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8/12 - Desenvolvimento de linfócitos T. Etapas e maturação e seleção.

É importante o conhecimento das etapas de diferenciação (e seus marcadores principais), pois existem
determinadas imunodeficiências que são derivadas de erros genéticos que prejudicam alguma das etapas de
desenvolvimento dos LB/LT ou das células NK.

Tanto os LBs quanto os LTs originam-se de uma célula-tronco diferenciada em progenitor linfóide comum. A
partir destes progenitores, são ativados determinados fatores de transcrição que vão direcionar células
para continuarem na linhagem B ou para continuarem na linhagem T.

A diferenciação de Linfócitos T acontece no timo. Por volta das 7-8ª semanas de vida intra-uterina, parte
das células-tronco na medula óssea e no fígado fetal migram em direção ao timo, já como precursores
linfóides comuns.

O fator de transcrição GATA-3 influencia a diferenciação de precursores linfóides comuns em células T.


*O fator Pax-5 influencia a diferenciação de PLCs em Linfócitos B.

Ambas as diferenciações são determinadas pelo rearranjo dos receptores antigênicos.


Existem dois tipos de TCR: o αβ (alfa-beta) e o γδ (gama-delta). *O TCR γδ é bem menos variável e menos
usado durante a resposta imune. As células que expressam este receptor estão preferencialmente
presentes em determinadas patologias em nível de mucosa (gástrica principalmente). As células derivadas
desta expansão clonal têm um TCR muito menos variado, pois a sequência gênica já é menos variável.

Nos momentos de diferenciação, existem processos de seleção positiva, seleção negativa, proliferação e a
diferenciação das células T imaturas. A seleção positiva determina se a célula continua ou não as etapas de
maturação. A seleção negativa determina a eliminação de linfócitos cujos receptores têm alta afinidade pelo
próprio. As células que escapam da seleção podem ter caráter auto-reativo ou podem, dependendo do grau
de maturação, morrer por negligência, pois elas não chegam a entrar em contato com as células que geram a
seleção. Estas células estão no estroma da medula ou do timo. Os LBs/LTs tem que entrar em contato com
as células do estroma para que este contato seja determinante no processo de seleção.

No timo, existem células conhecidas como CÉLULAS EPITELIAIS (do córtex e da medula) e CÉLULAS
DENDRÍTICAS. Estas células carregam uma molécula chamada AIRE (Regulador Auto-Imune). AIRE é um fator
nuclear que é expresso principalmente em células epiteliais e também em células dendríticas do timo. É um
fator que viabiliza a transcrição dos genes que são normalmente expressos em outros locais do organismo.
Então, no timo, são expressas proteínas pancreáticas, cardíacas, hepáticas, pulmonares, sanguíneas,
linfáticas, etc. Estes genes são transcritos e expressos na forma de proteína, apresentada através das
moléculas de MHC, às células T em diferenciação. Assim, as células T durante sua maturação intra-tímica
aprendem a reconhecer o próprio.
*O MHC utilizado é tanto o de classe I quanto o de classe II, pois a células epiteliais expressam a classe I
e as dendríticas expressam a classe I e a classe II.

O linfócito pró-T chega ao timo em sua região cortical. Ele atravessa a região cortical, migra para a região
medular e deste ponto parte para a periferia como célula madura naïve.

O processo de expansão (proliferação) está diretamente relacionado à produção de IL-7 no timo. É um


fator fundamental na expansão de clones de células ainda imaturas no timo.

(ABBAS) "LEUCEMIA. Doença maligna dos precursores das células sangüíneas na medula óssea, na qual
grande número de células leucêmicas geralmente ocupa a medula óssea e costuma circular na corrente
sangüinea. As leucemias linfocíticas são derivadas dos precurssores dos linfócitos B ou T, e as leucemias
mielóides são derivadas de precursores de granulócitos ou monócitos, enquanto as leucemias eritróides são
derivadas dos precurssores das hemáceas".

Na leucemia, a célula pára num determinado estágio de diferenciação e expande. A conduta a ser tomada
dependerá da fase de diferenciação interrompida.
Por exemplo, o tratamento de uma leucemia em que o clone tumorizado é precoce é mais fácil de ser
realizado do que quando a paralisação acontece num momento muito tardio da diferenciação, pois, em geral,
quando a paralisação é precoce é possível fazer transplante de medula óssea e o paciente se recupera com
as novas células da nova medula adquirida.
Uma paralisação mais a frente dificulta muito mais um desenvolvimento de recuperação deste indivíduo.

