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Giroscópio

1. INTRODUÇÃO

O giroscópio foi inventado em 1850 por Jean Bernard Léon Foucault (1819 -
1868), que o utilizou para mostrar que a Terra de fato gira sobre seu próprio
eixo. Trata-se de um instrumento livre para girar em qualquer direção. Quando
em rotação, no entanto, tende a se opor às mudanças de direção. Dessa
forma, ele é formado por um disco fixado a um eixo livre para girar em torno
desse eixo.

Seu movimento é regido pela Segunda Lei de Newton para rotações, logo é
um instrumento que usa o princípio da conservação do momento. Quando se
trata de um disco girando ao redor de um eixo, o momento angular total será
dado pela somatória dos momentos angulares presentes em cada pedaço do
disco.

Pode-se descrever o momento angular pela equação abaixo:

𝐿 = 𝑚(𝑟 𝑥 𝑣) (1)

Onde r é a distância da partícula até o ponto de referência e v é a


velocidade da partícula. Também é visto que quando se trata um corpo físico
em rotação pode-se escrever o momento angular em função do momento de
inércia do mesmo e da velocidade de rotação do corpo. Dessa forma:

𝐿 = 𝐼𝜔 (2)
Na equação acima 𝐼 é o momento de inércia e ω é a velocidade angular. E
variando o momento angular de uma partícula, esta produz um torque que é dado
pela derivada do momento angular:

𝑑𝐿 (3)
𝑇=
𝑑𝑡
No experimento do giroscópio fez-se girar o disco situado em um dos
cantos do eixo de livre movimentação, fazendo com que esta rotação produzira
um momento angular na direção do eixo de sustentação.

Vamos supor que o eixo está em equilíbrio num instante inicial devido aos
contrapesos, se adicionada uma massa extra na extremidade do eixo, uma
força irá surgir no local, puxando o eixo para baixo. Isso irá produzir uma
modificação no momento angular, que por sua vez produz um torque no eixo
de forma que este começa a rodar sobre o eixo de sustentação a base.

Este movimento de rotação recebe o nome de precessão. Igualando o


torque a força com que o corpo descrito puxa o eixo para baixo, temos a
velocidade de precessão:

𝑚𝑔𝑟 (4)
𝛺=
𝐼𝜔
No experimento, é possível calcular o momento de inércia I de duas
maneiras. Usando o torque produzido pela força peso de uma massa
suspensa a uma altura h, presa ao carretel:

𝑡 2 𝑚𝑔𝑟 2 (5)
𝐼= − 𝑚𝑟 2
2ℎ

Em que t é o tempo de queda da massa m suspensa por um fio enrolado a


um carretel de raio r.

E a outra é durante o movimento de precessão, medindo-se o período de


rotação do disco Tg e o período de precessão Tp. Logo:

𝑇𝑃 𝑇𝐺 𝑚′ 𝑔𝑟 ′ (6)
𝐼= 4𝜋 2

Sendo o teórico calculado através da equação:


𝑀𝑅 2 (7)
𝐼=
2

2. OBJETIVOS

O objetivo desse experimento é através dos cálculos obter o momento de


inércia do disco do giroscópio. Além disso, analisar a relação entre o período de
precessão e o período de rotação do disco do giroscópio.

3. MATERIAIS UTILIZADOS
 Cronômetro
 Pequenos discos com diferentes massas
 Contra-peso (figura 3)
 Porta-peso
 Fita
 Foto-sensor (figura 2)
 Giroscópio (figura 1)

Figura 1 - Giroscópio

Fonte: https://www.3bscientific.com.br/giroscopio,p_853_1969.html
Figura 2 – Foto-sensor

Fonte: https://www.3bscientific.com.br/giroscopio,p_853_1969.html

Figura 3 – Contra-peso

Fonte: https://www.3bscientific.com.br/giroscopio,p_853_1969.html

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Fixado a haste do giroscópio na direção horizontal, enrolou-se um fio no


carretel e na extremidade deste fio foi preso um porta-peso, o qual pesava 10,1
g, mais uma massa adicional de 49,9g. Após esse procedimento, escolhida 5
alturas diferentes 0,75m, 0,65m, 0,55m, 0,45m, 0,35m, mas igualmente
espaçadas, soltou-se o porta-peso a partir das alturas definidas, marcando para
cada uma o tempo de queda.

