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Processo n° 00635-2008-002-22-00-5
Audiência 09/05/2008 (às 09:00 horas)
CONTESTAÇÃO
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I. DOS FATOS
I. A) VERSÃO DO RECLAMANTE
03. Afirma que a máquina “sonda 3000” não tinha condições de operar, vez
que apresentou problema de vazamento da peça “suive”, e o cabo de aço se rompeu quando o
reclamante tentava consertar o vazamento da máquina referida.
04. Aduz o reclamante que, ao ser atingido pelo cabo de aço, desmaiou e
quando retornou a si já estava a caminho do hospital de Elesbão Veloso, porém, ao chegar lá,
foi transferido para Teresina, considerando-se a gravidade do caso e a falta de condições de
realizar procedimentos necessários. Afirma que ao chegar a Teresina o médico ortopedista
plantonista engessou o braço direito por trinta dias. Alega que, após a retirada do gesso,
verificou-se a necessidade de um procedimento cirúrgico, que foi realizado em
08/09/2006.
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06. Aduz que o acidente de trabalho ocasionou no reclamante
neuropatia múltipla crônica por seqüela de compressão neuromuscular. Alega que a sua
aposentadoria foi forçada e ocasionada pelo acidente de trabalho. Afirma, ainda, que a sua
rotina foi compulsoriamente modificada.
07. Alega o reclamante que, além do sofrimento físico, perdeu seu plano de
saúde e o de sua família e tem de se submeter ao SUS para continuar com as sessões de
fisioterapia e consultas ortopédicas. Aduz que não teve como requerer o prêmio do seguro
contra acidentes pessoais, pois a empresa reclamada tem a posse da apólice de seguro.
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10. Em 28/07/2006, conforme se observa pela Comunicação de Acidente de
Trabalho (CAT) e pelo documento juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, o reclamante
sofreu um acidente de trabalho ocasionado pela quebra do cabo de aço que segura a “chave
flutuante” da sonda. No caso, vale ressaltar, que não havia vazamento na sonda operada
pelo reclamante, que todos os funcionários estavam utilizando os equipamentos de
proteção e que o reclamante tinha longa experiência (quase de 20 anos) no desempenho
da função. A máquina (sonda), bem como o cabo de aço, estavam em bom estado de
conservação. Assim, não restou comprovada a culpa da empresa no acidente de trabalho
ocorrido.
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14. Diante do exposto e considerando que não restou comprovada a culpa
da empresa reclamada e nem o nexo causal entre o acidente e a doença que acomete o
reclamante atualmente, requer, desde logo, que a presente ação seja julgada totalmente
improcedente.
II. DO DIREITO
II. A) PRELIMINARMENTE – PETIÇÃO INEPTA – ART. 286; 282, IV; 267,I; 460,
TODOS DO CPC. DO DANO MATERIAL REQUERIDO – PEDIDO CONSISTE NO
PAGAMENTO DE DESPESAS COM TRATAMENTO MÉDICO.
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18. O respeitado doutrinador Costa Machado, in Código de Processo Civil
Interpretado, ao tecer comentários sobre o art. 286 do CPC, ensina:
21. Dispõe os arts. 186 e 927, ambos do Código Civil Brasileiro, que:
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência,
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
23. Ocorre que, no caso, como já mencionado no item I. B, Dos Fatos, não
restou caracterizada a culpa ou dolo da empresa reclamada e nem o nexo causal entre o
acidente e a doença atual que acomete o reclamante.
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fratura no antebraço do reclamante (CID-10 – S52), entre o cotovelo e a mão e, por
determinação médica, foi engessado e imobilizado.
