Você está na página 1de 105

O Estatuto do Estrangeiro é o nome pelo qual é mais conhecida a Lei no 6.

815, de 1980, que

Estatuto do Estrangeiro
define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil e cria o Conselho Nacional de Imigração.

Além do texto completo desse estatuto, o volume apresenta os dispositivos constitucionais


pertinentes e o texto de dois atos internacionais: o da constituição da Organização Internacional
para as Migrações e o da Resolução no 1.105, que trata da admissão do Brasil naquela
organização.

Figuram também aqui algumas normas correlatas, como a que dispõe sobre a residência
provisória do estrangeiro em situação irregular no Brasil; a lei relacionada à implantação
do Estatuto dos Refugiados; e a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que
compreende regras de direito interno para a solução dos conflitos de leis no espaço.

Estatuto do Estrangeiro
regulamentação e legislação correlata
SENADO FEDERAL
Estatuto do Estrangeiro
Regulamentação e
Legislação Correlata
SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2013 – 2014

Senador Renan Calheiros


PRESIDENTE

Senador Jorge Viana


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Romero Jucá


SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Flexa Ribeiro


PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senadora Ângela Portela


SEGUNDA-SECRETÁRIA

Senador Ciro Nogueira


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senador João Vicente Claudino


QUARTO-SECRETÁRIO

SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Magno Malta
Senador Jayme Campos
Senador João Durval
Senador Casildo Maldaner
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas

Estatuto do Estrangeiro
Regulamentação e
Legislação Correlata
2a edição

Brasília – 2013
Edição do Senado Federal
Diretor-Geral: Antônio Helder Medeiros Rebouças
Secretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra Nascimento

Impresso na Secretaria de Editoração e Publicações


Diretor: Florian Augusto Coutinho Madruga

Produzido na Coordenação de Edições Técnicas


Coordenadora: Anna Maria de Lucena Rodrigues

Organização: Flávia Lima e Alves e Elaine Francisca Dias Silva


Revisão: Thiago Adjuto Melo Silva
Editoração eletrônica: Letícia Tôrres
Ficha catalográfica: Vanessa Cristina Pacheco
Capa e ilustrações: Lucas Santos de Oliveira
Projeto gráfico: Raphael Melleiro e Rejane Campos

Atualizada até setembro de 2013.

Brasil. [Estatuto do Estrangeiro (1980)].


Estatuto do estrangeiro : regulamentação e legislação correlata. – 2.
ed. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2013.
104 p.

Conteúdo: Dispositivos Constitucionais Pertinentes – Estatuto do


estrangeiro – Lei no 6.815/80 – Legislação Correlata – Índice Temático Geral.
ISBN: 978-85-7018-511-2

1. Estrangeiro, legislação, Brasil. 2. Situação jurídica do estrangeiro,


Brasil. 3. Estrangeiro, direito e deveres, Brasil. I. Título.

CDDir 342.32

Coordenação de Edições Técnicas


Praça dos Três Poderes, Via N-2, Unidade de Apoio III
CEP: 70165-900 – Brasília, DF
Telefones: (61) 3303-3575, 3576 e 4755
Fax: (61) 3303-4258
E-mail: livros@senado.leg.br
sumário

Dispositivos constitucionais pertinentes


8 Constituição da República Federativa do Brasil

Estatuto do Estrangeiro
Lei no 6.815/1980
12 Título I – Da Aplicação
Título II – Da Admissão, Entrada e Impedimento
12 Capítulo I – Da Admissão
14 Capítulo II – Da Entrada
14 Capítulo III – Do Impedimento
15 Título III – Da Condição de Asilado
Título IV – Do Registro e suas Alterações
15 Capítulo I – Do Registro
15 Capítulo II – Da Prorrogação do Prazo de Estada
15 Capítulo III – Da Transformação dos Vistos
16 Capítulo IV – Da Alteração de Assentamentos
16 Capítulo V – Da Atualização do Registro
17 Capítulo VI – Do Cancelamento e do Restabelecimento do Registro
17 Título V – Da Saída e do Retorno
17 Título VI – Do Documento de Viagem para Estrangeiro
18 Título VII – Da Deportação
18 Título VIII – Da Expulsão
20 Título IX – Da Extradição
22 Título X – Dos Direitos e Deveres do Estrangeiro
Título XI – Da Naturalização
24 Capítulo I – Das Condições
26 Capítulo II – Dos Efeitos da Naturalização
Título XII – Das Infrações, Penalidades e seu Procedimento
26 Capítulo I – Das Infrações e Penalidades
27 Capítulo II – Do Procedimento para Apuração das Infrações
28 Título XIII – Disposições Gerais e Transitórias
31 Decreto no 86.715/1981

Atos internacionais
54 Constituição da Organização Internacional para as Migrações
61 Resolução no 1.105 (LXXXVIII)

Legislação correlata
64 Lei no 11.961/2009
66 Decreto no 6.893/2009
68 Lei no 9.474/1997
74 Lei no 8.629/1993
75 Lei no 8.069/1990
82 Lei no 7.685/1988
84 Lei no 7.180/1983
86 Decreto no 74.965/1974
90 Lei no 5.709/1971
93 Decreto-Lei no 4.657/1942
96 Decreto no 87/1991
98 Decreto no 97.464/1989

Informações complementares
102 Índice temático geral
Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil

TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais V – igualdade entre os Estados;


VI – defesa da paz;
Art. 1 o A República Federativa do Brasil, VII – solução pacífica dos conflitos;
formada pela união indissolúvel dos Estados e VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se IX – cooperação entre os povos para o pro-
em Estado Democrático de Direito e tem como gresso da humanidade;
fundamentos: X – concessão de asilo político.
I – a soberania; Parágrafo único. A República Federativa do
II – a cidadania; Brasil buscará a integração econômica, política,
III – a dignidade da pessoa humana; social e cultural dos povos da América Latina,
IV – os valores sociais do trabalho e da livre visando à formação de uma comunidade latino-
iniciativa; -americana de nações.
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representan- TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias
tes eleitos ou diretamente, nos termos desta Fundamentais
Constituição. CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres
Individuais e Coletivos
Art. 2o São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem dis-
e o Judiciário. tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
República Federativa do Brasil: à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
I – construir uma sociedade livre, justa e termos seguintes:
solidária; ...............................................................................
II – garantir o desenvolvimento nacional; § 2o Os direitos e garantias expressos nesta
III – erradicar a pobreza e a marginali- Constituição não excluem outros decorrentes
zação e reduzir as desigualdades sociais e do regime e dos princípios por ela adotados, ou
regionais; dos tratados internacionais em que a República
IV – promover o bem de todos, sem pre- Federativa do Brasil seja parte.
conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e § 3o Os tratados e convenções internacionais
quaisquer outras formas de discriminação. sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
Art. 4 o A República Federativa do Brasil turnos, por três quintos dos votos dos respec-
Estatuto do Estrangeiro

rege-se nas suas relações internacionais pelos tivos membros, serão equivalentes às emendas
seguintes princípios: constitucionais.
I – independência nacional; § 4o O Brasil se submete à jurisdição de
II – prevalência dos direitos humanos; Tribunal Penal Internacional a cuja criação
III – autodeterminação dos povos; tenha manifestado adesão.
IV – não-intervenção; ...............................................................................

8
CAPÍTULO III – Da Nacionalidade I – tiver cancelada sua naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade no-
Art. 12. São brasileiros: civa ao interesse nacional;
I – natos: II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos
a) os nascidos na República Federativa do casos:
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que a) de reconhecimento de nacionalidade
estes não estejam a serviço de seu país; originária pela lei estrangeira;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasi- b) de imposição de naturalização, pela
leiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer norma estrangeira, ao brasileiro residente em
deles esteja a serviço da República Federativa Estado estrangeiro, como condição para per-
do Brasil; manência em seu território ou para o exercício
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro de direitos civis.
ou de mãe brasileira, desde que sejam registra- ...............................................................................
dos em repartição brasileira competente ou ve-
nham a residir na República Federativa do Brasil CAPÍTULO IV – Dos Direitos Políticos
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida
a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Art. 14. A soberania popular será exercida
II – naturalizados: pelo sufrágio universal e pelo voto direto e se-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacio- creto, com valor igual para todos, e, nos termos
nalidade brasileira, exigidas aos originários de da lei, mediante:
países de língua portuguesa apenas residência I – plebiscito;
por um ano ininterrupto e idoneidade moral; II – referendo;
b) os estrangeiros de qualquer nacionali- III – iniciativa popular.
dade residentes na República Federativa do ...............................................................................
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e § 2o Não podem alistar-se como eleitores
sem condenação penal, desde que requeiram a os estrangeiros e, durante o período do serviço
nacionalidade brasileira. militar obrigatório, os conscritos.
§ 1o Aos portugueses com residência per- § 3o São condições de elegibilidade, na
manente no País, se houver reciprocidade em forma da lei:
favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos I – a nacionalidade brasileira;
inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos ...............................................................................
nesta Constituição.
§ 2o A lei não poderá estabelecer distinção CAPÍTULO V – Dos Partidos Políticos
entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição. Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação
§ 3o São privativos de brasileiro nato os e extinção de partidos políticos, resguardados
cargos: a soberania nacional, o regime democrático,
I – de Presidente e Vice-Presidente da Re- o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
Dispositivos constitucionais pertinentes

pública; da pessoa humana e observados os seguintes


II – de Presidente da Câmara dos Deputados; preceitos:
III – de Presidente do Senado Federal; ...............................................................................
IV – de Ministro do Supremo Tribunal II – proibição de recebimento de recursos
Federal; financeiros de entidade ou governo estrangeiros
V – da carreira diplomática; ou de subordinação a estes;
VI – de oficial das Forças Armadas; ...............................................................................
VII – de Ministro de Estado da Defesa.
§ 4o Será declarada a perda da nacionalidade TÍTULO III – Da Organização do Estado
do brasileiro que: ...............................................................................

9
CAPÍTULO II – Da União CAPÍTULO III – Do Poder Judiciário
............................................................................... ...............................................................................

Art. 21. Compete à União: SEÇÃO III – Do Superior Tribunal de Justiça


I – manter relações com Estados estrangeiros ...............................................................................
e participar de organizações internacionais;
............................................................................... Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de
III – assegurar a defesa nacional; Justiça:
IV – permitir, nos casos previstos em lei I – processar e julgar, originariamente:
complementar, que forças estrangeiras transi- ...............................................................................
tem pelo território nacional ou nele permane- i) a homologação de sentenças estrangeiras
çam temporariamente; e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
............................................................................... II – julgar, em recurso ordinário:
...............................................................................
Art. 22. Compete privativamente à União c) as causas em que forem partes Estado
legislar sobre: estrangeiro ou organismo internacional, de um
............................................................................... lado, e, do outro, Município ou pessoa residente
XIII – nacionalidade, cidadania e natura- ou domiciliada no País;
lização; III – julgar, em recurso especial, as causas
............................................................................... decididas, em única ou última instância, pelos
XV – emigração e imigração, entrada, extra- Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dição e expulsão de estrangeiros; dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
............................................................................... quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-
TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes -lhes vigência;
CAPÍTULO I – Do Poder Legislativo ...............................................................................
...............................................................................
ATO DAS DISPOSIÇÕES
SEÇÃO II – Das Atribuições do Congresso CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
Nacional
............................................................................... Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 7
de junho de 1994 e a data da promulgação
Art. 49. É da competência exclusiva do Con- desta Emenda Constitucional, filhos de pai
gresso Nacional: brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser
I – resolver definitivamente sobre tratados, registrados em repartição diplomática ou
acordos ou atos internacionais que acarretem consular brasileira competente ou em ofício
encargos ou compromissos gravosos ao patri- de registro, se vierem a residir na República
mônio nacional; Federativa do Brasil.
............................................................................... ...............................................................................
Estatuto do Estrangeiro

10
Estatuto do Estrangeiro
lei no 6.815/1980
Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 5o Serão fixados em regulamento os re-


quisitos para a obtenção dos vistos de entrada
Faço saber que o Congresso Nacional decreta previstos nesta Lei.
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 6o A posse ou a propriedade de bens no
Art. 1 Em tempo de paz, qualquer estrangeiro
o
Brasil não confere ao estrangeiro o direito de
poderá, satisfeitas as condições desta Lei, entrar obter visto de qualquer natureza, ou autorização
e permanecer no Brasil e dele sair, resguardados de permanência no território nacional.
os interesses nacionais.
Art. 7o Não se concederá visto ao estrangeiro:
I – menor de dezoito anos, desacompanhado
TÍTULO I – Da Aplicação do responsável legal ou sem a sua autorização
expressa;
Art. 2o Na aplicação desta Lei atender-se-á II – considerado nocivo à ordem pública ou
precipuamente à segurança nacional, à orga- aos interesses nacionais;
nização institucional, aos interesses políticos, III – anteriormente expulso do País, salvo se
sócio-econômicos e culturais do Brasil, bem a expulsão tiver sido revogada;
assim à defesa do trabalhador nacional. IV – condenado ou processado em outro
país por crime doloso, passível de extradição
Art. 3o A concessão do visto, a sua prorrogação segundo a lei brasileira; ou
ou transformação ficarão sempre condiciona- V – que não satisfaça as condições de saúde
das aos interesses nacionais. estabelecidas pelo Ministério da Saúde.

Art. 8o O visto de trânsito poderá ser con-


TÍTULO II – Da Admissão, Entrada e cedido ao estrangeiro que, para atingir o
Impedimento país de destino, tenha de entrar em território
CAPÍTULO I – Da Admissão nacional.
§ 1o O visto de trânsito é válido para uma
Art. 4o Ao estrangeiro que pretenda entrar estada de até dez dias improrrogáveis e uma
no território nacional poderá ser concedido só entrada.
visto: § 2o Não se exigirá visto de trânsito ao
I – de trânsito; estrangeiro em viagem contínua, que só se in-
II – de turista; terrompa para as escalas obrigatórias do meio
III – temporário; de transporte utilizado.
Estatuto do Estrangeiro

IV – permanente;
V – de cortesia; Art. 9o O visto de turista poderá ser concedido
VI – oficial; e ao estrangeiro que venha ao Brasil em caráter
VII – diplomático. recreativo ou de visita, assim considerado
Parágrafo único. O visto é individual e sua aquele que não tenha finalidade imigratória,
concessão poderá estender-se a dependentes nem intuito de exercício de atividade remu-
legais, observado o disposto no artigo 7o. nerada.
12
Art. 10. Poderá ser dispensada a exigência demais, salvo o disposto no parágrafo único
de visto, prevista no artigo anterior, ao turista deste artigo, o correspondente à duração da
nacional de país que dispense ao brasileiro missão, do contrato, ou da prestação de servi-
idêntico tratamento. ços, comprovada perante a autoridade consular,
Parágrafo único. A reciprocidade prevista observado o disposto na legislação trabalhista.3
neste artigo será, em todos os casos, estabeleci- Parágrafo único. No caso do item IV do
da mediante acordo internacional, que observa- artigo 13 o prazo será de até um ano, prorro-
rá o prazo de estada do turista fixado nesta Lei. gável, quando for o caso, mediante prova do
aproveitamento escolar e da matrícula.
Art. 11. A empresa transportadora deverá
verificar, por ocasião do embarque, no exterior, Art. 15. Ao estrangeiro referido no item III ou
a documentação exigida, sendo responsável, no V do artigo 13 só se concederá o visto se satis-
caso de irregularidade apurada no momento da fizer as exigências especiais estabelecidas pelo
entrada, pela saída do estrangeiro, sem prejuízo Conselho Nacional de Imigração e for parte em
do disposto no artigo 125, item VI. contrato de trabalho, visado pelo Ministério do
Trabalho, salvo no caso de comprovada presta-
Art. 12. O prazo de validade do visto de turista ção de serviço ao Governo brasileiro.
será de até cinco anos, fixado pelo Ministério
das Relações Exteriores, dentro de critérios Art. 16. O visto permanente poderá ser con-
de reciprocidade, e proporcionará múltiplas cedido ao estrangeiro que pretenda se fixar
entradas no País, com estadas não excedentes definitivamente no Brasil.4
a noventa dias, prorrogáveis por igual período, Parágrafo único. A imigração objetivará,
totalizando o máximo de cento e oitenta dias primordialmente, propiciar mão-de-obra
por ano.1 especializada aos vários setores da economia
nacional, visando à Política Nacional de Desen-
Art. 13. O visto temporário poderá ser conce- volvimento em todos os aspectos e, em especial,
dido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:2 ao aumento da produtividade, à assimilação de
I – em viagem cultural ou em missão de tecnologia e à captação de recursos para setores
estudos; específicos.
II – em viagem de negócios;
III – na condição de artista ou desportista; Art. 17. Para obter visto permanente o es-
IV – na condição de estudante; trangeiro deverá satisfazer, além dos requisitos
V – na condição de cientista, professor, referidos no artigo 5o, as exigências de caráter
técnico ou profissional de outra categoria, sob especial previstas nas normas de seleção de imi-
regime de contrato ou a serviço do Governo grantes estabelecidas pelo Conselho Nacional
brasileiro; de Imigração.
VI – na condição de correspondente de jor-
nal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa Art. 18. A concessão do visto permanente po-
estrangeira; e derá ficar condicionada, por prazo não superior
VII – na condição de ministro de confissão a cinco anos, ao exercício de atividade certa e
religiosa ou membro de instituto de vida con- à fixação em região determinada do território
sagrada e de congregação ou ordem religiosa. nacional.
Estatuto do estrangeiro

Art. 14. O prazo de estada no Brasil, nos casos Art. 19. O Ministério das Relações Exteriores
dos itens II e III do art. 13, será de até noventa definirá os casos de concessão, prorrogação
dias; no caso do item VII, de até um ano; e nos
1
Lei no 9.076/1995. 3
Lei no 6.964/1981.
2
Lei no 6.964/1981. 4
Lei no 6.964/1981.
13
ou dispensa dos vistos diplomáticos, oficial e Art. 23. O transportador ou seu agente res-
de cortesia. ponderá, a qualquer tempo, pela manutenção
e demais despesas do passageiro em viagem
Art. 20. Pela concessão de visto cobrar-se-ão contínua ou do tripulante que não estiver
emolumentos consulares, ressalvados:5 presente por ocasião da saída do meio de trans-
I – os regulados por acordos que concedam porte, bem como pela retirada dos mesmos do
gratuidade; território nacional.
II – os vistos de cortesia, oficial ou diplo-
mático; Art. 24. Nenhum estrangeiro procedente do
III – os vistos de trânsito, temporário ou de exterior poderá afastar-se do local de entrada
turista, se concedidos a titulares de passaporte e inspeção, sem que o seu documento de via-
diplomático ou de serviço. gem e o cartão de entrada e saída hajam sido
Parágrafo único. A validade para a utilização visados pelo órgão competente do Ministério
de qualquer dos vistos é de 90 (noventa) dias, da Justiça.6
contados da data de sua concessão, podendo
ser prorrogada pela autoridade consular uma Art. 25. Não poderá ser resgatado no Brasil,
só vez, por igual prazo, cobrando-se os emo- sem prévia autorização do Ministério da Justiça,
lumentos devidos, aplicando-se esta exigência o bilhete de viagem do estrangeiro que tenha
somente a cidadãos de países onde seja verifi- entrado no território nacional na condição de
cada a limitação recíproca. turista ou em trânsito.

Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domici-


liado em cidade contígua ao território nacional, CAPÍTULO III – Do Impedimento
respeitados os interesses da segurança nacional,
poder-se-á permitir a entrada nos municípios Art. 26. O visto concedido pela autoridade
fronteiriços a seu respectivo país, desde que consular configura mera expectativa de direito,
apresente prova de identidade. podendo a entrada, a estada ou o registro do
§ 1o Ao estrangeiro, referido neste artigo, estrangeiro ser obstado ocorrendo qualquer
que pretenda exercer atividade remunerada ou dos casos do artigo 7o ou a inconveniência de
freqüentar estabelecimento de ensino naqueles sua presença no território nacional, a critério
municípios, será fornecido documento especial do Ministério da Justiça.
que o identifique e caracterize a sua condição, e, § 1o O estrangeiro que se tiver retirado do
ainda, carteira de trabalho e previdência social, País sem recolher a multa devida em virtude
quando for o caso. desta Lei, não poderá reentrar sem efetuar o seu
§ 2o Os documentos referidos no parágrafo pagamento, acrescido de correção monetária.
anterior não conferem o direito de residência § 2o O impedimento de qualquer dos inte-
no Brasil, nem autorizam o afastamento dos grantes da família poderá estender-se a todo o
limites territoriais daqueles municípios. grupo familiar.

Art. 27. A empresa transportadora responde,


CAPÍTULO II – Da Entrada a qualquer tempo, pela saída do clandestino e
do impedido.
Estatuto do Estrangeiro

Art. 22. A entrada no território nacional far- Parágrafo único. Na impossibilidade da


-se-á somente pelos locais onde houver fiscali- saída imediata do impedido ou do clandesti-
zação dos órgãos competentes dos Ministérios no, o Ministério da Justiça poderá permitir a
da Saúde, da Justiça e da Fazenda. sua entrada condicional, mediante termo de
responsabilidade firmado pelo representante
5
Lei no 12.134/2009. 6
Lei no 6.964/1981.
14
da empresa transportadora, que lhe assegure a do de dispensa de visto, deverá, igualmente,
manutenção, fixados o prazo de estada e o local proceder ao registro mencionado neste artigo
em que deva permanecer o impedido, ficando sempre que sua estada no Brasil deva ser supe-
o clandestino custodiado pelo prazo máximo rior a noventa dias.
de trinta dias, prorrogável por igual período.
Art. 33. Ao estrangeiro registrado será forne-
cido documento de identidade.
TÍTULO III – Da Condição de Asilado Parágrafo único. A emissão de documento
de identidade, salvo nos casos de asilado ou de
Art. 28. O estrangeiro admitido no território titular de visto de cortesia, oficial ou diplomá-
nacional na condição de asilado político ficará tico, está sujeita ao pagamento da taxa prevista
sujeito, além dos deveres que lhe forem im- na tabela de que trata o artigo 131.
postos pelo Direito Internacional, a cumprir
as disposições da legislação vigente e as que o
Governo brasileiro lhe fixar. CAPÍTULO II – Da Prorrogação do Prazo
de Estada
Art. 29. O asilado não poderá sair do País sem
prévia autorização do Governo brasileiro. Art. 34. Ao estrangeiro que tenha entrado na
Parágrafo único. A inobservância do dispos- condição de turista, temporário ou asilado e
to neste artigo importará na renúncia ao asilo e aos titulares de visto de cortesia, oficial ou di-
impedirá o reingresso nessa condição. plomático, poderá ser concedida a prorrogação
do prazo de estada no Brasil.

TÍTULO IV – Do Registro e suas Alterações Art. 35. A prorrogação do prazo de estada do


CAPÍTULO I – Do Registro turista não excederá a noventa dias, podendo
ser cancelada a critério do Ministério da Justiça.
Art. 30. O estrangeiro admitido na condição
de permanente, de temporário (art. 13, itens I, e Art. 36. A prorrogação do prazo de estada do
de IV a VII) ou de asilado é obrigado a registrar- titular do visto temporário, de que trata o item
-se no Ministério da Justiça, dentro dos trinta VII do artigo 13, não excederá a um ano.8
dias seguintes à entrada ou à concessão do asilo,
e a identificar-se pelo sistema datiloscópico,
observadas as disposições regulamentares.7 CAPÍTULO III – Da Transformação dos
Vistos
Art. 31. O nome e a nacionalidade do es-
trangeiro, para o efeito de registro, serão os Art. 37. O titular do visto de que trata o artigo
constantes do documento de viagem. 13, itens V e VII, poderá obter transformação
do mesmo para permanente (art. 16), satisfei-
Art. 32. O titular de visto diplomático, oficial tas as condições previstas nesta Lei e no seu
ou de cortesia, acreditado junto ao Governo Regulamento.9
brasileiro ou cujo prazo previsto de estada § 1o Ao titular do visto temporário previsto
no País seja superior a noventa dias, deverá no item VII do art. 13 só poderá ser concedida
Estatuto do estrangeiro

providenciar seu registro no Ministério das a transformação após o prazo de dois anos de
Relações Exteriores. residência no País.
Parágrafo único. O estrangeiro titular de § 2o Na transformação do visto poderá
passaporte de serviço, oficial ou diplomático, aplicar-se o disposto no artigo 18.
que haja entrado no Brasil ao amparo de acor-
8
Lei no 6.964/1981.
7
Lei n 6.964/1981.
o 9
Lei no 6.964/1981.
15
Art. 38. É vedada a legalização da estada de § 1o O pedido de alteração de nome deverá
clandestino e de irregular, e a transformação ser instruído com a documentação prevista em
em permanente, dos vistos de trânsito, de Regulamento e será sempre objeto de investi-
turista, temporário (art. 13, itens I a IV e VI) gação sobre o comportamento do requerente.
e de cortesia. § 2o Os erros materiais no registro serão
corrigidos de ofício.
Art. 39. O titular de visto diplomático ou ofi- § 3o A alteração decorrente de desquite ou
cial poderá obter transformação desses vistos divórcio obtido em país estrangeiro depen-
para temporário (art. 13, itens I a VI) ou para derá de homologação, no Brasil, da sentença
permanente (art. 16), ouvido o Ministério das respectiva.
Relações Exteriores, e satisfeitas as exigências § 4o Poderá ser averbado no registro o nome
previstas nesta Lei e no seu Regulamento. abreviado usado pelo estrangeiro como firma
Parágrafo único. A transformação do vis- comercial registrada ou em qualquer atividade
to oficial ou diplomático em temporário ou profissional.
permanente importará na cessação de todas
as prerrogativas, privilégios e imunidades de- Art. 44. Compete ao Ministro da Justiça auto-
correntes daqueles vistos. rizar a alteração de assentamentos constantes
do registro de estrangeiro.
Art. 40. A solicitação da transformação de
visto não impede a aplicação do disposto no
artigo 57, se o estrangeiro ultrapassar o prazo CAPÍTULO V – Da Atualização do Registro
legal de estada no território nacional.
Parágrafo único. Do despacho que denegar a Art. 45. A Junta Comercial, ao registrar fir-
transformação do visto, caberá pedido de recon- ma de que participe estrangeiro, remeterá ao
sideração na forma definida em Regulamento. Ministério da Justiça os dados de identificação
do estrangeiro e os do seu documento de iden-
Art. 41. A transformação de vistos de que tidade emitido no Brasil.10
tratam os artigos 37 e 39 ficará sem efeito, se Parágrafo único. Tratando-se de sociedade
não for efetuado o registro no prazo de noventa anônima, a providência é obrigatória em rela-
dias, contados da publicação, no Diário Oficial, ção ao estrangeiro que figure na condição de
do deferimento do pedido. administrador, gerente, diretor ou acionista
controlador.
Art. 42. O titular de quaisquer dos vistos
definidos nos artigos 8o, 9o, 10, 13 e 16 poderá Art. 46. Os Cartórios de Registro Civil reme-
ter os mesmos transformados para oficial ou terão, mensalmente, ao Ministério da Justiça
diplomático. cópia dos registros de casamento e de óbito de
estrangeiro.

CAPÍTULO IV – Da Alteração de Art. 47. O estabelecimento hoteleiro, a em-


Assentamentos presa imobiliária, o proprietário, locador,
sublocador ou locatário de imóvel e o síndico
Art. 43. O nome do estrangeiro, constante do de edifício remeterão ao Ministério da Justiça,
Estatuto do Estrangeiro

registro (art. 30), poderá ser alterado: quando requisitados, os dados de identificação
I – se estiver comprovadamente errado; do estrangeiro admitido na condição de hóspe-
II – se tiver sentido pejorativo ou expuser o de, locatário, sublocatário ou morador.11
titular ao ridículo; ou
III – se for de pronunciação e compreensão
difíceis e puder ser traduzido ou adaptado à 10
Lei no 6.964/1981.
prosódia da língua portuguesa. 11
Lei no 6.964/1981.
16
Art. 48. Salvo o disposto no § 1o do artigo dependerá, sempre, da satisfação prévia dos
21, a admissão de estrangeiro a serviço de en- referidos encargos.
tidade pública ou privada, ou a matrícula em
estabelecimento de ensino de qualquer grau,
só se efetivará se o mesmo estiver devidamente TÍTULO V – Da Saída e do Retorno
registrado (art. 30).
Parágrafo único. As entidades, a que se Art. 50. Não se exigirá visto de saída do estran-
refere este artigo, remeterão ao Ministério da geiro que pretender sair do território nacional.
Justiça, que dará conhecimento ao Ministério § 1o O Ministro da Justiça poderá, a qual-
do Trabalho, quando for o caso, os dados de quer tempo, estabelecer a exigência de visto
identificação do estrangeiro admitido ou ma- de saída, quando razões de segurança interna
triculado e comunicarão, à medida que ocorrer, aconselharem a medida.
o término do contrato de trabalho, sua rescisão § 2o Na hipótese do parágrafo anterior, o
ou prorrogação, bem como a suspensão ou can- ato que estabelecer a exigência disporá sobre o
celamento da matrícula e a conclusão do curso. prazo de validade do visto e as condições para
a sua concessão.
§ 3o O asilado deverá observar o disposto
CAPÍTULO VI – Do Cancelamento e do no artigo 29.
Restabelecimento do Registro
Art. 51. O estrangeiro registrado como per-
Art. 49. O estrangeiro terá o registro cancelado: manente, que se ausentar do Brasil, poderá
I – se obtiver naturalização brasileira; regressar independentemente de visto se o fizer
II – se tiver decretada sua expulsão; dentro de dois anos.
III – se requerer a saída do território na- Parágrafo único. A prova da data da saída,
cional em caráter definitivo, renunciando, para os fins deste artigo, far-se-á pela anotação
expressamente, ao direito de retorno previsto aposta, pelo órgão competente do Ministério
no artigo 51; da Justiça, no documento de viagem do estran-
IV – se permanecer ausente do Brasil por geiro, no momento em que o mesmo deixar o
prazo superior ao previsto no artigo 51; território nacional.
V – se ocorrer a transformação de visto de
que trata o artigo 42; Art. 52. O estrangeiro registrado como tem-
VI – se houver transgressão do artigo 18, porário, que se ausentar do Brasil, poderá re-
artigo 37, § 2o, ou 99 a 101; e gressar independentemente de novo visto, se o
VII – se temporário ou asilado, no término fizer dentro do prazo de validade de sua estada
do prazo de sua estada no território nacional. no território nacional.
§ 1o O registro poderá ser restabelecido,
nos casos dos itens I ou II, se cessada a causa Art. 53. (Revogado)12
do cancelamento, e, nos demais casos, se o
estrangeiro retornar ao território nacional com
visto de que trata o artigo 13 ou 16, ou obtiver TÍTULO VI – Do Documento de Viagem
a transformação prevista no artigo 39. para Estrangeiro
§ 2o Ocorrendo a hipótese prevista no item
Estatuto do estrangeiro

III deste artigo, o estrangeiro deverá proceder Art. 54. São documentos de viagem o passa-
à entrega do documento de identidade para porte para estrangeiro e o “laissez-passer”.
estrangeiro e deixar o território nacional dentro Parágrafo único. Os documentos de que trata
de trinta dias. este artigo são de propriedade da União, caben-
§ 3o Se da solicitação de que trata o item do a seus titulares a posse direta e o uso regular.
III deste artigo resultar isenção de ônus fiscal
ou financeiro, o restabelecimento do registro 12
Lei no 9.076/1995.
17
Art. 55. Poderá ser concedido passaporte para Parágrafo único. A deportação far-se-á para
estrangeiro: o país da nacionalidade ou de procedência do
I – no Brasil: estrangeiro, ou para outro que consinta em
a) ao apátrida e ao de nacionalidade inde- recebê-lo.
finida;
b) a nacional de país que não tenha repre- Art. 59. Não sendo apurada a responsabilidade
sentação diplomática ou consular no Brasil, do transportador pelas despesas com a retirada
nem representante de outro país encarregado do estrangeiro, nem podendo este ou terceiro
de protegê-lo; por ela responder, serão as mesmas custeadas
c) a asilado ou a refugiado, como tal admi- pelo Tesouro Nacional.
tido no Brasil;
II – no Brasil e no exterior, ao cônjuge ou à Art. 60. O estrangeiro poderá ser dispensado
viúva de brasileiro que haja perdido a nacio- de quaisquer penalidades relativas à entrada ou
nalidade originária em virtude do casamento. estada irregular no Brasil ou formalidade cujo
Parágrafo único. A concessão de passaporte, cumprimento possa dificultar a deportação.
no caso da letra “b”, do item I deste artigo, de-
penderá de prévia consulta ao Ministério das Art. 61. O estrangeiro, enquanto não se efeti-
Relações Exteriores. var a deportação, poderá ser recolhido à prisão
por ordem do Ministro da Justiça, pelo prazo
Art. 56. O “laissez-passer” poderá ser conce- de sessenta dias.
dido, no Brasil ou no exterior, ao estrangeiro Parágrafo único. Sempre que não for pos-
portador de documento de viagem emitido sível, dentro do prazo previsto neste artigo,
por governo não reconhecido pelo Governo determinar-se a identidade do deportando ou
brasileiro, ou não válido para o Brasil. obter-se documento de viagem para promover
Parágrafo único. A concessão, no exterior, a sua retirada, a prisão poderá ser prorrogada
de “laissez-passer” a estrangeiro registrado por igual período, findo o qual será ele posto em
no Brasil como permanente, temporário ou liberdade, aplicando-se o disposto no artigo 73.
asilado, dependerá de audiência prévia do
Ministério da Justiça. Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação
ou quando existirem indícios sérios de peri-
culosidade ou indesejabilidade do estrangeiro,
TÍTULO VII – Da Deportação proceder-se-á à sua expulsão.

Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irre- Art. 63. Não se procederá à deportação se impli-
gular de estrangeiro, se este não se retirar vo- car em extradição inadmitida pela lei brasileira.
luntariamente do território nacional no prazo
fixado em Regulamento, será promovida sua Art. 64. O deportado só poderá reingressar no
deportação. território nacional se ressarcir o Tesouro Na-
§ 1o Será igualmente deportado o estran- cional, com correção monetária, das despesas
geiro que infringir o disposto nos artigos 21, § com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o
2o, 24, 37, § 2o, 98 a 101, §§ 1o ou 2o do artigo pagamento da multa devida à época, também
104 ou artigo 105. corrigida.
Estatuto do Estrangeiro

§ 2o Desde que conveniente aos interesses


nacionais, a deportação far-se-á independente-
mente da fixação do prazo de que trata o caput TÍTULO VIII – Da Expulsão
deste artigo.
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro
Art. 58. A deportação consistirá na saída que, de qualquer forma, atentar contra a segu-
compulsória do estrangeiro. rança nacional, a ordem política ou social, a
18
tranqüilidade ou moralidade pública e a eco- provisoriamente, a efetivação do ato expulsório,
nomia popular, ou cujo procedimento o torne o prazo de prisão de que trata a parte final do
nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. caput deste artigo ficará interrompido, até a
Parágrafo único. É passível, também, de decisão definitiva do Tribunal a que estiver
expulsão o estrangeiro que: submetido o feito.
a) praticar fraude a fim de obter a sua entra-
da ou permanência no Brasil; Art. 70. Compete ao Ministro da Justiça, de
b) havendo entrado no território nacional ofício ou acolhendo solicitação fundamentada,
com infração à lei, dele não se retirar no prazo determinar a instauração de inquérito para a
que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo expulsão do estrangeiro.
aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; Art. 71. Nos casos de infração contra a segu-
ou rança nacional, a ordem política ou social e a
d) desrespeitar proibição especialmente economia popular, assim como nos casos de
prevista em lei para estrangeiro. comércio, posse ou facilitação de uso indevido
de substância entorpecente ou que determine
Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente dependência física ou psíquica, ou de desres-
da República resolver sobre a conveniência e a peito a proibição especialmente prevista em
oportunidade da expulsão ou de sua revogação. lei para estrangeiro, o inquérito será sumário
Parágrafo único. A medida expulsória ou a e não excederá o prazo de quinze dias, dentro
sua revogação far-se-á por decreto. do qual fica assegurado ao expulsando o direito
de defesa.
Art. 67. Desde que conveniente ao interesse
nacional, a expulsão do estrangeiro poderá Art. 72. Salvo as hipóteses previstas no artigo
efetivar-se, ainda que haja processo ou tenha anterior, caberá pedido de reconsideração no
ocorrido condenação. prazo de dez dias, a contar da publicação do
decreto de expulsão, no Diário Oficial da União.
Art. 68. Os órgãos do Ministério Público re-
meterão ao Ministério da Justiça, de ofício, até Art. 73. O estrangeiro, cuja prisão não se
trinta dias após o trânsito em julgado, cópia da torne necessária, ou que tenha o prazo desta
sentença condenatória de estrangeiro autor de vencido, permanecerá em liberdade vigiada,
crime doloso ou de qualquer crime contra a em lugar designado pelo Ministério da Justiça,
segurança nacional, a ordem política ou social, e guardará as normas de comportamento que
a economia popular, a moralidade ou a saúde lhe forem estabelecidas.
pública, assim como da folha de antecedentes Parágrafo único. Descumprida qualquer das
penais constantes dos autos. normas fixadas de conformidade com o dispos-
Parágrafo único. O Ministro da Justiça, to neste artigo ou no seguinte, o Ministro da
recebidos os documentos mencionados neste Justiça, a qualquer tempo, poderá determinar a
artigo, determinará a instauração de inquérito prisão administrativa do estrangeiro, cujo prazo
para a expulsão do estrangeiro. não excederá a noventa dias.

Art. 69. O Ministro da Justiça, a qualquer Art. 74. O Ministro da Justiça poderá modifi-
Estatuto do estrangeiro

tempo, poderá determinar a prisão, por noventa car, de ofício ou a pedido, as normas de conduta
dias, do estrangeiro submetido a processo de impostas ao estrangeiro e designar outro lugar
expulsão e, para concluir o inquérito ou asse- para a sua residência.
gurar a execução da medida, prorrogá-la por
igual prazo. Art. 75. Não se procederá à expulsão:13
Parágrafo único. Em caso de medida inter-
posta junto ao Poder Judiciário que suspenda, 13
Lei no 6.964/1981.
19
I – se implicar extradição inadmitida pela VIII – o extraditando houver de responder,
lei brasileira; ou no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo
II – quando o estrangeiro tiver: de exceção.
a) cônjuge brasileiro do qual não esteja § 1o A exceção do item VII não impedirá a
divorciado ou separado, de fato ou de direito, extradição quando o fato constituir, principal-
e desde que o casamento tenha sido celebrado mente, infração da lei penal comum, ou quando
há mais de 5 (cinco) anos; ou o crime comum, conexo ao delito político,
b) filho brasileiro que, comprovadamente, constituir o fato principal.
esteja sob sua guarda e dele dependa econo- § 2o Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tri-
micamente. bunal Federal, a apreciação do caráter da infração.
§ 1 o Não constituem impedimento à § 3o O Supremo Tribunal Federal poderá
expulsão a adoção ou o reconhecimento de deixar de considerar crimes políticos os aten-
filho brasileiro supervenientes ao fato que a tados contra Chefes de Estado ou quaisquer
motivar. autoridades, bem assim os atos de anarquismo,
§ 2o Verificados o abandono do filho, o di- terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa,
vórcio ou a separação, de fato ou de direito, a ou que importem propaganda de guerra ou
expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo. de processos violentos para subverter a ordem
política ou social.

TÍTULO IX – Da Extradição Art. 78. São condições para concessão da


extradição:
Art. 76. A extradição poderá ser concedida I – ter sido o crime cometido no território
quando o governo requerente se fundamentar do Estado requerente ou serem aplicáveis ao
em tratado, ou quando prometer ao Brasil a extraditando as leis penais desse Estado; e
reciprocidade.14 II – existir sentença final de privação de
liberdade, ou estar a prisão do extraditando
Art. 77. Não se concederá a extradição quan- autorizada por juiz, tribunal ou autoridade
do: competente do Estado requerente, salvo o dis-
I – se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição posto no artigo 82.
dessa nacionalidade verificar-se após o fato que
motivar o pedido; Art. 79. Quando mais de um Estado requerer
II – o fato que motivar o pedido não for a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo
considerado crime no Brasil ou no Estado fato, terá preferência o pedido daquele em cujo
requerente; território a infração foi cometida.15
III – o Brasil for competente, segundo suas § 1o Tratando-se de crimes diversos, terão
leis, para julgar o crime imputado ao extradi- preferência, sucessivamente:
tando; I – o Estado requerente em cujo território
IV – a lei brasileira impuser ao crime a pena haja sido cometido o crime mais grave, segundo
de prisão igual ou inferior a um ano; a lei brasileira;
V – o extraditando estiver a responder a II – o que em primeiro lugar houver pedido
processo ou já houver sido condenado ou ab- a entrega do extraditando, se a gravidade dos
solvido no Brasil pelo mesmo fato em que se crimes for idêntica; e
Estatuto do Estrangeiro

fundar o pedido; III – o Estado de origem, ou, na sua falta, o


VI – estiver extinta a punibilidade pela pres- domiciliar do extraditando, se os pedidos forem
crição segundo a lei brasileira ou a do Estado simultâneos.
requerente; § 2o Nos casos não previstos decidirá sobre
VII – o fato constituir crime político; e a preferência o Governo brasileiro.
14
Lei no 6.964/1981. 15
Lei no 6.964/1981.
20
§ 3o Havendo tratado com algum dos Es- mesmo fato sem que a extradição haja sido
tados requerentes, prevalecerão suas normas formalmente requerida.
no que disserem respeito à preferência de que
trata este artigo. Art. 83. Nenhuma extradição será concedida
sem prévio pronunciamento do Plenário do
Art. 80. A extradição será requerida por via di- Supremo Tribunal Federal sobre sua legalidade
plomática ou, na falta de agente diplomático do e procedência, não cabendo recurso da decisão.
Estado que a requerer, diretamente de Governo
a Governo, devendo o pedido ser instruído Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando
com a cópia autêntica ou a certidão da senten- (artigo 81), o pedido será encaminhado ao
ça condenatória, da de pronúncia ou da que Supremo Tribunal Federal.
decretar a prisão preventiva, proferida por juiz Parágrafo único. A prisão perdurará até o
ou autoridade competente. Esse documento ou julgamento final do Supremo Tribunal Federal,
qualquer outro que se juntar ao pedido conterá não sendo admitidas a liberdade vigiada, a pri-
indicações precisas sobre o local, data, natureza são domiciliar, nem a prisão albergue.
e circunstâncias do fato criminoso, identidade
do extraditando, e, ainda, cópia dos textos legais Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator desig-
sobre o crime, a pena e sua prescrição.16 nará dia e hora para o interrogatório do extra-
§ 1o O encaminhamento do pedido por ditando e, conforme o caso, dar-lhe-á curador
via diplomática confere autenticidade aos ou advogado, se não o tiver, correndo do in-
documentos. terrogatório o prazo de dez dias para a defesa.
§ 2o Não havendo tratado que disponha em § 1o A defesa versará sobre a identidade
contrário, os documentos indicados neste artigo da pessoa reclamada, defeito de forma dos
serão acompanhados de versão oficialmente feita documentos apresentados ou ilegalidade da
para o idioma português no Estado requerente. extradição.
§ 2o Não estando o processo devidamen-
Art. 81. O Ministério das Relações Exteriores te instruído, o Tribunal, a requerimento do
remeterá o pedido ao Ministério da Justiça, que Procurador-Geral da República, poderá con-
ordenará a prisão do extraditando colocando- verter o julgamento em diligência para suprir
-o à disposição do Supremo Tribunal Federal. a falta no prazo improrrogável de sessenta
dias, decorridos os quais o pedido será julgado
Art. 82. Em caso de urgência, poderá ser independentemente da diligência.
ordenada a prisão preventiva do extraditando § 3o O prazo referido no parágrafo anterior
desde que pedida, em termos hábeis, qualquer correrá da data da notificação que o Ministério
que seja o meio de comunicação, por autoridade das Relações Exteriores fizer à Missão Diplo-
competente, agente diplomático ou consular do mática do Estado requerente.
Estado requerente.
§ 1o O pedido, que noticiará o crime cometi- Art. 86. Concedida a extradição, será o fato
do, deverá fundamentar-se em sentença conde- comunicado através do Ministério das Relações
natória, auto de prisão em flagrante, mandado Exteriores à Missão Diplomática do Estado
de prisão, ou, ainda, em fuga do indiciado. requerente que, no prazo de sessenta dias da
§ 2o Efetivada a prisão, o Estado requerente comunicação, deverá retirar o extraditando do
Estatuto do estrangeiro

deverá formalizar o pedido em noventa dias, na território nacional.


conformidade do artigo 80.
§ 3o A prisão com base neste artigo não será Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o
mantida além do prazo referido no parágrafo extraditando do território nacional no prazo do
anterior, nem se admitirá novo pedido pelo artigo anterior, será ele posto em liberdade, sem
prejuízo de responder a processo de expulsão,
16
Lei no 6.964/1981. se o motivo da extradição o recomendar.
21
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, po-
novo pedido baseado no mesmo fato. derá ser permitido, pelo Ministro da Justiça, o
trânsito, no território nacional, de pessoas ex-
Art. 89. Quando o extraditando estiver sen- traditadas por Estados estrangeiros, bem assim
do processado, ou tiver sido condenado, no o da respectiva guarda, mediante apresentação
Brasil, por crime punível com pena privativa de documentos comprobatórios de concessão
de liberdade, a extradição será executada so- da medida.
mente depois da conclusão do processo ou do
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto,
o disposto no artigo 67. TÍTULO X – Dos Direitos e Deveres do
Parágrafo único. A entrega do extraditando fi- Estrangeiro
cará igualmente adiada se a efetivação da medida
puser em risco a sua vida por causa de enfermi- Art. 95. O estrangeiro residente no Brasil goza
dade grave comprovada por laudo médico oficial. de todos os direitos reconhecidos aos brasilei-
ros, nos termos da Constituição e das leis.
Art. 90. O Governo poderá entregar o extradi-
tando ainda que responda a processo ou esteja Art. 96. Sempre que lhe for exigido por qual-
condenado por contravenção. quer autoridade ou seu agente, o estrangeiro
deverá exibir documento comprobatório de sua
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que estada legal no território nacional.
o Estado requerente assuma o compromisso: Parágrafo único. Para os fins deste artigo e
I – de não ser o extraditando preso nem dos artigos 43, 45, 47 e 48, o documento deverá
processado por fatos anteriores ao pedido; ser apresentado no original.
II – de computar o tempo de prisão que,
no Brasil, foi imposta por força da extradição; Art. 97. O exercício de atividade remunerada
III – de comutar em pena privativa de liber- e a matrícula em estabelecimento de ensino
dade a pena corporal ou de morte, ressalvados, são permitidos ao estrangeiro com as restrições
quanto à última, os casos em que a lei brasileira estabelecidas nesta Lei e no seu Regulamento.
permitir a sua aplicação;
IV – de não ser o extraditando entregue, Art. 98. Ao estrangeiro que se encontra no
sem consentimento do Brasil, a outro Estado Brasil ao amparo de visto de turista, de trânsito
que o reclame; e ou temporário, de que trata o artigo 13, item
V – de não considerar qualquer motivo IV, bem como aos dependentes de titulares de
político para agravar a pena. quaisquer vistos temporários é vedado o exercí-
cio de atividade remunerada. Ao titular de visto
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo temporário de que trata o artigo 13, item VI,
com as leis brasileiras e respeitado o direito de é vedado o exercício de atividade remunerada
terceiro, será feita com os objetos e instrumen- por fonte brasileira.
tos do crime encontrados em seu poder.
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos Art. 99. Ao estrangeiro titular de visto tempo-
referidos neste artigo poderão ser entregues in- rário e ao que se encontre no Brasil na condição
dependentemente da entrega do extraditando. do artigo 21, § 1o, é vedado estabelecer-se com
Estatuto do Estrangeiro

firma individual, ou exercer cargo ou função de


Art. 93. O extraditando que, depois de en- administrador, gerente ou diretor de sociedade
tregue ao Estado requerente, escapar à ação comercial ou civil, bem como inscrever-se em
da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por ele entidade fiscalizadora do exercício de profissão
transitar, será detido mediante pedido feito regulamentada.17
diretamente por via diplomática, e de novo
entregue sem outras formalidades. 17
Lei no 6.964/1981.
22
Parágrafo único. Aos estrangeiros portado- particular de titular de visto de cortesia, oficial
res do visto de que trata o item V do art. 13 é ou diplomático.
permitida a inscrição temporária em entidade § 2o A missão, organização ou pessoa, a cujo
fiscalizadora do exercício de profissão regula- serviço se encontra o serviçal, fica responsável
mentada. pela sua saída do território nacional, no prazo
de trinta dias, a contar da data em que cessar o
Art. 100. O estrangeiro admitido na condi- vínculo empregatício, sob pena de deportação
ção de temporário, sob regime de contrato, do mesmo.
só poderá exercer atividade junto à entidade § 3o Ao titular de quaisquer dos vistos re-
pela qual foi contratado, na oportunidade da feridos neste artigo não se aplica o disposto na
concessão do visto, salvo autorização expressa legislação trabalhista brasileira.
do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério
do Trabalho. Art. 105. Ao estrangeiro que tenha entrado no
Brasil na condição de turista ou em trânsito é
Art. 101. O estrangeiro admitido na forma do proibido o engajamento como tripulante em
artigo 18, ou do artigo 37, § 2o, para o desempe- porto brasileiro, salvo em navio de bandeira
nho de atividade profissional certa, e a fixação de seu país, por viagem não redonda, a reque-
em região determinada, não poderá, dentro do rimento do transportador ou do seu agente,
prazo que lhe for fixado na oportunidade da mediante autorização do Ministério da Justiça.
concessão ou da transformação do visto, mudar
de domicílio nem de atividade profissional, ou Art. 106. É vedado ao estrangeiro:
exercê-la fora daquela região, salvo em caso I – ser proprietário, armador ou comandante
excepcional, mediante autorização prévia do de navio nacional, inclusive nos serviços de
Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do navegação fluvial e lacustre;
Trabalho, quando necessário. II – ser proprietário de empresa jornalística
de qualquer espécie, e de empresas de televisão
Art. 102. O estrangeiro registrado é obrigado a e de radiodifusão, sócio ou acionista de socie-
comunicar ao Ministério da Justiça a mudança dade proprietária dessas empresas;
do seu domicílio ou residência, devendo fazê- III – ser responsável, orientador intelectual
-lo nos trinta dias imediatamente seguintes à ou administrativo das empresas mencionadas
sua efetivação. no item anterior;
IV – obter concessão ou autorização
Art. 103. O estrangeiro que adquirir naciona- para a pesquisa, prospecção, exploração e
lidade diversa da constante do registro (art. 30), aproveitamento das jazidas, minas e demais
deverá, nos noventa dias seguintes, requerer recursos minerais e dos potenciais de energia
a averbação da nova nacionalidade em seus hidráulica;
assentamentos. V – ser proprietário ou explorador de
aeronave brasileira, ressalvado o disposto na
Art. 104. O portador de visto de cortesia, ofi- legislação específica;
cial ou diplomático só poderá exercer atividade VI – ser corretor de navios, de fundos públi-
remunerada em favor do Estado estrangeiro, cos, leiloeiro e despachante aduaneiro;
organização ou agência internacional de caráter VII – participar da administração ou repre-
Estatuto do estrangeiro

intergovernamental a cujo serviço se encontre sentação de sindicato ou associação profissio-


no País, ou do Governo ou de entidade brasi- nal, bem como de entidade fiscalizadora do
leiros, mediante instrumento internacional fir- exercício de profissão regulamentada;
mado com outro Governo que encerre cláusula VIII – ser prático de barras, portos, rios,
específica sobre o assunto. lagos e canais;
§ 1o O serviçal com visto de cortesia só IX – possuir, manter ou operar, mesmo
poderá exercer atividade remunerada a serviço como amador, aparelho de radiodifusão, de
23
radiotelegrafia e similar, salvo reciprocidade clubes sociais e desportivos, e a quaisquer
de tratamento; e outras entidades com iguais fins, bem como
X – prestar assistência religiosa às Forças participarem de reunião comemorativa de datas
Armadas e auxiliares, e também aos estabele- nacionais ou acontecimentos de significação
cimentos de internação coletiva. patriótica.
§ 1o O disposto no item I deste artigo não se Parágrafo único. As entidades mencionadas
aplica aos navios nacionais de pesca. neste artigo, se constituídas de mais da metade
§ 2o Ao português, no gozo dos direitos e de associados estrangeiros, somente poderão
obrigações previstos no Estatuto da Igualdade, funcionar mediante autorização do Ministro
apenas lhe é defeso: da Justiça.
a) assumir a responsabilidade e a orientação
intelectual e administrativa das empresas men- Art. 109. A entidade que houver obtido re-
cionadas no item II deste artigo; gistro mediante falsa declaração de seus fins
b) ser proprietário, armador ou comandan- ou que, depois de registrada, passar a exercer
te de navio nacional, inclusive de navegação atividades ilícitas, terá sumariamente cassada
fluvial e lacustre, ressalvado o disposto no a autorização a que se refere o parágrafo único
parágrafo anterior; e do artigo anterior e o seu funcionamento será
c) prestar assistência religiosa às Forças suspenso por ato do Ministro da Justiça, até
Armadas e auxiliares. final julgamento do processo de dissolução, a
ser instaurado imediatamente.18
Art. 107. O estrangeiro admitido no terri-
tório nacional não pode exercer atividade de Art. 110. O Ministro da Justiça poderá, sempre
natureza política, nem se imiscuir, direta ou que considerar conveniente aos interesses na-
indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, cionais, impedir a realização, por estrangeiros,
sendo-lhe especialmente vedado: de conferências, congressos e exibições artísti-
I – organizar, criar ou manter sociedade ou cas ou folclóricas.
quaisquer entidades de caráter político, ainda
que tenham por fim apenas a propaganda ou
a difusão, exclusivamente entre compatriotas, TÍTULO XI – Da Naturalização
de idéias, programas ou normas de ação de CAPÍTULO I – Das Condições
partidos políticos do país de origem;
II – exercer ação individual, junto a compa- Art. 111. A concessão da naturalização nos
triotas ou não, no sentido de obter, mediante casos previstos no artigo 145, item II, alínea
coação ou constrangimento de qualquer na- “b”, da Constituição é faculdade exclusiva do
tureza, adesão a idéias, programas ou normas Poder Executivo e far-se-á mediante Portaria
de ação de partidos ou facções políticas de do Ministro da Justiça.
qualquer país;
III – organizar desfiles, passeatas, comícios Art. 112. São condições para a concessão da
e reuniões de qualquer natureza, ou deles par- naturalização:19
ticipar, com os fins a que se referem os itens I I – capacidade civil, segundo a lei brasileira;
e II deste artigo. II – ser registrado como permanente no
Parágrafo único. O disposto no caput deste Brasil;
Estatuto do Estrangeiro

artigo não se aplica ao português beneficiário III – residência contínua no território nacio-
do Estatuto da Igualdade ao qual tiver sido nal, pelo prazo mínimo de quatro anos, imedia-
reconhecido o gozo de direitos políticos. tamente anteriores ao pedido de naturalização;

Art. 108. É lícito aos estrangeiros associarem-


-se para fins culturais, religiosos, recreativos, 18
Lei no 6.964/1981.
beneficentes ou de assistência, filiarem-se a 19
Lei no 6.964/1981.
24
IV – ler e escrever a língua portuguesa, Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da resi-
consideradas as condições do naturalizando; dência, exigindo-se apenas a estada no Brasil
V – exercício de profissão ou posse de bens por trinta dias, quando se tratar:
suficientes à manutenção própria e da família; I – de cônjuge estrangeiro casado há mais
VI – bom procedimento; de cinco anos com diplomata brasileiro em
VII – inexistência de denúncia, pronúncia atividade; ou
ou condenação no Brasil ou no exterior por II – de estrangeiro que, empregado em Mis-
crime doloso a que seja cominada pena mínima são Diplomática ou em Repartição Consular
de prisão, abstratamente considerada, superior do Brasil, contar mais de dez anos de serviços
a um ano; e ininterruptos.
VIII – boa saúde.
§ 1o Não se exigirá a prova de boa saúde a Art. 115. O estrangeiro que pretender a na-
nenhum estrangeiro que residir no País há mais turalização deverá requerê-la ao Ministro da
de dois anos. Justiça, declarando: nome por extenso, naturali-
§ 2o Verificada, a qualquer tempo, a falsi- dade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil,
dade ideológica ou material de qualquer dos dia, mês e ano de nascimento, profissão, lugares
requisitos exigidos neste artigo ou nos artigos onde haja residido anteriormente no Brasil e
113 e 114 desta Lei, será declarado nulo o ato no exterior, se satisfaz o requisito a que alude o
de naturalização sem prejuízo da ação penal artigo 112, item VII e se deseja ou não traduzir
cabível pela infração cometida. ou adaptar o seu nome à língua portuguesa.20
§ 3o A declaração de nulidade a que se refere § 1o A petição será assinada pelo naturali-
o parágrafo anterior processar-se-á administra- zando e instruída com os documentos a serem
tivamente, no Ministério da Justiça, de ofício especificados em Regulamento.
ou mediante representação fundamentada, § 2o Exigir-se-á a apresentação apenas de
concedido ao naturalizado, para defesa, o prazo documento de identidade para estrangeiro,
de quinze dias, contados da notificação. atestado policial de residência contínua no Bra-
sil e atestado policial de antecedentes, passado
Art. 113. O prazo de residência fixado no pelo serviço competente do lugar de residência
artigo 112, item III, poderá ser reduzido se o no Brasil, quando se tratar de:
naturalizando preencher quaisquer das seguin- I – estrangeiro admitido no Brail21 até a idade
tes condições: de cinco (5) anos, radicado definitivamente
I – ter filho ou cônjuge brasileiro; no território nacional, desde que requeira a
II – ser filho de brasileiro; naturalização até dois (2) anos após atingir a
III – haver prestado ou poder prestar ser- maioridade;
viços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro II – estrangeiro que tenha vindo residir no
da Justiça; Brasil, antes de atingida a maioridade e haja fei-
IV – recomendar-se por sua capacidade to curso superior em estabelecimento nacional
profissional, científica ou artística; ou de ensino, se requerida a naturalização até um
V – ser proprietário, no Brasil, de bem imó- (1) ano depois da formatura.
vel, cujo valor seja igual, pelo menos, a mil vezes § 3o Qualquer mudança de nome ou de
o maior valor de referência; ou ser industrial que prenome, posteriormente à naturalização, só
disponha de fundos de igual valor; ou possuir por exceção e motivadamente será permitida,
Estatuto do estrangeiro

cota ou ações integralizadas de montante, no mediante autorização do Ministro da Justiça.


mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou
civil, destinada, principal e permanentemente, Art. 116. O estrangeiro admitido no Brasil
à exploração de atividade industrial ou agrícola. durante os primeiros cinco anos de vida, esta-
Parágrafo único. A residência será, no míni-
mo, de um ano, nos casos dos itens I a III; de dois 20
Lei no 6.964/1981.
anos, no do item IV; e de três anos, no do item V. 21
Leia-se “Brasil”.
25
belecido definitivamente no território nacional, § 2o Quando não houver juiz federal na cidade
poderá, enquanto menor, requerer ao Ministro em que tiverem domicílio os interessados, a entre-
da Justiça, por intermédio de seu representante ga será feita através do juiz ordinário da comarca
legal, a emissão de certificado provisório de e, na sua falta, pelo da comarca mais próxima.
naturalização, que valerá como prova de na- § 3o A naturalização ficará sem efeito, se o
cionalidade brasileira até dois anos depois de certificado não for solicitado pelo naturalizado
atingida a maioridade. no prazo de doze meses contados da data de
Parágrafo único. A naturalização se tornará publicação do ato, salvo motivo de força maior,
definitiva se o titular do certificado provisório, devidamente comprovado.
até dois anos após atingir a maioridade, con-
firmar expressamente a intenção de continuar Art. 120. No curso do processo de naturali-
brasileiro, em requerimento dirigido ao Minis- zação, poderá qualquer do povo impugná-la,
tro da Justiça. desde que o faça fundamentadamente.

Art. 117. O requerimento de que trata o ar- Art. 121. A satisfação das condições previstas
tigo 115, dirigido ao Ministro da Justiça, será nesta Lei não assegura ao estrangeiro direito à
apresentado, no Distrito Federal, Estados e naturalização.
Territórios, ao órgão competente do Ministério
da Justiça, que procederá à sindicância sobre
a vida pregressa do naturalizando e opinará CAPÍTULO II – Dos Efeitos da
quanto à conveniência da naturalização. Naturalização

Art. 118. Recebido o processo pelo dirigente Art. 122. A naturalização, salvo a hipótese do
do órgão competente do Ministério da Justiça, artigo 116, só produzirá efeitos após a entrega
poderá ele determinar, se necessário, outras do certificado e confere ao naturalizado o gozo
diligências. Em qualquer hipótese, o processo de todos os direitos civis e políticos, excetuados
deverá ser submetido, com parecer, ao Ministro os que a Constituição Federal atribui exclusi-
da Justiça. vamente ao brasileiro nato.
Parágrafo único. O dirigente do órgão com-
petente do Ministério da Justiça determinará o Art. 123. A naturalização não importa aquisi-
arquivamento do pedido, se o naturalizando não ção da nacionalidade brasileira pelo cônjuge e
satisfizer, conforme o caso, a qualquer das condi- filhos do naturalizado, nem autoriza que estes
ções previstas no artigo 112 ou 116, cabendo re- entrem ou se radiquem no Brasil sem que sa-
consideração desse despacho; se o arquivamento tisfaçam as exigências desta Lei.
for mantido, poderá o naturalizando recorrer ao
Ministro da Justiça; em ambos os casos, o prazo Art. 124. A naturalização não extingue a
é de trinta dias contados da publicação do ato. responsabilidade civil ou penal a que o na-
turalizando estava anteriormente sujeito em
Art. 119. Publicada no Diário Oficial a Por- qualquer outro país.
taria de Naturalização, será ela arquivada no
órgão competente do Ministério da Justiça,
que emitirá certificado relativo a cada natura- TÍTULO XII – Das Infrações, Penalidades e
Estatuto do Estrangeiro

lizando, o qual será solenemente entregue, na seu Procedimento


forma fixada em Regulamento, pelo juiz federal CAPÍTULO I – Das Infrações e Penalidades
da cidade onde tenha domicílio o interessado.22
§ 1o Onde houver mais de um juiz federal, a Art. 125. Constitui infração, sujeitando o
entrega será feita pelo da Primeira Vara. infrator às penas aqui cominadas:23
22
Lei no 6.964/1981. 23
Lei no 6.964/1981.
26
I – entrar no território nacional sem estar Pena: detenção de um a três anos e expulsão.
autorizado (clandestino); XII – introduzir estrangeiro clandestina-
Pena: deportação. mente ou ocultar clandestino ou irregular;
II – demorar-se no território nacional após Pena: detenção de um a três anos e, se o
esgotado o prazo legal de estada; infrator for estrangeiro, expulsão.
Pena: multa de um décimo do maior valor de XIII – fazer declaração falsa em processo de
referência, por dia de excesso, até o máximo de transformação de visto, de registro, de alteração
dez vezes o maior valor de referência, e depor- de assentamentos, de naturalização, ou para
tação, caso não saia no prazo fixado. a obtenção de passaporte para estrangeiro,
III – deixar de registrar-se no órgão com- “laissez-passer”, ou, quando exigido, visto de
petente, dentro do prazo estabelecido nesta saída;
Lei (artigo 30); Pena: reclusão de um a cinco anos e, se o
Pena: multa de um décimo do maior valor de infrator for estrangeiro, expulsão.
referência, por dia de excesso, até o máximo de XIV – infringir o disposto nos artigos 45
dez vezes o maior valor de referência. a 48;
IV – deixar de cumprir o disposto nos arti- Pena: multa de cinco a dez vezes o maior
gos 96, 102 e 103; valor de referência.
Pena: multa de duas a dez vezes o maior XV – infringir o disposto nos artigos 26, §
valor de referência. 1o ou 64;
V – deixar a empresa transportadora de Pena: deportação e, na reincidência, ex-
atender à manutenção ou promover a saída pulsão.
do território nacional do clandestino ou do XVI – infringir ou deixar de observar
impedido (artigo 27); qualquer disposição desta Lei ou de seu Regu-
Pena: multa de trinta vezes o maior valor de lamento para a qual não seja cominada sanção
referência, por estrangeiro. especial;
VI – transportar para o Brasil estrangeiro Pena: multa de duas a cinco vezes o maior
que esteja sem a documentação em ordem; valor de referência.
Pena: multa de dez vezes o maior valor de Parágrafo único. As penalidades previstas
referência, por estrangeiro, além da responsa- no item XI aplicam-se também aos diretores
bilidade pelas despesas com a retirada deste do das entidades referidas no item I do artigo 107.
território nacional.
VII – empregar ou manter a seu serviço Art. 126. As multas previstas neste Capítu-
estrangeiro em situação irregular ou impedido lo, nos casos de reincidência, poderão ter os
de exercer atividade remunerada; respectivos valores aumentados do dobro ao
Pena: multa de trinta vezes o maior valor de quíntuplo.
referência, por estrangeiro.
VIII – infringir o disposto nos artigos 21, §
2o, 24, 98, 104, §§ 1o ou 2o e 105; CAPÍTULO II – Do Procedimento para
Pena: deportação. Apuração das Infrações
IX – infringir o disposto no artigo 25;
Pena: multa de cinco vezes o maior valor de Art. 127. A infração punida com multa será
referência para o resgatador e deportação para apurada em processo administrativo, que terá
Estatuto do estrangeiro

o estrangeiro. por base o respectivo auto, conforme se dispu-


X – infringir o disposto nos artigos 18, 37, ser em Regulamento.
§ 2o, ou 99 a 101;
Pena: cancelamento do registro e depor- Art. 128. No caso do artigo 125, itens XI a XIII,
tação. observar-se-á o Código de Processo Penal e, nos
XI – infringir o disposto nos artigos 106 casos de deportação e expulsão, o disposto nos
ou 107; Títulos VII e VIII desta Lei, respectivamente.
27
TÍTULO XIII – Disposições Gerais e Art. 134. Poderá ser regularizada, provisoria-
Transitórias mente, a situação dos estrangeiros de que trata
o artigo anterior.26
Art. 129. (Revogado)24 § 1o Para os fins deste artigo, fica instituído
no Ministério da Justiça o registro provisório
Art. 130. O Poder Executivo fica autorizado de estrangeiro.
a firmar acordos internacionais pelos quais, § 2o O registro de que trata o parágrafo
observado o princípio da reciprocidade de anterior implicará na expedição de cédula de
tratamento a brasileiros e respeitados a conve- identidade, que permitirá ao estrangeiro em
niência e os interesses nacionais, estabeleçam- situação ilegal o exercício de atividade remune-
-se as condições para a concessão, gratuidade, rada e a livre locomoção no território nacional.
isenção ou dispensa dos vistos estatuídos § 3o O pedido de registro provisório deverá
nesta Lei. ser feito no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a
contar da data de publicação desta Lei.
Art. 131. Fica aprovada a tabela de emolu- § 4o A petição, em formulário próprio, será
mentos consulares e taxas que integra esta Lei. dirigida ao órgão do Departamento de Polícia Fe-
§ 1o Os valores das taxas incluídas na tabela deral mais próximo do domicílio do interessado
terão reajustamento anual na mesma proporção e instruída com um dos seguintes documentos:
do coeficiente do valor de referência. I – cópia autêntica do passaporte ou docu-
§ 2o O Ministro das Relações Exteriores mento equivalente;
fica autorizado a aprovar, mediante Portaria, II – certidão fornecida pela representação di-
a revisão dos valores dos emolumentos con- plomática ou consular do país de que seja nacio-
sulares, tendo em conta a taxa de câmbio do nal o estrangeiro, atestando a sua nacionalidade;
cruzeiro ouro com as principais moedas de III – certidão do registro de nascimento ou
livre convertibilidade. casamento;
IV – qualquer outro documento idôneo que
Art. 132. Fica o Ministro da Justiça autori- permita à Administração conferir os dados de
zado a instituir modelo único de cédula de qualificação do estrangeiro.
identidade para estrangeiro, portador de visto § 5o O registro provisório e a cédula de
temporário ou permanente, a qual terá validade identidade, de que trata este artigo, terão prazo
em todo o território nacional e substituirá as de validade de dois anos improrrogáveis, ressal-
carteiras de identidade em vigor. vado o disposto no parágrafo seguinte.
Parágrafo único. Enquanto não for criada § 6o Firmados, antes de esgotar o prazo
a cédula de que trata este artigo, continuarão previsto no § 5o, os acordos bilaterais, referi-
válidas: dos no artigo anterior, os nacionais dos Países
I – as carteiras de identidade emitidas com respectivos deverão requerer a regularização de
base no artigo 135 do Decreto no 3.010, de 20 de sua situação, no prazo previsto na alínea “c” do
agosto de 1938, bem como as certidões de que item II do art. 133.
trata o § 2o do artigo 149 do mesmo Decreto; e § 7o O Ministro da Justiça instituirá modelo
II – as emitidas e as que o sejam, com base especial da cédula de identidade de que trata
no Decreto-Lei no 670, de 3 de julho de 1969, este artigo.
e nos artigos 57, § 1o, e 60, § 2o, do Decreto no
Estatuto do Estrangeiro

66.689, de 11 de junho de 1970. Art. 135. O estrangeiro que se encontre resi-


dindo no Brasil na condição prevista no artigo
Art. 133. (Revogado)25 26 do Decreto-lei no 941, de 13 de outubro de
1969, deverá, para continuar a residir no terri-
24
Lei no 8.422/1992.
25
Lei no 7.180/1983. 26
Lei no 6.964/1981.

