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PL AT AF OR MA

FEM INI ST A
DO DIS TR ITO
FED ER AL
PARA AS ELEIÇ ÕES DE 2018
PR OG RA MA
PLATAF ORMA FEMIN ISTA 2018
Apresentação
Diante dos desafios que nós mulheres enfrentamos no contexto
federal e distrital para que nossas vozes sejam escutadas, para
que estejamos paritariamente representadas nos espaços de
poder e para que nossos direitos sejam efetivados, reunimos
nossas forças para esta construção inédita no Distrito Federal.
Ao longo de nove meses, mais de 150 mulheres –
representantes de partidos políticos, sindicatos, fóruns, frentes,
coletivos e mulheres independentes – realizamos encontros
abertos e periódicos em dez diferentes Regiões
Administrativas, para gestar a Plataforma Feminista do
Distrito Federal para as Eleições de 2018, aqui apresentada.

Unimo-nos, pois nosso objetivo é transformar nossas diferenças


em potência e lutar unificadas contra o machismo, o racismo, o
capacitismo e a LGBTIfobia institucionais que estruturam
Legislativo, Judiciário e Executivo e também os partidos
políticos.

Assim, a partir de uma metodologia baseada na horizontalidade


e na circularidade, formulamos conjuntamente diagnósticos e
propostas objetivas com uma perspectiva feminista no que
tange a assistência social; direito à cidade; direito à
comunicação; direitos das mulheres do campo; direitos de
lésbicas, mulheres bissexuais e transexuais; direitos sexuais e
reprodutivos; educação; enfrentamento ao racismo;
enfrentamento à violência contra as mulheres; orçamento e
política fiscal; saúde; segurança pública; e trabalho, previdência
e renda.

Apresentamos esta Plataforma para que candidaturas


masculinas e femininas a todos os cargos se comprometam com
a formulação e a implementação de legislações e políticas
públicas que garantam os direitos das mulheres, em toda sua
diversidade. Para além da democracia representativa,
reivindicamos o compromisso da efetiva democracia
participativa. Nosso desejo é que esta Plataforma não se
configure como uma promessa de campanha às vésperas das
eleições, mas sim como um mecanismo de permanente diálogo e
consulta dos futuros mandatos com os movimentos sociais do
Distrito Federal.
Boa leitura!
TEM AS
PLATAF ORMA FEMIN ISTA 2018

Assistência Social

Direito à Cidade 

Direito à Comunicação 

Direitos das Mulheres do Campo

Direitos de Lésbicas, Mulheres

Bissexuais e Transexuais 

Direitos sexuais e reprodutivos 

Educação 

Enfrentamento ao Racismo 

Enfrentamento à Violência contra as

Mulheres  

Orçamento e Política Fiscal 

Saúde 

Segurança Pública 

Sustentabilidade Ambiental

Trabalho, Renda e Previdência


ASS ISTÊ NCIA SOC IAL
A assistência social compreende políticas públicas essenciais
para assegurar condições de vida mínima aos setores mais
vulneráveis da sociedade, entre os quais se encontram as
mulheres. Contudo, tanto no Brasil quanto no Distrito Federal,
a assistência social vem sendo tratada não como um direito da
população e dever do Estado, mas como um conjunto de
serviços passíveis de terceirização, inclusive para entidades
com viés religioso.

O Governo Federal utiliza a Desvinculação de Receitas da União


(DRU) como mecanismo para flexibilizar o destino final da
receita da Seguridade Social, dentro da qual se encontra a
assistência social. Atualmente, a DRU pode atingir 20% da
Seguridade Social. A situação piorou com a Emenda à
Constituição (EC) 31/2016 (que amplia a DRU para 30%) e EC
95/2016, que determina que, por um período de 20 anos, o
crescimento das despesas primárias fica limitado ao da inflação
do ano anterior, o que, na prática, significa não haver qualquer
aumento real dos gastos. Essa medida resulta na violação de
direitos, no aumento da pobreza e das desigualdades em todo o
País.

No DF como no restante do Brasil, assiste-se a um processo de


feminização da pobreza: as mulheres chefes de família têm
baixa escolarização, trabalho precário e, em sua maioria, são
mulheres jovens e negras. Elas devem estar no centro das
atenções das políticas de assistência social.

No Distrito Federal, é grave a inexistência de CRAS (Centro de


Referência de Assistência Social, responsável pelo programa
Bolsa-Família, pela cesta básica, entre outros) e de CREAS
(Centro de Referência Especializado de Assistência Social, com
atribuições relacionadas à violência sexual, população de rua,
idosos, pessoas LGBTI e indígenas) em todas as regiões
administrativas. Igualmente, a existência de apenas dois
Centros Pop é insuficiente para atender à população em
situação de rua. A terceirização da abordagem de rua só piora
essa situação.

O acolhimento a mulheres em situação de violência é


extremamente escasso e precário no DF. Assim como a
abordagem de rua, os abrigos para mulheres devem ser um
serviço prestado pela assistência social, com uma perspectiva
de integração com os demais serviços públicos. Os abrigos
voltados a meninas e adolescentes também demandam política
pública, dada a extrema sensibilidade da condição destas
mulheres.
ASS ISTÊ NCIA SOC IAL

Não existe, no DF, uma política pública integrada voltada para


as mulheres em privação da liberdade e aquelas egressas do
cárcere, bem como assistência a suas famílias, no caso de
mulheres chefes de família. Essa realidade torna mais difícil a
reintegração dessas mulheres de forma digna.

A fusão da SEDEST (Secretaria de Estado de Desenvolvimento


Social e Transferência e Renda) com outras secretarias, que
resultou na SEDESTMIDH (Secretaria de Estado do Trabalho,
Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos
Humanos), significou a precarização da prestação de todos os
serviços e redução das políticas públicas voltadas aos
segmentos antes atendidos pelas secretarias individuais. É
urgente a realização de concurso público da SEDESTMIDH para
assistentes sociais, educadores/as sociais de rua, com previsão
de trabalho noturno para atender a meninas em situação de rua
e mulheres em situação de prostituição.

PROPOSTAS

• Revogação da EC 95/2016
• Assistência social como direito e não como caridade;
• Levantamento de dados detalhados sobre o público-alvo da
assistência social, a exemplo das mulheres em situação de rua,
para o aprimoramento das políticas públicas
• Capacitação em gênero de agentes da assistência social
• Universalização dos CRAS, CREAS e Centros Pop em todas as
regionais do DF
• Política pública específica para as mulheres em situação de
rua
• Ampliação dos abrigos para mulheres em situação de violência
e criação de abrigos específicos para meninas e adolescentes
• Políticas integradas de assistência social para mulheres em
situação de cárcere e mulheres egressas do cárcere, bem como
suas famílias
• Fortalecimento dos órgãos públicos responsáveis pela
assistência social e pelas políticas específicas para mulheres,
igualdade racial, população LGBT, idosos e combate à
intolerância religiosa, com a realização de concurso público,
garantia de recursos com execução obrigatória, e atuação sob
perspectiva interseccional
DIRE ITO À CIDA DE
Mobilidade, moradia, lazer, cultura, desporto, serviços públicos,
espaços comuns, segurança pública: o "direito à cidade" é uma
categoria abrangente que, analisada como um todo, dá uma
medida de quão democrática é uma cidade. A ampliação ou a
restrição do direito à cidade pode ter como efeito a redução ou,
contrariamente, o acirramento das desigualdades sociais.
O direito à cidade também tem tudo a ver com gênero, pois uma
cidade pode se configurar como território mais acessível para
um gênero do que para outro. Infelizmente, é isso que ocorre na
maior parte dos casos, inclusive do DF, sempre em desfavor das
mulheres.

A enorme desigualdade existente entre Plano Piloto e demais


regiões administrativas do DF, em todos os aspectos que se
analise, revelam que o direito à cidade é para poucos por aqui.
Quando fazemos o recorte de gênero, o quadro é ainda pior.
No quesito mobilidade, a população sofre com a escassez brutal
de transporte público, e com a precariedade e alto custo do
transporte ofertado. A equivocada priorização do transporte
rodoviário e do transporte individual tornam a mobilidade no
DF mais onerosa, perigosa e poluente. A população pobre e,
especialmente, as mulheres sofrem com a falta de segurança no
transporte público, nas ruas escuras, passagens subterrâneas e
paradas de ônibus.

Quanto à moradia, as insuficientes políticas de habitação


obrigam parcela significativa da população a residir em terrenos
irregulares e em moradias precárias e distantes do local de
trabalho. A falta de transparência, arbitrariedade e mesmo
truculência que marcam a atuação da Companhia Imobiliária de
Brasília (Terracap) e da Agência de Fiscalização do Distrito
Federal (AGEFIS), em particular ao lidar com a população pobre,
contribuem para perpetuar o verdadeiro "apartheid"
socioeconômico e geográfico que caracteriza o DF.

