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Brasília, 27 a 31 de maio de 1996 - Nº 33

Data (páginas internas): 5 de junho de 1996

Este Informativo, elaborado pela Assessoria da Presidência do STF a


partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário,
contém resumos não oficiais de decisões proferidas na semana pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma
das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a
publicação das mesmas no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Ação Rescisória e Coisa Julgada
Anistia e Direito a Promoção
Dia de Pagamento
Equiparação e Direito Adquirido
ICMS e Transporte Aéreo
Justa Causa
Responsabilidade Civil do Estado
Substituição de Pena Privativa de Liberdade
Suspensão de Segurança: Requisitos
Tantum Devolutum...
Vício de Iniciativa

PLENÁRIO

ICMS e Transporte Aéreo


Iniciado o julgamento de ação direta em que se discute acerca da incidência do
ICMS sobre serviços de transporte aéreo interestadual e intermunicipal. Interpretação do
art. 155, II, da CF (“Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II- operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações se
iniciem no exterior;”). Após o voto dos Ministros Francisco Rezek, relator, e Maurício
Corrêa, julgando procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da norma do
Convênio ICMS 66/88 que prevê a questionada incidência, pediu vista o Min. Ilmar
Galvão. ADIn 1.089-DF, rel. Min. Francisco Rezek, 29.05.96.

Ação Rescisória e Coisa Julgada


Deferida em parte a liminar requerida pelo PT em ação direta ajuizada contra a
alínea acrescentada pela LC 86, de 14.05.96, ao inciso I do art. 22 do Código Eleitoral:
“Compete ao Tribunal Superior: I- processar e julgar originariamente: j) a ação rescisória,
nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de cento e vinte dias de
decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em
julgado.” O Tribunal considerou plausível a tese sustentada pelo autor da ação direta, no
sentido de que a suspensão dos efeitos da decisão rescindenda, autorizada pela parte final
do dispositivo em questão, ofende a garantia constitucional da coisa julgada (CF, art. 5º,
XXXVI). Para prevenir as conseqüências que decorreriam de ações rescisórias
eventualmente já propostas, decidiu-se atribuir, excepcionalmente, efeito ex tunc à
suspensão liminar de vigência do preceito impugnado. Precedente citado (quanto ao efeito
da cautelar): ADIn 596-RJ (RTJ 138/86). ADIn 1.459-DF, rel. Min. Sydney Sanches,
30.05.96.

Dia de Pagamento
Indeferida cautelar incidental requerida pelo Governador do Estado do Rio Grande
do Sul em ação direta anteriormente ajuizada contra norma da Constituição local que,
dispondo sobre o calendário de pagamento dos servidores públicos do Estado e das
autarquias, estabelece que o mesmo se fará até o último dia útil do mês trabalhado e, quanto
ao 13º salário, até o dia 20 de dezembro. Matéria cuja disciplina não se sujeita,
aparentemente - e ao contrário do alegado pelo autor da ação -, à iniciativa privativa do
Governador (CF, arts. 61, § 1º, a e b, e 84, III). Precedentes citados: ADIn 176-MT (RTJ
143/17) e ADIn 544-SC (RTJ 141/58). Pet 1.155-RS na ADIn 657-RS, rel. Min. Néri da
Silveira, 29.05.96.

Vício de Iniciativa
Concluindo o julgamento de pedido de cautelar em ação direta ajuizada pelo
Governador do Estado de Santa Catarina contra lei que concede anistia a servidores
públicos punidos em virtude de participação em movimentos reivindicatórios (ver, no
Informativo nº 31, “Vício de Iniciativa”), o Tribunal decidiu suspender a eficácia dos
preceitos impugnados. Reconheceu-se, na espécie, aparente violação ao art. 61, § 1º, II, c,
da CF (iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo para as leis que disponham sobre regime
jurídico dos servidores públicos). Vencidos os Ministros Ilmar Galvão, relator, Maurício
Corrêa, Francisco Rezek, Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence. ADIn 1.440-SC, rel. Min.
Ilmar Galvão, 30.05.96.

