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Plínio Santos-Filho

Malthus Oliveira de Queiroz


Sidney Rocha

R ecife
Luga r de
Memór i a
Mártires, heróis, personagens
históricos são comemorados
em locais públicos e privados
do Recife. Neste Guia
apresentamos alguns destes
personagens e locais.

2012
Santos-Filho, Plínio
Queiroz, Malthus Oliveira de
Rocha, Sidney
Recife Lugar de Memória / Plínio Santos-Filho;
Malthus Oliveira de Queiroz; Sidney Rocha
_Recife: SDHSC - Secretaria de Direitos Humanos e Segurança
Cidadã, Prefeitura do Recife. _Ministério da Justiça, Pronasci.
_AERPA Editora, 2012.
104p. : il.

Inclui bibliografia / Includes bibliography


ISBN: 978-85-60136-05-6

1. Geografia e viagem – Brasil. I. Santos-Filho, Plínio. I I. Título.



CDD 918.1

AERPA Editora
Rua Antônio Vitrúvio, 71, Poço da Panela, Recife
Pernambuco - Brasil CEP 52061-210

Os horários de visitação, os números dos telefones e os preços


de ingresso dos museus, das igrejas e demais monumentos
constantes deste guia foram obtidos junto aos órgãos oficiais
da administração pública e nos próprios estabelecimentos.
Horários atualizados, localização de hotéis e pousadas, bares
e restaurantes, assim como outras informações, podem ser
encontrados na internet, nos sites dos estabelecimentos.

Seus comentários e sugestões podem ser enviados pelo e-mail


constante no site da AERPA:

w w w. res tau rab r.o rg

Este livro foi parcialmente financiado pelo Ministério da Justiça


através do Projeto “Restauração de Fachadas - Construção
Civil”, do Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania - Pronasci, da Secretaria Nacional de Segurança
Pública - Ministério da Justiça, com Convênio coordenado
pela Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da
Prefeitura do Recife e pelas demais instituições e empresas
listadas pelas logomarcas na contracapa.
Ideia original e autoria
Plínio Santos-Filho
Malthus Oliveira de Queiroz
Sidney Rocha

AERPA Editora
Diretor Editorial - Plínio Santos-Filho
Design e Tipografia - Carla Andrade Reis
Pesquisa e revisão - Catarina S. Queiroz,
Malthus O. Queiroz, Plínio Santos-Filho
Fotografia, projeto gráfico e direção de arte - Plínio Santos-Filho

Publicado pela AERPA Editora - Rua Antônio Vitrúvio, 71


Poço da Panela, Recife, Pernambuco - Brasil CEP 52061-210
Telefone: 55 (81) 3266-8463

Prefeitura do Recife
João da Costa - Prefeito
Amparo Araújo - Sec. de Direitos Humanos e Segurança Cidadã
Cacilda Medeiros - Diretora de Segurança Cidadã

Impressão e encadernação - Gráfica Santa Marta

Todos os direitos reservados de acordo com as leis brasileiras,


panamericanas e leis internacionais e convenções de copyright.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida,
armazenada em sistemas de bancos de dados ou transmitida
em nenhuma forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,
fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem a permissão prévia
e por escrito dos proprietários dos direitos de copyright.

Copyright 2012 © AERPA Editora

Impresso no Brasil - Printed in Brazil


Sumário
Apresentação 6
O Recife 8

Rota Verde
10 - O Açúcar
Engenhos do Capibaribe 16
Engenho Magdalena 15
Engenho da Torre 16
Engenho do Cordeiro 17
Engenho Ambrósio Machado 17
Engenho Casa Forte 19
Poço da Panela 20
Museu do Homem do Nordeste 21
Engenho São Pantaleão do Monteiro 25
Engenho de Apipucos 26
Fundação Gilberto Freyre 27
Engenho Dois Irmãos 28
Engenho Brum-Brum 29
Engenho Poeta 29
A Várzea do Capibaribe 30
Engenho do Meio 30
Engenho de Santo Antônio 31
Instituto Ricardo Brennand 32
Engenho São João 33
Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand 33
Museu do Estado de Pernambuco 34
Teatro de Santa Isabel 34
Faculdade de Direito do Recife 35
Parque 13 de Maio 35
Basílica e Convento do Carmo 35
Joaquim Nabuco 36
Porto do Recife - Cruz do Patrão 37

Rota Azul
38 - Os Holandeses
O Período Holandês 40
Forte do Brum 42
Quarteirão Franciscano 43
Forte Ernesto 43
Praça da República e Imperador 44
Maurício de Nassau 45
Rua do Bom Jesus 46
Palácio da Boa Vista 46
Forte das Cinco Pontas 47
A Insurreição Pernambucana 48
Praça Sérgio Loreto e Arredores 48
Os Quatro Heróis 49
A Batalha de Casa Forte 50
Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da Trindade 51
Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes 52
Rota Amarela
54 - 1817 e 1824
Revolução de 1817 56
Forte do Brum 58
Campo da Honra 59
Ponte do Recife 60
Forte das Cinco Pontas 61
Matriz de Santo Antônio 61
Confederação do Equador - 1824 63
Monumento a Frei Caneca 63
Capelinha da Praça da Jaqueira 64
Cemitério dos Ingleses 65

Rota Vermelha
66 - Ditadura 64
Resistência ao Regime Militar 68
O Centro do Recife 69
Miguel Arraes 70
Palácio do Campo das Princesas 72
Gregório Bezerra 74
Casa da Cultura 76
O Dom - Igreja das Fronteiras 78
Padre Henrique - Cidade Universitária 82
Rua da Aurora 405 84
Vila Buriti - Macaxeira 86
Ruas da Vila Buriti 88
Colônia Penal do Bom Pastor 94
Monumento Contra a Tortura 96
Paulo Freire 98

Índice Geral do Mapa 101


Bibliografia 104
Apresentação
O presente livro é resultado de uma parceria entre a Prefeitura
da Cidade do Recife, através de sua Secretaria de Direitos
Humanos e Segurança Cidadã, e a Agência de Estudos e
Restauro do Patrimônio – AERPA, que, por meio de financiamento
pelo Ministério da Justiça, conseguiram produzir este Guia tão
importante para o Recife. Importante porque revisita fatos,
personalidades e locais da cidade onde ocorreram esses fatos,
buscando, de forma direta, desvendar um Recife escondido na
sua intensa agitação cotidiana de grande metrópole.

Para Gilberto Freyre, um dos grandes inspiradores desse livro,


o Recife é uma cidade a ser desvendada. “Tanto nos subúrbios
como no centro, o Recife é uma cidade recatada. Não se exibe.
Não se mostra. Retrai-se. Contrai-se. Esconde-se, até, dos olhos dos
estranhos. (...) O Recife é assim: cidade que antes se esconde dos
admiradores que se oferece à sua curiosidade.” Para os autores
da presente obra, desvendar o Recife é contar um pouco da sua
história, visitar lugares, perceber mudanças e, principalmente,
exercitar a curiosidade, já que muito das informações aqui
apresentadas são fruto de um conhecimento resultante da paixão
pela descoberta, da imensa vontade de saber mais sobre quem
somos, onde vivemos e que cidade é essa que nos acolhe e nos
deserta nos desvãos de seus caminhos e descaminhos.

Por isso, o formato de guia de visitação, com roteiros


selecionados para serem percorridos a pé, de carro ou mesmo
de bicicleta, nos moldes dos recentemente lançados Um Dia
no Recife e Um Dia em Olinda, ambos também pela AERPA
Editora. Esse formato, coadunado com as práticas saudáveis e
ecologicamente corretas do turismo urbano contemporâneo,
permite uma descoberta sem pressa, interativa e certamente
construtiva.

Quatro rotas compõem este guia: A Rota do Açúcar, que


explora os locais e as memórias remanescentes deixadas pelo
“ouro branco”, base de um época rica e faustosa da cidade e

6 Acima, arrecifes e molhe, Forte do Pição.


Photo: À direita
Downtown na foto,
Recife ilha-
at sunset
bairro de Santo Antônio visto do Paço Alfândega, Bairro do Recife.
profundamente enraizada na sua identidade cultural; a Rota dos
Holandeses, época decisiva para a formação do Recife e do ideal
de nacionalidade brasileira; a Rota das Revoluções de 1817 e 1824,
movimentos que refletem o desejo de se estabelecer uma república
no Brasil, confrontando os ideais reacionários da monarquia; e o
período do regime militar de 1964, ainda uma mancha recente e
de proporções indefinidas na democracia brasileira.

A pesquisa textual e iconográfica envolveu várias idas à


Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, onde sempre contamos
com a cortesia e a colaboração de seus funcionários;
buscas em publicações impressas e digitais especializadas;
e conversas com especialistas e curiosos na área, como o
escritor Paulo Santos de Oliveira, o que muito nos ajudou a
formatar o conteúdo abordado neste livro. A maioria das
imagens, no entanto, são de Plínio Santos-Filho, que descreve
através da lente fotográfica o trajeto visual das rotas.

É importante ressaltar que o presente trabalho não é de


forma alguma completo. Sabemos e avisamos de antemão
que assuntos, fatos, pessoas, datas e locais ficaram de fora
da publicação, não por ignorância, mas pelo tamanho e
abrangência do assunto, assim como não foi possível consultar
todas as fontes sobre os temas.

Gostaríamos de agradecer o empenho de Amparo Araújo,


Secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da
cidade do Recife; os parceiros de caminhadas dominicais,
Antônio Carlos Montenegro, Carla Andrade Reis, Fernando
Braga, Francisco Cunha, Fred Leal, Nelson Telles e Nilce Falcão,
sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.

Desejamos a todos uma boa leitura e ótimas caminhadas!

Plínio Santos-Filho
Malthus Oliveira de Queiroz
Sidney Rocha

7
Recife Lugar de Memória

O Recife
O Recife é a capital do Estado de Pernambuco e uma das mais im-
portantes capitais do Nordeste brasileiro. Por sua localização estra-
tégica, a cidade é polo comercial e de serviços e porta de entrada
e saída para o comércio com a Europa e a América do Norte.

Originado de um pequeno povoado de pescadores, marinheiros


e mercadores, o Recife tem profunda ligação com o mar, simboli-
zada por seu porto natural de arrecifes, de onde surgiu o nome da
cidade, e pela famosa Praia de Boa Viagem, considerada uma
das mais aprazíveis praias urbanas do Brasil. O clima tropical, na
maior parte do tempo com sol, favorece as caminhadas no cal-
çadão e os banhos de mar. Os rios Capibaribe e Beberibe, cor-
tando a cidade, dão-lhe certo charme veneziano.

O Recife é marcado pela pluralidade. Sua identidade cultural


multifacetada abre espaço para variadas manifestações artís-
ticas, que permeiam música, literatura, teatro, cinema, dança e
arquitetura. A boa estrutura para eventos possibilita a realização
de grandes festivais, segmento importante do calendário cultural
da cidade. Seu patrimônio histórico reminiscente, narrando cons-
tante e gratuitamente o passado glorioso e de lutas, se insere no
ambiente contemporâneo como uma importante atração.

A infraestrutura hoteleira do Recife é uma das melhores da re-


gião. A cidade oferece ao visitante muitas opções de hospeda-
gem, com grande variedade de preços e serviços. O lazer fica
por conta de restaurantes, bares, teatros, shoppings, praças, mer-
cados públicos, boates e shows, além de outras atividades que
podem ser programadas previamente.

O Recife, com sua brisa, mergulhado no azul do céu e no verde


do mar, é fonte de inspiração para artistas diversos. Descobri-lo e
redescobri-lo é sempre um grande prazer.

1537 Primeira referência sobre o Recife, feita por Duarte


Coelho no Foral de Olinda. Nessa época, o donatário o
descreve como um pequeno povoado junto ao porto, em
torno da ermida de São Frei Pedro Gonçalves. Esse porto
de Olinda foi durante muitos anos o de maior movimento
da América Portuguesa.
1561 Franceses invadem o Recife com o objetivo de dominar o
comércio do açúcar. São expulsos no mesmo ano.
1595 Invasão inglesa, que durou apenas 30 dias.

8 Acima, Forte das Cinco Pontas - Museu da Cidade do Recife


1630 14 de fevereiro – Holandeses, buscando dominar o comércio do
açúcar, invadem a cidade. Passando por Olinda, instalam logo
depois a capital do seu governo no Recife. Sob o comando de
Maurício de Nassau, promovem muitas inovações.
1636 Fundação da Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira sinagoga
das Américas.
1649 19 de fevereiro – Segunda Batalha dos Guararapes, travada nos
Montes Guararapes, na qual os holandeses foram derrotados.
1654 26 de janeiro – Expulsão dos holandeses do Recife, que em pou-
co tempo deixaria de ser um simples povoado para se tornar um
núcleo de progresso e abastança.

1709 10 de novembro – Carta régia eleva o Recife à condição de vila,


chamada Santo Antônio do Recife. Esse fato foi mais tarde um
dos motivos para a Guerra dos Mascates.
1709 1709 a 1714 – Guerra entre o Recife e Olinda, conhecida como
Guerra dos Mascates (assim eram chamados os comerciantes
recifenses). Nessa época, o Recife crescia economicamente e
reivindicava autonomia política. Com a autoridade ameaça-
da, os nobres olindenses utilizaram da força para sabotar as in-
tenções dos recifenses.
1710 15 de fevereiro – Foi erguido o pelourinho na cidade do Recife,
indicando que a vila possuía governo próprio.

1801 O Recife expandiu seu território no séc. XIX. Foram feitos aterros em
áreas alagadas, e alguns bairros foram incorporados ao Recife.
1817 6 de março – Inspirada pelos ideais iluministas e republicanos,
é deflagrada a Revolução Pernambucana de 1817, primeiro
movimento brasileiro que buscava a formação de um governo
próprio, fora do domínio português.
1823 5 de dezembro – O Recife é elevado à categoria de cidade.
1824 Julho – Eclode a Confederação do Equador. Descontentes com
o Imperador D. Pedro I, o movimento tentava estabelecer um
estado independente dentro da Região Nordeste do Brasil.
1825 7 de novembro – Primeira edição do Diario de Pernambuco, jornal
mais antigo da América Latina, até hoje em circulação.
1827 15 de fevereiro – A cidade do Recife torna-se a capital do Esta-
do de Pernambuco.
1848 Eclode a Revolução Praieira, movimento liberal que se opunha
à monarquia e pregava a instituição da República no Brasil. Foi
a última das revoluções provinciais.
1867 Janeiro – Inauguração da primeira linha de trem urbano da
América Latina, a Maxambomba.

1930 22 de maio – O Zeppelin pousa pela primeira vez no Brasil.


1930 26 de julho – Assassinato de João Pessoa na Rua Nova, em frente
à Confeitaria Glória. Esse fato foi um dos motivos da Revolução
de 1930.
1964 De 64 a 85 o Brasil fica sob o regime de Ditadura Militar.

2000 O Recife industrializa-se e se consolida como polo de serviços


(turismo, informática, medicina, entre outros), estruturando sua
base econômica atual.

9
Recife Lugar de Memória

10
Açúcar

12 1

14

34

37

O Açúcar

Engenhos do Capibaribe

Pontos de Interesse

Porto do Recife
Recife Lugar de Memória

O Açúcar
O açúcar e a exploração humana, por si só, requerem uma publica-
ção volumosa e distinta. Aqui nesse guia, relacionamos alguns locais
que podem ser visitados e que guardam, mostram ou pertencem à
história do açúcar e da escravidão no Recife. Bairros, ruas e praças,
edifícios, instituições e museus locais possuem referências diretas à
escravidão e ao seu principal produto econômico, o Açúcar.

O açúcar é diretamente responsável pelo modo de ser e de viver no


Recife e em todo um Brasil. Gilberto Freyre escreveu em Casa Gran-
de & Senzala (G. Freyre, CG&S, pg. 265, Global Editora, 2005):

“O escravocrata terrível, que só faltou transportar da África


para a América, em navios imundos, que de longe se adi-
vinhavam pela inhaca, a população inteira de negros, foi,
por outro lado, o colonizador europeu que melhor confra-
ternizou com as raças chamadas inferiores. O menos cruel
nas relações com os escravos. É verdade que, em grande
parte, pela impossibilidade de constituir-se em aristocracia
europeia nos trópicos: escasseava-lhe, para tanto, o capi-
tal, senão em homens, em mulheres brancas. Mas, indepen-
dente da falta ou escassez de mulher branca, o português
sempre pendeu para o contato voluptuoso com mulher
exótica. Para o cruzamento e miscigenação. Tendência
que parece resultar da plasticidade social, maior no portu-
guês que em qualquer outro colonizador europeu”.