28
tório nacional, requerer permanência ao órgão Art. 139. Fica o Ministro da Justiça autorizado
competente do Ministério da Justiça dentro do a delegar a competência, que esta Lei lhe atribui,
prazo de noventa dias improrrogável, a contar para determinar a prisão do estrangeiro, em
da data da entrada em vigor desta Lei. caso de deportação, expulsão e extradição.29
Parágrafo único. Independerá da satisfação
das exigências de caráter especial referidas no Art. 140. Esta Lei entrará em vigor na data de
artigo 17 desta Lei a autorização a que alude sua publicação.30
este artigo.
Art. 141. Revogam-se as disposições em con-
Art. 136. Se o estrangeiro tiver ingressado trário, especialmente o Decreto-lei no 406, de
no Brasil até 20 de agosto de 1938, data da 4 de maio de 1938; artigo 69 do Decreto-lei no
entrada em vigor do Decreto no 3.010, desde 3.688, de 3 de outubro de 1941; Decreto-lei no
que tenha mantido residência contínua no ter- 5.101, de 17 de dezembro de 1942; Decreto-lei
ritório nacional, a partir daquela data, e prove a no 7.967, de 18 de setembro de 1945; Lei no
qualificação, inclusive a nacionalidade, poderá 5.333, de 11 de outubro de 1967; Decreto-lei
requerer permanência ao órgão competente do no 417, de 10 de janeiro de 1969; Decreto-lei
Ministério da Justiça, observado o disposto no no 941, de 13 de outubro de 1969; artigo 2o da
parágrafo único do artigo anterior. Lei no 5.709, de 7 de outubro de 1971, e Lei no
6.262, de 18 de novembro de 1975.31
Art. 137. Aos processos em curso no Ministé-
rio da Justiça, na data de publicação desta Lei, Brasília, em 19 de agosto de 1980; 159o da In-
aplicar-se-á o disposto no Decreto-Lei no 941, dependência e 92o da República.
de 13 de outubro de 1969, e no seu Regulamen-
to, Decreto no 66.689, de 11 de junho de 1970.27 JOÃO FIGUEIREDO – Ibrahim Abi-Ackel – R.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não S. Guerreiro – Angelo Amaury Stabile – Murilo
se aplica aos processos de naturalização, sobre os Macêdo – Waldir Mendes Arcoverde – Danilo
quais incidirão, desde logo, as normas desta Lei. Venturini

Art. 138. Aplica-se o disposto nesta Lei às Promulgada em 19/8/1980 e publicada no Dou
pessoas de nacionalidade portuguesa, sob de 21/8/1980; retificada no Dou de 22/8/1980; e
reserva de disposições especiais expressas na republicada no Dou de 10/12/1981.
Constituição Federal ou nos tratados em vigor.28
29
Lei no 6.964/1981.
27
Lei n 6.964/1981.
o 30
Lei no 6.964/1981.
28
Lei no 6.964/1981. 31
Lei no 6.964/1981.

Anexo – Tabela de Emolumentos e Taxas


(art. 131 da lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980)
Estatuto do estrangeiro

I – Emolumentos Consulares – Visto em passaporte estrangeiro:


a. visto de trânsito: Cr$ 5,00 (cinco cruzei-
– Concessão de passaporte e “laissez-passer” ros) ouro.
para estrangeiro: Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros) b. visto de turista: Cr$ 5,00 (cinco cruzeiros)
ouro. ouro.

29
c. visto temporário: Cr$ 10,00 (dez cruzei- – Pedido de autorização para funciona-
ros) ouro. mento de sociedade: Cr$ 2.000,00 (dois mil
d. visto permanente: Cr$ 10,00 (dez cruzei- cruzeiros).33
ros) ouro.
– Pedido de registro de sociedade: Cr$ 2.000,00
II – Taxas (dois mil cruzeiros).

– Pedido de visto de saída: Cr$ 300,00 (trezen- – Pedido de naturalização: Cr$ 1.000,00 (hum
tos cruzeiros). mil cruzeiros).

– Pedido de transformação de visto: Cr$ – Pedido de certidão: Cr$ 600,00 (seiscentos


4.000,00 (quatro mil cruzeiros). cruzeiros) por ato a certificar.

– Pedido de prorrogação de prazo de estada do – Pedido de visto em contrato de trabalho: Cr$


titular de visto de turista ou temporário: Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros).
2.000,00 (dois mil cruzeiros).
– Emissão de documento de identidade (artigos
– Pedido de passaporte para estrangeiro ou 33 e 132):34
“laissez-passer” – 1,0 (um) maior valor de Primeira via – 1,0 (um) maior valor de
referência.32 referência;
Outras vias – 1,5 (um e meio) maior valor
– Pedido de retificação de assentamentos no de referência;
registro de estrangeiro: Cr$ 600,00 (seiscentos Substituição – 0,6 (seis décimos) do maior
cruzeiros). valor de referência.

– Pedido de registro temporário ou permanen- – Pedido de reconsideração de despacho e re-


te: Cr$ 600,00 (seiscentos cruzeiros). curso: o dobro da taxa devida no pedido inicial.

– Pedido de restabelecimento de registro tem-


porário ou permanente: Cr$ 1.000,00 (hum
mil cruzeiros).
Estatuto do Estrangeiro

33
Lei no 6.964/1981.
32
Decreto-Lei n 2.236/1985.
o 34
Decreto-Lei no 2.236/1985.
30
Decreto no 86.715/1981
Regulamenta a Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, que define a situação jurídica do estrangeiro
no Brasil, cria o Conselho Nacional de Imigração e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da diplomática ou Repartição consular do país


atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, encarregado dos interesses brasileiros.
da Constituição,
Art. 3o A concessão de visto poderá estender-
DECRETA: -se a dependente legal do estrangeiro, satisfei-
tas as exigências do artigo 5o e comprovada a
Art. 1o Este Decreto regulamenta a situação dependência.
jurídica do estrangeiro no Brasil, definida na Parágrafo único. A comprovação de de-
Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, e dispõe pendência far-se-á através da certidão oficial
sobre a composição e atribuições do Conselho respectiva ou, na impossibilidade de sua apre-
Nacional de Imigração. sentação, por documento idôneo, a critério da
autoridade consular.

TÍTULO I – Da Admissão, Entrada e Art. 4o O apátrida, para a obtenção de visto,


Impedimento deverá apresentar, além dos documentos exi-
CAPÍTULO I – Da Admissão gidos neste Regulamento, prova oficial de que
SEÇÃO I – Do Visto Consular poderá regressar ao país de residência ou de
procedência, ou ingressar em outro país, salvo
Art. 2o A admissão do estrangeiro no terri- impedimento avaliado pelo Ministério das
tório nacional far-se-á mediante a concessão Relações Exteriores.
de visto:
I – de trânsito; Art. 5o Não se concederá visto ao estrangeiro:
II – de turista; I – menor de dezoito anos, desacompanhado
III – temporário; do responsável legal ou sem a sua autorização
IV – permanente; expressa;
V – de cortesia; II – considerado nocivo à ordem pública ou
VI – oficial; e aos interesses nacionais;
VII – diplomático. III – anteriormente expulso do País, salvo se
§ 1o Os vistos serão concedidos no exterior, a expulsão tiver sido revogada;
pelas Missões diplomáticas, Repartições consu- IV – condenado ou processado em outro
lares de carreira, Vice-Consulados e, quando país por crime doloso, passível de extradição
autorizados pela Secretaria de Estado das Rela- segundo a lei brasileira; ou
ções Exteriores, pelos Consulados honorários. V – que não satisfaça as condições de saúde
§ 2o A Repartição consular de carreira, estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Estatuto do estrangeiro

o Vice-Consulado e o Consulado honorário Parágrafo único. Nos casos de recusa de visto,


somente poderão conceder visto de cortesia, nas hipóteses previstas nos itens II e V deste
oficial e diplomático, quando autorizados pela artigo, a autoridade consular anotará os dados
Secretaria de Estado das Relações Exteriores. de qualificação de que dispuser e comunicará o
§ 3o No caso de suspensão de relações di- motivo da recusa à Secretaria de Estado das Rela-
plomáticas e consulares, os vistos de entrada ções Exteriores que, a respeito, expedirá circular
no Brasil poderão ser concedidos por Missão a todas as autoridades consulares brasileiras no
31
exterior e dará conhecimento ao Departamento outros documentos de viagem emitidos por go-
de Polícia Federal do Ministério da Justiça e à Se- verno estrangeiro ou organismo internacional
cretaria de Imigração do Ministério do Trabalho. reconhecido pelo Governo brasileiro.

Art. 6o A autoridade Consular, ao conceder Art. 12. O tipo de passaporte estrangeiro, o


visto, consignará, no documento de viagem cargo ou a função do seu titular não deter-
do interessado, o prazo de validade para sua minam, necessariamente, o tipo de visto a
utilização. ser concedido pela autoridade brasileira, no
exterior ou no Brasil.
Art. 7o A autoridade consular examinará, por
todos os meios ao seu alcance, a autenticidade Art. 13. O Ministério das Relações Exteriores
e a legalidade dos documentos que lhe forem realizará as investigações necessárias à apura-
apresentados. ção de fraudes praticadas no exterior quanto
Parágrafo único. Os documentos que ins- ao visto consular e dará conhecimento de suas
truírem os pedidos de visto deverão ser apre- conclusões ao Ministério da Justiça.
sentados em português, admitidos, também, os
idiomas inglês, francês e espanhol.
SUBSEÇÃO I – Do Visto de Trânsito
Art. 8o O visto é individual e no documento
de viagem serão apostos tantos vistos quantos Art. 14. O visto de trânsito poderá ser conce-
forem os seus beneficiários. dido ao estrangeiro que, para atingir o país de
§ 1o A solicitação do visto será feita pelo destino, tenha de entrar em território nacional.
interessado em formulário próprio.
§ 2o O pedido dirá respeito a uma só pessoa, Art. 15. Para obter visto de trânsito, o estran-
admitindo-se a inclusão de menores de dezoito geiro deverá apresentar:
anos no formulário de um dos progenitores, I – passaporte ou documento equivalente;
quando viajarem na companhia destes. II – certificado internacional de imunização,
quando necessário; e
Art. 9o Ao conceder o visto, a autoridade con- III – bilhete de viagem para o país de destino.
sular anotará, no documento de viagem, a sua § 1 o Do documento de viagem deverá
classificação e o prazo de estada do estrangeiro constar, se necessário, o visto aposto pelo re-
no Brasil. presentante do país de destino.
Parágrafo único. Nos casos de concessão § 2o Os documentos exigidos neste artigo
de visto temporário ou permanente, a referida deverão ser apresentados pelo estrangeiro aos
autoridade entregará ao estrangeiro cópia do órgãos federais competentes, no momento da
formulário do pedido respectivo, autenticada, entrada no território nacional.
para os fins previstos no § 7o do artigo 23, § 2o
do artigo 27 e § 1o do artigo 58. Art. 16. Na hipótese de interrupção de viagem
contínua de estrangeiro em trânsito, aplicar-se-
Art. 10. O estrangeiro, natural de país limítro- -á o disposto no artigo 42.
fe, poderá ser admitido no Brasil, observado o
disposto no artigo 37.
Estatuto do Estrangeiro

SUBSEÇÃO II – Do Visto de Turista


Art. 11. O passaporte, ou documento equiva-
lente, não poderá ser visado se não for válido Art. 17. O visto de turista poderá ser concedi-
para o Brasil. do ao estrangeiro que venha ao Brasil em caráter
Parágrafo único. Consideram-se como recreativo ou de visita, assim considerado aque-
equivalentes ao passaporte o “laissez-passer”, le que não tenha finalidade imigratória, nem
o salvo conduto, a permissão de reingresso e intuito de exercício de atividade remunerada.
32
Art. 18. Para obter o visto de turista, o estran- SUBSEÇÃO III – Do Visto Temporário
geiro deverá apresentar:
I – passaporte ou documento equivalente; Art. 22. O visto temporário poderá ser conce-
II – certificado internacional de imunização, dido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:
quando necessário; e I – em viagem cultural ou em missão de
III – prova de meios de subsistência ou estudos;
bilhete de viagem que o habilite a entrar no II – em viagem de negócios;
território nacional e dele sair. III – na condição de artista ou desportista;
§ 1o Para os fins deste artigo, admitem-se, IV – na condição de estudante;
como prova de meios de subsistência, extrato V – na condição de cientista, professor,
de conta bancária, carta de crédito ou outros técnico ou profissional de outra categoria, sob
documentos que atestem a posse de recursos regime de contrato ou a serviço do Governo
financeiros, a juízo da autoridade consular. brasileiro;
§ 2o O estrangeiro, titular do visto de turista, VI – na condição de correspondente de jor-
deverá apresentar aos órgãos federais compe- nal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa
tentes os documentos previstos neste artigo, ao estrangeira; e
entrar no território nacional. VII – na condição de ministro de confissão
religiosa ou membro de instituto de vida con-
Art. 19. Cabe ao Ministério das Relações Exte- sagrada e de congregação ou ordem religiosa.
riores indicar os países cujos nacionais gozam
de isenção do visto de turista. Art. 23. Para obter visto temporário, o estran-
Parágrafo único. O Departamento Consular geiro deverá apresentar:35
e Jurídico do Ministério das Relações Exteriores I – passaporte ou documento equivalente;
enviará ao Departamento de Polícia Federal do II – certificado internacional de imunização,
Ministério da Justiça relação atualizada dos quando necessário;
países cujos nacionais estejam isentos do visto III – (Revogado);
de turista. IV – prova de meios de subsistência; e
V – atestado de antecedentes penais ou
Art. 20. O turista isento de visto, nos termos documento equivalente, este a critério da au-
do artigo anterior, deverá apresentar aos órgãos toridade consular.
federais competentes, no momento da entrada § 1o Os vistos temporários, de que tratam os
no território nacional: itens I, II, IV, V e VII do artigo anterior, só po-
I – passaporte, documento equivalente ou derão ser obtidos, salvo no caso de força maior,
carteira de identidade, esta quando admitida; na jurisdição consular em que o interessado
II – certificado internacional de imunização, tenha mantido residência pelo prazo mínimo
quando necessário. de um ano imediatamente anterior ao pedido.
§ 1o Em caso de dúvida quanto à legitimida- § 2o Nos casos de que tratam os itens III e V
de da condição de turista, o Departamento de do artigo anterior, só será concedido visto, pelo
Polícia Federal poderá exigir prova de meios de respectivo Consulado no exterior, se o estran-
subsistência e bilhete de viagem que o habilite geiro for parte em contrato de trabalho visado
a sair do País. pela Secretaria de Imigração do Ministério do
§ 2o Para os fins do disposto no parágrafo Trabalho, salvo no caso de comprovada presta-
Estatuto do estrangeiro

anterior, entende-se como prova de meios de ção de serviço ao Governo brasileiro.


subsistência a posse de numerário ou carta de § 3o (Revogado)
crédito. § 4o A prova de meios de subsistência a que
alude o item IV deste artigo, será feita:
Art. 21. O prazo de estada do turista poderá
ser reduzido, em cada caso, a critério do De-
partamento de Polícia Federal. 35
Decreto no 87/1991.
33
I – no caso de viagem cultural ou missão de Art. 25. Os prazos de estada no Brasil para os
estudos, mediante a apresentação de convite ou titulares de visto temporário serão os seguintes:
indicação de entidade cultural ou científica, I – no caso de viagem cultural ou missão de
oficial ou particular, ou a exibição de docu- estudos, até dois anos;
mento idôneo que, a critério da autoridade II – no caso de viagem de negócios, até
consular, justifique a viagem do interessado noventa dias;
e especifique o prazo de estada e a natureza III – para artista ou desportista, até noventa
da função; dias;
II – no caso de viagem de negócios, por meio IV – para estudante, até um ano;
de declaração da empresa ou entidade a que V – para cientista, professor, técnico ou
estiver vinculado o estrangeiro, ou de pessoa profissional de outra categoria, sob regime de
idônea, a critério da autoridade consular; contrato ou a serviço do Governo brasileiro,
III – no caso de estudante, por meio de até dois anos;
documento que credencie o estrangeiro como VI – para correspondente de jornal, revista,
beneficiário de bolsa de estudos ou convênio rádio, televisão, ou agência noticiosa estrangei-
cultural celebrado pelo Brasil; se o candidato ra, até quatro anos;
não se encontrar numa dessas condições, a VII – para ministro de confissão religiosa,
autoridade consular competente exigir-lhe-á membro de instituto de vida consagrada ou de
prova de que dispõe de recursos suficientes congregação ou ordem religiosa, até um ano.
para manter-se no Brasil;
IV – no caso de ministro de confissão religio-
sa, membro de instituto de vida consagrada ou SUBSEÇÃO IV – Do Visto Permanente
de congregação ou ordem religiosa, mediante
compromisso da entidade no Brasil, responsá- Art. 26. O visto permanente poderá ser con-
vel por sua manutenção e saída do território cedido ao estrangeiro que se pretenda fixar
nacional. definitivamente no Brasil.
§ 5o A Secretaria de Imigração do Ministé-
rio do Trabalho encaminhará cópia dos contra- Art. 27. Para obter visto permanente o estran-
tos, que visar, aos Departamentos Consular e geiro deverá satisfazer as exigências de caráter
Jurídico do Ministério das Relações Exteriores especial, previstas nas normas de seleção de
e Federal de Justiça do Ministério da Justiça. imigrantes, estabelecidas pelo Conselho Na-
§ 6o Independentemente da apresentação cional de Imigração, e apresentar:36
do documento de que trata o § 2o deste artigo, I – passaporte ou documento equivalente;
poderá ser exigida pela autoridade consular, nos II – certificado internacional de imunização,
casos dos itens III e V do artigo 22, a prova da quando necessário;
condição profissional atribuída ao interessado, III – (Revogado);
salvo na hipótese de prestação de serviço ao IV – atestado de antecedentes penais ou do-
Governo brasileiro. cumento equivalente, a critério da autoridade
§ 7o No momento da entrada no território consular;
nacional, o estrangeiro, titular do visto tem- V – prova de residência;
porário, deverá apresentar, aos órgãos federais VI – certidão de nascimento ou de casa-
competentes, os documentos previstos no item mento; e
Estatuto do Estrangeiro

I deste artigo e no parágrafo único do art. 9o. VII – contrato de trabalho visado pela Secre-
taria de Imigração do Ministério do Trabalho,
Art. 24. O Departamento Consular e Jurídico quando for o caso.
do Ministério das Relações Exteriores dará ci- § 1o O visto permanente só poderá ser obti-
ência, à Secretaria de Imigração do Ministério do, salvo no caso de força maior, na jurisdição
do Trabalho, da concessão dos vistos de que
trata o § 2o do artigo anterior. 36
Decreto no 87/1991 e Decreto no 740/1993.
34
consular em que o interessado tenha mantido Art. 38. O estrangeiro, ao entrar no território
residência pelo prazo mínimo de um ano ime- nacional, será fiscalizado pela Polícia Fede-
diatamente anterior ao pedido. ral, pelo Departamento da Receita Federal
§ 2o O estrangeiro, titular do visto perma- e, quando for o caso, pelo órgão competente
nente, deverá apresentar, aos órgãos federais do Ministério da Saúde, no local de entrada,
competentes, ao entrar no território nacional, devendo apresentar os documentos previstos
os documentos referidos no item I deste artigo neste Regulamento.38
e no parágrafo único do art. 9o. § 1o No caso de entrada por via terrestre,
§ 3o (Revogado) a fiscalização far-se-á no local reservado, para
esse fim, aos órgãos referidos neste artigo.
Art. 28. A concessão do visto permanente po- § 2o Em se tratando de entrada por via
derá ficar condicionada, por prazo não superior marítima, a fiscalização será feita a bordo, no
a cinco anos, ao exercício de atividade certa e porto de desembarque.
à fixação em região determinada do território § 3o Quando a entrada for por via aérea, a
nacional. fiscalização será feita no aeroporto do local de
Parágrafo único. A autoridade consular destino do passageiro, ou ocorrendo a trans-
anotará à margem do visto a atividade a ser formação do vôo internacional em doméstico,
exercida pelo estrangeiro e a região em que se no lugar onde a mesma se der, a critério do
deva fixar. Departamento de Polícia Federal do Ministé-
rio da Justiça, ouvidas a Divisão Nacional de
Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e
SEÇÃO II – Do Exame de Saúde Fronteiras do Ministério da Saúde e a Secretaria
da Receita Federal do Ministério da Fazenda.
Arts. 29 a 35. (Revogados)37
Art. 39. Quando o visto consular omitir a sua
classificação ou ocorrer engano, o Departamen-
CAPÍTULO II – Da Entrada to de Polícia Federal poderá permitir a entrada
do estrangeiro, retendo o seu documento de
Art. 36. Para a entrada do estrangeiro no ter- viagem e fornecendo-lhe comprovante.
ritório nacional, será exigido visto concedido Parágrafo único. O Departamento de Polícia
na forma deste Regulamento, salvo as exceções Federal encaminhará o documento de viagem
legais. ao Ministério das Relações Exteriores, para
Parágrafo único. No caso de força maior classificação ou correção.
devidamente comprovada, o Departamento de
Polícia Federal poderá autorizar a entrada do Art. 40. Havendo dúvida quanto à dispensa
estrangeiro no território nacional, ainda que de visto, no caso de titular de passaporte diplo-
esgotado o prazo de validade para utilização mático, oficial ou de serviço, o Departamento
do visto. de Polícia Federal consultará o Ministério das
Relações Exteriores, para decidir sobre a entra-
Art. 37. Ao natural de país limítrofe, domi- da do estrangeiro.
ciliado em cidade contígua ao território na-
cional, respeitados os interesses da segurança Art. 41. O Departamento de Polícia Federal do
Estatuto do estrangeiro

nacional, poder-se-á permitir a entrada nos Ministério da Justiça poderá permitir a entrada
municípios fronteiriços a seu respectivo país, condicional de estrangeiro impedido na forma
desde que apresente carteira de identidade do artigo 53, mediante autorização escrita da Di-
válida, emitida por autoridade competente visão Nacional de Vigilância Sanitária de Portos,
do seu país. Aeroportos e Fronteiras, do Ministério da Saúde.
37
Decreto no 87/1991. 38
Decreto no 87/1991.
35
Art. 42. Quando a viagem contínua do estran- Parágrafo único. Para efeito do disposto
geiro tiver que ser interrompida por impossibi- neste artigo, o Departamento de Polícia Federal
lidade de transbordo imediato ou por motivo exigirá termo de compromisso, assinado pelo
imperioso, o transportador, ou seu agente, dará transportador ou seu agente.
conhecimento do fato ao Departamento de
Polícia Federal, por escrito. Art. 48. Nenhum estrangeiro procedente do
Parágrafo único. O Departamento de Polícia exterior poderá afastar-se do local de entrada e
Federal, se julgar procedente os motivos alega- inspeção sem que o seu documento de viagem e
dos, determinará o local em que o mesmo deva o cartão de entrada e saída hajam sido visados
permanecer e as condições a serem observadas pelo Departamento de Polícia Federal.
por ele e pelo transportador, não devendo o pra-
zo de estada exceder ao estritamente necessário Art. 49. Nenhum tripulante estrangeiro, de
ao prosseguimento da viagem. embarcação marítima de curso internacional,
poderá desembarcar no território nacional,
Art. 43. O Departamento de Polícia Federal ou descer à terra, durante a permanência da
poderá permitir o transbordo ou desembarque embarcação no porto, sem a apresentação da
de tripulante que, por motivo imperioso, seja carteira de identidade de marítimo prevista
obrigado a interromper a viagem no território em Convenção da Organização Internacional
nacional. do Trabalho.
Parágrafo único. O transportador, ou seu Parágrafo único. A carteira de identidade, de
agente, para os fins deste artigo, dará conheci- que trata este artigo, poderá ser substituída por
mento prévio do fato ao Departamento de Po- documento de viagem que atribua ao titular a
lícia Federal, fundamentadamente e por escrito, condição de marítimo.
assumindo a responsabilidade pelas despesas
decorrentes do transbordo ou desembarque. Art. 50. Não poderá ser resgatado no Brasil,
sem prévia autorização do Departamento de
Art. 44. Poderá ser permitido o transbordo do Polícia Federal, o bilhete de viagem do estran-
clandestino, se requerido pelo transportador, geiro que tenha entrado no território nacional
ou seu agente, que assumirá a responsabilidade na condição de turista ou em trânsito.
pelas despesas dele decorrentes.

Art. 45. Nas hipóteses previstas nos artigos 42 CAPÍTULO III – Do Impedimento
e 43, quando o transbordo ou desembarque for
solicitado por motivo de doença, deverá esta ser Art. 51. Além do disposto no artigo 26 da Lei
comprovada pela autoridade de saúde. no 6.815, de 19 de agosto de 1980, não poderá,
ainda, entrar no território nacional quem:
Art. 46. Quando se tratar de transporte aéreo, I – não apresentar documento de viagem ou
relativamente ao transbordo de passageiro e tri- carteira de identidade, quando admitida;
pulante e ao desembarque deste, aplicar-se-ão II – apresentar documento de viagem:
as normas e recomendações contidas em anexo a) que não seja válido para o Brasil;
à Convenção de Aviação Civil Internacional. b) que esteja com o prazo de validade ven-
cido;
Estatuto do Estrangeiro

Art. 47. O transportador ou seu agente res- c) que esteja com rasura ou indício de fal-
ponderá, a qualquer tempo, pela manutenção sificação;
e demais despesas do passageiro em viagem d) com visto consular concedido sem a obser-
contínua ou do tripulante que não estiver vância das condições previstas na Lei no 6.815,
presente por ocasião da saída do meio de trans- de 19 de agosto de 1980, e neste Regulamento.
porte, bem como pela retirada dos mesmos do Parágrafo único. O impedimento será ano-
território nacional. tado pelo Departamento de Polícia Federal do
36
Ministério da Justiça no documento de viagem § 3o A empresa transportadora, ou seu
do estrangeiro, ouvida a Divisão Nacional de agente, nos casos dos parágrafos anteriores,
Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e firmará termo de responsabilidade, perante o
Fronteiras do Ministério da Saúde, quando Departamento de Polícia Federal, que assegure
for o caso. a manutenção do estrangeiro.

Art. 52. (Revogado)39


TÍTULO II – Da Condição de Asilado
Art. 53. O impedimento por motivo de saúde
será oposto ou suspenso pela autoridade de Art. 56. Concedido o asilo, o Departamento
saúde. Federal de Justiça lavrará termo no qual serão
§ 1o A autoridade de saúde comunicará ao fixados o prazo de estada do asilado no Brasil e,
Departamento de Polícia Federal a necessidade se for o caso, as condições adicionais aos deve-
da entrada condicional do estrangeiro, titular res que lhe imponham o Direito Internacional
de visto temporário ou permanente, no caso de e a legislação vigente, às quais ficará sujeito.
documentação médica insuficiente ou quando Parágrafo único. O Departamento Federal
julgar indicada a complementação de exames de Justiça encaminhará cópia do termo de que
médicos para esclarecimento de diagnóstico. trata este artigo ao Departamento de Polícia
§ 2o O estrangeiro, nos casos previstos no Federal, para fins de registro.
parágrafo anterior, não poderá deixar a loca-
lidade de entrada sem a complementação dos Art. 57. O asilado, que desejar sair do País e
exames médicos a que estiver sujeito, cabendo nele reingressar sem renúncia à sua condição,
ao Departamento de Polícia Federal reter o seu deverá obter autorização prévia do Ministro
documento de viagem e fixar o local onde deva da Justiça, através do Departamento Federal
permanecer. de Justiça.
§ 3o A autoridade de saúde dará conhecimen-
to de sua decisão, por escrito, ao Departamento
de Polícia Federal, para as providências cabíveis. TÍTULO III – Do Registro e suas Alterações
CAPÍTULO I – Do Registro
Art. 54. O Departamento de Polícia Federal
anotará no documento de viagem as razões do Art. 58. O estrangeiro admitido na condição
impedimento definitivo e aporá sobre o visto de permanente, de temporário (artigo 22, I
consular o carimbo de impedido. e de IV a VII), ou de asilado, é obrigado a
registrar-se no Departamento de Polícia Fede-
Art. 55. A empresa transportadora responde, ral, dentro dos trinta dias seguintes à entrada
a qualquer tempo, pela saída do clandestino e ou à concessão do asilo e a identificar-se pelo
do impedido. sistema datiloscópico, observado o disposto
§ 1o Na impossibilidade de saída imediata neste Regulamento.
do impedido, o Departamento de Polícia Fede- § 1o O registro processar-se-á mediante
ral poderá permitir a sua entrada condicional, apresentação do documento de viagem que
fixando-lhe o prazo de estada e o local em que identifique o registrando, bem como da cópia
deva permanecer. do formulário do pedido de visto consular
Estatuto do estrangeiro

§ 2o Na impossibilidade de saída imediata brasileiro, ou de certificado consular do país


do clandestino, o Departamento de Polícia da nacionalidade, este quando ocorrer trans-
Federal o manterá sob custódia pelo prazo formação de visto.
máximo de trinta dias, prorrogável por igual § 2o Constarão do formulário de registro
período. as indicações seguintes: nome, filiação, cidade
e país de nascimento, nacionalidade, data do
39
Decreto no 87/1991. nascimento, sexo, estado civil, profissão, grau de
37
instrução, local e data da entrada no Brasil, espé- Parágrafo único. Ocorrendo as hipóteses
cie e número do documento de viagem, número dos artigos 18, 37 § 2o e 97 da Lei no 6.815, de
e classificação do visto consular, data e local de 19 de agosto de 1980, deverá o documento de
sua concessão, meio de transporte utilizado, bem identidade delas fazer menção.
como os dados relativos aos filhos menores, e
locais de residência, trabalho e estudo. Art. 61. O titular de visto diplomático, oficial
§ 3o O registro somente será efetivado se com- ou de cortesia, cujo prazo de estada no País seja
provada a entrada legal do estrangeiro no País, superior a noventa dias, deverá providenciar seu
após a concessão do visto consular respectivo. registro no Ministério das Relações Exteriores.
§ 4o Quando a documentação apresentada § 1o O estrangeiro, titular de passaporte
omitir qualquer dado de sua qualificação civil, diplomático, oficial ou de serviço que haja
o registrando deverá apresentar certidões do entrado no Brasil ao amparo de acordo de
registro de nascimento ou de casamento, cer- dispensa de visto, deverá, igualmente, proceder
tificado consular ou justificação judicial. ao registro mencionado neste artigo, sempre
§ 5o O registro do estrangeiro, que houver que sua estada no Brasil deva ser superior a
obtido transformação do visto oficial ou di- noventa dias.
plomático em temporário ou permanente, só § 2o O registro será procedido em formu-
será efetivado após a providência referida no lário próprio instituído pelo Ministério das
parágrafo único do artigo 73. Relações Exteriores.
§ 6o O estudante, beneficiário de convênio § 3o Ao estrangeiro de que trata este artigo,
cultural, deverá, ainda, registrar-se no Ministé- o Ministério das Relações Exteriores fornecerá
rio das Relações Exteriores, mediante a apresen- documento de identidade próprio.
tação do documento de identidade fornecido
pelo Departamento de Polícia Federal. Art. 62. O estrangeiro, natural de país limí-
trofe, domiciliado em localidade contígua
Art. 59. O nome e a nacionalidade do estran- ao território nacional, cuja entrada haja sido
geiro, para efeito de registro, serão os constantes permitida mediante a apresentação de carteira
do documento de viagem. de identidade e que pretenda exercer atividade
§ 1o Se o documento de viagem consignar remunerada ou freqüentar estabelecimento
o nome de forma abreviada, o estrangeiro de- de ensino em município fronteiriço ao local
verá comprovar a sua grafia por extenso, com de sua residência, respeitados os interesses
documento hábil. da segurança nacional, será cadastrado pelo
§ 2o Se a nacionalidade foi consignada por Departamento de Polícia Federal e receberá
organismo internacional ou por autoridade de documento especial que o identifique e carac-
terceiro país, ela só será anotada no registro à terize sua condição.
vista da apresentação de documento hábil ou Parágrafo único. O cadastro será feito me-
de confirmação da autoridade diplomática ou diante os seguintes documentos:
consular competente. I – carteira de identidade oficial emitida
§ 3o Se o documento de viagem omitir a pelo seu país;
nacionalidade do titular será ele registrado: II – prova de naturalidade;
I – como apátrida, em caso de ausência de III – prova de residência em localidade do
nacionalidade; seu país contígua ao território nacional;
Estatuto do Estrangeiro