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demonstração do fato que lhe deu azo, há que provar quantum
satis a ocorrência efetiva das perdas e danos que reclama,
inclusive a respeito de seu quantum (in Código Civil Brasileiro
Interpretado, 8ª edição, ed. Freitas Bastos, volume xiv, pág. 255, de
J. M. Carvalho Santos). 3. Recurso conhecido, ficando afastada a
preliminar de nulidade, relegando-se a preliminar de ilegitimidade
ativa para o momento da apreciação meritória e, no mérito,
provido, para o fim de reformar a r. sentença recorrida, dando por
improcedente o pedido indenizatório da inicial. (Apelação Cível no
Juizado Especial, Data de julgamento: 14/04/2004, Segunda Turma
Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F.,
Relator Benito Augusto Tiezzi, Publicação no DJU 23/04/2004,
pág. 150)
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32. Considerando o princípio da eventualidade, mesmo que estivessem
comprovados os três elementos exigidos por lei para a indenização por danos materiais, o que
não é o caso dos autos e se admite apenas para melhor argumentar, ainda assim, a reclamada
deve arcar com os supostos prejuízos ocasionados na medida de sua culpabilidade (art. 884 e
944, ambos do CC), ou seja, deve suportar os danos relacionados à lesão ocasionada pelo
acidente de trabalho e não lesões estranhas ao fato ora questionado, tais como: fl. 42 –
eletrocardiograma; fl. 44 – ultrassonografia prostática e eletrocardiograma.
34. No caso, quanto a culpa ou dolo, evidente que estes elementos não estão
comprovados. A reclamada sempre tomou todas as precauções no tocante as medidas de
segurança e proteção no ambiente de trabalho. Ademais, repita-se que, em 28/07/2006,
conforme se observa pela Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e pelo documento
juntado pelo próprio reclamante a fl. 20, o reclamante sofreu um acidente de trabalho
ocasionado pela quebra do cabo de aço que segura a “chave flutuante” da sonda. No caso,
vale ressaltar, que não havia vazamento na sonda operada pelo reclamante, que todos os
funcionários estavam utilizando os equipamentos de proteção e que o reclamante tinha longa
experiência (quase de 20 anos) no desempenho da função. A máquina (sonda), bem como o
cabo de aço, estavam em bom estado de conservação. Assim, não restou comprovada a
culpa da empresa no acidente de trabalho ocorrido. A empresa tomou todas as
precauções e cuidados necessários para evitar acidentes.
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EMENTA - 1) Não se pode reconhecer a estabilidade do art.118,
da Lei n. 8.213/91, quando não se tem a comprovação: a) do
reconhecimento administrativo do acidente de trabalho ou da
doença profissional ou do trabalho pela entidade autárquica, com
a subseqüente suspensão do contrato de trabalho, com o
pagamento do auxílio-doença; b) da eventual fraude por parte do
empregador, quando esse procede a dispensa, com o evidente
intuito de obstar o implemento dos requisitos do art. 118. 2)
Qualquer reparação por ato ilícito (dano moral, material ou
ambos), decorrente de acidente de trabalho, doença profissional
ou do trabalho, pela análise do art. 7º, XXVIII, da Constituição
Federal, exige a presença de todos os elementos da
responsabilidade civil subjetiva (ou aquiliana, art. 159, Código
Civil de 1916, atual 186, Código Civil 2002), a saber: a) ato
omissivo ou comissivo; b) nexo causal; c) dano moral ou
material; d) culpa (sentido amplo, onde se inclui o dolo e as
modalidades da culpa, sentido restrito, negligência, imprudência
ou imperícia). Tais elementos devem coexistir de forma
simultânea. De forma objetiva, pela prova dos autos temos: a) o
reclamante é portador de tendinite; b) a tendinite é decorrente das
tarefas executadas; c) a tendinite acarreta uma lesão parcial e
permanente. Temos o tríplice nexo causal: trabalho/doença;
doença/lesão; lesão/incapacidade. Contudo, seja pela leitura do
laudo e do restante do conjunto probatório, não se têm provas da
presença da culpa do empregador. Em matéria de infortunística
laboral, a culpa está presente quando o empregador deixa de
cumprir com as normas de segurança e medicina do trabalho. Em
momento algum, não só a exordial,como o laudo, não indicam as
normas, as quais não foram observadas pelo empregador e que
foram as responsáveis por essas lesões. O simples exercício de
tarefas pode ocasionar uma série de lesões, as quais, porém, não
podem ser imputadas ao empregador. Para esses eventos da vida,
é que surgiu a teoria do seguro social, devendo essas reparações
serem objeto de atuação da Seguridade Social e não do
empregador. Logo,como não há índicios da culpa do empregador,
descabe qualquer responsabilidade civil. (IDENTIFICAÇÃO DO
ACÓRDÃO: TRIBUNAL: 2ª Região, ACÓRDÃO NUM:
20030315543, DECISÃO: 24/06/2003, TIPO: RO01, NUM: 13477,
ANO: 2003, NÚMERO ÚNICO PROC: RO01 - 13477-2003-902-
02-00, RECURSO ORDINÁRIO, TURMA: 4ª, ÓRGÃO
JULGADOR - QUARTA TURMA, FONTE: DOE SP, PJ, TRT 2ª,
Data: 04/07/2003, PARTES: RECORRENTE(S): CRISTÓVÃO
CARNEIRO DE SÁ, RECORRIDO(S): RHODIA DO BRASIL
LTDA; RELATOR: FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO;
REVISOR(A): VILMA CAPATO).
