerado o período apenas até 15 de
Setembro, na procura de não abranger com elevada percentagem os meses de Março e Abril.

O período do dia fixado para a optimização do sombreamento é entre as 10h00 da manhã e as 15h00 da
tarde. É procurado o período do dia em que as temperaturas são mais elevadas e a radiação solar é mais
intensa e por isso o espaço interior se encontra mais susceptível ao aquecimento se não tiver um
sombreamento adequado nos vãos expostos.

É relevante conhecer as coordenadas solares para a localização e para o período diário definido.

Azimute Altura
10h00 148º 50º
15h00 247º 31º

Os períodos para a optimização do sombreamento foram fixados através de estudos prévios que
procuravam relacionar avaliar as dimensões que as palas necessitavam de adquirir. 87
De qualquer maneira é de referir, que a optimização dos elementos de sombreamento, fora do período
anual e do período diário referido, começam a adquirir dimensões excessivas. Por isso, para complementar
o restante período, em caos de necessidade, o sistema estudado pode ser combinado com um sistema de
sombreamento interior para controlo do ambiente visual no resto do tempo.

                                                            
87
Ver Anexo 6: Estudos Prévios do Vão

67

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
3.2.2. Desenho e composição do vão

Inicialmente são efectuados estudos de um módulo de vão que permitem prever a relação proporcional
entre a dimensão do vão e a dimensão do elemento horizontal ou vertical de sombreamento, assim como a
necessidade efectiva de sombreamento, para as orientações críticas.

É fundamental frisar que o exemplo estudado é apenas uma instância de um design de entre de um
número indefinido de combinações que podem ser adoptadas pelo arquitecto. Para o efeito desta
dissertação, é criado um desenho inicial, identificado como Solução-Base. No entanto, cada arquitecto
poderá definir a sua ‘solução-base’ e utilizar o método proposto para transformar essa solução, de tipo
‘brise-soleil’, num novo desenho de características mais lineares, horizontais e de imagem mais simples e
estilizada, adequada ao tipo de vão utilizado.

O vão com a Solução Comum de sombreamento realizado com o elemento horizontal e os dois elementos
laterais verticais, embora eficaz, a entrada da luz é directa o que pode diminuir o conforto ambiente do
espaço. A experiência passa por subdividir o vão em módulos de diferentes proporções, adequadas às
necessidades do espaço e à visibilidade interior-exterior – Solução Base – procurando perceber o
comportamento de diferentes módulos tanto a nível da sombra, como a nível da iluminação e o resultado
no conjunto dos módulos, em comparação com a Solução Comum.

 
Figura 41 – Solução Comum à esquerda e Solução Base à direita

No desenho e composição do vão, as dimensões que os elementos podem vir a tomar, são um factor que
contribui para as proporções dos módulos. No conjunto é procurada uma composição de fachada
harmoniosa resultante de uma relação dimensional entre as alturas, larguras e profundidades de cada
elemento.
Outro factor que condiciona a composição do vão é a visibilidade, ou seja, a dimensão e proporção dos
módulos face à sua localização no vão, procura ter maiores áreas para facilitar a vista do interior para o
exterior quando o ocupante se encontra em posição sentada ou de pé.

3.2.3. Dimensionamento dos elementos

O dimensionamento dos elementos horizontais e verticais de um vão responde à optimização do


sombreamento para cada módulo do vão. Estas dimensões são previstas no programa computacional SUN
TOOL. Este programa dispõe da possibilidade de inserir as variáveis solares consoante a localização e a

68

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
orientação fixada e de diagramas que facilitam a leitura da optimização do sombreamento. Dispõe de um
modelo de um vão em 3 dimensões, que é possível interactivamente manipular e perceber a influência das
diferentes variáveis sobre as dimensões dos elementos horizontais e verticais de sombreamento dos
módulos que são aqui avaliados individualmente. Os resultados são expressos tanto no modelo de 3
dimensões, através da projecção das sombras ou através de diagramas e tabelas que apresentam o
percurso solar, projecção de sombras, percentagem de sombra diária, ou mensal, entre outros dados.

Cada módulo é optimizado para o sombreamento nos períodos e condições referidas anteriormente.88

 
Figura 42 – Programa computacional SunTool

No programa computacional AUTOCAD é desenvolvido o Modelo Base tridimensional resultante da


composição de cada módulo de vão, optimizados individualmente no SUNTOOL.

 
Figura 43 – Modelo Base

O modelo concebido é caracterizado pela rigidez dos elementos horizontais e verticais. A partir deste
modelo são definidos princípios que procuram uma maior leveza nos elementos de sombreamento e que
ofereçam uma identidade arquitectónica e harmoniosa, ao mesmo tempo que o sombreamento é
igualmente optimizado.

                                                            
88
Ver Anexo 7: Apresentação dos resultados de optimização do Sombreamento para cada módulo

69

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
3.2.4. Definição de princípios através da Geometria Solar
 
A partir do Modelo Base são delineados princípios através da Geometria Solar para composição do vão,
que procuram uma maior continuidade e leveza entre os elementos e a redução dos elementos
sombreadores ao mínimo essencial.
A demonstração destes princípios é apresentada através de módulos individuais que pertencem ao Modelo
Base criado para este estudo e mostrado anteriormente.

Modelo A - Comportamento do sombreamento dos módulos definidos apenas com elementos horizontais

SUL POENTE
Para que o sombreamento possa funcionar apenas com as Para que o sombreamento possa funcionar apenas com as
horizontais no período definido é necessário estender o horizontais no período definido é necessário estender o
elemento horizontal para as laterais, tendo em conta os elemento horizontal para a lateral Sul e para a frente, tendo
pontos extremos do vão como críticos. em conta os pontos extremos do vão como críticos.

A dimensão que se necessita de estender consiste no sen (y). O y é o ângulo da projecção da posição
solar sobre plano vertical, com o plano do horizonte, a partir do ponto crítico do extremo do vão89, e
considerando as horas limite do período que se definiu optimizar.
O cálculo do ângulo pode ser verificado através da carta solar com sobreposição do gráfico auxiliar para
traçado, assim como mostram as seguintes diagramas circulares.

SUL POENTE

                                                            
89
Entende-se como ponto crítico, os pontos extremos do vão que condicionam as dimensões que os elementos de sombreamento necessitam de
adquirir

70

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Trajectória Solar no dia 15 de Setembro (verificação na carta solar)
Traçado gráfico auxiliar correspondente às horas condicionantes
Ângulo de incidência solar sobre plano vertical (horas limite)

As seguintes imagens são esquemas em planta que exemplificam as extensões realizadas para os
elementos de sombreamento de dois módulos do Modelo Base.

SUL POENTE

Os seguintes modelos tipos resultam das extensões definidas quando realizadas em todos os módulos do
Modelo Base:

SUL POENTE

As extensões dos elementos horizontais vêem substituir a ausência dos elementos verticais. Mas estas
apenas significam o limite lateral mínimo que cada elemento horizontal necessita para sombrear o módulo
de vão respectivo.
A partir deste modelo são então procurados outros pontos limitadores dos elementos horizontais que
podem definir uma nova forma para a pala de sombreamento.

Os seguintes gráficos mostram como os outros pontos limitadores são encontrados através da projecção
do azimute sobre a pala horizontal.
71

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
SUL POENTE
Os ângulos de azimute traçados correspondem às horas do Os ângulos de azimute solar traçados correspondem às
dia que condicionam o sombreamento: as10h e as 15h. horas do dia que condicionam o sombreamento: as 15h

As linhas do azimute são projectadas a partir do ponto crítico do vão, até à intersecção dos limites laterais
verificados anteriormente. A partir desta intersecção, os pontos são ligados, formando uma pala de
sombreamento de forma irregular.
As seguintes plantas de elementos de sombreamento correspondem a um conjunto de dois módulos de
vão e exemplificam o traçado realizado com base no encontro dos pontos referidos.

SUL POENTE

Os seguintes modelos são o resultado da projecção da linha do azimute sobre os elementos horizontais do
modelo apresentado anteriormente.

SUL POENTE

Com base nos princípios definidos segundo a geometria solar, a optimização e minimização da dimensão
dos elementos horizontais, consiste na estilização da curva que resulta da projecção da trajectória solar

72

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
sobre os elementos horizontais, limitada pelas linhas que resultam da período do dia (horas) que
condicionam o sombreamento. 

O seguinte diagrama é um exemplo de apresentação do conjunto dos dados referidos que influenciam a
formação da pala de sombreamento, para um módulo de vão, orientado para Sul.

LEGENDA:

Trajectória Solar para o


dia 15 de Setembro

Azimute para as 10h

Azimute para as 15h

Pala Horizontal optimizada


para o módulo inicial (com
verticais)

Extensões realizadas
condicionadas pelo
período definido

Pontos de intersecção e
ligação para formação da
nova pala para um módulo

Resumo do método:

1º - MODELO COMUM

. Modelo de vão comum com sombreamento optimizado através de


elementos verticais e um horizontal.

73

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
2º - MODELO BASE

. O vão é subdividido em módulos que podem ter as variadíssimas


proporções e combinações dependente de quem os cria. Estes
módulos são individualmente optimizados e compostos neste modelo
base

3º - MODELO A

. A partir do modelo base são aplicados princípios da geometria solar


que definem uma nova forma para os elementos de sombreamento,
mas igualmente optimizados. Esta forma depende não só da
composição inicial entre os módulos, mas também das características
locais.

É de referir que a evolução do modelo demonstrado é apenas um exemplo e não uma resposta única. È
uma solução entre o número indefinido de combinações que pode resultar com o uso deste método.
As variantes são desde da forma inicial do vão, a proporção, disposição, combinação e desenho dos
módulos, dependendo do gosto e objectivos de quem o cria e numa segunda fase a formação destes
elementos depende das características locais que definem os ângulos, cortes e dimensões através do uso
directo da geometria solar

É um método que importa o potencial de originar um número de variadíssimas soluções, que resultam
numa identidade arquitectónica através da formação de palas de geometria não convencional, uma
imagem dinâmica que um sistema de sombreamento oferece.

As seguintes imagens são exemplos da aplicação destes elementos de sombreamento no conjunto de uma
fachada envidraçada, com o objectivo de reconhecer a sua expressão arquitectónica.90

                                                            
90
Ver Anexo 8: Exemplos da Imagem de um Edifício

74

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
No entanto é de referir que a sua aplicação não se resume a uma fachada envidraçada. Este método de
concepção e dimensionamento de sistemas de sombreamento pode ser aplicado em qualquer vão
envidraçado (dimensão ou forma) de uma fachada opaca, que for inicialmente pensada e preparada para
os receber.

Modelo B - Comportamento do sombreamento dos módulos definidos com elementos verticais e


horizontais

A título de exemplo é apresentada a outra variante, que demonstra como o mesmo método pode ser
aplicado em elementos verticais de sombreamento.

SUL POENTE

Neste modelo os elementos verticais são cortados segundo os ângulos verificados através da carta solar
com sobreposição do gráfico auxiliar para traçado, considerando a hora em que o sol se encontra mais
baixo e no período que é desejado o sombreamento, assim como mostram as seguintes figuras:

SUL POENTE

Percurso do Sol no dia 15 de Setembro (verificação na carta solar)


Traçado gráfico auxiliar correspondente às horas condicionantes
Zona que o sombreamento é optimizado, correspondente ao valor y

75

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Os elementos verticais são conjugados com os elementos horizontais já definidos no Modelo
A, pois os elementos verticais sozinhos não efectuam um sombreamento eficaz. As extensões realizadas
para as laterais são por isso retiradas. As seguintes imagens são exemplos de extensões de um dos
elementos de sombreamento do vão

SUL POENTE

Os modelos que se seguem são os exemplos do Modelo B, segundo os princípios definidos.

SUL POENTE

76

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

Nota:

No seguimento do estudo, para a avaliação da luminosidade de um espaço com um sombreamento tipo


originado do método proposto, é utilizado o modelo orientado para sul, porque considera-se que os
elementos de sombreamento resultam em proporções mais adequadas nesta orientação. Na orientação
este ou oeste os elementos de sombreamento, devido ao desenho inicial e às características
consequentes da localização geográfica, resultam em elementos muito extensos para os módulos de vão
com proporções desequilibradas. 91

Como modelo comparativo com a solução comum e solução base no estudo lumínico, é ainda adoptada a
variante Modelo A, por se apresentar como um modelo visualmente mais leve, com menor obstrução
visual, mas igual a nível de sombreamento.