Logo depois, o eixo do giroscópio foi solto e equilibrado, junto com o


contra-peso. Posteriormente, segurou-se o eixo, enrolou um fio e puxou com
força suficiente para que ele girasse com certa velocidade. Depois colocou-se
uma pequena fita no disco de modo que passasse através do foto-sensor, com
o objetivo de se medir o período (Tω). Tirado o foto-sensor, colocou-se o porta-
peso, com 20g de massa extra, na ranhura do eixo. E mediu-se o tempo para
que o giroscópio leva para rodar meia volta.

Colocado o eixo de volta na horizontal e retirado o porta-peso, mediu-se


novamente o Tω. enrolando um fio e puxando com força para que o disco girasse,
isso realizado cinco vezes.

5. RESULTADOS

Com o fio enrolado no carretel, e na sua ponta preso o porta-peso com 60g
de massa total, soltou-se o porta-peso das alturas definidas a baixo e obteve-se
os seguintes tempos:

Tabela 1- tempo de queda em relação a cada altura

h (m) t (s)

0,75± 0,01 5,85± 0,01

0,65± 0,01 5,64± 0,01

0,55± 0,01 5,15± 0,01

0,45± 0,01 4,60± 0,01

0,35± 0,01 4,12± 0,01

Com o eixo do giroscópio solto e com uma pequena fita anexada a ele, foi
obtido o valor do período (Tω) de 0,07s. E a duração do tempo de meia volta do
disco, com o porta-peso anexado com 30,1g de massa total, foi de 36,83s. Já
com o eixo do giroscópio preso o T g foi medido cinco vezes, com diferentes
velocidades e obtendo os seguintes valores: 0,051s, 0,079s, 0,058s, 0,114s,
0,094s.
Com a utilização dos dados dos espaços e dos tempos na tabela 1,
entretanto utilizando o tempo ao quadrado, foi possível a plotagem do gráfico a
seguir, o qual possui coeficiente angular o valor de -0,006 ± 0,012.

35 Tempo ao quadrado x altura

30

25

20
t2(s)

15

10

0
t2=0,31+46,84h
-5
-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
h(m)

Figura 4: Gráfico do tempo ao quadrado pela altura

As medidas do raio e da massa do disco, e do raio do carretel, de um


disco idêntico necessários para os cálculos de momento de inércia estão
inseridas a seguir:

Tabela 2- Raio (R) e massa (M) do disco e raio (r) do carretel, de um disco
idêntico

R (m) M (g) r (m)

0,12 ± 0,01 1319,6 ± 0,05 0,025 ± 0,01

As seguintes medidas, massa do porta-peso acoplado na ranhura do eixo


e da distância entre a ranhura e o eixo de rotação, são utilizadas nos cálculos de
inércia.
Tabela 3- massa (m) do porta-peso inserido na ranhura do eixo e (d) distância
entre ranhura e o eixo de rotação

m (g) d (m)

30,1 ± 0,05 0,270 ± 0,01

O momento de inércia do disco calculado pela equação 5, para as cinco


alturas, estão representadas na tabela a seguir:

Tabela 4: Valores, do momento de inércia, calculados utilizando dados


obtidos em cada altura.

h (m) I ± σI (Kg.m2)

0,75± 0,01 0,98 x 10-2 ± 3,92 x 10-4

0,65± 0,01 1,05 x 10-2 ± 2,30 x 10-7

0,55± 0,01 1,03 x 10-2 ± 2,30 x 10-7

0,45± 0,01 1,01 x 10-2 ± 2,20 x 10-5

0,35± 0,01 1,04 x 10-2 ± 2,54 x 10-5

Os valores do momento de inércia do disco médio, teórico e o erro


percentual estão apresentados na tabela abaixo:

Tabela 5: Valor médio e teórico do momento de inércia do disco e erro


percentual.

Imédio (Kg.m2) Iteórico (Kg.m2) Erro percentual

1,02 x 10-2 ± 2,24 x 10-7 0,95 x 10-2 7,58%

Com os valores do TG obtivemos os valores de Tp na seguinte tabela, com


a seguinte equação 6:
Tabela 6: Valores do TG e do Tp obtidos através do experimento.