12 P. 10: Painel de F. Brennand - Museu do Homem do Nordeste - MHN


Acima: Tapeçaria belga baseada em desenho de A. Echkout e F. Post - MHN
Rota do Açúcar

O Recife, como cenário da sua história de quase cinco séculos,


reflete a colonização a que foi submetido. A distribuição física e
geográfica da sua população, dos serviços e equipamentos ur-
banos reflete diretamente os efeitos da economia açucareira de
Pernambuco. O donatário Duarte Coelho veio pelo açúcar; os ho-
landeses invadiram o Nordeste para dominar o açúcar; na Guer-
ra dos Mascates, os donos de terras e engenhos em Olinda não
queriam pagar suas dívidas aos seus credores e comerciantes no
Recife; a Revolução Pernambucana de 1817 tinha por um lado um
Portugal (fugido no Rio de Janeiro) que tirava ouro do açúcar, e,
do outro, os donos de engenho, que queriam ficar com esse ouro.

Recentemente, passamos pela ditadura civil e militar de 1964, que


teve o apoio no latifúndio açucareiro regional contra os movimen-
tos que pregavam a reforma agrária; e chegamos à contempora-
neidade, onde uma boa parcela da economia de Pernambuco
depende dos mercados do açúcar e do álcool.

“No Brasil, a catedral ou a igreja mais poderosa que o pró-


prio rei seria substituída pela casa-grande de engenho.”
(G. Freyre, CG&S, pg. 271, Global Editora, 2005)

E ainda é um tanto disso. Em Pernambuco e no Recife somos


cana e açúcar. A cana que adoça é a mesma que move veícu-
los e nos embriaga. Nesse guia de memórias do Recife, vamos
visitar alguns dos locais onde essa nossa história está presente.
São locais onde a cana e o seu açúcar marcam com nomes e
objetos a paisagem e história da cidade.

Acima: Detalhe de tapeçaria belga baseada em desenho de A. Eckhout e F. Post 13


Presenteada por Maurício de Nassau a Luís XIV - MHN
Recife Lugar de Memória

1
Engenhos do Capibaribe
As margens do Rio Capibaribe, que junto com as do Rio Beberibe
formam a bacia hidrográfica responsável pelo cultivo da cana-
-de-açúcar no Recife, têm de um lado a Avenida Caxangá, que
da Madalena vai dar no Bairro da Várzea, extremo oeste da cida-
de, e do outro lado a “Volta ao Mundo”, que desde a Várzea leva
a Av. Dois Irmãos, Av. Apipucos e Av. 17 de Agosto, já nos bairros
de Casa Forte e Parnamirim. Essas terras foram ocupadas a partir
do século XVI por engenhos de cana, esses tornados arruados e
vilarejos que deram origem a muitos bairros do Recife.

Aqui, relacionamos os engenhos que ladeavam o Rio Capibaribe


e marcaram a memória da cidade. Uma grande rota circular de
visitação aos locais citados pode ser iniciada no bairro da Mada-
lena, na direção oeste pela Avenida Caxangá, chegando após
sete quilômetros de linha reta ao norte do bairro da Várzea. Antes
da ponte e à esquerda, chegamos ao centro da Várzea. Cruzan-
do a ponte sobre o Capibaribe e em frente, chegaremos a Cama-
ragibe; e dobrando à direita iremos dar em Dois Irmãos, Apipucos,
Monteiro, Casa Forte, Torre e de volta ao bairro da Madalena. Nes-
se circuito, passamos por muitos dos locais onde a economia e his-
tória do Recife foram forjadas. Nessa proposta de Rota do Açúcar
no Recife, listamos a seguir os engenhos que nela existiram, subin-
do o Capibaribe e olhando para o que existiu às suas margens.

14 Acima: Gravura sobre trabalho no engenho de cana-de-açúcar - MHN


Rota do Açúcar

1
Engenho da Magdalena
Bairro da Madalena - Foi construído no século XVI por Pedro Afon-
so Duro, casado com Magdalena Gonçalves. A casa-grande era
onde hoje está o Museu da Abolição, no início da Av. Caxangá.

O Museu da Abolição é recoberto por azulejos portugueses. Este re-


vestimento colonial melhorava a umidade dentro das edificações.
Perto do museu está o Mercado da Madalena que faz parte da área
da Praça da Madalena, que é um dos mais tradicionais mercados
públicos do Recife, com bares, comedorias e feira de pássaros.

15
Recife Lugar de Memória

1
Engenho da Torre
Bairro da Torre - Conhecido no séc. XVI como Engenho Marcos
André, rico colono português, foi chamado de Torre por causa da
torre original da capela da propriedade. O engenho era movido
a animais. Os holandeses tomaram o engenho e construíram uma

fortaleza capaz de atacar o Forte Real do Bom Jesus do outro lado


do rio. A praça tem brinquedos com formato modernista do escul-
tor Abelardo da Hora. Uma agradável travessia de barco a remo
pelo Rio Capibaribe pode ser feita do Bairro da Torre para o Bairro
da Jaqueira. Os barqueiros também podem transportar até duas
bicicletas, facilitando as visitas com esse tipo de transporte.

16
Rota do Açúcar

1
Engenho do Cordeiro
Bairro do Cordeiro - Atualmente, o Cordeiro fica entre os bairros
do Zumbi e Iputinga. O engenho surgiu nas terras do rico colo-
no português e senhor de engenho Ambrósio Machado, que
também foi governador da Capitania do Rio Grande do Norte.
O capitão João Cordeiro de Medanha, ajudante de ordens do
Governador João Fernandes Vieira, administrou o engenho e as
suas terras após a expulsão dos holandeses em 1654.

A Igreja do Cordeiro (acima) fica na Av. Caxangá. Essa avenida


foi revitalizada e teve colocado marcos (abaixo) nas suas paradas
de ônibus, registrando os antigos engenhos cujas terras ela corta.

Engenho Ambrósio Machado


Bairro do Zumbi - Foi confiscado pelos holandeses em 1635 e passou
a produzir açúcar para a Companhia das Índias Ocidentais dos
invasores holandeses. O Capitão João Cordeiro de Medanha tam-
bém cuidou desse engenho, a mando de João Fernandes Vieira,
após a expulsão dos holandeses.

17
Recife Lugar de Memória

18
Rota do Açúcar

1
Engenho Casa Forte
Bairro do Poço da Panela - Foi fundado no século XVI por Diogo
Gonçalves em terras doadas por Duarte Coelho. A casa-grande
do engenho e capela eram onde hoje estão o Colégio da Con-
gregação da Sagrada Família (acima esquerda) e a Igreja (acima
direita), na Praça de Casa Forte. Em 17 de agosto de 1645, houve
a Batalha de Casa Forte, que dá nome à avenida, no sítio onde
está a Praça e arredores, para libertar a proprietária Ana Paes dos
invasores holandeses.

A praça e suas edificações pró-


ximas ficam na comarca do
Poço da Panela, limite com o
bairro de Casa Forte. A Praça de
Casa Forte, construída em 1934,
foi projetada pelo paisagista re-
cifence Roberto Burle Marx. A
calçada tem desenho moder-
nista de ondas de Burle Marx,
inspirado no antigo calçadão
português da Avenida Atlântica
do Rio de Janeiro de 1906.

Página anterior: grilhões para prender escravos - MHN 19


Recife Lugar de Memória

1
Poço da Panela
O bairro do Poço da Panela é contíguo ao bairro de Casa Forte na mar-
gem esquerda do Rio Capibaribe. As terras são originárias do Engenho
Casa Forte. Muitas das suas edificações são preservadas. O centro his-
tórico compreende a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, o monumen-
to ao Escravo Liberto e o busto de José Mariano Carneiro da Cunha,
o abolicionista, a casa de Dona Olegarina, esposa de J. Mariano (foto
acima), a venda de Seu Vital e outros casarões coloniais.

O local é um dos mais urbanizados, bucólicos e aprazíveis do Recife.


A Estrada Real do Poço é o seu principal acesso. No Poço, as casas
antigas de família ainda são habitadas e estão em bom estado de
conservação, conferindo ao local um ar dos tempos passados.

20 Fotos no sentido horário: Igreja de Nossa Senhora da Saúde,


Estrada Real do Poço, Venda de Seu Vital e casarões preservados
Rota do Açúcar

1
Museu do Homem do Nordeste
Visitação: Terça a Sexta de 9h às 17h - Sábado e domingo de 13h às 17h

O MHN é localizado na Av. 17 de Agosto, Poço da Panela, e foi


fundado em 1979 por Gilberto Freyre. O Museu faz parte da Direto-
ria de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundação Joaquim
Nabuco - Fundaj. Sua missão é pesquisar, documentar, preservar
e difundir o patrimônio cultural material e imaterial do Nordeste.

O Museu do Açúcar é hoje parte do Museu do Homem do Nordeste.


O seu edifício foi projeto do arquiteto Carlos Antônio Falcão Correia
Lima. Possui dois pavimentos e abriga o MHN. Seu acervo, represen-
tativo da formação histórica, étnica e social da atual Região Nor-
deste, possui cerca de 15 mil peças, herança cultural do índio, do
europeu e do africano na formação do povo brasileiro.

Compõem o acervo do museu materiais de construção dos sé-


culos XVIII e XIX referentes aos mocambos; ex-votos e objetos de
cultos afro; peças e utensílios da agroindústria açucareira; instru-
mentos de suplício de escravos; bonecas de pano e brinquedos
populares; cerâmica regional de Vitalino, Nhô Caboclo, Zé Rodri-
gues, Porfírio Faustino e de outros notáveis e anônimos artistas do
povo; além das tecnologias do trabalho no açúcar e peças da
vida nas casas-grandes e senzalas. Esse acervo o torna um dos
mais importantes museus histórico-antropológicos do Brasil.

Acima: moenda de cana-de-açucar manual; Escrava ama de leite Mônica com 21


Augusto G. Leal - Coleção Cehibra - Fundaj - Foto de João Ferreira Vilella, 1860
Recife Lugar de Memória

22
Rota do Açúcar

1
Os folguedos populares, originados nos desejos de liberdade dos
escravos e sempre regados a cachaça, são parte importante da
cultura nordestina. O Bumba-meu-Boi e o Maracatu são espetá-
culos que misturam elementos de comédia, drama, sátira e tra-
gédia demonstrando a força bruta e fragilidade humanas.

Página anterior: Cazumbá do Bumba-meu-Boi. Acima: Festa de N. S. do Rosário dos 23


Pretos, Caboclo de Lança e Boneca do Maracatu e Cachaça - acervo MHN - Fundaj
Recife Lugar de Memória

1
Índios e principalmente escravos trazidos da África foram a força
motriz na agricultura, engenhos de açúcar e mineração no Brasil.
A escravidão indígena foi abolida pelo Marquês do Pombal no final
do séc. XVII. Mas a escravidão só foi abolida com a Lei Áurea em 13
de maio de 1888. O Parque 13 de Maio comemora essa data.

24 Acima, grilhões de ferro para prender e torturar escravos


Acervo do Museu do Homem do Nordeste - MHN - Fundaj
Rota do Açúcar

1
Eng. São Pantaleão do Monteiro
Bairro do Monteiro - O engenho de São Pantaleão do Monteiro foi
fundado no século XVI por Manuel Vaz e sua mulher Maria Rodri-
gues. Seu proprietário no século XVII, Francisco Monteiro Bezerra,
deu o nome ao engenho e à localidade. Ficava entre o Engenho
Casa Forte e o Engenho Apipucos. Ainda existem um arruado co-
lonial e algumas residências antigas preservadas. Há vestígios das
colunas da entrada de acesso à casa-grande da propriedade.

O Rio Capibaribe ainda encon-


tra-se em um estado bastante
natural no Monteiro. Tem-se
acesso às vistas do rio por trás
de algumas propriedades e edi-
fícios. A depender da maré, ob-
serva-se o Capibaribe subindo
ou descendo, pelo movimento
das baronesas (plantas aquáti-
cas) sobre sua superfície.

25
Recife Lugar de Memória

1
Engenho de Apipucos
Bairro de Apipucos - O Engenho de Apipucos foi partilhado em
1577 das terras do Engenho São Pantaleão do Monteiro. Foi ataca-
do em 1645 pelos holandeses, que destruíram a sua capela (onde
hoje está a Igreja de Apipucos). Tudo foi saqueado e levado para o
Engenho Casa Forte, onde Ana Paes, proprietária, era feita refém.

Apipucos (ape-puca, “caminho que bifurca” em Tupi) tem um belo


conjunto colonial de casas dos dois lados da Rua Apipucos, continu-
ação da Av. 17 de Agosto. O Açude de Apipucos é uma das belas
vistas do Recife e deságua no Rio Capibaribe. A Fundação Gilberto
Freyre está logo em seguida à direita, na direção de Dois Irmãos.

26
Rota do Açúcar

1
Fundação Gilberto Freyre
Visitação: Segunda a Sexta de 9h às 17h - Rua Dois Irmãos, 320, Apipucos

A Casa de Gilberto Freyre foi transformada em Fundação no dia


11 de março de 1987. A Vivenda Santo Antônio de Apipucos, hoje
Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, está instalada no local
onde o escritor escolheu para morar, por mais de 40 anos. A sua
construção é reconhecida como casa-grande original do século
XIX. Foi reformada em 1881. Hoje abriga o conjunto de objetos co-
lecionados, guardados e ordenados pela família Freyre.

Gilberto Freyre nasceu em 15


de março de 1900 e morreu em
18 de julho de 1987, no Recife.
Dedicou-se a interpretar o Brasil.
Foi sociólogo, antropólogo, his-
toriador, jornalista, autor de fic-
ção, poeta, pintor e fazedor de
licor de pitanga, dentre muitas
outras coisas. Entre os seus livros
que inspiram este guia estão
Casa-Grande & Senzala, 1933;
Sobrados e Mucambos, 1936; e
Assucar, 1939. Sua estátua está
no Largo de Apipucos.

Acima: painel cerâmico do artísta Francisco Brennand 27


com poema de João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
Recife Lugar de Memória

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Engenho Dois Irmãos
Bairro de Dois Irmãos - O Engenho foi erguido nas terras do enge-
nho Apipucos pelos irmãos Antônio e Tomás Lins Caldas no século
XIX. Por serem muito unidos, eles construíram duas casas idênticas,
lado a lado, e denominaram o engenho de Dois Irmãos. Na frente
das casas está a Praça de Dois Irmãos, projetada por Burle Marx.
Nos fundos da praça está o Parque Zoológico de Dois Irmãos.

O Açude do Prata, que fazia parte da propriedade, e que agora


está por trás do zoológico, foi usado pela antiga Companhia Be-
beribe de águas para abastecer o Recife. A água era bombea-
da para cima do morro de Dois Irmãos (agora reserva florestal de
Mata Atlântica) e por gravidade era distribuída para a cidade.

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Rota do Açúcar

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Engenho Brum-Brum
Era localizado à margem esquerda do Capibaribe, com terras
que iam da povoação de Caxangá (final da Avenida Caxangá)
até a propriedade que é hoje o município de Camaragibe.

Acima, temos a casa-grande do Engenho Camaragibe (camara


é planta / gibe é rio, em tupi-guarani) sobre a colina que é a con-
tinuação geográfica natural da várzea do Capibaribe.

Engenho Poeta
Esse engenho ficava onde hoje é o final da avenida Caxangá.
Também pertenceu ao Governador da Capitania de Pernambu-
co João Fernandes Vieira e funcionou até 1942 como engenho
de açúcar. Um arruado histórico ainda existe na margem direita
do Capibaribe, arruado que teve sua origem nas atividades do
engenho. Suas terras foram vendidas ao Caxangá Golf & Country
Club, ainda em operação.

A beleza da várzea do Capibaribe pode ser vista na UFRPE, Campus Dois Irmãos 29
Recife Lugar de Memória

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A Várzea do Capibaribe
Muitos engenhos surgiram na Várzea do Capibaribe, engenhos es-
ses que deram nomes e localidades para muitos bairros do Recife.
As terras de várzea, que eram ideais para o plantio da cana-de-
-açúcar, pertenceram ao Engenho do Meio, Engenho São João,
Engenho Santo Antônio e compreenderam o que hoje são os bairros
da Várzea, Brasilit, Cidade Universitária, Iputinga, Engenho do Meio
e Monsenhor Fabrício, chegando até o Cordeiro, Torre e Madalena.

Engenho do Meio
Bairros do Engenho do Meio e Cidade Universitária - Foi tomado
pelos holandeses no século XVII. Nas suas terras foi erguida a for-
tificação do Arraial Novo do Bom Jesus, com as suas ruínas hoje
localizadas na Av. do Forte, s/nº, Bairro do Torrões. Também, as
ruínas da fundação da casa-grande do Engenho do Meio ainda
podem ser vistas no canteiro central do Campus da Universidade
Federal de Pernambuco, quase em frente à Biblioteca Central.