                                                            
91
O Anexo 6, dos estudos prévios do vão, apresenta também as diferenças entre as dimensões dos elementos de sombreamento para períodos
fora dos referidos e para as diferentes orientações, considerando a localização geográfica de Lisboa  

77

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
3.3. Estudo dos Níveis de Iluminação Natural
 
Apesar da crescente evolução na área da simulação computacional, um meio eficaz e que se torna uma
ferramenta de investigação simples e próxima do real para o estudo dos níveis de iluminação natural num
espaço é a concepção e estudo de maquetas físicas.92 A sua utilização para o estudo da iluminação
resultante no espaço interior é possível devido ao reduzido comprimento de onda da luz, que não sofre
efeitos de escala e por isso se comporta de modo idêntico tanto numa maqueta à escala como no espaço
real. Quando as maquetas são cuidadosamente construídas a nível da sua geometria e com materialidade
adequada à realidade, em termos de reflectância e comportamento lumínico, fornecem uma analogia
fotométrica do espaço da escala real. O cenário visual que os modelos apresentam é idêntico, incluindo o
brilho e o gradiente de iluminação e por isso podem anunciar o desempenho quantitativo do espaço em
pormenor e fornecem de imediato a informação visual para a avaliação qualitativa do espaço.
As leituras de luz no modelo correspondem em cerca de 10% às leituras de luz no espaço real, podendo
ser realizadas em dois domínios, a nível quantitativo e a nível qualitativo, contribuindo para uma
abordagem crítica relativa ao padrão de iluminação de espaço perante as soluções optimizadas no
sombreamento.
Para a avaliação adequada, os estudos devem ser realizados no exterior em condições de luz natural
difusa. No exterior, a sua realização é dificultada devido às constantes variações das condições de luz do
céu, mas os benefícios são meritórios. Os valores podem variar entre 10% a 15% e por isso, este tipo de
estudo é essencialmente recomendado como base de comparação entre diversas soluções. Diferentes
céus produzem iluminâncias e distribuições distintas. Segundo a C.I.E. (Commission Internationale de
l'Eclairage) os tipos de céu existentes são o Céu Limpo (Clear Sky), Céu Parcialmente Encoberto (Partly
Cloudy Sky), Céu Encoberto (Overcast Sky) e Céu Uniforme (Uniform Sky). Para estudar de Factor Luz-
Dia, com iluminação difusa em maquetas, devem ser escolhidos o céu encoberto ou uniforme.

 
Figura 44 – Tipos de céu: Céu Limpo, Céu Parcialmente Encoberto, Céu Encoberto e Céu Uniforme
Fonte: http://www.learn.londonmet.ac.uk/packages/clear/index.html

 
 
3.3.1. Elaboração do Modelo Físico

No estudo de iluminação através de modelos físicos, são normalmente introduzidas geometrias simples,
para se conseguir detalhar em diferentes níveis (dependente da escala a que se realiza), de modo a

                                                            
92
 Os modelos computacionais mas fidedignos, como seja o RADIANCE, possuem curvas de aprendizagem muito longas, necessitando de muita
experiência de utilização. Por outro lado, os modelos simplificados, tais como o ECOTECT, não possuem qualidade de cálculo para poder
comparar objectivamente diferentes soluções de iluminação 

78

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
oferecer maior realismo ao espaço. No caso do estudo que se pretende realizar, por não se tratar de um
espaço em concreto nem de uma funcionalidade e materialidade específica, é concebido um modelo físico
simples, que consiste num espaço rectangular de 4m x 6m x 2,5m, definido por superfícies brancas e lisas,
e com um vão de 4m x 2,5m, numa das faces menores do modelo. Considerando que a profundidade de
um espaço para ter bons níveis de iluminação deve ser entre 2 vezes ou 2,5 vezes maior que altura do
vão, este modelo adequa-se com uma correspondência de 2,4 vezes. Estes modelos físicos simples são
particularmente adequados para explorações genéricas de padrões de luz, pois funcionam como uma boa
ferramenta para o desenvolvimento de uma intuição ao comportamento da luz natural perante
determinadas condições.

Figura 45 – Dimensionamento do modelo

Na execução do modelo físico é necessário considerar alguns princípios que estabeleçam uma
metodologia de construção da maqueta. Inicialmente é definida a escala do modelo, tendo em conta o
factor de ter uma boa visibilidade dos elementos do vão do modelo, o encaixe da câmara e dos aparelhos
de medição e ainda facilidade de manuseamento. Neste caso foi adoptada a escala 1.15.
A maqueta é construída sobre uma base sólida para depois ser permitido o seu transporte e
manuseamento quando colocada no exterior para a execução de medições. Em todos os elementos da
maqueta deve ser garantida a sua forte fixação e perpendicularidade, sendo adoptada a utilização de
contrafortes para o garantir. Como material principal na execução do modelo físico é utilizado o PVC,
devido às suas características técnicas: rígido, opaco, acessível de cortar manualmente e pela sua cor
branca. No mesmo material, são ainda concebidas várias molduras do vão, para que possam ser aplicados
os diferentes sistemas de sombreamento sobre o mesmo modelo físico. Na face oposta ao vão é realizada
uma abertura circular de 6cm de diâmetro que permite a colocação da objectiva da maquina fotográfica e a
entrada da sonda fotométrica.

 
Figura 46 – Maqueta

79

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
A abertura do vão representa a área do envidraçado, mas tomou-se como principio a sua não colocação e
por isso, posteriormente, na realização das medições, o valor interior medido é multiplicado pelo coeficiente
0,81, antes de calcular o Factor Luz-Dia, que corresponde à utilização de um vidro simples.
 
 
3.3.2. Caracterização das Soluções

Para o estudo dos níveis de iluminação, de modo a permitir uma adequada análise e relação comparativa
são utilizados os seguintes modelos, adoptando sempre a orientação Sul:

 
Figura 47 – Modelos a elaborar para estudo da Iluminação

V.A. - Vão Aberto: Sem elementos de sombreamento


M.C. - Modelo Comum: Sombreamento com um elemento horizontal e os dois laterais
M.B. - Modelo Base: Composição com módulos optimizados, constituídos por elementos verticais e horizontais
M.A - Modelo A: Sombreamento com elementos horizontais

Nestes quatro modelos, tendo em conta as distintas características formais dos elementos de
sombreamento, são todos concebidos no mesmo material, em PVC, de modo a analisar o padrão de
iluminação que considere apenas as diferenças formais entre os vários sistemas de sombreamento.

   
Figura 48 – Modelo com Vão Aberto (sem sombreamento) Figura 49 – Modelo Comum

   
Figura 50 – Modelo Base Figura 51 – Modelo A

80

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
O Modelo A, por se caracterizar como uma das soluções que resulta do conjunto de princípios
metodológicos que optimizam o sistema de sombreamento, com base na Geometria Solar, ao mesmo
tempo que lhe oferece uma identidade arquitectónica, é concebido em diferentes materialidades, de modo
a perceber o comportamento da luz nos diferentes contextos de cor, textura, permeabilidade.

Figura 52 – Modelo A1 Figura 53 – Modelo A2

   
Figura 54 – Modelo A3 Figura 55 – Modelo A4

Os materiais utilizados procuravam responder a materiais reais e para isso são efectuadas medições da
reflectância de cada material, para facilitar a comparação entre os diferentes padrões de iluminação
resultantes nos modelos tendo em conta a aproximação lumínica. As medições da reflectância são
realizadas com um luxímetro DELTA OHM - DO 9847, colocando uma das sondas sobre a superfície
material que se pretende medir, apontada para a cúpula celeste e outra sonda apontada para a superfície
material, de modo a captar os níveis de luz que são reflectidos pelo material. A relação entre os valores
obtidos é a reflectância.

 
Figura 56 - Luxímetro

81

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Modelo A1

Neste modelo é adoptado o PVC, pelas razões já referidas, assim como as suas características que lhe
permite aproximar de elementos de sombreamento com acabamento em pintura a branco. A escolha deste
material está associado à procura de uma superfície opaca e clara, para favorecer a reflexão da luz sobre
os elementos, como por exemplo um metal, como o alumínio lacado a branco.

Reflectância Reflectância
Iluminância Exitância
Exit / Ilum Material 1 Material Real
lux lux
% %

29700 24600 0,8283 82,8 86,3


   
Figura 57 – Material Figura 58 – Material 1:  
Real: Acabamento a P.V.C. Tabela 1 – Reflectância do Material 1
branco

Modelo A2

No Modelo A2 é pretendido um material de superfície opaca, de cor escura. É adoptada a madeira através,
da utilização em maqueta de balsa pintada com um verniz para madeiras. A madeira assume diferentes
tonalidades e por isso a sua reflectância pode variar bastante.

Reflectância Reflectância
Iluminância Exitância
Exit / Ilum Material 2 Material Real
lux lux
% %

28000 11180 0,3993 39,9 24,8


   
Figura 59 – Material Figura 60 – Material 2:  
Real: Madeira Balsa envernizada  Tabela 2 – Reflectância do Material 2 

Modelo A3

No Modelo A3 é novamente adoptada a madeira, mas em elementos permeáveis. É por isso realizado um
ripado horizontal com balsa pintada. Neste caso, além da madeira puder assumir diferentes tonalidades, a
distância entre ripado também pode diferir bastante, o que leva a que o elemento tenha menos superfície
para reflectir. No exemplo a distância entre as ripas de madeira é igual à sua largura. Por à penetração de
luz neste material, a medição da reflectância é dificultada e por isso considera-se a reflectância com
metade do valor obtido no material 2, por este ter metade da superfície de reflexão do anterior.

Reflectância Reflectância
Iluminância Exitância
Exit / Ilum Material 3 Material Real
lux lux
% %

- - - 20,0 12,4

Figura 61 – Material Figura 62 – Material 3:  


Real: Ripado Madeira  Ripado balsa envernizado Tabela 3 – Reflectância do Material 3 
82

 
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Modelo A4 

Neste modelo é procurado um material que permita a permeabilidade dos elementos de sombreamento e
de cor clara para uma maior reflexão. É por isso adoptada uma tela metálica, também pela questão que
hoje em dia, este material tem tido uma crescente utilização. Este sistema pode ser bastante variável nos
resultados do padrão de luz, dependente do tipo de malha e da sua densidade. A malha utilizada na
maqueta tem uma densidade de 50% a 60% e uma perfuração de 1mm.93

Reflectância Reflectância
Iluminância Exitância
Exit / Ilum Material 4 Material Real
lux lux
% %

41900 24200 0,577566 57,8 -

Figura 63 – Material Figura 64 – Material 4:  


Real: Rede Metálica Rede em Alumínio c/
Tabela 4 – Reflectância do Material 4
perfuração de 1mm

Figura 65 – Padrão do material metálico em tamanho real

  
3.3.3. Análise Quantitativa
 
O céu ideal para a realização das medições de iluminação é o Céu Encoberto ou uniforme (ver pág. 75),
pois são o que têm uma distribuição de luz mais difusa e adequada para este tipo de análise.94 É ainda
necessário considerar um local exterior desafogado, sem interferência de edifícios ou árvores, de modo a
não prejudicar a integração da sonda no total da cúpula celeste. Todas as juntas e aberturas indesejadas
na maqueta são verificadas e colmatadas com fita preta, para não permitir a entrada de luz indevida.
A nível quantitativo, a avaliação das diversas soluções é realizada com o auxílio de um Luxímetro e duas
sondas de iluminância, medindo a intensidade da luz, em lux, simultaneamente no exterior e no interior da
maqueta. Na medição exterior, uma das sondas é colada na parte superior da maqueta, apontando para a
cúpula celeste e na medição interior, a outra sonda é colocada num dos pontos assinalados, organizados
segundo uma grelha regular previamente definida em planta, de modo a perceber o seu comportamento ao
longo de todo o espaço.

                                                            
93
 Ver Anexo 9: Características do material metálico 
94
Ver Anexo 12.1: Registos Fotográficos - Luz Difusa

83

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Figura 66 – Grelha de Pontos

Após os registos em tabela das medições realizadas nos vários pontos das diferentes soluções, é feito o
rácio da iluminância interior e a iluminância exterior retirada no mesmo instante, resultando no Factor Luz-
Dia, em percentagem, como já foi referido num capítulo anterior. Como na construção do modelo físico, as
superfícies de vidro são omissas, o valor da iluminância interior de cada ponto é corrigido, multiplicando
pelo coeficiente 0,81, que corresponde à utilização de um vidro simples.
De seguida são apresentadas as tabelas com as medições realizados e o Factores Luz-Dia obtidos,
produzidas no programa computacional Excel, e as respectivas representações gráficas do Factor Luz-Dia
em planta, através de uma escala cromática igual para as várias soluções.

