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Introdução Para a Fé
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Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso
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Capítulo I
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Segunda: A Fase Metafísica, em que os eventos foram explicados
em nome de "elementos exteriores" desconhecidos, mas sem citar o nome
de Deus.
Terceira: A Fase Positiva, durante a qual o homem começou a
explicar os fenômenos, considerando-os como elementos submetidos a
leis gerais, que podem ser sentidos através da observação ou do
conhecimento científico. Nesse período não são citados os "espíritos, os
deuses e a força absoluta".
De acordo com isso, vivemos a terceira fase, denominada pela
filosofia moderna de positivismo lógico. A teoria do Positivismo Lógico
ou do Empirismo Científico só foi reconhecida como movimento
científico, no último quarto deste século. Porém, como ideologia, nasceu
muitos anos antes disso. Ela é definida por grandes cientistas e filósofos,
como David Hume e Bertrand Russel. Essa ideologia, hoje, tornou-se,
devido ao grande número de instituições científicas que desempenham
papéis preponderantes em sua defesa, um dos mais importantes
movimentos científicos modernos. Um dos pesquisadores diz: "Todo
conhecimento verdadeiro depende da experiência, onde será analisada a
sua comprovação, de uma forma direta ou indireta."1
Baseados nisso, os opositores da religiãio alegam que a evolução
pela qual o homem alcançou o nível mais alto da humanidade, nega, por
si, a religião… O estranho disso é que os pensamentos evoluídos
modernos afirmam que só é verdade o que pode ser analisado e
experimentado cientificamente. A religião é baseada em uma "verdade"
impossível de ser observada ou verificada cientificamente. Em outras
palavras, a explicação teológica dos acontecimentos, que não pode ser
afirmada com métodos científicos, é nula, inverídica.
Deriva-se disso a afirmação: "A religião é uma explicação falsa
para fatos reais", ou seja, o conhecimento limitado do homem antigo
não apresentou a explicação real para os acontecimentos, ao passo que a
lei geral da evolução nos permitiu procurarmos as verdades por
intermédio do Empirismo Verdadeiro.
11. Lenin, "Selected Works" (Obras Seletas), Moscou 1947, Vol.II, pág. 667.
12. "Science and Christian Belief" (A Ciência e a Crença Cristã), de C.A Coulson,
pág. 4.
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Segundo Capítulo
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Esta observação, como os pertinazes alegam, eliminou a teoria
antiga de que Deus tirava o pintinho do ovo, uma vez que observamos
de fato que um período de vinte e um dias fez o evento acontecer. Na
verdade, a observação moderna só nos fornece novos elos para o evento,
sem fazer-nos descobrir a verdadeira causa. A situação agora mudou; a
pergunta não é mais sobre a quebra da casca, mas sobre a espora. A
causa verdadeira se esclarecerá quando procurarmos a razão que originou
a espora; a razão que sabia prefeitamente que o pintinho iria necessitar
de tal espora para sair do ovo. Por isso, só podemos considerar a situação
final (a observação microscópica) como sendo uma observação da
realidade por meio de uma maneira mais ampla, mas que não é uma
explicação do fenômeno.
O biólogo americano, Professor Cecil P. Hamann, diz: "A
fenomenal transformação dos alimentos em uma parte do corpo era
atribuída antigamente a Deus. Hoje, porém, com a observação moderna,
passou a ser uma reação química. Eliminou isso, acaso, a existência de
Deus? Que força foi que submeteu os elementos químicos,
transformando-os em reação benéfica? Depois da entrada dos alimentos
no corpo humano, eles passam por várias etapas, através de um sistema
próprio. É impossível que exista este sistema extraordinário por acaso.
Isso nos obriga a crermos que Deus executa as poderosas leis que Ele
criou para a vida."13
O homem antigo pensava que o céu chovia. Hoje, porém, sabemos
tudo sobre o processo da evaporação da água do mar até à precipitação
da chuva. Todas essas descobertas são quadros da realidade, mas não
constituem uma explicação da mesma. A ciência não descobre para nós
como essa realidade se tornou lei. Como será que acontece entre o céu e
a terra, essa extraordinária ação benéfica, a ponto de os cientistas
derivarem dela as leis científicas? A verdade quanto à alegação do homem,
após a sua descoberta ao sistema natural, de ter descoberto a explicação
do Universo, não é mais que um engano a si próprio. Ele colocou, com
essa alegação, um elo do meio da corrente no lugar do elo final.
O cientista americano Cecil, acrescentou:
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trabalha dentro de uma caixa; só sabemos que ela está funcionando. Se
abrirmos a caixa veremos como a máquina está interligada com
engrenagens e polias, umas fazendo girar outras, e veremos todo o seu
movimento. Significa, acaso, isso, que descobrimos o inventor da
máquina, só porque a vimos trabalhando? Será que podemos entender
logicamente que a nossa observação atesta que a máquina é autocriativa,
e funciona por si? Se isso não é lógico, como podemos afirmar, então,
depois de observarmos os eventos cósmicos, que o Universo se autocriou
e é automotriz?
O Professor A. Harris aproveitou esse exemplo quando criticou a
teoria de Darwin sobre a criação e a evolução; disse: "A dedução de que
a seleção natural explica o processo da permanência do melhor, não logra
explicar o acontecimento do melhor."14
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conhecimentos, donde os trouxeram aquelas pessoas que falam sobre
coisas ignoradas por elas?
A religião transmitida pelos profetas está ligada, de uma forma ou
de outra, a todas as ciências contemporâneas: naturais, astronômicas,
biológicas, humanas, psicológicas, históricas, civis, políticas, sociais etc..
Todo o evento da história humana tem como fonte o consciente além do
inconsciente, e não está livre de erros, mentiras e provas falsas. As
declarações dos profetas, porém, estão livres de todos esses vícios, apesar
de estarem relacionadas com todas as ciências. Já se passaram vários
séculos, em que os últimos corrigiram os primeiros, enquanto as
declarações dos profetas continuam verdadeiras através dos tempos e
ninguém conseguiu, até agora, apresentar algo de errado em suas
declarações; todos os que tentaram falharam.
Eis um exemplo utilizado por um grande cientista que alegou ter
descoberto um erro científico no Alcorão:
James Henry Breasted, diz:
"O calendário lunar é muito utilizado no mundo, principalmente
no ocidente asiático, devido à influência política islâmica naquela região.
Mohammad estabeleceu uma confusão entre o calendário solar e o lunar,
que é impossível de imaginar, a ponto de anular a intercalação dos meses.
O ano lunar é formado por 354 dias – onze dias a menos de que o ano
solar. De modo que, a cada 33 anos acrescenta-se um ano lunar, e a cada
século acrescentam-se três anos. Se o mês de Ramadan, por exemplo,
cair este ano no mês de junho, daqui a seis anos cairá no mês de abril."
Passaram-se 1416 anos desde a Hégira. Como um século solar
corresponde a 103 anos lunares, o calendário lunar registrou 43 anos a
mais durante este período. A igreja oriental judaica supriu esta falta e
escolheu o sistema de intercalação dos meses para tornar solar o seu
calendário. Este é o motivo de a Ásia ocidental ainda permanecer
utilizando esse inútil sistema antigo, ou seja, o calendário lunar.
Não estamos aqui discutindo a diferença entre os calendários solar
e lunar, mas há necessidade de esclarecermos que aquilo de que o autor
acusou o Profeta do Islam é, na verdade, um erro estúpido cometido
pelo próprio autor. O Alcorão nunca proibiu a intercalação dos meses,
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mas proibiu a antecipação ou o atraso dos meses. O Alcorão diz: "A
antecipação do mês sagrado é um excesso de incredulidade." (9:37)
Entre os bons costumes que o profeta Abraão estipulou para os
árabes foi de tornar sagrados quatro meses do ano, não havendo neles
lutas nem disputas, e que são: Zul Qui’da, Zul Hijja, Muharram e Rajab.
Os árabes viajavam durante euses meses, com toda liberdade, para
cumprirem os rituais da peregrinação.
Quando a profanação invadiu as tribos, fizeram a inovação de
substituírem um mês não sagrado com um sagrado. Eles colocavam Safar
no lugar de Rajab para poderem combater durante o mês sagrado. Esta
inovação é que foi descrita no Alcorão como "excesso de incredulidade."
Os sábios afirmam que a intercalação dos meses era uma facilidade
para os árabes regularem o calendário. Algumas tribos intercalavam um
mês a cada três anos para adaptarem o calendário lunar ao solar. Isso
nada tem a ver com a antecipação dos meses.
O que o Profeta do Islam disse na época da idolatria nada tem a
ver com a declaração de James Henry Breasted. Se as palavras do Profeta
tivessem tido origem no consciente ou no inconsciente, haveria nelas
erros, sem dúvida.
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cabais, e sua permanência irá depender da necessidade da sociedade por
eles.
A religião difere totalmente disso. Não é possível procurarmos
suas verdades como se procuram as evoluções no campo da arquitetura,
da tecelagem, de automobilismo, porque a religião é o conhecimento de
uma verdade, completamente aceita ou rejeitada pela sociedade, ou aceita
de uma forma parcial. Porém, a religião, seja como for, permanece como
verdade única em si, mas difere nas suas formas aceitas. Por isso, é
impossível compreendermos as realidades da religião, como mero índice
de todas as formas existentes nas sociedades, em nome dela.
Tomemos, como exemplo, a palavra "república". É um termo
político que designa um determinado sistema de governo. De acordo
com essa definição, podemos julgar se um país é republicano ou não.
Se, porém, procurarmos o significado de "república" nos sistemas
políticos que existem nos continentes, denominados Repúblicas, e
afirmarmos que todos esses países são repúblicas, então a palavra
"república" fica sem sentido. Em tal caso, a República da China difere
da República dos Estados Unidos, da mesma forma que a República do
Paquistão difere da República da Índia. Se observarmos todas as
descobertas à luz da filososfia da evolução, essa palavra perde de fato o
seu sentido, porque a França, que fundou o sistema republicano, irá provar
que a república, após o seu surgimento e ascensão, foi representada pela
ditadura militar de De'Gaulle.
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o povo a seu bel prazer; os templos desse deus atual não são as mesquitas
ou as igrejas antigas, mas as grandes indústrias e as enormes usinas."15
Os pesquisadores modernos possuem um grande poder de criar
novos pensamentos que se transformam, de religião de Deus, em idéia
de religião sem deus. Isso é gerado pelo método errôneo que eles
utilizaram em suas pesquisas, com os olhos tapados a todos os outros
pontos científicos, criando uma sombra de dúvida sobre suas tabelas
evolutivas. A exemplo disso, a conclusão a que os sociólogos e os
humanistas chegaram, com suas pesquisas precisas de que a teoria de
monoteísmo é uma espécie de idéia tirada do politeísmo, fê-los
extraviarem-se do caminho e se dirigirem para um caminho estranho
que desorientou os sábios, e confundiu-se com a evolução, do politeísmo
para o monoteísmo.
A idéia de politeísmo possuia valores sociais cujo objetivo era que
os que acatassem esses préstimos vivessem em paz, com o
reconhecimento mútuo entre eles. "A idéia monoteísta, porém, anulava
essa possibilidade com a criação de uma teoria da religião superior, cujo
resultado foi o início de infindáveis guerras sangrentas entre os povos
do mundo. Assim, a idéia monoteísta cavou a sua própria sepultura, por
evoluir numa direção contraditória. Esta é a lei do crescimento e da
evolução."16
Porém, deixemos, de fato a realidade nesta lista. A história
conhecida afirma que o primeiro profeta foi Noé, e ele pregava o
monoteísmo. O politeísmo não é do mesmo nível, mas significa que o
homem associa Deus com outras divindades, que o fazem aproximar-se
d'Ele, que interferem junto a Ele. Na presença dessas verdades, as teorias
do desenvolvimento e da evolução caem por terra.
A teoria de Marx é a mais fútil dentre este tipo de teorias. Ela
afirma que a situação social é a responsável pela formação da sociedade;
por outro lado, a época em que as religiões tomaram vulto foi uma era
feudal e capitalista; foi a época dos aproveitadores e surrupiadores, o
mesmo acontecendo com os pensamentos religiosos e morais que foram
gerados nessa época e que possuem a mesma característica dos
aproveitadores colonialistas.
15. "Religion Without Revelation" (Religião sem Revelação), Julian Huxley.
16. "Man in the Modern World" (O Homem no Mundo Moderno), pág. 112.
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Na verdade, a teoria de Marx, cientificamente falando, não possui
qualquer valor. Da mesma forma, quando analisada cientificamente e
experimentada, não há nada que possa comprová-la. A teoria marxista
anula a vontade humana, afirmando que os acontecimentos são
provenientes dos agentes dos contratempos econômicos. Isso significa
que o homem não possui personalidade. É moldado pelo ambiente, como
é moldado o sabão pela temperatura; não possui meios para traçar novos
rumos ou trilhar novos caminhos, mas sai a procura de um sistema que
sua vida econômica lhe permita adaptar-se. Se isso é verdadeiro, como
conseguiu Karl Marx, filho do sistema capitalista, pensar contra os
agentes econômicos predominantes em sua época? Teria ele ido até à
lua e pesquisado sobre a situação da terra?
Em outra expressão: Se é verdade que determinada religião é filha
de uma época em particular, como o marxismo não foi filho do sistema
econômico de sua época? Se tal situação não pode ser aplicada ao
marxismo, como pode ser aplicada à religião? Na verdade, tal pensamento
é falso e não possui nenhuma prova científica nem racional.
Além do mais, os erros dessa teoria se manifestaram através da
experiência russa, onde o marxismo foi adotado por um período de mais
de setenta anos, durante o qual a Rússia declarou que a situação produtiva
do país havia mudado totalmente, que o sistema agrícola, de troca e
distribuição de renda, aconteceu com base não exploratória. Quando
Stalin morreu, porém, os próprios líderes russos confessaram que a
injustiça e a corrupção eram correntes na sua época; que ele explorava o
povo da mesma forma que os povos eran explorados nos países
colonialistas. Se levarmos em consideração que a censura rígida que os
jornais e os meios de comunicação sofriam, através do quê Stalin
conseguiu enganar o mundo que a sua época era a da justiça e da equidade,
sem dúvida; essa censura continuou até ao desmoronamento da União
Soviética, o que nos faz concluir que as coisas aconteciam por trás das
cortinas da propaganda, a exemplo do que acontecia na época de Stalin.
Todavia, o vigésimo e o quinquagésimo Congresso do Partido Comunista
revelaram tanto as injustiças de Stalin, como os segredos dos governantes
russos da época.17
17. Isso foi atestado pelo afastamento de Khruchev em outubro de 1960.
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Esse sistema, cuja experiência durou quase um século, nos mostra
que o homem não muda com a mera mudança do sistema agrícola e de
troca. Se a mente humana segue o sistema econômico, por que então
encontramos injustiça, corrupção e exploração no sistema comunista
russo?
O caso da época atual não demora em se transformar em um sofisma
científico; uma vez que os cientistas desta época tratam seus casos à luz
da ciência moderna, mas esse tratamento é inútil porque baseia-se na
ciência absoluta, estamos numa época em que é necessário levar em
consideração outras coisas. O exemplo disso é: Se aplicarmos um estudo
científico em coisas científicas imperfeitas, esse ato pode acarretar
resultados não científicos, imperfeitos e falsos.
Em 1964 promoveu-se um congresso internacional dos
orientalistas, em Nova Delhi, com um mil e duzentos participantes de
todas as partes do mundo. Um dos participantes apresentou um estudo
em que ele afirmava que muitos monumentos tidos como construídos
por muçulmanos, não são, na realidade, da autoria deles, mas dos reis
hindús. Como exemplo, ele citou o farol de Qutb, de Delhi, que dizem
que foi o rei Qutbuddin Aibak quem construiu, quando, em verdade foi
construído pelo rei hindú Samaudra Jobt, 23 séculos antes. Ele diz que
os historiadores muçulmanos erraram ao afirmarem que o construtor do
farol foi o Rei Qutbuddin. Para afirmar tal coisa ele se baseou no fato de
que usou-se, na construção do farol em questão, algumas pedras que
foram cortadas em época anterior à da época do Rei Qutbuddin. Isso
parece ser uma prova científica, uma vez que algumas pedras do farol
são, de fato, do tipo descrito pelo cientista. Porém, será que é suficiente
olharmos algumas das pedras do farol para descobrirmos o seu construtor?
Não haveria, acaso, outras coisas para serem observadas? Tal afirmativa
não se aplica à totalidade do farol, pois há uma outra explicação que diz
que essas pedras velhas vieram de construções antigas, como se dá o
caso em muitas construções históricas em pedra. Não há inconveniente
em aceitarmos essa explicação, uma vez que quando vemos o farol de
Qutbuddin à luz de seu estilo arquitetônico, suas plantas e planejamento,
bem como a mesquita inacabada a seu lado, e o outro farol incompleto,
chegamos à conclusão de que a primeira explicação é uma comparação
falsa, baseada em erros.
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Este é o caso dos opositores. Eles acreditaram que os argumentos
científicos modernos anularam a religião, tanto que, se olharmos
detalhadamente a realidade ampla, chegaremos a uma conclusão
totalmente diferente da primeira.
O fato que me convence da veracidade da religião é que muitas
mentes exemplares, depois de terem deixado a religião, começaram a
delirar com palavras sem nexo, perdidas nas trevas, ou seja, o homem,
depois de perder a base da religião, não encontra outro arrimo para seus
pensamentos. Os nomes que constam da lista dos opositores, em sua
maioria, são de mentalidades importantes. Porém, depois de deixarem a
religião, começaram a escrever coisas sem sentido, a ponto de nos
deixarem em dúvida, sem entendermos como tais palavras foram escritas
por sábios. O registro produzido por eles abrange fábulas e opiniões
conflitantes, confissões de desconhecimento da verdade, bem como
abrangem exemplos parecidos com sofismas. A falsidade deles demonstra
que fecham os olhos às verdades patentes. Eles construíram pontes
imaginárias de alegações, com seus exemplos representados pela
irregularidade. Isso é atributo dos casos falsos. Os casos verdadeiros,
porém, baseiam-se em provas científicas fixas e não peculiares.
A verdade da religião e o sofismo dos opositores transparecem
mais quando olhamos o quadro da vida humana à luz da religião. É um
quadro lindo, delicado, que se coaduna com os pensamentos sublimes
do homem, da mesma forma que as leis matemáticas se coadunam com
o Universo. É um quadro contrário ao que traçam os opositores, que
apresentam um quadro disforme, que não se coaduna com a inteligência
humana. Vejamos o que diz Bertrand Russel.
"O homem é fruto de agentes sem objetivo. Seu nascimento,
crescimento, temor, suas esperanças, paixões e crenças, tudo é resultado
de um sistema matemático que combina com o sistema do átomo. O
túmulo é o destino final do homem. Nenhuma força será capaz de
ressuscitá-lo. Todos os esforços, sacrifícios, belos pensamentos,
heroísmos geniais, serão enterrados para sempre juntamente com o
desaparecimento do sistema solar. Toda luta humana será enterrada
juntamente com a terra, após a destruição do Universo. Se esses
pensamentos não fossem conclusivos, seriam os mais próximos da
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realidade, a ponto de dizermos que qualquer filosofia que tentasse negá-
los falharia."18
Essa citação é o resumo do pensamento materialista. O Universo,
à luz desse pensamento, quase perde os seus objetivos, não restando
mais que as trevas, onde enfraquecem as medidas do bem e do mal,
sendo que a eliminação do homem pelas bombas não é considerada
injusta, uma vez que, cedo ou tarde irá desaparecer. O pensamento
religioso, porém, é o pensamento da luz e da esperança. A vida e a morte
estão interligadas a ele, com objetivos determinados, e todos os valores
e os sublimes pensamentos encontram espaço nele. Mesmo que alguns
cientistas, para corroborarem seus pensamentos com as leis matemáticas,
creiam que alcançaram a verdade, a corroboração da mente humana com
o pensamento religioso é uma prova conclusiva de que ele é a verdade
procurada pela natureza humana. Então, não encontramos fundamentos
reais para negarmos o valor do pensamento religioso. Esta é a medida
científica que o matemático americano, o professor Earl Chester Rex
cita, dizendo:
"Utilizo, em minhas pesquisas, a medida científica islâmica, usada
para escolher entre dois ou mais pensamentos diferentes sobre a mesma
verdadade. É a medida que, de acordo com ela, escolhemos o pensamento
que traduz de uma forma simples os problemas conflitantes. Os cientistas
adotaram essa medida para escolherem entre as teorias de Ptolomeu e
Copérnico. A primeira dizia que a terra era o centro do sistema solar,
enquanto a outra dizia que o sistema solar é onde a terra se encontra. A
teoria de Ptolomeu era extremamente complexa e por isso os cientistas a
rejeitaram."19
Não há objeção quanto ao fato de que essas provas não
convenceram muitas pessoas, pois as portas de suas mentes materialistas
estavam cerradas, ignorando, por mais científica que fosse, a conversa
sobre Deus e religião. É certo que esta sua posição não é tomada por
causa que as nossas provas são fracas, mas é resultante do fanatismo que
eles nutrem contra os pensamentos religiosos. O cientista britânico, James
Jeans, um dos mais famosos cientistas da era moderna, falou a verdade
18. "Limitations of Science" (Limitações da Ciência), pág. 133.
19. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 179.
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quando disse em seu livro "Mysterious Universe" (O Universo
Misterioso):
"Nossas mentes estão repletas de fanatismos, e escolhem a
explicação materialista das realidades."20
Wittaker Chambers, em seu livro "Witness" (O Testemunho), cita
um caso em que podia ser o ponto de mudança em sua vida. Lembra que
enquanto olhava para a sua filha, os ouvidos dela lhe chamaram a atenção.
Então começou a pensar que seria impossível que houvesse, por mera
coincidência, algo tão complexo e preciso como os ouvidos. Seria
necessário que fosse o resultado de uma vontade preparadora. Ele, porém,
repeliu tais pensamentos de sua mente, para não ser obrigado a crer,
logicamente, no Ser que preparou aquilo, porque sua inteligência não
estava preparada para receber esse último pensamento.
O Professor Doutor Thomas Daywood Parkes, depois de comentar
as considerações acima mencionadas, diz:
"Conheço um grande número de professores universitários e de
colegas cientistas meus que enfrentaram muitas vezes tais sentimentos,
quando faziam experiências químicas e naturais nos laboratórios."21
Há consenso entre os cientistas desta época quanto à Teoria da
Evolução. Ela passou a ocupar, de fato, todos os ramos das ciências
modernas. Em todo o caso que necessitava de Deus para a sua explicação,
colocavam, sem vacilação, essa teoria.
Este é um dos lados da teoria. O outro lado, porém, o lado tenebroso,
que afirma que a Teoria da Evolução Orgânica é tirada da Teoria da
Evolução, continua até hoje sem provas nem exemplos científicos! Muitos
cientistas afirmaram que só acreditam nessa teoria; isso porque não
possuem qualquer substituto para ela, além da crença direta em Deus!"
Sir Arthur Keith escreveu:
"A Teoria da Criação e da Evolução não é certa, cientificamente
falando, nem é possível comporvá-la com exemplos. Só cremos nela
porque a única alternativa, além dela, é a crença imediata na criação
direta, e não é possível nem mesmo pensar-se nisso"22
23. George H. Blount, "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 130.
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Terceiro Capítulo
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QUARTO CAPÍTULO
A Existência e a Criação
O homem e o mundo comuns crêem, em qualquer circunstância
que prove que eles existem e que o Universo existe. Com base no
conhecimento e nessa crença, todas as atividades científicas e biológicas
são edificadas.
Se crermos na existência do Universo, então será necessário
crermos, logicamente, no Deus desse Universo. De modo que, não tem
sentido crermos nas criaturas e negarmos a existência do Criador. Nada
conhecemos que surgisse do nada, sem ser criado. Qualquer que seja o
volume de qualquer coisa, grande ou pequena, possui um criador. Como,
então, podemos crer que um Universo igual ao nosso surgiu do nada,
sem ter um Criador?
John Stuart Mill, em sua biografia, cita que seu pai lhe ensinou
que a pergunta: "Quem me criou?” não é suficiente para afirmar a
existência de Deus, pois suscita, automaticamente a pergunta! "Quem
criou Deus?" Bretrand Russel considerou esta segunda pergunta suficiente
para negar a primeira.40
Nós sabemos que esse exemplo é muito antigo entre os ateus. A
exigência disso é que se supormos um Criador para o Universo,
necessitaremos considerá-Lo eterno!
40. Morton White, "The Age of Analysis" (A Idade da Análise), págs. 21,22.
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O Eterno – Criador ou Matéria?
Se necessitamos considerar a eternidade do Criador, porque não
cremos na eternidade do Universo? Essas palavras não têm sentido,
porque não conseguimos qualquer descrição do Universo que afirma
que ele se criou por si.
Esse exemplo tinha seu valor até o século XIX. Hoje, porém, após
a descoberta da Segunda Lei da Termodinâmica, vemos que tal exemplo
perdeu toda base que possuía.
Essa lei, chamada de "Lei da Entropia", afirma que o Universo
não pode ser eterno. Ela nos diz que a temperatura está sempre mudando,
de quente para frio. O inverso é impossível, ou seja, a mudança constante
dessa temperatura de baixa para alta. A lei da entropia é o equilíbrio da
temperatura entre os corpos.
De acordo com esta importante descoberta científica, a potência
do Universo diminui dia a dia. Vai chegar o instante em que a temperatura
de todas as coisas existentes estará em equilíbrio. Não restará mais
nenhuma energia útil para a vida e para o trabalho. Isto feito, todas as
reações químicas e naturais acabarão e, automaticamente, terminará a
vida.
Partindo-se dessa verdade que afirma que as reações químicas e
naturais estão em movimento, e que a vida existe, é confirmado para nós
que o Universo não é eterno, pois se fosse eterno teria perdido a sua
energia havia muito tempo, de acordo com esse princípio, e não teria
sobrado no Universo um só sopro de vida.
Essa investigação científica moderna é citada por um antropologista
americano, o Professor Eduard Luther Kasill, que diz:
"Dessa forma, as pesquisas científicas confirmam,
inadvertidamente, que este Universo teve início e, em consequência,
ficou confirmada a existência de Deus, porque tudo que possui início,
não pode se iniciar por si; necessita de um impulso inicial, o Criador,
Deus."41
Sir James diz o mesmo: "A ciência moderna crê que o princípio da
Entropia permanecerá até terminar toda a energia do Universo, e esse
processo não chegou ainda ao fim, porque se tal acontecesse, não
41. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 51.
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existiríamos na face da terra, e nem estaríamos pensando nela. Esse
processo se aproxima com velocidade, juntamente com o tempo. Portanto,
é preciso que tenha início; é necessário que tenha havido um processo
no Universo, que podemos chamar de "criação num determinado tempo",
portanto, não é possível que o Universo seja eterno.42
Há muitas testemunhas naturais afirmando que o Universo não
existia desde a eternidade, e que possuía um período limitado. A título
de exemplo, vemos a astronomia atestando que o Universo está em
permanente expansão; de que todas as galáxias e os corpos celestes estão-
se distanciando com uma fabulosa velocidade. Poderemos explicar tal
situação, se considerarmos um início em que as partes estavam
centralizadas e aglomeradas; então, começou o movimento e surgiu a
temperatura. Os cientistas calculam que o Universo surgiu como
consequência de uma "explosão" anormal que ocorreu há 5 trilhões de
anos.
A crença nessa descoberta científica, de que o Universo tem uma
vida limitada, choca-se com a negação da existência.
O exemplo daquele que crê no acontecimento do Universo, mas o
nega por causa da existência de seu Criador, é o mesmo daquele que
alega que o palácio de Taj Mahal construiu-se por si próprio, sem o
concurso dos construtores e dos engenheiros, apesar de se admitir que
foi construído no século XVII, e que não existiu desde a eternidade.
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anos e meio, com uma precisão extraordinária. Esse é o caso de todos os
corpos celestes. Os astrônomos acham que as galáxias se misturam umas
com as outras. Uma galáxia, com todos os seus bilhões de planetas em
movimento, penetra em outra galáxia semelhante e, então, sai dela,
levando todos os seus planetas sem que ocorra qualquer choque entre os
planetas das duas galáxias.
A mente, quando imagina esse sitema preciso, não consegue aceitar
que tudo isso tenha ocorrido por si, mas admite que há uma energia
sobrenatural que sustenta esse sistema, e o controla.
Os Sistemas Complexos
Esse sistema, que existe nos grandes mundos, é também
encontrado, em sua figura completa, no menor mundo que conhecemos.
Sabemos, de acordo com o conhecimento moderno, que o átomo é o
menor mundo. Ele é tão pequeno que não pode ser visto mesmo com o
auxílio do mais potente microscópio eletrônico. Ele, de acordo com isso,
é nada, em relação à menor coisa que a vista humana possa ver. Esse
átomo, porém, possui, de uma forma extraordinária, um sistema de órbita
semelhante ao existente no sistema solar. O átomo é o nome dado a um
conjunto de eletrons que não tem contato entre si. Há um vazio entre
eles muito grande (proporcionalmente). Tomemos como exemplo um
pedaço de fero onde as moléculas são bastante compactas. Os elétrons
dentro dele não ocupam mais do que 10-9 da área do átomo. O resto da
área é vazio. Se conseguirmos uma fotografia ampliada do elétron e do
próton verificamos que a distância entre eles é de 300 m
aproximadamente.
O elétron, a parte negativa do átomo, gira ao redor do próton, a
parte positiva do átomo; esses elementos, que nãopassam de pontos
imaginários, giram ao redor do seu núcleo do mesmo jeito que a terra
gira ao redor do sol, de tal modo que não se pode situar o elétron num
determinado lugar, devido à sua velocidade, mas é imaginado que ele
existe ao longo de trajetória, porque ele gira ao redor de seu núcleo
bilhões de vezes por segundo!
É impossível que esse sistema atômico tenha surgido por si, não
há meios de observá-lo, nem é possível explicar a sua função dentro do
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átomo, a não ser por meio da ciência. Ele foi adotado pela ciência. Então,
por que não tiramos disso uma prova de que existe um Organizador Que
comanda esse sistema? É impossível que haja o sistema no átomo sem
um Organizador que o controle.
Ficamos perplexos ao ver o emaranhado complexo dos fios de
televisão, da mesma forma que ficamos confusos constatando que um
telefonema de São Paulo até Tóquio, no Japão, é completado em alguns
segundos. Se a complexidade do sistema dos fios de televisão nos deixam
perplexos, que se há de dizer do nosso sistema nervoso, que é maior e
mais complexo ainda? Milhões de informações percorrem o nosso sistema
nervoso criado pela natureza, de um lado para o outro, noite e dia. Essas
informações são responsáveis pelo ritmo do coração, pelo movimento
de todos os nossos diferentes orgãos. Se esse sistema não existisse em
nosso corpo, este se tornaria num emaranhado de coisas, cada uma
desempenhando um papel diferente do outro.
A central de comunicação dessas informações é o cérebro do
homem. Ele é composto de um trilhão de células nervosas, e de todas
essas células saem nervos que se espalham por todo o corpo. Eles são
chamados de "tecido nervoso". Nesse tecido se desenrola o sistema de
recebimento e transmissão das informações, com a velocidade de 110
km por hora. Por intermédio desse tecido é que sentimos sabor, ouvimos,
vemos e executamos todos os nossos movimentos. Há três mil
corpúsculos gustativos, e cada um tem um nervo particular ligado com o
cérebro. Por intermédio desses corpúsculos a pessoa sente os diferentes
paladares. No ouvido existem dez mil células auditivas, e, através de um
sistema complexo de células receptoras de luz, elas desempenham o papel
de remeter a figura captada para o cérebro. Há uma rede de tecidos
nervosos ao longo de nossa pele. Ao aproximarmos da pele algo quente,
trinta mil células captam a temperatura, sentem o processo e o remetem
imediatamente ao cérebro. Ao aproximarmos da pele algo frio, um quarto
de milhão de células, que captam as coisas frias, sentem a frieza. Depois,
informam o cérebro imediatamente; então, o corpo treme, as veias da
pele se expandem, e aumenta o fluxo de sangue ao local para aumentar-
lhe a temperatura. Se essas células sentirem uma temperatura muito
elevada os informantes transmitirão a informação ao cérebro, que,
49
imediatamente, seleciona três milhões de glândulas sudoríparas,
selecionam espontaneamente o suor frio, liberando-o para fora do corpo.
O sistema nervoso abrange muitas ramificações. Entre elas há a
que desempenha papéis autônomos no corpo como a digestão, a
respiração, as batidas do coração. Esse ramo inclui dois sistemas
chamados: sistema simpático e parassimpático. São denominados
autônomos porque regulam as atividades que não dependem da nossa
vontade, como os batimentos cardíacos, os movimentos peristáticos, o
diâmetro da pupilas etc.. As ações dos nervos simpáticos e
parassimpáticos são antagônicas, isto é, quando um se inibe, o outro
estimula determinada função, e vice-versa.
Imitando a Natureza
Os melhores aparelhos inventados pelo homem não se comparam,
nem de longe, ao sistema fabuloso que existe no Universo. Por isso, a
imitação do sistema da natureza tornou-se hoje uma atividade científica
que se preocupa em elaborar aparelhos mecânicos de acordo com esse
sistema. Surgiu, então, uma nova ciência chamada de biônica que,
anteriormente, se limitavam às descobertas e à utilização das
potencialidades latentes na natureza.
Hoje, o sistema biológico utiliza-se de muitos meios para adquirir
conhecimentos que auxiliam na solução de problemas de engenharia.
Como exemplo, podemos citar a máquina fotográfica. É, na
realidade, uma imitação mecânica do olho humano. O diafragma é a
íris. O filme é a retina do nosso olho. É nela que ficam gravadas as
imagens que "focalizamos" para depois serem enviados ao cérebro, onde
passam pelo processo de "revelação". A lente é o cristalino, por onde
penetram os raios luminosos, levando a imagem até à retina, onde ela é
fixada. Ao passar pelo cristalino, a imagem se torna menor e invertida
(de cabeça para baixo) na retina, o mesmo ocorrendo com a máquina
fotográfica.
Há inúmeros exemplos além desse, que atestam que os cientistas
naturais e tecnológicos imitam, em seus projetos, os métodos vivos da
natureza.
Muitos problemas preocuparam os cientistas desde os tempos
remotos, quando a natureza já os tinha solucionado havia muito tempo.
50
E, se as máquinas fotográficas e as máquinas teleimpressoras não podem
existir sem a mente humana, como podemos imaginar que o sistema do
Universo, que é muito mais complexo do que qualquer outro sistema,
surgiu por si, sem uma mente por trás dele? Ele necessita de um
engenheiro que o coloque em ordem, que é Deus. É impossível que a
mente imagine um sistema sem um autor. É inconcebível não crermos
na existência de um autor para o Universo; é inconcebível negarmos
esse autor. Na verdade, a mente humana não possue base mental para
negar a existência de Deus.
48. Os orgãos do corpo humano, em tais condições, não poderiam continuar suas
atividades cotidianas, como em situações normais, devido à impossibilidade da
existência de tecidos e células do corpo e do cérebro em tal situação, porque, toda vez
que o oxigênio diminui, as atividades do corpo e da mente diminuem também.
56
americanas, causando tantos estragos que alguém, ao ver aqueles danos,
disse que a floresta nunca mais se encheria novamente!
Nenhum tipo de árvore, até aquela época, havia alcançado a
distinção e o valor atingidos pelo carvalho. Era chamada de "rainha das
árvores da floresta americana", antes da chegada da endoteca, vinda da
Ásia, lá por volta de 1900.
Hoje, porém, não há nem vestígios das árvores de carvalho nas
florestas americanas. Porém, as florestas foram refeitas rapidamente com
outra espécie de árvore chamada de "Tulipa", que ocupava uma pequena
proporção das florestas e não se tinha desenvolvido. Ela aproveitou a
oportunidade e se desenvolveu, ocupando o espaço deixado pelo carvalho.
Hoje, nenhum negociante de madeira se lembra da existência daquelas
árvores. A árvore que substituiu o carvalho engrossa uma polegada a
cada ano e cresce seis polegadas de altura, fornecendo madeira de
excelente qualidade, utilizada em todos os tipos de indústrias de precisão.
Dentre os acontecimentos científicos importantes que sucederam
neste século, está o que aconteceu na Austrália. Plantaram um certo tipo
de cacto nas fazendas para protegê-las. Não havia na Austrália qualquer
espécie de lagarta que atacava e comia essa planta. Então, o cacto
começou a se espalhar de forma assustadora, dominando uma área
equivalente a todas as ilhas britânicas. O cacto invadiu cidades e aldeias,
destruindo as fazendas e as plantações, impossibilitando a agricultura.
Não conseguiram eliminá-lo por nenhum método. Tornou-se um exército
enorme, avançado para conquistar toda a Austrália, sem haver nada que
pudesse fazer frente a ele. Essa situação perdurou até que os cientistas
experts em insetos começaram procurar uma lagarta que comesse cacto.
Descobriram uma que só se alimentava dele e procriava rapidamente, e
não tinha nenhum inseto antagônico na Austrália. Rapidamente, a pequena
lagarta dominou o cacto e acabou com a calamidade australiana.
Será possível que essa lei de checagem e equilíbrio tenha surgido
sem um planejamento inteligente, por mero acaso?
57
sistemas. A água, por exemplo, onde quer que esteja nesta vasta terra,
consiste de um líquido formado de 11,1% de hidrogênio e 88,9% de
oxigênio. Por isso, qualquer cientista que esteja esquentando água em
seu laboratório pode dizer, categoricamente, que o ponto de ebulição da
água é 100 graus Célsius, sem necessitar de um termômetro, desde que
a pressão atmosférica permaneça com 760 mm. Se esta pressão
diminuisse, precisaríamos de menos energia para atingirmos a
temperatura necessária para a ebulição. Dando-se o contrário, com a
pressão acima dos 760 mm, o ponto de ebulição aumentaria na proporção
do aumento da pressão. Esta experiência foi repetida várias vezes para
se certificar do ponto de ebulição até antes de ferver a água e a previsão
do mesmo sem o uso do termômetro. Se esse sistema não fosse constante
na matéria, o homem não teria base para sustentar suas descobertas e
suas experiências científicas. Sem esse sistema o nosso mundo seria
controlado pelas coincidências e pelos acasos. Porém, é impossível aos
naturalistas dizerem: Com um determinado evento, numa determinada
situação, acontece tal coisa.
Particularidades Sábias
A coisa mais irregular e mais anormal é crermos que o Universo,
com sua indubitabilidade matemática sejam frutos do acaso!
Dentre as particularidades sábias deste Universo está a de ser
propício para as atividades do homem quando necessário. Tomemos como
exemplo o nitrogênio. O ar contém 78% de nitrogênio, bem como outras
substâncias químicas. Nesse caso é chamado de nitrogênio composto.
Tudo é absorvido pelas plantas para nos proporcionar a parte nitrogênica
no alimento. Se não fosse esse processo, o homem e os animais
pereceriam, bem como tudo o que depende da alimentação vegetariana,
porque nenhum alimento vegetal cresce sem essa solução química.
Há dois métodos únicos para a solução do nitrogênio na terra. O
primeiro é através do processo bactereológico. É elaborado pelas bactérias
que vivem nas raízes das árvores, debaixo da terra. Elas extraem o
nitrogênio do ar, elaborando vários compostos nitrogenados importantes
para a vida das plantas. Esses compostos permanecem com as raízes
59
depois da colheita. O outro processo é efetuado pela tempestade na qual
tenha sido oxidado o nitrato de amônio, pelas descargas elétricas. Esse
composto chega à terra por meio da chuva. A quantidade de nitrogênio
obtida por intermédio desse processo, por ano, é de aproximadamente
dois quilos e meio por acre, equivalente a 150 kg de nitrato de sódio.49
Essa quantidade de composto nitrogenado não é suficiente, porque
nos campos plantados por várias vezes, esgota-se o nitrogênio. Por isso,
vemos os agricultores mudarem de um pedaço de terra para outro, depois
de certo tempo. Um fato estranho que aconteceu neste século, quando as
terras para plantação foram ficando escassas, com a diminuição do
nitrogênio, assustando a humanidade com o espectro da aridez, é que foi
descoberto, nesse período perigoso, o terceiro processo para obtenção
do nitrogênio do ar. Uma das primeiras experiências feitas nesse sentido
foi o ocasionamento de tempestades artificiais, utilizando-se aparelhos
com três milhões de cavalos de potência. Porém, não foi bem sucedida,
a não ser na obtenção de pequena quantidade de composto nitrogenado.
O homem avançou com essas experiências até encontrar o terceiro
processo: a utilização do ar na fabricação do composto nitrogenado na
qualidade de fertilizante. Desta feita, o homem coseguiu preparar, para
o seu alimento, um processo importante, sem o qual morreria de fome.
Isso é um acontecimento fantástico na história da terra, pois o homem
descobriu, pela primeira vez na sua história, uma solução para a crise de
alimento, afastando as sombras para a catástrofe dos habitantes da terra,
quando parecia impossível evitá-la.
