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Grupos: classe e distribuição dos gêneros textuais, feitas por meio do conteúdo
temático (assunto gerado), estilo verbal e composição;
Tipologias: conjunto definido, sistemático e controlado de formas abstratas.
código usado (escrita, imagem, som), do meio (ondas sonoras, papel, texto virtual) e da situação
que desencadeou sua elaboração.
Desta forma, eles necessitam de uma linguagem como veículo de expressão,
exemplificada pelos recursos e possibilidades de comunicação enquanto interação humana, seja
ela verbal (palavra oral ou impressa) ou não verbal (cores, imagens, gestos, etc.).
Para estudar a complexidade contida nos textos os quais temos contato diariamente, os
mesmos foram agrupados em gêneros e, estes, subdivididos em tipologias, definidas de acordo
com características e funções específicas.
Segundo Costa (2011) existe uma confusão quando se fala em Gênero e Tipologia,
geradora de interpretações errôneas. Por esse motivo, é importante esclarecer que tipos textuais
se referem a aspectos relacionados ao próprio texto, como a linguagem utilizada e sua forma de
estruturação, já os gêneros, tratam da heterogeneidade de apresentação dos textos no contexto
em que a comunicação ocorre.
1 GÊNEROS TEXTUAIS
Produção Oral:
A interação ocorre face-a-face, em tempo real;
A criação do texto é coletiva, resultante da interação;
As mensagens adaptam-se ao interlocutor;
O tempo afeta o modo de processamento e arquivamento na memória;
Utiliza canais múltiplos: gestos, entonações, expressões faciais etc.;
A construção do sentido da mensagem pode se apoiar em elementos extralinguísticos;
O texto só existe no momento enunciado, sua retenção depende da memória;
É menos planejado e está sujeito a hesitações, falhas e repetições.
Produção Escrita:
Não há presença do interlocutor;
É geralmente criado por um único autor;
O interlocutor nem sempre é conhecido;
A composição e a leitura não sofrem restrições temporais;
A comunicação vale-se de sinais gráficos organizados;
A informação depende do material linguístico e visual;
O conteúdo e a forma do texto ficam registrados;
O texto escrito é planejado, permitindo o controle do formato e da estrutura.
1) Os gêneros textuais são realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio
comunicativas;
2) Constituem textos realizados cumprindo funções em situações comunicativas;
3) Sua nomeação abrange um conjunto de designações concretas determinadas pelo canal,
estilo, conteúdo, composição e função.
Quando se fala em escrita, para Bakhtin (2000) os gêneros textuais podem ainda ser:
Com destinatário certo: elemento que influencia na escolha, por parte do locutor, do
gênero, dos procedimentos compositivos e dos recursos linguísticos.
Considerando o que foi visto, não devemos esquecer que os gêneros se apresentam
como meios de enunciados particulares, concretos, relacionados às esferas da atividade humana
e de sua comunicação.
O enunciado é a unidade real da comunicação verbal e a fala só existe na realização das
emissões de um indivíduo em situação de comunicação. Por isso, entre estilo e gênero
observa-se um vínculo indissolúvel, de modo que o estilo é o estilo de um gênero numa esfera
da atividade humana.
2 O GÊNERO “DIGITAL”
O gênero digital é uma mistura dos gêneros oral e escrito, porém, o mesmo não é
considerado categoria oficial, mas uma constatação perante a tecnologia e a velocidade de
comunicação.
Há e-mails, blogs, chats e fóruns cujo conteúdo parece uma conversa, uma piada ou
ainda um anúncio. A diversificação de propósitos e conteúdos faz com que esse “gênero” seja
visto como veículo ou ambiente de divulgação. A tecnologia interage com a linguagem usada
que, cada vez mais, se torna superficial, sintética e direta.
Historicamente, os povos tinham uma cultura oral – conjunto reduzido de gêneros. A
invenção da escrita propiciou o surgimento de outros gêneros textuais, que se multiplicaram
com a criação da prensa gráfica, permitindo a reprodução de textos em grande escala.
Hoje estamos na era da cultura eletrônica, presenciamos o nascimento de outros
gêneros, fruto das misturas daqueles existentes, tanto na parte oral quanto escrita. Uma das
inovações são os Hipertextos.
