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© Hexag Editora, 2017

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Rodrigo S.Alves
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Coordenador geral
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Revisora
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Fernando Cruz Botelho de Souza
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
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Capa
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CARO ALUNO
Desde de 2010, o Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de
Medicina. Você está recebendo o primeiro caderno R.P.A. (Revisão Programada Anual) - ENEM do Hexag Vestibu-
lares. Este material tem o objetivo de verificar se você apreendeu os conteúdos estudados, oferecendo-lhe uma
seleção de questões ideais para exercitar sua memória, já que é fundamental estar pronto para realizar o Exame
Nacional do Ensino Médio.
Além disso, este material também traz sínteses do que você observou em sala de aula, ajudando-lhe
ainda mais a compreender os itens que, possivelmente, não tenham ficado claros e a relembrar os pontos que foram
esquecidos.
Aproveite para aprimorar seus conhecimentos.

Bons estudos!

Herlan Fellini
ÍNDICE
HISTÓRIA 5

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 95
GEOGRAFIA 127
R.P.A.
ENEM
História
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 1 e 2

Competências 1, 2 e 3
Habilidades 1, 2, 3, 4, 5,11, 12, 13, 14 e 15

BREVIÁRIO

Grécia antiga
Atenas foi fundada na Ática, uma península do mar Egeu, numa planície, a poucos quilômetros do mar e protegida
de invasores por colinas, como sempre foi, notadamente dos dórios. Povoaram-na aqueus, eólios e jônios, de quem
os atenienses se consideravam originários.
A colonização resultante da Primeira Diáspora havia ampliado os horizontes do mundo grego. Comerciantes e
artesãos tornaram-se cada vez mais numerosos e ascendiam na escala social. Passaram a fazer oposição à oligarquia
dos eupátridas que a atacava em dois flancos: pelos comerciantes enriquecidos ávidos pela participação do governo
e pelos pobres que reivindicavam a abolição da escravidão por dívida e a repartição das grandes propriedades. Os
séculos VII e VI a.C. mostravam uma Atenas em constante ebulição social. Parte da aristocracia eupátrida, temerosa de
perder seus privilégios, propôs uma reforma social planejada por dois eminentes legisladores: Drácon e Sólon.
Em 621 a.C., Drácon foi encarregado de preparar uma legislação escrita em substituição à oral. Contudo, tal
legislação teve a importância de passar a administração da justiça das mãos dos eupátridas para o Estado, que se
fortaleceu. No plano político, no entanto, nada mudou. Os eupátridas mantiveram o monopólio do poder, uma vez
apoiados agora na lei escrita. Como a legislação de Drácon não resolveu a crise, em 594 a.C., foi indicado um novo
legislador: Sólon. Suas reformas abrangeram aspectos fundamentais da vida ateniense.
A nova legislação concedeu anistia geral; limitou os excessos da legislação de Drácon; regulamentou a lei
de herança, restringindo os direitos dos primogênitos; e, o mais importante, decretou a seisachteia, que consistia
na proibição da escravidão por dívida. Foi abolido o monopólio do poder pela aristocracia eupátrida e instituído um
sistema de participação baseado na riqueza dos cidadãos (regime censitário). O objetivo principal da nova legisla-
ção foi estabelecer uma justiça correta para todos, isto é, uma justiça baseada na igualdade de todos perante a lei.
As reformas de Sólon lançaram os fundamentos do futuro regime democrático de Atenas implantado por Clístenes,
em 507 a.C.
Apesar da origem aristocrática, Clístenes não pretendeu restabelecer a velha ordem da nobreza. Traçou um
projeto que estabelecesse sim um governo baseado na isonomia, isto é, baseado na igualdade dos cidadãos peran-
te a lei. Os princípios básicos da reforma de Clístenes rezavam: direitos políticos para todos os cidadãos; participa-
ção direta dos cidadãos no governo por comparecimento à assembleia ou por sorteio, caso se tratasse da escolha
do ocupante de algum cargo. No entanto, despossuídos de cidadania, os estrangeiros (metecos), as mulheres e os
escravos foram proibidos de participar do regime democrático. A reforma de Clístenes trouxe um período de esta-
bilidade a Atenas e permitiu a formação de um sistema coeso, capaz de enfrentar com sucesso um longo período
de perturbações externas, como as guerras pérsicas, que auxiliaram a consolidação das instituições atenienses.

7
“A morte de Sócrates”, de Jacques-Louis David, 1787

Helenismo
Alexandre, o Grande, recebeu poderosa influência de Aristóteles, escolhido por Filipe para seu preceptor. O filósofo
incutiu-lhe o gosto pela cultura grega, pela Ilíada e a Odisseia, por Ésquilo e Eurípedes; e aversão pelos persas –
Aristóteles os vira torturar um amigo até a morte, na Ásia Menor.
Alexandre assumiu o trono com uma Macedônia organizada e bem armada pelo exército. Restavam dois
problemas: a revolta das cidades gregas após a morte de Filipe e os numerosos herdeiros deixados pelo pai. Ale-
xandre usou de violência. Arrasou as cidades gregas, exceto Atenas.

Ruínas da Biblioteca de Alexandria

8
Precedido por Parmênion, que havia partido antes de Filipe morrer, Alexandre rumou para a Ásia com 40
mil homens, 12 mil dos quais na infantaria, o forte de seu exército. Como líder supremo do helenismo, deveria
libertar as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os persas.
Recusando o acordo de paz oferecido por Dário III, derrotou-o em pleno centro do Império Persa em 331 a.C.
Proclamado imperador persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio Indo e só não chegou ao Ganges,
porque os soldados recusaram-se a segui-lo.
Morreu na Babilônia aos 33 anos, em 323 a.C, deixando um dos mais vastos impérios já criados até então,
ao qual imprimiu um caráter universal, de acordo com a concepção divina que tinha de si, contra o que egípcios e
persas não se opuseram, uma vez que também encaravam o poder político como divino.
Alexandre abriu o caminho para a integração cultural do mundo persa e egípcio. Como resultado da polí-
tica de integração cultural, criou-se a cultura helenística, fruto da fusão da cultura grega (helênica) com a cultura
oriental (egípcia e da persa).

Queda da República e ascensão do Império Romano


A vitória de Otávio sobre Marco Antônio na batalha de Ácio, em 31 a.C., representou a passagem da República
para o Império Romano, cuja evolução histórica se dividiu em duas fases: o Alto Império e o Baixo Império. A pri-
meira fase assinalou o apogeu do Império Romano. Durante seu governo, Otávio Augusto assumiu o controle das
principais magistraturas, concentrando ainda mais poderes em suas mãos. Foi reconhecido como Princips Senatus,
ou seja, o líder do Senado (razão pela qual seu governo também ficou conhecido como principado).
Augusto apaziguou a plebe romana com a célebre política do “pão e circo”, que consistia na distribuição
gratuita de alimentos e na realização de monumentais espetáculos públicos para a plebe romana. Essa política
contribuiu para pôr fim às agitações sociais que marcaram a fase final da República.

Auge do Império Romano

O período de Otávio Augusto inaugurou o que os romanos chamavam de pax romana, período no qual as
províncias romanas foram pacificadas (as tropas imperiais impediam as guerras civis), estradas foram construídas,
portos foram reformados e pântanos foram drenados. Os aquedutos levavam água fresca para grandes parcelas da
população romana e o sistema de esgoto eficaz melhorou a qualidade de vida deles. Na política externa, as guerras
de conquista foram substituídas pela política de consolidação das fronteiras.

9
O sistema feudal
O feudalismo foi um sistema econômico, político e social que se desenvolveu na Europa durante a Idade Média.
Esse sistema começou a se estruturar ao final do Império Romano do Ocidente, no século V, atingiu seu apogeu
no século X e praticamente desapareceu ao final do século XV. Desde o final do século IV, o Império Romano já
demonstrava sinais de decadência e desagregação, mas a penetração e os seguidos ataques dos povos germânicos,
a partir do século V, desorganizaram a vida do Império, acelerando a crise econômica. Formalmente, costuma-se
considerar o ano de 476, data em que os hérulos invadiram Roma, como o fim do Império Romano do Ocidente e o
início da chamada Idade Média. Da mesma forma, é aceito o ano de 1453, quando os turcos otomanos conquistam
Constantinopla, pondo fim ao Império Bizantino, como o término da Idade Média.
A Idade Média, na Europa, caracterizou-se pelo aparecimento de um sistema econômico, político e social
denominado feudalismo. Esse sistema foi fruto de uma lenta integração entre algumas características de duas
estruturas sociais: a romana e a germânica. Esse processo de integração, que resultou na formação do feudalismo,
ocorreu no período histórico compreendido entre os séculos V e IX. Próximo ao fim do Império Romano do Ociden-
te, os grandes senhores romanos começaram a abandonar as cidades, fugindo da crise econômica e das invasões
germânicas. Iam para seus latifúndios no campo, onde passavam a desenvolver uma economia agrária voltada para
a subsistência. Uma população de romanos de menos posses, por sua vez, começou a buscar proteção e trabalho
nas terras desses grandes senhores. Para utilizar as terras, eram obrigados a ceder ao proprietário parte do que
produziam. Essa relação entre o senhor das terras e os que produziam ficou conhecida por colonato. O grande nú-
mero de escravos da época também foi utilizado nas vilas romanas. Com o tempo, tornou-se mais rentável libertar
os escravos e aproveitá-los sob regime de colonato. Assim, nesses centros rurais conhecidos por vilas romanas,
começava a ter origem os feudos medievais. Com algumas alterações futuras, esse sistema de trabalho resultou
nas relações servis de produção, um dos traços fundamentais do feudalismo. Com a ininterrupta ruralização do
Império Romano, o poder central foi perdendo controle sobre os grandes senhores agrários. Aos poucos, as vilas
romanas tornaram-se cada vez mais autônomas, à medida que o poder político descentralizava-se, permitindo ao
proprietário de terras administrar de forma independente sua vila.
A sociedade feudal era estamental, isto é, os indivíduos nasciam num determinado estamento e dificilmente
poderiam ascender a outro; tendiam a permanecer sob a própria condição de nascimento, pois a mobilidade social
vertical era quase impossível; mais fácil seria a mobilidade no interior do próprio estamento. A sociedade medieval,
segundo a divisão clássica, compunha-se dos seguintes estamentos: clero, nobreza e servos. No entanto, cada uma
dessas categorias comportava uma série de diferenciações e gradações. De modo geral, o acesso ou não à proprie-
dade ou posse da terra dividia a sociedade feudal em dois estamentos: os senhores e os dependentes.

Igreja católica no medievo


A Igreja católica foi a grande catalisadora dos acontecimentos e da vida medieval; ao mesmo tempo, durante esse
período, sua trajetória foi marcada pelo crescimento e desenvolvimento e pelo grande poder que conquistou. A
Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de
unidade, em virtude das invasões germânicas e da destruição do Império Romano e, mais tarde, diante da fragmen-
tação político-administrativa da sociedade feudal.
O crescente poder da Igreja católica na Europa ocidental durante a Idade Média pode ser explicado pelo
acúmulo dos poderes espiritual e temporal. O poder espiritual corresponde ao controle sobre a religião e o mo-
nopólio da interpretação das Escrituras Sagradas, permitindo o controle ideológico e a interpretação da realidade
vigente.

10
Catedral de Notre Dame, Paris, França.

O poder temporal era exercido politicamente como resultado do controle da Igreja sobre um número cres-
cente de populações que a alimentavam mediante pagamento dos dízimos, de doações e outras ações de fiéis que
acreditavam poder obter a salvação abrindo mão de recursos materiais. A Igreja concentrava, ainda, uma grande
quantidade de terras em suas mãos, resultando na acumulação de um montante significativo de riquezas materiais.
Detinha, também, o controle da vida dos homens, regulando casamentos, normatizando as obrigações
matrimoniais; os divórcios, os casos de bigamia, adultério, incesto, entre outros; arbitrava os casos de divisão de
heranças; monopolizava os registros paroquiais de batismo, casamentos, falecimentos, enfim, a vida social era
normatizada e regrada pela Igreja.
Sua atuação dava-se, também, mediante uma série de ações filantrópicas, como a construção e a manuten-
ção de asilos, hospitais, orfanatos e leprosários.
A Igreja era responsável pela educação, mantendo uma série de escolas nos mosteiros, conventos e, mais
tarde, nas paróquias. No século XIII, começou a organizar as universidades. Enfim, o poder da Igreja sobre os fiéis
era incontestável.

Declínio da sociedade feudal


Na Baixa Idade Média, paralelamente à crise do feudalismo e à decadência da nobreza senhorial, ocorreu o renas-
cimento do comércio urbano e a formação da burguesia nos países do Ocidente europeu. As cidades, entretanto,
eram controladas pelos feudos; os burgueses, dominados pelos nobres; e o comércio à longa distância, prejudicado
pela estreiteza dos mercados locais.

11
O particularismo feudal e os privilégios da nobreza tornavam-se um entrave ao crescimento das cidades, à
expansão dos negócios e ao enriquecimento da burguesia. Só a força e a autoridade de uma monarquia centrali-
zada poderiam, suprimindo a independência dos feudos e submetendo a nobreza, promover a unificação territorial
do país, impor a obediência à sua população e dar proteção à burguesia.

No final da Idade Média, essa situação levou à formação de uma aliança entre a burguesia e a realeza,
que, em vários países da Europa ocidental, substituiu a descentralização feudal pelo centralismo monárquico. Na
transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocorreu o processo de formação dos Estados modernos, em
contraposição aos estados feudais, marcados pelo predomínio político do poder local e diretamente ligado à posse
da terra. Os Estados modernos mantiveram as velhas estruturas feudais, como o predomínio político e social da
nobreza e do clero, que obtiveram privilégios fiscais e jurídicos, associadas a novos elementos, como a centralização
do poder político e práticas econômicas intervencionistas, que revelam o fortalecimento das monarquias nacionais.
A montagem da estrutura burocrática dos Estados modernos exigia vultosas quantias financeiras, o que
incentivava uma crescente necessidade de tributos diretamente arrecadados e administrados pelo governo central,
que controlava as atividades comercias mediante práticas intervencionistas, fundamentais para impulsionar o de-
senvolvimento da acumulação primitiva do capital por meio do comércio e das atividades artesanais.
Eram características do Estado moderno: território definido, moeda nacional, idioma comum, centralização
política, organização da burocracia estatal e exército nacional.

Renascimento comercial e urbano


As transformações culturais que caracterizam o Renascimento foram causadas por vários fatores, notadamente as
transformações econômicas e sociais, resultado do Renascimento comercial e urbano desencadeado pelas Cru-
zadas. O desenvolvimento das atividades comerciais permitiu a abertura e a consolidação de rotas comerciais e
feiras. Com elas, a distribuição de produtos na Europa foi dinamizada e estimularam-se a fundação e a evolução de
centros comerciais que se tornaram grandes e importantes cidades.
Especificamente, o café foi introduzido na Europa, no século XVII, primeiramente na Itália e na Inglaterra. O
café era consumido por diversas classes sociais, inclusive por intelectuais. Logo depois, passou a ser consumido em
vários outros países europeus, chegando à França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Holanda.

12
Os maiores consumidores de café do mundo
País Consumo individual por ano em quilos
Fínlândia 11,6
Suécia 11,1
Dinamarca 10,6
Noruega 10,3
Áustria 10,0
Países Baixos 9,9
Suiça 8,4
Alemanha 7,8
França 5,9
Estados Unidos 4,5

Seguindo sua marcha de expansão pelo mundo, o café chegou às Américas e nos Estados Unidos, atualmente o
maior consumidor e importador mundial de café. Foram os holandeses que disseminaram o café pelo mundo. Ini-
cialmente, transformaram suas colônias nas Índias Orientais em grandes plantações de café e junto com franceses
e portugueses transportaram o café para a América.

Renascimento cultural

“A escola de Atenas”, de Rafael, 1511

O Renascimento é uma verdadeira revolução cultural que marcou e definiu o final da Idade Média e os primeiros
séculos da Idade Moderna. Expressa os ideais e a visão de mundo da nova sociedade emergente com o desenvol-
vimento da economia mercantil e do capitalismo.
Em vários aspectos, no entanto, esse movimento cultural representou mais uma continuidade do que uma
ruptura em relação ao mundo da Baixa Idade Média.
Sua origem data do século XIV e sua máxima plenitude, dos séculos XV e XVI.
As atividades bancárias e financeiras foram estimuladas e a burguesia enriqueceu, ocupando posição de
prestígio e destaque na sociedade europeia.

13
“O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, 1483

Os homens do Renascimento, ao contrário do que se pensa, não nutriam desprezo pelas ideias ou pelo
período medieval nem eram desligados da religiosidade, apenas separaram o mundo da religião do centro das suas
preocupações a ponto de abraçarem o humanismo sem abandonar a crença em Deus.

Transição ao modo de produção capitalista


As características do sistema feudal não se mantiveram iguais durante toda a Idade Média. Aos poucos, o que
era próprio do feudalismo foi sofrendo modificações e criando um novo sistema, novos modos de vida. Estava
sendo gerada uma nova sociedade diferente da feudal. Os conflitos entre a Igreja e o poder temporal cresceram.
Ocorreram as Cruzadas. As cidades e o comércio renasceram. O poder político foi gradualmente sendo centraliza-
do na pessoa dos reis, constituindo-se as monarquias nacionais. No século XIV, fome, pestes, guerras e rebeliões
camponesas abalaram ainda mais as já combalidas instituições feudais profundas transformações, tais como as
revoluções na economia, na política e nos costumes, inauguraram um período que viria a ser chamado de Idade
Moderna (séculos XV, XVI, XVII e XVIII), marcada pelo capitalismo comercial, que, de fato, foi inaugurada pelo
que se denominou de Revolução Comercial. Fatores que levaram as Cruzadas ao fracasso: caráter superficial da
conquista; falta de enraizamento dos conquistadores no seio da população local; disputas entre cruzados; rivali-
dades nacionais; e incapacidade da Igreja em superá-las. As Cruzadas não cumpriram seus objetivos, uma vez que
a Europa ocidental continuou superpovoada e sem condições de absorver essa mão de obra; os salários que não
baixaram ficaram estagnados enquanto os preços dos cereais entraram em alta. Sob o ponto de vista econômico,
a maior conquista das Cruzadas foi a reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa, que per-
mitiu o reatamento das relações entre Ocidente e Oriente, interrompidas pela expansão muçulmana, e contribuiu
para acelerar o Renascimento comercial no ocidente da Europa. Houve enfraquecimento da aristocracia feudal e
da servidão como forma de trabalho, de um lado, e fortalecimento da burguesia comercial, de outro, bem como o
reaparecimento do comércio que se intensificou com a reabertura do Mediterrâneo, propiciou o renascimento das
cidades e com ela o crescimento da burguesia mercantil.
Em síntese, o Renascimento comercial e urbano do ocidente da Europa, a decadência do feudalismo, o
declínio do poder da nobreza e o fortalecimento da burguesia foram, direta ou indiretamente, consequências
das Cruzadas. A reativação da atividade mercantil na Europa ocidental a partir do século XI ficou conhecida por
Renascimento Comercial. Esse processo não foi linear, sofreu avanços e recuos, mas sua tendência foi a expansão
mercantil até a crise geral da sociedade feudal nos séculos XIV e XV. Ao propiciarem as condições para o desenvol-
vimento incipiente da atividade mercantil, as Cruzadas, conjugadas às condições intrínsecas ao modo de produção
feudal, impulsionaram o que se transformou em Renascimento.
A abertura do mar Mediterrâneo pelos cruzados aos mercados da Europa ocidental restabeleceu as relações
entre Ocidente e Oriente e dinamizou as atividades comerciais.

14
Essas mudanças, ocorridas desde o final da Baixa Idade Média, proporcionaram o Renascimento urbano,
cujo elemento propulsor foi o comércio, que trouxe consigo o aparecimento e o crescimento de uma nova classe
social: a burguesia mercantil. Coube a ela o importante papel de, na política, consolidar os territórios e as monar-
quias nacionais modernas e financiar a técnica, a ciência e a arte.

Ludistas destruindo uma máquina de tear em 1812.

Nicolau Maquiavel e o absolutismo


Nicolau Maquiavel é autor de O príncipe e considerado precursor do pensamento político moderno. O príncipe é
uma espécie de manual de política destinado a ensinar aos príncipes a forma de conquistar o poder e mantê-lo,
mesmo contra todos os preceitos da moral cristã. Maquiavel não pretendeu retratar um ideal que levasse em con-
sideração as ideias de justiça e perfeição; apenas determinou os meios pelos quais os homens de Estado de sua
época alcançariam os fins a que se propunham.

Homenagem a Nicolau Maquiavel

A citação a seguir exemplifica o modo de pensar político de Maquiavel e como ele aconselhou os soberanos
a agir com seus súditos:
“Daí se origina esta questão discutida: se melhor é [ao príncipe] ser amado que temido, e vice-versa. Res-
ponder-se-á que se queria ser uma e outra coisa; como, entretanto, é difícil reunir, ao mesmo tempo, as qualidades
que levam àqueles resultados, muito mais seguro é ser temido que amado, quando seja obrigado a falhar numa das
duas. Porque os homens são, em geral, ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ambiciosos de dinheiro, e, en-
quanto lhes fizeres benefícios, estão todos contigo, oferecem-te sangue, bens, vida, filhos, como antes disse, desde
que estejas longe de necessitares de tudo isto. Quando, porém, a necessidade se aproxima, voltam-se para outra
parte. E o príncipe, se apenas confiou inteiramente em palavras e não tomou outras precauções, está arruinado.

15
Porque as amizades que se conseguem por interesse e não por nobreza ou grandeza de caráter são compra-
das, não se podendo contar com as mesmas no momento preciso. E os homens hesitam menos em ofender aos que
se fazem amar, do que àqueles que se tornam temidos, por ser o amor conservado por laço de obrigação, o qual é
rompido por serem os homens pérfidos sempre que lhes aprouver, enquanto o medo que se infunde é alimentado
pelo temor do castigo, que é sentimento que jamais se deixa. Deve, pois, o príncipe fazer-se temido de modo que,
se não for amado, ao menos evite o ódio...”
( MAQUIAVEL, N. “O Príncipe.” Disponível em: <http://www.fae.edu/pdf/biblioteca/O%20Principe.pdf>.)

Formação dos Estados nacionais


Havia uma conhecida frase, criada por um militar prusso, que dizia que “a guerra é a continuação da política por
outros meios”. Michel Foucault inverte a perspectiva e afirma que “a política é a continuação da guerra por outros
meios”. Sendo a Constituição o conjunto de regras políticas e civis de um povo, ela expressaria, segundo o autor,
a opressão e o poder de seus heróis de terror.
Ao se colocar em perspectiva histórica, os Estados nacionais modernos surgiram a partir da formação das
monarquias nacionais, que teve no processo de centralização do poder político nas mãos do rei o seu elemento
fundamental.
De início, os soberanos estabeleceram a delimitação do território, no qual exerceriam sua autoridade e in-
fluência. Os poderes locais da nobreza seriam submetidos à autoridade do monarca, que passou a impor tributos
e regras nacionais.
Outro instrumento de consolidação dos Estados modernos foi a imposição de um idioma nacional, que de-
veria ser usado nos limites do território, onde o monarca mantinha sua autoridade, associado a origens, tradições
e costumes comuns.
Os monarcas impuseram ainda moedas nacionais, fundamentais nas trocas comerciais e na arrecadação
tributária. Para garantir a manutenção da autoridade real, foram constituídos os exércitos nacionais, que simboli-
zavam o poder dos reis expresso no monopólio da força pelos Estados nacionais. Esses exércitos nacionais eram
disciplinados, remunerados e diretamente controlados pelos reis, que os usavam para impor sua autoridade e
garantir o respeito às suas ordens em todo o país, além de garantir a defesa do território contra inimigos externos.

O Império Inca
A região ocupada pelos incas se estendia ao longo da cordilheira dos Andes e ocupava partes dos atuais territórios
da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Originariamente nômades, os incas faziam parte do grupo
quéchua.
Entre os incas, a propriedade era divida em terras do Estado, terras dos sacerdotes e terras comunitárias, na qual
cada família possuía um lote para cultivo próprio depois de cultivar as terras do imperador e dos sacerdotes. Havia ainda
o ayllu, organização social formada por laços de parentesco entre os membros da comunidade e liderada pelo curaca, cujo
poder era transmitido hereditariamente.
À medida que líderes locais e sacerdotes se fortaleceram, essa sociedade experimentou a formação de clas-
ses sociais, rigidamente estratificadas, tornando-se estamental. Abaixo do imperador, havia uma elite de sacerdotes
e militares (nobreza); artífices do Estado, médicos e contabilistas compunham o grupo intermediário; e, na base da
pirâmide social, havia uma grande massa de camponeses e escravos responsáveis pela produção de excedentes,
que se concentravam nas mãos da elite.
Quanto às relações de trabalho, havia entre os incas uma forma de trabalho compulsório chamada mita.
Tratava-se da exploração obrigatória da mão de obra camponesa pelo Estado, empregada em obras públicas e nas
minas.

16
A principal atividade econômica inca era a agricultura, da qual o milho, a batata, o feijão, o algodão e a
pimenta eram os principais produtos. Também criavam animais, lhamas e alpacas, que forneciam leite, lã e carne e
serviam como meio de locomoção. Para melhor aproveitamento das terras em relevo montanhoso, os incas desen-
volveram terraços para conter a erosão e ampliar a área de plantio.

Extensão do império inca

Os incas desenvolveram um império centralizado e teocrático, do qual o imperador era considerado um


deus (sapa inca), descendente direto do Sol, supremo legislador e comandante do exército com poder vitalício e
hereditário, suplantando a antiga unidade social. Para facilitar o domínio das áreas afastadas da capital Cuzco
e integrar as diversas regiões do império, os incas construíram várias estradas que permitiam tanto o serviço de
correios quanto o deslocamento do exército para o controle de áreas rebeladas.
A religiosidade caracterizava-se pela crença em vários deuses vinculados a elementos da natureza: Sol (Inti),
chuva, fertilidade, que influenciavam suas manifestações artísticas, notadamente a construção de grandes templos.
Faziam também sacrifícios humanos e de lhamas.

Absolutismo francês
Com a morte de Luís XIII, em 1643, subiu ao trono Luís XIV, sob a regência da rainha-mãe Ana d’Áustria e do carde-
al Mazzarino, que governou até 1661. Os aumentos dos impostos decretados pela regência revoltaram a burguesia
e a nobreza, que se uniram nas chamadas frondas.
A morte de Mazzarino precipitou o governo de Luís XIV (1661-1715), que se caracterizaria o mais emble-
mático governo absolutista, o que levou ao extremo a ideia de completa identificação entre o soberano e o Estado.
Preparado desde a infância por Mazzarino para o exercício do poder real, Luís XIV sintetizou suas convições abso-
lutistas na frase: L’État c’est moi (O Estado sou eu).
Logo que assumiu o governo, afastou os ministros permanentes, esvaziou o Conselho – base do governo no
período anterior – e acumulou as funções deles. Nas províncias foram confirmadas as intendências, ligadas direta-
mente ao poder central, que também exerciam sua autoridade em matéria de justiça, finanças e política, além de
fiscalizar os oficiais detentores dos cargos públicos locais e supervisionar a arrecadação tributária.

17
“Luís XIV” (1701), de Hyacinthe Rigaud

No plano social, Luís XIV acabou por atrair a burguesia, da qual recrutou alguns de seus ministros, como
Colbert, das finanças. Para controlar a nobreza, atraiu-a para a corte e ofereceu-lhe luxo, festas e pensões. O Palá-
cio de Versalhes, residência do rei, era cercado de 10 mil pessoas, entre cortesãos, soldados, lacaios etc. Tornou-se
símbolo do absolutismo francês, cujo grande ideólogo foi Jacques Bossuet.

Revoluções inglesas no século XVII


Sem derramamento de sangue e representando um compromisso de classe entre os grandes proprietários rurais e
a burguesia, a Revolução Gloriosa, na Inglaterra, marginalizava o povo, além de mostrar que, para acabar com o
absolutismo, não era necessária a eliminação da figura do rei, desde que ele aceitasse submeter-se às decisões do
Parlamento.
Representando uma monarquia, cujo poder real ficaria submetido ao Parlamento. A partir de então, passou
a prevalecer na Inglaterra o princípio de que “o rei reina, mas não governa”.

Parlamento britânico

18
Preocupado com qualquer possibilidade de ser restaurada a autoridade absoluta do rei, o Parlamento bri-
tânico promulgou, em 1689, a Declaração de Direitos (Bill of Rights), que foi aceita pelo rei, em 1689, e marcou o
fim do choque entre rei e Parlamento. Essa declaração eliminava a censura política e reafirmava o direito exclusivo
do Parlamento de estabelecer impostos e de apresentar livremente petições.

Revolução Francesa
No final do século XVIII, as restrições e regulamentações mercantilistas eram sentidas pela burguesia enriquecida
e ávida pelo estabelecimento das condições para o desenvolvimento do capitalismo na França. Mas para isso era
necessário derrubar o absolutismo e as restrições mercantilistas, criando condições para uma igualdade social
jurídica. Uma parte da nobreza, desejosa de reaver seus antigos direitos feudais em plenitude, e outra parte, par-
ticularmente parentes, próxima ao rei como seu primo, o duque de Orleans, pleiteavam seu direito ao trono com
base em questões de linhagem familiar, além de outros nobres que estavam descontentes por considerarem seus
privilégios insuficientes ou desejarem cargos palacianos. Essa nobreza conspirava secreta ou abertamente contra o
rei, utilizando-se, muitas vezes com demagogia, de legítimos direitos e necessidades burguesas ou populares. En-
tres esses burgueses, havia membros de classe média urbana, profissionais liberais e intelectuais, ressentidos com
o absolutismo, por haverem tentado fazer parte da estrutura de poder e terem tidos frustradas suas pretensões.
Esse foi o caso, por exemplo, do advogado Maxime Robespierre, do aventureiro Georges Danton ou do médico
Jean Paul Marat. Mais tarde, eles e muitos outros desses ressentidos se tornariam os participantes e líderes mais
radicais do processo revolucionário.
A arma ideológica da Revolução Francesa, mediante a qual a burguesia conseguiu a hegemonia de pensa-
mento e garantiu o apoio do terceiro estado, foi a filosofia iluminista.
O contato direto com os filósofos da ilustração e com suas ideias permitiu à classe burguesa transformar seus
interesses particulares em interesses gerais de toda a sociedade francesa. A luta contra o absolutismo, o mercantilismo
e os privilégios sociais do clero e da nobreza também interessavam aos camponeses, artesãos e outras camadas sociais.
A guerra da França liberal contra a Áustria e a Prússia defensoras do absolutismo, a tentativa de fuga do
rei Luis XVI, a indefinição do governo burguês e a vitória do exército popular dos sans-culottes sobre as forças
do antigo regime provocaram a radicalização popular capitaneada pelos jacobinos. Nesse ambiente de extremos
foi realizada uma eleição nacional em que as forças de esquerda venceram com o voto universal masculino. Con-
sequência: propagação das ideias de Rousseau, disseminação da agitação popular em todo território francês, o
que tornou peculiar a história das revoluções europeias burguesas, uma vez que as revoluções inglesas, Puritana
e Gloriosa, não foram populares. De maioria jacobina, o novo parlamento implantou na França a República, em
22 de setembro de 1792, cujos novos mandatários foram os radicais Danton, Marat, Saint-Just, sob a liderança de
Robespierre, o “incorruptível”.
Nem de longe, a radicalização que caracterizou a Revolução Francesa assemelhou-se à Revolução Gloriosa
de 1688, na Inglaterra, e à Independência dos EUA. A participação popular dos sans-culottes, nas ruas de Paris, e
a luta dos camponeses no Grande Medo, no campo, criaram situações em que as propostas da esquerda jacobina
puseram em risco tanto a continuidade do antigo regime quanto a vitória da burguesia. Ela serviu sim de inspiração
para que os ideais democráticos, na concepção liberal ou popular e adequados aos avanços e à continuidade ex-
pansionista do capitalismo, fossem desejados e reivindicados pelas populações dos países como uma possibilidade.
Em termos políticos e sociais, a Revolução Francesa vai criar um paradoxo que vai se repetir em outros movimen-
tos diretamente por ela inspirados, como as Revoluções Liberais de 1830 e 1848, a Comuna de Paris de 1871, a
Revolução Russa de 1917. Esse paradoxo está ligado aos próprios ideias de democracia, liberdade e participação

19
social popular. Quando setores da sociedade concordam plenamente com o “grupo revolucionário” que assume o
poder desse processo de mudança e se submetem a ele irrestritamente, são duramente reprimidos e massacrados
em nome da mesma liberdade que estão tentando utilizar.