Há inúmeros acontecimentos que afirmam a existência da sabedoria
do homem e da essência do Universo. Todo nosso conhecimento nos
certifica que o que foi descoberto é bem menos do que aquilo que não
conseguimos até agora descobrir! Apesar disso, o que foi descoberto
pelo homem é muito. Se quisermos fazer um índice para os títulos desses
conhecimentos, necessitaremos de um livro enorme comparado com este
livro que está em nossas mãos. Mesmo assim, sobraria muito para ser
relacionado.
Tudo o que a língua humana pode pronunciar sobre os prodígios
de Deus é imcompleto, pois, por mais que pesquisemos, chegamos à
49. "The Mayesterious Universe" (O Misterioso Universo), págs. 3 e 4.
60
conclusão de que não conseguimos abrangê-los, e só citamos alguns
deles.
Na verdade, se o homem conseguisse descobrir todos os segredos
do Universo, todos os habitantes da terra, com todos os meios necessários,
jamais conseguiriam relacioná-los. Isso não é, acaso, atestado pelas
palavras de Deus:
"Ainda que todas as árvores da terra se convertessem em
cálamos e o oceano (em tinta), e lhes fossem somados mais sete
oceanos, isso não exauriria as palavras de Deus." (Alcorão, 31:27). E
"Dize-lhes: Se o oceano se transformasse em tinta com que se
escrevessem as palavras de meu Senhor, esgotar-se-ia antes de se
esgotarem as Suas palavras, ainda que para isso se empregasse outro
tanto de tinta." (Alcorão, 18:109).
Todo aquele que tiver a oportunidade de examinar as páginas do
Universo, reconhecerá de que não há exagero nessas palavras de Deus,
mas são a expressão simples sobre as verdades que realmente existem.
54. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não Está Sozinho), pág. 17.
63
Um famoso matemático suiço, Charles Bougin Joy tentou calcular
o tempo através da matemática. Ele concluiu, com suas pesquisas, que a
probabilidade de acontecer puramente a coincidência que criaria o
Universo, se houver matéria, é de 10-160 ou seja, um sobre 10x10, cento
e sessenta vezes. Em outros termos é 1 sobre 1 seguido de 160 zeros. É
um número impossível de ser lido.
A possibilidade da ocorrência da proteína, por acaso, exige matéria
um bilhão de vezes maior do que a matéria existente em todo o Universo,
para poder movimentá-la e impulsioná-la. Quanto ao tempo necessário
para que surja uma ocorrência bem sucedida para esse processo, será
mais de que 10243 anos, ou seja, 1 seguido de 243 zeros.
Uma parte da proteína é formada por "cadeias" compridas de
aminoácidos. A parte mais importante no processo é a composição dessas
cadeias. Se as misturarmos de uma forma errada, passarão a ser um
veneno letal, em lugar de ser vital.
O professor G.B. Leathes calculou que a probabilidade da
composição dessas cadeias é efetuada de 1048 maneiras. Ele diz: "É
totalmente impossível que tais cadeias se juntem puramente por acaso,
de uma forma específica, para que haja a parte da proteína que abranja
mil partes dos cinco elementos acima citados.
É preciso esclarecer o leitor que falarmos em possibilidade, na lei
das probabilidades matemáticas, não quer dizer que tenha de ocorrer o
evento que estamos esperando, depois da ocorrência das tentativas
citadas, naquele longíssimo tempo. Significa que sua ocorrência durante
esse período é provável, não necessária. É possível, por outro lado, que
nunca ocorra, mesmo que se seja tentado até à eternidade.
Esta parte da proteína, de composição química, só passa a ter vida
quando passa a fazer parte da célula. Aí começa a vida. Tal fato gera a
pergunta mais importante em nossa pesquisa: Qual é a procedência do
calor quando a proteína penetra na célula? Essa pergunta não tem resposta
nos livros dos opositores ateus.
É claro que a explicação dada por eles, protegidos que estão pela
lei das probabilidades matemáticas, não se adapta à própria célula, mas
a uma pequena parte dela, a proteína. É um átomo que não pode ser visto
nem com os mais potentes microscópios, enquanto vivemos, no corpo
de cada um de nós há mais de centenas de bilhões dessas células.
64
O cientista francês Conte de Nouy preparou uma tese a respeito
do assunto. Seu resumo é o seguinte: A estimativa do tempo, da
quantidade de matéria, do espaço infinito necessário para a ocorrência
dessa probabilidade, é muito maior do que a matéria e o espaço existentes
agora, e o tempo é muito maior do que aquele que o desenvolvimento da
vida levou sobre a face da terra. Ele vê que o volume dessas estimativas,
necessárias para o nosso processo, não podem ser nem imaginados ou
planejados nos limites da razão que o homem possui hoje. Para que
aconteça um evento, por acaso, do tipo que precisamos para a elaboração
de um Universo com luz, caminhando em sua órbita de 1082 anos luz, ou
seja, 1 seguido de 82 zeros de anos de luz; este volume seria bem maior
do que o volume da luz realmente existente em nosso Universo atual. A
luz da galáxia mais distante no Universo nos chega em alguns milhões
de anos luz. De acordo com isso, a teoria de Einstein sobre a expansão
do Universo não é suficiente para esse suposto processo.
Quanto a esse processo, nós teríamos de movimentar a matéria
suposta no Universo suposto com a velocidade de quinhentos trilhões
de movimentos por segundo, no tempo de 10243 bilhões de anos, ou seja,
1 bilhão seguido de 243 zeros, para que pudesse acontecer a probabilidade
da ocorrência da proteína que dá a vida.
De Nouy diz a esse respeito:
"Não devemos esquecer que a terra existe há dois bilhões de anos
e que a vida, em todas as hipóteses, existe há apenas um bilhão de anos,
quando a terra esfriou."55
Os cientistas tentaram descobrir a idade do Universo.
O resultado da pesquisa demonstrou que nosso Universo tem 5x1011
de anos. É um período muito curto, insuficiente para que haja a
probabilidade do aparecimento da proteína, de acordo com a lei das
probabilidades matemáticas.
No que se relaciona com a terra, onde a vida apareceu, sabemos
exatamente a sua idade. Na opinião dos cientistas ela é uma parte do sol
que dele se desprendeu como resultado de um choque entre o sol e um
planeta gigante. Desde então, essa parte começou a girar no espaço, como
uma chama de fogo. Não era possível, então, surgir a vida sobre ele,
55. "Human Destiny" (O Destino do Homem), págs. 30, 36.
65
devido à sua alta temperatura. Depois de transcorrer um tempo muito
longo, a terra começou a se esfriar, solidificar-se e a se agregar, até surgir
a perspectiva do início da vida sobre sua superfície.
Conseguimos descobrir a idade do Universo de várias maneiras. A
melhor maneira que conhecemos para esse estudo é por meio de
elementos radioativos. Os átomos se desprendem constantemente desses
elementos, em determinada proporção, e essa desintegração diminue o
número dos átomos. Esta proporção é constante, sob quaisquer
circunstâncias de alta e baixa temperatura e de pressão. Por isso,
acertaremos se considerarmos a velocidade de transformação do urânio
em chumbo, que é específica e constante.
O urânio é encontrado em muitas elevações e montanhas. É
indubitável que esse urânio faça parte da montanha, desde que se
solidificou na sua última forma, quando da solidificação da terra. Ao
lado do urânio encontramos chumbo. Não podemos afirmar que todo o
chumbo foi formado pela desintegração do urânio. Isso é resultante do
fato de que o chumbo, desta forma formado, é mais leve do que o chumbo
normal. De acordo com esta base, podemos afirmar se qualquer pedaço
de chumbo é resultante do urânio ou não. Com efeito, podemos calcular
o tempo que levou o processo de desintegração do urânio com precisão.
Ele se encontrava na montanha desde o primeiro dia da solidificação.
Com isso conseguimos descobrir o tempo da solidificação da própria
montanha.
As experiências atestaram que passaram um bilhão e quatrocentos
milhões de anos desde a solidificação das montanhas consideradas, na
prática, as mais velhas da terra. Alguns de nós pensam que a idade da
terra é o dobro ou o triplo da idade das montanhas. As experiências
práticas, porém, negam com veemência essa opinião anormal. O Profes-
sor J. W. N. Sullivan diz que a idade média da terra é de 2 bilhões de
anos.56
Reflitamos agora, depois que concluirmos que a matéria inanimada
necessita de bilhões de bilhões de anos para que haja a probabilidade do
aparecimento da proteína, casualmetne; como é que, nesse curto espaço
de tempo, apareceram milhões de espécies animais e mais de duzentos
56. J. W. N. Sullivan. "Limitations of Science" (As Limitações da Ciência,), pág. 78.
66
milhões de espécies de plantas? Como essa enorme quantia se espalhou
sobre a face da terra? Como surgiu dentre dessas espécies de animais
aquele ser superior que denominamos "homem"? Não entendo como
ousamos ter tais crenças, quando sabemos muito bem que a Teoria da
Evolução se baseia em "mudanças puramente por acaso".
Quanto a essas mudanças, pelo cálculo do matemátio Patau, cada
nova mudança, em qualquer espécie, leva dois milhões de gerações para
se efetuar.57
No que diz respeito ao cão, que alegam ser o avô do cavalo, quanto
de tempo foi necessário, de acordo com os cálculos do matemático Patau,
para o cão se tornar cavalo?
Quanto de verdade há no que o cientista americano Marlyn B.
Kraider diz:
"A probabilidade matemática para preencher as condições
necessárias para a criação, através do acaso, é, na realidade, muito
próxima de zero."58
Temo-nos prolongado no assunto para que apareça a amplitude da
nulidade da teoria da criação por acaso. Na verdade, não tenho dúvidas
de que é puramente impossível o aparecimento da proteína e do átomo
por acaso, da mesma forma que é impossível que a nossa mente, que
perscruta os segredos do Universo, seja fruto do acaso, por mais
exagerados que sejamos quanto à suposição do longo período que o
processo da matéria do Universo levou para se formar. A teoria da criação
não é provável apenas à luz da lei das probabilidades matemáticas, mas
ao mesmo tempo não goza de qualquer peso lógico.
Qualquer afirmação nesse sentido é absurda e cheia de insipidez…
Da mesma forma é classificada a pessoa que supõe que a queda de um
copo d'água ou duma xícara de café irá desenhar o mapa mundi! Não há
inconveniente em perguntarmos para tal pessoa: De onde veio essa
camada de terra, a gravidade, a água, o copo, para que haja a fantástica
coincidência?
O biólogo Hackel foi infeliz quando declarou:
"Dêem-me ar, água, os elementos químicos, e tempo, e eu criarei
o homem". Hackel, porém, esqueceu (ou ignorou), em sua declaração,
57. "The Evidence of God" (A Evidência de Deus), pág. 117
58. Idem, pág. 67.
67
que, ao dizer que necessitava da matéria e das condições materiais, anulou
a sua declaração em si.
O Professor Kraissi Morisson diz a este respeito:59
"Hackel ignora, em sua declaração, os gens hereditários, a questão
da própria vida. A primeira coisa de que irá precisar para a criação do
homem são os átomos que precisam ser observados, então criará os gens
ou os cromossomos, para depois do arranjo desses átomos, vesti-los com
o manto de vida.
Porém, a possibilidade da criação, nessa tentativa, depois de tudo,
é uma chance em bilhões. Se supomos que Hackel teve êxito em sua
tentativa, ele não pode chamá-la de acaso, mas será o resultado da sua
inteligência."60 Se fosse possível ao Universo criar-se por si só, isso
significaria que ele desfruta dos atributos do Criador, e, nesse caso,
seríamos obrigados a crer que o Universo é Deus… Portanto, concluímos
que devemos aceitar a existência de Deus. Esse Deus será estranho: será
oculto e manifesto ao mesmo tempo! Deveríamos preferir crer naquele
Deus que criou o mundo material, não sendo uma parte deste Universo,
mas o seu Governante e Arranjador, ao invés de adotarmos esse tipo de
fábula."61
69
tornarem eternos. Porém, fracassam, redondamente, e toda vez que se
envolvem na questão fracassam, com uma nova afirmativa sobre a certeza
da morte.
Por que a morte? Há aproximadamente duzentas respostas para
essa importante pergunta, muito formulada nos congressos científicos;
dentre elas há: a perda das eficiências do corpo; encerramento do processo
das partes estruturais; o enregecimento dos tecidos nervosos; a
substituição do material albuminoso, de muito movimento, pelo pouco
movimento; o enfraquecimento dos tecidos nervosos, a proliferação das
bactérias no corpo, e muitas outras respostas que ocorrem em torno do
fenômeno da morte.
A afirmação de que o corpo perde sua eficiência atrai a mente…
os elementos de ferro, os calçados, os tecidos, tudo perde, sua eficiência
depois de um determinado tempo. Nossos corpos também se deterioram
e perdem a sua eficiência à exemplo das peles que usamos no inverno. A
ciência moderna, porém, não nos apoia, porque a observação científica
do corpo humano atesta que ele não se parece com as peles dos animais,
com os elementos de ferro, nem se parece com as montanhas… A coisa
que mais se parece com ele é um rio que corre há milhares de anos sobre
a face da terra. Quem consegue afirmar que o rio corrente deteriora,
enfraquece e envelhece? De acordo com essa base, o Dr. Lins Balange62
afirma que o homem é eterno até certo ponto, teoricamente, pois as células
de seu corpo são agentes que atuam no tratamento e na cura das doenças,
expontaneamente. Apesar disso, o homem envelhece e morre. As causas
desse fenômeno são mistérios que confundem os cientistas.
O nosso corpo está em renovação constante, a matéria albuminosa
que existe nas células do sangue deteriora e se renova da mesma forma.
Todas as células do corpo morrem e são substituídas por novas células,
menos as células nervosas. As pesquisas científicas afirmam que o sangue
humano é renovado no todo, a cada quatro anos aproximadamente, como
se renovam todos os átomos do corpo humano em alguns anos. Isso nos
esclarece que o corpo humano não é como o esqueleto, mas como o rio
corrente, ou seja, é uma "atividade constante". Nessas circunstâncias
todas as teorias que afirmam que a causa da morte está no corpo e na
62. Ganhador do Prêmio Nobel de Ciência.
70
perda de suas forças, é nula. Todas as coisas do corpo que se deterioraram
ou se intoxicaram na infância e na juventude sairam do corpo há muito
tempo. Não tem sentido transformá-las na causa da morte. Esta encontra-
se em outro lugar, e não nos intestinos, nos tecidos do corpo ou no coração.
Alguns cientistas alegam que os tecidos nervosos são a causa da
morte, porque permanecem no corpo até o final da vida, sem se
renovarem. Se a afirmação, de que o sistema nervoso é o ponto fraco do
corpo humano fosse verdadeira, poderíamos deduzir que qualquer corpo
sem o sistema nervoso deve viver por mais tempo do que os corpos com
tal sistema. A observação científica, porém, não nos apoia. Esse sistema
não existe, por exemplo, nas árvores. Algumas vivem longo período. A
planta do trigo, por exemplo, que não possui o sistema nervoso, vive
apenas um ano. A constituição da ameba, também, não possue sistema
nervoso, e, apesar disso, só vive meia hora. A conclusão dessa explicação
é que os animais considerados superiores, que possuem um sistema mais
completo, devem viver um tempo mais longo do que os animais inferiores.
A realidade, porém, também não nos apoia. A tartaruga e o crocodilo, e
o peixe espada vivem mais tempo do que qualquer outro animal, e todos
são animais inferiores, com sistemas fracos.
Todas as pesquisas que tentaram transformar a morte em uma
questão incerta, que pode ser evitada, fracassaram. Só sobraram as
probabilidades deixadas pelos tempos, ou seja, que o homem pode morrer
com qualquer idade, a qualquer tempo, e não conseguimos captar
qualquer possibilidade de derrotar a morte, apesar de todos os nossos
esforços.
O Dr. Alexis Carrel discutiu essa questão num artigo longo
chamado:" O Tempo Interior", onde cita os esforços fracassados
empreendidos nesse campo. Ele diz:
"O homem jamais se cansará de aspirar a imortalidade. Não a
conseguirá, porque lha impedem as leis da sua constituição orgânica. É
fora de dúvida que conseguirá retardar, e, por ventura, até inverter, durante
alguns anos, a marcha inexorável do tempo fisiológico. Mas jamais
vencerá a morte."63
76
regiões da terra, e esperemos o tempo em que esses corpos comecem a
andar, a falar, a comer, "devido à influência do mundo exterior".
80
só conseguirá registrar as ondas de calor após algumas horas da ocorrência
do fenômeno, sendo incapaz de registrar as ondas anteriores.
Esse aparelho de infravermelho fotografa igualmente tanto no
escuro como no claro. Os cientistas da Inglaterra e dos Estados Unidos
começaram aproveitar esse aparelho para as suas investigações. Uma
certa noite um avião desconhecido sobrevoou os céus de Nova York.
Eles fotografaram as ondas de calor dos céus da cidade com o tal aparelho
e descobriram o tipo de avião. Esse aparelho é chamado de evapógrafo.
Um jornal publicou um artigo a respeito do assunto, dizendo: "Graças a
esses aparelhos conseguiremos observar a nossa história nas telas do
cinema, no futuro! Tal fato proporcionará descobertas fantásticas, que
mudarão os nossos conceitos básicos sobre a história."
Esse aparelho é fantástico, mostrando que a vida de cada um de
nós pode ser registrada totalmente, como os aparelhos fotográficos
automáticos registram todos os movimentos dos atores de cinema. Se
você agredir um pobre ou aliviar o fardo de alguém estranho, ou se
preocupar com o bem ou com o mal, todos os seus movimentos são
registrados na tela do mundo, onde você será incapaz de eliminá-los ou
a fugir deles, quer você esteja no escuro ou no claro. Sua vida é como o
roteiro filmado em estúdio cinematográfico em que depois assistirmos
na tela do cinema, ou a gravação em vídeo, podemos ver logo em seguida
na tela de um televisor, sendo que a fita pode ser guardada por longo
tempo, em local bem distante da ocorrência da gravação. Ao vermos as
imagens, sentimos como se estivéssemos vivendo os acontecimentos. É
o que acontecerá com o homem e com os atos praticados por ele. Um
filme completo de tais atos será exibido para cada um no Dia da
Ressurreição, quando as pessoas gritarão:
"Ai de nós! Que significa este Livro? Não omite nem pequena,
nem grande falta!" (Alcorão Sagrado, 18:49)
Os detalhes científicos que apresentamos nas páginas anteriores
esclarecem que os elementos do mundo são responsáveis pelo registro
completo de todos os atos do homem. Tudo o que passa pela nossa mente
é registrado para sempre; tudo que pronunciarmos será registrado com
precisão. Vivemos perante câmeras operando ininterruptamente, sem
distinguir entre noite e dia. Todos os nossos atos, mentais, orais, nervosos,
81
são registrados com precisão. Ao detalharmos essa extraordinária teoria
científica, só podemos aceitar que cada um de nós comparecerá perante
o Tribunal Divino; que esse Tribunal é que preparou essa fabulosa
organização para apresentar os testemunhos que não podem ser alterados.
Nenhum cientista consegue apresentar uma explicação mais precisa
do fenômeno além do que apresentamos. Se essas realidades não
conseguem fazer as pessoas sentirem suas responsabilidades perante o
poderoso Tribunal do Dia de Prestação de Contas, não sabemos que
realidade irá abrir-lhes os olhos.
82
realidade, ou é, ao menos, possível existir. Essa necessidade psicológica
atesta a relação do nosso destino com essa realidade. A história nos mostra
que essse instinto humano existe desde tempos mais remotos.
O que não conseguimos entender é como algo inexistente pode
influenciar a humanidade, de uma forma constante, em âmbito geral?
Essa própria realidade nos indica uma forte circunstância da possibilidade
da existência da outra vida. A negação dessa necessidade psicológica,
sem provas, é considerada ignorância e fanatismo.
Aqueles que negam essa forte necessidade psicológica, alegando
a sua nulidade, são os mais incapazes de compreender a realidade sobre
a face da terra, apesar de alardearem compreensão, sem qualquer prova,
sem qualquer exemplo.
Se esses pensamentos fossem frutos do ambiente, como alegam,
coisa que não se coaduna com o pensamento humano, como então existe
essa forma fantástica desde os tempos mais remotos? Acaso encontramos
algo semelhante em outros pensamentos humanos que permaneçam até
a época atual, desde milhares de anos? Será que o mais inteligente dos
inteligentes conseguiria inventar um pensamento frágil, e então fazê-lo
penetrar na alma humana, como se aí estivesse desde a eternidade?