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Rota do Açúcar

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Engenho de Santo Antônio
Bairro da Várzea - Foi fundado por Diogo Gonçalves no século XVI
e deu origem a uma povoação que era cercada por 16 engenhos
de açúcar. Em 1630 o holandês Adriaen Verdonck escreveu que
na Várzea “está a melhor e mais bela moradia… e é de onde vem
o melhor e a maior parte do açúcar de Pernambuco”.

Em 1645, João Fernandes Vieira, por ser proprietário dos engenhos


São João, do Meio e Santo Antônio e ser o principal chefe da In-
surreição Pernambucana, estabeleceu na Várzea do Capibaribe
resistência e o novo Governo da Capitania de Pernambuco, de
1645 até a expulsão dos holandeses, em 1654. A povoação e a
igreja são as origens do Bairro da Várzea.

Uma restauração arquitetônica recente e uma prospecção arqueo-


lógica expôs paredes e detalhes da construção da capela original.
Uma placa na igreja registra que ali foi sepultado “O Bravo Dom An-
tônio Felipe Camarão, governador de índios, que, com seus arcos e
flechas, defendeu a fé e a Pátria contra o batavo invasor”. Na sua
sacristia foi descoberto o cemitério dos mortos das duas batalhas da
guerra holandesa dos Montes Guararapes, em 1648 e 1649.

Foto no alto: Praça da Várzea, ponto central da povoação inicial 31


Foto acima: lateral da Igreja da Várzea com a construção original exposta
Recife Lugar de Memória

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Instituto Ricardo Brennand
Aberto de terça a domingo das 13h às 17h, Bairro da Várzea

O Instituto Ricardo Brennand possui um rico acervo em peças me-


dievais e a maior coleção privada de obras do pintor holandês
Frans Post, que veio com Nassau ao Recife. Fica à margem direita
do Capibaribe, nas terras do antigo Engenho de Santo Antônio.

No jardim estão dispostas esculturas e diversas obras de arte. A


torre de entrada é originária da França. O visitante pode encon-
trar também quadros de orientalistas, tapeçarias, vitrais, mobiliário
gótico e outras peças que remetem aos séculos XVI e XVII.

32 Acima, uma cópia autorizada do David de Miguelangelo


faz parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand
Rota do Açúcar

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Engenho São João
Bairro da Várzea - Esse engenho também pertenceu a João Fer-
nandes Vieira no século XVII. Na margem esquerda do Rio Capi-
baribe, fazia limite com o Engenho Camaragibe, hoje município.
Pertence à família Brennand desde o século XIX. Até 1945 nele fun-
cionou a Cerâmica São João, que fabricava tijolos e telhas.

Ateliê e Oficina Cer âmica


Fr ancisco Brennand
Aberto de segunda a sexta das 8h às 16h, Bairro da Várzea

O artista plástico pernambucano Francisco Brennand reconstruiu


os galpões da fábrica cerâmica e desde 1971 tem o seu ateliê de
pintura, desenho e cerâmica no local.

Também merece destaque o verde da Mata Atlântica e o espaço,


que é ao mesmo tempo museu e ateliê de produção e possui ca-
pela, auditório e loja-café.

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Recife Lugar de Memória

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Museu do Estado de Pernambuco
Aberto de terça a sexta, das 9h às 17h. Sábados e domingos, das 14h às 17h

O Museu do Estado foi criado em 1928 e funcionou até 1940 no


Palácio da Justiça, quando se transferiu para o atual endereço,
um luxuoso casarão do século XIX situado na Avenida Rui Barbo-
sa, 960, Bairro das Graças. Seu acervo é bastante variado e conta
com estátuas de divindades greco-romanas, cerâmicas variadas,
mobiliário seiscentista, Frans-Post e Barléu, pinturas retratando pes-
soas importantes e a cidade em seus antigos tempos. O Museu
tem um anexo dedicado à arte moderna e contemporânea.

Teatro de Santa Isabel


Situado no Campo das Princesas, foi inaugurado em 1850 e tem for-
mas neoclássicas. O projeto é de Louis Vauthier. Companhias inter-
nacionais se apresentavam nele antes de seguir para o sul do País.
Abrigou os debates que consolidaram a abolição da escravatura.

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Rota do Açúcar

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Faculdade de Direito
Aberta em horário comercial e de aulas.

A Faculdade de Direito do Recife é situada na Rua Princesa Isabel.


O prédio apresenta características ecléticas, com predomínio do
neoclassicismo. Nesta faculdade estudaram intelectuais e políti-
cos, como Tobias Barreto e Joaquim Nabuco, que com discussões
sobre a abolição da escravatura e instalação da república cha-
mavam a atenção da sociedade da época. Os jardins têm estátu-
as e entre elas um busto de Castro Alves. Uma jovem árvore baobá
está plantada à direita de quem olha para o prédio.

Parque 13 de M aio
O Parque 13 de Maio situa-se em frente à Faculdade de Direito.
Foi inaugurado em 1939 e homenageia a abolição da escra-
vatura. Burle Marx participou do projeto paisagístico. O Parque
possui lago, pista de cooper e minizoológico.

Basílica e Convento do Carmo


Aberta de segunda a sexta das 6h às 11h30 e das 14h às 17h
A praça em frente à Igreja do
Carmo recebeu em um pos-
te, no dia 20 de novembro
de 1695, a cabeça degolada
e salgada de Zumbi, líder do
Quilombo dos Palmares. Ele
foi capturado em Alagoas e
trazido ao Recife. Foi morto e
decapitado. A data de 20 de
novembro é a Data Nacional
da Consciência Negra em
memória a Zumbi e sua causa.
Dom Helder Camara celebrou
a “Missa dos Quilombos” em
1981 na igreja, ligando o mar-
tírio de Zumbi aos dos perse-
guidos da Ditadura de 1964.

A Faculdade é projeto de José Antônio de Almeida Pernambuco e 35


Gustave Varin e data de 1880
Recife Lugar de Memória

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Joaquim Nabuco - Praça e Túmulo
A Praça Joaquim Nabuco tem uma estátua em bronze do
abolicionista de autoria de João Bereta de Carrara, sobre um
pedestal de argamassa calcária, esculpido por Pedro Mayol.
A inauguração foi no dia 28 de setembro de 1915. Um edifício
em frente à praça possui painel em cerâmica pintada do ar-
tista Abelardo da Hora.

O Cemitério de Santo Amaro é o maior cemitério público do Reci-


fe. Nele estão enterradas grandes personalidades pernambuca-
nas, como Manuel Borba, ex-governador de Pernambuco; o pin-
tor e poeta Vicente do Rego Monteiro; os abolicionistas Joaquim
Nabuco e José Mariano Carneiro da Cunha; o ex-governador
Miguel Arraes; os músicos Capiba; Chico Science; entre outros.

Merecem destaque os mausoléus, ornados com belíssimas


obras de arte, em bronze, ferro, mármore, granitos das mais di-
versas cores, como demonstra a foto acima e à direita, do túmu-
lo de Joaquim Nabuco. Neste cemitério também está enterrada
a Menina-sem-nome, santa católica popular não canonizada.

36 Fotos acima: mural em azulejo de Abelardo da Hora, estátua em bronze da Praça


e mausoléu em mármore de Carrara no Cemitério de Santo Amaro
Rota do Açúcar

1
Porto do Recife - Cruz do Patrão
O Porto do Recife está ligado ao desenvolvimento socioeconô-
mico e cultural do estado de Pernambuco e do Nordeste. Ele foi
o ponto de trocas de mercadorias e abastecimento das capita-
nias do nordeste durante a colonização. No século XVI aumenta
a importação, produção e exportação de açúcar. A cidade do
Recife surge da vizinhança do porto. Nele, imigrantes europeus
se estabeleceram para viver do comércio. O Rio Capibaribe
deságua no porto do Recife o açúcar dos engenhos das suas
margens, e as pessoas frequentavam as áreas da alfândega do
porto. Foram construídos armazéns, para estocar açúcar, sobra-
dos, casarões, moradias populares e estabelecimentos comer-
ciais, alguns ainda existentes.

Na descida da Ponte do Limo-


eiro, à esquerda, está a Cruz do
Patrão, edificada originalmen-
te no século XVI, em madeira,
sendo reconstruída em 1814.

A Cruz se alinha ao cruzeiro da


Igreja de Santo Amaro das Sa-
linas e orientava os navios que
manobravam no Porto do Reci-
fe. O nome refere-se a patrão-
-mor, mestre de barco.

Foto acima: a Cruz do Patrão está no imaginário popular como local sagrado às 37
religiões afro-brasileiras. Pensa-se que escravos tenham sido sacrificados nela
Recife Lugar de Memória

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Os Holandeses

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O Período Holandês

Maurício de Nassau

A Insurreição Pernambucana

Monte dos Guararapes


Recife Lugar de Memória

2
O Período Holandês
A memória holandesa no Recife perdura em vários lugares. Uma
era de prosperidade financeira e social para a cidade. Entre 1580
e 1640, a União Ibérica, que era formada à época pelos atuais ter-
ritórios da Espanha e de Portugal, proibiu o comércio de açúcar da
América com a Holanda. Mas os holandeses detinham grande vo-
lume de capital investido nessa atividade comercial e resolveram
enviar expedições militares para conquistar a região Nordeste bra-
sileira, com o objetivo de restabelecer o seu comércio do açúcar.

Assim, pode-se dizer que o período holandês no Recife teve iní-


cio na chamada Dinastia Filipina, que decorreu entre 1580 e 1640,
quando Portugal e as suas colônias estavam sob domínio da Co-
roa da Espanha.

Os holandeses chegaram ao Brasil em 9 de maio de 1624, apor-


tando no Farol da Barra, na Bahia, onde ficava a então capital
da colônia, Salvador. A esquadra holandesa, composta de 3.400
homens, não demorarou a render o governador-geral. Mas a re-
sistência foi forte. Em 27 de março de 1625, uma esquadra portu-
guesa, comandada pelo espanhol D. Fradique de Toledo Osório,
aportou nas terras baianas. Em 1º de maio os holandeses se rende-
ram e logo foram expulsos.

Em fevereiro de 1630, uma nova expedição, com 64 navios e 3.800


homens, chegou a Pau Amarelo, próximo a Olinda. Os portugueses
armaram uma frágil resistência e foram derrotados às margens do
Rio Doce. Os holandeses marcharam para Olinda, onde ficaram por
um ano. Mas, para dominar o comércio do açúcar, foram para o
Recife, um subúrbio de Olinda com seu porto. Ao deixarem Olinda,
os holandeses atearam fogo às principais construções da cidade.

Os holandeses se estabeleceram no Recife, local estratégico para


o domínio do comércio do açúcar. Interessava-lhes principalmente
o porto do Recife, um dos principais pontos de escoamento e che-
gada de produtos provindos das mais diversas partes do mundo.
A situação, no entanto, era bastante árdua para os invasores holan-
deses. O Recife, à época apenas um povoado ao redor do porto,

40 No alto, gravura de John Ogilby, “Ataque Holandês a Olinda”, 1671 - Londres


Rota Holandesa

com pouquíssimas casas e nenhuma infraestrutura, não era um lu-


gar seguro, e as condições de vida eram quase inumanas.

Valendo-se disso, os portugueses, sob o comando de Matias de Al-


buquerque e então relegados aos arredores do Recife, organiza-
ram a resistência, realizada na forma de emboscadas e investidas
pontuais contra o inimigo, episódio que ficou conhecido como
Guerra Brasilis. Depois, vários confrontos foram travados, culmi-
nando na Insurreição Pernambucana. Desse movimento, consta
a batalha derradeira, conhecida como Batalha dos Guararapes,
ocorrida nos Montes Guararapes.

Desse período consta a contribuição grandiosa dos holandeses


para o desenvolvimento do Recife: de pequeno povoado às mar-
gens do porto, o Recife, principalmente sob o comando do Conde
João Maurício de Nassau, tornou-se um centro urbano de grande
desenvolvimento, possuindo, ao fim do período holandês, um co-
mércio e uma estrutura bastante desenvolvidos.

Da ocupação holandesa, muitos heróis, dos quais as guerras


tiraram a vida, ainda hoje persistem nas narrativas históricas
recifenses. Dos locais, ainda que poucos restem de pé, nas-
cem as memórias de um tempo outro, que o passar das épo-
cas não conseguiu apagar.

Acima: Mapa do Recife, Johannes Vingboons, 1665 41


Abaixo: Batalha dos Guararapes, Francisco Brennand, Rua das Flores, Recife
Recife Lugar de Memória

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Forte do Brum
Aberto de terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h

O Forte do Brum, iniciado em 1629, por ordem do então governa-


dor Matias de Albuquerque, foi tomado pelos neerlandeses logo
a seguir, quando ainda estava nos alicerces. De Forte Diogo Pais,
passou a ser chamado Forte Bruyne (e, por corruptela, Brum), em
honra ao conselheiro holandês Johan Bruyne.

De sua existência, escreve Gaspar Barléu, em História dos feitos


recentemente praticados durante oito anos no Brasil: “Não longe
do Forte de S. Jorge, avista-se o do Brum com quatro bastiões e
sete peças de bronze, fechado, demais, com a sua estacada”. Es-
tacadas são as estacas de madeira, preenchidas com areia, da
construção original holandesa. A atual, em alvenaria, foi feita pelos
portugueses, concluída no século XVII. Nessa época, foi rebatizado
de Forte de São João Batista, acrescentado depois o nome Brum.
O Forte do Brum testemunhou a Revolução Pernambucana, a Con-
federação do Equador e a Revolução Praeira.

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Rota Holandesa

2
Quarteir ão Fr anciscano
Os mapas holandeses constituem um valoroso registro da emprei-
tada neerlandesa no Recife. Neles, pode-se ver o planejamento
urbano nos bairros de Antônio Vaz e da Boa Vista, o primeiro da
cidade. Desse planejamento, resta-nos o Quarteirão Francisca-
no, à direita na Rua do Imperador, em frente à Praça da Repú-
blica. O Convento Franciscano de Santo Antônio foi iniciado em
28 de outubro de 1606, pelos frades franciscanos de Olinda, nas
terras do senhor de engenho Marcos André. No período holandês
(século XVII), o lugar fez parte do Forte Ernesto.

No claustro, que é anterior ao barroco, encontram-se colunas es-


culpidas em um só bloco de pedra de arrecifes que sustentam ar-
cos plenos. As colunas e os arcos formam um harmonioso conjunto
arquitetônico. A foto acima, à direita, mostra os azulejos holan-
deses do Convento, únicos exemplos remanescentes no Recife.
O conjunto franciscano ainda tem a Capela Dourada, finalizada
em 1724, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, datada
de 1702, e o Hospital de São Francisco, também do século XVIII.

Forte Ernesto
Escreveu Barléu: “O forte de Ernesto ergue-se na ilha de Antônio
Vaz, ao ocidente do Recife. Tem três faces e é munido de um
fosso assaz largo, de paliçadas e bastiões. Com quatro bocas de
fogo, guarda ele o rio, as planícies da ilha e a vila de Antônio Vaz,
que aí nasceu”. Acredita-se que o Forte se localizava onde hoje
está situado o Quarteirão Franciscano e servia de proteção ao
Palácio de Friburgo, residência do Conde Maurício de Nassau.

Acima: Mapa do Recife, detalhe, Forte Ernesto, Johannes Vingboons, 1665 43


Recife Lugar de Memória

2
Pr aça da República e Imper ador
A Praça da República está situada onde antes havia o parque
zoobotânico no qual se inseria o Palácio de Friburgo, residência
de Nassau durante sua estadia no Recife. O Palácio de Friburgo
era também conhecido como Palácio das Torres, devido às suas
duas torres laterais que ajudavam na defesa e na orientação dos
navegantes. Nele, viviam espécies da fauna e flora local, hoje
substituídas pelas belas estátuas e pelo imenso baobá. A Praça é
considerada o primeiro espaço urbano projetado do Recife.

Seguindo pela Rua do Imperador, da Praça da República,


veem-se os resultados da urbanização de Nassau: na esquina
com a Rua 1º de Março, encontra-se uma construção antiga, de
dois pavimentos, onde havia o prédio que serviu de primeira re-
sidência a Nassau e onde funcionou o Primeiro Observatório As-
tronômico das Américas, construído por Marcgrave; observam-se
“sobrados magros” ao estilo de Amsterdã; e mais adiante a Igreja
do Espírito Santo, 1642, que originalmente era um templo calvi-
nista, e única igreja erguida sob o domínio holandês.