Suspensão de Segurança: Requisitos


Concluindo o julgamento de agravo regimental interposto contra decisão do
Presidente que deferira pedido de suspensão de segurança, o Tribunal firmou orientação no
sentido de que ao deferimento da medida não basta o preenchimento dos requisitos
estabelecidos na Lei 4348/64 - risco de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia públicas -, sendo necessário, ainda, que se verifique a plausibilidade da tese
sustentada pelo requerente. Tendo como satisfeitas, na espécie, ambas as exigências, o
Tribunal manteve a decisão impugnada, vencido o Min. Marco Aurélio. SS 846-DF
(AgRg), rel. Min. Sepúlveda Pertence, 29.05.96.

PRIMEIRA TURMA
Tantum Devolutum...
Não contraria o princípio tantum devolutum quantum appellatum acórdão que,
dando provimento a recurso da acusação pleiteando unicamente a imposição do regime
inicial fechado, reforma a sentença também na parte em que esta concedera ao réu o
benefício da suspensão condicional da pena, benefício incompatível com aquela forma de
cumprimento da pena (CP, arts. 33, § 2º, e 77). Entende-se em tal hipótese que o pedido
formulado pelo MP compreende implicitamente o de indeferimento do sursis. Vencido o
Min. Ilmar Galvão, relator. HC 73.981-SP, rel. p/ ac. Min. Celso de Mello, 28.05.96.

Equiparação e Direito Adquirido


Julgando ter havido aplicação equivocada do disposto no art. 5º, XXXVI, da CF
(“a lei não prejudicará o direito aquirido...”), a Turma conheceu e deu provimento recurso
extraordinário interposto pelo Estado do Piauí contra acórdão que, fundado em dispositivo
de lei local, reconhecera a procuradores autárquicos as mesmas vantagens auferidas por
Procuradores do Estado, sob invocação do mencionado preceito constitucional. RE
179.156-PI, rel. Min. Ilmar Galvão, 28.05.96.

Anistia e Direito a Promoção


O que o art. 8º do ADCT assegura aos que “foram atingidos, em decorrência de
motivação exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou
complementares”, são as promoções decorrentes da antigüidade, e não aquelas dependentes
da aferição do merecimento. Com esse fundamento, a Turma conheceu e deu provimento a
recurso extraordinário interposto pela União contra decisão do STJ que deferira mandado
de segurança impetrado por ex-marinheiro de 1ª classe, para, reconhecendo-lhe o direito de
acesso aos cargos equivalentes aos alcançados por seus colegas que permaneceram em
atividade, determinar sua promoção ao posto de capitão de corveta. RE conhecido e
provido para cassar a segurança. Precedente citado: RE 141419-DF (RTJ 142/968). RE
175.034-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 28.05.96.

Responsabilidade Civil do Estado


Não ofende o art. 107 da CF/69 (“As pessoas jurídicas de direito público
responderão pelos danos que seus funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros.”)
acórdão que afirma a responsabilidade civil de município por lesão sofrida por estudante
(perda total do globo ocular direito), em virtude de ferimento causado por colega de turma,
em sala de aula de escola municipal. Hipótese em que a responsabilidade do município
advém do descumprimento do dever de vigilância de seus agentes sobre os estudantes que
se encontrem sob sua custódia. Com esse fundamento, a Turma não conheceu de RE
interposto pelo Município do Rio de Janeiro, afastando a alegação deduzida pelo recorrente,
no sentido de que o dano fora provocado por terceiro e não por funcionário seu. RE
109.615-RJ, rel. Min. Celso de Mello, 28.05.96.

