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A nova lei de importunação e a moral nos tempos

Nessa semana saiu a lei de importunação sexual, lei 13.718, que altera
o artigo 215-A do Código penal, onde se pune certos atos contra a vontade
de alguém, e no caso o que mais ocorre com vítimas mulheres, e que une
mais gravemente a situação de frotismo em metrô e ônibus, noticiados
sempre em programas policiais, e que antes ficavam sem punição, ou em
mera contravenção. O frotismo ou froteirismo ocorre quando uma pessoa
se excita mediante esfregar-se com outra sem consentimento. Essa situação
agora está criminalizada. Ocorre também em baladas, festas, shows etc, ou
mesmo em locais públicos, sendo a mulher a maior vítima, e sentindo-se
essa ameaçada de estupro, com sério transtorno psicológico. Também se
está agora punindo a divulgação de cenas de sexo sem consentimento ou
provenientes de estupro ou sugestão de estupro.

No passado, a moral vitoriana julgava a mulher de virtuosa, intocável,


digna de serenatas e homenagens em poesias, quase divina e inacessível.
Houve o tempo que em um namoro o máximo que se fazia era pegar na
mão de uma mulher. Pedia-se ao pai da moça a sua mão, e esperava-se por
anos em noivado até que em certo momento estava também pronto o seu
enxoval, para assim se casar. Já em tempos de amor líquido, como diz o
sociólogo Zygmunt Bauman, os relacionamentos são rápidos e muitas vezes
sem substância, diferentes de algo sólido que ocorria no passado.
Atualmente se faz sexo antes de conhecer a pessoa, em acúmulo de
experiência. Longe disso estão as pessoas ligadas a desvios sexuais, as
parafilias, onde apenas parece importar o seu prazer e fetiche, muitas vezes
em abuso de outras pessoas. Esses problemas psicológicos relacionados à
sexualidade acabam por ir contra os costumes de uma sociedade e têm de
ser criminalizados. Disso resultou a atual lei. Anos atrás existia também a lei
de assédio sexual, que também foi um freio a uma sociedade machista e
abusadora, a uma cultura de estupro e desrespeito ao corpo e a alma da
mulher. O tema dos desvios sexuais é antigo, tratado desde Freud e muito
antes, em um livro chamado Psychopathia Sexualis, de Richard von Krafft-
Ebing, com uma série de descrições de fetiches, que se chamava
paraestesia.

Fato é que a moral ao longo dos tempos vem se transformando


socialmente. O que eram bons costumes acaba por se transformar. Mas o
respeito para com a pessoa, e em especial para com a mulher, exige uma
reflexão ampla. O Sagrado Feminino tem de ser relevante na medida em
que mostra que a mulher também é imagem e semelhança de Deus,
conforme se diz em livro Gênesis bíblico. E Nossa Mãe Maria, mãe de Jesus,
também mostrou que ser mãe de Deus revela a importância do feminino,
pois “bendito é fruto do vosso ventre”. Noutras culturas, em especial
matriarcais, o corpo da mulher era venerado e respeitado, e não era
compatível com qualquer cultura de pornografia ou estupro. A moral assim
vem exigindo um maior rigor, onde a lei tem de punir práticas também
tecnológicas, como em se divulgar vídeo de uma namorada, sem o
consentimento desta. A questão é que se tem de recuperar a sacralidade do
feminino, e de modo ao respeito para com as mulheres previna qualquer
prática criminosa, e que esta receba flores e homenagens, mesmo versos
em hino para a sua natureza de mulher. A moral nisso tem de ser ensinada
em escolas, e juntamente a ética, revelar uma cidadania ampla, para uma
sociedade equilibrada e justa. O momento é de se reconstruir a moral e o
bom costume.

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