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36. Importante também transcrever v. acórdão da lavra do Colendo Tribunal
Superior do Trabalho que também possui o mesmo entendimento, qual seja, de que é
necessária a comprovação da culpa patronal e o nexo causal para o deferimento da
indenização por danos morais, senão veja-se:
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conduta omissiva ou comissiva do empregador, sabendo-se que
o direito positivo brasileiro alberga tão-somente a teoria da
responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do agente
da lesão (CF, art. 7º, XXVIII).
5. In casu, o Regional adotou a teoria objetiva do risco, segundo a
qual a responsabilização do empregador por acidente de trabalho
não exige a comprovação de culpa ou dolo, pelo fato de ter
assumido os riscos da atividade econômica, com amparo nos
princípios fundamentais da valorização social do trabalho e da
dignidade humana, previstos no art. 1º, III e IV, da Carta Magna.
6. Nesse contexto, ausentes os requisitos da reparação civil, à luz
dos dispositivos pertinentes à matéria, merece reforma o acórdão
regional, para efeito de afastar a condenação da Reclamada em
dano moral, uma vez que não comprovada a culpa patronal pelo
sinistro ocorrido com o Reclamante. Recurso de revista provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista
TST-RR-99.528/2005-654-09-00.2, em que é Recorrente
LIQUIGÁS DISTRIBUIDORA S.A. e Recorrido DINARTE
FABRÍCIO DE SOUZA.
RELATÓRIO
Contra o acórdão do 9º Regional que deu provimento parcial ao
recurso ordinário do Reclamante (fls. 335-346), a Reclamada
interpõe o presente recurso de revista, pedindo reexame da questão
relacionada com o dano moral decorrente de acidente de trabalho
(fls. 358-369).
Admitido o apelo (fls. 372-373), recebeu razões de contrariedade
(fls. 375-380), sendo dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do art. 82, § 2º, II, do RITST.
É o relatório.
VOTO
I) CONHECIMENTO
1) PRESSUPOSTOS GENÉRICOS
O recurso é tempestivo (cfr. fls. 357 e 358) e tem representação
regular (fl. 98), encontrando-se devidamente preparado, com custas
recolhidas (fl. 371) e depósito recursal efetuado (fl. 370).
2) PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS
DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE
TRABALHO
Tese Regional: De acordo com teoria do risco, o fato de a
Reclamada ter assumido os riscos da atividade econômica a torna
responsável pela indenização por danos morais, decorrente de
acidente de trabalho , não se exigindo a comprovação de culpa ou
dolo, nos termos dos princípios fundamentais da valorização
social do trabalho e da dignidade humana, previstos no art. 1º, III e
IV, da CF, não se vislumbrando a violação do art. 7º, XXVIII, da
Carta Magna.
Assim, a questão não se resolve pela averiguação da existência de
culpa do empregador no acidente de trabalho sofrido pelo
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empregado, mas sim pela verificação da existência de nexo de
causalidade entre os serviços realizados e o acidente e a
inexistência de causas excludentes do nexo causal, como é o caso
da culpa exclusiva da vítima, caso fortuito, força maior e fato de
terceiro (fl. 338).
O Reclamante desempenhava a função de ajudante de caminhão de
entregas de botijões de GLP, integrante da equipe de entrega
emergencial e teve lesão no menisco, o qual teve que ser retirado
em cirurgia (fl. 340), ocorrida depois de fazer entrega de
emergência em uma residência e quando saía com o botijão vazio,
escorregou em madeiras úmidas e torceu o joelho (fl. 339).