SEGUNDA TURMA
Substituição de Pena Privativa de Liberdade
Tratando-se de condenação por crime para o qual a lei estabeleça cumulativamente
as penas privativa de liberdade e de multa, não tem lugar a substituição admitida pelo art.
60, § 2º, do CP. Entende-se em tais hipóteses que, se o próprio legislador considerou a pena
privativa de liberdade insuficiente - tanto que a cumulou com a pecuniária -, a multa
substitutiva, mesmo somada à multa originária, não atenderia à exigência contida no inciso
III do art. 44 do CP, ao qual o mencionado § 2º do art. 60 faz remissão expressa para
admitir a substituição das penas privativas de liberdade somente quando “a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e
as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.” Cuidando-se, ademais,
no caso concreto, de delito previsto em lei especial (Lei de Tóxicos), não seria aplicável
essa regra geral do CP. Habeas corpus indeferido contra o voto do Min. Marco Aurélio, que
concedia a ordem para determinar que o juiz verificasse a aplicabilidade ao caso do art. 60,
§ 2º, do CP. Precedente citado: HC 70445-RJ (RTJ 152/845). HC 73.517-SP, rel. Min.
Francisco Rezek, 28.05.96.

Justa Causa
A precariedade da prova apresentada com a denúncia não basta para ensejar o
trancamento da ação penal por falta de justa causa, tendo em vista a possibilidade de que
outros elementos probatórios apareçam no curso da instrução. Com esse fundamento, a
Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de delegado de polícia denunciado por
corrupção passiva com base numa anotação constante de um pedaço de papel, indicativa de
pagamento a ele efetuado por pessoas ligadas ao “jogo do bicho”, no Rio de Janeiro.
Vencido o Min. Marco Aurélio que o deferia para trancar a ação penal por falta de justa
causa, sem prejuízo da instauração de inquérito policial. HC 73.208-RJ, Maurício Corrêa,
28.05.96.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 29.05.96 30.05.96 11


1ª Turma 28.05.96 -------- 52
2ª Turma 28.05.96 -------- 22

OS INTERESSADOS EM OBTER CÓPIAS EM DISQUETE DOS INFORMATIVOS 01


A 21, EM ARQUIVOS PADRÃO “WORD FOR WINDOWS”, DEVERÃO PROCEDER
DA SEGUINTE MANEIRA: REMETER PARA O ENDEREÇO ABAIXO UM
DISQUETE DE 3 ½” , DEVIDAMENTE FORMATADO, E ENVELOPE DE RETORNO
PREENCHIDO E SELADO.
Supremo Tribunal Federal
“INFORMATIVO STF”
Praça dos Três Poderes
CEP - 70.175-900 - Brasília - DF

C L I P P I N G DO D J
31 de maio de 1996

ADIn nº 1373-4
Rel.: Min. Francisco Rezek
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA
LIMINAR. CRIAÇÃO DE MUNICÍPIO: PLEBISCITO. INVERSÃO DA ORDEM
CONSTITUCIONAL. LEI 9.342/90 DO ESTADO DO PARANÁ, E RESOLUÇÃO
003/95 DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA.
Ação direta não conhecida no ponto em que argúi a inconstitucionalidade da
Resolução 003/95, que autoriza a realização de plebiscito, por não figurar tal etapa do
procedimento administrativo de criação de município um ato de conteúdo
normativo. Quanto à Lei 9.342/90, há aspecto de bom direito. Não parece compatível
com a Constituição Federal o diploma legislativo que cria município ad referendum de
consulta plebiscitária. Precedentes do STF. Perigo na demora caracterizado à vista do
artigo 7º da Lei Complementar 56/91, do Estado do Paraná, que dispõe sobre a
criação, incorporação, fusão e desmembramento dos municípios.
Medida liminar concedida para suspender a eficácia da Lei 9.342/90 do Estado do
Paraná.