VÃO ABERTO

Pontos Exterior Interior Interior Int. / Ext. F. Luz-Dia


lux lux correc. vidro %

P1 13780 8210 6650 0,48259 48,26

P2 13230 8740 7079 0,53510 53,51

P3 12950 7720 6253 0,48287 48,29

P4 12980 3120 2527 0,19470 19,47

P5 14670 3420 2770 0,18883 18,88

P6 14260 3130 2535 0,17779 17,78

P7 13080 2140 1733 0,13252 13,25

P8 12060 2280 1847 0,15313 15,31


Amplitude
P9 12070 2110 1709 0,14160 14,16
Escala

Média 13231 3678 0,27800 27,80


 
 
Figura 67 – Diagrama cromático de luz para
Tabela 5 – Factor Luz-Dia para Vão Aberto
Modelo Vão Aberto 

84

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Numa primeira abordagem são realizadas as medições lumínicas do espaço, considerando o vão apenas
com o envidraçado, sem sistema de sombreamento. Como era de esperar nas medições aqui realizadas,
resultam valores demasiados altos junto ao vão, além de se notar o espaço divido claramente em três
zonas devido à descida pouco gradual até ao fundo do espaço. Este espaço caracteriza-se com uma forte
intensidade de luz e brilho, podendo chegar ao ofuscamento na área junto ao vão, o que se torna negativo
para o conforto dos utentes.

MODELO COMUM

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux correc. vidro %

P1 11290 3570 2892 0,25613 25,61

P2 11160 3080 2495 0,22355 22,35

P3 10920 2880 2333 0,21363 21,36

P4 11030 1652 1338 0,12132 12,13

P5 13280 1885 1527 0,11497 11,50

P6 10066 1547 1253 0,12449 12,45

P7 8660 985 798 0,09213 9,21

P8 9090 1163 942 0,10363 10,36

P9 8840 1220 988 0,11179 11,18 Amplitude


Escala

Média 10482 1618 0,15440 15,44


 
 
Figura 68 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 6 – Factor Luz-Dia para Modelo Comum
Modelo Comum

Este modelo define-se por um sombreamento eficaz do vão através da solução comum, uma pala
horizontal e duas verticais ao longo de todo o vão. Em relação ao modelo anterior as diferenças são
notórias, pois devido à utilização de sombreamento, os Factores Luz-Dia são bastantes mais baixos, cerca
de metade. Verifica-se também uma descida dos valores imediata até à área central do espaço e só depois
se mantém mais uniforme, justificando-se por a solução não ter superfícies que permitem a reflexão da luz.

85

 
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MODELO BASE

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux correc. vidro %

P1 12970 3260 2640,60 0,20359 20,36

P2 13300 3220 2608,20 0,19611 19,61

P3 10690 2430 1968,30 0,18413 18,41

P4 10610 1421 1151,01 0,10848 10,85

P5 8850 1178 954,18 0,10782 10,78

P6 7050 974 788,94 0,11191 11,19

P7 10300 1020 826,20 0,08021 8,02

P8 8090 890 720,90 0,08911 8,91

P9 8530 887 718,47 0,08423 8,42 Amplitude


Escala

Média 10043 1375 0,13693 13,69


 
 
Figura 69 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 7 – Factor Luz-Dia para Modelo Base
Modelo Base

Neste modelo, o vão é repartido em diferentes módulos eficientes a nível do sombreamento, procura-se
perceber o comportamento da luz sobre a diversidade de elementos horizontais e verticais de
sombreamento. Comparando ao Modelo Comum, o nível de iluminação é um pouco mais baixo, devido ao
maior número de elementos no vão, que embora eficientes no sombreamento, acabam por o obstruir,
principalmente os verticais. Apesar disso, os elementos horizontais, possibilitam a reflexão dos raios
solares e por isso resulta num nível de iluminação mais uniforme que o Modelo Comum, permitindo
também que chegue uma maior quantidade de luz ao fundo do espaço.

MODELO A1. Acabamento em pintura branca

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux c/ vidro %

P1 13860 3500 2835,00 0,20455 20,45

P2 14010 3480 2818,80 0,20120 20,12

P3 13150 3550 2875,50 0,21867 21,87

P4 10860 1813 1468,53 0,13522 13,52

P5 12190 1968 1594,08 0,13077 13,08

P6 9840 1641 1329,21 0,13508 13,51

P7 6150 786 636,66 0,10352 10,35

P8 6260 758 613,98 0,09808 9,81

P9 5650 807 653,67 0,11569 11,57


Amplitude
Escala
Média 10219 1647 0,16120 16,12
 
Figura 70 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 8 – Factor Luz-Dia para Modelo A1
Modelo A1
86

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Este modelo é desenvolvido a partir do modelo anterior, com o princípio de optimização do sombreamento
apenas com os elementos horizontais, na procura de evitar uma menor obstrução do vão. Neste exemplo,
verifica-se que o Factor Luz-Dia é ligeiramente mais elevado face aos dois modelos anteriores, mas com
uma distribuição mais homogénea. Estes factos, justificam-se pela utilização de um material com uma
elevada reflexão (cerca de 83%), que embora seja igual ao dos modelos anteriores, neste caso, os
elementos horizontais estão a funcionar como light-shelf (prateleiras de luz), ou seja, a luz é direccionada
para as paredes e tectos, permitindo a iluminação de áreas mais distantes do vão. O modelo A1 é a
solução que melhor conjuga o sombreamento optimizado, garantindo um nível de iluminação muito
favorável.

O seguinte gráfico justifica as verificações descritas nos modelos iniciais:

 
Figura 71 – Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos de Vão Aberto, Comum, Base e A1

 
Modelo Vão Aberto Modelo Base
  Modelo Comum Modelo A1

 
 

MODELO A2 . Madeira

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux correc. vidro %

P1 13060 1192 965,52 0,07393 7,39

P2 10270 1124 910,44 0,08865 8,87

P3 10060 1079 873,99 0,08688 8,69

P4 8620 754 610,74 0,07085 7,09

P5 8210 717 580,77 0,07074 7,07

P6 9360 729 590,49 0,06309 6,31

P7 13510 842 682,02 0,05048 5,05

P8 13050 843 682,83 0,05232 5,23

P9 10020 681 551,61 0,05505 5,51


Amplitude
Escala
Média 10684 716 0,06706 6,71
 
Figura 72 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 9 – Factor Luz-Dia para Modelo A2
Modelo A2

87

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
A solução de optimização do sombreamento apenas com elementos horizontais é experimentada em
diferentes materiais. Neste exemplo, é procurada a proximidade à madeira, como um exemplo de material
de menor reflectância, cerca de 40%. Os valores de Factor Luz-Dia são muito baixos, entre 9% e 5%, além
de ser o modelo em que o espaço resulta com maior homogeneidade luminosa, justificado por os
elementos de sombreamento serem escuros e por isso reflectirem menor quantidade de luz para o interior.

MODELO A3. Ripado de Madeira

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux correc. vidro %

P1 9580 1669 1351,89 0,14112 14,11

P2 10620 1779 1440,99 0,13569 13,57

P3 10230 1785 1445,85 0,14133 14,13

P4 10560 1053 852,93 0,08077 8,08

P5 11410 1127 912,87 0,08001 8,00

P6 10720 1048 848,88 0,07919 7,92

P7 9000 827 669,87 0,07443 7,44

P8 11960 904 732,24 0,06122 6,12

P9 11000 882 714,42 0,06495 6,49


Amplitude
Escala
Média 10564 997 0,09434 9,43
 
Figura 73 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 10 – Factor Luz-Dia para Modelo A3
Modelo A3

Nesta solução procura-se perceber o comportamento da luz sobre elementos penetráveis e de baixa
reflectância, por isso a escolha de um ripado em madeira. No modelo verifica-se que a área próxima ao
vão, os valores de Factor Luz-Dia são mais elevados que o Modelo A2, devido à penetrabilidade da luz nos
elementos. Os valores decrescem ao longo do espaço, equiparando-se na área mais distante do vão, a
valores próximos do Modelo A2, devido à menor quantidade de superfície para a reflexão da luz, não
permitindo que a luz seja reflectida e direccionada para áreas mais distantes.

88

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

MODELO A4. Rede Metálica

Exterior Interior Interior F. Luz-Dia


Pontos Int. / Ext.
lux lux correc. vidro %

P1 8960 3060 2478,60 0,27663 27,66

P2 8550 2960 2397,60 0,28042 28,04

P3 10010 2990 2421,90 0,24195 24,19

P4 10910 1684 1364,04 0,12503 12,50

P5 9950 1726 1398,06 0,14051 14,05

P6 9600 1701 1377,81 0,14352 14,35

P7 13670 1792 1451,52 0,10618 10,62

P8 14280 1802 1459,62 0,10221 10,22

P9 13940 1635 1324,35 0,09500 9,50


Amplitude
Escala
Média 11097 1742 0,15694 15,69
 
Figura 74 – Diagrama cromático de luz para o
Tabela 11 – Factor Luz-Dia para Modelo A4
Modelo A4

Assim como no modelo anterior, esta solução procura perceber o comportamento da luz sobre um material
permeável, mas de maior reflectância, cerca de 58%, procurando aproximar-se da rede metálica. Os
resultados obtidos seguem a tendência comparativa entre os Modelos A2 e A3. O Modelo A4 obtém
valores de Factor Luz-Dia ligeiramente mais elevados que o Modelo A1, principalmente junto ao vão,
devido à penetrabilidade do material, decrescendo ao longo do espaço, comparando-se com valores
próximos ao Modelo A1, na zona mais distante do vão.

O seguinte gráfico justifica as verificações descritas nos modelos que se diferenciam apenas pela
materialidade:

 
Figura 75 – Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos A1, A2, A3 e A4

 
Modelo A1 Modelo A3
Modelo A2 Modelo A4

89

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
O seguinte gráfico apresenta a relação entre os Factores Luz-Dia das diferentes soluções:

 
Figura 76 - Corte do modelo com gráfico do Factor Luz-Dia para os Modelos em estudo

3.3.4. Análise Qualitativa

A análise qualitativa é realizada através de registos fotográficos nos diversos modelos em estudo perante
as mesmas condições interiores e exteriores, de modo a permitir a realização de uma análise comparativa,
do comportamento da luz no espaço interior. Ao contrário da análise quantitativa, a realização dos registos
fotográficos é realizada sob luz directa e por isso é necessária a simulação da incidência solar ao longo do
ano e do dia. Os registos são efectuados em situações anuais e diárias que têm em conta o período de
optimização de sombreamento. È realizado para os solstícios, 21 de Junho e 22 de Dezembro, altura em
que o sol se encontra respectivamente mais alto e mais baixo e a 15 de Setembro, data que condiciona o
sombreamento optimizado, correspondente também a 28 de Março. Nas diferentes situações os registos
são efectuados para as 10h00, 12h30 e 15h00, pois o período diário condicionante do sombreamento é
entre as 10h00 e as 15h00.
A simulação é possível com recurso a um SunDial (relógio de Sol), que consiste numa ferramenta auxiliar
que permite com rigor, posicionar os modelos criando uma correspondência entre a direcção do Sol nos
dias e horas pré-determinadas, em relação ao presente momento. As linhas horizontais representam o
percurso do sol, nos dias do ano definidos e as linhas verticais representam as horas.

 
Figura 77 – Sundial, relógio de Sol

90

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
O SunDial é colocado sobre a maqueta, orientado segundo o desfasamento entre o Norte Geográfico e o
Norte Magnético. A sua correcção é realizada com recurso ao software UCGS Geomagnetic Field
Calculater, para as datas em que se realizaram os registos, dias 15 e 20 de Dezembro de 2005.95 A
maqueta é rodada, nos planos horizontais e verticais para obter os ângulos de entrada de sol correcto,
através da projecção de sombra do elemento triangular colocar sobre o SunDial.
O ponto de captação das imagens é no plano oposto ao vão, de modo a abranger maior área de vão. O
equipamento fotográfico utilizado consiste numa Panasonic DMC-FZ18 com uma abertura angular do zoom
de 28mm.96

Após a produção dos registos fotográficos97, é realizada a análise qualitativa em dois níveis: objectivo,
através da observação directa e comparativa entre as imagens, e subjectivo, através da realização de um
inquérito. A análise qualitativa dos modelos prende-se não só aos aspectos da luminosidade, mas também
aspectos que resultam da qualidade da iluminação e que influenciam a qualidade do espaço.

Análise Qualitativa Objectiva

Na análise qualitativa de nível objectivo são considerados os seguintes parâmetros: o sombreamento, a


luminosidade, o contraste luz-sombra, o brilho e o nível de obstrução.

Optimização do Sombreamento:

Todos os modelos têm em comum a optimização do sombreamento a 100% para os períodos inicialmente
definidos. De seguida estão as fotos correspondentes à exposição do vão no solstício de Verão, pelas 15h,
altura em que a necessidade de sombreamento é desejada.

