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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE

WÊNYA DANTAS ROMARIZ MACHADO

EDIFÍCIO DE USO MISTO COM


ENVOLTÓRIAS FLEXÍVEIS

Orientadora: Prof. Dra Maísa Dutra Veloso

Coorientadora: Prof. Dra Eunádia Cavalcante

Natal/RN
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO
E MEIO AMBIENTE (MESTRADO PROFISSIONAL)

EDIFÍCIO DE USO MISTO COM ENVOLTÓRIAS FLEXÍVEIS

WÊNYA DANTAS ROMARIZ MACHADO

Orientadora: Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso


Coorientadora: Profa. Dra. Eunádia Cavalcante

Natal/RN, 2017
2

Wênya Dantas Romariz Machado

EDIFÍCIO DE USO MISTO COM ENVOLTÓRIAS FLEXÍVEIS

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Arquitetura, Projeto e
Meio Ambiente, da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso


Coorientadora: Profa. Dra. Eunádia Cavalcante

Natal/RN, 2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Machado, Wênya Dantas Romariz.
Edifício de uso misto com envoltórias flexíveis / Wênya Dantas
Romariz Machado. - 2017.
183 f. : il.

Dissertação - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura, Projeto e Meio ambiente. Natal, RN, 2017.
Orientador: Prof. Dra. Maísa Dutra Veloso.
Coorientador: Profa. Dra. Eunádia Cavalcante.

1. Conforto ambiental – Dissertação. 2. Arquitetura (Projeto) -


Dissertação. 3. Edifício - Uso misto – Dissertação. 4. Envoltórias
flexíveis – Dissertação. I. Veloso, Maísa Dutra. II. Cavalcante,
Eunádia. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU
72:697
3

MACHADO, Wênya D. R. EDIFÍCIO DE USO MISTO COM ENVOLTÓRIAS


FLEXÍVEIS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura,


Projeto e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre Profissional.

Área de concentração: Projeto, Morfologia e Conforto no Ambiente construído.


Linha de pesquisa: Projeto de Arquitetura

Orientadora: Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso

Aprovada em ata depositada na secretaria do curso: _____/______/_____

Banca Examinadora

______________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Maísa Fernandes Dutra Veloso
Presidente PPAPMA/UFRN

______________________________________________________________
Prof. Dr. Geovany Jessé Alexandre da Silva
Examinador externo à IES - PPGAU/UFPB

______________________________________________________________
Prof. Dr. José Jefferson de Sousa
Examinador externo ao Programa – DARQ/UFRN

______________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Glauce Lílian de Albuquerque
Examinadora interna - PPAPMA/UFRN
4

Dedico este trabalho à memória do Professor Marcelo Tinôco.


5

AGRADECIMENTOS

Minha gratidão a todos aqueles que contribuíram para a conclusão deste


trabalho:
. acima de tudo, agradeço a Deus por me guiar em mais um desafio profissional;
. à professora Maísa Veloso, minha dedicada e competente orientadora (desde a
graduação), sempre presente, atenta e precisa;
. a todos os professores do Mestrado Profissional, pela insistência no Projeto como
tema na pós-graduação;
. à professora Eunádia Cavalcante, pela generosa coorientação;
. aos professores Jefferson Souza e Glauce Albuquerque pelas imprescindíveis
contribuições;
. aos colegas de turma do Mestrado Profissional, pelas trocas e estímulo, em
especial aos colegas Juarez Quadros, pelo “olhar de engenheiro” e Carlos Alberto,
pelo importantíssimo auxílio nas simulações;
. a Carlos Ribeiro Dantas, por todo o indispensável apoio recebido desde o período
de seleção até esta conclusão, pelas sugestões no projeto, pelas intervenções,
incentivo e confiança;
. a Igor, pelas perspectivas eletrônicas, tratamento de imagens, sugestões, apoio,
descontração diária, muito obrigada!
. à engenheira e amiga Priscilla Hellen, pela contribuição na análise referente às
instalações prediais;
. ao arquiteto e amigo Flávio Bulhões, pelo estímulo a encarar esta jornada e
sugestões;
. à minha família e a João Paulo, não tenho palavras para expressar minha infinita
gratidão pelo incondicional suporte diário, sem o qual certamente eu não teria
chegado aqui.
6

RESUMO

O presente trabalho descreve o processo de concepção e desenvolvimento de um


projeto de arquitetura para um edifício de uso misto (residencial multifamiliar e
comercial), com aplicação de princípios bioclimáticos de conforto ambiental para a
cidade de Natal/RN e ênfase na elaboração de envoltórias flexíveis. Fundamenta-se,
inicialmente, em pesquisa bibliográfica, visando ampliar a compreensão sobre os
edifícios de uso misto, o conforto ambiental e a flexibilidade aplicada à arquitetura,
principalmente a partir dos trabalhos de Kronenburg (2007) e Jorge (2012). O
conceito de flexibilidade é tratado como uma resposta possível às demandas
funcionais e formais pretendidas para o projeto. Nesse sentido, ensejando uma
analogia com a célula vegetal, a criação de uma “segunda pele” com estruturas
manejáveis funciona como um filtro, solucionando questões pertinentes à promoção
do conforto ambiental – como sombreamento e permeabilidade da ventilação – e
também quanto à privacidade. Do ponto de vista formal, essa solução confere
também ao edifício características como dinamismo e flexibilidade. A pesquisa
empírica baseou-se na análise dos condicionantes do terreno – aspectos
físico/ambientais e prescrições urbanísticas/legais – e estudos de referências diretos
e indiretos, que subsidiaram a definição da programação, do partido arquitetônico e
das estratégias de conforto ambiental. A proposta arquitetônica é apresentada em
nível de anteprojeto, acompanhada de um memorial que contém a descrição e
justificativa das soluções projetuais adotadas, especialmente quanto ao emprego de
envoltórias flexíveis na edificação.

Palavras-chave: projeto; arquitetura; uso misto; conforto ambiental; envoltórias


flexíveis.
7

ABSTRACT

This dissertation describes the design and development of an architecture project for
a mixed use building (multifamily and commercial residential), with application of
bioclimatic principles of environmental comfort for the city of Natal / RN and
emphasis on the elaboration of flexible enclosures. It is based, initially, on
bibliographical research, aiming to broaden the understanding about mixed-use
buildings, environmental comfort and flexibility applied to architecture, mainly from
Kronenburg (2007) and Jorge (2012). The concept of flexibility is treated as a
possible response to the functional and formal demands intended for the project. In
this sense, by creating an analogy with the vegetable cell, the creation of a "second
skin" with manageable structures functions as a filter, solving issues pertinent to
promoting environmental comfort - such as shading and permeability of ventilation -
as well as privacy. From the formal point of view, this solution also gives the building
characteristics such as dynamism and flexibility. The empirical research was based
on the analysis of the conditions of the site - physical / environmental aspects and
urban prescriptions - and studies of direct and indirect references, which subsidized
the definition of programming, the architectural party and environmental comfort
strategies. The architectural proposal is accompanied by a memorial that contains
the description and justification of the design solutions adopted, especially regarding
the use of flexible envelopes in the building.

Keywords: design; architecture; mixed-use; environmental comfort; flexible


envelopes.
8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2-1: Esquema de interação do projeto arquitetônico ...................................... 23


Figura 2-2: Incentivo ao uso misto, de acordo com o Plano Diretor de São Paulo.... 25
Figura 2-3: Uso misto e fachada ativa no Térreo dos empreendimentos .................. 25
Figura 2-4: Dinamização dos espaços públicos - uso misto e fachada ativa ............ 26
Figura 2-5: Market Hall .............................................................................................. 27
Figura 2-6: Interior do Market Hall ............................................................................. 27
Figura 2-7: Vista dos apartamentos a partir do exterior ............................................ 28
Figura 2-8: Partes componentes da envoltória (com exceção do piso) ..................... 29
Figura 2-9: Paredes em contato com o solo não fazem parte da envoltória ............. 29
Figura 2-10: Zoneamento Bioclimático brasileiro ...................................................... 31
Figura 2-11: Exemplo de sistema tipo PAREDE, com especificação de propriedades
térmicas – Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) ............................. 32
Figura 2-12: Exemplo de sistema tipo COBERTURA, com especificação de
propriedades térmicas – Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) ....... 32
Figura 2-13: Croquis de Lúcio Costa, com estudo da solução para sombreamento
através das lâminas horizontais ................................................................................ 34
Figura 2-14: Fachada com brises do Palácio Gustavo Capanema ........................... 34
Figura 2-15: Detalhe dos brises do Palácio Gustavo Capanema .............................. 34
Figura 2-16: Vista dos brises a partir do interior ........................................................ 35
Figura 2-17: Detalhe do mecanismo de giro das básculas ........................................ 35
Figura 2-18: Envoltória adaptável projetada pelo arquiteto Daniel Raznick e equipe 36
Figura 2-19: Planta da torre (Casa nel Parco, Jesolo-Itália) ...................................... 37
Figura 2-20: Corte na envoltória (Casa nel Parco, Jesolo-Itália) ............................... 37
Figura 2-21: Varanda contínua (Casa nel Parco, Jesolo-Itália) ................................. 38
Figura 2-22: Fachada (Casa nel Parco, Jesolo-Itália) ............................................... 38
Figura 2-23: Tenda beduína ...................................................................................... 39
Figura 2-24: Plug-In-City de Peter Cook ................................................................... 40
Figura 2-25: Casa Optima pronta, Reino Unido ........................................................ 43
Figura 2-26: Componentes de uma casa Optima, Reino Unido .................................. 43
Figura 2-27: Sequência de montagem de uma casa Optima, Reino Unido ............... 44
Figura 2-28: Allianz Arena com as cores da bandeira alemã .................................... 45
9

Figura 2-29: Allianz Arena com as cores do time Bayern de Munique, Alemanha .... 45
Figura 2-30: Museu de Arte de Milwaukee, Estados Unidos ..................................... 46
Figura 2-31: MDU-Unidade de Habitação, Estados Unidos ...................................... 47
Figura 2-32: Os sub-volumes da MDU, Estados Unidos ........................................... 47
Figura 2-33: Compartimentos da MDU, Estados Unidos ........................................... 47
Figura 2-34: A MDU numa estrutura-padrão de armazenagem ................................ 48
Figura 2-35: Fachada Sul do Instituto do Mundo Árabe de Paris .............................. 49
Figura 2-36: Elementos de sombreamento ............................................................... 50
Figura 2-37: Edifício Aimberê, São Paulo .................................................................... 53
Figura 2-38: Edifício Fidalga, São Paulo ................................................................... 53
Figura 2-39: Detalhes de fachada do Edifício Simpatia, São Paulo .......................... 53
Figura 2-40: Fachada do Palazzo Farnese, Itália ...................................................... 55
Figura 2-41: Vila Savoye, França .............................................................................. 56
Figura 2-42: Edifício Seagram, Estados Unidos ........................................................ 56
Figura 2-43: Associação dos Moageiros, Índia.......................................................... 57
Figura 2-44: Edifício AT&T, Estados Unidos ............................................................ 57
Figura 2-45: Fachada Flexível no Council House 2, Austrália ................................... 58
Figura 2-46: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
membrana ................................................................................................................. 59
Figura 2-47: Earth-Mark Tower, Canadá ................................................................... 60
Figura 2-48: Sede da Novartis, Holanda ................................................................ 60
Figura 2-49: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
midiática .................................................................................................................... 61
Figura 2-50: Green Pix Zero Energy, em Beijing, China ........................................... 61
Figura 2-51: Grafite gigante em Chelsea, Nova York, Estados Unidos ..................... 61
Figura 2-52: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
pluralista .................................................................................................................... 62
Figura 2-53: Edifício Multifamiliar Mirador, Espanha ................................................. 62
Figura 2-54: Edifício Silodam, Holanda ..................................................................... 63
Figura 2-55: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
ambígua .................................................................................................................... 63
Figura 2-56: Lake Shore Apartaments, Estados Unidos ........................................... 64
Figura 2-57: 432 Park Avenue, Estados Unidos........................................................ 64
10

Figura 2-58: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
imaterial ..................................................................................................................... 64
Figura 2-59: Edifício Residencial HL23, Estados Unidos .......................................... 65
Figura 2-60: Edifício Greenwich Street, Estados Unidos ........................................... 65
Figura 2-61: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
operacional/dinâmica ................................................................................................ 65
Figura 2-62: Edifício Bosco Verticale, Itália ............................................................... 66
Figura 2-63: Detalhes dos terraços do edifício Bosco Verticale, Itália ....................... 66
Figura 2-64: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
operacional/dinâmica ................................................................................................ 67
Figura 2-65: Residencial V_Itaim, São Paulo ............................................................ 68
Figura 2-66: Detalhe dos painéis móveis utilizados no Residencial V_Itaim, São
Paulo ......................................................................................................................... 69
Figura 2-67: Detalhe dos painéis dinâmicos nas Torres Al Bahar, Emirados Árabes Unidos ..... 69
Figura 2-68: Detalhe técnico dos painéis dinâmicos das Torres Al Bahar, Emirados Árabes
Unidos ........................................................................................................................ 70
Figura 2-69: Vista dos painéis das Torres Al Bahar a partir do interior do edificio .... 70
Figura 3-1: Implantação ............................................................................................ 71
Figura 3-2: Conjunto edificado ao longo da Rua Lothaire ......................................... 72
Figura 3-3: Detalhe do conjunto com destaque para escadaria entre blocos ............ 72
Figura 3-4: Vista da esquina formada pelas Ruas Courbe e Lothaire ....................... 73
Figura 3-5: Detalhe de um dos blocos residenciais sobre lojas................................. 73
Figura 3-6: Residencial Pallacios a partir da esquina formada pela Rua Açu e Av.
Campos Sales ........................................................................................................... 74
Figura 3-7: Centro comercial em primeiro plano ....................................................... 75
Figura 3-8: Térreo com destaque para o espaço comercial voltado para a Rua Açu 75
Figura 3-9: Pavimento-tipo da Torre A (apartamentos de 80m²) ............................... 76
Figura 3-10: Pavimento-tipo da Torre B (apartamentos de 56m²) ............................. 76
Figura 3-11: Vista da circulação coberta parcialmente pelas marquises ................... 77
Figura 3-12: Localização do empreendimento .......................................................... 78
Figura 3-13: Implantação do conjunto ....................................................................... 79
Figura 3-14: Vista do conjunto................................................................................... 79
Figura 3-15: Plantas-tipos ......................................................................................... 80
Figura 3-16: Corte transversal no bloco .................................................................... 80
11

Figura 3-17: Detalhe de fachada e dos painéis de correr .......................................... 81


Figura 3-18: Térreo do Pop Madalena ...................................................................... 82
Figura 3-19: Corte do edifício Pop Madalena ............................................................ 83
Figura 3-20: Pavimento-tipo ...................................................................................... 83
Figura 3-21: Detalhe de fechamento em vidro das circulações ................................. 84
Figura 3-22: Marcação dos pavimentos nas fachadas pela estrutura ....................... 84
Figura 3-23: Fachada com painéis móveis ................................................................ 84
Figura 3-24: Detalhe de fechamento em vidro das circulações ................................. 85
Figura 3-25: Detalhe da vedação externa ................................................................. 85
Figura 4-1: Bairro de Lagoa Nova – Natal/RN. .......................................................... 87
Figura 4-2: Localização do terreno dentro do Bairro de Lagoa Nova. ....................... 88
Figura 4-3: Terreno e limites ..................................................................................... 89
Figura 4-4: Vista do terreno a partir da Av. Rui Barbosa ........................................... 89
Figura 4-5: Vista do terreno a partir da Rua da Saudade .......................................... 89
Figura 4-6: Usos no entorno do terreno .................................................................... 90
Figura 4-7: Gabarito no entorno do terreno ............................................................... 90
Figura 4-8: Topografia do terreno e entorno imediato ............................................... 91
Figura 4-9: Terreno em estudo e rosa dos ventos para Natal ................................... 92
Figura 4-10: Cartas solares para o terreno em estudo .............................................. 93
Figura 4-11: Bairro de Lagoa Nova com destaque (mancha cinza) para a áre de
controle de gabarito no entorno do Parque das Dunas ............................................. 95
Figura 5-1: Esquema representativo de uma célula vegetal ..................................... 97
Figura 5-2: Planta e corte genéricos com a envoltória em destaque ......................... 98
Figura 5-3: Varanda “alpendrada” da casa-grande da Fazenda Colubandê,
construída no séc. XVII, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. ....................................... 99
Figura 5-4: Apart. Tipo 1 (45m²) .............................................................................. 101
Figura 5-5: Apart. Tipo 2 (77,25m²) ......................................................................... 101
Figura 5-6: Apart. Tipo 3 (100m²) ............................................................................ 102
Figura 5-7: Esquema de acessos e conexão horizontal entre Residencial e
Comercial ................................................................................................................ 105
Figura 5-8: Esquema vertical de conexão entre Residencial e Comercial .............. 105
Figura 5-9: Implantação .......................................................................................... 106
Figura 5-10: Estudo volumétrico de implantação no terreno ................................... 107
12

Figura 5-11: Esquema de conexão vertical entre os blocos residencial e comercial


................................................................................................................................ 107
Figura 5-12: Maquete de implantação no terreno e sombreamento no Heliodon .... 108
Figura 5-13: Varanda contínua contornando as unidades habitacionais ................. 108
Figura 5-14: Implantação do Térreo (nível da Av. Rui Barbosa) – Estudo Preliminar
................................................................................................................................ 109
Figura 5-15: Corte esquemático com distribuição dos usos e tipos – Estudos
Preliminares ............................................................................................................ 110
Figura 5-16: Distribuição das unidades habitacionais – Estudos Preliminares ....... 111
Figura 5-17: Volumetria preliminar .......................................................................... 111
Figura 5-18: Modificações no bloco residencial – Estudos Preliminares ................. 112
Figura 5-19: Modificações na volumetria do bloco residencial – Estudos Preliminares
................................................................................................................................ 112
Figura 5-20: Implantação do Comercial destacando as lojas e áreas de circulação –
Estudos Preliminares .............................................................................................. 113
Figura 5-21: Distribuição final das unidades habitacionais no pavimento-tipo –
Estudos Preliminares .............................................................................................. 114
Figura 5-22: Apartamento-tipo 1 – Estudos Preliminares ........................................ 115
Figura 5-23: Apartamento-tipo 2 – Estudos Preliminares ........................................ 115
Figura 5-24: Apartamento-tipo 3 – Estudos Preliminares ........................................ 115
Figura 5-25: Ventilação cruzada nas unidades residenciais ................................... 116
Figura 5-26: Fachada Sudeste do Residencial em fase de Estudos Preliminares .. 116
Figura 5-27: Vista do Comercial a partir da Av. Rui Barbosa – Estudos Preliminares
................................................................................................................................ 117
Figura 5-28: Cobertura do Comercial em destaque – Estudos Preliminares ........... 117
Figura 5-29: Inclusão de espaço de lazer para o Residencial ................................. 117
Figura 5-30: Modificações na volumetria pós-banca de Qualificação ..................... 118
Figura 5-31: Volumetria da edificação durante desenvolvimento do projeto ........... 119
Figura 6-1: Vista da edificação proposta a partir da Av. Rui Barbosa ..................... 120
Figura 6-2: Corte longitudinal (Residencial em azul; Comercial em amarelo) ......... 121
Figura 6-3: Vista da edificação a partir da Rua da Saudade ................................... 121
Figura 6-4: Área de lazer, locada 46 cm acima do nível do Pilotis .......................... 122
Figura 6-5: Planta do Nível 1 ................................................................................... 123
Figura 6-6: Planta do Nível 2 ................................................................................... 123
13

Figura 6-7: Planta do Nível 3 ................................................................................... 124


Figura 6-8: Vista da edificação a partir da Rua Professor Almeida Barreto com
edifício comercial em primeiro plano ....................................................................... 125
Figura 6-9: Vista da edificação a partir da esquina da Av. Rui Barbosa com Rua
Professor Almeida Barreto, com Comecial em primeiro plano ................................ 126
Figura 6-10: Vista da praça compartilhada pelos usuários do Residencial e
Comercial ................................................................................................................ 126
Figura 6-11: Planta do Nível 4 ................................................................................. 127
Figura 6-12: Planta do Nível 5 ................................................................................. 128
Figura 6-13: Canteiros em laje invertida .................................................................. 129
Figura 6-14: Detalhe de instalação de piso elevado externo ................................... 129
Figura 6-15: Secção ao longo do bloco Comercial destacando o jardim sobre laje 130
Figura 6-16: Vista do jardim sobre laje no Nível 5 ................................................... 131
Figura 6-17: Área de lazer no Nível 5 ...................................................................... 131
Figura 6-18: Planta do Nível 6 ................................................................................. 132
Figura 6-19: Planta do Nível 7 ................................................................................. 132
Figura 6-20: Planta do Níveis 8 e 9 ......................................................................... 133
Figura 6-21: Planta de Cobertura ............................................................................ 133
Figura 6-22: Pré-lançamento de Estrutura .............................................................. 134
Figura 6-23: Exigências de desempenho para vedações na ZB 08 ........................ 135
Figura 6-24: Desempenho do sistema de parede de tijolos cerâmicos ................... 135
Figura 6-25: Exigências de desempenho para coberturas na ZB-8 ........................ 136
Figura 6-26: Telha metálica termoacústica tipo “sanduíche” ................................... 136
Figura 6-27: Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) para sistema de
cobertura composto por laje, forro e piso cerâmico ................................................. 137
Figura 6-28: Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) para sistema de
cobertura composto por laje, terra e vegetação ...................................................... 137
Figura 6-29: Vista da edificação proposta a partir da área de lazer, com destaque
para os painéis dos apartamentos e churrasqueira ................................................. 138
Figura 6-30: Vista das varandas com painéis a partir do jardim do Nível 5. ............ 139
Figura 6-31: Vista do Residencial, com destaque para os painéis a partir da Rua da
Saudade. ................................................................................................................. 139
Figura 6-32: Mecanismos de abertura/fechamento dos sistemas de proteção solar
................................................................................................................................ 140
14

Figura 6-33: Painéis com fechamento em chapa de alumínio perfurada ................ 142
Figura 6-34: Folha em alumínio com venezianas .................................................... 142
Figura 6-35: Esboço da solução para as varandas ................................................. 143
Figura 6-36: Desenvolvimento da solução para as varandas .................................. 143
Figura 6-37: Solução para as varandas, vista a partir do exterior .......................... 144
Figura 6-38: Vista a partir da varanda ..................................................................... 145
Figura 6-39: Cortina verde na Fachada Noroeste ................................................... 146
Figura 6-40: Fachada Noroeste com destaque para o brise vegetal ....................... 146
Figura 6-41: Detalhe do brise vegetal ..................................................................... 147
Figura 6-42: Filtro sobre a praça semi-coberta........................................................ 148
15

LISTA DE QUADROS

Quadro 3-1: Possíveis rebatimentos dos estudos de referência na proposta ....................... 86


Quadro 4-1: Prescrições Urbanísticas para o Bairro de Lagoa Nova ................................... 96
Quadro 4-2: Resumo do Código de Obras aplicado ao objeto de estudo ............................. 96
Quadro 6-1: Comparativo entre os sistemas de proteção solar .......................................... 141
16

LISTA DE TABELAS

Tabela 5-1: Programa básico e pré-dimensionamento dos apartamentos-tipos 1 e 2 ........ 101


Tabela 5-2: Programa básico e pré-dimensionamento do apartamento-tipo 3 ................... 102
Tabela 5-3: Programa e pré-dimensionamento dos equipamentos de uso comum do
condomínio residencial ...................................................................................................... 103
Tabela 5-4: Programa e pré-dimensionamento para o edifício comercial ........................... 104
17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ---------------------------------------- 23
2.1 Edifícios de Uso Misto ------------------------------------------------------------- 24
2.2 Envoltórias e Conforto ------------------------------------------------------------- 29
2.3 Flexibilidade na Arquitetura ------------------------------------------------------ 39
2.3.1 Adaptar --------------------------------------------------------------------------- 42
2.3.2 Transformar --------------------------------------------------------------------- 44
2.3.3 Mover / Deslocar --------------------------------------------------------------- 46
2.3.4 Interagir --------------------------------------------------------------------------- 48
2.4 Arquitetura Residencial Brasileira e Flexibilidade-------------------------- 51
2.5 Fachadas Flexíveis ---------------------------------------------------------------- 54
2.5.1 Fachada Membrana ----------------------------------------------------------- 59
2.5.2 Fachada Midiática ------------------------------------------------------------- 61
2.5.3 Fachada Pluralista ------------------------------------------------------------- 62
2.5.4 Fachada Ambígua ------------------------------------------------------------- 63
2.5.5 Fachada Imaterial -------------------------------------------------------------- 64
2.5.6 Fachada Ecológica ------------------------------------------------------------ 65
2.5.7 Fachada Operacional/Dinâmica-------------------------------------------- 67
3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA -------------------------------------------------------- 71
3.1 Ponte de Luz – Metz/França – 2010 ------------------------------------------ 71
3.2 Pallacios – Natal/Brasil------------------------------------------------------------ 74
3.3 Girassóis – Bratislava/Eslováquia – 2008 ----------------------------------- 78
3.4 Pop Madalena – São Paulo/Brasil – 2015 ----------------------------------- 82
3.5 Considerações Gerais sobre os Estudos de Referência ----------------- 86
4 CONDICIONANTES PROJETUAIS ------------------------------------------------- 87
4.1 Local de Implantação e Público-Alvo------------------------------------------ 87
4.2 Condicionantes Físico-Ambientais do Terreno ----------------------------- 91
4.2.1 Topografia------------------------------------------------------------------------ 91
4.2.2 Ventilação e Insolação-------------------------------------------------------- 92
4.3 Condicionantes Legais e Normativos ----------------------------------------- 94
4.3.1 Plano Diretor -------------------------------------------------------------------- 94
18

4.3.2 Código de Obras --------------------------------------------------------------- 96


5 CONCEPÇÃO E EVOLUÇÃO DO PROJETO------------------------------------ 97
5.1 Conceito do projeto ---------------------------------------------------------------- 97
5.2 Programa de Necessidades --------------------------------------------------- 100
5.3 Zoneamento------------------------------------------------------------------------ 104
5.4 Partido Arquitetônico ------------------------------------------------------------ 106
5.5 Evolução do Projeto ------------------------------------------------------------- 109
6 PROPOSTA FINAL -------------------------------------------------------------------- 120
6.1 Anteprojeto ------------------------------------------------------------------------- 120
6.2 Sistema construtivo -------------------------------------------------------------- 134
6.3 Vedações --------------------------------------------------------------------------- 134
6.4 Coberturas -------------------------------------------------------------------------- 135
6.5 Revestimentos externos -------------------------------------------------------- 138
6.6 Proteções --------------------------------------------------------------------------- 140
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------- 149
REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------ 152
ANEXO A -------------------------------------------------------------------------------------- 157
ANEXO B -------------------------------------------------------------------------------------- 158
APÊNDICE A – ESTUDO DE INSOLAÇÃO NA FASE DE ESTUDOS
PRELIMINARES ------------------------------------------------------------------------------------- 159
APÊNDICE B – ESTUDO DE INSOLAÇÃO NA FASE DE ANTEPROJETO 163
APÊNDICE C – ESTUDO DE SOMBREAMENTO PARA AS PISCINAS ---- 168
APÊNDICE D – PRANCHAS DO PROJETO DE ARQUITETURA ------------ 169
19

1 INTRODUÇÃO

A partir da necessidade de atendimento a uma crescente demanda pela


modalidade de moradia coletiva, o mercado da construção civil responde com uma
visível uniformidade e padronização de suas construções, as quais, por sua vez,
atendem às exigências de otimização e repetição da indústria da construção civil.
Sob o suposto álibi da necessidade de redução de custos, apresenta uma grande
resistência a qualquer tentativa de “des-padronização”, com reflexos tanto nas
plantas, como nas fachadas dos edifícios, que denunciam as funções interiores dos
ambientes que vedam.
Percebemos que há um maior incentivo por parte dos fornecedores à
especificação de sistemas e esquadrias pré-fabricadas, reduzidas a vãos mínimos
de ventilação/iluminação prescritos pelos códigos urbanísticos, desfavorecendo a
adoção de mecanismos mais eficientes de ventilação e controle de radiação.
É possível dizer que, com a NBR 15.575, em vigor desde julho de 2013,
instituindo níveis mínimos de desempenho da edificação, e o consequente aumento
da responsabilidade do arquiteto, surja alguma modificação nesse processo de
produção de arquitetura voltada para o mercado imobiliário.
Ademais, nas últimas décadas, temas como conforto ambiental e
sustentabilidade ganharam ampla notoriedade, influenciando a maneira como as
construções são pensadas. Nesse sentido, a envoltória do edifício, à qual se atribui
grande importância como reguladora do conforto ambiental e atenuadora do
consumo energético, vem ganhando atenção redobrada no processo de projeto do
edifício.
A crescente disseminação de sistemas industrializados e o empenho dos
profissionais envolvidos em pesquisar e criar soluções ambientalmente mais
coerentes, tem levado a soluções de fachadas cada vez mais complexas,
reguladoras do conforto ambiental e eficientes energeticamente.
As soluções, com vistas a resolver questões como ventilação, sombreamento
e isolamento, muitas vezes são consequências da incorporação de peças móveis,
elementos translúcidos, vegetação, sistemas automatizados e interativos, ou mesmo
da “simples” aplicação e reinterpretação de técnicas mais consolidadas, como, por
exemplo, o brisesoleil ou o cobogó.
20

As “fachadas contemporâneas”, segundo análise de Mahfuz (2009), são


geradas a partir dos emprego de três componentes genéricos básicos: uma camada
interna, que pode ser mais aberta ou mais fechada, de qualquer material e, a
depender da necessidade climática pode agregar uma camada isolante; uma
câmara de ar, que pode ser mínima ou até constituir um espaço habitável, como
uma sacada ou varanda, por exemplo; e uma camada externa, normalmente
responsável pela proteção das demais, muitas vezes incorporando elementos
móveis.
Desde singelas casas a arrojados edifícios corporativos, inúmeros são os
exemplos, na recente produção arquitetônica, de obras em que é possível
identificarmos a aplicação desta estratégia de elaboração de fachadas.
Jorge (2012), por sua vez, aborda em sua tese o tema “Fachadas Flexíveis”,
sistematizada nas seguintes categorias: Fachada Membrana; Fachada Pluralista;
Fachada Operacional/Dinâmica; Fachada Midiática/Mural; Fachada Imaterial;
Fachada Ambígua; e Fachada Ecológica.
Através da identificação de métodos construtivos, tecnologias e outros
componentes, em projetos e obras, nacionais e internacionais, seu trabalho nos
fornece um rico instrumental para a concepção de novos projetos e/ou requalificação
para arquitetura residencial coletiva.
A flexibilidade é abordada pela autora como um conceito amplo e uma
resposta a questões contemporâneas relacionadas ao ato de projetar, ou seja, trata-
se de uma conceituação bem próxima àquela que pretendemos abordar em nosso
projeto.
Este tema está relacionado também à diversidade de usos dentro da
edificação e na cidade. Nas últimas décadas, projetos de uso misto vêm se
revelando uma forte tendência em todo o mundo. Ao combinar no mesmo
empreendimento, ou na mesma região do bairro, residências, escritórios, lojas,
áreas de entretenimento, e até hospitais, os projetos multifuncionais apresentam-se
como uma resposta natural ao desenvolvimento das relações urbanas.
Assim sendo, propusemos como objetivo principal deste trabalho desenvolver
o anteprojeto de arquitetura de um edifício de uso misto (residencial multifamiliar e
comercial), trabalhando de forma concomitante os princípios bioclimáticos de
conforto ambiental para a cidade de Natal/RN e a questão formal das envoltórias,
com ênfase na elaboração de fachadas flexíveis.
21

Como objetivos específicos, almejamos:


. Estudar princípios de Arquitetura Bioclimática, aplicáveis à elaboração de
projetos arquitetura coletiva (residencial e comercial);
. Analisar conceitos e soluções/estratégias projetuais relacionadas à
flexibilidade na arquitetura e, particularmente, às envoltórias;
. Associar esses princípios e estratégias na concepção e desenvolvimento de
um anteprojeto arquitetônico de um edifício de uso misto.
O trabalho foi iniciado com uma pesquisa bibliográfica, visando ampliar a
compreensão sobre o tema em estudo. Posteriormente, foi realizada a definição do
produto, seguida pelo estudo dos condicionantes do terreno – aspectos
físico/ambientais e prescrições urbanísticas/legais. Em paralelo, foram realizados os
estudos de referência, a partir da análise de obras e projetos – locais, nacionais e
internacionais – tendo como fontes visitas in loco, livros, dissertações, artigos,
projetos arquitetônicos e informações obtidas em sites da internet.
Para a concepção do projeto propriamente dito, utilizamos ferramentas como
croquis e maquete volumétrica, além do auxílio dos softwares de desenho Autocad e
Sketchup. Para estudo das estratégias de conforto ambiental, recorremos ao
programa Solartool 2011, para verificar, por meio de simulações, o sombreamento
gerado por dispositivos como marquises, pérgolas, painéis e brises.
Após a Introdução, que corresponde ao capítulo 1, o segundo capítulo
apresenta o referencial teórico-conceitual que embasou a proposta. Trazemos
primeiramente o tema “edifícios de uso misto”, abordando a sua importância como
resposta natural ao desenvolvimento das cidades e fomentador de vitalidade urbana.
Em seguida, no item 2.2, exploramos a relação entre envoltórias e conforto
ambiental ressaltando o papel de extrema relevância que as envoltórias tem
assumido para o projeto do edifício que contemple soluções de conforto ambiental
passivo.
Os itens 2.3, 2.4 e 2.5 abordam o tema da flexibilidade na arquitetura,
enquanto conceito em permanente evolução, mas principalmente como resposta
possível às diversas às demandas funcionais e formais que acompanham o ato de
projetar. Kronenburg (2007) e Jorge (2012) são as referências que se destacam
neste capítulo. Como o projeto não se concentrou em explorar a flexibilidade sob a
ótica funcional, com base nas plantas das unidades residenciais, são apresentados
22

exemplares diversos de aplicação do conceito de flexibilidade em


fachadas/envoltórias apenas.
No capítulo três, são apresentados estudos de referências diretos e indiretos,
a partir de uma seleção de exemplares internacionais, nacionais e locais,
relacionados ao tema do nosso trabalho e às soluções buscadas para as envoltórias.
No quarto capítulo, são apresentados os condicionantes do projeto, como o
público-alvo, os aspectos físico-ambientais, como topografia, condições de
ventilação e insolação. Também são condensados neste capítulo os condicionantes
legais e normativos pertinentes ao licenciamento do uso pretendido dentro do
município.
O processo de concepção e a evolução do projeto estão registrados no
capítulo cinco, que foi dividido em subitens que, por ordem, apresentam: conceito,
programa de necessidades, zoneamento, partido arquitetônico e a evolução da
proposta.
No capítulo seis, descrevemos e ilustramos o resultado final da proposta,
apresentada em nível de anteprojeto e contida no Volume II desta dissertação. O
esclarecimento quanto ao sistema construtivo adotado, materiais empregados nas
vedações, coberturas, revestimentos externos e proteções compõem ainda este
capítulo. O último item, 6.6 fecha a descrição da proposta final, com o detalhamento
das soluções de proteção adotadas para as envoltórias.
O último capítulo reúne as considerações finais, seguido pelas referências
bibliográficas.
23

2 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

Tendo como objeto o projeto de uma edificação de uso misto com foco no
tratamento das envoltórias, e considerando os objetivos específicos anteriormente
descritos, a fundamentação teórica e conceitual do nosso trabalho buscou
contemplar principalmente os temas: edifícios de uso misto, envoltórias-conforto e
flexibilidade.
De modo geral, a ênfase está na intersecção de três interesses do projeto
arquitetônico (Figura 2-1):

Figura 2-1: Esquema de interação do projeto arquitetônico

Fonte: Elaboração da autora

O primeiro refere-se à qualidade formal que se deseja alcançar, por meio,


sobretudo, do tratamento das envoltórias; o segundo e o terceiro estão mais
intrinsecamente relacionados, e se referem ao desempenho técnico da edificação.
É uma premissa do nosso trabalho a ideia de que as envoltórias flexíveis
sejam uma solução possível para a resolução de questões pertinentes à promoção
do conforto ambiental – como sombreamento e permeabilidade da ventilação – e
também quanto à privacidade, esta última, de interesse especial para as unidades
habitacionais.
Assim, buscaremos, neste capítulo, referências que apresentam a conciliação
das soluções de conforto ambiental e a flexibilidade das envoltórias.
24

2.1 EDIFÍCIOS DE USO MISTO

Contrariando o propósito do planejamento urbano funcionalista – que


prevaleceu ao longo do século XX pregando a separação de usos na cidade, a
distribuição horizontal das funções e a ocupação do território por edifícios
monofuncionais – nas últimas décadas, projetos de uso misto vêm se revelando uma
forte tendência no mundo todo, como uma resposta natural ao desenvolvimento das
relações urbanas, ou seja, torna-se a razão de ser das próprias aglomerações
humanas.
Ao combinar no mesmo empreendimento, ou na mesma região do bairro,
residências, escritórios, lojas, áreas de entretenimento, e até hospitais, os projetos
multifuncionais apresentam-se também como uma resposta à necessidade de evitar
longos percursos entre casa e trabalho, escola ou lazer, nos grandes centros
principalmente.
Propôr empreendimentos de uso misto, segundo Azeredo (2016), é
atualmente a maneira mais próxima que o arquiteto dispõe de conseguir contribuir
decisivamente para a forma da cidade:

Edifícios híbridos vêm atraindo crescente atenção tanto no debate como na


prática da arquitetura e do urbanismo contemporâneos por conter a
promessa de devolver às áreas em que se inserem a vitalidade típica das
antigas cidades, com seus espaços públicos animados tanto durante o dia
como a noite em função dos diferentes fluxos que essas estruturas atraem e
também por oferecer maior liquidez aos seus promotores, protegendo-os de
oscilações na demanda de um ‘produto’” (AZEREDO, 2016, p.11)

Outra característica interessante, para a qual chama a atenção o arquiteto


Jorge Königsberger (PORTAL AECWEB, 2016), é que os projetos de uso misto
servem para agregar valor ao produto vizinho, ou seja, um edifício residencial
próximo a um pequeno shopping, por exemplo, beneficia tanto os moradores quanto
os comerciantes. Para tanto, o arquiteto tem um papel primordial ao criar condições
para que os projetos se equilibrem.
Dentro da realidade brasileira, empreendimentos de uso misto surgem
especialmente a partir da iniciativa privada, em bairros de alto padrão, visando
oferecer condições similares ao que se encontra mais facilmente nos centros
urbanos consolidados. Deveriam, no entanto, fazer parte das propostas de
planejamento em áreas de qualquer nível socioeconômico, como as periferias das
cidades.
25

Algumas cidades, como São Paulo, por exemplo, atentaram para a


necessidade de fomentar a integração de usos. A recente atualização do Plano
Diretor da capital paulista, privilegia a construção de empreendimentos de uso misto
e de residências mais conectadas a eixos de transportes melhor estruturados.
Uma das principais estratégias é o incentivo, por meio de benefícios previstos
na legislação, à criação da fachada ativa, que corresponde à ocupação da fachada
localizada no alinhamento de passeios públicos por usos não residenciais, com
acesso aberto à população e abertura direta para o logradouro, com o objetivo de
promover a interação de usos ao longo dos passeios, fortalecendo a vitalidade
urbana nos espaços públicos.

Figura 2-2: Incentivo ao uso misto, de acordo com o Plano Diretor de São Paulo

Fonte: Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/incentivo-ao-uso-misto/. Acesso em: 27


mar. 2017.

Figura 2-3: Uso misto e fachada ativa no Térreo dos empreendimentos

Fonte: Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/incentivo-ao-uso-misto/. Acesso em: 27


mar. 2017.
26

Achamos importante ressaltar que esta solução também busca evitar a


multiplicação de panos fechados – fachadas com baixa permeabilidade visual ou
mesmo totalmente cegas – ao longo do passeio público. Esta é uma tendência que
tem se proliferado nas cidades brasileiras, em grande parte justificada nas
preocupações relacionadas à segurança, a despeito do crescente acúmulo de
argumentos, pelo menos desde a década de 1960, quanto aos impactos negativos
deste tipo de arranjo espacial (SABOYA et al, 2015).
Assim, a iniciativa da Prefeitura de São Paulo fomenta a instalação de
estabelecimentos comerciais na base dos edifícios, criando corredores de passagem
no nível da calçada. O fluxo de pedestres dinamiza o comércio, gera conforto e
segurança para comerciantes e consumidores e promove o desenvolvimento do
local.

Figura 2-4: Dinamização dos espaços públicos - uso misto e fachada ativa

Fonte: Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/incentivo-ao-uso-misto/. Acesso em: 27


mar. 2017.

Alguns empreendimentos de uso misto chamam atenção pela forma e pela


combinação de usos. É o caso do Market Hall, concluído em 2014, e projetado pelo
escritório holandês MRDV, vencedor de um concurso em 2004, organizado pela
cidade de Roterdã para a concepção e construção de um mercado de alimentos
frescos com praça de alimentação.
O programa exigia habitação, estacionamento subterrâneo e a ampliação do
mercado municipal ao ar livre existente na região. Era necessário um edifício aberto,
27

acessível e conectado com área urbana circundante, para atrair o público


(ARCHDAILY, 2014).
Mantendo as fachadas laterais menores o mais transparente possível, os
projetistas optaram por utilizar um sistema composto por cabos metálicos e
fechamento em vidro, possibilitanto a visão das formas e cores exuberantes
utilizadas no revestimento interior do mercado (Figura 2-5 e Figura 2-6). Em
contraste, o exterior é revestido em pedra natural cinza.

Figura 2-5: Market Hall

Fonte: Disponível em: www.mvrdv.nl/projects/markethall/. Acesso em 27 mar. 2017.

Figura 2-6: Interior do Market Hall

Fonte: Disponível em: www.mvrdv.nl/projects/markethall/. Acesso em: 27 mar. 2017.


28

Há uma ampla variedade de apartamentos (simples, lofts, duplex e


coberturas). As propriedades variam entre 80 e 300 m². Do terceiro ao décimo
primeiro andar, foram distribuídos um total de 228 apartamentos, cada um com
terraços voltados para o exterior, ocupando toda a largura da unidade (Figura 2-7).
Graças à forma curva, as 24 coberturas possuem terraços mais amplos. Metade das
unidades possuem janelas voltadas para o mercado, e são confeccionadas com
vidros triplos para evitar a entrada indesejável de som ou cheiro.
Os moradores podem acessar seus apartamentos através de entradas
separadas, no nível da rua, que levam a elevadores e escadas. Devido à curva da
estrutura, o hall dos elevadores muda de tamanho e localização, gradualmente, a
cada andar.

Figura 2-7: Vista dos apartamentos a partir do exterior

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br/br/758495/markthal-rotterdam-mvrdv. Acesso em: 27


mar. de 2017.

O fornecimento para o mercado, lojas e estabelecimentos é realizado nos


pavimentos subterrâneos, de modo que os residentes não são incomodados pelas
atividades de carga e descarga.
Pela maneira como as diferentes funções são combinadas e pela forma
curvilínea escolhida, um grande arco com 120 metros de comprimento, 70 metros de
largura e 40 metros de altura, o Market Hall é considerado um projeto singular e um
modelo inédito de hibridização de usos. Sua contribuição enquanto elemento de
conexão urbana é citada como uma das suas qualidades mais destacáveis
(ARCHDAILY, 2014).
29

Neste item foi realizada uma breve análise quanto ao uso misto, ilustrado com
o exemplar acima apresentado. Posteriormente, dentro dos estudos de referências
diretos e indiretos, serão explorados outros exemplares, quando teremos a
oportunidade de analisar mais detalhadamente as características desde tipo de
edifício.

2.2 ENVOLTÓRIAS E CONFORTO

Embora não esteja entre os objetivos deste trabalho a etiquetagem do edifício


a ser projetado, mas sim a obtenção de condições eficientes de conforto,
apresentaremos a seguir algumas definições e recomendações contidas no Manual
para aplicação do Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência
Energética Edificações Residenciais (RTQ-R), que especifica os requisitos técnicos,
bem como os métodos para classificação de edificações residenciais (unifamiliares e
multifamiliares) quanto à eficiência energética1.
Uma das definições encontradas é a do termo “envoltória”, que é entendido
como sendo o conjunto de planos que separam o ambiente interno do ambiente
externo, tais como fachadas, empenas, cobertura, aberturas, assim como
quaisquer elementos que os compõem. Nesta definição não se incluem os pisos,
estejam eles ou não em contato com o solo, conforme está ilustrado na Figura 2-8.

Figura 2-8: Partes componentes da Figura 2-9: Paredes em contato com o solo
envoltória (com exceção do piso) não fazem parte da envoltória

Fonte: BRASIL (2012) Fonte: BRASIL (2012)

1O regulamento ressalta que as edificações devem atender às normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) vigentes e aplicáveis.
30

Neste sentido, a envoltória pode ser entendida como a “pele” da edificação, o


conjunto de elementos que estão em contato com o meio exterior e compõem os
fechamentos dos ambientes internos em relação ao ambiente externo, referindo-se
exclusivamente às partes construídas acima do solo e excluindo-se a parcela
construída do subsolo da edificação (BRASIL, 2012).
Encontramos também no mesmo manual (BRASIL, 2012), uma acepção para
fachadas – que são componentes da envoltória do edifício – ali definidadas como
sendo as superfícies externas verticais, ou com inclinação superior a 60º em relação
à horizontal, compostas por elementos que incluem paredes, aberturas, elementos
translúcidos, transparentes e vazadas, proteções solares e quaisquer outros
elementos fisicamente conectados a elas.
Por contribuir significativamente na promoção do conforto térmico, acústico e
visual dos usuários e na promoção da eficiência energética do edifício, as
envoltórias apresentam papel de extrema relevância no projeto do edifício e,
conforme elucida Pirró (2014):

Como se trata do elemento arquitetônico que separa, e ao mesmo tempo,


relaciona o edifício com o meio externo, para que se obtenha um produto de
alto desempenho, demanda o conhecimento, por parte do arquiteto, das
condições climáticas locais, tornando a envoltória um verdadeiro elemento
passivo, capaz de controlar ganhos e perdas de calor, quantidade de luz
natural e ventilação. (p. 02)

Estaria, portanto, nas mãos dos arquitetos, grande parte da responsabilidade


pela criação, ainda em fase de projeto, de soluções que deem condições ao edifcio
de ser passivo – pelo menos durante grande parte do ano – reduzindo seu consumo
energético e impactos negativos ao meio ambiente.
As normas técnicas e os manuais de eficiência, além de estabelecerem
regras para avaliação do desempenho, fornecem informações para o
desenvolvimento de soluções para envoltórias mais eficientes. No Brasil,
atualmente, as principais normas existentes são Norma de Desempenho Térmico
(NBR 15220/2005) e a Norma de Desempenho para Edifícios Habitacionais (NBR
15575/2013), que apresentam parâmetros para ventilação, sombreamento e
especificação de materiais, específicas para cada zona bioclimática, destacadas na
Figura 2-10.
31

Figura 2-10: Zoneamento Bioclimático brasileiro

Fonte: NBR (2003)

O projeto da envoltória demanda, também, grande preocupação e


compreensão das propriedades térmicas dos elementos opacos e sua correta
especificação no desenvolvimento das soluções projetuais para paredes e
coberturas.
As normas citadas anteriormente (NBR 15220/2005 e NBR 15575/2013), bem
como o Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
Edificações Residenciais (RTQ-R), trazem os parâmetros referentes à transmitância
térmica e à capacidade térmica das paredes, e à transmitância térmica das
coberturas. Por sua vez, o Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes,
Coberturas e Vidros, disponibilizado por meio da Portaria 50/2013, do Inmetro,
oferece-se como um instrumento de consulta bastante elucidativo (Figura 2-11 e
Figura 2-12Figura 2-12), complementando as informações contidas nas normas
citadas e auxiliando os arquitetos na especificação de materiais para as envoltórias.
32

Figura 2-11: Exemplo de sistema tipo PAREDE, com especificação de propriedades


térmicas – Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct)

Fonte: Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes, Coberturas e Vidros (BRASIL, 2013)

Figura 2-12: Exemplo de sistema tipo COBERTURA, com especificação de


propriedades térmicas – Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct)

Fonte: Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes, Coberturas e Vidros (BRASIL, 2013)

Outras variáveis que requerem bastante atenção são: o dimensionamento das


áreas de aberturas em fachada e a correta especificação de elementos
transparentes, em especial dos vidros, que podem trazer grande quantidade de
carga térmica para o interior do ambientes, gerando para os usuários, zonas de
desconforto térmico e/ou lumínico.
O sombreamento das aberturas e superfícies envidraçadas – que pode ser
realizado através de elementos externos, como brises, varandas, beirais,
pergolados, vegetação, anteparos, marquises etc – é destacado pela NBR 15220
como uma das estratégias a serem adotadas para conforto térmico passivo em
variadas zonas bioclimáticas brasileiras, como a ZB-08, por exemplo.
33

Diante da diversidade bioclimática brasileira, entende-se que a estratégia de


sombreamento deve ser aplicada de acordo com as necessidades do local, de forma
que seja possível tanto garantir a entrada do sol quando necessário (principalmente
no inverno para regiões mais ao sul e ao sudeste do país), quanto bloquear a
radiação solar direta (no verão nessas regiões e durante o ano todo nas regiões
mais ao norte e ao nordeste do país). Nesse sentido, o Guia Selo Casa Azul da
Caixa Econômica2 acrescenta que, além do desenho dos próprios elementos de
proteção,

é importante uma maior flexibilidade no uso do conjunto janela/veneziana


ou similar, de forma que permita iluminação, ventilação, estanqueidade à
água e sombreamento seletivo quando necessário. O uso da veneziana
para ambientes de maior permanência se mostra como uma estratégia
muito importante para o setor residencial (SELO CASA AZUL, 2010, p. 86).

Elementos como cobogós e brises móveis vem há muitas décadas sendo


explorados na arquitetura brasileira, como solução para sombreamento de fachadas
(Figura 2-13), e estão presentes em obras que acabaram por se tornar ícones da
arquitetura moderna brasileira, no século XX, como o edifício, projetado em 1936 por
Lúcio Costa e equipe, para sediar o Ministério da Educação e Saúde, depois o
Ministério da Educação e Cultura, hoje denominado Palácio Gustavo Capanema
(Figura 2-15 e Figura 2-15 ), no Rio de Janeiro. Para Melendo (2004), havia grande
interesse em incorporar elementos de proteção solar naquele edifício, devido à
influência do arquiteto Le Corbusier.
No memorial descritivo (apud MELENDO, 2004)3, tem-se a descrição do
sistema de sombreamento empregado:

... consiste em lâminas verticais fixas de concreto ligadas aos pisos e placas
horizontais basculantes de Eternit, armadas em ferro. As placas horizontais
ficarão afastadas cerca de 0,50 metros das esquadrias, formando um vazio
para tiragem de ar, a fim de evitar a entrada de calor por irradiação nas
salas de trabalho, e tendo as verticais somente dois pontos de contato com
a estrutura, ainda para evitar um conjunto rígido que facilitaria a transmissão
de calor. As básculas serão constituídas por placas duplas de cimento-
amianto, cujas propriedades isotérmicas são conhecidas.

2
O “Selo Casa Azul – Boas práticas para Habitação mais sustentável” é um guia elaborado pela Caixa
Econômica Federal, que busca reconhecer projetos de empreendimentos habitacionais que demonstrem
interesse na redução de impactos ambientais. Embora tenha sido desenvolvido com o foco nos critérios para a
obtenção do Selo Casa Azul – categorias ouro, prata e bronze – as informações contidas também podem ser
tomadas como parâmetros na tarefa de planejar, dentro realidade da construção brasileira, habitações cada vez
mais sustentáveis. Baseia-se em seis categorias de preocupações socioambientais a serem consideradas na
avaliação do empreendimento: 1) Qualidade Urbana; 2) Projeto e Conforto; 3) Eficiência Energética; 4)
Conservação de Recursos Materiais; 5) Gestão da Água; 6) Práticas Sociais.
3 Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.051/554/pt. Acesso em: 13 mar 2017.
34

Figura 2-13: Croquis de Lúcio Costa, com estudo da solução para sombreamento
através das lâminas horizontais

Fonte: MELENDO (2004)

Figura 2-14: Fachada com brises do Figura 2-15: Detalhe dos brises do Palácio
Palácio Gustavo Capanema Gustavo Capanema

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso


Fonte: MELENDO (2004) em: 07 abr. 2016.

Nas imagens a seguir (Figura 2-16 e Figura 2-17), temos a vista dos brises a
partir do interior do edifício e o detalhe do mecanismo de controle das básculas.
35

Figura 2-16: Vista dos brises a partir do Figura 2-17: Detalhe do mecanismo de
interior giro das básculas

Fonte: MELENDO (2004) Fonte: MELENDO (2004)

O empenho no desenho de mecanismos de controle ambiental, presente nas


propostas dos primeiros modernistas brasileiros, foi transmitido às gerações
seguintes de arquitetos brasileiros, que desenvolveram variados tipos de elementos
de proteção solar, adaptados às condições climáticas das mais diversas regiões do
país. Ao longo das décadas seguintes, entretanto, este interesse parece ter se
perdido aos poucos, muito em razão da estandartização dos sistemas produtivos
(MELENDO, 2004).
Em âmbito internacional, cabe mencionar rapidamente a crítica de Mahfuz
(2009) ao pós-modernismo, pelo tratamento desvinculado da fachada em relação ao
corpo da edificação e por uma busca da representatividade literal e simbólica da
fachada, utilizando elementos históricos fora de contexto, resultando numa
“produção marcada por pastiches e paródias”.
Ainda segundo Mahfuz (2009), nas últimas três décadas, contudo, a
discussão se ampliou, indo bem além da questão comunicativa. Estimulados por
uma preocupação sobre temas como conforto ambiental e sustentabilidade,
arquitetos do mundo todo, inclusive os brasileiros, tem-se empenhado em pesquisar
e criar maneiras em que as fachadas atuem como reguladoras do conforto ambiental
dentro do edifício. A consequência disso é a elaboração de fachadas cada vez mais
complexas e eficientes; a aparência do edifício é, em grande parte, determinada pelo
modo como são resolvidas questões como ventilação, sombreamento e isolamento,
o que parece depender, sobretudo, do emprego de três componentes genéricos
básicos:
36

a) uma camada interna, que pode ser mais aberta ou mais fechada, de qualquer
material e, a depender da necessidade climática pode agregar uma camada isolante;
b) uma câmara de ar, que pode ser mínima ou até constituir um espaço habitável,
como uma sacada ou varanda, por exemplo;
c) uma camada externa, que normalmente responsável pela proteção das demais e
costuma incorporar elementos móveis.
Desde singelas casas a arrojados edifícios corporativos, inúmeros são os
exemplos na arquitetura contemporânea, de obras em que é possível identificarmos
a aplicação desta estratégia de elaboração de fachadas descrita acima por Mahfuz
(2009).
De modo simplificado, isto pode ser conseguido por meio da criação de uma
membrana envoltória, responsável por controlar a incidência solar, manter a
estanqueidade, promover a ventilação e o sombreamento, como pode ser visto no
exemplo ilustrado esquematicamente na Figura 2-18.

Figura 2-18: Envoltória adaptável projetada pelo arquiteto Daniel Raznick e equipe

Fonte: Disponível https://danielraznick.com/about/adaptive-solar-skin/. Acesso em: 07 abr. 2016.

Para conclusão deste item, elegemos, então, para breve análise, um dos
projetos do arquiteto português Gonçalo Byrne, que, ao nosso ver, aplicou tal
solução de maneira elegantemente simples e bastante funcional, no projeto Casa nel
Parco, localizado em Jesolo, na Itália, concluído em 2011.
37

Trata-se de um condomínio de uso misto (residencial e comercial), constituído


por um conjunto de lojas no térreo, uma torre residencial com 24 pavimentos e 3
blocos residenciais com 4 pavimentos cada.

Figura 2-19: Planta da torre (Casa nel Figura 2-20: Corte na envoltória (Casa nel
Parco, Jesolo-Itália) Parco, Jesolo-Itália)

Fonte: Revista The Plan - edição 53


Fonte: Revista The Plan- edição 53

A torre residencial é caracterizada pela presença de uma varanda contínua


que envolve todo o perímetro do pavimento e funciona como uma camada de
transição entre interior e exterior (Figura 2-21). A estrutura portante do edifício,
totalmente independente (Figura 2-19), libera a camada externa da fachada para
incorporar painéis em vidro, instalados ao longo de toda a altura do edifício, criando
um interessante jogo de aberturas descontínuas, intensificado pela variação de
cores dos painéis em tons de verde e azul (Figura 2-22). Os ambientes, totalmente
recuados em relação ao pano da fachada (Figura 2-19 e Figura 2-20), recebem
isolamento e fechamentos independentes.
38

Figura 2-21: Varanda contínua (Casa nel Parco, Jesolo-Itália)

Fonte: Disponível em: www.byrnearq.com. Acesso em: 07 abr. 2016.

Figura 2-22: Fachada (Casa nel Parco, Jesolo-Itália)

Fonte: Disponível em: www.mervillejesolo.it. Acesso em: 07 abr. 2016.

Embora localizado em uma latitude com características climáticas muito


distintas àquela em que se situa nosso universo de intervenção, e utilizando um
material como o vidro, que requer bastante atenção para emprego no nosso clima, a
apresentação desta obra foi escolhida para fechamento deste item por condensar de
maneira bastante simplificada o conceito geral pretendido para o nosso trabalho, que
posteriormente será elucidado. Oportunamente também serão apresentados outros
projetos e soluções com enfoque no tratamento de envoltórias.
39

2.3 FLEXIBILIDADE NA ARQUITETURA

Faz parte da prática profissional e, ao mesmo tempo, parece um pouco


ilusório, imaginar que o arquiteto conseguirá prever como as edificações serão
utilizadas, especialmente porque durante seu tempo de vida útil, poderão abrigar
grande variedade de ocupantes e mudanças de usos.
Porém, como bem esclarece Kronenburg (2007), ainda que as mudanças
sejam inevitáveis, é importante que exista um marco para que os “câmbios”
aconteçam. Através da adoção de estratégias de flexibilidade no projeto de
Arquitetura, o arquiteto pode assumir o papel de maestro destas transformações
inevitáveis.
A previsão de adaptabilidade em projeto diminui os riscos da obsolescência
funcional das edificações e, consequentemente, aumenta sua vida útil. Além do que,
por meio da previsão de adaptações do projeto, pode-se proporcionar menor
consumo de energia e desperdício de materiais. Quando não planejada
oportunamente, pode tornar-se tecnicamente inviável. Nesse sentido, o desafio de
oferecer construções passíveis de serem alteradas ao longo do tempo, vincula-se
frequentemente às tentativas mais atuais de se definir uma arquitetura sustentável.
Os primeiros grupos humanos, diante das necessidades de adaptação e
sobrevivência impostas pela vida nômade, foram provavelmente os responsáveis
pelas primeiras práticas de uma arquitetura dita flexível. As habitações constituíam-
se de estruturas portáteis, ou seja, abrigos que podiam ser montados e
desmontados diversas vezes para viabilizar o deslocamento para outros sítios
Kronenburg (2007).

Figura 2-23: Tenda beduína

Fonte: Disponível em: www.kingshouseorientalrugs.com. Acesso em: 27 mar. 2017.


40

Entre incontáveis exemplares de habitações nômades que persistem até os


dias atuais, destacamos como exemplo de mobilidade as tendas dos beduínos
africanos (Figura 2-23) , confecionadas em tecidos e peles e sustentadas por postes
de madeira, móveis e leves para facilitar o transporte. A agricultura e as atividades
econômicas possibilitaram a fixação dos indivíduos e organização das sociedades. A
habitação tornou-se fixa. Após a Revolução Industrial, entretanto, com os avanços
na produção de materiais e das construções, especialmente com a ênfase na
racionalização e pré-fabricação, surgiram propostas evocando uma arquitetura mais
flexível em suas soluções.
É importante destacar que, ao longo do século XX, persistiu uma busca pela
casa “ideal” e muitos arquitetos balizaram seus discursos e projetos em conceitos
como adaptabilidade e flexibilidade. Foram desenvolvidos inúmeros protótipos de
“casas do futuro”, que despertaram interesse do público, mas que, no entanto, não
passaram de experiências, restritas a exposições e amostras. Assim mesmo, não há
dúvidas de que estas experiências influenciaram o desenvolvimento da arquitetura
em fases e movimentos posteriores (KRONENBURG, 2007).
Na década de 1960, movimentos de vanguarda com o Archigram (Reino
Unido) e os Metabolistas (Japão) propuseram um questionamento da arquitetura
convencional, através da experimentação com novos materiais e técnicas, inclusive
advindas de outras indústrias. Um dos projetos mais emblemáticos, concebido por
Peter Cook, um dos fundadores do Archigram, é o Plug-In-City (Figura 2-24). Nunca
concretizado, baseia-se no conceito de conexão das unidades residenciais pré-
fabricadas e agrupadas a uma imensa rede de infraestrutura.

Figura 2-24: Plug-In-City de Peter Cook

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso em: 12 abr. 2017.


41

A flexibilidade na arquitetura, enquanto conceito, está em permanente


evolução. Segue sendo bastante atual e apresenta-se como resposta possível às
diversas questões relacionadas às demandas funcionais e também formais que
acompanham o ato de projetar.
Jorge (2012) é um dos autores que, de modo bastante amplo, apresenta uma
conceituação de flexibilidade mais próxima àquela que pretendemos abordar em
nosso projeto:

... o projeto concebido deve ser uma resposta capaz de acompanhar as


transformações com dignidade, e quando os elementos construtivos não
forem capazes de suportar ao tempo, devem ser favoráveis à atualização, à
substituição, para que possam intervir positivamente, na imagem urbana,
conservar as propriedades funcionais e satisfazer às exigências do cliente
(p. 483-4).

Arquitetos teóricos e projetistas tem-se dedicado a classificações e


interpretações as mais diversas, por vezes divergentes, da flexibilidade na
arquitetura. A seguir, achamos pertinente abordar, ainda que de maneira resumida,
algumas destas, buscando principalmente as abordagens mais atuais, uma vez que
se trata de um tema em constante evolução.
Buscando correlacionar conceitos e uniformizar termos, Brandão (2012)
apresenta duas principais categorias de flexibilidade arquitetônica: a flexibilidade
inicial e a flexibilidade contínua. A primeira – equivalente aos termos “flexibilidade de
projeto” e “variabilidade” – consiste na qualidade do sistema estrutural, seus
componentes e partes disponíveis que permitem ao projetista do edifício criar vários
edifícios (ou várias unidades residenciais) a partir dos componentes dos sistemas.
Refere-se, assim, à flexibilidade inicial que o projeto pode oferecer em termos de
escolhas antes da ocupação. Já a flexibilidade contínua – equivalente aos termos
“flexibilidade posterior”, “flexibilidade funcional” e “flexibilidade permanente” –
corresponde às qualidades do sistema estrutural que permitem ao usuário do edifício
adaptar os espaços internos, assim como alterar as unidades de equipamentos e
móveis, sem interferências com a estrutura portante.
Partindo de uma crítica à pré-determinação funcional e à “suposta
flexibilidade” modernista (com suas portas de correr e mobiliário retrátil), Pinto (2012)
aborda, em sua dissertação, o conceito de “arquitetura responsiva”. Buscando
ampliar o conceito de flexibilidade, a autora sustenta que a arquitetura que incorpora
um certo grau de indeterminação, possibilitando variadas interpretações, se
42

apresenta como a que mais facilmente permite a apropriação por parte dos seus
ocupantes.
No caso particular da habitação, destaca a variável “tempo”, como um
importante fator e a necessidade de estimular o usuário a apropriar-se do espaço:

Entende-se por responsividade a capacidade de a unidade habitacional ser


capaz de suportar uma relação interactiva com o seu ocupante, ou seja,
permitir acomodar diferentes usos e formas de uso, acompanhando a
evolução das necessidades do ocupante. Numa habitação responsiva os
espaços não estão pré-determinados funcionalmente à partida, podendo ter
outra função ao longo do ciclo de vida do seu ocupante. A variável Tempo
está incluída neste tipo de habitação. (PINTO, 2012, p.10)

Robert Kronenburg destaca-se atualmente como um dos pesquisadores mais


atuantes quanto ao tema da flexibilidade na arquitetura. No livro “Flexible:
architecture that responds to change” (KRONENBURG, 2007), o autor sistematiza
quatro estratégias de flexibilidade – adaptar, transformar, mover/deslocar e interagir
– cujos conceitos consideramos bastante pertinentes ao nosso trabalho. Estas
estratégias serão apresentadas a seguir.