Configurado o nexo de causalidade e afastada a imprevisibilidade
do acidente ocorrido com o Reclamante, constata-se a
responsabilidade da Empregadora nas situações de indenização por
acidente de trabalho (fl. 342).
Antítese Recursal: Segundo a teoria da responsabilidade
subjetiva, derivada de culpa do agente da lesão (CF, art. 7º,
XXVIII), não tendo sido comprovada a culpa da Empregadora
pelo acidente de trabalho, não se verifica o nexo de causalidade
entre o dano e a ação, requisito indispensável à caracterização
da responsabilidade civil. O recurso vem calcado em violação
do art. 7º, XXVIII, da CF e em divergência jurisprudencial
(fls. 358-369).
Síntese Decisória: O aresto transcrito à fl. 367 conduz ao fim
colimado, já que externa tese oposta à do Regional, assentando
que não se afigura razoável a reparação dos prejuízos advindos
do acidente de trabalho, independentemente da comprovação
de culpa ou dolo do empregador e não evidenciada a atuação
culposa do empregador na ocorrência do acidente de trabalho,
impõe-se indeferir a pretensão do Autor.
Logo, CONHEÇO da revista, por dissenso específico de teses.
II) MÉRITO
DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE
TRABALHO
O dano moral constitui lesão de caráter não material, ao
denominado patrimônio moral do indivíduo, integrado por direitos
da personalidade.
Tanto em sede constitucional (CF, art. 5º, caput e incisos V, VI, IX,
X, XI e XII) quanto em sede infraconstitucional (CC, arts. 11-21),
os direitos da personalidade albergam basicamente os direitos à
vida, integridade física, liberdade, igualdade, intimidade, vida
privada, imagem, honra, segurança e propriedade, que, pelo grau de
importância de que se revestem, são tidos como invioláveis.
Do rol positivado dos direitos da personalidade, alguns têm caráter
preponderantemente material (vida, integridade física, liberdade,
igualdade, segurança e propriedade), ainda que não necessariamente
mensurável economicamente, e outros de caráter
preponderantemente não material (intimidade, vida privada,
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imagem e honra). Estes últimos se encontram elencados
expressamente no art. 5º, X, da CF.
Assim, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz
respeito aos bens de natureza espiritual da pessoa. Interpretação
mais ampla do que seja dano moral, para albergar, por um lado,
todo e qualquer sofrimento psicológico, careceria de base jurídico-
positiva (CF, art. 5º, X), e, por outro, para incluir bens de natureza
material, como a vida e a integridade física, careceria de base lógica
(conceito de patrimônio moral).
No entanto, a doutrina e a jurisprudência têm vislumbrado campo
para reconhecimento do dano moral em relação a doença
profissional e acidente de trabalho, com base na lesão à integridade
física do trabalhador:
Existem atividades que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
colocam o obreiro em condição de risco acentuado à saúde, à
integridade física ou, o que é pior, à própria vida, competindo ao
empregador em tais casos e nos locais de labor com características
de perigo (ou nocividade) intenso - adotar todos os procedimentos
de proteção àqueles atributos da pessoa humana, prevenindo os
acidentes de trabalho e as chamadas doenças ocupacionais (Marcus
Vinícius Lobregat, Dano Moral nas Relações Individuais de
Trabalho , LTr 2001 São Paulo, p. 25).
EMBARGOS - INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E
MATERIAL - NEXO CAUSAL - LESÃO POR ESFORÇOS
REPETITIVOS DIGITADOR - INTERVALO INTRAJORNADA -
NÃO-CONCESSÃO. 1. A lesão por esforços repetitivos (LER)
contraída em atividade preponderante de digitação, sem o intervalo
intrajornada previsto em lei e de gravidade tal que provocou a
aposentadoria da empregada, constitui fato gerador de direito à
indenização por dano moral e material. 2. Delineado o nexo causal
entre a moléstia ocupacional desenvolvida pela empregada e a
conduta culposa do empregador, que não observou as cautelas
mínimas necessárias à prevenção da doença, o acolhimento de
pleito de indenização desse jaez não afronta os arts. 159, do Código
Civil de 1916, e 5º, inciso X, da Constituição Federal. 3. Embargos
não conhecidos (TST-E-RR-1.509/1999-002-23-00.0, Rel. Min.