 
Figura 78 – Modelo Comum (21/06, 15h00)  Figura 79 – Modelo Base (21/06, 15h00) Figura 80 – Modelo A1 (21/06, 15h00)

Verifica-se em todos os Modelos o igual sombreamento, mas destaca-se a referência ao Modelo A1, que
consegue tirar mais partido da função de sombrear por responder a outras questões inerentes como a

                                                            
95
Software disponível em http://geomag.usgs.gov – Ver Anexo 10: Correcção Norte Magnético
96
Ver Anexo 11: Características do equipamento Fotográfico
97
Ver Anexo 12.2: Registos Fotográficos - Luz Directa

91

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
menor obstrução visual ou um ambiente com melhor luminosidade, demonstrando assim uma maior
eficácia em relação aos restantes.
É também relevante destacar neste parâmetro os registos do solstício de Dezembro, época em que não
existe a necessidade de sombreamento e por isso o sistema deve corresponder, permitindo a entrada dos
raios solares, para aquecimento e iluminação. Neste sentido são de referir os seguintes registos:

Figura 81 – Modelo Comum (22/12, 15h00) Figura 82 – Modelo Base (22/12 -15h00) Figura 83 – Modelo A1 (22/12 -15h00)

Verifica-se no Modelo A1, que a não existência de elementos verticais é vantajosa, pois permite a entrada
dos raios solares, alcançando maior área no espaço interior, resultando num melhor equilíbrio entre a
necessidade de sombra (período de Verão) e quando esta não é desejada (período de Inverno), um dos
principais objectivos de um sistema de sombreamento.

Luminosidade:

A luminosidade difere entre os vários sistemas, sendo condicionada pela geometria e materialidade dos
elementos de sombreamento. Na verificação da luminosidade, em condições de luz directa, é de evidenciar
alguns dos exemplos referentes ao solstício de Junho, período em que o Sol se encontra mais alto e por
isso a entrada de luz é menor. Perante os modelos que se diferenciam pela geometria verifica-se que a
luminosidade é ligeiramente mais baixa no Modelo Comum, pois as dimensões das palas e a não
existência de superfícies para a reflexão evitam a difusão da luz em todo o espaço. Entre o Modelo Base e
o Modelo A1, embora menos evidente, verifica-se que o último tem maior luminosidade, pois os elementos
verticais do Modelo Base acabam por cortar a entrada de luz, tal como se verificou nas condições de luz
difusa.

Figura 84 – Modelo Comum (21/06 -12h30) Figura 85 – Modelo Base (21/06 -12h30) Figura 86 – Modelo A1 (21/06 -12h30)

92

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Perante os exemplos que se diferenciam pela materialidade, como era de esperar, verifica-se que os
elementos de sombreamento em madeira originam um ambiente mais escuro. Apesar disso, o Modelo A3,
devido à permeabilidade dos elementos do vão, consegue ligeiramente um maior nível de luminosidade,
face ao Modelo A2, acontecendo o mesmo no Modelo A4 comparativamente ao Modelo A1. Considera-se
ainda que os elementos penetráveis oferecem outra dinâmica ao espaço, pois criam diferentes densidades
de iluminação.

Figura 87 – Modelo A2 (21/06 -12h30) Figura 88 – Modelo A3 (21/06 -12h30) Figura 89 – Modelo A4 (21/06 -12h30)

Contraste Luz-Sombra:

As densidades de iluminação prendem-se directamente com os efeitos de contraste Luz-Sombra e por isso
o Modelos A3 e o Modelo A4 apresentam um menor confronto entre os dois factores perante os restantes
Modelos, assim como evidenciam os seguintes registos:

Figura 90 – Modelo A4 (15/09 -10h00) Figura 91 – Modelo A3 (15/09 -10h00)

Brilho:

O brilho é a característica que descreve o modo como a luz é reflectida pela superfície, resultando por
vezes numa intensidade excessiva da iluminação, podendo provocar o encadeamento. Alguns Modelos,
principalmente os que são materializados com elementos de maior reflectância, em alguns registos
apresentam essa característica, embora esse factor esteja também associado ao facto do espaço ser
representado por planos brancos. O Modelo Comum é o exemplo mais propício para a ocorrência de brilho
intenso.

93

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

Figura 92 – Modelo Comum (22/12 -12h30) Figura 93 – Modelo A1 (22/12 -12h30) Figura 94 – Modelo A4 (22/12 -12h30)

Nível de Obstrução:

Em relação ao nível de obstrução é de referir que o Modelo Comum apenas apresenta obstrução a nível da
visão periférica devido às dimensões que os elementos laterais adquirem para o sombreamento, enquanto
os Modelos A, os elementos horizontais provocam alguma obstrução na visão frontal, cerca de 8% a 10%.
Mas é o Modelo Base que se caracteriza pelo maior nível de obstrução, de 15% a 20%, devido à repartição
do vão em diferentes módulos que originam um conjunto de elementos verticais e horizontais.

Análise Qualitativa Subjectiva:

Neste nível de análise é realizado um inquérito, pois compreende-se como o meio mais eficaz de avaliar
adequadamente os parâmetros de nível subjectivo. Comparativamente entre os vários modelos
concebidos, procura-se perceber o impacto que as imagens dos modelos tanto a nível exterior, como no
ambiente interior têm perante os inquiridos. É um meio de identificar aspectos positivos e negativos, que
resultam de uma tendência com base nas diferentes opiniões e sensações que o ambiente lumínico e
geometria dos elementos transmitem.

O inquérito é realizado a uma população que tenha motivações na área do desenho do espaço,
arquitectura e ambiente. São inquiridos um grupo de 12 pessoas, com idades compreendidas entre os 23 e
25 anos e estudantes de arquitectura.
O inquérito realiza-se por via de correio electrónico, através de um ficheiro em formato PDF, que permite a
interactividade do inquirido e o seu reenvio.98
O inquérito é estruturado em 3 partes. Na primeira parte são assinalados os dados correspondentes às
características do inquirido (sexo, idade e ocupação). A segunda parte define-se com a apresentação dos
modelos, sendo colocados grupos de 3 imagens de cada modelo (uma exterior e duas interiores).

o Grupo A – Modelo Comum


o Grupo B – Modelo Base
o Grupo C – Modelo A1 (acabamento a branco)
o Grupo D – Modelo A2 (madeira)
o Grupo E – Modelo A3 (ripado de madeira)
                                                            
98
Ver Anexo 13.1 – Inquérito: Formulário de Inquérito

94

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
o Grupo F – Modelo A4 (rede metálica)
A terceira parte corresponde à realização das questões de análise das imagens apresentadas, sendo
avaliadas numa escala de 0 a 4:

o 0 – Nenhum(a)
o 1 – Pouco(a)
o 2 – Razoável
o 3 – Bastante
o 4 – Muito(a)

As questões realizadas, que se direccionam directamente para os elementos de sombreamento definem-se


nos seguintes três parâmetros:

o Harmonia – relação proporcional, equilíbrio


o Leveza – pouco impacto visual
o Beleza – desperta admiração e agrado

Em relação ao que o ambiente interior transmite, os parâmetros de avaliação são os seguintes:

o Luminosidade – qualidade da luz


o Conforto – bem-estar, comodidade
o Desafogo – arejado, aberto, leve

A terceira questão direcciona-se para o conjunto, elementos de sombreamento e ambiente interior, sendo
colocados por ordem de preferência.
É ainda assinalada uma área para que os inquiridos possam referir observações que considerem
relevantes para a avaliação dos modelos.
Após a recepção de todos os inquéritos, os dados são transportados para tabelas e gráficos que permitem
e facilitam a comparação entre os diferentes modelos.99

De seguida é realizada uma breve descrição dos resultados obtidos com possíveis justificações das
respostas dos inquiridos, segundo as suas observações.

Elementos de Sombreamento:

Em relação aos elementos de sombreamento, a nível da Harmonia, o Modelo Comum (A) é o que
transmitiu maior equilíbrio proporcional, para os inquiridos, o que se pode justificar pela geometria regular e
equilibrada dos elementos de sombreamento. O Modelo Base (B) é o que transmite menor harmonia, pois
as diferenças de dimensões e proporções entre os módulos deste vão, direccionam para isso.

                                                            
99
Ver Anexo 13.2 – Inquérito: Apresentação de resultados

95

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UM NOVO MÉTODO DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

 
Os resultados semelhantes em relação ao parâmetro da Leveza também o justificam, pois uma maior
Harmonia traduz-se num menor impacto visual, sendo o Modelo Comum (A) caracterizado por Muita
Leveza, enquanto o Modelo Base (B) por Pouca Leveza. Neste parâmetros, considero que os inquiridos
são influenciados pela questão de maior ou menor obstrução do vão e por isso a maior discrepância entre
estes dois modelos enquanto os Modelos A1 (C), A2 (D), A3 €, A4 (F) resultam em valores mais próximos.
Apesar da proximidade de valores entre estes Modelos nos parâmetros da Harmonia e Leveza, o Modelo
A4 (F), acaba por se destacar ligeiramente face aos restantes, sendo isso transmitido no parâmetro Beleza,
pois são os elementos de sombreamento do Modelo A4 (F) que transmitem maior admiração e agrado, o
que se pode justificar pela transparência que os caracteriza, enquanto o Modelo Base (B), que adicionado
à sua Razoável Harmonia e Pouca Leveza é o que desperta menor agrado visualmente.

+ -
Harmonia: Modelo Comum (A) Modelo Base (B)

Leveza: Modelo Comum (A) Modelo Base (B)

Beleza: Modelo A4 (F) Modelo Base (B)

Tabela 12 – Resultados do inquérito em relação aos Elementos de Sombreamento

Ambiente Interior:

Quando se refere aos parâmetros qualitativos do Ambiente Interior, a preferência pelos Modelos altera-se
ligeiramente. A nível da qualidade de Luminosidade é o Modelo A4 (F), transmite maior qualidade, o que se
justifica mais uma vez pela sua transparência. Assim como foi referido nas Observações, os inquiridos
consideram uma maior qualidade na Luminosidade quando a sombra dos elementos tem diferentes
densidades, não consistindo num forte contraste Luz-Sombra. O Modelo A2 (D) é o considerado com
menor qualidade de luz, o que se justifica pela materialidade dos elementos de sombreamento, reflectindo-
se num ambiente mais escuro.

Em relação ao parâmetro Conforto, as avaliações são bastante equilibradas, mas é o Modelo Base (B),
que obtém melhores resultados, o que se pode dever à questão da irregularidade das sombras no
ambiente, logo seguido do Modelo A4 (F), devido às diferentes densidades das sombras, diminuindo o seu
contraste, como já foi referido. É o Modelo A2 (D), que obtém a avaliação mais baixa, que mais uma vez é
influenciada pela materialidade dos elementos de sombreamento que resultam num ambiente.

No parâmetro Desafogo, os resultados são bastantes claros, é o Modelo Comum (A) que é considerado o
mais desafogado, pois a não existência de elementos na frente do vão, remetem directamente para essa
sensação, sendo pelo razões contrárias o Modelo Base (B), considerado como Pouco Desafogado,
enquanto os restantes Modelos transmitem um bom equilíbrio, entre a questão de atravessamento de
elementos no vão, e uma ambiente interior com Bom Desafogo.

96

 
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3. Estudo de uma Metodologia: Equilíbrio entre Sombra e Luz

+ -
Luminosidade: Modelo A4 (F) Modelo A2 (D)

Conforto: Modelo Base (B) Modelo A2 (D)

Desafogo: Modelo Comum (A) Modelo Base (B)

Tabela 13 – Resultados do inquérito em relação ao Ambiente Interior

Ordem de Preferência:

Na terceira questão do inquérito, o modelo preferido pelos inquiridos, tendo em conta todas as
características de conjunto é o Modelo A4 (F). Um dos inquiridos refere nas observações que nesta
questão não atribui o segundo lugar porque na sua opinião, este modelo destaca-se de todos os outros,
devido à geometria em conjunto com a materialidade dos elementos de sombreamento e o ambiente
lumínico resultante que obtém um bom equilíbrio no contraste Luz-Sombra. É o Modelo A2 (D), que pelas
razões já referidas nos parâmetros anteriores que é o modelo menos preferido dos inquiridos.
Surpreendentemente o modelo Comum, apesar das boas avaliações nos parâmetros anteriores, este é
considerado dos menos preferidos no seu conjunto, talvez por não apresentar originalidade na geometria
dos elementos de sombreamento.

1º Modelo A4

2º Modelo A1

3º Modelo A3

4º Modelo Base

5º Modelo Comum

6º Modelo A2
 
Tabela 14 - Resultados do inquérito em relação à Ordem de Preferência dos Modelos

97

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Conclusões

 
CONCLUSÕES

A abordagem a este tema pretende deixar perceptível que a profissão de arquitecto deve ser
consciencializada da complexidade que envolve o desenho de sistemas de sombreamento em fachadas.
Este desenho procura articular um conjunto de necessidades que o arquitecto deve traduzir em soluções
arquitectónicas que contribuam para uma Arquitectura Bioclimática, com eficiência energética e conforto
para o ocupante, enquanto perspectiva funcional e que proporcionem uma expressão arquitectónica de
carácter e qualidade, enquanto perspectiva estética.