2.3.1 Adaptar

Kronenburg (2007) apresenta esta estratégia como sendo aquela em que os


edifícios são pensados para responder facilmente a diferentes funções, modelos de
usos e necessidades específicas dos usuários.
Para tanto, os sistemas construtivos devem ser bem pensados e neste
sentido, os sistemas modulares e pré-fabricados, com previsão de adaptabilidade
das instalações, oferecem-se como algumas das soluções mais adequadas.
Em geral, o resultado é a previsão de espaços amplos e adaptáveis, capazes
de abrigar diversas funções, destacados pelo autor como “espaços multiusos”.
A característica mais importante da arquitetura adaptável, destacada pelo
autor, seria a possibilidade dos usuários do edifício influenciarem as decisões de
projeto. Assim, partindo, por exemplo,da concepção de uma planta livre, aberta, que
admite distintas distribuições, tanto durante a fase inicial de ocupação, como durante
a vida útil, os clientes, usuários e habitantes desfrutam de uma grande liberdade
para criar o espaço.
A previsão de adaptabilidade das instalações é outra característica
fundamental de projetos adaptáveis. Sistemas de controle (de iluminação, calefação,
ventilação, comunicação, segurança, previsão e combate a incêndio etc) devem ser
43

suficientemente planejados e organizados para acompanhar as diversas e muitas


vezes complexas mudanças no espaço ao longo do tempo. Isto, em geral, implica
maiores custos.
A adaptabilidade apresenta, contudo, como vantagens incontestáveis o
oferecimento de maior qualidade de vida aos seus ocupantes e ampliação da vida
útil do edifício.
Em 2004, no Reino Unido, um produto denominado “Habitação Optima”
(tradução nossa) foi desenvolvido a partir de métodos de produção visando oferecer
casas mais acessíveis (Figura 2-25). Projetadas por Cartwright Pickard, em
colaboração com a Pace Timber Systems, fabricante de estruturas de madeira, as
casas geminadas podem ter até cinco pavimentos.

Figura 2-25: Casa Optima pronta, Figura 2-26: Componentes de uma casa Optima,

Reino Unido Reino Unido


Fonte: Kronenburg (2007) Fonte: Kronenburg (2007)

O sistema é entregue no local e está constituído por painéis de fechamento,


com previsão de isolamento, condutores, janelas pré-instaladas de fábrica, pias de
cozinha e banho que incorporam componentes pré-acoplados (Figura 2-27). Os
clientes pode utilizar estes componentes como parte de um projeto padrão ou
personalizar uma solução totalmente exclusiva (KRONENBURG, 2007).
44

Figura 2-27: Sequência de montagem de uma casa Optima, Reino Unido

Fonte: Kronenburg (2007)

2.3.2 Transformar

Todos os edifícios apresentam características operativas, geralmente


conduzidas por portas, janelas, mobiliário e outros elementos como cortinas,
persianas etc. No entanto, para Kronenburg (2007), a arquitetura que é
verdadeiramente “transformável” deve ser capaz de se alterar radicalmente, em
aspectos como configuração, volume e/ou forma, com modificações importantes no
modo de utilização e percepção. Trata-se de uma arquitetura que se abre, se fecha,
se expande ou se contrai. Expandindo para o enfoque deste trabalho, seria aquela
capaz de responder adequadamente a solicitações ambientais exteriores diversas,
proporcionando um dinamismo constante e criando uma “arquitetura indeterminada”,
controlada pelos usuários.
Apesar de se apresentarem como características muito bem vindas na
arquitetura contemporânea, não são, entretanto, facilmente introduzíveis na
construção. Necessitam de um projeto e de um trabalho de construção mais
apurados, de modo a evitar problemas especialmente durante o funcionamento; os
mecanismos utilizados devem ser resistentes, fáceis de manusear e confiáveis,
especialmente nas situações domésticas, onde o edifício deve ser capaz de ser
operado simplesmente com a força humana.
O autor chama atenção para uma certa “magia”, uma certa qualidade de estar
“vivo”, que existe neste tipo de edifício que adquire mobilidade ao simples ato de
apertar um botão. No entanto, é fundamental que os tetos, paredes, painéis, portas
mecânicas e todos os demais mecanismos elétricos, hidráulicos introduzidos no
sentido de empregar tal estratégia de flexibilidade sejam bastante eficientes. Novos
45

materiais, como o neoprene, e soluções vindas de outras indústrias, como a


automobilística, por exemplo, também podem surgir como recursos valiosos.
Problemas de ventilação e isolamento acústico são preocupações bastante
pertinentes quando se trata de edifícios “transformáveis”.
Ainda que a transformação cinética seja uma forma bastante atraente de
emprego desta estratégia de flexibilidade, também se podem produzir
transformações visuais significativas, através da instalação de dispositivos de
comunicação de massa como telas de LED na superfície das estruturas.
Um exemplo de utilização desta tecnologia é o Allianz Arena (Figura 2-28 e
Figura 2-29), localizado na cidade de Munique, Alemanha, em 2005, projetado pelo
escritório Herzog e De Meuron, que explorou a flexibilidade oferecida pelo sistema
LED de iluminação para estádio, criando uma ampla variedade de modelos,
mensagens, e proporcionando, inclusive, sensação de movimento.

Figura 2-28: Allianz Arena com as cores Figura 2-29: Allianz Arena com as cores
da bandeira alemã do time Bayern de Munique, Alemanha

Fonte: Disponível em: www.allianz-arena.com. Fonte: Disponível em: www.allianz-arena.com.


Acesso em: 12 abr. 2017. Acesso em: 12 abr. 2017.

Um outro exemplo que gostaríamos de destacar é o Museu de Arte de


Milwaukee (Figura 2-30), projetado pelo arquiteto Santiago Calatrava. Com
frequência, o arquiteto explora em seu trabalho o potencial dos elementos cinéticos,
que parecem especialmente se afinar com as estruturas naturais que tão bem
caracterizam sua obra.
A estrutura em aço da cobertura do museu assemelha-se a um grande
pássaro com envergadura de 66 metros e o mecanismo de abertura e fechamento
46

das “asas” altera a entrada de luz através do teto de vidro, conferindo grande
expressividade à obra.

Figura 2-30: Museu de Arte de Milwaukee, Estados Unidos

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso em: 12 abr. 2017.

2.3.3 Mover / Deslocar

Edificios são os elementos mais permanentes que conhecemos. Entretanto, e


paradoxalmente, a mobilidade na arquitetura sempre existiu e durante muito tempo
foi até bastante comum.
Edifícios flexivelmente móveis seriam aqueles com capacidade de
deslocamento e reposicionamento de suas estruturas, o que, ainda em alguns
casos, possibilita a criação de muitas formas arquitetônicas diversas. A principal
vantagem da adoção desta estratégia é que, após a sua relocação, a edificação
apresenta-se praticamente pronta para ser ocupada.
Segundo Kronenburg (2007), a melhor estratégia para mover um edifício seria
transportá-lo numa só peça. Para tanto, porém, há limitações de transporte, em
função do tamanho. Uma solução seria a criação de peças modulares que possam
ser facilmente montadas, desmontadas e transportadas.
Como exemplo, Kronenburg (2007) apresenta o MDU (Mobile Dwelling Unit),
projetado pelo escritório ítalo-americano LOT-EK e baseado no contâiner de
transporte padrão.
47

Segundo informações dos autores do projeto4, a MDU (Figura 2-31), ainda


que possa facilmente ser adaptada como alternativa para residência permanente, foi
originalmente concebida para indivíduos em constante movimento ao redor do globo,
provida com todos os equipamentos e mobília para atender à necessidade do
morador.

Figura 2-31: MDU-Unidade de Habitação, Estados Unidos

Fonte: Disponível em: www.lot-ek.com/MDU-Mobile-Dwelling-Unit. Acesso em: 10 mar. 2017.

Figura 2-32: Os sub-volumes da MDU, Figura 2-33: Compartimentos da MDU,


Estados Unidos Estados Unidos

Fonte: Disponível em: www.lot-ek.com/MDU- Fonte: Disponível em: www.lot-ek.com/MDU-


Mobile-Dwelling-Unit. Acesso em: 10 mar. 2017. Mobile-Dwelling-Unit. Acesso em: 10 mar. 2017.

Os cortes nas paredes metálicas do contâiner geram sub-volumes que,


internamente intertravam-se uns aos outros, possibilitando o transporte padrão
durante o deslocamento. Uma vez instalado no local, os sub-volumes são
empurrados para fora, gerando compartimentos destinados a funções como
trabalho, serviço, armazenamento e descanso (Figura 2-32 e Figura 2-33), deixando

4 Disponível em: www.lot-ek.com/MDU-Mobile-Dwelling-Unit. Acesso em: 10 de março de 2017.


48

o interior do recipiente completamente liberado e com todas as funções acessíveis


através das laterais. O interior do recipiente e os sub-volumes são fabricados em
madeira e plástico revestido de madeira compensada.
A unidade móvel pode ser transportada através da infraestrutura de transporte
disponível no local (trens, barcos, caminhões, gruas) e ao chegar ao seu destino,
colocada sobre uma armação (Figura 2-34) padrão que contém a infraestrutura para
atender às necessidades da habitação.

Figura 2-34: A MDU numa estrutura-padrão de armazenagem

Fonte: Disponível em: www.lot-ek.com/MDU-Mobile-Dwelling-Unit. Acesso em: 10 mar. 2017.

2.3.4 Interagir

Uma arquitetura interativa é aquela capaz de interagir com aquilo que a


rodeia, externamente ou internamente, e tem como objetivo perceber, interpretar e
se adaptar, satisfazendo, consequentemente, às necessidades dos usuários.
A interação pessoa-edifício pode ser simplesmente mecânica. Porém,
avança-se rapidamente para as interações mediadas pela tecnologia, mais
especificamente por processos automatizados. Cada vez mais eficazes, tanto em
qualidade de execução, como em rapidez de resposta, encontra amplo emprego em
áreas como conforto, segurança, higiene, privacidade e gestão sustentável de
recursos.
49

Torna-se cada vez mais comum a introdução de sistemas mecânicos que


atuam como os tradicionais meios passivos de controle de energia para, por
exemplo, abrir condutos, janelas e telhados para ventilação, controlar brises etc.
Além de o edifício interativo ser capaz de modificar a forma em função das
necessidades dos usuários (no interior), Kronenburg (2007) chama atenção para um
aspecto também muito interessante que pode ser alcançado ao se introduzir este
conceito de flexibilidade em projeto:

As fachadas que reagem à luz do sol como a íris do olho humano ou como
as pétalas de uma flor, ou que se tornam opacas quando se precisa de
privacidade não são somente úteis para os habitantes do edifício, como
também atuam como um sinal para os que estão fora e indicam que algo
está acontecendo, que está se produzindo uma atividade e que arquitetura
é ativa. (p. 213 – tradução nossa)

Entre as obras destacadas pelo autor, temos o Instituto do Mundo Árabe


projetado em 1989 pelo arquiteto Jean Nouvel, e localizado à margem do Rio Sena,
em Paris.
A fachada sul do edifício é formada por um arrojado sistema interativo
composto por diafragmas com capacidade para responder a estímulos externos,
reduzindo e aumentando suas aberturas de acordo com a incidência de luz no
exterior.

Figura 2-35: Fachada Sul do Instituto do Mundo Árabe de Paris

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso em: 18 nov. 2015.

Trata-se de uma referência e reinterpretação de um elemento de controle


solar e de privacidade bastante tradicional da arquitetura árabe, que além de
50

funcionar como um grande protetor solar, confere ao exterior uma fachada


esteticamente muito atraente e possibilita um interessante jogo de luzes e sombras
no interior do edifício, como pode se visto na Erro! Autoreferência de indicador não
válida..

Figura 2-36: Elementos de sombreamento

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso em: 18 nov. 2015.

Estas quatro estratégias sintetizadas por Kronenburg (2007) nos põem em


contato com soluções e alternativas que virão a ser exploradas em projeto.
Também nos apresentam uma visão bastante ampla da ideia de “flexibilidade”
na medida que extrapola a dimensão bidimensional da Arquitetura, ou seja, não se
limita à flexibilidade da planta ou do layout.
51

Albuquerque (2013) sintetiza esta ideia, que se mostra bastante pertinente ao


enfoque pretendido por este nosso trabalho:

... nos dias de hoje, se sairmos do pensamento bidimensional e pensarmos


na flexibilidade como aspecto relevante da composição tridimensional,
verificamos que este conceito se tornará ainda mais interessante, uma vez
que projetos que busquem um ‘certo’ jogo volumétrico obtido a partir da
flexibilidade de composição de seus elementos podem resultar em
propostas esteticamente agradáveis e diferenciados. (ALBUQUERQUE,
2013, p. 67)

Após a leitura da trabalho de Kronenburg (2007), chama-nos atenção para o


fato de que, apesar de os mecanismos operativos (de qualquer uma das estratégias
anteriormente descritas) apresentarem-se muito atrativos para o projeto de
arquitetura, não se mostram facilmente introduzíveis na construção, uma vez que
demandam projeto e trabalho de construção bastante apurados, de modo a evitar
problemas durante o funcionamento, especialmente nas situações domésticas,
quando, geralmente, a operação depende apenas da força humana. Em resumo, é
fundamental que todos os elementos introduzidos, no sentido de promover a
flexibilidade, sejam bastante eficientes em seu funcionamento.

2.4 ARQUITETURA RESIDENCIAL BRASILEIRA E FLEXIBILIDADE

A crescente expansão dos territórios das cidades, o desejo de viver na


centralidade e os altos índices de violência parecem estar associados à crescente
demanda pela modalidade habitacional tipo “apartamento”. A moradia verticalizada
tem sido uma modalidade cada vez mais adotada por uma parcela significativa da
população, principalmente nas grandes cidades (VILLA, 2006) 5 .
Amparado no atendimento a esta demanda, o mercado imobiliário brasileiro
responde com uma visível uniformidade e padronização de suas construções, o que,
por sua vez, atende às exigências de otimização e repetição da indústria da
construção civil.
Tal padronização reflete-se tanto nas plantas das unidades-tipo, como nas
fachadas dos edifícios. Do ponto de vista formal e funcional, incluindo toda a
abrangência de desempenhos que a edificação projetada na contemporaneidade

5Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297>. Acesso em: 18 de novembro


de 2015.
52

deveria apresentar, esta problemática se coloca como um tema de relevante


discussão para todos os envolvidos no processo, especialmente para os arquitetos.
Um dos primeiros aspectos a ser considerado é o fato de que, ao longo das
últimas décadas, a constituição familiar tem se tornado cada vez mais heterogênea,
distanciando-se da formação tradicional e criando demandas novas e distintas
formas de morar. A necessidade da privacidade é apontada como a principal
alteração do espaço doméstico, uma vez que o grupo familiar deixou de ser
caracterizado pelo controle de uma pessoa para ser “um encontro de indivíduos e
vidas individuais” (TASCHNER, S. apud VILLA, 2006). Além disso, pesquisas
indicam a necessidade de adequações no espaço interno das habitações conforme
o decorrer do ciclo de vida dos moradores (HEINECK, L. et al, apud VILLA, 2006).
O trabalho de Amorim e Griz (2014) analisa os projetos de apartamentos
produzidos pelo mercado imobiliário recifense na primeira década do século XXI e
das reformas feitas pelos moradores, buscando apresentar o perfil da produção
imobiliária atual e a expressão dos modos de habitar contemporâneos, concluindo
que:

O produto lançado e comercializado ainda ‘na planta’ – o apartamento deles


- difere, em grande medida, daquele acabado - o nosso apartamento -,
resultado do modo de habitar específico dessa classe de consumidor. Os
resultados indicam que o programa básico do apartamento deles não
atende necessidades das camadas mais altas da sociedade em muitos
aspectos, principalmente em relação aos espaços destinados às atividades
sociais e à suíte principal (AMORIM e GRIZ, 2014, p. 2).

Em trabalhos anteriores de Amorim et al (2009), sugerem que a procura do


imóvel tipo “apartamento” se dá, não pelo número de quartos, layout ou quantidade
de ambientes inicialmente oferecidos pelas construtoras, mas sim pela área
disponível e flexibilidade que a planta pode proporcionar para atender às
necessidades e aspirações da família. Ou seja, para muitas famílias, a expectativa
de compra já vem acompanhada da necessidade de adequação do imóvel.
Embora não representem experiências inéditas, em âmbito nacional,
identificamos como tentativas recentes de escapar um pouco da tendência de
padronização da arquitetura residencial vertical, destacam-se algumas experiências
no Sudeste, especialmente em São Paulo, como os projetos Aimberê (Figura 2-37),
Fidalga (Figura 2-38) e Simpatia (Figura 2-39), dos escritórios Andrade Morettin
Arquitetos e GrupoSP, incorporados pelo grupo IdeaZarvos.
53

Apresentam - além da flexibilidade funcional das plantas, através de uma


certa liberdade de distribuição dos cômodos, tendo como núcleos fixos, banheiros e
shafts – a possibilidade de flexibilidade de fachadas.

Figura 2-37: Edifício Aimberê, São Paulo Figura 2-38: Edifício Fidalga, São Paulo

Fonte: Disponível em: Fonte: Disponível em:


www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 18 www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 18 nov.
nov. 2015. 2015.

No caso do Edifício Simpatia (Figura 2-39), projetado pelo GrupoSP, foram


adotadas como estratégias de flexibilização total dos espaços: a) laje sem
revestimento de forro e contrapiso, permitindo a escolha de cada morador; b)
instalação de colunas de infraestrutura e hidráulica junto aos pilares, de modo que
banheiros e cozinhas podem ser locados em praticamente qualquer posição da
planta; c) em duas das fachadas, ao morador foi permitido escolher onde instalar
suas janelas, resultando num movimento aleatório das aberturas nas fachadas
(TRONCOSO, 2011).

Figura 2-39: Detalhes de fachada do Edifício Simpatia, São Paulo

Fonte: FERNANDES (2015)


54

No entanto, cabe aqui dizer que, em comparação com países de economia


mais desenvolvida, o Brasil ainda se apresenta atrasado e resistente com relação as
soluções relacionadas à flexibilidade, sobretudo à permanente, como esclarece
Brandão (2002).
As dificuldades com mão-de-obra especializada e o custo elevado dos
produtos industrializados, por exemplo, são alguns fatores que ainda contribuem
para um emprego ainda tímido de soluções promotoras de flexibilidade.
Da parte dos construtores e incorporadores, por sua vez, as técnicas
convencionais de alvenaria de tijolos e concreto armado, que absorvem melhor as
imprecisões de obra, parecem contribuir para um quadro de pouquíssimas
inovações e experimentação.
Apenas para comparação explicativa, observamos que, por exemplo, para os
europeus, habituados ao uso de elementos de vedação, como divisórias delgadas
desde muito antes da introdução da planta livre, a aceitação dos espaços flexíveis é
mais ampla. Os conceitos de padronização e produção em série, enfatizados a partir
do primeiro pós-guerra na Europa, e as experiências, a eles vinculados, de
flexibilidade na arquitetura residencial, parecem não ter ressoado contundentemente
por aqui.
Nesse sentido, Brandão (2012) ainda destaca um importante aspecto cultural,
ressonante na arquitetura residencial brasileira:

A residência brasileira de prestígio é, até nossos dias, baseada na


tripartição burguesa européia do século 19, com sua sucessão de cômodos
com finalidades específicas, o que exclui qualquer sobreposição de funções.
De forma inversa, a inexistência desta estanqueidade nas casas das
classes populares – apesar de buscada como símbolo de êxito social – é
considerada um fator explicativo da resistência, por parte das classes
abastadas, a morar em casas cujas salas de estar, de jantar, de TV e a
cozinha, configurassem, por exemplo, um único cômodo (BRANDÃO, 2012,
p.156).

2.5 FACHADAS FLEXÍVEIS

Até o início do século XX, a fachada era parte do sistema de sustentação dos
edifícios, ou como coloca Mahfuz (2009), um “muro com aberturas”: grande
espessura, poucas e pequenas janelas, com predominância de cheio sobre vazios,
ou seja, menor área de aberturas em relação às áreas opacas de alvenaria.
A fachada tradicional assumia também um importante papel representativo
para o edifício, que era essencialmente uma caixa de alvenaria sobre a qual eram
55

aplicados os elementos das ordens clássicas, a exemplo do Palácio Farnese (Figura


2-40).

Figura 2-40: Fachada do Palazzo Farnese, Itália

Fonte: www.prosimetron.blogspot.com.br

Com o surgimento da arquitetura moderna, a fachada tradicional sofreu uma


transformação radical, acompanhada por uma “ruptura metodológica” com o
classicismo (MAHFUZ, 2009).
Esta transformação pode ser vista na organização dos subsistemas
componentes do edifício. Enquanto na arquitetura clássica, a estrutura portante, o
esquema distributivo, a organização espacial, os mecanismos de acesso e relação
com o exterior convergem e se confundem com a estrutura formal – materializada
por paredes grossas – com a arquitetura moderna, estes subsistemas puderam ser
isolados e abstraídos (MAHFUZ, 2009).
Surge assim, nas primeiras décadas do século XX, a estrutura independente,
que possibilitou a desvinculação das funções de sustentação e vedação.
Consequentemente, ampliaram-se as possibilidades de projeto para as fachadas.
Num primeiro momento, uma das características mais evidentes foi a redução
dos trechos opacos de alvenaria e a ampliação do tamanho das aberturas,
frequentemente marcadas pela horizontalidade. Essa distinção pode ser vista na
obra inicial de pioneiros como Frank Lloyd Wright e Le Corbusier, como a Vila
Savoye ilustrada na figura a seguir.
56

Figura 2-41: Vila Savoye, França

Fonte: Disponível em: www.dezeen.com. Acesso em: 21 abr. 2017.

As experiências seguintes
Figura 2-42: Edifício Seagram, Estados
trouxeram uma aplicação extensiva Unidos
do elemento translúcido, o vidro nas
fachadas. A arquitetura de Mies van
der Rohe é emblemática, nesse
sentido. O edificío Seagram (Figura
2-42), projetado na cidade de Nova
York, em 1958, é um dos exemplares
mais representativos do estilo
internacional. Suas fachadas são
marcadas por módulos retangulares
– formados por perfis de aço
e fechamento em vidro. Os perfis de
aço não são estruturais, porém
expressam e reforçam a ordem
estrutural subjacente (ARCHDAILY
BRASIL, 2012).
Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso
em: 21 abr. 2017.

A partir da década de 1930, o brisesoleil, ou quebrasol, aparece como


elemento de controle da insolação, e torna-se quase uma marca registrada da
arquitetura brasileira nas décadas seguintes. Mahfuz (2009) ainda destaca que,
57

enquanto em suas primeiras aparições os brisesoleil funcionavam como uma


espécie de projeção sobre a superfície de vidro, na arquitetura tardia de Le
Corbusier, por exemplo, eles ganham independência e se tornam muros perfurados,
restabelecendo o espaço de transição entre interior e exterior, como ocorre no
prédio da Associação dos Moageiros, em Ahmedabad, Índia.

Figura 2-43: Associação dos Moageiros, Índia

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 21 abr. 2017.

A partir dos anos 1970, o pós-


Figura 2-44: Edifício AT&T, Estados
Unidos modernismo apresentou ao mundo sua
crítica à arquitetura moderna e às suas
supostas "falta de comunicação e perda da
capacidade representativa” (Mahfuz, 2009).
A fim de promover uma aludida
relação com a tradição, recorreu à
ornamentação estilística e “alusões
históricas arbitrárias”, segundo a análise
critica de Frampton (2000, p.373).
Um dos mais emblemáticos
exemplos do pós-modernismo historicista é
o edifício AT&T (Figura 2-44), projetado
pelo arquiteto Philip Johnson, e construído
em Nova York entre 1978-84.
Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.
Acesso em: 21 abr. 2017.
58

Nas últimas décadas, temas como o conforto ambiental e a sustentabilidade


ganharam ampla notoriedade, influenciando a maneira como as construções são
pensadas. Como já dito, isto tem sido determinante para a envoltória do edifício, à
qual se atribui grande importância como reguladora do conforto ambiental e
atenuadora do consumo energético.
Com a disseminação de sistemas industrializados e o empenho dos
profissionais envolvidos em pesquisar e criar soluções ambientalmente mais
coerentes, o resultado são fachadas cada vez mais complexas, reguladoras do
conforto ambiental e eficientes energeticamente.
As soluções, com vistas a resolver questões como ventilação, sombreamento
e isolamento, muitas vezes são consequência da incorporação de peças móveis,
elementos translúcidos (especialmente nos países de clima frio), vegetação,
sistemas automatizados e interativos, ou mesmo da “simples” aplicação e
reinterpretação de técnicas mais consolidadas, como, por exemplo, o brisesoleil ou o
cobogó (ambos em países de clima quente, principalmente).
O prédio da prefeitura de Melbourne, o Council House 2, projetado pelo grupo
DesignInc, foi concebido para depender somente, tanto quanto possível, de sistemas
de energia passiva, tornando-se modelo de sustentabilidade na Austrália
(ARCHDAILY BRASIL, 2013). Uma das estratégias utilizadas foi o emprego de uma
fachada flexível, constituída por painéis de madeira móveis, que controlam a entrada
de luz e se adaptam às necessidades dos usuários.

Figura 2-45: Fachada Flexível no Council House 2, Austrália

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 21 abr. 2017.


59

As fachadas flexíveis e suas diversas modalidades seriam, portanto, a


manifestação da aplicação de soluções como as mencionadas anteriormente.
Encontramos no trabalho de Jorge (2012) uma ampla reflexão sobre o tema e uma
sistematização das soluções diversas identificadas em obras e projetos nacionais e
internacionais, que a autora sistematiza nas seguintes categorias:
a) Fachada Membrana;
b) Fachada Pluralista;
c) Fachada Operacional/Dinâmica;
d) Fachada Midiática/Mural;
e) Fachada Imaterial;
f) Fachada Ambígua;
g) Fachada Ecológica.

Tratam-se de estratégias de emprego do conceito de flexibidade para


fachadas, que apresentaremos mais detalhadamente a seguir.

2.5.1 Fachada Membrana

Nesta categoria enquadram-se as soluções que apresentam envoltórias


independentes, proporcionando livre posicionamento dos ambientes, o que acaba
por expressar a sensação de proteção física e visual do usuário.

Figura 2-46: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
membrana

Fonte: JORGE (2012)


60

Alguns exemplares são os edifícios Earth-Mark Tower (Figura 2-47), em


Toronto, e a sede da Novartis, em Amsterdam (Figura 2-48).

Figura 2-47: Earth-Mark Tower, Canadá

Fonte: JORGE (2012)

Figura 2-48: Sede da Novartis, Holanda

Fonte: JORGE (2012)


61

2.5.2 Fachada Midiática

Neste categoria enquadram-se as soluções que se caracterizam pela


comunicação visual e pelo conteúdo informal, expresso especialmente pelas mídias
(Figura 2-49). Este tipo de fachada proporciona a troca de informações com os
usuários e tem como função divertir, informar e emocionar.

Figura 2-49: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada midiática

Fonte: JORGE (2012)

Identificamos esta expressão em alguns exemplares como a fachada


multicolorida do edifício do Green Pix Zero Energy (Figura 2-50) e nos grafites que
encontrados especialmente nas grandes cidades.

Figura 2-50: Green Pix Zero Energy, Figura 2-51: Grafite gigante em Chelsea,
em Beijing, China Nova York, Estados Unidos

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Fonte: Disponível em:


Acesso em: 21 abr. 2017. www.outsidezebox.wordpress.com. Acesso em: 21
abr. 2017.
62

2.5.3 Fachada Pluralista

Nesta categoria enquadram-se as soluções que se distinguem pelo estímulo à


diversidade de alturas, formas, materiais, aberturas, cores, estilos e posicionamento
das aberturas (Figura 2-52).
Estas soluções refletem um certo “combate” à especialização funcional, o que
por sua vez reflete à pluralidade de usos e promove a dinamização da paisagem
urbana.

Figura 2-52: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada pluralista

Fonte: JORGE (2012)

Entre exemplares emblemáticos desta categoria, destacamos os edifícios


Mirador (Figura 2-53) e o Silodam (Figura 2-54).

Figura 2-53: Edifício Multifamiliar Mirador, Espanha

Fonte: Disponível em: www.plataformaarquitectura.cl. Acesso em: 21 nov. 2016.


63

Figura 2-54: Edifício Silodam, Holanda

Fonte: Disponível em: www.plataformaarquitectura.cl. Acesso em: 21 nov. 2016.

2.5.4 Fachada Ambígua

Nesta categoria enquadram-se as soluções que são caracterizadas pela


neutralidade. Não é possível distinguir os usos abrigados. Destaca-se a repetição
das aberturas, que são dispostas sem hierarquia e/ou especialização funcional
(Figura 2-55). A principal expressão desta categoria de flexibilidade é a promoção de
usos diversificados.

Figura 2-55: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada ambígua

Fonte: JORGE (2012)

Um exemplo clássico deste tipo de fachada é o Lake Shore Apartaments


(Figura 2-56), do arquiteto Mies Van Der Rohe. Outro exemplar é o edifício 432 Park
Avenue (Figura 2-57), projetado pelo arquiteto Rafael Viñoly, em Nova York, e
considerado atualmente o mais alto edifício residencial do mundo.
64

Figura 2-56: Lake Shore Figura 2-57: 432 Park Avenue, Estados
Apartaments, Estados Unidos Unidos

Fonte: Disponível em: www.tgphipps.tumblr.com. Fonte: Disponível em: www.worldofarchi.com.


Acesso em: 21 nov. 2016. Acesso em: 21 nov. 2016.

2.5.5 Fachada Imaterial

Semelhantes às fachadas membranas, as fachadas imateriais (Figura 2-58)


também apresentam-se como uma envoltória independente. Porem, distinguem-se
pela possibilidade de opacidade programada e pela liberdade de usos internos,
geralmente proporcionados pelo uso de peles transparentes e materiais como o
vidro. Entre alguns exemplares temos os edifícios HL23 (Figura 2-59) e o Greenwich
Street (Figura 2-60).

Figura 2-58: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada imaterial

Fonte: JORGE (2012)


65

Figura 2-59: Edifício Residencial HL23, Figura 2-60: Edifício Greenwich Street,
Estados Unidos Estados Unidos

Fonte: Disponível em: www.archicentral.com. Fonte: Disponível em: www.archdaily.com.


Acesso em: 21 nov. 2016. Acesso em: 21 nov. 2016.

2.5.6 Fachada Ecológica

Nesta categoria, enquadram-se as soluções em que se destaca a presença


de elementos vegetais, como jardins verticais, muros vegetais, floreiras, jarreiras,
terraços-jardins (Figura 2-61) que protegem o usuário física e visualmente,
aumentando a sensação de liberdade e resgatando o vínculo com a natureza,
apontada como uma necessidade humana imprescindível para a qualidade de vida
do homem moderno (Jorge, 2012).

Figura 2-61: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
operacional/dinâmica

Fonte: JORGE (2012)


66

Composto por 2 torres residenciais (110m e 76 m de altura), o Bosco


Verticale, concebido pelo arquiteto Stefano Boeri, na cidade de Milão (Itália), e
concluído em 2014, acolhe 900 árvores (medindo 3, 6 ou 9 metros altura) e mais de
2000 plantas – de arbustos a plantas florais – distribuídas ao longo dos edifícios
(Figura 2-62), tendo como referência a orientação para o sol.

Figura 2-62: Edifício Bosco Verticale, Itália

Fonte: Disponível em: www.stefanoboeriarchitetti.net. Acesso em: 02 set. 2015.

O sistema vegetal do edifício cria um microclima, ao produzir oxigênio e


umidade e proteger contra a radiação solar. Além disso, retém partículas de poeira,
absorve gás carbônico e funciona como barreira acústica na transição entre interior
e exterior (Figura 2-63).

Figura 2-63: Detalhes dos terraços do edifício Bosco Verticale, Itália

Fonte: Disponível em: www.stefanoboeriarchitetti.net. Acesso em: 02 set. 2015.


67

2.5.7 Fachada Operacional/Dinâmica

O conceito de fachada “dinâmica/operacional”, sistematizado por Jorge (2012)


nos parece, particularmente, interessante e aplicável ao objetivo proposto.
Neste tipo de fachada é possível identificar soluções que contribuem para o
conforto ambiental – especialmente o térmico – nas edificações.
Nesta categoria, enquadram-se aquelas soluções que apresentam elementos
com mecanismos de aberturas, que promovem a adaptabilidade do espaço interno,
a independência de funções, o controle da privacidade e do clima externo. A livre
disposição de tais elementos (Figura 2-64), acaba por contribuir no combate à
hierarquização, e por fim, promove uma dinamização da paisagem urbana.