“A queda de Robespierre”, de Max Adamo, 1870

A formação dos Estados Unidos


Tocqueville, em sua obra Democracia na América, percebe o caráter moralmente rígido da sociedade estaduniden-
se, que se fundou nas bases conservadoras do calvinismo puritano. Teria contribuído para a formação política do
povo dos EUA, o passado de agitação inglesa, no qual as lutas entre partidos e facções forjaram as relações de
conhecimento das leis, a educação política, as noções dos direitos, os princípios do conceito de liberdade, de uma
forma superior à maioria das nações europeias. Além desses elementos, o governo comunal, importante prática
para o desenho de instituições livres, à medida que permite introduzir o “dogma da soberania do povo”, já estaria
arraigado aos hábitos ingleses à época das primeiras imigrações.
Apesar da contribuição da “formação inglesa” para a gênese da sociedade democrática estadunidense,
Tocqueville reconhece que o restante da imigração europeia também contribuiu para a determinação do caráter
democrático desta sociedade. E isto por dois motivos: a ausência de sentimento de superioridade do imigrante e
as características de ocupação e desbravamento do solo dos EUA. A primeira causa do “germe da democracia”, ou
seja, a ausência de sentimento de superioridade se deu pelas características de imigração. A massa que emigrava
era, via de regra, composta de indivíduos que não tinham grandes recursos econômicos pois não são os felizes e os
poderosos que se exilam, e a pobreza, assim como a infelicidade, são as melhores garantias de igualdade que se
conhecem entre os homens. Mesmo no caso da transferência de grandes senhores para o solo estadunidense (por
motivos políticos ou religiosos), ainda assim não se instituiu a aristocracia territorial, mesmo com as tentativas de
estabelecimento de leis que procuravam criar graduações hierárquicas. Isto foi devido à segunda causa ou motivo
exposto por Tocqueville, ou seja, as características de ocupação e desbravamento do território dos EUA.

20
Tocqueville na Comissão de revisão da Constituição na Assembleia Nacional de 1851

Neocolonialismo e revoluções industriais


No século XIX, ocorreu na Europa a Segunda Revolução Industrial, de início na Inglaterra, França, Bélgica e Holan-
da; em seguida, expandiu-se por outros países da Europa, Estados Unidos e Japão. Em virtude das inovações e do
incremento da produção dos produtos industrializados, ocorreu uma superprodução, e as burguesias monopolistas
passaram a buscar novos mercados consumidores na África e na Ásia, mediante um novo movimento expansionista
europeu denominado neocolonialismo. Paralelamente, havia a necessidade de encontrar novas fontes de matéria-
-prima e de energia, como carvão mineral, minério de ferro, petróleo e algodão. Como os lucros eram vultosos e havia
excedente de capital, o capitalismo passou a investir capitais em novas regiões conquistadas na África e na Ásia,
processo denominado imperialismo.
A partir da Segunda Revolução Industrial, o capitalismo industrial foi gradualmente cedendo lugar ao capitalismo
financeiro e passando para os grandes bancos o controle das empresas industriais e comerciais. As finanças conquistaram
a supremacia sobre a produção e a circulação de mercadorias. Nessa etapa, os grandes bancos investiram na compra de
ações e foram assumindo o controle acionário das empresas. Por outro lado, os empréstimos e financiamentos também
contribuíram para submeter as empresas à inteira dependência das instituições financeiras.
Na Primeira Revolução Industrial, ocorreu o desenvolvimento do liberalismo econômico, que se baseava na livre
concorrência, sistema esse que criou condições para que as grandes empresas eliminassem ou absorvessem as pe-
quenas mediante processo cujo resultado foi a substituição da livre concorrência pelo monopolismo. Com a Segunda
Revolução Industrial no final do século XIX, surgiram grandes conglomerados econômicos e subprodutos típicos desse
novo sistema: trustes, cartéis e holdings. As mercadorias passaram a ser produzidas uniforme e padronizadamente e
em quantidades até então desconhecidas, o que causou o fenômeno da superprodução. Outra consequência impor-
tante da Segunda Revolução Industrial e da era do capitalismo financeiro ou monopolista foi o desenvolvimento do
imperialismo. O processo de industrialização criou para os países capitalistas uma série de problemas, de cuja solução
dependia a manutenção do ritmo de desenvolvimento industrial. As potências capitalistas necessitavam de mercados
externos que servissem de escoadouro para o excedente de mercadorias. Precisavam também de minérios e matérias-
-primas, essenciais à produção dos produtos industriais, que muitas vezes não existiam em seu próprio território e
necessitavam de mão de obra barata e áreas favoráveis ao investimento seguro e lucrativo de seus capitais.
A Revolução Industrial introduziu o conceito de progresso, inúmeros benefícios materiais e conforto às pessoas.
A máquina diminuiu o esforço físico dos homens, bem como lhes provocou novos transtornos físicos. No século XIX, a
burguesia inglesa já contava com iluminação a gás, cortinas e tapetes adquiridos nos grandes magazines que surgiram
em Londres e em Paris a partir de 1840. As percepções e os hábitos da vida cotidiana foram afetados pela máquina
fotográfica, o gramofone, a máquina de escrever, as porcelanas inglesas, entre outros.

21
Mas os benefícios do progresso não eram para todos. As cidades do século XIX, como Londres e Paris, cres-
ceram sem planejamento. Operários e burgueses já não dividiam a mesma vizinhança; aqueles moravam perto das
fábricas, enquanto os patrões, nos subúrbios mais distantes e arborizados. As cidades foram surgindo em torno das
fábricas com ruas estreitas e labirintos; as casas dos operários eram pequenas e miseráveis, grudadas umas às outras,
cujos cômodos nem sempre tinham janelas. O ar era impregnado dos gases das chaminés. Não havia serviços públicos
básicos, como água limpa e rede de esgotos. Essas cidades industriais eram feias, sujas e tristes; os rios, imundos. Essa
situação favorecia a disseminação de epidemias e doenças; cólera, varíola, escarlatina e tifo eram frequentes entre
os trabalhadores. O trabalho nas fábricas consumia cerca de 15 horas por dia. Os salários eram baixíssimos e não
permitiam aos trabalhadores usufruírem as maravilhas da sociedade industrial.
As aldeias transformaram-se em grandes cidades e parte da população rural foi obrigada a se deslocar para
os centros urbanos em busca de trabalho nas fábricas. Aliado ao aumento da produção e da produtividade, houve
sensível aumento populacional, entre 1750 e 1850. Na Inglaterra, a população urbana quase triplicou.
Graças ao progresso nos métodos agrícolas – caso da máquina semeadora –, o preço dos alimentos foi re-
duzido, e graças também às importações de mercadorias estadunidenses e ao barateamento nos transportes pelas
estradas de ferro. A invenção da comida enlatada mudou hábitos alimentares. Se até o século XIX o alimento sempre
vinha das hortas e plantações locais, passou a vir também de qualquer canto do mundo.
Com a introdução das máquinas, a força muscular deixou de ser necessária ao trabalhador das indústrias
têxteis. Aproveitou-se com isso o trabalho de mulheres e crianças, cujos salários não chegavam à metade do que
se pagava a um homem adulto. Os dedos finos das crianças eram úteis na manutenção das máquinas e seu porte
físico adequado ao espaço apertado entre as instalações. A disciplina era rigorosa e os acidentes de trabalho, muito
frequente eram reflexos de má alimentação e da fadiga. Crianças trabalhavam sobre pernas de pau para alcançarem
os teares. Se adormecessem, podiam ter seus dedos quebrados nas engrenagens.
A literatura dessa época registra personagens pálidos, quase sem vida. A partir de meados do século XIX,
houve melhoras nas condições de trabalho graças às reações e pressões dos próprios trabalhadores organizados em
associações e sindicatos.

A doutrina Monroe estadunidense e o imperialismo Japonês


A política isolacionista norte-americana tinha por objetivo evitar o envolvimento e a participação dos Estados
Unidos nas guerras e conflitos travados na Europa. O suporte teórico desse isolacionismo foi a Doutrina Monroe,
formulada, em 1823, pelo presidente James Monroe, cujo princípio básico era a oposição dos Estados Unidos a
qualquer intervenção política ou militar dos países europeus nos assuntos internos do continente americano, sinte-
tizado no lema “a América para os americanos”.
Já na Ásia, a industrialização mais importante foi a do Japão, cujo ponto de partida foi com a Revolução
Meiji (luzes), em 1868. A necessidade de matérias-primas e de mercados externos levou o Japão a praticar uma
política de expansão imperialista na região, que provocou, em 1894, a Guerra Sino-japonesa, assim como a Guerra
Russo-japonesa, em 1904, ambas vencidas pelo Japão, o que o transformou na grande potência do Extremo Oriente.

O Neocolonialismo
A segunda metade do século XIX foi marcada por um novo e vigoroso movimento do capitalismo, caracterizado
pelo imperialismo, que submeteu a maior parte dos territórios da África e da Ásia à condição de colônia das potên-
cias europeias, notadamente as que passaram pela transformação industrial. Deram início a uma verdadeira corrida
colonial: Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha e Itália. O neocolonialismo pode ser entendido como filho da política
industrialista e da expansão do capital financeiro, sem desprezar, contudo, as rivalidades políticas europeias, que
aguçaram o nacionalismo e transformaram a conquista colonial em prestígio político.

22
As nações industrializadas precisavam encontrar uma fonte de matéria-prima industrial – carvão, ferro,
petróleo – e produtos alimentícios de que não dispunham. Precisavam também de mercados consumidores para
os excedentes industriais, além de novas regiões onde pudessem investir com lucros significativos seus capitais
disponíveis, como a construção de ferrovias e a exploração de minas, por exemplo.

Divisão do território africano pelos países europeus

Esse mecanismo era indispensável para aliviar a Europa dos capitais excedentes, capitais esses que, se
fossem investidos na Europa, agravariam a Grande Depressão e intensificariam a tendência de os países industria-
lizados na Europa continental adotarem medidas protecionistas, fechando seus mercados e tornando a situação
ainda pior.
Outro fator tornava a política colonialista atraente para os governos europeus: a possibilidade de transferir
um número significativo de sua população como colonos para as novas regiões conquistadas, resolvendo, assim, o
problema do excedente populacional europeu, que crescia em ritmo acelerado. Além disso, o operariado europeu,
insatisfeito com suas precárias condições de vida e de trabalho, agitava a Europa, comandando inúmeros movimen-
tos sociais. Os governos europeus perceberam que a exploração colonial poderia possibilitar melhoria no padrão de
vida da classe operária do velho continente, enfraquecendo, assim, os levantes populares.
No plano político, os Estados europeus estavam preocupados em aumentar seus contingentes militares, a
fim de fortalecerem suas respectivas posições frente às demais potências. Com as colônias, contariam com maior
disponibilidade de recursos e aumento dos contingentes militares.

23
Aplicação dos d) transformou a cidade de Alexandria no cen-
tro urbano mais importante da Antiguidade.

conhecimentos - Sala e) reuniu os principais registros arqueológicos


até então existentes e fez avançar a museo-
logia antiga.
1.
3.

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem


A figura apresentada é de um mosaico, pro- fabricada por um conjunto de estratégias
duzido por volta do ano 300 d.C., encontra- que visavam sedimentar uma determinada
do na cidade de Lod, atual Estado de Israel. noção de soberania. Neste sentido, a charge
Nela, encontram-se elementos que represen- apresentada demonstra:
tam uma característica política dos romanos a) a humanidade do rei, pois retrata um ho-
no período, indicada em: mem comum, sem os adornos próprios à ves-
a) Cruzadismo – conquista da terra santa. timenta real.
b) Patriotismo – exaltação da cultura local. b) a unidade entre o público e o privado, pois
c) Helenismo – apropriação da estética grega. a figura do rei com a vestimenta real repre-
d) Imperialismo – selvageria dos povos dominados. senta o público e sem a vestimenta real, o
e) Expansionismo – diversidade dos territórios privado.
conquistados. c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva
ao conhecimento do público a figura de um rei
2. Alexandria começou a ser construída em despretensioso e distante do poder político.
332 a.C., por Alexandre, o Grande, e, em d) o gosto estético refinado do rei, pois eviden-
poucos anos, tornou-se gregas. Meio século cia a elegância dos trajes reais em relação
mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enor- aos de outros membros da corte.
me biblioteca e um museu – que funcionou e) a importância da vestimenta para a constitui-
como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu ção simbólica do rei, pois o corpo político ador-
nado esconde os defeitos do corpo pessoal.
entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o mu-
seu, transformou a cidade no maior núcleo
intelectual da época, especialmente entre os 4. O ataque japonês a Pearl Harbor e a conse-
anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu quente guerra entre americanos e japoneses
sucessivos ataques de romanos, cristãos e no Pacífico foi resultado de um processo de
árabes, o que resultou na destruição ou per- desgaste das relações entre ambos. Depois
da de quase todo o seu acervo. de 1934, os japoneses passaram a falar mais
RIBEIRO, F. “Filósofa e mártir”. Aventuras na história.
desinibidamente da “Esfera de coprosperi-
São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado). dade da Grande Ásia Oriental”, considerada
como a “Doutrina Monroe Japonesa”.
A biblioteca de Alexandria exerceu durante A expansão japonesa havia começado em
certo tempo um papel fundamental para a 1895, quando venceu a China, impôs-lhe o
produção do conhecimento e memória das Tratado de Shimonoseki passando a exercer
civilizações antigas, porque: tutela sobre a Coreia. Definida sua área de
a) eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e projeção, o Japão passou a ter atritos cons-
zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos. tantes com a China e a Rússia. A área de atri-
b) funcionou como um centro de pesquisa aca- to passou a incluir os Estados Unidos quan-
dêmica e deu origem às universidades mo- do os japoneses ocuparam a Manchúria, em
dernas. 1931, e a seguir, a China,
c) preservou o legado da cultura grega em dife- em 1937.
rentes áreas do conhecimento e permitiu sua REIS FILHO, D. A. (Org.). O século XX, o tempo das
crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
transmissão a outros povos.

24
Sobre a expansão japonesa, infere-se que: Já a defesa da “Esfera de coprosperidade da
a) o Japão tinha uma política expansionista, Grande Ásia Oriental” por parte do Japão ca-
na Ásia, de natureza bélica, diferente da racterizou-se como uma política imperialista
doutrina Monroe. apoiada na expansão militar sobre territó-
b) o Japão buscou promover a prosperidade da rios vizinhos na Ásia Oriental.
Coreia, tutelando-a à semelhança do que os
EUA faziam.
c) o povo japonês propôs cooperação aos Esta- Gabarito
dos Unidos ao copiarem a Doutrina Monroe e
proporem o desenvolvimento da Ásia. 1
. E 2. C 3. E 4. A
d) a China aliou-se à Rússia contra o Japão,
sendo que a doutrina Monroe previa a parce-
ria entre os dois.
e) a Manchúria era território norte-americano e
foi ocupado pelo Japão, originando a guerra
entre os dois países.

Raio X
1.
O período destacado foi marcado pelo apogeu
do expansionismo romano, época do Impé-
rio, quando Roma dominava todos os terri-
tórios ao redor do Mediterrâneo, incluindo a
Palestina. O mosaico de animais demonstra a
quantidade e diversidade desses territórios.
2.
Apesar de situada no Egito, não teve a fun-
ção de preservar acervo arqueológico, mas
principalmente documentos escritos. Mesmo
após a morte de Alexandre e a fragmentação
do Império Macedônico, os sucessores da di-
nastia ptolomaica preservaram a influência
que a cultura grega havia produzida nos po-
vos dominados pelos macedônicos.
3.
Questão mais abstrata e que exige maior co-
nhecimento geral, pois a imagem individu-
almente é de difícil interpretação. A ideia de
“construir uma imagem” implica em perceber
que a imagem natural não serve para que se
estabeleça uma relação entre governantes e
governados. O governante deve ser apresenta-
do como superior e mais capacitado, diferen-
ciando-se dos governados. Segundo a lingua-
gem usada na questão, a figura do rei como
indivíduo (privada) deve ser substituída pela
figura do rei como símbolo de poder (pública).
4.
A Doutrina Monroe, proferida pelo presiden-
te James Monroe em 1823, estabelecia que
o continente americano não devesse aceitar
nenhum tipo de intromissão europeia sobre
quaisquer aspectos, caracterizando-se como
uma reação à proposta de recolonização da
América por parte da Santa Aliança forma-
da por países europeus como Áustria, Rús-
sia, e França durante o Congresso de Viena
de 1815. Tinha por lema “A América para os
americanos” e evidenciava pretensões impe-
rialistas dos Estados Unidos em relação ao
continente americano.

25
Prescrição: Para resolver as questões abaixo, atente-se aos principais tópicos da Antiguidade
Ocidental greco-romana. Há a necessidade de compreender as principais características econômicas
e políticas do período feudal, além da transição desse modo de produção rumo à modernidade
capitalista.

Prática dos Na configuração política da democracia gre-


ga, em especial a ateniense, a ágora tinha
conhecimentos - E.O. por função:
a) agregar os cidadãos em torno de reis que go-
vernavam em prol da cidade.
1. (ENEM) Segundo Aristóteles, “na cidade com b) permitir aos homens livres o acesso às deci-
o melhor conjunto de normas e naquela do- sões do Estado expostas por seus magistrados.
tada de homens absolutamente justos, os c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos
cidadãos não devem viver uma vida de tra- se reunia para deliberar sobre as questões da
balho trivial ou de negócios – esses tipos de comunidade.
vida são desprezíveis e incompatíveis com d) reunir os exercícios para decidir em assem-
as qualidades morais –, tampouco devem ser bleias fechadas os rumos a serem tomados
agricultores os aspirantes à cidadania, pois em caso de guerra.
o lazer é indispensável ao desenvolvimento e) congregar a comunidade para eleger repre-
das qualidades morais e à prática das ativi- sentantes com direito a pronunciar-se em
dades políticas”. assembleias.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na
cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
3. (ENEM)
O trecho, retirado da obra Política, de Aristó-
teles, permite compreender que a cidadania:
a) possui uma dimensão histórica que deve ser
criticada, pois é condenável que os políticos
de qualquer época fiquem entregues à ocio-
sidade, enquanto o resto dos cidadãos tem
de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria
dos grupos sociais superiores, fruto de uma
concepção política profundamente hierar-
quizada da sociedade.
c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma
percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem
da vida cívica.
d) tinha profundas conexões com a justiça, ra-
zão pela qual o tempo livre dos cidadãos de-
veria ser dedicado às atividades vinculadas
aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àque-
les que se dedicavam à política e que tinham tem- Os calendários são fontes históricas im-
po para resolver os problemas da cidade. portantes, na medida em que expressam a
concepção de tempo das sociedades. Essas
2. (ENEM) O que implica o sistema da pólis é imagens compõem um calendário medieval
uma extraordinária preeminência da palavra (1460-1475) e cada uma delas representa
sobre todos os outros instrumentos do poder. um mês, de janeiro a dezembro. Com base
A palavra constitui o debate contraditório, na análise do calendário, apreende-se uma
a discussão, a argumentação e a polêmica. concepção de tempo:
Torna-se a regra do jogo intelectual, assim a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno
como do jogo político. retorno.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. b) humanista, identificada pelo controle das
Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado). horas de atividade por parte do trabalhador.

26
c) escatológica, associada a uma visão religiosa A postura dos clérigos e do papa Clemente
sobre o trabalho. VIII diante da introdução do café na Europa
d) natural, expressa pelo trabalho realizado de Ocidental pode ser explicada pela associação
acordo com as estações do ano. dessa bebida ao:
e) romântica, definida por uma visão bucólica a) ateísmo.
da sociedade. b) judaísmo.
c) hinduísmo.
4. (ENEM) Se a mania de fechar, verdadeiro ha- d) islamismo.
bitus da mentalidade medieval nascido talvez e) protestantismo.
de um profundo sentimento de insegurança,
estava difundida no mundo rural, estava do 7. Para uns, a Idade Média foi uma época de
mesmo modo no meio urbano, pois que uma trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias,
das características da cidade era de ser limi- superstições, crueldade. Para outros, uma
tada por portas e por uma muralha. época de bons cavaleiros, damas corteses,
DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. fadas, guerras honradas, torneios, grandes
História da vida privada da Europa Feudal à Renascença.
São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e
uma Idade Média “boa”.
As práticas e os usos das muralhas sofreram Tal disparidade de apreciações com relação a
importantes mudanças no final da Idade esse período da História se deve:
Média, quando elas assumiram a função de a) ao Renascimento, que começou a valorizar
pontos de passagem ou pórticos. Este proces-
a comprovação documental do passado, for-
so está diretamente relacionado com:
mando acervos documentais que mostram
a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.
b) a migração de camponeses e artesãos. tanto a realidade “boa” quanto a “má”.
c) a expansão dos parques industriais e fabris. b) à tradição iluminista, que usou a Idade Mé-
d) o aumento do número de castelos e feudos. dia como contraponto a seus valores racio-
e) a contenção das epidemias e doenças. nalistas, e ao Romantismo, que pretendia
ressaltar as “boas” origens das nações.
5. Sou uma pobre e velha mulher, c) à indústria de videojogos e cinema, que
Muito ignorante, que nem sabe ler. encontrou uma fonte de inspiração nessa
Mostraram-me na igreja da minha terra mistura de fantasia e realidade, construindo
Um Paraíso com harpas pintado uma visão falseada do real.
E o Inferno onde fervem almas danadas, d) ao Positivismo, que realçou os aspectos po-
Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. sitivos da Idade Média, e ao marxismo, que
denunciou o lado negativo do modo de pro-
VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História
da arte. Lisboa: LTC. 1999. dução feudal.
e) à religião, que com sua visão dualista e ma-
Os versos do poeta francês François Villon niqueísta do mundo, alimentou tais inter-
fazem referência às imagens presentes nos pretações sobre a Idade Média.
templos católicos medievais. Nesse contexto,
as imagens eram usadas com o objetivo de: 8. A Praça da Concórdia, antiga Praça Luís XV,
a) refinar o gosto dos cristãos. é a maior praça pública de Paris. Inaugurada
b) incorporar ideais heréticos. em 1763, tinha em seu centro uma estátua
c) educar os fiéis através do olhar. do rei. Situada ao longo do Sena, ela é a in-
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. tersecção de dois eixos monumentais. Bem
e) valorizar esteticamente os templos religiosos. nesse cruzamento está o Obelisco de Luxor,
decorado com hieróglifos que contam os rei-
6. O café tem origem na região onde hoje se nados dos faraós Ramsés II e Ramsés III. Em
encontra a Etiópia, mas seu cultivo e consu- 1829, foi oferecido pelo vice-rei do Egito ao
mo se disseminaram a partir da Península povo francês e, em 1836, instalado na praça
Árabe. Aportou à Europa por Constantinopla diante de mais de 200 mil espectadores e da
e, finalmente, em 1615, ganhou a cidade de família real.
Veneza. Quando o café chegou à região euro- NOBLAT, R. Disponível em: www.oglobo.
peia, alguns clérigos sugeriram que o produ- com Acesso em: 12 dez. 2012.
to deveria ser excomungado, por ser obra do
diabo. O papa Clemente VIII (1592-1605), A constituição do espaço público da Praça da
contudo, resolveu provar a bebida. Tendo Concórdia ao longo dos anos manifesta o(a):
gostado do sabor, decidiu que ela deveria ser a) lugar da memória na história nacional.
batizada para que se tornasse uma “bebida b) caráter espontâneo das festas populares.
verdadeiramente cristã”. c) lembrança da antiguidade da cultura local.
THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros d) triunfo da nação sobre os países africanos.
e livros, 1998 (adaptado). e) declínio do regime de monarquia absolutista.

27
9. Durante a realeza, e nos primeiros anos repu- instalavam nas cidades nas quais se impôs a
blicanos, as leis eram transmitidas oralmen- divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é
te de uma geração para outra. A ausência de escrever ou ensinar, e de preferência as duas
uma legislação escrita permitia aos patrícios coisas a um só tempo, um homem que, profis-
manipular a justiça conforme seus interes- sionalmente, tem uma atividade de professor
ses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conse- e erudito, em resumo, um intelectual – esse
guiram eleger uma comissão de dez pessoas homem só aparecerá com as cidades.
– os decênviros – para escrever as leis. Dois LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2010
deles viajaram a Atenas, na Grécia, para es-
tudar a legislação de Sólon. O surgimento da categoria mencionada no
COULANGES, F. A cidade antiga. São
período em destaque no texto evidencia o(a):
Paulo: Martins Fontes, 2000.
a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
A superação da tradição jurídica oral no b) relação entre desenvolvimento urbano e di-
mundo antigo, descrita no texto, esteve re- visão de trabalho.
lacionada à: c) importância organizacional das corporações
a) adoção do sufrágio universal masculino. de ofício.
b) extensão da cidadania aos homens livres. d) progressiva expansão da educação escolar.
c) afirmação de instituições democráticas. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
d) implantação de direitos sociais.
e) tripartição dos poderes políticos. 1
2. A casa de Deus, que acreditam una, está,
portanto, dividida em três: uns oram, outros
10. Texto I combatem, outros, enfim, trabalham. Essas
Olhamos o homem alheio às atividades pú- três partes que coexistem não suportam ser
blicas não como alguém que cuida apenas de separadas; os serviços prestados por uma são
seus próprios interesses, mas como um inú- a condição das obras das outras duas; cada
til; nós, cidadãos atenienses, decidimos as uma por sua vez encarrega-se de aliviar o
questões públicas por nós mesmos na cren- conjunto... Assim a lei pode triunfar e o
ça de que não é o debate que é empecilho à mundo gozar da paz.
ação, e sim o fato de não se estar esclarecido ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de
textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
pelo debate antes de chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso.
Brasília: UnB, 1987 (adaptado). A ideologia apresentada por Aldalberon de
Laon foi produzida durante a Idade Média.
Texto II Um objetivo de tal ideologia e um processo
Um cidadão integral pode ser definido por que a ela se opôs estão indicados, respecti-
nada mais nada menos que pelo direito de vamente, em:
administrar justiça e exercer funções públi-
cas; algumas destas, todavia, são limitadas a) justificar a dominação estamental / revoltas
quanto ao tempo de exercício, de tal modo camponesas.
que não podem de forma alguma ser exer- b) subverter a hierarquia social / centralização
cidas duas vezes pela mesma pessoa, ou so- monárquica.
mente podem sê-lo depois de certos interva- c) impedir a igualdade jurídica / revoluções
burguesas.
los de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. d) controlar a exploração econômica / unifica-
ção monetária.
Comparando os textos I e II, tanto para Tu- e) questionar a ordem divina / Reforma católica
cídides (no século V a.C.) quanto para Aris-
tóteles (no século IV a.C.), a cidadania era 3. (ENEM) O canto triste dos conquistados: os
1
definida pelo(a): últimos dias de Tenochtitlán
a) prestígio social. Nos caminhos jazem dardos quebrados;
b) acúmulo de riqueza. os cabelos estão espalhados.
c) participação política. Destelhadas estão as casas,
d) local de nascimento. Vermelhas estão as águas, os rios, como se
e) grupo de parentesco. alguém
as tivesse tingido,
11. No início foram as cidades. O intelectual da Nos escudos esteve nosso resguardo,
Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. mas os escudos não detêm a desolação…
Foi com o desenvolvimento urbano ligado PINSKY, J. et al. História da América através de
às funções comercial e industrial – digamos textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

modestamente artesanal – que ele apareceu,


como um desses homens de ofício que se

28
O texto é um registro asteca, cujo sentido 16. (ENEM) Quem construiu a Tebas de sete portas?
está relacionado ao(à): Nos livros estão nomes de reis.
a) tragédia causada pela destruição da cultura Arrastaram eles os blocos de pedra?
desse povo. E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a
b) tentativa frustrada de resistência a um po- reconstruiu tantas vezes?
der considerado superior. Em que casas da Lima dourada moravam os
c) extermínio das populações indígenas pelo construtores?
Exército espanhol. Para onde foram os pedreiros, na noite em
d) dissolução da memória sobre os feitos de que a Muralha da China ficou pronta?
seus antepassados. A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
e) profetização das consequências da coloniza- Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os
ção da América. césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que
lê. Disponível em: http://recantodasletras.
14. (ENEM) Na antiga Grécia, o teatro tratou uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
de questões como destino, castigo e justiça.
Muitos gregos sabiam de cor inúmeros ver- Partindo das reflexões de um trabalhador
sos das peças dos seus grandes autores. que lê um livro de História, o autor censura
Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakes- a memória construída sobre determinados
peare produziu peças nas quais temas como monumentos e acontecimentos históricos.
o amor, o poder, o bem e o mal foram trata- A crítica refere-se ao fato de que:
dos. Nessas peças, os grandes personagens
falavam em verso e os demais em prosa. a) os agentes históricos de uma determinada
No Brasil colonial, os índios aprenderam sociedade deveriam ser aqueles que reali-
com os jesuítas a representar peças de cará- zaram feitos heroicos ou grandiosos e, por
ter religioso. isso, ficaram na memória.
Esses fatos são exemplos de que, em diferen- b) a História deveria se preocupar em memori-
tes tempos e situações, o teatro é uma forma: zar os nomes de reis ou dos governantes das
a) de manipulação do povo pelo poder, que civilizações que se desenvolveram ao longo
controla o teatro. do tempo.
b) de diversão e de expressão dos valores e pro- c) grandes monumentos históricos foram cons-
blemas da sociedade. truídos por trabalhadores, mas sua memória
c) de entretenimento popular, que se esgota na está vinculada aos governantes das socieda-
sua função de distrair. des que os construíram.
d) de manipulação do povo pelos intelectuais d) os trabalhadores consideram que a História
que compõem as peças. é uma ciência de difícil compreensão, pois
e) de entretenimento, que foi superada e hoje trata de sociedades antigas e distantes no
é substituída pela televisão. tempo.
e) as civilizações citadas no texto, embora mui-
15. (ENEM) Acompanhando a intenção da bur- to importantes, permanecem sem terem sido
guesia renascentista de ampliar seu domínio alvos de pesquisas históricas.
sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, 17. Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o
através da pesquisa científica e da invenção século XIX – que terminou com a corrida dos
tecnológica, os cientistas também iriam se países europeus para a África e com o surgi-
atirar nessa aventura, tentando conquistar a mento dos movimentos de unificação nacio-
forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e nal na Europa – do século XX, que começou
mesmo a expressão e o sentimento. com a Primeira Guerra Mundial. É o período
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. do Imperialismo, da quietude estagnante na
Europa e dos acontecimentos empolgantes
O texto apresenta um espírito de época que
na Ásia e na África.
afetou também a produção artística, marca-
ARENDT, H. As origens do totalitarismo.
da pela constante relação entre: São Paulo: Cia. das Letras, 2012.
a) fé e misticismo.
b) ciência e arte. O processo histórico citado contribuiu para
c) cultura e comércio. a eclosão da Primeira Grande Guerra na me-
d) política e economia. dida em que:
e) astronomia e religião. a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