O acesso à cultura, lazer e desporto também varia


enormemente conforme o lugar onde se habita, com a
disponibilidade de equipamentos públicos em maior número e
melhores condições no Plano Piloto, em prejuízo da população
periférica. Ainda assim, chama a atenção a quantidade de
espaços culturais fechados e deteriorados no Plano. A aplicação
arbitrária, preconceituosa e truculenta da Lei do Silêncio
completa um quadro de perseguição à arte no DF.
Nos esportes, as escassas políticas existentes não atendem à
demanda do público feminino, em uma demonstração cabal de
machismo institucional. 
DIRE ITO À CIDA DE
PROPOSTAS

• Gratuidade nos transportes públicos conforme previsto no


projeto do INESC “Tarifa Zero”
• Ampliação e melhoria das ciclovias
• Acessibilidade física nos transportes, nas ruas e nas calçadas
• Prioridade para mulheres e pessoas LGBTI em situação de
vulnerabilidade nas políticas de moradia
• Elaboração de políticas públicas que acompanhem toda a
cadeia produtiva da arte, desde o fomento à criação até a
garantia da distribuição das obras, assegurando a igualdade de
acesso aos incentivos entre homens e mulheres
• Equipamentos e programas de esporte em todas as regiões
administrativas, que assegurem isonomia na oferta para
meninos e meninas
• 100% do território do DF abrangido pela oferta de transporte
público coletivo, seguro e ininterrupto
• 100% do território do DF contemplado com iluminação
pública, tornando as ruas, passarelas e passagens subterrâneas
mais seguras para mulheres
• Ampliação e descentralização da oferta de equipamentos
públicos de cultura, lazer e desporto em todas as regiões
administrativas
• Nova Lei do Silêncio, que favoreça a boa convivência na
cidade e estanque o fechamento de palcos e o desemprego da
classe artística do DF
• Linhas de fomento à produção cultural de mulheres, pessoas
não brancas, pessoas LGBTI e dos diferentes territórios do DF
• Auditoria e refundação da Terracap e Agefis, com gestão
democrática e transparente e controle social
• Política de moradia abrangente, que supra o déficit de
habitação no DF, leve em conta o contexto de vida das famílias e
assegure o acesso a serviços e equipamentos públicos
DIRE ITO À COM UNIC AÇÃ O
A sociedade brasileira acostumou-se a viver na tragédia,
anestesiada pela grande mídia. A notícia é moldada de acordo
com os interesses dos donos das emissoras e parceiros na
manutenção do país para poucos. É como um grande filtro que
distorce a realidade, gerando efeitos danosos para as maiorias
pobres, e para as mulheres em particular.

O sistema de televisão é controlado por apenas quatro


empresas, pertencentes a famílias brancas, ricas e comandadas
por homens: Globo, SBT, Bandeirantes e Record. Estas mesmas
empresas controlam também emissoras de radio, jornais e
revistas. Todas as tentativas de regulamentação dos artigos da
Constituição que tratam da comunicação ou da livre
manifestação do pensamento sofrem derrotas no Congresso
Nacional. A vedação, por parte da Constituição brasileira, ao
vínculo de parlamentares com empresas de comunicação é letra
morta no país. Sequer a complementariedade dos sistemas
público, estatal e comercial de radiodifusão é respeitado. Nas
grandes metrópoles brasileiras não há espaço para canais
públicos ou estatais, estão todos ocupados com a radiodifusão
comercial.

Uma das decorrências da falta de democratização dos meios de


comunicação é que os meios hegemônicos reproduzem imagens
estereotipadas das mulheres, reforçando a mercantilização do
corpo feminino e reproduzindo a violência contra mulheres.
Além disso, o monopólio do setor perpetua a invisibilidade de
mulheres negras, indígenas e lésbicas, bem como de nossas
reivindicações políticas. A verdade é que a maior parte da
população não se vê representada na televisão. Precisamos
ampliar os espaços onde os brasileiros não são apenas audiência
das grandes redes de TV, mas criadores de cultura e informação.

A comunicação comunitária com incentivos vai possibilitar que


as juventudes das periferias exponham suas narrativas em seus
territórios e disputem com a imprensa comercial a construção
de sua própria realidade e sua identidade coletiva.
Recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (FUST), do Fundo para o Desenvolvimento
Tecnológico das Telecomunicações (FUNTEL) e de outros
fundos públicos podem ser alocados na promoção da
universalização da banda larga, na educação para a mídia e no
fomento à produção audiovisual. 
DIRE ITO À COM UNIC AÇÃ O
PROPOSTAS

Definição de política de fortalecimento das emissoras públicas


• Regulamentação do art. 223 da Constituição Federal, para
garantir a complementaridade entre os sistemas público,
privado e estatal
• Reversão de recursos de publicidade para o fortalecimento da
comunicação comunitária
• Criação de operador de rede para todas as emissoras de rádio
e TV públicas, com recursos da Contribuição para o Fomento da
Radiodifusão Pública
• Ampla veiculação, nas emissoras públicas, da produção
audiovisual já existente, viabilizada com recursos da Ancine e
programas de fomento estaduais
• Criação de programas de fomento à produção audiovisual
• Estímulo à produção e difusão de conteúdos não
discriminatórios e não estereotipados, valorizando a
diversidade de gênero, raça, etnia, orientação sexual, origem e
idade
• Garantia de que a imagem da mulher seja veiculada sempre
com pluralidade, diversidade e sem reprodução de estereótipos,
também na promoção do combate ao racismo, à lesbofobia e à
violência contra as mulheres
• Desenvolvimento de políticas de promoção da equidade de
gênero nas TVs públicas e educativas, incluindo a participação
das mulheres nos conselhos das emissoras públicas
• Aumento da oferta de cursos de produção audiovisual nos
Institutos Federais
• Cobrança da regulamentação e do cumprimento dos preceitos
do art. 5o, sobre livre manifestação do pensamento, e do art.
220 da Constituição de 1988, sobre a Comunicação Social
• Implantação da educomunicação na grade escolar do Ensino
Fundamental e Médio ou como tema transversal, para
assegurar a formação dos jovens para a produção de conteúdos
por meio das tecnologias de comunicação, bem como a
formação para uma leitura crítica da mídia
• Incentivo da comunicação comunitária para produção de
conteúdo local
• Investimento em banda larga e pontos de acesso à internet
públicos e gratuitos 
DIRE ITO DAS MUL HERE S
DO CAM PO
 Cerca de 14 milhões de brasileiras residem no campo, inseridas
num meio de profundo conservadorismo. Elas vivem mais
isoladas, com pouco ou nenhum acesso a bens e serviços, às
políticas públicas e aos equipamentos do Estado, como escolas,
serviços de saúde e delegacias da mulher. Acham-se, portanto,
invisibilizadas e mais vulneráveis às diversas formas de
violência e exploração, realidade que se repete no Distrito
Federal.

 As mulheres do campo enfrentam grande resistência ao seu


envolvimento na esfera pública, falta de reconhecimento no
plano privado e preconceito dentro e fora de casa. Costumam
trabalhar para a família, em atividades precárias e não
remuneradas, além de responder por toda a carga do serviço
doméstico e pelo cuidado com as crianças. Na rígida divisão
sexual do trabalho vigente no meio rural, as mulheres têm o
status de “ajudantes”, cujo trabalho é complementar e
provisório. Não surpreende, pois, que apenas 945 mil
camponesas sejam hoje reconhecidas como produtoras rurais.

Esse quadro, porém, já foi pior, pois a participação das mulheres


do campo na esfera pública começou a crescer com a presença
delas nas feiras e o subsequente engajamento em cooperativas,
redes de produção e movimentos sociais. Tomadas pela
consciência da necessidade de ocupar espaços de poder, essas
mulheres há quase duas décadas constroem a Marcha das
Margaridas, mobilização que traz às ruas de Brasília uma
multidão de mulheres rurais de três em três anos. Elas marcham
unidas na luta pelo reconhecimento de seus direitos, no
enfrentamento ao preconceito, à discriminação, à violência, ao
agronegócio e ao capitalismo; e na defesa da agroecologia
(cultivo sustentável, sem agrotóxicos), da preservação do meio
ambiente e da segurança alimentar e nutricional.

A agroecologia, aliás, tem sido a chave para o empoderamento


das mulheres no campo, agregando valor à produção e
viabilizando a conquista da autonomia financeira e de melhores
condições de vida para suas famílias. Atentas aos ensinamentos
ancestrais sobre segurança alimentar e respeito à natureza e na
contramão de um país que assume o vergonhoso posto de maior
consumidor de venenos do mundo, elas praticam o cultivo
sustentável em seus quintais, por meio da produção de
alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. 
     
DIRE ITO DAS MUL HERE S
DO CAM PO
 Tornam-se, assim, gestoras da agricultura familiar e
protagonistas do modelo de economia associativa conhecido
como CSA (comunidades que sustentam a agricultura), com
prestígio crescente. Tal protagonismo tem rendido experiências
muito exitosas para os assentamentos e acampamentos
liderados por mulheres, que ficam, em contrapartida, mais
expostas às ofensivas advindas tanto da grilagem de terras
quanto do preconceito e da discriminação da sociedade
patriarcal.