Figura 2-64: Esquema elaborado por Jorge (2012) para exemplificar fachada
operacional/dinâmica

Fonte: JORGE (2012)

Em exemplares nacionais e internacionais, identificamos a aplicação de


soluções as mais diversas, desde os sistemas mais simples – como painéis móveis
para sombreamento, em madeira ou alumínio – aos mais complexos e arrojados
sistemas – como, por exemplo, aqueles em que se utilizam sensores automatizados
para controle da iluminação natural.
No exemplo apresentado a seguir, o residencial V_Itaim (Figura 2-65),
localizado na cidade de São Paulo/SP, temos um dos mais recentes projetos do
escritório Studio MK27 (arquitetos Marcio Kogan e Carolina Castroviejo).
68

Figura 2-65: Residencial V_Itaim, São Paulo

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 02 nov. 2015.

Com apenas 10 apartamentos, sendo 01 por pavimento, o edifício apresenta


fachadas em concreto armado aparente e painéis retráteis de madeira, cujo
movimento (abrir/fechar/retrair) possibilita o controle de luz natural e permite a
entrada de vento, uma vez que estes elementos foram projetados como muxarabis.
O movimento destes painéis também proporciona a integração e/ou privacidade dos
espaços internos (ARCHDAILY BRASIL, 2014).
Quanto ao aspecto formal, a adoção desta solução, que poderíamos
classificar como uma “fachada operacional/dinâmica”, representa um exemplar
caracterizado pelo dinamismo e variedade que pretendemos para as envoltórias do
projeto a ser desenvolvido.
69

Figura 2-66: Detalhe dos painéis móveis utilizados no Residencial V_Itaim, São Paulo

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 02 nov. 2015.

Nas Torres Al Bahar, projetadas pelo escritório Aedas, encontramos mais um


exemplo de aplicação do conceito de fachada operacional/dinâmica.
Construídas em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), e concluídas em 2012,
as torres com 145 metros de altura, possuem um sistema de sombreamento
desenvolvido, utilizando-se a “descrição paramétrica” da geometria para os painéis
de fachada (FRANCO, 2013).

Figura 2-67: Detalhe dos painéis dinâmicos nas Torres Al Bahar, Emirados Árabes Unidos

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 02 nov. 2015.

O resultado desse trabalho foi uma cortina, em aço e fibra de vidro, fixada a
cerca de dois metros da fachada, que funciona como um interessante sistema de
sombreamento da torre envidraçada. O funcionamento responde à exposição ao sol
e às alterações dos ângulos de incidência ao longo do ano. O desenho dos painéis
remete aos muxarabis, tradicional elemento da cultura árabe.
70

Figura 2-68: Detalhe técnico dos painéis dinâmicos das Torres Al Bahar, Emirados Árabes Unidos

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 02 nov. 2015.

Segundo informações do
Figura 2-69: Vista dos painéis das Torres Al
portal Archdaily (2013), estima- Bahar a partir do interior do edificio
se que a tela é responsável por
reduzir a incidência dos raios
solares em mais de 50%,
diminuindo assim o consumo de
ar condicionado e permitindo
um melhor controle de entrada
de luz. Trata-se de um
importante dado para nossa
pesquisa, no entanto, nem
mesmo o site dos autores do
Fonte: Disponível em: www.archdaily.com. Acesso em: 02 nov. 2015.
projeto disponibiliza
informações que o confirmem.
Os exemplares por ora apresentados são alguns entre as muitas
possibilidades de aplicação do conceito de flexibilidade para fachadas/envoltórias.
Ao longo da pesquisa, foram empregadas as soluções mais adequadas,
considerando-se as variáveis envolvidas no projeto.
No capítulo a seguir, apresentaremos os estudos de referência realizados
mais detalhadamente para um melhor embasamento da nossa proposta, abordando
de forma mais focada, as soluções projetuais relacionadas aos usos pretendidos em
nosso projeto, bem como as soluções adotadas mais especificamente para as
envoltórias.
71

3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Após a fase de definição dos conceitos, e concomitantemente à contínua


atualização bibliográfica, partimos para o desenvolvimento de estudos de referência,
com o objetivo de subsidiar mais diretamente as soluções a serem adotadas no
projeto, especialmente quanto à resolução dos elementos componentes das
fachadas propostas.
Também foram realizadas pesquisas com profissionais do setor imobiliário
com o intuito de identificar as principais tendências de moradia do mercado de
habitação natalense, ou seja, que características e tamanhos de apartamentos
seriam mais adequados dentro da faixa de mercado da proposta que se pretende
desenvolver.
Foram selecionados e organizados exemplares internacionais, nacionais e
locais, relacionados ao tema do nosso trabalho, que serão apresentados a seguir.

3.1 PONTE DE LUZ – METZ/FRANÇA – 2010

Este empreendimento de uso misto


Figura 3-1: Implantação
(comercial e residencial) foi escolhido pelas
soluções funcionais e formais do projeto,
que se mostraram pertinentes de serem
aplicadas ao projeto que desenvolvemos.
Está implantado na cidade francesa
de Metz e foi desenvolvido pelos arquitetos
franceses Christian de Portzamparc e
Elizabeth de Portzamparc.
O projeto insere-se num plano maior
de desenvolvimento da cidade, ainda em
fase de implantação que tem como objetivo
principal gerar variedade e diversidade de
usos na zona de intervenção, respondendo
a uma necessidade real de novas
habitações, imóveis comerciais e de
Disponível em: www.christiandeportzamparc.com.
prestação de serviços. Acesso em: 10 jan 2017.
72

Implantado na esquina formada pelas ruas Courbe e Lothaire, ocupa uma


gleba de formato retangular alongado e perfaz uma área total construída de
12.791m² (Figura 3-1).

Figura 3-2: Conjunto edificado ao longo da Rua Lothaire

Fonte: Disponível em: www.christiandeportzamparc.com. Acesso em: 10 jan 2017.

Segundo o discurso do arquiteto6, os nove edifícios residenciais são


organizadas de acordo com o conceito de “bloco aberto” e foram implantados sobre
uma base comum formada pelas lojas e as garagens cobertas.
Uma escadaria conecta a Rua
Figura 3-3: Detalhe do conjunto com
Lothaire ao interior da gleba, onde se destaque para escadaria entre blocos
concentram as áreas ajardinadas e de
passeio peatonal, entre blocos. Esta
solução proporciona uma certa
permeabilidade visual a partir da via
principal (Figura 3-3).
As lojas voltam-se para calçadas
das vias principais e são
acompanhadas por vagas de
estacionamento, locadas paralelamente
à rua. O residencial, por sua vez,
oferece 140 apartamentos, de 2 a 5
quartos, algumas vezes distribuídos em Fonte: Produção da autora a partir de imagem
disponível em: www.christiandeportzamparc.com.
duplex. Acesso em: 10 jan 2017.

6Informaçãoes coletadas em: www.christiandeportzamparc.com. Acesso em 10 jan 2017.Tradução


da autora, com auxílio do Google Translater.
73

Figura 3-4: Vista da esquina formada pelas Ruas Courbe e Lothaire

Disponível em: www.christiandeportzamparc.com. Acesso em: 10 jan 2017.

Cada prédio não possui mais que quinze unidades privativas. Esta é uma das
principais qualidades do empreendimento, apontadas pela Imobiliária Claude Rizon 7,
responsável pela comercialização.
A orientação das unidades -
Figura 3-5: Detalhe de um dos blocos
com terraços e varandas – e a residenciais sobre lojas
criação de amplas áreas expostas
em torno dos blocos privilegiam o
aproveitamento da insolação, uma
preocupação importante para
adequação ao clima em que o
empreendimento se insere.
O conjunto apresenta um
traço de horizontalidade, uma vez
que a altura dos prédios varia de 3
a 8 pavimentos, criando um certo
ritmo e uma interessante
variedade edlícia, como pode ser Disponível em: www.christiandeportzamparc.com. Acesso
em: 10 jan 2017.
conferido na Figura 3-2.

7 Informações coletadas em www.immobiliereclauderizzon.fr/appartements-neufs/metz-moselle-


57/residence-pont-de-lumiere-amphitheatre-metz.html. Acesso em 10 jan 2017. Tradução da autora,
com auxílio do Google Translater.
74

A implantação do bloco residencial sobre o comercial, e a consequente


integração de usos, solução comumente vista quando se busca promover a
vitalidade urbana, é uma outra importante estratégia projetual aplicada.
Soluções como variação nos tipos e ritmo de esquadrias, manipulação de
volumes, criando reentrâncias, cheios e vazios, são destacadas neste projeto como
importantes aspectos formais, aspirados pelo nosso trabalho.

3.2 PALLACIOS – NATAL/BRASIL

Escolhido por se tratar de uma


Figura 3-6: Residencial Pallacios a partir da
edificação de uso misto (residencial e esquina formada pela Rua Açu e Av.
comercial), o Residencial Pallacios, Campos Sales

projetado pela arquiteta potiguar Olga


Portela, está implantado em terreno
situado na esquina da Av. Campos
Sales com Rua Açu, no bairro de
Petrópolis, zona adensável da cidade
de Natal/RN. Foi escolhido como
estudo de referência direto, uma vez
que os dados foram coletados in loco.
O conjunto é formado por duas
torres residenciais, ligadas na base por
um conjunto comercial e pelos espaços
destinados ao uso comum do
condomínio residencial – como Lobby,
Salão de Festas e de Jogos, Bar,
Fonte: Disponível em: www.hazbun.com.br.
Churrasqueira, Academia, entre outros. Acesso em: 08 jan 2017.

O pequeno espaço comercial é formado por cinco unidades, com banheiros


privativos e pé-direito duplo, e áreas variando de 34m² a 47 m². Todas as lojas
voltam-se para a Rua Açu (Figura 3-7 e Figura 3-8). Atendem ao espaço comercial,
treze vagas descobertas para estacionamento de veículos leves, entre as quais se
incluem duas vagas adaptadas a portadores de necessidades especiais.
75

Figura 3-7: Centro comercial em primeiro plano

Fonte: Acervo da autora (2017)

A visita in loco, realizada no mês de janeiro/2017, possibilitou verificar que no


espaço comercial, 2 das 3 lojas encontram-se fechadas e disponíveis para aluguel.
Nas que se encontram em atividade, funcionam: uma loteria, um centro de pilates e
uma ótica.

Figura 3-8: Térreo com destaque para o espaço comercial voltado para a Rua Açu

Fonte: Produção da autora sobre imagem disponível em: www.hazbun.com.br. Acesso em: 08 jan
2017.
76

O condomínio residencial é distribuído em duas torres, Torre A e Torre B.


A primeira possui 2 apartamentos por andar, cada um com 80m²,
constituídos por 3 quartos e dependência para empregados. As unidades voltam-se
para a Avenida Campos Sales, ou seja, para a orientação da ventilação
predominante.

Figura 3-9: Pavimento-tipo da Torre A (apartamentos de 80m²)

Fonte: Disponível em: www.hazbun.com.br. Acesso em: 08 jan 2017.

A Torre B apresenta 4 apartamentos por pavimento, com unidades privativas


de 56m². Cada apartamento possui 2 quartos e há uma porcentagem de unidades
adaptadas, de modo a obedecer à legislação do município, uma vez que a torre foi
aprovada como flat. Todas as unidades voltam-se para a Av. Açu.

Figura 3-10: Pavimento-tipo da Torre B (apartamentos de 56m²)

Fonte: Disponível em: www.hazbun.com.br. Acesso em: 08 jan 2017.


77

As torres não se comunicam entre si, no nível de pavimento-tipo, apenas na


base, onde se encontram as áreas de uso comum do condominio, como salões de
festas, jogos, lobby etc.
Também não existe comunicação entre o residencial e o comercial. As lojas
abrem-se exclusivamente para rua e o acesso ao condomínio residencial dá-se pela
testada voltada para a Rua Campos Sales. Esta é uma opção que procuramos evitar
em nosso projeto, uma vez que buscamos promover a integração entre os usos e
estimular a circulação de usuários entre os dois condomínios.

Quanto aos aspectos


Figura 3-11: Vista da circulação coberta parcialmente
formais, observamos a pelas marquises
utilização de linhas retas e
cores sóbrias, características
que valorizamos e
pretendemos empregar no
nosso projeto.
Notamos também que
a arquiteta optou por desviar
o passeio público de modo
que coincidisse com a
circulação das lojas, de
modo que o pedestre é
levado a circular à frente das
vitrines, que são
parcialmente protegidas, da
exposição ao sol e à chuva,
por marquises que se
projetam sobre essa
calçada. Fonte: Acervo da autora (2017)
78

3.3 GIRASSÓIS – BRATISLAVA/ESLOVÁQUIA – 2008

Localizado em uma área de expansão ao sul da cidade de Bratislava, capital


da Eslováquia, o Residencial Girassóis foi o primeiro estudo de referência indireto
realizado. Projetado pelo escritório Compass Atelier, entre os anos 2008 e 2013, é
reconhecido como um projeto-piloto e como umas das maiores intervenções da
região.

Figura 3-12: Localização do empreendimento

Fonte: Elaboração da autora a partir de imagem disponível em: www.compassatelier.com. Acesso


em: 31 mar 2016.

De acordo com os autores do projeto, foi dada grande ênfase na concepção


dos espaços coletivos e das edificações, oferecendo a máxima variedade de tipos
habitacionais. A solução das envoltórias dos blocos de apartamentos foi a razão
principal para a escolha da obra como estudo de referência.
Trata-se de um complexo composto por 71 casas unifamiliares, 200
apartamentos (Figura 3-13) e um parque, com espaços destinados à prática
esportiva e lazer infantil.
79

Figura 3-13: Implantação do conjunto

Fonte: Elaboração da autora a partir de imagem disponível em: www.compassatelier.com. Acesso


em: 31 mar 2016.

Ocupando a maior parte do terreno, as casas, com áreas de 160m² a 220m²,


foram projetadas em grupos geminados de 2, 4 e 6 unidades, enquanto que os três
blocos de apartamentos, foram dispostos na porção oeste do terreno, obedecendo
basicamente a duas configurações: o primeiro bloco, mais próximo da pista de
acesso ao conjunto, foi orientado no sentido norte-sul, e os outros dois blocos, mais
próximos ao centro do terreno, foram dispostos no sentido Leste-Oeste (Figura
3-14).

Figura 3-14: Vista do conjunto

Fonte: Disponível em: www.compassatelier.com. Acesso em: 31 mar 2016.

Os apartamentos se distribuem nas quatro faces das edificações,


independente da orientação (Figura 3-15). Ainda que não mencionado no discurso
80

dos arquitetos, deduzimos que a presença dos painéis volantes atenue possíveis
desconfortos gerados por esta solução.

Figura 3-15: Plantas-tipos

Fonte: Elaboração da autora a partir de imagem disponível em: www.compassatelier.com. Acesso


em: 31 mar 2016.

Chama-nos atenção a forma compacta como os blocos de apartamentos se


apresentam. Ao analisarmos o projeto, verificamos que isto se deve, sobretudo, à
configuração da planta do pavimento-tipo, que concentra a circulação coletiva
(corredores e escadas) no centro dos edifícios (Figura 3-15). Com isso, todos os
ambientes de uso prolongado, como quartos e salas, voltam-se indiretamente para o
exterior, iluminados e ventilados através da varanda contínua. Em contrapartida,
ambientes como banheiros e cozinhas aparecem, em muitas unidades habitacionais,
confinados, sem possibilidade de contato, mesmo que indireto, com o exterior.

Figura 3-16: Corte transversal no bloco

Fonte: Elaboração da autora a partir de imagem disponível em: www.compassatelier.com. Acesso


em: 31 mar 2016.
81

Esta é uma solução que oferece uma grande compacidade à planta e uma
“limpeza formal” às fachadas, qualidades aspiradas para a nossa proposta de
projeto. No entanto, a ausência de ventilação/iluminação de ambientes como
cozinhas e banheiros – ainda que de permanência transitória – certamente não
seriam bem aceitas pelos usuários finais, tampouco pelos órgãos responsáveis pelo
licenciamento de construções no município de Natal.
Embora localizado em uma latitude com características climáticas muito
distintas àquela em que se situa nosso universo de intervenção, o Residencial
Girassóis apresenta soluções muito pertinentes ao nosso trabalho e, por isso, foi
escolhido como referência para estudo.
Uma delas é uma varanda contínua (Figura 3-16) protegida com elementos de
fechamento parcial, um denominador comum dos blocos de apartamentos.
Os painéis metálicos de correr, com brises horizontais, oferecem proteção,
funcionando como filtros à luz direta, e auxiliando a criação de zonas mais íntimas
nas varandas abertas (Figura 3-17), certamente uma real necessidade dada a
proximidade das áreas privativas com as áreas comuns.

Figura 3-17: Detalhe de fachada e dos painéis de correr

Fonte: Disponível em: www.compassatelier.com. Acesso em: 31 mar 2016.

Ajustados pelos usuários de acordo com a necessidade, os painéis volantes


aumentam a privacidade e filtram a luz direta, sem, contudo, prejudicar a ventilação.
Desse modo, apresentam-se como uma solução de incremento da flexibilidade da
envoltória, passível de ser aplicada em climas diversos, como naquele em que
projetamos a edificação objeto deste trabalho.
82

3.4 POP MADALENA – SÃO PAULO/BRASIL – 2015

Escolhido pelas soluções apresentadas tanto do ponto de vista formal como


pelas características funcionais, o projeto do escritório Andrade Morettin Arquitetos,
sob encomenda da incorporadora Idea!Zarvos, é um edifício de uso misto, com
apartamentos de 50 a 250 m², e espaços comerciais em suas duas faces térreas.
Localiza-se no bairro de Vila Madalena, zona oeste da capital paulistana, em
terreno com área de 1.533 m². O edifício possui área construída 7.682 m² e um
programa que concilia o uso comercial no térreo e moradia nos pavimentos
superiores.
A implantação se adapta ao formato do terreno que possui duas frentes
opostas e à topografia com 16 metros de desnível entre a Rua Madalena (cota mais
alta) e a Rua Simpatia.

Figura 3-18: Térreo do Pop Madalena

Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 08 jun 2016.

Devido à essa diferença de nível, o pavimento térreo com acesso pela Rua
Madalena, projeta-se sobre a Rua Simpatia, como um mirante elevado sobre 4
pavimentos. Neste piso, coberto e com pé-direito duplo, os arquitetos implantaram
uma piscina com raia de 25 metros.
83

As unidades de
Figura 3-19: Corte do edifício Pop Madalena
moradia se desenvolvem
ao longo de 7 pavimentos
locados sobre uma base
formada por garagens e
espaços destinados ao
uso comum, como
piscina, salões, academia,
lavanderia, sauna, jardins,
e ainda as lojas, que
fazem parte da
composição da edificação.
Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 08 jun 2016.

O pavimento tipo é formado por seis unidades de moradia, distribuídas em


duas lâminas, conectadas pela circulação horizontal que dá acesso à caixa de
escada/elevadores. Os apartamentos mais altos são tipo duplex e têm acesso a
áreas de lazer privativas localizadas nas coberturas.

Figura 3-20: Pavimento-tipo

Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 08 jun 2016.

A horizontalidade do conjunto é ainda mais acentuada por meio da marcação


dos pavimentos pela estrutura em concreto aparente. A vedação é
84

predominantemente em vidro, intercalada com chapas metálicas onduladas, uma


solução que seria, a princípio, inviável para o nosso clima.

Figura 3-21: Detalhe de fechamento em Figura 3-22: Marcação dos pavimentos


vidro das circulações nas fachadas pela estrutura

Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br. Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br.


Acesso em: 08 jun 2016. Acesso em: 08 jun 2016.

As fachadas norte e oeste


Figura 3-23: Fachada com painéis móveis
destacam-se como resultado de uma
solução que proporciona uma certa
uniformidade ao conjunto, e ao mesmo
tempo um certo dinamismo.
Repete-se em todos os
pavimentos-tipo, e em todas as
unidades, uma varanda estreita, porém
contínua, que funciona como um protetor
horizontal para todos os ambientes. Ao
longo destes balcões foram instalados
brises móveis coloridos, formados por
chapas metálicas onduladas, correndo
em trilhos metálicos externos.
Estes elementos, por sua
característica móvel, podem ser
deslocados pelo morador para controlar
a entrada de luz nos ambientes Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br.
Acesso em: 08 jun 2016.
85

Apresentam-se, assim, como uma solução de incremento da flexibilidade para


envoltórias, muito pertinente ao nosso trabalho e, portanto, foi escolhido como uma
das referências.

Figura 3-24: Detalhe de fechamento em vidro das circulações

Fonte: Disponível em: www.andrademorettin.com.br. Acesso em: 08 jun 2016.

Figura 3-25: Detalhe da vedação externa

Fonte: Disponível em: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/andrade-morettin-edificio-


residencial-pop-madalena-sao-paulo. Acesso em: 08 jun 2016.
86

3.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Escolhidos pelas soluções apresentadas tanto do ponto de vista formal como


pelas características técnicas e funcionais, os estudos de referência diretos e
indiretos que aqui foram apresentados tiveram, de algum modo, um rebatimento no
projeto que desenvolvemos.
O Quadro a seguir apresenta uma compilação dos possíveis rebatimentos
(nem sempre eles sejam claramente perceptíveis na solução final adotada), bem
como outros elementos que consideramos importante destacar.

Quadro 3-1: Possíveis rebatimentos dos estudos de referência na proposta

ESTUDO DE REFERÊNCIA POSSÍVEIS REBATIMENTOS NA PROPOSTA

Ponte de Luz . poucas unidades por bloco


. permeabilidade visual a partir da rua
. horizontalidade
. variedade edilícia
. integração de usos
. variação nos tipos e ritmo de esquadrias
. volumes, reentrâncias, cheios e vazios

Pallacios
. uso misto
. passeio público x mall das lojas
. uso de linhas retas e cores sóbrias

Girassóis
. planta compacta
. horizontalidade
. limpeza formal
. uso de linhas retas
. varanda contínua com elementos de proteção móveis

Pop Madalena
. variedade de tipos habitacionais
. horizontalidade
. uso de linhas retas
. dinamismo
. varanda contínua com elementos de proteção móveis

Fonte: Elaboração da autora


87

4 CONDICIONANTES PROJETUAIS

Os condicionantes projetuais foram os responsáveis por algumas das


primeiras decisões de projeto, e estão organizados dentro dos seguintes subitens:
a) características do local de implantação do projeto e público-alvo a que se
destina;
b) condicionantes legais – relativos às prescrições urbanísticas – e normativos
– quanto à construção de edifícios;
c) aspectos físico-ambientais do terreno em questão.

4.1 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO E PÚBLICO-ALVO

O terreno onde se pretende implantar o empreendimento localiza-se no Bairro


de Lagoa Nova, zona adensável do município de Natal/RN, e tem como limites: a
Norte, os Bairros do Alecrim, Tirol e Lagoa Seca; a Leste o Bairro de Nova
Descoberta; a Oeste, os Bairros de Dix-Sept Rosado, Nossa Senhora de Nazaré e
Cidade da Esperança; e a Sul os Bairro de Candelária e Capim Macio.

Figura 4-1: Bairro de Lagoa Nova – Natal/RN.

Fonte: Google Earth (2016)


88

Figura 4-2: Localização do terreno dentro do Bairro de Lagoa Nova.

Fonte: Elaboração da autora sobre imagem do Google Earth (2016)

De acordo com o seu posicionamento dentro da cidade, pode-se dizer que se


trata de um bairro central e de fácil acesso, tanto por meio de veículo particular
como de transporte público.
O terreno escolhido (Figura 4-3) para o projeto possui área de 3.637m² e
formato irregular. Está encravado no meio de uma quadra formada pelas Av. Rui
Barbosa, Rua da Saudade, Rua Prof. Antônio Campos e Rua Prof. Almeida Barreto.
Os demais limites se definem com residências.
89

Figura 4-3: Terreno e limites

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB (2010).

Figura 4-4: Vista do terreno a partir da Av. Figura 4-5: Vista do terreno a partir da
Rui Barbosa Rua da Saudade

Fonte: Acervo da autora (2016). Fonte: Acervo da autora (2016).

Sua disposição dentro da quadra, adjacente a uma das vias de maior fluxo
dentro do bairro, foi um dos determinantes para escolha do terreno, uma vez que se
pretende implantar do empreendimento o uso misto, com a inclusão de uma galeria
comercial, a ser ocupada por espaços de comércio e prestação de serviços, tais
como padarias, conveniências e farmácias.
90

O terreno está inserido numa zona predominantemente residencial. No


entanto, através, principalmente, de observações in loco, percebemos a tendência
de incremento dos usos comercial e de prestação de serviços no entorno (Figura
4-6).

Figura 4-6: Usos no entorno do terreno

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB (2010).

O gabarito de parte do entorno é baixo (Figura 4-7), uma vez que a área é
vizinha à Zona Especial de Entorno do Parque das Dunas (Plano Diretor de
Natal/2007), onde há controle de verticalização.

Figura 4-7: Gabarito no entorno do terreno

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB (2010).


91

Quanto ao perfil do público-alvo, procura-se atender à demanda de um cliente


pertencente às classes média ou média alta, que busca um produto diferenciado e
com maior qualidade ambiental, expressa na preocupação com a ventilação,
sombreamento, integração com o entorno, entre outras questões.
A previsão de diversidade de áreas privativas das unidades habitacionais
dispõe-se a atender a composições familiares variadas, com a previsão de 1 até 6
pessoas por apartamento.
Para o uso comercial, a previsão é de que sejam instalados pequenos
comércios, como farmácias, lojas de conveniências, cafés e similares, que atendam,
aos próprios moradores do residencial, e a um público diverso, sobretudo do próprio
bairro, ou seja, residentes e/ou usuários vizinhos ao empreendimento.
Consideramos que eles venham a utilizar os espaços diurnamente e também à
noite, eventualmente.

4.2 CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS DO TERRENO

4.2.1 Topografia

O terreno possui um desnível considerável, em torno de 5 metros, no sentido


nordeste-sudoeste. O ponto mais baixo coincide com o trecho voltado para a Rua da
Saudade, e o mais alto corresponde à esquina formada pela Rua Prof. Almeida
Barreto e a Av. Rui Barbosa. Grande parte do terreno ocupa a cota mais elevada
(50.00) do entorno imediato (Figura 4-8).

Figura 4-8: Topografia do terreno e entorno imediato

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB (2010).


92

4.2.2 Ventilação e Insolação

Como dito anteriormente, o terreno escolhido para implantação do nosso


projeto localiza-se no município de Natal/RN, que possui clima quente e úmido,
abundante radiação solar durante todo o ano, e está inserido na Zona Bioclimática 8,
de acordo com NBR-15220, que dispõe à respeito do desempenho térmico das
edificações. Para esta zona, são recomendadas como diretrizes projetuais a
promoção de ventilação cruzada e o sombreamento das aberturas.
Segundo Pacheco (2015), os ventos em Natal/RN apresentam orientações
leste, sudeste e sul, e esta variação depende da época do ano. No verão, os ventos
predominam nas orientações leste e sudeste, enquanto que no inverno, o período
chuvoso, as frequências predominantes são nas direções sudeste e sul (Figura 4-9).

Figura 4-9: Terreno em estudo e rosa dos ventos para Natal

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB e rosa dos ventos de Natal/RN
elaborada por Pacheco (2015).

O formato longilíneo do terreno, com maior dimensão no sentido nordeste-


sudoeste, conduz a implantação da edificação neste sentido, de modo que
consideramos que as fachadas sudeste e sudoeste serão as de maior pressão dos
ventos, ou seja, as fachadas principais para captação de ventilação. Em
contrapartida, as fachadas nordeste e noroeste serão tratadas como fachadas de
saída de ventos, para promoção de ventilação cruzada no interior da edificação.
93

A fim de verificar os períodos de exposição, foram analisadas as cartas


solares (Figura 4-10) para cada uma das divisas do lote com auxílio dos software
Sol-Ar e Solar Tool.
Para a dvisa Nordeste (azimute 20,82°), verificamos uma exposição ao sol da
manhã durante quase todo o ano. No solstício de inverno, temos o maior período de
insolação (a partir das 6h, estendendo-se a até as 17:30h). Nos equinócios, a
exposição se dá entre as 6h e meio-dia, e nos meses de novembro, dezembro e
janeiro, esta fachada permanece sombreada.
Considerando que, nesta orientação, provavelmente teremos aberturas
correspondentes às salas e dormitórios de algumas unidades, faremos o estudo
para verificar possíveis soluções de sombreamento.
Durante todo o ano, a divisa Sudeste (azimute 109,35°) recebe o sol da
manhã. No solstício de verão temos o maior período de exposição a partir das 5:30h,
estendendo-se a até as 12:30h, aproximadamente.

Figura 4-10: Cartas solares para o terreno em estudo

Fonte: Elaboração da autora a partir de base cartográfica da SEMURB (2010) e cartas solares
elaboradas no software Sol-Ar (2016).
94

As elevações voltadas para Sudoeste (azimute 200,94°), permanecem


sombreadas nos meses de maio, junho e julho. Nos equinócios, ficam expostas
somente à tarde, a partir do meio-dia, e no solstício de verão alcança o máximo de
exposição, recebendo sol das 5:15h às 17:15h.
A divisa Noroeste, durante todo o ano, permanece sombreada pela manhã e
exposta ao sol da tarde. No solstício de inverno, temos o maior período de
exposição a partir das 11:45h, estendendo-se até as 18:15h. No solstício de verão, a
exposição inicia-se uma hora depois e vai até às 18:30h.
Não foram realizados estudos de sombreamento sobre o terreno-objeto de
estudo porque não foram identificados potenciais causadores de sombreamento.
Como dito anteriormente, as edificações da vizinhança (basicamente residências de
1 ou 2 pavimentos) possuem gabarito baixo e, além disso, o terreno está localizado
na cota mais alta do entorno imediato.
Os resultados obtidos nesta análise (Apêndice A) serviram como diretrizes
para aplicação no projeto e detalhamento em fases posteriores.

4.3 CONDICIONANTES LEGAIS E NORMATIVOS

Foi realizada uma consulta à legislação urbanística e normas utilizadas para


licenciamento do uso pretendido dentro do município, como Plano Diretor de Natal
(Lei Complementar Nº 082, de 21 de junho de 2007), Código de Obras e Edificações
do Município de Natal (Lei Complementar Nº 055, de 27 de janeiro de 2004) e a NBR
9050/2015 (Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos).
Os dados expostos neste item serão aplicados para a resolução do projeto a
ser apresentado oportunamente.

4.3.1 Plano Diretor

Segundo o Plano Diretor de Natal (2007), o Bairro de Lagoa Nova insere-se


na zona adensável estabelecida no macrozoneamento do município. Entende-se,
portanto, que se trata de uma área em que as condições do meio físico, a
disponibilidade de infraestrutura e a necessidade de diversificação de uso,
possibilitam um adensamento maior que o definido pelo coeficiente de
aproveitamento básico.
95

Pela proximidade com o Parque das Dunas, parte do bairro integra áreas, que
mesmo passíveis de adensamento, possuem limitação de gabarito (área cinza na
Figura 4-11). Uma destas tem limite com a Avenida Rui Barbosa, uma das vias de
que margeiam o terreno escolhido para implantação do nosso projeto. Esta limitação
de gabarito é de 15 metros. Mesmo nosso terreno estando fora da restrição de
gabarito, a proximidade com a área foi um dado importante que viemos a explorar
em nosso projeto.

Figura 4-11: Bairro de Lagoa Nova com destaque (mancha cinza) para a áre de
controle de gabarito no entorno do Parque das Dunas

Fonte: Elaboração da autora sobre imagem retirada de Natal (2009).

Para o bairro de Lagoa Nova, o Plano Diretor também determina as


prescrições apresentadas no quadro a seguir.
96

Quadro 4-1: Prescrições Urbanísticas para o Bairro de Lagoa Nova

Coeficiente de aproveitamento 3.0

Gabarito máximo 90m


3,00m (até o 2° pavimento)
Recuo frontal mínimo
3,00 + H/10 (acima do 2° pavimento)
1,50m (até o 2° pavimento)
Recuo lateral mínimo
1,50 + H/10 (acima do 2° pavimento)
Taxa de ocupação 80% (da área do terreno)

Área permeável 20% (da área do terreno)


Fonte: Elaboração da autora a partir de dados do Plano Diretor do Município de Natal (2007)

4.3.2 Código de Obras

As prescrições contidas do Código de Obras de Natal (2004) serão


balizadoras para o dimensionamento dos ambientes internos da edificação e das
áreas aberturas distribuídas para iluminação e ventilação – 1/6 para áreas de uso
prolongado, como salas e dormitórios e 1/8 para ambientes de uso transitório, como
banheiros e cozinhas.
Por meio desse instrumento legal também nos são apresentados os
parâmetros para o dimensionamento das formas de acesso à edificação, bem como
para o cálculo da quantidade de vagas necessárias para estacionamento privativo,
considerando a hierarquia das vias que margeiam o terreno. Para o nosso projeto,
resumimos no quadro a seguir.