29
1
8. Que é ilegal a faculdade que se atribui à au- O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao
toridade real para suspender as leis ou seu pensar a política e a lei em relação ao poder
cumprimento. e à organização social.
Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Com base na reflexão de Foucault, a finali-
Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pre- dade das leis na organização das sociedades
texto de prerrogativa, ou em época e modo modernas é:
diferentes dos designados por ele próprio. a) combater ações violentas na guerra entre as
Que é indispensável convocar com frequên- nações.
cia os Parlamentos para satisfazer os agra- b) coagir e servir para refrear a agressividade
vos, assim como para corrigir, afirmar e con- humana.
servar as leis. c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas
Declaração dos Direitos. Disponível em http://disciplinas
entre os indivíduos de uma mesma nação.
stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
d) estabelecer princípios éticos que regulamen-
No documento de 1689, identifica-se uma tam as ações bélicas entre países inimigos.
particularidade da Inglaterra diante dos de- e) organizar as relações de poder na sociedade
mais Estados europeus na Época Moderna. A e entre os Estados.
peculiaridade inglesa e o regime político que
predominavam na Europa continental estão
indicados, respectivamente, em: 21. O príncipe, portanto, não deve se incomodar
com a reputação de cruel, se seu propósito
a) Redução da influência do papa — Teocracia. é manter o povo unido e leal. De fato, com
b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo. uns poucos exemplos duros poderá ser mais
c) Ampliação da dominação da nobreza — Re- clemente do que outros que, por muita pie-
pública. dade, permitem os distúrbios que levem ao
d) Expansão da força do presidente — Parla- assassínio e ao roubo.
mentarismo. MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.
e) Restrição da competência do congresso —
Presidencialismo. No século XVI, Maquiavel escreveu O Prínci-
pe, reflexão sobre a Monarquia e a função do
19. O Império Inca, que corresponde principal- governante.
mente aos territórios da Bolívia e do Peru, A manutenção da ordem social, segundo esse
chegou a englobar enorme contingente po- autor, baseava-se na:
pulacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
centro administrativo, com uma sociedade b) bondade em relação ao comportamento dos
fortemente estratificada e composta por im- mercenários.
peradores, nobres, sacerdotes, funcionários c) compaixão quanto à condenação de trans-
do governo, artesãos, camponeses, escravos e gressões religiosas.
soldados. A religião contava com vários deu- d) neutralidade diante da condenação dos servos.
ses, e a base da economia era a agricultura. e) conveniência entre o poder tirânico e a mo-
Principalmente o cultivo da batata e do milho. ral do príncipe.
A principal característica da sociedade inca
era a: 22. Em nosso país queremos substituir o egoís-
a) ditadura teocrática, que igualava a todos. mo pela moral, a honra pela probidade, os
b) existência da igualdade social e da coletivi- usos pelos princípios, as conveniências pelos
zação da terra. deveres, a tirania da moda pelo império da
c) estrutura social desigual compensada pela razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo
coletivização de todos os bens. ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade
d) existência de mobilidade social, o que levou pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro
à composição da elite pelo mérito. pelo amor à glória, a boa companhia pelas
e) impossibilidade de se mudar de extrato social boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espi-
e a existência de uma aristocracia hereditária. rituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o
2
0. A lei não nasce da natureza, junto das fon- tédio da volúpia pelo encanto da felicidade,
tes frequentadas pelos primeiros pastores: a mesquinharia dos grandes pela grandeza
a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, do homem.
dos massacres, das conquistas que têm sua HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In:
PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da
data e seus heróis de horror: a lei nasce das Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São
cidades incendiadas, das terras devastadas; Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).
ela nasce com os famosos inocentes que ago-
nizam no dia que está amanhecendo. O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro
FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em de 1794, do qual o trecho transcrito é parte,
defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999
30
relaciona-se a qual dos grupos político-so- harmonia doméstica, que é tão essencial ao
ciais envolvidos na Revolução Francesa? sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se
a) À alta burguesia, que desejava participar do dizer que ser casto é uma questão de honra”.
poder legislativo francês como força política TOCQUEVILLE, A. Democracy in America.
dominante. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc.,
b) Ao clero francês, que desejava justiça social Great Books 44, 1990 (adaptado).
e era ligado à alta burguesia.
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os
c) A militares oriundos da pequena e média
burguesia, que derrotaram as potências ri- norte americanos do seu tempo:
vais e queriam reorganizar a França interna- a) buscavam o êxito, descurando as virtudes
mente. cívicas.
d) À nobreza esclarecida, que, em função do b) tinham na vida moral uma garantia de enri-
seu contato, com os intelectuais iluministas, quecimento rápido.
desejava extinguir o absolutismo francês. c) valorizavam um conceito de honra dissocia-
e) Aos representantes da pequena e média bur- do do comportamento ético.
guesia e das camadas populares, que deseja- d) relacionavam a conduta moral dos indivídu-
vam justiça social e direitos políticos. os com o progresso econômico.
e) acreditavam que o comportamento casto
23. O movimento operário ofereceu uma nova perturbava a harmonia doméstica.
resposta ao grito do homem miserável no
princípio do século XIX. A resposta foi a
consciência de classe e a ambição de clas- Gabarito
se. Os pobres então se organizavam em uma
classe específica, a classe operária, diferente 1. B 2. C 3. D 4. A 5. C
da classe dos patrões (ou capitalistas). A Re-
volução Francesa lhes deu confiança: a Re- 6. D 7. B 8. A 9. B 10. C
volução Industrial trouxe a necessidade da 11. B 12. A 13. B 14. B 15. B
mobilização permanente.
HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. 16. C 17. B 18. B 19. E 20. E
São Paulo: Paz e Terra, 1977.
21. E 22. E 23. B 24. D
No texto, analisa-se o impacto das Revoluções
Francesa e Industrial para a organização da
classe operária. Enquanto a “confiança” dada
pela Revolução Francesa era originária do
significado da vitória revolucionária sobre as
classes dominantes, a “necessidade da mobi-
lização permanente”, trazida pela Revolução
Industrial, decorria da compreensão de que:
a) a competitividade do trabalho industrial
exigia um permanente esforço de qualifica-
ção para o enfrentamento do desemprego.
b) a completa transformação da economia capi-
talista seria fundamental para a emancipa-
ção dos operários.
c) a introdução das máquinas no processo pro-
dutivo diminuía as possibilidades de ganho
material para os operários.
d) o progresso tecnológico geraria a distribui-
ção de riquezas para aqueles que estivessem
adaptados aos novos tempos industriais.
e) a melhoria das condições de vida dos operá-
rios seria conquistada com as manifestações
coletivas em favor dos direitos trabalhistas.

24. Na década de 30 do século XIX, Tocqueville


escreveu as seguintes linhas a respeito da
moralidade nos EUA: “A opinião pública nor-
te-americana é particularmente dura com a
falta de moral, pois esta desvia a atenção
frente à busca do bem-estar e prejudica a

31
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 3 e 4

Competências 3, 4 e 5
Habilidades 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25

BREVIÁRIO

A crise capitalista de 1929


O capitalismo nasceu sob a égide de ser mundial, como capitalismo comercial, através da expansão ultramarina,
no final do século XV. A Revolução Industrial consolidou o capitalismo como sistema econômico: o capitalismo
sem necessidade de adjetivação, no final do século XVIII. Seu caráter expansionista – acumulação de capital é
constante através da produção industrial, da comercialização das mercadorias e do capital financeiro – fez com
que a burguesia ditasse as políticas que melhor conviessem à reprodução do capital: a defesa da burguesia e dos
seus representantes nas instâncias institucionais da não interferência do Estado nas atividades do capitalismo.
Durante esse período, constituem-se os trustes, os cartéis e as holdings. No final do século XIX, o capitalismo
configurou-se como imperialista: havia necessidade de assegurar territórios no mundo como mercado consumi-
dor para a crescente produção de mercadorias, agora atingindo a superprodução, geradora de crises e da expan-
são imperialista, que impõe os conflitos armados como necessidade de conquista e preservação dos mercados.
A superprodução, a política econômica liberal e a especulação financeira provocaram a primeira grande crise do
capitalismo, a Crise de 1929, cujas consequências foram devastadoras para o mundo capitalista.
Percebendo o aumento dos lucros das indústrias, a população estadunidense passou a comprar cada vez
mais suas ações. O capital gerado por esses papéis eram investidos nas indústrias, que, ao obterem maiores lucros,
provocaram o aumento dos preços das ações e, consequentemente, o enriquecimento do proprietário das ações
que poderia vendê-las a um preço elevado. Nesse ambiente, surgiu uma onda de especulação financeira na Bolsa
de Valores de Nova Iorque, cujo comércio de ações passou a supervalorizar seus preços, baseado na suposição de
que seus valores sempre iriam crescer no futuro, dando uma falsa sensação para a classe média de que o lucro
futuro seria uma certeza absoluta. Assim, a população estadunidense passou a usar suas economias e salários para
a compra de ações. A superprodução, a política econômica liberal e a especulação financeira provocaram a primeira
grande crise do capitalismo, a Crise de 1929, cujas consequências foram devastadoras para o mundo capitalista.
Nos Estados Unidos, o otimismo cedeu lugar ao medo. Em três anos, quatro mil bancos faliram, 14 milhões de
pessoas ficaram desempregadas, os salários caíram 40% e a renda nacional foi reduzida em 50%. Entre 1929 e 1932, a
renda familiar nas pequenas propriedades caiu 60% e um terço dos proprietários rurais perderam suas terras. Trabalha-
dores rurais, brancos e negros, perambulavam de cidade em cidade em busca de comida e trabalho. A vida econômica e
social das famílias durante a depressão mudou. Para economizar, muitas delas alugaram quartos ou dividiram casas com
parentes e outras famílias. Sem emprego ou forçados a pedir assistência, muitos homens abandonaram suas famílias.
Taxas de fecundidade e casamento diminuíram pela primeira vez no país, desde os primeiros anos do século XIX.

33
Aglomeração em frente à Bolsa de Valores, em Wall Street

Ascensão do fascismo na Europa


Aproveitando a total desorganização do regime parlamentar italiano no pós-Primeira Guerra, Mussolini ordenou
aos camisas negras – alcunha dos defensores de seus defensores – a Marcha sobre Roma, em outubro de 1922.
Cerca de 30 mil fascistas desfilaram pela capital e exigiram a entrega do poder. O rei Vitor Emanuel III, pressionado
por militares, pela alta burguesia e pelos latifundiários, convidou Mussolini para ocupar o cargo de primeiro-mi-
nistro. Sob a aparência de uma monarquia parlamentarista, o líder fascista detinha plenos poderes e convocou um
novo ministério. Estava formado um novo governo, cujos cargos essenciais eram dominados pela maioria fascista.
Mussolini passou a se servir das instituições do Estado como instrumento de destruição da democracia parlamentar
e de instauração da ditadura fascista.
Em 1923, o ditador italiano criou o Conselho de Ministros e o Grande Conselho Fascista, composto pelos
principais chefes do partido. Ao lado do exército regular, transformou a milícia fascista (camisas negras) em órgão
de segurança nacional, sob o comando do chefe de governo.
Realizaram-se, em 1924, eleições para o Parlamento. Por meio do terror, os fascistas obtiveram 65% dos
votos. Mussolini foi contemplado por um dócil parlamento, agora livre de opositores reais e com plenos poderes.

Mussolini e Hitler, aliados fascistas.

Em 1925, Mussolini promoveu uma série de medidas repressivas: dissolveu as organizações que considera-
va subversivas, fechou os clubes de oposição, ordenou buscas e prisões, ampliou a censura à imprensa e aumentou
as verbas destinadas às milícias fascistas.

34
Após um atentado sofrido pelo Duce, em 1926, os jornais da oposição foram fechados, os partidos dis-
solvidos e seus membros perseguidos. A pena de morte foi restaurada, criando-se tribunais especiais compostos
por membros da milícia fascista. As formações paramilitares tornaram-se oficiais e, de 300 mil homens, em 1925,
chegaram a 750 mil, em 1930. Em 1939, o Parlamento foi suprimido e seus membros substituídos pelo Grande
Conselho Fascista. No período de 1927 a 1934, mais de cinco mil pessoas foram condenadas por oposição ao
regime, algumas à pena capital, outras à prisão perpétua. Milhares de pessoas foram deportadas.

Guerra civil espanhola

Propaganda anarquista espanhola durante a guerra civil

Um fato colaborou com as tensas relações que antecederam a Segunda Guerra Mundial: a guerra civil deflagrada
entre fascistas e republicanos na Espanha. Como toda a península Ibérica, esse país era atrasado e predominante-
mente agrário até o início do século XX, quando teve início seu processo de industrialização. Nos primeiros anos da
década de 1930, a Espanha já possuía nas cidades uma parcela de sua população vinculada ao desenvolvimento
industrial, que exigia mudanças no antigo regime.
Em 1931, o rei Afonso XIII, pressionado pelas camadas urbanas que exigiam a República, abdicou. Esta-
beleceu-se então um governo comandado pela burguesia liberal. O crescimento das reivindicações populares, o
anticlericalismo, o autonomismo das regiões economicamente mais adiantadas (Catalunha e províncias bascas), a
reação dos antigos setores dominantes na sociedade espanhola levaram o país a um impasse. Surgiu nessa época
um pequeno partido de características fascistas, denominado Falange.
Para as eleições gerais de 1936, anarquistas, comunistas, socialistas radicais, socialistas moderados, em-
presários liberais e minorias nacionais da Catalunha e províncias bascas formaram a Frente Popular. Vitoriosos nas
eleições, os partidos da Frente procuraram efetivar várias reformas sociais prometidas em campanha. O presidente
eleito, Manuel Azaña, anistiou 30 mil presos políticos, retomou a reforma agrária, deu autonomia à Catalunha e
implementou a reforma da educação.
Em 18 de julho de 1936, o general Francisco Franco deu início a um levante contra o governo republicano.
Recebeu a adesão da Falange, de latifundiários, dos banqueiros, dos industriais, da maior parte da classe média e
de amplos setores da Igreja, à exceção do clero catalão e basco. Do lado do governo republicano legalista estavam
operários, camponeses, catalães, bascos, pequenos industriais, enfim, todos que acreditavam na democracia. Como
tentativa de se defender, em outubro de 1936, o governo republicano decretou a formação de um exército popular.
Começava, assim, a Guerra Civil Espanhola.

35
O mundo do pós-guerra
A guerra provocou alterações nas estruturas de poder. Os Estados Unidos e a União Soviética surgiram como os
dois mais poderosos Estados do mundo. As grandes potências tradicionais – Inglaterra, França e Alemanha – foram
obscurecidas por essas superpotências. Os Estados Unidos tinham a bomba atômica e um imenso poderio indus-
trial; a União Soviética tinha o maior exército do mundo e estendia seu domínio à Europa oriental e passou a domi-
nar também a tecnologia da energia atômica. Com a Alemanha derrotada, o principal incentivo para a cooperação
soviético-americana desaparecera.
Durante a guerra, as forças militares nazistas destruíram a estrutura bélica e econômica da Inglaterra e da
França; consequentemente, quando a África e a Ásia iniciaram a luta pela independência, a repressão europeia já
não tinha o poder anterior. Também, no período da Segunda Guerra, Inglaterra e França militarizaram tropas nativas
para incorporar aos seus efetivos bélicos no intuito de derrotar o Eixo, processo esse que fortaleceu belicamente os
continentes nativos, que, após a guerra, voltaram-se contra suas opressivas metrópoles europeias.
Assim, vemos que a Segunda Guerra Mundial acelerou a desintegração dos impérios europeus de além-
-mar. Os Estados europeus não puderam mais justificar o domínio de africanos e asiáticos depois de terem lutado
para libertar terras europeias do imperialismo alemão. A Grã-Bretanha abriu mão da Índia; a França, do Líbano e
da Síria e os holandeses, da Indonésia. Nas décadas de 1950 e 1960, praticamente todos os territórios coloniais
conquistaram a independência – descolonização africana e asiática. Nos casos em que a potência colonial resistiu
à independência desejada pela colônia, o preço foi o derramamento de sangue.

Estados Unidos no pós-guerra:


a era de ouro do capitalismo no contexto de Guerra Fria
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tiveram um surto de desenvolvimento em várias áreas, como
o baby boom populacional; entretanto, vários problemas afloraram e foram exaustivamente discutidos, principal-
mente na década de 1960. Nos anos rebeldes, surgiu no EUA o movimento hippie (paz e amor), formado na sua
maioria por jovens. Ficou mundialmente conhecido por suas reivindicações de caráter social, pela luta contra a
Guerra do Vietnã, suas manifestações culturais, principalmente na música, e pela sua maior expressão no festival
de Woodstock. Apesar da sua importância ao reivindicar uma sociedade alternativa, fraternal e comunitária, com
mais liberdade sexual e de pregar o consumo de alucinógenos etc., o movimento hippie sucumbiu às suas próprias
contradições e foi “engolido” pelo capitalismo.

Manifestações contra a Guerra do Vietnã

36
Para melhor compreensão sobre a Guerra do Vietnã, estopim dos movimentos contestatórios do final da
década de 1960, escreveu Roberto Navarro:
“A ‘virada’ que culminou com a derrota americana na Guerra do Vietnã (1954-1975) começou com uma
série de ataques dos inimigos comunistas em 1968. É o episódio conhecido como ‘Ofensiva do Tet’. O nome é uma
referência à data de início das batalhas, o feriado de ano novo lunar, chamado pelos vietnamitas de Tet Nguyen
Dan. A partir da madrugada de 31 de janeiro de 1968, o governo comunista do Vietnã do Norte e seus aliados, os
guerrilheiros da Frente de Libertação Nacional, mais conhecidos como vietcongues, iniciaram ataques simultâneos
contra várias cidades do Vietnã do Sul – um país capitalista defendido pelo exército sul-vietnamita e por nações
como Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e, principalmente, Estados Unidos. A ideia da invasão militar comu-
nista era lutar para ‘libertar’ o povo do Sul da ‘opressão capitalista’. Eles achavam que a invasão provocaria uma
rebelião popular contra o governo do Vietnã do Sul, coisa que nunca aconteceu. No começo, o ataque surpresa deu
certo, mas os americanos e sul-vietnamitas reagiram rapidamente. Como o poderio militar do lado capitalista era
muito maior, os comunistas foram expulsos em poucos dias de quase todas as cidades que invadiram. Mas, apesar
da vitória militar americana, as imagens da invasão frustrada provocaram um bruta estrago nos Estados Unidos.
‘A Ofensiva do Tet’ chocou a opinião pública americana. A cobertura dos combates feita pela TV deixou em muita
gente a impressão de que os Estados Unidos e seus aliados estavam em situação desesperadora.
Dentro dos Estados Unidos, aumentaram os protestos contra a guerra. Com o filme queimado, o governo
americano ainda segurou seus soldados no Vietnã por quatro anos, mas acabou retirando as tropas em 1972. Dian-
te do abandono americano, o exército e os guerrilheiros do Norte ganharam terreno. Acabaram tomando a capital
Saigon em 1975, vencendo a guerra e unificando o Vietnã sob o regime comunista.”
(Disponível em: <mundoestranho.abril.com.br>. Acesso em: 10 ago. 2016).

Descolonização africana e asiática


Desde o século XIX, o imperialismo, particularmente inglês e francês, fez dos continentes africano e asiático seu
alvo, transformando seus vastos territórios em colônias. Contudo, após a Segunda Guerra Mundial, os povos africa-
na e asiáticos iniciaram um longo processo de descolonização com o objetivo de alcançarem as suas independên-
cias. Contudo, em muitas regiões, a soberania não significou, necessariamente, uma melhoria no padrão de vida
da população, pois a exploração, agora, estava nas mãos de uma elite regional e das duas novas superpotências:
Estados Unidos e União Soviética.
A Carta de São Francisco, que criou a ONU, ao proclamar o direito dos povos de se autogovernarem (princí-
pio da autodeterminação dos povos), consagrou o anseio de independência dos povos africanos e asiáticos.
Os caminhos para conseguir a independência variaram bastante, mas podem ser agrupados em dois: o pací-
fico e o violento. No primeiro caso, a antiga colônia assumia progressivamente seus direitos de nação independente
através de uma série de concessões feitas de modo gradual pela metrópole até atingir a independência completa.
Nesse caso, a antiga colônia continuava a manter boas relações com a metrópole, a fazer parte do seu círculo de
influência e a receber sua ajuda econômica. Esse foi o caso da independência da Índia em relação à Inglaterra.
No segundo caso – a forma violenta –, a colônia rompia totalmente com a antiga metrópole, sem qualquer
tentativa de abolição progressiva do estatuto colonial. Pelo contrário, a metrópole procurava evitar, pela violência,
os movimentos de libertação, pressionando a colônia a procurar a solução armada para seus problemas. Esse foi o
caso da independência das colônias francesas da Indochina (atual Vietnã) e da Argélia.
Em 1956, existiam na África negra apenas três Estados independentes: a Etiópia, a Libéria e a África do
Sul, este governado pela minoria branca de origem europeia. A quase totalidade do continente – 20 milhões de
quilômetros quadrados e 160 milhões de habitantes – estava dividida em colônias dos países europeus. Entretanto,

37
entre 1957 e 1962, com o processo de descolonização, 29 países conquistaram sua independência. Na África do
Sul, foi apenas após um longo processo que o regime do apartheid foi derrubado e amplas liberdades foram atin-
gida para o conjunto total da população daquele país.

Soldados africanos integrantes das tropas aliadas, durante a Segunda Guerra Mundial

Movimentos de descolonização
A independência da Índia representou um marco no processo de descolonização. Dominada pelos ingleses desde o
século XVIII, somente no século XIX, por volta de 1885, teve início um movimento nacionalista, impulsionado por
minorias intelectualizadas, cuja educação fora propiciada pelos ingleses.
O grande líder do movimento de emancipação foi Mahatma Gandhi, um advogado de formação europeia
que tinha por princípio a não violência, a resistência passiva aos dominadores e a desobediência civil. Após a
Grande Guerra, o movimento intensificou-se e ganhou a adesão das massas, nem sempre respeitando os princípios
pacifistas de Gandhi. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, a Inglaterra outorgou a independência
ao país, mas, diante da cisão entre os hindus e os muçulmanos, repartiu o território, que foi dividido em Índia e
Paquistão, ficando a Índia no centro e o Paquistão Oriental separado do Paquistão Ocidental por mais de 1,7 mil
quilômetros. A divisão foi seguida por deslocamentos maciços de população e confrontos sangrentos entre hindus
e muçulmanos. A ilha do Ceilão, atual Sri Lanka, formou um terceiro Estado, budista.
Em 1971, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental com o apoio da Índia e passou a se chamar
Bangladesh. Atualmente, Índia e Paquistão, que possuem bombas atômicas, estão em estado de guerra por ques-
tões territoriais na Caxemira, entre outros fatores.
Vale salientar que a inspiração sobre a não violência defendida por Gandhi originou-se do fato do hindu-
ísmo, segundo o qual somente as ações nobres elevariam o espírito humano para as castas superiores depois da
ressurreição. Gandhi foi assassinado em 1948 por um fanático hindu que não concordava com sua política de
respeito aos interesses dos muçulmanos.

Muhammad Ali Jinnah e Mahatma Gandhi, aliados contra a dominação britânica

38
A contracultura e o ano de 1968
Na década de 1960, muitas expressões artísticas representaram uma postura crítica frente a problemas da época,
em especial os conflitos da Guerra Fria. O movimento de maio de 1968, na França, tornou-se ícone de uma época
onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem. A liberação sexual,
a Guerra do Vietnã e os movimentos pela ampliação dos direitos civis compunham todo o discurso de reivindica-
ções dos estudantes da época.
A sociedade estadunidense, oriunda do conservadorismo puritano anglo-saxão, foi sacudida pelo movimen-
to Black Power, que passou a reivindicar direitos de cidadania para a população afrodescendente, ou seja, para os
negros. Na música, surgiram grupos de artistas na gravadora Motown, como The Supremes e Stevie Wonder. Na
estética, o penteado afro, intitulado black, fez sucesso. Mas foi na luta pela cidadania, liderada, entre outros, pelo
pacifista Martin Luther King, que o movimento negro amadureceu e exigiu que os direitos constitucionais à cida-
dania fossem estendidos a todos. No Sul, ainda havia a segregação racial. Entretanto, uma parcela do movimento
negro defendia o recurso à violência, se necessário, na defesa das suas reivindicações, como, os Panteras Negras
liderados por Malcom X. Ainda nos anos rebeldes, surgiu no EUA o movimento hippie (paz e amor), formado na
sua maioria por jovens. Ficou mundialmente conhecido por suas reivindicações de caráter social, pela luta contra
a guerra do Vietnã, suas manifestações culturais, principalmente na música. E pela sua maior expressão no festival
de Woodstock. Apesar da sua importância ao reivindicar uma sociedade alternativa, fraternal e comunitária, com
mais liberdade sexual e de pregar o consumo de alucinógenos etc., o movimento hippie sucumbiu às suas próprias
contradições e foi “engolido” pelo capitalismo. Jimi Hendrix e Janis Joplin, alguns dos seus ídolos, morreram pre-
maturamente de overdose. Entretanto, o rock’n roll idealizou canções de protesto belíssimas, como Blowin’ in the
wind, de Bob Dylan, embora haja a tentativa de despolitizá-la na atualidade.
Mais do que iniciar algum tipo de tendência, o Maio de 68 pode ser visto como desdobramento de toda uma
série de questões já propostas pela revisão dos costumes feita por lutas políticas, obras filosóficas e a euforia juvenil.

Cartaz francês de 1968

39
A nova ordem mundial neoliberal
A União Europeia, concebida após no início da década de 1990, representa um esforço das nações ocidentais des-
se continente para se colocar fim às guerras que tanto as assolaram na primeira metade do século XX. O esforço
consiste na garantia de livre circulação de cidadãos europeus e uma série de tratados diplomáticos e comerciais
entre as nações signatárias.
Apesar da grande realização de juntar em um único bloco dezenas de países com histórias e culturas distin-
tas, a União Europeia tem grandes problemas estruturais que reverberam contemporaneamente. Durante as nego-
ciações para a formação do bloco, estabeleceu-se metas sociais, políticas e econômicas para que países pudessem
tornar-se membros. No que tange as duas primeiras, requisitos como regimes democráticos e liberdades civis foram
cumpridos por todos os membros. Entretanto, a desregulamentação econômica é muito grande, à medida que o
cenário produtivo e fiscal é extremamente variado e complexo. À isto, soma-se o fato de que ao ingressarem na UE,
os países abrem mão de certo grau de soberania econômica para tomar decisões inter-bloco. Em certos momentos,
economias mais fracas acabaram sendo sobrepujadas e tendo seus interesses nacionais limitados por razões eco-
nômicas e fiscais, como é o caso da relação entre Grécia, Alemanha e Banco Central Europeu.

Bandeira da União Europeia

A democracia liberal
Em determinadas concepções acerca da democracia moderna, temos a participação popular resumida ao sufrágio
universal. O processo é democrático somente na escolha e legitimação do governante. Não cabe ao governante
atuar em função da vontade das massas, que seriam emocionais e irracionais.
Uma vez exercido o direito de voto e sagrados os vencedores do pleito eleitoral, a vontade popular estaria
atendida, cabendo aos seus representantes, de maneira autônoma, a direção governamental do país. O sufrágio
universal é muito mais uma aclamação periódica que confirma o carisma do líder escolhido. Em momento algum,
identificaríamos a participação das massas com a participação no poder. A participação das massas é importante
na escolha dos líderes, enquanto mais um fator de seleção de homens hábeis para conduzir a nação.

Novos movimentos sociais pós - 2008


O movimento chamado de “Indignados” é uma reação contra os cortes de gastos públicos feitos pelo governo
para combater a recessão. Os ativistas culpam o governo e as instituições financeiras pelo crescimento das taxas
de desemprego e da desigualdade. As revoltas começaram em 15 de maio em Madri, na Espanha, onde o movi-
mento ficou conhecido como “Indignados” ou 15 M (em referência à data dos primeiros protestos). Os espanhóis
se queixavam do alto índice de desemprego no país (20%) e da influência das instituições financeiras nos rumos
da política, além de reivindicar uma maior participação política.

40
Sua característica estrutural é o de buscar um novo discurso e uma nova prática para os movimentos e parti-
dos de esquerda. Do ponto de vista de seu aporte teórico, baseia-se em correntes oriundas da degeneração do euro-
-comunismo dos anos 1970-1980, distanciando-se dos partidos tradicionais socialistas-reformistas, além de firme-
mente se colocar como crítico e muito distante dos partidos comunistas e das experiências socialistas deste cunho.
Como consequência natural, em seu discurso há o abandono da ideia de revolução, para ao invés ter como pauta
a radicalização da democracia, ou seja, tensionar as instâncias de poder para não apenas garantir mais direitos e
liberalidades (como fez a social-democracia), mas para conduzir a novas formas de relacionamento político-social e
de decisões coletivas. Por conta disto, sua atuação é centrada na atividade parlamentar e nos movimentos sociais.

Manifestantes reunidos em Madri

Arte, cultura e política


A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. A definição mais popular diz que o
grafite é um tipo de inscrição feita em paredes. Existem relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano. Seu
aparecimento na Idade Contemporânea se deu na década de 1970, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Alguns
jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e, algum tempo depois, essas marcas evoluíram
com técnicas e desenhos. O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao hip hop. Para esse
movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos
favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.
Em sua linguagem poética, tanto nas suas constituintes gráficas e léxicas como na disposição das palavras
e nas construções semânticas constituídas pela cultura, percebemos que o caráter estético se revela sempre pelos
mesmos signos: é criado conscientemente para libertar a percepção do automatismo; sua visão representa o obje-
tivo do criador e ela é construída artificialmente de maneira que a percepção se detenha nela e chegue ao máximo
de sua força e duração. O objeto é percebido não como uma parte do espaço, mas por sua continuidade. A língua
poética satisfaz estas condições. A imagem poética deve ter um caráter estranho, surpreendente. A arte é pensar .

Grafite em um muro, na Alemanha por imagens.

41
Aplicação dos O texto apresenta três tipos de poder que
podem ser identificados em momentos his-

conhecimentos - Sala tóricos distintos. Identifique o período em


que a obediência esteve associada predomi-
nantemente ao poder carismático:
1. a) República Federalista Norte-Americana.
b) República Fascista Italiana no século XX.
c) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
d) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
e) Monarquia Constitucional Brasileira no século
XIX.

3
. (ENEM 2016)

Nos anos que se seguiram à Segunda Guer-


ra, movimentos como o Maio de 1968 ou a
campanha contra a Guerra do Vietnã culmi-
naram no estabelecimento de diferentes for-
mas de participação política. Seus slogans,
tais como ”Quando penso em revolução que- O regime do Apartheid adotado de 1948 a
ro fazer amor“, se tornaram símbolos da agi- 1994 na África do Sul fundamentava-se em
tação cultural nos anos 1960, cuja inovação ações estatais de segregacionismo racial.
relacionava-se: Na imagem, fuzileiros navais fazem valer a
a) à contestação da crise econômica europeia, “lei do passe” que regulamentava o(a)
a) concentração fundiária, impedindo os ne-
que fora provocada pela manutenção das
gros de tomar posse legítima do uso da ter-
guerras coloniais.
ra.
b) à organização partidária da juventude comu-
b) boicote econômico, proibindo os negros de
nista, visando o estabelecimento da ditadu- consumir produtos ingleses sem resistência
ra do proletariado. armada.
c) à unificação das noções de libertação social c) sincretismo religioso, vetando os ritos sa-
e libertação individual, fornecendo um sig- grados dos negros nas cerimônias oficiais do
nificado político ao uso do corpo. Estado.
d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com d) controle sobre a movimentação, desautori-
fins à reprodução, que era tomado como so- zando os negros a transitar em determinadas
lução para os conflitos sociais. áreas das cidades.
e) ao reconhecimento da cultura das gerações e) exclusão do mercado de trabalho, negando à
passadas, que conviveram com a emergência população negra o acesso aos bens de consu-
do rock e outras mudanças nos costumes. mo.