          
PROPOSTAS

• Retomada do processo de reforma agrária


• Promoção e incentivo à agroecologia, por meio de campanhas
periódicas de conscientização popular, da inserção de
conteúdos nos currículos escolares dos diversos níveis de
ensino, da criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos,
e do fim das isenções fiscais para agrotóxicos
• Abertura de linha de crédito especial para as agricultoras
familiares
• Garantia de oferta de assistência técnica e extensão rural
diferenciada e de base agroecológica para as mulheres, além de
capacitação
• Incentivo à preservação e uso das sementes crioulas e plantas
medicinais para uma vida mais saudável
• Facilitação do acesso da população do campo aos serviços
públicos, sobretudo os de saúde, de educação e de
enfrentamento à violência contra as mulheres
• Combate à grilagem de terras públicas
• Criação de política pública de habitação voltada ao campo,
com base em tecnologias de bioconstrução
• Manutenção da previdência pública universal e solidária
• Criação de fundo para fortalecer as políticas voltadas ao
campo e a autonomia econômica das mulheres
DIRE ITOS DE LÉSB ICAS ,
MUL HERE S BISS EXUA IS E
TRAN SEXU AIS
A manutenção da ordem capitalista e patriarcal impõe um padrão
normativo do que é ser mulher: branca, magra, heterossexual, cisgênero
e cumpridora de papeis e expressões “femininas”. A
heteronormatividade e cisgenereidade compulsórias acarretam
desemprego e trabalhos precarizados, salários desiguais, barreiras para
espaços de tomada de decisão, mordaças nas escolas, fundamentalismos
religiosos, monopólios nos meios de comunicação, limitações para ser,
amar e desejar quem se quiser. Levam, ademais, ao extermínio da
população LGBTI+.

O Brasil é o país que mais mata LGBTIs no mundo, e a impunidade dos


assassinos (sustentada no desinteresse do Estado em solucionar crimes
racistas e LGBTfóbicos) incentiva as recorrências. Ainda não se sabe
quem matou Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, assassinada
em março de 2018 por conta dos seus enfrentamentos cotidianos como
mulher e também por causa do seu corpo negro, lésbico e de periferia,
cuja luta corajosa impulsiona a esposa, a filha e tantas outras pessoas na
busca por justiça para ela e para Anderson, o motorista também
assassinado. Tampouco se sabe quem violou e matou Katyane Campos –
lésbica, negra e periférica – no centro de Brasília em 2016. É conhecida,
entretanto, a identidade do assassino de Anne Mickaelly, morta a
facadas em janeiro deste ano ao pedir a namorada em casamento, pois o
lesbofeminicida chegou a se entregar, mas foi liberado em seguida. Em
todos os casos, a impunidade.

Numa lógica perversa, o Brasil é o país que mais consome pornografia


com transexuais e também o que exibe o maior índice de
transfeminicídio. Em vez de ser alvo de políticas públicas específicas de
saúde, educação e assistência social, Dandara – travesti – foi
abandonada pelo Estado e espancada até a morte. Esse crime odioso
ainda foi filmado e compartilhado nas redes sociais, em nítido
desrespeito à memória dessa mulher.

Parlamentares conservadores – homens e mulheres – insurgem-se


contra a suposta “ideologia de gênero”, em ataques violentos a pessoas
que não respeitam. Por meio de iniciativas como o Projeto de Lei da
Mordaça nas escolas, buscam proibir a discussão de gênero e
sexualidade nas instituições de ensino, utilizando discursos fantasiosos e
perversos sobre a abordagem desses temas por profissionais da
educação.
Além disso, o próprio direito à igualdade de condições para acesso e
permanência previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é
negado às pessoas LGBTIs, muitas vezes discriminadas pela escola ou
forçadas a utilizar o banheiro do gênero oposto àquele com que se
identificam.
DIRE ITOS DE LÉSB ICAS ,
MUL HERE S BISS EXUA IS E
TRAN SEXU AIS
O conservadorismo na política – marcado pelo desrespeito à
laicidade do Estado e pelo avanço de fundamentalismos
religiosos – atua para impedir que lésbicas, mulheres bissexuais
e transexuais conquistem direitos básicos, na tentativa de
controlar corpos e atitudes em nome da “família”. Essa
instituição, aliás, foi definida no Estatuto da Família
(recentemente promulgado no DF) como o “núcleo social
formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por
meio de casamento ou união estável”. Nega-se, assim, a
existência de famílias diversas e homoafetivas. Segurança,
saúde, educação, trabalho e bem viver são necessidades
mínimas que devem ser garantidas pelo Estado, e,
especificamente, pelo Distrito Federal a todas as pessoas.  Amar
não é crime. Pelo direito de existir e resistir!

O Estatuto da Família – promulgado no DF este ano, que define


família como “núcleo social formado a partir da união entre um
homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável”
- nega a existência de famílias homoafetivas. Na direção oposta
àquela propugnada pelos fundamentalismos laicos ou religiosos,
o Estado e o Distrito Federal precisam assegurar segurança,
saúde, educação, trabalho e bem viver para todos os cidadãos e
cidadãs, sem discriminação. Amar não é crime.

PROPOSTAS

• Garantia do direito à identidade de gênero, sem necessidade


de cirurgia de redesignação sexual e com dispensa de laudos –
conforme decisão do Supremo Tribunal Federal – às travestis,
mulheres transexuais, homens trans, intersexos e pessoas não
binárias
• Proibição da mutilação de bebês intersexuais, asseguradas a
autodeterminação de gênero e a proibição de hormonioterapias
realizadas sem respeito à identidade de gênero da pessoa
• Inclusão de 2% de cotas afirmativas para pessoas travestis e
transexuais nos concursos públicos
• Aprovação de projetos que versam sobre direitos de todas as
famílias, (casamento entre pessoas do mesmo sexo ou gênero,
adoção, herança, previdência, licença parentalidade etc.)
• Aprovação do Estatuto da Diversidade Sexual proposto pela
Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos
Advogados do Brasil
DIRE ITOS DE LÉSB ICAS ,
MUL HERE S BISS EXUA IS E
TRAN SEXU AIS
• Reconhecimento pelo MEC da identidade de gênero de
pessoas trans na educação básica e no ensino superior
• Revogação do Estatuto da Família no âmbito do DF
• Criação de políticas de estímulo ao ingresso e à permanência
da população LGBTI no mundo da educação e do trabalho
• Criação de políticas públicas com enfoque na população
LGBTI em situação de rua e em privação de liberdade
• Fortalecimento dos serviços especializados no atendimento à
população LGBTI no DF (CREAS da Diversidade, Adolescentro,
Ambulatório Trans e Decrin)
• Criação de serviços de acolhimento para a população LGBTI
em situação de violência
• Capacitação continuada sobre direitos da população LGBTI
para conselhos tutelares, coordenação de escolas, equipes de
saúde da família e serviços da rede de assistência social e
segurança pública
• Promulgação de lei contra a LGBTfobia no DF
• Investigação de todos os crimes LGBTfóbicos contra mulheres
no Distrito Federal
• Justiça para Katyane e para Anne Mickaelly
DIRE ITOS SEXU AIS E
REPR ODU TIVO S
O Brasil ratificou diversos tratados da Organização das Nações
Unidas que consagram o direito de todas as pessoas ao controle
sobre seus próprios corpos, à vivência de relações consensuais,
à informação e à tomada de decisões sobre a reprodução, livres
de discriminação, coerção ou violência. Ademais, adotou leis
que asseguram o respeito ao planejamento familiar, a
esterilização voluntária, a assistência à concepção e à
contracepção; o atendimento pré-natal; a assistência ao parto e
ao puerpério; o controle das doenças sexualmente
transmissíveis (DST) e da prevenção do câncer cérvico-uterino
e do câncer de mama. Também instituiu, em 2004, o Pacto
Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e, em 2006, a
Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos.

Contudo, há uma enorme distância entre a lei que protege e a


prática que nega o acesso das mulheres brasileiras à saúde
integral e ao efetivo gozo dos seus direitos sexuais e
reprodutivos. Basta lembrar o elevado número de casos de
gravidez na adolescência, o acesso ainda restrito à
contracepção de emergência, a alta incidência de abortos, a
subnotificação dos casos de morte materna, a má qualidade do
atendimento à gestante e o enorme número de mortes por
câncer de mama, afora as dificuldades de acesso aos precários
serviços de saúde em função da própria concentração
geográfica e oferta escassa deles e também do preconceito
racial.

O quadro é, de fato, aterrador. Em vários pontos do Brasil, as


mulheres não têm acesso sequer aos precários serviços de
saúde, como ocorre com boa parcela das indígenas da região
amazônica. Em média, quatro em cada dez mulheres deixam de
fazer mamografia, número que se eleva nas regiões Norte e
Nordeste e, mais ainda, entre as mulheres negras e indígenas,
sobremarcadas pela pobreza e pela baixa escolaridade.
São negras e indígenas, pobres e jovens, as mulheres mais
afetadas pela criminalização do aborto, opção legislativa de
1940 que resulta na morte de uma brasileira a cada dois dias.
Metade do meio milhão de mulheres anualmente empurradas
para a clandestinidade em busca de procedimentos inseguros
para interrupção da gravidez acaba se hospitalizando a fim de
fazer curetagem (segunda causa de internação de mulheres nas
unidades hospitalares, superada apenas pelo parto) ou tratar
complicações graves decorrentes do aborto.
DIRE ITOS SEXU AIS E
REPR ODU TIVO S
Além de onerar sobremaneira o Sistema Único de Saúde (SUS),
essas complicações muitas vezes deixam sequelas permanentes,
como a esterilidade. Não bastasse isso, são cada vez mais
frequentes os casos de mulheres processadas e presas após
serem atendidas por profissionais de saúde fundamentalistas,
que as denunciam, ignorando o dever de sigilo imposto pelo
Código de Ética da medicina.