Todo homem tem muitas esperanças, e não se contenta apenas
com ser bem sucedido. O homem deseja uma vida perene, mas a vida
que lhe foi dada está sujeita à lei da morte. O estranho é que quando o
homem está no limiar de uma vida bem sucedida, depois de adquirir
estudos, conhecimentos, experiências, é surpreendido pela morte. Uma
estatística a respeito dos empresários bem sucedidos demonstra que
alcançam a estabilidade entre os 45 e 65 anos, então, passam a ganhar
muito dinheiro. Nesse momento, subitamente, seus batimentos cardíacos
param, à noite ou durante o dia, e então partem para um mundo
desconhecido, deixando seus vastos negócios para trás.
O Professor Winwood Reade diz:
"É uma questão importante que nos leva a pensar se temos ou não
uma relação pessoal com Deus. Há, acaso, um outro mundo além do
nosso? Seremos, acaso, recompensados pelos nossos atos naquele
mundo? Essa pergunta não é apenas um grande problema filosófico,
mas é, ao mesmo tempo, a mais importante das nossas perguntas práticas.
83
É uma pergunta que está ligada aos nossos muitos interesses. A nossa
vida presente é muito curta, suas alegrias são comuns, temporárias.
Quando conseguimos o que almejamos, somos surpreendidos pela morte.
Se conseguíssemos descobrir um caminho que tornasse perenes as nossas
alegrias, ninguém iria deixar de segui-lo, a não ser os loucos entre nós."68
O próprio escritor, divaga, negando essa importante exigência
psicológica, devido a questões sem peso nem valor. Ele diz: "Essa crença
e muito razoável, quando não estudamos os seus ângulos com
profundidade. Depois de nos aprofundarmos, torna-se claro que é uma
questão absurda, o que pode ser demonstrado facilmente: o agricultor
ignorante não pode ser responsabilizado por seus maus atos, e irá para o
Paraíso, mas os gênios como Goethe, Rosseau, serão queimados no fogo
do inferno. O indivíduo que permanece ignorante, portanto, é preferível
aos gênios como Goethe e Rosseau! Essa afirmação é absurda."69
Essa posição é semelhante à tomada pelo Lord Klain quanto à
pesquisa científica efetuada por Maxwell. Aquele afirmou que não
consegue compreender uma teoria qualquer antes da colocação de seu
protótipo mecânico. De acordo com essa suposicão, nego a teoria de
Maxwell sobre o eletromagnetismo, porque não se aplicou a um protótipo
material do Lord. Posições e alegações ficitícias como essas, tornam-se
estranhas no mundo natural moderno. O famoso cientista J. W. N. Sullivan
pergunta:
"Como pode alguém pensar em alegar que a natureza deva ser
como algum engenheiro do século XIX que a coloca em seu
laboratório?"70
Dirijo as seguintes palavras ao professor Winwood:
"Como pode um filósofo do século XX dizer que o mundo exte-
rior deve-se adaptar ao que ele alega?"
O nosso escritor não consegue entender uma questão muito simples:
Que a verdade não necessita da realidade exterior, mas a realidade exte-
rior é que necessita da "verdade". A verdade é que esse mundo tem um
Deus, perante o Qual compareceremos no Dia do Julgamento. É
87
Vamos citar algumas declarações desses historiadores:
Voltaire diz:
"A história nada mais é do que um relato de crimes e infortúnios."73
Herbert Spencer diz:
"A história é uma confusão de palavras vazias, sem qualquer
benefício."
Napoleão diz:
"Toda história é um título de uma novela sem sentido."
Edward Jean diz:
"A história do homem não passa de um registro dos seus crimes,
da sua loucura e do seu desapontamento."
Haikal diz:
"A única lição que o governo e o povo tiraram da história, é que
nada aprenderam da história."74
Será que toda a comédia humana terminará numa catástrofe? A
nossa natureza diz:
Não… A propensão à justiça e à eqüidade da consciência humana
requer a não ocorrência dessa possibilidade. É necessário que haja o dia
da distinção entre o autêntico e o falso; é necessário que o injusto e o
injustiçado recebam suas respectivas pagas. Essa necessidade é
impossível de ser distanciada dos valores históricos, como é impossível
de ser afastda da natureza humana.
Esse vazio distante, que faz distinção entre a realidade e a natureza,
necessita de algo que o preencha. Essa distância enorme entre o que
acontece e o que deveria acontecer significa que uma outra comédia foi
preparada para a vida, e que forçosamente aparecerá. Esse vazio enorme
exige a complementação da vida. Fico em dúvida ainda quando vejo
que essa situação não leva os humanos a crerem que o que não existe
hoje, e é exibido pela razão, acontecerá certamente amanhã.
"Se não houver ressureição, quem haverá de castigar os sedutores?"
– Uma sentença muitas vezes repetida por mim, acompanhada por amarga
dor, quando leio os jornais. Eles são uma pequena amostra do que
acontece todo dia no mundo. O quadro é aterrador… Falam de
89
favoritismo, a exploração do próximo, e os métodos similares conhecidos,
não cessam sem a possibilidade do castigo.
Nada será bem sucedido na repressão dos crimes, a não ser o
impulso do fundo do coração do homem. Quanto à consciência que
penetrar no íntimo do homem, nenhum fator exterior a irá anular. Tal
característica só é possível por intermédio da crença na vida futura. Uma
força propulsora está oculta nesta crença, fazendo com que o evitar cada
indivíduo a prática criminal seja do seu interesse pessoal. No entanto,
trata-se de um interesse coletivo. Todos, quer sejam líderes ou liderados,
quer estejam nas trevas ou na luz, acham que é inevitável que um dia
encontrarão a Deus. Todos sentem que Deus os vê, que os julgará
certamente. Essa preocupação com a crença em outra vida foi que fez o
juiz Mathew Halos, um dos mais famosos juízes do século XIX, dizer:
"A afirmação de que a religião é um logro, visa anular todas as
nossas responsabilidades para a estabilização do sistema social".75
Quão importante este lado é para a teoria da outra vida!
A importância dessa teoria está no fato de que muitos dos nossos
cientístas ateus, que não crêem na realidade da outra vida, foram
obrigados, de acordo com as experiências históricas, a dizer que nada há
além da "outra vida", para observarem o homem e fazerem-no seguir o
caminho do bem e da justiça em todas as circunstâncias.
Kant negou a existência de Deus, dizendo:
"Não há provas suficientes da sua existência."76 Ele nega o lado
teórico da religião, mas, ao mesmo tempo, é obrigado a aceitar o seu
lado prático quanto à questão moral.
Voltaire também não acreditava nas verdades extraterrenas, mas
dizia: "A importância de Deus e da outra vida é muito grande, pois são
as bases do estabelecimento dos princípios morais".77 Ele vê que essa
crença sozinha é responsável pela existência de uma estrutura moral
para o bem da sociedade.
Se essa crença cessar, não mais encontraremos um motivo para a
prática do bem; isso causará o desmoronamento do sistema social.
91
os cientistas da época os enfrentaram, dizendo: "Vocês são reacionários
que se debatem nas trevas!"
As crianças nascem, crescem e morrem.
Os povos alcançam o auge e decaem.
As revoluções acontecem e desaparecem.
O sol nasce e se põe, mas nunca aparecem os sinais da existência
de Deus.
Nessa altura as nossas mentes e os nossos corações nos exigem
crermos na existência de Deus ou negarmos essa existência. Se optarmos
por crer em Deus, deveremos forçosamente crer na outra vida. Não há
outro caminho para explicar a relação do homem com Deus.
Darwin reconheceu que este Universo tem um Criador, mas a
evolução da espécie, que ele apresentou, não possui nenhum elo entre o
Criador e as criaturas, como também não sente a necessidade do "fim"
deste Universo, uma necessidade que o impele a estabelecer essa ligação.
Não sei como Darwin preencherá esse vazio enorme na sua teoria
biológica. A minha razão nega um Deus que não tenha nenhuma relação
com as questões universais, nem suas criaturas o vejam com aparência
de criador. Quão estranho é este "criador" de Darwin, que, quando vem,
é um gigante, então é eliminado sem os motivos que o levaram a essa
criação, sem explicar a suas criaturas os seus vários atributos!
Se pensarmos um pouco nessa questão, veremos nossos corações
gritarem: "Sabei que a hora chegará indubitavelmente." (Alcorão,
40:59) Se observarmos atentamente, vê-la-emos chegando rapidamente,
prestes a explodir, como o feto na barriga da mãe. Quão próxima está!
Acontecerá repentinamente:
"Perguntar-te-ão acerca da hora (do Desfecho): Quando
acontecerá? Responda-lhes: Seu conhecimento está só em poder do
meu Senhor, e ninguém, a não ser Ele, pode revelá-lo; (isso) a seu
devido tempo. Pesada será nos céus e na terra e virá
inesperadamente." (Alcorão, 7:187).
92
A primeira prova da outra vida é esta nossa vida em si. Aqueles
que negam a outra vida confessam a intuitividade da primeira vida. Será
que a vida que surgiu uma vez, não conseguirá se repetir? Essa experiência
que vivemos hoje, será que é impossível acontecer outra vez? Nada há
mais inimigo da lógica e da razão humana do que aceitarmos o
acontecimento de um evento no presente e o negarmos no futuro! É uma
estranha contradição. O homem alega que os deuses que ele inventou,
com seus poderes penetrantes para explicar o Universo, conseguem
recriar o Universo, mas se nega obstinadamente a aceitar aquela teoria
semelhante que a religião apresenta. Sir James Jeans apresenta a teoria
dessas pessoas, dizendo:
"Não é estranho que a nossa terra tenha surgido por acaso, resultado
de alguns acontecimentos. Se o nosso Universo permanecer na sua
situação por um longo período, semelhante à sua criação, por acaso, não
estará tão longe o acontecimento de qualquer coisa que inferirmos sobre
a terra."78
A Teoria da Evolução diz que todos os animais evoluíram de um
único animal, chegando ao que são hoje, através de longo período. De
acordo com essa explicação dada por Darwin, a girafa existente
atualmente pertencia à espécie de animais pequenos, de casco fendido.
Ela porém, através de evoluções longas, de mutações e diferenças
pequenas, que aconteceram com a espécie animal, conseguiu esse corpo
enorme e estranho, que tem hoje.
Darwin, no capítulo nove de sua teoria, diz:
"É determimante para mim, se tivermos um longo período… É
possivel um animal de casco fendido transformar-se num animal como a
girafa".79
Assim, todos os cientistas que tentaram explicar o Universo e a
vida, de forma natural, foram obrigados a admitir que se houver as
mesmas condições que auxiliaram na criação da primeira vida, é possivel
recriar a vida novamente. A possibilidade do acontecimento da outra
vida é mais viável, teoricamente, do que a possibilidade da primeira
vida, que de fato já aconteceu; e qualquer coisa que admitirmos que
94
Ele é independente, livre desses limites e dessas leis e não é afetado
pela morte, que só atinge o corpo material, permanecendo o inconsciente,
que é o verdadeiro homem. Como exemplo, posso citar um acontecimento
ocorrido há um quarto de século atrás, ou um pensamento que me ocorreu
vinte anos atrás, os quais eu já esqueci completamente. Apesar disso,
vejo-os em meus sonhos hoje. A explicação disso para os psicólogos, é
que estavam guardados no inconsciente como se tivessem acontecido
ontem!
Perguntamos aqui: onde está o inconsciente? Já que foi tudo
gravado nas células, como é gravada a voz nas fitas e nos discos, tais
células, que registraram o acontecimento de um quarto de século atrás
ou a idéia de vinte anos atrás, e já desapareceram, há muito anos, e não
tem nenhuma relação com o meu corpo atual. Que relação tem essa idéia
a ver com o meu corpo? Trata-se de um testemunho experimental que
afirma, de uma vez por todas, que há um outro mundo, fora dos nossos
corpos materiais, totalmente independente, que não desaparece com o
desaparecimento do corpo ou de uma parte dele.
80. "Human Personality and its Survival After Bodily Death" (A Personalidade Humana e sua
Sobrevivência Após à Morte Física). F.W.H. Myers, 1903, vol II, pág. 27.
96
Há acontecimentos incontáveis como este. Eles atestam a existência
de "personagens conhecidos" depois de sua morte. É inconcebível
considerarmos esses acontecimentos como "imaginação e irrealidade"
como algumas pessoas se acostumaram dizer a este respeito. O segredo
da ferida na face direita da moça, e ela havia morrido a algum tempo,
não era do conhecimento de ninguém, além da moça e de sua mãe.
Há outros acontecimentos que atestam a permanência da vida após
à morte. Eles se relacionam com que chamamos de "Automatistas".81
Esse nome é dado a quem apresenta sinais de praticar atos sem a
sua vontade. Tal fato demonstra que espíritos de pessoas já mortas tomam
os corpos desses vivos. Essas pessoas revelam, durante os trabalhos,
coisas só conhecidas pelos mortos, donos dos espíritos.
Após algum tempo, tais revelações aparecem como verdades reais.
Há outras pessoas que falam e escrevem ao mesmo tempo, sem
que a escrita tenha relação com a fala. "Isso atesta que um espírito, além
do seu próprio, habita seu corpo e o faz escrever".82
Muitos dos nossos cientistas têm dúvida quanto à aceitação dessas
deduções. O escritor Prade diz:
"Qualquer ramo das ciências modernas não atesta a possibilidade
da vida após à morte. Elas inspiram-se para isso na exclusão de suspeitos
nas pesquisas psíquicas".83 Contudo, a dedução me parece o mesmo que
dizer: "O pensar" é uma exclusão suspeita, porque ninguem, dentre os
milhões de animais existentes na face da terra acredita nesse fênomeno,
além do homem.
A permanência e o desaparecimento da vida está relacionado
com a psicologia, porque é uma questão puramente psicológica, e só
pode ser estudada dentro da psicologia. O procuramos em outros setores
da ciência, é o mesmo que pedir a botânica e a mineralogia de confirmar
o fenômeno de pensar. Não podemos, também, fazer do nosso estudo,
dentro do corpo humano, um arbítrio para esse problema importante. A
81. Talvez se encontrem entre esse o que nós denominamos popularmente de pessoas
tomadas.
82. "A Philosophical Scrutiny of Religion" (Uma Investigação Filosófica da Religião),
pág. 407.
83. "Religion, Philosophy and Physical Researches" (Religião, Filosofia e Pesquisas
Físicas), Londres, 1953, pág. 235.
97
causa disso é que a parte em que pedimos a sua permanência e a
continuação de sua vida, a alma, não se encontra na parte material, mas
em outro corpo.
Essa é a questão que levou muitos de nossos sábios a confessarem
que "a vida após a morte" é um fato real, depois de realizarem pesquisas
científicas longas e completas. O professor Dukass, professor de filosofia
na Universidade de Brown, lançou luzes às questões psicológicas e
filosóficas quanto à questão da vida após a morte, no Décimo Sétimo
Capítulo de seu livro. O Dr. Dukass não crê na vida após à morte como
uma crença religiosa, mas aponta, durante sua pesquisa, muitas provas
destituídas de questões religiosas que o obrigaram a crer nela. Ele diz no
final do capítulo citado:
"Um grupo dos nosso sábios mais eruditos examinou as provas
relacionadas à questão. Examinaram-nas com olho crítico e chegaram
finalmente à conclusão de que há provas que fazem a idéia da
"permanência da alma" uma teoria razoável e passível de acontecer.
Acham que tais provas só podem ser explicadas dessa forma. Dentre
esses eruditos que efetuaram tais pesquisas podemos citar: Professor
Alfred Russel Wales, Sir William Kraucass, F.H. Mayres, Cesar
Lombrazo, Camil Flamarion, Sir Oliver Logg, Dr. Richard Hagxen, Mr.
Henry Sidwick".
O Dr. Dukass continua dizendo:
Despreende-se disso que a crença da permanência da vida após a
morte, no que crêem muitos de nós como crença religiosa, não é apenas
uma realidade, mas talvez seja a única das inúmeras crenças religiosas
que podem ser atestadas com a prova experimental. Se isso é verdade, é
possível também que encontremos informações conclusivas a respeito
do assunto, sem se levar em consideração as idéias que os religiosos
inventaram a respeito do tipo de vida após à morte, e nem se precisa,
então, crer no caráter religioso dessa teoria.84
Parece que o Dr. Dukass, após chegar a esse ponto de
esclarecimento da questão da vida após à morte, e negar o seu caráter
religioso, assemelha-se a um interiorano que teima que não há meio de
99
SEXTO CAPÍTULO
A CONFIRMAÇÃO DA MISSÃO
100
Há muitos animais que ouvem sons fora do nosso diapasão. As
pesquisas provam, nesse campo, que alguns animais estão providos com
capacidades telepáticas. Se colocarmos uma fêmea da mariposa numa
sala com a janela aberta, ela emitirá um som que será ouvido pelo ma-
cho a grande distância, o qual pode emitir um som de retorno.
Há uma outra espécie de inseto, o grilo, que mexe as patas e asas e
emite sons anormais que podem ser ouvidos a quilômetros de distância,
deslocando, com isso, seiscentas toneladas de ar, para chamar a fêmea.
Ela, por sua vez, mesmo imóvel, emite uma resposta, inaudível para
nós, mas que pode ser captada pelo macho, que a irá encontrar onde ela
estiver.
As pesquisas confirmam também que o gafanhoto tem uma
capacidade extraordinária de audição, pois ele ouve e sente o movimento
que se dá dentro do núcleo do átomo de hidrogênio!
Há muitos outros exemplos que confirmam a possibilidade da
existência de dons não visuais nos que têm capacidadse extrasensoriais.
Se é este o caso, por que estranhamos a alegação de que uma pessoa
ouve a voz de seu Senhor, inaudível para o resto das pessoas, se é possível
haver movimentos e sons inaudíveis para audição humana, mas que, os
aparelhos os registram, se há mensagens que só alguns animais captam?
Por que a estranheza e a dúvida?
Deus, por um motivo que só Ele conhece, envia Suas mensagens
por vários meios, desconhecidos pelo homem escolhido para a mensagem,
depois de adquirir a capacidade de captá-la e compreendê-la. Não há, na
realidade, choque, entre a nossa visão e as experiências científicas. É
um dado, dentre muitos, que vemos e experimentamos em locais e meios
diferentes. A revelação é uma capacidade que encontramos em forma de
realidade, após à experiência.
Ficou demonstrado que as experiências telepáticas e do
conhecimento do incognoscível não são particulares dos animais. Mas
são natos no homem. O Dr. Alexis Carrel diz: "Os limites psicológicos
do indivíduo, no espaço e no tempo, não são, evidentemente, senão meras
suposições."85 O telepata consegue fazer você dormir, rir, chorar, como
consegue transmitir-lhe palavras ou vontades estranhas a você. É um
85. O Homem, Esse Desconhecido, pág. 291.
101
processo em que não se usa quaisquer meios, nem ninguém presente, a
não ser o telepata e o receptor.
Como se pode duvidar do mesmo processo entre a criatura e o
Criador? Depois de crermos em Deus e examinarmos todas essas
experiências, entre elas a telepatia, não vemos porque negar-se a revelação
e a inspiração.
Em 1950, algumas pessoas da Baviera apresentaram uma queixa
contra um mágico sueco de nome Vranter Strobill, acusando-o de
intromissão nos programas de uma emissora de rádio através da telepatia.
Vranter Strobill se apresentava no hotel Regina em Munique,
quando mostrou um maço de baralho para um dos espectadores e lhe
pediu para escolher uma carta. Disse também que iria transmitir o nome
daquela carta e o nome do hotel, em ordem, como estavam no pensamento
do espectador, ao locutor da rádio que estava transmitindo o noticiário
radiofônico de Munique, sem que o locutor soubesse alguma coisa a
respeito!
Depois de alguns segundos, ouviu-se a voz trémula do locutor, a
dizer: "Hotel Regina, dama de espada."
A voz do locutor estava trêmula e apavorada, mas continuou o
noticiário. Muitos ouvintes da cidade de Munique estranharam, e centenas
deles ligaram para a emissora pedindo explicações sobre o fenômeno.
Era impossível ligar o noticiário com "O Hotel e a dama de espada". Um
médico da emissora foi examinar o locutor e o encontrou extremamente
nervoso. O locutor declarou: "Senti uma dor forte na cabeça, e não sei o
que aconteceu depois disso."
Os cientistas apresentaram várias teorias para explicarem esse
quadro telepático. Uma das teorias diz que o cérebro transmite ondas
que se espalham por todo o mundo com uma velocidade extraordinária.