2. Os três tipos de poder representam três di-


versos tipos de motivações: no poder tradi-
cional, o motivo da obediência é a crença na
sacralidade da pessoa do soberano; no poder
racional, o motivo da obediência deriva da
crença na racionalidade do comportamento
conforme a lei; no poder carismático, deriva
da crença nos dotes extraordinários do chefe.
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria
geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).

42
4
. (ENEM 2016) 4.
A obrigatoriedade do uso da burca pelas
mulheres no Irã passou a existir a partir da
Revolução Iraniana, ocorrida em 1979, que
modifica o governo iraniano. O uso da burca,
portanto, além de ser uma imposição políti-
ca do novo governo xiita do aiatolá Khomei-
ni, provocou uma mudança de costumes no
Irã, descrita no quadrinho.

Gabarito
1
. C 2. B 3. D 4. E

A memória recuperada pela autora apresenta


a relação entre:
a) conflito trabalhista e engajamento sindical.
b) organização familiar e proteção à infância.
c) centralização econômica e pregação religiosa.
d) estrutura educacional e desigualdade de ren-
da.
e) transformação política e modificação de cos-
tumes.

Raio X
1. A frase de efeito utilizada no enunciado, ou
mesmo a forma mais simplificada de “faça
amor não faça a guerra” estabelece relação
direta entre o comportamento individual e
social. Nos anos 60, a juventude de vários
países do mundo saiu às ruas e, de formas
diferentes, se manifestou pela liberdade in-
dividual, sem deixar de se manifestar pelas
liberdades e direitos sociais; manifestações
que eram diretamente contra os modelos ca-
pitalista ou socialista, mas que traduziram as
inquietações dessa geração frente ao mundo
e suas perspectivas.
2. O período destacado foi marcado pelo apogeu
do expansionismo romano, época do Impé-
rio, quando Roma dominava todos os terri-
tórios ao redor do Mediterrâneo, incluindo a
Palestina. O mosaico de animais demonstra a
quantidade e diversidade desses territórios.
3. A minoria branca que governava a África
do Sul instituiu o Apartheid, um regime de
segregação racial, para submeter os negros
aos brancos no país. Durante a vigência de
tal regime, além de não poder frequentar os
mesmos lugares que os brancos, os negros
eram obrigados a andar portando um passe
para se deslocar pelas cidades.

43
Prescrição: As questões abaixo abordam os principais acontecimentos do Século XX. É necessário
concentrar-se nas duas grandes guerras mundiais e no período da Guerra Fria – incluindo, evidentemente,
as manifestações políticas desse período. Algumas questões abordam lutas emancipacionistas no
pós-1945 e a reestruturação política mundial sob tal contexto.

Prática dos 2. (ENEM) Nós nos recusamos a acreditar que o


banco da justiça é falível. Nós nos recusamos
a acreditar que há capitais insuficientes de
conhecimentos - E.O. oportunidade nesta nação. Assim nós viemos
trocar este cheque, um cheque que nos dará
1. (ENEM) o direito de reclamar as riquezas de liberda-
de e a segurança da justiça.
KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago.
1963. Disponível em: www.palmares.gov.
br. Acesso em: 30 nov. 2011 (adaptado).

O cenário vivenciado pela população negra,


no sul dos Estados Unidos nos anos 1950,
conduziu à mobilização social. Nessa época,
surgiram reivindicações que tinham como
expoente Martin Luther King e objetivavam:
a) a conquista de direitos civis para a popula-
ção negra.
b) o apoio aos atos violentos patrocinados pe-
los negros em espaço urbano.
c) a supremacia das instituições religiosas em
meio à comunidade negra sulista.
d) a incorporação dos negros no mercado de
trabalho.
Com sua entrada no universo dos gibis, o e) a aceitação da cultura negra como represen-
tante do modo de vida americano.
Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o
autoritarismo militar e combater a tirania.
3. (ENEM) A Idade Média é um extenso período
Claro que, em tempos de guerra, um gibi de
da História do Ocidente cuja memória é cons-
um herói com uma bandeira americana no truída e reconstruída segundo as circunstân-
peito aplicando um sopapo no Furer só pode- cias das épocas posteriores. Assim, desde o
ria ganhar destaque, e o sucesso não demo- Renascimento, esse período vem sendo alvo
raria muito a chegar. de diversas interpretações que dizem mais
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: sobre o contexto histórico em que são produ-
crítica. Disponível em: www.revistastart.com. zidas do que propriamente sobre o Medievo.
br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado). Um exemplo acerca do que está exposto no
texto acima é:
A capa da primeira edição norte-americana a) a associação que Hitler estabeleceu entre o III
da revista do Capitão América demonstra sua Reich e o Sacro Império Romano Germânico.
associação com a participação dos Estados b) o retorno dos valores cristãos medievais,
Unidos na luta contra: presentes nos documentos do Concílio Vati-
a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial. cano II.
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra c) a luta dos negros sul-africanos contra o
Mundial. apartheid inspirada por valores dos primei-
c) o poder soviético, durante a Guerra Fria. ros cristãos.
d) o movimento comunista, na Segunda Guerra d) o fortalecimento político de Napoleão Bo-
do Vietnã. naparte, que se justificava na amplitude de
e) o terrorismo internacional, após 11 de se- poderes que tivera Carlos Magno.
tembro de 2001. e) a tradição heroica da cavalaria medieval, que
foi afetada negativamente pelas produções
cinematográficas de Hollywood.

44
4. (ENEM) No mundo árabe, países governados b) restringiram-se às sociedades de países de-
há décadas por regimes políticos centraliza- senvolvidos, onde a industrialização avança-
dores contabilizam metade da população com da, a penetração dos meios de comunicação
menos de 30 anos; desses, 56% têm acesso à de massa e a alienação cultural que deles
internet. Sentindo-se sem perspectivas de resultava eram mais evidentes.
futuro e diante da estagnação da economia, c) resultaram no fortalecimento do conser-
esses jovens incubam vírus sedentos por mo- vadorismo político, social e religioso que
dernidade e democracia. Em meados de de- prevaleceu nos países ocidentais durante as
zembro, um tunisiano de 26 anos, vendedor décadas de 70 e 80.
de frutas, põe fogo no próprio corpo em pro- d) tiveram baixa repercussão no plano político,
testo por trabalho, justiça e liberdade. Uma apesar de seus fortes desdobramentos nos
série de manifestações eclode na Tunísia e, planos social e cultural, expressos na mu-
como uma epidemia, o vírus libertário come- dança de costumes e na contracultura.
ça a se espalhar pelos países vizinhos, der- e) inspiraram futuras mobilizações, como o
rubando em seguida o presidente do Egito, pacifismo, o ambientalismo, a promoção da
Hosni Mubarak. Sites e redes sociais – como equidade de gêneros e a defesa dos direitos
o Facebook e o Twitter – ajudaram a mobili- das minorias.
zar manifestantes do norte da África a ilhas
do Golfo Pérsico. 6.
SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da Liberdade.
Isto é Internacional. 2 mar. 2011 (adaptado).

Considerando os movimentos políticos men-


cionados no texto, o acesso à internet permi-
tiu aos jovens árabes:
a) reforçar a atuação dos regimes políticos
existentes.
b) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver.
c) manter o distanciamento necessário à sua
segurança.
d) disseminar vírus capazes de destruir progra- O cartum, publicado em 1932, ironiza as
mas dos computadores. consequências sociais das constantes prisões
e) difundir ideias revolucionárias que mobiliza- de Mahatma Gandhi pelas autoridades britâ-
ram a população. nicas, na Índia, demonstrando:
a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no
5. O ano de 1968 ficou conhecido pela eferves- território indiano.
cência social, tal como se pode comprovar b) o apoio da população hindu a prisão de Gan-
pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre dhi.
propostas preliminares para uma revolução c) o caráter violento das manifestações hindus
cultural: “É preciso discutir em todos os lu- frente à ação inglesa.
gares e com todos. O dever de ser responsável d) a impossibilidade de deter o movimento li-
e pensar politicamente diz respeito a todos, derado por Gandhi.
não é privilégio de uma minoria de iniciados. e) a indiferença das autoridades britânicas
Não devemos nos surpreender com o caos das frente ao apelo popular hindu.
ideias, pois essa é a condição para a emergên-
cia de novas ideias. Os pais do regime devem 7. TEXTO I
compreender que autonomia não é uma pala- A Europa entrou em estado de exceção, per-
vra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, sonificado por obscuras forças econômicas
a mudança de sua natureza. Que ninguém sem rosto ou localização física conhecida
tente rotular o movimento atual; ele não tem que não prestam contas a ninguém e se es-
etiquetas e não precisa delas”. palham pelo globo por meio de milhões de
Journal de la comune étudiante. Textes ET transações diárias no ciberespaço.
documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado). ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo.
Folha de S.Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado).
Os movimentos sociais, que marcaram o ano
de 1968: TEXTO II
a) foram manifestações desprovidas de cono- Estamos imersos numa crise financeira como
tação política, que tinham o objetivo de nunca tínhamos visto desde a Grande Depres-
questionar a rigidez dos padrões de compor- são iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
tamento social fundados em valores tradi- Entrevista de George Soros. Disponível em: www.
cionais da moral religiosa. nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).

45
A comparação entre os significados da atual 9. As Brigadas Internacionais foram unidades
crise econômica e do crash de 1929 oculta a de combatentes formadas por voluntários de
principal diferença entre essas duas crises, 53 nacionalidades dispostos a lutar em de-
pois: fesa da República espanhola. Estima-se que
a) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvi- cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do
mento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual mundo – incluindo 40 brasileiros – tenham
crise é o resultado dos gastos militares desse se incorporado a essas unidades. Apesar de
país nas guerras do Afeganistão e Iraque. coordenadas pelos comunistas, as Brigadas
b) a crise de 1929 ocorreu devido a um qua- contaram com membros socialistas, liberais
dro de superprodução industrial nos EUA e e de outras correntes político-ideológicas.
a atual crise resultou da especulação finan- SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História
ceira e da expansão desmedida do crédito Viva, n. 70, 2009 (fragmento).
bancário.
c) a crise de 1929 foi o resultado da concorrên- A Guerra Civil Espanhola expressou as dispu-
cia dos países europeus reconstruídos após tas em curso na Europa na década de 1930. A
a I Guerra e a atual crise se associa à emer- perspectiva política comum que promoveu a
gência dos BRICS como novos concorrentes mobilização descrita foi o(a):
econômicos. a) crítica ao stalinismo.
d) o crash da Bolsa em 1929 resultou do exces- b) combate ao fascismo.
so de proteções ao setor produtivo estadu- c) rejeição ao federalismo.
nidense e a atual crise tem origem na inter- d) apoio ao corporativismo.
nacionalização das empresas e no avanço da e) adesão ao anarquismo.
política de livre mercado.
e) a crise de 1929 decorreu da política inter-
vencionista norte-americana sobre o sistema 10. Rua Preciados, seis da tarde. Ao longe, a
de comércio mundial e a atual crise resultou massa humana que abarrota a Praça Puerta
do excesso de regulação do governo desse Del Sol, em Madri, se levanta. Um grupo de
país sobre o sistema monetário. garotas, ao ver a cena, corre em direção à
multidão. Milhares de pessoas fazem ressoar
o slogan: “Que não, que não, que não nos re-
8. A bandeira da Europa não é apenas o símbo-
presentem”. Um garoto fala pelo megafone:
lo da União Europeia, mas também da uni-
“Demandamos submeter a referendo o res-
dade e da identidade da Europa em sentido
gate bancário”.
mais lato. O círculo de estrelas douradas re-
RODRÍGUEZ, O. “Puerta Del Sol, o grande alto-falante”.
presenta a solidariedade e a harmonia entre Brasil de Fato, São Paulo, 26 maio-1 jun. 2011 (adaptado).
os povos da Europa.
Disponível em: http://europa.eu/index_pt.htm.
Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado). Em 2011, o acampamento dos Indignados
espanhóis expressou todo o descontenta-
A que se pode atribuir a contradição intrín- mento político da juventude europeia. Que
seca entre o que propõe a bandeira da Eu- proposta sintetiza o conjunto de reivindica-
ropa e o cotidiano vivenciado pelas nações ções políticas destes jovens?
integrantes da União Europeia? a) Voto universal.
a) Ao contexto da década de 1930, no qual a b) Democracia direta.
bandeira foi forjada e em que se pretendia c) Pluralidade partidária.
a fraternidade entre os povos traumatizados d) Autonomia legislativa.
pela Primeira Guerra Mundial. e) Imunidade parlamentar.
b) Ao fato de que o ideal de equilíbrio implícito
na bandeira nem sempre se coaduna com os
11. A participação da África na Segunda Guerra
conflitos e rivalidades regionais tradicionais.
Mundial deve ser apreciada sob a ótica da
c) Ao fato de que Alemanha e Itália ainda são
escolha entre vários demônios. O seu enga-
vistas com desconfiança por Inglaterra e
jamento não foi um processo de colaboração
França mesmo após décadas do final da Se-
com o imperialismo, mas uma luta contra uma
gunda Guerra Mundial.
d) Ao fato de que a bandeira foi concebida por forma de hegemonia ainda mais perigosa.
MAZRUI, A. “Procurai primeiramente o reino do político...”
portugueses e espanhóis, que possuem uma
In: MAZRUI, A., WONDJI, C. (Org.). História geral da
convivência mais harmônica do que as de- África: África desde 1925. Brasília: Unesco, 2010.
mais nações europeias.
e) Ao fato de que a bandeira representa as Para o autor, a “forma de hegemonia” é uma
aspirações religiosas dos países de vocação de suas características que explicam o enga-
católica, contrapondo-se ao cotidiano das jamento dos africanos no processo analisado
nações protestantes. foram:

46
a) comunismo / rejeição da democracia liberal. 1
4. (ENEM) Quatro olhos, quatro mãos e duas
b) capitalismo / devastação do ambiente natural. cabeças formam a dupla de grafiteiros “Os-
c) fascismo / adoção do determinismo biológico. gemeos”. Eles cresceram pintando muros do
d) socialismo / planificação da economia nacional. bairro Cambuci, em São Paulo, e agora têm
e) colonialismo / imposição da missão civilizatória. suas obras expostas na conceituada Deitch
Gallery, em Nova Iorque, prova de que o gra-
fite feito no Brasil é apreciado por outras
1
2. Tendo encarado a besta do passado olho no culturas. Muitos lugares abandonados e sem
olho, tendo pedido e recebido perdão e ten- manutenção pelas prefeituras das cidades
do feito correções, viremos agora a página tornam-se mais agradáveis e humanos com
– não para esquecê-lo, mas para não deixá-lo os grafites pintados nos muros. Atualmente,
aprisionar-nos para sempre. Avancemos em instituições públicas educativas recorrem ao
direção a um futuro glorioso de uma nova grafite como forma de expressão artística, o
sociedade sul-africana, em que as pessoas que propicia a inclusão social de adolescen-
valham não em razão de irrelevâncias bioló- tes carentes, demonstrando que o grafite é
considerado uma categoria de arte aceita e
gicas ou de outros estranhos atributos, mas
reconhecida pelo campo da cultura e pela so-
porque são pessoas de valor infinito criadas
ciedade local e internacional.
à imagem de Deus. Disponível em: http://www.flickr.com.
Desmond Tutu, no encerramento da Comissão da Verdade Acesso em: 10 set. 2008 (adaptado).
na África do Sul. Disponível em: http://td.camara.
leg.br. Acesso em: 17 dez. 2012 (adaptado). No processo social de reconhecimento de va-
lores culturais, considera-se que:
No texto, relaciona-se a consolidação da democra- a) grafite é o mesmo que pichação e suja a ci-
cia na África do Sul à superação de um legado: dade, sendo diferente da obra dos artistas.
a) populista, que favorecia a cooptação de dis- b) a população das grandes metrópoles depara-
sidentes políticos. -se com muitos problemas sociais, como os
b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com grafites e as pichações.
os movimentos sociais. c) atualmente, a arte não pode ser usada para
inclusão social, ao contrário do grafite.
c) segregacionista, que impedia a universaliza-
d) os grafiteiros podem conseguir projeção in-
ção da cidadania.
ternacional, demonstrando que a arte do
d) estagnacionista, que disseminava a pauperi- grafite não tem fronteiras culturais.
zação social. e) lugares abandonados e sem manutenção
e) fundamentalista, que engendrava conflitos tornam-se ainda mais desagradáveis com a
religiosos. aplicação do grafite.

1
3. A política foi, inicialmente, a arte de impedir
as pessoas de se ocuparem do que lhes diz res- Gabarito
peito. Posteriormente, passou a ser a arte de
compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo 1. B 2. A 3. A 4. E 5. E
de que nada entendem.
6. D 7. B 8. B 9. B 10. B
VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M.
A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996. 11. E 12. C 13. C 14. D
Nessa definição, o autor entende que a histó-
ria da política está dividida em dois momen-
tos principais: um primeiro, marcado pelo
autoritarismo excludente, e um segundo, ca-
racterizado por uma democracia incompleta.
Considerando o texto, qual é o elemento comum
a esses dois momentos da história política?
a) A distribuição equilibrada do poder.
b) O impedimento da participação popular.
c) O controle das decisões por uma minoria.
d) A valorização das opiniões mais competen-
tes.
e) A sistematização dos processos decisórios.

47
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 5 e 6

Competências 1 e 2
Habilidades 1 e 6

BREVIÁRIO

O contato entre portugueses e indígenas


Etnocentrismo, termo oriundo da Antropologia, é quando determinado grupo se assume como superior aos demais,
em termos materiais, culturais, morais e espirituais.
Do ponto de vista da relação entre índios e portugueses, São Vicente, Bahia e Pernambuco fornecem-nos
três modelos distintos. Em São Vicente, conforme diz o padre Anchieta, “nunca nela houve guerra com os índios”,
a não ser no ano de 1562. Os portugueses incorporaram boa parte da cultura material indígena e chegaram a
adotar sua língua.
Na Bahia, com a instalação do governo-geral, foi implantada uma política que consistiu na guerra decla-
rada contra os tupinambás e, ao mesmo tempo, numa sólida aliança com os tupiniquins. Com essa política que
diferenciava indígenas aliados e indígenas inimigos, a Bahia beneficiou-se da criação de um verdadeiro cinturão de
proteção representado pelos grupos aliados.
Em Pernambuco, os indígenas foram militarmente derrotados pelos portugueses. Ao contrário do que ocor-
reu na Bahia, não fizeram alianças e, assim, ficaram mais vulneráveis aos ataques indígenas e com maior dificul-
dade para repeli-los.

Descobrimento do Brasil – Oscar Pereira da Silva (1904)

49
Leis da Primeira República
No início da era republicana, em 1890, o Código Penal brasileiro ainda continha traços de preconceito às práticas
culturais e religiosas dos escravos africanos recém-libertos. Rupturas institucionais, como o fim da escravidão e a
proclamação da República, não alteram imediatamente a mentalidade e as práticas preconceituosas de um povo
que conviveu por mais de três séculos com os males do trabalho cativo.
Cabe lembrar de que, em 1873, numa convenção na cidade de Itu, foi fundado o Partido Republicano Pau-
lista (PRP), que capitaneou a propaganda republicana e veio a ser o mais forte da Primeira República, dominado
pelos grandes cafeicultores do Oeste paulista. Por mais que fossem republicanos, não manifestavam o interesse de
liquidar com a escravidão.

Convenção de Itu – Jonas Barros (1973)

A primeira missa do Brasil


A primeira missa realizada no Brasil foi um marco histórico, pois simbolizou o início da entrada do cristianismo
numa terra habitada por milhões de indígenas. Ela ocorreu no dia 26 de abril de 1500 (um domingo de Páscoa),
quatro dias após a chegada dos portugueses ao Brasil, no litoral sul do atual Estado da Bahia (região de Porto
Seguro). Foi dessa forma que Pero Vaz de Caminha narrou-a:
“Enquanto assistíamos à missa e à pregação, folgava na praia um grupo de gente […] com seus arcos e
setas. E olhando-nos, sentaram-se. Depois de acabada a missa, quando estávamos sentados ouvindo a pregação,
muitos deles levantaram-se e começaram a tocar corno ou buzina, saltando e dançando por um bom tempo. Alguns
deles se metiam em jangadas – duas ou três que lá tinham – as quais não são feitas como as que eu já vi: somente
são três traves, atadas entre si. E neles subiam quatro ou cinco, ou só que quisessem, não se afastando quase nada
da terra, indo só onde dava pé.”
Pouco se estuda sobre os povos tupis dentro das escolas brasileiras, embora eles tenham se espalhado
por vasto território na América portuguesa. A economia desse povo era de agricultura rudimentar e extrativista,
marcada por rígida divisão sexual do trabalho. Eram povos que constantemente se colocavam em guerra contra
outras tribos, o que trazia teor bélico aos seus costumes e cultura. O canibalismo, portanto, não lhes era estranho.

50
Os tupis eram distribuídos em dez grandes grupos, quando da chegada portuguesa no continente, conforme
a imagem a seguir:

A relação entre colonizador e colonizado


Em 1500, na chegada dos portugueses na América, estima-se que cerca de três a quatro milhões de índios viviam
no atual território brasileiro, distribuídos em centenas de tribos culturalmente distintas. Em 1825, logo após a
proclamação da Independência, cerca de 200 mil índios ocupavam nosso território. Tais números, recentemente
estimados, demonstram o caráter severo da dominação colonial portuguesa.
Já em 1970, acreditava-se que o fim da população indígena brasileira seria inevitável. Contudo, a partir
da década de 1980, houve expressivo crescimento das comunidades indígenas, revertendo o quadro de potencial
desaparecimento.
Hoje, os mais de 240 povos indígenas somam, segundo o censo do IBGE em 2010, 896.917 pessoas.
Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083, em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da
população total do País.
A leitura da tabela e do gráfico abaixo, desenvolvido pela Funai (Fundação Nacional do Índio), revela-nos
a evolução da população indígena em nosso território.

51
O domínio ideológico do catolicismo
Sodomia é uma palavra de origem bíblica usada para designar atos praticados pelos moradores da cidade de
Sodoma. Por muitos anos, sodomia vem sendo interpretado por diversos segmentos religiosos como as perversões
sexuais, com ênfase para o sexo entre homossexuais. É histórico e notório a categorização nociva e a persegui-
ção extensiva que as instituições ligadas às mais diversas crenças promovem contra grupos que não aderem ou
contestam suas práticas. No caso do catolicismo, temos o bárbaro exemplo da Inquisição, que perseguia, acusava
e condenava – muitas vezes até a morte – qualquer indivíduo que praticasse ou mesmo se manifestasse contra
os dogmas da Igreja. Nesta longa e triste história, incluem-se desde camponeses pagãos até grandes gênios do
Renascimento.
A perseguição aos “anormais” está ligada diretamente à normatização dos corpos com a finalidade da
manutenção das estruturas de poder, às quais as instituições religiosas estão ligadas – quando não elas mesmas
representam a tirania institucionalizada. O enquadramento do “anormal” em qualquer categoria de repulsa que
seja, nada mais é do que uma tentativa de dominação do corpo, das consciências e do espírito; um claro ataque à
liberdade individual.

A cana-de-açúcar na economia brasileira


A cana-de-açúcar é uma planta exógena ao território americano, oriunda da Índia. Decidiu-se plantá-la no Brasil
por questões meramente comerciais e através de decisão régia. Não há outra motivação que não a de valorização
da colônia e do lucro comercial para o cultivo da cana pelos portugueses.
Quando Portugal se decidiu pela colonização do Brasil, não enfrentava uma situação econômica favorável
em virtude, principalmente, da crise do comércio com o Oriente. O Brasil seria, portanto, uma alternativa de acú-
mulo de capitais para o Estado lusitano no contexto da política mercantilista. Dessa forma, foi implantada uma
colonização de exploração, através da qual as colônias serviriam para o sustento da economia metropolitana, ser-
vindo como áreas produtoras de gêneros tropicais, fornecedoras de metais preciosos e consumidoras de produtos
manufaturados e escravos. A colonização do Brasil deveria garantir o sustento econômico de Portugal, gerando
riquezas e permitindo a ocupação e a defesa da terra, sem gastos para a metrópole.
A economia colonial agrícola baseada na monocultura, no latifúndio e na escravidão tinha seu funcionamen-
to voltado para o mercado externo, transferindo capital da colônia para a metrópole, que controlava a circulação
mercantil. A natureza da produção colonial ajustava-se às necessidades do mercado europeu. Assim, a colônia era

52
um instrumento de acumulação de capital para os centros dinâmicos da Europa. O eixo central desse mecanismo
era o regime do monopólio colonial. Também conhecido como pacto colonial, esse regime estabelecia a exclusivi-
dade do comércio externo da colônia em favor da metrópole. Procurava-se sempre, até onde fosse possível, pagar
os menores preços pelos produtos da colônia, para vendê-los com maior lucro na metrópole ou na revenda para o
mercado europeu. Além disso, buscava-se conseguir maiores lucros da venda de produtos oriundos da metrópole,
sem concorrência, na colônia. Para evitar a concorrência com a metrópole, foi vetada a instalação de manufaturas
na colônia. A economia colonial era, portanto, complementar em relação à economia metropolitana.

O Estado de São Paulo é referência global no cultivo e na produção de derivados de cana-de-açúcar. Como
maior produtor mundial de etanol a partir da cana-de-açúcar, o Estado é pioneiro em pesquisa e desenvolvimento
nesse setor e detém uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.
Segundo o Sistema de Acompanhamento de Produção Canavieira, a indústria sucroalcooleira paulista pro-
duziu 21 milhões de toneladas de açúcar e 11,6 bilhões de litros de etanol, que representam, respectivamente,
58,7% e 51,2% do total produzido no Brasil, em 2012. Entre 2003 e 2012, a produção paulista de açúcar cresceu
73,8% e a de álcool 64,5%, impulsionada pelo mercado estadual de biocombustíveis. A economia do setor sucro-
energético representa 44% de toda a agropecuária paulista.
São Paulo possui usinas instaladas que processam matéria-prima proveniente de cerca de 5,2 milhões de
hectares plantados com cana-de-açúcar. Essa área representa 54% dos quase 9,6 milhões de hectares com a cul-
tura em todo o território brasileiro. A área do canavial de São Paulo é equivalente aos territórios da Croácia ou da
Costa Rica.
A cultura da cana está distribuída em praticamente todo o Estado de São Paulo, com destaque para o cen-
tro-norte (Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca e Barretos), as regiões de Campinas, Bauru e Jaú e, mais recentemente,
o oeste (Araçatuba e Presidente Prudente).

53
A plantation
No catolicismo, o trabalho é algo negativo, uma penitência. Na Idade Média, e no início da Idade Moderna,
justificava-se a estratificação social e a exploração do trabalho com preceitos religiosos, sempre a colocar servos e
trabalhadores manuais em situações de maior desprestígio social.
No Brasil, a grande disponibilidade de terras foi fundamental para determinar o modelo de colonização. Esse
modelo ficou conhecido como plantation e baseava-se em três elementos: grande propriedade, monocultura
e trabalho escravo.
As principais instalações do engenho são: moenda, caldeira e casa de purgar. As construções principais são
a casa-grande, a senzala, as estrebarias e as oficinas.
A unidade produtora da agromanufatura açucareira era o engenho, que se constituía basicamente de:
§§ casa-grande: residência, geralmente assobradada, onde viviam o senhor e sua família. Nela, também mo-
ravam os empregados de confiança (capatazes) que cuidavam de sua segurança. Era a central administrativa
das atividades econômicas do engenho;
§§ senzala: habitação de um único compartimento, rústica e pobre, onde viviam os escravos;
§§ capela: local das cerimônias religiosas;
§§ casa do engenho: formada pelas instalações destinadas à produção de açúcar, como a moenda (onde se
mói a cana para extrair o caldo), a fornalha (onde se purifica o caldo), a casa de purgar (onde se acaba de
purificar o caldo) e os galpões (onde o açúcar era armazenado).
Na lógica mercantilista, o pacto colonial obrigava a colônia a fornecer metais preciosos e gêneros tropicais
baratos para a metrópole e consumir destas manufaturas e escravos. Portanto, enquanto a escravidão indígena
geraria um comércio local, a escravidão negra permitiria a obtenção de grandes lucros por parte dos traficantes
portugueses, que dominavam áreas fornecedoras de escravos na África, como Angola, Goa e São Tomé. Além disso,
o papado reconheceu o monopólio português no tráfico negreiro, determinando que os negros escravizados fossem
batizados e, através do trabalho, pudessem salvar suas almas. Em 1570, o rei português D. Sebastião proibiu a
escravidão indígena, sendo a mesma permitida somente a índios capturados em combate contra portugueses, nas
chamadas “guerras justas”.

54
A mineração
As primeiras jazidas de ouro, no Brasil, foram descobertas na última década do século XVII, por volta de 1693, por
bandeirantes paulistas, no território do atual Estado de Minas Gerais. Eram jazidas superficiais e o ouro de aluvião
era encontrado, inicialmente, nas margens de rios, razão pela qual se esgotavam rapidamente. Depois do ouro de
Minas Gerais, foram realizadas descobertas menos importantes em Mato Grosso (1718) e Goiás (1725).
Em razão disso, a distância das zonas mineradoras em relação ao litoral fazia do comércio atividade in-
dispensável. Milhares de mercadores de gado, alimentos e produtos de primeira necessidade foram atraídos pela
liquidez monetária e pelos altos preços praticados nessas zonas.

A Conjuração Baiana
A Conjuração Baiana ocorreu em Salvador, em 1798, resultado da insatisfação das camadas médias urbanas e da
população pobre com o agravamento da situação de fome e miséria associado à exploração metropolitana.
Foi um movimento de caráter popular, também denominada Revolta dos Alfaiates, graças ao considerável
número de participantes que exerciam essa profissão. Representou uma reação de camadas sociais oprimidas
pela crise econômica e pelas desigualdades. A economia nordestina, especialmente no litoral onde se produzia
cana-de-açúcar, como a Bahia, entrou em crise desde o século XVII, em virtude da expulsão dos holandeses e da
concorrência com o açúcar antilhano.
No século XVIII, com a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, a crise agravou-se e a
região sentia-se abandonada pela coroa portuguesa. A situação econômica provocava desemprego, fome e miséria,
bem como deixava a região fora do interesse dos comerciantes, que preferiam enviar seus produtos para o Sudeste
e Sul, onde encontravam melhores preços, provocando desabastecimento e carestia na Bahia.
A insatisfação popular foi alimentada pelos ideais da Revolução Francesa, pelo sucesso da independência
das treze colônias inglesas, pelas ideias iluministas divulgadas por lojas maçônicas, como a dos Cavaleiros da Luz,
e pelo propagandista dessas ideias, o cirurgião formado também em filosofia, Cipriano Barata.

55
Os objetivos da revolta baiana foram mais abrangentes que os das revoltas anteriores, não se limitando
apenas aos ideais de liberdade e independência. O levante baiano propunha mudanças verdadeiramente revolu-
cionárias na estrutura da colônia. Pregava a igualdade de raça e cor, o fim da escravidão, a abolição de todos os
privilégios, o que permite considerá-la a primeira tentativa de revolução social no Brasil.