PROPOSTAS

• Legalização do aborto até 12 semanas de gravidez


• Expansão do acesso ao planejamento familiar e à diversidade
de métodos anticoncepcionais
• Oferta de educação sexual desde o Ensino Fundamental
• Garantia do acesso aos serviços de abortamento legal
• Garantia do direito à saúde e dos direitos reprodutivos e
sexuais a todas as mulheres, sobretudo àquelas com deficiência,
negras, indígenas, ciganas e privadas da liberdade
• Garantia da visita íntima para mulheres em situação de
privação de liberdade
• Recuperação dos Centros de Assistência à Saúde da Mulher
• Fim da violência obstétrica
• Aprovação da Lei das Doulas no âmbito federal
• Ampliação do número de centros de parto humanizado
• Implantação da Casa de Parto anexa aos hospitais em cada
uma das quatro macrorregiões do DF
• Garantia de acompanhantes durante o parto
EDU CAÇ ÃO
A educação do país encontra-se em grave crise, sinalizada
principalmente pela promulgação da Emenda Constitucional no
95, que estabelece o congelamento dos gastos públicos por
vinte anos nas áreas sociais. A medida limita o orçamento da
União em despesas primárias, como educação e saúde, ao
volume de recursos efetivamente utilizados no ano anterior,
corrigido apenas pela variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA).

A emenda em questão inviabiliza a vinculação constitucional de


18% da verba da União para a educação, impedindo também o
cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE).
Desse modo, permite que o governo economize em educação
para gastar em dívida pública, precarizando ainda mais a
educação do País e facilitando manobras que desembocarão na
cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Figuram
entre as consequências também esperadas dessa medida o
congelamento dos salários dos profissionais de educação, a
ausência de novas contratações, a suspensão de programas de
financiamento estudantil, a interrupção dos investimentos em
pesquisa, o corte das bolsas de estudos dos programas de pós-
graduação e a deterioração física das unidades de ensino.

O conservadorismo – laico e religioso – vem afetando


igualmente a educação. Com discursos moralistas, “em nome da
família”, deputadxs e senadorxs de todo o território brasileiro
buscam proibir o que denominam ser “ideologia de gênero” nas
escolas. A guerra instaurada contra a discussão de gênero nas
escolas levou à supressão do termo tanto dos planos de
educação quanto dos orçamentos de várias unidades
federativas.

Entretanto, gênero e sexualidade são questões fundamentais


para a compreensão social, individual e do corpo,
imprescindíveis mesmo à necessária desconstrução de padrões
que podem levar ao adoecimento das pessoas, quando não
questionados. São também importantes no entendimento de
violências e do assédio vivenciado por mulheres
cotidianamente, inclusive nas escolas. A ausência desses
debates reforça a solidão de meninas assediadas que não
denunciam por saber não ter apoio dentro do espaço escolar, e
com receio de retaliações nas avaliações.
EDU CAÇ ÃO
A formação de professorxs na graduação, bem como ao longo da
atuação na rede de ensino, pública ou privada, ainda está aquém
do necessário para a preparação de profissionais capazes de
lidar de forma positiva com a diversidade de classe, raça, etnia,
gênero, orientação sexual e identidade de gênero. Isso leva ao
tratamento desigual de crianças e adolescentes enquanto
sujeitos, submetidos a uma padronização fictícia e meritocrática
dos comportamentos e formas de existir. Como resultado,
temos a reprodução dos estereótipos de gênero, a violência
contra meninas e mulheres e a evasão escolar de pessoas
LGBTI.

PROPOSTAS
• Revogação da EC 95/2016
• Garantia do cumprimento das metas estabelecidas no Plano
Nacional de Educação
• Manutenção das bolsas de estudo dos programas de pós-
graduação
• Universalização do acesso à creche pública e às escolas
integrais, para que as mães tenham acesso a oportunidades de
estudo, trabalho e lazer
• Oferta de escolarização e biblioteca nas penitenciárias
femininas
• Combate ao racismo institucional, efetivando o cumprimento
das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que incluem no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”
• Reconhecimento pelo MEC da identidade de gênero de
pessoas trans na educação básica e no ensino superior
• Inserção de disciplinas obrigatórias sobre raça, etnia, gênero e
sexualidade nos cursos de licenciatura e na formação
continuada oferecida pela Secretaria de Educação do Distrito
Federal (SEDF)
• Criação de comissões na educação visando ao acolhimento e
encaminhamento de denúncias de alunos a respeito de assédio
nas escolas
• Isonomia entre homens e mulheres nos cargos de gestão
educacional
• Elaboração e distribuição de cartilha sobre assédio sexual nas
escolas
• Rejeição de projetos de lei que tentem instituir a chamada
“escola sem partido”
• Garantia da inclusão dos estudos de gênero e diversidade
sexual no currículo, além de acesso ao material didático
pertinente
• Garantia de formação universal e permanente dos
profissionais da educação nos estudos de gênero e diversidade
sexual
ENFR ENTA MEN TO AO
RAC ISMO
Para a população negra, o emprego e o acesso aos serviços
públicos são sempre os piores ou inexistentes. Mais de três
séculos de escravidão e, por muito tempo, a ausência de
políticas públicas para a população deixou suas marcas, fazendo
com que esta parcela do povo ainda tenha os piores indicadores
sociais. Nesse recorte, as mulheres negras são ainda mais
vulneráveis.

No Distrito Federal, a realidade não é diferente. A região


central (o Plano Piloto) concentra a maior parte da oferta de
bens e serviços públicos, muito embora a população que mais
precise – sobretudo negra – resida nas cidades da periferia. A
isso se soma um sistema de transporte deficiente, que dificulta
o acesso da população negra e pobre às oportunidades de
estudo, trabalho, tratamento da saúde, cultura, lazer, etc.
Na crise e após o golpe, as políticas públicas de enfrentamento
ao racismo, ainda muito recentes na história do país, vêm sendo
rapidamente desmontadas.

Com o ataque simultâneo às políticas sociais e econômicas, a


vida da população negra tem piorado rapidamente. Além disso,
o racismo institucional tem se manifestado na dificuldade de
elaborar e avançar em soluções públicas que permitam à
população negra sair da subalternidade. Ele se torna
escancarado nos retrocessos vividos na Sedestmidh, com a
fragilização das políticas de gênero e raça, e também em áreas
como a segurança pública.

Nesse campo se verificam respostas que só agravam a opressão


que vive a população negra: uma guerra às drogas que prende
usuários/as e pequenos/as repassadores/as; a prisão
daqueles/as que cometem pequenos delitos (pessoas que
poderiam se recuperar com o apoio das comunidades); e a
morte violenta de jovens provocada pela polícia – que, com o
apelo popular do combate ao crime, promove um verdadeiro
genocídio da juventude negra, matando mais pessoas que em
zonas de guerra.
ENFR ENTA MEN TO AO
RAC ISMO
PROPOSTAS

• Garantia de 20% de reserva de vagas para negros e negras


nos concursos públicos distritais (cotas)
• Efetivação da interseccionalidade na execução das
políticas públicas de garantia de direitos, nas políticas sociais
e econômicas, considerando raça, gênero, renda, território,
orientação sexual, identidade de gênero, idade etc.
• Fortalecimento dos órgãos e conselhos federais atuantes
na política de promoção da igualdade racial
• Implantação do Parque Mandela e do Museu Nacional da
Memória Afrodescendente
• Ampliação e integração dos modais de transporte,
buscando reduzir o tempo e o gasto da população mais pobre
com o transporte público
• Garantia da execução da Política de Saúde Integral da
População Negra, avançando na compreensão da
determinação social do processo saúde-doença dessa
população
• Fortalecimento das políticas e dos programas
desenvolvidos pelo Sistema Único de Assistência Social
(SUAS)
• Universalização do acesso à creche pública e às escolas
integrais, permitindo às mulheres que são mães a busca de
oportunidades de estudo, trabalho e lazer
• Fortalecimento dos órgãos públicos responsáveis pela
assistência social e pelas políticas específicas para mulheres,
igualdade racial, população LGBT, idosos e combate à
intolerância religiosa, com a realização de concurso público,
garantia de recursos com execução obrigatória, e atuação
sob perspectiva interseccional
• Promoção do combate ao racismo nas escolas, efetivando o
cumprimento das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que
incluem no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena”
• Lançamento de editais culturais de valorização da cultura
negra e enfrentamento ao racismo no Distrito Federal,
voltados para publicação de autoras/es negras/os, formação
de pesquisadoras/es, apoio a espetáculos, preservação da
memória e  produção audiovisual, entre outros fins
ENFR ENTA MEN TO À
VIOL ÊNC IA CON TRA
MUL HERE S
Pelo menos uma mulher é assassinada no Brasil a cada duas
horas, fato vexatório que coloca o país como o quinto mais
violento do mundo para a população feminina, apenas superado
por Rússia, Guatemala, Colômbia e El Salvador. De 1980 a 2017,
o número anual de homicídios saltou de 1.353 para 4.473,
resultando em 124.224 mortes. Ocorreu, ademais, uma
escalada no número de feminicídios: de 492 em 2015 para 946
em 2017.