II – como de nacionalidade indefinida, caso IV – promessa de emprego, ou de matrícula,


ela não possa ser comprovada na forma do conforme o caso;
parágrafo anterior. V – prova de que não possui antecedentes
criminais em seu país.
Art. 60. Ao estrangeiro registrado, inclusive
ao menor em idade escolar, será fornecido Art. 63. A Delegacia Regional do Trabalho, ao
documento de identidade. fornecer a Carteira de Trabalho e Previdência
38
Social, nas hipóteses previstas no parágrafo § 1 o A prorrogação será concedida na
único do artigo 60, quando for o caso, e no mesma categoria em que estiver classificado o
artigo 62, nela aporá o carimbo que caracteri- estrangeiro e não poderá ultrapassar os limites
ze as restrições de sua validade ao Município, previstos no artigo 25.
onde o estrangeiro haja sido cadastrado pelo § 2o A apresentação do pedido não impe-
Departamento de Polícia Federal. de, necessariamente, as medidas a cargo do
Departamento de Polícia Federal destinadas a
promover a retirada do estrangeiro que exceder
CAPÍTULO II – Da Prorrogação do Prazo o prazo de estada.
de Estada
Art. 67. O pedido de prorrogação de estada
Art. 64. Compete ao Ministério da Justiça a do temporário deverá ser formulado antes do
prorrogação dos prazos de estada do turista, término do prazo concedido anteriormente e
do temporário e do asilado e ao Ministério das será instruído com:
Relações Exteriores, a do titular de visto de I – cópia autêntica do documento de via-
cortesia, oficial ou diplomático. gem;
II – prova:
a) de registro de temporário;
SEÇÃO I – Da Prorrogação da Estada do b) de meios próprios de subsistência;
Turista c) do motivo da prorrogação solicitada.
§ 1o A prova de meios de subsistência nas
Art. 65. A prorrogação do prazo de estada do hipóteses do artigo 22 será feita:
turista não excederá a noventa dias, podendo I – no caso do item I, mediante a renovação
ser cancelada a critério do Departamento de de convite ou indicação de entidade cultural
Polícia Federal. ou científica, oficial ou particular, ou a exibição
§ 1o A prorrogação poderá ser concedida de documento idôneo que justifique o pedido
pelo Departamento de Polícia Federal, quando e especifique o prazo de estada e a natureza
solicitada antes de expirado o prazo inicialmen- da função;
te autorizado, mediante prova de: II – no caso do item II, com documento que
I – pagamento da taxa respectiva; ateste a idoneidade financeira;
II – posse de numerário para se manter no III – no caso dos itens III e V, com o instru-
País. mento de prorrogação do contrato inicial ou
§ 2o A prorrogação será anotada no docu- com novo contrato de trabalho, do qual conste
mento de viagem ou, se admitida a carteira de que o empregador assume a responsabilidade
identidade, no cartão de entrada e saída. de prover o seu regresso;
IV – no caso do item IV, mediante apresen-
tação de escritura de assunção de compromisso
SEÇÃO II – Da Prorrogação da Estada de de manutenção, salvo hipótese de estudante
Temporário convênio;
V – no caso do item VI, mediante declaração
Art. 66. O prazo de estada do titular de visto de entidade a que estiver vinculado o estran-
temporário poderá ser prorrogado: geiro e que justifique a necessidade e o prazo
Estatuto do estrangeiro

I – pelo Departamento de Polícia Federal, da prorrogação;


nos casos dos itens II e III do artigo 22; VI – no caso do item VII, mediante com-
II – pelo Departamento Federal de Justiça, promisso de manutenção da entidade a que
nas demais hipóteses, observado o disposto na estiver vinculado.
legislação trabalhista, ouvida a Secretaria de § 2o No caso de estudante, o pedido deverá,
Imigração do Ministério do Trabalho, quando também, ser instruído com a prova do apro-
for o caso. veitamento escolar e da garantia de matrícula.
39
§ 3o O pedido de prorrogação de que trata interessado, devendo esse órgão encaminhá-lo
o item II do artigo anterior deverá ser apresen- ao Departamento Federal de Justiça dentro de
tado até trinta dias antes do término do prazo cinco dias improrrogáveis, sob pena de respon-
de estada concedido. sabilidade do funcionário.
§ 4o No caso previsto no parágrafo anterior, § 2o A transformação só será concedida
o pedido poderá ser apresentado diretamente se o requerente satisfizer as condições para a
ao Departamento Federal de Justiça ou ao ór- concessão do visto permanente.
gão local do Departamento de Polícia Federal, § 3o (Revogado)
que o encaminhará ao Ministério da Justiça § 4o O Departamento Federal de Justiça
dentro de cinco dias improrrogáveis sob pena comunicará a transformação concedida:
de responsabilidade do funcionário. I – ao Departamento de Polícia Federal do
§ 5o Nas hipóteses do item III, o órgão que Ministério da Justiça e a Secretaria de Imigração
conceder a prorrogação dará ciência do fato do Ministério do Trabalho, no caso do item I
à Secretaria de Imigração do Ministério do deste artigo;
Trabalho. II – ao Departamento Consular e Jurídico do
Ministério das Relações Exteriores, no caso do
item II deste artigo.
SEÇÃO III – Da Prorrogação da Estada do
Asilado Art. 71. A saída do estrangeiro do território
nacional, por prazo não superior a noventa
Art. 68. A prorrogação do prazo de estada dias, não prejudicará o processamento ou o
do asilado será concedida pelo Departamento deferimento do pedido de permanência.
Federal de Justiça. Parágrafo único. O disposto neste artigo não
assegura o retorno do estrangeiro ao Brasil sem
obtenção do visto consular, quando exigido.
CAPÍTULO III – Da Transformação dos
Vistos Art. 72. Do despacho que denegar a transfor-
mação do visto, caberá pedido de reconsidera-
Art. 69. Os titulares dos vistos de que tratam ção ao Departamento Federal de Justiça.
os itens V e VII do artigo 22 poderão obter sua § 1o O pedido deverá conter os fundamentos
transformação para permanente, desde que de fato e de direito e as respectivas provas, e
preencham as condições para a sua concessão.40 será apresentado ao órgão do Departamento
Parágrafo único. (Revogado) de Polícia Federal, onde houver sido autuada
a inicial, no prazo de quinze dias, contados
Art. 70. Compete ao Departamento Federal de da publicação, no Diário Oficial da União, do
Justiça conceder a transformação:41 despacho denegatório.
I – em permanente, dos vistos referidos no § 2o O Departamento de Polícia Federal
artigo 69; fornecerá ao requerente comprovante da inter-
II – dos vistos diplomático ou oficial em: posição do pedido de reconsideração.
a) temporário de que tratam os itens I a VI
do artigo 22; Art. 73. Concedida a transformação do visto,
b) permanente. o estrangeiro deverá efetuar o registro, no
Estatuto do Estrangeiro

§ 1o O pedido deverá ser apresentado no Departamento de Polícia Federal, no prazo de


mínimo trinta dias antes do término do prazo noventa dias a contar da data de publicação,
de estada, perante o órgão do Departamento de no Diário Oficial da União, do deferimento do
Polícia Federal do domicílio ou residência do pedido, sob pena de caducidade.
Parágrafo único. O registro do estrangeiro
40
Decreto no 740/1993. que tenha obtido a transformação na hipótese
41
Decreto no 87/1991. do item II do artigo 70, somente será efetuado
40
mediante a apresentação ao Departamento de que o receber anexar-lhe cópia do registro, e
Polícia Federal do documento de viagem com proceder a investigação sobre o comportamen-
o visto diplomático ou oficial cancelado pelo to do requerente.
Ministério das Relações Exteriores. § 2o Cumprido o disposto no parágrafo
anterior, o Departamento de Polícia Federal
Art. 74. Compete ao Departamento Consular remeterá o processo ao Departamento Federal
e Jurídico do Ministério das Relações Exteriores de Justiça que emitirá parecer, encaminhando-o
conceder a transformação, para oficial ou diplo- ao Ministro da Justiça.
mático, do visto de trânsito, turista, temporário
ou permanente. Art. 78. A expressão nome, para os fins de alte-
§ 1o O disposto neste artigo se aplica, tam- ração de assentamento do registro, compreende
bém, ao estrangeiro que entrar no território o prenome e os apelidos de família.
nacional isento de visto de turista. § 1o Poderá ser averbado no registro o nome
§ 2o O Departamento Consular e Jurídico abreviado usado pelo estrangeiro como firma
do Ministério das Relações Exteriores comu- comercial registrada ou em qualquer atividade
nicará ao Departamento de Polícia Federal profissional.
do Ministério da Justiça a transformação con- § 2o Os erros materiais serão corrigidos de
cedida, fornecendo os dados de qualificação ofício.
do estrangeiro, inclusive o número e a data de
registro de que trata o artigo 58. Art. 79. Independem da autorização de que
trata o artigo 76 as alterações de assentamento
Art. 75. O pedido de transformação de visto do nome do estrangeiro resultantes de:
não impede a aplicação, pelo Departamento de I – casamento realizado perante autoridade
Polícia Federal, do disposto no artigo 98, se o brasileira;
estrangeiro ultrapassar o prazo legal de estada II – sentença de anulação e nulidade de casa-
no território nacional. mento, divórcio, separação judicial, proferidas
por autoridade brasileira;
III – legitimação por subseqüente casamento;
CAPÍTULO IV – Da Alteração de IV – sentença de desquite ou divórcio pro-
Assentamentos feridas por autoridade estrangeira, desde que
homologadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Art. 76. Compete ao Ministro da Justiça auto-
rizar a alteração de assentamentos constantes Art. 80. O estrangeiro, que adquirir naciona-
do registro de estrangeiro. lidade diversa da constante do registro, deverá,
nos noventa dias seguintes, requerer averbação
Art. 77. O pedido de alteração de nome, diri- da nova nacionalidade em seus assentamentos.
gido ao Ministro da Justiça, será instruído com § 1o O pedido de averbação será instruído
certidões obtidas nas Unidades da Federação com documento de viagem, certificado forneci-
onde o estrangeiro haja residido: do pela autoridade diplomática ou consular, ou
I – dos órgãos corregedores das Polícias documento que atribua ao estrangeiro a naciona-
Federal e Estadual; lidade alegada e, quando for o caso, com a prova
II – dos Cartórios de Protestos de Títulos; da perda da nacionalidade constante do registro.
Estatuto do estrangeiro

III – dos Cartórios de distribuição de ações § 2o Observar-se-á, quanto ao pedido de


nas Justiças Federal e Estadual; averbação, o disposto nos §§ 1o e 2o do artigo 77,
IV – das Fazendas Federal, Estadual e Mu- excluída a investigação sobre o comportamento
nicipal. do requerente.
§ 1o O pedido será apresentado ao órgão § 3o Ao apátrida que adquirir nacionalidade
do Departamento de Polícia Federal do local e ao estrangeiro que perder a constante do seu
de residência do interessado, devendo o órgão registro aplica-se o disposto neste artigo.
41
CAPÍTULO V – Da Atualização do Registro § 3o O Departamento de Polícia Federal,
quando for o caso, dará conhecimento dos da-
Art. 81. O estrangeiro registrado é obrigado a dos referidos no parágrafo anterior à Secretaria
comunicar ao Departamento de Polícia Federal de Imigração do Ministério do Trabalho.
a mudança do seu domicílio ou da sua residên-
cia, nos trinta dias imediatamente seguintes à Art. 84. Os dados a que se referem os artigos
sua efetivação. 82 e 83 serão fornecidos em formulário próprio
§ 1 o A comunicação poderá ser feita a ser instituído pelo Departamento de Polícia
pessoalmente ou pelo correio, com aviso de Federal.
recebimento, e dela deverão constar obriga-
toriamente o nome do estrangeiro, o número
do documento de identidade e o lugar onde CAPÍTULO VI – Do Cancelamento e do
foi emitido, acompanhada de comprovante da Restabelecimento de Registro
nova residência ou domicílio. SEÇÃO I – Do Cancelamento do Registro
§ 2o Quando a mudança de residência ou
de domicílio se efetuar de uma para outra Art. 85. O estrangeiro terá o registro cancelado
Unidade da Federação, a comunicação será pelo Departamento de Polícia Federal:
feita pessoalmente ao órgão do Departamento I – se obtiver naturalização brasileira;
de Polícia Federal, do local da nova residência II – se tiver decretada sua expulsão;
ou novo domicílio. III – se requerer sua saída do território
§ 3o Ocorrendo a hipótese prevista no pará- nacional em caráter definitivo, renunciando
grafo anterior, o órgão que receber a comuni- expressamente ao direito de retorno a que se
cação requisitará cópia do registro respectivo, refere o artigo 90;
para processamento da inscrição do estrangeiro IV – se permanecer ausente do Brasil, por
e informará ao que procedeu ao registro os fatos prazo superior a dois anos;
posteriores ocorridos. V – se, portador de visto temporário ou per-
manente, obtiver a transformação dos mesmos
Art. 82. As entidades de que tratam os artigos para oficial ou diplomático;
45 a 47 da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, VI – se houver transgressão dos artigos 18,
remeterão, ao Departamento de Polícia Federal, 37, § 2o ou 99 a 101 da Lei no 6.815, de 19 de
os dados ali referidos. agosto de 1980;
VII – se temporário ou asilado, no término
Art. 83. A admissão de estrangeiro a serviço do prazo de estada no território nacional.
de entidade pública ou privada, ou a matrícula
em estabelecimento de ensino de qualquer grau, Art. 86. Na hipótese prevista no item III do
só se efetivará se o mesmo estiver devidamente artigo anterior, o estrangeiro deverá instruir
registrado ou cadastrado. o pedido com a documentação prevista no
§ 1o O protocolo fornecido pelo Departa- artigo 77 e anexar-lhe o documento de iden-
mento de Polícia Federal substitui, para os fins tidade emitido pelo Departamento de Polícia
deste artigo, pelo prazo de até sessenta dias, Federal.
contados da sua emissão, os documentos de Parágrafo único. Deferido o pedido e efeti-
identidade previstos nos artigos 60 e 62. vado o cancelamento, o estrangeiro será noti-
Estatuto do Estrangeiro

§ 2o As entidades, a que se refere este artigo, ficado para deixar o território nacional dentro
remeterão ao Departamento de Polícia Fede- de trinta dias.
ral, os dados de identificação do estrangeiro,
à medida que ocorrer o término do contrato Art. 87. O Departamento de Polícia Federal
de trabalho, sua rescisão ou prorrogação, bem comunicará o cancelamento de registro à Secre-
como a suspensão ou cancelamento da matrí- taria de Imigração do Ministério do Trabalho,
cula e a conclusão do curso. quando for o caso.
42
SEÇÃO II – Do Restabelecimento de Art. 90. O estrangeiro registrado como per-
Registro manente, que se ausentar do Brasil, poderá
regressar independentemente de visto se o fizer
Art. 88. O registro poderá ser restabelecido dentro de dois anos a contar da data em que
pelo Departamento de Polícia Federal, se o tiver deixado o território nacional, observado o
estrangeiro: disposto no parágrafo único do artigo anterior.
I – tiver cancelada ou anulada a naturali- Parágrafo único. Findo o prazo a que se
zação concedida, desde que não tenha sido refere este artigo, o reingresso no País, como
decretada a sua expulsão; permanente, dependerá da concessão de novo
II – tiver a expulsão revogada; visto.
III – retornar ao território nacional com
visto temporário ou permanente. Art. 91. O estrangeiro registrado como tem-
§ 1o Em caso de retorno ao território nacio- porário, nos casos dos itens I e IV a VII do
nal, o pedido de restabelecimento de registro artigo 22, que se ausentar do Brasil, poderá
deverá ser feito no prazo de trinta dias, a contar regressar independentemente do novo visto, se
da data do reingresso. o fizer dentro do prazo fixado no documento
§ 2o Na hipótese do item III do artigo 85, se de identidade emitido pelo Departamento de
o cancelamento do registro houver importado Polícia Federal.
em isenção de ônus fiscal ou financeiro, o pe-
dido deverá ser instruído com o comprovante Art. 92. O estrangeiro titular de visto consular
da satisfação destes encargos. de turista ou temporário (artigo 22, II e III),
§ 3o O restabelecimento implicará a emis- que se ausentar do Brasil, poderá regressar
são de novo documento de identidade do independentemente de novo visto, se o fizer
qual conste, também, quando for o caso, a dentro do prazo de estada no território nacio-
data de reingresso do estrangeiro no território nal, fixado no visto.
nacional.
§ 4o Se, ao regressar ao território nacional, Art. 93. O prazo de validade do visto temporá-
o estrangeiro fixar residência em Unidade da rio a que se refere o art. 22, inciso II, será fixado
Federação diversa daquela em que foi anterior- pelo Ministério das Relações Exteriores e não
mente registrado, a emissão do novo documen- excederá o período de cinco anos, podendo
to de identidade será precedida da requisição proporcionar ao titular do visto múltiplas en-
de cópia do registro para inscrição. tradas no País, com estadas não excedentes a
§ 5o No caso de estrangeiro que retorne ao noventa dias, prorrogáveis por igual período,
Brasil com outro nome ou nacionalidade, o totalizando, no máximo, 180 dias por ano.42
restabelecimento do registro somente se pro- Parágrafo único. Na fixação do prazo de
cederá após o cumprimento do disposto nos validade do visto, permissivo de múltiplas
artigos 77 e 80. entradas, o Ministério das Relações Exteriores
observará o princípio da reciprocidade de
tratamento.
TÍTULO IV – Da Saída e do Retorno

Art. 89. No momento de deixar o território TÍTULO V – Do Documento de Viagem


Estatuto do estrangeiro

nacional, o estrangeiro deverá apresentar ao para Estrangeiro


Departamento de Polícia Federal o documento
de viagem e o cartão de entrada e saída. Art. 94. O Departamento de Polícia Federal
Parágrafo único. O Departamento de Polícia poderá conceder passaporte para estrangeiro
Federal consignará nos documentos de que nas seguintes hipóteses:
trata este artigo a data em que o estrangeiro
deixar o território nacional. 42
Decreto no 1.455/1995.
43
I – ao apátrida e ao de nacionalidade inde- 24, 26, § 1o, 37, § 2o, 64, 98 a 101, §§ 1o ou 2o
finida; do artigo 104 ou artigos 105 e 125, II da Lei no
II – ao nacional de país que não tenha re- 6.815, de 19 de agosto de 1980;
presentação diplomática ou consular no Brasil, II – no prazo improrrogável de três dias, no
nem representante de outro país encarregado caso de entrada irregular, quando não confi-
de protegê-lo; gurado o dolo.
III – ao asilado ou ao refugiado, como tal § 1o Descumpridos os prazos fixados neste
admitido no Brasil; artigo, o Departamento de Polícia Federal pro-
IV – ao cônjuge ou viúva de brasileiro que moverá a imediata deportação do estrangeiro.
haja perdido a nacionalidade originária em § 2o Desde que conveniente aos interesses
virtude do casamento. nacionais, a deportação far-se-á independente-
§ 1o A concessão de passaporte dependerá mente da fixação dos prazos de que tratam os
de prévia consulta: incisos I e II deste artigo.
a) ao Ministério das Relações Exteriores, no
caso do item II; Art. 99. Ao promover a deportação, o De-
b) ao Departamento Federal de Justiça, no partamento de Polícia Federal lavrará termo,
caso do item III. encaminhando cópia ao Departamento Federal
§ 2o As autoridades consulares brasileiras de Justiça.
poderão conceder passaporte, no exterior, ao
estrangeiro mencionado no item IV.
TÍTULO VII – Da Expulsão
Art. 95. O “laissez-passer” poderá ser conce-
dido no Brasil pelo Departamento de Polícia Art. 100. O procedimento para a expulsão de
Federal, e, no exterior, pelas Missões diplo- estrangeiro do território nacional obedecerá às
máticas ou Repartições Consulares brasileiras. normas fixadas neste Título.
Parágrafo único. A concessão, no exterior,
de “laissez-passer” a estrangeiro registrado no Art. 101. Os órgãos do Ministério Público
Brasil dependerá de prévia audiência: remeterão ao Ministério da Justiça, de ofício,
I – do Departamento de Polícia Federal, no até trinta dias após o trânsito em julgado, cópia
caso de permanente ou temporário; da sentença condenatória de estrangeiro, autor
II – do Departamento Federal de Justiça, no de crime doloso ou de qualquer crime contra a
caso de asilado. segurança nacional, a ordem política ou social,
a economia popular, a moralidade ou a saúde
Art. 96. (Revogado)43 pública, assim como da folha de antecedentes
penais constantes dos autos.
Art. 97. (Revogado)44 Parágrafo único. O Ministro da Justiça,
recebidos os documentos mencionados neste
artigo, determinará a instauração de inquérito
TÍTULO VI – Da Deportação para expulsão do estrangeiro.

Art. 98. Nos casos de entrada ou estada irre- Art. 102. Compete ao Ministro da Justiça, de
gular, o estrangeiro, notificado pelo Departa- ofício ou acolhendo solicitação fundamentada,
Estatuto do Estrangeiro

mento de Polícia Federal, deverá retirar-se do determinar ao Departamento de Policia Federal


território nacional: a instauração de inquérito para a expulsão de
I – no prazo improrrogável de oito dias, por estrangeiro.
infração ao disposto nos artigos 18, 21, § 2o,
Art. 103. A instauração de inquérito para a
43
Decreto no 5.978/2006. expulsão do estrangeiro será iniciada mediante
44
Decreto no 5.978/2006. Portaria.
44
§ 1o O expulsando será notificado da instau- Art. 105. Recebido o inquérito, será este
ração do inquérito e do dia e hora fixados para anexado ao processo respectivo, devendo o
o interrogatório, com antecedência mínima de Departamento Federal de Justiça encaminhá-lo
dois dias úteis. com parecer ao Ministro da Justiça, que o sub-
§ 2o Se o expulsando não for encontrado, meterá à decisão do Presidente da República,
será notificado por edital, com o prazo de dez quando for o caso.
dias, publicado duas vezes, no Diário Oficial
da União, valendo a notificação para todos os Art. 106. Publicado o decreto de expulsão, o
atos do inquérito. Departamento de Polícia Federal do Ministério
§ 3o Se o expulsando estiver cumprindo da Justiça remeterá, ao Departamento Consular
prisão judicial, seu comparecimento será re- e Jurídico do Ministério das Relações Exterio-
quisitado à autoridade competente. res, os dados de qualificação do expulsando.
§ 4o Comparecendo, o expulsando será
qualificado, interrogado, identificado e foto- Art. 107. Ressalvadas as hipóteses previstas no
grafado, podendo nessa oportunidade indicar artigo 104, caberá pedido de reconsideração do
defensor e especificar as provas que desejar ato expulsório, no prazo de dez dias, a contar
produzir. da sua publicação, no Diário Oficial da União.
§ 5 o Não comparecendo o expulsando, § 1o O pedido, dirigido ao Presidente da
proceder-se-á sua qualificação indireta. República, conterá os fundamentos de fato e de
§ 6o Será nomeado defensor dativo, ressal- direito com as respectivas provas e processar-
vada ao expulsando a faculdade de substituí-lo, -se-á junto ao Departamento Federal de Justiça
por outro de sua confiança: do Ministério da Justiça.
I – se o expulsando não indicar defensor; § 2o Ao receber o pedido, o Departamento
II – se o indicado não assumir a defesa da Federal de Justiça emitirá parecer sobre seu
causa; cabimento e procedência, encaminhando o pro-
III – se notificado, pessoalmente ou por cesso ao Ministro da Justiça, que o submeterá
edital, o expulsando não comparecer para os ao Presidente da República.
fins previstos no § 4o.
§ 7o Cumprido o disposto nos parágrafos Art. 108. Ao efetivar o ato expulsório, o De-
anteriores, ao expulsando e ao seu defensor será partamento de Polícia Federal lavrará o termo
dada vista dos autos, em cartório, para a apre- respectivo, encaminhando cópia ao Departa-
sentação de defesa no prazo único de seis dias, mento Federal de Justiça.
contados da ciência do despacho respectivo.
§ 8o Encerrada a instrução do inquérito, de- Art. 109. O estrangeiro que permanecer em
verá ser este remetido ao Departamento Federal regime de liberdade vigiada, no lugar que lhe
de Justiça, no prazo de doze dias, acompanhado for determinado por ato do Ministro da Justiça,
de relatório conclusivo. ficará sujeito às normas de comportamento
estabelecidas pelo Departamento de Polícia
Art. 104. Nos casos de infração contra a se- Federal.
gurança nacional, a ordem política ou social e
a economia popular, assim como nos casos de
comércio, posse ou facilitação de uso indevido TÍTULO VIII – Da Extradição
Estatuto do estrangeiro

de substância entorpecente ou que determine


dependência física ou psíquica, ou de desres- Art. 110. Compete ao Departamento de Po-
peito a proibição especialmente prevista em lei lícia Federal, por determinação do Ministro
para estrangeiro, o inquérito será sumário e não da Justiça:
excederá o prazo de quinze dias, assegurado ao I – efetivar a prisão do extraditando;
expulsando o procedimento previsto no artigo II – proceder à sua entrega ao Estado ao qual
anterior, reduzidos os prazos à metade. houver sido concedida a extradição.
45
Parágrafo único. Da entrega do extraditando § 2o O pedido do estrangeiro, no caso do
será lavrado termo, com remessa de cópia ao parágrafo anterior, deverá ser instruído com
Departamento Federal de Justiça. as provas das razões alegadas.

Art. 113. No exame da conveniência das


TÍTULO IX – Dos Direitos e Deveres do excepcionalidades referidas nos artigos ante-
Estrangeiro riores, a Secretaria de Imigração do Ministé-
rio do Trabalho considerará as condições do
Art. 111. O estrangeiro admitido na condi- mercado de trabalho da localidade na qual se
ção de temporário, sob regime de contrato, encontra o estrangeiro e daquela para onde
só poderá exercer atividade junto à entidade deva transferir-se.
pela qual foi contratado na oportunidade da
concessão do visto. Art. 114. O estrangeiro registrado é obrigado
§ 1o Se o estrangeiro pretender exercer ati- a comunicar ao Departamento de Polícia Fede-
vidade junto a entidade diversa daquela para a ral a mudança de seu domicílio ou residência,
qual foi contratado deverá requerer autorização observado o disposto no artigo 81.
ao Departamento Federal de Justiça, mediante
pedido fundamentado e instruído com: Art. 115. O estrangeiro, que perder a naciona-
I – prova de registro como temporário; lidade constante do registro por ter adquirido
II – cópia de contrato que gerou a concessão outra, deverá requerer retificação ou averbação
do visto consular; da nova nacionalidade na forma disciplinada
III – anuência expressa da entidade, pela no artigo 80.
qual foi inicialmente contratado, para o candi-
dato prestar serviços a outra empresa; e Art. 116. Ao estrangeiro que tenha entrado no
IV – contrato de locação de serviços com Brasil na condição de turista ou em trânsito é
a nova entidade, do qual conste que o empre- proibido o engajamento como tripulante em
gador assume a responsabilidade de prover o porto brasileiro, salvo em navio de bandeira
regresso do contratado. do seu país, por viagem não redonda, a re-
§ 2o A Secretaria de Imigração do Ministé- querimento do transportador ou seu agente,
rio do Trabalho será ouvida sobre o pedido de mediante autorização do Departamento de
autorização. Polícia Federal.
§ 3o A autorização de que trata este artigo só Parágrafo único. O embarque do estrangeiro
por exceção e motivadamente será concedida. como tripulante será obstado se:
I – for contratado para engajamento em na-
Art. 112. O estrangeiro admitido no terri- vio de outra bandeira que não seja a de seu país;
tório nacional na condição de permanente, II – constar do contrato de trabalho cláusula
para o desempenho de atividade profissional que fixe seu término em porto brasileiro;
certa, e a fixação em região determinada, não III – a embarcação em que for engajado tiver
poderá, dentro do prazo que lhe for fixado que fazer escala em outro porto, antes de deixar
na oportunidade da concessão ou da trans- as águas brasileiras.
formação do visto, mudar de domicílio nem
de atividade profissional, ou exercê-la fora Art. 117. É lícito aos estrangeiros associarem-
Estatuto do Estrangeiro

daquela região. -se para fins culturais, religiosos, recreativos,


§ 1o As condições a que se refere este artigo beneficentes ou de assistência, filiarem-se a
só excepcionalmente poderão ser modificadas, clubes sociais e desportivos, e a quaisquer
mediante autorização do Departamento Fede- outras entidades com iguais fins, bem como
ral de Justiça do Ministério da Justiça, ouvida participarem de reunião comemorativa de datas
a Secretaria de Imigração do Ministério do nacionais ou acontecimentos de significação
Trabalho, quando necessário. patriótica.
46
§ 1o As entidades mencionadas neste artigo, I – cópia autêntica da cédula de identidade
se constituídas de mais da metade de associa- para estrangeiro permanente;
dos estrangeiros, somente poderão funcionar II – atestado policial de residência contínua
mediante autorização do Ministro da Justiça. no Brasil, pelo prazo mínimo de quatro anos;
§ 2o O pedido de autorização, previsto no III – atestado policial de antecedentes pas-
parágrafo anterior, será dirigido ao Ministro sado pelo órgão competente do lugar de sua
da Justiça, através do Departamento Federal residência no Brasil;
de Justiça, e conterá: IV – prova de exercício de profissão ou do-
I – cópia autêntica dos estatutos; cumento hábil que comprove a posse de bens
II – indicação de fundo social; suficientes à manutenção própria e da família;
III – nome, naturalidade, nacionalidade, V – atestado oficial de sanidade física e mental;
idade e estado civil dos membros da adminis- VI – certidões ou atestados que provem,
tração, e forma de sua representação judicial e quando for o caso, as condições do artigo 113
extrajudicial; da Lei no 6.915, de 19 de agosto de 1980;
IV – designação da sede social e dos locais VII – certidão negativa do Imposto de Ren-
habituais de reunião ou prestação de serviços; da, exceto se estiver nas condições previstas nas
V – relação nominal dos associados e res- alíneas “b” e “c” do § 2o deste artigo.
pectivas nacionalidades; § 1 o Se a cédula de identidade omitir
VI – prova do registro, de que trata o ar- qualquer dado relativo a qualificação do
tigo 58, na hipótese de associado e dirigente naturalizando, deverá ser apresentado outro
estrangeiros; documento oficial que o comprove.
VII – relação com o nome, sede, diretores § 2o Ter-se-á como satisfeita a exigência do
ou responsáveis por jornal, revista, boletim ou item IV, se o naturalizando:
outro órgão de publicidade. a) perceber proventos de aposentadoria;
§ 3o Qualquer alteração dos estatutos ou da b) sendo estudante, de até vinte e cinco anos
administração, bem como das sedes e domicí- de idade, viver na dependência de ascendente,
lios, a que se refere o parágrafo anterior, deverá irmão ou tutor;
ser comunicada ao Departamento Federal de c) se for cônjuge de brasileiro ou tiver a
Justiça, no prazo de trinta dias. sua subsistência provida por ascendente ou
descendente possuidor de recursos bastantes à
Art. 118. O Departamento Federal de Justiça satisfação do dever legal de prestar alimentos.
manterá livro especial, destinado ao registro § 3o Quando exigida residência contínua
das entidades autorizadas a funcionar e no por quatro anos para a naturalização, não obs-
qual serão averbadas as alterações posteriores. tarão o seu deferimento as viagens do naturali-
zando ao exterior, se determinadas por motivo
relevante, a critério do Ministro da Justiça, e
TÍTULO X – Da Naturalização se a soma dos períodos de duração delas não
ultrapassar de dezoito meses.
Art. 119. O estrangeiro que pretender natura- § 4o Dispensar-se-á o requisito de resi-
lizar-se deverá formular petição ao Ministro da dência, a que se refere o item II deste artigo,
Justiça, declarando o nome por extenso, natura- exigindo-se apenas a estada no Brasil por trinta
lidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dias, quando se tratar:
Estatuto do estrangeiro

dia, mês e ano de nascimento, profissão, lugares a) de cônjuge estrangeiro casado há mais
onde haja residido anteriormente no Brasil e de cinco anos com diplomata brasileiro em
no exterior, se satisfaz o requisito a que alude atividade; ou
o item VII do artigo 112 da Lei no 6.815, de 19 b) de estrangeiro que, empregado em Mis-
de agosto de 1980, e se deseja ou não traduzir são diplomática ou em Repartição consular
ou adaptar o seu nome a língua portuguesa, de- do Brasil, contar mais de dez anos de serviços
vendo instruí-la com os seguintes documentos: ininterruptos.
47
§ 5o Será dispensado o requisito referido no II – o original do certificado provisório de
item V deste artigo, se o estrangeiro residir no naturalização.
País há mais de dois anos.
§ 6o Aos nacionais portugueses não se exigi- Art. 123. O estrangeiro que tenha vindo residir
rá o requisito do item IV deste artigo, e, quanto no Brasil, antes de atingida a maioridade e haja
ao item II, bastará a residência ininterrupta feito curso superior em estabelecimento nacio-
por um ano. nal de ensino, poderá, até um ano depois da
§ 7o O requerimento para naturalização formatura, requerer a naturalização, mediante
será assinado pelo naturalizando, mas, se for pedido instruído com os seguintes documentos:
de nacionalidade portuguesa, poderá sê-lo por I – cédula de identidade para estrangeiro
mandatário com poderes especiais. permanente;
II – atestado policial de residência contínua
Art. 120. O estrangeiro admitido no Brasil até no Brasil desde a entrada; e
a idade de cinco anos, radicado definitivamente III – atestado policial de antecedentes
no território nacional, poderá, até dois anos passado pelo serviço competente do lugar de
após atingida a maioridade, requerer naturali- residência no Brasil.
zação, mediante petição, instruída com:
I – cédula de identidade para estrangeiro Art. 124. Os estrangeiros a que se referem as
permanente; alíneas “a” e “b” do § 4o do artigo 119, deverão
II – atestado policial de residência contínua instruir o pedido de naturalização:
no Brasil, desde a entrada; e I – no caso da alínea “a”, com a prova do
III – atestado policial de antecedentes, casamento, devidamente autorizado pelo Go-
passado pelo serviço competente do lugar de verno brasileiro;
residência no Brasil. II – no caso da alínea “b”, com documentos
fornecidos pelo Ministério das Relações Exterio-
Art. 121. O estrangeiro admitido no Brasil res que provem estar o naturalizando em efetivo
durante os primeiros cinco anos de vida, esta- exercício, contar mais de dez anos de serviços
belecido definitivamente no território nacional, ininterruptos e se recomendar a naturalização;
poderá, enquanto menor, requerer, por inter- III – em ambos os casos, estando o candidato
médio de seu representante legal, a emissão no exterior, ainda com:
de certificado provisório de naturalização, a) documento de identidade em fotocópia
instruindo o pedido com: autêntica ou pública forma vertida, se não
I – prova do dia de ingresso no território grafada em português;
nacional; b) documento que comprove a estada no
II – prova da condição de permanente; Brasil por trinta dias;
III – certidão de nascimento ou documento c) atestado de sanidade física e mental, pas-
equivalente; sado por médico credenciado pela autoridade
IV – prova de nacionalidade; e consular brasileira, na impossibilidade de rea-
V – atestado policial de antecedentes, lizar exame de saúde no Brasil;
passado pelo serviço competente do lugar de d) três planilhas datiloscópicas tiradas no
residência no Brasil, se maior de dezoito anos. órgão competente do local de residência ou na
repartição consular brasileira, quando inexistir
Estatuto do Estrangeiro