Quadro 4-2: Resumo do Código de Obras aplicado ao objeto de estudo

Vaga mínima 2,50m x 5,00m (2,40m x 4,50m para casos específicos)

Comercial
1 vaga para cada 60m² de área construída
Varejista
Quantidade
de vagas 1 vaga para cada unidade com área de 50m² a 150m²
Habitação
2 vagas para cada unidade com área superior a 150m²
Multifamiliar
Vagas para visitantes: 10% da quantidade Uh’s
Inclinação máxima de 20%
Rampas
Recuo de 5,00m em relação ao alinhamento do recuo frontal

Calçadas Faixa mínima para a circulação de pedestres com 1,20m de largura


Acesso tipo “B” (Anexo A)
Acesso de veículos ao * considerando a entrada locada na via de menor fluxo (local), na
Residencial testada com dimensão menor que 50m, e prevendo estacionamento
com capacidade entre 60 e 100 vagas
Fonte: Elaboração da autora a partir de dados do Plano Diretor do Município de Natal (2007)

Os dados expostos neste item terão aplicação imediata na resolução do


projeto a ser apresentado a seguir.
97

5 CONCEPÇÃO E EVOLUÇÃO DO PROJETO

Este capítulo apresenta o processo de concepção do projeto e as justificativas


para as soluções empregadas. Por ordem, são apresentados: conceito, programa de
necessidades, zoneamento, partido adotado e evolução da proposta até chegar ao
resultado final em nível de anteprojeto.

5.1 CONCEITO DO PROJETO

A elaboração de um ou mais conceitos norteadores do projeto faz parte de


uma experiência metodológica adotada nas aulas do Atelier Integrado de Projeto 02,
onde se busca uma “tomada de consciência” quanto ao processo projetual, desde o
registro das primeiras ideias até o desenvolvimento das soluções finais. Esta
reflexão relaciona-se, assim, a um esforço no sentido de compreender e interpretar o
problema arquitetônico (conforme Lawson, 2000; Maciel, 2003; Fávero e Passaro,
2005, dentre outras referências utilizadas na disciplina Atelier de Projeto II).
Nosso trabalho, que desde o início apresenta uma ênfase sobre o tema da
flexibilidade das envoltórias, buscou um conceito que amalgamasse todas as
qualidades que se buscava imprimir à edificação a ser projetada e que funcionasse
como fio-condutor durante o processo de projeto.
A ideia da célula vegetal e sua “dupla membrana” (Figura 5-1) surgiu, nesse
sentido, como uma analogia, uma resposta possível às demandas funcionais e
formais oriundas do projeto.

Figura 5-1: Esquema representativo de uma célula vegetal

Fonte: www.todoestudo.com.br/biologia/celula-vegetal
98

Diferentemente da célula animal, a célula vegetal apresenta uma segunda


membrana, cuja função primordial é conferir resistência e proteção à célula. Esta
membrana também apresenta uma peculiaridade: as pontes citoplasmáticas – falhas
presentes ao longo da superfície da parede – que permitem a troca de substâncias
entre as células adjacentes (RIBEIRO, 2015).
Ensejando uma analogia com a célula vegetal, a criação de uma “envoltória”,
contornando toda a caixa mural da edificação (Figura 5-2), comou uma varanda
contínua, funcionaria como um filtro, protegendo, especialmente da radiação
excessiva, todas as superfícies de vedação vertical.

Figura 5-2: Planta e corte genéricos com a envoltória em destaque

Fonte: Elaboração da autora


99

Cabe aqui um breve apontamento quanto à adoção da “varanda” como uma


referência regional, um elemento de nossa tradição sócio-cultural, trazido pelos
colonizadores portugueses, e “reinventado” no Brasil (LEMOS, 1989, p.27).
Como elemento de arquitetura apropriado ao clima tropical, disseminou-se
amplamente no meio rural e urbano e, até o século XX, a varanda seguiu sendo
empregada, seja como o alpendre elevado da casa de fazenda, seja como sacadas
e balcões dos sobrados urbanos. Projetada ou embutida na fachada, na frente ou
nos fundos da construção, no nível de acesso ou nos pavimentos elevados, foi,
assim, utilizado como local de convívio, descanso e contemplação e, na maioria dos
casos, espaço de transição entre o público e o privado.
Carregando funções que persistem ou se renovam – espaço destinado ao
convívio, descanso, contemplação, filtro exterior, recepção e distribuição de fluxos e,
instrumento de adequação climática – desde o século XVI, a varanda persiste na
arquitetura residencial mostrando sua importância como elemento da tradição sócio-
cultural brasileira (BRANDÃO, 2007).

Figura 5-3: Varanda “alpendrada” da casa-grande da Fazenda Colubandê, construída


no séc. XVII, em São Gonçalo, Rio de Janeiro.

Fonte: Elaboração da autora a partir de imagens disponíveis em:


www.artenarede.com.br/blog/index.php/fazenda-colubande-historia-artetragedia-e-descaso-parte-i/.
Acesso em: 06 set 2017.

A adoção de uma “segunda pele” em torno de toda a edificação, como uma


varanda contínua, conduz o projeto a um resultado interessante do ponto de vista
formal, um dos objetivos deste trabalho.
Acompanhando a analogia representada graficamente, e a partir da consulta
ao trabalho de Fávero e Passaro (2005), foram compiladas algumas palavras-
100

chaves, integrantes do Dicionário de Conceitos daquela experiência específica, que


confirmam a escolha do conceito que norteará o projeto. Todas a palavras vinculam-
se ao conceito de “célula vegetal”.
a) Simplicidade: Da forma, resultante da uniformidade expressa através do
mínimo de elementos.
b) Horizontalidade: Da forma, resultante da escolha em se trabalhar com uma
edificação com pouca densidade e gabarito reduzido.
c) Conexão: Entre espaços, interligados através da continuidade de percursos,
presença de luz e interação visual. No nosso projeto, pretende-se que esta
característica se apresente entre os usos residencial e comercial e entre as
áreas privadas, áreas semiprivadas e áreas públicas.
Embora não presentes no dicionário da experiência didática relatada por
Fávero e Passaro (2005), encontramos no referencial teórico estudado
anteriormente, outros dois conceitos igualmente importantes, aqui destacados pela
pertinência ao projeto pretendido. Inter-relacionados, Dinamismo e Flexibilidade
referem-se às soluções adotadas nas envoltórias da edificação para promoção de
privacidade e sombreamento e que, ao mesmo tempo, apresentem a possibilidades
de manuseio e ajuste.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

No decorrer da disciplina Atelier Integrado de Projeto 02 foi solicitada a


definição do pré-dimensionamento e do programa de necessidades para o projeto.
Com base na prática profissional, nos estudos de referência realizados e em
informações do setor imobiliário, as dimensões e configurações das unidades
habitacionais foram definidas. Nesta fase, também atentamos às prescrições do
Código de Obras do município, quanto ao dimensionamento dos ambientes e às
solicitações de ventilação/iluminação, já descritos anteriormente.
A partir de um pesquisa de mercado, junto a corretores e construtoras, e de
nossa prática profissional, verificamos a predominância do tipo 2 quartos e a
necessidade no mercado de imóveis de 1 quarto e 3 quartos. Ou seja, nossa ideia
foi desenvolver um empreendimento com uma maior flexibilidade quanto aos tipos
de apartamentos, com vistas a atender à necessidade de 1 até 6 pessoas por
família. O programas básicos e o pré-dimensionamentos são descritos a seguir.
101

Tabela 5-1: Programa básico e pré-dimensionamento dos apartamentos-tipos 1 e 2


Ambiente Dim. mínima (m) Área estimada (m²)
Varanda 1,50 3,00
Sala 3,00 12,00
Quarto 3,00 12,00
Tipo 1
Banheiro 1,20 3,00
(1 quarto)
Cozinha 3,60 9,00
Área de serviço 1,20 2,00
Paredes + Divisórias (aprox. 9%) 4,00
Área Privativa Total (m²) 45,00

Ambiente Dim. mínima (m) Área estimada (m²)


Varanda 2,00 8,00
Sala 3,50 18,00
Quarto 1 3,00 12,00
Quarto 2 3,00 15,00
Tipo 2
Banheiro 1 1,20 3,00
(2 quartos)
Banheiro 2 1,50 3,50
Cozinha 3,60 9,00
Área de serviço 1,20 2,00
Paredes + Divisórias (aprox. 9%) 6,75
Área Privativa Total (m²) 77,25
Fonte: Elaboração da autora

Figura 5-4: Apart. Tipo 1 (45m²) Figura 5-5: Apart. Tipo 2 (77,25m²)

Fonte: Elaboração da autora Fonte: Elaboração da autora


102

Tabela 5-2: Programa básico e pré-dimensionamento do apartamento-tipo 3


Ambiente Dim. mínima (m) Área estimada (m²)
Varanda 2,50 9,00
Sala 3,50 18,00
Quarto 1 3,00 12,00
Quarto 2 3,00 12,00
Quarto 3 3,50 15,00
Tipo 3
Banheiro 1 1,20 3,00
(3 quartos)
Banheiro 2 1,20 3,00
Banheiro 3 1,50 4,00
Cozinha 3,50 12,00
Área de serviço 1,50 3,00
Paredes + Divisórias (aprox. 9%) 9,00
Área Privativa Total (m²) 100,00
Fonte: Elaboração da autora

Figura 5-6: Apart. Tipo 3 (100m²)

Fonte: Elaboração da autora

Posteriormente, estes apartamentos tiveram suas áreas ampliadas em função


da aplicação do conceito do projeto, ou seja, com a inclusão da varanda contínua
em torno de toda a edificação. Isto será melhor esclarecido posteriormente neste
trabalho.
Também com base na prática profissional e nos estudos de referência
realizados, foram definidos e dimensionados os espaços e ambientes de uso comum
do condomínio residencial. Levamos em consideração os equipamentos que têm
103

sido normalmente ofertados nos empreendimentos imobiliários do mercado


natalense.

Tabela 5-3: Programa e pré-dimensionamento dos equipamentos de uso comum do


condomínio residencial
Descrição Quant. Área Unit. (m²) Área Total (m²)

Salão de festas 1 80,00 80,00

Academia 1 60,00 60,00

Brinquedoteca 1 20,00 20,00

Salão de jogos 1 60,00 60,00


Lazer Piscina adulto com raia 1 100,00 100,00

Piscina infantil 1 10,00 10,00

Playground 1 6,00 6,00

Churrasqueira 1 20,00 20,00

Banheiros coletivos 2 10,00 20,00

Guarita 1 6,00 6,00

Lobby 1 80,00 80,00


Administrativo
Administração 1 8,00 8,00

Vestiário funcionários 1 10 10,00

Casa de lixo 1 10,00 10,00

Gerador 1 9,00 9,00


Serviços
Sala de Medidores 1 10,00 10,00

Reservatório inferior 1 20,00 20,00

Bicicletário 1 20,00 20,00

Estacionamento visitantes (10% uh’s) 3 12,50 37,50


Outros
Estac. Moradores (60 vagas) 1 1500,00 1500,00
Circ. horizontal e vertical de todos
pavs (*30% da área do pav-tipo) 5 151,33 756,67
Fonte: Elaboração da autora

Considerando paredes e divisórias, prevemos uma área estimada de pouco


mais de 5.000m² requerida para implantação do edifício residencial.
104

Para o comercial, apresentamos no quadro a seguir a definição de pré-


dimensionamento dos espaços, tendo como embasamento também nossa prática
profissional e os estudos de referência realizados.

Tabela 5-4: Programa e pré-dimensionamento para o edifício comercial


Descrição Quantidade Área Unit. (m²) Área Total (m²)
Lojas 10 40,00 400,00
Circulação 1 200,00 200,00
Estacionamento 20 12,50 250,00
Casa de lixo 1 10,00 10,00
Fonte: Elaboração da autora

Incluindo paredes e divisórias, prevemos para implantação do edifício


comercial uma área estimada de aproximadamente 900m².
Somando as áreas requeridas para os usos residencial e comercial temos a
previsão de aproximadamente 6.000m² de área construída total para o
empreendimento de uso misto. Subtraindo as áreas técnicas e garagens, temos um
total de cerca de 4.000m² que corresponde à área computável estimada para o
cálculo do coeficiente de aproveitamento do empreendimento, para fins de
licenciamento na Prefeitura do Natal/RN.
Com o pré-dimensionamento global do empreendimento e com a análise dos
condicionantes do terreno, fizemos a previsão de 5 apartamentos de 45m², 10 de
77,25m² e 5 unidades com 100m². Para o Comercial, estimamos que sejam
implantadas 10 lojas com aproximadamente 40m² cada.

5.3 ZONEAMENTO

Considerando o relacionamento entre os usos propostos para o


empreendimento, é previsto que o acesso ao prédio residencial seja realizado
através da galeria comercial, de modo a estimular a utilização de áreas semiprivadas
(praças cobertas e descobertas) e dos espaços comerciais por parte dos moradores,
diurnamente e eventualmente à noite também.
A conexão entre os usos comercial e residencial, com já dito, é um dos
conceitos adotados. Prevê-se que tal integração se dará especialmente por meio da
continuidade de percursos e interação visual, entre as áreas privadas, áreas
semiprivadas e áreas públicas.
105

Figura 5-7: Esquema de acessos e conexão horizontal entre Residencial e


Comercial

Fonte: Elaboração da autora

Ao mesmo tempo em que, para o caso das lojas a visibilidade e exposição


são características importantes a serem exploradas no projeto, há uma preocupação
com a privacidade das unidades habitacionais, tanto com relação à rua, como em
relação ao espaço comercial, que se pretende projetar conectado ao edifício
residencial. As soluções para estas questões serão apresentadas nos itens que
seguem.

Figura 5-8: Esquema vertical de conexão entre Residencial e Comercial

Fonte: Elaboração da autora


106

5.4 PARTIDO ARQUITETÔNICO

O conceito adotado, os condicionantes físico-ambientais do terreno bem como


seus condicionantes legais, foram os principais responsáveis pelas primeiras
decisões arquitetônicas tomadas para implantação da edificação.
De formato longilíneo e irregular, aproximando-se de um “L”, e com um
declive acentuado na direção nordeste-sudoeste, o terreno escolhido para
desenvolvimento da proposta impôs algumas decisões quanto à orientação da
edificação.
Fazer a lâmina
Figura 5-9: Implantação
“encaixar” dentro dos
recuos prescritos pela
legislação, buscando a
integração entre os
blocos comercial e
residencial e o melhor
aproveitamento (em
termos de inclusão da
maior quantidade de
unidades habitacionais),
foram os principais
fatores ponderados para
a adoção do partido
formal, que resultou em
uma edificação
composta por dois
blocos distintos, porém Fonte: Elaboração da autora
interligados.
Na cota mais alta do terreno, no limite com as ruas Prof. Almeida Barreto e
Rui Barbosa, locamos um edifício de formato alongado, no eixo sudeste-noroeste,
que abrigará o programa previsto para o edifício comercial.
Acompanhando o desnível do terreno, o bloco correspondente ao Residencial,
desenvolve-se ao longo do eixo nordeste-sudoeste. No plano horizontal, distribuímos
as unidades voltadas para as direções sudoeste, sudeste e nordeste; no plano
107

vertical, buscamos variar a quantidade de unidades por pavimento, de modo a


conseguir um escalonamento da edificação, que culmina com sua conexão junto ao
bloco comercial.

Figura 5-10: Estudo volumétrico de implantação no terreno

Fonte: Elaboração da autora, utilizando o software SketchUp

Optamos pela sobreposição de duas unidades habitacionais sobre a laje de


cobertura do edifício comercial e, no Térreo, nos vazios resultantes, prevemos a
criação de áreas de transição entre os espaço público e privado, que serão tratadas
como praças, como será melhor explicado oportunamente.

Figura 5-11: Esquema de conexão vertical entre os blocos residencial e comercial

Fonte: Elaboração da autora, utilizando o software SketchUp

Neste ponto, cabe dizer que uma das consequências da implantação adotada,
é que o bloco residencial apresentará os maiores panos de fachada voltados para as
direções sudeste e noroeste. Esta solução, a princípio, diverge das recomendações
bioclimáticas mais básicas para as regiões de clima quente e úmido, quando
propõem o formato alongado, no sentido Leste-Oeste, como a melhor opção, para
reduzir a incidência de radiação sobre a edificação.
108

Assim, pela implantação assumida, esta exposição deliberada surge como um


desafio importante para o projeto a ser desenvolvido, o que, de antemão, é parte dos
objetivos da nossa pesquisa dentro do Mestrado Profissional. Praticamente todas as
fachadas oferecerão demandas de sombreamento que pretendemos solucionar
aplicando o conceito de flexibilidade para as envoltórias.

Figura 5-12: Maquete de implantação no terreno e sombreamento no Heliodon

Fonte: Elaboração da autora

Retomando o conceito da “célula vegetal” e sua dupla membrana, foi adotada,


como componente da envoltória, uma varanda contínua ao longo de todo o
pavimento-tipo. Sua projeção, como uma marquise, funcionará como primeira
estratégia de sombreamento das aberturas e vedações dos pavimentos
imediatamente inferiores (protetor horizontal).
Antecipamos que a profundidade da varanda não será suficiente para
promover o sombreamento desejado. Desse modo, prevemos a inclusão de painéis
(protetores verticais e/ou horizontais), com objetivos formais e de promoção de
conforto ambiental. Esta solução será apresentada posteriormente.

Figura 5-13: Varanda contínua contornando as unidades habitacionais

Fonte: Elaboração da autora


109

Uma vez definido o partido de implantação, foram desenvolvidas as plantas


dos pavimentos e elevações, bem como tomadas decisões quanto ao sistema
construtivo e os materiais a serem empregados, de modo a imprimir à edificação o
conceito escolhido na fase anterior.
A seguir descrevemos as decisões projetuais tomadas durante os estudos
preliminares até a fase de desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico. As
soluções adotadas foram sendo ajustadas ou amadurecidas durante todo o processo
de projeto, sendo o conceito da célula vegetal o fio codutor de todo o processo.

5.5 EVOLUÇÃO DO PROJETO

Na cota mais alta do terreno (50,00) foi locado o edifício comercial. As lojas,
com aproximadamente 40m² foram dispostas de forma a se voltar para a esquina
formada pela Rua Prof. Almeida Barreto e pela Av. Rui Barbosa.
Objetivando estimular a circulação dos usuários do Residencial por meio da
galeria comercial, agenciamos os percursos para pedestres por entre as lojas. Além
disso, criamos uma praça contígua ao acesso previsto pela Av. Rui Barbosa, que
estabelece a transição entre o espaço público e privado e promove a integração
entre os dois usos.

Figura 5-14: Implantação do Térreo (nível da Av. Rui Barbosa) – Estudo Preliminar

Fonte: Elaboração da autora


110

As vagas de estacionamento previstas para o Comercial foram locadas ao


longo da Rua Prof. Almeida Barreto, a via de menor fluxo, aproveitando a área
resultante do recuo frontal do Comercial, conforme permitido pelo Código de Obras
do Município, se respeitados os espaços para passeio público e as regras de acesso
ao lote (NATAL, 2004, p.44).
Quanto ao acesso de veículos do Residencial, optamos por locá-lo na testada
voltada para aquela rua, em trecho resultante do afastamento do edifício comercial
do limite Noroeste. Ali prevemos uma rampa que, acompanhando o desnível natural
do terreno, dará acesso às vagas de estacionamento, possivelmente sob garagem.

Figura 5-15: Corte esquemático com distribuição dos usos e tipos – Estudos
Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

Conforme apresentado na descrição do partido, no plano vertical, em função


da implantação do bloco residencial acompanhando o desnível do terreno, optamos
por variar a quantidade de unidades por pavimento, de modo a conseguir um
escalonamento da edificação, que culmina com sua conexão junto ao bloco
comercial.
Assim, no extremo Sudoeste do bloco residencial, ocupando 3 pavimentos,
locamos os apartamentos Tipo 3 (3 quartos); no meio da edificação, em 4
pavimentos, optamos por situar as unidades de 1 quarto (Tipo 1) e no extremo
Nordeste, em dois pavimentos, posicionamos os apartamentos Tipo 2 (2 quartos).
Nesta fase o projeto contava com 28 unidades habitacionais e 10 lojas.
111

Figura 5-16: Distribuição das unidades habitacionais – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

Locamos a caixa de escada e elevadores, bem como a circulação horizontal,


de acesso às unidades privativas, voltadas para Noroeste. Embora não tenhamos
criado uma “segunda pele”, há a previsão de instalação de protetores também para
esta fachada, de forma a controlar o excesso de radiação, que acabaria por atingir e
aquecer as paredes das unidades Tipo 1. Posteriormente, à medida que o projeto foi
sendo desenvolvido, algumas soluções foram sendo amadurecidas e outras
decisões tomadas.

Figura 5-17: Volumetria preliminar

Fonte: Elaboração da autora, utilizando o software SketchUp

De modo a oferecer melhor proveitamento da ventilação às unidades de 2 e 3


quartos, bem como promover mais movimento na forma do edifício residencial,
atenuando um pouco a monotonia gerada pela horizontalidade, os extremos da
edificação sofreram suaves desvios na orientação original. Além disso, foi suprimida
112

uma coluna de apartamentos de Tipo 1 (destacado em amarelo na Figura 5-18), de


modo a diminuir o comprimento da circulação horizontal.

Figura 5-18: Modificações no bloco residencial – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora, utilizando o software SketchUp

Em momento paralelo, respeitando os recuos estabelecidos pela legislação


urbanística, foram acrescidos mais dois pisos “completos” (ou seja, com 8 unidades
no pavimento), verticalizando um pouco mais a edificação.
Também optamos por excluir duas unidades no pavimento Térreo, que
estavam numa localização pouco privilegiada, com relação à privacidade (Figura
5-19). Esta decisão terminou contribuindo, particularmente, em fornecer espaço para
um hall de acesso para os usuários que ingressam ao condomínio residencial por
meio da galeria comercial, conforme poderá ser conferido no projeto a ser
apresentado a seguir.

Figura 5-19: Modificações na volumetria do bloco residencial – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora, utilizando o software SketchUp


113

Com estas últimas decisões tivemos um aumento na quantidade de unidades


privativas residenciais, o que implicou aumento da área construída total e
consequentemente na área de utilização, que permaneceu, contudo, abaixo do
coeficiente de aproveitamento8 máximo disponível para o lote.
Não verticalizar foi uma escolha para o nosso projeto, uma vez que, desde
sempre, expusemos a vontade de explorar a horizontalidade da edificação (a
edificação proposta tem altura final próxima dos 20 metros, excluída a caixa d’água).
Esta escolha também se reforça na tentativa de diálogo com o entorno do terreno
que, conforme exposto no item 4.3, é adjacente à área de controle de gabarito
denominada Entorno do Parque das Dunas (a Sub-área 2 limitada pela Av. Rui
Barbosa, possui limite de altura em 15 metros).
As modificações produzidas no bloco residencial repercutiram na implantação
do Comercial. Resolvemos colar a edificação no recuo lateral Noroeste – suprimindo
os acesso de pedestres e veículos antes previsto no trecho – e houve a necessidade
de redistribuição das lojas, de modo a otimizar a estrutura (pré-lançada), reduzindo a
quantidade de lojas.

Figura 5-20: Implantação do Comercial destacando as lojas e áreas de circulação –


Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

8Segundo o Plano Diretor do município (NATAL, 2007), o coeficiente de aproveitamento é o índice


que se obtém dividindo-se a área construída pela área do lote, não se considerando para efeito de
cálculo: pergolados, beirais, caramanchões, guaritas, garagens, depósitos de lixo, depósitos de gás,
casas de máquinas e sub-estações.
114

Alcançamos, contudo, uma maior diversidade de tipos, que foram organizados


de tal modo que surgiram mais espaços para circulação e integração. O
estacionamento conservou-se ao longo da Rua Prof. Almeida Barreto e o acesso à
garagem do Residencial foi deslocada para a Rua da Saudade, conforme será
apresentado no próximo item.
Os apartamentos-tipos, conforme previsto, tiveram suas áreas privativas
ampliadas, em função da inclusão da varanda contínua ao longo de todo o
pavimento.

Figura 5-21: Distribuição final das unidades habitacionais no pavimento-tipo –


Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

As plantas apresentam as opções de arranjo dos ambientes a partir da


utilização de divisórias e painéis móveis, mantendo como núcleo fixo o banheiro,
como pode ser visto a seguir.
115

Figura 5-22: Apartamento-tipo 1 – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

Figura 5-23: Apartamento-tipo 2 – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

Figura 5-24: Apartamento-tipo 3 – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora


116

Para promover a ventilação cruzada nas unidades habitacionais, conforme


recomendações bioclimáticas, prevemos a existência de aberturas de entrada e
saída de ar nos ambientes de uso prolongado, como salas e dormitórios, uma
solução que é facilitada pela implantação das unidades no pavimento e a existência
de uma circulação aberta em contato com o exterior.

Figura 5-25: Ventilação cruzada nas unidades residenciais

Fonte: Elaboração da autora

Como solução para sombreamento, atentando às análises de insolação para


cada fachada (Apêndice A), resolvemos utilizar painéis de correr, que atuam como
protetores horizontais e verticais para as varandas das unidades habitacionais.
Assim, foi apresentada à banca de Qualificação, um edifício
predominantemente horizontal, definido por dois blocos de usos distintos, porém
conectados no nível térreo por circulações e praças abertas. Nos pavimentos
superiores, foram distribuídos os apartamentos, com variação de 3 a 8 unidades por
piso, que seguem, ao longo do eixo nordeste-sudoeste, o escalonamento da
edificação. Compondo a edificação destacam-se os painéis de correr fechando as
varandas das unidades residenciais (Figura 5-26 e Figura 5-27).

Figura 5-26: Fachada Sudeste do Residencial em fase de Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora


117

Figura 5-27: Vista do Comercial a partir da Av. Rui Barbosa – Estudos Preliminares

Fonte: Elaboração da autora

Foram feitas algumas recomendações pela banca de qualificação, entre as


quais, uma que repercutiu diretamente na volumetria da edificação. Foi sugerido um
melhor aproveitamento da laje de cobertura do bloco comercial (Figura 5-28 e Figura
5-27), que poderia ser utilizado com espaço de lazer para o condomínio residencial,
conforme esboço apresentado na Figura 5-29.
Com esta modificação – que consideramos ter enriquecido consideravelmente
a nossa proposta – achamos necessário excluir as unidades habitacionais que antes
encontravam-se conectadas ao “lajão” (
Figura 5-30), oferecendo maior privacidade e isolamento com relação ao
espaço a ser criado, que seria de uso coletivo do condomínio.

Figura 5-28: Cobertura do Comercial em Figura 5-29: Inclusão de espaço de


destaque – Estudos Preliminares lazer para o Residencial

Fonte: Elaboração da autora Fonte: Elaboração da autora


118

Surgiu então a ideia de implantar neste pavimento (Nível 5) o Salão de Festas


do condomínio, incrementado pela integração com o espaço de lazer externo, que
com previsão de áreas ajardinadas e sombreadas, funcionaria também como um
mirante para os moradores do Residencial.
Foram retirados também mais três apartamentos (Tipos 1 e 2), imediatamente
acima daqueles retirados antes (Figura 5-30), perfazendo um total de 6 unidades
excluídas. Com isso, permitimos que o salão de festas ficasse com pé-direito duplo,
oferecendo também maior distanciamento das unidades habitacionais antes
conectadas ao lajão, oferecendo maior privacidade aos moradores.
Para compensar a quantidade de apartamentos excluídos com aquela
modificação (6 no total), conservando a volumetria original e respeitando os recuos
requeridos pela legislação, resolvemos adicionar mais um pavimento no 9° nível –
conforme elucidado na Figura 5-30– totalizando 7 pavimentos ocupados por um total
de 38 unidades que compõem todo o condomínio residencial.

Figura 5-30: Modificações na volumetria pós-banca de Qualificação

Fonte: Elaboração da autora

Ao longo dos meses seguintes o projeto foi sendo amadurecido, aprimorando


especialmente as questões técnicas não resolvidas nas fases anteriores, e
incorporando as contribuições da orientação, dos docentes e colegas do curso de
Mestrado Profissional na disciplina de Atelier Integrado de Projeto III.
Uma das resoluções foi a manipulação da platibanda do bloco residencial,
criando alturas variadas e gerando maior dinamismo à forma da edificação. Assim,
119

na última apresentação da disciplina citada, o projeto encontrava-se conforme


imagem da
Figura 5-31.

Figura 5-31: Volumetria da edificação durante desenvolvimento do projeto

Fonte: Elaboração da autora

Ao longo do desenvolvimento do projeto as soluções foram sendo


amadurecidas. No capítulo 6 a seguir, apresentamos o resultado final desse
processo.
Para facilitar o entendimento da proposta arquitetônica (em nível de
anteprojeto), contida no Volume II desta dissertação, e elucidada pelas figuras
inseridas ao longo do texto, decidimos abordar primeiramente a implantação dos
pavimentos e espaços componentes, partindo posteriormente para a descrição e
justificativa do sistema construtivo e materiais empregados e, finalmente, o
detalhamento das soluções de proteção adotadas para as envoltórias.
120

6 PROPOSTA FINAL

6.1 ANTEPROJETO

O empreendimento de uso misto proposto, e aqui apresentado como


anteprojeto arquitetônico, é composto por 38 unidades habitacionais e 09 lojas,
perfazendo aproximadamente 8.000m² de área construída total.

Figura 6-1: Vista da edificação proposta a partir da Av. Rui Barbosa

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

As lojas do Comercial ocupam uma posição privilegiada dentro do terreno, a


sua cota mais alta, voltando-se para a Rua Professor Almeida Barreto e a Av. Rui
Barbosa. As unidades do Residencial, por sua vez distribuem-se de forma variada
ao longo de sete pavimentos, gerando uma edificação escalonada (Figura 6-1 e
Figura 6-2o desnível natural do terreno.
Figura 6-2), que se conecta ao bloco comercial no 5° Nível (a contar a partir
da cota mais baixa - Rua da Saudade). As garagens ocupam pavimentos tipo semi-
121

subsolos, uma solução alcançada para evitar maiores escavações, aproveitando o


desnível natural do terreno.

Figura 6-2: Corte longitudinal (Residencial em azul; Comercial em amarelo)

Fonte: Elaboração da autora

O acesso de veículos do Residencial foi implantado na menor cota do terreno,


correspondente ao trecho voltado para a Rua da Saudade, e é controlado pela
guarita, que pela sua localização, também monitora a entrada e saída de moradores
e visitantes. O volume da portaria conecta-se ao bloco da área de lazer, através da
estrutura compartilhada (Figura 6-3Figura 6-5).

Figura 6-3: Vista da edificação a partir da Rua da Saudade

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.
122

Foi nossa escolha recuar a construção aproximadamente 2,00m a partir do


alinhamento do terreno para favorecer a criação de um jardim ao longo de toda a
testada do lote, sendo esta faixa verde interrompida apenas pelos acessos e pela
Casa de Lixo (Figura 6-5).
É importante dizer que as vias destinadas à circulação de veículos e
pedestres, bem como a área de lazer (Figura 6-4 e Figura 6-5), composta por um
espaço para Churrasqueira e Piscinas9, foram implantados na cota 45,00 (referência
de nível extraída da Topografia).

Figura 6-4: Área de lazer, locada 46 cm acima do nível do Pilotis

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

O pilotis do bloco residencial, por sua vez, encontra-se 46 cm abaixo daquela


cota, como resultado da necessidade de locação do edifício Comercial na cota 50,30
(Figura 6-2). A transição entre os dois níveis (acesso/lazer – pilotis) se dá através de
uma rampa com inclinação de 8%.
O pilotis funciona como ponto de interligação entre os demais espaços
voltados para o lazer do condomínio – como Brinquedoteca, Parquinho, Piscinas,
Churrasqueira e Academia. Áreas ajardinadas permeáveis, com previsão de
tratamento paisagístico, fazem a transição entre estes espaços e as áreas de
circulação de veículos (Figura 6-5). Neste pavimento também estão distribuídos
Copa e Banheiros para funcionários, Sala de Medidores, Casa para Gerador, e

9 Foi realizado estudo (constante no Apêndice C), através do software Ecotect, para verificar o
sombreamento das piscinas. Observamos que permanecem expostas à insolação durante a maior do
dia, durante a maior parte do ano.
123

espaço para Reservatórios Inferiores, estacionamento descoberto para visitantes,


com capacidade para 3 vagas (sendo 1 adaptada) e a garagem para 30 veículos
destinados aos moradores. Não vimos necessidade de reservar espaço para Casa
de Gás pois, segundo informações obtidas com fornecedor, há previsão de
ampliação de rede para atendimento à quadra onde se insere nosso projeto.

