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1 TEMA

Um problema Jurídico - A lógica e os procedimentos civis no Common Law e


sua instrumentalização ao modelo brasileiro.

2 JUSTIFICATIVA

Há indiscreto e crescente interesse dos operados e idealizadores do direito


brasileiro em adquirir, criar, ou reinventar técnicas que permitam uma maior eficácia
da tutela jurídica – quando aqui se fala em eficácia, está-se referindo, em verdade,
das condições com as quais “o jogo é jogado”. Fala-se em celeridade, em tempo
razoável ao amadurecimento e termo do processo; ainda, fala-se em tutela da
realidade fática – explico: na esfera jurídica, a verdadeira cruzada é obter o trânsito
em julgado da sentença, ou decisão interlocutória, de mérito – quando atingido, a ideia
geral é de que o direito foi tutelado, esvaziam-se as dúvidas, tudo torna-se claro e,
para a esfera jurídica, tuto torna-se satisfeito. Não é verdade.
A efetivação na prática é história diversa e complexa – o conteúdo material que
se arma com o hábito da coisa julgada pode nada significar ao litigante da comarca
distante e humilde, ou ao empresário da grande cidade. A pergunta é: a tutela
jurisdicional é eficaz? Os resultados pleiteados pela parte litigante foram atingidos? A
realidade está satisfeita?
Não se está buscando defender, embora talvez assim o pareça, que o modelo
jurídico processual adotado pela construção histórica de determinados países (os
adeptos, diga-se, do Common Law) seja mais eficaz. O que se defende, é que os
modelos lá praticados atingem resultados mais céleres, e com maior impacto na
realidade (talvez para o bem, talvez para o mal), por diversos motivos que aqui serão
estudados.
Assim, justifica-se a escolha deste tema por este acadêmico, ante a conjunção
de, pelo menos, três fusos:
1 – A curiosidade pelo diferente;
2 - A busca de um modelo menos teórico e burocrático;

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3 – O desejo de saber se a tutela jurisdicional brasileira conseguiria melhor
resolver o problema real ante o jurídico, com ferramentas menos ortodoxas ao nosso
modelo.

3 PROBLEMA

Como já brevemente exposto, e aqui melhor trabalhado será, o problema é a


inaptidão, em larga, da tutela jurisdicional quanto à satisfação não do litígio jurídico,
mas da lide – do problema, da realidade.
Quando se observa de um ponto perspectivo abrangente a situação dos
institutos nacionais especializados na resolução de demandas (sejam administrativas
ou judiciais), há um claro consenso que se subdivide em dois principais males, a saber
– a falta de celeridade e a abstratividade dos resultados frutos da tutela.
Não se surpreende mais quem se depara com os resultados, por exemplo, do
número de demandas em trâmite nos tribunais brasileiros – estamos, a cada ano, mais
próximos de termos uma demanda por cidadão (dados do CNJ – judiciário em
número). Isso é algo que beira a insanidade.
O número de processos ativos não é um problema exclusivo do Brasil, mas de
boa parte dos países de Civil Law (exceções, obviamente, existem, por motivos
diversos e especiais de cada sociedade). O Brasil talvez esteja vislumbrando uma
situação mais crítica de que outros, talvez não. Fato é que há um grande amargor
social com o sistema de tutela de direitos.
Com esta situação torna-se impossível a real efetivação da tutela jurisdicional,
torna-se impossível aos magistrados, de qualquer grau, efetivamente conhecer e
decidir, impossível aos operadores do direito, na advocacia pública ou privada, de
operarem o direito.
Critica-se amplamente nos corredores e salões da academia, nas cátedras e
nas cortes a situação. E, ao mesmo tempo, o trabalho digno de operar o direito tornou-
se em diversas situação um trabalho mecânico de cópia e cola. Restando nessa
gigantesca tutela estatal a tutela real de pouca matéria.
Talvez seja a hora de se buscar novas ferramentas, em velhos ensinamentos.

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4 OBJETIVOS DA PESQUISA

4.1 OBJETIVO GERAL

Construir um conjunto cognoscente sobre as ferramentas que são empregadas


no modelo do Common Law e avaliar a possibilidade de aplicabilidade delas, ou de
algumas delas, em situações concretas do modelo brasileiro que busca a resolução
de conflitos, no nosso modelo de tutela.
De fato, não se está aqui buscando a revolução, apenas o conhecimento –
antes um protótipo do que o produto; de qualquer maneira, é no campo preparado que
se edifica. Objetivemos o campo hoje, talvez a construção amanhã.
Claramente, o objetivo é a identificação de remédios que possam ser aplicados
e gerar resultados nos nossos pontos fracos, há, sem dúvida a possibilidade de
concluir-se que não há remédios neste campo de busca – o que duvidamos,
naturalmente – mas, se assim o for, ao menos teremos estabelecido, se não o que
usar, ao menos onde não procurar.

