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O PVC e suas aplicações

• Histórico
A descoberta do PVC poli(cloreto de vinila), ocorreu em 1872, por um cientista
chamado Baumann, que observou a formação de um pó branco ao expor um gás, o cloreto de
vinila (VC), à ação dos raios solares durante vários meses em recipiente fechado. No entanto,
foi somente em 1931, na Alemanha, que surgiu o interesse comercial por esta nova resina e
conseqüentemente teve inicio a sua produção industrial.
Em termos de comercialização, é uma das três resinas de maior volume de produção
entre os inúmeros polímeros e copolímeros vinílicos. A divisão do consumo de PVC por
aplicação, no Brasil, em 2007, é resumida em: 44,2% para tubos e conexões; 16,2% para
laminados e espalmados; 4,7% em embalagens (filmes e frascos); 5,9% em fios e cabos;
15,7% em perfis para construção civil; 6,2% em calçados; 2,1% em mangueiras e 5,0% em
outras aplicações específicas, segundo os fabricantes de resinas de PVC Braskem e Solvay
Indupa.

• Aspectos Gerais - Características e Propriedades


O PVC é um polímero obtido a partir do cloreto de vinila, um monômero formado
pela reação de cloro (57% em peso do polímero) e eteno (43% em peso).
O eteno, em contato com o cloro, através de reação conhecida como cloração,
origina um novo gás, o dicloroetano (EDC). Este gás, ao sofrer pirálise, produz o monômero
cloreto de vinila (MVC) de estrutura CH2CHCl, e libera ácido clorídrico, HCl, como
subproduto.
A macromolécula, ou polímero, formada de monômeros de cloreto de vinila é
chamada de poli(cloreto de vinila) ou PVC e sua estrutura básica consiste de (CH2CHCl)n,
onde "n" é o número de vezes que esta unidade básica se repete, em geral entre 300 e 1700
vezes.
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Na formulação de compostos rígidos, por exemplo, seleciona-se geralmente resinas


homopolímeras de baixa a média massa molecular. Isto porque resinas de alta massa
molecular requerem temperaturas de processamento mais elevadas, o que as torna mais
vulneráveis à degradação térmica. Portanto, a massa molecular constituí-se numa das
variáveis mais importantes a ser considerada para a escolha correta de uma resina, sendo
também uma distinção primária entre os diferentes polímeros de PVC comercialmente
produzidos ("grades").
O PVC é um pó branco, em estado sólido à temperatura ambiente; inodoro ou de
odor brando e quimicamente estável, não ocorrendo decomposição ou reação com outros
produtos em condições normais, o que o classifica como não-corrosivo, não-explosivo ou
não-inflamável.
A sua solubilidade em água é nula, sendo considerado um produto atóxico e
inofensivo quando em contato com a pele; entretanto, quando manuseado, devem ser
utilizados máscaras ou respiradores com filtros mecânicos. A resina de PVC deve ser
armazenada em temperatura moderada, livre da ação direta da luz solar e de umidade,
devendo ser protegida do contato direto com o solo.
A estrutura básica do poli(cloreto de vinila) é apresentada na Figura 2, onde
observa-se os átomos volumosos de cloro, alternados na cadeia polimérica. Esta estrutura
gera incompatibilidade com hidrocarbonetos não-polares, ou seja, é resistente à gasolina e
aos óleos minerais, porém o torna solúvel em solventes fortemente polares, como acetona e
hidrocarbonetos clorados.
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Para a maioria dos produtos feitos em PVC (tubos, perfis e outros), não é
recomendado o uso em condições de exposição a temperaturas maiores que 60oC, pois pode
ocorrer a degradação do material. A resistência a altas temperaturas (portanto, a resistência
térmica) está relacionada à quantidade de cloro presente na cadeia polimérica. Desta forma, é
possível ampliar a faixa de utilização de produtos de PVC para temperaturas entre 80 e
100oC, aumentando-se a quantidade de cloro na resina, o que além de aumentar a resistência
térmica, aumenta também a densidade e o retardamento à chama.
Existe um derivado do PVC, também conhecido como Cloreto de Polivinila Clorado
(CPVC) é um termoplástico obtido a partir da cloração da resina de PVC. Possui
características similares, porém, pode-se utlizá-lo em ambientes com temperaturas até 95ºC.
Isto o faz um grande aliado nas aplicações de galvanoplastia, onde normalmente se opera em
temperaturas limites para o PVC. É usado inclusive em tubulação de água quente e fria, e
para manuseio de líquidos industriais.

• Produção do PVC (Polimerização)


Existem quatro técnicas de fabricação do PVC, em que duas se destacam pela sua
porcentagem de utilização: a polimerização em suspensão, com 80% do total de PVC
produzido no mundo, e a polimerização em emulsão, com 10 a 15% do total. As principais
características através das quais estas técnicas se diferenciam são o diâmetro e a porosidade
das partículas produzidas. Na técnica em suspensão são produzidas partículas porosas de
diâmetro entre 50 e 250 micrômetros (média 100 micrómetros) e no processo em emulsão,
partículas não porosas entre 0,1 e 50 micrómetros (em média 1 micrómetro) de diâmetro.
Essas diferenças são de importância fundamental para o processamento da resina e suas
propriedades.
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• Formulação do PVC
Apesar de ser um termoplástico, que pode ser aquecido, moldado, resfriado,
reaquecido e moldado novamente, sem perda significativa de suas propriedades físicas, o
PVC não é produzido de forma a ser diretamente processável como ocorre com outras
resinas.
A resina de PVC, devido à sua baixa estabilidade térmica e alta viscosidade quando
submetida à fusão, necessita de algumas substâncias que facilitem ou auxiliem seu
processamento. Estas substâncias são conhecidas como aditivos e são aplicadas geralmente
em pequenas quantidades, de forma a alterar as propriedades da resina, possibilitando seu
processamento e/ou melhorando algumas propriedades físicas, químicas ou elétricas do
produto final. A esta incorporação de substâncias se chama de "formulação" ou
"composição", e ao produto desta adição, de "composto".
As formulações, ou compostos de PVC são realizadas, portanto, de acordo com o
tipo de produto a ser fabricado ou de acordo com a sua finalidade e dependem em grande
parte das condições de processamento e da resina escolhida. Desta forma, um composto de
PVC pode ser formulado para produzir desde peças rígidas até flexíveis, transparentes ou
pigmentadas, de baixa ou alta densidade, dependendo da especificação desejada.