44 No alto, gravura de Frans Post do Palácio Frigurgo de 1642


Ao centro, baobá, Teatro de Santa Isabel e edificações na Rua do Imperador
Rota Holandesa

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Maurício de Nassau
O Conde João Maurício de Nassau-Siegen foi o eleito para co-
mandar o governo holandês no Recife. De espírito renascentista,
Nassau empreendeu uma grandiosa reforma urbana na cidade,
dos quais restam ainda o quarteirão franciscano, ruas no bairro
da Boa Vista, a Praça da República e o Palácio do Governo, que,
se não é o original, traz consigo a proximidade arquitetônica e o
planejamento paisagístico do governador flamengo.

Em 1644, Nassau foi destituído


do cargo. Instala-se a crise:
revoltas ocorrem nos arredo-
res, sendo a mais conhecida
a Insurreição Pernambucana,
da qual fazem parte a Batalha
das Tabocas e a fatídica Bata-
lha dos Guararapes. Esta selou
o fim do período holandês no
Recife — pelo menos, o fim de
um período político, visto que
o imaginário coletivo da Cida-
de Maurícia, Mauriciópolis ou
Mauritsstad, ainda é habitado
por personagens flamengos.

Com Nassau, foram constru-


ídas duas fortalezas na Ilha
de Antônio Vaz (hoje bairro de Santo Antônio): o Forte Ernesto,
junto ao qual havia o Grande Alojamento, área fortificada que
mais tarde viria a ser a Praça da República, e o Forte Frederico
Henrique (Frederick Hendrick), hoje denominado Forte das Cinco
Pontas. Também dessa época constam a Ponte Maurício de Nas-
sau, o Palácio de Friburgo, o zoológico e o palácio de Nassau,
também chamado de Palácio da Boa Vista, situado a leste da
Ilha, às margens do rio Capibaribe, sua residência de descanso.

Na comitiva de Nassau estavam artistas, cientistas, cartógrafos,


entre eles: Gaspar Barléu, Frans Post, Albert Eckhout e George
Marcgraf, que retrataram e inventaram um Recife holandês.

Acima, capa de “Historia Naturalis Brasiliae”, Guilherme Piso, 1648 45


Nassau, gravura de Willen Jacobz Delff, 1637, Museu do Estado de Pernambuco
Recife Lugar de Memória

2
Rua do Bom Jesus
Atualmente conhecida como Rua do Bom Jesus, a Rua dos Ju-
deus tinha esse nome justamente por sediar a sinagoga. É consi-
derada a rua mais antiga do Recife. Seu nome vem do Arco do
Bom Jesus, porta da cidade até 1850. É uma das mais importan-
tes e belas ruas do Bairro do Recife.

Na Rua do Bom Jesus, está a Sinagoga Kahal Zur Israel, primei-


ra sinagoga oficial das Américas, fundada por judeus que se
fixaram no Recife durante o governo holandês. O monumento
marca um período de tolerância religiosa, quando o Estado ho-
landês permitiu aos judeus professarem sua fé no Novo Mundo.
Com a saída dos flamengos, os judeus foram expulsos, e um dos
navios que os conduzia de volta à Europa perdeu o rumo, indo
aportar em Nova York. Lá ajudaram a fundar a primeira comuni-
dade judaica da cidade.

Palácio da Boa Vista


Às margens do Rio Capibaribe, signo cultural do Recife, localiza-
va-se o Palácio da Boa Vista, construído por Maurício de Nassau
para seu descanso. Sua arquitetura apresentava telhado bai-
xo, com quatro águas, e janelas pequenas. Na frente, Nassau
mandou construir a segunda ponte do Recife, hoje conhecida
como Seis de Março. Historiadores acreditam que o Palácio da
Boa Vista localizava-se onde hoje está o Convento do Carmo.

46 Acima, abóbada da Basílica do Convento do Carmo na Av. Dantas Barreto


A cabeça de Zumbi foi exposta em estaca na praça em frente à Basílica em 1695
Rota Holandesa

2
Forte das Cinco Pontas
Aberto de segunda a sexta das 9h às 18h; sáb. e dom. das 13h às 17h
Localizado bem próximo ao Porto do Recife, o Forte de São Tiago
das Cinco Pontas foi erguido sob ordem do coronel Diederick van
Waerdenburch, comandante das tropas holandesas quando da
tomada de Olinda e do Recife. A fortificação tinha por objetivo
proteger o porto, na foz do rio dos Afogados, e as cacimbas de
água potável de Ambrósio Machado.

Foi projetado por Tobias Commersteyn, apresentando, em sua plan-


ta, um polígono pentagonal com baluartes nos vértices. Ainda em
obras, o Forte foi alvo de ataque dos portugueses em 1630, tendo
resistido bravamente. Foi o ponto final de resistência dos holandeses,
que ali concentraram suas últimas defesas. Foi nesse forte que, no
dia 28 de janeiro de 1654, o General Francisco Barreto de Menezes
entrou solenemente, pondo fim ao período holandês no Brasil.

Do lado esquerdo, existe um monumento em homenagem a Frei


Caneca, que marca o local onde ele foi arcabuzado em 1825.

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Recife Lugar de Memória

2
A Insurreição Pernambucana
A Insurreição Pernambucana foi o movimento de resistência portu-
guesa à invasão holandesa no século XVII à capitania de Pernam-
buco. Culminou com a expulsão dos holandeses da região Nordeste
do Brasil e o retorno do governo português a Pernambuco.

A Holanda, com combates na Europa e bastante endividada,


resolveu cobrar os empréstimos dados aos produtores açuca-
reiros, e aquele que não pagasse teria suas terras tomadas.
Vários confrontos ocorreram. Em 3 de agosto de 1645 houve
a primeira grande derrota dos holandeses no Monte das Ta-
bocas, onde está a atual cidade de Vitória de Santo Antão.
Os que estavam contra os holandeses invadem o Recife e
fundam o Arraial Velho do Bom Jesus, onde hoje é o Sítio da
Trindade. Neste momento, João Fernandes Vieira é nomeado
Governador da Capitania. Os confrontos continuam, até que
insurretos e invasores lutam decisivamente nos Montes Guara-
rapes, em 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1649.

Pr aça Sérgio Loreto e Arredores


A Praça Sérgio Loreto se localiza no final da Avenida Dantas Barre-
to. Na Praça, encontra-se o monumento à Restauração Pernam-
bucana, de Abelardo da Hora (fotos abaixo). Perto da praça, no
Forte das Cinco Pontas, os holandeses captulam em 1654.

48 No alto, Batalha dos Guararapes, Igreja Conceição dos Militares, Recife


Rota Holandesa

Henrique Dias - Filho de escravos africanos, Henrique Dias


nasceu em Pernambuco. Liderou um grupo de africanos ao
lado e sob o comando de Matias de Albuquerque, líder mili-
tar da resistência lusitana.

Felipe Camarão - Antonio Felipe Camarão, indígena da tribo


potiguar. Convertido ao cristianismo, tomou parte na bata-
lha portuguesa contra os holandeses.

João Fernandes Vieira - João Fernandes Vieira foi Senhor de


engenho de origem portuguesa, mulato, e teve parte nas
Batalhas dos Guararapes como mestre de campo. Foi acla-
mado Chefe Supremo da Resistência e Governador de Per-
nambuco após a expulsão dos holandeses.

André Vidal de Negreiros - Brasileiro, André Vidal de Negrei-


ros lutou ao lado dos lusos nas Batalhas dos Guararapes. No-
ticiou o rei D. João IV sobre a expulsão dos holandeses. Foi
Governador e Capitão-Geral da Capitania do Maranhão, da
Capitania de Pernambuco e de Angola.

Os Quatro Heróis

Henrique Dias Felipe Camarão

João Fernandes Vieira André Vidal de Negreiros

Retratos dos Quatro Heróis por pintor desconhecido, séc. XVII, Wikimedia Commons 49
Recife Lugar de Memória

2
A Batalha de Casa Forte
Em memória a esse episódio, o bairro de Casa Forte dedica o nome
de sua principal avenida, a Avenida 17 de Agosto.

A batalha de Casa Forte ocorreu em 17 de agosto de 1645, logo


após a derrota holandesa no Monte das Tabocas. Ao marchar de
volta para o Recife, os holandeses saquearam o Engenho Apipu-
cos e acamparam no Engenho Casa Forte, de propriedade de
Anna Paes.

Um dia antes do combate, o chefe dos holandeses, coronel Hen-


rique Hous (van Haus), enviou um destacamento para prender
as mulheres de chefes revolucionários pernambucanos. Ao volta-
rem, com várias prisioneiras, entre elas Isabel de Góis, mulher de
Antônio Bezerra; Ana Bezerra, sogra de João Fernandes Vieira; e
Maria Luísa de Oliveira, mulher de Amaro Lopes, tornou-se o fato
de conhecimento do exército português, que se encontrava per-
to de Tejipió. João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros,
Henrique Dias e Felipe Camarão arregimentaram seus homens e
partiram em socorro das prisioneiras, chegaram ao local na ma-
nhã de 17 de agosto. As tropas pernambucanas surpreenderam
os holandeses, que puseram as mulheres à mostra na janela.

Interpretando o ato como a rendição dos flamengos, o chefe da


tropa pernambucana ordenou o cessar-fogo, e enviou um emis-
sário para negociar os termos de rendição, sendo ele morto pelos
holandeses. Isso debelou um ataque feroz dos pernambucanos
que, sedentos de vingança, atearam fogo à casa. Sufocado pela
fumaça, o coronel Henrique Hous rendeu-se junto com sua tropa.
A derrota dos holandeses cus-
tou 37 mortos, mais de 300
prisioneiros e proporcionou
grande quantidade de arma-
mento, cavalos e víveres aos
portugueses. A casa-grande
de Anna Paes era à esquerda
da igreja, onde agora existe o
Colégio Sagrada Família, na
Praça de Casa Forte

50 No alto, Praça de Casa Forte, projeto de Burle Marx


Abaixo, locais da “casa-grande” e “capela” de Dona Anna Paes
Rota Holandesa

2
Arr aial Velho do Bom Jesus
Sítio da Trindade
O Arraial Velho do Bom Jesus foi um dos principais pontos da resis-
tência pernambucana à invasão holandesa no Recife. A edificação
foi erguida quando as defesas litorâneas já haviam capitulado, ten-
do sido construída em taipa de pilão e circundada por um fosso de
aproximadamente 4,5 m de profundidade. Foi idealizado por Matias
de Albuquerque para impedir o avanço das tropas flamengas em
direção aos engenhos de açúcar.

Após 1633, com a queda do Passo dos Afogados, posto avançado


que impedia o acesso dos holandeses ao interior pelo Rio Capibari-
be, o Arraial foi cercado. Um ataque robusto pôs abaixo o Forte Real
do Bom Jesus. O ataque veio por terra e pela artilharia em ponto
elevado do hoje Morro da Conceição. Sem mantimentos e com os
soldados à míngua, o forte rendeu-se em 1635.

Mais tarde, em 1859, quando da visita de D. Pedro II a Pernambuco,


buscou-se, a mando do imperador, a localização de suas ruínas. Os
vestígios, no entanto, só foram encontrados recentemente, em 2009,
pela equipe do Arqueólogo Marcos Albuquerque, UFPE.

No alto, visada do Arraial, do ponto onde os holandeses tinham sua artilharia 51


pesada. Abaixo, vestígios do fosso encontrado no Sítio da Trindade em 2009
Recife Lugar de Memória

Nossa Senhor a dos Pr azeres


do Monte Guar ar apes
Aberta de terça a sábado das 7h às 12h e das 14h às 17h

A Igreja dos Guararapes foi erguida por João Fernandes Vieira


em honra à vitória portuguesa nas duas batalhas dos Guarara-
pes. Sua fachada é em estilo barroco, com três portadas princi-
pais, galilé (espaço entre as portadas e porta de acesso à nave
central), óculo, frontão e torres sineiras com cúpula em obelisco.
A cantaria da Igreja é toda em pedra de arenito, incluindo sua
fachada, que apresenta, em algumas partes, cobertura de azu-
lejos portugueses. A igreja tem obras de arte dos séculos 17 e
18, além dos restos mortais de André Vidal de Negreiros e João
Fernandes Vieira, heróis das batalhas nos Guararapes.

52 Monte Guararapes: Município de Jaboatão dos Guararapes · PE


Rota Holandesa

2
As Batalhas dos Guararapes deixaram grandes heranças culturais
ao povo pernambucano e brasileiro. Para confirmar isso, basta
dizer que elas deram simbolicamente origem ao exército brasi-
leiro, pois, pela primeira vez na história do Brasil as três raças que
simbolizam a heterogeneidade brasileira lutaram em torno de um
ideal comum de pátria e nação que não a portuguesa.

A área ao redor da Igreja é o Parque Histórico Nacional dos Mon-


tes Guararapes, protegido por lei. O parque tem construções mo-
dernistas do arquiteto pernambucano Armando Holanda.

53
Recife Lugar de Memória

54
1817 e 1824

56 3

59

62

64

Revolução de 1817

Campo da Honra

Confederação do Equador

Capelinha da Jaqueira
Recife Lugar de Memória

3
Revolução de 1817
A chegada da Família Real Portuguesa, em 1808, ocasionou vá-
rias transformações nas estruturas econômicas do Brasil, sendo
a principal delas o apoio mais engajado às elites agroexporta-
doras do País e aos comerciantes portugueses. As regalias ge-
radas por esse apoio, no entanto, acabaram por ocasionar, por
sua vez, o aumento dos impostos, que serviam para financiar os
conflitos do reinado de D. João VI.

Tal aumento de impostos, no entanto, interferiu sobremaneira nas


atividades açucareiras e algodoeiras, principalmente porque a
produção do açúcar atravessava um período de recessão, com
a flutuação do preço desses produtos nos mercados internacio-
nais. Enfrentando dificuldades econômicas, os produtores açu-
careiros e grande parte da população encontraram dificuldades
em pagar os impostos, o que gerou uma grande insatisfação na
sociedade, já alimentada pelos ideais iluministas de igualdade e
liberdade, pregados por intelectuais à época.

Esse contexto social e ideológico acabou por insuflar alguns


proprietários de terra e uma parte da população formada por
brancos livres pobres, que, unidos em torno do ideal republicano,
fizeram eclodir um movimento revolucionário no estado de Per-
nambuco. Esse movimento foi chamado de Revolução de 1817.

A Revolução Pernambucana de 1817, também chamada de Re-


volução dos Padres, teve como marco inicial o dia 6 de março
desse ano, com a ocupação na cidade pelas tropas revoltosas.
No regimento de artilharia, estava o capitão José de Barros Lima,
conhecido como o Leão Coroado, que reagiu à voz de prisão e
matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro.

Após isso, o Leão Coroado e sua tropa tomaram o quartel, mon-


tando trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tro-
pas monarquistas. Cercado no Forte do Brum, onde se refugiou,
o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro se rendeu
pouco depois.

56 Selo postal comemorativo aos 100 anos da Revolução de 1817


emitido em 6.03.1917, durante a República Velha brasileira
P. 54: Praça Frei Caneca, perto do Forte das Cinco Pontas
Rota 1817 e 1824

Participaram do movimento Domingos José Martins, Antônio Car-


los de Andrada e Silva e Frei Caneca. O movimento se apossou do
tesouro da província e instalou um governo republicano provisório.

Em 29 de março, uma assembleia constituinte foi convocada,


participando dela representantes eleitos em todas as comarcas.
Nessa ocasião, separaram-se os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário; foi instituída a liberdade de culto, com o catolicismo
permanecendo a religião oficial; e proclamada a liberdade de
imprensa, pela primeira vez no Brasil. Também alguns impostos
foram abolidos, embora a escravidão tenha sido mantida.

A derrocada do movimento ocorreu principalmente pela não


adesão das províncias vizinhas, o que facilitou o sufocamento da
revolução pelas forças do Império.

SONETO

Meus ternos pensamentos, que sagrados


Me fostes quazi à par da Liberdade;
Em vós não tem poder a Iniqüidade;
À esposa voai, narrai meos fados.

Dizei-lhe, que nos trances apertados,


Ao passar d’esta vida à Eternidade,
Ela d’alma reinava na ametade,
E com a Pátria partia-lhe os cuidados.

A Patria foi o meo Nunem primeiro,


A Espôza depois o mais querido
Objecto do disvelo verdadeiro.

E na morte entre ambas repartindo


Será de huma o suspiro derradeiro,
O da outra ha de ser final gemido.

(Domingos José Martins, nos cárceres da Bahia, em 1817)

Acima: Embarque de Dom João e toda a família Real para o Brasil no 57


cais de Belém - H. L’Èveque, 1815 - Biblioteca Nacional de Portugal
Recife Lugar de Memória

3
Forte do Brum
Aberto de terça a sexta das 9h às 16h; sábados e domingos das 14h às 16h

Um importante lugar de memória desse evento é o Forte do


Brum, onde o então governador Caetano Pinto de Miranda
Montenegro buscou refúgio quando cercado pelos revoltosos.
Nesse local, ele acabou se rendendo ao capitão José Barros de
Lima, o Leão Coroado.

