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Resumo
O pequeno artigo que se segue pretende apontar, sem adentrar nos pormenores
da discussão, aspectos teóricos de dois filósofos da rica e vasta tradição marxista:
António Gramsci e György Lukács. Embora tenham sido contemporâneos entre si e nos
deixado uma produção teórica relativamente distinta, mas partindo do mesmo prisma e a
militâncias políticas similares em alguns aspectos, o intuito aqui é de trazer à tona uma
discussão que nos é pertinente acerca da teoria – ou ainda mais – envolvendo a filosofia
da História. A história dentro do pensamento de Marx guarda uma função essencial por
oferecer uma compreensão efetiva do real que desmascara as formas metafísicas
precedentes. Nesses termos, essa concepção de história se ancora sobre a recusa da
transcendência, construindo uma imanência calcada em um princípio materialista (assim
chamado materialismo histórico). O ponto central da transformação do materialismo
histórico em filosofia da práxis reside da detecção de um novo período histórico por
parte de Gramsci. Este período histórico que nos compele, sob a perspectiva de Lukács,
vem a partir de 1848 (após o fracasso dos levantes revolucionários da classe operária
europeia). Portanto, para o pensador italiano, a história é considerada como natureza do
homem na medida em que é compreendida como um constante devir orientado por
relações sociais mutáveis no tempo. Nesse processo de devir histórico, a unidade dos
seres não está dada, mas se coloca como uma das possibilidades contidas no interior
desse devir. Por outro lado, podemos perceber em Lukács, grosso modo, em que cada
época do processo histórico tem-se a sua própria filosofia da História. Para o filósofo
húngaro, a filosofia marxiana constitui até aqui a mais avançada filosofia da História. O
“método” seria histórico, pois, posto o sujeito seja ontologicamente determinado por tal
condição, e mais além: para sair de uma especulação idealista e fragmentada. Lukács
aprendeu a partir dos estudos em Hegel que a evolução social deve ser focada ao nível
histórico-universal, para que o ser social saia do “reino da necessidade” para o “reino da
liberdade” no qual o ser humano se forja forjando o movimento histórico efetivo.
Para Gramsci, podemos perceber que as ideologias não são meras aparências
ou reflexos superestruturais; mas, pelo contrário, são realidades objetivas que, na
expressão de Marx, repetida exaustivamente por Gramsci, tornam-se forças operantes
quando ganham a consistência nas crenças populares. A partir desse ponto de inflexão
na interpretação de Marx, António Gramsci desenvolveu sua teoria da relação entre
estrutura econômica e superestrutura ideológica, sintetizada no seu conceito de bloco
histórico, entendido como complexo de estruturas materiais e superestruturas
ideológicas que se condicionam mutuamente. Em outras palavras, a filosofia de um
tempo, dentro da História, também constitui uma forma ideológica (na forma
superestrutural).
Subsequente a isto, prossegue ele a escrever com certo grau de ênfase que o
materialismo é uma arma suficientemente eficaz do ponto de vista cientifico e
ontológico nas mãos do operariado. E comenta a respeito:
NIZAN. P. Y. Karl Marx – Trechos escolhidos sobre filosofia. Trad. Inácio Rangel.
Editorial Calvino; RJ, 1949.