Figura 6-5: Planta do Nível 1

Fonte: Elaboração da autora

No pavimento seguinte, Nível 2 (Figura 6-6), dispusemos mais 32 vagas


destinadas aos moradores do Residencial. Esta garagem é conectada aos demais
pavimentos também pelo conjunto formado pela escada e elevadores e acessada
pelos veículos por meio de uma rampa com inclinação aproximada de 20%.
Aproveitando o espaço sobre a Brinquedoteca e uma parte do Pilotis, locamos
o Salão de Jogos; os demais espaços são ocupados pelo vazio da Academia e do
Pilotis, ambos com pé-direto duplo.

Figura 6-6: Planta do Nível 2

Fonte: Elaboração da autora


124

No Nível 3 (Figura 6-7), correspondente à cota mais alta do terreno (50,00)


locamos o edifício comercial, cujas lojas foram dispostas de modo a se voltarem
para a esquina formada pela Rua Prof. Almeida Barreto e pela Av. Rui Barbosa. A
configuração da galeria se dá também, em parte, pela distribuição da estrutura do
pavimento-tipo residencial, que se sobrepõe ao bloco comercial, a partir do 5º nível.
A área das lojas varia de 72m² a 116m². Cada unidade possui escada
individual para acesso às sobrelojas localizadas no Nível 4 (Figura 6-11) e lavabo
próprio, adaptado conforme exigências da NBR 9050 (Acessibilidade).

Figura 6-7: Planta do Nível 3

Fonte: Elaboração da autora

O mall é coberto por ampla marquise em concreto que se projeta entre 2,50m
e 4,00m em direção ao passeio público (Figura 6-8 e Figura 6-9). Há previsão de
espaço para livre circulação e locação de bancos e conjuntos de mesas e cadeiras
junto às unidades comerciais idealizadas para serem utilizadas como restaurantes,
lanchonetes e/ou cafés, e identificadas no projeto como “alimentação”.
Esta marquise acaba por funcionar parcialmente como protetor solar das
vitrines com pé-direito-duplo, que se voltam para as direções Nordeste e Sudeste
(Figura 6-8).
125

Figura 6-8: Vista da edificação a partir da Rua Professor Almeida Barreto com edifício
comercial em primeiro plano

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

Objetivando estimular a circulação de pessoas através da galeria comercial,


agenciamos os percursos por entre as lojas e criamos uma praça semi-coberta,
perpendicular à Av. Rui Barbosa, que estabelece a transição entre o espaço público
e privado e dá acesso ao Residencial (Figura 6-7Figura 6-7). Sobre esta praça
prevemos a instalação de pérgolas em madeira, fixadas entre as vigas em concreto,
formando um grande protetor horizontal vazado, que atua como um filtro para a
praça bem como para as vitrines das lojas voltadas para aquele espaço. Esta
solução será melhor elucidada no item 6.6.
Após atravessar a praça, o usuário encontra-se no Pilotis, que dá acesso ao
lobby do Residencial. Ainda neste nível (Figura 6-7), surgem as três primeiras
unidades habitacionais - que em relação à rua da Saudade, encontram-se três
pavimentos elevadas (Figura 6-2).
Não há previsão de muros ou grades nesta transição, inclusive porque
algumas lojas compartilham esta mesma área . Esta decisão teve como objetivo final
promover a integração entre os dois usos.
As vagas de estacionamento previstas para o Comercial foram locadas ao
longo da Rua Prof. Almeida Barreto, a via de menor fluxo, aproveitando a área
resultante do recuo frontal do Comercial.
A Casa de Lixo, a Sala de Medidores e o Reservatório de água do Comercial
foram locados nos espaços existentes nas extremidades do conjunto maquise, ou
seja, nos “caixões” resultantes da volumetria do edifício.
126

Devido à diferença de nível variável entre a cota do pavimento e as ruas


adjacentes estão previstos degraus e rampas (Figura 6-9) desenhadas de acordo
com o disposto na NBR 9050, garantindo acessibilidade universal.

Figura 6-9: Vista da edificação a partir da esquina da Av. Rui Barbosa com Rua
Professor Almeida Barreto, com Comecial em primeiro plano

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

Jardins e canteiros (permeáveis ou sobre lajes), para os quais é idealizado


tratamento paisagístico, complementam a implantação deste nível e seus usos
conectados, gerando ambiências de estar e convidando os usuários à integração e
permanência (Figura 6-10).

Figura 6-10: Vista da praça compartilhada pelos usuários do Residencial e Comercial

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.
127

No Nível 4 (Figura 6-11), temos o espaço ocupado pelo mezanino das


unidades comerciais, que é acessado exclusivamente através de escadas
helicoidais privativas de cada loja. Neste mesmo pavimento, foi prevista uma grande
laje técnica para concentração de todos os condensadores de ar-condicionado das
lojas. Coberta pela projeção da laje do Nível 5, todas as máquinas ficam bem
protegidas quanto à exposição a intempéries e podem ser acessadas para
manutenção externamente.

Figura 6-11: Planta do Nível 4

Fonte: Elaboração da autora

A partir do Nível 5, o uso da edificação passa a ser exclusivamente


residencial. Neste pavimento (Figura 6-12), especificamente, temos cinco unidades
residenciais distribuídas ao longo da circulação coletiva que se conecta aos
elevadores e caixa de escada, além de ambientes de uso comum do condomínio
como o Salão de Festas e espaços anexos, resultantes do aproveitamento da laje de
cobertura do Comercial para implantação de espaços de lazer para o condomínio,
conforme sugerido na banca de Qualificação e já explicado no item 5.5.
128

Figura 6-12: Planta do Nível 5

Fonte: Elaboração da autora

Com o intuito de isolar adequadamente o Salão de Festas, ambiente que


naturalmente poderia gerar algum desconforto acústico para o condomínio, optamos
por locá-lo em posição destacada do conjunto de apartamentos existentes no
pavimento, criando, para isso, uma larga circulação que conecta a circulação
coletiva à área de jardins externos. Assim, tais espaços podem ser utilizados por
quaisquer usuários do condomínio. Esta mesma ideia foi aplicada para o conjunto de
banheiros coletivos, que se abrem para a área de pilotis, e desse modo podem ser
acessados por qualquer morador/visitante, independentemente do uso do salão
(Figura 6-12).
Embora este não seja o enfoque do nosso trabalho, cabe aqui explicar uma
das soluções empregadas na concepção dos canteiros e passeios presentes neste
pavimento. Utilizamos como recurso a combinação de canteiros embutidos com
pisos elevados, de modo a atingir resultado semelhante ao do paisagismo sobre
terreno natural (Figura 6-15).
Consiste em rebaixar a cota da laje onde pretendemos fazer com que o jardim
fique nivelado ou um pouco abaixo dos pisos internos acabados. Para tanto,
prevemos lajes invertidas ou semi-invertidas na estrutura de cobertura do edifício
129

Comercial, que funcionarão como “caixas” para os canteiros ou serão fechadas com
pisos elevados (Figura 6-13).

Figura 6-13: Canteiros em laje invertida

Fonte: ABBUD, 2007.

O piso elevado para nivelamento dos terraços e passeios externos é um


sistema composto por placas encaixadas sobre suportes de prolipopileno, de altura
ajustável, cuja maior vantagem de utilização é a facilidade de manutenção do
conjunto, uma vez que não há rejunte entre as placas (Figura 6-14).

Figura 6-14: Detalhe de instalação de piso elevado externo

Fonte: www.remaster.com.br. Acesso em 10 de maio de 2017.


130

Observando em nosso projeto o pé-direito mínimo de 2,20m nas sobrelojas,


optamos por trabalhar com laje de cobertura semi-invertida e não totalmente
invertida, como seria a situação ideal. Com isso, e prevendo a espessura média da
laje com 15 cm, reduzimos a profundidade das caixas para 30cm aproximadamente
(Figura 6-15).

Figura 6-15: Secção ao longo do bloco Comercial destacando o jardim sobre laje

Fonte: Elaboração da autora

Confome alerta Abbud (2007), a camada de terra deve ter pelo menos 40 cm
de profundidade. O recurso que adotamos, então, foi criar elevações e pequenos
taludes, de modo a atingir a camada de terra mínima recomendada; no caso do
nosso projeto está garantida a altura de 50cm (Figura 6-15). Deverá ser previsto
apenas o plantio de árvores de pequeno porte e raízes rasas. Tomamos a
precaução de garantir que a altura mínima final de 1,10m para o guarda-corpo
presente ao longo de todas essas áreas ajardinadas.
Sabemos que soluções deste tipo representam um custo razoável para a
construção da edificação e também para sua manutenção. Há que se ter uma maior
atenção com a previsão de cargas para suporte da estrutura, a drenagem e a correta
impermeabilização. Contudo, acreditamos que o valor agregado ao edifício e a
qualidade ambiental oferecida aos usuários finais equilibram o investimento.
131

Figura 6-16: Vista do jardim sobre laje no Nível 5

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

O paisagismo das áreas externas do Nível 5 é composto ainda por pérgolas


em madeira, brinquedos e mobiliário para exterior, como bancos, lixeiras e mesinhas
de apoio, além das áreas ajardinadas (Figura 6-15, Figura 6-16 e Figura 6-17).

Figura 6-17: Área de lazer no Nível 5

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.

No Nível 6 (Figura 6-18), temos a repetição da mesma quantidade de


apartamentos (5) do pavimento inferior. Os demais espaços fechados são
resultantes da ocupação do pé-direito duplo do Salão de Festas e do vazio sobre os
banheiros coletivos existentes no Nível 5. A laje que protege o percurso entre caixa
de escada-elevadores até a entrada principal do salão, neste nível, abriga as
máquinas condensadoras do salão de festas.
132

Figura 6-18: Planta do Nível 6

Fonte: Elaboração da autora

No Nível 7, apresentado na Figura 6-19, temos o único pavimento totalmente


composto por unidades habitacionais, no total 8 apartamentos. No extremo
Sudoeste, locamos os apartamentos Tipo 3 (3 quartos); no meio da edificação,
optamos por situar as unidades de 1 quarto (Tipo 1) e no extremo Nordeste,
posicionamos os apartamentos Tipo 2 (2 quartos).

Figura 6-19: Planta do Nível 7

Fonte: Elaboração da autora


133

Seguindo o escolanamento da edificação, nos pavimentos seguintes – níveis


8 e 9 – foram suprimidos as unidades de Tipo 3 e mantidos as de Tipo 1 e 2. Desse
modo, cada pavimento é composto por um total de 6 apartamentos (Figura 6-20).

Figura 6-20: Planta do Níveis 8 e 9

Fonte: Elaboração da autora

Voltadas para Noroeste, locamos a caixa de escada e elevadores, bem como


a circulação horizontal coletiva, de acesso às unidades privativas. Para controlar o
excesso de radiação, que acabaria por atingir e aquecer as paredes das unidades
Tipo 1, idealizamos um elemento de proteção para esta fachada, uma espécie de
“brise vegetal”, que detalharemos no item 6.6.
O Nível de Cobertura (Figura 6-21), temos a área destinada para plataforma
de resgate, correspondendo a 25% da área do pavimento tipo. Para as demais
áreas, prevemos cobertura com telha de alumínio termoacústica (com pintura na cor
branca), com inclinação de 5%. O objetivo é diminuir a transmitância de calor
através da laje de teto dos apartamentos localizados no último tipo. Esta solução
está melhor descrita no item 6.4.

Figura 6-21: Planta de Cobertura

Fonte: Elaboração da autora


134

6.2 SISTEMA CONSTRUTIVO

Embora a forma adotada tenha fugido um pouco da ortogonalidade,


especialmente nas extremidades da edificação, podemos dizer que o projeto, em
grande parte, foi pensado de maneira comprometida com a racionalidade
construtiva, o que pode ser observado a partir da modulação empregada na estrutra
prevista para o pavimento-tipo (Figura 6-22).

Figura 6-22: Pré-lançamento de Estrutura

Fonte: Elaboração da autora

Optamos, portanto, pela estrutura em concreto armado para utilização em


todos os pavimentos da edificação proposta. Trata-se do mais comumemente
utilizado nos em edificações multifamiliares na cidade do Natal e, à nossa proposta,
apresenta-se como uma escolha bastante adequada.

6.3 VEDAÇÕES

Ainda que não tenhamos feito simulação para verificar a eficiência dos
materiais empregados, fizemos algumas especificações baseadas na nossa prática
profissional e no conhecimento adquirido ao longo do Mestrado Profissional.
As normas de desempenho térmico NBR 15220 e NBR 15575 fornecem
parâmetros para a correta especificação de paredes e coberturas, de acordo com
cada zona bioclimática. Os parâmetros se referem à transmitância térmica e à
capacidade térmica das paredes, e à transmitância térmica das coberturas.
Além de propiciar maior conforto ao usuário, a correta especificação,
adequada tende a controlar a absorção de calor, e reduzir consequentemente o
135

consumo de energia pela minimização ou anulação do uso de sistemas de


refrigeração.
Para as vedações externas, prevemos a utilização de tijolos cerâmicos,
rebocados, que apresentam como vantagens, e motivos de escolha: produção local,
com matéria-prima reutizável; facilidade na execução; compõem um sistema que
atende aos requisitos da NBR 15575/2013 (Figura 6-24) para a Zona Bioclimática
em que o projeto se insere (Figura 6-23).

Figura 6-23: Exigências de desempenho para vedações na ZB 08

Fonte: ABNT NBR (15.575/2013)

Figura 6-24: Desempenho do sistema de parede de tijolos cerâmicos

Fonte: ABNT NBR 15.220/2003

6.4 COBERTURAS

Assim como as vedações, o conforto térmico proporcionado aos usuários da


edificação também depende dos materiais empregados nas coberturas, com
atenção especial à transmitância térmica dos materiais e sistemas empregados, que
inclusive estão prescritos na Norma de Desempenho (Figura 6-25).
136

Figura 6-25: Exigências de desempenho para coberturas na ZB-8

Fonte: ABNT NBR (15.575/2013)

Para a cobertura da edificação residencial, especificamos a utilização de uma


telha metálica com propriedades termoacústicas, composta por uma camada de
telha na face superior, ou duas camadas metálicas com preenchimento interior em
poliuretano, formando o “sanduíche” (Figura 6-26) , a ser instalada com inclinação
de 5%.
Embora não tenhamos feito qualquer simulação, como visto no item 2.2
(Envoltórias e Conforto), o Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes,
Coberturas e Vidros, do Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de
Eficiência Energética Edificações Residenciais (RTQ-R) apresenta informações para
especificação deste sistema, que apresenta baixa transmitância térmica.
Prevemos ainda pintura externa na cor branca, de modo a aumentar o índice
de refletância do material.

Figura 6-26: Telha metálica termoacústica tipo “sanduíche”

Fonte: Disponível em: www.telhaseultrapaineis.com.br/produto/telha-termoacustica-poliuretano/.


Acesso em 24 de maio de 2017.
137

Para a cobertura do bloco Comercial, como já mencionado no item 5.6.1,


utilizamos em grande parte do lajão resultante, um sistema tipo teto-jardim, com
altura de 50cm de terra, coberta por vegetação. Esta solução assemelha-se a que
está ilustrada na Figura 6-27, na qual temos um valor de transmitância térmica
bastante reduzido em relação ao tradicional sistema composto por laje, forro e
revestimento cerâmico (Figura 6-28). A proteção criada proporciona uma potencial
redução no consumo energético para resfriamento das lojas, localizadas no
pavimento inferior.

Figura 6-27: Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) para sistema de
cobertura composto por laje, forro e piso cerâmico

Fonte: Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes, Coberturas e Vidros (BRASIL, 2013)

Figura 6-28: Transmitância térmica (U) e Capacidade térmica (Ct) para sistema de
cobertura composto por laje, terra e vegetação

Fonte: Catálogo de Propriedades Térmicas de Paredes, Coberturas e Vidros (BRASIL, 2013)

Lembramos que, na área do lajão também utilizamos o piso elevado para


nivelamento dos terraços e passeios. Porém, não há parâmetro no Catálogo de
Propriedades Térmicas de Paredes, Coberturas e Vidros do RTQ-R para verificação.
138

6.5 REVESTIMENTOS EXTERNOS

Prevemos o revestimento integral da edificação com pintura texturizada de


fabricação Ibratin. O branco é a cor predominante, sendo a base tanto para o bloco
residencial como para o comercial.
Em alguns detalhes da edificação – como as alvenarias entre lojas, o volume
da Academia no Nível 1 e o bloco dos banheiros coletivos do Nível 5 – escolhemos
aplicar a mesma pintura texturizada, porém em cor diferenciada, que dialoga com o
tom de azul acinzentado que decidimos utilizar nos painéis de alumínio, presentes
em todos os pavimentos residenciais e na churrasqueira da área de lazer.
A cor escolhida, de tom bastante suave, não cria um grande contraste. Na
verdade, acaba por proporcionar uma certa uniformização na base da edificação
formada por alvenarias e vitrines, mantendo a homogeneidade do conjunto, uma
característica buscada desde o início do projeto.
Quanto à cor escolhida para os painéis metálicos (Figura 6-33, Figura 6-30 e
Figura 6-31), embora não seja tão facilmente encontrada no mercado local – onde
predomina o fornecimento de alumínio natural, anodizado preto ou pintado
eletrostaticamente nas cores branco e cobre – procuramos nos assegurar de que
haveria possibilidade de confeccionar o produto conforme especificado em nossa
proposta, o que foi confirmado por diversos representantes locais, por meio dos
contatos que fizemos informalmente. A única ressalva é que o material teria que ser
solicitado com bastante antecendência, já que se trata de uma cor especial.

Figura 6-29: Vista da edificação proposta a partir da área de lazer, com destaque para
os painéis dos apartamentos e churrasqueira

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.
139

Figura 6-30: Vista das varandas com painéis a partir do jardim do Nível 5.

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.

No Residencial, para as esquadrias voltadas para o exterior, utilizamos portas


e janelas em alumínio pintado na cor branca, com vidros verdes. E para as portas
internas das unidades privativas e áreas comuns, especificamos portas de madeira
tipo porta-pronta.

Figura 6-31: Vista do Residencial, com destaque para os painéis a partir da Rua da
Saudade.

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.
140

Já para o Comercial, pela peculiaridade do uso, prevemos a fechamentos em


vidro incolor. O bloco apresenta grandes áreas transparentes que em grande parte
do dia permanecem protegidas pela marquise. Porém, ainda assim, preferimos
incluir no projeto a especificação para vidro com baixa transmitância térmica e baixo
fator solar.

6.6 PROTEÇÕES

Em decorrência dos primeiros estudos realizados referentes às diversas


categorias de fachadas flexíveis, e também pela análise de sistemas industrializados
oferecidos por empresas com a Hunter Douglas e a Hawa, por exemplo, tivemos a
oportunidade de observar o funcionamento de variados tipos de mecanismos de
proteção solar, que resumimos na Figura 6-32.

Figura 6-32: Mecanismos de abertura/fechamento dos sistemas de proteção solar

CORRER (MÓDULO SIMPLES)

RETRÁTIL

CORRER (MÚLTIPLOS MÓDULOS)

GIRO / PIVOTANTE
Fonte: Adaptação da autora a partir de imagem disponível em:
www.application.hawa.ch/productfinder/src/productfinder/dsp_searchForm.aspx. Acesso em 07 de
maio de 2017.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, contudo, sempre houve uma forte


inclinação em utilizarmos um sistema de painéis de correr como solução para o
desenhos dos protetores das unidades habitacionais, muito em função dos atributos
estéticos pretendidos, como também da eficiência quanto à proteção solar e
privacidade almejadas.
141

Para justificar nossa escolha, todavia, achamos importante, elencar as


vantagens e desvantagens dos diversos tipos de funcionamento que identificamos
nos estudos realizados e apresentamos no Quadro 6-1, a seguir.

Quadro 6-1: Comparativo entre os sistemas de proteção solar

TIPO DE FUNCIONAMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS

. fácil instalação;
CORRER
. fácil manuseio;
(MÓDULO . proteção parcial
SIMPLES)
. fácil manutenção

. limitações de vão para


RETRÁTIL . fácil manuseio instalação;
(se for mecanizado)
VERTICAL . requer constante manutenção
. proteção integral

. requer mais componentes para


. fácil manuseio;
instalação
RETRÁTIL
. proteção integral (estando todo
HORIZONTAL
. requer constante manutenção
o conjunto fechado)
. exposição total (estando todo o
sistema aberto)

. requer mais componentes para


. fácil instalação; instalação se comparado com o
CORRER módulo simples
. fácil manuseio;
(MÚLTIPLOS . o conjunto ocupa maior largura,
. proteção integral (estando todo já que precisa de mais trilhos que
MÓDULOS) o conjunto fechado) o de módulo simples
. maior custo devido à maior
quantidade de painéis

. fácil instalação;
. fácil manuseio;
. fácil controle da proteção, já
. requer maior espaço
GIRO / PIVOTANTE que podem ser fechados ou
internamente para permitir o giro
abertos trechos específicos
do painel
. proteção integral (estando todo
o conjunto fechado)

Fonte: Elaboração da autora com imagens extraídas da internet.


142

Todos os sistemas apresentados acima atenderiam às qualidades estéticas


que desejávamos imprimir à edificação. Esta avaliação permitiu que tivéssemos
certeza quanto à decisão de utilizar um sistema deslizante – painéis de correr – que
ao nosso ver, atende com mais eficiência às necessidades proteção e privacidade já
destacadas nos capítulos anteriores. Além disso, consideramos a facilidade de
instalação, manuseio e manutenção do sistema por parte dos usuários.
A princípio, consideramos a confecção do painel com uma chapa de alumínio
perfurada. Apesar de se adequar ao aspecto que gostaríamos de imprimir ao
edifício, preferimos descartar esta opção pela pouca eficiência aparentemente
apresentada.

Figura 6-33: Painéis com fechamento em chapa de alumínio perfurada

Fonte: Acervo da autora

Optamos, por fim, pelo fechamento com venezianas de alumínio (


Figura 6-34) que promovem os controles de ventilação e entrada de luz e
também oferecem privacidade aos usuários dos apartamentos.

Figura 6-34: Folha em alumínio com venezianas

Fonte: Acervo da autora

A adoção desta solução corresponde, juntamente com a varanda contínua, à


aplicação do conceito de flexibilidade das envoltórias e tem reflexos diretos no
resultado alcançado para as fachadas. Salientamos que, como se tratam de
fachadas dinâmicas, a disposição e arranjo das aberturas podem assumir aspectos
143

variados, de acordo com a escolha dos usuários. Contudo, o sombreamento integral


é garantido pois o sistema é formado por um protetor horizontal (marquise) e
protetores verticais (painéis), que circundam toda a varanda. Fizemos uma
simulação simplificada para os apartamentos do Tipo 1 voltados para Sudeste,
incluída no Apêndice B.
Não seria possível resolver este sistema de sombreamento sem pensarmos,
ao mesmo tempo, numa solução construtiva para as varandas desses apartamentos,
afinal, todos os elementos estão integrados e atuam como um conjunto.
A partir do esboço apresentado na Figura 6-35, e posteriormente
desenvolvido em Sketchup (Figura 6-36), definimos a solução técnica para as
varandas dos apartamentos. A primeira resolução foi rebaixar o nível da laje das
varandas de modo que ficassem pelo menos 15 cm (no osso) abaixo da cota interna
das unidades. Também achamos importante manter recuadas as vigas de bordo da
estrutura, de modo que as lajes se mostrassem mais singelas nas fachadas.

Figura 6-35: Esboço da solução Figura 6-36: Desenvolvimento da solução para


para as varandas as varandas

Fonte: Elaboração da autora Fonte: Elaboração da autora

Sobre o piso rebaixado, prevemos a instalação de um deck em madeira


ecológica (plástica), nivelado com o piso interno. Esta solução permite que a
drenagem, tão necessária para estas áreas que ficam expostas o tempo todo à
chuva, possa ser resolvida de uma maneira alternativa. O ralo, neste caso, fica
escondido sob esta estrutura de madeira; no nível inferior, cumpre esta mesma
144

função, o forro em gesso acartonado, previsto para ser instalado acompanhando a


inclinação gerada pela diferença de altura entre a extremidade da laje da varanda e
o fundo da viga recuada. A ideia de inclinar o forro, na nossa opinião como
projetista, acaba dando um acabamento melhor ao conjunto formado por forro-laje-
esquadria, já que a linha de topo das esquadrias, acaba coincidindo com o limite
inferior do forro.
Próximo à extremidade da laje, uma pequena mureta, com aproximadamente
20cm de altura, atua como fechamento da estrutura do deck de madeira e instalação
do guarda-corpo em alumínio e vidro (Figura 6-36).
Os trilhos e guias para instalação dos painéis de correr, por sua vez, foram
posicionados na extremidade da laje; prevemos que, por serem duplos, ocupem
aproximadamente 15 cm de largura (Figura 6-36).
Não gostaríamos de ultrapassar esta medida para evitar que o este conjunto
viesse a invadir e diminuir a largura das varandas, uma vez que, não seria mais
possível ampliar a lâmina da edificação, já limitada pelos recuos. Também
procuramos evitar o crescimento de área dos apartamentos.

Figura 6-37: Solução para as varandas, vista a partir do exterior

Fonte: Elaboração da autora


145

Com o intuito de esconder os trilhos e guias dos painéis de correr e


proporcionar um melhor acabamento ao conjunto, a solução foi prever a instalação
de uma peça delgada a ser fixada paralelamente na borda da laje.
Prevemos a utilização de placa cimentícia, com aproximadamente 20 cm de
altura para atender a dois pavimentos de uma vez. Esta peça acaba por funcionar
também como uma pingadeira ao longo de todas as varandas (Figura 6-37) e
ressalta a horizontalidade do conjunto.
Assim como ocorre no momento que tomamos a decisão de utilizar o sistema
de teto-jardim na cobertura do bloco comercial, temos consciência que, soluções
deste tipo representam um custo razoável para a construção da edificação e
também para sua manutenção. Contudo, acreditamos que o valor agregado ao
edifício e a qualidade ambiental oferecida aos usuários finais equilibram o
investimento10.

Figura 6-38: Vista a partir da varanda, com destaque para os painés de correr

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion.


Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.

10 Apenas para situar o projeto na realidade em que se insere, foi solicitado a um fornecedor
orçamento para confecção e instalação dos painéis metálicos na varanda da unidade Tipo 1. Este
orçamento está incluído nos anexos deste trabalho.
146

Na Fachada Noroeste (Figura 6-39) também adotamos um recurso para


controlar o excesso de radiação solar na circulação coletiva, que acabaria por atingir
e aquecer as paredes das unidades Tipo 1. Idealizamos, para isso, um “brise
vegetal” como elemento de proteção (Figura 6-40 e Figura 6-41).

Figura 6-39: Cortina verde na Fachada Noroeste

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.

Figura 6-40: Fachada Noroeste com destaque para o brise vegetal

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação da autora.
147

Esta solução é constituída por um conjunto de hastes metálicas dispostas em


linha, paralelamente ao peitoril da circulação coletiva, espaçados a cada 40 cm
aproximadamente.
Fixadas sobre uma mureta de
Figura 6-41: Detalhe do brise vegetal
53 cm de altura, prolongam-se até a
estrutura que, por sua vez, suporta o
conjunto que se repete no pavimento
imediatamente superior.
Estas hastes servirão como
suporte para crescimento e
desenvolvimento de plantas, tipo
trepadeiras, criando uma grande
cortina verde (Figura 6-39).
Em vasos que podem ser
acessados através do peitoril da
circulação e removidos para
manutenção, sugerimos o plantio da
tumbérgia-azul (Thunbergia
grandiflora), uma espécie muito
rústica e ornamental, que pode ser
cultivada sob pleno sol e apresenta
Fonte: Elaboração da autora
boa velocidade de crescimento11.
Conforme explicado no item 6.1, no Nível 3 criamos uma praça semi-coberta,
que estabelece a transição entre o espaço público e privado e estimular a circulação
dos moradores através da galeria comercial até o Residencial (Figura 6-7).
Sobre esta praça prevemos a instalação de pérgolas em madeira, fixadas
entre as vigas em concreto, formando um grande filtro para a praça e um protetor
horizontal vazado para as vitrines das lojas. Esta solução está ilustrada na Figura
6-42 e as simulações de sombreamento do sistema encontram-se elucidadas no
Apêndice B.

11 Informação extraída de www.jardineiro.net/plantas/tumbergia-azul-thunbergia-grandiflora.html.

Acesso em 10 de maio de 2017.