Apoiados numa visão holística, vários princípios técnicos são considerados e destacados, demonstrando
que o adequado desempenho dos Sistemas de Sombreamento está associado ao controlo dos conceitos
da Geometria Solar, da Radiação Solar, do Sombreamento e da Iluminação. O objectivo é esclarecer as
premissas e condicionantes básicas que devem ser consideradas no princípio de um estudo.
Tendo em conta a adequação destes princípios técnicos, os Sistemas de Sombreamento são considerados
estratégias fundamentais na Arquitectura Bioclimática, perante as necessidades de arrefecimento,
iluminação, contributo para o aquecimento ou complemento a outras estratégias que visam o aumento da
qualidade da Arquitectura.

Na antiguidade, quando as tecnologias disponíveis eram mais simples, o arquitecto dominava a


construção, através de uma relação próxima com a sua obra, adequando a envolvente às condições
climáticas rigorosas. A fachada sempre funcionou como um elemento regulador das condições ambientes,
na admissão de luz natural, nos ganhos e perdas de calor e na renovação de ar. Séculos mais tarde, no
período de maior expansão tecnológico, verifica-se uma acomodação do arquitecto às novas técnicas e
materiais, esquecendo em parte a adequação da arquitectura ao clima e ao local, levando à excessiva
utilização de sistemas artificiais e mecânicos que resolviam os problemas decorrentes da inadequação do
edifício às necessidades.
Após a crise energética e o conhecimento do impacto ambiental do Homem no planeta, surge a
necessidade de procurar respostas arquitectónicas associadas às tecnologias disponíveis e em comum
com a ideia de preservação ambiental.

O crescente investimento em Sistemas de Sombreamento é uma resposta a essas preocupações. No


mercado encontram-se disponíveis um vasto tipo de sistemas de sombreamento que procuram adaptar-se
a diferentes situações e à evolução das necessidades. É objectivo sistematizar, classificar e categorizar os
grandes grupos de sistemas de modo a promover uma aplicação adequada à situação e às condições
locais.

Por outro lado, é evidenciada a preocupação de arquitectos em produzir sistemas de sombreamento que
resultam de adaptações de sistemas existentes ou pequenas criações, resultados de um trabalho
interdisciplinar com outros profissionais, na procura, não só, de um desempenho optimizado, como de uma
imagem singular e caracterizadora da fachada do edifício.

98

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Conclusões

 
O enquadramento realizado, a apresentação dos princípios envolvidos e a descrição dos sistemas
pertinentes no estudo, destacam a necessidade de investir em sistemas de fachada que particularizam o
edifício e respondem às necessidades de sombreamento e iluminação. A partir deste ponto, três ideias
base orientam o desenvolvimento de um método de projecto:
o Optimização do Sombreamento
o Intenção Arquitectónica
o Equilíbrio do nível de Iluminação

Neste sentido, a integração das condições locais são o ponto de partida para o desenvolvimento do estudo
de um Sistema de Sombreamento optimizado, ou seja, evitar a entrada do Sol no período quente do ano e
nas horas de calor do dia, maximizando a estratégia de arrefecimento. A motivação, parte da possibilidade
de concepção de uma linguagem arquitectónica distinta e dependente das características locais e
condições solares, que a fachada se expõe.

Em parte, o desenho modular inicial também influencia no resultado final, o que permite referir que a
proporção dos módulos deve se articular ao tipo de sombreamento, horizontal ou vertical. No caso de
estudo, como são utilizados elementos horizontais de sombreamento, uma proporção de módulos com
maior dimensão na largura é mais adequada e por isso, nos módulos altos, os elementos de
sombreamento assumem proporções desequilibradas no conjunto do modelo.

A escolha de elementos de sombreamento horizontais face aos verticais justifica-se pela melhor resposta
que o sombreamento horizontal oferece não só para a orientação sul como foi evidente, mas também para
as orientações Nascente / Poente. Os elementos de sombreamento verticais acabam por funcionar
principalmente como bloqueadores da entrada de luminosidade.

A dimensão que os elementos adquirem, para que no período pretendido o sombreamento resulte
optimizado, é um factor que também é tomado em consideração, pois é objectivo que estes elementos não
prejudiquem o período que a entrada do Sol é desejado. Conclui-se que o Modelo A é o que melhor
consegue esse equilíbrio, devido à repartição do vão, permitindo a diminuição da dimensão da largura dos
elementos de sombreamento e daí a entrada dos raios Solares a uma maior distância do espaço, ao
contrário do que acontece no Modelo Comum.

No estudo lumínico, as condições de realização das medições são fundamentais para a obtenção de
resultados efectivos. O Factor Luz-Dia anula as oscilações dos valores perante um ambiente de
distribuição de Luz Difusa e permite concluir através dos dados comparativos entre os diferentes modelos
concebidos.

Um factor presente na obtenção de um bom equilíbrio entre a sombra e a luminosidade é a quantidade de


superfície de reflexão, pois quanto mais superfície tiverem os elementos de sombreamento para permitir a
reflexão da luz, maior nível de luminosidade pode ser transmitido para os espaços mais distantes do vão.
O Modelo A é o exemplo de um adequado equilíbrio neste factor, em simultâneo com a pouca obstrução
visual que esses elementos provocam.
99

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Conclusões

 
A materialidade dos elementos de sombreamento influencia em muito as condições lumínicas e por isso a
adequação do tipo de material, textura, cor, ao nível de sombreamento é essencial para obter um nível de
reflectância que resulte em boas condições lumínicas. Por exemplo, um espaço demasiado escuro, pode
dever-se à utilização de uma materialidade com pouca reflectividade, como demonstrou os Modelos A2 e
A3, em comparação aos Modelos A1 e A4.

A utilização nos elementos de sombreamento de materiais que permitem a penetração da luminosidade


pode também ser vantajosa para a questão do equilíbrio entre a Sombra e Luz. Apesar de estes espaços
obterem um menor nível luminosidade, em relação aos espaços sombreados por elementos opacos,
devido à menor quantidade de superfície de reflexão, estes originam sombras com diferentes densidades
que atenuam o efeito do contraste Luz-Sombra e por isso resulta num ambiente lumínico de maior
harmonia e uniformidade, como é o exemplo do Modelo A4.

Em suma, a abordagem deste tema procura perceber com maior detalhe o equilíbrio entre sombreamento
optimizado e a luminosidade resultante, através de uma pesquisa de conceitos no âmbito da Arquitectura
Bioclimática e da experimentação de modelos.
A proposta de um método de concepção e dimensionamento de um sistema de sombreamento inovador,
parte de uma intenção formal e estética do arquitecto, procurando resolver a complexidade das questões
inerentes ao usual conflito entre a necessidade de sombra e níveis de luminosidade. O método comprova a
eficácia de sombreamento igual entre os modelos criados, mas melhores níveis de iluminação para o
modelo A, além de ser este o modelo com o impacto mais positivo entre os inquiridos.
O potencial deste método passa assim pela criação de elementos de geometria não convencional que
possibilitam diferentes imagens, dependente de quem os concebe e das características locais.

100

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Bibliografia

 
BIBLIOGRAFIA

Livros:

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Architects, London: Published for the Commission of the European Communities by B.T. Batsford.

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VIQUEIRA, Manuel Rodríguez entre outros (2001) – Introducción a la Arquitectura Bioclimática, México:
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101

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Bibliografia

 
Dissertações:

CUNHA, Márcio Manuel Ferreira (2005) – “Vãos Envidraçados. Geometria de Insolação – Optimização de
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LAMBERTS, Roberto, DUTRA, Luciano, PEREIRA, Fernando O. (1997) – Eficiência energética na


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LANHAM, Ana, GAMA, Pedro, BRAZ, Renato (2004) – Arquitectura Bioclimática: Perspectivas de inovação
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SANTOS, António J. C. (2007) – “A Iluminação nos Edifícios. Uma Abordagem no Contexto da


Sustentabilidade e Eficiência Energética”, LNEC, Lisboa.

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Evaluation of Solar Shading Systems”, nstituto Superior Técnico, Lisboa.

Capítulos inseridos em livros:

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BAKER, Nick e STEEMERS, Koen (2002) – “Shading design” in Daylight Design of Buildings, James &
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ROAF, Sue, FUENTES, Manuel, THOMAS, Stephanie (2003) – "Guide Passive Solar Design” in Ecohouse
2: A Design, 2ªedição, Oxford, Architectural Press, p. 173 a 197.

YEANG, Ken (1996) – “External wall and cladding” in The Skyscraper bioclimatically considered. A design
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Artigos inseridos em revistas:

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and Hutton’s distinctive approach to colour), Domus 860, Junho 2003, Milão, p.55 a 64.

CURTIS, William J.R. (1998-2002). “The nature of artifice [A conversation with Jacques Herzog]”, El
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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Bibliografia

 
NAUMANN, W (2003). “Sporthalle in Leipzig”, Detail 12/2003, Putz und Farbe, Edition Detail, München,
p.1431 a 1432.

MEISSNEST, Heinz (2004). “Landesdenkmalamt in Esslingen”, Detail 4/2004, Bauen mit Licht, Edition
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PATÓN, Vicente (2006) “Una historia Superficial”, Tectónica: fachadas ligeras, Envolventes (1), Janeiro
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PRÖSLER, Martin (2005). “Landesdenkmalamt Esslingen”, Glas 4/2005.

SCHÄFER, Stefan (2003) “Metal Façade Finishings”, Detail 1+2/2003: Steel Construction, Edition Detail,
München. p.90 a 100

SCHÄFER, Stefan (2003) “Metal Mesh Facades”, Detail 7+8/2003: Facades, Enveloppes, Edition Detail,
München. p.827 a 834

SCHITICH, Christian (2004). “Glas und Farbe – Ein Gespräch mit Matthias Sauerbruch”, Detail 10/2004,
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COSTA, Arq. Jorge Graça (2003) “Arquitectura Sustentável” [6/07/2008], Disponível em:
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DILÃO, Rui (1999) “Latitudes e Longitudes” in Ministério da Ciência e Tecnologia [13/10/2008], Disponível
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FEIO, António (2006). Arquitectura Bioclimática, [25/09/2008], Disponível em:


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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Bibliografia

GONÇALVES, Helder, GRAÇA, João Mariz (2004) “Conceitos Bioclimáticos para os Edifícios em Portugal”
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TIRONE, Lívia (2007) “Sombreamento exteriores”, [25/09/2008], Disponível em:


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Saint-Gobain-Glass - “Informações Técnicas: Vidro e Radiação Solar” [02/11/2008], Disponível em:


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Sites de informação genérica:

http://www.google.pt/
http://pt.wikipedia.org/wik/
104

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO
Bibliografia

 
http://www.priberam.pt/

http://www.construcaosustentavel.pt/tags/Sombreamento
http://tironenunes.pt/
http://seminarios.ist.utl.pt/

http://www.facal.pt/
http://fr.saint-gobain-glass.com/

http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/
http://www.adene.pt/ADENE/
http://www.arcoweb.com.br/
http://www.arquitecologia.org/
http://www.compagno.ch/EN/welcome_EN.htm
http://ecoarkitekt.com/
http://housingprototypes.org/

http://www.detail.de/
http://www.domusweb.it/home.cfm

http://www.cienciaviva.com/home/
http://www.learn.londonmet.ac.uk/
http://www.pilkington.com/the+americas/brazil/portuguese/

http://gaia.lbl.gov/hpbf/techno_a.htm
http://www.dee.ufc.br/
http://www.labcon.ufsc.br/
http://www.usp.br/fau/deptecnologia/docs/bancovidr

105

 
O PAPEL DOS SISTEMAS DE SOMBREAMENTO NO DESEMPENHO E IMAGEM DA FACHADA

Anexos  

 
 
ANEXOS

106

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
INDICE ANEXOS

Anexo 1. Instrumentos para Estudos da Geometria Solar ..........................................................................................................109


Anexo 1.1. Tabela das Coordenadas Horizontais para Lisboa ...................................................................................................110
Anexo 1.2. Carta Solar de Lisboa ...............................................................................................................................................111
Anexo 1.3. Transferidor Auxiliar ..................................................................................................................................................111

 
Anexo 2. Princípios Solares ........................................................................................................................................................112
Anexo 2.1. Tabelas do Coeficiente de Sombreamento segundo Olgyay ....................................................................................113

 
Anexo 3. Friso Cronológico de Evolução das Fachadas .............................................................................................................115