João Oreste Dalazen, SBDI-1, DJ de 22/09/06).
Parece-nos, no entanto, que falar em dano moral ocasionado por
acidente do trabalho ou doença profissional não teria sentido como
lesão à vida ou à integridade física do indivíduo, uma vez que não
integram o patrimônio moral e espiritual da pessoa, mas seu
patrimônio material. Daí o reconhecimento planar do direito à
indenização por dano material. Para o dano moral, necessário seria
verificar a repercussão da lesão na imagem, honra, intimidade e
vida privada do indivíduo.
Com efeito, as seqüelas de um acidente ocorrido ou de uma doença
adquirida no trabalho podem comprometer a imagem da pessoa,
dificultar-lhe o desenvolvimento em sua vida privada, infligindo-
lhe um sofrimento psicológico ligado a bens constitucionalmente
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protegidos. Nesse caso, e por esse fundamento, a lesão merecerá
uma reparação além daquela referente ao dano material sofrido. Do
contrário, as indenizações se confundiriam.
Por outro lado, além do enquadramento no conceito de dano
moral, a lesão deve ser passível de imputação ao empregador.
Trata-se do estabelecimento do nexo causal entre lesão e
conduta omissiva ou comissiva do empregador, sabendo-se que
o direito positivo brasileiro alberga tão-somente a teoria da
responsabilidade subjetiva, derivada de culpa ou dolo do
agente da lesão (CF, art. 7º, XXVIII).
In casu, o Regional assentou que a responsabilização do
empregador por acidente de trabalho depende apenas de que as
atividades da empresa sejam passíveis de produção de danos,
independente de culpa do empregador, bastando haver nexo de
causalidade entre o acidente e as atividades laborais
desenvolvidas pelo Autor. Portanto, o Regional condenou a
Reclamada adotando a teoria objetiva do risco, segundo a qual
a responsabilização do empregador por acidente de trabalho
não exige a comprovação de culpa ou dolo.
O que se verifica no presente feito é nítida inversão do ônus da
prova, ao arrepio da lei. Ora, o magistrado deve aplicar
imparcialmente uma legislação que já é protetiva do
empregado. Se o art. 818 da CLT determina que a parte deve
provar as alegações que fizer, cabia ao Reclamante provar a
culpa da Reclamada para obter dela a indenização pelos danos
sofridos.
Ademais, na responsabilidade subjetiva pelo dano causado,
albergada pelo art. 7º, XXVIII, in fine, da CF, que fala em
indenização pelo empregador quando incorrer em dolo ou
culpa, tem-se que a culpa aparece como fato constitutivo do
direito do empregado a receber a indenização, conforme se
extrai do art. 333, I, do CPC.
Eis alguns precedentes desta Corte Superior nesse mesmo
sentido: TST-AIRR-718/2003-021-12-40.7, Rel. Min. Lelio
Bentes Corrêa, 1ª Turma, DJ de 17/02/06; TST-RR-
744.097/2001.1, Rel. Juiz Convocado Josenildo Carvalho, 2ª
Turma, DJ de 30/09/05; TST-AIRR-720/2002-411-04-40.4, Rel.
Juiz Convocado Luiz Ronan Koury, 3ª Turma, DJ de 28/10/05;
TST-RR-2.661/2001-014-12-00.6, Rel. Min. Barros Levenhagen,
4ª Turma, DJ de 31/03/06; TST-RR-713.426/2000.2, Rel. Min.
Brito Pereira, 5ª Turma, DJ de 31/03/06; TST-E-RR-
719.661/2000.1, Rel. Min. Brito Pereira, SBDI-1, DJ de
02/09/05.
Nesse contexto, não pode a Reclamada ser compelida a arcar
com indenização por dano a que não deu causa, vez que não
restaram comprovados nos autos os elementos caracterizadores
da responsabilidade civil, ou seja, a existência de culpa da
Reclamada (responsabilidade subjetiva) e a ocorrência efetiva
do dano moral, capaz de ensejar violação à intimidade, à vida
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privada, à honra e à imagem do Reclamante, nos termos dos
arts. 186 do CC e 5º, X, da CF.
Assim sendo, DOU PROVIMENTO ao recurso para,
reformando o acórdão regional, afastar da condenação a
reparação por danos morais, que não restaram comprovados, à
luz dos dispositivos pertinentes à matéria. Custas processuais,
em reversão, pelo Reclamante, das quais fica isento de pagar.
ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Egrégia 7ª Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer
do recurso de revista, por divergência jurisprudencial, e, no
mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão
regional, afastar da condenação a reparação por danos morais,
que não restaram comprovados, à luz dos dispositivos
pertinentes à matéria. Custas processuais, em reversão, pelo
Reclamante, das quais fica isento de pagar. Brasília, 20 de fevereiro
de 2008. IVES GANDRA MARTINS FILHO. MINISTRO-
RELATOR
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EMENTA: DANO MORAL EM FACE DE ACIDENTE DO
TRABALHO - NÃO-CONFIGURAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE
DOLO OU CULPA DO EMPREGADOR – A responsabilidade
subjetiva contemplada pelo artigo 186 do Código Civil, e que
enseja a obrigação de reparar os danos causados pela violação
de um dever jurídico preexistente, exige que fique demonstrada
a ação ou omissão do agente, bem como o dolo ou a culpa deste,
o nexo causal e a ocorrência de dano, ainda que exclusivamente
moral. Não demonstrado que o empregador concorreu para a
consumação do fato que ensejou o prejuízo, a ele não pode ser
imputada qualquer responsabilidade pela indenização
reparadora do dano. (PROC. Nº TRT -00503-2004-009-06-85-4,
Órgão Julgador: 2ª Turma, Juiz Relator: Ivanildo da Cunha
Andrade, Recorrente: JOSÉ ROGÉRIO RODRIGUES DA CRUZ,
Recorrido : ESTRUTURAS TUBULARES, ANDAIMES E
FORMAS LTDA., Procedência : 9ª Vara do Trabalho do Recife –
PE).
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“Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as
fizer”.
44. Por sua vez, cabe a reclamada a prova da existência de fatos extintivos,
modificativos e impeditivos do “direito” da reclamante.
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48. Entretanto, considerando o princípio da eventualidade, ainda que se
considerem verdadeiras as alegações do reclamante expostas na inicial, o que se admite
apenas para melhor argumentar, importante destacar alguns aspectos importantes que
sobressaem do documento de fl. 20, juntado pelo próprio reclamante.
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51. Outro ponto importante e que merece destaque é no tocante ao
atendimento médico. Os funcionários da reclamada, como também já mencionado,
socorreram imediatamente o reclamante e o levaram para o hospital mais próximo.
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55. A jurisprudência pátria entende que não é devida indenização por danos
morais e materiais se a incapacidade adveio de causa independente, senão veja-se:
57. A redação dos arts. 944 e 953, do Código Civil, primam pelos referidos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, senão veja-se:
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“Tendo o juiz ou o advogado, estabelecido qual a base a ser
utilizada, passará a verificar o seguinte:
a) Grau de reprovabilidade da conduta ilícita;
b) Intensidade e duração do sofrimento experimentado pela
vítima;
c) Capacidade econômica do causador do dano;
d) Condições pessoais do ofendido”.
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indenização, principalmente a capacidade econômica do ofensor
e as conseqüências do acidente, amplio a indenização por danos
morais de 7.550,00 para R$ 15.200,00. Recurso provido.
DECISÃO por unanimidade, conhecer do recurso da reclamada, do
recurso adesivo dos reclamantes, bem como das respectivas contra-
razões e, no mérito, negar provimento ao recurso patronal e dar
provimento ao recurso dos reclamantes para ampliar a condenação
por dano moral de R$ 7.550,00 (sete mil, quinhentos e cinquenta
reais) para R$ 15.200,00 (quinze mil e duzentos reais) equivalentes
a 40 vezes o salário mínimo vigente à época da sentença, nos
termos do voto do Desembargador Relator. (IDENTIFICAÇÃO
DO ACÓRDÃO: TRIBUNAL: 23ª Região,DECISÃO: 17/10/2007,
TIPO: RO, NUM: 00542-2006-071-23-00-8, NÚMERO ÚNICO
PROC: RO - 00542-2006-071-23-00; FONTE: DJ/MT DATA: 31-
10-2007; RELATOR: DESEMBARGADOR OSMAIR COUTO).
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II. F) CONTESTAÇÃO DO PEDIDO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
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III. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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