Por isso, foi chamada de Teoria das Ondas Cerebrais.86
Nós dizemos: Se o homem consegue transferir os pensamentos
para outro ser humano, a distâncias enormes, sem o uso de qualquer
meio material aparente, por que é impossível acontecer o mesmo processo
(e há vários exemplos a respeito)? Não é mais que uma experiência que
103
pela sua ambição, a agir nesse campo, campo da ciência humana, também
não conseguiram descobrir nada; continuaram vacilantes em seu extravio.
O Dr. Alexis Carrel, prêmio nobel da ciência, diz:
"Os princípios da Revolução Francesa, as visões de Marx e de
Lenin, só se aplicam a homens abstratos. É preciso reconhecerem com
clareza que as leis das relações humanas permanecem desconhecidas. A
sociologia e a economia política não são mais que ciências conjunturais
– isto são pseudo ciências".87
É indubitável que nossas ciências modernas abriram perspectivas
perante o homem. Mas, ao mesmo tempo complicaram a questão e não
ajudaram na solução da crise, em nenhuma fase.
O professor J.W.N. Sullivan diz:
"O Universo descoberto pela ciência moderna é mais obscuro e
ambíguo do que toda a história do pensamento. Não há dúvida de que o
nosso conhecimento sobre a natureza seja superior ao de todas as épocas
passadas. Todos esses conhecimentos, porém, não são convicentes.
Enfrentamos hoje a ambiguidade e contradição em todos os lugares".88
Essa triste catástrofe que enfrentamos, depois de longas pesquisas
científicas materiais a respeito do segredo da vida, nos mostra que o
desvendar desse segredo não foi permitido ao homem."89
A nossa situação impõe o conhecimento do segredo da vida, pois
não conseguimos conhecê-lo. Por isso, o que mais almejamos é consegui-
lo. A mais sublime parte da nossa personalidade, o cérebro, não sossega
sem isso. A nossa vida está dispersa por ignorarmos essa verdade.
O segredo da vida é a nossa grande necessidade, de um lado, mas,
do outro, não conseguimos obtê-lo só por intermédio de nosssos esforços.
Somente essa situação é suficiente para descobrirmos a nossa
necessidade premente pela revelação. A importância do segredo da vida
e a alienação desse segredo da esfera da força humana demonstram que
é preciso que o conhecimeto venha também de fora, como a luz e o calor
vitais para a vida humana, que estão aqui, mas foram providenciados de
fora.90
87. "O Homem, Esse Desconhecido", pág. 42.
88. "Limitations of Science" (Limitações da Ciência), pág. 1.
89. O Homem, Esse Desconhecido, pág. 21.
90. Trataremos essa questão com maior detalhes nos próximos capítulos.
104
A nossa função, após aceitarmos a possibilidade e a necessidade
da revelação, é perscrutarmos a pessoa que alega ser profeta… se ele é
realmetne o intermediário da revelação… A crença religiosa descreveu
o advento de um grande número de profetas. Mas, examinaremos, neste
caso, a profecia do Mensageiro do Islam: Mohammad Ibn Abdullah (que
Deus o abençoe e lhe dê paz). A profecia de todos os profetas anteriores
a ele será automaticamente confirmada se a profecia dele o for, por ser
ele o derradeiro Profeta, porque ele corrobora a todos eles, e porque a
salvação ou a perdição da humanidade na batalha pela vida depende da
crença nesse Profeta ou da sua negação. Ele nasceu em Makka, na manhã
de 29 de agosto de 570. Ao atingir os quarenta anos de idade, declarou
que Deus o havia enviado como o derradeiro Profeta, e o incumbiu de
transmitir a Sua mensagem a todos os grupos de raça humana. Que aquele
que o seguisse seria salvo na vida futura e quem o negasse estaria perdido.
Isso repercute hoje sobre nossas cabeças com força máxima. Não
é um som ordinário que pode ser ignorado. É o maior apelo da nossa
história, convocando-nos a pensarmos acuradamente e analisarmos com
exatidão. Ou o aceitamos como veraz ou o rejeitamos como mentiroso.
105
particularidades e as distinções que o Mensageiro reuniu e que não nos
fornecem explicações, além de que ele era Profeta?
Na minha opinião são necessárias duas medidas para que possamos
aquilatar os profetas?
Primeira: Que seja um homem exemplar, de forma anormal. O
escolhido para ser o porta-voz de Deus, para revelar às pessoas o método
e o segredo da vida, deve ter um caráter elevadíssimo e levar uma vida
exemplar. Se a sua vida tiver essas características, ela é a maior prova do
que ele diz, pois se os seus apelos fossem nulos, não seria possível que a
grande verdade da sua própria vida se manifestasse, para elevá-lo acima
de toda a humanidade.
Segunda: Que suas palavras e sua mensagem estejam repletas de
características impossíveis de ser obtidas por uma pessoa comum. Tais
características não são alcançadas a não ser por quem tem pleno
conhecimento do Senhor do Universo, uma vez que é impossível para
uma pessoa comum ter o conheciemtno revelado por Deus ao Profeta.
Estaremos analisando o Mensageiro à luz dessas duas avaliações.
A história testemunhou definitivamente que o Profeta Mohammad
desfrutava de características fora do normal. É possível que os fanáticos
neguem qualquer verdade, por mais específica que seja. É possível
também os rejeitadores alegarem qualquer coisa com o fito de
expeculação. Porém, aqueles que não são infectados com o vírus do
fanatismo e usam o raciocínio para analisar as verdades com a mente
aberta, convencem-se, após analisar a vida de Mohammad que ela foi a
mais elevada e mais bela vida que a humanidade conheceu.
Mohammad foi investido da profecia aos quarenta anos de idade.
Antes disso ele adquiriu notoriedade devido ao seu excelente caráter, a
ponto de as pessoas o terem apelidado de "Assádik Alamin" (O leal
sincero). Há consenso entre a tribo de Coraix quanto à sua sinceridade e
lealdade.
Dentre os acontecimentos que ocorreram cinco anos antes de sua
profecia, há o fato da colocação da Pedra Negra quando da reconstrução
do templo da Caaba. A tribo de Coraix era a encarregada de fazê-lo.
Houve desentendimento sobre quem iria ter a honra de colocar a Pedra
Negra no seu lugar. Tal desentendimento prolongou-se por quatro dias,
106
acirrando os ânimos, e a luta era eminente. Concordaram, então, que o
árbitro fosse o primeiro que adentrasse o recinto sagrado no dia seguinte.
A primeira pessoa que o adentrou foi Mohammad. Todos gritaram! "É o
Amin, nós o aceitamos."91
Não conhecemos nenhum personagem de tanta honra e
consideração e de uma vida tão fora do comum como ele. Ao atingir os
quarenta anos de idade, tornou-se alvo de disputa entre eles.
Ao receber a revelação pela primeira vez, enquanto estava na
caverna de Hira, ele considerou o acontecimento um fato estranho que
nunca tinha experimentado antes. Retornou para sua casa como receio
no coração e narrou o acontecido para sua esposa, Khadija, que era mais
velha que ele. Ela lhe disse; "Deus não te abandonará nunca, pois tu
auxilias aos teus parentes e aos necessitados, e honras os hóspedes, e
amainas as vicessitudes da vida dos outros."
Abu Táleb, tio do profeta, não aceitou crer nele. Mas quando viu o
filho, Áli, adotar o Islam, perguntou a este:
"Que religião é esta?" Respondeu-lhe: "Creio em Deus, no Profeta
e pratico a oração com ele." Abu Táleb lhe disse: "Ele não te pede a não
ser a prática do bem; portanto, segue-o?"92
Ao reunir, pela primeira vez, as pessoas, após receber a revelação,
ao lado do monte Assafa, perguntou-lhes: "Homens de Coraix, se vos
dissesse que há cavaleiros no vale que estão-vos espreitando, acreditaríeis,
acaso, em mim?" Todos respenderam! "Sim, pois nunca soubemos que
mentes!"
Esse extraordinário registro da vida do Profeta, de antes da
revelação, não tem similar no mundo. Não se sabe de nenhum poeta,
filósofo, pensador ou escritor que tenha recebido tal testemunho! Quando
Mohammad declarou a sua profecia, a sua veracidade não tinha dúvida,
nem havia motivo para ser checado pelo povo de Makka. Eles conheciam
muito bem a sua vida na sua totalidade. Por isso, ninguém o acusou de
mentiroso ou astuto. Pelo contrário, começaram dizer que ele perdeu a
razão, que ele era poeta, que era mágico, ou que seu corpo havia sido
110
Este é, sem dúvida, o maior exemplo de misericórdia e perdão. É
um dos milagres da história da humanidade. Se tal acontecimento se
tivesse dado antes da história escrita, ou se não fosse atestado
historicamente, muitos diriam que era fábula dos antigos, pois não nasceu
um ser humano com tal caráter!
O professor Bosworth Smith diz:
"Quando dou uma olhada geral sobre as características e o heroísmo
de Mohammad, do início e de seu desenrolar, quando vejo seus
companheiros nos quais insuflou o espírito da vida, e de quantos
heroísmos milagrosos foram capazes, vejo que ele é a mais sagrada das
pessoas e ocupa o nível mais alto, a ponto de dizer que a humanidade
não teve ninguém semelhante a ele".98
O alto exemplo que o profeta desenvolveu em toda sua vida, com
seu caráter altíssimo, suas indiferenças pelas riquezas e prazeres, não
tem similar na história. Era um comerciante próspero em Makka, sua
esposa, Khadija, era uma das mulheres mais ricas dentre os árabes, porém
seu comércio e a fortuna da sua esposa foram gastos pela sua causa.
Então foi acometido por uma grande calamidade, a ponto de uma vez
dizer:
"Fui aterrorizado pela causa de Deus como ninguém o foi, fui
injuriado pela causa de Deus como ninguém o foi. Passei trinta dias sem
ter, eu e Bilal, nada para comer a não ser algo que coubesse sobre o
braço do rapaz".99
O profeta passou por tudo isso por causa da sua misão. Ele teve a
oportunidade de desfrutar de outro tipo de vida, diferente da vida
miserável que levou. Quando ainda estava em Makka, foram-lhe
oferecidas muitas vantagens materiais que lhe garantiriam conforto e
grandeza. Enviaram-lhe Utba Ibn Rabi'a, que lhe disse:
"Ó sobrinho, pelos laços da familia, tu és um de nós. Criaste para
teu povo um problema grave que dispersou sua unidade. Escuta-me!
Expor-te-ei certos assuntos, alguns por si só sem contestação. Se
pretendes com o teu procedimento acumular riquezas, dar-tas-emos dos
nossos bens para tornar-te o mais abastado de nós todos. Se procuras
2 – As Profetizações do Alcorão
A segunda particularidade da grandiosidade do Alcorão depreende
das suas profecias que posteriormente ocorreram de forma estranha.
Um grande número de pessoas notáveis se aventuraram a profetizar
futuros acontecimentos, com eles próprios ou com outros. Porém, o tempo
depois provou a falsidade de tais profecias. Muitos, no início,
conseguiram, devido às oportunidades, às situações, às capacidades, às
ajudas e aos apoios, serem bem sucedidos, pois deduziram que
conseguiram resultados satisfatórios, mas o tempo sempre anula tais
profecias. O próprio tempo foi quem atestou a veracidade das profecias
do Alcorão. Todos os fatos ocorreram em situações diversas.
A história nos informa isso e nos causa perplexidade. Continuamos
a estudar o fenômeno à luz do nosso conhecimento material e não
conseguimos captar a sua realidade, a não ser que os consideremos de
origem não humana.
Napoleão Bonaparte era um dos maiores comandantes de sua época.
Suas primeiras conquistas demonstraram que se igualaria a Cesar e a
Alexandre. Por isso, a ilusão subiu-lhe à cabeça, a ponto de pensar que o
destino estava nas mãos dele. Tal pensamento cresceu tanto nele, que
dispensou seus companheiros, alegando que o destino só lhe reservou
vitórias completas sobre a humanidade! Todos nós, porém, sabemos qual
foi o seu destino.
Napoleão saiu de Paris em 12 de junho de 1815 à frente de seu
poderoso exército para eliminar seus inimigos no caminho. Após seis
dias, o Duque de Welington infligiu ao exército de Napoleão a mais
acachapante derrota em Waterloo, na Bélgica. O Duque comandava
soldados ingleses, alemães e holandeses. Quando Napoleão perdeu as
esperanças e teve certeza de seu inexorável destino, tentou fugir,
abandonando o comando das forças francesas, para ir para América. Ao
chegar ao litoral, foi preso pela polícia marítima e colocado a bordo de
um navio da marinha britânica. Foi, então, enviado a uma ilha desabitada
ao sul do Oceano Atlântico, a ilha de Sta. Helena, onde morreu após
alguns anos de desgraça, miséria e solidão, em 5 de maio de 1821.
117
O Manifesto Comunista, que apareceu em 1848, profetizou que o
primeiro país que comandaria a revolução comunista, seria a Alemanha.
Mas, apesar de terem transcorrido cento e quarenta anos, a Alemanha
continua livre de tal revolução e o comunismo foi abolido no país onde
foi fundado.
Karl Marx escreveu em maio de 1849, dizendo: "A República
Vermelha surge nos céus de Paris!" Apesar de terem passado sobre essa
"profecia" mais de um século e meio, o sol da República Vermelha não
apareceu sobre os habitantes de Paris!
Adolf Hitler, em seu famoso discurso, proferido em Munique em
4 de março de 1931, disse:
"Sigo o meu caminho, ciente de que a vitória está no meu
destino."107
Todo o mundo sabe hoje qual foi o destino do General alemão: Foi
a derrota e o sucídio.
Entre esse exército de profetas e profecias, nada encontramos além
da realização das profecias do Alcorão. Esse fato é suficiente para atestar
que suas palavras têm origem divina, que dominam as situações e os
acontecimentos, e ele conhece tudo o que irá acontecer, até à eternidade.
Citaremos aqui duas profecias dentre as muitas vaticinadas pelo
Profeta do Islam e que foram realizadas na sua totalidade. Uma das duas
profecias diz respeito do próprio Islam e a outra diz respeito à vitória
dos romanos.
Quando o Profeta iniciou sua missão, a Península Arábica ergueu-
se contra ele, e ele teve que enfrentar três frentes ao mesmo tempo.
Primeira: As tribos politeístas, depois que se tornaram seus
inimigos.
Segunda: O capitalismo judeu.
Terceira: Os hipócritas que se infiltraram por entre os muçulmanos
para elimirarem seu movimento internamente.
O Profeta lutava pelo sua causa em todas as frentes: A força dos
politeístas, o capitalismo judeu e a quinta coluna. Ele enfrentou esse
dilúvio opressor com determinação, mesmo sendo auxiliado por apenas
um pequeno grupo de imigrantes de Makka, de habitantes de Madina e
107. "A Study of History" (Um Estudo de História), Aleridgment, pág. 447.
118
de alguns escravos que haviam-se convertido. Não há dúvida de que
alguns líderes de Coraix o apoiaram, mas eles também foram boicotados
por seus familiares e sofreram a inimizade da sua tribo, à exemplo do
que aconteceu com o Profeta.
Esse movimento se desenvolveu pulatinamente, lutando e se de-
fendendo até a situação se deteriorar, obrigando o Profeta e seus
companheiros a imigrarem para vários lugares, reunindo-se depois, em
Madina, em situação precária, de necessidade e pobreza, depois de terem
deixado seus bens em Makka, sua cidade natal.
Para medirmos a desgraça desses imigrantes, citamos aquele grupo
que vivia na Mesquita do Profeta, pois não tinham casa para morrar, e
dormiam na Suffa no fundo da Mesquita. Foram por isso, denominados
por moradores da Suffa".
Os livros de história nos informam que o número desses
Companheiros atingiu, algumas vezes o de quatrocentos.
Abu Huraira narra: "Vi setenta moradores da Suffa orando, alguns
com o traje até aos joelhos, outros um pouco abaixo. Quando um se
inclinava, segurava o traje para não aparecerem suas vergonhas."
O mesmo Abu Huraira narra: "Viram-me correr entre o púlpito da
mesquita do Profeta e o quarto de Aicha. As pessoas diziam: 'Está louco!'
Mas eu não estava louco, estava com fome."
Nessa miserável situação, em que os muçulmanos estavam sofrendo
de pobreza, temerosos que o seu inimigo os cercasse e os sequestrasse,
vemos o Alcorão profetizar:
"Deus decretou: Veneceremos, Eu e Meu mensageiro." (58:21).
"Pretendem extinguir a luz de Deus com suas (infamantes)
bocas; porém, Deus completará Sua luz, embora desgoste os
incrédulos. Foi Ele Quem enviou Seu Mensageiro com a orientação
e com a verdadeira religião, para fazê-la prevalecer sobre toda
religião, ainda que isto desgoste os idólatras." (61:8-9)
Não passou muito tempo para que os muçulmanos vissem toda a
Península Arábica sob o seu domínio. Um pequeno grupo, sem montarias,
sem armamentos, derrotou inimigos com poderosos exércitos, com
equipamentos e armamentos.
Não é de nossa alçada explicarmos essas profecias à luz da
terminologia materialista. Devemos aceitar que o fornecedor dessas
119
informações incognoscíveis não as inventou ele próprio, mas fê-lo como
legatário de Deus. Se ele fosse um ser humano normal, não seria possível
que suas palavras ditassem a história.
O Professor Stubart disse: "Nenhum ser humano da história
consegue se assemelhar à personalidade de Mohammad."
Ele acrescenta:"Se estudássemos a história à luz de que ele teve de
meios materiais, e extraoridinários heroísmos, por ele apresentados, não
encontraríamos um nome tão ilustre, tão claro como o nome do Profeta
Mohammad"108
Esse fato é a mais importante prova de que Mohammad é o
Mensageiro de Deus. Sir William Muir, o maior inimigo do Islam,
reconhece esse fato, indiretamente, quando diz:
"Mohammad desbaratou as manobras de seus inimigos sob a terra
e ele tinha plena certeza de sua vitória, juntamente com um pequeno
grupo de Companheiros, apesar de estar totalmente descoberto
militarmente. Em outra expressão: Ele vivia na toca do leão, mas
demonstrou uma fabulosa determinação, cuja semelhança só foi citada
na Bíblia, quando um profeta disse a Deus: "So sobrei eu do meu povo."109
Quanto à segunda profecia que consta do Alcorão, trata-se de
vaticínio da vitória dos romanos sobre os persas. No início da Surata dos
Bizantinos, o Alcorão diz:
"Alef, Lam, Ra. Os bizantinos foram derrotados, em terra
muito próxima; porém, depois da derrota vencerão, dentro de alguns
anos." (30:1-3)
O Império Persa situava-se a leste da Península Arábica, do outro
lado do Golfo Arábico, no tempo em que o Império Bizantino se estendia
do oeste da Península, no litoral do Mar Vermelho até ao Mar Negro. O
Império Persa era também chamado de Império Sassânida. Os limites de
ambos os impérios se estendiam até o Rio Dajla e Eufrates, ao norte da
Península Arábica. Eram os dois impérios mais fortes daquela época.
108. "Islam and its Founder" (O Islam e seu Fundador), pág. 228.
109. "Life of Mohammad" (A Vida de Mohammad), pág. 228. Talvez seja isso que o
Alcorão nos diz a respeito de Moisés, que disse: "Ó Senhor meu, somente posso ter
controle sobre mim e meu irmão" (5:25).
120
A história do Império Bizantino, como narra o historiador Gibbon,
começa na século II da era cristã, e desfrutava, então, a fama de ser a
mais desenvolvida civilização do mundo.
Os historiadores se ocuparam da queda do Império Romano como
com nenhum outro império.110
Não se deve refutar nenhum livro que trate do assunto, mas
podemos basear-nos no livro do historiador Gibbon: "Declínio e Queda
do Império Romano", que é o mais detalhado e fidedigno. O autor cita,
no capítulo 5, os acontecimentos relacionados com a nossa pesquisa.
O imperador constantino adotou a religião cristã em 325, e tornou-
a a religião oficial do Estado. Por isso, muitos romanos se converteram.
Por outro lado, os persas, adoradores do sol, refutaram aquela adoção.
O Imperador que assumiu o Império Romano no final do século
VII foi Maurício. Era um imperador que negligenciava os assuntos do
império. Por isso, seu exército comandou uma revolução contra ele sob
o comando de Phocas, tornando-se, este, imperador, com a vitória da
revolução e a eliminação, de uma forma brutal, da família reinante. Ele
enviou um embaixador para o Imperador do Irã, Chosroes II, filho de
Anucharwan, o justo.
Chosroes era fiel ao Imperador Maurício, pois este lhe havia dado
asilo em 590-591, devido a uma tentativa de golpe no Império Persa. O
Imperador Maurício o ajudou com um exército a recuperar o trono. Narra-
se também que Chosroes casou com a filha de Maurício durante a sua
estada em Bizâncio e, por isso, o chamava de pai.