Art. 122. O naturalizado na forma do artigo registro do estrangeiro no Brasil, ou não puder
anterior que pretender confirmar a intenção comprovar ter sido registrado como estrangeiro
de continuar brasileiro, deverá manifestá-la ao no território nacional.
Ministro da Justiça, até dois anos após atingir a Parágrafo único. A autorização de que trata
maioridade, mediante petição, instruída com: o item I não será exigida se o casamento tiver
I – a cópia autêntica da cédula de identi- ocorrido antes do ingresso do cônjuge brasileiro
dade; e na carreira diplomática.
48
Art. 125. A petição de que tratam os artigos Art. 127. Não ocorrendo a hipótese prevista
119, 120, 122 e 123, dirigida ao Ministro da no artigo anterior, ou se provido do recurso
Justiça, será apresentada ao órgão local do sem decisão final concedendo a naturalização,
Departamento de Polícia Federal. o Diretor-Geral do Departamento Federal de
§ 1o No caso do artigo 121, a petição poderá Justiça, se o entender necessário, poderá deter-
ser apresentada diretamente ao Departamento minar outras diligências.
Federal de Justiça, dispensadas as providências § 1o O Departamento Federal de Justiça dará
de que trata o § 3o deste artigo. ciência ao naturalizando das exigências a serem
§ 2o Nos casos do artigo 124, a petição por ele cumpridas, no prazo que lhe for fixado.
poderá ser apresentada à autoridade consular § 2 o Se o naturalizando não cumprir o
brasileira, que a remeterá, através do Ministé- despacho no prazo fixado, ou não justificar a
rio das Relações Exteriores, ao Departamento omissão, o pedido será arquivado e só poderá
Federal de Justiça, para os fins deste artigo. ser renovado com o cumprimento de todas as
§ 3o O órgão, de Departamento de Polícia exigências do artigo 119.
Federal, ao processar o pedido: § 3o Se a diligência independer do inte-
I – fará a remessa da planilha datiloscópica ressado, o órgão a que for requisitada deverá
do naturalizando ao Instituto Nacional de Iden- cumpri-la dentro de trinta dias, sob pena de
tificação, solicitando a remessa da sua folha de apuração da responsabilidade do servidor.
antecedentes;
II – investigará a sua conduta; Art. 128. Publicada a Portaria de Naturaliza-
III – opinará sobre a conveniência da na- ção no Diário Oficial da União, o Departamento
turalização; Federal de Justiça emitirá certificado relativo a
IV – certificará se o requerente lê e escreve a cada naturalizando.
língua portuguesa, considerada a sua condição; § 1o O certificado será remetido ao Juiz
V – anexará ao processo boletim de sindi- Federal da cidade onde tenha domicílio o
cância em formulário próprio. interessado, para entrega solene em audiência
§ 4o A solicitação, de que trata o item I do pública, individual ou coletiva, na qual o Magis-
parágrafo anterior, deverá ser atendida dentro trado dirá da significação do ato e dos deveres
de trinta dias. e direitos dele decorrentes.
§ 5o O processo, com a folha de anteceden- § 2o Onde houver mais de um juiz federal, a
tes, ou sem ela, deverá ultimar-se em noventa entrega será feita pelo da Primeira Vara.
dias, findos os quais será encaminhado ao § 3o Quando não houver juiz federal na ci-
Departamento Federal de Justiça, sob pena dade em que tiverem domicílio os interessados,
de apuração de responsabilidade do servidor a entrega será feita através do juiz ordinário da
culpado pela demora. comarca e, na sua falta, pelo da comarca mais
próxima.
Art. 126. Recebido o processo, o Diretor-Geral § 4o Se o interessado, no curso do processo,
do Departamento Federal de Justiça determina- mudar de domicílio, poderá requerer lhe seja
rá o arquivamento do pedido, se o naturalizan- efetuada a entrega do certificado pelo juiz
do não satisfizer, conforme o caso, a qualquer competente da cidade onde passou a residir.
das condições previstas nos artigos 112 e 116
da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980. Art. 129. A entrega do certificado constará de
Estatuto do estrangeiro

§ 1o Do despacho que determinar o arqui- termo lavrado no livro de audiência, assinado


vamento do processo, caberá pedido de recon- pelo juiz e pelo naturalizado, devendo este:
sideração, no prazo de trinta dias contados da I – demonstrar que conhece a língua portu-
publicação do ato no “Diário Oficial da União”. guesa, segundo a sua condição, pela leitura de
§ 2o Mantido o arquivamento, caberá recur- trechos da Constituição;
so ao Ministro da Justiça no mesmo prazo do II – declarar, expressamente, que renuncia à
parágrafo anterior. nacionalidade anterior;
49
III – assumir o compromisso de bem cum- § 1o No curso do processo de naturalização,
prir os deveres de brasileiro. qualquer do povo poderá impugná-la, desde
§ 1 o Ao naturalizado de nacionalidade que o faça fundamentadamente.
portuguesa não se aplica o disposto no item I § 2o A impugnação, por escrito, será dirigida
deste artigo. ao Ministro da Justiça e suspenderá o curso do
§ 2o Serão anotados no certificado a data em processo até sua apreciação final.
que o naturalizado prestou compromisso, bem
como a circunstância de haver sido lavrado o Art. 134. Suspender-se-á a entrega do cer-
respectivo termo. tificado, quando verificada pelas autoridades
§ 3o O juiz comunicará ao Departamento Fe- federais ou estaduais mudança nas condições
deral de Justiça a data de entrega do certificado. que autorizavam a naturalização.
§ 4o O Departamento Federal de Justiça co-
municará ao órgão encarregado do alistamento
militar e ao Departamento de Polícia Federal as TÍTULO XI – Do Procedimento para
naturalizações concedidas, logo sejam anotadas Apuração das Infrações
no livro próprio as entregas dos respectivos
certificados. Art. 135. As infrações previstas no artigo 125
da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, punidas
Art. 130. A entrega do certificado de naturali- com multa, serão apuradas em processo admi-
zação, nos casos dos artigos 121 e 122, será feita nistrativo, que terá por base o respectivo auto.
ao interessado ou ao seu representante legal,
conforme o caso, mediante recibo, diretamente Art. 136. É competente para lavrar o auto de
pelo Departamento Federal de Justiça ou atra- infração o agente de órgão incumbido de aplicar
vés dos órgãos regionais do Departamento de este Regulamento.
Polícia Federal. § 1o O auto deverá relatar, circunstancia-
damente, a infração e o seu enquadramento.
Art. 131. A entrega do certificado aos natu- § 2o Depois de assinado pelo agente que
ralizados, a que se refere o artigo 124, poderá o lavrar, o auto será submetido à assinatura
ser feita pelo Chefe da Missão diplomática ou do infrator, ou de seu representante legal que
Repartição consular brasileira no país onde assistir à lavratura.
estejam residindo, observadas as formalidades § 3o Se o infrator, ou seu representante legal,
previstas no artigo anterior. não puder ou não quiser assinar o auto, o fato
será nele certificado.
Art. 132. O ato de naturalização ficará sem
efeito se a entrega do certificado não for solici- Art. 137. Lavrado o auto de infração, será
tada pelo naturalizado, no prazo de doze meses, o infrator notificado para apresentar defesa
contados da data da sua publicação, salvo mo- escrita, no prazo de cinco dias úteis, a contar
tivo de força maior devidamente comprovado da notificação.
perante o Ministro da Justiça. Parágrafo único. Findo o prazo e certificada
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se a apresentação ou não da defesa, o processo
refere este artigo, deverá o certificado ser devol- será julgado, sendo o infrator notificado da
vido ao Diretor-Geral do Departamento Fede- decisão proferida.
Estatuto do Estrangeiro

ral de Justiça, para arquivamento, anotando-se


a circunstância no respectivo registro. Art. 138. Da decisão que impuser penalidade,
o infrator poderá interpor recurso à instância
Art. 133. O processo, iniciado com o pedido imediatamente superior no prazo de cinco dias
de naturalização, será encerrado com a entrega úteis, contados da notificação.
solene do certificado, na forma prevista nos § 1o O recurso somente será admitido se o
artigos 129 a 131. recorrente depositar o valor da multa aplicada,
50
em moeda corrente, ou prestar caução ou fiança da República, por indicação dos respectivos
idônea. Ministros de Estado.
§ 2 o Recebido o recurso e prestadas as Parágrafo único. A Secretaria-Geral do Con-
informações pelo recorrido, o processo será selho de Segurança Nacional manterá um obser-
remetido à instância imediatamente superior vador junto ao Conselho Nacional de Imigração.
no prazo de três dias úteis.
§ 3o Proferida a decisão final, o processo Art. 144. O Conselho Nacional de Imigração
será devolvido dentro de três dias úteis à re- terá as seguintes atribuições:
partição de origem para: I – orientar e coordenar as atividades de
I – provido o recurso, autorizar o levanta- imigração;
mento da importância depositada, da caução II – formular objetivos para a elaboração da
ou da fiança; política imigratória;
II – negado provimento ao recurso, autorizar III – estabelecer normas de seleção de imi-
o recolhimento da importância da multa ao grantes, visando proporcionar mão-de-obra
Tesouro Nacional. especializada aos vários setores da economia
nacional e à captação de recursos para setores
Art. 139. No caso de não interposição ou não específicos;
admissão de recurso, o processo será encami- IV – promover ou fomentar estudo de pro-
nhado à Procuradoria da Fazenda Nacional, blemas relativos à imigração;
para a apuração e inscrição da dívida. V – definir as regiões de que trata o artigo
18 da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, e
Art. 140. A saída do infrator do território elaborar os respectivos planos de imigração;
nacional não interromperá o curso do processo. VI – efetuar o levantamento periódico das
necessidades de mão-de-obra estrangeira qua-
Art. 141. Verificado pelo Ministério do Tra- lificada, para admissão em caráter permanente
balho que o empregador mantém a seu serviço ou temporário;
estrangeiro em situação irregular, ou impedido VII – dirimir as dúvidas e solucionar os
de exercer atividade remunerada, o fato será co- casos omissos, no que respeita à admissão de
municado ao Departamento de Polícia Federal imigrantes;
do Ministério da Justiça, para as providências VIII – opinar sobre alteração da legislação
cabíveis. relativa à imigração, proposta por órgão federal;
IX – elaborar o seu Regimento Interno, a ser
submetido à aprovação do Ministro do Trabalho.
TÍTULO XII – Do Conselho Nacional de Parágrafo único. As deliberações do Con-
Imigração selho Nacional de Imigração serão fixadas por
meio de Resoluções.
Art. 142. O Conselho Nacional de Imigração,
órgão de deliberação coletiva, vinculado ao Mi- Art. 145. Este Decreto entra em vigor na data
nistério do Trabalho, terá sede na Capital Federal. da sua publicação.

Art. 143. O Conselho Nacional de Imigração é Brasília, 10 de dezembro de 1981; 160o da In-
integrado por um representante do Ministério dependência e 93o da República.
Estatuto do estrangeiro

do Trabalho, que o presidirá, um do Ministé-


rio da Justiça, um do Ministério das Relações JOÃO FIGUEIREDO – Ibrahim Abi-Ackel – R.
Exteriores, um do Ministério da Agricultura, S. Guerreiro – Murilo Macêdo – Waldir Mendes
um do Ministério da Saúde, um do Ministério Arcoverde – DaniloVenturini
da Indústria e do Comércio e um do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Decretado em 10/12/1981 e publicado no Dou de
Tecnológico, todos nomeados pelo Presidente 11/12/1981.
51
Atos internacionais
Constituição da organização internacional
para as migrações

PREÂMBULO sido obrigadas a abandonar seu país e que neces-


sitam de serviços internacionais de migração,
CAPÍTULO I – Objetivos e funções
CAPÍTULO II – Membros que é necessário promover a cooperação dos
CAPÍTULO III – Órgãos Estados e das organizações internacionais para
CAPÍTULO IV – O Conselho facilitar a emigração das pessoas que desejem
CAPÍTULO V – O Comitê Executivo partir para países onde possam, mediante seu
CAPÍTULO VI – A Administração trabalho, subjugar as próprias necessidades
CAPÍTULO VII – Sede central e levar, juntamente com suas famílias, uma
CAPÍTULO VIII – Finanças existência digna, no respeito à pessoa humana,
CAPÍTULO IX – Estatuto jurídico
CAPÍTULO X – Disposições de índole diversa que a migração pode estimular a criação de
novas oportunidades econômicas nos países
de acolhida e que existe uma relação entre a
PREÂMBULO: migração e as condições econômicas, sociais e
culturais dos países em desenvolvimento,
AS ALTAS PARTES CONTRATANTES
que, na cooperação e demais atividades inter-
RECORDANDO nacionais sobre migrações, devem ser levadas
em conta as necessidade dos países em desen-
a Resolução adotada em 15 de dezembro de volvimento,
1951 pela Conferência sobre Migrações cele-
brada em Bruxelas. que é necessário promover a cooperação dos
Estados e das organizações internacionais,
RECONHECENDO governamentais e não governamentais, em
matéria de pesquisas e consultas sobre temas
que para assegurar uma realização harmônica das migrações, não somente no que se refere
dos movimentos migratórios em todo o mun- ao processo migratório, mas também à situação
do e facilitar, nas condições mais favoráveis o e necessidades específicas do migrante em sua
assentamento e integração dos migrantes na es- condição de pessoa humana,
trutura econômica e social do país de acolhida,
é frequentemente necessário prestar serviços de que o traslado dos migrantes deve ser assegu-
migração no plano internacional, rado, sempre que seja possível, pelos serviços
de transporte normais, mas que, às vezes, se
Estatuto do Estrangeiro

que podem também vir a ser necessários servi- demonstra a necessidade de dispor de meios
ços de migração similares para os movimentos suplementares ou diferentes,
de migração temporária, migração de retorno
e migração intra-regional, que deve existir uma estreita cooperação e
coordenação entre os Estados, as organizações
que a migração compreende também a de refu- internacionais, governamentais e não governa-
giados, pessoas removidas e outras que se tenham mentais, em matéria de migrações e refugiados,
54
que é necessário o financiamento internacional para a migração de retorno voluntária, incluída
das atividades relacionadas com a migração a repatriação voluntária;
internacional,
(e) pôr à disposição dos Estados e das organiza-
ESTABELECEM: ções internacionais e outras instituições um foro
para o intercâmbio de opiniões e experiências e
a ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL PARA o fomento da cooperação e da coordenação das
AS MIGRAÇÕES designada no presente ato atividades relativas a questões de Migrações in-
como a Organização, e ternacionais, incluídos estudos com o objetivo
de desenvolver soluções práticas.
ACEITAM A PRESENTE CONSTITUIÇÃO.
2. No cumprimento de suas funções, a Or-
ganização cooperará estreitamente com as
CAPÍTULO I – Objetivos e Funções organizações internacionais, governamentais
e não governamentais que se ocupem das Mi-
ARTIGO 1 grações, de refugiados e de recursos humanos,
com vistas a, entre outros aspectos, facilitar a
1. Os objetivos e as funções da Organização coordenação das atividades internacionais na
serão: matéria. No desenvolvimento desta cooperação,
se respeitarão mutuamente as competências das
(a) concertar todos os arranjos adequados para mencionadas organizações.
assegurar o traslado organizado dos migrantes
para os quais os meios existentes se revelem 3. A Organização reconhece que as normas
insuficientes ou que, de outra maneira, não de admissão e o número de imigrantes que se
possam estar em condições de trasladar-se sem devem admitir são questões que correspon-
assistência especial aos países que ofereçam dem à jurisdição interna dos Estados, e no
possibilidades de imigração ordenada; cumprimento de suas funções trabalhará em
conformidade com as leis, regulamentos e as
(b) ocupar-se do traslado organizado dos refu- políticas dos Estados interessados.
giados, pessoas removidas e outras necessitadas
de serviços internacionais de migração para as
quais possam ser realizados arranjos entre a Or- CAPÍTULO II – Membros
ganização e os Estados interessados, incluídos
aqueles Estados que se comprometam a acolher ARTIGO 2
essas pessoas;
Serão Membros da Organização:
(c) prestar, conforme solicitação dos Estados in-
teressados e de acordo com os mesmos, serviços (a) os Estados que, sendo Membros da Organi-
de migração, tais como: recrutamento, seleção, zação, tenham aceitado a presente Constituição
tramitação, ensino de idiomas, atividades de de acordo com o Artigo 34, ou aqueles aos quais
orientação, exames médicos, colocação, ativi- se apliquem as disposições do Artigo 35;
dades que facilitem a acolhida e a integração,
assessoramento em assuntos migratórios, assim (b) os outros Estados que tenham provado o
como toda outra ajuda que se encontre de acor- interesse que concedem ao princípio da livre
atos internacionais

do com os objetivos da Organização; circulação das pessoas e que se comprometam


pelo menos a aportar com gastos de adminis-
(d) prestar serviços similares, conforme solici- tração da Organização com uma contribuição
tação dos Estados ou em cooperação com ou- financeira cuja porcentagem será convencio-
tras organizações internacionais interessadas, nada entre o Conselho e o Estado interessado,
55
a reserva de uma decisão do Conselho tomada (c) A Administração.
por maioria de dois terços e a aceitação por dito
Estado da presente Constituição.
CAPÍTULO IV – O Conselho
ARTIGO 3
ARTIGO 6
Todo Estado Membro poderá notificar sua re-
tirada da Organização ao final de um exercício As funções do Conselho, além das que se
anual. Esta notificação deverá ser feita por es- indicam em outras disposições da presente
crito e chegar ao Diretor Geral da Organização Constituição, consistirão em:
pelo menos quatro meses antes do final do exer-
cício. As obrigações financeiras com respeito à (a) determinar a política da Organização;
Organização de um Estado Membro que tenha
notificado sua retirada se aplicarão à totalidade (b) revisar os informes, aprovar e dirigir a ges-
do exercício durante o qual a notificação tenha tão do Comitê Executivo;
sido recebida.
(c) revisar os informes, aprovar e dirigir a gestão
ARTIGO 4 do Diretor Geral;

1. Se um Estado Membro não cumpre suas obri- (d) revisar e aprovar o programa, o orçamento,
gações financeiras com respeito à Organização os gastos e as contas da Organização;
durante dois exercícios anuais consecutivos, o
Conselho, mediante decisão adotada por maio- (e) adotar toda outra medida concernente à
ria de dois terços, poderá suspender o direito a consecução dos objetivos da Organização.
voto e, total ou parcialmente, os serviços a que
o referido Estado Membro possa utilizar. O ARTIGO 7
Conselho tem autoridade para restabelecer tais
direitos e serviços mediante decisão adotada 1. O Conselho se comporá dos representantes
por maioria simples. dos Estados Membros.

2. Todo Estado Membro poderá ser suspenso 2. Cada Estado Membro designará um repre-
em sua qualidade de Membro, por decisão do sentante, assim como os suplentes e assessores
Conselho tomada por maioria de dois terços, que julgue necessário.
caso viole persistentemente os princípios da
presente Constituição. O Conselho tem autori- 3. Cada Estado Membro terá direito a um voto
dade para restabelecer tal qualidade de Membro no Conselho.
mediante decisão adotada por maioria simples.
ARTIGO 8

CAPÍTULO III – Órgãos Quando assim o solicitarem, o Conselho


poderá admitir como observadores em suas
ARTIGO 5 sessões, nas condições que possa prescrever seu
Estatuto do Estrangeiro

regulamento interno, a Estados não membros


Os órgãos da Organização serão: e a organizações internacionais, governamen-
tais ou não governamentais, que se ocupem
(a) o Conselho; de Migrações, de refugiados ou de recursos
humanos. Tais observadores não terão direito
(b) o Comitê Executivo; de voto.

56
ARTIGO 9 revisão do orçamento, e adotar a este respeito
as medidas que julgue necessárias;
1. O Conselho celebrará sua reunião ordinária
uma vez ao ano. (d) assessorar ao Diretor Geral sobre toda ques-
tão que por este lhe seja submetida;
2. O Conselho celebrará reunião extraordinária
a petição: (e) adotar, entre as reuniões do Conselho,
quaisquer decisões urgentes sobre questões da
(a) de um terço de seus membros; incumbência do mesmo, que serão submeti-
das à aprovação do Conselho em sua próxima
(b) do Comitê Executivo; reunião;

(c) do Diretor Geral ou do Presidente do Con- (f) apresentar recomendações ou propostas ao


selho, em casos urgentes. Conselho, ou ao Diretor Geral, por sua própria
iniciativa;
3. Ao principio de cada reunião ordinária, o
Conselho elegerá um Presidente e os outros (g) submeter ao Conselho informes e/ou reco-
membros da Mesa, cujo mandato será de um mendações sobre as questões tratadas.
ano.
ARTIGO 13
ARTIGO 10
1. O Comitê Executivo se comporá dos repre-
O Conselho poderá criar quantos subcomitês sentantes de nove Estados Membros. Este nú-
sejam necessários para o cumprimento de suas mero poderá ser aumentado mediante votação
funções. por maioria de dois terços do Conselho, não
podendo exceder a um terço do número total
ARTIGO 11 de Membros da Organização.

O Conselho adotará seu próprio regulamento 2. Estes Estados Membros serão eleitos pelo
interno. Conselho por dois anos, podendo ser reeleitos.

3. Cada membro do Comitê Executivo designa-


CAPÍTULO V – O Comitê Executivo rá um representante, assim como os suplentes
e assessores que julgue necessários.
ARTIGO 12
4. Cada membro do Comitê Executivo terá
As funções do Comitê Executivo consistirão em: direito a um voto.

(a) examinar e revisar a política, os programas ARTIGO 14


e as atividades da Organização, os informes
anuais do Diretor Geral e quaisquer informes 1. O Comitê Executivo celebrará pelo menos
especiais; uma reunião ao ano. Reunir-se-á, outrossim,
em caso necessário, para o cumprimento de
(b) examinar toda questão financeira ou orça- suas funções, a petição:
atos internacionais

mentária que incumba ao Conselho;


(a) de seu Presidente;
(c) considerar toda questão que lhe seja espe-
cialmente submetida pelo Conselho, incluída a (b) do Conselho;

57
(c) do Diretor Geral, prévia consulta com o e decisões do Conselho e do Comitê Executivo
Presidente do Conselho; e com os regulamentos por eles adotados. O
Diretor Geral formulará proposições relativas a
(d) da maioria de seus membros. medidas que devam ser adotadas pelo Conselho.

2. O Comitê Executivo elegerá entre seus mem- ARTIGO 19


bros um Presidente e um Vice-presidente, cujo
mandato será de um ano. O Diretor Geral nomeará o pessoal da Admi-
nistração em conformidade com o estatuto do
ARTIGO 15 pessoal adotado pelo Conselho.

O Comitê Executivo poderá criar, sujeito a ARTIGO 20


revisão eventual do Conselho, quantos subco-
mitês sejam necessários para o cumprimento 1. No cumprimento de suas funções, o Diretor
de suas funções. Geral, o Diretor Geral Adjunto e pessoal não
deverão solicitar nem aceitar instruções de
ARTIGO 16 nenhum Estado nem de nenhuma autoridade
alheia à Organização, e deverão abster-se de
O Comitê Executivo adotará seu próprio regu- todo ato incompatível com sua qualidade de
lamento interno. funcionários internacionais.

2. Cada Estado Membro se comprometerá a


CAPÍTULO VI – A Administração respeitar o caráter exclusivamente internacional
das funções do Diretor Geral, do Diretor Geral
ARTIGO 17 Adjunto e do pessoal, e a buscar não influenciá-
-los no cumprimento de suas funções.
A Administração compreenderá um Diretor
Geral, um Diretor Geral Adjunto e o pessoal 3. Para o recrutamento e emprego do pessoal,
que o Conselho determine. deverão ser consideradas como condições
primordiais sua eficiência, competência e inte-
ARTIGO 18 gridade; exceto em circunstâncias excepcionais,
o pessoal deverá ser contratado entre os nacio-
1. O Diretor Geral e o Diretor Geral Adjunto nais dos Estados Membros da Organização,
serão eleitos pelo Conselho, mediante votação tomando em conta o princípio da distribuição
por maioria de dois terços, e poderão ser re- geográfica eqüitativa.
eleitos. A duração ordinária de seu mandato
será de cinco anos, embora, excepcionalmente, ARTIGO 21
possa ser menor, se assim decidir o Conselho
mediante votação por maioria de dois terços. O Diretor Geral estará presente, ou se fará repre-
Cumprirão suas funções de conformidade com sentar pelo Diretor Geral Adjunto ou por outro
o conteúdo de contratos aprovados pelo Con- funcionário que designe, em todas as reuniões
selho e assinados, em nome da Organização, do Conselho, do Comitê Executivo e dos Subco-
Estatuto do Estrangeiro

pelo Presidente do Conselho. mitês. O Diretor Geral ou seu representante po-


derão participar nos debates sem direito a voto.
2. O Diretor Geral será responsável perante o
Conselho e o Comitê Executivo. O Diretor Geral ARTIGO 22
administrará e dirigirá os serviços administrati-
vos e executivos da Organização em conformi- Em ocasião da reunião ordinária celebrada de-
dade com a presente Constituição, com a política pois do final de cada exercício anual, o Diretor
58
Geral apresentará ao Conselho, por intermédio las organizações internacionais, governamentais
do Comitê Executivo, um informe onde se dê ou não governamentais, por outras entidades
conta completa das atividades da Organização jurídicas ou pessoas privadas, que deverão
durante o ano transcorrido. aportar-se tão logo seja possível e integralmente
antes do final do exercício anual correspondente.

CAPÍTULO VII – Sede Central 2. Todo Estado Membro deverá aportar para
a Parte de Administração do Orçamento da
ARTIGO 23 Organização uma contribuição sobre a base de
uma porcentagem acordada entre o Conselho
1. A Organização terá sua Sede central em Ge- e o Estado Membro concernente.
nebra. O Conselho poderá decidir a mudança
da Sede a outro local, mediante votação por 3. As contribuições para os gastos operacio-
maioria de dois terços. nais da Organização serão voluntárias e todo
contribuinte à Parte de Operações do Orça-
2. As reuniões do Conselho e do Comitê Exe- mento poderá acordar com a Organização as
cutivo terão lugar em Genebra, a menos que condições de emprego de sua contribuição, que
dois terços dos membros do Conselho ou, deverão responder aos objetivos e funções da
respectivamente, do Comitê Executivo, tenham Organização.
decidido reunir-se em outro lugar.
4. (a) Os gastos de administração da Sede e os
restantes gastos de administração, exceto aque-
CAPÍTULO VIII – Finanças les em que se incorra para exercer as funções
enunciadas no parágrafo 1, alíneas c) e d), do
ARTIGO 24 Artigo 1º, se imputarão à Parte de Administra-
ção do Orçamento;
O Diretor Geral submeterá ao Conselho, por in-
termédio do Comitê Executivo, um orçamento (b) Os gastos operacionais, assim como os
anual cobrindo as necessidades administrativas gastos de administração em que se incorra para
e operacionais, as receitas previstas, as pre- exercer as funções enunciadas no parágrafo 1,
visões adicionais que sejam necessárias e os alíneas c) e d), do Artigo 1º se imputarão à Parte
esclarecimentos contábeis anuais ou especiais Operacional do Orçamento.
da Organização.
5. O Conselho velará para que a gestão admi-
ARTIGO 25 nistrativa seja assegurada de maneira eficaz e
econômica.
1. Os recursos necessários para sufragar os
gastos da Organização serão obtidos: ARTIGO 26

(a) no que diz respeito à parcela da Administra- O regulamento financeiro será estabelecido
ção no Orçamento, mediante as contribuições pelo Conselho.
em espécie dos Estados Membros, que serão
pagas ao início do correspondente exercício
anual e deverão fazer-se efetivas sem demora; CAPÍTULO IX – Estatuto Jurídico
atos internacionais

(b) no que diz respeito à parcela operacional ARTIGO 27


no Orçamento, mediante as contribuições em
espécie ou em forma de prestação de serviços A Organização possui personalidade jurídica.
pelos Estados Membros, por outros Estados, pe- Goza da capacidade jurídica necessária para
59
exercer suas funções e alcançar seus objetivos 3. Uma votação será válida unicamente quando
e, em especial, da capacidade, de acordo com a maioria dos membros do Conselho, do Co-
as leis do Estado de que se trate, de: mitê Executivo ou do Subcomitê interessado se
encontre presente.
(a) contratar;
ARTIGO 30
(b) adquirir bens móveis e imóveis e dispor
deles; 1. Os textos das emendas propostas à presente
Constituição serão comunicados pelo Diretor
(c) receber e desembolsar fundos públicos e Geral aos Governos dos Estados Membros pelo
privados; e menos três meses antes de serem examinados
pelo Conselho.
(d) comparecer em juízo.
2. As emendas entrarão em vigor quando
ARTIGO 28 tenham sido adotadas por dois terços dos
membros do Conselho e aceitas por dois
1. A Organização gozará dos privilégios e imu- terços dos Estados Membros, de acordo
nidades necessários para exercer suas funções com suas respectivas regras constitucionais,
e alcançar seus objetivos. entendendo-se, não obstante, que as emen-
das que originem novas obrigações para os
2. Os representantes dos Estados Membros, Membros não entrarão em vigor para cada
o Diretor Geral, o Diretor Geral Adjunto e o Membro em particular senão quando este as
pessoal da Administração gozarão igualmente tenha aceitado.
dos privilégios e imunidades necessários para o
exercício, com independência, de suas funções ARTIGO 31
em conexão com a Organização.
Toda divergência relativa à interpretação ou
3. Ditos privilégios e imunidades se definirão aplicação da presente Constituição, que não
mediante acordos entre a Organização e os tenha sido resolvida mediante negociação ou
Estados interessados ou mediante outras dis- mediante decisão do Conselho tomada por
posições adotadas por ditos Estados. maioria de dois terços, será submetida à Corte
Internacional de Justiça, em conformidade com
o Estatuto da Corte, a menos que os Estados
CAPÍTULO X – Disposições Diversas Membros interessados acordem outra forma
de resolução da disputa dentro de um intervalo
ARTIGO 29 razoável.

1. Salvo disposição contrária na presente Cons- ARTIGO 32


tituição, ou nos regulamentos estabelecidos
pelo Conselho ou pelo Comitê Executivo, todas À reserva da aprovação por dois terços dos
as decisões do Conselho, do Comitê Executivo membros do Conselho, a Organização poderá
e de todos os subcomitês, serão tomadas por se encarregar das atividades e objetivos de
Estatuto do Estrangeiro

simples maioria. qualquer outra Instituição Internacional ou


Agência, cujos recursos, atividades e obrigações
2. As maiorias previstas nas disposições da estejam abrangidos pelos objetivos da Orga-
presente Constituição ou dos regulamentos nização, desde que possa ser fixado mediante
estabelecidos pelo Conselho ou pelo Comitê acordo internacional ou arranjo conveniado
Executivo se referem aos membros presentes entre as autoridades competentes das organi-
e votantes. zações respectivas.
60
ARTIGO 33 ARTIGO 35

O Conselho pode, mediante votação por maio- Os Governos Membros do Comitê Intergo-
ria de três quartos de seus membros, decidir vernamental para as Migrações Européias
sobre a dissolução da Organização. que, na data de entrada em vigor da presente
Constituição não tenham notificado o Diretor
ARTIGO 34 que aceitam esta Constituição, poderão seguir
sendo Membros do Comitê durante um ano,
A presente Constituição entrará em vigor para se a partir dessa data contribuírem aos gastos
os Governos Membros do Comitê Intergover- de administração do Comitê, nos termos do
namental para as Migrações Européias que a parágrafo 2º do Artigo 25, conservando durante
tenham aceitado, de acordo com suas respec- este período o direito de aceitar a Constituição.
tivas regras constitucionais, no dia da primeira
reunião de dito Comitê depois de que: ARTIGO 36

(a) dois terços, pelo menos, dos Membros do Os textos espanhol, francês e inglês da presente
Comitê, e Constituição serão considerados como igual-
mente autênticos.
(b) um número de Membros que representem,
pelo menos 75 por cento das contribuições à aprovada pelo Decreto legislativo no 302, de 24 de
parte administrativa do orçamento, outubro de 2011, publicado no Dou de 25/10/2011; e
promulgada pelo Decreto no 8.101, de 6 de setembro
tenham notificado ao Diretor que aceitam a de 2013, publicado no Dou de 9/9/2013.
presente Constituição.

Conselho da Organização Internacional para as Migrações

Resolução no 1.105 (lXXXViii)


Admissão da República Federativa do Brasil como membro da Organização Internacional para as
Migrações

O Conselho, contribuição para as necessidades administra-


tivas da Organização,
Tendo recebido a solicitação da República Fede-
rativa do Brasil para admissão como Membro Considerando que a República Federativa do
da Organização (MC/2149), Brasil manifestou sua aceitação do princípio do
atos internacionais

livre trânsito de pessoas nos termos do Artigo


Tendo sido informado que a República Fe- 2 (b) da Constituição,
derativa do Brasil aceita a Constituição da
Organização conforme seu procedimento Convencido de que a República Federativa do
constitucional interno e que acordou efetuar Brasil poderá oferecer valiosa contribuição
61
para a consecução dos objetivos da Organi- 2. Que sua contribuição para a Parte Adminis-
zação, trativa do Orçamento seja fixada em 1,702 %
da mesma.
Resolve:
adotada pelo Conselho em sua 457ª reunião, em
1. Que a República Federativa do Brasil seja 30 de novembro de 2004. aprovada pelo Decreto
aceita como Membro da Organização Inter- legislativo n o 302, de 24 de outubro de 2011,
nacional para as Migrações, nos termos do publicado no Dou de 25/10/2011; e promulgada
Artigo 2 (b) da Constituição, a partir da data pelo Decreto no 8.101, de 6 de setembro de 2013,
da presente resolução; publicado no Dou de 9/9/2013.
Estatuto do Estrangeiro

62
Legislação correlata
lei no 11.961/2009
Dispõe sobre a residência provisória para o estrangeiro em situação irregular no território nacional
e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA III – declaração, sob as penas da lei, de que


não responde a processo criminal ou foi con-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta denado criminalmente, no Brasil e no exterior;
e eu sanciono a seguinte Lei: IV – comprovante de entrada no Brasil ou
qualquer outro documento que permita à Ad-
Art. 1o Poderá requerer residência provisória ministração atestar o ingresso do estrangeiro
o estrangeiro que, tendo ingressado no terri- no território nacional até o prazo previsto no
tório nacional até 1o de fevereiro de 2009, nele art. 1o desta Lei; e
permaneça em situação migratória irregular. V – demais documentos previstos em re-
gulamento.
Art. 2o Considera-se em situação migratória
irregular, para fins desta Lei, o estrangeiro que: Art. 5o Os estrangeiros que requererem resi-
I – tenha ingressado clandestinamente no dência provisória estarão isentos do pagamento
território nacional; de multas ou de quaisquer outras taxas, além
II – admitido regularmente no território das previstas no art. 4o desta Lei.
nacional, encontre-se com prazo de estada
vencido; ou Art. 6o Concedido o Registro Provisório, o
III – beneficiado pela Lei no 9.675, de 29 Ministério da Justiça expedirá a Carteira de
de junho de 1998, não tenha completado os Identidade de Estrangeiro com validade de 2
trâmites necessários à obtenção da condição (dois) anos.
de residente permanente.
Art. 7o No prazo de 90 (noventa) dias anteriores
Art. 3 Ao estrangeiro beneficiado por esta
o
ao término da validade da CIE, o estrangeiro po-
Lei são assegurados os direitos e deveres pre- derá requerer sua transformação em permanente,
vistos na Constituição Federal, excetuando- na forma do regulamento, devendo comprovar:
-se aqueles reservados exclusivamente aos I – exercício de profissão ou emprego lícito
brasileiros. ou a propriedade de bens suficientes à manu-
tenção própria e da sua família;
Art. 4o O requerimento de residência provisó- II – inexistência de débitos fiscais e de an-
ria deverá ser dirigido ao Ministério da Justiça tecedentes criminais no Brasil e no exterior; e
até 180 (cento e oitenta) dias após a publicação III – não ter se ausentado do território na-
desta Lei, obedecendo ao disposto em regula- cional por prazo superior a 90 (noventa) dias
mento, e deverá ser instruído com: consecutivos durante o período de residência
I – comprovante original do pagamento da provisória.
Estatuto do Estrangeiro

taxa de expedição de Carteira de Identidade de


Estrangeiro – CIE, em valor correspondente a Art. 8o A residência provisória ou permanente
25% (vinte e cinco por cento) do fixado para será declarada nula se, a qualquer tempo, se
expedição de 1a (primeira) via de Carteira de verificar a falsidade das informações prestadas
Identidade de Estrangeiro Permanente; pelo estrangeiro.
II – comprovante original do pagamento da § 1 o O disposto no caput deste artigo,
taxa de registro; respeitados a ampla defesa e o contraditório,
64
processar-se-á de ofício ou mediante represen- Art. 11. O estrangeiro com processo de re-
tação fundamentada, na forma do regulamento, gularização imigratória em tramitação poderá
assegurado o prazo para recurso de 60 (sessen- optar por ser beneficiado por esta Lei.
ta) dias contado da notificação.
§ 2o Negada ou declarada nula a residência Art. 12. O Poder Executivo regulamentará o
provisória ou a permanente, será cancelado o disposto nesta Lei.
registro, e a CIE perderá seus efeitos.
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de
Art. 9o O disposto nesta Lei não se aplica ao sua publicação.
estrangeiro expulso ou àquele que, na forma
da lei, ofereça indícios de periculosidade ou Brasília, 2 de julho de 2009; 188o da Indepen-
indesejabilidade. dência e 121o da República.