148

Figura 6-42: Filtro sobre a praça semi-coberta

Fonte: Softwares SketchUp 2017 e Lumion. Produção do arquiteto Igor Magno Cabral por solicitação
da autora.
149

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O produto final deste trabalho, um anteprojeto de arquitetura, acompanhado


pela dissertação que problematiza a questão em estudo, apresentou o percurso
teórico-metodológico, o processo de projeto e, por fim, mais detalhadamente a
solução projetual final adotada.
Embora a etiquetagem do edifício a ser projetado não estivesse entre os
objetivos deste trabalho, estudamos algumas definições e recomendações para o
desenvolvimento de envoltórias contidas no Manual para aplicação do Regulamento
Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética Edificações Residenciais
(RTQ-R).
Como visto no referencial teórico, por contribuir significativamente para a
promoção do conforto térmico, acústico e visual dos usuários, as envoltórias
assumem grande relevância no projeto do edifício e, portanto, estaria nas mãos dos
arquitetos grande parte da responsabilidade pela criação, ainda em fase de projeto,
de soluções que deem condições ao edifício de ser passivo – pelo menos durante
grande parte do ano – reduzindo seu consumo energético e impactos negativos ao
meio ambiente.
Assim, concentramo-nos em apresentar soluções projetuais coerentes com o
sítio onde se implanta a edificação, aproveitando o desnível natural e buscando
soluções para ventilação de sombreamento coerentes com a orientação do terreno.
Acreditamos que o resultado se aproxima dos objetivos buscados desde o
início do processo de projeto, quando queríamos uma edificação que apresentasse
características de horizontalidade, homogeneidade e também de flexibilidade em
suas fachadas para atendimento das demandas de conforto térmico. Quanto aos
aspectos formais, destacamos o dinamismo oferecido pelo emprego de painéis de
correr nas fachadas, uma solução ainda pouco explorada no cenário local.
Uma das consequências da implantação adotada, em função da forma do
terreno, foi o fato do bloco residencial apresentar os maiores panos de fachada
voltados para as direções sudeste e noroeste, expondo, indesejavelmente, as
unidades habitacionais à radiação solar.
Aquela disposição que, a princípio, diverge das recomendações bioclimáticas
mais básicas para as regiões de clima quente e úmido – quando propõem o formato
alongado, no sentido Leste-Oeste, como a melhor opção, para reduzir a incidência
150

de radiação sobre o edifício – ofereceu um desafio importante para o trabalho


proposto. A adoção do conceito de “célula” vegetal, e sua membrana protetora que
envolve a edificação, criando um filtro, ou “segunda pele” para a edificação, foi uma
resposta a esse desafio.
Este conceito funcionou como fio-condutor durante todo o processo de
projeto, permeando o desenvolvimento de soluções visando a promoção do conforto
ambiental – como sombreamento e permeabilidade da ventilação – e também
quanto à privacidade. Do ponto de vista formal, conferiu à proposta características
pretendidas, como dinamismo e flexibilidade.
Para os apartamentos voltados para Nordeste, Sudeste, Sudoeste e
Noroeste, criamos um conjunto formado pela varanda contínua (protetor horizontal)
e painéis de correr (protetores verticais), cujos arranjo e disposição ficam a critério
dos usuários de cada unidade privativa.
Desenvolvemos também uma proposta de “brise vegetal” como elemento de
proteção para controlar o excesso de radiação solar na circulação coletiva voltada
para a Fachada Noroeste, que acabaria por atingir e aquecer as paredes das
unidades habitacionais do Tipo 1, o que representou a aplicação em nosso trabalho
de mais uma das estratégias de flexibilidade sistematizadas por Jorge (2012).
No bloco comercial, as soluções de sombreamento empregadas
concentraram-se na praça semicoberta – responsável pela transição público-privado
e localizada entre a galeria comercial e o acesso ao Residencial (Av. Rui Barbosa) –
na qual utilizamos uma estrutura composta por vigas de concreto e pérgolas de
madeira para atenuar a exposição durante os períodos e horas mais desfavoráveis.
Para sombreamento das vitrines, verificamos, nas simulações, que apenas a
marquise projetada sobre o mall seria suficiente para proporcionar o sombreamento
desejado.
Ainda que a inclusão de dispositivos e elementos componentes dos sistemas
propostos ao longo deste trabalho esbarre nos custos agregados à sua produção e
incorporação à construção, não favorecendo a competição com processos mais
tradicionais de produção da habitação no cenário local, acreditamos que o resultado
ora apresentado pode contribuir para a paisagem urbana, reafirmando o que Jorge
(2012) sustenta sobre a “flexibilidade” como um conceito amplamente aplicável e
uma resposta possível às mais atuais exigências impostas à arquitetura e à cidade
contemporâneas. Além disso, acreditamos que o valor agregado ao edifício e a
151

qualidade ambiental oferecida aos usuários finais equilibram o potencial


investimento na produção da edificação proposta.
Embora saibamos que grandes fabricantes – como a Hawa e Hunter Douglas,
por exemplo – oferecem uma infinidade de opções de sistemas e materiais
industrializados para promoção do conforto passivo e incremento do desempenho
técnico das construções, foi uma opção nossa desenvolver os mecanismos de
controle aqui apresentados, especialmente porque o conjunto, composto por
varanda e painéis móveis, foi concebido intrinsecamente ao projeto arquitetônico. Ou
seja, além de ser o enfoque do trabalho, as envoltórias condensam o conceito de
todo o projeto em si.
Assim, espera-se que a proposta aqui apresentada, com suas
particularidades e diferenciais, possa ser fonte de consulta aos colegas de profissão
e/ou curiosos no emprego das soluções e estratégias aqui exploradas e, assim,
possa contribuir para o desenvolvimento de projetos similares.
Por fim, cabe dizer que o desenvolvimento deste trabalho no âmbito do
Mestrado Profissional, com a oportunidade de exposição à discussão e crítica
coletiva, através de apresentações regulares realizadas nas disciplinas de Atelier I, II
e III, com participação de todos os professores e alunos do curso, representou uma
das experiências mais enriquecedoras para nossa vida profissional.
152

REFERÊNCIAS

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térmico de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

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habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

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ZULIN, Fabricia. Habitar Coletivo: Obras diferenciadas contemporâneas em São


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157

ANEXO A

Dimensionamento das formas de acesso de acordo com o Código de Obras de Natal


(NATAL, 2004).
158

ANEXO B
159

APÊNDICE A – ESTUDO DE INSOLAÇÃO NA FASE DE ESTUDOS


PRELIMINARES

Orientação NORDESTE (Azimute: 20,82°)


Durante quase todo o ano esta fachada é exposta ao sol da manhã.
No solstício de inverno, temos o maior período de insolação (a partir
das 6h, estendendo-se a até as 17:30h). Nos equinócios, a
exposição se dá entre as 6h e meio-dia, e nos meses de novembro,
dezembro e janeiro, esta fachada permanece sombreada.
Considerando que, nesta orientação, teremos aberturas
correspondentes às salas e, especialmente aos dormitórios de
algumas unidades, faremos o estudo para verificar possíveis
soluções de sombreamento.
Ao longo de todo o pavimento-tipo da edificação proposta, foi incluída uma varanda contínua. Sua projeção, que
funciona como marquise, foi pensanda como primeira estratégia de sombreamento, especialmente para as
aberturas destinadas a dormitórios e salas. Pela máscara abaixo é possível perceber que, para o período de maior
exposição (solstício de inverno), este elemento seria eficiente apenas a partir das 9h, quando o sombreamento se
apresenta superior a 70% . Antes disso, entre as 6 e as 8:30h da manhã, este elemento é capaz de sombrear
entre 10% e 60% (aproximadamente), o que consideramos insatisfatório e potencial causa de desconforto para os
usuários de ambientes como os dormitórios, por exemplo.

Nas imagens abaixo, podemos ver que com a inclusão de um protetor vertical com inclinação de 45° em relação à
fachada, é possível atingirmos um percentual de sombreamento superior a 70% para as primeiras horas da
manhã, durante o solstício de inverno, o que consideramos uma solução satisfatória.
160

Orientação SUDESTE (Azimute: 109,35°)


Durante todo o ano, esta fachada recebe o sol da
manhã. No solstício de verão temos o maior período de
exposição a partir das 5:30h, estendendo-se a até as
12:30h, aproximadamente.
Em função da implantação, muitas das unidades
privativas – e seus respectivos ambientes de uso
prolongado como quartos e salas – voltam-se para esta
orientação.
Apresentaremos a seguir o estudo para verificar as
possíveis soluções de sombreamento.

Analisando a solução da varanda contínua, enlaçando todo o pavimento-tipo, e pensanda como a


primeira estratégia para sombreamento, podemos perceber que, para o período de maior exposição
(solstício de verão), este elemento seria eficiente a partir das 7:45h, quando o sombreamento se
apresenta em 80%.
Porém, não podemos desconsiderar o potencial desconforto que pode ser causado pela ausência de
sombreamento eficiente antes desse horário. A partir do final de novembro, por exemplo, a exposição
inicia-se às 5h da manhã.

Com a inclusão de um protetor paralelo à fachada (composto por pequenos brises horizontais com
inclinação de 45°), é possível atingirmos um percentual de sombreamento de 70% nas primeiras
horas da manhã, durante o solstício de verão, o que consideramos uma solução satisfatória.
161

Orientação SUDOESTE (Azimute: 200,94°)

Nos meses de maio, junho e julho, esta fachada


permanece sombreada.
Nos equinócios, fica exposta somente à tarde, a partir do
meio-dia, e no solstício de verão alcança o máximo de
exposição, recebendo sol das 5:15h às 17:15h.
Semelhante ao que ocorre nas fachadas Nordeste e
Sudeste, teremos as aberturas correspondentes às salas
e, especialmente aos dormitórios de algumas unidades
nesta orientação.
Apresentaremos a seguir o estudo para verificar as
possíveis soluções de sombreamento.
Do mesmo modo que ocorre nas demais fachadas, temos projeção da varanda contínua, em volta de
todo o pavimento-tipo, que funciona como primeira estratégia para sombreamento. Como verificado
anteriormente, e considerando que as fachadas são perpendiculares entre si, podemos adiantar que
esta solução por si só não é suficiente para sombrear as aberturas voltadas para esta orientação.
Por esta razão, incluímos na simulação realizada, protetores verticais, locados obliquamente à
fachada a fim de verificar o potencial de sombreamento.
No período de maior exposição (solstício de verão), este elemento funciona de modo eficiente,
promovendo 100% de sombreamento, ao longo de todo o dia (das 5:30h às 17:30h), o que
consideramos uma solução satisfatória.
162

Orientação NOROESTE (Azimute: 288,72°)

Durante todo o ano, esta fachada permanece sombreada


pela manhã e exposta ao sol da tarde.
No solstício de inverno, temos o maior período de
exposição a partir das 11:45h, estendendo-se a até as
18:15h.
No solstício de verão, a exposição inicia-se uma hora
depois e vai até às 18:30h.
Teremos as aberturas correspondentes aos dormitórios de
algumas unidades nesta orientação.
Apresentaremos a seguir o estudo para verificar as
possíveis soluções de sombreamento.

Do mesmo modo que ocorre nas demais fachadas, temos projeção da varanda contínua, em volta de
todo o pavimento-tipo, que funciona como primeira estratégia para sombreamento. Como verificado
anteriormente, podemos adiantar que esta solução por si só não é suficiente como estratégia de
sombreamento.
Assim, na primeira simulação realizada, incluímos um protetor paralelo à fachada (composto por
pequenos brises horizontais com inclinação de 45°), que promoveu um sombreamento de 100%,
durante o solstício de inverno. E no solstício de verão, o sombreamento atinge percentuais acima dos
80% em todos os horários, o que consideramos uma solução satisfatória.
163

APÊNDICE B – ESTUDO DE INSOLAÇÃO NA FASE DE ANTEPROJETO

LOJAS (FACHADA SUDESTE) – MARQUISE

Período Data Horário Sombreamento

8h 62%
Equinócio de outono 20/3
9h 97%

8h 61%
Solstício de inverno 21/6
9h 83%

8h 76%
Equinócio de primavera 23/9
9h 97%

8h 61%
Solstício de verão 22/12
9h 100%

Durante todo o ano, esta fachada recebe o sol da manhã. No solstício de verão
temos o maior período de exposição, a partir das 5:30h, estendendo-se a até as 12:30h,
aproximadamente. A marquise incluída nesta simulação promove um sombreamento a partir
dos horários críticos 8-9h. Considerando que abriga espaços destinados ao uso comercial,
consideramos o resultado satisfatório, dispensando o uso de protetores para esta fachada.
164

LOJAS (FACHADA NORDESTE) – MARQUISE

Período Data Horário Sombreamento

8h 71%

Equinócio de outono 20/3 9h 89%

16h Sombreado

8h 56%

Solstício de inverno 21/6 9h 91%

16h 33%

8h 79%

Equinócio de primavera 23/9 9h 92%

16h Sombreado

8h

9h Sombreamento total
Solstício de verão 22/12
durante todo o dia
16h

Durante todo o ano esta fachada é exposta ao sol da manhã. No solstício de inverno,
temos o maior período de insolação, estendendo-se a até as 17:30h aproximadamente. Nos
meses de novembro a janeiro (verão), permanece sombreada durante todo o dia, o que é
bastante favorável. Verificamos que a inclusão da marquise promove um sombreamento
satisfatório durante os horários mais críticos, sendo apenas um pouco deficiente no inicio da
manhã e fim de tarde no solstício de inverno, o que ao nosso ver, contudo, não justifica o
uso protetores, uma vez que protetores verticas, que seriam eficientes neste caso, não
seriam compatíveis com as peculiaridades do uso comercial.
165

LOJAS / PRAÇA DE TRANSIÇÃO NO NÍVEL 3 – MARQUISE SEM PÉRGOLAS

Período Data Horário Sombreamento


14h 93%
Equinócio de outono 20/3
16h 62%
Solstício de inverno 21/6 Sombreamento total durante todo o dia.
14h 89%
Equinócio de primavera 23/9
16h 53%
9h 93%
Solstício de verão 22/12 14h 81%
16h 33%

A partir desta primeira simulação, verificamos que somente marquise não seria
suficiente para proporcionar o sombreamento desejado. Partimos então para a inclusão das
pérgolas em madeira. O resultado é apresentado a seguir.
166

LOJAS / PRAÇA DE TRANSIÇÃO NO NÍVEL 3 – MARQUISE COM PÉRGOLAS

Período Data Horário Sombreamento


14h 93%
Equinócio de outono 20/3
16h 72%
Solstício de inverno 21/6 Sombreamento total durante todo o dia.
14h 91%
Equinócio de primavera 23/9
16h 63%
9h 95%
Solstício de verão 22/12 14h 94%
16h 54%

Verificamos que no período de maior exposição (solstício de verão), a inclusão de


pérgolas (10 peças de madeira com 20 cm de altura, espaçadas a cada 20 cm) entre as
vigas que cobrem a praça promoveu um incremento no sombreamento das vitrines,
chegando a mais de 50% no horário crítico das 16h, o que consideramos uma solução
satisfatória para o trecho analisado.
167

APARTAMENTOS (FACHADA SUDESTE) – VARANDA COM PAINÉIS

Período Data Horário Sombreamento

Equinócio de outono 20/3 8h 92%

Solstício de inverno 21/6 8h 99%

Equinócio de primavera 23/9 8h 99%

Solstício de verão 22/12 8h 87%

Durante todo o ano, esta fachada está exposta ao sol da manhã. Durante todo o ano, esta
fachada recebe o sol da manhã. No solstício de verão temos o maior período de exposição a
partir das 5:30h, estendendo-se a até as 12:30h, aproximadamente.
Em função da implantação, muitas das unidades privativas – e seus respectivos ambientes
de uso prolongado como quartos e salas – voltam-se para esta orientação.
Analisando a solução da varanda contínua, enlaçando todo o pavimento-tipo, e pensanda
como a primeira estratégia para sombreamento, podemos perceber que, para o período de
maior exposição (solstício de verão), este elemento (representado na simulação como uma
marquise) seria eficiente a partir das 7:45h, quando o sombreamento se apresenta em 80%.
Porém, não podemos desconsiderar o potencial desconforto que pode ser causado, aos
usuarios das unidades habitacionais, pela ausência de sombreamento eficiente antes desse
horário. A partir do final de novembro, por exemplo, a exposição inicia-se às 5h da manhã.
Com a inclusão de um protetor paralelo à fachada (composto por venezianas horizontais
com inclinação de 45°), é possível atingirmos um percentual de sombreamento de 87% nas
primeiras horas da manhã, durante o solstício de verão, o que consideramos uma solução
satisfatória. Esta solução é composta por varanda (protetor horizontal) e painéis (protetores
verticais) é adotada para todas as unidades e aplicada em todo o contorno da edificação.
168

APÊNDICE C – ESTUDO DE SOMBREAMENTO PARA AS PISCINAS

Ponto 1 Ponto 2
169

APÊNDICE D – PRANCHAS DO PROJETO DE ARQUITETURA

01 IMPLANTAÇÃO

02 NÍVEL 01 (TÉRREO - RUA DA SAUDADE) / NÍVEL 02

03 NÍVEL 3 (TÉRREO - AV. RUI BARBOSA)

04 NÍVEL 4 (MEZANINO COMERCIAL)

05 NÍVEL 5 (LAZER - RESIDENCIAL)

06 NÍVEL 6

07 PAVIMENTO TIPO N7 / PAVIMENTO TIPO N8 E N9

08 COBERTURA / PRÉ-LANÇAMENTO ESTRUTURA

09 CORTE BB / CORTE CC

10 CORTE DD / CORTE EE

11 CORTE EE / FACHADA NORDESTE

12 FACHADA SUDOESTE / FACHADA SUDESTE

13 PERSPECTIVAS / DETALHES
RU

4.44
AP
RO

50
F. A
LME
IDA
BAR
60,8 RET
5 O

49
m

48

A
86,8 INHAS

BOS
4m
32,1
BAR
4m
VIZ
AS

RUI
CAS
BAIRRO L. NOVA

AV.
47
01 s/escala
31,1
5m

46

50
49
m

HAS
7
54,2

V IZIN
AS
CAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
4.44

48
CENTRO DE TECNOLOGIA

29,8
0 m
ANTEPROJETO DE ARQUITETURA
47
46

RU
AD
AS
AUD
ADE

AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

03 1:200
02 s/escala ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 01
/13
COBERTURA

N9
3.51 6.65 5.30 10.67 18.50 14.70 7.05 .15 2.50 .15 6.35 .25 11.08
N8

N7

.24
N6

.15

LIMITE DO TERRENO
GERADOR
N5
44,54
RAMPA (i=5,24%) N4

3.96

3.93
SOBE
45,00

3.67
3.50

SOBE
5.17
45,00
N3

5.00
N1 - 01 N1 - 02 N1 - 03

LIMITE DO TERRENO
PROJ. PAVIMENTO-TIPO
(CAPACIDADE: 30.000 LITROS)
N2
4.08 2.00 .15 2.55 .15 1.20 .15 43,20

N1

.15

.15
.38
.15
LAV.

1.74
1.80

.15
SALA CONTROLE 46,225

3.20

3.20
GUARITA 46,225
8.97

SOB
3.50
.15
46,225 3.64 .15 8.41 2.50 2.50 2.50 .50 5.00 5.00 .70 PRO

E
J. PA
VIME SEM ESCALA

.95
NTO
-TIPO
)
11%
(i=5,

2.50
.15
PA 1.92 N1 - 04

PRO
RAM

5.03
4.08 2.00 .15 3.90 .15

.15
J. PA

5.42
5.15

V
IMEN
COBERTURA

T
3.50

3.50

O-TIP
2.50 N1 - 05 N1 - 06 N9
45,00 5.20

O
2.50

2.50
1.41 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 .70
45,00 1.20
2.50 N8

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


3.86 1.00 2.00 3.65
N7

.15
JARDIM

1.00
16.79 N6

1.58
3.05

2.50
N1 - 28 N1 - 29

2.69
ECLUSA / ESPERA JARDIM N5

RUA DA SAUDADE
V - 01

5.00
5.00
ACESSO PEDESTRES

1.53
45,00 V - 02 8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15
45,00
V - 03
N4

5.00
11.6

.15

.15
45,00

3.55
N3

.30

2.50
0
ACADEMIA N1 - 07 N1 - 08

1.20
N2

1.20

2.50
1.95
44,54 VAZIO ELEVADOR ELEVADOR N1 - 26 N1 - 27
JARDIM 1.50
08

11.6
LIMITE DO TERRENO
09 07
GARAGEM N1

.15

0
1.85 10 06

11 05 12 VAGAS DUPLAS

.15
1.96
2.59 05 VAGAS SIMPLES

.21
SOBE 12 04

WC F WC M 13 03 44,54 TERRENO NATURAL

2.00

.15

2.50
14 02
N1 - 09 N1 - 10
45,00 15 01 SALA DE MEDIDORES
16 S

2.10
LAZER ESCADA 44,54

.15

1.40
8.06
.30 2.67

RAM
PROJ. PAVIMENTO-TIPO

26.58
SEM ESCALA

JARDIM
45,00 44,54

4.36
.30
8.30

PA (
5.75

.55 .15

.15
3.18 .30 .93 2.51

2.33

5.81
BAR/CHURRASQ. SHAFT

i=8,0

2.46
PISCINA INFANTIL 3.94 .15 4.05 .15 8.36 .15 3.05 5.00 5.00 5.00 .70
.15

0%)

.15
2.70

3.80
44,40

3.20
.50
1.20 HALL SOCIAL

2.65
.15

13.47

PROJ. COBERTURA
44,54

.92
3.40 3.40
4.85

2.50

2.50
E 5 N1 - 24 N1 - 25 N1 - 11 N1 - 12
SOB .50 .1

.15

.15
1.05
1.60

.15
PILOTIS

9.08
3.00
45,00 1.60 HALL
1.22 .83 .30 3.10 .30 3.10 .30 3.43 .15

1.80
44,54

JAR
1.27

1.27
3.05 .30
45,00
9.23 4.80 2.59 44,54

4.52
BRINQUEDOTECA COPA/DESC. FUNC.

DIM

.15
3.95

3.95
.30

.30
44,54 44,54

2.50

2.50
N1 - 22 N1 - 23 N1 - 13 N1 - 14

VEST FUNC M VEST FUNC F

2.00
LIMITE DO TERRENO
DECK MOLHADO
PISCINA ADULTO

.60

.60
3.50

3.50

.15

.15
44,80
43,80
9.96 5.68 .15 2.40 .15 2.40 .15 3.09 .15 1.41 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 .70 .25

1.03

2.50

2.50
N1 - 20 N1 - 21 N1 - 15 N1 - 16

.15
PROJ. PAVIMENTO-TIPO PROJ. PAVIMENTO-TIPO

.45

GUA
45,00

4.39
RDA
RAMPA (i=6,57%) 45,00

1.50

-C
CASA LIXO

ORP
3.00

44,54
03

O (h
45,00
PARQUINHO / JARDIM

2.50

2.50
=1,1
7.00 2.53 .28.28 8.42 N1 - 19 N1 - 17 N1 - 18

1.00

0m)
JARDIM

01
.15

.82 .15 1.50 .15 3.05 18.91

1:100

.25
24.57 24.44 .15 27.10 .25

.16 .24

LIMITE DO TERRENO
LIMITE DO TERRENO

2.50

2.50
N2 - 01 N2 - 02
3.65

DESCE

5.14
PROJ. PAVIMENTO-TIPO

PRO
3.63 6.65 15.97 18.50

J. PA
N2 - 03 N2 - 04

2.50

2.50
VIME
14.55 .15 5.83 5.00 5.00 .37

NTO

.12 .15
-TIPO

4.26

.40
PRO
J. PA

2.45
N2 - 32 N2 - 31 VIME
NTO
-TIPO

2.50
1.92 N2 - 05
.15

4.44
.15
4.85
9.38

COBERTURA SOBRE GUARITA/ACESSO .15

2.45
N2 - 30 N2 - 29

8.08
3.85

2.50
N2 - 06
1.35

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


.40
JARDIM

.78
16.79

2.50
N2 - 28 N2 - 27
RUA DA SAUDADE

5.00
N2 - 10
ACESSO PEDESTRES ACESSO PEDESTRES 8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15

2.50
2.07 10.22 6.39 N2 - 07

11.6

.15

.15
0

1.20
VAZIO

1.95
JARDIM

.76
GARAGEM
06 VAGAS DUPLAS TERRENO NATURAL

4.26
20 VAGAS SIMPLES

.15
1.96

5.00
N2 - 23 N2 - 24 N2 - 25 N2 - 26
47,42

1.91
HALL ELEVADORES

3.06
ESCADA

1.40
47,42

5.00

5.00
N2 - 08 N2 - 09 N2 - 11

.15.40.15
JARDIM

.15
47,42
8.60

.15
SHAFT
2.50 2.50 2.50 .25 2.50 5.55
1.51 .15 8.20 .15 3.94 .15 4.05

1.69
COBERTURA SOBRE CHURRASQUEIRA

.15
PISCINA INFANTIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

.15
.25 2.50 2.58 2.50 2.50
CENTRO DE TECNOLOGIA

2.50
N2 - 22

6.85
7.75
JARD

4.99
5.00
1.12 8.95 9.50 47,42

5.46
IM

2.50
N2 - 21
4.88

1.59 5.00 1.76 .55 2.50 2.50 2.50 .25 2.50 2.50 2.50 3.05 2.50 .25 2.69 2.31 .45

DECK MOLHADO
ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

.46
.15

PISCINA ADULTO

.15
1.02 7.80 1.35 .15 8.20 .15 8.15 .15

PROJ. PAVIMENTO-TIPO PROJ. PAVIMENTO-TIPO

5.00

5.00
N2 - 20 N2 - 19 N2 - 18 N2 - 17 N2 - 16 N2 - 15 N2 - 14 N2 - 13 N2 - 12

4.39
4.64
LIMITE DO TERRENO
3.15

JARDIM

JARDIM

02

.80
.82 1.80 19.58 26.82

1:100

.25
AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 02


/13
COBERTURA

N9
CASAS VIZINHAS N8

N7

N6
4.82
4.31
N5
12.04
.15 2.32 .15 3.88
N4

.30
N3

1.10 .15
LOJA
LIXO

LIMITE DO TERRENO
(COMERCIAL) N2

BRE
JARDIM PERM.

1.76
J. SO
50,00
12.70 N1

PRO
.07 .16 .14 RAMPAD
O
PASSEIO

1.52
1.62

5.25
2.42 )

4.39
4.55 (i=5,00%
.07 .15

5.01
.30 .15
1.05 1.59
2.51

COBERTURA
.42
LOJA 09
.15
PINTADO NA COR BRANCA E 1.90
VARANDA VIDRO LAMINADO NA COR
50,30

DA MARQUISE
1.49
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) SEM ESCALA

7.61
PROJ. LAJE
2.44

.15
5.55

3.38
WC LOJA 09
BANH. 1

GUARDA-CORPO (h=1,10m)
.15
QUARTO 2

1.75
50,30

PROJ. LIMITE
1/8=0,46 1.50

.15
2.51

2.39
1/6=2,21 PRO
.15 J. PA
V. TIP

1.30
1.90 O
.15
JARDIM

.81
SOBRE LAJE T3-B

.15
.07

LOJA
PINTADO NA COR BRANCA E D
VIDRO LAMINADO NA COR
BANH. 1 5.55 5.61 1.39 .50

5.55

BRE
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
1/8=0,54

.15
J. SO
1/6=2,86 .15

3.65

2.50
2.68
V - 15

PRO
18.02
3.59

8.22
SERV. LOJA 08
CIRC. COZINHA 50,30 T3-A

.07

14.8

.15
1/8=0,82

1
.14 50,30

.15
.16 WC LOJA 08
1.62

.07
QUARTO 1

5.55
.15

2.50
V - 14

1.75
50,30

3.00
1/6=1,89 3.48
16.79 16.41 T1
.07
1.00 JARDIM

.15
.07

2.81
WC LOJA 07

RUA DA SAUDADE
SOBRE LAJE
4.08 1.77 8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 50,30
TIPO 3-B .15

1.75
.15 SALA 2.52
1.05

.15

.15

2.50
.30 V - 13

.07
.15

.15
1/6=4,34 7.74 1.90 SEM ESCALA

.15
1.20
50,30 .15

7.67
.15

1.95
1.30 08 VAZIO ELEVADOR ELEVADOR
.07 PEITORIL
5 LAV. 09 07 5.55
.36.1 (ALTURA FINAL: 1,10m)

4.60
3.00
10 06

4.16
1/8=0,35

24.5
11 05

.15
.30 6.67

1.96
12 04 LOJA 07

LOJA

2.50
13 03

4.31
V - 12

4.84
14 02
50,30

BRE
.15 CADA 40cm APROXIMADAMENTE

1.91
15 01

.15
1.70 TIPO 3-A HALL ELEVADORES

J. SO

O
16 D S
.30

V. TIP
3.06
SALA ESCADA 50,30

1.40

PRO
PROJ. PAV. TIPO

J. PA
.15.40.15
1/6=5,21 50,30

.70
1.77

PRO
50,30

.15

.15

.15
.15
SHAFT

2.50
10.55 V - 11
COZINHA
4.76 8.35 .15 3.94 .15 4.05

ACESSO AO RESIDENCIAL
1.80

1.35
1/8=0,93

5.60
50,30
.07 .20 1.60 3.20 .08 3.27 .20 .08 5.60 .15
1.30 2.42
.07

PROJ. SOBRELOJA
.15
2.50 3.25

9.91
.16 .70

4.95
BANHEIRO 1 LOJA 06

1.38
BANHEIRO

1.45

2.50
1/8=0,55 V - 10
1/8=0,54
HALL

6.85

6.85

6.85
.07
LAJE IMPERMEABILIZADA
3.03 LOBBY PILOTIS
50,30

.15

PILOTIS - N2)
BANHEIRO 2 50,30
.07

.07
50,30
1/8=0,51 1.44 4.54 TIPO 1
.07

5.50
.15 2.87 .15 1.90 .15 5.48 .25

(SOBRE 5.35
SALA

5.13
1.71
3.87

4.49
ADM. COND.

.15
COZINHA 1/6=2,85 QUARTO 16 15

3.90
3.44
.15

2.50
50,30 14 V - 09
1.04
01

B .30 1/8=0,70 1/6=2,17 50,30 02 S 13


B

.07

3.33
1/6=1,80 1/6=2,98 03 12 WC LOJA 06

1.75

12.09
04 11

09 05
06
10 50,30 09
07 08 09

2.40

.15

.15

.15
.15
07 08 09

IDOSO
.15

.15

.15
06
10
05
WC LOJA 05
PARQUINHO

1.75

2.50
04 11
V - 08

.14.16 1.10

.14.16 1.10
VARANDA VARANDA JARDIM SOBRE LAJE 50,30

1.40

1.40
03 12
02 S 13

1.09
01
14
16 15

.15
PROJ. PAV. TIPO PROJ. PAV. TIPO

PROJ. SOBRELOJA
5.09

5.09
LOJA 05

4.94

4.94

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


8.57 .25 1.35 .20 8.15 .15 8.15 .15 8.20 8.20

IDOSO
22.19

2.50
3.04
50,30 V - 07
26.82

10.55

9.06
.15

.15

.15

1.00
11.14 .15 4.92 .15 5.56 .15

SILHUETA DO SUBSOLO SILHUETA DO SUBSOLO

DESCE
PASSEIO RAMPADO (i=4,00%)

2.60
4.47

4.47

4.47
MALL
50,30 50,30 6.64 2.00

.99
.15

.25

.20

.20
PROJ. SOBRELOJA

2.50
V - 06

2.57
LOJA 04
50,30

4.47
2.87 .15 1.90 .15 5.56

4.42

4.42

1.20
.15
16 15
14
01
02 S 13

03 12

1.75
04 11
WC LOJA 04
05 10
06
50,30
07 08 09

2.50
V - 05

8.98
.15

.15

.15
PROJ. SOBRELOJA
50,30

2.56
LOJA 03

50,30

22.97

4.46

4.46

4.46

2.50
V - 04

.15
16 15
14
01
02 S 13

03 12

1.75
04 11
WC LOJA 03
05 10
06
50,30
07 08 09

18.64
.15

.25

.15

.15

2.50
07 08 09 09 08 07 06
V - 03
06
CASAS VIZINHAS 05 10 WC LOJA 01 WC LOJA 02 10 05

1.75
04 11 11 04
03 12
50,30 50,30 12 03
02 S 13 13 S 02
01 01
14 14
16 15 15 16

.15
C 2.87 .15 1.90 1.90 .15 3.51
C

4.49

4.49

4.49

2.50
09 V - 02
09

2.74
LOJA 01 LOJA 02

7.56
50,30 50,30

.15

.15

.15

2.50
V - 01

5.61 1.55 .50

4.45

4.45

4.45
4.47

1.50

4.05
.15 2.84 .28

.18

.18
.15
8.05 .15 4.92 .15 5.56 .15 3.19
MEDIDORES
(COMERCIAL)

3.21

3.21
MALL

3.88
50,30

DESCE
PASSEIO RAMPADO (i=4,00%)

2.00
4.9
8.15 10.93 3.19
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
1.25 6.65 CENTRO DE TECNOLOGIA

1.21
PROJ. LIMITE DA MARQUISE

.15

2.05
06

2.61
.28.28.28.28.28
05
04
03 03

.28.28
02 02
01 01

8.05 1.25 1.79


.60 24.87 3.97 .84

LIMITE DO TERRENO
LIMITE DO TERRENO
ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA

AV. RUI BARBOSA AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

01 1:100
ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 03
/13
COBERTURA

N9
CASAS VIZINHAS N8

N7

N6

N5

N4

N3

N2

1.76
VAZIO

12.70 N1
.07 .16 .14
2.42 1.62
4.55 .15
.07
.30 .15
1.05 1.59
SOBRELOJA 09

.42
PINTADO NA COR BRANCA E 53,18 VAZIO
VARANDA VIDRO LAMINADO NA COR

1.49
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) SEM ESCALA

7.61
2.44
BANH. 1
1/8=0,46 QUARTO 2 53,18

.15
2.39
1/6=2,21 PRO
J. PA
V. TIP

1.30
O

T3-B

.15
.07
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
BANH. 1
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) 1/8=0,54
SOBRELOJA 08

.15
1/6=2,86

2.68
53,18

18.02
3.59

8.22
SERV.
CIRC. COZINHA T3-A

.07

14.8
VAZIO
1/8=0,82

1
.14
.16
1.62

.07
QUARTO 1

5.55
.15

3.00
1/6=1,89 3.48
33.15 T1 T1 T1
.07
1.00
.07

2.81
RUA DA SAUDADE

4.08 1.77 8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 8.36 8.05
TIPO 3-B .15
.15 SALA
1.05

.15

.15
.07 .30

.15
1/6=4,34 7.74 SEM ESCALA

1.20
53,18
.15

1.95
1.30
.07 PEITORIL
5 LAV.
.36.1 (ALTURA FINAL: 1,10m)

4.60
3.00

SOBRELOJA 07

4.16

4.16
1/8=0,35
24.5

.15
.30 VAZIO
6.67

1.96
9

53,18

4.84
2.06
.15 CADA 40cm APROXIMADAMENTE

1.91
.15

1.70 TIPO 3-A

2.61
.30 HALL ELEVADORES 5.15 3.21
SALA ESCADA

1.40
53,18 PROJ. PAV. TIPO

.15.40.15
53,18

.15 .55
1/6=5,21

.70
SHAFT
53,18 1.77

.15

.15

.15
.15
8.35 .15 3.94 .15 4.05 .15 5.00 .15 3.01
COZINHA.76
4

1.80

1.80

1.80
1/8=0,93
5.60

53,18
.07 .20 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 3.20 .08 3.27 .20
1.30
.07

.15

.15
2.50 3.25

.16 .70
BANHEIRO 1

5.05
1.38

1.38
BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO

1.45
1/8=0,55
1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54 SOBRELOJA 06
HALL