ADIn nº 1400-5
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÕES
ADMINISTRATIVAS DO TRIBUNAL DE CONTAS E DO PRIMEIRO TRIBUNAL
DE ALÇADA CIVIL, AMBOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. CARÁTER
NORMATIVO. TEMPO DE SERVIÇO DE ATIVIDADE PRIVADA. CÔMPUTO
PARA FINS DE GRATIFICAÇÃO ADICIONAL E SEXTA PARTE.
O Supremo Tribunal Federal já consagrou entendimento no sentido de que o
tempo de serviço de atividades essencialmente privadas não é computável, para fins de
gratificação adicional, salvo quando integrantes da administração pública indireta --
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações instituídas pelo poder
público.
Os atos em questão revelam o extravasamento do campo reservado à atuação
dos respectivos Tribunais, que acabaram por reconhecer, a todos os servidores
integrantes dos seus quadros, vantagens que só poderiam emergir de regra legal.
Cautelar deferida.

ADIn nº 1418-8
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA
CAUTELAR. LEIS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. GRATIFICAÇÃO DE
PRODUTIVIDADE. PRO-LABORE DE ÊXITO. GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO
DE CARGO COMISSIONADO. INCIDÊNCIA CUMULATIVA. TETO.
INOBSERVÂNCIA.
Mostra-se relevante a argüição de inconstitucionalidade da vantagem funcional
consistente na gratificação de produtividade, tratada no parágrafo único do art. 4º da Lei nº
9.751/94, que, por não se caracterizar como vantagem de caráter pessoal, não pode ser
excluída do limite máximo de remuneração.
O pro-labore de êxito para remunerar produtividade dos procuradores fiscais e
procuradores administrativos, dentro do programa de incentivo à cobrança
administrativa ou judicial, de receitas inscritas na dívida ativa do Estado, ante a sua
natureza transitória, não se incorpora, pelo menos em tese, à remuneração do servidor. À
falta de elementos seguros para que se possa definir a natureza específica dessa vantagem,
revela-se imprópria a concessão da medida cautelar.
Relevância dos fundamentos do pedido que autorizam a suspensão das
expressões "e sobre a gratificação complementar de vencimentos instituída pelo § 2º
desta lei", constantes do art. 5º da Lei nº 9.847/95, por afrontar o art. 37, inc. XIV,
da Constituição Federal, que não permite que os acréscimos pecuniários percebidos pelo
servidor sejam "computados nem acumulados, para fins de concessão de acréscimos
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento."
Cautelar parcialmente deferida.

ADIn nº 1421-8
Rel.: Min. Francisco Rezek
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA
LIMINAR. LEI 910/95 DO DISTRITO FEDERAL. FUNCIONÁRIO PÚBLICO.
APOSENTADORIA. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR. VÍCIO DE FORMA.
PRECEDENTES DO STF.
Argüição de inconstitucionalidade da Lei 910/95 do Distrito Federal, que
dispõe sobre regime jurídico e aposentadoria de funcionários e empregados do DF.
Vício de forma: lei de iniciativa parlamentar. Ofensa ao disposto no artigo 61-§1º-II-c da
Constituição Federal. Presente o aspecto de bom direito na tese da inconstitucionalidade
formal. Periculum in mora denunciado na possibilidade de lesão aos cofres distritais.
Medida liminar deferida.

ADInº 1422-6
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 2.432, DE
06.09.95, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AOS
§§ 1º E 2º DO ART. 18 DO CÓDIGO DE ORGANIZAÇÃO E DIVISÃO
JUDICIÁRIAS DO MESMO ESTADO.
Incompatibilidade com a norma do art. 93 da Constituição Federal, por regular
matéria própria do Estatuto da Magistratura, reservada, no dispositivo constitucional
mencionado, à lei complementar federal.
Recepção, pela Carta de 1988, da norma do art. 102, da Lei Complementar nº
35/79 (LOMAN). Precedentes do STF (MS 20.911-PA - Ministro Octavio Gallotti e
ADIN 841-2-RJ - Ministro Carlos Velloso).
Plausibilidade do fundamento do pedido de cautelar, aliada à conveniência da
pronta suspensão da vigência das normas impugnadas.
Cautelar deferida.