Quando Cosroes soube do golpe romano, enfureceu-se e ordenou
a prisão do embaixador romano, e anunciou que não reconheceria a
legitimidade do novo governo romano.
Ele mandou seus exércitos para a Síria, e Phocas não conseguiu
enfrentar os exércitos persas, que conquistaram as cidades de Antióquia
e Jerusalém, ampliando, assim, os limites do Império Persa até ao vale
do Nilo. Algumas seitas cristãs como a nestoriana e a jacobita, aborrecidas
com o novo sistema romano, apoiaram os novos conquistadores, seguidos
pelos judeus, o que facilitou a vitória persa.
111. "The History of the Decline and Fall of the Roman Empire' (A História do Declínio
e Queda do Império Romano), Edward Gibbon, V. 5, pág. 74.
122
Pode-se avaliar o grande pricipício que se formou entre os romano
e os persas examinando-se a carta enviada por Choeroes a Heráclito, de
Jerusalém, dizendo:
"Do deus Chosróes, o maior dos deuses, deus de toda a terra, para
seu servo vil e negligente, Heráclito: Você diz que acredita em seu Deus.
Por que o seu Deus não salva Jerusalém das minhas mãos?"
O desespero e o desânimo tomaram conta de Heráclito por causa
dessa péssima situação.
Resolvou voltar para seu palácio, em Cartagena, no litoral africano,
sem se importar mais em defender o Império, preocupando-se apenas
em se salvar. Ordenou os navios imperiais de zarparem e saiu para
escolher um deles que o levaria para o seu asilo voluntário.
Nessa hora difícil os sacerdotes romanos apelaram, em nome da
religião e de Cristo, e conseguiram convencer Heráclito a permanecer.
Ele foi com os sacerdotes para a Igreja de Santa Sofia para prometer a
Deus que viveria e morreria com o povo que Deus escolheu para ele.
Convencido pelo General iraniano, Sain, Heráclito enviou um embaixador
para Chosroes, pedindo paz. Mas, quando o embaixador romano chegou
ao palácio, Chosroés recebeu-o com muita irritação, gritando: "Não quero
receber esse embaixador, mas exijo que Heráclito seja posto a ferros e
trazido à minha presença. Não faço as pazes com o romano até que ele
abandone o seu Deus cristão, e adore o sol, nosso deus."112
Depois de seis anos de guerra, o imperador persa aceitou fazer as
pazes com Heráclito sob certas condições, e que o imperador romano
pagasse mil talentos de ouro, mil talentos de prata, mil peças de seda,
mil cavalos, e mil moças virgens.113
Gibbon descreve tais condições como "ofensivas", sem dúvida, e
que era possível que Heráclito as aceitasse, se não fosse o tempo exíguo
que lhe foi concedido para efetuar o pagamento de um Império saqueado,
de esperanças limitadas. Por isso, resolveu utilizar essa fortuna como
última tentativa contra seus inimigos.
Enquanto reinava essa situação nas duas capitais, romana e persa,
reinava entre os habitantes de uma capital local, na Península Arábica, a
114. Arcádius, um dos imperadores romanos, filho mais velho de Teosias I., assumiu o
poder em 395 d.C e ficou conhecido pela sua covardia.
115. César, famoso comandante e político romano que governou de 144 a 101 a. C.
125
até às terras do Iraque, através do Mar Negro, obrigando os persas a se
retirarem de todas as terras romanas, assumindo Heráclito uma posição
que lhe permitia penetrar no coração do império persa. A última guerra
entre ambos os Impérios foi a que ocorreu em dezembro de 627, à beira
do Rio Dajla.
Quando Chosroes viu que não conseguia parar a marcha dos
romanos, tentou fugir de seu palácio preferido, Destkard, mas uma
revolução interna surgiu no Império e seu filho Chirowe o depôs,
colocando-o na prisão do palácio, onde morreu cinco dias após à sua
deposição.
Seu filho matou dozoito dos filhos de seu pai, Chosroes, na frente
de seus olhos.
O próprio Chirowe não conseguiu assumir o trono mais de oito
meses, pois um de seus irmãos o matou, desencadeando uma luta dentro
da casa real. No curto espaço de quatro anos, nove imperadores
assumiram o poder. Tal situação caótica não permitia que os persas
continuassem sua guerra com os romanos. Por isso, Kubad II, filho de
Chosroes Abrowiz II, pediu a paz e anunciou sua desistência das terras
romanas, devolvendo também, a cruz sagrada. Heráclito retornou a
Constantinopla em março de 628, numa comemoração fabulosa, com
sua carruagem sendo puxada por quatro elefantes, sendo recebido por
milhares de pessoas fora da capital, carregando tochas e ramos de
oliveira".116
Assim, a profecia do Alcorão foi realizada com a vitória dos
romanos no tempo previsto, ou seja, em menos de dez anos, como foi
insinuado com a expressão "em poucos anos".
Gibbon ficou estupefato com a realização dessa profecia, mas
tentou diminuir-lhe o valor, ligando-a à missiva que o profeta enviou a
Chosroes.
Gibbon diz: "Quando o imperador persa conseguiu a vitória sobre
os romanos, recebeu uma carta de um súdito inexpressivo, de Makka,
convocando-o a crer em Mohammad, o Mensageiro de Deus. Ele, porém,
refutou a convocação e rasgou a carta. Quando o Profeta soube da notícia,
pelo embaixador árabe, disse: Deus rasgará com o império e acabará
com as suas forças".
116. Declínio e Queda do Império Romano, vol. 5, pág. 94.
126
"Mohammad, que sentou no Oriente sobre o séquito dos dois
poderosos impérios, rejubilou-se quando soube da luta entre ambos e,
mesmo sabendo das conquistas persas, profetizou que a vitória iria ser
dos romanos após alguns anos. Naquela época, esta profecia era a mais
distante de acontecer, porque os primeiros doze anos do governo de
Heráclito, denotavam a aniquilação do Império Romano".117
Parece que todos os historiadores do Islam sabem muito bem que
essa profecia não tem nenhuma relação com a carta que o Profeta enviou
para Chosroes Abrowiz, porque essa carta foi enviada no ano 7 da Hégira,
após o pacto de Hudaibiya, ou seja, em 628, sendo que a profecia foi
efetuada em Makka, em 616, muito antes da Hégira. Entre os dois eventos
há doze anos aproximadamente".118
129
incognoscível. Ele conhece todas as verdades nas suas formas finais e
reais.
Sua onisciência desconhece os limites de tempo e de espaço. Se
essas palavras fossem de origem humana, de conhecimento e de visão
limitados, o tempo as teria anulado há muitos anos atrás, como acontecerá
a todas as palavras humanas no futuro.
O eixo verdadeiro da Mensagem do Alcorão é a felicidade eterna.
Por isso, ele não entra em nenhum âmbito de nossa ciência e arte
modernas, mas se dirige ao homem com a realidade. Trata de tudo que
diz respeito ao homem, que é uma questão delicada e uma posição muito
importante. Porque o homem, quando é ignorante, ou tem conhecimento
insuficiente sobre um determinado assunto, então se encoraja em falar a
respeito da questão, mesmo geralmente, e forçosamente se perde em sua
palestra, utilizando-se de palavras ou expressões sem relação com a
realidade.
A título de exemplo, Aristóteles disse, como prova da prioridade
do homem sobre a mulher: "A boca da mulher tem menos dentes que a
boca do homem". É sabido que isso nada tem a ver com a anatomia, mas
demonstra a ignorância do afirmante. O número dos dentes, tanto no
homem como na mulher, é igual.
É fantástico saber que o Alcorão, até no que diz respeito à maioria
das ciências modernas, de uma forma ou de outra, não possui uma só
palavra que a ciência tivesse confirmado depois, ser de autoria de uma
pessoa insipiente. Isso demonstra que são palavras de um Ente acima da
natureza, Onisciente, numa época em que ninguém sabia nada. Ele
conhece, também, o que as pessoas ignoram nesta época, apesar do
desenvolvimento da ciência.
Apresentaremos aqui alguns exemplos que mostrarão claramente
que o Alcorão trata das verdades que só foram conhecidas em nossa
época, mesmo que esse tratamento esteja dentro de sinais não específicos.
É preciso ser dito, como introdução para essa tese, que a adaptação
das palavras do Alcorão com a ciência reside no fato de que a ciência
moderna conseguiu desvendar os segredos concernentes à tese, o que
nos forneceu material suficiente para traduzirmos os sinais do Alcorão a
esse respeito. E se um estudo de um assunto no futuro eliminar uma das
130
verdades científicas modernas, em todo ou em parte, isso não prejudicará
em absoluto a verdade do Alcorão, mas significará que o exegeta errou
em sua tentativa de explicar um sinal generalizado do Alcorão. Estou
convencido que as futuras descobertas serão mais corroborantes dos sinais
do Alcorão, com maior explicação para seus significados ocultos.
1º Tipo:
A) O Alcorão cita uma lei pertinente à água, em duas Suratas: "O
Discernimento" e "O Clemente". Na primeira lemos:
"Ele foi Quem estabeleceu os dois mares; um é doce e saboroso
e o outro é salgado e amargo, e estabeleceu entre os dois uma linha
divisória e uma barreira intransponível" (13:2).
Quanto ao outro versículo, ele diz:
"Liberamos os dois mares para que se encontrassem. Entre
ambos há uma barreira para não ser ultrapassada." (55:19-20).
O fenômeno natural que o Alcorão cita nesse versículo é conhecido
pelo homem desde as épocas mais remotas, ou seja, que se dois rios se
131
encontrarem numa corrente de água, a água de um deles não se mistura
com a do outro. A título de exemplo, podemos citar vários afluentes do
Rio Amazonas, onde se vê as duas águas independentes, como se
houvesse uma linha entre elas. O mesmo se dá com os rios que correm
perto dos mares. A água dos mares, quando sobe, penetra na água do rio,
mas não se misturam as duas águas. A água doce permanece inalterável
debaixo da água salgada.
Esse fenômeno, como já citamos era conhecido do homem da
antiguidade. Mas sua lei só foi descoberta há alguns anos. A observação
e a experiência comprovam que há uma lei que regula os líquidos
chamada "Lei da Tensão da Superfície." Ela faz a separação entre os
líquidos, porque a atração das moléculas difere de um líquido para outro.
Por isso, cada líquido conserva sua independência em seu aspecto. A
ciência moderna aproveitou muito dessa lei, formulada pelo Alcorão
com as palavras: "Entre ambos há uma barreira para não ser ultrapassada."
A observação dessa barreira não se ocultava à vista dos antigos, como
não contraria a observação moderna. Podemos, com certeza, dizer que,
o que se quer dizer com a barreira é a elasticidade superficial existente
nas duas águas e que as separa uma da outra.
Podemos compreender essa elasticidade superficial com um
exemplo simples: se você encher um copo com água, a água só se
derramará se ela se elevar acima da superfície do copo.
O motivo disso é que as moléculas dos líquidos, quando não
encontram algo para se ligar a eles acima da superfície do copo,
transformam-se naquilo que está abaixo dela. Então surge uma película
elástica na superfície da água, que não permite que ela saia do copo. É
uma película tão forte que, se colocarmos uma agulha sobre ela, ela não
afunda. Esse fenômeno é chamado de elasticidade superficial, que não
permite a mistura da água com o óleo, ou o que faz a separação entre a
água doce e a salgada.
B) Há também no Alcorão evidências exemplares como:
"Foi Deus Que erigiu o céu sem colunas aparentes." (13:2)
Esse versículo concorda com o que o homem da antiguidade via.
Ele observava um mundo enorme e independente no espaço, formado
pelo sol, pela lua e pelas estrelas, mas não via qualquer pilar ou coluna.
132
O homem atual vê nesse versículo uma explicação para suas observações
as quais confirmam que os céus não possuem colunas no espaço infinito,
apesar de haver colunas invisíveis, representadas pela lei da gravidade,
que ajuda todos esses corpos a permanecer em seus lugares determinados.
C) O Alcorão disse a respeito do sol e das estrelas:
"Cada qual gira em sua órbita" (36:2).
O homem da antiguidade via as estrelas movimentando-se e se
afastando de sua localização após determinado tempo. Por isso, a
afirmação do Alcorão não lhes era estranha. Mas, as experiências
modernas vestiram essas afirmações com uma nova roupagem, pois não
há uma definição mais precisa do que "girar" para o movimento dos
corpos celestes.
D) E o Alcorão disse a respeito da noite e do dia:
"Ele ensombrece o dia com a noite, que o sucede
incessantemente."(7:54)
Esse versículo explicava ao homem antigo o segredo da vinda da
noite após o dia… Entretanto, abrange um indício fabuloso a respeito da
rotação da terra ao redor de seu eixo, responsável pela sucessão do dia e
da noite, de acordo com o nosso conhecimento moderno. Devo lembrar
aos leitores aqui que entre as observações que o cosmanauta russo Gagarin
citou, depois de circundar a terra, está a de que ele viu uma rápida sucessão
de trevas e de luz sobre a terra devido ao seu giro ao redor de seu eixo.
Há muitas outras explicações a esse respeito no Alcorão.
Primeiro: Astronomia
O Alcorão apresenta uma idéia determinada, de conhecimentos
específicos, a respeito do começo do mundo material. Essa idéia não era
conhecida do homem, há um século atrás. Quanto ao homem antigo,
133
não há como falar o que era possível passar pela sua restrita mente essa
idéia ou partes dela. A ciência moderna veio para corroborar o que foi
revelado pelo Alcorão.
O Alcorão diz o seguinte a respeito do início do mundo:
"Não vêem, acaso, os incrédulos, que os céus e a terra eram
uma só massa, a qual desagregamos?" (21:30)
Quanto ao fim do mundo, ele diz:
"Será o dia em que enrolaremos o céu como um rolo de
pergaminho." (21:104)
O mundo, de acordo com a exegese desses versículos era uma só
massa, então esta começou a se expandir e é possível, apesar da sua
expansão, agregá-la novamente em pequeno traço.
Esta é a nova teoria científica a respeito do Universo. Os cientistas
concluíram, por intermédio das suas pesquisas e observações quanto
aos fenômenos universais, que a matéria era sólida e inerte no início, e
estava em forma de gás quente, denso, firme. Então, houve uma grande
explosão dessa matéria, há 5 trilhões de anos aproximadamente. Então,
a matéria começou a se expandir e se distanciar. Por causa disso, o
movimento da matéria tornou-se um caso inexorável, de acordo com as
leis da natureza que dizem: "A força gravitacional entre essas partes da
matéria é inversamente proporcional à distância entre elas (então a
distância entre elas aumenta de forma notável)".
Os cientistas acreditavam que o diâmetro da matéria era de 109
anos luz. Esse diâmetro, porém, de acordo com o Porfessor Edington, é
dez vezes maior do que era antes. Esse processo de expansão e aumento
é contínuo.
O Professor Edington diz:
"O exemplo das galáxias é o de manchas pintadas num balão
elástico que se está enchendo continuamente. Da mesma forma se
distanciam de seus irmãos todos os astros celestes com seu próprio
movimento no processo de expansão cósmica"122
Quanto à segunda questão, ela nos foi confirmada, como exposta
no Alcorão. O homem antigo via, a olho nú, as estrelas se afastando
umas das outras, mas as via próximas uma das outras devido às distâncias
fantásticas da terra, mas que, na realidade, estão a distâncias regulares.
122. "The Limitation of Science" (A Limitação da Ciência) , pág. 20.
134
Não ficamos apenas nisso; descobrimos também que a maioria
dos corpos celestes que eram vistos na antiguidade, e que se pensava
que fossem incompletos e compactos, possuem na realidade um espaço
vazio. Descobrimos também que todo corpo material gira em torno de
um núcleo próprio dele, como o sistema solar ao redor de cujo núcleo
giram vários planetas e estrelas. O sistema atômico é um exemplo disso.
Conseguimos observar o espaço vazio no sistema solar, mas não
conseguimos observar o espaço vazio no sistema atômico, devido ao
seu pequeníssimo tamanho. Não conseguimos mesmo observar esse
sistema.123 Isso significa que tudo, mesmo se parecer compacto, possui
algum vazio dentro dele. Como exemplo podemos citar que, se
esvaziarmos o espaço dos átomos no corpo humano, não encontraremos
a não ser uma quantia muito pequena de matéria, cuja existência é finita.
Assim sendo, os astrofísicos dizem que, se concentrarmos o que
há no espaço, sem deixarmos lugar vazio, o volume do Universo seria
trinta vezes o volume do sol! É possível imaginar o tamanho do Universo,
ao sabermos que a mais distante galáxia que o homem conseguiu
descobrir dista alguns milhões de anos luz do sistema solar?
3) Os cientistas deduziram, através de suas pesquisas, que num
futuro próximo, e de acordo com o sistema de órbita dos corpos ce-
lestes, inexoravelmente, a lua se aproximará da terra e se partirá, devido
à força da gravidade, e suas particulas se espalharão pelo espaço.124 Esse
fenômeno se dará de acordo com a mesma lei que rege as marés. O
nosso satélite é o nosso vizinho mais próximo. Dista apenas 360 mil
quilômetros da terra. Tal proximidade afeta as marés duas vezes
diariamente quando há formação de ondas de até 60 metros de altura.
Porém a influência dessa atração sobre a superfície da terra alcança
algumas polegadas.
A distância que separa a terra da lua é exatamente propícia para o
benefício dos habitantes da terra. Se essa distância diminuísse para 100
mil quilômetros, por exemplo, haveria uma grande inundação marítima
e suas ondas cobririam a maior parte das regiões da terra habitada,
afundando tudo, podendo desintegrar até as montanhas pela força das
ondas marítimas. A terra se fenderia devido à pouca gravidade.
123. Ver o Quarto Capítulo deste livro.
124. "Man Does not Stand Alone" (O Homem não está Sozinho), pág. 24.
135
Os astrônomos opinam também que a terra já passou por todos
esses ciclos, durante a sua formação, até alcançar essa distância que tem
da lua, de acordo com a lei astronômica. Essa mesma lei é que trará a lua
para perto da terra novamente.
Eles dizem que esse acontecimento se dará antes de um bilhão de
125
anos. Então, a lua se fenderá e se espalhará no espaço da terra na
forma de um anel.
Não seria essa teoria uma das mais concordantes para a profecia
existente no Alcorão Sagrado sobre a fendidura da lua, quando da
proximidade do Dia da Ressureição?
O Alcorão diz:
"A hora se aproxima e a lua estará fendida." (54:1)
136
firme. Parece que houve depressões profundas nos oceanos. A profundeza
de algumas dessa depressões alcança onze quilômetros abaixo da
superfície do mar. Tal profundidade é superior à altura da montanha
mais alta do mundo. Se colocássemos o Evereste, o pico mais alto do
Himalaia, cuja altura é de 8840 metros, numa dessas depressões, a
superfície do mar estaria um quilômetro e meio acima dele.
"O estranho, com esses fenômenos, é que essas depressões
marítimas se encontram próximas do litoral em vez de se situarem em
alto mar. Podemos imaginar as altas pressões que causaram tais
depressões nos oceanos. Mas a sua proximidade de ilhas e vulcões
mostram que há uma relação entre as alturas das montanhas e as profundas
depressões marítimas. É que o equilíbrio da terra se baseia na elevação e
na depressão, em suas diferentes partes. Alguns grandes cientistas
geógrafos dizem que é possível que as depressões sejam indício de ilhas
que surgirão no futuro. A causa disso é que as montanhas e as depressões
na terra e no mar, respectivamente, se formam nesses vales, ocasionando
vastas regiões desses vales, depois de serem preenchidas pelas montanhas.
Por isso, é possível, de acordo com a inexistência do equilíbrio resultante
desse processo, que surjam novas montanhas, a qualquer instante, ou
surja um novo conjunto de ilhas. O que atesta isso é a existência de
vestígios de elevações marinhas em algumas montanhas litorâneas.
De qualquer modo, não há nenhuma teoria, à luz dos conhecimentos
atuais, que explique a existência das depressões marítimas, os abissais
de frio constante, em escuridão total, sob uma pressão de sete toneladas
por polegada, permanecendo como um enigma perante o homem, como
o enigma do mar da outra vida!127
O Alcorão diz que já se passou um longo tempo sobre a terra,
durante o qual Deus a organizou. O Alcorão diz:
"Depois disso dilatou a terra, da qual fez brotar a água e o
pasto." (79:30-31)
Esse versículo se adapta perfeitamente à mais hodierna descoberta
científica.
É a teoria do distanciamento ou dilatação dos continentes. Essa
teoria diz que todos os continentes estavam, em algum tempo,
127. "The World we Live in" (O Mundo em que Vivemos), N. York, 1955.