José de Barros Lima nasceu no Recife. Serviu no Regimento de Arti-


lharia. Foi diretor da aldeia de índios de Limoeiro entre 1794 e 1796 e
cursou matemática em Lisboa. Ele foi o responsável simbólico pelo
início da Revolução Pernambucana, após rejeitar uma ordem de
prisão e matar o brigadeiro Manoel Joaquim de Barbosa e Castro,
no dia 6 de março de 1817. Com a derrota do movimento, foi detido
em 6 de julho de 1817, sendo enforcado quatro dias depois. Teve a
cabeça cortada e fincada em um poste de Olinda; suas mãos foram
decepadas; e seu corpo foi arrastado a cavalo para sepultamento.

58 Acima, detalhe do vitral de H. Moser, alegoria à Revolução de 1817


na escadaria principal do Palácio dos Campos das Princesas
Rota 1817 e 1824

3
Campo da Honr a
Antigo Largo do Erário - hoje Praça da República
No extremo norte da Ilha de Santo Antônio, na qual o conde Mau-
rício de Nassau mandara erguer um dos seus palácios e instalara
um zoológico e um jardim botânico, existia um descampado que
abrigava uma imensa praça pública. Nesta praça, também se
localizavam os restos do prédio holandês onde funcionava o Erá-
rio Público, de onde provém o nome Largo do Erário.

O nome de Campo da Honra veio após as tropas revolucionárias


de 1817 terem rendido a tropa monarquista, na tarde do dia 6 de
março. No prédio do Erário instalou-se o primeiro governo repu-
blicano da história do Brasil.

Duas das maiores celebrações revolucionárias ocorreram neste


local: o casamento de Domingos Martins e Maria Teodora, em 14
de março; e a bênção da bandeira republicana, hoje símbolo de
Pernambuco, em 2 de abril.

Acima, bênçao da bandeira de Pernambuco, que foi consagra-


da no Campo de Honra, em quadro a óleo de A. Parreiras, no
Arquivo Público do Recife, e retrato de Domingos José Martins,
comerciante e Chefe Imortal da Revolução Pernambucana de
1817, em óleo sobre tela de F. T. J, Lôbo, acervo do Instituto Arque-
ológico Histórico e Geográfico Pernambucano, na Rua do Hos-
pício. Ele representou o comércio na Junta da Nova República.

No alto, monumento à Revolução de 1817 na Praça da República 59


Abaixo, imagens do Wikimedia Commons
Recife Lugar de Memória

3
Ponte do Recife
Atual Ponte Maurício de Nassau
A Ponte do Recife, onde atualmente se localiza a Ponte Maurí-
cio de Nassau, foi palco de um combate decisivo da Revolução
de 1817. Na tarde do dia seis de março, as forças revolucionárias
marchavam em direção ao bairro do Recife, que pretendiam
tomar, e lá encontraram a resistência monarquista. Os revolto-
sos saíram vitoriosos.

Antiga Cadeia Pública


Atual Arquivo Público do Recife
A cadeia pública funcionou onde hoje está o prédio do Arqui-
vo Público da Cidade do Recife, na Rua do Imperador — esta,
inclusive, chamava-se a Rua da Cadeia. Para lá eram enviados
os prisioneiros civis que tomaram parte nas revoluções de 1817 e
1824. Os militares eram presos nos fortes.

Na rua do Imperador, foto à direita, saindo da Praça da Repú-


blica, está localizado o Quarteirão Franciscano, na esquina
à direita (onde foi o Forte Ernesto na época de Nassau). Mais
adiante, à esquerda, está o prédio da antiga Cadeia Pública.

60 No alto, Ponte Maurício de Nassau, antiga Ponte do Recife


Rota 1817 e 1824

3
Forte das Cinco Pontas
O Forte das Cinco Pontas marca o local onde Frei Caneca, líder
das Revoluções de 1817 e 1824, foi arcabuzado. Remanescente da
guerra contra os holandeses, o local também abrigou a sede do
Quartel General Militar.

Para lá foi mandado, preso, o capitão Domingos Teotônio, co-


mandante militar dos patriotas pernambucanos, pouco antes
do movimento rebentar. Lá ficaram presos os oficiais portugue-
ses durante o movimento, e, após sua queda, também serviu de
prisão aos derrotados.

O forte já possuiu subterrâneos, que serviam de prisão, mas eles


foram demolidos em 1822, pelo então governador da província
Gervásio Pires Ferreira. No forte, ficou preso, à época da Ditadura,
em 1935, o romancista Graciliano Ramos. O escritor retratou esse
período em seu livro Memórias do Cárcere.

Matriz de Santo Antônio


Aberta de seg. a sex. 8h às 12h e 14h às 18h; sáb. e dom. 8h às 12h

A Mat r i z d e Sa nto A ntô n i o


é u m d os m a rcos d a a rq u i -
tet u ra ba r roca d e Pe r n a m -
b uco. É s it ua d a n o co ra -
çã o d a ci d a d e d o Reci fe,
na esq u i na d a Rua N ova
co m a Aven i d a D a nta s Ba r-
reto. A i g rej a fo i ta m bém
pa r te d a h i s tó r i a d a Revo -
l uçã o d e 1817: n o l oca l, fo i
ce l eb ra d o u m s u nt uoso Te
Deu m, em h o n ra a o m ov i -
m ento, em 9 d e m a rço. Sua
co n s t r uçã o fo i i n i ci a d a em
175 3 e f i na l i za d a em 179 0,
a o l a d o d o l oca l o nd e h a -
v i a a Ca sa d e Pó l vo ra.

61
Recife Lugar de Memória

62
Rota 1817 e 1824

3
Confeder ação do Equador 1824
A Confederação do Equador, ocorrida em 1824, foi outro dos
grandes movimentos revolucionários de Pernambuco ocorrido
no Recife. Tinha intenções emancipacionistas e republicanas,
simbolizando a principal reação contra o absolutismo e a po-
lítica centralizadora do governo de D. Pedro I, que dissolveu a
Assembleia Constituinte em 1823.

Em 2 de julho de 1824, Manuel Carvalho Paes de Andrade, militar


e político pernambucano, proclamou a independência da provín-
cia de Pernambuco e assumiu provisoriamente seu governo. Sua
intenção era formar, junto com Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe e Paraíba, uma confederação independente, livre
do poder imperialista. O movimento obteve um êxito momentâneo,
sendo, porém, dilacerado pelas dissidências internas e pelas tropas
do Império. Alguns de seus líderes foram condenados à morte.

Monumento a Frei Caneca


Joaquim da Silva Rabelo, depois Frei Joaquim do Amor Divino Rabe-
lo, popularmente conhecido como Frei Caneca, nasceu e morreu
no Recife, participando de várias revoltas libertárias. Envolveu-se na
Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equa-
dor. Exerceu a atividade de jornalista à frente do Typhis Pernambu-
cano. Devido à sua participação na Confederação do Equador,
Frei Caneca foi morto em 13 de janeiro de 1825, junto ao Forte das
Cinco Pontas (acima). No local, uma placa rememora o fato.

Na Praça Abreu e Lima, junto ao Cemitério dos Inglêses, 63


grande painel de Abelardo da Hora em memória do martírio de Frei Caneca
Página anterior: Frei Caneca, óleo de Cícero Dias, 1982, Casa da Cultura
Recife Lugar de Memória

3
Capelinha da Pr aça da Jaqueir a
Aberta manhãs, tardes e noites durante a semana em horários diversos

A área da Praça da Jaqueira era, à época da Revolução de 1817,


um sítio de propriedade do português Bento da Costa, pai de Ma-
ria Teodora. Nessa capelinha, foi celebrado o casamento dela com
Domingos Martins, um dos líderes da Revolução, em 14 de março. A
celebração ocorreria publicamente no Campo da Honra.

Uma construção barroca de 1781, a Capelinha possui talhas dou-


radas no altar-mor, painéis de azulejos portugueses no mesmo es-
tilo dos azulejos dos conventos carmelitas e franciscanos e painéis
sacros a óleo sobre madeira do século XVIII. Na sacristia existe um
raro lavatório do século XVIII com uma longa torneira de bronze.

64
Rota 1817 e 1824

3
Cemitério dos Ingleses
General Abreu e Lima
José Inácio de Abreu e Lima nasceu no Recife, a 6 de abril de
1794. Foi militar, político, jornalista e escritor. Mesmo nascido
no Brasil, participou com forte destaque das guerras de inde-
pendência da América espanhola, sendo um dos principais
líderes pela libertação dos países hispânicos da América do
Sul. Saiu do Brasil em 1818, após a morte do seu pai, o Padre
Roma, em 1817. Depois de residir no Rio de Janeiro, o General
retornou ao Estado de Pernambuco em 1844, mas foi preso
sob a acusação de envolvimento na Revolta Praieira (1848).

Um fato curioso sobre a sua destacada car reira é que, por


conta de suas opiniões de liberdade religiosa e devido ao
fato de ser maçom, o bispo Dom Francisco Cardoso Aires
acabou não autorizando o seu sepultamento no Cemitério
de Santo Amaro, no Recife em 1869. O General Abreu e Lima
teve que ser sepultado no Cemitério dos Ingleses.

O pai do General foi José Inácio de Abreu e Lima, também


conhecido como Padre Roma, defensor também dos ideais
republicanos. Foi um dos líderes da Revolução de 1817 e tam-
bém considerado um dos heróis da libertação da Venezuela,
desfrutando de maior reco -
nhecimento nesse país do
que no próprio Brasil.

Foi preso e condenado à mor-


te logo após o sufocamento
da Revolução. De sua memó-
ria, consta a Rua Padre Roma,
no bairro de Parnamirim.

O Cemitério dos Ingleses é de


1852 e marca a presença bri-
tânica em Permanbuco. A fa-
mília Brotherhood, fundadora
dos times de futebol Náutico e
Sport, tem túmulo nele.

As fotos dessa página mostram o túmulo do 65


General Abreu e Lima no Cemitério dos Ingleses
Ditadura 64

70 4

74

78

82

Miguel Arraes

Gregório Bezerra

Dom Helder Camara

Padre Henrique
Recife Lugar de Memória

4
resistência ao regime militar
A resistência ao golpe militar continuou nas ruas numa passeata
de estudantes. Da Escola de Engenharia à Praça da Indepen-
dência gritavam “Abaixo o golpe! Viva Miguel Arraes!” Solda-
dos do Exército e da Polícia Militar responderam com balas ao
léu e tiros à queima roupa. Mataram os estudantes Jonas José
de Albuquerque Barros, de 17 anos, e Ivan Rocha Aguiar, de 22.

Jonas era poeta (“vejo casebres/ símbolo de miséria/ miséria


porém/ que até agora/ não passou”) e um dos fundadores da
Associação Literária Machado de Assis (Alma). Em sua memó-
ria, a irmã, Marisa, lançou o livro Jonas! Presente... Agora e Sem-
pre!, em que também homenageia Ivan Rocha Aguiar, que mili-
tava no movimento estudantil:
vice-presidente da União dos
Estudantes de Palmares.

Gregório Bezerra, David Capis-


trano e outros quiseram uma
resistência armada, e muitos
até armaram como puderam,
mas não estavam organizados
o suficiente para isso.

68 Ivan e Jonas foram mortos no cruzamento das


Avenidas Dantas Barreto e Marquês de Olinda, perto do Palácio do Governo
Rota Ditadura 64

4
Uma frase de Gregório Bezerra resume bem a situação dos que
pensaram em resistir com força aos golpistas: “Em 35, a gente
tinha armas e não tinha massa; em 64, a gente tinha massa, mas
não tinha arma”. Com todas as armas disponíveis (não só as fí-
sicas), a resistência ao regime militar e a luta pela democracia
levou mais de vinte anos.

O Centro do Recife
A Avenida Guararapes foi por muito tempo “cartão postal do
Recife”. José Estelita (nome de um cais) e Domingos Ferreira
(nome de avenida) foram os engenheiros da obra, concluída
em 1937, no início do Estado Novo. Os prédios mais importantes,
na época, eram o cinema Trianon, hoje em ruínas, e os Correios.
Criada para resolver os problemas do trânsito da época, a Gua-
rarapes era um grande terminal de transporte coletivo.

Alguns endereços, com finalidades conhecidas, outras nem


tanto, “funcionavam” ali.

Av. Guararapes nº 131


Ali funcionou o IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Bancários). Na verdade foi, por algum tempo, o quartel da IV
Frota dos EUA. Ao lado do 131, havia o Café Nicola. O preferido
de Miguel Arraes.

Av. Guararapes nº 147


Edifício Sigismundo Cabral. Era o endereço do Bar Savoy (hoje,
filial de uma rede de farmácias). O Savoy era ponto de encontro
político-lírico e etílico durante os anos de chumbo.

Poetas, militantes, políticos, estudantes. Por isso no Bar Savoy,/


o refrão é sempre assim:/ São trinta copos de chopp,/ são trinta
homens sentados,/ trezentos desejos presos,/ trinta mil sonhos
frustrados”, dizem os versos do poeta Carlos Pena Filho.

Avenida Rio Branco nº 243


Edifício São Paulo. Ali funcionaram os serviços secretos da Usaid,
FBI e CIA nos anos da ditadura, no Recife.

Imagens dos jornais locais dessa Rota: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE 69


Recife Lugar de Memória

70
Rota Ditadura 64

4
Miguel Arr aes
Palácio do Campo das Pincesas - Praça da República
Miguel Arraes de Alencar (1916-2005) só pode governar Pernambuco
por treze meses, de 1963 a 1964, embora tivesse sido eleito para um
mandato de quatro anos. No dia 1º. de abril, os militares cercaram o
Palácio do Governo. Antes de ser preso e afastado do cargo, Arraes fez
um pronunciamento pelo rádio denunciando as arbitrariedades que
estavam sendo cometidas no país e defendendo o seu mandato, legi-

timamente concedido pelo povo. Os golpistas trataram de materializar


juridicamente na Assembleia Legislativa o seu afastamento compulsó-
rio e forçado. O projeto de resolução 996 foi aprovado, em votação se-
creta. 63 deputados estavam presentes. 45 votaram a favor, 17 contra, e
houve um em branco. Na mesma noite, às 23h30, foi realizada a sessão
de posse de Paulo Guerra (o vice), que substituiu o governador deposto.

“Não!”
A resposta do governador
Miguel Arraes ao general Jus-
tino Alves Bastos, que levou
pronta uma carta de renúncia
para ele assinar, foi o primeiro
ato de rebeldia ao 1º. de abril
de 1964, no Recife, quando se
iniciou o regime militar. Depois,
os militares voltaram e o pren-
deram, conduzindo-o primei-
ro ao quartel do Exército em
Jaboatão e, em seguida, ao
presídio da Ilha de Fernando
de Noronha.

Página anterior: retorno de Miguel Arraes depois de anistiado, 71


Acima, militares cercam a região do Palácio. Abaixo, Arraes recebe voz de prisão.
Recife Lugar de Memória

4
Palácio do Campo das Princesas
1841. O Palácio do Governo
foi construído no tempo em
que era presidente da provín-
cia (como se dizia na época)
Francisco do Rego Barros, o
conde da Boa Vista.

Serviu de paço imperial em


1859 para hospedar D. Pedro
II, que passou alguns meses
no Recife. Diz-se que data
desse momento o nome que
se popularizou: Palácio do
Campo das Princesas (pelo
fato de as filhas casal imperial
terem brincado no jardim).

No seu diário, o imperador comentou a estadia: “O palácio


está muito bem arranjado: ao pé da casa também me prepa-
raram um banheiro no rio. Mas por cautela não vou tomar ba-
nho lá...” Ao longo do tempo, o palácio sofreu outras reconstru-
ções, reformas, remodelações e modificações diversas, sendo
as maiores as de 1922. Não somente a arquitetura, o mobiliário
e as obras de arte (como um vitral em alegoria à Revolução
de 1817 no acesso ao primeiro andar) dão sentido à riqueza
cultural e histórica do palácio.

72
Rota Ditadura 64

4
Momentos políticos tensos, como a Revolução de 30, quando,
sem meios de resistir, tropas do Exército cercando o palácio, o
governador Estácio Coimbra, partiu para o exílio. Trinta e qua-
tro anos depois era a vez de Miguel Arraes.

Gilberto Freyre (secretário particular de Estácio), quando a des-


graça se abateu sobre o governador, lembrou-se do que diziam
velhos funcionários do Palácio: quando estavam para acontecer
desgraças aparecia antes um vulto escuro e alto no salão nobre.