CC nº 7030-7
Rel.: Min. Marco Aurélio
COMPETÊNCIA - CRIME - MILITARES NO EXERCÍCIO DE POLICIAMENTO
NAVAL - JUSTIÇA MILITAR X JUSTIÇA FEDERAL "STRITO SENSU". A
atividade, desenvolvida por militar, de policiamento naval, exsurge como subsidiária,
administrativa, não atraindo a incidência do disposto na alínea "d" do inciso III do artigo
9º do Código Penal Militar. A competência da Justiça Militar, em face da configuração de
crime de idêntica natureza, pressupõe prática contra militar em função que lhe seja
própria. Competência da Justiça Federal - "strito sensu". Envolvimento de agente titular
do mandato de prefeito e definição da competência do Tribunal Regional Federal.
Precedentes: recurso criminal nº 1.464-2/MG, relatado pelo Ministro Sydney Sanches
perante a Primeira Turma, com aresto veiculado no Diário da Justiça de 19 de
fevereiro de 1987, (...).

MS nº 21668-9
Rel.: Min. Octavio Gallotti
EMENTA: Servidores da Legião Brasileira de Assistência. Pretensão à subsistência de
vantagens, oriundas do antigo vínculo trabalhista após a transformação deste em
regime único e estatutário.
Mandado de segurança de que não se conhece, por falta de legitimação ativa,
decorrente da falta de prova da titularidade do direito postulado.

HC nº 71705-5
Rel.: Min. Maurício Corrêa
EMENTA: "HABEAS CORPUS". NULIDADE: AUSÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA:
DEFENSORA NÃO HABILITADA, CONSTITUÍDA PELO RÉU: PREJUÍZO PARA A
DEFESA.
1. Tem-se como nulo o processo em que funcionou como defensor do réu, ainda
que por este constituído, quem não estava regularmente inscrito em nenhuma Seccional
da Ordem dos Advogados do Brasil.
2. Não se pode emprestar ao caso dos autos a extensão da regra ínsita no art. 565
do CPP, de vez que o réu, outorgante do instrumento de mandato com poderes "ad
judicia", cuja profissão declarada é a de servente de pedreiro, não poderia deduzir que a
outorgada, com escritório montado e frequentando o presídio onde o mesmo se achava
preso, era falsa advogada e que se valia da inscrição de profissional habilitado para agir
em Juízo.
3. Comprovado nos autos o prejuízo para o réu pela inexistência de defesa
técnica porque patrocinada por pessoa inabilitada para o exercício da advocacia, do
que resultou por comprometer o seu "status libertatis", impõe-se a declaração da
nulidade do processo a partir do interrogatório e a expedição do alvará de soltura.
4. "Habeas corpus" deferido para anular o processo a partir do interrogatório,
determinando a imediata expedição de alvará de soltura.

HC nº 71983-0
Rel.: Min. Marco Aurélio
(...)
PRESCRIÇÃO - CONCURSO FORMAL - INTERRUPÇÃO. A teor do disposto
na segunda parte do § 1º do artigo 117 do Código Penal, nos crimes conexos, que sejam
objeto no mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção concernente a qualquer
deles.
PRESCRIÇÃO - PRETENSÃO EXECUTÓRIA - CONCURSO DE CRIMES
- PENAS - SOMATÓRIO - INADMISSIBILIDADE. Na hipótese de concurso de
crimes, a extinção quer da punibilidade quer da pretensão executória do Estado é
considerada a partir da pena de cada um deles isoladamente. Interpretação analógica
permitida no campo penal, porque favorável ao acusado, do disposto no artigo 119 do
Código Penal, buscando-se a harmonia do sistema.