No dia 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador amanheceu com os muros cheios de panfletos. Os
rebeldes esperavam conclamar o povo através dos informes espalhados pela cidade. Mas a pouca organização
e preparação dos rebeldes facilitaram a rápida ação do governo. No dia 25 de agosto, a prisão da maioria dos
implicados destruiu qualquer possibilidade de levante. Os líderes negros e mulatos foram presos. Cipriano Barata
e Aguilar Pantoja foram os únicos brancos detidos. Depois do julgamento, quatro implicados foram condenados à
forca: os mulatos João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos Santos, Lucas Dantas, Luís Gonzaga das Virgens.
Executados, foram esquartejados para servir de exemplo, como sempre acontecia nesses casos. A coroa devia ser
implacável com aqueles que ousavam contestar seu domínio. Os demais líderes foram deportados.

Os tratados de limite do Brasil


Em 1494, o Tratado de Tordesilhas dividiria o Novo Mundo entre Espanha e Portugal; Portugal ficaria com todos os
territórios a 370 léguas da Ilha de Cabo Verde; a Espanha, com o restante.
Mas, para além dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, havia inúmeros núcleos de colonização
portuguesa, cujos interesses econômicos eram irrenunciáveis.
Em vista disso, era urgente que espanhóis e portugueses buscassem solucionar esses problemas, o que foi
feito pela assinatura do Tratado de Madrid, em 1750.
No reinado de D. Maria I, os portugueses cederam os Sete Povos das Missões à soberania espanhola, cele-
brando o acordo que transferia à Espanha o controle exclusivo sobre o rio da Prata, fato conhecido por Tratado de
Santo Ildefonso, de 1777.

Principais tratados territoriais

56
Período Joanino - tratados de liberdade industriais
Em 1785, a rainha Maria, a Louca, editou lei que proibia a criação de manufaturas para além da metrópole portu-
guesa. Mais tarde, com a chegada da família real portuguesa, em 1808, a lei foi revogada.
D. João assinou o Alvará de Liberdade Industrial, permitindo a instalação de manufaturas e fábricas
no Brasil.
Apesar de um relativo e iminente surto industrial, com a criação de algumas manufaturas têxteis e siderúr-
gicas, a medida não foi suficiente para promover a industrialização no Brasil. Não havia capital suficiente para ser
aplicado em fábricas; o mercado consumidor era pequeno; a concorrência inglesa era insuperável; e, principalmen-
te, o investimento do capital estava voltado quase exclusivamente para o mercado de escravos.
O príncipe regente determinou ainda a criação da Casa da Moeda, responsável pela emissão monetária, e
do Banco do Brasil, que serviria para atender às necessidades bancárias das elites portuguesas e brasileiras, além
de regulamentar a arrecadação tributária, mais do que necessária para custear o aparelho burocrático montado
no Brasil.

O uso do solo na produção açucareira


As queimadas acompanharam todo o processo de produção de açúcar no Brasil. Para se preparar o solo para o
cultivo, os produtores não viam outra opção senão envolver vastas terras em chamas. Contudo, no final do século
XX, grupos ambientalistas lutam contra tal prática severa para o meio ambiente. O produto escolhido para dar
início à ocupação econômica do Brasil foi a cana-de-açúcar. Essa escolha não foi por acaso, sendo respaldada
por uma série de razões:
§§ O açúcar era um produto altamente lucrativo.
§§ A aceitação do produto no mercado europeu.
§§ A experiência portuguesa na produção de cana na costa africana (Cabo Verde, Madeira, São Tomé).
§§ Solo e clima favoráveis, especialmente o solo de massapé e o clima quente e úmido do Nordeste.
§§ A possibilidade de atrair investimentos externos.

57
A experiência de Portugal como produtor de açúcar em suas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde) con-
tribuiu para a escolha do produto e a forma de produção: eram semelhantes as condições ecológicas do Brasil e das
ilhas, o açúcar era das especiarias mais bem pagas e apreciadas no mercado europeu. Por seu valor, o açúcar po-
deria atrair investimentos, navios holandeses poderiam colaborar no transporte, os índios poderiam ser obrigados
a trabalhar na lavoura e, se não se adaptassem, havia os africanos, muitos deles já escravizados pelos portugueses.
A lavoura açucareira requeria vultosos investimentos iniciais, especialmente para a compra e montagem
dos equipamentos dos engenhos, no transporte de mudas da Europa para o Brasil e na obtenção de mão de obra
escrava. Como já foi dito anteriormente, Portugal enfrentava dificuldades econômicas e, por isso, se associou, em
especial, ao capital holandês na montagem da agromanufatura açucareira.

A Constituição de 1824
A Constituição de 1824 consentiu com alguns pontos da Constituição da Mandioca, como o voto censitário ex-
presso pelo inciso V do artigo 92. Depois de dissolver a Assembleia Constituinte de 1823, D. Pedro I nomeou um
Conselho de Estado composto por dez membros com a função de elaborar, sob sua supervisão pessoal, um novo
projeto constitucional para o Brasil. Apesar de ter adotado alguns pontos do Projeto da Constituição da Mandioca,
a nova Constituição ficou pronta em 1824 e foi outorgada, imposta, por D. Pedro I, em 25 de março com as
seguintes características:
§§ monarquia hereditária constitucional;
§§ unitarismo, centralização do poder político; províncias sem autonomia com presidentes nomeados pelo
poder central;
§§ quatro poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador.
§§ eleições eram realizadas indiretas, censitárias e em dois níveis; eleitores homens maiores de 21 anos
com renda mínima anual de 100 mil réis para os eleitores de paróquia (primeiro grau) e de 200 mil réis para
os eleitores de província (segundo grau); eleições de deputados e senadores, renda mínima de 400 e 800
mil réis, respectivamente; senadores vitalícios; morto um senador, convocavam-se eleições; a lista dos
mais votados era apresentada ao imperador, que nomeava um deles;
§§ religião católica adotada como oficial pelo Estado; proibidos templos e manifestações públicas de quais-
quer outras religiões, apenas culto privado;
§§ padroado: Igreja católica subordinada ao Estado; e
§§ beneplácito: leis da Igreja com a autorização do imperador.

58
O Poder Legislativo seria exercido por deputados senadores e o Judiciário, pelos juízes de paz. O Poder Exe-
cutivo seria exercido pelo imperador, ministros de Estado e presidentes das províncias. Já o Poder Moderador era
exclusivo do imperador, com direito a intervir nos demais poderes como ponto de equilíbrio político do Estado. De
fato, simbolizava o autoritarismo do monarca.
A Carta de 1824 não era democrática. Guardava os princípios do liberalismo, desvirtuados pelo excessivo
centralismo do imperador, excluía os escravos; graças à distância entre o avanço da definição dos poderes e o cum-
primento das suas determinações, não passava de um Estado escravocrata, cuja elite costumava fazer suas próprias
leis e o favoritismo marcava as relações sociais e políticas. Mantinha-se a tradição autoritária. Era impossível o
exercício do liberalismo.

Primeiro Reinado
A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a outorga da Constituição de 1824 foram grandes exemplos
do autoritarismo de D. Pedro I e geraram grande descontentamento em várias províncias, especialmente em Per-
nambuco, que já havia liderado um movimento, em 1817, em reação à presença da corte portuguesa no Brasil e à
situação da província e da região Nordeste.
A crise econômica persistia, especialmente na economia açucareira, atingindo os diversos segmentos sociais
em Pernambuco. Além disso, os liberais, outrora empolgados com a independência, tiveram suas expectativas frus-
tradas pelas ações autoritárias do monarca brasileiro.
A situação levou figuras como Cipiriano Barata e Frei Caneca a se manifestarem publicamente contra D.
Pedro I e suas atitudes. Cipriano Barata, veterano da Conjura dos Alfaiates e da Revolução de 1817, foi chamado
“o homem de todas as revoluções”.
Em 1823, dirigia um de seus inúmeros jornais, A Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, em que
atacava violentamente o despotismo de D. Pedro e as ameaças de recolonização. Em novembro, antes do início do
movimento revolucionário que pregava, foi preso, e na prisão permaneceu até 1830.
Joaquim do Amor Divino, o carmelita Frei Caneca, assim conhecido porque vendia canecas nas ruas do Re-
cife quando criança, havia participado também da Revolução de 1817. Logo depois da prisão de Cipriano Barata,
fundou o Tifis Pernambucano, jornal que atacava a Carta outorgada, em especial seu caráter centralizador, defen-
dendo a necessidade de uma estrutura federalista para o Brasil.

59
O movimento revolucionário teve início quando D. Pedro I destituiu Manoel Carvalho Paes de Andrade do
governo de Pernambuco e nomeou para seu lugar Francisco de Paes Barreto. Em 2 de julho de 1824, Paes de An-
drade rompeu com o governo e proclamou o regime republicano na província, contando com a adesão de liberais
de províncias vizinhas: Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

Pintura ilustra momento de execução de Frei Caneca

Os rebeldes pregavam a implantação do regime republicano, o federalismo, e a adoção provisória da Cons-


tituição da Grã-Colômbia. O nome escolhido para a jovem república nordestina foi Confederação do Equador, em
virtude de sua posição setentrional próxima à linha imaginária do Equador. Houve ainda a proibição provisória
do desembarque de escravos no porto de Recife e a questão abolicionista tornou-se o centro das discussões,
provocando a insatisfação da elite agrária e demais defensores da escravidão, o que os afastou do movimento e o
enfraqueceu.
O governo imperial organizou imediatamente uma violenta repressão contra Pernambuco e as demais pro-
víncias nordestinas envolvidas até derrotar completamente o movimento, em novembro de 1824. Vários foram
presos e muitos rebeldes morreram em combate.
Paes de Andrade conseguiu fugir do País e Frei Caneca foi preso e condenado à forca. Como os carrascos
recusaram-se a enforcá-lo, o frei carmelita foi fuzilado por ordem expressa de D. Pedro I. Outros envolvidos nas pro-
víncias de Fortaleza e Natal foram fuzilados. A repressão, além da esperada, demonstrou a forma como o imperador
trataria qualquer movimento que contestasse sua autoridade.

A presença inglesa na abolição


A pressão dos ingleses pela abolição da escravidão recrudesceu, fundamentalmente, porque a Inglaterra necessita-
va da liberação dos capitais investidos no tráfico para aplicação na infraestrutura, a fim de que se expandissem os
mercados consumidores dos produtos industrializados. Havia, ainda, a necessidade de que o trabalho assalariado
se tornasse a forma geral e dominante da exploração da força de trabalho.
Após a lei Eusébio de Queirós, de 1850, o tráfico africano foi definitivamente extinto no Brasil. A ausência
de oferta de mão de obra logo se fez sentir em diversas atividades brasileiras, com destaque à produção cafeeira
do Oeste paulista. Resolver a questão da mão de obra, na segunda metade do século XIX, era fundamental, visto
a escassez do recurso em território nacional. Os senhores de escravo sabiam que havia necessidade de pensar em
alternativas para a substituição do trabalho escravo e de elaborar estratégias de como implementar o mercado

60
de mão de obra livre. Daí a importância das primeiras campanhas de imigração ao Brasil no período, amplamente
subvencionadas pelo Estado.

Embates sobre o fim do trabalho escravo


A primeira lei efetiva contra o trabalho escravo foi aprovada em 4 de setembro de 1850, após o Brasil ter sofrido
imensa pressão da Inglaterra pelo fim do tráfico negreiro. Trata-se da lei Eusébio de Queirós, que pôs fim à
entrada de escravos no País.
Com o surgimento e impulso da lavoura cafeeira, o declínio da exploração de cana-de-açúcar e o final do
período regencial, o “comércio” de escravos cai. Os negros vindos do Norte e Nordeste não supriam a grande de-
manda de trabalhadores que o café exigia no Sul e Sudeste. Assim, os fazendeiros do café começaram a substituir
o trabalho escravo pelo trabalho livre. Houve uma campanha de incentivo à imigração europeia e a implantação de
mão de obra assalariada nas lavouras.
Todo progresso decorrente do café gerou, gradualmente, a oposição ao sistema escravista, e, em 1870,
começam a surgir manifestações abolicionistas. Após a lei Eusébio de Queirós (1850) e a volta vitoriosa de
negros da Guerra do Paraguai (1865-1870), em 8 de setembro de 1871, o gabinete de visconde do Rio Branco (do
Partido Conservador) promulga a lei do Ventre Livre. Ela dá liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir de
sua vigência, contudo a tutela destes pertence aos seus senhores até completarem 21 anos.

Em 1880, políticos e intelectuais começam a apoiar a abolição, e, em 1884, o Ceará decreta o fim da escra-
vidão em suas terras. Este último fato pressiona a opinião pública, e, em 1885, é decretada a lei Saraiva-Cotegipe,
mais conhecida como lei dos Sexagenários – que libertava escravos com mais de 60 anos e compensava seus
proprietários. Esta lei não teve efeitos significativos, pois poucos escravos atingiam tal idade.
Finalmente, em 13 de maio de 1888, o governo imperial cede e assina a lei Áurea, que dá liberdade a
todos os escravos e não indeniza seus proprietários. Contudo, ela não contribuiu tão fortemente para uma melho-
ria de condições aos ex-escravos. Sem estudos ou profissão, as possibilidades de ascensão social são limitadas e
muitos se mantêm em uma condição inferiorizada.
Além disso, à época, muitos dos escravos desinformados e agradecidos por Isabel lutaram ao lado do Impé-
rio contra os movimentos republicanos, formando a Guarda Negra do Império.

61
A Constituição de 1891
Logo nos primeiros anos da República, propunha-se para o Brasil uma República federativa, presidencialista e
liberal. O princípio federativo, defendido desde o Império por grupos exaltados e republicanos e incorporado ao
primeiro decreto do Governo Provisório, foi finalmente consagrado na Constituição, garantindo ampla autonomia
aos Estados, que passariam a:
§§ ter sua própria Constituição;
§§ eleger seus governadores;
§§ criar orçamentos e impostos votados pelas assembleias estaduais;
§§ contrair empréstimos no exterior; e
§§ organizar forças militares próprias.
À União caberia cobrar os impostos de importação, criar bancos emissores de moeda, organizar as forças ar-
madas nacionais e intervir nos Estados para restabelecer a ordem, a fim de que se mantivesse a forma republicana
federativa, e em outras situações. A Constituição estabeleceu os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário
– “harmônicos e independentes entre si”. O Poder Executivo seria exercido por um presidente da República, eleito
por um período de quatro anos. Como no Império, o Legislativo foi dividido em Câmara dos Deputados e Senado,
mas os senadores deixaram de ser vitalícios. Os deputados seriam eleitos nos Estados em número proporcional
ao de seus habitantes, por um período de três anos. Os senadores teriam um mandato de nove anos, três deles
representantes por Estado e três do Distrito Federal, capital da República.
Para as eleições, fixou-se o sistema de voto direto e universal e suprimiu-se o censo econômico (voto censitário).
Essa nova Constituição apresentava um caráter liberal que não foi posto em prática pelas oligarquias rurais,
que continuavam cometendo uma série de práticas fraudulentas e opressivas contra a população.
O coronelismo marcou a cultura política brasileira na República Velha incisivamente, e só começou a perder
suas forças a partir da década de 1920, com a modernização dos espaços e a ascensão de novos grupos sociais.
Com a capacidade de exercer grande comando sobre os trabalhadores de suas terras, os coronéis formavam
regimes e tributos em suas regiões, estabelecendo impostos cobrados sobre a população. Como naquela época o
voto não era secreto, os trabalhadores tinham medo de desobedecer as ordens dos coronéis com receio de sofrerem
punições físicas ou perderem suas fontes de sobrevivência, era o chamado voto de cabresto.
Nesse paraíso das oligarquias, predominavam as práticas eleitorais fraudulentas. Nenhum coronel aceitava
perder uma eleição. Os eleitores eram coagidos, comprados, aliciados ou excluídos. Não havia eleição limpa. O voto
podia ser fraudado antes da eleição, na hora da votação ou no momento da apuração. É dessa época a chamada
“eleição a bico de pena”, pela qual os mesários é que escolhiam os eleitos, atestando o resultado da eleição me-
diante a elaboração de atas fraudulentas. Era comum o voto de pessoas mortas e de eleitores fictícios.
Nessa época, o coronel retinha os títulos eleitorais e o eleitor não sabia em quem votava. Se algum se
atrevesse a perguntar ao coronel em quem tinha votado, o coronel respondia que não podia revelar porque o voto
era “secreto”.

62
O patrimonialismo
A conjugação entre o “coronelismo”, o “clientelismo” e o “compadrio” estabelece uma intrincada trama de fa-
vores, que invariavelmente beneficiou os proprietários de terra, que concentravam poder econômico e político
durante a Primeira República. Tratava-se de um pacto oligárquico, entre as frações e facções da elite dominante,
cujo objetivo era assegurar o domínio político das oligarquias estaduais e garantir ao poder central o governo do
País acima dos interesses das demais classes sociais, particularmente os interesses dos trabalhadores. O governo de
Campos Salles estabeleceu as bases desse pacto político. Apoiou, com todos os meios a seu alcance, a oligarquia
dominante de cada Estado, a fração ou facção da elite dominante local no poder naquele momento. Em troca desse
apoio, essa mesma oligarquia apoiaria irrestritamente as decisões do governo federal no Legislativo, garantindo a
eleição dos candidatos oficiais para o Congresso. O instrumento “legal” usado por Campos Salles e seus sucessores
para executar esta estratégia política foi o controle severo da “Comissão Verificadora de Poderes”, órgão do Poder
Legislativo encarregado de verificar os resultados das eleições contidos nos livros de registro dos votos e legitimar a
posse dos eleitos. Candidatos da oposição que conseguissem ser eleitos eram “degolados”, tinham seus mandatos
cassados pela Comissão que regularmente alegava fraudes eleitorais, que sempre ocorriam, se bem fossem permiti-
das apenas a favor dos candidatos da situação. A “política dos governadores” foi criada para realizar as promessas
feitas durante a propaganda republicana ao defender o federalismo: garantir o poder local e os interesses das cha-
madas “oligarquias”, das frações e facções da elite dominante, com o objetivo de obter o apoio das oligarquias dos
Estados ao governo federal, nas mãos das oligarquias paulista e mineira. Se apoiado pelas oligarquias estaduais,
o presidente se preocuparia apenas em governar e implementar projetos de interesse das elites e dos seus vários
setores. Força política e policial-militar para reprimir os que a eles se opusessem é o que não lhe faltava. O projeto
político republicano brasileiro de liberdade, igualdade e fraternidade seletivas tornava-se plenamente vitorioso.

O tratado de Petrópolis
O território acreano pertencia à Bolívia, embora o látex de suas florestas viesse sendo explorado por brasileiros.
Em 1901, as tensões agitaram a região. O governo boliviano concedeu a exploração dos seringais acreanos a uma
empresa estadunidense, a Bolivian Sindicate of New York, que passou a expulsar os brasileiros e a dominar a re-
gião. Há de se lembrar a importância do látex das seringueiras como fonte de insumo para a produção de borracha,
material utilizado em diversos ramos da indústria.
Dessa forma, em busca de defender seus interesses, brasileiros e bolivianos entraram em conflito. Sob a
liderança de Plácido de Castro, os bolivianos declararam a independência do Acre e a expulsão da companhia
estadunidense.

63
Posteriormente, o Brasil passou a negociar com a Bolívia a compra do território, negociações essas feitas
pelo ministro das Relações Exteriores, o barão do Rio Branco, que levaram em 1903 à assinatura de um acordo entre
os dois países: o Tratado de Petrópolis. A Bolívia cederia o território do Acre ao Brasil em troca de uma indenização
de dois milhões de libras esterlinas e do compromisso brasileiro de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré.
A imagem abaixo mostra a técnica de extração do látex da seringueira, prática esta ainda comum em di-
versos países.

A Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata ocorreu pouco tempo depois da posse de Hermes da Fonseca, resultado da reação dos ma-
rinheiros aos castigos infligidos a eles na marinha, no início do século XX. Revoltados com a punição imposta ao
marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, que servia no encouraçado Minas Gerais – morto depois de açoitado
na frente da tropa –, os marinheiros tomaram o controle do navio, liderados por João Cândido, o Almirante Negro.
Os marinheiros amotinados tomaram ainda o navio São Paulo e receberam o apoio de outros navios an-
corados na baía de Guanabara: o Bahia e o Deodoro. Os amotinados assassinaram o capitão Batista das Neves,
responsável pela punição ao marinheiro morto, e apontaram os canhões dos navios para a cidade do Rio de Janeiro,
ameaçando bombardeá-la, caso o governo Hermes da Fonseca não atendesse a suas exigências, enviadas median-
te um manifesto. Entre elas constavam fim dos castigos corporais na Marinha, aumento do soldo (remuneração)
dos marinheiros e melhorias da alimentação nas embarcações, consideradas de péssima qualidade.

João Cândido, o Almirante Negro

64
O presidente aceitou as exigências e enviou oficiais para assumir o controle dos navios, o que encerrou a
revolta. Mas, em seguida, ordenou a prisão de marinheiros envolvidos na revolta na ilha das Cobras ou em campos
de trabalhos forçados no Norte.
Pouco depois do fim da Revolta da Chibata, ocorreu uma revolta entre os fuzileiros navais, aquartelados
na ilha das Cobras, conhecida como Revolta do Batalhão Naval. O governo agiu com energia e rapidez: sufocou o
movimento e ordenou a prisão dos revoltosos. Muitos deles morreram em virtude dos maus tratos e da violência
com que foram tratados.

A Revolução de 1930
Dentre alguns políticos de oposição, Getúlio Vagas e João Pessoa aceitaram a derrota eleitoral da Aliança Liberal.
Mas a maioria dos opositores, inconformados com o resultado eleitoral, passaram a planejar uma conspiração,
dentre eles os civis Antônio Carlos de Andrada, Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor, e os militares, tenentes Siqueira
Campos, Miguel Costa e Juarez Távora. Exilado na Argentina, Luís Carlos Prestes foi convidado para participar da
conspiração, mas não aceitou. Já adepto do comunismo, defendia uma insurreição popular das camadas trabalha-
doras.
No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por João Dantas, em Recife, por questões de ordem
pessoal. O crime somou-se às acusações de fraude nas eleições presidenciais, à “degola” arbitrária de deputados
mineiros e de toda a bancada paraibana que apoiara a Aliança Liberal, ao descontentamento popular com a crise
econômica causada pela Grande Depressão de 1929, que serviram como justificativa para a mobilização armada
contra o governo federal.

Assassinato de João Pessoa, o estopim para a Revolução de 1930

O movimento teve início no Rio Grande do Sul, no dia 3 de outubro de 1930, sob a chefia de Getúlio Var-
gas e Oswaldo Aranha. Juarez Távora mobilizou o apoio ao movimento no Nordeste e Antônio Carlos de Andrada
liderou-o, em Minas Gerais. O comando geral do movimento revoltoso foi assumido pelo general Góes Monteiro.
Vários presidentes estaduais foram depostos. No dia 24 de outubro, o presidente Washington Luís foi depos-
to por militares do Exército e da Marinha, pouco menos de um mês antes de terminar seu mandato.
O poder federal foi assumido por uma junta militar composta pelo almirante Isaías Noronha e pelos generais
Mena Barreto e Tasso Fragoso. Um mês depois do golpe, a chefia do governo foi entregue a Getúlio Vargas, que
tomou posse como chefe do Governo Provisório. Estava consumada a chamada Revolução de 1930, que coroava a
derrota das forças representadas pelos PRP e PRM e a política do “café com leite”. Tinha início a Era Vargas, que
se estendeu até 1945, representou outras frações e facções políticas da classe dominante e inaugurou um novo
diálogo com o operariado e com as classes médias.

65
A Constituição de 1934
Promulgada em julho de 1934, a nova Constituição preservava o federalismo, o presidencialismo e a independência
dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
No Executivo, o presidente tinha mandato de quatro anos e sem vice. O Legislativo era bicameral, composto
por Senado e Câmara dos Deputados. O Judiciário, chefiado pelo Superior Tribunal Federal, foi aperfeiçoado pela
incorporação da Justiça Eleitoral, Militar e do Trabalho.
Foi a primeira constituição nacional a prever um Ministério da Educação e Saúde, tornando obrigatória a
universalização do ensino primário em todo território nacional. Era baseada na Constituição Alemã da República
de Weimar e tinha como características:
§§ Regime presidencialista, com mandato presidencial de quatro anos sem direito à reeleição.
§§ Extinção do cargo de vice-presidente.
§§ Representação estadual no Congresso por dois senadores, com mandato de oito anos, e por um número de
deputados proporcional à população do Estado, com mandato de quatro anos.
§§ Voto secreto e universal para ambos os sexos, alfabetizados e maiores de 18 anos.
§§ Voto profissional (deputados classistas) escolhidos pelos sindicatos.
§§ Criação da Justiça Eleitoral.
§§ Ensino primário obrigatório e gratuito.
§§ Obrigatoriedade de as empresas estrangeiras empregarem no mínimo 2/3 de brasileiros.
§§ Monopólio do Estado dos recursos hidrominerais.
§§ Nacionalização das companhias de seguro estrangeiras.
§§ Criação da Lei de Segurança Nacional e instituição do mandato de segurança.
§§ Incorporação das leis trabalhistas – limitação da jornada de trabalho para oito horas diárias, salário mínimo,
descanso semanal obrigatório, férias remuneradas, indenização para demissão sem justa causa e licença-
-maternidade de sessenta dias para as mulheres.

66
Aplicação dos Pressenti a fome, a sede,
Eu pensei: “vão me acabar”.

conhecimentos - Sala Levantei-me de Borduna já na mão.


Aí, senti no coração,
O Brasil vai começar.
1. Dali avistamos homens que andavam pela NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD Pernambuco
praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, to- falando para o mundo, 1998.
dos nus. Nas mãos traziam arcos com suas
A letra da canção apresenta um tema recor-
setas. Não fazem o menor caso de encobrir
rente na história da colonização brasileira,
ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm
as relações de poder entre portugueses e po-
tanta inocência como em mostrar o rosto.
vos nativos, e representa uma crítica à ideia
Ambos traziam os beiços de baixo furados e
presente no chamado mito:
metidos neles seus ossos brancos e verdadei- a) da democracia racial, originado das relações
ros. Os cabelos seus são corredios. cordiais estabelecidas entre portugueses e
CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem
nativos no período anterior ao início da co-
pela história do Brasil: documentos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997 (adaptado). lonização brasileira.
b) da cordialidade brasileira, advinda da forma
O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz como os povos nativos se associaram eco-
de Caminha, documento fundamental para a nomicamente aos portugueses, participando
formação da identidade brasileira. Tratando dos negócios coloniais açucareiros.
c) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade
da relação que, desde esse primeiro contato,
com que os nativos brasileiros aceitaram as
se estabeleceu entre portugueses e indíge- regras impostas pelo colonizador, o que ga-
nas, esse trecho da carta revela a: rantiu o sucesso da colonização.
a) preocupação em garantir a integridade do d) da natural miscigenação, resultante da for-
colonizador diante da resistência dos índios ma como a metrópole incentivou a união
à ocupação da terra. entre colonos, ex-escravas e nativas para
b) postura etnocêntrica do europeu diante das acelerar o povoamento da colônia.
características físicas e práticas culturais do e) do encontro, que identifica a colonização
indígena. portuguesa como pacífica em função das re-
c) orientação da política da Coroa Portuguesa lações de troca estabelecidas nos primeiros
quanto à utilização dos nativos como mão de contatos entre portugueses e nativos.
obra para colonizar a nova terra.
3. O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de
d) oposição de interesses entre portugueses e
1890 dizia:
índios, que dificultava o trabalho catequéti-
Fazer nas ruas e praças públicas exercícios
co e exigia amplos recursos para a defesa re-
de agilidade e destreza corporal, conhecidos
cursos para a defesa da posse da nova terra.
pela denominação de capoeiragem: andar
e) abundância da terra descoberta, o que pos-
em correrias, com armas ou instrumentos
sibilitou a sua incorporação aos interesses
capazes de produzir uma lesão corporal, pro-
mercantis portugueses, por meio da explo-
vocando tumulto ou desordens.
ração econômica dos índios. Pena: Prisão de dois a seis meses. SOARES, C. E.
L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio
2. Chegança de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria
Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Carriri, O artigo do primeiro Código Penal Republicano
Ianomâmi, sou Tupi naturaliza medidas socialmente excludentes.
Guarani, sou Carajá. Nesse contexto, tal regulamento expressava:
Sou Pancaruru, a) a manutenção de parte da legislação do Im-
Carijó, Tupinajé, Sou Potiguar, sou Caeté, pério com vistas ao controle da criminalida-
Ful-ni-ô, Tupinambá de urbana.
Eu atraquei num porto muito seguro, b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão
Céu azul, paz e ar puro... pelos primeiros governos do período republi-
Botei as pernas pro ar. cano.
Logo sonhei que estava no paraíso, c) o caráter disciplinador de uma sociedade
industrializada, desejosa de um equilíbrio
Onde nem era preciso dormir para sonhar.
entre progresso e civilização.
Mas de repente me acordei com a surpresa: d) a criminalização de práticas culturais e a
Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar. persistência de valores que vinculavam cer-
Da grande-nau tos grupos ao passado de escravidão.
Um branco de barba escura, e) o poder do regime escravista, que mantinha
Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar. os negros como categoria social inferior, dis-
E assustado dei um pulo da rede, criminada e segregada.

67
4. Ó sublime pergaminho 3.
Ao observar os artigos citados, percebe-
Libertação geral -se a preocupação em criminalizar atitudes
A princesa chorou ao receber comuns a uma parcela da população negra,
A rosa de ouro papal como a capoeira, vista pela elite branca como
Uma chuva de flores cobriu o salão uma ameaça.
E o negro jornalista É interessante notar que o Código foi ela-
De joelhos beijou a sua mão borado apenas dois anos depois do fim da
Uma voz na varanda do paço ecoou: escravidão e reflete a necessidade da criação
“Meu Deus, meu Deus de novos mecanismos, teoricamente demo-
cráticos, que mantivessem a população ne-
Está extinta a escravidão”
MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime gra, assim como suas expressões culturais,
Pergaminho. Disponível em: http:// www.letras. marginalizada.
terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010. 4.
A letra da música reflete uma concepção tra-
dicional da abolição da escravidão, segundo
O samba-enredo de 1968 reflete e reforça a qual a alforria foi uma dádiva da Princesa
uma concepção acerca do fim da escravidão Isabel aos escravos. Valoriza um ato suposta-
ainda viva em nossa memória, mas que não mente heroico e de bondade da governante,
encontra respaldo nos estudos históricos visão predominante na historiografia oficial.
mais recentes. Nas últimas décadas, a abolição é entendida
Nessa concepção ultrapassada, a abolição é como parte da luta de escravos e abolicio-
apresentada como: nistas e das contradições do próprio modelo
a) conquista dos trabalhadores urbanos livres, escravocrata no contexto de expansão do ca-
que demandavam a redução da jornada de pitalismo.
trabalho.
b) concessão do governo, que ofereceu benefí-
cios aos negros, sem consideração pelas lu-
tas de escravos e abolicionistas.
Gabarito
c) ruptura na estrutura socioeconômica do
país, sendo responsável pela otimização da 1. B 2. E 3. D 4. B
inclusão social dos libertos.
d) fruto de um pacto social, uma vez que agra-
daria os agentes históricos envolvidos na
questão: fazendeiros, governo e escravos.
e) forma de inclusão social, uma vez que a abo-
lição possibilitaria a concretização de direi-
tos civis e sociais para os negros.