137
interligados. Então, dividiram-se e começaram a se distanciar, sendo
separados por vastos oceanos. Essa teoria foi lançada no mundo em 1915,
pela primeira vez, quando o geólogo alemão, Alfred Wagner anunciou
que se todos os continentes se aproximassem uns dos outros, eles se
interligariam, como acontece com os quebra-cabeças das crianças, que
podem ser vistos em três formas que explicam essa teoria (ver páginas
seguinte).
Há também uma grande semelhança entre os diferentes litorais,
onde se encontram montanhas parecidas e com a mesma idade.
Verificamos também o mesmo tipo de fauna e flora. Isso foi o que levou
o litorânico, Professor Ronald Good, dizer, em seu livro: A Geografia
das Plantas Florescentes.:
"Os botânicos estão de acordo com a teoria que diz que não é
possível explicar o fenômeno da existência de plantas semelhantes em
vários continentes, a não ser que aceitemos que os continentes estavam
interligados há algum tempo atrás."
Essa teoria se tornou cientifica depois da comprovação do
magnetismo fóssil. Os cientistas hoje, depois de estudarem os átomos
das pedras, conseguem determinar a localização de qualquer lugar onde
se encontra a colina daquela pedra no passado. Esse estudo provou,
através de magnetismo geológico, que certas partes da terra não se
encontravam no passado nos locais que se encontram hoje, mas se
encontravam nos locais determinados pela teoria do distanciamento dos
continentes. A essa respeito o Professor Blacket128 diz:
"O estudo das pedras da Índia mostra que se encontravam ao sul
do equador há setenta milhões de anos atrás. Da mesma forma, o estudo
das montanhas do sul da África prova que o continente africano se separou
do polo sul há trezentos milhões de anos".
.Ao constatarmos essa extraordinária coincidência entre o dito no
passado longínquo e o que foi descoberto recentemente, só podemos
crer que as palavras do versículo provêm de um Ser cuja onisciência
abrange o passado, o presente e o futuro.
139
Encerraremos este capítulo com um caso narrado pelo sábio
indiano, Dr. Ináyat Allah, Al-Machriqui, que diz:
"Era domingo, um dos dias do ano de 1909. Chovia a cântaros. Saí
de casa por um motivo qualquer e vi o famoso astrônomo Sir James
Jeans, professor da Universidade de Cambridge, que estava indo à igreja,
levando o Evangelho e o guarda-chuva debaixo do braço. Aproximei-
me dele, comprimentei-o, porém ele não respondeu ao meu cumprimento.
Fi-lo novamente e ele me perguntou: 'O que você deseja?' Respondi:
'Duas coisas, senhor! O primeiro é que o seu guarda-chuva está debaixo
do seu braço, apesar da chuva forte!' Ele sorriu e abriu rapidamente o
guarda-chuva. Continuei: 'A segunda coisa é: o que faz um homem
famoso como o senhor dirigir-se à igreja?' Perante essa pergunta, Sir
James parou um instante e então disse: 'Convido você hoje a tomar o chá
da tarde comigo!' Quando cheguei, à tarde, à casa dele, fui recebido pela
senhora James às quatro horas em ponto, que me avisou que o senhor
James me esperava. Quando entrei no seu quarto, encontrei uma pequena
mesa sobre a qual estavam os apetrechos do chá. O professor estava
absorto em seus pensamentos. Quando pressentiu minha presença,
perguntou! 'Qual foi mesmo a sua pergunta?' Sem esperar a minha
resposta, começou discorrer sobre a formação dos corpos celestes, seus
extraordinários sistemas, suas distâncias, suas órbitas, suas gravitações,
suas fantásticas luzes, fazendo-me sentir o coração acelerado com a
reverência e a majestade de Deus. Quanto ao senhor James, seus cabelos
estavam de pé, as lágrimas lhe corriam dos olhos e suas mãos tremiam
de temor a Deus. Ele parou repentinamente, e então disse: 'Ó Ináyat,
quando olho para as maravilhas da criação de Deus, começo a tremer de
temor a Deus. Quando ajoelho perante Deus, digo-Lhe: És Poderoso!
Acho que cada parte de mim se apoia nessa prece e sinto uma calma e
uma felicidade extraordinárias. Minha felicidade supera a dos outros
mil vêzes. Você entende porque frequento a igreja?'"
O Alamma Ináyat acrescenta, dizendo: "Esta palestra causou uma
inundação em minha mente. Disse-lhe: 'Senhor, fui muito influenciado
pelos detalhes científicos que me narrou. Isso me fez lembrar de um
versículo de meu Livro Sagrado. Se me permitir, posso lê-lo!' Ele
balançou a cabeça, dizendo: 'Com todo gosto!' Então, li o versículo
seguinte:
140
"E entre as montanhas há brancas, vermelhas, de diferentes
cores, e há as de intenso negro. E entre os humanos, entre os répteis
e entre o gado há-os também de diferentes cores. Os sábios entre os
servos de Deus a Ele temem."(35:25-26).
"O senhor James deu um grito, dizendo: 'O que você disse? Os
sábios dentre os servos de Deus a Ele temem? É fantástico! Muito
estranho! A descoberta que fiz levou-me cinqüenta anos de estudo e
observação. Quem informou Mohammad a respeito disso? É verdade
que esse versículo consta do Alcorão? Se isso é verdade, pode escrever
uma declaração minha de que o Alcorão é um livro revelado por Deus.'
Ele, então, disse:
"Mohammad era iletrado e era incapaz de descobrir esse segredo
por si. Mas, Deus foi Quem lhe informou esse segredo... Fabuloso!...
Fantástico! Muito estranho!"129
A Legislação
149
princípio de execução, sem necessidade de uma outra prova. Assim, o
código divino preenche uma grande lacuna, incluindo qualquer ato no
âmbito do código.
A Mulher e a Sociedade
O Islam não considera o homem e a mulher iguais. Ele proíbe as
relações livres entre eles. Os cientistas, no início da época científica,
começaram escarnecer dessas leis e as denominaram "atrasos da época
da ignorância." Disseram com veemência que o homem e a mulher são
iguais, herdam os gens humanos de maneira idêntica, e seria um grande
crime obstruírmos o caminho de suas relações livres.
Esse pensamento criou uma nova sociedade no Ocidente. Mas as
longas e amargas experiências que a humanidade viveu depois dessa
permissividade sexual foram as mais duras. Concluiu-se, depois dessas
experiências, que o homem e a mulher não são inata nem naturalmente
iguais. Qualquer sociedade que se basear na sua igualdade causará
grandes danos à civilização humana.
a) Na realidade o homem e a mulher se diferenciam totalmente em
suas capacidades naturais. Considerá-los iguais é contrariar as próprias
leis da natureza.
O Dr. Alexis Carrel, ganhador do Prêmio Nobel de Ciência,
apresenta a diferença fisiológica entre o homem e a mulher, dizendo:
154
"As diferenças existentes entre o homem e a mulher não são apenas
devidas à forma particular dos órgãos genitais, à presença do útero, à
gestação ou ao modo de educação; têm uma causa mais profunda: a
estrutura dos tecidos e a total impregnação do organismo por substâncias
químicas específicas segregadas pelo ovário. A ignorância destes fatos
fundamentais foi que levou os promotores do feminismo à idéia de que
os dois sexos podem ter a mesma educação, as mesmas ocupações, os
mesmos poderes e as mesmas responsabilidades. A mulher é, na realidade,
profundamente diversa do homem. Cada célula do seu corpo tem os
seus sistemas orgânicos, e, sobretudo, com o sistema nervoso. As leis
fisiológicas são tão inexoráveis como as do mundo sideral, e é impossível
substituí-las pelos desejos humanos; temos de as aceitar tais quais são.
As mulheres devem desenvolver as suas aptidões no sentido da sua
própria natureza, sem procurar imitar os homens"148
As experiências científicas comprovaram o resultado dessas
diferenças naturais. A mulher fracassou em apresentar qualquer igualdade
com o homem em qualquer campo; o homem consegue sobrepujá-la nos
campos, considerados no passado, como monopólio feminino.
Isso não é tudo… Se negarmos as leis naturais, e as regras cósmicas,
e começarmos contrariá-las, quebraremos as nossas caras com as nossas
mãos. Assim, o sistema imposto pelo homem, ignorando as considerações
que diferenciam ambos os sexos, acarretou certos tipos de doenças e
crimes no seio da sociedade. Os jovens dessa nova sociedade se queixam
de tipos de doenças venérias, morais, psicológicas, resultantes dessa
mistura terrível.
Uma das cenas que se repetem perante os médicos dessa sociedade
é o comparecimento de jovens ao consultório médico que se queixam de
dor de cabeça e insônia. Ficam algum tempo falando sobre as dores…
Então começa a falar sobre um rapaz que ela encontrou por acaso, havia
algum tempo atrás… Nesse ponto o médico sente que ela se atrapalha
com as palavras. Ele lhe pergunta: "Então, ele a convidou para o seu
apartamento. O que você lhe disse?" A jovem, estupefata, responde:
"Como você soube que eu ia lhe dizer isso?"
É possível concluir-se tudo o que a jovem dirá ao médico depois
desse diálogo. Isso é o que firam os sábios ocidentais. Isso é o que fez os
148. O Homem, Esse Desconhecido, págs. 108-109.
155
sábios ocidentais se desiludirem. Concluíram que a conservação da honra
é uma balela à sombra de uma sociedade de relações livres. Um médico
ocidental disse:
"É possível que o homem e a mulher cheguem a um ponto em que
seja impossível controlar os nervos e os sentimentos através das
penalidades."
Há uma campanha enérgica contra esses fenômenos em forma de
artigos e livros. Alguns sábios ocidentais começaram sentir a catástrofe
que ameaça sua civilização. Mas apesar disso, são incapazes de
compreender as raízes da questão.
A conhecida médica, Marion Hilliard, publicou um artigo contra a
mistura livre. Disse: "Não posso aceitar, como médica, que as relações
puras possam perdurar entre um homem e uma mulher que permaneçam
juntos sozinhos por um longo tempo."
Ela continua dizendo:
"Não sou tão estúpida a ponto de aconselhar os jovens a não se
beijarem. Mas a maioria das mães não informam seus filhos que o beijo
não amaina os sentimentos, mas os inflamam."
A Dra. Hilliard aceita, com essas palavras, o código divino que
proíbe essas manifestações, para que o homem não chegue à beira dos
hodiendos crimes sexuais. Mas a doutora. não sabe como coibir esse
comportamento que se relaciona inexoravelmente com os atos
demoníacos!
b) A lei islâmica permite a poligamia, e houve um grande clamor
contra essa permissão que a denominaram "lembranças da época da
ignorância." As experiências práticas, porém, vieram confirmar que é
uma lei que se coaduna com a natureza humana, porque a proibição da
poligamia é a abertura de inúmeras portas para a imoralidade:
Se consultarmos as publicações da ONU e de outras organizações,
verificaremos através dos números e estatísticas que o homem enfrenta
o problema dos filhos ilegítimos, que são mais numerosos que os
legítimos, e que a percentagem dos filhos ilegítimos aumentou em
sessenta por cento. Em alguns países, porém, e a título de exemplo, o
Panamá, essa percentagem ultrapassou os setenta e cinco por cento, ou
seja, três filhos ilegítimos em cada quatro nascimentos. A maior
percentagem dessas crianças ilegítimas é encontrada na América Latina.
156
Essa publicação afirma também que a percentagem das crianças
ilegítimas é nula nos países islâmicos. Ela diz ainda que essa percentagem
é menos que um por cento no Egito, apesar de ser o país muçulmano que
mais sofreu a influência ocidental.
Quais são as causas que protegem os países islâmicos dessa
calamidade? Os editores da publicação estatística afirmam que os países
muçulmanos estão protegidos contra a epidemia porque praticam a
poligamia."
Esse sábio código divino conseguiu proteger nossos países
islâmicos de uma calamidade real desta época.
As experiências humanas comprovaram que o antigo código divino
é o que está constituído sobre a verdade, e é misericórida para a
humanidade.
A Civilização
O Islam instituiu o talião para quem matar intencionalmente, a
não ser que os herdeiros do morto aceitem a compensação pecuniária.
Essa lei enfrentou críticas severas dos legisladores na época presente. A
justificativa da sua crítica é que essa lei faz perder uma outra alma, depois
de ter-se perdida a primeira de fato. Isso os levou a abominarem a pena
de morte na maioria dos países.
A lei islâmica tem duas importantes utilidades:
Primeira: Aniquila as raízes desse crime, porque ninguém se entrega
à praticá-lo ao ver o castigo sofrido por um dos membros da sociedade.149
Segunda: É a compensação pescuniária. O Legislador levou em
consideração todos os resultados. Se o filho único de uma pessoa idosa
for morto, o assassino deve pagar ao pai do assassinado uma quantia que
o satisfaça. Ele, então, perdoa o crime pela compensação recebida. A lei
islâmica deu aos pais o poder da elevação da quantia da compensação,
para poder apagar o fogo da vingança.
149. O único país que aplica o sistema islâmico nesse âmbito é a Arabia Saudita.
Todos os encarregados dos assuntos sauditas sabem que a proporção de homicídios
nela é a mais baixa no mundo. Os casos de crimes de morte anualmente não passam de
alguns devido ao castigo imposto aos criminosos. Da mesma forma, os casos de roubo
são nulos nesse país, pelo mesmo motivo.
157
Essa legislação é extraordinariamente prudente. Sua experiência
confirma que o instinto de homicídio foi eliminado em todos os países
em que foi adotada. A experiência também confirma que em todos os
países que aboliram essa lei a percentagem de homicídios subiu
assustadoramente chegando, em alguns países a doze por cento.
Há inúmeros outros exemplos: países que aboliram a pena de morte,
mas instituiram-na novamente, devido às consequências. O Parlamento
do Ceilão em 1956, sancionou uma lei, abolindo a pena de morte em
todo o seu território. A proporção dos crimes de morte aumentou
assustadoramente após a publicação da lei. O povo do Ceilão só percebeu
o erro cometido no dia 26 de setembro de 1959, quando um homem
invadiu a casa do Primeiro Ministro e o matou em seu quarto. A primeira
coisa que os membros do parlamento fizeram após o enterro do Primeiro
Ministro, foi convocar o parlamento para uma sessão extraordinária que
durou quatro horas e anunciaram, no seu encerrametno, a modificação
da lei, instituindo novamente a pena de morte.
O Sistema de Vida
O sistema aceito pelo Islam para a vida é o de propriedade privada
para os meios de produção agrícola. A estrutura de vida no Islam é baseada
na propriedade privada. Esse sistema perdurou muitos séculos no mundo.
Depois da revolução industrial enfrentou críticas severas, levando os
intelectuais a aboli-lo.
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do
século XX circulou na Europa o sentimento de que a propriedade privada
é uma das leis criminosas que proliferaram na Idade Média. Conseguiu-
se então introduzir um sistema de propriedade coletiva, considerada forte
base para o sistema de vida.
A primeira experiência da nova teoria, a propriedade coletiva, foi
efetuada numa vasta área da terra. Teve uma promoção extraordinária e
foram depositadas nela muitas esperanças. Mas a longa experiência
demonstrou que esse sistema, apesar dos esforços enormes despendidos,
só trouxe resultados inferiores à produção conseguida na propriedade
privada, além de suas inúmeras falhas, que se resumem em sua
artificialidade, a ponto de se usar a força para a sua execução. Ela também
158
coíbe o desenvolvimento humano. É, ao mesmo tempo, mais
centralizadora, mais exploradora e mais ditatorial que o sistema
capitalista.
Como resultado da propriedade coletiva vimos a Rússia, que era
um dos grandes países exportadores de produtos agrícolas no tempo
tezarista, ser obrigada a comprar milhões de toneladas de trigo do mundo
capitalista. O mesmo se dá com a China.
Essas amargas experiências da humanidade atestam que a Mente
Divina, Fonte do Código verdadeiro, conhece bem a natureza humana e
compreende melhor os seus problemas.
A religião tem resposta específica para todas as perguntas que se
fazem em nossa luta cultural. Ela nos orienta para a verdadeira legislação
natural, colocando-nos a base teórica do código. Ela nos concede uma
base correta para cada problema da vida humana, para que possa alcançar
os altos graus do desenvolvimento. É a forma única para a igualdade
completa entre o governante e o governado; ela prepara a base
psicológica, sem a qual o código se atrofia e se paralisa. Ela nos cria
aquele clima propício, imprescindível para a evolução vital e efetiva.
Assim, a religião nos proporciona tudo o de que necessitamos para
a construção da civilização, numa época em que o ateísmo e a descrença
só nos proporcionam, perdição e privação.
159
NONO CAPÍTULO
160
a religião tradicional. Ele escreveu a respeito dessa mudança numa carta
para um amigo seu. Disse:
"Faço preces diariamente e passo o dia todo fazendo preces para
descobrir a verdade. A prece passou a ser a minha paixão, a partir do
momento que a dúvida invadiu o meu coração. Não consigo aceitar a
crença. Meu coração se enche de lágrimas enquanto escrevo essas linhas.
Meu coração chora; meus olhos choram, mas sinto que não estou isento
da misericórdia de Deus. Tenho esperança de alcançar a Deus a Quem
desejo ver com todo o meu coração e toda minha alma. Juro por minha
vida que este meu sofrimento e minha procura são um vislumbre do
Espirito Santo. Não deixo o meu pensamento, mesmo que o Evangelho
o desminta dez mil vezes!"
O instinto da pesquisa pela verdade perturbou a alma de Engles, o
jovem. A tradicional religião cristã não lhe forneceu a tranqüilidade que
ela procurava. Então ele se rebelou contra ela e se afundou nas filosofias
políticas, materialistas, ateístas.
As raízes desse instinto humano são os sentimentos do povo pela
sua necessidade ao Senhor Criador. A idéia de que: "Deus é o meu Criador
e eu sou Seu servo" está inscrita no subconsciente humano. É um pacto
secreto feito com o homem, desde o seu primeiro dia. Ela corre em cada
célula de seu corpo. Quando um homem qualquer perde esse
subconsciente, ele sente um enorme vazio, e sua alma lhe pede das
profundezas que procure o seu Deus a Quem não mais vê, que se O
encontra, cai de joelhos, e então esquece de tudo.
A orientação para se conhecer a Deus não é mais que tentar chegar
à fonte verdadeira dessa tendência humana. Aqueles que não se orientam
para o conhecimento procuram outras coisas. Cada coração procura quem
o oriente para o melhor de suas esperanças.
Assim, quando algum líder vai ao mausoléu dos heróis e coloca
uma coroa de flores e então fica parado com a cabeça inclinada, ele faz
o mesmo gesto que o crente faz perante o seu Deus, ao genuflectir e se
prostrar.
Quando um comunista passa perante a estátua de Lenin, tira o
chapéu e anda devagar, ele também, a exemplo do religioso, apresenta
as suas melhores saudações ao seu deus. Cada homem é impelido a adotar
161
algo, destinando-lhe as oferendas de suas verdadeiras esperanças. Mas,
se o homem apresentar oferendas a alguém além de Deus, ele estará
associando alguém a Quem merece sozinho ser adorado: "A idolatria é
grave iniqüidade."(31:13), e iniqüidade é o colocar algo fora de seu
lugar. Se você quiser usar a tampa de alguma vasilha como chapéu, isso
será iniqüidade, e o homem, ao tender para outro além de Deus, para
preencher a lacuna psicológica, adotando outro que não seja Deus para
protegê-lo, ele se desvia de seu verdadeiro lugar e aproveita, de seu
instinto, a pior causa para a desorientação.
Uma vez que esse instinto é inato, ele aparece sempre na sua forma
natural orientada para Deus. Porém, a sociedade e a situação do ambiente
fornecem a esse instinto uma outra orientação, fazendo com que a dúvida
assalte inicialmente o homem. Mas, logo ele se livra dessas dúvidas,
intencional ou involuntariamente, porque desfruta de maior liberdade
na vida nova, aceitando-a, mesmo superficialmente.
Bertrand Russel era muito religioso, e era assíduo frequentador
das missas. Um dia seu avô lhe perguntou: "Qual a sua prece preferida?"
O jovem Bertrand Russel respondeu: "A vida me cansa enquanto
estiver afundado nos pecados, ó meu Deus!" Quando ele atingiu os treze
anos de idade, os pensamentoos de rebeldia começaram assaltando,
influenciados pelo ambiente que o rodeava, aquele jovem, que era
frequentador assíduo das missas, tornou-se Bertrand Russel o filósofo
ateu, descrente nas verdades celestiais.