4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Realizar estudo direcionado nas práticas concretas dos dois maiores sistemas
de Common Law no mundo – o Britânico e o Estadunidense, e neles entender a lógica
de operacionar, de construir o direito, de hermenêutica e de lei.
Talvez possa-se defender que estes não são os únicos modelos e que há claras
e sensíveis diferenças entre os modelos de common law, não somente entre estes
dois, mas também, com relação à diversos outros países, como a Austrália, Nova
Zelandia, Canadá, Africa do Sul, Singapura, Israel, India, Nepal, Paquistão.... A lista
segue.
Justificamos a especificação do objetivo nos dois modelos anteriormente
citados pois são os modelos, por assim dizer, “mães” dos demais modelos; sim
reconhecemos que existem diferenças entre as mães e seus filhos, no entanto,
presume-se que no cerne prevaleçam as semelhanças.

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Há quem possa argumentar que o modelo Estadunidense é filho do modelo
Britânico. Sem dúvidas o é. Porém, mesmo o observador menos atento poderá notar
que, no cerne, estes dois sistemas se distanciaram enormemente. Tão distantes se
tornaram que perfazem, hoje, correntes distintas dentro da mesma família.
Ainda, como se não bastasse, e talvez mais importante, são os dois modelos,
com a devida vênia, mais ativos – no sentido de que são os dois modelos que mais
constroem o direito na Common Law, que mais inovam e mais concentram demandas
de relevância global.
Historicamente, objetiva-se analisar os problemas jurídicos que enfrentaram e
como solucionaram, entender, também, o que não têm funcionado.

5 REFERENCIAL TEÓRICO

No tocante ao Direito Britânico, buscamos compreender mais profundamente


os seguintes aspectos:
Ao contrário de outras jurisdições, não existe uma única fonte codificada de
direito civil. O direito civil inglês é composto por legislação do Parlamento e por
decisões judiciais. Os tribunais ingleses interpretam a legislação e geralmente são
obrigados a seguir as decisões sobre a mesma questão feita por um tribunal de status
equivalente ou superior.
A legislação e as decisões dos tribunais estão, ainda, sujeitas à legislação
aprovada pelo Conselho Europeu e às decisões do Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias.

O sistema judicial

O sistema de tribunais civis em inglês é dividido entre os tribunais superiores e


os tribunais do condado. Aqui abordaremos o procedimento no Tribunal Superior, que
trata em grande parte de reivindicações superiores a £ 50.000,00.
O Tribunal Superior tem jurisdição sobre a maioria dos assuntos através de
seus Registros Distritais e os Tribunais de Justiça reais em Londres. É dividido em
três divisões: Chancery, Queen's Bench e Family.

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A Divisão de Chancelaria lida com as empresas em geral e assuntos como
especialistas, fideicomisso, insolvência e impostos. A Queen's Bench Division (QBD)
trata de todos os outros assuntos civis, incluindo disputas contratuais, casos de
ferimento pessoal, acidentes de trabalho, casos de difamação e reclamações de
negligência. Tanto a Divisão de Chancelaria quanto a QBD possuem tribunais
especializados em áreas específicas. Por exemplo, o QBD possui dois tribunais
principais especializados, o Tribunal Comercial que trata de disputas comerciais e o
Tribunal de Tecnologia e Construção que trata principalmente de conflitos de
construção e tecnologia.
A Corte de Recurso lida com recursos de uma decisão de um juiz do Supremo
Tribunal (antiga Câmara dos Lordes). Em questões de importância pública, há uma
etapa de recurso adicional e final, ao Supremo Tribunal, onde o recurso é ouvido
geralmente por cinco juízes. Ocasionalmente, as questões podem ser encaminhadas
ao Tribunal de Justiça Europeu para orientações sobre os pontos da legislação da UE.
Advogados
A profissão jurídica é dividida entre Barristers, muitas vezes referidos como
"counsels" e “solicitors”. Os barristers são defensores especializados que têm o direito
de comparecer nos tribunais superiores. Eles também projetam documentos para
tribunal e opinam em áreas específicas do direito em que são especialistas. Os
barristers são trabalhadores por conta própria e geralmente não lidam diretamente
com os clientes. Os barristers seniores podem ser nomeados como Conselheiro da
Rainha; Todos os outros barristers são conhecidos como juniores.
Os solicitors têm contato diário com os clientes e têm a responsabilidade
principal de lidar com os casos. Eles também podem aparecer como defensores nos
tribunais superiores se estiverem qualificados para fazê-lo. A maioria dos solicitors
comerciais trabalha em parceria com outros advogados.
Embora tanto os barristers quanto os solicitors sejam elegíveis para serem
nomeados como juízes do Supremo Tribunal, a maioria dos juízes são barristers.