 
Anexo 4. Sistemas de Mercado ..................................................................................................................................................117
Anexo 4.1. Empresas de comercialização ..................................................................................................................................118
Anexo 4.2. Imagens de Sistemas comercializados .....................................................................................................................122
Anexo 4.2.1. PALAS ..........................................................................................................................................................123
Anexo 4.2.3. MALHAS METÁLICAS .................................................................................................................................125
Anexo 4.2.4. PORTADAS ..................................................................................................................................................126
Anexo 4.2.5. VENEZIANAS...............................................................................................................................................127
Anexo 4.2.6. ESTORES DE BANDAS HORIZONTAIS .....................................................................................................128
Anexo 4.2.7. TELAS DE ROLO .........................................................................................................................................129
Anexo 4.2.8. CORTINAS ...................................................................................................................................................130
Anexo 4.2.9. TOLDOS .......................................................................................................................................................131
Anexo 4.2.10. VIDROS AVANÇADOS DE CONTROLO SOLAR .....................................................................................132

 
Anexo 5. Exemplos de Adaptações dos Sistemas de Sombreamento por Arquitectos ..............................................................133
Anexo 5.1. Parcela do Conjunto de Edifícios na Rue des Suisses .............................................................................................134
Anexo 5.2. Centro Comercial Fünf Höfe .....................................................................................................................................136
Anexo 5.3. Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica ...................................................................................................................138
Anexo 5.4. Edifício extensão da Nikolai School ..........................................................................................................................140
Anexo 5.5. Edifício de Escritórios em Esslingen .........................................................................................................................142
Anexo 5.6. Edifício de Habitação Social Carabanchel 16 ...........................................................................................................144

 
Anexo 6. Estudos prévios do Vão ...............................................................................................................................................146

 
Anexo 7. Apresentação dos resultados de optimização do Sombreamento para cada módulo .................................................148

 
Anexo 8. Exemplos da Imagem de um Edifício ...........................................................................................................................156

 
Anexo 9. Características do material metálico ............................................................................................................................158

 
107

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 10. Correcção do Norte Geográfico .................................................................................................................................159

 
Anexo 11. Características do Equipamento Fotográfico .............................................................................................................160

 
Anexo 12. Registos Fotográficos ................................................................................................................................................161
Anexo 12.1. Luz Difusa ...............................................................................................................................................................162
Anexo 12.2. Luz Directa ..............................................................................................................................................................165

 
Anexo 13. Inquérito .....................................................................................................................................................................169
Anexo 13.1. Formulário de Inquérito ...........................................................................................................................................170
Anexo 13.2. Apresentação dos resultados ..................................................................................................................................171

108

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 1. Instrumentos para Estudos da Geometria Solar

109

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 1.1. Tabela das Coordenadas Horizontais para Lisboa

Coordenadas Solstício Solstício


Horas 15 Setembro Equinócios
Horizontais Verão Inverno

Azimute (a) 119º 144º 146º 156º


10h
Altura (h) 64º 49º 47º 24º

Azimute (a) 149º 167º 168º 171º


11h
Altura (h) 73º 54º 52º 28º

Azimute (a) 199º 192º 193º 187º


12h
Altura (h) 74º 54º 52º 28º

Azimute (a) 235º 215º 214º 202º


13h
Altura (h) 67º 49º 47º 25º

Azimute (a) 254º 233º 232º 215º


14h
Altura (h) 56º 41º 39º 19º

Azimute (a) 266º 247º 245º 227º


15h
Altura (h) 45º 31º 29º 12º

Valores das coordenadas horizontais para a latitude 38º4’ e longitude 9º1’ referente a Lisboa
Fonte: Softwares AUTOCAD e SUNTOOL

110

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 1.2. Carta Solar de Lisboa

Fonte: Geometria da Insolação

Anexo 1.3. Transferidor Auxiliar

Fonte: Geometria da Insolação

111

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 2. Princípios Solares

112

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 2.1. Tabelas do Coeficiente de Sombreamento segundo Olgyay
Fonte: Arquitectura e Clyma: Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanistas

1,00
1,00
Vidro simples

0,91
Tela de Rolo interior, escura, meio corrida
0,90

0,81 0,81
Tela de Rolo interior, tom médio, semi-fechada Tela de Rolo interior, escura, fechada
0,80

0,75
Veneziana interior, escura, fechada

0,71
Tela de Rolo interior, clara, semi-fechada
0,70

0,66
Vidro controlo solar de 6mm de espessura 0,65
Veneziana interior, tom médio, fechada

0,62
Tela de Rolo interior, tom médio, fechada
0,60
0,60
Vidro dulpo, simples + controlo solar, 6mm
0,58
Cortina de tecido, escura
0,56
Veneziana interior, clara, fechada

0,52
Vidro serigrafado de cor semi-escura

0,50

113

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

0,47
Cortina de tecido, tom médio
0,45
Veneziana interior de alumínio reflectante, fechada
0,43
Veneziana exterior basculante

0,40 0,40
0,40
Tela de Rolo interior, clara, fechada Cortina de tecido, clara

0,32
Lamelas verticais fixas, exteriores, a este ou oeste

0,30

0,25 0,25
Toldo exterior inclinado, escuro Toldo exterior inclinado, escuro

0,20

0,15 0,15
Veneziana exterior, clara Veneziana exterior, basculante, clara

0,10 0,10
0,10
Lamelas horizontais, exteriores, móveis Lamelas verticais, exteriores, móveis

0,00

114

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 3. Friso Cronológico de Evolução das Fachadas

115

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

116

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4. Sistemas de Mercado

117

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.1. Empresas de comercialização

Tipo de
Classificação Variantes Materiais Empresas Observações
sistema

Corpo da construção

Alumínio Colt . Podem por vezes


Verticais
funcionar como ligth
Palas Exteriores Fixos Levolux shelves
Vidro
Horizontais ShadeFactor
Células Fotovoltaicos

Controsol
Fixos Hunterdouglas
Metálicas / Alumínio Levolux
Exteriores ShadeFactor
Vidro . Além da variedade
Colt
Verticais de materiais, são
Lamelas / Móveis Madeira Schüco também diversificadas
Brise soleil Bomin Solar nas suas dimensões,
Horizontais nos métodos de
Painéis Fotovoltaicos Cruzfer
fixação e aplicação.
Dynastore
Painéis Prismáticos
Saint-Gobain
Interiores Móveis
Extrusal
Represtor
Traçados PoterSoar
metálicos KabelMetaal
Malhas
Exteriores Fixos
metálicas GKD
Sistema em
Tensão Cruzfer
MDF Extrusal
Batente Rollashield
Interiores Madeira Schüco
Portadas Móveis Deslizante Alustore by
Alumínio
siproflex Southo
Exteriores Enrolar Arquijan
PVC
Cubistral
Luxaflex
Hofesa
EstoresFVM
MHZ
Interiores Levolux
Controsol
ShadeFactor
Siproflex
Schüco
Dynastore
Griesser
Venezianas / SunRoll
Madeira, Alumínio,
Estores Móveis
PVC Tecnolight
laminados
Verosol
Dynastore
Cubistral
Represtor
Exteriores
Retro Solar
Warema
Hagen
Pellini
Alustore
Shade Factor
Cruzfer

118

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Tipo de
Classificação Variantes Materiais Empresas Observações
sistema

Alustore
Represtor
Rollashield
Estores de Alumínio Siproflex
bandas Griessier
Exteriores Móveis
horinzontais PVC Controsol
de rolo Cubistral
AlumínioNelugo
Arquijan
   Warema   
ShadeFactor
Griesser
Luxaflex
Tecnolight
Controsol
Exteriores MHZ . Podem funcionar
EstoresFVM como um sistema
Tecido
Hofesa black out, ou seja,
Corrente
Ripas de Madeira Dynastore impede a 100% a
Mola SunRoll
entrada dos raios
Telas de rolo Móveis PVC (reforçada com Represtor
fibra de vidro) solares e da luz
Manivela Lutron
Levolux natural
Motorizado Cruzfer
Verosol
AlumínioNelugo
Interiores Warema
Pellini
Solscreen
Filtro solar Cruzfer
Dynastore   
Luxaflex
Levolux
Hofesa
Siproflex
Romanas
SunRoll by
Tecido Transparente, Siproflex
Plissados
Translúcido ou opaco EstoresFVM . São utilizados como
elementos decorativos
Cortinas Bandas MHZ
ou como sistemas
verticais Controsol secundários 
PVC Represtor
Paineis Tecnolight
deslizantes
Dynastore
Warema
Velux
Pellini

Tecnolight
MHZ
Fixos Griesser
SunRoll . A sua utilização está
Policarbonato normalmente
Luxaflex
associada a situações
Lona ShadeFactor
Toldos Exteriores em que a arquitectura
Cruzfer não respondeu às
Cassete PVC Damasio necessidades
MiniMax térmicas do interior.
Móveis Articulados
ToldoDesign
Deslizantes Dynastore
Warema

119

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Tipo de
Classificação Variantes Materiais Empresas Observações
sistema

Tela Amovível

Lâminas Amovíveis e orientáveis


Retro Solar
Painéis capilares translúcidos,
Okalux
Vidros de (cobertos com fibra de vidro ) Solscreen
Controlo Solar 3M
Rede metálica Pilkington
Saint-Gobain
Grade de madeira

Filtro ou película solar


  

Sites das Empresas:

Empresa WebSite Data Observações

http://solutions.3m.co.uk/wps/portal/3M/en_GB/GlazingProt
3M ectionFilms/Home/ProductsAndServices/ProductInformation 01-05-2008
/SolarFilms/

Portadas e estores em
ALUMÍNIONELUGO http://www.aluminiosnelugo.net/ 07-10-2008 alumínio

ALUSTORE http://www.alustore.ch/anglais/enter.html 30-04-2008

Desenham Portadas e
ARQUIJAN http://www.arquijan.com/default.asp 07-10-2008 estores em PVC

Películas para protecção


http://www.batelfilms.com.br/produtos.htm 29-09-2008 solar dos vidros
BATELFILMS 

Sistemas de lamelas de
BOMIN SOLAR http://www.bomin-solar.de/english2.htm 07-09-2008 sombreamento
(associada à COLT)

Desde de sistemas de
palas móveis, brise-
A CACHADA http://www.acachada.pt/ 28-03-2009 soleil, a venezianas e
estores de enrolar
Concebe sistemas,
trabalhando
COLT http://www.coltinfo.co.uk/ 10-08-2008 directamente com os
arquitectos

CONTROSOL http://www.controsol.pt 01-05-2008

Sistemas de
CRUZFER http://www.cruzfer.pt/cgi-bin/cruzfer/intro.html 07-09-2008 sombreamento desde de
lamelas, estores ou telas

Portadas, estores,
CUBISTRAL http://www.cubistral.pt/cgi-bin/cubistral/ 10-08-2008 venezianas

DAMASIO http://www.damasiotoldosepaineis.com.br/?link=empresa 02-05-2008

DYNASTORE http://www.dynastore-sa.com/ 02-05-2008

ESTORES FVM http://www.estoresfvm.com/ 01-05-2008

EXTRUSAL http://www.extrusal.pt/prod/helios.asp 30-04-2008

GKD http://www.solidweave.com/ 01-05-2008

120

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

GRIESSER http://www.griesser.ch 01-05-2008

http://www.hagen.dk 07-10-2008 Apenas venezianas


HAGEN
HOFESA http://www.hofesa.pt 30-04-2008

HUNTERDOUGLAS http://www.hunterdouglas.com.br/ 30-04-2008

KABELMETAAL http://www.kabelzaandam.nl/ 01-05-2008

Adapta os sistemas que


LEVOLUX http://www.levolux.com/L_products/products.htm 10-08-2008 produz à vontade do
arquitecto
Sistemas de
LUTRON http://www.lutron.com 07-09-2008 sombreamento interiores
de rolo
(Associada à empresa
LUXAFLEX http://www.luxaflex.com.br 10-08-2008 Hunterdouglas)

METALDATA http://www.metaldata.pt/ 01-05-2008

MHZ http://www.mhz.de/ 10-08-2008

MINIMAX http://www.toldosminimax.com.br 02-05-2008 Toldos

Sistemas de painéis de
OKALUX http://www.okalux.de/unternehmen.html 07-09-2008 vidro com persianas e
isolamentos no interior

http://www.pellini.net 07-10-2008
PELLINI
http://www.pilkington.com 07-10-2008 Vidros de controlo solar
PILKINGTON
POTTER AND SOAR http://www.architecturalmesh.co.uk/ 01-05-2008

REPRESTOR http://www.represtor.com/index.asp 30-04-2008

Estuda os perfis das


lâminas para a reflexão
RETRO SOLAR http://www.retrosolar.de/de/retrosyst_de.html 24-05-2008 dos raios solares
(associada à Okalux)

Adapta os estores de
ROLLASHIELD http://www.rollashieldnsw.com.au/index.htm 25-01-2008 enrolar a diversos tipos
de sistemas
Vidros de controlo solar
http://www.saint-gobain-glass.com 07-10-2008 e lamelas em vidro
SAINT-GOBAIN
http://www.schueco.pt/ns_cda/index/1,14113,3035302d323 Lamelas e venezianas
SCHÜCO 335342d372d363338352d3731333735312d302d535444,00 10-01-2008 adaptados a diferentes
.html mecanismos