MARCADORES DE SUPERFÍCIE
O processo de seleção começa a acontecer antes mesmo que o B/TCR estejam prontos.
Uma célula entra no timo, em direção córtico-medular, como pró-T. Desta forma, ela é considerada como DN
(duplo negativa), ou seja, é uma célula que não tem CD4 nem CD8. Como também não tem TCR, ela poderia
ser também chamada de triplo negativa. A seguir, a célula se torna DP (duplo positiva), ou seja, possui CD4 e
CD8 e começa a ter o TCR. O próximo passo e se tornar SP (simples positiva), onde a célula TCD4+ possui
CD4, porém não tem CD8. É também TCR positiva e CD3 positiva. Esta CD3 caminha junto com o TCR e
participa da transdução de sinal pelo TCR. Uma célula TCD8+ é CD8 positiva, CD4 negativa, TCR positiva e
CD3 positiva.

*A expressão do TCR tem início com a ativação da Rag. No estágio pró-T, a Rag é ativada e a célula começa
a expressar o pré-TCR, tornando depois uma pré-T. A seguir, a Rag fica estável, volta a ser ativada e no
estágio de DP a cadeia alfa (leve) do TCR é produzida. *Entre as fases pró-T e pré-T(DN) as células
caminham do córtex para a medula. *É durante as fases pré-T e DP que acontecem as seleções positiva e
negativa no timo. A célula então, continua a ser selecionada até o estágio de SP, chegando à medula e saindo
para a periferia como célula naïve.

A célula TCD4+ auxilia secretando citocinas que agem ajudando na atividade de outras células como p.ex.:
ativando macrófagos (melhorando a captura, fagocitose, particulação e apresentação: pois aumenta a
expressão de MHC I e II). Para o LB, auxilia na ativação da produção e suit (troca de isótipo) de Igs.
A célula TCD8+ libera citotoxinas: perforina e granzima. A perforina forma poros na membrana de uma
célula infectada e a granzima entra pelo poro e ativa o sistema de caspases no interior da célula infectada.

*Durante o envelhecimento, o timo gradativamente involui. Ele não deixa de elaborar o processo de
diferenciação, porém a escala de exportação de células para a periferia é muito menor.
Em casos de transplante, em pacientes com determinada imunodeficiência que necessite de células T sendo
diferenciadas, têm preferência os pacientes mais jovens, pois estes possuem competência/capacidade
tímica maior. Quando mais velhos, usamos mais os clones e as células de memória que já estão na periferia.
Quanto mais velho, mais tecido adiposo é gerado, na medula e no timo, para substituir o estroma necessário
para a diferenciação das células, fazendo com que a proficiência do órgão diminua em função da idade.

(ABBAS) fig. 8-23. Num timo jovem e normal existem 3% de células DN, 80-90% de células DP e 12%
(TCD4+) ou 5%(TCD8+) de células SP. Então a relação de células TCD4/TCD8 é de aproximadamente 2/1.
Na periferia, essa proporção é muito semelhante, pois estas células no timo já estão prontas para saírem.

*A célula T para ser considerada madura e naïve precisa apresentar o TCR. Para as TCD4/8, o CD3.

(ABBAS). "No córtex do timo, essas células imaturas encontram células epiteliais que apresentam uma variedade
de peptídeos ligados às moléculas do MHC classe I e classe II. Se o TCR em uma célula reconhece peptídeos
ligados a moléculas do MHC classe I e, ao mesmo tempo o CD8 interage com moléculas do MHC classe I, aquela
célula recebe sinais que evitam sua morte e promovem a continuação do seu desenvolvimento. Para continuar se
desenvolvendo, a célula T deve continuar a expressar o CD8, mas pode perder a expressão do CD4. O resultado é
o desenvolvimento de uma célula T CD8 restrita pelo MHC classe I. Um processo análogo leva ao desenvolvimento
de células T CD4 restritas pelo MHC classe II".

*Um individuo que possui deficiência na cadeia gama comum de receptor de citocinas (IL-7, IL-15, IL-2,
etc.) é incapaz de responder a esses fatores, parando, literalmente, a diferenciação de linfócitos ainda em
PLC, não desenvolvendo nenhum tipo de linfócito. É de diagnostico e tratamento muito difícil. São
considerados indivíduos SCID. * No caso de ainda haver estímulos por IL-15, a diferenciação de LBs ainda
pode ser possível.

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