• Aditivos
Existem diversos aditivos que podem ser utilizados no preparo de um composto, tais
como: estabilizantes, lubrificantes (internos e externos), plastificantes, auxiliares de
processamento, cargas, pigmentos e outras substâncias com finalidades específicas como os
agentes de expansão e os anti-estáticos.
Devido às diversas possibilidades existentes de variação das propriedades do PVC,
através das suas diferentes formulações, não é possível indicar um composto que seja típico
ou característico. Isto porque todos são constituídos de diferentes substâncias auxiliares, que
não só possibilitem um processamento satisfatório como também visem a atender as
especificações físico-químicas do produto final.

• Estabilizantes
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Apesar do PVC apresentar pequeno grau de cristalinidade, se comparado ao


polipropileno ou ao polietileno de baixa densidade, não se obtém a formação de um material
homogêneo quando submetido à fusão, no seu processamento. Isto se deve ao fato de que,
geralmente, este material é transformado a temperaturas entre 170 e 200oC, portanto, menores
que as exigidas para a fusão cristalina, que ocorre entre 160 e 230oC. Desta forma, a presença
de unidades não fundidas, juntamente às outras substâncias incorporadas a cada formulação,
confere ao artefato produzido características de comportamento e mudanças de propriedade,
em função do tempo e a temperatura, não encontradas em outros polímeros. Em conseqüência
desta pseudo-fusão, a viscosidade no processamento a quente do PVC é extremamente
elevada.
O termo degradação é utilizado quando ocorre a liberação de HCl acompanhado pelo
desenvolvimento de cor, que evolui desde o laranja claro até o preto. A cor caracteriza uma
modificação estrutural da cadeia polimérica e ocorre através da formação de uma estrutura
poliênica (duplas ligações entre carbonos de uma molécula), como a apresentada na Figura 3.
Após ser ultrapassado o limite de temperatura para a sua transformação, a molécula entra em
decomposição produzindo uma fumaça rica em gás clorídrico (HCl) e monóxido de carbono
(CO).
Não só o processo de transformação pode decompor a cadeia polimérica do PVC,
mas também a radiação ultravioleta proveniente dos raios solares, cujo mecanismo de foto-
decomposição é análogo ao da degradação térmica.

Para se evitar a degradação e a deterioração do PVC por erosão superficial, na forma


de perda de transparência, fraturas e enrugamento, adicionam-se substâncias conhecidas
como estabilizantes. A função principal do estabilizante é a de reduzir ou bloquear estruturas
de cadeias instáveis e tornar lenta a velocidade de todos os processos de decomposição
iniciados durante o processamento ou uso do produto.
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Desta forma, o estabilizante é um aditivo fundamental a ser incorporado a qualquer


formulação de PVC, seja ela rígida, flexível ou plastisol. Vale observar que, na prática,
quando se utiliza sistemas de estabilização conjugados, como Ca/Zn, Ba/Cd, Ba/Cd/Zn e
complexos orgânicos, ocorre um aumento excepcional na eficiência dos estabilizantes em
uma mesma formulação do que a obtida quando se utiliza o estabilizante em separado e em
maior quantidade.

• Outros Aditivos – Cargas


Sua função principal é a de reduzir o preço dos compostos; contudo, paralelamente,
algumas cargas conferem propriedades interessantes ao composto. São exemplos: o carbonato
de cálcio, natural ou precipitado, que pode oferecer resistência ao impacto em compostos
rígidos; o caulim, na fabricação de cabos elétricos, permitindo aumento de resistividade
(isolamento) e melhoria nas características de resistência à abrasão; as sílicas ultrafinas, de
alto custo, que melhoram a resistividade elétrica e o fluxo durante o processamento do
compostos. Encontram-se também aplicações para materiais diferentes destes citados, tais
como: talco, barita, terra diatomácea e outros.
As cargas devem ser utilizadas com precaução, sem excesso, pois tendem a elevar o
peso específico, reduzir as propriedades físicas do polímero e apresentar efeitos negativos
junto a determinados sistemas de estabilização, em conseqüência das impurezas nelas
contidas. A principal desvantagem no uso de cargas reside na sua difícil processabilidade e
conseqüente ação abrasiva em equipamentos de transformação.

• Copolímeros de PVC
Os copolímeros, por sua vez, tem grande emprego na fabricação de tintas, filmes e
filamentos. As fibras são utilizadas em carpetes, estofamentos e filtros industriais. Os filmes
podem ser laminados, sob a forma de "sanduíche" com outros polímeros para finalidades,
como a de embalagem, por exemplo.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782003000600015

http://www.sybs.com.br/materiais.htm

http://www.institutodopvc.org/reciclagem/base.htm

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