Raio X
1.
O etnocentrismo pressupõe a avaliação de
um determinado grupo social a partir de va-
lores de outro. Neste caso, o europeu, par-
tindo de seus valores, analisa as característi-
cas físicas, costumes e o comportamento do
indígena. O etnocentrismo não manifesta,
necessariamente, o preconceito de forma
acintosa ou explicita.
2.
Os primeiros contatos entre portugueses
e indígenas foram amistosos, uma vez que
não havia primeira intenção de conquistar
e colonizar a terra. No período pré-colonial
(1500-1530), os portugueses se interessa-
ram pela extração do pau-brasil. No entan-
to, com o início da ocupação da terra (após
1530), o conflito se caracterizou, na medida
em que os indígenas, apesar de não terem a
noção de propriedade privada, sentirem suas
terras e vida ameaçadas pelos portugueses.

68
Prescrição: As questões abaixo abordam o amplo período que se estende entre a Colônia à
República Oligárquica, utilizando-se de textos, mapas e figuras. O fundamental é atentar-se aos
enunciados e ao conteúdo apresentado. Há um enfoque claro do ENEM nas principais revoltas e
reivindicações do período.

Prática dos boa parte da população indígena.


c) do empenho das ordens religiosas em prote-
conhecimentos - E.O. ger o indígena da exploração, o que garantiu
a sua supremacia na administração colonial.
d) da política racista da Coroa Portuguesa, con-
1. (ENEM) Em geral, os nossos tupinambás fi- trária à miscigenação, que organizava a so-
caram admirados ao ver os franceses e os
outros dos países longínquos terem tanto ciedade em uma hierarquia dominada pelos
trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, brancos.
pau-brasil. e) da necessidade de controle dos brancos so-
Houve uma vez um ancião da tribo que me fez bre a população indígena, objetivando sua
esta pergunta: “Por que vindes vós outros, adaptação às exigências do trabalho regular.
mairs e pêros (franceses e portugueses),
buscar lenha de tão longe para vos aquecer?
3. (ENEM) O alfaiate pardo João de Deus, que,
Não tendes madeira em vossa terra?”
LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. na altura em que foi preso, não tinha mais
Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974. do que 80 réis e oito filhos, declarava que
“Todos os brasileiros se fizesse franceses,
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) para viverem em igualdade e abundância”.
reproduz um diálogo travado, em 1557, com MAXWELL, K. Condicionalismos da independência
um ancião tupinambá, o qual demonstra do Brasil. SILVA, M. N. (Org.). O império luso-
uma diferença entre a sociedade europeia e brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
a indígena no sentido: O texto faz referência à Conjuração Baiana.
a) do destino dado ao produto do trabalho nos
No contexto da crise do sistema colonial, esse
seus sistemas culturais.
movimento se diferenciou dos demais movi-
b) da preocupação com a preservação dos re-
mentos libertários ocorridos no Brasil por:
cursos ambientais.
c) do interesse de ambas em uma exploração a) defender a igualdade econômica, extinguin-
comercial mais lucrativa do pau-brasil. do a propriedade, conforme proposto nos
d) da curiosidade, reverência e abertura cultu- movimentos liberais da França napoleônica.
ral recíprocas. b) introduzir no Brasil o pensamento e o ideário
e) da preocupação com o armazenamento de liberal que moveram os revolucionários ingle-
madeira para os períodos de inverno. ses na luta contra o absolutismo monárquico.
c) propor a instalação de um regime nos mol-
2. (ENEM) A experiência que tenho de lidar des da república dos Estados Unidos, sem
com aldeias de diversas nações me tem feito alterar a ordem socioeconômica escravista e
ver, que nunca índio fez grande confiança de latifundiária.
branco e, se isto sucede com os que estão já- d) apresentar um caráter elitista burguês, uma
civilizados, como não sucederá o mesmo com vez que sofrera influência direta da Revolu-
esses que estão ainda brutos. ção Francesa, propondo o sistema censitário
NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan. 1751. Apud de votação.
CHAIM, M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811).
São Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983 (adaptado).
e) defender um governo democrático que ga-
rantisse a participação política das camadas
Noronha, que atendeu às diretrizes da políti- populares, influenciado pelo ideário da Re-
ca indigenista pombalina que incentivava a volução Francesa.
criação de aldeamentos em função:
a) das constantes rebeliões indígenas contra
os brancos colonizadores, que ameaçavam a
produção de ouro nas regiões mineradoras.
b) da propagação de doenças originadas do con-
tato com os colonizadores, que dizimaram

69
4. (ENEM) A criação do feijão tropeiro na culinária bra-
sileira está relacionada à:
a) atividade comercial exercida pelos homens
que trabalhavam nas minas.
b) atividade culinária exercida pelos moradores
cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
c) atividade mercantil exercida pelos homens
que transportavam gado e mercadoria.
d) atividade agropecuária exercida pelos tropei-
ros que necessitavam dispor de alimentos.
e) atividade mineradora exercida pelos tropei-
ros no auge da exploração do ouro.

6. Distantes uma da outra quase 100 anos, as


duas telas seguintes, que integram o patri-
A imagem retrata uma cena da vida cotidiana mônio cultural brasileiro, valorizam a cena da
dos escravos urbanos no início do século XIX. primeira missa no Brasil, relatada na carta de
Lembrando que as atividades desempenha- Pero Vaz de Caminha. Enquanto a primeira re-
das por esses trabalhadores eram diversas, trata fielmente a carta, a segunda – ao excluir
os escravos de aluguel representados na pin- a natureza e os índios – critica a narrativa do
tura: escrivão da frota de Cabral. Além disso, na se-
a) vendiam a produção da lavoura cafeeira para gunda, não se vê a cruz fincada no altar.
os moradores das cidades.
b) trabalhavam nas casas de seus senhores e
acompanhavam as donzelas na rua.
c) realizavam trabalhos temporários em troca
de pagamento para os seus senhores.
d) eram autônomos, sendo contratados por ou-
tros senhores para realizarem atividades co-
merciais.
e) aguardavam a sua própria venda após de-
sembarcarem no porto.

5. Os tropeiros foram figuras decisivas na for-


mação de vilarejos e cidades do Brasil colo-
nial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que,
no passado, se referia ao conjunto de ho-
mens que transportava gado e mercadoria.
Por volta do século XVIII, muita coisa era le-
vada de um lugar a outro no lombo de mulas.
O tropeirismo acabou associado à atividade
mineradora, cujo auge foi a exploração de
ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goi-
ás. A extração de pedras preciosas também
atraiu grandes contingentes populacionais
para as novas áreas e, por isso, era cada vez Ao comparar os quadros e levando-se em con-
mais necessário dispor de alimentos e pro- sideração a explicação dada, observa-se que:
dutos básicos. a) a influência da religião católica na catequi-
A alimentação dos tropeiros era constituída zação do povo nativo é objeto das duas telas.
por toucinho, feijão preto, farinha, pimen- b) a ausência dos índios na segunda tela signi-
ta-doreino, café, fubá e coité (um molho de fica que Portinari quis enaltecer o feito dos
vinagre com fruto cáustico espremido). portugueses.
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão qua- c) ambas, apesar de diferentes, retratam um
se sem molho com pedaços de carne de sol e mesmo momento e apresentam uma mesma
toucinho, que era servido com farofa e couve visão do fato histórico.
picada. O feijão tropeiro é um dos pratos tí- d) a segunda tela, ao diminuir o destaque da
picos da cozinha mineira e recebe esse nome cruz, nega a importância da religião no pro-
porque era preparado pelos cozinheiros das cesso dos descobrimentos.
tropas que conduziam o gado. e) a tela de Victor Meirelles contribuiu para
Disponível em: http://www.tribunadoplanalto. uma visão romantizada dos primeiros dias
com.br. Acesso em: 27 nov. 2008. dos portugueses no Brasil.

70
7.

As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre Portugal e Espanha. De acordo com
esses tratados, identificados no mapa, conclui-se que:
a) Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o controle da foz do rio Amazonas.
b) o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico da América portuguesa.
c) o Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa além da linha de Tordesilhas.
d) Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territórios na América em relação ao de Tordesilhas.
e) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e
Ocidental.

8. Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e
adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou
servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil.
Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: Bonavides, P.; Amaral, R.

Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que carac-
terísticas desse período explicam esse fato?
a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.
b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio.
c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa.
d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio inter-
nacional.
e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas.

9. No clima das ideias que se seguiram à revolta de São Domingos, o descobrimento de planos para
um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito especial;
esses planos demonstravam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado a compreender:
as ideias de igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só um terço da popu-
lação era de brancos e iriam inevitavelmente ser interpretados em termos raciais.
MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.N. (coord.)

O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.


O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das lideranças populares da Con-
juração Baiana (1798) levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das
reivindicações populares. No período da Independência, parte da elite participou ativamente do
processo, no intuito de:

71
a) instalar um partido nacional, sob sua lide- A legislação espelha os conflitos políticos e
rança, garantindo participação controlada sociais do contexto histórico de sua formu-
dos afro-brasileiros e inibindo novas rebeli- lação. A Constituição de 1824 regulamentou
ões de negros. o direito de voto dos “cidadãos brasileiros”
b) atender aos clamores apresentados no movi- com o objetivo de garantir:
mento baiano, de modo a inviabilizar novas a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura
rebeliões, garantindo o controle da situação.
política brasileira.
c) firmar alianças com as lideranças escravas,
b) a ampliação do direito de voto para maioria
permitindo a promoção de mudanças exigi-
dos brasileiros nascidos livres.
das pelo povo sem a profundidade proposta
inicialmente. c) a concentração de poderes na região produ-
d) impedir que o povo conferisse ao movimento tora de café, o Sudeste brasileiro.
um teor libertário, o que terminaria por pre- d) o controle do poder político nas mãos dos
judicar seus interesses e seu projeto de nação. grandes proprietários e comerciantes.
e) rebelar-se contra as representações metro- e) a diminuição da interferência da Igreja Cató-
politanas, isolando politicamente o Príncipe lica nas decisões político-administrativas.
Regente, instalando um governo conserva-
dor para controlar o povo. 12. (ENEM)

10. O açúcar e suas técnicas de produção foram


levados à Europa pelos árabes no século VIII,
durante a Idade Média, mas foi principal-
mente a partir das Cruzadas (séculos XI e
XIII) que a sua procura foi aumentando. Nes-
sa época passou a ser importado do Oriente
Médio e produzido em pequena escala no sul
da Itália, mas continuou a ser um produto de
luxo, extremamente caro, chegando a figurar
nos dotes de princesas casadoiras.
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de
Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.
Considerando o conceito do Antigo Sistema
Colonial, o açúcar foi o produto escolhido
por Portugal para dar início à colonização
brasileira, em virtude de:
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito
vantajoso.
b) os árabes serem aliados históricos dos portu-
Que aspecto histórico da escravidão no Brasil
gueses.
do séc. XIX pode ser identificado a partir da
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser
insuficiente. análise do vestuário do casal retratado acima?
d) as feitorias africanas facilitarem a comercia- a) O uso de trajes simples indica a rápida incor-
lização desse produto. poração dos ex-escravos ao mundo do traba-
e) os nativos da América dominarem uma téc- lho urbano.
nica de cultivo semelhante. b) A presença de acessórios como chapéu e
sombrinha aponta para a manutenção de
11. Art. 92. São excluídos de votar nas Assem- elementos culturais de origem africana.
bleias Paroquiais:
c) O uso de sapatos é um importante elemento
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos
de diferenciação social entre negros libertos
quais não se compreendam os casados, e
Oficiais militares que forem maiores de ou em melhores condições na ordem escra-
vinte e um anos, os Bacharéis Formados e vocrata.
Clérigos de Ordens Sacras. d) A utilização do paletó e do vestido demons-
IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em tra a tentativa de assimilação de um estilo
Comunidade claustral. europeu como forma de distinção em relação
V. Os que não tiverem de renda líquida anu- aos brasileiros.
al cem mil réis por bens de raiz, indús- e) A adoção de roupas próprias para o trabalho
tria, comércio ou empregos. doméstico tinha como finalidade demarcar
Constituição Política do Império do Brasil (1824).
Disponível em: https://legislação.planalto.gov. as fronteiras da exclusão social naquele con-
br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado). texto.

72
1
3. (ENEM) c) o resultado das intervenções britânicas nos
cenários de batalha.
d) a dificuldade de elaborar explicações con-
vincentes sobre os motivos dessa Guerra.
e) o nível de crueldade das ações do exército
brasileiro e argentino durante o conflito.

15. (ENEM) Até que ponto, a partir de posturas e


interesses diversos, as oligarquias paulista e
mineira dominaram a cena política nacional
na Primeira República? A união de ambas foi
um traço fundamental, mas que não conta
toda a história do período. A união foi feita
com a preponderância de uma ou de outra
das duas frações. Com o tempo, surgiram as
discussões e um grande desacerto final.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo:
EdUSP, 2004 (adaptado).

A imagem de um bem-sucedido acordo café


com leite entre São Paulo e Minas, um acordo
de alternância de presidência entre os dois
Uma explicação de caráter histórico para o estados, não passa de uma idealização de
percentual da religião com maior número de um processo muito mais caótico e cheio de
adeptos declarados no Brasil foi a existência, conflitos. Profundas divergências políticas
no passado colonial e monárquico, da: colocavam-os em confronto por causa de di-
a) incapacidade do cristianismo de incorporar ferentes graus de envolvimento no comércio
aspectos de outras religiões. exterior.
b) incorporação da ideia de liberdade religiosa TOPIK, S. A presença do estado na economia
na esfera pública. política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de
c) permissão para o funcionamento de igrejas Janeiro: Record, 1989 (adaptado).
não cristãs.
Para a caracterização do processo político
d) relação de integração entre Estado e Igreja.
durante a Primeira República, utiliza-se com
e) influência das religiões de origem africana.
frequência a expressão Política do Café com
Leite. No entanto, os textos apresentam a se-
14. (ENEM) Substitui-se então uma história crí- guinte ressalva a sua utilização:
tica, profunda, por uma crônica de detalhes a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia
onde o patriotismo e a bravura dos nossos paulista a prerrogativa de indicar os can-
soldados encobrem a vilania dos motivos que didatos à presidência, sem necessidade de
levaram a Inglaterra a armar brasileiros e ar- alianças.
gentinos para a destruição da mais gloriosa b) As divisões políticas internas de cada estado
república que já se viu na América Latina, a da federação invalidavam o uso do conceito
do Paraguai. de aliança entre estados para este período.
CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do c) As disputas políticas do período contradi-
Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).
ziam a suposta estabilidade da aliança entre
O imperialismo inglês, “destruindo o Para- mineiros e paulistas.
guai, mantém o status o na América Meri- d) A centralização do poder no executivo fede-
dional, impedindo a ascensão do seu único ral impedia a formação de uma aliança dura-
Estado economicamente livre”. doura entre as oligarquias.
Essa teoria conspiratória vai contra a realida- e) A diversificação da produção e a preocupa-
de dos fatos e não tem provas documentais. ção com o mercado interno unificavam os
Contudo essa teoria tem alguma repercussão. interesses das oligarquias.
(DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova historia da Guerra do
Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).
16. (ENEM) Após a abdicação de D. Pedro I, o
Uma leitura dessas narrativas divergentes Brasil atravessou um período marcado por
demonstra que ambas estão refletindo sobre: inúmeras crises: as diversas forças políti-
a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os cas lutavam pelo poder e as reivindicações
reais motivos dessa Guerra. populares eram por melhores condições de
b) o caráter positivista das diferentes versões vida e pelo direito de participação na vida
sobre essa Guerra. política do país. Os conflitos representavam

73
também o protesto contra a centralização do No início do século XX, uma série de empre-
governo. Nesse período, ocorreu também a endimentos capitalistas chegou à região do
expansão da cultura cafeeira e o surgimen- meio oeste de Santa Catarina – ferrovias,
to do poderoso grupo dos “barões do café”, serrarias e projetos de colonização.
para o qual era fundamental a manutenção Os impactos sociais gerados por esse processo
da escravidão e do tráfico negreiro. estão na origem da chamada Guerra do Con-
O contexto do Período Regencial foi marcado: testado. Entre tais impactos, encontrava-se:
a) por revoltas populares que reclamavam a a) a absorção dos trabalhadores rurais como
volta da monarquia. trabalhadores da serraria, resultando em um
b) por várias crises e pela submissão das forças processo de êxodo rural.
políticas ao poder central. b) o desemprego gerado pela introdução das
c) pela luta entre os principais grupos políti- novas máquinas, que diminuíam a necessi-
cos que reivindicavam melhores condições dade de mão de obra.
de vida. c) a desorganização da economia tradicional,
d) pelo governo dos chamados regentes, que que sustentava os posseiros e os trabalhado-
promoveram a ascensão social dos “barões res rurais da região.
do café”. d) a diminuição do poder dos grandes coronéis
e) pela convulsão política e por novas realida- da região, que passavam a disputar o poder
des econômicas que exigiam o reforço de ve- político com os novos agentes.
lhas realidades sociais. e) o crescimento dos conflitos entre os operá-
17. (ENEM) Para o Paraguai, portanto, essa foi rios empregados nesses empreendimentos e
uma guerra pela sobrevivência. De todo os seus proprietários, ligados ao capital in-
modo, uma guerra contra dois gigantes esta- ternacional.
va fadada a ser um teste debilitante e seve-
ro para uma economia de base tão estreita. 19. As secas e o apelo econômico da borracha —
Lopez precisava de uma vitória rápida e, se produto que no final do século XIX alcançava
não conseguisse vencer rapidamente, prova- preços altos nos mercados internacionais —
velmente não venceria nunca. motivaram a movimentação de massas hu-
LYNCH, J. “As Repúblicas do Prata: da Independência manas oriundas do Nordeste do Brasil para
à Guerra do Paraguai”. BETHELL, Leslie (Org.).
o Acre. Entretanto, até o início do século XX,
História da América Latina: da independência
até 1870, v. III. São Paulo: EDUSP, 2004. essa região pertencia à Bolívia, embora a
maioria da sua população fosse brasileira e
A Guerra do Paraguai teve consequências po- não obedecesse à autoridade boliviana.
líticas importantes para o Brasil, pois: Para reagir à presença de brasileiros, o go-
a) representou a afirmação do Exército Brasilei- verno de La Paz negociou o arrendamento da
ro como um ator político de primeira ordem. região a uma entidade internacional, o Boli-
b) confirmou a conquista da hegemonia brasi-
vian Syndicate, iniciando violentas disputas
leira sobre a Bacia Platina.
c) concretizou a emancipação dos escravos negros. dos dois lados da fronteira. O conflito só ter-
d) incentivou a adoção de um regime constitu- minou em 1903, com a assinatura do Tratado
cional monárquico. de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o
e) solucionou a crise financeira, em razão das território por 2 milhões de libras esterlinas.
indenizações recebidas. Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso
em: 03 nov. 2008 (adaptado)

18. (ENEM) A serraria construía ramais ferro- Compreendendo o contexto em que ocorre-
viários que adentravam as grandes matas,
ram os fatos apresentados, o Acre tornou-se
onde grandes locomotivas com guindastes e
parte do território nacional brasileiro:
correntes gigantescas de mais de 100 metros
a) pela formalização do Tratado de Petrópolis,
arrastavam, para as composições de trem,
que indenizava o Brasil pela sua anexação.
as toras que jaziam abatidas por equipes de
b) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate
trabalhadores que anteriormente passavam
aos emigrantes brasileiros na região.
pelo local. Quando o guindaste arrastava
c) devido à crescente emigração de brasileiros
as grandes toras em direção à composição
que exploravam os seringais.
de trem, os ervais nativos que existiam em
d) em função da presença de inúmeros imigran-
meio às matas eram destruídos por este des-
tes estrangeiros na região.
locamento.
MACHADO P. P. Lideranças do Contestado. e) pela indenização que os emigrantes brasilei-
Campinas: Unicamp. 2004 (adaptado). ros pagaram à Bolívia.

74
2
0. A Confederação do Equador contou com a a) a rebelião de escravos contra os castigos físi-
participação de diversos segmentos sociais, cos, ocorrida na Bahia, em 1848, e repetida
incluindo os proprietários rurais que, em no Rio de Janeiro.
grande parte, haviam apoiado o movimento b) a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de
de independência e a ascensão de D. Pedro marinheiros dos navios que faziam o tráfico
I ao trono. A necessidade de lutar contra o negreiro.
poder central fez com que a aristocracia ru- c) o protesto, ocorrido no Exército, em 1865,
ral mobilizasse as camadas populares, que contra o castigo de chibatadas em soldados
passaram então a questionar não apenas o desertores na Guerra do Paraguai.
autoritarismo do poder central, mas o da d) a rebelião dos marinheiros, negros e mula-
própria aristocracia da província. Os líderes tos, em 1910, contra os castigos e as condi-
mais democráticos defendiam a extinção do ções de trabalho na Marinha de Guerra.
tráfico negreiro e mais igualdade social. Es- e) o protesto popular contra o aumento do cus-
sas ideias assustaram os grandes proprietá- to de vida no Rio de Janeiro, em 1917, dis-
rios de terras que, temendo uma revolução solvido, a chibatadas, pela polícia.
popular, decidiram se afastar do movimento.
22. A dependência regional maior ou menor da
Abandonado pelas elites, o movimento en-
mão de obra escrava teve reflexos políticos
fraqueceu e não conseguiu resistir à violenta
importantes no encaminhamento da extin-
pressão organizada pelo governo imperial.
ção da escravatura. Mas a possibilidade e a
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo:
habilidade de lograr uma solução alternativa
EDUSP, 1996 (adaptado).
– caso típico de São Paulo – desempenha-
Com base no texto, é possível concluir que a ram, ao mesmo tempo, papel relevante.
composição da Confederação do Equador en- FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000.
volveu, a princípio:
A crise do escravismo expressava a difícil
a) os escravos e os latifundiários descontentes
questão em torno da substituição da mão de
com o poder centralizado.
obra, que resultou:
b) diversas camadas, incluindo os grandes la- a) na constituição de um mercado interno de
tifundiários, na luta contra a centralização mão de obra livre, constituído pelos libertos,
política. uma vez que a maioria dos imigrantes se re-
c) as camadas mais baixas da área rural, mo- belou contra a superexploração do trabalho.
bilizadas pela aristocracia, que tencionava b) no confronto entre a aristocracia tradicio-
subjugar o Rio de Janeiro. nal, que defendia a escravidão e os privi-
d) as camadas mais baixas da população, in- légios políticos, e os cafeicultores, que lu-
tavam pela modernização econômica com a
cluindo os escravos, que desejavam o fim da
adoção do trabalho livre.
hegemonia do Rio de Janeiro. c) no “branqueamento” da população, para
e) as camadas populares, mobilizadas pela aris- afastar o predomínio das raças considera-
tocracia rural, cujos objetivos incluíam a as- das inferiores e concretizar a ideia do Brasil
censão de D. Pedro I ao trono. como modelo de civilização dos trópicos.
d) no tráfico interprovincial dos escravos das áre-
21. O mestre-sala dos mares as decadentes do Nordeste para o Vale do Para-
íba, para a garantia da rentabilidade do café.
Há muito tempo nas águas da Guanabara e) na adoção de formas disfarçadas de trabalho
O dragão do mar reapareceu compulsório com emprego dos libertos nos
Na figura de um bravo marinheiro cafezais paulistas, uma vez que os imigrantes
A quem a história não esqueceu foram trabalhar em outras regiões do país.
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala 2
3. Negro, filho de escrava e fidalgo português,
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fra- o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras
gatas suas armas na luta pela liberdade. Foi ven-
Foi saudado no porto pelas mocinhas fran- dido ilegalmente como escravo pelo seu pai
cesas para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e
Jovens polacas e por batalhões de mulatas escrever, aos 18 anos de idade conseguiu
Rubras cascatas jorravam nas costas dos ne- provas de que havia nascido livre. Autodi-
gros pelas pontas das chibatas... data, advogado sem diploma, fez do direi-
to o seu ofício e transformou-se, em pouco
BLANC, A.; BOSCO, J. O mestre-sala dos mares. Disponível
em: www.usinadeletras.com.br. Acesso em: 19 jan. 2009. tempo, em proeminente advogado da causa
abolicionista.
Na história brasileira, a chamada Revolta da AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista
Chibata, liderada por João Cândido, e descri- de História. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro:
Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).
ta na música, foi:

75
A conquista da liberdade pelos afro-brasilei- pressionados e fiscalizados por capangas,
ros na segunda metade do séc. XIX foi re- para que votassem de acordo com os inte-
sultado de importantes lutas sociais condi- resses do coronel. Mas recorria-se também
cionadas historicamente. A biografia de Luiz a outras estratégias, como compra de votos,
Gama exemplifica a: eleitores-fantasma, troca de favores, fraudes
a) impossibilidade de ascensão social do negro na apuração dos escrutínios e violência.
forro em uma sociedade escravocrata, mes- Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/
republica. Acesso em: 12 dez. 2008 (adaptado).
mo sendo alfabetizado.
b) extrema dificuldade de projeção dos intelec- Com relação ao processo democrático do pe-
tuais negros nesse contexto e a utilização do ríodo registrado no texto, é possível afirmar
Direito como canal de luta pela liberdade. que:
c) rigidez de uma sociedade, assentada na es- a) o coronel se servia de todo tipo de recursos
cravidão, que inviabilizava os mecanismos para atingir seus objetivos políticos.
de ascensão social. b) o eleitor não podia eleger o presidente da
d) possibilidade de ascensão social, viabilizada República.
pelo apoio das elites dominantes, a um mes- c) o coronel aprimorou o processo democrático
tiço filho de pai português. ao instituir o voto secreto.
e) troca de favores entre um representante ne- d) o eleitor era soberano em sua relação com o
gro e a elite agrária escravista que outorgara coronel.
o direito advocatício ao mesmo. e) os coronéis tinham influência maior nos
centros urbanos.
24. Para os amigos pão, para os inimigos pau;
aos amigos se faz justiça, aos inimigos apli-
ca-se a lei. Gabarito
(LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e
voto. São Paulo: Alfa Omega.)
1. A 2. E 3. E 4. C 5. C
Esse discurso, típico do contexto histórico da
6. E 7. C 8. B 9. D 10. A
República Velha e usado por chefes políticos,
expressa uma realidade caracterizada: 11. D 12. C 13. D 14. D 15. C
a) pela força política dos burocratas do nas-
cente Estado republicano, que utilizavam de 16. E 17. A 18. A 19. C 20. B
suas prerrogativas para controlar e dominar 21. D 22. B 23. B 24. C 25. A
o poder nos municípios.
b) pelo controle político dos proprietários no
interior do país, que buscavam, por meio
dos seus currais eleitorais, enfraquecer a
nascente burguesia brasileira.
c) pelo mandonismo das oligarquias no interior
do Brasil, que utilizavam diferentes meca-
nismos assistencialistas e de favorecimento
para garantir o controle dos votos.
d) pelo domínio político de grupos ligados às
velhas instituições monárquicas e que não
encontraram espaço de ascensão política na
nascente república.
e) pela aliança política firmada entre as oli-
garquias do Norte e Nordeste do Brasil, que
garantiria uma alternância no poder federal
de presidentes originários dessas regiões.

25. A figura do coronel era muito comum du-


rante os anos iniciais da República, princi-
palmente nas regiões do interior do Brasil.
Normalmente, tratava-se de grandes fazen-
deiros que utilizavam seu poder para formar
uma rede de clientes políticos e garantir
resultados de eleições. Era usado o voto de
cabresto, por meio do qual o coronel obri-
gava os eleitores de seu “curral eleitoral”
a votarem nos candidatos apoiados por ele.
Como o voto era aberto, os eleitores eram

76
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 7 e 8

Competência 5
Habilidades 22 e 24

BREVIÁRIO

Repressão do aparato varguista


Pela ação do Departamento de Imprensa e Propaganda, DIP, o governo controlava os meios de comunicação sob
rígida censura, bem como servia-se de jornais, cartilhas e, principalmente, rádio para enaltecer a figura de Vargas e
suas realizações. Com esse objetivo, em 1934 foi criado o programa radiofônico “Hora do Brasil”.
A polícia política, principal organismo de repressão do Estado e comandada por Filinto Müller, encarregava-
-se de perseguir, prender e torturar opositores.
Além das regras gerais, todo mês eram feitas novas regras de acordo com o que acontecia no país. A DIP
alimentava 60% dos jornais naquela época e controlava os outros 40% com seus censores. Para cada periódico
havia um censor. Além da DIP, havia as DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda), os dois faziam a
distribuição do material propagandista do governo, que destacavam as qualidades de Getúlio Vargas. Além disso,
os funcionários da DIP e das DEIP subornavam profissionais de imprensa e donos de jornais.
O populismo referido foi um fenômeno político comum na América latina em meados do século XX. Ele se
caracterizou pela atuação de políticos carismáticos, que conseguem mobilizar as classes populares mediante ações
e atitudes de caráter paternalista e demagógico, muitas vezes vinculadas às reivindicações dos trabalhadores, mas
transfiguradas em reivindicações do “trabalhismo”, que as apresentava como “doação” do líder político, tirando-
-lhe o caráter de luta da classe trabalhadora. Os líderes populistas são nacionalistas, defenderam a redução da
dependência econômica em relação ao capital estrangeiro com políticas de estímulo à industrialização. Carismáti-
cos e populares, os líderes populistas utilizavam os meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, e os
comícios gigantescos para se comunicar com as camadas populares e trabalhadoras.

79
A Era Vargas e as leis trabalhistas
Vargas, alcunhado de pai dos pobres, foi quem preconizou a introdução de ampla legislação trabalhista durante
a década de 1930. Outra marca importante do Estado Novo foi a intensificação da legislação trabalhista, que pu-
blicou a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, inspirada na Carta del Lavoro (Carta do Trabalho), implantada na
Itália pelo ditador Benito Mussolini. Foram incorporadas à CLT as leis trabalhistas que vinham sendo promulgadas
no Brasil ao longo da década de 1930, como a jornada de oito horas diárias, o descanso semanal obrigatório e
as férias remuneradas. Foram regulamentados também os contratos entre patrões e empregados, que deveriam
ser registrados na Carteira de Trabalho. O funcionamento dos sindicatos foi permitido, desde que subordinados ao
Estado, que os utilizava como instrumento de manipulação da classe trabalhadora. Em julho de 1940, foi criado o
imposto sindical – instrumento básico de financiamento do sindicato e de sua subordinação ao Estado. Consistia de
uma contribuição anual obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga por todo empregado sindicalizado
ou não. O imposto sindical deu suporte à figura do “pelego”, expressão originada da cobertura de pano ou couro
sob a sela de um animal de montaria para amortecer o choque produzido pelo movimento do animal no corpo do
cavaleiro. A ideia de amortecedor mostrou-se bastante adequada. “Pelego” passou a ser o dirigente sindical que
atuava mais por interesse próprio, do patrão ou do Estado do que por interesse dos trabalhadores. A CLT viria em
1943 para cristalizar o trabalho de mais de uma década de legislações de amparo ao trabalhador.

O sufrágio no Brasil
A ampliação do sufrágio foi lenta e gradual no Brasil. O voto censitário teve fim em 1891, mas mantendo a proibi-
ção a analfabetos e mulheres. A Constituição de 1934 inaugurou o voto feminino, a diminuição da idade de 21 para
18 anos e também manteve o voto restrito aos analfabetos. Somente na Constituição de 1988 que o sufrágio uni-
versal passou a vigorar no Brasil, sendo optativo a indivíduos entre 16 e 18 anos e para idosos, acima dos 60 anos.
Em 3 de dezembro de 1891, o Governo Provisório nomeou uma comissão para elaborar o projeto da Cons-
tituição Republicana, a ser submetido ao futuro Congresso Constituinte. Foram elaborados três projetos, finalmente
fundidos em um e entregue ao governo em maio de 1890. A redação final do projeto ficou sob a responsabilidade
de Rui Barbosa. Em setembro, foi eleito o Congresso Constituinte, que discutiu, emendou, votou e aprovou a
primeira Constituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891, cujo modelo foi a Constituição dos EUA. Para as
eleições, fixou-se o sistema de voto direto e universal e suprimiu-se o censo econômico (voto censitário). Foram
considerados eleitores todos os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, com exceção dos analfabetos, mendigos,
praças militares e religiosos de ordens monásticas. A Constituição de 1891 era a expressão de uma República que,
proclamada em 1889, não alterou a estrutura socioeconômica do Brasil, mas preservou o poder das oligarquias.
Desse modo, apesar da adoção do sufrágio universal masculino, a grande maioria da população permaneceu à
margem da vida política, portanto, do pleno exercício da cidadania.