Regras de procedimento civil

As Regras de Procedimento Civil foram introduzidas em 1998 para reger o


procedimento que se segue no sistema de tribunais civis ingleses. O RCP requer que

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todos os casos sejam tratados de forma a que o tribunal possa lidar com os casos
com justiça. Isso inclui:
 garantindo que as partes estejam em pé de igualdade;
 lidar com o caso de forma proporcional à quantidade de dinheiro
envolvida, a importância do caso, a complexidade das questões e a
situação financeira de cada parte;
 garantindo que o caso seja tratado de forma expedita e justa.

Isso é conhecido como o "objetivo primordial" da CPR.

O caminho de uma reivindicação


Uma reclamação típica tratada pelo Tribunal Superior levará cerca de 12 a 18
meses para ser julgada a partir da data de emissão do formulário de reivindicação.
A pré-ação é importante: antes de serem emitidos os processos, as partes
devem agir razoavelmente no intercâmbio de informações e documentos na tentativa
de resolver sua disputa sem recorrer a litígios. Podem ser impostas sanções contra
partes que não cumprem este requisito, por exemplo, uma parte pode ser condenada
a pagar os custos para a outra parte por não atuar razoavelmente. Além disso, existem
vários "protocolos de pré-ação" - estes estabelecem o procedimento a seguir em
certas categorias de disputa, como a construção ou negligência profissional.
Procedimentos de emissão e documentos judiciais: os processos começam
quando o requerente emite um formulário de reivindicação que deve conter ou ser
acompanhado das informações do pedido. O formulário de reivindicação e os
elementos da reivindicação devem apresentar um resumo dos fatos básicos do pedido
contra o réu. Não fazer isso pode permitir que o arguido anule o pedido. O requerente
terá que pagar uma taxa para emitir o formulário de reivindicação, cujo montante
depende do valor e da natureza do pedido. Os documentos devem ser notificados ao
réu de acordo com regras especiais e dentro dos prazos estabelecidos.
Quando o réu é notificado com processos judiciais, ele deve indicar se ele
aceita ou pretende defender o pedido. Novamente, isso deve ser feito dentro dos
prazos prescritos e o tribunal deve ser notificado. Se o réu desejar defender a
reclamação, ele deve cumprir uma defesa, incluindo qualquer pedido reconvencional,
normalmente no prazo de 28 dias após a recepção do formulário de reivindicação.

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6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento a ser adotado possuirá como fundamento o método indutivo,


por meio de pesquisa predominantemente descritiva, em bibliotecas – físicas ou
digitais –, para análise de textos, artigos, publicações em periódicos e obras
relacionadas ao tema pesquisado, com referências aos dispositivos legais, bem como
na jurisprudência atinente.

7 CRONOGRAMA

ATIVIDADES NOV MAR ABR MAI JUN JUL SET OUT NOV
Escolha do tema e
X
orientador
Pesquisa
X X X X X
Bibliográfica
Leituras e
X X X X X X
Fichamentos
Encontros com o
X X X X X X X X
orientador
Elaboração do
X
Projeto
Escrita do cap. 1 X
Entrega do texto
X
parcial (10 laudas)
Escrita do cap. 2, 3 e
X X X
4
Entrega do texto
X
parcial (40 laudas)
Revisão do conteúdo X X X

Elaboração do artigo X X X
Entrega do artigo X
Preparação para a
X X
defesa
Defesa da
X
Monografia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INICIAIS A SEREM ESTUDADAS

Dwyer, D, The Civil Procedure Rules Ten Years On, Oxford University Press (2009).
Barak A (trans S Bashi), Purposive Interpretation in Law (Princeton University Press
2005)
Keane, Adrian (2008). The Modern Law of Evidence. Oxford: Oxford University
Press. ISBN 978-0-19-923166-9.

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Sime, Stuart (2008). A Practical Approach to Civil Procedure. Oxford: Oxford
University Press. ISBN 978-0-19-954253-6.

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