Essa violência letal não afeta de modo uniforme o conjunto das


mulheres em termos étnico-raciais. De 2000 a 2015, houve um
crescimento de 22% no número de assassinatos de mulheres
negras, que foram mais de 65% das vítimas letais só em 2015,
em contraposição à redução de mais de 7% da mortalidade das
mulheres não negras. Isso mostra como a combinação entre
desigualdade de gênero e racismo é perversa, além de ser
variável básica para a compreensão da violência letal contra as
mulheres no Brasil.

Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, pois o


desfecho fatal quase sempre se faz anteceder de violência física,
psicológica, moral, sexual ou patrimonial, como especifica a Lei
Maria da Penha, responsável não só por inserir no ordenamento
jurídico brasileiro mecanismos para prevenir, coibir e punir a
violência doméstica e familiar contra as mulheres, mas também
por prescrever o atendimento em rede nesses casos. Esse tipo
de violência, aliás, tem sido a causa de boa parte dos boletins de
ocorrência registrados nas delegacias e dos atendimentos à
população feminina realizados nas unidades de saúde, não
obstante a cobertura geográfica centralizada e insuficiente dos
equipamentos públicos da rede de atendimento e o seu recente
sucateamento.

Revela-se igualmente grave e preocupante o quadro de


violência sexual contra as mulheres no País. A cada dia, são
registrados 135 estupros em média, dez dos quais têm autoria
comprovadamente coletiva. Cuida-se, portanto, da ocorrência
de quase 50 mil casos por ano, uma realidade que – embora
alarmante – representa somente a ponta do iceberg. De acordo
com os estudiosos do tema, a subnotificação desse crime
alcança a faixa dos 90%, pois as vítimas têm dificuldade de
revelar o ocorrido, seja por vergonha, seja por medo (não
infundado) de serem culpabilizadas pela violência sofrida, seja
mesmo por desconhecimento da natureza delitiva do ato. Afinal,
a maioria delas é menor de idade: 40% são meninas e 24%,
adolescentes.
ENFR ENTA MEN TO À
VIOL ÊNC IA CON TRA
MUL HERE S
Tem sido cada vez mais recorrente a gravação e a divulgação
das imagens de crimes perpetrados contra as mulheres,
sobretudo as dos estupros coletivos, o que indicia o caráter
cultural dessa prática, tornada ainda mais perversa com o
avanço da tecnologia, por sonegar das vítimas o direito ao
esquecimento.

A propósito, a perseguição e a vingança digital são modalidades


novas de violência que atingem especialmente as mulheres,
embora não de modo exclusivo como a violência obstétrica e a
proibição do aborto. Cite-se, também, a forma como o
encarceramento feminino e o genocídio urbano de jovens
acarreta particular sofrimento às mulheres.

Mais da metade dos crimes contra as mulheres ocorre dentro de


casa e cerca de 80% deles são cometidos pelos respectivos
namorados, companheiros ou ex. Até os 14 anos de idade, os
principais algozes das meninas são os pais, que vão sendo
progressivamente substituídos na autoria das agressões pelos
parceiros ou ex-parceiros das jovens à medida que se tornam
adultas. A situação permanece inalterada até as mulheres
completarem 60 anos de idade, momento em que os filhos
passam a preponderar na geração de violência contra elas.

No Distrito Federal, a violência contra as mulheres cresceu mais


do que no Brasil de forma geral. Entre 2005 e 2015, o número
de homicídios de mulheres aumentou 18,9% no plano nacional
contra 23,4% no âmbito do DF, onde saltou de 47 para 58
homicídios. De modo idêntico, foram registrados 624 estupros
em 2015 contra 883 em 2017 (incremento de 41,50%), sem
falar do número de feminicídios, que se igualou ao de 2016 e de
2017 (19) já nos dois primeiros quadrimestres deste ano.
A reflexão sobre essa realidade deve considerar o fato de que o
DF possui uma rede de atendimento comparativamente maior e
melhor do que as demais unidades federativas, em virtude do
número de equipamentos disponíveis na respectiva área
geográfica.
ENFR ENTA MEN TO À
VIOL ÊNC IA CON TRA
MUL HERE S
Porém, ao que tudo indica, a escalada da violência resulta da
falta de priorização das políticas públicas para as mulheres, as
quais foram paulatinamente desprezadas e escanteadas a partir
de 2015. A interdição do funcionamento da Casa da Mulher
Brasileira, inaugurada naquele ano em função de parceria
firmada entre os governos federal e distrital, é prova disso. 
Não há como enfrentar tais violência sem o trabalho constante
e articulado dos vários órgãos do Estado ou a participação ativa
da sociedade, visto que elas favorecem a discriminação, coíbem
a igualdade entre homens e mulheres, comprometem a
integridade física e psíquica das futuras gerações e ameaçam de
morte a democracia.

PROPOSTAS

• Fortalecimento e ampliação da rede de atendimento às


mulheres em situação de violência, mediante concurso público,
reforço orçamentário e oferta descentralizada de
equipamentos e serviços
• Promoção e proteção dos direitos das mulheres em situação
de violência, incluindo a reserva de mercado de trabalho para a
conquista da autonomia financeira
• Integração de políticas, ações e programas multidisciplinares
de segurança pública, educação, saúde, assistência social,
urbanismo e transporte público na prevenção e no combate à
violência
• Atuação integrada dos órgãos públicos no enfrentamento à
violência contra as mulheres, particularmente as polícias
• Implementação de política de educação em gênero em todos
os níveis de ensino
• Adoção de novo formato operacional para a Casa da Mulher
Brasileira (CMB) em Brasília, além da reabertura do espaço e da
garantia de seu funcionamento
• Formação de comitês de gênero, raça e acessibilidade em
todos os órgãos públicos distritais
• Formação dos servidores públicos em gênero, raça e
acessibilidade, a começar pelos gestores
• Realização de campanhas publicitárias informativas a respeito
da rede de atendimento à mulher em situação de violência,
assegurado o devido aporte orçamentário
• Reforço dos programas assistenciais para mulheres em
situação de vulnerabilidade
ENFR ENTA MEN TO À
VIOL ÊNC IA CON TRA
MUL HERE S
• Adoção de políticas para a construção de contexto urbano
seguro para a vida e integridade das mulheres
• Retomada do orçamento para reduzir a violência contra as
mulheres e promover sua autonomia
• Promoção de campanha contínua de combate à violência
contra as mulheres e de estímulo às denúncias
• Adesão ao combate contra a veiculação de estereótipos de
gênero nos meios de comunicação social
• Adoção de políticas públicas de combate ao estupro de
crianças e à violência sexual praticada contra mulheres em
cuidado de saúde mental
• Implantação de Delegacia Especializada no Atendimento à
Mulher (DEAM) em cada uma das 4 macrorregiões do DF, nos
locais de maior incidência de violência doméstica e familiar
• Funcionamento ininterrupto do serviço de atendimento às
mulheres nas delegacias circunscricionais
• Adoção de protocolos de atendimento que evitem a
culpabilização e a revitimização das mulheres nas delegacias e
nos serviços especializados
• Realização de trabalho de sensibilização das lideranças
religiosas para o enfrentamento à violência contra as mulheres
no âmbito de suas comunidades
• Promoção de campanhas publicitárias de combate ao assédio
sexual, com ênfase para as ocorrências no transporte público
• Produção de dados relativos à violência contra as mulheres
nas áreas de segurança pública e saúde, desagregados por raça,
etnia, faixa etária, orientação sexual, identidade de gênero e
condição ou não de deficiência, com notificação compulsória e
encaminhamento à Companhia de Planejamento do DF
(Codeplan), para sistematização, e ao Tribunal de Justiça, para
conhecimento das Varas de Violência Doméstica e Familiar e de
Família
• Eliminação do tráfico de mulheres e de crianças e adoção de
políticas de assistência àquelas em situação de vulnerabilidade
pelo envolvimento com drogas ou prostituição
• Adoção de políticas públicas de acolhimento para mães que
perdem seus filhos no processo de genocídio da juventude e
para as crianças que perdem suas mães nos feminicídios
• Fortalecimento e ampliação do Ligue 180
• Fortalecimento do estatuto administrativo dos órgãos
responsáveis por políticas para as mulheres e reforço de seus
orçamentos
ORÇ AME NTO E POLÍ TICA
FISC AL
A tributação no Brasil amplia desigualdades. Mais de 50% dos
tributos são indiretos, incidindo sobre o consumo, sem
diferenciar a capacidade contributiva de cada pessoa. O
resultado dessa estrutura tributária é que os mais pobres
comprometem maior porcentagem da sua renda com o
pagamento de tributos. Como as mulheres, e em destaque as
mulheres negras, são as mais pobres, são elas que
proporcionalmente pagam mais tributos no País.

Por outro lado, a participação dos tributos diretos, sobre renda


e patrimônio, é muito baixa quando comparada com a de outros
países, embora eles sejam mais eficazes na redução de
desigualdades sociais. Os mais ricos não recebem salários, e sim
renda de capital, lucros e dividendos, que são isentos de
tributação no Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF).
Enquanto no resto do mundo os impostos sobre herança e
doação giram entre 25% e 60%, no Brasil a legislação federal
permite chegar a 8%, mas ainda assim a maioria dos estados
cobra apenas de 3% a 4%.