80
Nos primeiros anos da República, o voto para as mulheres seria a principal bandeira vinculada pela im-
prensa feminina, abrindo um caloroso debate em todo o País. Ainda no final do período monárquico, o apelo do
movimento para a lei Saraiva, criada em 1881, que estabelecia direito de voto aos portadores de diploma superior
não funcionou. Com a República instaurada, as feministas redobraram seus esforços e um moderado movimento
organizado por mulheres começou a surgir no Brasil. No ano de 1927, Juvenal Lamartine, o então candidato à go-
vernança do Rio Grande do Norte, garantiu as mudanças no Código Eleitoral do seu Estado tornando as mulheres
as primeiras brasileiras a exercerem o direito de voto no Brasil. Num momento de crise das oligarquias do País,
onde as correntes partidárias começavam articulações políticas que culminariam com a ocupação da Presidência do
Brasil por Getúlio Vargas, é fundada a Aliança Nacional de Mulheres, a ANM, com base em Minas Gerais. Quando,
em 1930, Getúlio Vargas assume o poder como novo presidente, a estrutura política do País é alterada e o governo
promete, publicamente, reexaminar as práticas políticas, incluindo uma reforma no Código Eleitoral. A Federação
Brasileira pelo Progresso Feminino, a FBPF, serviria para dar ampla ressonância ao movimento, quando organiza o
II Congresso Internacional no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1931. Com representantes do movimento de 15 Esta-
dos do Brasil e de 8 países estrangeiros, o movimento alcançou o grau de reconhecimento de luta que desejavam,
pois, enfim, o direito ao voto foi assegurado às mulheres em nível nacional com o novo Código Eleitoral, em 1932,
confirmado pela Constituição de 1934.

O Estado Novo
Vargas fechou o Congresso Nacional no dia 10 de novembro de 1937 e outorgou uma nova Constituição para
o Brasil, que consumou um golpe de Estado e inaugurou a ditadura do Estado Novo. Os partidos políticos foram
proibidos, instalou-se a censura, avançaram as perseguições políticas e a tortura. Iniciava o flerte de Vargas com a
Alemanha nazista, observado de perto pelos Estados Unidos.
A ditadura de Vargas assumiu um caráter personalista sem se apoiar em doutrinas ou partidos políticos,
o que não significou desvinculamento dos interesses de grupos representantes da classe dominante e de setores
conservadores da sociedade.
Embora não houvesse espaço para uma política sistemática de antissemitismo e houvesse no governo quem
simpatizasse com essas orientações, determinados grupos étnicos sofreram mais discriminação social e política.
Mas o personalismo de Vargas o indispôs com os integralistas, que esboçaram uma tentativa de tomada do poder
denominada Intentona Integralista, em 1938. Afastados da militância política, afastaram-se também das intenções
políticas das doutrinas nazifascistas.

81
A quarta Constituição brasileira, redigida pelo jurista Francisco Campos, ficou conhecida como “Polaca”;
baseava-se em modelos fascistas europeus, destacadamente a Constituição polonesa. Outorgada por Getúlio Var-
gas em novembro de 1937, a Constituição trazia como principais dispositivos:
§§ ampliação dos poderes do Presidente da República graças a uma rígida centralização governamental;
§§ governo do presidente da República mediante decretos-leis, suspensão de imunidades e estado de sítio;
§§ mandato presidencial ampliado para seis anos;
§§ perda da autonomia dos Estados que passaram a ser governados por interventores nomeados pelo presi-
dente da República;
§§ dissolução dos partidos políticos;
§§ censura da imprensa e dos meios de comunicação em geral;
§§ instituição do estado de emergência e permissão ao presidente de suspender imunidades parlamentares,
prender, exilar e invadir domicílios;
§§ proibição das greves;
§§ pena de morte para os crimes contra a segurança nacional.
Essa deveria ter sido submetida a um plebiscito, como determinava seu próprio texto, mas o ditador fez com
que essa determinação não fosse cumprida.

A urbanização do Brasil
O ambiente rural, tradicionalmente permeado por forte religiosidade, encontrava-se em declínio em meados do
século XX, o que provocou deterioração de sua estabilidade sociológica.
Observa-se pelo gráfico em destaque que a população urbana só superou a rural por volta da década de
1960. Dado importante para compreendermos o atraso relativo do Brasil em comparação aos países industrializa-
dos durante o período.

82
O trabalhismo
Durante a chamada Era Vargas, o Estado absorveu, criou e coordenou todas as organizações trabalhistas, princi-
palmente os sindicatos. Os combativos sindicatos urbanos das duas primeiras décadas do século XX tiveram seus
espaços de luta ocupados paulatinamente por uma estrutura sindical corporativista, que passou a controlar e a
desmobilizar o movimento operário.
O Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, instituído em novembro de 1930, estabeleceu normas
de sindicalização e o sindicato passou a ser considerado um órgão de colaboração com o governo, proibido de
fazer propaganda política e religiosa. Nos quatro primeiros anos do governo Vargas, o Estado, por intermédio do
Ministério do Trabalho, tomou para si a iniciativa de criar leis trabalhistas, regulamentando horário de trabalho,
férias, aposentadoria, trabalho feminino e de menores, entre outros itens. A medida de maior destaque foi a criação
da carteira de trabalho, em 1933, que permitiu o controle dos trabalhadores pelo Estado.
Em 1938, durante a inauguração do novo edifício do Ministério do Trabalho, Vargas usou pela primeira vez
o vocativo “Trabalhadores do Brasil”, expressão que seria constantemente repetida em seus discursos, tornando-se
sua marca registrada. Com isso, Getúlio procurava fixar em si a imagem de grande líder da classe trabalhadora.

Trabalhadores clamam por Vargas

A ditadura civil-militar
Em março de 1968, o estudante secundarista Edson Luis de Lima Souto foi morto a tiros em um confronto entre
manifestantes e policiais militares, em frente ao restaurante Calabouço, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Revoltados, os estudantes realizaram o velório de Edson Luís no prédio da Assembleia Legislativa do Estado, onde
vários discursos foram proferidos contra a ditadura. O enterro foi acompanhado por cerca de 50 mil pessoas, assim
como a missa de sétimo dia, na igreja da Candelária, que reuniu milhares de pessoas, apesar da rígida vigilância
policial.
O resultado foi a realização de uma grande passeata contra o regime militar, organizada por estudantes,
intelectuais, artistas e membros da Igreja católica, realizada no dia 26 de junho de 1968. Conhecida como a Pas-
seata dos Cem Mil, a manifestação foi um marco e serviu de estímulo à manifestação em todo o País. Metalúrgicos
organizaram greves em Contagem, MG, e em Osasco, SP, reivindicando melhores salários e criticando o autorita-
rismo ditatorial do governo.
Empolgados com as manifestações de rua, estudantes reuniram-se, em outubro de 1968, para um Congresso
estudantil que reorganizasse a União Nacional dos Estudantes, proibida pelo regime. Foi no sítio Muduru, na cidade de
Ibiúna, no interior do Estado de São Paulo que eles se reuniram clandestinamente e realizaram o 30° Congresso da UNE.

83
A grande movimentação de jovens na pequena e pacata cidade chamou a atenção da população, que avi-
sou a polícia e agentes do Departamento de Ordem Política e Social, DOPS.
Identificado o local, foram presos 693 estudantes, dentre os quais Luís Travassos, presidente da UNE; José
Dirceu, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE); Vladimir Palmeira, presidente da União Metropolitana
dos Estudantes (UME); e Guilherme Ribas, presidente da União Paulista de Estudantes Secundaristas, (UPES). As
prisões desmantelaram o movimento estudantil.
As manifestações refletiram no Congresso e o deputado do MDB, Márcio Moreira Alves, proferiu um vio-
lento discurso contra os militares, denunciando torturas e convocando a população a boicotar as comemorações
pela Independência do Brasil e os desfiles de 7 de Setembro. Sentindo-se desrespeitado, o governo exigiu que o
Congresso punisse o deputado, que gozava de imunidade parlamentar. Os parlamentares negaram a autorização
para processá-lo; em represália, o governo fechou o Congresso Nacional e promulgou o Ato Institucional nº 5, em
13 de dezembro de 1968.

Jornais exprimiam a visão do governo sobre os acontecimentos

Abertura democrática
Em junho de 1979, o presidente Figueiredo enviou ao Congresso a lei de Anistia, que foi aprovada em outubro do
mesmo ano. O projeto previa anistia ampla, geral e irrestrita para crimes políticos e conexos, e beneficiou militares
envolvidos nos atos de torturas, mortes e desaparecimentos. A lei não incluía pessoas envolvidas em ações conside-
radas terroristas pelo Estado e não apresentava solução para o problema dos prisioneiros políticos desaparecidos,
o que suscitou críticas de vários setores da sociedade civil, particularmente dos movimentos sociais e da imprensa.

Milhares vão às ruas a favor da lei de Anistia

Todavia, o projeto beneficiou milhares de brasileiros, com a libertação de presos políticos e a permissão
para os exilados voltarem para o País, que recebeu efusivamente personalidades políticas como Leonel Brizola, Luís
Carlos Prestes e Miguel Arraes.

84
A emenda Dante de Oliveira
A escolha do sucessor do presidente Figueiredo estava prevista para novembro de 1984 e, de acordo com as regras
eleitorais vigentes, o novo presidente da República deveria ser escolhido de maneira indireta, pelo Colégio Eleitoral
(composto pelo Congresso Nacional e seis deputados estaduais, todos do partido que tinha maioria naquele Es-
tado). Mas esse Colégio Eleitoral, também pelas regras da ditadura (senadores biônicos, Norte e Nordeste tendo,
proporcionalmente em relação ao número de eleitores, mais deputados federais do que Sul e Sudeste), tinha ampla
maioria do PDS (partido aliado do governo).

Luís Inácio Lula da Silva, em comício das Diretas Já!

Assim, a única maneira de a ditadura não fazer o sucessor seria alterar a Constituição e realizar eleições
diretas para presidente. O clima nacional levou o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT) a propor uma
emenda constitucional que restabelecia as eleições diretas para presidente da República. A emenda foi votada no
dia 25 de abril de 1984 e, para a frustração da população nacional, não foi aprovada, pois necessitava de dois
terços de votos favoráveis (320), mas recebeu apenas 298 votos.
A partir de então, a população organizou-se em torno de um movimento chamado Diretas Já!, que pregava
eleições diretas para todos os cargos do Executivo e Legislativo.

A Constituição Cidadã de 1988


A Constituição de 1988, promulgada em 5 de novembro de 1988, consagrou liberdades tradicionais ao determinar
o fim da censura prévia e a condenação da tortura. Nos capítulos dos direitos trabalhistas, a Carta Constitucional
estabeleceu a jornada semanal de 44 horas, liberdade sindical, amplo direito de greve e proibição da discriminação
de cor, sexo, idade e estado civil pelas empresas.
Sobre inúmeros pontos de vista, a Constituição de 1988 mostrou-se avançada, particularmente no que se
diz respeito a garantias fundamentais, como a igualdade de direitos entre homens e mulheres. O deputado Ulysses
Guimarães, que dirigiu os trabalhos da Constituinte, denominou-a de “Constituição Cidadã”.

Ulysses Guimarães ergue a “Constituição Cidadã”

85
Embora restabelecendo a independência dos três poderes, a Carta possibilitou um Poder Executivo relativa-
mente inchado, com mais prerrogativas ao presidente, monopólio da União sobre exploração de minérios e grande
controle estatal sobre as telecomunicações. Críticos também apontam que, para assegurar seus vários direitos, ela
dá salvo conduto à interferência do Estado na vida pública, como é o caso dos frequentes embates entre o governo
e o setor privado em relação às leis trabalhistas.
Em novembro de 1986, realizaram-se eleições simultaneamente para governador, Assembleias Estaduais,
Câmara Federal e Senado. Favorecido pelos resultados, inicialmente do Plano Cruzado, o PMDB elegeu governa-
dores em quase todos os Estados e tornou-se majoritário no Congresso Nacional, que seria também Assembleia
Constituinte; os deputados federais e senadores então eleitos eram encarregados de elaborar a nova Constituição
brasileira.
Durante a Constituinte, Sarney lutou com muito afinco para que seu mandato fosse ampliado para cinco
anos. Houve acusações de que, em troca dessa ampliação, o presidente teria atribuído numerosas concessões de
rádio e televisão aos deputados constituintes.
As acusações levaram alguns parlamentares, inclusive do PMDB, a exigir a convocação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. As manobras do governo impediram a CPI, o que levou vários
políticos do PMDB a romperem com o presidente Sarney, deixando o partido e fundando uma nova sigla política, o
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), liderados por Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, Pimenta
da Veiga e Mário Covas.
Elaborada ao longo de um ano e meio, a nova Constituição foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988
pelo presidente do Congresso Constituinte, Ulysses Guimarães. Ela apresentava como principais características:
§§ manutenção do regime republicano e do sistema presidencialista;
§§ mandato presidencial de cinco anos;
§§ eleição direta para todos os níveis e em dois turnos, sempre que um dos candidatos não conseguisse maioria
absoluta, do qual participariam os dois primeiros candidatos, para os cargos dos Executivos federal, estadual
e municipal;
§§ voto obrigatório para ambos os sexos entre 18 e 60 anos de idade e facultativo para pessoas de 16 e 17
anos de idade, maiores de 60, analfabetos, deficientes físicos e indígenas;
§§ ênfase aos poderes do Legislativo e transformação do Judiciário em poder verdadeiramente independente,
apto inclusive a julgar e anular atos do Executivo;
§§ consolidação dos princípios democráticos e defesa dos direitos individuais e coletivos dos cidadãos;
§§ nacionalismo econômico, reservando várias atividades somente a empresas nacionais;
§§ assistencialismo social, com a ampliação dos direitos dos trabalhadores; e
§§ ampliação da autonomia administrativa e financeira dos estados da federação.

86
Senso de pertencimento
Os indivíduos tendem a se confortar no ambiente no qual foram socializados, pois dominam todos os símbolos
comportamentais e culturais do local. A sensação de pertencimento a uma comunidade é característica antropoló-
gica inexpugnável. O indivíduo, à medida que interage com o ambiente, modifica-o e também a si próprio. Qualquer
tipo de ação representa uma correspondência cultural.

As queimadas acompanharam todo o processo de produção de açúcar no Brasil. Para se preparar o solo
para o cultivo, os produtores não viam outra opção senão envolver vastas terras em chamas. Contudo, no final do
século XX, grupos ambientalistas lutam contra tal prática severa para o meio ambiente. O produto escolhido para
dar início à ocupação econômica do Brasil foi a cana-de-açúcar. Essa escolha não foi por acaso, sendo respaldada
por uma série de razões:
§§ O açúcar era um produto altamente lucrativo;
§§ A aceitação do produto no mercado europeu;
§§ A experiência portuguesa na produção de cana na costa africana (Cabo Verde, Madeira, São Tomé);
§§ Solo e clima favoráveis, especialmente o solo de massapé e o clima quente e úmido do Nordeste;
§§ A possibilidade de atrair investimentos externos.
A experiência de Portugal como produtor de açúcar em suas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde) con-
tribuiu para a escolha do produto e a forma de produção: eram semelhantes as condições ecológicas do Brasil e das
ilhas, o açúcar era das especiarias mais bem pagas e apreciadas no mercado europeu. Por seu valor, o açúcar po-
deria atrair investimentos, navios holandeses poderiam colaborar no transporte, os índios poderiam ser obrigados
a trabalhar na lavoura e, se não se adaptassem, havia os africanos, muitos deles já escravizados pelos portugueses.
A lavoura açucareira requeria vultosos investimentos iniciais, especialmente para a compra e montagem
dos equipamentos dos engenhos, no transporte de mudas da Europa para o Brasil e na obtenção de mão de obra
escrava. Como já foi dito anteriormente, Portugal enfrentava dificuldades econômicas e por isso se associou, em
especial, ao capital holandês na montagem da agromanufatura açucareira.

87
Aplicação dos A comparação entre o tratamento dado ao
tema do planejamento familiar pela charge

conhecimentos - Sala de Henfil e pelo trecho do texto da Consti-


tuição Federal mostra que:
a) a charge ilustra o trecho da Constituição Fe-
1. deral sobre o planejamento familiar.
b) a charge e o trecho da Constituição Federal
mostram a mesma temática sob pontos de
vista diferentes.
c) a charge complementa as informações sobre
planejamento familiar contidas no texto da
Constituição Federal.
d) o texto da charge e o texto da Constituição
Federal tratam de duas realidades sociais
distintas, financiadas por recursos públicos.
e) os temas de ambos são diferentes, pois o dese-
nho da charge representa crianças conscientes
e o texto defende o controle de natalidade.

A charge remete ao contexto do movimento 3. (ENEM 2016) Em 1935, o governo brasileiro


que ficou conhecido como Diretas Já, ocorri- começou a negar vistos a judeus. Posterior-
do entre os anos de 1983 e 1984. O elemento mente, durante o Estado Novo, uma circular
histórico evidenciado na imagem é: secreta proibiu a concessão de vistos a “pes-
a) a insistência dos grupos políticos de esquer- soas de origem semita”, inclusive turistas
da em realizar atos políticos ilegais e com e negociantes, o que causou uma queda de
poucas chances de serem vitoriosos. 75% da imigração judaica ao longo daquele
b) a mobilização em torno da luta pela demo- ano. Entretanto, mesmo com as imposições
cracia frente ao regime militar, cada vez da lei, muitos judeus continuaram entrando
mais desacreditado. ilegalmente no país durante a guerra e as
c) o diálogo dos movimentos sociais e dos par- ameaças de deportação em massa nunca fo-
tidos políticos, então existentes, com os se- ram concretizadas, apesar da extradição de
tores do governo interessados em negociar a alguns indivíduos por sua militância políti-
abertura. ca.
d) a insatisfação popular diante da atuação dos GRIMBERG, K. Nova língua interior: 500 anos de história
dos judeus no Brasil. In: IBGE. Brasil: 500 anos de
partidos políticos de oposição ao regime mi-
povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000 (adaptado).
litar criados no início dos anos 80.
e) a capacidade do regime militar em impedir Uma razão para a adoção da política de imi-
que as manifestações políticas acontecessem gração mencionada no texto foi o(a):
a) receio do controle sionista sobre a economia
2. Texto 1 nacional.
b) reserva de postos de trabalho para a mão de
obra local.
c) oposição do clero católico à expansão de no-
vas religiões.
d) apoio da diplomacia varguista às opiniões
dos líderes árabes.
e) simpatia de membros da burocracia pelo pro-
jeto totalitário alemão.
Texto 2
A Constituição Federal no título VII da Ordem 4. (ENEM 2016) Batizado por Tancredo Neves
Social, em seu Capítulo VII, Art. 226, § 7º, diz: de “Nova República”, o período que marca o
“Fundado nos princípios da dignidade da pes- reencontro do Brasil com os governos civis e
soa humana e da paternidade responsável, o a democracia ainda não completou seu quin-
planejamento familiar é livre decisão do casal, to ano e já viveu dias de grande comoção.
competindo ao Estado propiciar recursos edu- Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu
cacionais e científicos para o exercício deste pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as
direito, vedada qualquer forma coercitiva por depressões da inflação e das ameaças da hi-
parte de instituições oficiais ou privadas”. perinflação e desembocou na movimentação
Disponível em: <www.planalto.gov. que antecede as primeiras eleições diretas
br>. Acesso em: 21 set. 2008. para presidente em 29 anos.

88
O álbum dos presidentes: a história vista
pelo JB. Jornal do Brasil. 15 nov. 1989.
O período descrito apresenta continuidades
e rupturas em relação à conjuntura histórica
anterior. Uma dessas continuidades consis-
tiu na :
a) representação do legislativo com a fórmula
do bipartidarismo.
b) detenção de lideranças populares por crimes
de subversão.
c) presença de políticos com trajetórias no re-
gime autoritário.
d) prorrogação das restrições advindas dos atos
institucionais.
e) estabilidade da economia com o congela-
mento anual de preços.

Raio X
1.
O movimento das Diretas Já envolveu todos
os partidos de oposição, sindicatos e asso-
ciações profissionais, reunindo a maior par-
te da sociedade brasileira, em diferentes
regiões e cidades. O país já vivia o processo
de abertura desde 1979. Embora os governa-
dores estaduais já fossem eleitos diretamen-
te, a eleição para Presidente da República,
marcada para 1985, seria realizada indireta-
mente, por meio de um Colégio Eleitoral. O
movimento descrito, diante disso, preconi-
zava eleições diretas.
O texto da Constituição Federal estabelece
2.
autonomia das famílias quanto ao planeja-
mento familiar com o auxílio do Estado no
que lhe compete. Porém, de acordo com a
charge, a sociedade não está devidamente
esclarecida quanto à importância do plane-
jamento familiar.
3.
Vargas, ao dirigir a Ditadura do Estado Novo,
simpatizava com os regimes totalitários en-
tão vigentes na Europa, em especial com o
Nazismo. Por isso, a atitude do governo bra-
sileiro de dificultar a entrada de judeus no
Brasil.
4.
O período mencionado pela questão – entre
1985 e 1989 – corresponde ao governo de
José Sarney. No qual foi comum a presença
de políticos que fizeram carreira durante a
Ditadura – o próprio Sarney, ACM, Paulo Ma-
luf, Ulysses Guimarães, entre outros – nos
círculos políticos.

Gabarito
1
. B 2. B 3. E 4. C

89
Prescrição: As questões abaixo abordam o período compreendido entre a Era Vargas e o atual.
O enfoque principal recai sobre o período da Ditadura Militar (1964-1985) e da redemocratiza-
ção. É necessário compreender as principais medidas autoritárias do Regime Militar, bem como
as principais lutas e conquistas no período de redemocratização, cristalizadas pela Constituição
de 1988.

Prática dos Os trabalhadores deverão exigir a consti-


tuição de um governo nacionalista e demo-

conhecimentos - E.O. crático, com participação dos trabalhadores


para a realização das seguintes medidas: a)
Reforma bancária progressista; b) Reforma
1. (ENEM) agrária que extinga o latifúndio; c) Regula-
mentação da Lei de Remessas de Lucros. Ma-
nifesto do Comando Geral dos Trabalhadores
(CGT) – 1962.
BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da
história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002.

Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo


significado de termos usados no debate polí-
tico, como democracia e reforma. Se, para os
setores aglutinados em torno da UDN, as re-
formas deveriam assegurar o livre mercado,
para aqueles organizados no CGT, elas deve-
riam resultar em:
a) fim da intervenção estatal na economia.
b) crescimento do setor de bens de consumo.
Elaborado pelos partidários da Revolução c) controle do desenvolvimento industrial.
Constitucionalista de 1932, o cartaz apre- d) atração de investimentos estrangeiros.
sentado pretendia mobilizar a população e) limitação da propriedade privada.
paulista contra o governo federal.
Essa mobilização utilizou-se de uma referên- 3. (ENEM) A gente não sabemos escolher presi-
cia histórica, associando o processo revolu- dente
cionário: A gente não sabemos tomar conta da gente
a) à experiência francesa, expressa no chamado A gente não sabemos nem escovar os dentes
à luta contra a ditadura. Tem gringo pensando que nóis é indigente
b) aos ideais republicanos, indicados no desta- Inútil
que à bandeira paulista. A gente somos inútil
MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento).
c) ao protagonismo das Forças Armadas, repre-
sentadas pelo militar que empunha a ban- O fragmento integra a letra de uma canção
deira. gravada em momento de intensa mobiliza-
d) ao bandeirantismo, símbolo paulista apre- ção política. A canção foi censurada por es-
sentado em primeiro plano. tar associada:
e) ao papel figurativo de Vargas na política, a) ao rock nacional, que sofreu limitações des-
enfatizado pela pequenez de sua figura no de o início da ditadura militar.
cartaz. b) a uma crítica ao regime ditatorial que, mes-
mo em sua fase final, impedia a escolha po-
2. (ENEM) A consolidação do regime demo- pular do presidente.
crático no Brasil contra os extremismos da c) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado
esquerda e da direita exige ação enérgica e buscava, naquele contexto, a conscientiza-
permanente no sentido do aprimoramento ção da sociedade por meio da música.
das instituições políticas e da realização de d) a dominação cultural dos Estados Unidos da
reformas corajosas no terreno econômico, fi- América sobre a sociedade brasileira, que o
nanceiro e social. regime militar pretendia esconder.
Mensagem programática da União e) à alusão à baixa escolaridade e à falta de
Democrática Nacional (UDN) – 1957. consciência política do povo brasileiro.

90
4. (ENEM) Em meio às turbulências vividas na d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968
primeira metade dos anos 1960, tinha-se a e protagonizou ações revolucionárias armadas.
impressão de que as tendências de esquer- e) tornou-se porta-voz da sociedade e influen-
da estavam se fortalecendo na área cultural. ciou processo de impeachment do então pre-
O Centro Popular de Cultura (CPC) da União sidente Collor.
Nacional dos Estudantes (UNE) encenava
peças de teatro que faziam agitação e pro- 6. (ENEM) Os generais abaixo-assinados,
paganda em favor da luta pelas reformas de de pleno acordo com o Ministro da Guer-
base e satirizavam o “imperialismo” e seus ra, declaram-se dispostos a promover uma
“aliados internos”. ação enérgica junto ao governo no sentido
KONDER, L. História das Ideias Socialistas no
de contrapor medidas decisivas aos planos
Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003. comunistas e seus pregadores e adeptos,
independentemente da esfera social a que
No início da década de 1960, enquanto vá- pertençam. Assim procedem no exclusivo
rios setores da esquerda brasileira consi- propósito de salvarem o Brasil e suas insti-
deravam que o CPC da UNE era uma impor- tuições políticas e sociais da hecatombe que
tante forma de conscientização das classes se mostra prestes a explodir.
trabalhadoras, os setores conservadores e Ata de reunião no Ministério da Guerra, 28/09/1937.
de direita (políticos vinculados à União De- BONAVIDES, P.; AMARAL. R.Textos políticos da história do
Brasil, v. 5. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).
mocrática Nacional – UDN –, Igreja Católica,
grandes empresários etc.) entendiam que Levando em conta o contexto político-ins-
esta organização: titucional dos anos 1930 no Brasil, pode-se
a) constituía mais uma ameaça para a democracia considerar o texto como uma tentativa de
brasileira, ao difundir a ideologia comunista. justificar a ação militar que iria:
b) contribuía com a valorização da genuína cultura a) debelar a chamada Intentona Comunista,
nacional, ao encenar peças de cunho popular. acabando com a possibilidade da tomada do
c) realizava uma tarefa que deveria ser exclu- poder pelo PCB.
b) reprimir a Aliança Nacional Libertadora, fe-
siva do Estado, ao pretender educar o povo
chando todos os seus núcleos e prendendo
por meio da cultura. os seus líderes.
d) prestava um serviço importante à sociedade c) desafiar a Ação Integralista Brasileira, afas-
brasileira, ao incentivar a participação polí- tando o perigo de uma guinada autoritária
tica dos mais pobres. para o fascismo.
e) diminuía a força dos operários urbanos, ao d) instituir a ditadura do Estado Novo, cance-
substituir os sindicatos como instituição de lando as eleições de 1938 e reescrevendo a
pressão política sobre o governo. Constituição do país.
e) combater a Revolução Constitucionalista,
evitando que os fazendeiros paulistas reto-
5. (ENEM)
massem o poder perdido em 1930.

7. Fugindo à luta de classes, a nossa organi-


zação sindical tem sido um instrumento de
harmonia e de cooperação entre o capital e
o trabalho. Não se limitou a um sindicalis-
mo puramente “operário”, que conduziria
certamente a luta contra o “patrão”, como
aconteceu com outros povos.
FALCÃO, W. Cartas sindicais. In: Boletim do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Rio
de Janeiro, 10 (85), set. 1941 (adaptado).

Nesse documento oficial, à época do Estado


Novo (1937-1945), é apresentada uma con-
O movimento representado na imagem, do cepção de organização sindical que:
início dos anos de 1990, arrebatou milhares a) elimina os conflitos no ambiente das fábricas.
de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juven- b) limita os direitos associativos do segmento
tude, movida por um forte sentimento cívico: patronal.
a) aliou-se aos partidos de oposição e organi- c) orienta a busca do consenso entre trabalha-
zou a campanha Diretas Já. dores e patrões.
d) proíbe o registro de estrangeiros nas entida-
b) manifestou-se contra a corrupção e pressio-
des profissionais do país.
nou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. e) desobriga o Estado quanto aos direitos e de-
c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou veres da classe trabalhadora.
a internet para agendar suas manifestações.

91
8. Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968 – ah, respirava-se ali conforto, não havia dú-
Art. 10 – Fica suspensa a garantia de habeas vida, mas era apenas uma sobrevivência de
corpus, nos casos de crimes políticos, contra coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que
a segurança nacional, a ordem econômica e se ia desagregando, que um mal oculto o roia,
social e a economia popular. como um tumor latente em suas entranhas.
Art. 11 – Excluem-se de qualquer apreciação CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 (adaptado).
judicial todos os atos praticados de acordo
com este Ato Institucional e seus Atos Com- O mundo narrado nesse trecho do romance
plementares, bem como os respectivos efeitos. de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos Mene-
Disponível em: http://www.senado.gov.
br. Acesso em: 29 jul. 2010. ses, família da aristocracia rural de Minas
Gerais, apresenta não apenas a história da
O Ato Institucional nº 5 é considerado por decadência dessa família, mas é, ainda, a
muitos autores um “golpe dentro do golpe”. representação literária de uma fase de de-
Nos artigos do AI-5 selecionados, o governo sagregação política, social e econômica do
militar procurou limitar a atuação do Poder país. O recurso expressivo que formula lite-
Judiciário, porque isso significava: rariamente essa desagregação histórica é o
a) a substituição da Constituição de 1967. de descrever a casa dos Meneses como:
b) o início do processo de distensão política. a) ambiente de pobreza e privação, que carece
c) a garantia legal para o autoritarismo dos juízes. de conforto mínimo para a sobrevivência da
d) a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo. família.
e) a revogação dos instrumentos jurídicos im-
b) mundo mágico, capaz de recuperar o encan-
plantados durante o golpe de 1964.
tamento perdido durante o período de deca-
dência da aristocracia rural mineira.
9. Diante dessas inconsistências e de outras que c) cena familiar, na qual o calor humano dos
ainda preocupam a opinião pública, nós, jorna- habitantes da casa ocupa o primeiro plano,
listas, estamos encaminhando este documento compensando a frieza e austeridade dos ob-
ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no jetos antigos.
Estado de São Paulo, para que o entregue à d) símbolo de um passado ilustre que, apesar
Justiça; e da Justiça esperamos a realização de de superado, ainda resiste à sua total disso-
novas diligências capazes de levar à completa lução graças ao cuidado e asseio que a famí-
elucidação desses fatos e de outros que por- lia dispensa à conservação da casa.
ventura vierem a ser levantados. e) espaço arruinado, onde os objetos perderam
Em nome da verdade. In: O Estado de S. Paulo, 3
fev. 1976. Apud. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em seu esplendor e sobre os quais a vida repou-
documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. sa como lembrança de um passado que está
em vias de desaparecer completamente.
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocor-
rida durante o regime militar, em 1975, le-
vou a medidas como o abaixo-assinado feito 11. O autor da constituição de 1937, Francisco
por profissionais da imprensa de São Paulo. Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacio-
A análise dessa medida tomada indica a: nal, que o eleitor seria apático; a democracia
a) certeza de cumprimento das leis. de partidos conduziria à desordem; a indepen-
b) superação do governo de exceção. dência do Poder Judiciário acabaria em injusti-
c) violência dos terroristas de esquerda. ça e ineficiência; e que apenas o Poder Executi-
d) punição dos torturadores da polícia. vo, centralizado em Getúlio Vargas, seria capaz
e) expectativa da investigação dos culpados. de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois
Vargas teria providencial intuição do bem e da
verdade, além de ser um gênio político.
10. Como se assistisse à demonstração de um es- CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro:
petáculo mágico, ia revendo aquele ambiente José Olympio, 1940 (adaptado).
tão característico de família, com seus pe-
sados móveis de vinhático ou de jacarandá, Segundo as ideias de Francisco Campos:
de qualidade antiga, e que denunciavam um a) os eleitores, políticos e juízes seriam malin-
passado ilustre, gerações de Meneses talvez tencionados.
mais singelos e mais calmos; agora, uma es- b) o governo Vargas seria um mal necessário,
pécie de desordem, de relaxamento, abastar- mas transitório.
dava aquelas qualidades primaciais. Mesmo c) Vargas seria o homem adequado para im-
assim era fácil perceber o que haviam sido, plantar a democracia de partidos.
esses nobres da roça, com seus cristais que d) a Constituição de 1937 seria a preparação
brilhavam mansamente na sombra, suas pra- para uma futura democracia liberal.
tas semiempoeiradas que atestavam o esplen- e) Vargas seria o homem capaz de exercer o po-
dor esvanecido, seus marfins e suas opalinas der de modo inteligente e correto.