Quando a desgraça se aba-


teu sobre o governador um
funcionário do Palácio co-
mentou: “Eu não lhe dizia
que o vulto do salão nobre
vinha anunciando desgraça?
Quando ele aparece é para
anunciar desgraça. Não
fal h a. A p a r e c e u a Zé B e -
zer ra que mo r reu logo de -
pois. Apa receu a Ba r bosa
a n t e s d o c o z i n h e i r o d e Zé
M a r i a n o e s p a l h a r ve n e -
n o n a f r i ta d a q u e q u a s e
m a ta m a i s d e c e m c a s a -
c u d o s d e u m a ve z .”

A Praça da República, em frente ao Palácio, também tem


uma história com muitas camadas sobrepostas de fatos, datas
e pessoas. Em 1945, durante um ato de protesto contra a Dita-
dura Vargas, o estudante de Direito e líder estudantil, Demó-
crito de Souza Filho, levou um tiro da polícia de Pernambuco
e morreu algumas horas depois. Além dele, também foi morto
o operário, que se encontrava no meio da multidão, Manoel
Elias dos Santos, conhecido como Manoel Carvoeiro. Esse fato
é visto por alguns historiadores como um marco no que viria a
ser o fim da Ditadura Vargas.

Arraes está enterrado em um túmulo simples, muito visitado, no Ce-


mitério de Santo Amaro. Um chapéu de palha lhe faz companhia.

Acima: Praça da República em frente ao Palácio do Campo das Princesas 73


Recife Lugar de Memória

74
Rota Ditadura 64

Gregório Bezerr a
Gregório [Lourenço] Bezerra nasceu em Panelas, interior de Pernam-
buco, em 13 de março de 1900, e morreu em São Paulo, em 1983.

Mas sua história estaria mais


marcada ao Recife, para onde
veio aos quatro anos de idade.
Sem-teto. Sem-terra. Analfa-
beto até os 25 anos. Carrega-
dor de bagagens na estação.
Operário da construção civil.
Jornaleiro. Interessou-se por
política “de outiva”. Líder polí-
tico, preso em 1935. Anistiado,
elegeu-se deputado em 1946.
Cassado em 1948. Preso após
o golpe de 1964. Preso. Preso.
Preso. Esta palavra iniciava
qualquer frase, quando se refe-
ria ao preso Gregório Bezerra.

“A solidariedade humana/como uma flor despontou/ no Largo


da Casa Forte/ onde o cortejo parou.”

Fotos de Gregório Bezerra dessa seção são cortesia de Jurandir Bezerra 75


Recife Lugar de Memória

Casa da Cultur a
Antiga Casa de Detenção

Os versos de Ferreira Gullar se referem ao ponto culminante de


uma cena que se perpetuou na memória política como uma das
mais explícitas ignomínias do regime militar: a tortura pública,
(Gregório foi torturado e arrastado pelas ruas de Casa Forte.

Uma corda no pescoço. Os pés em carne viva. Tudo isso exibido


pelas TVs da época do golpe militar).
Os versos do poeta definiram bem Gregório Bezerra como quem

“é bravo sem matar gente


mas não teme matador,
que gosta de sua gente
e que luta a seu favor,
como Gregório Bezerra,
feito de ferro e de flor.”

Comunista convicto, Gregório tentou arregimentar esforços con-


tra o regime que se instalava e indo até ao Palácio do Governo
obter armas para, com os camponeses, promover a resistência no

76 Fotos acima mostram Gregório Bezerra no período que esteve na Casa de Detenção.
Rota Ditadura 64

campo. Não conseguiu. Foi preso. Mais uma vez. Dos 83 anos de
vida, 22 foram em prisões, por motivos exclusivamente políticos. Foi
enterrado no Cemitério de Santo Amaro, numa tarde de outubro.

Gregório Bezerra é nome de ponte que liga as zonas Oeste e Sul


do Recife. A rua Gregório Bezerra fica na Macaxeira. Uma tran-
quila rua, de casas e sobrados.

Até 1973 era Casa da Detenção. Uma obra do engenheiro José


Mamede Alves Ferreira,1855. Foi reformada e transformada em
Casa da Cultura, 1976. As celas passaram a se chamar “boxes”
e, no lugar dos prisioneiros, abrigam peças de artesanato. Lá
também funcionam as sedes dos Movimento Negro Unificado e
dos Anistiados Políticos. A passagem de alguns prisioneiros ilustres
é também parte da cultura e da história da antiga Detenção:
como João Dantas, que matou à queima-roupa João Pessoa,
em 1930, na Rua Nova, bem próxima dali, e serviu como pretexto
para deflagrar-se a Revolução de 30. O prisioneiro número 1122
da cela 35, do raio leste, de 1914 a 1937, foi Antônio Silvino. Gregó-
rio Bezerra que conviveu com ele na juventude (1917-1922), quan-
do foram colegas de prisão, definiu-o como “o bandido mais fa-
moso, mais popular e mais humano da história do cangaço”.
Na Casa há dois grandes pai-
néis do pintor Cícero Dias que
homenageiam os revolucioná-
rios de 1817 e 1824. Em frente
aos painéis uma placa home-
nageia os ex-presos políticos
que lá ficaram detidos durante
o período da ditadura militar,
entre 1964 e 1974.

Foto acima mostra uma das paredes com desenhos feitos por presos. 77
Recife Lugar de Memória

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Rota Ditadura 64

O Dom - Igreja das Fronteir as


O nome assim um tanto simplificado pode levar a crer que ape-
nas se refira à localização geográfica: entre a rua das Fronteiras
e a dom Bosco, no bairro da Boa Vista. Se dito completamente
– Igreja de Nossa Senhora Assunção das Fronteiras da Estância
de Henrique Dias – vai ficando claro porque, desde 1949, é patri-

mônio reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-


tico Nacional (Iphan). Serviu como a última estadia a Henrique
Dias, em 26 de setembro de 1656. Ele, como se sabe, foi um dos
grandes heróis da Restauração Pernambucana, ou seja, na luta
contra os invasores holandeses no século 17.

Imagens dos jornais locais dessa seção: Acervo e Biblioteca do MTNM-PE 79


Recife Lugar de Memória

4
Um pormenor na sua fachada é outra lembrança do que ela
expõe, mas está oculto talvez para a maioria: o emblema de
Imperial Capela concedido por Dom Pedro II, em 1823. Alguns
anos depois disso (1859), o imperador esteve ali, quando visitou
solenemente o Recife.

Mas a igreja é reconhecida principalmente por causa de outro


“dom”. Dom Helder Camara, arcebispo de Olinda e Recife, que
nas dependências anexas da sacristia residiu por 31 anos. Por

todo esse tempo, ele e a igreja estiveram abertos a receber todos


os que os procuravam. Sem fronteiras.

Dom Helder Camara é um dos principais símbolos da resistência


à ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964. Poucas sema-
nas antes do golpe, ele havia sido designado arcebispo de Olin-
da e Recife. Assim ficou até 2 de abril de 1985, coincidentemente
o ano em que o Brasil começa a retomar a normalidade demo-
crática. Seu compromisso sempre foi com os direitos humanos,
contra o autoritarismo e acima de todas as ideologias políticas.
Por todos os meios disponíveis denunciou os atos arbitrários prati-
cados durante o regime de exceção.

No endereço funciona o Memorial Dom Helder Camara, que faz


parte do Sistema Brasileiro de Museus. Inclui, além da igreja, a
casa-museu, o centro de documentação e o Espaço Dom José
Lamartine. O memorial abre de segunda a sexta-feira, das 14h
às 17h, e objetiva manter vivas e conhecidas as ideias do “Dom”.

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Rota Ditadura 64

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Recife Lugar de Memória

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Rota Ditadura 64

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Pe. Henrique - Cid. Universitária
Antônio Henrique Pereira da Silva Neto (1940-1969). Mais simples:
Padre Henrique. 28 anos de idade. Torturado e morto. Madrugada.
26/27 de maio de 1969. Entre a avenida perimetral e uma cerca de
arame que demarcava um canavial, na Cidade Universitária. O cri-
me nunca foi totalmente esclarecido, mas houve sempre um con-
senso nos segmentos de esquerda – as motivações foram políticas.

Henrique, que atuava também na Pastoral da Juventude, era auxi-


liar direto de Dom Helder Camara e “persona non grata” dos seg-
mentos mais radicais favoráveis ao regime militar que ele combatia.
A multidão que acompanhou o cortejo fúnebre, que saiu da Igreja
do Espinheiro, portou faixas de protesto, com dizeres como “A Dita-
dura Militar matou o Padre Henrique”, e cantou ao longo do per-
curso até o cemitério da Várzea: “Prova de amor maior não há que
doar a vida pelo Irmão.” A despeito de testemunhos e provas, nin-
guém foi condenado. A comoção popular atravessou as fronteiras
e alcançou os versos de Patativa do Assaré: “Prezado amigo leitor/
esta dor é minha e sua/ de ver morrer padre Henrique/ de morte
tirana e crua/ porém a Igreja dos pobres/ sua luta continua.”

Ao lado, mapa com seta indicando onde o corpo de Pe. Henrique foi encontrado. 83
Acima, fotos do local como é hoje e como era em 1969.
Recife Lugar de Memória

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Rota Ditadura 64

4
Rua da Auror a 405
A Sorbonne da Rua da Aurora. Sede do DOPS - PE durante a Ditadura Militar

Palacete da Boa Vista, em estilo neoclássico, que foi projetado


pelo arquiteto francês Louis Léger Vauthier. Antiga residência de
Francisco do Rego Barros (o conde da Boa Vista), de 1842 a 1870.

Rua da Aurora, n. 405. Um dos endereços mais solenes do Recife.


No começo do século 20 lá funcionava o Senado Estadual.

A memória ali não está somente no charme arquitetônico e


histórico, mas como uma das mansões de horrores do Recife.
Notabilizou-se com o apelido de Sorbonne da Rua da Aurora
(que teria sido dado pelo jornalista Aníbal Fernandes) devido a
frequência com que intelectuais, escritores e professores eram
levados ao casarão para depoimentos aos policiais, a partir de
1931, quando passou a sede da Secretaria de Segurança Públi-
ca, a partir de 1931.

O primeiro chefe de polícia foi Jurandir de Bizarria Mamede,


militar baiano que, anos depois, conspiraria abertamente con-
tra a posse de Juscelino Kubitschek (presidente) e João Goulart
(vice), eleitos em 3 de outubro de 1955.
As instalações da Delegacia
de Ordem Política e Social
(DOPS), durante a época do
regime militar estavam na
parte posterior do prédio, e
assim foi, por vários anos, sede
de prisões, interrogatórios e
torturas durante o regime mili-
tar. Lá teria sido assassinado o
estudante de agronomia Odi-
jas Carvalho. O anexo, onde
hoje é estacionamento, foi
derrubado em 1986 durante
o governo de Miguel Arraes.
Uma placa no local honra os
que lá foram assassinados.

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Recife Lugar de Memória

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Rota Ditadura 64

4
Vila Buriti - Macaxeir a
Acesso pela Avenida Norte, perto da BR 101
Da exuberância à decadência: antigo Engenho Apipucos.
Com açude e com afeto. Século 19 que se vê de longe, no alto.
Terra de filhos de algo, logo terras de alguéns. Ocupação. As-
sentamento. Autoconstrução. A vila é uma cidade. Que se re-
nova. Centro Popular de Lazer. Escola Pernambucana de Circo.

Tecendo antigas e novas fábricas. Othon Bezerra de Mello. Arte


na praça. União dos Moradores e da Santa Maria Mãe de Deus.
Vila Buriti é o centro de um mundo: a cultura popular urbana do
Recife. Do Circo da Juventude aos afoxés. Zumbi dos Palmares.
Maracatu Linda Flor. O grande templo do padre Reginaldo Ve-
loso. Do Movimento de Trabalhadores Cristãos. A vila operária
sobreviveu à fabrica, e tem sua própria indústria: de música,
poesia e sonho. Ali a vez não é da utopia, mas da realidade (ou
realização?), como o pão de cada dia. Tudo tão firme: como
falar de precário? Tudo tão centrado: como dizer de periferia?
Rua de povo casa cheia de alegria. Da Macaxeira para o mun-
do. Tudo é ressonância e tambor.

Página anterior: uma das entradas à Vila Buriti vindo pela Av. Norte 87
Foto acima: vegetação preservada na entrada da Vila Buriti
Recife Lugar de Memória

Ruas da Vila Buriti - Macaxeir a


O bairro da Macaxeira guarda uma importante parte da memória
recifense, com relação à Ditadura Militar. O local está diretamente
ligado ao período do Golpe de 64, pois foi para lá que foram le-
vados professores, artistas e políticos capturados durante o regime,
para serem torturados, com o objetivo de enfraquecer o movimento
intelectual, que era contra o autoritarismo. Muitas dessas pessoas
dão nome às ruas da localidade conhecida como Vila Buriti, uma
homenagem tardia mas necessária para a conservação da memó-
ria recente no Estado.

O nome Macaxeira deriva da antiga Fábrica de Tecidos de Apipu-


cos, conhecida também como a Fábrica da Macaxeira, comprada
em 1924 pelo notável Othon Lynch Bezerra de Mello.

Rua Almir Custódio de Lima


Almir Custódio de Lima nasceu em 24 de maio de 1950, no Recife.
Filho de João Custódio de Lima e Maria de Lourdes de Lima, Almir foi
estudante secundarista da Escola Técnica Federal de Pernambuco
e trabalhou como operário metalúrgico no Rio de Janeiro.
Militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), foi
preso em circunstâncias até hoje desconhecidas, junto com outras
pessoas, e levado para a Praça da Sentinela, em Jacarepaguá, Rio
de Janeiro, onde foi carbonizado com mais 3 companheiros pela
polícia política no dia 27 de outubro de 1973.

Rua Amaro Luiz de Carvalho


Nascido em 4 de junho de 1931, Amaro Luiz de Carvalho iniciou sua
militância política no Partido Comunista Brasileiro (PCB), aos 15 anos
de idade. Apelidado de Capivara, trabalhou como operário da
indústria têxtil, período no qual liderou greves na zona canavieira,
ajudando a criar ligas camponesas e sindicatos. Desligou-se do PCB
em 1961, quando se aliou ao PCdoB, logo de desvinculando deste
também por motivos ideológicos. Em 1966, funda o Partido Comunis-
ta Revolucionário (PCR), junto com Manuel Lisboa, tendo forte parti-
cipação política nas cidades de Jaboatão, São Lourenço da Mata,
Moreno, Vitória e Sirinhaém.
Permaneceu preso na Casa de Detenção do Recife, local onde hoje
funciona a Casa da Cultura, onde morreu envenenado às vésperas
de ser libertado, em 22 de agosto de 1971.

Rua Anatália Souza Alves de Melo


Anatália Souza Alves de Melo nasceu em 9 de julho de 1945, em
Mombassa, hoje município Frutuoso Gomes, Rio Grande do Norte.
Seus pais eram Nicácio Loia de Melo e Maria Pereira de Melo. Mu-
dou-se para Mossoró para concluir o curso científico no Colégio Es-
tadual de Mossoró, tendo trabalhado na Cooperativa de Consumo
Popular desta cidade até 1968. Em 1969, casa-se com Luiz Alves Neto
e muda-se para o Recife, onde passa a militar no PCBR.
Atuou na Zona da Mata (PE), local onde haviam se formado as Ligas
Camponesas. Viveu também em Campina Grande (PB), Palmeira
dos Índios (AL) e Gravatá (PE), local de sua prisão e do marido, em
17 de dezembro de 1972. Em 22 de janeiro de 1973, foi encontrada
morta nas dependências do DOPS/PE. A causa anunciada foi suicí-
dio por enforcamento, tendo ainda ela supostamente ateado fogo
às suas partes genitais.

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Rota Ditadura 64

Rua Carlos Marighela


Estudante de Engenharia da Escola Politécnica da Bahia, Carlos
Marighela foi preso e torturado devido a sua luta contra a Ditadura
Vargas. Eleito deputado em 1945, época da redemocratização no
Brasil, elegeu-se deputado constituinte em 1946 pelo PCB, quando já
fazia parte do Comitê Central do Partido.
Logo tem seus direitos cassados, em 1948, ficando a partir de então
na clandestinidade. Rompe com o PCB em 1966 e funda a Ação
Libertadora Nacional (ALN), dando início à luta armada contra o
regime militar. Em 4 de novembro de 1969, às 20 horas, quando se
dirigia ao encontro de Frades Dominicanos, em São Paulo, é surpre-
endido por mais de 30 agentes da polícia política, entre soldados e
delegados. Estes fuzilaram seu veículo, tentando após forjar circuns-
tâncias do crime.