Os tributos sobre a propriedade territorial também são pouco


usados para promover justiça fiscal e social. O Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) não é cobrado com adequada
progressividade, fato que se repete com relação ao Imposto de
Propriedade Territorial Rural (ITR). Considerando a grande
extensão territorial brasileira e os latifúndios existentes, o ITR,
se bem monitorado e cobrado, tem capacidade de promover um
aumento de arrecadação, de forma mais justa.
Do ponto de vista das despesas, é essencial que a participação
social seja garantida no momento de elaboração dos
orçamentos pelo Executivo e na votação das leis orçamentárias
pelo Legislativo, via orçamento participativo e audiências
públicas.

Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o chamado tripé


macroeconômico e a EC 95 (Teto dos Gastos Públicos) colocam
o País numa situação de arrocho fiscal permanente, o que
contribui para a perpetuação das desigualdades sociais,
regionais, raciais e de gênero.
ORÇ AME NTO E POLÍ TICA
FISC AL
PROPOSTAS

• Alteração da composição da carga tributária brasileira,


reduzindo os tributos indiretos e ampliando os diretos
• Taxação de lucros e dividendos no IRPF
• Ampliação da quantidade de faixas no IRPF, com diferentes
alíquotas progressivas, além da ampliação do valor da faixa de
isenção
• Criação de faixas específicas e ampliação da alíquota para os
5%, 1% e 0,01% mais ricos no IRPF
• Ampliação da participação do ITR na composição da carga
tributária
• Elevação do imposto cobrado sobre herança e doações, com
progressividade e consideração da função social 
• Adoção de tributação ambiental, com taxação dos maiores
poluidores ou consumidores de recursos naturais, bem como
revogação da isenção de Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS)
• Promoção de maior progressividade do IPTU
• Alteração das leis sobre orçamento participativo, das leis
orçamentárias e do regimento interno das Casas Legislativas,
para que a participação social seja obrigatória nas etapas de
construção do orçamento anual
• Revogação da EC 95
• Aplicação das normas do Pacto Internacional dos Direitos
Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais à política
fiscal
• Supressão da tributação sobre recebimento de pensão
alimentícia
• Retomada dos investimentos em políticas para as mulheres
SAÚ DE

Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais perceptível o


adoecimento físico, mental e espiritual da população brasileira,
que tem como resposta dos serviços de saúde públicos e
privados a medicalização, com demanda excessiva por
procedimentos e exames diagnósticos, e uso irracional de
produtos químicos.

Esse problema, agravado pela crise econômica e política, atinge


particularmente os extratos mais pobres, em que preponderam
as mulheres e a população negra. Longe de merecer o cuidado
especial do Estado, eles estão sujeitos às piores condições de
vida, são os mais afetados pelos riscos ambientais e
instabilidades do meio, além de se ver quase sempre alijados do
acesso aos bens e serviços públicos, apesar da existência do
Sistema Único de Saúde (SUS).

Graças à criação do SUS, maior patrimônio do processo de


redemocratização do País, o Brasil possui o maior sistema
universal de saúde entre os países com mais de 200 milhões de
habitantes. Contudo, desde sua criação em 1988, o SUS sofre
ataques que buscam inviabilizar a concepção de saúde como um
direito, impondo-lhe mercantilização progressiva. Com efeito, a
ofensiva ultraneoliberal – com força crescente dentro e fora do
País – ameaça os sistemas universais e coloca em risco a oferta
de atenção à saúde aos grupos mais vulneráveis.

Também muito poderosos e orientados exclusivamente para a


defesa de interesses econômicos são os lobbies do mercado de
agrotóxico e farmacêutico, que atuam de modo conjunto e
complementar. Eles tentam aprovar, por exemplo, projeto de lei
(PL 6299/2002) que não só autoriza a liberação de registros
temporários de uso dos agrotóxicos antes da conclusão da
análise dos órgãos reguladores como ainda retira da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) a competência para a liberação de uso de
agrotóxicos. Atribuindo-a com exclusividade ao Ministério da
Agricultura. E não é demais lembrar que o uso de determinados
agrotóxicos pode causar adoecimento sistêmico, prejudicando a
saúde humana e animal e o equilíbrio do meio ambiente.
SAÚ DE
No Brasil, a abertura do setor de saúde ao capital estrangeiro
por meio da oferta dos serviços (Lei 13.097/15) sinalizou a
chegada de maiores perigos para o SUS, a saber: ampliação da
Desvinculação de Receitas da União (DRU), como mecanismo
para flexibilizar o destino final da receita da Seguridade Social;
congelamento das despesas de toda a seguridade social por
vinte anos; fragilização do controle e da participação social no
SUS; e investidas de setores da saúde suplementar – até mesmo
da respectiva agência nacional – contra o sistema universal
consagrado na Constituição Cidadã.

Ainda como parte da agenda de avanço ultraneoliberal, a


vigência da EC 95 tem como resultados a precarização da
estrutura física das unidades de saúde, a desativação de vários
serviços e o déficit de trabalhadores nas redes. Tudo isso afeta
o adequado atendimento à população, inviabiliza a
territorialização e impacta negativamente na visitação e no
acompanhamento pelas equipes de saúde a usuárias e usuários,
comprometendo as ações de saúde em todos os níveis de
atenção, especialmente as ações de promoção e proteção da
saúde.

Essa questão tem grande importância para o Distrito Federal,


que há pouco decidiu acertadamente – mas com imenso atraso
– adotar o modelo de saúde centrado na atenção primária.
Contudo, além das questões já referidas, diversos
problemas concorrem diretamente para dificultar a
concretização do direito à saúde no DF. Entre eles se destacam
a fragilidade da rede de atenção secundária, desprovida de
estrutura adequada de ambulatórios e policlínicas, que assim
gera sobrecarga para a atenção básica e para os hospitais; a
falta de rede de apoio a cirurgias eletivas; a redução do número
de leitos das unidades de terapia intensiva (UTI) e a dificuldade
de acesso a eles; a atenção fragmentada à saúde das mulheres e
a displicência da área de saúde quanto à problemática do uso de
drogas ilícitas, ainda tratada essencialmente como questão de
segurança pública.

De fato, as Comunidades terapêuticas (CT), voltadas ao


tratamento de dependentes químicos, estão atualmente
vinculadas à Secretaria de Justiça. As internações nelas não são
reguladas nem avaliadas pelos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), ainda que a inspeção nacional nesse tipo de unidade
tenha identificado violações aos direitos humanos camufladas
como ações de tratamento. 
SAÚ DE
Sobrecarregados, os CAPS limitam o acesso aos serviços a
usuários e usuárias com quadro clínico grave, deixando a
urgência psiquiátrica a cargo do Hospital Psiquiátrico São
Vicente de Paulo (HSVP), com exclusividade. Afora essa
carência, o DF também não possui cobertura de Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRTs), malgrado a determinação do
Ministério Público do Distrito Federal de 2010 que impôs ao
governo local a obrigação de construir dezenove CAPS e 25
SRTs. 

Este contexto aprofunda as desigualdades de acesso à saúde


pela população do DF e enfraquece o SUS, gerando
descontentamento na população e descrença nas possibilidades
de construção de um sistema de saúde público, universal e de
qualidade. Na condição de maiores usuárias do SUS, as
mulheres – em especial aquelas em situação mais vulnerável –
são as mais prejudicadas com esse desmantelamento do
sistema.

PROPOSTAS

• Fortalecimento da gestão pública no SUS com financiamento


adequado
• Rejeição do Projeto de Lei 6299/02 (PL do Veneno)
• Fortalecimento da autonomia da autoridade reguladora da
Anvisa
• Garantia da integração e universalização das políticas sociais,
a fim de promover a saúde da população nos diferentes âmbitos
(habitação digna, educação em todos os níveis, transporte
público, segurança comunitária)
• Fortalecimento da rede de assistência à saúde das mulheres
em situação de violência
• Garantia dos direitos reprodutivos e assistência integral à
saúde das mulheres privadas de liberdade, em todo o ciclo de
vida e durante o pré-natal, parto, o período de amamentação e o
puerpério
• Acesso aos serviços de abortamento legal no SUS
• Criação de Banco de Dados sobre o uso de misoprostol no SUS
• Estabelecimento da notificação compulsória de violência
LGBTfóbica no SUS
• Geração, disponibilização e atualização de informações
qualificadas e fidedignas da situação de saúde e da oferta e
disponibilidade de serviços, com estratégias efetivas de
comunicação com usuárias/os e profissionais de saúde no DF
• Rejeição de qualquer proposta de privatização e terceirização
da gestão e da atenção à saúde no DF
SAÚ DE
• Investimentos na ampliação e no fortalecimento da rede do
SUS 
• Fortalecimento da rede de atenção à saúde com foco na
reestruturação da Atenção Básica mediante a implantação do
modelo de Estratégia Saúde da Família (ESF) no âmbito federal,
assegurada a atenção integral e intersetorial, com prevenção de
agravos e doenças, promoção da saúde e fortalecimento da
organização da comunidade, em contraposição ao modelo atual
de atenção médico-hospitalocêntrico
• Criação de mecanismo para garantir o acesso aos serviços de
saúde às famílias não territorializadas, de forma a assegurar o
atendimento regionalizado para moradores de acampamentos,
assentamentos e ocupações nas regionais de saúde
correspondentes à sua localização
• Fortalecimento de estratégias que garantam atendimento à
população rural
• Democratização, por meio da regionalização, das prática
integrativas em saúde (PIS) 
• Ampliação das hortas comunitárias nas unidades básicas de
saúde (UBS), como alternativa terapêutica, com locais de
preparo e manipulação das ervas e dos fitomedicamentos
• Atenção à saúde das meninas e adolescentes, com prioridade
para ações não medicalizantes
• Acesso facilitado e desonerado para a aquisição de
probióticos
• Estruturação da Rede de Atenção Psicossocial, com a
implantação de novos Caps e de (SRTs), de modo a promover
atenção em saúde mental humanizada, na lógica não manicomial
e da desinstitucionalização 
• Criação de programa de educação permanente do qual
participem, de forma descentralizada, serviço de saúde,
trabalhadores/as e comunidade, considerando o território para
a implementação da Política de Educação Permanente para o
SUS
• Fortalecimento da diversidade, da renovação, da capilarização
e da amplitude da representação por segmentos na composição
e representação nos conselhos de saúde do DF (CSDF)
• Consolidação da política de humanização nos processos de
saúde do/a trabalhador/a e fortalecimento da equipe de
humanização da Secretaria de Saúde do DF
• Reestruturação do atendimento oncológico e garantia do
cumprimento do prazo fixado na Lei nº 12.732, de 2012, para
início do tratamento  
• Acesso à diversidade de métodos contraceptivos de acordo
com as necessidades individuais
SEGU RAN ÇA PÚBL ICA
O Brasil enfrenta uma grave crise de segurança pública, ainda
mais acirrada nos dois últimos anos em função do uso
desmedido da repressão policial e da politização do sistema de
justiça. Essa crise alimenta-se de problemas que vão do
aumento das taxas de criminalidade e da sensação de
insegurança à seletividade do sistema de perseguição criminal,
passando necessariamente pela degradação do espaço público,
pela superpopulação nos presídios, pela ineficiência da
investigação criminal e pela morosidade judicial.