Art. 10. Aplicam-se subsidiariamente as LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Tarso Genro
disposições contidas na Lei no 6.815, de 19 de – Celso Luiz Nunes Amorim
agosto de 1980, alterada pela Lei no 6.964, de 9
de dezembro de 1981, aos estrangeiros benefi- Promulgada em 2/7/2009 e publicada no Dou de
ciados por esta Lei. 3/7/2009.

legislação correlata

65
Decreto no 6.893/2009
Regulamenta a Lei no 11.961, de 2 de julho de 2009, que dispõe sobre a residência provisória para o
estrangeiro em situação irregular no território nacional, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da V – duas fotos coloridas recentes, tamanho


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, 3x4.
da Constituição, e tendo em vista o disposto na § 1o Para os devidos efeitos legais, o nome
Lei no 11.961, de 2 de julho de 2009, e a nacionalidade do estrangeiro serão os
constantes do passaporte ou do documento de
DECRETA: viagem equivalente.
§ 2o A filiação que não constar dos do-
Art. 1o O estrangeiro em situação irregular, cumentos previstos no inciso IV deverá ser
que pretenda obter concessão de residência atestada pela representação diplomática do país
provisória no País, deverá comparecer, pessoal- de nacionalidade do estrangeiro ou por meio
mente, até cento e oitenta dias após a publicação da respectiva certidão de nascimento, devida-
da Lei no 11.961, de 2 de julho de 2009, a uma mente legalizada pela representação brasileira
unidade do Departamento de Polícia Federal, no exterior e traduzida por tradutor público.
onde preencherá o requerimento de registro
provisório e instruirá seu pedido com: Art. 2o Satisfeitas as condições previstas no art.
I – comprovante original do pagamento: 1o, o estrangeiro receberá protocolo que servirá
a) da taxa de expedição de Carteira de como prova de estada regular até o recebimento
Identidade de Estrangeiro – CIE, no valor de da respectiva CIE.
R$ 31,05 (trinta e um reais e cinco centavos); e Parágrafo único. O protocolo deverá ser
b) da taxa de registro, no valor de R$ 64,58 devolvido por ocasião do recebimento da CIE.
(sessenta e quatro reais e cinqüenta e oito
centavos); Art. 3o A CIE é individual, independentemen-
II – declaração, sob as penas da Lei, de que te da idade de seu titular, será confeccionada
não responde a processo criminal ou foi con- no modelo em vigor para as demais categorias
denado criminalmente, no Brasil e no exterior; de residentes no País e terá validade de dois
III – comprovante de entrada no Brasil ou anos a contar da data de apresentação do
qualquer outro documento válido que permita à pedido.
Administração atestar o ingresso do estrangeiro
no território nacional até 1o de fevereiro de 2009; Art. 4o No prazo de noventa dias anteriores
IV – um dos documentos a seguir especi- ao término da validade da CIE, o estrangeiro
ficados: poderá comparecer pessoalmente na unidade
a) cópia autenticada do passaporte ou docu- do Departamento de Polícia Federal e requerer
mento de viagem equivalente; a transformação da residência provisória em
b) certidão expedida no Brasil pela repre- permanente, devendo apresentar o original da
Estatuto do Estrangeiro

sentação diplomática ou consular do país de CIE ou, na falta desta, o original do protocolo,
que o estrangeiro seja nacional, atestando a sua além do seguinte:
qualificação e nacionalidade; ou I – documento hábil que comprove o
c) qualquer outro documento de identifi- exercício de profissão ou emprego lícito ou a
cação válido, que permita à Administração propriedade de bens suficientes à manutenção
identificar o estrangeiro e conferir os seus dados própria e de sua família;
de qualificação; e II – declaração, sob as penas da lei:
66
a) de que não possui débitos fiscais junto ao § 3o O pedido a que se refere o § 2o deverá
Instituto Nacional do Seguro Social; ser fundamentado e instruído com os docu-
b) quanto ao número de ausências do terri- mentos necessários à comprovação do alegado.
tório nacional nos últimos dois anos, especifi- § 4o Declarada nula a residência provisória
cando as exatas datas de entrada e saída, local ou permanente, a CIE deverá ser recolhida e o
e justificativa, de forma que comprove não ter registro será cancelado.
se ausentado do território nacional por prazo
superior a noventa dias consecutivos durante Art. 7o Ficam impedidos de beneficiarem-se da
o período de residência provisória; e residência provisória ou da transformação desta
c) de que não responde a processo criminal em permanente o estrangeiro expulso ou aquele
nem foi condenado criminalmente, no Brasil em relação ao qual o interesse público assim o
e no exterior; recomendar, mediante decisão devidamente
III – atestado de antecedentes criminais, fundamentada.
expedido por órgão da Secretaria de Segurança
Pública do Estado de residência; Art. 8o O pedido de residência provisória, for-
IV – Certidão Conjunta de Débitos relativos mulado nos termos do art. 11 da Lei nº 11.961,
a Tributos Federais e à Divida Ativa da União, de 2 de julho de 2009, deverá ser instruído
que pode ser extraída do sítio eletrônico da com declaração de desistência do processo de
Secretaria da Receita Federal do Brasil; regularização imigratória que será considerado
V – comprovante original do pagamento automaticamente extinto pelo Ministério da
de taxa de R$ 31,05 (trinta e um reais e cinco Justiça.
centavos), relativa à expedição da correspon- Parágrafo único. Para fins de cumprimento
dente CIE; e do disposto no caput não serão considerados
VI – duas fotos coloridas recentes, tamanho como processos de regularização imigratória
3x4. os pedidos de prorrogação de prazo de estada
de temporários.
Art. 5o Concedida a transformação da residên-
cia temporária em permanente será expedida, Art. 9o Para o cumprimento da Lei no 11.961,
pelo Departamento de Polícia Federal, nova de 2 de julho de 2009, compete ao Ministério
CIE cuja validade será fixada em conformidade da Justiça:
com o art. 2o do Decreto-Lei no 2.236, de 23 de I – decidir sobre os requerimentos de au-
janeiro de 1985. torização de residência temporária e de sua
transformação em permanente;
Art. 6o A residência provisória ou permanente II – orientar e decidir os casos omissos e
será declarada nula se, a qualquer tempo, se especiais; e
verificar a falsidade das informações prestadas III – estabelecer os procedimentos necessá-
pelo estrangeiro, sem prejuízo das penalidades rios ao cumprimento deste Decreto.
previstas em lei.
§ 1o O processo de apuração objeto do Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data
disposto no caput será instaurado administra- de sua publicação.
tivamente no Ministério da Justiça, de ofício
ou mediante representação fundamentada, Brasília, 2 de julho de 2009; 188o da Indepen-
respeitados os princípios da ampla defesa e do dência e 121o da República.
legislação correlata

contraditório.
§ 2o Fica assegurado o prazo de sessenta LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Tarso Genro
dias para apresentação de recurso, sob pena – Celso Luiz Nunes Amorim
de decadência, contados do recebimento da
notificação pelo estrangeiro ou da publicação Decretado em 2/7/2009 e publicado no Dou de
de edital na hipótese de sua não localização. 3/7/2009.
67
lei no 9.474/1997
Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I – já desfrutem de proteção ou assistência


por parte de organismo ou instituição das Na-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta ções Unidas que não o Alto Comissariado das
e eu sanciono a seguinte Lei: Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR;
II – sejam residentes no território nacional e
tenham direitos e obrigações relacionados com
TÍTULO I – Dos Aspectos Caracterizadores a condição de nacional brasileiro;
CAPÍTULO I – Do Conceito, da Extensão e III – tenham cometido crime contra a paz,
da Exclusão crime de guerra, crime contra a humanidade,
SEÇÃO I – Do Conceito crime hediondo, participado de atos terroristas
ou tráfico de drogas;
Art. 1o Será reconhecido como refugiado todo IV – sejam considerados culpados de atos
indivíduo que: contrários aos fins e princípios das Nações
I – devido a fundados temores de persegui- Unidas.
ção por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas encontre-se
fora de seu país de nacionalidade e não possa CAPÍTULO II – Da Condição Jurídica de
ou não queira acolher-se à proteção de tal país; Refugiado
II – não tendo nacionalidade e estando fora do
país onde antes teve sua residência habitual, não Art. 4o O reconhecimento da condição de
possa ou não queira regressar a ele, em função refugiado, nos termos das definições ante-
das circunstâncias descritas no inciso anterior; riores, sujeitará seu beneficiário ao precei-
III – devido a grave e generalizada violação de tuado nesta Lei, sem prejuízo do disposto
direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de em instrumentos internacionais de que o
nacionalidade para buscar refúgio em outro país. Governo brasileiro seja parte, ratifique ou
venha a aderir.

SEÇÃO II – Da Extensão Art. 5o O refugiado gozará de direitos e es-


tará sujeito aos deveres dos estrangeiros no
Art. 2o Os efeitos da condição dos refugiados Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção
serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no
descendentes, assim como aos demais membros Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de
do grupo familiar que do refugiado depende- 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as
rem economicamente, desde que se encontrem leis, regulamentos e providências destinados à
Estatuto do Estrangeiro

em território nacional. manutenção da ordem pública.

Art. 6o O refugiado terá direito, nos termos


SEÇÃO III – Da Exclusão da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados
de 1951, a cédula de identidade comprobatória
Art. 3o Não se beneficiarão da condição de de sua condição jurídica, carteira de trabalho e
refugiado os indivíduos que: documento de viagem.
68
TÍTULO II – Do Ingresso no TÍTULO III – Do Conare
Território Nacional e do Pedido de
Refúgio Art. 11. Fica criado o Comitê Nacional para
os Refugiados – CONARE, órgão de delibe-
Art. 7o O estrangeiro que chegar ao território ração coletiva, no âmbito do Ministério da
nacional poderá expressar sua vontade de Justiça.
solicitar reconhecimento como refugiado a
qualquer autoridade migratória que se encontre
na fronteira, a qual lhe proporcionará as infor- CAPÍTULO I – Da Competência
mações necessárias quanto ao procedimento
cabível. Art. 12. Compete ao CONARE, em conso-
§ 1o Em hipótese alguma será efetuada sua nância com a Convenção sobre o Estatuto dos
deportação para fronteira de território em que Refugiados de 1951, com o Protocolo sobre
sua vida ou liberdade esteja ameaçada, em o Estatuto dos Refugiados de 1967 e com as
virtude de raça, religião, nacionalidade, grupo demais fontes de direito internacional dos
social ou opinião política. refugiados:
§ 2o O benefício previsto neste artigo não I – analisar o pedido e declarar o reconhe-
poderá ser invocado por refugiado considerado cimento, em primeira instância, da condição
perigoso para a segurança do Brasil. de refugiado;
II – decidir a cessação, em primeira ins-
Art. 8o O ingresso irregular no território tância, ex officio ou mediante requerimento
nacional não constitui impedimento para o das autoridades competentes, da condição de
estrangeiro solicitar refúgio às autoridades refugiado;
competentes. III – determinar a perda, em primeira ins-
tância, da condição de refugiado;
Art. 9o A autoridade a quem for apresenta- IV – orientar e coordenar as ações necessá-
da a solicitação deverá ouvir o interessado rias à eficácia da proteção, assistência e apoio
e preparar termo de declaração, que deverá jurídico aos refugiados;
conter as circunstâncias relativas à entrada V – aprovar instruções normativas esclare-
no Brasil e às razões que o fizeram deixar o cedoras à execução desta Lei.
país de origem.
Art. 13. O regimento interno do CONARE
Art. 10. A solicitação, apresentada nas condi- será aprovado pelo Ministro de Estado da
ções previstas nos artigos anteriores, suspen- Justiça.
derá qualquer procedimento administrativo Parágrafo único. O regimento interno
ou criminal pela entrada irregular, instaurado determinará a periodicidade das reuniões do
contra o peticionário e pessoas de seu grupo CONARE.
familiar que o acompanhem.
§ 1o Se a condição de refugiado for reconhe-
cida, o procedimento será arquivado, desde que CAPÍTULO II – Da Estrutura e do
demonstrado que a infração correspondente foi Funcionamento
determinada pelos mesmos fatos que justifica-
ram o dito reconhecimento. Art. 14. O CONARE será constituído por:
legislação correlata

§ 2o Para efeito do disposto no parágrafo I – um representante do Ministério da Jus-


anterior, a solicitação de refúgio e a decisão tiça, que o presidirá;
sobre a mesma deverão ser comunicadas à II – um representante do Ministério das
Polícia Federal, que as transmitirá ao órgão Relações Exteriores;
onde tramitar o procedimento administrativo III – um representante do Ministério do
ou criminal. Trabalho;
69
IV – um representante do Ministério da e facultará a esse organismo a possibilidade de
Saúde; oferecer sugestões que facilitem seu andamento.
V – um representante do Ministério da
Educação e do Desporto; Art. 19. Além das declarações, prestadas se
VI – um representante do Departamento de necessário com ajuda de intérprete, deverá o
Polícia Federal; estrangeiro preencher a solicitação de reconhe-
VII – um representante de organização não- cimento como refugiado, a qual deverá conter
-governamental, que se dedique a atividades de identificação completa, qualificação profissio-
assistência e proteção de refugiados no País. nal, grau de escolaridade do solicitante e mem-
§ 1o O Alto Comissariado das Nações Uni- bros do seu grupo familiar, bem como relato
das para Refugiados – ACNUR será sempre das circunstâncias e fatos que fundamentem o
membro convidado para as reuniões do CO- pedido de refúgio, indicando os elementos de
NARE, com direito a voz, sem voto. prova pertinentes.
§ 2o Os membros do CONARE serão desig-
nados pelo Presidente da República, mediante Art. 20. O registro de declaração e a supervisão
indicações dos órgãos e da entidade que o do preenchimento da solicitação do refúgio
compõem. devem ser efetuados por funcionários quali-
§ 3o O CONARE terá um Coordenador- ficados e em condições que garantam o sigilo
-Geral, com a atribuição de preparar os pro- das informações.
cessos de requerimento de refúgio e a pauta
de reunião.
CAPÍTULO II – Da Autorização de
Art. 15. A participação no CONARE será Residência Provisória
considerada serviço relevante e não implicará
remuneração de qualquer natureza ou espécie. Art. 21. Recebida a solicitação de refúgio, o De-
partamento de Polícia Federal emitirá protocolo
Art. 16. O CONARE reunir-se-á com quorum em favor do solicitante e de seu grupo familiar
de quatro membros com direito a voto, delibe- que se encontre no território nacional, o qual au-
rando por maioria simples. torizará a estada até a decisão final do processo.
Parágrafo único. Em caso de empate, será § 1o O protocolo permitirá ao Ministério do
considerado voto decisivo o do Presidente do Trabalho expedir carteira de trabalho provisó-
CONARE. ria, para o exercício de atividade remunerada
no País.
§ 2o No protocolo do solicitante de refúgio
TÍTULO IV – Do Processo de Refúgio serão mencionados, por averbamento, os me-
CAPÍTULO I – Do Procedimento nores de quatorze anos.

Art. 17. O estrangeiro deverá apresentar-se Art. 22. Enquanto estiver pendente o processo
à autoridade competente e externar vontade relativo à solicitação de refúgio, ao peticionário
de solicitar o reconhecimento da condição de será aplicável a legislação sobre estrangeiros,
refugiado. respeitadas as disposições específicas contidas
nesta Lei.
Estatuto do Estrangeiro

Art. 18. A autoridade competente notificará


o solicitante para prestar declarações, ato que
marcará a data de abertura dos procedimentos. CAPÍTULO III – Da Instrução e do
Parágrafo único. A autoridade competente Relatório
informará o Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados – ACNUR sobre a Art. 23. A autoridade competente procederá a
existência do processo de solicitação de refúgio eventuais diligências requeridas pelo CONARE,
70
devendo averiguar todos os fatos cujo conheci- Art. 31. A decisão do Ministro de Estado da
mento seja conveniente para uma justa e rápida Justiça não será passível de recurso, devendo ser
decisão, respeitando sempre o princípio da notificada ao CONARE, para ciência do soli-
confidencialidade. citante, e ao Departamento de Polícia Federal,
para as providências devidas.
Art. 24. Finda a instrução, a autoridade com-
petente elaborará, de imediato, relatório, que Art. 32. No caso de recusa definitiva de refúgio,
será enviado ao Secretário do CONARE, para ficará o solicitante sujeito à legislação de estran-
inclusão na pauta da próxima reunião daquele geiros, não devendo ocorrer sua transferência
Colegiado. para o seu país de nacionalidade ou de residência
habitual, enquanto permanecerem as circuns-
Art. 25. Os intervenientes nos processos rela- tâncias que põem em risco sua vida, integridade
tivos às solicitações de refúgio deverão guardar física e liberdade, salvo nas situações determi-
segredo profissional quanto às informações a nadas nos incisos III e IV do art. 3o desta Lei.
que terão acesso no exercício de suas funções.

TÍTULO V – Dos Efeitos do Estatuto de


CAPÍTULO IV – Da Decisão, da Refugiados Sobre a Extradição e a Expulsão
Comunicação e do Registro

Art. 26. A decisão pelo reconhecimento da con- CAPÍTULO I – Da Extradição


dição de refugiado será considerada ato declara-
tório e deverá estar devidamente fundamentada. Art. 33. O reconhecimento da condição de
refugiado obstará o seguimento de qualquer
Art. 27. Proferida a decisão, o CONARE pedido de extradição baseado nos fatos que
notificará o solicitante e o Departamento de fundamentaram a concessão de refúgio.
Polícia Federal, para as medidas administra-
tivas cabíveis. Art. 34. A solicitação de refúgio suspenderá,
até decisão definitiva, qualquer processo de
Art. 28. No caso de decisão positiva, o refu- extradição pendente, em fase administrativa ou
giado será registrado junto ao Departamento judicial, baseado nos fatos que fundamentaram
de Polícia Federal, devendo assinar termo de a concessão de refúgio.
responsabilidade e solicitar cédula de identi-
dade pertinente. Art. 35. Para efeito do cumprimento do dispos-
to nos arts. 33 e 34 desta Lei, a solicitação de re-
conhecimento como refugiado será comunicada
CAPÍTULO V – Do Recurso ao órgão onde tramitar o processo de extradição.

Art. 29. No caso de decisão negativa, esta


deverá ser fundamentada na notificação ao CAPÍTULO II – Da Expulsão
solicitante, cabendo direito de recurso ao Mi-
nistro de Estado da Justiça, no prazo de quinze Art. 36. Não será expulso do território nacio-
dias, contados do recebimento da notificação. nal o refugiado que esteja regularmente regis-
legislação correlata

trado, salvo por motivos de segurança nacional


Art. 30. Durante a avaliação do recurso, será ou de ordem pública.
permitido ao solicitante de refúgio e aos seus
familiares permanecer no território nacional, Art. 37. A expulsão de refugiado do território
sendo observado o disposto nos §§ 1o e 2o do nacional não resultará em sua retirada para país
art. 21 desta Lei. onde sua vida, liberdade ou integridade física
71
possam estar em risco, e apenas será efetivada incisos I e IV deste artigo serão enquadrados
quando da certeza de sua admissão em país no regime geral de permanência de estrangeiros
onde não haja riscos de perseguição. no território nacional, e os que a perderem com
fundamento nos incisos II e III estarão sujeitos
às medidas compulsórias previstas na Lei no
TÍTULO VI – Da Cessação e da Perda da 6.815, de 19 de agosto de 1980.
Condição de Refugiado
CAPÍTULO I – Da Cessação da Condição de
Refugiado CAPÍTULO III – Da Autoridade
Competente e do Recurso
Art. 38. Cessará a condição de refugiado nas
hipóteses em que o estrangeiro: Art. 40. Compete ao CONARE decidir em
I – voltar a valer-se da proteção do país de primeira instância sobre cessação ou perda da
que é nacional; condição de refugiado, cabendo, dessa decisão,
II – recuperar voluntariamente a nacionali- recurso ao Ministro de Estado da Justiça, no
dade outrora perdida; prazo de quinze dias, contados do recebimento
III – adquirir nova nacionalidade e gozar da da notificação.
proteção do país cuja nacionalidade adquiriu; § 1o A notificação conterá breve relato dos
IV – estabelecer-se novamente, de maneira fatos e fundamentos que ensejaram a decisão
voluntária, no país que abandonou ou fora do e cientificará o refugiado do prazo para inter-
qual permaneceu por medo de ser perseguido; posição do recurso.
V – não puder mais continuar a recusar a pro- § 2o Não sendo localizado o estrangeiro para
teção do país de que é nacional por terem deixa- a notificação prevista neste artigo, a decisão
do de existir as circunstâncias em conseqüência será publicada no Diário Oficial da União, para
das quais foi reconhecido como refugiado; fins de contagem do prazo de interposição de
VI – sendo apátrida, estiver em condições de recurso.
voltar ao país no qual tinha sua residência ha-
bitual, uma vez que tenham deixado de existir Art. 41. A decisão do Ministro de Estado da
as circunstâncias em conseqüência das quais Justiça é irrecorrível e deverá ser notificada ao
foi reconhecido como refugiado. CONARE, que a informará ao estrangeiro e
ao Departamento de Polícia Federal, para as
providências cabíveis.
CAPÍTULO II – Da Perda da Condição de
Refugiado
TÍTULO VII – Das Soluções Duráveis
Art. 39. Implicará perda da condição de re- CAPÍTULO I – Da Repatriação
fugiado:
I – a renúncia; Art. 42. A repatriação de refugiados aos seus
II – a prova da falsidade dos fundamentos países de origem deve ser caracterizada pelo
invocados para o reconhecimento da condição caráter voluntário do retorno, salvo nos casos
de refugiado ou a existência de fatos que, se em que não possam recusar a proteção do país
fossem conhecidos quando do reconhecimento, de que são nacionais, por não mais subsistirem
Estatuto do Estrangeiro

teriam ensejado uma decisão negativa; as circunstâncias que determinaram o refúgio.


III – o exercício de atividades contrárias à
segurança nacional ou à ordem pública;
IV – a saída do território nacional sem prévia CAPÍTULO II – Da Integração Local
autorização do Governo brasileiro.
Parágrafo único. Os refugiados que per- Art. 43. No exercício de seus direitos e deve-
derem essa condição com fundamento nos res, a condição atípica dos refugiados deverá
72
ser considerada quando da necessidade da TÍTULO VIII – Das Disposições Finais
apresentação de documentos emitidos por seus
países de origem ou por suas representações Art. 47. Os processos de reconhecimento da
diplomáticas e consulares. condição de refugiado serão gratuitos e terão
caráter urgente.
Art. 44. O reconhecimento de certificados
e diplomas, os requisitos para a obtenção Art. 48. Os preceitos desta Lei deverão ser
da condição de residente e o ingresso em interpretados em harmonia com a Declaração
instituições acadêmicas de todos os níveis Universal dos Direitos do Homem de 1948, com
deverão ser facilitados, levando-se em con- a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados
sideração a situação desfavorável vivenciada de 1951, com o Protocolo sobre o Estatuto dos
pelos refugiados. Refugiados de 1967 e com todo dispositivo
pertinente de instrumento internacional de
proteção de direitos humanos com o qual o
CAPÍTULO III – Do Reassentamento Governo brasileiro estiver comprometido.

Art. 45. O reassentamento de refugiados em Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data de
outros países deve ser caracterizado, sempre sua publicação.
que possível, pelo caráter voluntário.
Brasília, 22 de julho de 1997; 176o da Indepen-
Art. 46. O reassentamento de refugiados dência e 109o da República.
no Brasil se efetuará de forma planificada e
com a participação coordenada dos órgãos FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Iris
estatais e, quando possível, de organizações Rezende
não-governamentais, identificando áreas de
cooperação e de determinação de responsa- Promulgada em 22/7/1997 e publicada no Dou de
bilidades. 23/7/1997.

legislação correlata

73
lei no 8.629/1993
Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos
no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 2o Compete ao Congresso Nacional au-


torizar tanto a aquisição ou o arrendamento
Faço saber que o Congresso Nacional decreta além dos limites de área e percentual fixados
e eu sanciono a seguinte lei: na Lei nº 5.709, de 7 de outubro de 1971, como
a aquisição ou arrendamento, por pessoa jurí-
Art. 1o Esta lei regulamenta e disciplina dis- dica estrangeira, de área superior a 100 (cem)
posições relativas à reforma agrária, previstas módulos de exploração indefinida.
no Capítulo III, Título VII, da Constituição ...............................................................................
Federal.
............................................................................... Art. 28. Revogam-se as disposições em con-
trário.
Art. 23. O estrangeiro residente no País e a
pessoa jurídica autorizada a funcionar no Brasil Brasília, 25 de fevereiro de 1993, 172o da Inde-
só poderão arrendar imóvel rural na forma da pendência e 105o da República.
Lei nº 5.709, de 7 de outubro de 1971.
§ 1o Aplicam-se ao arrendamento todos ITAMAR FRANCO – Lázaro Ferreira Barbosa
os limites, restrições e condições aplicáveis à
aquisição de imóveis rurais por estrangeiro, Promulgada em 25/2/1993 e publicada no Dou de
constantes da lei referida no caput deste artigo. 26/2/1993.
Estatuto do Estrangeiro

74
lei no 8.069/1990
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 31. A colocação em família substituta


estrangeira constitui medida excepcional,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta somente admissível na modalidade de adoção.
e eu sanciono a seguinte Lei: ...............................................................................

SUBSEÇÃO II – Da Guarda
TÍTULO I – Das Disposições Preliminares
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assis-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a proteção inte- tência material, moral e educacional à criança
gral à criança e ao adolescente. ou adolescente, conferindo a seu detentor o
direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Art. 2o Considera-se criança, para os efeitos § 1o A guarda destina-se a regularizar a
desta Lei, a pessoa até doze anos de idade in- posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou
completos, e adolescente aquela entre doze e incidentalmente, nos procedimentos de tutela e
dezoito anos de idade. adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, ...............................................................................
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pes-
soas entre dezoito e vinte e um anos de idade. SUBSEÇÃO IV – Da Adoção
...............................................................................
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente
TÍTULO II – Dos Direitos Fundamentais reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.46
CAPÍTULO III – Do Direito à Convivência § 1 o A adoção é medida excepcional e
Familiar e Comunitária irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
SEÇÃO III – Da Família Substituta quando esgotados os recursos de manutenção
SUBSEÇÃO I – Disposições Gerais da criança ou adolescente na família natural
ou extensa, na forma do parágrafo único do
Art. 28. A colocação em família substituta art. 25 desta Lei.
far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, ...............................................................................
independentemente da situação jurídica da
criança ou adolescente, nos termos desta Lei.45 Art. 51. Considera-se adoção internacional
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o aquela na qual a pessoa ou casal postulante é
adolescente será previamente ouvido por equi- residente ou domiciliado fora do Brasil, con-
pe interprofissional, respeitado seu estágio de forme previsto no Artigo 2 da Convenção de
desenvolvimento e grau de compreensão sobre Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
as implicações da medida, e terá sua opinião das Crianças e à Cooperação em Matéria de
devidamente considerada. Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto
legislação correlata

§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e


de idade, será necessário seu consentimento, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de
colhido em audiência. junho de 1999.47
...............................................................................
46
Lei no 12.010/2009.
45
Lei n 12.010/2009.
o 47
Lei no 12.010/2009.
75
§ 1o A adoção internacional de criança ou IV – o relatório será instruído com toda a
adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil documentação necessária, incluindo estudo
somente terá lugar quando restar comprovado: psicossocial elaborado por equipe interprofis-
I – que a colocação em família substituta é a sional habilitada e cópia autenticada da legis-
solução adequada ao caso concreto; lação pertinente, acompanhada da respectiva
II – que foram esgotadas todas as possibili- prova de vigência;
dades de colocação da criança ou adolescente V – os documentos em língua estrangeira se-
em família substituta brasileira, após consulta rão devidamente autenticados pela autoridade
aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; consular, observados os tratados e convenções
III – que, em se tratando de adoção de internacionais, e acompanhados da respectiva
adolescente, este foi consultado, por meios tradução, por tradutor público juramentado;
adequados ao seu estágio de desenvolvimento, VI – a Autoridade Central Estadual poderá
e que se encontra preparado para a medida, fazer exigências e solicitar complementação so-
mediante parecer elaborado por equipe inter- bre o estudo psicossocial do postulante estran-
profissional, observado o disposto nos §§ 1o e geiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
2o do art. 28 desta Lei. VII – verificada, após estudo realizado pela
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior Autoridade Central Estadual, a compatibilidade
terão preferência aos estrangeiros, nos casos de da legislação estrangeira com a nacional, além
adoção internacional de criança ou adolescente do preenchimento por parte dos postulantes
brasileiro. à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
§ 3o A adoção internacional pressupõe a necessários ao seu deferimento, tanto à luz do
intervenção das Autoridades Centrais Estaduais que dispõe esta Lei como da legislação do país
e Federal em matéria de adoção internacional. de acolhida, será expedido laudo de habilitação
à adoção internacional, que terá validade por,
Art. 52. A adoção internacional observará o no máximo, 1 (um) ano;
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta VIII – de posse do laudo de habilitação, o
Lei, com as seguintes adaptações:48 interessado será autorizado a formalizar pedi-
I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado do de adoção perante o Juízo da Infância e da
em adotar criança ou adolescente brasileiro, Juventude do local em que se encontra a criança
deverá formular pedido de habilitação à ado- ou adolescente, conforme indicação efetuada
ção perante a Autoridade Central em matéria pela Autoridade Central Estadual.
de adoção internacional no país de acolhida, § 1o Se a legislação do país de acolhida
assim entendido aquele onde está situada sua assim o autorizar, admite-se que os pedidos
residência habitual; de habilitação à adoção internacional sejam
II – se a Autoridade Central do país de intermediados por organismos credenciados.
acolhida considerar que os solicitantes estão § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal
habilitados e aptos para adotar, emitirá um re- Brasileira o credenciamento de organismos
latório que contenha informações sobre a iden- nacionais e estrangeiros encarregados de
tidade, a capacidade jurídica e adequação dos intermediar pedidos de habilitação à adoção
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, internacional, com posterior comunicação às
familiar e médica, seu meio social, os motivos Autoridades Centrais Estaduais e publicação
que os animam e sua aptidão para assumir uma nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio pró-
Estatuto do Estrangeiro

adoção internacional; prio da internet.