Rua Eduardo Collier Filho


Nascido a 5 de dezembro de 1948, no Recife, Eduardo Collier Filho
estudou na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e militou na Ação
Popular Marxista-Leninista (APML). É um dos milhares que constam
como desaparecidos ou mortos políticos, tendo sido visto a última
vez em 22 de fevereiro de 1974.

Rua Manoel Lisbôa de Moura


Manoel Lisbôa de Moura foi membro da União Estadual de Estu-
dantes Secundaristas de Alagoas (Uesa), tendo participado do
Movimento de Cultura Popular nesse estado, encenando peças de
teatro em praças públicas. Ingressou no curso de Medicina da Uni-
versidade Federal de Alagoas e participou da fundação do Partido
Comunista Revolucionário (PCR), tendo sido preso várias vezes.
Sua última prisão ocorreu na Praça Ian Fleming, no Recife, 16 de
agosto de 1973. Levado ao DOI-Codi do IV Exército, foi posteriormen-
te enviado ao Dops de São Paulo, onde foi assassinado.

Rua Ranúsia Alves Rodrigues


Natural de Garanhuns (PE), Ranúsia Alves Rodrigues nasceu em 18
de junho de 1945. Estudante de Enfermagem da UFPE, militou no Par-
tido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tendo sido expulsa
da universidade por ter participado do XXX Congresso da UNE em
Ibiúna (SP), em outubro de 1968. Foi presa em 27 de outubro de 1973,
no Rio de Janeiro. Torturada e morta, foi enterrada como indigente,
apesar de sua morte ter sido reconhecida pelo I Exército. Uma placa
com seu nome pode ser vista no Monumento Tortura Nunca Mais.

Rua Odijas Carvalho de Souza


Odijas Carvalho de Souza nasceu em Atalaia, estado das Alagoas,
em 08 de fevereiro de 1971. Estudante de Agronomia da Univer-
sidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi líder estudantil e
militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), o
que lhe custou a prisão em Maria Farinha, em 30 de janeiro de 1971.
Torturado por quase 24 horas seguidas, deu entrada no dia 06 de
fevereiro de 1971 no Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, onde
morreu dois dias depois. Odijas apresentava fraturas de ossos, rup-
tura de rins, baço e fígado, retenção urinária e embolia pulmonar.

Rua Luiz José da Cunha


Luiz José da Cunha nasceu no Recife a 02 de setembro de 1943.
Também conhecido como Crioulo, entrou para a militância no PCB
quando ainda estudava no Colégio Estadual Beberibe. Por sua atu-
ação no partido, ingressou na escola de Konsomol - Juventude Co-
munista da URSS, onde estudou Filosofia, Economia Política, Ciência
Social e História do Movimento Operário.

89
Recife Lugar de Memória
Retornou ao Brasil após o golpe de 1964, ficando residência no Rio
de Janeiro (era procurado no Recife). Depois de orientar o Comitê
Secundarista da Guanabara do PCB, desliga-se do partido em 1967,
devido a divergências políticas. Junta-se a Carlos Marighela para
formar a ALN, organização da qual se torna comandante.
Após sofrer uma emboscada em São Paulo, é preso e torturado, vin-
do a falecer no dia 13 de julho de 1973. Foi enterrado como indigen-
te, em um cemitério clandestino.
Só depois de trinta anos, em 2006, sua viúva, Amparo Araújo, rece-
beu os restos mortais identificados pelo IML/SP.

Rua Stuart Edgar Angel Jones


Stuart Edgar Angel Jones, conhecido como Tuti, nasceu a 11 de ja-
neiro de 1946, em Salvador, estado da Bahia. Foi estudante de Eco-
nomia da UFRJ e participou ativamente do Movimento Estudantil.
Atuou pelo PCB e depois pelo Movimento Revolucionário 8 de Outu-
bro (MR-8), do qual foi um dos formadores e dirigente.
Stuart desapareceu em 14 de maio de 1971, data em que foi preso
em Vila Isabel-RJ. Denúncias relatam que ele teria sido arrastado por
um carro e obrigado a inalar os gases do escape do veículo, dentro
do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa).
Por ele possuir cidadania americana, o caso ganhou repercussão
internacional. Os Estados Unidos pediram explicações ao Estado
brasileiro sobre seu desaparecimento, pedido que não foi atendido,
limitando-se o Brasil a destituir do cargo o então Ministro da Aero-
náutica, Brigadeiro João Paulo Penido Burnier, reformando-o.
Sua mãe, a célebre estilista Zuzu Angel, desde a data de seu desa-
parecimento, procurou pelo filho. Sua busca foi interrompida em 14
de abril de 1976, quando foi assassinada pela repressão.

Rua Pauline Reichstul


Nascida em 18 de Julho de 1947, em Praga, antiga Checoslováquia,
Pauline Reichstul viveu na França e no Brasil até 18 anos, quando
partiu para Israel, Dinamarca e, por fim, França, onde terminou seu
curso de Psicologia, em 1970. Conheceu vários exilados do Brasil na
Europa, tendo trabalhado com vários órgãos denunciando as viola-
ções dos direitos humanos no Brasil.
Nesse tempo, decide voltar e se engajar na luta armada e, em 1972,
se junta a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 8 de janeiro
de 1973, é detida no bairro de Boa Viagem, no Recife, junto com
Soledad Barret Viedma, e levada para a Chácara São Bento, onde
morre depois ser torturada.
Em sua homenagem, seu irmão Henri Philip Reichstul criou o Instituto
Pauline Reichstul de Educação Tecnológica, Direitos Humanos e De-
fesa do Meio Ambiente, em Belo Horizonte (MG).

Rua Manuel Aleixo da Silva


Conhecido como Ventania, Manuel Aleixo da Silva nasceu em São
Lourenço da Mata (PE), a 3 de setembro de 1973. Foi um dos orga-
nizadores das Ligas Camponesas, tendo atuado em São Lourenço
da Mata, Ribeirão, Cabo e toda região da Zona da Mata Sul. Foi um
dos principais responsáveis pelo trabalho rural do Partido Comunista
Revolucionário (PCR).
Seu assassinato se deu em 29 de agosto de 1973, depois de ter sido
sequestrado em sua própria casa e torturado. À época, no entanto,
os documentos oficiais registraram que sua morte havia se passado
em um tiroteio, o que depois se mostrou falso.

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Rota Ditadura 64
Rua Míriam Lopes Verbena
Míriam Lopes Verbena nasceu em Irituia-Guamá, estado do Pará,
em 10 de fevereiro de 1946, tendo chegado ao Recife em 1952.
Diplomou-se professora primária, após ter estudado em escolas do
município. Militou pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
(PCBR). Sua morte ocorreu em 08 de março de 1972, em um suposto
desastre de carro, no qual também morreu Luís Alberto Andrade de
Sá e Benevides, seu marido.

Rua Jarbas Pereira Marques


Nascido no Recife em 27 de agosto de 1948, Jarbas Pereira Marques
estudou no Colégio Porto Carreiro, no Recife, época em que ingres-
sou no Movimento Estudantil Secundarista. Regressando ao Recife
no fim de 1971, depois de uma rápida passagem por São Paulo, tra-
balhou na Livraria Moderna, de onde, em 6 de janeiro de 1973, saiu
com “estranhos”, de pois de receber um telefonema.
Jarbas foi Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Sua
morte teria ocorrido na Chácara São Bento, em suposto tiroteio. A
notícia de sua morte chegou a sua mãe no dia 11 de janeiro de 1973.

Rua Evaldo Luiz Ferreira de Souza


Evaldo Luiz Ferreira de Souza é natural de Pelotas (RS), tendo nascido
em 5 de junho de 1942. Formou-se ajustador-mecânico pelo Senai
e ainda jovem ingressou na Escola de Aprendizes de Marinheiros
de Santa Catarina. Dirigiu-se para o Rio de Janeiro, onde se formou
marinheiro, e conheceu Cabo Anselmo, que mais tarde se tornaria
agente policial infiltrado e delataria os seis mortos no massacre da
Chácara São Bento.
Evaldo tornou-se membro da Associação de Marinheiros e Fuzileiros
Navais e, após o golpe de 1964, foi expulso da Marinha, tendo ficado
nove meses preso. Quando saiu, engajou-se Movimento Naciona-
lista Revolucionário (MNR), retomando assim sua militância política.
Em 1966, ficou mais cinco anos preso, exilando-se logo após por oito
anos no exterior (cinco deles em Cuba). Retornando em 1973, en-
trou para a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Delatado por
Cabo Anselmo, Evaldo foi assassinado sob tortura na Chácara São
Bento, a 8 de janeiro de 1973.

Rua Ivan Rocha Aguiar


Ivan Rocha Aguiar nasceu em Triunfo (PE), em 24 de dezembro de
1941. Estudante secundarista, atuou como Secretário do Grêmio Es-
tudantil Joaquim Nabuco e vice-presidente da União dos Estudan-
tes de Palmares. Sua morte em 1º de abril de 1964, dia do golpe mili-
tar, quando, em uma manifestação estudantil na Av. Dantas Barreto
(no Centro do Recife/PE), ele foi alvejado por tiros dos soldados do IV
Exército. Além de Ivan, também morreu na ocasião o estudante se-
cundarista Jonas José Albuquerque Barros, de apenas 17 anos, com
um tiro na mandíbula.

Rua Luiz Carlos Almeida


Com data e local de nascimento ignorados, Luiz Carlos Almeida gra-
duou-se em Física pela Universidade de São Paulo (USP), lecionando
Física Experimental nesse mesmo lugar. Militante do Partido Operá-
rio Comunista (POC), teve mandado de prisão preventiva expedido,
o que o levou a exilar-se no Chile, onde ensinou Física. Sua prisão
ocorreu em 14 de setembro de 1973, em sua casa, três dias após o
golpe militar no Chile.
Luiz Carlos Almeida foi torturado e depois levado até as margens do
rio Mapocho, onde foi fuzilado. Com ele, estavam também um uru-
guaio e um jovem brasileiro, de nome parecido: Luiz Carlos Almeida
Vieira, que sobreviveu e denunciou o fato.

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Recife Lugar de Memória
Rua Hiram de Lima Pereira
Hiram de Lima Pereira nasceu em Caicó (RN), em 3 de outubro de
1913. Sua militância política teve início ainda cedo, em 1930. Foi
preso e ficou detido por um ano, época em que prestava serviço
ao exército na polícia do exército. Eleito Deputado Federal pelo Rio
Grande do Norte em 1946, com uma das maiores votações de sua
legenda, o PCB, foi cassado pouco tempo depois.

Transferiu-se para o Recife em 1949 e atuou na campanha de Mi-


guel Arraes para prefeito, sendo convidado para exercer o cargo de
Secretário de Administração após a vitória de Arraes. Dirigente do
Partido Comunista Brasileiro (PCB) e redator do órgão de imprensa
deste partido, o jornal Folha do Povo, Hiram foi para o Rio de Janeiro
e depois para São Paulo logo após o golpe militar de 1964, passando
a viver na clandestinidade. O dia oficial de seu desaparecimento
é o mesmo dia em que sua esposa foi sequestrada pelo exército,
15 de janeiro de 1975. A data provável de sua morte é 28 de janeiro
de 1975.

Rua Gregório Bezerra


Nascido na cidade de Panelas, no estado de Pernambuco, Gregó-
rio Lourenço Bezerra começou cedo, com quatro anos de idade,
a trabalhar na lavoura de cana. Mudando-se para o Recife, após
sofrer a perda dos pais, trabalhou como jornaleiro e, apesar de não
saber ler os jornais que vendia, manifestou grande interesse pela re-
alidade política brasileira.

Iniciou sua atuação política numa greve ocorrida em 1917, quando


lutou pela jornada de oito horas de trabalho e em favor da Revolu-
ção Bolchevique. Foi preso, acusado de perturbar a ordem pública,
e cumpriu 5 anos de prisão.

Atuou como líder do PCB em Pernambuco, sendo eleito como o De-


putado Federal mais votado para a Constituinte, em 1945. Defendeu
o direito a greve e à autonomia sindical e o voto dos analfabetos
e dos militares, além de denunciar a exploração do trabalho, prin-
cipalmente infantil. Também defendeu a Reforma Agrária Radical.

Com o Golpe Militar de 64, Gregório Bezerra foi perseguido e tortu-


rado, acusado de subversão. Foi um dos treze presos trocados pelo
Embaixador Americano, sequestrado em 1969. Foi enviado ao Méxi-
co, a Cuba e à antiga União Soviética, retornando ao Brasil em 1979,
com a anistia.

Gregório Bezerra morreu em 21 de outubro de 1983, em São Paulo.


Foi tranladado, e enterrado no Cemitério de Santo Amaro.

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Rota Ditadura 64
Rua José Inocêncio Pereira
José Inocêncio Barreto, verdadeiro nome de José Inocêncio Pereira,
nasceu em Escada (PE), em 16 de outubro de 1940. Líder Camponês
e Sindical Rural, José Inocêncio participou da greve em exigência
ao pagamento das férias e 13° salário aos trabalhadores da Usina
Engenho Matapiruna de Baixo, ocasião em que houve confronto
entre grevistas e a polícia.

José Inocêncio Barreto foi assassinado a tiros por agentes da Dele-


gacia de Ordem Política e Social (Dops) – PE, devido, devido a uma
greve feita

Rua Sônia Maria Lopes de Morais


Sônia Maria Lopes de Morais nasceu em 09 de novembro de 1946. Fi-
lha de militar, estudou na Faculdade de Economia e Administração
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas não chegou a con-
cluir o curso, pois sua militância política no Movimento Revolucioná-
rio 8 de Outubro (MR-8) lhe custou o desligamento da instituição.

Sônia exilou-se na França, onde lecionava português e estudava na


Universidade de Vincenes, voltando ao Brasil por causa do desapa-
recimento do marido. Reassumindo a luta contra a ditadura, Sônia
ingressa na Aliança Libertadora Nacional em maio de 1973, sendo
presa em novembro do mesmo ano. Torturada cruelmente em uma
casa clandestina por 5 a 10 dias, morre alvejada por tiros neste mes-
mo mês. Após uma cansativa batalha judicial, sua família conseguiu
enterrar a filha em 12 de agosto de 1991.

Rua Iuri Xavier Pereira


Nascido em 02 de julho de 1948, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi
militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Partido Comu-
nista Brasileiro (PCB).

Rua João Mendes Araújo


Nascido em 28 de julho de 1943, na cidade de Bom Jardim (PE), foi
agricultor e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Rua Joaquim Câmara Ferreira


Nascido em 5 de setembro de 1913, na cidade de São Paulo (SP),
foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), da Corrente Revo-
lucionária de Minas Gerais e do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

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Recife Lugar de Memória

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Colônia Penal do Bom Pastor
Colônia Penal do Bom Pastor é o nome do presídio de mulheres
no Recife. A razão do nome: era inicialmente dirigida por padres
e freiras da Congregação Nossa Srª da Caridade do Bom Pastor,
ainda na época do Estado Novo, em 1943, quando foi lançada a
pedra fundamental. Começou com o sentido mais de preparar,

educar ou reeducar, não de punir. O nome oficial é atualmente


Colônia Penal Feminina do Recife. Misto de presídio e peniten-
ciária, a Colônia está localizada no bairro da Engenho do Meio
[outras fontes informam Iputinga]. Quase a totalidade das que
ali estão presas são pobres. Escolaridade: no máximo o nível mé-
dio (somente 10%). As demais ou são analfabetas ou não foram
além do ensino fundamental. Profissões: domésticas, cozinhei-
ras, estudantes, vendedoras ambulantes, camareiras, doceiras,
manicures, professoras, comerciantes, faxineiras. Mas também
para lá foram levadas mulheres que militaram na política. Adal-
gisa Cavalcanti, comunista e primeira deputada estadual de
Pernambuco, foi uma delas, em 1936. Durante o regime militar
, várias militantes políticas foram mandadas para lá. Nomes e
codinomes que lutavam pelo PCB, VAR Palmares, PCBR, PCR,
Aliança Libertadora Nacional.

94 Próxima página: Igreja do Bom Pastor


Rota Ditadura 64

95
Recife Lugar de Memória

Cais do Apolo alongside the Capibaribe river. A Modern building


by Acácio Borsói now houses the Porto Digital enterprise.