O fracasso do uso ostensivo da força na alegada tentativa de


controlar semelhantes problemas, de que é prova a desastrada
intervenção federal em curso no Estado do Rio de Janeiro, só
reforça a necessidade de construir saídas alternativas para
resolver a questão da segurança. Uma das saídas que parecem
se impor é a adoção simultânea de medidas nas áreas de
educação, cultura, esporte, saúde, trabalho e assistência social
voltadas à promoção da conquista da cidadania pelos grupos
tradicionalmente excluídos.

Vale dizer que a polícia no Distrito Federal, a exemplo da Polícia


Militar no resto do País, não se caracteriza como polícia
comunitária ou cidadã: é antes uma força voltada à repressão,
com o uso de armamento intensivo e caracterizada pelo pouco
diálogo com a população e com os movimentos sociais.
Embora os direitos civis no DF sejam relativamente menos
violados do que em outras unidades da Federação, as
desigualdades sociais são aqui mais evidentes. Além disso,
predomina o conservadorismo e o preconceito contra grupos
populacionais considerados diferentes e historicamente
marginalizados. A Polícia Militar do DF está em sintonia com
esse conservadorismo e francamente aliada às elites
econômicas locais. Nesse contexto, torna-se árduo assegurar
legislação e práticas que favoreçam a solidariedade, o respeito e
a convivência pacífica.

Atualmente, o DF testemunha o sucateamento das áreas de


prevenção à violência. A Polícia Civil está reduzida, o que
confirma a aposta em policiamento ostensivo e militarizado.
Paralelamente à perpetuação do machismo em nossa sociedade,
o sucateamento da prevenção ao crime atinge diretamente as
condições de segurança das mulheres. Existe apenas uma
Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) em
todo o Distrito Federal, e os atendimentos específicos para
mulheres nas demais delegacias não são 24 horas. Em adição,
existem apenas quatro Centros Especializados de Atendimento
à Mulher (CEAM) em funcionamento. 
SEGU RAN ÇA PÚBL ICA
Os números não deixam margem a dúvidas. No último período,
verificou-se redução de todos os tipos de crimes, à exceção do
estupro e do feminicídio, que aumentaram. Até o final de
agosto, 20 mulheres foram vítimas de feminicídio no DF
somente em 2018. Urge observar que o feminicídio contra
mulheres brancas caiu 9%, ao passo que houve elevação de 54%
no número desses crimes contra as mulheres negras. Isso revela
que as medidas de segurança implementadas não são
universais, muito pelo contrário. As mulheres negras também
são a maioria da população feminina em privação de liberdade,
contingente que vem aumentando de forma alarmante. 

A violência é uma questão complexa, e qualquer política séria


de enfrentamento do problema exige compreensão
aprofundada da realidade local. A redução dos índices de
violência passa pela redução das desigualdades sociais e
melhoria da qualidade de vida de todas as pessoas; pelo
combate incessante ao racismo, ao machismo, à LGBTfobia e à
intolerância religiosa. Passa também pela promoção de
mudanças na legislação penal, inclusive no que respeita à
política de drogas, e no sistema prisional. Questões, em suma,
que devem ser amplamente debatidas com a sociedade, de
forma qualificada e democrática, a fim de que a política de
segurança pública sirva realmente à consolidação da cidadania,
e não o contrário.

PROPOSTAS

• Criação de Guarda Distrital comunitária, de ação preventiva,


desmilitarizada, que atue em interlocução com a comunidade e
com os movimentos sociais locais
• Formação continuada de agentes e servidores/as do sistema
judiciário em questões de gênero, raça e sexualidades
• Integração das políticas de segurança pública, educação,
saúde e assistência social na prevenção e no combate à
violência contra as mulheres e na promoção dos direitos das
mulheres em situação de violência
• Integração entre as polícias para o enfrentamento da
violência contra as mulheres
• Promoção continuada de campanhas de enfrentamento à
violência contra as mulheres e de estímulo às denúncias
• Ampliação do número de Ceam no DF
• Implementação de uma Deam em cada uma das quatro
macrorregiões do DF, em locais de maior incidência de violência
doméstica
SEGU RAN ÇA PÚBL ICA
 Estabelecimento de serviços especializados de atendimento às
mulheres 24 horas nas delegacias circunscricionais
• Estabelecimento de protocolos de atendimento que evitem a
culpabilização e a revitimização das mulheres nas delegacias e
nos serviços especializados 
• Produção de dados relativos à violência contra as mulheres
nas áreas de segurança pública e saúde, desagregados por raça,
etnia, faixa etária, orientação sexual, identidade de gênero e
deficiência, com notificação obrigatória
• Garantia da prioridade em lei para que as mulheres em
situação de violência se tornem titulares de lotes de
assentamento agrário
• Reforma do sistema prisional, com o estabelecimento de curto
prazo para as prisões provisórias
• Garantia da permanência em cárcere feminino das mulheres
trans e travestis em situação de privação de liberdade
• Garantia dos direitos humanos das mulheres encarceradas,
em especial do acompanhamento pré-natal e da liberação para
cumprimento de medidas no regime aberto
• Fim da revista vexatória nas prisões
• Integração entre as políticas públicas de saúde, segurança
pública e assistência social em uma nova política sobre drogas,
com foco em saúde pública e no respeito aos direitos humanos
• Estabelecimento de políticas de segurança para a população
em situação de rua, as/os profissionais do sexo e as/os jovens
em conflito com a lei, sob a perspectiva de respeito aos direitos
humanos
Defesa da não-redução da maioridade penal
Defesa do Estatuto de Desarmamento
Tipificação do estupro coletivo
SUST ENTA BILID ADE
AMB IENT AL

De proporções continentais, o Brasil é o país de maior


biodiversidade do planeta, abrigando em seu território entre 10
e 20% do número total das espécies hoje existentes,
distribuídas por seis biomas, a saber: Amazônia (maior floresta
tropical do planeta), Pantanal (maior planície inundável),
Cerrado (com sua imensa variedade de espécies), Caatinga,
Pampas e Mata Atlântica.

Além disso, exibe uma costa marinha gigantesca, cerca de 12%


de toda a água potável disponível na Terra e uma rica
sociobiodiversidade, representada por mais de 200 povos
indígenas e por comunidades de quilombolas, caiçaras e
seringueiros, entre outras, todos detentores de um acervo
precioso de conhecimentos tradicionais sobre a conservação da
biodiversidade.

A magnitude dessa riqueza, entretanto, só encontra rivalidade


na escala dos problemas existentes para a sua preservação
socioambiental. Queimadas, desmatamento, assoreamento dos
rios, despejamento de esgoto sem tratamento, consumo
desenfreado de água, acúmulo e descarte inadequado do lixo,
uso intensivo de agrotóxicos e acidentes ambientais afetam a
saúde e a vida humana e causam poluição atmosférica,
contaminação do solo e das águas, erosão, escassez hídrica,
alagamentos, empobrecimento do solo, migrações forçadas e
perda de biodiversidade, com o risco evidente de extinção das
espécies.

Mulheres, crianças, comunidades ribeirinhas, povos indígenas,


pequenos/as agricultores/as e moradores/as das periferias das
cidades acham-se desigualmente expostos à escassez de bens
ambientais e são os mais afetados pela poluição, pela ingestão
de produtos químicos e pela exclusão territorial. Encontram-se,
ademais, excluídos dos processos decisórios, embora a Eco-92
já tenha apontado a importância do protagonismo das mulheres,
por exemplo, na gestão do desenvolvimento sustentável.