Segundo Neitzel (2009) o Hipertexto é uma escrita feita em rede, construída com o
outro e concretizada no ato da leitura, criadora de intertextualidade. Pelas inferências do leitor
ao dialogar com a produção, forma-se um outro texto, mecânica esta possibilitada pelo uso de
exemplos, citações, traduções, críticas, paráfrases, etc.
Esse texto porta dentro de si outras possibilidades de leitura por ser composto de blocos
de dados conectados, que se multiplicam e se inter-relacionam, compondo uma rede não linear
– a textualidade múltipla. Ainda conforme Neitzel (2009) são citados quatro princípios de
textualidade múltipla:
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Assim, o hipertexto não se configura como uma combinação de frases, textos e signos,
mas da interferência de dois eixos: vertical (texto - contexto) e horizontal (diálogo sujeito –
destinatário) na reversibilidade da produção textual como um todo.
Considerado por autores como Ilana Snyder uma informação que existe apenas on-line
por ser a conexão virtual entre blocos de dados por meio de links eletrônicos, no computador
ele permite que o usuário acesse várias “trilhas”, mas que, por si só, não são responsáveis por
grandes mudanças no fluxo e entendimento das informações.
Contudo, para Neitzel (2009) a hipertextualidade, pelo ato de produção do hipertexto, só
se concretizará quando o leitor não reduzir as relações da obra a uma única interpretação que
julgar ser verdadeira.
Na “era digital”, a escrita se expandiu e não diz mais respeito apenas ao texto impresso,
e sim às diversas mídias em que ela se faz presente - novas maneiras do ato de ler e se produzir
textos. Conhecer as possibilidades de leitura e construção de sentidos permeados pela
tecnologia exige um “letramento digital”.
Por isso, ao trabalharmos com as informações que se referem ao gênero em questão,
devemos cuidar das fontes consultadas e, principalmente, da veracidade dos dados coletados
para posterior utilização. Na World Wide Web, todos podem inserir e modificar conteúdos,
todos possuem acesso desde que conectados à rede, contudo, não existem formas específicas
para o controle da totalidade de informações postadas diariamente.
Exemplos deste dado são textos postados e replicados sem menção a referências
consultadas ou dos responsáveis pela elaboração, imagens anônimas ou famosas, desprovidas
de contextualização ou do nome do fotógrafo relacionado a elas, textos com atribuições erradas
de autoria, etc.
A utilização destes “artifícios”, principalmente quando ponderamos sobre o meio
acadêmico, pode implicar a perda da credibilidade por parte do pesquisador (que será
questionado por outros), a falta de segurança sobre as afirmações e argumentações feitas na
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3 AS TIPOLOGIAS TEXTUAIS
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Para saber mais sobre plágio, consulte a cartilha disponibilizada no ambiente virtual “Material Didático”
(Unidade 3 do plano de ensino), elaborada pela Universidade Federal Fluminense.
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formas de organização regular, suas superestruturas. Considerando tal base de reflexão, a seguir
veremos separadamente cada tipologia.
3.1 Narrativa
1 - Resumo: sintetiza a história em uma ou duas orações e serve para despertar o interesse.
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2 - Orientação: estado equilibrado que a história inicia e o acontecimento marcante que irá
gerar o contexto - informa sobre o tempo, lugar, personagens e situação inicial;
3 - Complicação: introduz perturbação e cria uma tensão, núcleo da narrativa - sem ela não
existe história;
4 - Avaliação: revela a importância do episódio narrado por comentários - usados pelo narrador
para indicar a razão de ser da narrativa;
5 - Resolução: fim da narrativa, visa satisfazer a expectativa do ouvinte quanto ao desfecho da
história;
6 - Coda: arremate da narrativa.
3.2 Descrição
Exemplos:
“Assim, o presente trabalho trará, em sua primeira seção, definições aplicadas para termos
como migrante, migração, imigrante, refugiado, etc., criadas por Organizações Internacionais
a exemplo da Organização das Nações Unidas e da Organização Internacional para as
Migrações, suas semelhanças e diferenças quando comparadas às construções teóricas de
autores como Jubilut e Apolinário (2010), Martinez (2012), Zetter (2014) e Massey (1993,
2015)”.