SHADE FACTOR http://www.shadefactor.com.au/ 25-01-2008

SIPROFLEX http://www.siproflex.com 30-04-2008

SOLSCREEN http://www.solscreen.com 30-04-2008

SOUTHO http://www.southo.com.pt 02-05-2008 Portadas em Alumínio

SUNROLL http://www.sunroll.nl/ 30-04-2008

TECNOLIGHT http://www.tecnolight.pt/ 01-05-2008

TOLDODESIGN http://www.toldodesign.pt 02-05-2008

VEROSOL http://www.verosol-commercial.com/en/ 01-05-2008

http://www.warema.de 07-10-2008
WAREMA

121

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2. Imagens de Sistemas comercializados

122

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.1. PALAS

Horizontais

Corpo da Construção Lamelas de Alumínio

Palácio da Justiça, Óscar Niemeyer - Brasília Flowers Building, Nicholas Hare Architects
Realização em obra Levolux

Verticais

Corpo da Construção

Cité de Refuge, Le Corbusier - Paris Moradia e Atelier, Alfred Roth- Zurich


Realização em obra Realização em obra

123

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.2. LAMELAS ou BRISE-SOLEIL

Horizontais

Fixas de Alumínio Fixas de Madeira

Stand Mercedes Benz, Bruno Widmann - Piano Buildngs, Garnett Netherwood -


Germany Kidderminster
Colt Levolux

Móveis de Vidro Móveis com Células Fotovoltaicas Móveis de Vidro Prismático

Sede de Escritórios Daimler Benz, Heraeus, Mr Jochen Tenter - Frankfurt Bomin Solar
Daimler-Benz
Renzo Piano – Germany Colt
Colt

Verticais

Móveis de Alumínio Móveis de Vidro Serigrafado Móveis de Vidro

Malvern Hills Science Park, Rubicon Design - Orestadens Gymnasium, 3XN Danish – Eawag's Forum Chriesbach, Bob Gysin e
Worcestershire Denmark Partner BGP ‐ Switzerland 
Colt Colt Colt

124

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.3. MALHAS METÁLICAS

Exemplos de Tramas:

Fachadas

Oxford Science Park, Ian Ritchie Architects - Rathaus Innsbruck, Dominique Perault - Áustria Tour Vigie ADP, Explorations Architecture -
Birmingham KabelMetaal  França
Potter & Soar KabelMetaal 

Louis Vuitton shop, Jun Aoki - Japan


KabelMetaal 

125

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.4. PORTADAS

Exteriores:

Tradicional batente Batente Deslizante

AlumíniosNelugo Southo Schucco

Batente com perfis orientáveis Batente com perfis fixos

Rollashield Rollashield

Interiores

Batente em MDF

Cubistral

126

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.5. VENEZIANAS

Exteriores:

Alumínio Alumínio pintado

Represtor Hofesa Shücco

Interiores:

Alumínio Alumínio pintado

Luxaflex MHZ

Madeira Madeira pintada

Luxaflex Dynastore Hofesa

127

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.6. ESTORES DE BANDAS HORIZONTAIS

Alumínio PVC Cores

Aplicação da caixa do estore

Exemplos:

Warema Griessier

128

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.7. TELAS DE ROLO

Corrente Mola Manivela Motorizado

Exteriores:

PVC

ShadeFactor Griessier Dynastore

Interiores:

PVC Ripas de Madeira Tecido

Luxaflex Estores FVM Dynastore Hofesa

Filtro Solar

Anexo 2.2.8 Dynastore


– Cortinas Solscreen

129

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.8. CORTINAS

Romanas

Hofesa Siproflex Luxaflex

Plissados

Controsol Controsol Luxaflex

Bandas verticais

Represtor Hofesa

Painéis deslizantes Lâminas

Luxaflex Luxaflex
130

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.9. TOLDOS

Fixos:

Capota em Lona Capota em Policarbonato Capota em Policarbonato de cor

Damasio Damasio Damasio

Móveis:

Articulado em Lona Pivotante em Lona Vertical em Lona

Luxaflex Luxaflex Luxaflex

Drapeado em Lona Vertical com braço pivot em PVC

Toldo design MHZ

131

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 4.2.10. VIDROS AVANÇADOS DE CONTROLO SOLAR

Intercamada no vidro duplo:

Painéis capilares translúcidos, cobertos com fibra de vidro

Oxford University Library, Foster and Sports Hall, Tobias Rufting Atkins Museum of Art, Steven Holl
Partners – Oxford - Burgweinting Architects - Kansas City, USA
Okalux Kapilux, Okalux Okapane, Okalux

Lâminas Amovíveis e orientáveis Rede metálica Grade de madeira

Shalom Europa, Grellmann Kriebel The Time House of the Automobile, University of Technology and Economics, MGF
Teichmann - Würzburg Henn Architects - Wolfsburg Architekten – Aalen, Gerrmany
Okasolar, Okalux Okatech, Okalux Okawood, Okalux

Película Solar

Solscreen

132

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5. Exemplos de Adaptações dos Sistemas de Sombreamento por Arquitectos

133

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.1. Parcela do Conjunto de Edifícios na Rue des Suisses

 
PARCELA DO CONJ. DE EDIFICIOS NA RUE DES SUISSES  
  

Localização: Paris, França Data: 1996/2000


  

Arquitecto: Herzog, Jacques e Pierre de Meuron


     

  
             

Opções de Projecto

Programa: Edifício de Habitação com apartamentos de T2 a T4 e estacionamento

Nº de Pisos: 3 pisos de Habitação e cave de estacionamento

Edifício ao longo de uma pátio estreito, com três átrios de acesso aos fogos e
Tipologia Construtiva:
uma galeria no piso térreo, que relaciona directamente o jardim ao edifício.

           

Solução Construtiva
 

Acabamentos exteriores: Madeira e Alumínio


  
  
Tiras de madeira horizontais que se enrolam
na vertical, deslizando por carrilhos de
alumínio que emolduram e configuram a
Sistema de Fachada:
forma curva e ondulante da fachada. Permite
a entrada completa de luz natural, quando
aberto e quando fechado ou semi-fechado. Detalhe vertical da Fachada
  

  
             
Observações:
A desvantagem do sistema passa pelo aspecto de que quando este cumpre a função de sombrear, não
permite a entrada de luz natural.

134

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 1

Fachada Poente – voltada para o Pátio

Vista geral do Edifício e Pátio Galeria para o Pátio, fechada


com o sistema de portadas

Detalhe Vertical da Fachada nos três Pisos do


Edifício

Alçado geral da Fachada a Poente

135

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.2. Centro Comercial Fünf Höfe
 
 
CENTRO COMERCIAL FÜNF HÖFE  
  

Localização: Munique, Alemanha Data: 1999/2003


  

Arquitecto: Herzog, Jacques e Pierre de Meuron


     

              

Opções de Projecto

Programa: Centro comercial, restauração, galeria de arte, escritórios e habitação

Nº de Pisos: 5 a 6 pisos - actividades lúdicas no piso térreo e escritórios e habitação nos restantes

Ocupação de um quarteirão inteiro por uma rede de passagens interiores que

Tipologia Construtiva: fazem a ligação entre cinco pátios destinados ao lazer, sendo também as
principais entradas de luz natural no interior. Alguns edifícios no limite do
quarteirão são inteiramente reconstruídos com novas técnicas e materiais.

           
 
Solução Construtiva  

Acabamentos exteriores: Folhas de metal perfuradas


  
  
Conjunto de folhas de metal (liga de bronze com
elevada percentagem de cobre) perfuradas,
num sistema tipo fole. Quando fechado,
permanecem como um revestimento de fachada
Sistema de Fachada:
plano e quando aberto agrupam-se
verticalmente em quatro folhas, funcionando
através de mecanismo motorizado que articula
os braços ligados às várias folhas de metal.
Detalhe horizontal da  Fachada

              
Observações:
O sistema quando semi-aberto ou fechado permite a protecção solar para o interior e também, devido à
perfuração do material, possibilita a entrada de luz natural ténue para o interior. Mesmo assim, este
sistema não obtém um adequado equilíbrio entre o controlo de sombra e o controlo de luz natural.

136

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 2

Fachada Nascente do Edifício - para a Rua Theatinerstrasse Vista geral da Rua Theatinerstrasse

Vista geral da Rua Fachadas para os Pátios interiores


Theatinerstrasse

Sistema de Fachada Metal perfurado Detalhe vertical do Sistema de Fachada


canelado

137

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.3. Laboratórios de Pesquisa Farmacêutica

 
LABORATÓRIOS DE PESQUISA FARMACÉUTICA  
  

Localização: Biberach, Alemanha Data: 2000/2003


  

Arquitecto: Sauerbruch Hutton Architects


     

              

Opções de Projecto

Programa: Gabinetes com instalação de trabalhos e laboratórios de investigação

Nº de Pisos: 7 pisos - piso térreo com átrios de acesso e os restantes com escritórios e laboratórios

Volume simples e contínuo organizado por um átrio de comunicações que


unifica as diferentes unidades do centro e que permite a entrada de luz natural
Tipologia Construtiva:
e a ventilação natural das áreas mais interiores. Os pisos superiores dividem-
se em duas áreas: os gabinetes orientados para o lado oeste, associadas às
instalações de trabalhos experimentais e os laboratórios orientados para este.

           

Solução Construtiva  
 
Acabamentos exteriores: Vidro colorido
  
  
Dupla pele de vidro em que a interior é incolor
e a exterior são lamelas verticais de vidro
colorido. Colocadas linearmente, podendo se
orientar através de um sofisticado sistema de
Sistema de Fachada:
construção. O acabamento das lamelas é
recobro esmaltado, permitindo a adequada
protecção à radiação solar e durabilidade,
Detalhe Horizontal da Fachada
além da permeabilidade da luz natural.
  
              
Observações:
Devido à materialização das lamelas em vidro, é de questionar o controlo da iluminação natural de um
sistema deste tipo, pois o brilho excessivo pode prejudicar o conforto visual no interior, assim como as
propriedades do vidro utilizado para permitir a protecção solar, resultando num sistema dispendioso.

138

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 3

Fachada Principal Alçado da Fachada Principal – Conceito de fachada

Vistas gerais das 4 Fachadas

Sistema de Fachada Caixa intersticial entre a pele Vista interior para o Vão de
exterior e a interior da Fachada fachada

139

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.4. Edifício extensão da Nikolai School
 
 
EDIFÍCIO EXTENSÃO DA NIKOLAI SCHOOL  
  

Localização: Leipzig, Alemanha Data: 2000/2003


  

Arquitecto: Schulz & Schulz


     

              

Opções de Projecto

Programa: Área de desporto: ginásio, balneários, administração e cafetaria

Nº de Pisos: 1 piso

Volume sóbrio e contínuo que destaca a continuidade com o edifício antigo do


Tipologia Construtiva:
século XIX, a nível do seu interior e através da materialização da fachada.

           
 
Solução Construtiva
 

Acabamentos exteriores: Padrões de gesso e alumínio


     
  
Conjunto de módulos de caixas de alumínio
preenchidas em padrões de gesso pré-
fabricado, revestido em resina sintética (anti-
graffiti) que oculta as fixações da caixa aos
Sistema de Fachada: perfis laterais em aço. Ao longo da face do
vão em vidro, os módulos são amovíveis,
girando em torno de um eixo fixo, um tubo de
aço inoxidável, permitindo assim a entrada de
Detalhe Vertical da Fachada
luz natural.
  

              
Observações:
Quando aberto este sistema responde tanto às necessidades de sombreamento, como às necessidades
de iluminação natural, pois a luz que entra é reflectida nos elementos horizontais, resultando no interior
uma iluminação mais difusa e confortável visualmente. O sistema propõe um equilíbrio entre o factor
sombra e o factor luz natural.

140

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 4

Vista geral do Edifício antigo com o novo Edifício Fachada principal do Novo Edifico
Módulos fechados

Fachada principal do Novo Edifico Fachada principal do Novo Edifico – imagem nocturna
Módulos abertos Módulos abertos

Sistema de Fachada Sistema de Fachada Vista do espaço interior com os módulos de Fachada
Módulos semi-abertos a 45º Módulos abertos a 90º Módulos abertos a 90º

141

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.5. Edifício de Escritórios em Esslingen

 
EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS EM ESSLINGEN  
  

Localização: Esslingen, Alemanha Data: 2003


  

Arquitecto: Odilo Reutter


     

             

Opções de Projecto

Programa: Espaços para escritórios, oficinas de trabalho e laboratórios

Nº de Pisos: 7 pisos com áreas de open space

Conjunto de uma torre organizada por um núcleo estrutural com as restantes


áreas livres e por isso mais flexíveis funcionalmente e outro bloco de menor
Tipologia Construtiva:
altura destinado a lojas de serviço, estando apenas ligados através do piso
subterrâneo. A torre é elemento relevante na questão abordada.

