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Pensamentos de fim de ano

Confusões teológicas e moralismo religioso

Nos últimos anos vem ganhando força uma teologia do rancor e do ódio. Isso transparece no discurso
das pessoas, mesmo em conversas informais. Castigos de Deus, perseguições contra gêneros
diversos, ideologias extremistas, dentre muitos outros detalhes, mostram esse aspecto. No lugar de
uma teologia de amor e inclusão, se usa uma teologia de rancor e ódio. Dentre as confusões, entram
uns termos estranhos para as justificarem. Uma destas é o casal bíblico, ao se perseguir as
diversidades de famílias. Primeiro que na Bíblia em muitos casos havia a poligamia, o que não combina
com a defendida família cristã tradicional, defendida pelos “teólogos” de redes sociais, ou meros
crentes. Noutro dia um pastor em tom de brincadeira transpareceu ao falar da submissão da mulher
para com o marido, o que gerou comentários contrários das mulheres, em rede social. A Bíblia é sim
palavra de Deus, mas ela necessita de boa tradução, hermenêutica, exegese etc. O nosso contexto
também altera as coisas, uma vez que não vivemos em mundo de pastores de ovelhas, pescadores,
deserto, 2500 anos atrás e demais situações mais presentes nas escrituras. Ler literalmente a Bíblia
pode gerar diversos equívocos. O moralismo que surge em meio a isso tudo, em especial em religiões
fundamentalistas, acaba por gerar uma fuga da realidade e conflito social, que poderia ser resolvido
antes com sabedoria, e com seleção de melhores lições de Nosso Senhor Jesus. O doutor em teologia
Fabrício Veliq bem disse que existe uma moral atrasada e descontextualizada. Passemos para uma
teologia de amor, em lugar de teologia do ódio.

Educação física e filosofia

Quando se pensa em educação física, geralmente se afasta da intelecção, da alma ou mesmo da


filosofia. Nada mais longe da realidade. Platão defendia em seus diálogos o tema da ginástica como
essencial, não para o cuidado do corpo, mas sim da alma. Deste modo, pela ginástica se poderia
desenvolver as virtudes da coragem e da temperança, tão presentes na obra filosófica e pensamento do
nobre filósofo grego. Logo, a implicação da educação física é também ética, além da estética, cuidado
com o corpo ou físico. Lembro na escola de ser a educação física a minha disciplina favorita. Enquanto
se percebe alunos estressados em matemática, já na educação física se nota o sorriso no rosto.
Leonardo da Vinci desenhava a perfeição de um físico exercitado, chegando a uma perfeição em
proporção em seu homem vitruviano. Hoje se dedica um bom tempo em academias de ginástica, e se
encontra um bom momento de meditação, além do treino. As olimpíadas são a cada tempo o grande
diálogo entre povos diversos, mantendo uma paz momentânea, conquistada pelo esporte. Há trabalho
acadêmico que relaciona melhoras da depressão, por uso da musculação, em idosos. Michel Foucault
dizia que há certa prisão no corpo. O mesmo se pode pensar da libertação, que através de um corpo
são, se pode conquistar também na alma. As virtudes ditas por Platão também necessitavam da
educação física, sendo especialmente casadas com a filosofia. Na idade média se demonizou o corpo e
se afastou a filosofia disso. Por fim, corpo são e mente sã. A educação física casa bem com a filosofia.

Mariano Soltys, filósofo e advogado

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