III – a Autoridade Central do país de aco- § 3o Somente será admissível o credencia-
lhida enviará o relatório à Autoridade Central mento de organismos que:
Estadual, com cópia para a Autoridade Central I – sejam oriundos de países que ratificaram
Federal Brasileira; a Convenção de Haia e estejam devidamente
credenciados pela Autoridade Central do país
48
Lei no 12.010/2009. onde estiverem sediados e no país de acolhida
76
do adotando para atuar em adoção internacio- toridade Central Federal Brasileira cópia da
nal no Brasil; certidão de registro de nascimento estrangeira
II – satisfizerem as condições de integridade e do certificado de nacionalidade tão logo lhes
moral, competência profissional, experiência sejam concedidos.
e responsabilidade exigidas pelos países res- § 5 o A não apresentação dos relatórios
pectivos e pela Autoridade Central Federal referidos no § 4o deste artigo pelo organismo
Brasileira; credenciado poderá acarretar a suspensão de
III – forem qualificados por seus padrões seu credenciamento.
éticos e sua formação e experiência para atuar § 6o O credenciamento de organismo nacio-
na área de adoção internacional; nal ou estrangeiro encarregado de intermediar
IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo pedidos de adoção internacional terá validade
ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas de 2 (dois) anos.
estabelecidas pela Autoridade Central Federal § 7o A renovação do credenciamento poderá
Brasileira. ser concedida mediante requerimento protoco-
§ 4o Os organismos credenciados deverão lado na Autoridade Central Federal Brasileira
ainda: nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do
I – perseguir unicamente fins não lucrati- respectivo prazo de validade.
vos, nas condições e dentro dos limites fixados § 8o Antes de transitada em julgado a deci-
pelas autoridades competentes do país onde são que concedeu a adoção internacional, não
estiverem sediados, do país de acolhida e pela será permitida a saída do adotando do território
Autoridade Central Federal Brasileira; nacional.
II – ser dirigidos e administrados por pes- § 9o Transitada em julgado a decisão, a
soas qualificadas e de reconhecida idoneidade autoridade judiciária determinará a expedição
moral, com comprovada formação ou experiên- de alvará com autorização de viagem, bem
cia para atuar na área de adoção internacional, como para obtenção de passaporte, constando,
cadastradas pelo Departamento de Polícia obrigatoriamente, as características da criança
Federal e aprovadas pela Autoridade Central ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo,
Federal Brasileira, mediante publicação de eventuais sinais ou traços peculiares, assim
portaria do órgão federal competente; como foto recente e a aposição da impressão
III – estar submetidos à supervisão das au- digital do seu polegar direito, instruindo o
toridades competentes do país onde estiverem documento com cópia autenticada da decisão
sediados e no país de acolhida, inclusive quanto e certidão de trânsito em julgado.
à sua composição, funcionamento e situação § 10. A Autoridade Central Federal Bra-
financeira; sileira poderá, a qualquer momento, solicitar
IV – apresentar à Autoridade Central Fe- informações sobre a situação das crianças e
deral Brasileira, a cada ano, relatório geral das adolescentes adotados.
atividades desenvolvidas, bem como relatório § 11. A cobrança de valores por parte dos
de acompanhamento das adoções internacio- organismos credenciados, que sejam consi-
nais efetuadas no período, cuja cópia será enca- derados abusivos pela Autoridade Central
minhada ao Departamento de Polícia Federal; Federal Brasileira e que não estejam devida-
V – enviar relatório pós-adotivo semestral mente comprovados, é causa de seu descre-
para a Autoridade Central Estadual, com cópia denciamento.
para a Autoridade Central Federal Brasileira, § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
legislação correlata

pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio não podem ser representados por mais de uma
do relatório será mantido até a juntada de cópia entidade credenciada para atuar na cooperação
autenticada do registro civil, estabelecendo a em adoção internacional.
cidadania do país de acolhida para o adotado; § 13. A habilitação de postulante estrangeiro
VI – tomar as medidas necessárias para ou domiciliado fora do Brasil terá validade
garantir que os adotantes encaminhem à Au- máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.
77
§ 14. É vedado o contato direto de repre- da criança ou do adolescente será conhecida
sentantes de organismos de adoção, nacionais pela Autoridade Central Estadual que tiver
ou estrangeiros, com dirigentes de programas processado o pedido de habilitação dos pais
de acolhimento institucional ou familiar, adotivos, que comunicará o fato à Autoridade
assim como com crianças e adolescentes em Central Federal e determinará as providências
condições de serem adotados, sem a devida necessárias à expedição do Certificado de Na-
autorização judicial. turalização Provisório.51
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasi- § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvi-
leira poderá limitar ou suspender a concessão do o Ministério Público, somente deixará de
de novos credenciamentos sempre que julgar reconhecer os efeitos daquela decisão se restar
necessário, mediante ato administrativo fun- demonstrado que a adoção é manifestamente
damentado. contrária à ordem pública ou não atende ao
interesse superior da criança ou do adolescente.
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsa- § 2o Na hipótese de não reconhecimento da
bilidade e descredenciamento, o repasse de adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Minis-
recursos provenientes de organismos estran- tério Público deverá imediatamente requerer o
geiros encarregados de intermediar pedidos de que for de direito para resguardar os interesses
adoção internacional a organismos nacionais da criança ou do adolescente, comunicando-se
ou a pessoas físicas.49 as providências à Autoridade Central Estadual,
Parágrafo único. Eventuais repasses somen- que fará a comunicação à Autoridade Central
te poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos Federal Brasileira e à Autoridade Central do
da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos país de origem.
às deliberações do respectivo Conselho de Di-
reitos da Criança e do Adolescente. Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quan-
do o Brasil for o país de acolhida e a adoção não
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente tenha sido deferida no país de origem porque a
no exterior em país ratificante da Convenção sua legislação a delega ao país de acolhida, ou,
de Haia, cujo processo de adoção tenha sido ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a
processado em conformidade com a legisla- criança ou o adolescente ser oriundo de país
ção vigente no país de residência e atendido o que não tenha aderido à Convenção referida, o
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida processo de adoção seguirá as regras da adoção
Convenção, será automaticamente recepciona- nacional.52
da com o reingresso no Brasil.50 ...............................................................................
§ 1o Caso não tenha sido atendido o dispos-
to na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de TÍTULO III – Da Prevenção
Haia, deverá a sentença ser homologada pelo CAPÍTULO II – Da Prevenção Especial
Superior Tribunal de Justiça. SEÇÃO III – Da Autorização para Viajar
§ 2o O pretendente brasileiro residente no ...............................................................................
exterior em país não ratificante da Convenção
de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá Art. 85. Sem prévia e expressa autorização
requerer a homologação da sentença estrangei- judicial, nenhuma criança ou adolescente
ra pelo Superior Tribunal de Justiça. nascido em território nacional poderá sair do
Estatuto do Estrangeiro

País em companhia de estrangeiro residente ou


Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quan- domiciliado no exterior.
do o Brasil for o país de acolhida, a decisão ...............................................................................
da autoridade competente do país de origem
49
Lei no 12.010/2009. 51
Lei no 12.010/2009.
50
Lei no 12.010/2009. 52
Lei no 12.010/2009.
78
PARTE ESPECIAL o Ministério Público, garantida a livre manifes-
TÍTULO VI – Do Acesso à Justiça tação de vontade e esgotados os esforços para
CAPÍTULO III – Dos Procedimentos manutenção da criança ou do adolescente na
SEÇÃO IV – Da Colocação em Família família natural ou extensa.
Substituta § 4o O consentimento prestado por escrito
não terá validade se não for ratificado na audi-
Art. 165. São requisitos para a concessão de ência a que se refere o § 3o deste artigo.
pedidos de colocação em família substituta: § 5o O consentimento é retratável até a
I – qualificação completa do requerente e data da publicação da sentença constitutiva
de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com da adoção.
expressa anuência deste; § 6o O consentimento somente terá valor se
II – indicação de eventual parentesco do for dado após o nascimento da criança.
requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, § 7o A família substituta receberá a devida
com a criança ou adolescente, especificando se orientação por intermédio de equipe técnica
tem ou não parente vivo; interprofissional a serviço do Poder Judiciário,
III – qualificação completa da criança ou preferencialmente com apoio dos técnicos res-
adolescente e de seus pais, se conhecidos; ponsáveis pela execução da política municipal
IV – indicação do cartório onde foi inscrito de garantia do direito à convivência familiar.
nascimento, anexando, se possível, uma cópia
da respectiva certidão; Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou
V – declaração sobre a existência de bens, a requerimento das partes ou do Ministério Pú-
direitos ou rendimentos relativos à criança ou blico, determinará a realização de estudo social
ao adolescente. ou, se possível, perícia por equipe interprofis-
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, sional, decidindo sobre a concessão de guarda
observar-se-ão também os requisitos especí- provisória, bem como, no caso de adoção, sobre
ficos. o estágio de convivência.54
Parágrafo único. Deferida a concessão da
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem guarda provisória ou do estágio de convivência,
sido destituídos ou suspensos do poder familiar, a criança ou o adolescente será entregue ao in-
ou houverem aderido expressamente ao pedido teressado, mediante termo de responsabilidade.
de colocação em família substituta, este poderá
ser formulado diretamente em cartório, em Art. 168. Apresentado o relatório social ou o
petição assinada pelos próprios requerentes, laudo pericial, e ouvida, sempre que possível,
dispensada a assistência de advogado.53 a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, autos ao Ministério Público, pelo prazo de
esses serão ouvidos pela autoridade judiciária cinco dias, decidindo a autoridade judiciária
e pelo representante do Ministério Público, em igual prazo.
tomando-se por termo as declarações.
§ 2 o O consentimento dos titulares do Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição
poder familiar será precedido de orientações da tutela, a perda ou a suspensão do poder fa-
e esclarecimentos prestados pela equipe inter- miliar constituir pressuposto lógico da medida
profissional da Justiça da Infância e da Juven- principal de colocação em família substituta,
tude, em especial, no caso de adoção, sobre a será observado o procedimento contraditório
legislação correlata

irrevogabilidade da medida. previsto nas Seções II e III deste Capítulo.55


§ 3 o O consentimento dos titulares do Parágrafo único. A perda ou a modificação
poder familiar será colhido pela autoridade da guarda poderá ser decretada nos mesmos
judiciária competente em audiência, presente
54
Lei no 12.010/2009.
53
Lei n 12.010/2009.
o 55
Lei no 12.010/2009.
79
autos do procedimento, observado o disposto Parágrafo único. Durante o período de
no art. 35. vacância deverão ser promovidas atividades
e campanhas de divulgação e esclarecimentos
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, acerca do disposto nesta Lei.
observar-se-á o disposto no art. 32, e, quanto
à adoção, o contido no art. 47.56 Art. 267. Revogam-se as Leis nos 4.513, de
Parágrafo único. A colocação de criança ou 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Có-
adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em digo de Menores), e as demais disposições em
programa de acolhimento familiar será comu- contrário.
nicada pela autoridade judiciária à entidade
por este responsável no prazo máximo de 5 Brasília, 13 de julho de 1990; 169o da Indepen-
(cinco) dias. dência e 102o da República.
...............................................................................
FERNANDO COLLOR – Bernardo Cabral –
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Carlos Chiarelli – Antônio Magri – Margarida
Procópio
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias
após sua publicação. Promulgada em 13/7/1990, publicada no Dou de
16/7/1990 e retificada no Dou de 27/9/1990.
56
Lei no 12.010/2009.

Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de


Adoção Internacional

Os Estados signatários da presente Convenção, sejam feitas no interesse superior da criança


e com respeito a seus direitos fundamentais,
Reconhecendo que, para o desenvolvimento assim como para prevenir o seqüestro, a venda
harmonioso de sua personalidade, a criança ou o tráfico de crianças; e
deve crescer em meio familiar, em clima de
felicidade, de amor e de compreensão; Desejando estabelecer para esse fim disposi-
ções comuns que levem em consideração os
Recordando que cada país deveria tomar, com princípios reconhecidos por instrumentos
caráter prioritário, medidas adequadas para internacionais, em particular a Convenção das
permitir a manutenção da criança em sua Nações Unidas sobre os Direitos da Criança,
família de origem; de 20 de novembro de 1989, e pela Declaração
das Nações Unidas sobre os Princípios Sociais
Reconhecendo que a adoção internacional e Jurídicos Aplicáveis à Proteção e ao Bem-
pode apresentar a vantagem de dar uma família -estar das Crianças, com Especial Referência às
Estatuto do Estrangeiro

permanente à criança para quem não se possa Práticas em Matéria de Adoção e de Colocação
encontrar uma família adequada em seu país Familiar nos Planos Nacional e Internacional
de origem; (Resolução da Assembléia Geral 41/85, de 3 de
dezembro de 1986),
Convencidos da necessidade de prever medidas
para garantir que as adoções internacionais Acordam nas seguintes disposições:

80
CAPÍTULO I – Âmbito de Aplicação da 2. A Convenção somente abrange as Adoções
Convenção que estabeleçam um vínculo de filiação.
...............................................................................
ARTIGO 1

A presente Convenção tem por objetivo: CAPÍTULO IV – Requisitos Processuais


para a Adoção Internacional
a) estabelecer garantias para que as adoções ...............................................................................
internacionais sejam feitas segundo o interesse
superior da criança e com respeito aos direitos
fundamentais que lhe reconhece o direito in- ARTIGO 17
ternacional;
Toda decisão de confiar uma criança aos futuros
b) instaurar um sistema de cooperação entre os pais adotivos somente poderá ser tomada no
Estados Contratantes que assegure o respeito Estado de origem se:
às mencionadas garantias e, em conseqüência,
previna o seqüestro, a venda ou o tráfico de a) a Autoridade Central do Estado de origem
crianças; tiver-se assegurado de que os futuros pais ado-
tivos manifestaram sua concordância;
c) assegurar o reconhecimento nos Estados
Contratantes das adoções realizadas segundo b) a Autoridade Central do Estado de aco-
a Convenção. lhida tiver aprovado tal decisão, quando esta
aprovação for requerida pela lei do Estado de
acolhida ou pela Autoridade Central do Estado
ARTIGO 2 de origem;

1. A Convenção será aplicada quando uma c) as Autoridades Centrais de ambos os Estados


criança com residência habitual em um Estado estiverem de acordo em que se prossiga com a
Contratante (“o Estado de origem”) tiver sido, adoção; e
for, ou deva ser deslocada para outro Estado
Contratante (“o Estado de acolhida”), quer após d) tiver sido verificado, de conformidade com
sua adoção no Estado de origem por cônjuges o artigo 5, que os futuros pais adotivos estão
ou por uma pessoa residente habitualmente no habilitados e aptos a adotar e que a criança está
Estado de acolhida, quer para que essa adoção ou será autorizada a entrar e residir permanen-
seja realizada, no Estado de acolhida ou no temente no Estado de acolhida.
Estado de origem. ...............................................................................
legislação correlata

81
lei no 7.685/1988
Dispõe sobre o registro provisório para o estrangeiro em situação ilegal em território nacional.

Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLI- § 1o A taxa instituída por esta Lei cor-
CA adotou a Medida Provisória no 19, de 1988, responderá a duas vezes o Maior Valor de
que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Hum- Referência.
berto Lucena, Presidente do Senado Federal, § 2o Os estrangeiros que requererem regis-
para os efeitos do disposto no parágrafo único tro provisório estarão isentos do pagamento de
do art. 62 da Constituição Federal, promulgo multas ou de quaisquer outras taxas, além da
a seguinte Lei: prevista nesta Lei.

Art. 1o Poderá requerer registro provisório o Art. 4o A concessão de registro provisório de


estrangeiro que, tendo ingressado no território estrangeiro implicará expedição de cédula de
nacional até a presente data, nele permaneça identidade específica.
em situação ilegal.57 Parágrafo único. Será obrigatória a expedi-
ção de cédula de identidade para os menores
Art. 2o O registro provisório, a partir de sua em idade escolar.
concessão, assegura ao seu detentor permanên-
cia por até dois anos, com os mesmos direitos Art. 5o No prazo de noventa dias anteriores ao
e deveres de estrangeiro possuidor de visto término da validade do registro, o estrangeiro
temporário, previsto no art. 13, item V da Lei poderá requerer sua prorrogação por igual
no 6.815, de 19 de agosto de 1980, inclusive: período, desde que comprove:
I – exercício de atividade remunerada; I – exercício de profissão ou emprego lícito
II – matrícula em estabelecimento de ensino; ou a propriedade de bens suficientes à manu-
III – livre locomoção pelo território na- tenção própria e da família;
cional. II – bom procedimento;
III – ausência de débitos fiscais e anteceden-
Art. 3o O requerimento de registro provisório tes criminais;
será dirigido ao Ministro da Justiça até 1o de IV – possuir as condições de saúde estabe-
fevereiro de 1989, instruído com comprovante lecidas pelo Ministério da Saúde.
do pagamento de taxa de registro e apenas um
dos seguintes documentos: Art. 6o Finda a prorrogação de que trata o
I – cópia autêntica do passaporte ou docu- artigo anterior, o registro provisório poderá ser
mento equivalente; transformado em visto permanente, nos termos
II – certidão fornecida pela representação da legislação em vigor, mediante requerimento
diplomática ou consular do país de que seja apresentado nos noventa dias que antecederem
nacional o estrangeiro, atestando a sua nacio- o final daquele período.
nalidade;
Estatuto do Estrangeiro

III – certidão de registro de nascimento ou Art. 7o Negada ou declarada nula a prorroga-


casamento; ção ou a permanência, o registro será cancelado
IV – qualquer outro documento de identifi- e a cédula de identidade perderá seus efeitos,
cação, que permita à Administração conferir os devendo ser recolhida.
dados de qualificação do estrangeiro.
Art. 8o O registro provisório ou a permanência
57
Lei n 9.675/1998.
o
serão declarados nulos se, a qualquer tempo,
82
verificar-se a falsidade das informações presta- Art. 11. O Poder Executivo expedirá normas
das pelo estrangeiro. para a fiel execução da presente Lei.
Parágrafo único. O estrangeiro que prestar
declaração falsa em processo de registro provi- Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de
sório fica sujeito à deportação imediata. sua publicação.

Art. 9o O disposto nesta Lei é inaplicável ao Senado Federal, 2 de dezembro de 1988; 167o
estrangeiro expulso, passível de expulsão ou da Independência e 100o da República.
àquele que, na forma da lei, ofereça indícios
sérios de periculosidade ou indesejabilidade. HUMBERTO LUCENA

Art. 10. Consideram-se válidos, para os fins Promulgada em de 2/12/1988 e publicada no Dou
desta Lei, os atos praticados durante a vigência de 2/12/1988.
do Decreto-Lei no 2.481, de 3 de outubro de
1988, mantidos os efeitos deles decorrentes.

legislação correlata

83
lei no 7.180/1983
Dispõe sobre a concessão da permanência no Brasil aos estrangeiros registrados provisoriamente.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art 4o Constitui infração punível com expul-


são a declaração falsa em processo de concessão
Faço saber que o Congresso Nacional decreta da permanência.
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art 5o O requerimento de que trata o art. 2o
Art 1 Os estrangeiros beneficiados pelo regis-
o
desta Lei deverá ser entregue nos Serviços de
tro provisório de que trata o art. 134 da Lei no Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras, da
6.815, de 19 de agosto de 1980, alterada pela Lei Superintendência Regional do Departamento
no 6.964, de 9 de dezembro de 1981, poderão de Polícia Federal na Unidade da Federação
obter a permanência no País, observadas as em que residir o interessado, até o dia 31 de
disposições desta Lei. maio de 1984.
Parágrafo único. Concedido o registro per- Parágrafo único. Durante o período em que
manente aos pais, os filhos menores de 21 anos estiver sob exame do Ministério da Justiça o
receberão a permanência, independentemente requerimento, prorrogam-se os efeitos, para
de cumprirem as disposições do art. 2o desta Lei. todos os fins, do registro provisório.

Art 2o Para pleitear a permanência, o estran- Art 6o Não será concedida a permanência ao
geiro formulará requerimento ao Diretor-Geral estrangeiro:
do Departamento Federal de Justiça do Mi- I – considerado nocivo à ordem pública ou
nistério da Justiça, instruído com os seguintes aos interesses nacionais;
documentos: II – expulso do País, salvo se a expulsão tiver
I – cópia autenticada da carteira de identi- sido revogada;
dade provisória expedida pelo Departamento III – condenado ou processado em outro
de Polícia Federal; país por crime doloso passível de extradição
II – declaração de que não se enquadra no segundo a lei brasileira;
inciso III do art. 6o desta Lei; IV – que não satisfaça as condições de saúde
III – atestado policial de antecedentes pas- estabelecidas pelo Ministério da Saúde;
sado pelo órgão competente do lugar de sua V – que a requeira fora do prazo estatuído
residência no Brasil; no art. 5o desta Lei.
IV – atestado de saúde fornecido pelo órgão
competente do Ministério da Saúde; Art 7o Concedida a permanência, o estrangeiro
V – prova do exercício da profissão ou da deverá registrar-se no Departamento de Polícia
posse de bens suficientes à manutenção própria Federal no prazo de 90 (noventa) dias, contados
e da família; da publicação do ato no Diário Oficial, sob pena
VI – comprovante do recolhimento de taxa de caducidade.
Estatuto do Estrangeiro

correspondente ao maior valor de referência.


Art 8o (Vetado)
Art 3 Verificada, a qualquer tempo, a falsi-
o

dade ideológica ou material de qualquer dos Art 9o (Vetado)


documentos de que trata o artigo anterior, será
declarada nula a concessão da permanência Art 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua
sem prejuízo da ação penal cabível. publicação.
84
Art 11. Revogam-se o art. 133 da Lei no 6.815, JOÃO FIGUEIREIDO – Ibrahim Abi-Ackel
de 19 de agosto de 1980, alterada pela Lei no
6.964, de 9 de dezembro de 1981, e as demais Promulgada em 20/12/1983 e publicada no Dou
disposições em contrário. de 21/12/1983.

Brasília, em 20 de dezembro de 1983; 162o da


Independência e 95o da República.

legislação correlata

85
Decreto no 74.965/1974
Regulamenta a Lei no 5.709, de 7 de outubro de 1971, que dispõe sobre a aquisição de imóvel rural
por estrangeiro residente no País ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da poderá ultrapassar 1/4 (um quarto) da superfí-


atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, cie dos Municípios onde se situem comprovada
da Constituição, e tendo em vista o disposto por certidão do Registro de Imóveis, com base
no artigo 19, da Lei no 5.709, de 7 de outubro no livro auxiliar de que trata o artigo 15.
de 1971, § 1o As pessoas de mesma nacionalidade
não poderão ser proprietárias, em cada Muni-
DECRETA: cípio, de mais de 40% (quarenta por cento) do
limite fixado neste artigo.
Art. 1o O estrangeiro residente no País e a pes- § 2o Ficam excluídas das restrições deste
soa jurídica estrangeira autorizada a funcionar artigo as aquisições de áreas rurais:
no Brasil só poderão adquirir imóvel rural na I – Inferiores a 3 (três) módulos;
forma prevista neste regulamento. II – Que tiveram sido objeto de compra e
§ 1o Fica também sujeita ao regime estabe- venda, de promessa de compra e venda, de
lecido por este regulamento a pessoa jurídica cessão ou de promessa de cessão, constante de
brasileira da qual participem, a qualquer título, escritura pública ou de documento particular
pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas, que te- devidamente protocolado na circunscrição
nham a maioria do seu capital social e residam imobiliária competente, e cadastrada no IN-
ou tenham sede no exterior. CRA em nome do promitente-comprador, antes
§ 2o As restrições estabelecidas neste regula- de 10 de março de 1969;
mento não se aplicam aos casos de transmissão III – Quando o adquirente tiver filho brasi-
causa mortis. leiro ou for casado com pessoa brasileira sob o
regime de comunhão de bens.
Art. 2o A pessoa estrangeira, física ou jurídi- § 3o Será autorizada por Decreto, em cada
ca, só poderá adquirir imóvel situado em área caso, a aquisição além dos limites fixados neste
considerada indisponível à segurança nacional artigo, quando se tratar de imóvel rural vincula-
mediante assentimento prévio da Secretaria do a projetos julgados prioritários em face dos
Geral do Conselho de Segurança Nacional. planos de desenvolvimento do País.

Art. 3o Na aquisição de imóvel rural por pessoa Art. 6o Ao estrangeiro que pretende imigrar
estrangeira, física ou jurídica, é da essência do para o Brasil é facultado celebrar, ainda em
ato a escritura pública. seu país de origem, compromisso de compra
e venda do imóvel rural desde que, dentro de
Art. 4o Compete ao Instituto Nacional de 3 (três) anos, contados da data do contrato,
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) fi- venha fixar domicílio no Brasil e explorar o
Estatuto do Estrangeiro

xar, para cada região, o módulo de exploração imóvel.


indefinida, podendo modificá-lo sempre que § 1 o Se o compromissário comprador
houver alteração das condições econômicas e descumprir qualquer das condições estabele-
sociais da região. cidas neste artigo, reputar-se-á absolutamente
ineficaz o compromisso de compra e venda,
Art. 5o A soma das áreas rurais pertencentes sendo-lhe defeso adquirir, por qualquer modo,
a pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas, não a propriedade do imóvel.
86
§ 2o No caso previsto no parágrafo antece- à aquisição do imóvel rural por estrangeiro,
dente, caberá ao promitente-vendedor propor observadas as disposições da legislação vigente,
a ação para declarar a ineficácia do compro- até que seja lavrada a escritura pública.
misso, estando desobrigado de restituir as § 2o Semestralmente a empresa coloniza-
importâncias que recebeu do compromissário dora deverá encaminhar, ao órgão estadual do
comprador. INCRA, relação dos adquirentes, mencionando
§ 3o O prazo referido neste artigo poderá a percentagem atualizada das áreas rurais per-
ser prorrogado pelo Ministério da Agricultura, tencentes a estrangeiros, no loteamento.
ouvido o INCRA, se o promitente-comprador
embora sem transferir seu domicílio para o Art. 9o O interessado que pretender obter au-
Brasil por motivo justificado, utilizou o imóvel torização para adquirir imóvel rural formulará
na implantação de projeto de culturas perma- requerimento ao INCRA, declarando:
nentes. a) se possui, ou não, outros imóveis rurais;
§ 4o Dos compromissos de compra e venda b) se, com a nova aquisição, suas proprie-
devem constar obrigatoriamente, sob pena de dades não excedem 50 (cinquenta) módulos
nulidade, as cláusulas estabelecidas neste artigo. de exploração indefinida, em área contínua ou
descontínua;
Art. 7o A aquisição de imóvel rural por pessoa c) a destinação a ser dada ao imóvel, através
física estrangeira não poderá exceder a 50 (cin- do projeto de exploração, se a área for superior
qüenta) módulos de exploração indefinida, em a 20 (vinte) módulos.
área contínua ou descontínua. Parágrafo único. O requerimento de au-
§ 1o Quando se tratar de imóvel com área torização será instruído por documentos que
não superior a 3 (três) módulos, a aquisição será provem:
livre, independendo de qualquer autorização 1) a residência do interessado no território
ou licença, ressalvadas as exigências gerais nacional;
determinadas em lei. 2) a área total do município onde se situa o
§ 2o A aquisição de imóvel rural entre 3 imóvel a ser adquirido;
(três) e 50 (cinqüenta) módulos de exploração 3) a soma das áreas rurais transcritas em
indefinida dependerá de autorização do IN- nome de estrangeiros, no município, por gru-
CRA, ressalvado o disposto no artigo 2o. pos de nacionalidade;
§ 3o Dependerá também de autorização a 4) qualquer das circunstâncias mencionadas
aquisição de mais de um imóvel, com área não nos incisos do § 2o do artigo 5o deste Regula-
superior a três módulos, feita por uma pessoa mento.
física.
§ 4o A autorização para aquisição por pessoa Art. 10. Concedida a autorização pelo INCRA,
física condicionar-se-á, se o imóvel for de área que ouvirá previamente a Secretaria Geral do
superior a 20 (vinte) módulos, à aprovação do Conselho de Segurança Nacional, quando for o
projeto de exploração correspondente. caso, poderá o Tabelião lavrar a escritura, nela
§ 5o O Presidente da República, ouvido o mencionando obrigatoriamente:
Conselho de Segurança Nacional, poderá au- I – O documento de identidade do adqui-
mentar o limite fixado neste artigo. rente;
II – Prova de residência no território na-
Art. 8o Nos loteamentos rurais efetuados por cional;
legislação correlata

empresas particulares de colonização, a aqui- III – A autorização do INCRA.


sição e ocupação de, no mínimo, 30% (trinta Parágrafo único. O prazo de validade da
por cento) da área total, serão feitas obrigato- autorização é de 30 dias, dentro do qual deverá
riamente por brasileiros. ser lavrada a escritura pública, seguindo-se a
§ 1o A empresa colonizadora é responsável transcrição na Circunscrição Imobiliária, no
pelo encaminhamento dos processos referentes prazo de 15 dias.
87
Art. 11. A pessoa jurídica estrangeira, autori- I – Que se dediquem a loteamento rural;
zada a funcionar no Brasil, ou a pessoa jurídica II – Que explorem diretamente áreas rurais;
brasileira, na hipótese do artigo 1o, § 1o, só po- III – Que sejam proprietárias de imóveis
derão adquirir imóveis rurais quando estes se rurais não-vinculados a suas atividades esta-
destinem à implantação de projetos agrícolas, tutárias.
pecuários, industriais, ou de colonização vin- Parágrafo único. A norma deste artigo não
culados aos seus objetivos estatuários. se aplica às autarquias, empresas públicas e
§ 1o A aquisição dependerá da aprovação sociedades de economia mista, mencionadas,
dos projetos pelo Ministério da Agricultura, no artigo 4o do Decreto-lei no 200, de 25 de feve-
ouvido o órgão federal competente. reiro de 1967, com a redação que foi dada pelo
§ 2 o São competentes para apreciar os Decreto-lei no 900, de 29 de setembro de 1967.
projetos:
a) o INCRA, para os de colonização; Art. 14. Deferido o pedido, lavrar-se-á escri-
b) a SUDAM e a SUDENE, para os agrícolas tura pública, dela constando obrigatoriamente:
e pecuários situados nas respectivas áreas; a) a aprovação pelo Ministério da Agricultura;
c) o Ministério da Indústria e do Comércio, b) os documentos comprobatórios de sua
para os industriais e turísticos, por intermédio constituição e de licença para seu funciona-
do Conselho do Desenvolvimento Industrial mento no Brasil;
e da Empresa Brasileira de Turismo, respec- c) a autorização do Presidente da República,
tivamente. nos casos previstos no § 3o do artigo 5o, deste
regulamento.
Art. 12. A pessoa jurídica que pretender § 1o No caso de o adquirente ser sociedade
aprovação de projeto deverá apresentá-lo ao anônima brasileira, constará a prova de adoção
órgão competente, instruindo o pedido com da forma nominativa de suas ações.
documentos que provem: § 2o O prazo de validade do deferimento
a) a área total do município, onde se situa o do pedido é de 30 dias, dentro do qual deverá
imóvel a ser adquirido; ser lavrada a escritura pública, seguindo-se a
b) a soma das áreas rurais transcritas em transcrição na Circunscrição Imobiliária, no
nome de estrangeiros, no município, por gru- prazo de 15 dias.
pos de nacionalidade;
c) o assentimento prévio da Secretaria Geral Art. 15. Os Cartórios de Registro de Imóveis
do Conselho de Segurança Nacional, no caso manterão cadastro especial em livro auxiliar das
de o imóvel situar-se em área considerada in- aquisições de terras rurais por pessoas estran-
dispensável à segurança nacional; geiras, físicas e jurídicas, no qual se mencionará:
d) o arquivamento do contrato social ou I – o documento de identidade das partes
estatuto no Registro de Comércio; contratantes ou dos respectivos atos de consti-
e) a adoção de forma nominativa de suas tuição, se pessoas jurídicas;
ações, feita por certidão do Registro de Comér- II – memorial descritivo do imóvel, com
cio, nas hipóteses previstas no artigo 13 deste área, características, limites e confrontações;
regulamento. III – a autorização do órgão competente,
Parágrafo único. Observar-se-á o mesmo quando for o caso;
procedimento nos casos previstos no § 3o, do IV – as circunstâncias mencionadas no § 2o,
Estatuto do Estrangeiro

artigo 5o, deste regulamento, hipótese em que o do artigo 5o.


projeto, depois da manifestação do Ministério Parágrafo único. O livro (modelo anexo) terá
da Agricultura, será encaminhado ao Presiden- páginas duplas, divididas em 5 colunas, com
te da República para decisão. 3,5cm, 9,5cm, 14cm, 12cm e 15cm, encimadas
com os dizeres “no” “Adquirente e Transmitente”,
Art. 13. Adotarão obrigatoriamente a forma “Descrição do Imóvel”, “Certidões e Autoriza-
nominativa as ações de sociedades anônimas: ções” e “Averbações” respectivamente, e nele
88
registrar-se-ão as aquisições referidas neste Tabelião que lavrará a escritura e o oficial de re-
regulamento, na data da transcrição do título. gistro que a transcrever responderão civilmente
pelos danos que causarem aos contratantes, sem
Art. 16. Trimestralmente, os Cartórios de Re- prejuízo da responsabilidade criminal por pre-
gistro de Imóveis remeterão, sob pena de perda varicação ou falsidade ideológica; o alienante
de cargo, à Corregedoria da Justiça dos Estados ficará obrigado a restituir ao adquirente o preço
a que estiverem subordinados e à repartição do imóvel, ou as quantias recebidas a este título,
estadual do INCRA, relação das aquisições como parte do pagamento.
de áreas rurais por pessoas estrangeiras, da
qual constem os dados enumerados no artigo Art. 20. As normas deste regulamento apli-
anterior. cam-se a qualquer alienação de imóvel rural
Parágrafo único. Quando se tratar de imó- para pessoa física ou jurídica estrangeira, em
vel situado em área indispensável à segurança casos como o de fusão ou incorporação de
nacional, a relação mencionada neste artigo empresas, de alteração do controle acionário da
deverá ser remetida também à Secretaria Geral sociedade, ou de transformação de pessoa jurí-
do Conselho de Segurança Nacional. dica nacional para pessoa jurídica estrangeira.
Parágrafo único. O Oficial de Registro de
Art. 17. Para os efeitos da Lei número 4.504, de Imóveis só fará a transcrição de documentos
30 de novembro de 1964 e deste regulamento, relativos aos negócios de que trata este artigo,
consideram-se empresas particulares de colo- se neles houver a reprodução das autorizações
nização as pessoas físicas nacionais ou estran- correspondentes.
geiras, residentes ou domiciliadas no Brasil, ou
jurídicas, constituídas e sediadas no País, que Art. 21. Este Decreto entrará em vigor na data
tiverem por finalidade executar programa de de sua publicação, revogadas as disposições em
valorização de área ou distribuição de terras. contrário.

Art. 18. Salvo nos casos previstos em legislação Brasília, 26 de novembro de 1974; 153o da In-
de núcleos coloniais onde se estabeleçam em dependência e 86o da República.
lotes rurais, como agricultores, estrangeiros
imigrantes, é vedada, a qualquer título a doação ERNESTO GEISEL – Armando Falcão –
de terras da União ou dos Estados a pessoas Alysson Paulinelli – Severo Fagundes Gomes
estrangeiras, físicas ou jurídicas. – Maurício Rangel Reis

Art. 19. É nula de pleno direito a aquisição de Decretado em 26/11/1974, publicado no Dou de
imóvel rural que viole as prescrições legais: o 27/11/1974 e retificado no Dou de 5/12/1974.

legislação correlata

89
lei no 5.709/1971
Regula a Aquisição de Imóvel Rural por Estrangeiro Residente no País ou Pessoa Jurídica Estrangeira
Autorizada a Funcionar no Brasil, e dá outras Providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 4o Nos loteamentos rurais efetuados por


empresas particulares de colonização, a aqui-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta sição e ocupação de, no mínimo, 30% (trinta
e eu sanciono a seguinte Lei: por cento) da área total serão feitas obrigato-
riamente por brasileiros.
Art. 1o O estrangeiro residente no País e a pes-
soa jurídica estrangeira autorizada a funcionar Art. 5o As pessoas jurídicas estrangeiras refe-
no Brasil só poderão adquirir imóvel rural na ridas no art. 1o desta Lei só poderão adquirir
forma prevista nesta Lei.58 imóveis rurais destinados à implantação de
§ 1o Fica, todavia, sujeita ao regime estabe- projetos agrícolas, pecuários, industriais, ou
lecido por esta Lei a pessoa jurídica brasileira de colonização, vinculados aos seus objetivos
da qual participem, a qualquer título, pessoas estatutários.
estrangeiras físicas ou jurídicas que tenham § 1o Os projetos de que trata este artigo
a maioria do seu capital social e residam ou deverão ser aprovados pelo Ministério da Agri-
tenham sede no Exterior. cultura, ouvido o órgão federal competente de
§ 2o As restrições estabelecidas nesta Lei desenvolvimento regional na respectiva área.
não se aplicam aos casos de sucessão legítima, § 2o Sobre os projetos de caráter industrial
ressalvado o disposto no art. 7o. será ouvido o Ministério da Indústria e Co-
mércio.
Art 2o (Revogado)59
Art. 6o Adotarão obrigatoriamente a forma
Art. 3 A aquisição de imóvel rural por pessoa
o
nominativa as ações de sociedades anônimas:
física estrangeira não poderá exceder a 50 (cin- I – que se dediquem a loteamento rural;
qüenta) módulos de exploração indefinida, em II – que explorem diretamente áreas rurais; e
área contínua ou descontínua. III – que sejam proprietárias de imóveis rurais
§ 1o Quando se tratar de imóvel com área não vinculados a suas atividades estatutárias.
não superior a 3 (três) módulos, a aquisição será Parágrafo único. A norma deste artigo não
livre, independendo de qualquer autorização se aplica às entidades mencionadas no art. 4o do
ou licença, ressalvadas as exigências gerais Decreto-lei no 200, de 25 de fevereiro de 1967,
determinadas em lei. com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-lei
§ 2o O Poder Executivo baixará normas no 900, de 29 de setembro de 1969.
para a aquisição de área compreendida entre 3
(três) e 50 (cinqüenta) módulos de exploração Art. 7o A aquisição de imóvel situado em área
indefinida. considerada indispensável à segurança nacio-
Estatuto do Estrangeiro

§ 3o O Presidente da República, ouvido o nal por pessoa estrangeira, física ou jurídica,


Conselho de Segurança Nacional, poderá au- depende do assentimento prévio da Secretaria-
mentar o limite fixado neste artigo. -Geral do Conselho de Segurança Nacional.