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Rota Ditadura 64

4
Monumento contr a a tortur a
A praça se chama Padre Henrique, aquele que foi torturado e
morto no auge do regime militar. Ali está o monumento Tortura
Nunca Mais, obra do escultor Demétrio Albuquerque, que ven-
ceu um concurso promovido pela prefeitura do Recife. Desde
1993, quem percorrer aquele trecho da Rua da Aurora vai se
deparar não com uma simples homenagem, comum aos monu-
mentos, mas com uma denúncia em forma de escultura. Denún-
cia de violação do artigo 5 da Declaração Universal dos Direitos
do Homem, adotado em 1948, e sistematicamente desconsidera-
do durante todo o período que os militares governaram o Brasil a
partir de 1964. O monumento traz a representação de um homem
nu em posição chamada pau de arara, um dos mais frequentes
tipos de tortura empregados no Brasil.

97
Recife Lugar de Memória

98
Rota Ditadura 64

4
Paulo Freire
Estrada do Encanamento, 21, Casa Amarela, no ano de 1921.
Na casa (emprestada de um tio), localizada num dos bairros onde
vivem os mais pobres do Recife, nasceu um novo modelo de pe-
dagogia, com nome e sobrenome: Paulo Freire. Como sempre
gostou de lembrar, o chão do quintal onde viveu a infância foi seu
primeiro quadro e gravetos o primeiro giz. Dessa pobreza real veio
a consciência social e o sentido da importância do contexto na
aprendizagem, pois, como ele mesmo disse, sua compreensão
da fome não era “dicionária” .Da experiência no magistério, no
ensino profissionalizante e o conhecimento de filosofia foram de-
senvolvendo e moldando um método original de alfabetização
que o mundo ganhou. No começo da década de 1960 extrapolou
toda a vivência acadêmica promovendo a educação popular,
por meio do Movimento de Cultura Popular (MCP), interrompido
pelo golpe militar. Ficou setenta dias detidos em celas diferentes

no Recife e em Olinda. No exílio escreveu alguns dos seus livros


mais conhecidos, como Pedagogia do oprimido e Educação
como prática de liberdade.
Foto no alto: Estrada do Encanamento n. 742, onde morou Paulo Freire
Foto abaixo: trabalhadores sendo alfabetizados pelo método Paulo Freire em 1963 99
Página anterior, acervo MTNM-PE
Recife Lugar de Memória

Largo da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, Poço da Panela, onde


o método pedagógico de Paulo Freire foi aplicado pela primeira
vez. A casa de Dona Olegarina (atrás das estátuas), esposa de
José Mariano, o abolicionista, foi o primeiro local onde Paulo Freire
testou as suas ideias. Uma placa no local marca essa memória.

100
Índice Ger al do Mapa

Ruas

A Floriano Peixoto. R. D2
Afrânio Peixoto, R. Dr H8 Floriano, R. Pe. E2
Águas Verdes, R. das E2 Forte, R. do D1
Alegria, R. da B4 Forte, Tv. do E1
Alfândega, R. da G3 Forte, Tv. do E2
Alfredo Lisboa, Av. G3 Frei Caneca, R. E3
Álvares de Cabral, R. G4 Frei Henrique, R. D1
Apolo, R. do G4 Fundição, R. da E6
Aragão, R. do C4 G
Araripina, R. E7 Gervásio Pires, Av. C6
Arthur Lima Cavalcante, Av. F8 Giriquiti, R. do B5
Assembleia, R. da G3 Glória, R. da B3
Aurora, R. da D4 Guararapes, Av. E3
B Gusmão, Tv. do C1
Barão de Vitória, R. D2 H
Barbosa Lima, Av. G4 Hospício, R. do C4
Bernardo Vieira de Melo, R. H6 I
Bione, R. G5 Imp. Dom Pedro II, R. do F4
Bom Jesus, R. do G4 Imperatriz Tereza Cristina, R. D4
Bom Jesus, Tv. do G4 J
Brum, R. do G5 João Lira, R. D6
Bulhões Marques, R. C3 João Menezes, R. Dr. E7
C José Mariano, R. Dr. D4
Cais da Alfândega G3 L
Cais da Detenção, Tv. D2 Lambari, R. C1
Cais de Santa Rita, R. F2 Leão Coroado, R. B3
Cais do Apolo G5 Livramento, R. do E2
Calçadas, R. das E2 M
Capitão Lima, R. E7 Madre de Deus, R. G3
Carioca, R. F2 Mamede Simões, R. E5
Carlos Salazar, R. G8 Manoel Borba, Av. B4
Coelho Leite, R. D7 Mário Melo, Av. E6
Conceição, R. da C4 Mariz e Barros, R. G3
Concórdia, R. da D3 Marquês de Olinda, Av. G3
Conde da Boa Vista, Av. C5 Marquês de Pombal, R. C8
Coração de Maria, R. E1 Marquês de Recife, R. E3
Cruz Cabugá, Av. D7 Marroquim, Bc. do E2
D Martins de Barros. Av. F4
Dantas Barreto, Av. D2 Matias de Albuquerque, R. E3
Dique, R. do D1 Matriz, R. da C4
Direita, R. E2 Militar, Av. H6
do Muniz, R. C1 Moeda, R. da G3
Dois de Julho, R. F7 Moinho, R. do F5
Duque de Caxias, R. E3 Mq. de Herval, R. D3
E Muniz, R. Pe. E2
Edgar Werneck, R. G5 N
Estreita do Rosário, R. E3 N. Sra do Carmo, Av. E3
F Nogueira, R. do E1
Flores, R. das E3 Norte, Av. F8

101
Índice Ger al do Mapa

Ruas

O S
Observatório, R. do G4 Santa Cruz, R. da B4
Ocidente, R. do G5 Santa Rita, R. E1
P São Geraldo, R. E7
Palma, R. da D2 São João, R. D2
Palmares, R. do B8 São Jorge, R. de F5
Passo da Pátria, R. D2 São José do Ribamar, R. E1
Peixoto, R. do C1 São Pedro, R. E2
Pilar, R. do G6 Saturnino de Brito, Av. E1
Ponte 12 de Setembro F2 Saudade, R. da D5
Ponte Buarque de Macedo F4 Saudade, Av. da D7
Ponte da Boa Vista D3 Sete de Setembro, R. D4
Ponte do Limoeiro G7 Silvia Ferreira, R. Dra. E7
Ponte Duarte Coelho D4 Siqueira Campos, R. E4
Ponte Maurício de Nassau F3 Sol, R. do D3
Ponte Velha C3 Sossego, R. do B6
Porão, R. do E2 Sul, Av. F2
Parque 13 de Maio D5 T
Parque das Esculturas H3 Tiradentes, Tv. G5
Praça da Comunidade Tobias Barreto, R. D2
Luso-Brasileira G6 Tomazina, R. da G3
Praça da República E4 Treze de Maio, R. C8
Praça Dezessete F3 U
Pça. do Arsenal da Marinha G4 Ulhoa Cintra, R. E4
Praça do Brum G7 União, R. da D5
Praça Dom Vital E2 V
Praça Joaquim Nabuco D3 Velha, R. C3
Praça Maciel Pinheiro C4 Veras, Tv. do C4
Pça. Manoel da Costa Leal F3 Vidal de Negreiros, R. D1
Praça Sérgio Loreto C1 Vigário Tenório, R. G3
Praça Tiradentes G5 24 de Agosto, R. E8
Praça Visc. de Mauá D2 24 de Maio, R. D2
Praia, R. da F2 Visc. de Suassuna, Av. B7
1º de Março, R. F3
Princesa Isabel, R. D5
Príncipe, R. do B6
Projetada, R. F8
R
Rangel, R. do E2
Riachuelo, R. do D4
Rio Branco, Av. G4
Rio Capibaribe, Av. D3
Roda, R. da E4
Rosário da Boa Vista, R. B4

102
Monumentos

A G
Arquivo Público de PE F3 Gabinete Português
Assembleia Legislativa E5 de Leitura E4
B Ginásio Pernambucano E5
Basílica da Penha E2 I
C Igreja Conceição dos Militares E3
Casa da Cultura D3 Igreja da Boa Vista C4
Cemitério de Santo Amaro C8 Igreja da Madre de Deus G3
Cemitério dos Ingleses E8 Igreja de Santa Cruz B4
Convento do Carmo E3 Igreja de Santa Rita de Cássia D1
Cruz do Patrão H8 Igreja de Santo Amaro
E das Salinas F8
Estação Central D2 Igreja de São José do Ribamar D1
Estação do Brum H6 Igreja de São Pedro E2
F Igreja do Espírito Santo F3
Fábrica da Pilar G6 Igreja do Livramento E2
Faculdade de Direito D5 Igreja Rosário dos
Forte das Cinco Pontas D1 Homens Pretos E3
Forte do Brum G7 L
Liceu de Artes e Ofícios E4
M
Mamam D4
Marco Zero G4
Matriz de Santo Antônio E3
Mercado da Boa Vista B4
Mercado de São José E2
Museu a Céu Aberto G4
O
Ordem Terceira do Carmo E3
P
Paço Alfândega G3
Palácio da Justiça E4
Palácio do Campo
das Princesas E4
Prefeitura do Recife G6
Q
Quarteirão Franciscano E4
S
Sinagoga Kahal Zur Israel G4
T
Teatro de Santa Isabel E4
Teatros Apolo e Hermilo G4
Torre Malakoff G4

103
Bibliogr afia

CAVALCANTI, Carlos André Macedo; CUNHA, Francisco Carneiro da.


Pernambuco Afortunado: da Nova Lusitânia à Nova Economia. Re-
cife: INTG, 2006.

LIMA, M. de Oliveira. Pernambuco Seu Desenvolvimento Histórico.


Prefácio de Gilberto Freyre. Recife: Cepe, 1975.

SILVA, Leonardo Dantas. Holandeses em Pernambuco. Recife:


L. Dantas Silva, 2005.

As ruas da Vila Buriti foram obtidas no site: https://maps.google.com.


br/maps/, com a colaboração: “Locais de Resistência, Lutas e Me-
mória - Roteiro da consciência do Brasil” e também no site: http://
www.desaparecidospoliticos.org.br/

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Annais Pernambucanos: 1795 -


1817. V. viii. Recife: Arquivo Público Estadual, 1958. p. 505 – 506.

_____. Diccionario biographico de pernambucanos célebres. Reci-


fe: Typographia Universal, 1882. 804p.

GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos. Diccionario chorographico, historico


e estatistico de Pernambuco. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910.

MARTINS, Dias. Os martires pernambucanos: victimas da liberdade


nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. [Recife]: Typ. de F. C.
de Lemos e Silva, 1853.

PERNAMBUCO (Estado). Decreto n. 459, 23 de fevereiro de 1917.


Adoptando como bandeira de Pernambuco dos revolucionarios re-
publicanos de 1817. REVISTA do Instituto Archeologico Geographico
de Pernambuco, Recife, v.19, n.95 – 98. 1918, p – 168 – 170.

SANTOS, André Maranhão. Atividade tipográfica em Pernambuco e


a construção da Biblioteca Pública no século XIX. Cadernos Olinda.
Ano ii, n. 03, dezembro de 2006.

SONETO. [Recife]: Na Typ. de Cav. & C.a., [1817].

Textos extraídos das Peças Oficiais relativas às revoluções de Pernambuco,


1817 – 1824, pertencentes à Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.

OLIVEIRA, Paulo Santos de - Comunicações particulares, 2012.

CAVALCANTI, Paulo. O caso eu conto como o caso foi, Recife; Cepe


Editora, Vol. 1. 2008.

BLACK, Jan Knippers. A penetração do Brasil nos Estados Unidos.


Trad.: Sérgio de Queiroz Duarte. Recife; Massangana, 2009.

CORTAZAR, Julio. Último round, [Ler o conto “Turismo aconselhável” e


o conto “Apocalipse de Solentiname”]

ANDRADE, Manuel Correia de; FERNANDES, Eliane Moury. Vence-


dores e vencidos: O movimento de 1964 em Pernambuco. Recife;
Massangana, 2004.

http://www.fundaj.gov.br/index.php?

Gilberto Freyre
http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp
http://www.fgf.org.br/instituicao/instituicao.html

SANTOS-FILHO, Plínio; CUNHA, Francisco Carneiro da.


Um Dia no Recife, AERPA Editora, 2008.

104
Informações Úteis
1 Açúcar
Dicas da Semana, Onde Ficar, Onde Comer, Locais de Interesse,
Itinerário, Casa de Câmbio e Bancos consulte a recepção do ho-
2 Holandeses tel ou site específico na internet.

3 1817 e 1824 Importante


Nos meses de chuva (abril a agosto) use guarda-chuvas. Nos me-
4 Ditadura 64 ses de sol (setembro a março) procure caminhar das 8h às 11h e
das 15h às 18h. Use chapéu, bloqueador solar e óculos escuros.
Os roteiros do livro são seguros. Porém, como em qualquer outro
lugar do mundo, não é recomendada exposição de jóias,
celulares ou equipamento que chame a atenção.

Eventos
Alguns dos eventos comemorados na cidade do Recife.

09 de fevereiro – Dia do frevo


12 de março – Aniversário de fundação da cidade
24 de junho – São João
16 de julho – Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Recife
20 de novembro – Dia da Consciência Negra
08 de dezembro – Nossa Senhora da Conceição

Delegacias

Delegacia do Turista
Dentro do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, Recife
Tel.: (81) 3322-4867

Delegacia de Defraudação e Repreensão ao Estelionato


Av. Montevidéu, 123 – Boa Vista
Recife – PE
Tels.: (81) 3182-5451

Hospitais Públicos

N Hosp. Agamenon Magalhães Hospital da Restauração


Estrada do Arraial, 2723 Av. Agamenon Magalhães, s/n
Tamarineira – Recife – PE Derby – Recife – PE
Tel.: (81) 3184-1600 Tel.: (81) 3181-5400

Hospital Getúlio Vargas Hospital das Clínicas


Av. Gal. San Martin, s/n Av. Prof. Moraes Rêgo, s/n
Cordeiro – Recife – PE Cid. Universitária – Recife – PE
Tel.: (81) 3184-5600 Tel.: (81) 2126-3633
Rota Verde - O Açúcar
1 Engenhos do Capibaribe, Engenho Magdalena, Engenho da Torre, Engenho do Cordeiro,
Engenho Ambrósio Machado, Engenho Casa Forte, Poço da Panela, Museu do Homem Outros Serviços
do Nordeste, Engenho São Pantaleão do Monteiro, Engenho de Apipucos, Fundação
Caso você precise mandar fotos digitais, e-mails ou acessar a in-
ternet, o Recife possui lan houses em vários pontos da cidade,
Gilberto Freyre, Engenho Dois Irmãos, Engenho Brum-Brum, Engenho Poeta, A Várzea do Rota Amarela - Revoluções de 1817 e 1824
Capibaribe, Engenho do Meio, Engenho de Santo Antônio, Instituto Ricardo Brennand, 3 Revolução de 1817, Forte do Brum, Campo da Honra, Ponte do Recife,
além dos business centers dos hotéis.

Engenho São João, Ateliê e Oficina Cerâmica Francisco Brennand, Museu do Estado de Forte das Cinco Pontas, Matriz de Santo Antônio, Confederação do Para usar os telefones públicos, é necessário comprar cartões
Pernambuco, Teatro de Santa Isabel, Faculdade de Direito do Recife, Parque 13 de Maio, Equador - 1824, Monumento a Frei Caneca, Capelinha da Praça da
telefônicos, vendidos em quase todos os estabelecimentos co-
merciais da cidade. Fazendo uma ligação: insira o cartão no lo-
Basílica e Convento do Carmo, Joaquim Nabuco, Porto do Recife e Cruz do Patrão Jaqueira, Cemitério dos Ingleses
cal indicado e digite o código do país (quando for o caso) + 0 +
código da operadora (os principais são 21, 31 e 51) + código da
Rota Azul - Os Holandeses Rota Vermelha - Ditadura 64 cidade + número do telefone.
2 O Período Holandês, Forte do Brum, Quarteirão Franciscano, Forte Ernesto, Praça da 4 Resistência ao Regime Militar, O Centro do Recife, Miguel Arraes, Palácio
Existem várias linhas de ônibus que operam no Recife. Você pode
República e Rua do Imperador, Maurício de Nassau, Rua do Bom Jesus, Palácio da Boa do Campo das Princesas, Gregório Bezerra, Casa da Cultura, O Dom -
também pegar um táxi, que circula em grande quantidade nas ruas.
Vista, Forte das Cinco Pontas, A Insurreição Pernambucana, Praça Sérgio Loreto e Igreja das Fronteiras, Padre Henrique - Cidade Universitária, Rua da
Arredores, Os Quatro Heróis, A Batalha de Casa Forte, Arraial Velho do Bom Jesus - Sítio da Aurora 405, Vila Buriti - Macaxeira, Ruas da Vila Buriti, Colônia Penal do Copyright 2012 © AERPA Editora
Trindade, Nossa Senhora dos Prazeres do Monte Guararapes Bom Pastor, Monumento Contra a Tortura, Paulo Freire
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