TG (s) Tp (s)

5,10 x 10-2 645,10

7,90 x 10-2 416,46

5,80 x 10-2 567,24

11,40 x 10-2 288,60

9,40 x 10-2 350

Com a utilização dos dados dos espaços e dos tempos na tabela 6,


entretanto utilizando o Tg-1, foi possível a plotagem do gráfico a seguir, o qual
possui coeficiente angular o valor de -0,648.

(1/Tg)xTp
20

18

16
1/Tg

14

12

10

8 (1/Tg)= -0,01+6,48*10-3Tp

250 300 350 400 450 500 550 600 650


TP

Figura 5: Gráfico do Tg-1 pela altura


Por conta do Tp ter sido calculado com o valor do momento de inércia
teórico, logo o I calculado pelo segundo método seria igual ao valor teórico.
Então, não haveria diferença percentual entre os valores experimentais e os
valores teóricos.

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para calcular o momento de inércia e relacionar o período de precessão T p


com o período de rotação Tg do disco do giroscópio foi necessário realizar
algumas medidas para determinar experimentalmente os momentos de inércia
do disco do giroscópio, o Tg e o Tp. Para tais medidas foi necessário medir,
durante o experimento, o comprimento do raio do disco, de 5 alturas de queda
diferentes regularmente espaçadas, o raio do carretel e a distância entre o disco
e a ranhura. Foi necessário também obter a massa do disco, e a do porta-peso
com a massa adicionada a ele. Com relação ao tempo, foi cronometrado o tempo
de queda (t) após deixar o porta peso cair, o tempo que o giroscópio levou para
rodar 1/2 de volta, o qual permite calcular Tp , e o período Tg medido através de
um foto-sensor.

Inicialmente foi necessário calcular o momento de Inércia do disco do


giroscópio, para isso foi colocada uma massa ao carretel ficando ela assim
suspensa. Com isso ela fica sujeita apenas a força peso. Fato esse que gera um
torque no carretel, fazendo com que o disco gire. Sendo que, essa massa leva
um determinado tempo t para atingir o solo.
De acordo com as 5 alturas distintas obtidas, com espaçamento entre elas
de 10 cm, foi possível observar que o momento de inércia pode variar, conforme
mostrado na tabela 4.
Já quando o eixo do giroscópio foi liberado e balanceado com o contrapeso,
o porta-peso colocado na ranhura do eixo equilibrou o sistema, já que este gerou
um torque contrário ao do peso do disco. E o período de cada rotação variou,
devido ao fato do fio ser puxado por diferentes forças.
Posteriormente, foi colocado uma carga na outra extremidade do eixo
fazendo assim com que surgisse um novo torque, o que modificou o sentido do
momento angular. No entanto, o disco permaneceu girando verticalmente,
apesar do surgimento desse novo torque.
Durante a parte final do experimento foi medido o tempo para 1/2 de volta
durante a precessão, sendo Tp calculado pela equação 6 considerando o
momento de inécia teórico. Não foi possível calcular o momento de inercia a
partir dos períodos, pois o disco poderia colidir com o foto-sensor e assim não
teria como obter um dos periodos.
A figura 4 é mostrada uma reta crescente, na qual difere do esperado, que
seria uma parábola, uma vez que se trata de um gráfico tempo ao quadrado
versus altura.

7. CONCLUSÃO

De acordo com os experimentos realizados, pode-se determinar o momento


de inércia (I) para cada altura, junto ao seu respectivo erro associado, o qual não
foi igual ao valor teórico obtido, pois apesar de ser tentado ao máximo diminuir
os fatores externos que influenciariam nos cálculos, eles não foram totalmente
extinguidos. O período de precessão (Tp) calculado, também não foi de acordo
com o esperado, pois os valores obtidos pelos cálculos foram distintos dos
valores obtidos no cronometro, essa diferença pode ser explicada na hora de
soltar o disco, onde pode ter sido exercida no disco uma força desnecessária, o
contra-peso mal balanceado.

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos da Física v.1:


Mecânica. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008. p. 153-155.

YOUNG, F.; SEARS, Z. FÍSICA 1: Mecânica. 12. ed. São Paulo:


Editora Addison Wesley, 2008. p. 187.

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