“Dirigiu-se a uma porta lateral, e fazendo correr com um movimento brusco a cortina de seda,
desvendou de relance uma alcova elegante e primorosamente ornada. Então voltou-se para
mim com o riso nos lábios, e de um gesto faceiro da mão convidou-me a entrar. A luz, que
golfava em cascatas pelas janelas abertas sobre um terraço cercado de altos muros, enchia o
aposento, dourando o lustro dos móveis de pau-cetim, ou realçando a alvura deslumbrante das
cortinas e roupagens de um leito gracioso. Não se respiravam nessas aras sagradas à volúpia,
outros perfumes senão o aroma que exalavam as flores naturais dos vasos de porcelana
colocados sobre o mármore dos consolos, e as ondas de suave fragrância que deixava na sua
passagem a deusa do templo.” Lucíola – Machado de Assis
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Origina-se na constatação de um fenômeno e parte de uma tese aceita por todos, mas
com objetivo de responder a questões ou expor contradições (COSTA, 2011). Fases:
Exemplo:
“O desenvolvimento econômico exige uma estratégia nacional de desenvolvimento.
Historicamente, países que conseguiram alcançar o nível de desenvolvimento dos países ricos
adotaram estratégias de desenvolvimento nacional ou de competição nacional. O que é uma
estratégia nacional de desenvolvimento? É um conjunto de valores, ideias, leis e políticas
orientados para o desenvolvimento econômico, que levam à criação de oportunidades para que
empresários dispostos a assumir riscos possam investir e inovar”. Extraído de “Do Antigo ao
Novo Desenvolvimentismo na América Latina” – por Luiz Carlos Bresser-Pereira (2010, p. 4)
Na estrutura expositiva, não é dada atenção ao tempo e aos agentes das ações em relação
à organização dos componentes – ênfase temática. A estruturação se apresenta em relações
lógicas: premissa e conclusão, problema e solução, tese e evidência, causa e efeito, analogia e
comparação, definição e exemplo. É rara a presença de um “enunciador” ou de indicadores de
avaliação – o que predomina é a imparcialidade.
Destacam-se os termos abstratos e o relato de mudanças de situação. Como texto,
pretende expor verdades gerais, predominando formas verbais no presente, embora outros
tempos contribuam para veicular a lógica das situações.
3.4 Argumentação
Exemplo:
Em que pese a crítica de que as RI [Relações Internacionais] não são apenas as relações entre
Estados soberanos, pois novos atores/agentes internacionais capazes de manifestar sua
vontade se fazem presentes, esta área do conhecimento avançou. Nesse sentido, as relações
internacionais precisaram incorporar novas perspectivas explicativas e analíticas, advindas
da economia, da administração, da psicologia e da sociologia, entre outras ciências. Mas para
operacionalizar as relações entre estes diferentes atores/agentes, as noções originárias da
ciência política ainda são fundamentais. Nesse sentido, estudar as RI a partir dos conceitos de
poder, interesse, conflito e cooperação, implica em concebê-las como as relações de conflito
ou cooperação entre atores internacionais que, tendo interesses diversos, precisam exercer
poder para viabilizá-los. (OLIVEIRA, 2008, p. 26)
3.5 Injunção
3.6 Dialogal
Nível supra ordenado: constituído de três fases gerais: abertura (contato inicial dos
interactantes); fase transacional (conteúdo da interação verbal) e; encerramento (termina a
interação).
Nível 2: cada uma das três fases gerais pode ser decomposta em unidades ou trocas.
Nível 3: cada intervenção pode ser atos discursivos (enunciados que terminam a fala).
Essas sequências podem aparecer combinadas dependendo o tipo do discurso, por ser
heterogêneo.
Exemplo:
Ela abanou a cabeça e exclamou:
- Creio na raça.
- Representa a sobrevivência do impulso.
- Tem progredido.
- Fascina-me mais a decadência.
- E que diz da Arte?
- É uma doença.
- E o Amor?
- Uma ilusão.
- E a religião?
- Uma coisa que a moda inventou para substituir a crença.
- É um cético.
- Nunca! O ceticismo é o começo da Fé.
- Que é você?
- Definir é limitar.
- Dê-me um rastro.
- Os fios partem-se. Extraviar-se-ia no labirinto.
O Retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
COSTA, A. R. da. Gêneros e Tipos Textuais: Afinal de contas, do que se trata? Revista
Prolíngua. João Pessoa, v. 6, n. 1, p. 96-114, jan./ jun. 2011. Disponível em: <
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/prolingua/article/view/13551/7704> Acesso em 20 jun.
2013.