HC nº 73196-1
Rel.: Min. Francisco Rezek
EMENTA: HABEAS CORPUS. PREFEITO. COMPETÊNCIA PENAL POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. INVESTIDURA NO CURSO DO PROCESSO.
JULGAMENTO PERANTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. VALIDADE DOS ATOS
ANTERIORES À MUDANÇA DA COMPETÊNCIA INICIAL. PRECEDENTE DO STF.
A diplomação do paciente, eleito prefeito municipal, no curso do processo,
acarreta o deslocamento imediato deste para o tribunal de justiça do Estado (artigo 29-X
da CF/88). Entretanto, permanecem válidos os atos praticados antes da alteração da
competência inicial: tempus regit actum (precedente: Inquérito 571).
Ordem concedida para que, cassada a decisão do Tribunal de Alçada Criminal de
São Paulo, sejam os autos da Apelação nº 795.519/4 encaminhados ao Tribunal de
Justiça.

HC nº 73249-6
Rel.: Min. Francisco Rezek
EMENTA: HABEAS CORPUS. NOME DAS PARTES E DE SEUS
ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
A lei processual é expressa no exigir, sob pena de nulidade, que da publicação
constem os nomes das partes e de seus advogados (artigo 370-§2º do CPP, parágrafo
acrescentado pela Lei 8.701/93).
Habeas corpus concedido, com extensão aos co-réus em identidade de situação
(artigo 580 do CPP).

HC nº 73289-5
Rel.: Min. Moreira Alves
EMENTA: "Habeas corpus".
- Não ocorrência de "bis in idem" na fixação da pena, se o acréscimo da pena-base
resultou de maus antecedentes em virtude de condenação anterior, ao passo que a
agravante da reincidência decorreu de outra condenação que a caracterizou.
"Habeas corpus" indeferido.

HC nº 73599-1
Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: - DIREITO PENAL.
UNIFICAÇÃO DE PENAS. TEMPO MÁXIMO DE PRISÃO (art. 75 do Código
Penal). LIVRAMENTO CONDICIONAL.
1. A pena de trinta anos de reclusão, resultante da unificação autorizada pelo §
1º do artigo 75 do Código Penal, não pode servir de parâmetro para a obtenção de
benefício de livramento condicional (art. 83).
2. A norma visa, apenas, a evitar o efetivo encarceramento de alguém por mais de
trinta anos, não tendo, porém, outro alcance, como, por exemplo, o de passar a servir
de base para outros benefícios na execução, como e pretendido.
3. Precedentes.
4. "H.C." indeferido.

HC nº 73774-9
Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: - DIREITO PENAL.
PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO PELA PRONÚNCIA. POSTERIOR
DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO PELO JÚRI.
1. A sentença de pronúncia interrompe o curso do prazo prescricional, que volta a
correr por inteiro a partir de sua publicação (art. 117, inciso I, § 2º).
2. Esse efeito interruptivo subsiste, mesmo que, posteriormente, o Tribunal do
Júri venha a desclassificar o delito, pelo qual o réu foi pronunciado, para outro que, em
princípio, não comportaria pronúncia.
3. Precedente do S.T.F.: RTJ 124/969.
4. "H.C." indeferido.

HC nº 73807-9/130
Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: - Direito Processual Penal.
Defesa. Defensor constituído. Abandono do processo.
Nomeação de Defensor dativo.
Contra-razões de apelação.
Intimação.
Artigos 261, 263, 265 e 600 do Código de Processo Penal.
1. Se o Advogado constituído pelo réu é intimado para apresentar contra-razões à
apelação do Ministério Público, e não as apresenta, deve o Juiz nomear Defensor dativo,
para que o faça.
2. A partir desse instante, o Defensor constituído não precisa ser intimado dos
demais atos do processo, mas, sim, o Defensor dativo.
3. Hipótese em que todas essas formalidades foram observadas.
4. Precedentes.
5. "H.C." indeferido.