           
 NO VERÃO
Solução Construtiva  Perfil Superior Perfil Inferior

Acabamentos exteriores: Vidro e lâminas de alumínio


     
  Evitar a entrada dos raios solares
Lâminas introduzidas entre os dois panos de
vidro, tendo como base o sistema de NO INVERNO
Perfil Superior
mercado, tipo “Okasolar Retro, Okalux”.
Destaca-se o detalhe dos perfis das lâminas
e a função que desempenham: evitar o
Sistema de Fachada: Permitir a entrada dos raios solares,
sobreaquecimento do espaço nos períodos reflectindo para o interior do espaço.
Perfil Inferior
quentes, ajudar o aquecimento interior nos
períodos frios e controlar a iluminação
independente da direcção da luz, época do
ano ou as grandes profundidades do espaço. Permitir a entrada dos raios solares,
reflectindo para o tecto.   

           
Observações:
Este sistema procura cumprir as três funções essenciais: arrefecimento, aquecimento e iluminação. É de
questionar a pequena distância entre os panos de vidro, pois não permite espaço para a circulação de ar
e o aquecimento da pele de vidro é consequência.

142

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 5

Vista interior do Edifício Vista exterior do Edifício

Vidros com Mecanismo de


redirecção de Luz

143

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 5.6. Edifício de Habitação Social Carabanchel 16
 
 
EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO SOCIAL CARABANCHEL 16  
  

Localização: Madrid, Espanha Data: 2006/2007


  

Arquitecto: Foreign Office Architects


     

              

Opções de Projecto

Programa: Unidade de habitação social com estacionamento

Nº de Pisos: 6 pisos - apartamentos nos 5 pisos superiores e nos restantes estacionamento

Unidade residencial sustentável, de baixos recursos económicos e de carácter


prático no quotidiano. É bloco rectangular relativamente pequeno, com
Tipologia Construtiva: estacionamento nos pisos inferiores e 88 apartamentos estreitos que ligam as
duas fachadas principais nos pisos superiores. O bloco dispõe-se no eixo
norte-sul, ou seja, as fachadas enfrentam a orientação oeste e este.

           
 
Solução Construtiva
 

Acabamentos exteriores: Tiras de bambu em molduras de aço


     
  
Os pisos superiores compõem-se com telas
de 1,5m de largura em tiras de bambu,
assente em molduras dobráveis, que podem
ser controladas pelos utentes. Resulta uma
Sistema de Fachada: fachada dinâmica ao longo do dia, abertas ou
fechadas ao acaso. Quando fechada, diminui
o ganho calor das unidades e permite ainda
circulação de ar para o interior, além de um
efeito de manchas luz e sombras. Vista do interior da Fachada
  

              
Observações:
Com poucos recursos económicos este sistema procura um equilíbrio entre a necessidade de
sombreamento, através do próprio sistema de fachada e a obtenção de uma luz natural ténue, mas
suficiente para um espaço de circulação

144

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Levantamento de imagens do Edifício Exemplo 6

Embasamento do Edifício – Pisos de Estacionamento

Vista geral da Fachada do Edifício – Pisos de Apartamentos

Vista interior da Galeria de Acessos Montagem do Sistema de Painéis de Fachada

145

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 6. Estudos prévios do Vão

Inicialmente são realizados alguns estudos relacionam o período de optimização do sombreamento com as
dimensões que as palas necessitam de adquirir. Como princípio são consideradas duas orientações, para
Sul e para Nascente (tendo em conta que para Poente os resultado são simétricos a Nascente) e dois
períodos de optimização: a época mais quente e para todo o ano. Para a época quente é inicialmente
considerado o período até 30 de Setembro, mas que acaba por ser reduzido para 15 de Setembro, pois as
diferenças entre as dimensões das palas obtidas, são significativas, devido à correspondência com o
período de equinócio.

l x a (m)
Dimensão do Vão Período Diário em estudo: 9h às 16h
4 x 2,5

Por este período englobar a


Modelo 1  21 de Dezembro _ 15h15
altura em que o Sol está mais
Orientação: Sul Período optimizado: Todo o ano baixo, a pala horizontal toma

Dimensões: Pala horizontal 7,1 x 6,2 grandes dimensões, juntando


ao facto de que o
Pala vertical 1 4,65 x 2,5 Sombreamento pode ser
Pala vertical 2 4,65 x 2,5 indesejável neste período 

Este modelo concilia bem as


Modelo 2  30 de Setembro _ 15h15
dimensões dos elementos,
Orientação: Sul Período optimizado: 1/04 a 30/09 com período de optimização,

Dimensões: Pala horizontal 2,25 x 4,6 e as necessidades de


sombreamento. 
Pala vertical 1 2,00 x 2,5

Pala vertical 2 2,00 x 2,5


 

Ao comparar este como


Modelo 3 
Modelo2, verifica-se uma
Orientação: Sul Período optimizado: 1/04 a 15/09 redução muito significativa na
15 de Setembro _ 15h00
dimensão das palas, face aos

Dimensões: Pala horizontal 1,85 x 4,6 poucos dias de diferença que


têm. Por isso este modelo é
considerado uma melhor
Pala vertical 1 1,50 x 2,5 relação entre o período de
  carência de sombreamento e
as dimensões que as palas
Pala vertical 2 1,50 x 2,5
adquirem.

Tal como acontece no Modelo


Modelo 4  17 de Fevereiro _ 9h00
1, as palas tomam as maiores
Orientação: Nascente Período optimizado: Todo o ano dimensões, tornando-se

Dimensões: Pala horizontal 6,85 x 4,5 desproporcionais em relação


à dimensão do próprio vão.
Pala vertical 1 6,70 x 2,5

Pala vertical 2 _____

146

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Modelo que concilia a eficácia


Modelo 5  15 de Setembro _ 9h00
do sombreamento às
Orientação: Nascente Período optimizado: 1/04 a 15/09 necessidades, mas as

Dimensões: Pala horizontal 3,90 x 4,5 maiores dimensões das palas


e a limitação a uma vertical,
Pala vertical 1 3,75 x 2,5
traduz-se em menor dinâmica

Pala vertical 2
_____ para o progresso do estudo. 

Ainda para os Modelos que funcionam apenas com elementos horizontais foi necessário estabilizar um
equilíbrio entre as dimensões dos elementos, com o período diário de necessidade de optimização

Nestes dois exemplos verifica-


Modelo 6  15 de Setembro _ 15h00
se que na diferença de uma
Orientação: SUL Período optimizado: 1/04 a 15/09 hora a mais para optimização

Período diário: Até às 15h do sombreamento, a extensão


da pala aumenta para quase o
Dimensão que dobro. É por isso fixado o
Dimensões: se prolonga 1,20 m
além do vão: período até às 15 horas como
um adequado equilíbrio entre
Período diário: Até às 16h 15 de Setembro _ 15h00 as dimensões dos elementos
e a necessidade do sombrear. 

Dimensão que
Dimensões: se prolonga 2,20 m
além do vão:

NOTA: Deste estudo prévio retirou-se a orientação mais adequada para o desenvolvimento do estudo e o período em que a
optimização do sombreamento é mais eficaz, para o caso de Lisboa, considerando as dimensões que as palas adquirem.

147

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 7. Apresentação dos resultados de optimização do Sombreamento para cada módulo
Fonte: Software SunTool

MÓDULO A1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

 
148

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
 

MÓDULO B1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

149

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

MÓDULO C1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

 
Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário
Solstício de Inverno Solstício de Verão 

150

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

MÓDULO D1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

151

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

MÓDULO E1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

152

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

MÓDULO F1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

153

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

MÓDULO G1

Diagrama Circular de Sombreamento (%) Coeficiente de Sombreamento (anual) 

Coeficiente de Sombreamento Diário Coeficiente de Sombreamento Diário


Solstício de Inverno Solstício de Verão 

154

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Representação do Alçado com os módulos numerados

Nota:
O estudo da optimização do sombreamento dos módulos A1, B1, C1, D1, E1, F1 e G estão apresentados
anteriormente. Os módulos A2, B2, C2, D2, E2 e F2 têm dimensões iguais aos anteriores respectivamente,
mas por estarem dispostos de maneira diferente, os elementos de sombreamento tanto verticais como
horizontais resultam em dimensões diferentes. Apesar disso os resultados de optimização entre os
módulos A1 e A2, B1 e B2, C1 e C2, E1 e E2 e F1 e F2 são iguais e por isso estes não são aqui
discriminados.

155

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 8. Exemplos da Imagem de um Edifício
Fonte: Imagens executadas com recurso ao software 3D STUDIO MAX

 
 

156

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

 
 
 

157

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 9. Características do material metálico
 

 
Material metálico à escala da maqueta (1:15)

 
Material metálico à escala real (1:1)

Dados:
Folha em rede de alumínio de 1mm.
Empresa: SCHULCZ, Scale Model Parts
Código de referência: 09-20010

158

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Anexo 10. Correcção do Norte Geográfico

A correcção do Norte Geográfico a partir do Norte Magnético é realizado com recurso ao software
disponível em: http://geomag.usgs.gov, através do modelo IGRF-2005.
 

 
Cálculo do Norte Geográfico a partir do Norte Magnético

O cálculo deste software indica a declinação solar, para os dados inseridos:


D = -3.6179 Graus = -217.074 minutos

Por cada ano devem ser adicionados 7.5869 minutos.


7.5859 minutos x 3 = 22.76 minutos

-217.074 minutos + 22.76 minutos = -194.314 minutos = 3.24 Graus

Portanto, o desvio entre o Norte Magnético e o Norte Geográfico (declinação magnética), em Lisboa, em
2008, é apenas de 3.24 graus. Como o desvio é muito pouco quase coincidente é pouco significativo para
os resultados do estudo de iluminação sob luz solar directa.

159

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 11. Características do Equipamento Fotográfico
 

Panasonic DMC-FZ18
- Em modo manual
- Abertura do Diafragma: F8.0
- Velocidade de Obturação: 1/400 seg.
- Balanço de Brancos: Luz do Dia
- Sensibilidade: ISO 100
- Formato 4x3
- Tamanho: 8Mg
- Qualidade: Raw
- Abertura Angular do Zoom: 28mm
 
 

160

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 12. Registos Fotográficos
 
 

161

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 12.1. Luz Difusa

Modelos visto do Exterior Ambiente interior com Luz Difusa

VÃO ABERTO (SEM SOMBREAMENTO)

 
 
SOLUÇÃO COMUM

SOLUÇÃO BASE 

 
162

 
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Anexos  
 
 
 

Modelos visto do Exterior Ambiente interior com Luz Difusa

SOLUÇÃO A1

 
 
SOLUÇÃO A2

SOLUÇÃO A3 

 
163

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
 
 

Modelos visto do Exterior Ambiente interior com Luz Difusa

SOLUÇÃO A4

 
 
 
 

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 12.2. Luz Directa
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

165

 
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Solução Comum

Solução Base

166

 
 
Solução Base Solução Comum

22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho 22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho

10h00
10h00

12h30
12h30

15h00
15h00
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 

Solução A1

Solução A2

167

 
 
Solução A2 Solução A1

22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho 22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho

10h00
10h00

12h30
12h30

15h00
15h00
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
 

Solução A3

Solução A4

168

 
 
Solução A4 Solução A3

22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho 22 de Dezembro 15 de Setembro 21 de Junho

10h00
10h00

12h30
12h30

15h00
15h00
SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 13. Inquérito  
 
 

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SISTEMAS DE SOMBREAMENTO EM ARQUITECTURA: PROPOSTA DE UMA NOVA METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO

Anexos  
 
Anexo 13.1. Formulário de Inquérito

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Anexos  
 
Anexo 13.2. Apresentação dos resultados 

Nomes dos Modelos Adoptados no Inquérito:

MODELO A – Solução Comum MODELO C – Solução A1 MODELO E – Solução A3


MODELO B – Solução Base MODELO D – Solução A2 MODELO F – Solução A4

Destaques:
Modelo com classificação MAIS ALTA no critério Modelo com classificação MAIS BAIXA no critério

Resultados para os Elementos de Sombreamento:

Resultados para o Ambiente Interior:

Ordem de Preferência considerando todos os aspectos em conjunto:

GRÁFICO DE ORDEM DE PREFERÊNCIA: OBSERVAÇÕES:

. Não é que o modelo A seja mais eficaz


como sombreamento do que o B (faz
lembrar o sombreamento dos edifícios de
Corbusier). Simplesmente acho que tem
menos impacto, tanto de dentro para fora
do edifício como na sua fachada.

. Eu não atribuo 2º lugar porque na minha


opinião o modelo F destaca-se no seu
conjunto de todos os outros, devido ás
sombras de diferentes densidades que os
elementos de sombreamento geram Os
modelos E e D estão empatados.

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