6.85
.07

.07
3.03 VAZIO

.15
BANHEIRO 2 53,18
.07
.07

1/8=0,51 1.44 4.54


.07 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1

5.35
5.13
SALA SALA SALA
1.71

3.87

4.49
COZINHA 1/6=2,85 QUARTO QUARTO 1/6=2,85 COZINHA COZINHA 1/6=2,85 QUARTO

3.90

3.90
3.44
.15
1.04

.90
B .30 1/8=0,70
53,18
1/6=2,17 1/6=2,17
53,18
1/8=0,70 1/8=0,70
53,18
1/6=2,17
B
.07

3.33

1/6=1,80 1/6=2,98

09 09

.90
2.40

.15

.15
.15
.15

.15

.15

.90
.14.16 1.10

.14.16 1.10

1.10
VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA

1.40

.90
1.09

.30
SOBRELOJA 05
PROJ. PAV. TIPO

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


53,18

4.94
VAZIO
8.57 .25 1.35 .20 8.15 .15 8.15 .15 8.15

22.19

3.14
3.24

55.42
.15

.15

.15
35.12 .20 8.05 .15 4.92 .15 5.56 .15

4.47

4.47

4.47
.15

.20

.20
2.62
SOBRELOJA 03

4.47

4.42
VAZIO
53,18

.90
.90
.15

.15

.15
2.66
SOBRELOJA 03

22.97

4.46

4.46
VAZIO
53,18

.90
.90
.15

.15

.15
.90
.90
SOBRELOJA 01 SOBRELOJA 02
53,18 53,18

C C

4.49

4.49
CASAS VIZINHAS
09 09

2.69
.15

.15

.15
4.45

4.45
4.47
VAZIO VAZIO

.18

.18
.15

5.05 3.00 .15 4.92 .15 5.56 .18 2.84


BARRILETE
(RESERVAT.
COMERCIAL)
3.88

4.03
7
4.9

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA
.15

PROJ. LIMITE DA MARQUISE


.60 24.54

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA

MEZANINO COMERCIAL AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

01 1:100
ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 04
/13
COBERTURA

N9
CASAS VIZINHAS N8

N7

N6

N5
15.56 N4
2.60 3.88
N3

1.51

1.51
N2
GUARDA-CORPO (h=1,10m)
12.70 N1
.07 .16 .14
2.42 1.62
4.55 .15
.07
.30 .15
1.05 1.59

)
.42

RPO (h=1,10m
PINTADO NA COR BRANCA E JARDIM SOBRE LAJE
VARANDA VIDRO LAMINADO NA COR

1.49
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) SEM ESCALA

2.44

GUARDA-CO
BANH. 1

4.30
1/8=0,46 QUARTO 2 .15

.15
2.75 5.95

2.39
1/6=2,21

.15
.15 PRO
J. PA

1.30
V. TIP
2.75 O
.15
T3-B

.15
.07
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
BANH. 1
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)

.15
1/8=0,54

14.05
1/6=2,86

2.68

1.82
2.88

5.65
3.59
SERV. JARDIM SOBRE LAJE
CIRC. COZINHA T3-A

.15
.07

14.8

10.32
1/8=0,82

1
.14 BANH. FEM. BANH. MASC.
.16
1.62

.07
QUARTO 1 .15 56,06 56,06

3.00
1/6=1,89 3.48
8.35 13.59 11.26 T1 T1 T1

3.68
.15
.07
1.00
.07

2.81
RUA DA SAUDADE

.15
1.77

4.86
4.08

O
.15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 5.15 11.26 1.68

GUARDA-CORPO (h=1,10m)
TIPO 3-B

. TIP
.15 .15

. PAV
.15 2.00
1.05 SALA

.15

.15
.30 .15

.15
.07

J
1.68
7.74 SEM ESCALA

PRO
1/6=4,34 56,06

1.20
.15
56,06
.15

1.95
1.30
.07 PEITORIL
5 LAV. 56,06
.36.1 (ALTURA FINAL: 1,10m)

4.60
3.00

4.16

4.16
1/8=0,35
24.5

.15

.15

4.03
.30 6.67

1.96

4.17
GUARDA-CORPO (h=1,10m)
9

28.55
HALL ELEVADORES

2.16
.15 CADA 40cm APROXIMADAMENTE

1.91

1.91
.15

1.70 TIPO 3-A

2.61
56,06
.30 5.15 3.21 5.05 .15 2.95
56,06
.15 4.44 .89 4.75 .76 10.94
SALA ESCADA

1.40

.15.45.10
.15.40.15

.15
1/6=5,21 56,06

.70

.70
SHAFT
56,06 1.77

.15
.15
8.35 .15 3.94 .15 4.05 .15 5.00 .15 3.01 COZINHA AUXILIAR BAR

2.00
COZINHA.76
4
JARDIM SOBRE LAJE 56,06

1.80

1.80

1.80
56,06
1/8=0,93
5.60

.07 56,06
1.30 .20 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 3.20 .08 3.27 .20

.15
.07

.15

.15
2.50 3.25

.16 .70
BANHEIRO 1

1.38

1.38
BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO

1.45
1/8=0,55
1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54
HALL

8.05
.07

.07
3.03

.15
BANHEIRO 2
.07
.07

1/8=0,51 1.44 4.54 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1


.07

5.60
SALA SALA SALA

5.35
5.13
56,06
1.71

3.87

4.49
1/6=2,85 1/6=2,85 1/6=2,85
COZINHA QUARTO QUARTO COZINHA COZINHA QUARTO

3.90

3.90
3.44
.15 56,06 56,06 56,06
1.04
B .30 1/8=0,70 1/6=2,17 1/6=2,17 1/8=0,70 1/8=0,70 1/6=2,17
B
.07

3.33

1/6=1,80 1/6=2,98
13.20
09 09
2.40

.15
.15

.15

.15

.15
.14.16 1.10

.14.16 1.10

1.10
VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA

1.40
.15 2.85 .25 4.75 .25 5.84
1.09

.30
PROJ. PAV. TIPO

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


4.49

4.49
8.57 .25 1.35 .20 8.15 .15 8.15 .15 8.15 .20 5.05 14.09 1.72

22.19 54.46
56,06

3.24
JARDIM SOBRE LAJE

57.18
JARDIM SOBRE LAJE

.15

.15
3.24 5.05 8.15 7.79

4.47

4.47
PERGOLADO EM MADEIRA

.15

.15
4.47

5.75

)
RPO (h=1,10m
.15
PARQUINHO
JARDIM SOBRE LAJE

GUARDA-CO
22.97

4.47

23.12

23.21
4.99
18.34

18.71
.15
CASAS VIZINHAS

C C

4.47
JARDIM SOBRE LAJE
09 09

4.75
.15
56,06

GUARDA-CORPO (h=1,10m)
4.47

3.00
.15
8.32 .15 8.69 3.25 1.70
4.18

4.02
4.35
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA

25.14

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA

LAZER - RESIDENCIAL AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

01 1:100
ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 05
/13
COBERTURA

N9
CASAS VIZINHAS N8

N7

N6

N5

N4

N3

N2
12.70 N1
.07 .16 .14
2.42 1.62
4.55 .15
.07
.30 .15
1.05 1.59

.42
PINTADO NA COR BRANCA E 3.73
VARANDA VIDRO LAMINADO NA COR

1.49
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) SEM ESCALA

2.44
4.05

BANH. 1
1.56

5.21
1/8=0,46 QUARTO 2

.15
2.39
1/6=2,21

.15
5.95 PRO
J. PA

1.30
V. TIP
O

T3-B

.15
.07
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
BANH. 1
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) 1/8=0,54
1/6=2,86

2.68

5.65
3.59

2.42
VAZIO
SERV.
CIRC. COZINHA T3-A

.07

14.8
VAZIO
1/8=0,82

1
.14
.16
1.62

5.95
.07
QUARTO 1 .15

3.00
1/6=1,89 3.48
T1 T1 T1

.15
.07
1.00
.07

2.81
VAZIO
RUA DA SAUDADE

.15
1.77

4.86
4.08

O
8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 26.74 1.68
TIPO 3-B

. TIP
.15 .15

. PAV
.15 2.00
1.05 SALA

.15

.15
.07 .30 .15

J
1.68
7.74 SEM ESCALA

PRO
1/6=4,34

1.20
.15
58,94
.15

1.95
1.30
.07 PEITORIL
5 LAV.
.36.1 (ALTURA FINAL: 1,10m)

4.60
3.00

4.16

4.16
1/8=0,35
24.5

.15
.30 6.67

1.96

4.17
9

2.15

2.25
.15 CADA 40cm APROXIMADAMENTE

1.91
58,94
.15

1.70 TIPO 3-A

2.61
.30 HALL ELEVADORES 5.15 3.21 5.05 .15 2.95 .15 4.44 .89 4.75 .76 10.94
SALA ESCADA

1.40
58,94

.15.45.10
.15.40.15

.15
1/6=5,21 58,94

.70

.70
SHAFT
58,94 1.77

.15
.15
8.35 .15 3.94 .15 4.05 .15 5.00 .15 3.01

2.00
COZINHA.76 VAZIO
4

1.80

1.80

1.80
1/8=0,93
5.60

.07 58,94
1.30 .20 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 3.20 .08 3.27 .20

.15
.07

.15

.15
2.50 3.25

.16 .70
BANHEIRO 1

1.38

1.38
BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO

1.45
1/8=0,55
1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54
HALL

8.05
.07

.07
3.03

.15
BANHEIRO 2
.07
.07

1/8=0,51 1.44 4.54 VAZIO


.07 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1

5.60
5.35
5.13
SALA SALA SALA
1.71

3.87

4.49
COZINHA 1/6=2,85 QUARTO QUARTO 1/6=2,85 COZINHA COZINHA 1/6=2,85 QUARTO

3.90

3.90
3.44
.15
1.04
B .30 1/8=0,70
58,94
1/6=2,17 1/6=2,17
58,94
1/8=0,70 1/8=0,70
58,94
1/6=2,17
B
.07

3.33

1/6=1,80 1/6=2,98

09 09
2.40

.15
.15

.15

.15

.15
.14.16 1.10

.14.16 1.10

1.10
VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA

1.40
1.09

.30
PROJ. PAV. TIPO

RUA PROF. ALMEIDA BARRETO


PINTADO NA COR BRANCA E

4.49

4.64
8.57 .25 1.35 .20 8.15 .15 8.15
VIDRO LAMINADO NA COR .15 8.15 .20 5.05 14.09 1.72
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
54.46

3.24

57.18
.15

4.47
22.97

22.67
C CASAS VIZINHAS C
09 09

4.18

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA

25.14

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA

02 1:100 AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 06


/13
12.70
.07 .16 .14
2.42 1.62
4.55 .15
.07
.30 .15
1.05 1.59

.42
PINTADO NA COR BRANCA E
VARANDA VIDRO LAMINADO NA COR
1.49

VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)


.30
.80

2.44
.15
1.50 8.55
.15
BANH. 1

1.10
1/8=0,46 QUARTO 2 4.00 COBERTURA

.15

.15
2.39

1/6=2,21 .15
1.20
N9

1.30
.30
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
N8
.15
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
.07

PINTADO NA COR BRANCA E

3.14
VIDRO LAMINADO NA COR
BANH. 1
PINTADO NA COR BRANCA E

1.10
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) VIDRO LAMINADO NA COR
N7
1/8=0,54
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
1/6=2,86 BANH. 2

.15
N6
2.68

1/8=0,56
3.59

.15
1/6=2,44 N5
SERV.
CIRC. COZINHA
N4
.07

14.8

3.68
2.44
1/8=0,82
1

.14
.16
1.62
BANH. 1
N3
.07

QUARTO 1 .15
1/8=0,47
N2
3.00

1/6=1,89 3.48

.07
.07
1.00

.07
.07 N1
2.81

4.08 1.77

2.40
8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 5.15 3.09 8.30 4.64
TIPO 3-B

4
.15

11.4
.15 SALA TIPO 2-B
1.05

.15

.15
.30 SALA VAR.
.07

1/6=4,34 7.74

1.20

.15
61,82 1/6=4,12
VASO PARA PLANTIO DA MUDA
.15 61,82

1.95

5.00
1.30 1.23 SEM ESCALA
.07 PEITORIL .07
5 LAV. .95
.36.1 (ALTURA FINAL: 1,10m)
4.60

GOTEJAMENTO)
3.00

4.16

4.16
1/8=0,35 3.09
24.5

PEITORIL

.15
.30 6.67

1.96
(ALTURA FINAL: 1,10m)
9

3.83
.15 CADA 40cm APROXIMADAMENTE CADA 40cm APROXIMADAMENTE CIRC.

1.91
.15

2.91
1.70 TIPO 3-A COZINHA

2.61
.30 HALL ELEVADORES

.07
SALA ESCADA 1/8=0,75
1.40

61,82

.15.40.15
1/6=5,21 61,82

1.78
.70

.70
SHAFT
61,82 1.77
.15

.15
.15
8.35 .15 3.94 .15 4.05 .15 5.00 .15 17.66 .15 4.25 .15 1.53
COZINHA.76
4
1.80

1.80

1.80
1/8=0,93 61,82 61,82
5.60

.07 .20 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 2.84 .07 2.80 .15 3.14 .15
1.30 1.23
.07 T3-B
.15

.15
2.50 3.25
T2-B
.16 .70

BANHEIRO 1
1.38

1.50
BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO
1.45

1/8=0,55
1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54
HALL
.07

3.03

.15
.15

BANHEIRO 2
.07
.07

1/8=0,51 1.44 4.54


.07
TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 T3-A

8.85
5.35
5.13
1.71

3.87 SALA SALA SALA SALA


4.49

COZINHA QUARTO QUARTO COZINHA COZINHA QUARTO QUARTO COZINHA


3.90
3.44

.15 1/6=2,85 1/6=2,85 1/6=2,85 1/6=2,85

3.70
1.04 61,82
.30 1/8=0,70 61,82 1/6=2,17 1/6=2,17 1/8=0,70 1/8=0,70 61,82 1/6=2,17 1/6=2,17 61,82 61,82
.07

3.33

B 1/6=1,80 1/6=2,98 1/8=0,70 B


09 09 T1 T1 T1 T1 T2-A
2.40

.15
.15

.15

.15
.14.16 1.10

.14.16 1.10

1.10
PAVIMENTO-TIPO
VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA
1.40

SEM ESCALA
1.09

.16
.14
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR (N7)
8.57 .25 .20 8.15 .15
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)

8.15 .15 8.15 .15 8.15 .15 10.60


VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)

.15 1.53
01 1:100
8.82 1.35 45.68

12.70
A B C D E F G H I

LAJE IMPERMEABILIZADA

.30
.80
CALHA IMPERMEABILIZADA .15
1.50 8.55
.15

1.10
4.00 COBERTURA

.15
.15
1.20
.30 N9
PINTADO NA COR BRANCA E
LAJE

VIDRO LAMINADO NA COR


VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
N8
IMPE

8.86

3.14
PINTADO NA COR BRANCA E

1.10
N7
RME

VIDRO LAMINADO NA COR


VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
ABIL

BANH. 2

.15
N6
IZAD

1/8=0,56

.15
A

1/6=2,44 N5

N4
14.8

3.68
2.44
1

BANH. 1
N3
1/8=0,47
N2

.07
CAL

.07
N1
HA IM

2.40
8.35 .15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15 5.15 3.09 8.30 4.64

4
PER

11.4
TIPO 2-B
MEA

.15

.15

SALA VAR.
BILIZ
LAJE

1.20

.15
1/6=4,12
ADA

VASO PARA PLANTIO DA MUDA 64,70 / 67,58


1.95
IMPE

5.00
SEM ESCALA
5.95

1.23
PEITORIL .07
RME

(ALTURA FINAL: 1,10m) .95


GOTEJAMENTO)
21.9

4.16

4.16
ABIL
24.5

PEITORIL 3.09
.15
1.96
0

(ALTURA FINAL: 1,10m)


9

IZAD

3.83
COBERTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
A

64,70 CADA 40cm APROXIMADAMENTE CADA 40cm APROXIMADAMENTE CIRC.


1.91

CENTRO DE TECNOLOGIA

2.91
COZINHA
2.61

HALL ELEVADORES

.07
ESCADA 1/8=0,75
1.40

64,70 / 67,58
.15.40.15

64,70 / 67,58

1.78
.70

.70

SHAFT
.15

.15
.15 3.94 .15 4.05 .15 5.00 .15 17.66 .15 4.25 .15 1.53
1.80

1.80

1.80
64,70 / 67,58 64,70 / 67,58

.20 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 3.20 .08 3.27 .15 3.27 .08 3.20 1.60 .15 1.60 2.84 .07 2.80 .15 3.14 .15 1.23
.15

.15
T2-B
1.38

1.50
BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO BANHEIRO
1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54 1/8=0,54
.07

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

.15
TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1

8.85
5.35
5.50

SALA SALA SALA SALA


COZINHA QUARTO QUARTO COZINHA COZINHA QUARTO QUARTO COZINHA
3.90

1/6=2,85 1/6=2,85 1/6=2,85 1/6=2,85

3.70
1/8=0,70 64,70 / 67,58 1/6=2,17 1/6=2,17 64,70 / 67,58 1/8=0,70 1/8=0,70 64,70 / 67,58 1/6=2,17 1/6=2,17 64,70 / 67,58 1/8=0,70 64,70 / 67,58
B B
09 09 T1 T1 T1 T1 T2-A
.15

1.34
.15

.15
.14.16 1.10

1.10
PAVIMENTO-TIPO
VARANDA VARANDA VARANDA VARANDA
1.38

1.40

LAJE IMPERMEABILIZADA SEM ESCALA


.16
.14

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR (N 8, N 9) AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m) VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)
02 1:100
07
.20 8.15 .15 8.15 .15 8.15 .15 8.15 .15 10.60 .15 1.53

8.82 1.35 45.68

A B C D E F G H I ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO /13


12.70

ESCADA TIPO MARINHEIRO


ESCADA TIPO MARINHEIRO
.90

LAJE IMPERMEABILIZADA PARA ACESSO AO BARRILETE ELEVADORES ESCADA TIPO MARINHEIRO PINTADA NA COR BRANCA (INC.: 5%)
PARA ACESSO AOS
.15 .75 .15

1.10
CALHA IMPERMEABILIZADA .15
8.44 1.00
8.55
.15 8.14 .15

1.10
.15 2.55 .15 1.24 .15 4.05 .15
4.65
COBERTURA

.15
.15
LAJE 1.50 N9

LAJE

.15

.15
IMPE
RME
ABIL
ESCADA TIPO MARINHEIRO IZAD

IMPE
A
PARA ACESSO AOS N8

8.86

1.95
BARRILETE

RME
N7

ABIL
72,98 72,06

IZAD
N6

.15

A
4.86

4.56

4.86

IZAD
A
(CAPACIDADE: 30.000 LITROS)
1.92

ABIL
70,46 N5

9.60
.15
.75 74,46

RME
.15

2.46
N4

8.35

IMPE
70,46

8.20
LAJE
70,46 N3
7.80

.15

.15

ADA
.15 3.94 .15 4.05 .15 N2

BILIZ
.15

ADA
CAL

1.35 8.44
N1

MEA

BILIZ
HA IM

8.35 8.44 21.22

PER

11.44
A
PER

RME
.15 2.55 .15 1.24 .15 1.95 .15 1.95 .15

HA IM
MEA

IMPE
.15

.15

CAL
BILIZ

Esquema Vertical - COBERTURA


LAJE

LAJE
1.20
ADA

1.95
IM

VAZIO VAZIO
SEM ESCALA

.15
08
PER

6.38

09 07
LAJE
M

1.10
24.5

10 06
EAB

.15
1.00
IMPE

11 05

.15
9

1.96
ILIZA

4.86

4.86
12 04
RME

13 03
D

4.65
A

14 02
ABIL

1.91
PEITORIL 15 01 70,46 PEITORIL
(ALTURA FINAL: 1,30m) (ALTURA FINAL: 1,30m) .15
IZAD

16 D
1.50
HALL ESCADA

1.40
A

1.26
70,46
.55

LAJE IMPERMEABILIZADA LAJE IMPERMEABILIZADA

.70
.15
.15 3.94 .15 4.05 .15 PEITORIL

1.00
PINTADA NA COR BRANCA (INC.: 5%) CALHA IMPERMEABILIZADA (ALTURA FINAL: 1,30m)
1.95

VAZIO
.15

LAJE IMPERMEABILIZADA
CALHA IMPERMEABILIZADA

7.30

PLATAFORMA DE RESGATE

6.30
8.85

8.85
70,46
5.35

B B
09 09

COBERTURA
.15

.15
01
1.02 6.75 .15 .75 .15
1.55
1.40

1.40
LAJE IMPERMEABILIZADA LAJE IMPERMEABILIZADA LAJE IMPERMEABILIZADA

8.82 1.35

PEITORIL
45.68
PINTADA NA COR BRANCA (INC.: 5%)
1:100
(ALTURA FINAL: 1,30m)

55.85

12.70

8.55
3.83

1.23
9.60
3.84

14.70

5.70
8.46 8.30 21.43
5.90

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA
4.21

4.51
5.75

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA
7.50

8.85
ESTRUTURA
5.27

02
1.70

AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN


1:100
1.32 7.38 1.60 8.30 8.30 8.30 8.30 5.00 5.70 1.66

A B C D E F G H I ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 08


/13
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

5.90

7.20

3.30
1.30

.91
PLATAFORMA DE RESGATE
(PO) 70,46

2.88
TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 2-A
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO VAR.

5.76
TEXTURIZADA NA COR BRANCA
(PO) 67,58

2.88
1.45
TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 2-A
COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO VAR.
(PO) 64,70

2.88

2.88

2.88
TIPO 3-A TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1 TIPO 2-A
VAR. COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO VAR.
(PO) 61,82

.76
COR BEGE (PREVER DRENAGEM

20.16
2.88

2.88
TIPO 3-A TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1
VAR. COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO

5.76
(PO) 58,94

5.00

5.00
NA COR BRANCA E VIDRO
LAMINADO NA COR VERDE
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA

2.88

2.88
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

TIPO 3-A TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1


VAR. COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO
(PO) 56,06
MARQUISE EM CONCRETO

21.61
IMPERMEABILIZADA E PINTADA NA
FACE INTERIOR COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

2.88

2.88

2.88
BAIXO FATOR SOLAR
TIPO 3-A TIPO 1 TIPO 1 TIPO 1

AV. RUI BARBOSA


VAR. COZINHA SALA QUARTO QUARTO SALA COZINHA COZINHA SALA QUARTO SOBRELOJA 06

5.76
5.08
ALVENARIA
(PO) 53,18
REVESTIDA COM
PEDRA FILETADA NA
COR CINZA

2.88

2.88

2.88
ALVENARIA REVESTIDA
COM PINTURA

2.20
DUTO DA CHURRASQUEIRA TEXTURIZADA NA COR
BRANCA
TIPO 3-A TIPO 1
VAR. COZINHA SALA QUARTO ADM. COND. LOBBY PILOTIS PILOTIS WC LOJA 06 LOJA 06
(PO) 50,30

PINTADO NA COR BRANCA

2.88

2.88
E VIDRO LAMINADO NA
RUA DA SAUDADE

ENO
COR VERDE PERFIL NATURAL DO TERR
1.89

.80

GARAGEM

5.76
(PO) 47,42
.90

2.50

2.88

2.88
1.60

1.10

DECK
.20

DECK MOLHADO PILOTIS BRINQUEDOTECA VEST FUNC M VEST FUNC F COPA/DESC. FUNC. GARAGEM
1.30

(PO) 44,54
PISCINA ADULTO

CORTE BB
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA 01 1:100

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

REFLORESTAMENTO

3.78
PINTADO NA COR BRANCA E

.40
VIDRO LAMINADO NA COR VERDE

2.40
BAIXO FATOR SOLAR

1.30

AV. RUI BARBOSA


.30
.68
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA

5.76
5.08

5.08
ALVENARIA REVESTIDA COM
RUA DA SAUDADE

PEDRA FILETADA NA COR CINZA

LOJA 01 LOJA 02

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

VIGAS EM MADEIRA (5x20cm),

NA FACE INFERIOR DAS VIGAS EM


CONCRETO, FORMANDO PERGOLADO JARDIM ELEVADO SOBRE LAJE CORTE CC AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

02 CORTE BB / CORTE CC
1:100 ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 09
/13
3.20
ALVENARIA REVESTIDA COM
PINTURA TEXTURIZADA NA
COR BRANCA

PISO ELEVADO EM MADEIRA LAJE EM CONCRETO


IMPERMEABILIZADA (PREVER DE

1.48
BARRILETE ALTURA: 15cm

ALVENARIA REVESTIDA COM


PINTURA TEXTURIZADA NA
COR BRANCA

.92

3.30
SALA VARANDA

1.60

.68
PLATAFORMA DE RESGATE
PINTADO NA COR BRANCA E
70,46 (PO) VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)

1.44

2.88
CHAPIM EM GRANITO OU
PINTADO NA COR BRANCA E

2.88
1.44
VIDRO LAMINADO NA COR

2.55
VERDE

2.20
BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA

67,58 (PO)

1.44

.95
1.10
MURETA EM ALVENARIA REVESTIDA

2.88
COM PINTURA TEXTURIZADA NA COR
BRANCA
SALA VARANDA

.30
1.44

.15
REVESTIDA COM PINTURA
BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA TEXTURIZADA NA MESMA COR DO

64,70 (PO)
FORRO EM GESSO

1.44
ACARTONADA PINTADO NA
COR BRANCA

2.88
REFLORESTAMENTO
DET. VARANDA

1.44
BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA
REFLORESTAMENTO
61,82 (PO) 1:50
33.12

1.44
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE

2.88
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
PINTADO NA COR BRANCA E
1.44
TEXTURIZADA NA COR BRANCA
VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE
BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA

58,94 (PO)
1.44

2.88
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA
1.44

BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA

56,06 (PO)
1.44

2.88
1.44

BANH. APARTAMENTO TIPO I VARANDA

53,18 (PO)
1.44

2.88
1.44

CIRC.

50,30 (PO)
1.44

1.00
TERRENO VIZINHO AV. RUI BARBOSA

2.88
(i=19,60%)
1.44

1.20
CIRC. GARAGEM

47,42 (PO)
1.44

2.88
1.44

HALL SOCIAL HALL VEST FUNC M


JARDIM JARDIM
44,54 (PO) DE "BRISE VEGETAL"

APROXIMADAMENTE

VASO PARA PLANTIO DA MUDA

CORTE DD LAJE EM CONCRETO


PISO ELEVADO EM MADEIRA
ALVENARIA REVESTIDA COM
PINTURA TEXTURIZADA NA
COR BRANCA
GOTEJAMENTO)

01
IMPERMEABILIZADA (PREVER DE MURETA E LAJE REVESTIDAS
COM PINTURA TEXTURIZADA
ALTURA: 15cm NA COR BRANCA

1:100 ALVENARIA REVESTIDA


COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR
BRANCA

VARANDA SALA
DET. BRISE VEGETAL

.68
PINTADO NA COR BRANCA E 1:50

1.30

1.30
VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE (ALTURA FINAL: 1,10m)

.15
(PO) 70,46

ESCALA 1:50 CHAPIM EM GRANITO OU

2.20
2.55

2.88
2.20
.95

.68
1.10
SALA VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH.
MURETA EM ALVENARIA REVESTIDA
COM PINTURA TEXTURIZADA NA COR (PO) 67,58
ALVENARIA REVESTIDA COM
BRANCA
VARANDA SALA PINTURA TEXTURIZADA NA

.30

2.88
COR BRANCA

.15

2.20
2.88
REVESTIDA COM PINTURA TEXTURIZADA

VARANDA
FORRO EM GESSO

.68
ACARTONADA PINTADO NA VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH.
COR BRANCA
(PO) 64,70

DET. VARANDA

2.20
REFLORESTAMENTO

2.88
8.15

1:50

.68
VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH.

(PO) 61,82

JARDIM ELEVADO SOBRE LAJE SISTEMA DE PISO


ELEVADO SOBRE LAJE

2.20
PINTADO NA COR BRANCA E

2.88
VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE JARDIM SOBRE LAJE

.53
.20

NA COR BEGE VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH.


.40

(PO) 58,94

.68
DET. A

2.88

1.80
2.40

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
1.30

VERDE
2.68

.40
VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH. JARDIM INTERNO

(PO) 56,06
.68

.68
MARQUISE EM CONCRETO
IMPERMEABILIZADA E PINTADA NA
FACE INTERIOR COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

1.10
2.88
JARDIM SOBRE LAJE
2.43

1.10
BAIXO FATOR SOLAR
SOBRELOJA 02 VARANDA APARTAMENTO TIPO I BANH.
5.08

(PO) 53,18
.68

.68
ALVENARIA REVESTIDA COM
PINTURA TEXTURIZADA NA
COR BRANCA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

2.88
CENTRO DE TECNOLOGIA
2.20

2.20

1.70
8.15

PARQUINHO E
LOJA 02 WC LOJA 02 LOJA 03 LOJA 04 MALL JARDIM SOBRE LAJE

(PO) 50,30
AV. RUI BARBOSA

2.88

2.88
LAJE SUPERIOR
1 3
LEGENDA
1.60

GARAGEM GARAGEM
2
(PO) 47,42
COR AZUL
(NAS LATERAIS, PREVER
ESBARROS EM BORRACHA
3
ANTEPROJETO DE ARQUITETURA
2.88

2.88
PARA AMORTECER CHOQUE
2.68

FECHAMENTO EM VENEZIANAS 4 GARAGEM SALA DE MEDIDORES GARAGEM

(PO) 44,54
5
LAJE INFERIOR

DET. PAINEL DETALHE A


1:50 7 3 1:12,5
CORTE EE AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

02 1:100 ESCALA
CORTE DD / CORTE EE

1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 10


/13
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

REFLORESTAMENTO
"BRISE VEGETAL"

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

CADA 40cm APROXIMADAMENTE

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR AZUL

JARDIM ELEVADO SOBRE LAJE

NA COR BEGE

1.10
1.30
AV. RUI BARBOSA

.88
MARQUISE EM CONCRETO
IMPERMEABILIZADA E PINTADA NA
FACE INTERIOR COM PINTURA

1.10
TEXTURIZADA NA COR BRANCA
2.88

2.20

7.06
.80
SOBRELOJA 09

.30
5.76

.68

.68
BAIXO FATOR SOLAR
2.88

ALVENARIA REVESTIDA COM

RUA DA SAUDADE
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA PEDRA FILETADA NA COR CINZA
2.20

2.20

TEXTURIZADA NA COR BRANCA

1.60
MALL LOJA 09

.27
ALVENARIA DA CASA DE LIXO
REVESTIDA COM PEDRA
FILETADA NA COR CINZA
2.88

2.88
2.88

GERADOR
1.34

(CAPACIDADE: 30.000 LITROS)

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
JARDIM ELEVADO SOBRE LAJE TEXTURIZADA NA COR BRANCA TEXTURIZADA NA COR BRANCA TEXTURIZADA NA COR AZUL

CORTE AA / FACHADA NOROESTE


01 1:100
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE

REFLORESTAMENTO

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR AZUL

REFLORESTAMENTO
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR VERDE

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR VERDE

BAIXO FATOR SOLAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


BAIXO FATOR SOLAR CENTRO DE TECNOLOGIA
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA
RN=50 AV. RUI BARBOSA

FACHADA NORDESTE AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

02 1:100 CORTE EE / FACHADA NORDESTE

ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 11


/13
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE

AZUL

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR
VERDE

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

FECHAMENTO EM GRADES DE
PINTADO NA COR BRANCA E
VIDRO LAMINADO NA COR VERDE
COR BRANCA

ALVENARIA DA CASA DE LIXO


REVESTIDA COM PEDRA
FILETADA NA COR CINZA

RN=45

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA ALVENARIA REVESTIDA COM ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA

FACHADA SUDOESTE
TEXTURIZADA NA COR BRANCA PEDRA FILETADA NA COR CINZA TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA 01 1:100
ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA
TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

PINTADO NA COR BRANCA E


VIDRO LAMINADO NA COR VERDE

BAIXO FATOR SOLAR

ALVENARIA REVESTIDA COM PINTURA


TEXTURIZADA NA COR BRANCA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA


AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

FACHADA SUDOESTE / FACHADA SUDESTE


03 1:100 ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 12
/13
VISTA NORDESTE VISTA SUDESTE
AV. RUI BARBOSA

VISTA DO RESIDENCIAL A PARTIR DO JARDIM CORTINA VERDE NA FACHADA NOROESTE

VISTA NOROESTE

JARDIM SOBRE LAJE DO COMERCIAL VISTA DO CONJUNTO A PARTIR DA ESQUINA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA

ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

AV. RUI BARBOSA - LAGOA NOVA - NATAL/RN

VISTA SUDOESTE ARDIM DO N VEL 5 PERSPECTIVAS

ESCALA 1/100 DATA MAIO/2017 DESENHO 13


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