HC nº 73834-6
Rel.: Min. Moreira Alves
EMENTA: "Habeas corpus".
- Tem entendido esta Corte que há nulidade quando, interposta apelação pelo
Ministério Público, que vem a ser provida, não é o defensor do réu intimado para oferecer
contra-razões.
"Habeas corpus" deferido.

Pet nº 1140-7 (AgRg)


Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: (...)
1. O § 1º do art. 102 da Constituição Federal de 1988 é bastante claro, ao dispor:
"a argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição,
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei".
2. Vale dizer, enquanto não houver lei, estabelecendo a forma pela qual será
apreciada a argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da
Constituição, o S.T.F. não pode apreciá-la. (...)
4. Também não compete ao S.T.F. elaborar Lei a respeito, pois essa é missão do
Poder Legislativo (arts. 48 e seguintes da C.F.).
5. E nem se trata aqui de Mandado de Injunção, mediante o qual se pretenda
compelir o Congresso Nacional a elaborar a Lei de que trata o § 1º do art. 102, se é
que se pode sustentar o cabimento dessa espécie de ação, com base no art. 5º, inciso
LXXI, visando a tal resultado, não estando, porém, "sub judice", no feito, essa
questão.
6. Não incide, no caso, o disposto no art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil,
segundo o qual "quando a lei for omissa, o Juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito". É que não se trata de lei existente
e omissa, mas, sim, de lei inexistente.
7. Igualmente não se aplica à hipótese a 2a. parte do art. 126 do Código de Processo
Civil, ao determinar ao Juiz que, não havendo normas legais, recorra à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito, para resolver lide "inter partes". Tal norma
não se sobrepõe à constitucional, que, para a argüição de descumprimento de preceito
fundamental dela decorrente, perante o S.T.F., exige Lei formal, não autorizando, à sua
falta, a aplicação da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito".
8. De resto, para se insurgir contra o Decreto estadual de intervenção no Município,
tem este os meios próprios de impugnação, que, naturalmente, não podem ser sugeridos
pelo S.T.F.
9. Agravo improvido. Votação unânime.

RMS nº 22406-5
Rel.: Min. Celso de Mello
EMENTA: (...)
- Para efeito de interposição do recurso ordinário, qualificam-se como decisões
denegatórias tanto as que indeferem o mandado de segurança, apreciando-lhe o mérito,
quanto aquelas que dele não conhecem, com a conseqüente extinção do processo, sem
julgamento da controvérsia material suscitada. Precedentes. (...)
- Os recursos em matéria eleitoral acham-se submetidos, quanto ao respectivo
prazo de interposição, a regramento normativo próprio, definido em legislação especial. A
disciplina legislativa dos recursos eleitorais tem, no próprio Código Eleitoral, a sua
pertinente sedes materiae, razão pela qual esse tema - tratando-se da definição dos
prazos recursais - não sofre o influxo das prescrições gerais estabelecidas na legislação
processual comum. (...)
O recurso ordinário, cabível das decisões do Tribunal Superior Eleitoral que
denegarem, originariamente, mandado de segurança, deve ser interposto no prazo de três
(3) dias, consoante prescreve o art. 281 do Código Eleitoral (lex specialis), não
derrogado pela superveniência da Lei n. 8.950/94 no ponto em que esta deu nova redação
ao art. 508 do CPC. (...)

RE nº 113343-1/210
Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO ESPECIAL: REPERCUSSÃO SOBRE O RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. (...)
1. Ao julgar Embargos Declaratórios ao acórdão da Apelação, o Tribunal de Justiça
deixou bem claro que dera preponderância ao "tema constitucional, de respeito ao direito
adquirido e ao ato jurídico perfeito".
2. Sendo assim, tornou-se irrelevante, para o desfecho do Recurso Extraordinário, o
fato de o Superior Tribunal de Justiça haver negado provimento ao Recurso Especial, que
suscitara questões infraconstitucionais, como as dos artigos 178 e 179, § 2º, do Código
Tributário Nacional, e a dos Convênios 9/75 e 24/81.
3. De resto, o improvimento do Recurso Especial, sobre matéria
infraconstitucional (art. 105, III, "a" e "c", da C.F.), não impede o exame do Recurso
Extraordinário, pelo S.T.F., quanto à matéria constitucional prequestionada (art. 102, III,
"a", "b" e "c").
4. Prequestionado, que foi, o tema do direito adquirido, sob enfoque constitucional, é
de ser ele objeto de consideração, pelo S.T.F., já que reiterado no R.E. (...)