Preocupante no País, a situação ambiental no DF também está


longe de ser tranquila. De fora para dentro de sua divisa
geográfica, o DF sofre com os efeitos da expansão agrícola e da
produção agropecuária em larga escala praticada no Cerrado,
mantidas à base de insumos e técnicas de plantio que impactam
o solo, os recursos hídricos e a biodiversidade.
SUST ENTA BILID ADE
AMB IENT AL

 Internamente, para além das restrições impostas pelo clima, o


DF experimenta forte pressão sobre os recursos naturais do seu
território, advinda do crescimento populacional (mais de 3
milhões de habitantes em 2017), do aumento desenfreado da
frota de veículos motorizados, do histórico padrão de ocupação
desordenada do solo, que desrespeita as áreas de proteção
ambiental e destrói as nascentes; e da tradicional falta de
gestão da disponibilidade hídrica e dos resíduos sólidos, com
baixíssimo percentual de reciclagem e reaproveitamento.

Provam isso dois episódios recentes: o racionamento de água de


quase um ano de duração e o início – temporalmente defasado,
à luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos – da desativação
do Lixão da Estrutural, o maior a céu aberto da América do Sul.
Não se pode ignorar, ainda, a existência de uma população
estimada entre 60 e 120 mil animais vivendo em situação de
abandono pelas ruas das diversas regiões administrativas do
DF. Esse grupo é formado basicamente por cães e gatos.

Provam isso dois episódios recentes: o racionamento de água de


quase um ano de duração e o início da desativação gradativa do
Lixão da Estrutural (maior lixão a céu aberto da América do Sul).
Lembre-se, por fim, que existem de 60 a 120 mil animais
vivendo em situação de abandono pelas ruas das
diversas regiões administrativas do DF, notadamente cães e
gatos.

PROPOSTAS

• Adoção de políticas públicas que garantam o uso equilibrado e


racional dos recursos naturais, o planejamento territorial
dimensionado às suas características ecológicas, a proteção à
biodiversidade e padrões de produção e consumo sustentáveis
• Elaboração e implementação de políticas públicas que
integrem as agendas ambiental, social, territorial e de
desenvolvimento
• Promoção da educação ambiental entre os estudantes dos
diversos níveis de ensino e a população em geral, com ênfase
para a importância da preservação ambiental, da reciclagem, do
uso moderado da água e do consumo consciente e sustentável
SUST ENTA BILID ADE
AMB IENT AL

• Ampliação do número de unidades de conservação


• Recuperação de áreas degradadas, com emprego de técnicas
de restauração e conservação do solo
• Estímulo à redução do uso dos combustíveis fósseis, via
incentivos financeiros para a adoção de energia solar, eólica e
de biomassa
• Defesa dos recursos hídricos nacionais que inclua políticas
públicas de combate à grilagem de terras, ao soterramento de
nascentes e mananciais, à contaminação dos aquíferos e à
poluição das águas
• Ampliação da rede de água para abastecimento urbano
• Promoção da alimentação saudável e garantia de segurança
alimentar
• Adoção de estímulos fiscais e tecnológicos para a
agroecologia
• Estímulo à aquisição de alimentos oriundos da agroecologia
para o consumo em equipamentos públicos, como hospitais,
escolas e restaurantes comunitários
• Implementação de política de redução do uso de agrotóxicos
• Rejeição do PL 6299/2002 (Projeto do Veneno) e de matérias
afins
• Adoção de políticas públicas que incentivem o
estabelecimento de cooperativas de catadores, a coleta seletiva
e a reciclagem
• Ampliação e fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e
punição aos infratores das leis ambientais
• Reforço no combate à caça e à pesca ilegais e ao comércio de
espécies selvagens
• Proibição da caça esportiva, da exportação de animais vivos
para abate e de práticas de entretenimento que envolvam
maus-tratos aos animais
• Eliminação dos testes em animais pela indústria farmacêutica
e cosmética
• Adoção de política pública de controle reprodutivo de cães e
gatos, para atendimento de animais sob a guarda de tutores de
baixa renda
• Normatização dos procedimentos nos centros de zoonose,
com o emprego de padrões éticos de atendimento aos animais
• Incentivo à instalação de indústrias não poluentes
TRAB ALHO , REND A E
PREV IDÊN CIA

Não há como falar em trabalho e gênero sem fazer referência à


questão da divisão sexual do trabalho, parte integrante da
ideologia da sociedade capitalista que institui a separação entre
as tarefas do universo doméstico (tidas como femininas) e as
tarefas do universo público (tidas como masculinas). Embora
muito questionado pelos movimentos feministas e
relativamente flexibilizado em alguns meios sociais, de maneira
geral o modelo clássico segue explicando a estruturação do
trabalho de mulheres no DF, no Brasil e em quase todo o
mundo.  

Assim, as mulheres brasileiras e candangas são as responsáveis


quase exclusivas por aquilo que chamamos de “economia do
cuidado”, que corresponde ao trabalho não remunerado
imprescindível à reprodução da espécie, como a criação das
crianças, o cuidado com os doentes e as pessoas idosas, e todo o
serviço doméstico. Além disso, também trabalham fora de casa,
com remuneração até 75% inferior à dos homens, ainda que
tenham formação idêntica à deles e exerçam funções iguais.
Na pirâmide salarial, os homens brancos situam-se no topo, com
os salários mais altos. As mulheres brancas aparecem logo
abaixo deles e são antecedidas pelos homens negros. Na base,
com os salários mais baixos, estão as mulheres negras. Trata-se,
portanto, de discriminações cumulativas.

À desigualdade de remuneração se soma a enorme disparidade


na ocupação de cargos gerenciais, em que as mulheres são – de
novo – franca minoria, sobretudo as negras. A soma do trabalho
doméstico com o remunerado faz com que as mulheres no Brasil
trabalhem, em média, 20h a mais por semana do que os homens,
e a renda delas seja sistematicamente inferior.

A sociedade e o Estado devem assumir as tarefas de cuidado


que hoje recaem exclusivamente sobre as mulheres, na forma
de serviços públicos. Alternativamente, esse trabalho ainda
pode ser reconhecido como um serviço prestado à sociedade, e
remunerado enquanto tal.
TRAB ALHO , REND A E
PREV IDÊN CIA
Também como decorrência de suas obrigações domésticas e da
ideia de que “lugar de mulher é pilotando o fogão”, às mulheres
são destinados os postos de trabalho mais precários e mal
remunerados. Não espanta, pois, que – no DF como no restante
do País –esteja em curso um processo de feminização da
pobreza: um contingente cada vez maior de mulheres chefes de
família com baixa escolarização, trabalho precário e, em sua
maioria, jovens e negras.

Esse grupo, sem dúvida, deve estar no centro das políticas de


trabalho, renda e assistência social.
Merece destaque, ainda, o número elevado de mulheres
empreendedoras tanto no Brasil quanto no Distrito Federal. Ao
que tudo indica, para uma parcela significativa dessas mulheres,
o avanço tecnológico tem sido útil para a compatibilização da
“tarefa do cuidado” com o desempenho de atividades
econômicas que possibilitem a autonomia financeira.

A reforma da previdência proposta pelo (des)governo Temer


converte em apólice de seguro o que hoje é direito consagrado
na Constituição Cidadã. Nesse sentido, iguala o tempo de
contribuição de homens e mulheres, desconsiderando a não
repartição igualitária das tarefas de cuidado. Aprofunda, desse
modo, as iniquidades de gênero, aumentando a injustiça e o
sobre-trabalho das mulheres.

PROPOSTAS

• Formulação de legislação que permita sancionar empresas


não garantidoras da isonomia salarial prevista em lei
• Monitoramento da assimetria salarial e da discriminação de
gênero em contratações pela fiscalização do trabalho
• Desenvolvimento de programas de incentivo às empresas na
contratação de mulheres
• Reserva de vagas para mulheres em cursos profissionalizantes
de predominância masculina
• Campanhas publicitárias educativas que desconstruam os
papéis estereotipados de gênero e a divisão sexual do trabalho
• Desenvolvimento de políticas de combate ao assédio moral e
sexual no ambiente de trabalho
• Estímulo ao empreendedorismo das mulheres, mediante o
financiamento de startups criadas por elas e de pequenos
empreendimentos
TRAB ALHO , REND A E
PREV IDÊN CIA
Desenvolvimento de políticas de combate ao assédio moral e
sexual no ambiente de trabalho
Desenvolvimento de políticas de trabalho e renda específicas
para mulheres chefes de família
• Instituição da perspectiva de gênero em todas as políticas
de trabalho, renda e previdência
• Universalização do acesso à creche pública e às escolas
integrais, permitindo às mulheres que são mães a busca de
oportunidades de estudo, trabalho e lazer
• Rejeição da proposta de equiparação do tempo de
contribuição previdenciária entre homens e mulheres
• Garantia de aposentadoria às mulheres que comprovarem
trinta anos de dedicação exclusiva ao serviço doméstico
• Não instituição do tempo mínimo de contribuição
previdenciária para trabalhadores/as do campo por conta
das dificuldades enfrentadas pelos/as trabalhadores/as
rurais para o pagamento da contribuição do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), de forma continuada, ao
longo de quinze anos

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