Uma rádio britânica entrevistou-o em 1959 e, ao ser perguntado
por Freeman, o crítico político da emissora, "Você acha que a paixão de
se ocupar com a matemática e a filosofia pode substituir os sentimentos
religiosos no homem?", respondeu: "Sim, aos quarenta anos de idade
alcancei a tranquilidade citada por Platão. É possivel conseguí-la por
entermédio da matemática. É um mundo eterno, livre, incomensurável.
Consegui, nesse mundo, uma tranquilidade parecida com a que os
religiosos conseguem."
Esse pensador britânico negou a autenticidade da divindade, mas
não conseguiu prescindir da sua necessidade premente, devido ao instinto
natural com o qual o homem nasceu. Utilizou-se da matemática e da
filosofia, colocando-as no local que pertence a Deus. Foi obrigado
162
também a atribuir à matemática e à filosofia as mesmas atribuições de
Deus: A eternidade, a liberdade e a incomensurabilidade. O segredo disso
é que ele não consegue, sem elas, a tranquilidade procurada pelo homem.
Casos simelhantes acontecam diariamente em todas as partes da
terra, e milhares de pessoas que negam a existência de Deus inclinam-se
perante o seu deus, para acalmar o seu instinto de adoração, porque a
divindade é uma necessidade inata no homem. Esses aspectos são
suficientes para apoiar esse instinto como natural, porque o homem
necessita inclinar-se perante muitos outros, quando deixa de se inclinar
perante Deus, ou seja, sua natureza não consegue preencher o vazio que
se forma quando da negação da existência de Deus.
Na verdade, o homem não tranquiliza o seu instinto quando adota
outras divindadas após a descrença em Deus. Dizemos: Aqueles que
adotam outra divindade além de Deus ficam desprovidos da verdadeira
tranquilidade, a exemplo da criança órfão que tenta substituir a mãe com
bonecos de plástico.
Cada ateu, por mais que se ache ou que outros achem que ele é
bem-sucedido, enfrenta em sua vida situações em que é obrigado a pensar
se a verdade que ele aceitou não é artificial e inútil!
Quando Nehru terminou a sua auto-biografia em 1935, doze anos
antes da independência da Índia, escreveu em seu final:
"Sinto que terminou uma fase da minha vida; que uma nova fase
irá começar. O que abrangerá essa fase? Ninguém pode prever, pois os
papéis da próxima vida estão selados."
Quando os novos papéis da vida de Nehru apareceram, encontrou-
se ele como primeiro-ministro do terceiro maior país do mundo,
governando um sexto da humanidade, sem parceiro. Mas Nehru não se
contentou com isso, e continuou sentindo, estando no auge de sua carreira
política, que hvia outras páginas do livro de sua vida que ainda não
foram abertas.
Passava pela sua cabeça a mesma pergunta que nasce com o
homem. Nehru, ao se dirigir ao Congresso dos Orientalistas, promovido
em Nova Delhi, em janeiro de 1964, com a participação de mil e duzentos
representantes de todo o mundo, disse:
"Sou político, e não encontro muito tempo para a meditação, mas
preciso de vez em quando pensar. Qual é razão deste mundo? Quem
163
somos? O que fazemos? Estou convencido que há uma força que traça
as nossas possibilidades."150
Este é o pensamento de intranqilidade que domina as almas
daqueles que descrêem na adoração a Deus. Durante os seus prazeres
efêmeros e os atos que conseguiram a estabilidade… Mas logo sentem
novamente que estão desprovidos da tranqüilidade, da felicidade e da
estabilidade.
Essa situação, em que desaparecem a tranqüilidade e a estabilidade
dos corações desprovidos da misericórdia de Deus, não perdura apenas
durante os dias e os anos dessa vida provisória. É muito mais importante
que isso.
É uma questão eterna, representa nela os vestígios da vida sombria
e obscura, à beira da qual ficam essas pessoas.
É o primeiro sintoma para a vida de asfixia eterna, que os admoesta
a respeito das situações assustadoras por que suas almas passarão.
É uma fumaça do Inferno no qual se eternizarão certamente.
Se a casa de um deles pegasse fogo, a fumaça chamaria a atenção
dele sobre o perigo, para que se pudesse salvar, se conseguisse acordar a
tempo. Mas, quando as línguas de fogo alcançarem a sua cama, terá
perdido a oportunidade e não terá escapatória. É a perdição que o cerca
por todas os lados. Foi condenado a se queimar devido à apatia de seus
sentidos, e à ignorância de seu próprio interesse.
Será que as pessoas despertarão em tempo para a salvação? O
despertar útil é o que acontece antes da perda da oportunidade; e o
despertar na hora da perdição e do desmoronamento, não fornece ao seu
atuante mais que a permanência no Inferno.
O Professor Michel Preacher escreveu uma biografia de Nehru. O
autor, numa entrevista com Nehru, em Nova Delhi aos 13 de junho de
1956, perguntou-lhe:
"Quais são os valores necessários para um ambiente salutar, de
acordo com a sua filosofia política da vida?"
O Primeiro Ministro respondeu:
"Acredito em alguns critérios. São os critérios morais. É preciso
que cada membro e ambiente se apeguem a ele. Quando eliminamos
150. National Herald Journal, número 4, janeiro de 1964.
164
esses critérios, não conseguimos chegar a resultados úteis, apesar do
grande desenvolvimento material. Quanto aos meios de se conseguir
esses critérios e a sua conservação na sociedade, não os conheço. Há
uma consideração religiosa para a execução desses critérios, mas nos
parece muito estreita, com todos os seus métodos e caminhos. Eu me
preocupo muito com os valores morais e espirituais, longe de religião.
Mas não conheço como é possível conservá-los na nova vida. É um
problema sério!"151
Essa pergunta e sua resposta mostram claramente o vazio que o
homem enfrenta em sua vida; as instituições de valores morais são as
necessidades mais prementes, prosseguindo na marcha da civilização.
O homem, porém, depois de abandonar a divindade, começou a vagar
cegamente à procura desses valores e dos meios da sua instituição na
vida dos membros da sociedade. Apesar de terem-se passado centenas
de anos, o homem continua nas primeiras etapas da sua procura a esses
valores desprovidos da religião.
Por exemplo, instituiu-se um ministério de desburocratização para
eliminar as barreiras entre o povo e os governantes. Mas a mentalidade
burrocrática dos responsáveis não desaparece, apesar de todos os esforços
que são dispensados nessas oportunidades, em nome da moral.
Penduram-se grandes cartazes nas estações e dentro dos vagões
dos trens, que dizem: "O viajar sem a passagem é crime social" mas a
percentagem dos que viajam sem passagem não é suficiente para mover
a consciência do indivíduo quanto a proteger a disciplina.
Empregam-se enormes esforços para se combater os crimes através
da imprensa, dizendo que o crime não compensa. Mas, a proporção
crescente dos crimes, um dia após outro, demonstra que o castigo pelos
crimes na vida não é repressiva, a ponto de evitar que os criminosos
pratiquem os crimes.
Há muitas frases escritas nas paredes das repartições públicas,
dizendo que o dar e receber suborno é crime. Mas a pessoa, quando vê
que os crimes de suborno correm soltos à vista das próprias frases, é
obrigado a reconhecer que a propaganda governamental não consegue
coibir esse péssimo crime social.
151. Nehru, Uma Biografia Política, págs. 607-8.
165
É escrito em cada vagão do trem: "O trem é propriedade do povo;
danificá-lo é crime contra o povo." Os viajantes, porém, nos mesmos
vagões, roubam suas lâmpadas elétricas, quebram seus vidros, de vez
em quando ateiam fogo nele, o que prova que o interesse do povo não é
mais forte que o interesse individual.
Os maiores líderes e políticos anunciam em seus discursos: "A
utilização dos meios governamentais em proveito particular é traição ao
direito do povo e do país." Mas as grandes obras falham em atingir os
seus objetivos, porque a maior parte do orçamento destinado vai para o
bolso dos responsáveis por tais obras, em vez de gastá-lo nos dividos
lugares. Assim, os valores desapareceram da vida nacional, apesar de
todos os esforços empreendidos pelos reformadores e líderes. Todos os
meios utilizados fracassam.
Esses fenômenos, na realidade, são provas de que a civilização
ateísta levou a humanidade para a lama, desviando-a do caminho
imprescindível para a continuação da marcha. A única solução para essa
crise é o retorno a Deus, aceitando-se a importância da religião, na vida;
é a única base que auxilia, da melhor maneira, na marcha da humanidade,
e não há outros meios para isso.
O Professor Chester Bowles, ex-embaixador dos Estados Unidos
na Índia, escreveu:
"Os países em desenvolvimento enfrentam dois tipos de problemas
em sua marcha industrial. Ambos os tipos são muito complexos. O
primeiro é o de se conseguir capital, matéria-prima, conhecimento
tecnológico e os melhores meios para a sua utilização. Quanto ao segundo
tipo desses problemas, ele diz respeito ao povo e à administração pública.
Temos, antes de perseguirmos na nossa revolução industrial que nos
certificar de que essa indústria não nos gere mais problemas do que re-
solve. Ghandi disse: 'Os conhecimentos científicos e as descobertas
aumentarão a ânsia do homem, quando o homem é a mais importante
das coisas.'"152
O povo constitui uma sociedade que obedece os programas de
desenvolvimento, mas os elementos de desenvolvimento, como capital
152. "The Making of a Just Society" (A Formação de uma Sociedade Justa), Delhi,
1963, págs. 68-69.
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e tecnologia, não são de grande valia numa sociedade em que impera o
vazio político e civil.
Qual é o caminho que irá preencher essa lacuna para a construção
de uma sociedade onde povo e governo venham a cumprir cada um com
o seu papel para a elevação do conceito do país?
É uma pergunta sem resposta para os pensadores modernos. Na
verdade, o homem não consegue chegar a uma resposta, à sombra da
sociedade ateísta, pois cada projeto de desenvolvimento que é atingido
por contradições revolucionárias mostra que as crenças pessoais dos seus
membros contrariam a crença coletiva. O programa de desenvolvimento,
por exemplo, visa construir uma sociedade opulenta, desfrutando de
segurança e paz. Os pensadores, então, dizem: "O objetivo básico do
homem é conquistar a felicidade material!" Com isso, negam o princípio
primordial do seu programa, porque estimulam os membros a agirem
contrariamente às necessidades da sociedade.
Essa contradição resulta do fato de que nenhum programa desse
tipo atingiu seus objetivos até hoje, e todas as filosofias materialistas
para o desenvolvimento da vida social falharam.
Conseguir o homem a felicidade material significa que procura,
com todas suas forças, realizar todos os seus desejos. Mas não há caminho
para se atingir os objetivos pessoais, neste mundo limitado, sem se
influênciar os outros. Por isso, quando o indivíduo procura realizar os
seus desejos, isso transforma-se em prejuízo para os outros, pois o desejo
individual destrói o desejo coletivo. Quando o indivíduo recebe tão
pequeno salário, que seu rendimento não seja suficiente para atingir a
sua felicidade pessoal, ele procura alcançar isso por todos os meios,
mesmo recorrendo ao roubo, ao suborno, à fraude, à falsificação, a
usurpação dos bens dos outros. Então, a sociedade passa a sofrer os
mesmos problemas que um de seus membros sofria.
O mundo moderno sofre hoje um problema não experimentado
em toda sua história. É o problema da criminalidade dos menores, que
se tornou parte integrante da sociedade moderna. De onde surgiram esses
criminosos menores de idade? São as vítimas da felicidade material.
Muitos jovens se aborecem da vida conjugal depois de pouco tempo de
casados. Então, começam procurar novos rostos e novos corpos e pedem
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o divórcio. O maior prjudicado no caso é a sociedade, que paga o preço
do divórcio ao recolher crianças órfãs, com seus pais ainda em vida. Por
outro lado, a sociedade debilitada, por sua vez, não consegue proporcionar
para esses menores alimentação, vestimenta, moradia e educação. Eles
se tornam livres de todas as responsabilidades de se revoltarem contra a
sociedade que os gerou. Essa situação começa com vandalismo e culmina
com os crimes sujos dos quais eles próprios foram fruto.
Sir Alfred Deening disse: "A maior parte dos menores criminosos
são fruto de famílias desfeitas.153
Essa contrariedade entre a filosofia social e os objetivos dos
indivíduos é a fonte de todos os problemas sociais. Todos os
acontecimentos que denominamos, em nossos dicionários, como "crimes
e culpas" são tentativas de um povo para alcançarem seus desejos pessoais
na vida, depois de fracassarem em realizá-los por um motivo ou outro.
Esses acontecimentos surgem na maior parte das vezes em forma de
assassinato, rapto, fraude, falsificação, pirataria, guerra, fornicação, e
crimes semelhantes que a humanidade enfrenta.
Essa contrariedade mostra claramente que o objetivo principal da
vida é tão somente conseguir o agrado de Deus na outra vida. É o único
objetivo que consegue salvar a sociedade e o indivíduo da grande
contrariedade, conduzindo-os para o caminho da felicidade, prosperidades
recíprocas, porque o indivíduo com esse objetivo, não colide com os
almejos da sociedade, mas participa com seu esforço, de uma forma
positiva e eficaz.
A distinção da teoria da "outra vida" é a confirmação de que é a
única base para o bom êxito dos projetos sociais num tempo em que
mostra que esse é o único objetivo do indivíduo também, porque aquilo
que não tiver relação com a realidade não consegue se transformar nessa
estranha magnitude de importância e de acordo com os objetivos da
humanidade.
A medicina e a cirurgia modernas evoluiram tanto, até ao mais
alto limite nesse século, que os médicos começaram dizer: "A ciência
consegue eliminar todas as doenças, fora a morte e a velhice." Mas as
doenças aumentam e se popularizam, proliferando-se rapidamente.
153. "The Changing Law" (A Lei Mutável), pág. 111.
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Dentre elas podemos citar as doenças nervosas, resultantes dos fortes
conflitos por que o indivíduo e a sociedade passam.
A ciência moderna tentou alimentar todos os lados materiais do
corpo humano, mas falhou em alimentar os sentimentos, as esperanças e
os desejos. A colheita disso foi conseguir um corpo alto, saudável, mas o
outro lado do corpo, a raíz do homem, começou a sofrer crises ilimitadas.
Uma estatística afirma que oitenta por cento dos doentes das
grandes cidades americanas sofrem de problemas nervosos, de uma forma
ou de outra. Os psicólogos modernos dizem que a principal causa dessas
doenças psicológicas são: a aversão, o rancor, o delito, o medo, a
imposição, o desespero, o controle, a dúvida, o egoísmo e o incômodo,
causado pelo ambiente, à vida desprovida da crença em Deus.
Essa crença em Deus fornece ao homem uma formidável
consciência, capacitando-o a enfrentar os mais difíceis problemas. Ele
diligenciaria por um objetivo sublime, ignorando os objetivos sujos e
vis.
A crença em Deus fornece ao homem um motor que é base de
todos os bens morais, a fonte da força da fé, descrita por Sir William
Osler como: "É uma extraordinária força motora que não pode ser pesada
em nenhuma balança nem pode ser testada nas indústrias."
Essa fé é o segredo do depósito da saúde psicológica abundante,
desfrutada por seus praticantes e qualquer espírito desprovido dessa
crença só termina nas piores doenças.
É um infortúnio para o homem o fato de que os psicólogos
empreendam o que podem de sacrifícios para descobrir novas doenças
psicológicas e nervosas. Mas, ao mesmo tempo, são negligentes em
encontrarem um tratamento para essas doenças. Esse fenômeno, gera
sentimentos aflitivos de que esses cientistas fracassaram no último campo
e por isso dedicam-se ao segundo campo, ocultando sua decepção, e
apresentam seus heroísmos perante o mundo.
Por isso, um cientista cristão disse: "Os psicólogos empregam todos
os seus esforços na descoberta dos segredos da fechadura que trancará
todas as nossas portas quanto à saúde!"
A nova sociedade segue em duas direções ao mesmo tempo. De
um lado procura conseguir todos os confortos materiais, ao mesmo tempo
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em que, ao abandonar a religião, cria situações que tornam a vida um
inferno. Fornece o remédio oralmente e aplica o veneno através de injeção
intravenosa.
Citaremos aqui o testemunho desse fenômeno, prestado por um
médico de nome Paul Ernest Adolf, que diz:
"Conheci, durante os meus estudos de medicina, as mudanças que
acontecem com os tecidos do corpo atingido com ferimentos. Durante
as experiências observei que sintomas limitados ocorrem com esses
tecidos, o que faz cicatrizar esses ferimentos. Quando me formei médico,
estava totalmente convencido da minha capacidade de que conseguiria
realizar resultados, com os meios medicinais necessários. Mas logo fui
atingido por um grande choque, pois as circunstâncias me obrigaram a
sentir que descuidara do mais importante elemento da medicina: Deus.
"Entre os pacientes que eu tratava, no hospital, encontrava-se uma
senhora de setenta anos que sofrera uma fratura na cocha. As radiografias
mostraram que os ossos do seu corpo se regeneravam rapidamente. Por
isso, felicitei-a pela rápida cura. Um dos cirrurgiões indicou-me que lhe
desse alta em vinte e quatro horas por ela ter conseguido andar sem se
apoiar em nada. Isso foi num domingo, dia que sua filha constumava ir
visitá-la semanalmente. Disse-lhe: 'Sua mãe está passando bem agora;
pode vir amanhã para levá-la para casa.' A filha não respondeu nada na
minha frente mas foi ter com a mãe e lhe disse que havia concluído, com
o marido, que não podiam preparar a sua volta (da mãe) para a casa
deles; e que seria melhor encontrar para ela um local num asilo de velhos.
Após a passagem de algumas horas, passei pelo leito da senhora e observei
que ela teve uma rápida recaída e, após vinte e quatro horas, ela veio a
falecer, não por causa da fratura da perna, mas pelo coração partido.
Antes tentei prestar todos as assistências necessárias para salvá-la, mas
sua situação não melhorou. Os ossos de sua cocha tinham melhorado
muito, mas não encontrei remédio para seu coração partido. Ministrei-
lhe todo tipo de vitaminas e sais minerais e todos os meios de regeneração
dos ossos, mas a senhora não conseguiu mais levantar-se. Na verdade,
seus ossos haviam-se regenerado, mas não tinha forças para viver, porque
o elemento essencial para a vida dela não eram as vitaminas e sais
minerais, nem a regeneração dos ossos, mas a esperança, a esperança de
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viver de uma forma específica. Quando perdeu a esperança na vida, a
saúde foi-se com ela.
"Esse acontecimento teve uma influência em mim, porque eu senti
que ele nunca poderia ter acontecido se a senhora conhecesse o Deus da
esperança, em Quem eu creio."154
Esse exemplo nos fornece um quadro do conflito que o mundo
enfrenta em cada fase da sua existência. O mundo tenta hoje, com todas
as forças, apagar os sentimentos religiosos dos corações das pessoas,
tencionando desenvolver o homem e negligenciando-lhe a alma, seu
elemento essencial.
Dentre os resultados dessas tentativas está o fato de a medicina
conseguir regenerar os ossos de uma perna fraturada, mas a falta da
crença na divindade leva o indivíduo à morte, apesar de o seu corpo
estar com boa saúde.
Esse conflito destruiu a humanidade. Os corpos que estão sob as
roupas luminosas são os que mais necessitam da tranqüilidade e da
felicidade verdadeiras. As casas majestosas são habitadas por corações
partidos; as cidades iluminadas pela luz da civilização são fontes de
crimes e geradoras de desgraças; os governos poderoso são acometidos
de conspirações internas e minados pela desconfiança, e as obras
gigantescas estão fadadas ao fracasso devido à corrupção de seus
encarregados. A vida tornou-se indesejável, apesar do desenvolvimento
mateiral enorme, e tudo isto e aquilo resulta do fato de o homem estar
desprovido da dádiva da crença em Deus. Desprovemos a nós mesmos
da fonte e da base preparados para nós pelo nosso Criador e Senhor.
A causa das doenças psicológicas, citadas por nós, é uma verdade
patente e reconhecida pelos psicólogos. O famoso psicólogo, o Professor
G.G. Jung, resume suas experiências nesse campo, da seguinte forma:
"Muitas pessoas, de todos os países civilizados, pediram-me
conselhos sobre suas doenças psicológicas, nos últimos trinta anos. O
problema de todos aqueles que ultrapassaram a primeira metade de suas
vida, ou seja, depois dos 35 anos, era a falta da crença religiosa. É possível
dizer-se que sua doença não é mais que a perda daquilo que as religiões
155. "Science and Christian Belief" (A Ciência e a Crença Cristã), pág. 110.
156. "Man Does not Stand Alone" (O Homem Não Está Sozinho), pág. 123.
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