Art. 8o Na aquisição de imóvel rural por pessoa


58
Lei n 6.572/1978.
o
estrangeira, física ou jurídica, é da essência do
59
Lei no 6.815/1980. ato a escritura pública.
90
Art. 9o Da escritura relativa à aquisição de área por certidão do Registro de Imóveis, com base
rural por pessoas físicas estrangeiras constará, no livro auxiliar de que trata o art. 10.
obrigatoriamente: § 1o As pessoas da mesma nacionalidade
I – menção do documento de identidade não poderão ser proprietárias, em cada Muni-
do adquirente; cípio, de mais de 40% (quarenta por cento) do
II – prova de residência no território na- limite fixado neste artigo.
cional; e § 2o Ficam excluídas das restrições deste
III – quando for o caso, autorização do artigo as aquisições de áreas rurais:
órgão competente ou assentimento prévio da I – inferiores a 3 (três) módulos;
Secretaria-Geral do Conselho de Segurança II – que tiverem sido objeto de compra e
Nacional. venda, de promessa de compra e venda, de
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa cessão ou de promessa de cessão, mediante
jurídica estrangeira, constará da escritura a escritura pública ou instrumento particular
transcrição do ato que concedeu autorização devidamente protocolado no Registro compe-
para a aquisição da área rural, bem como dos tente, e que tiverem sido cadastradas no INCRA
documentos comprobatórios de sua consti- em nome do promitente comprador, antes de
tuição e de licença para seu funcionamento 10 de março de 1969;
no Brasil. III – quando o adquirente tiver filho brasi-
leiro ou for casado com pessoa brasileira sob o
Art. 10. Os Cartórios de Registro de Imóveis regime de comunhão de bens.
manterão cadastro especial, em livro auxiliar, § 3o O Presidente da República poderá,
das aquisições de terras rurais por pessoas mediante decreto, autorizar a aquisição além
estrangeiras, físicas e jurídicas, no qual deverá dos limites fixados neste artigo, quando se tratar
constar: de imóvel rural vinculado a projetos julgados
I – menção do documento de identidade das prioritários em face dos planos de desenvolvi-
partes contratantes ou dos respectivos atos de mento do País.
constituição, se pessoas jurídicas;
II – memorial descritivo do imóvel, com Art. 13. O art. 60 da Lei no 4.504, de 30 de
área, características, limites e confrontações; e novembro de 1964, passa a vigorar com a se-
III – transcrição da autorização do órgão guinte redação:
competente, quando for o caso. “Art. 60. Para os efeitos desta Lei, conside-
ram-se empresas particulares de colonização
Art. 11. Trimestralmente, os Cartórios de Re- as pessoas físicas, nacionais ou estrangeiras,
gistros de Imóveis remeterão, sob pena de perda residentes ou domiciliadas no Brasil, ou ju-
do cargo, à Corregedoria da Justiça dos Estados rídicas, constituídas e sediadas no País, que
a que estiverem subordinados e ao Ministério tiverem por finalidade executar programa de
da Agricultura, relação das aquisições de áreas valorização de área ou distribuição de terras”.
rurais por pessoas estrangeiras, da qual constem
os dados enumerados no artigo anterior. Art. 14. Salvo nos casos previstos em legislação
Parágrafo único. Quando se tratar de imó- de núcleos coloniais, onde se estabeleçam em
vel situado em área indispensável à segurança lotes rurais, como agricultores, estrangeiros
nacional, a relação mencionada neste artigo imigrantes, é vedada, a qualquer título, a doação
deverá ser remetida também à Secretaria-Geral de terras da União ou dos Estados a pessoas
legislação correlata

do Conselho de Segurança Nacional. estrangeiras, físicas ou jurídicas.

Art. 12. A soma das áreas rurais pertencentes Art. 15. A aquisição de imóvel rural, que viole
a pessoas estrangeiras, físicas ou jurídicas, não as prescrições desta Lei, é nula de pleno direito.
poderá ultrapassar a um quarto da superfície O tabelião que lavrar a escritura e o oficial de re-
dos Municípios onde se situem, comprovada gistro que a transcrever responderão civilmente
91
pelos danos que causarem aos contratantes, colonização aprovados nos termos do art. 61 da
sem prejuízo da responsabilidade criminal Lei no 4.504, de 30 de novembro de 1964, po-
por prevaricação ou falsidade ideológica. O derão, mediante autorização do Presidente da
alienante está obrigado a restituir ao adquirente República, ouvido o Ministério da Agricultura,
o preço do imóvel. concluí-los e outorgar escrituras definitivas,
desde que o façam dentro de 3 (três) anos e que
Art. 16. As sociedades anônimas, compreen- a área não exceda, para cada adquirente, 3 (três)
didas em quaisquer dos incisos do caput do art. módulos de exploração indefinida.
6o, que já estiverem constituídas à data do início
da vigência desta Lei, comunicarão, no prazo Art. 18. São mantidas em vigor as autorizações
de 6 (seis) meses, ao Ministério da Agricultura concedidas, com base nos Decretos-leis nos 494,
a relação das áreas rurais de sua propriedade de 10 de março de 1969, e 924, de 10 de outubro
ou exploração. de 1969, em estudos e processos já concluídos,
§ 1o As sociedades anônimas, indicadas nes- cujos projetos tenham sido aprovados pelos
te artigo, que não converterem em nominativas órgãos competentes.
suas ações ao portador, no prazo de 1 (um) ano
do início da vigência desta Lei, reputar-se-ão Art. 19. O Poder Executivo baixará, dentro de
irregulares, ficando sujeitas à dissolução, na for- 90 (noventa) dias, o regulamento para execução
ma da lei, por iniciativa do Ministério Público. desta Lei.
§ 2o No caso de empresas concessionárias
de serviço público, que possuam imóveis rurais Art. 20. Esta Lei entrará em vigor na data de
não vinculados aos fins da concessão, o prazo sua publicação.
de conversão das ações será de 3 (três) anos.
§ 3o As empresas concessionárias de serviço Art. 21. Revogam-se os Decretos-leis no 494,
público não estão obrigadas a converter em de 10 de março de 1969, e 924, de 10 de outubro
nominativas as ações ao portador, se dentro de 1969, e demais disposições em contrário.
do prazo de 3 (três) anos, contados da vigên-
cia desta Lei, alienarem os imóveis rurais não EMÍLIO G. MÉDICI – Alfredo Buzaid – L. F.
vinculados aos fins da concessão. Cirne Lima – Marcus Vinícius Pratini de Moraes

Art. 17. As pessoas jurídicas brasileiras que, Promulgada em 7/10/1971 e publicada no Dou de
até 30 de janeiro de 1969, tiverem projetos de 11/10/1971.
Estatuto do Estrangeiro

92
Decreto-lei no 4.657/1942
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.60

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá
da atribuição que lhe confere o artigo 180 da o caso de acordo com a analogia, os costumes
Constituição, e os princípios gerais de direito.

DECRETA:60 Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos


fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa bem comum.
a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.61 Art. 6o A Lei em vigor terá efeito imediato
§ 1o Nos Estados estrangeiros, a obriga- e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
toriedade da lei brasileira, quando admitida, direito adquirido e a coisa julgada.62
se inicia três meses depois de oficialmente § 1o Reputa-se ato jurídico perfeito o já
publicada. consumado segundo a lei vigente ao tempo em
§ 2o (Revogado) que se efetuou.
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocor- § 2o Consideram-se adquiridos assim os
rer nova publicação de seu texto, destinada a direitos que o seu titular, ou alguém por êle,
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos possa exercer, como aquêles cujo comêço do
anteriores começará a correr da nova publi- exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição
cação. pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de ou-
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor trem.
consideram-se lei nova. § 3o Chama-se coisa julgada ou caso julgado
a decisão judicial de que já não caiba recurso.
Art. 2o Não se destinando à vigência tempo-
rária, a lei terá vigor até que outra a modifique Art. 7o A lei do país em que domiciliada a
ou revogue. pessoa determina as regras sobre o começo e o
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando fim da personalidade, o nome, a capacidade e
expressamente o declare, quando seja com ela os direitos de família.63
incompatível ou quando regule inteiramente a § 1o Realizando-se o casamento no Brasil,
matéria de que tratava a lei anterior. será aplicada a lei brasileira quanto aos im-
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições pedimentos dirimentes e às formalidades da
gerais ou especiais a par das já existentes, não celebração.
revoga nem modifica a lei anterior. § 2o O casamento de estrangeiros poderá
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei re- celebrar-se perante autoridades diplomáticas
vogada não se restaura por ter a lei revogadora ou consulares do país de ambos os nubentes.
perdido a vigência. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso,
regerá os casos de invalidade do matrimônio a
legislação correlata

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, lei do primeiro domicílio conjugal.


alegando que não a conhece. § 4o O regime de bens, legal ou convencio-
nal, obedece à lei do país em que tiverem os
60
Lei no 12.376/2010. 62
Lei no 3.238/1957.
61
Lei no 12.036/2009. 63
Leis nos 12.036/2009, 6.515/1977 e 3.238/1957.
93
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do § 2o A obrigação resultante do contrato
primeiro domicílio conjugal. reputa-se constituída no lugar em que residir
§ 5o O estrangeiro casado, que se naturalizar o proponente.
brasileiro, pode, mediante expressa anuência de
seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência
do decreto de naturalização, se apostile ao mes- obedece à lei do país em que domiciliado o
mo a adoção do regime de comunhão parcial de defunto ou o desaparecido, qualquer que seja
bens, respeitados os direitos de terceiros e dada a natureza e a situação dos bens.64
esta adoção ao competente registro. § 1o A sucessão de bens de estrangeiros, situ-
§ 6o O divórcio realizado no estrangeiro, se ados no País, será regulada pela lei brasileira em
um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano ou de quem os represente, sempre que não lhes
da data da sentença, salvo se houver sido an- seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
tecedida de separação judicial por igual prazo, § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou lega-
caso em que a homologação produzirá efeito tário regula a capacidade para suceder.
imediato, obedecidas as condições estabelecidas
para a eficácia das sentenças estrangeiras no Art. 11. As organizações destinadas a fins
país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de interesse coletivo, como as sociedades e as
de seu regimento interno, poderá reexaminar, a fundações, obedecem à lei do Estado em que
requerimento do interessado, decisões já profe- se constituírem.
ridas em pedidos de homologação de sentenças § 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil
estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de filiais, agências ou estabelecimentos antes de
que passem a produzir todos os efeitos legais. serem os atos constitutivos aprovados pelo Go-
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio verno brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
do chefe da família estende-se ao outro cônjuge § 2o Os Governos estrangeiros, bem como
e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou as organizações de qualquer natureza, que eles
curador aos incapazes sob sua guarda. tenham constituído, dirijam ou hajam investido
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, de funções públicas, não poderão adquirir no
considerar-se-á domiciliada no lugar de sua Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desa-
residência ou naquele em que se encontre. propriação.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem ad-
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as quirir a propriedade dos prédios necessários à
relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei sede dos representantes diplomáticos ou dos
do país em que estiverem situados. agentes consulares.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for
domiciliado o proprietário, quanto aos bens Art. 12. É competente a autoridade judiciária
móveis que ele trouxer ou se destinarem a brasileira, quando for o réu domiciliado no
transporte para outros lugares. Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicí- § 1o Só à autoridade judiciária brasileira
lio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre compete conhecer das ações relativas a imóveis
a coisa apenhada. situados no Brasil.
§ 2 o A autoridade judiciária brasileira
Estatuto do Estrangeiro

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, cumprirá, concedido o exequatur e segundo


aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. a forma estabelecida pela lei brasileira, as dili-
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser execu- gências deprecadas por autoridade estrangeira
tada no Brasil e dependendo de forma essencial, competente, observando a lei desta, quanto ao
será esta observada, admitidas as peculiari- objeto das diligências.
dades da lei estrangeira quanto aos requisitos
extrínsecos do ato. 64
Lei no 9.047/1995.
94
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem
estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, a soberania nacional, a ordem pública e os bons
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não costumes.
admitindo os tribunais brasileiros provas que a
lei brasileira desconheça. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são com-
petentes as autoridades consulares brasileiras
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, para lhes celebrar o casamento e os mais atos
poderá o juiz exigir de quem a invoca prova de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o
do texto e da vigência. registro de nascimento e de óbito dos filhos de
brasileiro ou brasileira nascido no país da sede
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença do Consulado.66
proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos:65 Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos
a) haver sido proferida por juiz competente; indicados no artigo anterior e celebrados pelos
b) terem sido as partes citadas ou haver-se cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei
legalmente verificado à revelia; no 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que
c) ter passado em julgado e estar revestida satisfaçam todos os requisitos legais.67
das formalidades necessárias para a execução Parágrafo único. No caso em que a celebra-
no lugar em que foi proferida; ção dêsses atos tiver sido recusada pelas autori-
d) estar traduzida por intérprete autorizado; dades consulares, com fundamento no artigo 18
e) ter sido homologada pelo Supremo Tri- do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facul-
bunal Federal. tado renovar o pedido dentro em 90 (noventa)
Parágrafo único. (Revogado) dias contados da data da publicação desta lei.

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942, 121o da
precedentes, se houver de aplicar a lei estran- Independência e 54o da República.
geira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem
considerar-se qualquer remissão por ela feita GETULIO VARGAS – Alexandre Marcondes
a outra lei. Filho – Oswaldo Aranha.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, Decretado em 4/9/1942, publicado no Dou de
bem como quaisquer declarações de vontade, 9/9/1942 e retificado no Dou de 8/10/1942.

legislação correlata

66
Lei no 3.238/1957.
65
Lei n 12.036/2009.
o 67
Lei no 3.238/1957.
95
Decreto no 87/1991
Simplifica as exigências sanitárias para ingresso e permanência de estrangeiros no País, altera o
Decreto no 86.715, de 10 de dezembro de 1981, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da sativadas por este decreto, serão direcionados


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, para outras ações de proteção à saúde pública.
da Constituição, e tendo em vista o art. 7o, item
V, da Lei no 6.815, de 19 de agosto de 1980, o Art. 3o Serão desenvolvidas, pelo Ministério
art. 19, inciso IV, alínea “c”, da Lei no 8.028, de da Saúde, dentre as indicadas no Regulamento
12 de abril de 1990, e o art. 16, item VII, da Lei Sanitário Internacional, as seguintes ações de
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, proteção à saúde pública:
I – de orientação preventiva:
DECRETA: a) a viajantes, e empresas transportadoras,
internacionais, quanto a condições sanitárias
Art. 1o As restrições de natureza sanitária ao presentes no Brasil, e no exterior;
ingresso e à permanência de estrangeiro no País b) em terminais, e meios internacionais
limitar-se-ão a: de transporte, relativamente a condições sa-
I – exigir-se, para a concessão de visto por ór- nitárias, inclusive no que concerne a fatores
gãos consulares brasileiros, relativamente a de- ambientais de risco para a saúde, à proteção
terminadas doenças e certas áreas geográficas, da saúde de trabalhadores, à preparação e ao
de origem ou destino, a prévia apresentação do consumo de alimentos;
Certificado Internacional de Imunização pre- c) a transportadores internacionais, referen-
visto no Regulamento Sanitário Internacional; temente a produtos cujo ingresso no País possa
II – implementarem-se, e serem executa- representar risco para a saúde pública;
das, em função do contexto epidemiológico II – de vacinação de viajantes internacionais,
mundial, medidas temporárias de proteção à com a expedição do Certificado Internacional
saúde pública, objeto do Regulamento Sanitário de Imunização.
Internacional e recomendadas por organizações 1o O Ministério da Saúde prestará apoio
internacionais de saúde. técnico aos demais órgãos públicos integrantes
Parágrafo único. As medidas temporárias de do Sistema Único de Saúde, visando ao desen-
proteção à saúde pública referidas neste artigo volvimento, por estes, no respectivo âmbito,
hão de ter implementação, e execução, pelo de ações equivalentes às indicadas neste artigo.
Ministério da Saúde, articulando-se, este, com 2o Ao ser executada a ação objeto da alínea
outros órgãos e entidades. “b” do item I, caberá exercer-se, concomitan-
temente, o controle das condições sanitárias
Art. 2o O Ministério da Saúde, para o exercício em alusão.
de sua competência de vigilância sanitária nas
fronteiras, nos portos e aeroportos, manterá em Art. 4o O Decreto no 86.715, de 10 de dezem-
Estatuto do Estrangeiro

regra, um contingente mínimo de servidores. bro de 1981, passa a vigorar com as seguintes
1o Nos períodos em que presentes as medi- alterações:
das temporárias a que alude o art. 1o, deverão “Art. 23 ...........................................................
ser utilizados quantos servidores necessários à ..........................................................................
sua eficaz implementação, e execução. § 7o No momento da entrada no território
2o Os servidores antes encarregados de nacional, o estrangeiro, titular do visto
funções, rotineiras, de vigilância sanitária, de- temporário, deverá apresentar, aos órgãos
96
federais competentes, os documentos pre- sanitária no País, e expedirá os atos necessários
vistos no item I deste artigo e no parágrafo à execução do presente decreto.
único do art. 9o.
........................................................................ ” Art. 6o Este decreto entrará em vigor na data
“Art. 27 ........................................................... de sua publicação.
..........................................................................
§ 2o O estrangeiro, titular do visto perma- Art. 7o Revogam-se os arts. 8o, 131 e 132, do
nente, deverá apresentar, aos órgãos federais Decreto no 49.974-A, de 21 de janeiro de 1961,
competentes, ao entrar no território nacio- os Decretos nos 57.299, de 22 de novembro de
nal, os documentos referidos no item I deste 1965, 57.632, de 14 de janeiro de 1966, e 76.536,
artigo e no parágrafo único do art. 9o. de 3 de novembro de 1975, bem assim o inciso
........................................................................ ” III, e o § 3o, do art. 23, o inciso III do art. 27,
“Art. 38. O estrangeiro, ao entrar no territó- os arts. 29 a 35, 52, e o § 3o do art. 70, todos do
rio nacional, será fiscalizado pela Polícia Fe- Decreto no 86.715, de 10 de dezembro de 1981.
deral, pelo Departamento da Receita Federal
e, quando for o caso, pelo órgão competente Brasília, em 15 de abril de 1991; 170o da Inde-
do Ministério da Saúde, no local de entrada, pendência e 103o da República.
devendo apresentar os documentos previstos
neste regulamento. FERNANDO COLLOR – Jarbas Passarinho –
........................................................................ ” Luiz Romero Cavalcante Farias

Art. 5o O Ministro de Estado da Saúde baixará Decretado em 15/4/1991 e publicado no Dou de


normas técnicas para o exercício da vigilância 16/4/1991.

legislação correlata

97
Decreto no 97.464/1989
Estabelece procedimentos para a entrada no Brasil e o sobrevôo de seu território por aeronaves civis
estrangeiras, que não estejam em serviço aéreo internacional regular.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das II – Em casos excepcionais e a seu critério, o


atribuições que lhe confere o artigo 84, item IV Departamento de Aviação Civil (DAC) aceitará
da Constituição da República Federativa do a comunicação prevista no inciso I em prazo
Brasil, de 5 de outubro de 1988, inferior;
III – Toda aeronave para sobrevoar ou
DECRETA: pousar no Brasil deverá ter seguro que cubra
possíveis danos a terceiros no solo;
Art. 1o A entrada no Brasil e o sobrevôo de seu IV – Serão consideradas aeronaves engajadas
território por aeronave civil estrangeira, que não em transporte aéreo não remunerado as que
esteja realizando serviço aéreo internacional re- estiverem realizando:
gular, ficam sujeitos às prescrições estabelecidas a) vôo para prestação de socorro e para
neste Decreto, sem prejuízo de atendimento busca e salvamento de aeronave, embarcações
aos requisitos previstos na regulamentação e pessoas a bordo;
específica da Polícia Federal e de Saúde Pública. b) viagem de turismo ou negócio, quando
o proprietário for pessoa física e nela viajar;
c) viagem de diretor ou representante de
CAPÍTULO I – Disposições Específicas sociedade ou firma, quando a aeronave for de
SEÇÃO I – Das Aeronaves em Transporte sua propriedade;
Aéreo Não Remunerado d) serviços aéreos especializados, em bene-
fício exclusivo do proprietário ou operador da
Art. 2 o A aeronave civil, matriculada em aeronave; e
qualquer Estado-Membro da Organização de e) outros vôos comprovadamente não re-
Aviação Civil Internacional (OACI), poderá munerados.
entrar no Brasil e sobrevoar o seu território, V – Para os fins do disposto no inciso IV, a
quando não transportar passageiros e/ou car- Seção de Aviação Civil (SAC) do aeroporto de
ga mediante remuneração, ou quando o fizer entrada aceitará declaração escrita do respec-
em trânsito, isto é, sem desembarcá-los ou tivo comandante como documento suficiente,
embarcá-los em território brasileiro, parcial ou salvo evidência em contrário.
totalmente, observando as seguintes normas:
I – O proprietário da aeronave ou o seu co-
mandante deverá comunicar o local de pouso SEÇÃO II – Das Aeronaves realizando
ou sobrevôo ao Departamento de Aviação Serviço de Transporte Aéreo Remunerado
Civil (DAC), com antecedência mínima de 24 Não Regular
(vinte e quatro) horas, informando o dia e hora
Estatuto do Estrangeiro

prováveis do vôo, rota e ponto de entrada em Art. 3 o A aeronave civil matriculada em


território brasileiro, marca de nacionalidade e qualquer Estado-Membro da Organização de
tipo de aeronave, finalidade do vôo, e a carga e/ Aviação Civil Internacional (OACI), quando
ou passageiros transportados, quando em trân- engajada em serviço de transporte aéreo inter-
sito. Devendo, ainda, informar, se for o caso, o nacional remunerado não regular de passagei-
aeroporto internacional em que irá escalar ao ros ou carga, destinado parcial ou totalmente ao
entrar no Brasil; Brasil, só poderá entrar no território nacional
98
ou sobrevoá-lo com autorização prévia do De- § 2 o O Departamento de Aviação Civil
partamento de Aviação Civil (DAC). (DAC), se entender do interesse público, poderá
recusar a autorização ou estabelecer outras
Art. 4o A autorização poderá ser solicitada condições, inclusive prazos menores ou outro
diretamente ao Departamento de Aviação Civil aeroporto de entrada, rotas e escalas.
(DAC), pelo proprietário, explorador da aero-
nave ou seus representantes legalmente autori-
zados, com antecedência mínima de 15 (quinze) SEÇÃO III – Da Formalização da Entrada
dias da data em que for prevista a chegada da
aeronave no primeiro aeroporto internacional Art. 5o Toda aeronave proveniente do exterior,
no Brasil. Se o interessado preferir a via diplo- com destino ao Brasil ou em trânsito, fará o
mática, ou no caso de se tratar de aeronave ma- primeiro pouso e a última decolagem em ae-
triculada em país não-membro da Organização roporto internacional.
de Aviação Civil Internacional (OACI), o prazo
será de 30 (trinta) dias no mínimo. Art. 6o A Seção de Aviação Civil (SAC) do
§ 1o O pedido de autorização poderá ser aeroporto internacional comunicará às au-
feito via telex ou requerimento, devendo conter toridades de saúde, da alfândega e da polícia
as seguintes informações: o dia e a hora prováveis de chegada de cada
a) tipo de aeronave e configuração a ser aeronave estrangeira no território nacional, e
empregada; só permitirá o prosseguimento do vôo depois
b) marca de nacionalidade e matrícula da de satisfeitas, perante essas autoridades, todas
aeronave; as formalidades previstas.
c) número de vôos programados e respec-
tivas datas; Art. 7o O comandante da aeronave ao pousar
d) origem e destino de cada vôo, horários no primeiro aeroporto internacional no País
previstos, escalas intermediárias, rotas a ser deverá responsabilizar-se, formalmente, como
seguida, aeroportos envolvidos, bem como o preposto do proprietário ou explorador, pelas
aeroporto internacional de entrada no Brasil e indenizações previstas pelo uso das facilidades
de conseqüente saída; aeroportuárias e de apoio à navegação aérea,
e) número de participantes previstos em aproximação e pouso, devendo ainda portar a
cada vôo, e o período de permanência no Brasil seguinte documentação:
e em cada localidade; a) certificado de matrícula da aeronave;
f) agências de viagens e operadores envolvi- b) certificado de aeronavegabilidade da
dos, hotéis, serviços turísticos e agências res- aeronave;
ponsáveis pela programação terrestre no País; c) licença de cada um dos tripulantes e
g) preço de venda individual e final da ex- respectivos certificados e provas de naciona-
cursão, com discriminação das partes corres- lidade; e
pondentes ao transporte aéreo, à hospedagem d) prova de garantia de seguro contra danos
e aos demais serviços previstos; a terceiros na superfície.
h) termo de responsabilidade no qual a
empresa aérea solicitante assegure o retorno Art. 8o A entrada de aeronave estrangeira
dos passageiros à sua origem por outro trans- no território nacional estará sujeita, além da
portador aéreo, se por qualquer eventualidade Autorização de Sobrevôo expedida pela Seção
legislação correlata

não puder realizar o transporte, conforme o de Aviação Civil (SAC), ao cumprimento das
ajustado; formalidades aduaneiras.
i) número de apólice de seguro que garanta § 1o A formalização da entrada far-se-á à
possíveis danos contra terceiros na superfície, vista da documentação referente à aeronave, sua
sua validade e o nome da companhia que a carga, mala postal e a outros bens existentes a
emitiu. bordo e será encerrada com a lavratura:
99
a) do Termo de Entrada, para as aeronaves decorrência da natureza da infração que houver
em serviço de transporte aéreo remunerado; e cometido.
b) do Termo de entrada e Admissão Tempo- Parágrafo único. A saída da aeronave do País
rária, para as aeronaves em serviço de transpor- só será permitida após cumpridas as formali-
te aéreo não remunerado. dades junto aos órgãos competentes.
§ 2o A Autorização de Sobrevôo e o termo
a que se refere a alínea “b” deste artigo terão Art. 12. O Ministério da Aeronáutica fará
prazos de validade idênticos, inclusive no que publicar, atualizando-as sempre que necessário,
diz respeito às eventuais prorrogações e serão as seguintes informações:
de porte obrigatório. I – lista dos aeroportos internacionais bra-
sileiros abertos ao tráfego; e
Art. 9o O prazo inicial para a permanência II – relação dos Estados-Membros da Orga-
de aeronave no território brasileiro será de 60 nização de Aviação Civil Internacional (OACI),
(sessenta) dias, podendo ser prorrogado por com indicação das marcas de nacionalidade de
períodos iguais de 45 (quarenta e cinco) dias, aeronaves atribuídas a cada um.
mediante solicitação às autoridades aeronáutica
e aduaneira com antecedência não inferior a 15 Art. 13. No caso de aeronave matriculada em
(quinze) dias. Estado que não seja membro da Organização de
Parágrafo único. De acordo com o que dis- Aviação Civil Internacional (OACI), todo e qual-
puser a legislação específica, qualquer das au- quer vôo não regular, remunerado ou não, depen-
toridades acima mencionadas poderá rever de derá sempre de uma autorização prévia, devendo
ofício a licença por ela concedida, cientificando o pedido ser encaminhado ao Departamento de
à outra sobre a medida, em despacho funda- Aviação Civil (DAC), por via diplomática, com
mentado, para que proceda de igual forma. antecedência mínima de 30 (trinta) dias.

Art. 10. As licenças expedidas pela autoridade Art. 14. Compete ao Departamento de Avia-
aeronáutica e aduaneira consignarão, na folha ção Civil (DAC) e à Secretaria da Receita Fede-
de rosto e em lugar visível, as seguintes notas, ral promoverem os entendimentos necessários
respectivamente: ao fiel cumprimento do presente Decreto.
a) “A presente autorização não dispensa o
cumprimento das formalidades devidas junto Art. 15. Este Decreto entrará em vigor na data
à Autoridade Aduaneira”. de sua promulgação, revogadas as disposições
b)”O presente Termo não dispensa o cum- em contrário, e em especial, o Decreto n o
primento das Formalidades devidas junto à 90.801, de 11 de janeiro de 1985.
Autoridade Aeronáutica”.
Brasília, 20 de janeiro de 1989; 168o da Inde-
pendência e 101o da República.
CAPÍTULO II – Das Disposições Finais
JOSÉ SARNEY – Mailson Ferreira da Nóbrega
Art. 11. Qualquer aeronave civil estrangeira – Octávio Júlio Moreira Lima
poderá ser compelida pela autoridade aero-
náutica a deixar o País, desde que não sujeita Decretado em 20/1/1989 e publicado no Dou de
Estatuto do Estrangeiro

a interdição ou apreensão, na forma da lei, em 23/1/1989.

100
Informações complementares
Índice temático geral
A CRIANÇA
Lei no 8.069/1990 ...........................................75
ADOÇÃO
Lei no 8.069/1990 ...........................................75
D
ADOLESCENTE
Lei no 8.069/1990 ...........................................75 DEPORTAÇÃO
Lei no 9.474/1997 ...........................................68
AERONAVES CIVIS Lei no 6.815/1980 ...........................................12
Decreto no 97.464/1989 ................................98 Decreto no 86.715/1981 ................................31

ASILADO DIVÓRCIO
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
Decreto no 86.715/1981 ................................31
DOMICÍLIO
ATIVIDADE POLÍTICA Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
Lei no 9.474/1997 ...........................................68 Decreto no 86.715/1981 ................................31

B E
BENS IMÓVEIS ESTATUTO
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93 Lei no 9.474/1997 ...........................................68
Lei no 8.069/1990 ...........................................75
Lei no 6.815/1980 ...........................................12
C
EXCLUSÃO
CASAMENTO Lei no 9.474/1997 ...........................................68
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS
CLANDESTINO Decreto no 87/1991 ........................................96
Lei no 11.961/2009 .........................................64
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 EXPULSÃO
Lei no 9.474/1997 ...........................................68
COMITÊ NACIONAL PARA OS Lei no 6.815/1980 ...........................................12
REFUGIADOS – CONARE Decreto no 86.715/1981 ................................31
Lei no 9.474/1997 ...........................................68
EXTRADIÇÃO
Estatuto do Estrangeiro

CONSELHO NACIONAL DE Lei no 9.474/1997 ...........................................68


IMIGRAÇÃO Lei no 7.685/1988 ...........................................82
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 Lei no 7.180/1983 ...........................................84
Decreto no 86.715/1981 ................................31 Lei no 6.815/1980 ...........................................12
Decreto no 86.715/1981 ................................31
CONVENÇÃO
Lei no 8.069/1990 ...........................................75
102
F Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
Decreto no 86.715/1981 ................................31
FAMÍLIA
Natural/Substituta
Lei no 8.069/1990 ...........................................75 P
PASSAPORTE
G Lei no 8.069/1990 ...........................................75
Lei no 6.815/1980 ...........................................12
GUARDA
Lei no 8.069/1990 ...........................................75 PENHOR
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93

H PERMANÊNCIA
Lei no 7.180/1983 ...........................................84
HERDEIRO Decreto no 87/1991 ........................................96
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
PERSEGUIÇÃO
HOMOLOGAÇÃO Lei no 9.474/1997 ...........................................68
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
PRISÃO
Lei no 6.815/1980 ...........................................12
I
IMÓVEL RURAL R
Lei no 8.629/1993 ...........................................74
Lei no 5.709/1971 ...........................................90 RAÇA
Decreto no 74.965/1974 ................................86 Lei no 9.474/1997 ...........................................68

IMPEDIMENTOS REASSENTAMENTO
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 Lei no 9.474/1997 ...........................................68

REFUGIADOS
L Lei no 9.474/1997 ...........................................68

LAISSEZ-PASSER REFÚGIO
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 Lei no 9.474/1997 ...........................................68

LEI ESTRANGEIRA REGIME DE BENS


Decreto-Lei no 4.657/1942............................93 Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
informações complementares

REGISTRO PROVISÓRIO
N Lei no 7.685/1988 ...........................................82

NACIONALIDADE REGISTROS
Lei no 9.474/1997 ...........................................68 Lei no 9.474/1997 ..........................................68
Lei no 6.815/1980 ...........................................12
NATURALIZAÇÃO Decreto-Lei no 4.657/1942............................93
Lei no 6.815/1980 ...........................................12 Decreto no 86.715/1981 ................................31
103
RELIGIÃO T
Lei no 9.474/1997 ...........................................68
TUTELA
REPATRIAÇÃO Lei no 8.069/1990 ...........................................75
Lei no 9.474/1997 ...........................................68

RESIDÊNCIA PROVISÓRIA V
Lei no 11.961/2009 .........................................64
Lei no 9.474/1997 ...........................................68 VIAGEM
Decreto no 6.893/2009...................................66 Lei no 8.069/1990 ...........................................75

RÉU VISTO
Decreto-Lei no 4.657/1942............................93 Lei no 6.815/1980 ...........................................12

VÍTIMA
S Lei no 9.474/1997 ...........................................68

SOBREVOO
Decreto no 97.464/1989 ................................98
Estatuto do Estrangeiro

104

Você também pode gostar