Ag nº 177376-7 (AgRg)
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SÚMULA 288. ILEGIBILIDADE DO
CARIMBO DE PROTOCOLO DO TRIBUNAL A QUO LANÇADO NA PETIÇÃO DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO, MEIO DE AFERIR-SE A TEMPESTIVIDADE DO
RECURSO INADMITIDO.
Os meios comprobatórios da tempestividade do apelo extremo, entre os quais a
data da interposição, a ser aferida pelo carimbo de protocolo do Tribunal a quo devem
necessariamente ser reproduzidos de maneira legível no instrumento de agravo, sob pena
de aplicação da Súmula 288.
Orientação da jurisprudência do STF firme no sentido de que a parte agravante
deve fiscalizar a formação do instrumento, por cuja deficiência responde, não se
permitindo a sua complementação quando os autos já se encontram nesta instância.
Agravo regimental improvido.

RE nº 180721-1
Rel.: Min. Sydney Sanches
EMENTA: - Direito Constitucional e Tributário.
I.C.M. Cana de açúcar para produção de álcool carburante.
Imposto único. Combustível líquido (art. 21, inciso VIII, da Emenda
Constitucional nº 1/69). Artigos 74 e 46, parágrafo único, do Código Tributário
Nacional. (...)
5. A E.C. nº 1/69 estabelecia a competência da União para instituir imposto sobre
produção de combustíveis líquidos.
6. Cana de açúcar não é combustível líquido, embora sirva como matéria-prima na
produção de álcool carburante, este, sim, um combustível líquido.
7. Produção, segundo o Código Tributário Nacional é a operação que "modifica
a natureza ou a finalidade" de um determinado bem, ou "o aperfeiçoa para o consumo"
(artigos 74 e 46, parágrafo único do Código Tributário Nacional).
8. Assim, a cana de açúcar é apenas o bem, a matéria-prima, existente em si mesma,
que, industrializada, se converte em álcool carburante.
E somente a operação de industrialização, ou seja, a atividade transformadora
da cana de açúcar nesse combustível líquido, é que, correspondendo a uma produção,
estaria sujeita exclusivamente ao imposto único de que tratava o inciso VIII do art. 21
da E.C. nº 1/69.
Não, assim, a cana de açúcar, que, como mercadoria, pode ser objeto de circulação
jurídica e econômica, sujeita ao I.C.M. hoje I.C.M.S.
9. R.E. não conhecido, pela letra "a" do inc. III do art. 102 da C.F. de 1988, mas
conhecido pela letra "c", e, nessa parte, improvido, mantido, assim, o acórdão estadual
que considerou exigível o I.C.M. na operação de circulação de cana de açúcar, embora
diferido para a oportunidade da venda do combustível líquido (álcool carburante), em que
foi transformada. Tudo, nos termos do voto do Relator.
Decisão unânime.

RE nº 192904-0 (AgRg)
Rel.: Min. Marco Aurélio
IMPOSTO - IMUNIDADE RECÍPROCA - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS. A norma da alínea "a" do inciso VI do artigo 150 da Constituição
Federal obstaculiza a incidência recíproca de impostos, considerada a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios. Descabe introduzir no preceito, à mercê de
interpretação, exceção não contemplada, distinguindo os ganhos resultantes de
operações financeiras.

Acórdãos publicados: 121

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib

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