92
1
2. A partir de 1942 e estendendo-se até o final A adoção de novas políticas públicas e as
do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, In- mudanças jurídico-institucionais ocorridas
dústria e Comércio de Getúlio Vargas falou no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas
aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmen- ao poder, evidenciam o papel histórico de
te, por dez minutos, no programa “Hora do certas lideranças e a importância das lutas
Brasil”. O objetivo declarado do governo era sociais na conquista da cidadania. Desse pro-
esclarecer os trabalhadores acerca das inova- cesso resultou a:
ções na legislação de proteção ao trabalho. a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo.
Comércio, que garantiu ao operariado autono-
Rio de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado). mia para o exercício de atividades sindicais.
b) legislação previdenciária, que proibiu mi-
Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para: grantes de ocuparem cargos de direção nos
a) conscientizar os trabalhadores de que os
sindicatos.
direitos sociais foram conquistados por seu
esforço, após anos de lutas sindicais. c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir
b) promover a autonomia dos grupos sociais, ideologias consideradas perturbadoras da
por meio de uma linguagem simples e de fá- “harmonia social”.
cil entendimento. d) legislação trabalhista que atendeu reivindi-
c) estimular os movimentos grevistas, que rei- cações dos operários, garantido-lhes vários
vindicavam um aprofundamento dos direitos direitos e formas de proteção.
trabalhistas. e) decretação da Consolidação das Leis do Traba-
d) consolidar a imagem de Vargas como um go- lho (CLT), que impediu o controle estatal so-
vernante protetor das massas.
bre as atividades políticas da classe operária.
e) aumentar os grupos de discussão política
dos trabalhadores, estimulados pelas pala-
vras do ministro. 1
5.

13. A definição de eleitor foi tema de artigos nas


Constituições brasileiras de 1891 e de 1934.
Diz a Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil de 1891: Art. 70. São elei-
tores os cidadãos maiores de 21 anos que se
alistarem na forma da lei.
A Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, esta-
belece que:
Art. 180. São eleitores os brasileiros de um
e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se
alistarem na forma da lei. A análise da tabela permite identificar um
Ao se comparar os dois artigos, no que diz res- intervalo de tempo no qual uma alteração na
peito ao gênero dos eleitores, depreende-se que: proporção de eleitores inscritos resultou de
a) a Constituição de 1934 avançou ao reduzir a uma luta histórica de setores da sociedade
idade mínima para votar. brasileira. O intervalo de tempo e a conquis-
b) a Constituição de 1891, ao se referir a cida- ta estão associados, respectivamente, em
dãos, referia-se também às mulheres.
a) 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos.
c) os textos de ambas as Cartas permitiam que
qualquer cidadão fosse eleitor. b) 1950-1960 – fim do voto secreto.
d) o texto da carta de 1891 já permitia o voto c) 1960-1970 – direito de voto para as mulheres.
feminino. d) 1970-1980 – fim do voto obrigatório.
e) a Constituição de 1891 considerava eleitores e) 1980-1996 – direito de voto para os analfabetos.
apenas indivíduos do sexo masculino.
1
6. O meu lugar,
14. De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram Tem seus mitos e seres de luz,
decretadas mais de 150 leis novas de prote- É bem perto de Oswaldo Cruz,
ção social e de regulamentação do trabalho Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
em todos os seus setores. O meu lugar,
Todas elas têm sido simplesmente uma dádi- É sorriso, é paz e prazer,
va do governo. Desde aí, o trabalhador brasi- O seu nome é doce dizer,
Madureira, ia, Iaiá.
leiro encontra nos quadros gerais do regime
Madureira, ia, Iaiá
o seu verdadeiro lugar. Em cada esquina um pagode um bar,
DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado
Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. Em Madureira.
R. Nos Tempos de Getúlio: da revolução de 30 ao Império e Portela também são de lá,
fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 1990. Em Madureira.

93
E no Mercadão você pode comprar Com base no excerto anterior, assinale a al-
Por uma pechincha você vai levar, ternativa que melhor apresenta as inovações
Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar, no campo dos direitos sociais trazidas pela
Em Madureira. Constituição de 1934.
CRUZ, A. Meu lugar. Disponível em: www.vagalume.
uol.com.br. Acesso em: 16 abr. 2010 (fragmento).
a) A Carta Magna de 1934, que possuía um
caráter jurídico-liberal, autoritário e cor-
A análise do trecho da canção indica um tipo porativista, trouxe avanços somente para
de interação entre o indivíduo e o espaço. as questões do trabalho, marginalizando a
Essa interação explícita na canção expressa legislação acerca da educação nacional.
um processo de: b) A universalização da educação no interior
a) autossegregação espacial. do Estado é a representação de um direito
b) exclusão sociocultural. histórico adquirido pelas diferentes camadas
c) homogeneização cultural. sociais e um meio de promoção da cidada-
d) expansão urbana.
nia, porém foi somente com a Constituição
e) pertencimento ao espaço.
de 1988 que a União formalizou sua preocu-
17. A solução militar da crise política gerada pação com tais questões.
pela sucessão do presidente Washington c) No que se refere à educação formal, a Cons-
Luís em 1929-1930 provoca profunda ruptu- tituição de 1934 firmou o ensino primário
ra institucional no país. público e obrigatório, representando a pri-
Deposto o presidente, o Governo Provisório meira iniciativa brasileira de universalização
(1930-1934) precisa administrar as diferenças da educação no interior do Estado.
entre as correntes políticas integrantes da com- d) A garantia de direitos sociais pela Consti-
posição vitoriosa, herdeira da Aliança Liberal. tuição Federal de 1934 foi uma iniciativa de
LEMOS, R. A revolução constitucionalista de 1932. Getúlio Vargas, preocupado com o bem-estar
SILVA, R. M.; CACHAPUZ, P. B.; LAMARÃO, S. (Org). do povo brasileiro, e não teve nenhuma re-
Getúlio Vargas e seu tempo. Rio de Janeiro: BNDES. lação com movimentações e/ou manifestos
da sociedade civil, que não lutou por seus
No contexto histórico da crise da Primeira
direitos.
República, verifica-se uma divisão no movi-
e) A educação, bem como o conjunto de direi-
mento tenentista. A atuação dos integrantes
tos civis, políticos e sociais, esteve presen-
do movimento liderados por Juarez Távora,
os chamados “liberais” nos anos 1930, deve te nas legislações brasileiras desde a época
ser entendida como: do Império, demonstrando a semelhança do
a) a aliança com os cafeicultores paulistas em Brasil com as sociedades europeias.
defesa de novas eleições.
b) o retorno aos quartéis diante da desilusão
política com a “Revolução de 30”.
c) o compromisso político-institucional com o
Gabarito
governo provisório de Vargas.
d) a adesão ao socialismo, reforçada pelo exem- 1
. D 2. E 3. B 4. A 5. E
plo do ex-tenente Luis Carlos Prestes.
e) o apoio ao governo provisório em defesa da 6. D 7. C 8. D 9. E 10. E
descentralização do poder político. 11. E 12. D 13. E 14. D 15. E

18. Na hierarquia dos problemas nacionais, ne- 16. E 17. C 18. C


nhum sobreleva em importância e gravidade
ao da educação. Nem mesmo os de caráter
econômico lhe podem disputar a primazia
nos planos de reconstrução nacional. [...] No
entanto, se depois de 43 anos de regime re-
publicano, se der um balanço ao estado atual
da educação pública, no Brasil, se verificará
que, dissociadas sempre as reformas econô-
micas e educacionais, era indispensável en-
trelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo
sentido, todos os nossos esforços, sem uni-
dade de plano e sem espírito de continuida-
de, não lograram ainda criar um sistema de
organização escolar, à altura das necessida-
des modernas e das necessidades do país.
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932).
Disponível em: www.pedagogiaemfoco.com.b/
heb07a.htm. Acesso em: 9 jun. 2009.

94
R.P.A.
ENEM
Filosofia e Sociologia
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aula 1

Competências 1 e 2
Habilidades 1, 5 e 10

BREVIÁRIO

Nicolau Maquiavel e a questão do poder


Maquiavel é um marco na história da filosofia política moderna, por desvincular o Estado dos imperativos da re-
ligião (propõe assim um Estado laico) e também dos imperativos da metafísica. Assim, a filosofia de Maquiavel é
considerada amoral, no sentido de que não se vincula à ideia de moral posta pela Igreja, visto que o príncipe não
está vinculado à ideia de bem ou mal. Isso não significa que não possa haver uma moral própria da ação política.
Maquiavel é um teórico da política, sendo sua obra mais importante O príncipe. É nela em que o autor
demonstra o que um governante deve fazer para conquistar o poder e se manter no governo.
Assim, o filósofo se preocupa em saber como os governantes governam de fato, quais os limites do uso da
força e da violência para conquistar e conservar o poder, como se ter um governo estável. Logo, para ele, o que
importa para o príncipe é manutenção do poder.
Um aspecto inovador em sua teoria política é que ele ressalta o aspecto agonístico (luta, conflito) da reali-
dade. Dessa forma, o conflito é inerente à atividade humana. Assim, trata-se do reconhecimento de que a política
se faz com base em interesses divergentes, em contínuo movimento. Daí a necessidade de ordem, única condição
capaz de trazer o bem comum. O príncipe deve ter ao mesmo tempo o amor e o temor de seus súditos, pois, para
o filósofo, é importante ser amado e temido. Porém, se tiver que escolher entre um dos dois, “é melhor ser temido
do que amado”, visto que o temor faz com que o príncipe tenha ações imprevisíveis. Já se for amado, seus súditos
conhecerão seus pontos fracos e poderão retirá-lo do poder.
Para que o príncipe se mantenha no governo, ele deve saber se adaptar às situações, ou seja, à realidade
concreta. Assim, ele não precisa ser bom sempre, mas os súditos devem lhe devotar confiança. A virtù do príncipe
não deve ser a mesma do cristianismo, a qual prega a resignação, a humildade, o perdão aos inimigos. Porém, o
príncipe deve parecer ter tais virtudes, mas de modo algum, deve, de fato, empregá-las.

O príncipe, obra mais famosa de Maquiavel

97
Desse modo, o que Maquiavel defende não é um governo ideal, ou ainda governantes ideais, mas sim um
governo que saiba se adequar à realidade concreta, um governo real, sem qualquer concepção idealizada de polí-
tica, como propunham a religião e a política clássica. Assim, a política tem como objetivo a manutenção do poder.
O governante deve lutar com todas as armas para manter-se no poder. A qualidade exigida do príncipe que
deseja se manter no poder é, sobretudo, a sabedoria de agir conforme as circunstâncias, sendo capaz de aparentar
possuir as qualidades valorizadas pelos governados.
Assim, a ação política boa consistirá naquela que consiga atingir, não importa como, os resultados almeja-
dos na busca do bem comum.

Platão e a teoria do conhecimento


Primeiramente, podemos definir a teoria platônica das ideias dizendo que o mundo sensível é apenas uma cópia
do mundo ideal, e que o objeto da filosofia é o mundo das ideias. O mundo inteligível é estudado na dialética e o
mundo sensível é o domínio da opinião (doxa). A existência do mundo ideal é baseada em duas provas, segundo
Thonnard: uma de ordem lógica, e outra de ordem ontológica. A prova lógica: Platão, em nenhum momento, põe
em dúvida a existência da ciência, que para ele é um fato indiscutível; então, é necessário um objeto estável e per-
manente que possa permanecer no espírito. Ora, para Platão, esse objeto não se encontra no mundo sensível, pois
ele acredita, como Heráclito, que o mundo é “um infinito e perpétuo tecido de movimentos”, onde “tudo passa
como as águas das torrentes”, onde nada permanece estável. Surge, então, a necessidade da ciência encontrar
seu objeto: o mundo inteligível das ideias. A pluralidade das ideias pode ser provada de duas maneiras: uma prova
direta e outra indireta: a prova direta é resultado da experiência racional, e o objetivo é libertar do mundo sensível
as perfeições estáveis. O mundo sensível não pode apresentar um objeto real que possa ser fonte de um conhe-
cimento científico, por isso é necessário pedir auxílio ao mundo das ideias. Prova indireta: sabemos que negar a
pluralidade das ideias destruiria toda a ciência, pois ela é um sistema coordenado de juízos. Para a ciência existir,
são necessários objetos estáveis para um ser inteligível, e também uma pluralidade de ideias para construir um con-
junto de juízos. Sendo assim, Thonnard conclui que se deve conceder a Heráclito que os objetos sensíveis estão em
perpétua variação e misturados com seus contrários; que devemos rejeitar Parmênides, pois o ser tem estabilidade
desejada, mas destrói todo o juízo pela sua absoluta unidade; por último, Sócrates liberta do sensível perfeições
múltiplas, mas estáveis, que podem definir-se. O objeto da ciência não é o mundo sensível, mas os gêneros que
Sócrates definiu, tanto os substanciais, como os qualitativos, pois esse é o mundo das ideias.
Platão definiu quatro propriedades sobre a natureza das ideias: a espiritualidade, que são de ordem inteli-
gível, portanto, invisível aos olhos humanos e apreendido pela inteligência; a realidade, pois, para Platão, as ideias
não são conceitos abstratos do espírito, nem pensamentos do espírito divino, mas são realidades subsistentes e
individuais, sendo objeto da contemplação científica e fonte das realidades da Terra. Da realidade, derivam-se duas
propriedades: a imutabilidade, que exclui toda a mudança, pois são eternas; e a pureza, pois realiza a essência
plenamente e sem mistura, e cada uma na sua ordem é perfeita.
Para o filósofo, o método principal é o da dialética, possuidor de um aspecto lógico e um psicológico e a
doutrina metafísica da participação das ideias. O aspecto lógico é a continuação do método socrático, em que
Platão insiste no papel da purificação; propõe que a razão incite à investigação das essências graças à dialética
do amor, e conduz o espírito por degraus sucessivos até a intuição do mundo ideal. O método da purificação é
aquele que procura liberar a alma intelectual do peso da matéria através do domínio do eu. Controlando as paixões
desordenadas, submetendo as tendências inferiores à razão, o homem está a caminho das realidades eternas, uma
vez que as coisas do mundo sensível não são mais do que a sombra. Libertando a alma do corpo, ela se eleva até
o mundo das ideias, pois o objetivo do filósofo, segundo Platão, é aprender a morrer.

98
Sobre a relação entre o sensível e o inteligível, Platão diz no Timeu: ”O que é fixo e imutável supõe razões
fixas e imutáveis. Quanto à imitação do que é imutável, convém falar dela em forma verossímil e analógica…
Posto que as minhas palavras não tenham mais inverossimilhança que as dos outros, há que nos contentarmos
com elas… convém em semelhante matéria limitarmo-nos a discursos verossímeis". Thonnard explica que isso
sugere explicações de ordem mítica. O mundo sensível possui, em primeiro grau, as percepções efêmeras das
coisas sensíveis. Thonnard explica que a atenção para ouvir ou recordar-se de belas músicas, procurando a mais
harmoniosa, só dá origem à conjectura. No segundo grau, temos o esforço de estabilização em que se esboçam
as definições científicas; porém, fica incompleto e provisório porque se baseia em opiniões aceitas pelo povo ou
transmitidas por poetas e tradições religiosas (mitos como o narrado em Fedro, em que o cavalo branco representa
o coração, e o cavalo negro, a concupiscência). Prova baseada no movimento: Deus é a alma real. Platão verifica
que o mundo está sujeito a um movimento ordenado, como o movimento circular das esferas celestes, que é pela
sua estabilidade a própria imagem da inteligência. Para que exista o movimento, é necessário um motor. Platão
sugere dois motores: o corpóreo e a alma. O corpo é inerte e sempre movido por um outro antes de se mover, e a
alma é o motor que tem em si o princípio de seu movimento, e pode comunicá-lo sem receber antes as leis. A alma
domina o corpo que morre. A imortalidade da alma pode ser demonstrada pela participação no mundo ideal, na
ideia da vida e na necessidade moral.

A Cultura e o conceito de hibridez


A palavra cultura tem sua origem no latim e o seu significado está relacionado ao cultivo da terra para a agricultura.
Esse trabalho na terra envolve não apenas a técnica para plantio, mas também a transmissão de valores necessá-
rios para que essa forma de conhecimento seja herdada para as próximas gerações.
Foi através desse princípio que o conceito de cultura passou a ser um conjunto de técnicas, símbolos e
crenças de um determinado povo, que deve ser transmitido às novas gerações para garantir a convivência social.
A cultura é um dos objetos de estudo da sociologia e, por isso, é vista como uma produção coletiva presente
em qualquer civilização, independente de época ou local. É importante não esquecer que não existem culturas infe-
riores ou superiores, mas apenas diferentes. A história mostra que houve momentos em que algumas culturas eram
consideradas inferiores, se fossem comparadas com outras. Isso pode ser visto no mundo antigo, quando os gregos
se definiam como os civilizados e os outros povos, como bárbaros. Outro exemplo é mais recente e ocorreu no sé-
culo XIX, quando os europeus colonizaram os continentes africano e asiático e subjugaram a cultura desses povos
afirmando que eles se encontravam com uma cultura selvagem e atrasada, se comparada com a cultura europeia.
Ainda hoje, uma grande parte da sociedade ocidental acredita que aspectos como a tecnologia, a vida urba-
na, o consumo, o automóvel, o celular, o computador, a internet etc. fazem da cultura da sociedade liberal burguesa
superior a de outros povos, especialmente daqueles ágrafos, isto é, povos que não utilizam a escrita.
Tratando-se especificamente do conceito de hibridez, podemos classificá-lo como um fenômeno comum
aos países ocidentais que recebem grandes fluxos migratórios. Resume-se de quando filhos de imigrantes mantêm
certas práticas culturais de seus progenitores, mas, concomitantemente, mantêm laços harmônicos com a comuni-
dade onde vivem.

99
A Festa de Nossa Senhora de Achiropita representa a manutenção de hábitos da cultura italiana mantidos pelos seus descendentes,
em São Paulo. Trata-se de um caso típico de hibridez.

O Processo de Socialização
A socialização é o processo pelo qual o indivíduo aprende a viver dentro de um grupo social incorporando valores e
cumprindo determinadas regras sociais. Esse aprendizado ocorre em vários espaços institucionais, como a família, a
escola, a vizinhança e o trabalho. A classificação dessas formas de sociabilidade podem ser divididas em: primária,
quando o processo de socialização é exercido pela família, pois é dentro desse núcleo que a criança aprende a lin-
guagem e as normas básicas de convivência, além disso, os padrões morais também são incorporados nessa fase;
e secundária, que é um processo posterior, no qual os indivíduos já socializados aprendem sobre o mundo objetivo,
do qual fazem parte a escola, a vizinhança, o trabalho.

100
Conflitos Sociais: o caso das quebradeiras de coco babaçu
“As quebradeiras de coco-babaçu são mulheres agroextrativistas, forjadas na luta pela conservação das
florestas de babaçu, pela terra, pela valorização do extrativismo. As ativistas ganharam força política ao de-
senvolverem constantes rodas de conversas, grupos de amizade e parcerias por laços de família, compadrio e
vizinhança.
As quebradeiras de coco utilizam o babaçu como fonte da sua manutenção familiar. O babaçu é do
consumo e produto para o mercado. Como consumo próprio, as palhas cobrem casas, os talos fazem cercas, da
palmeira morta usam o adubo, das amêndoas produzem o azeite e o leite para temperar os alimentos, da casca
se faz carvão renovável e com o mesocarpo (amido) preparam mingaus e bolos, por exemplo.
Na relação com o mercado, elas comercializam as amêndoas largamente utilizadas pelas indústrias de
óleos, margarinas, sabões, cosméticos, material de limpeza, diversos artesanatos produzidos da palha e do endo-
carpo; o mesocarpo tanto é usado como complemento alimentar como em produtos de cosméticos; a casca e o
endocarpo são cobiçados pelas empresas para carvão e produção de energia limpa.
São mais de 18 milhões de hectares do território brasileiro cobertos por florestas secundárias de palmeiras
de babaçu. Nos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, são mais de 300 mil mulheres extrativistas do
babaçu – as quebradeiras de coco-babaçu.

Babaçu

Os movimentos sociais que agrupam as quebradeiras de coco-babaçu nasceram de forma organizada, a


partir da segunda metade da década de 1980, num processo de enfrentamento de tensões e conflitos específicos
pelo acesso e uso comum das áreas de ocorrência de babaçu, que haviam sido cercadas e apropriadas injusta-
mente por fazendeiros, pecuaristas e empresas agropecuárias a partir das políticas públicas federais e estaduais
para as regiões Norte e Nordeste.
O movimento tem como missão organizar as quebradeiras de coco babaçu para conhecerem seus direitos,
defenderem as palmeiras de babaçu, o meio ambiente e a melhoria das condições de vida nas regiões de extra-
tivismo do babaçu.”
(Adaptado de: <http://www.miqcb.org/#!miqcb/c1wfv>, Acessado em: 08/2016)

101
Aplicação dos 3. (ENEM) A hibridez descreve a cultura de pes-
soas que mantêm suas conexões com a terra
conhecimentos - Sala de seus antepassados, relacionando-se com
a cultura do local que habitam. Eles não an-
1. (ENEM) Não ignoro a opinião antiga e muito seiam retornar à sua “pátria” ou recuperar
difundida de que o que acontece no mundo é qualquer identidade étnica “pura” ou abso-
decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é luta; ainda assim, preservam traços de ou-
muito aceita em nossos dias, devido às gran- tras culturas, tradições e histórias e resistem
des transformações ocorridas, e que ocorrem à assimilação.
diariamente, as quais escapam à conjectura CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e
humana. Não obstante, para não ignorar in- raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).
teiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se
pode aceitar que a sorte decida metade dos Contrapondo o fenômeno da hibridez à ideia
nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permi- de “pureza” cultural, observa-se que ele se
te o controle sobre a outra metade. manifesta quando:
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado). a) criações originais deixam de existir entre os
grupos de artistas, que passam a copiar as
Em O príncipe, Maquiavel refletiu sobre o
essências das obras uns dos outros.
exercício do poder em seu tempo. No trecho
citado, o autor demonstra o vínculo entre o b) civilizações se fecham a ponto de retomarem
seu pensamento político e o humanismo re- os seus próprios modelos culturais do passa-
nascentista ao: do, antes abandonados.
a) valorizar a interferência divina nos aconte- c) populações demonstram menosprezo por seu
cimentos definidores do seu tempo. patrimônio artístico, apropriando-se de pro-
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos dutos culturais estrangeiros.
políticos. d) elementos culturais autênticos são descarac-
c) afirmar a confiança na razão autônoma como terizados e reintroduzidos com valores mais
fundamento da ação humana.
altos em seus lugares de origem.
d) romper com a tradição que valorizava o pas-
e) intercâmbios entre diferentes povos e cam-
sado como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unida- pos de produção cultural passam a gerar no-
de entre fé e razão. vos produtos e manifestações.

2. (ENEM) Para Platão, o que havia de verda- 4. (ENEM) Leia.


deiro em Parmênides era que o objeto de co-
nhecimento é um objeto de razão e não de Minha vida é andar
sensação, e era preciso estabelecer uma re- Por esse país
lação entre objeto racional e objeto sensível Pra ver se um dia
ou material que privilegiasse o primeiro em
Descanso feliz
detrimento do segundo. Lenta, mas irresisti-
Guardando as recordações
velmente, a Doutrina das Ideias formava-se
em sua mente. Das terras onde passei
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da Andando pelos sertões
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL, H. A vida de viajante, 1953.
O texto faz referência à relação entre razão e Disponível em: www.recife.pe.gov.br.
sensação, um aspecto essencial da Doutrina Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).
das Ideias de Platão (427-346 a.C.). De acor-
do com o texto, como Platão se situa diante A letra dessa canção reflete elementos iden-
dessa relação? titários que representam a:
a) Estabelecendo um abismo intransponível en- a) valorização das características naturais do
tre as duas. sertão nordestino.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o b) denúncia da precariedade social provocada
conhecimento a eles. pela seca.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que c) experiência de deslocamento vivenciada
razão e sensação são inseparáveis. pelo migrante.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar co- d) profunda desigualdade social entre as regi-
nhecimento, mas a sensação não. ões brasileiras.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a e) discriminação dos nordestinos nos grandes
sensação é superior à razão. centros urbanos.

102
5. (ENEM) As mulheres quebradeiras de coco- qualidades que o homem possui capazes de
-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará fazê-lo superar os eventuais percalços. No
e Tocantins, na sua grande maioria, vivem caso do príncipe, a virtù constitui naquele
numa situação de exclusão e subalternidade. conjunto de qualidades pessoais necessárias
O termo quebradeira de coco assume o cará- para a manutenção do estado e a realização
ter de identidade coletiva na medida em que de grandes feitos, mesmo que estas qualida-
as mulheres que sobrevivem dessa atividade des sejam eventualmente cruéis.
e reconhecem sua posição e condição desva- 2.
A filosofia de Platão é resultado de um traba-
lorizada pela lógica da dominação, se orga- lho de reflexão intenso e extenso, de modo
nizam em movimentos de resistência e de que as questões durante os inúmeros diálo-
luta pela conquista da terra, pela libertação gos por ele escritos são respondidas de ma-
dos babaçuais, pela autonomia do processo neiras distintas.
produtivo. Porém, Platão possui uma questão de fundo
Passam a atribuir significados ao seu traba- que se refere ao problema da identidade –
lho e as suas experiências, tendo como prin- resquício da tradição conflituosa de Parmê-
cipal referência sua condição preexistente nides e Heráclito –, a saber: o que é, é sempre
de acesso e uso dos recursos naturais. idêntico a si mesmo, ou é sempre distinto? O
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de mundo verdadeiro é uma totalidade sempre
coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse permanente, ou uma totalidade sempre efê-
da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano mera? A concepção sobre ideias que Platão
de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
formula atende, em geral, essas questões e
A organização do movimento das quebradei- busca demonstrar como o sensível apesar de
ras de coco de babaçu é resultante da: expor uma realidade impermanente, possui
a) constante violência nos babaçuais na con- um fundamento permanente. As ideias são
fluência de terras maranhenses, piauienses, verdadeiras, a realidade sensível é apenas
paraenses e tocantinenses, região com eleva- uma aparência passageira dessa realidade.
do índice de homicídios. A realidade inteligível (mundo das ideias,
b) falta de identidade coletiva das trabalhado- das formas), na qual se encontram as es-
ras, migrantes das cidades e com pouco vín- sências, o ser de cada coisa existente. Uma
culo histórico com as áreas rurais do interior realidade alcançável apenas pelos “olhos da
alma”, pois é observado apenas pelo esfor-
do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
ço da razão. Exatamente por ser inteligível,
c) escassez de água nas regiões de veredas, am-
essa realidade tem como características: ser
bientes naturais dos babaçus, causada pela
metafísica, isto é, imaterial, ou incorpórea;
construção de açudes particulares, impedindo
ser una, isto é, reduz a multiplicidade das
o amplo acesso público aos recursos hídricos.
coisas sensíveis a uma unidade; ser eterna,
d) progressiva devastação das matas dos cocais,
por não se submeter ao ciclo de geração e
em função do avanço da sojicultura nos cha-
degeneração das coisas do mundo sensível.
padões do Meio-Norte brasileiro.
3.
A alternativa E é a única correta. Fenôme-
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e pos-
nos de hibridez são comuns e praticamen-
seiros no acesso aos babaçuais localizados no
te inerentes a qualquer cultura, desde que
interior de suas propriedades.
haja a possibilidade de contato com culturas
diferentes. A ideia de “pureza cultural” é

Raio X uma falácia, pois nenhuma cultura é está-


tica e faz parte de todos os grupos huma-
nos a necessidade de trocas, o interesse pelo
1.
Percebemos claramente pela passagem cita- diferente e a apropriação de elementos de
da que o pensamento de Maquiavel se regula outras culturas sob a lógica da cultura apro-
de acordo com a fortuna, sendo em um mo- priadora. Mesmo no mundo atual, marcado
mento a própria fortuna um árbitro e noutro pela hegemonia cultural do ocidente, povos
uma preocupação com a qual nos conforma- autóctones interpretam e assimilam as in-
mos. Agir bem é agir efetivamente perante fluências externas dentro das estruturas de
as circunstâncias. Não por outro motivo a suas próprias culturas. Portanto, não é ver-
história é muito importante para Maquiavel, dade que o fato de haver hibridez impeça
pois é através dela que encontramos exem- o surgimento de criações originais artísticas
plos de homens que agiram efetivamente (alternativa A), pois, como dito antes, as
perante as adversidades e obtiveram resul- influências são alocadas dentro da lógica da
tados que contornaram o poder devastador cultura influenciada.
da fortuna. Neste contexto, virtù não pode Tampouco é comum haver uma recusa
ser a virtude de um homem bom como a fi- tão forte de outros traços culturais a pon-
losofia antiga especulou, mas sim aquelas to de um povo se fechar e buscar modelos

103
culturais do passado (alternativa B). Quando
isso ocorre é muito mais no sentido político,
de busca por uma autoafirmação dentro de
um modelo hegemônico do que repulsa pelo
intercâmbio cultural. Também não é correto
afirmar que o interesse por produtos cultu-
rais estrangeiros significa menosprezo pelo
patrimônio artístico da própria população
(alternativa C), pois, como já foi afirma-
do, é comum o interesse pelo diferente e é
esse interesse que permite que as culturas
estejam em constante mudança. Por fim, é
totalmente discutível a ideia de elementos
culturais autênticos (alternativa D).
4.
A canção em questão trata da migração, dan-
do especial valor à memória do migrante.
Isso é perceptível nos trechos “minha vida é
andar por esse país” e “guardando as recor-
dações das terras onde passei”.
5.
Questão bastante específica. As quebradei-
ras de coco se organizam para defender sua
atividade produtiva dos fazendeiros e pos-
seiros, que as impedem de continuar traba-
lhando. A grande questão desse conflito é a
posse da terra em um contexto de dominação
econômica.

Gabarito
1
. C 2
. D 3
. E 4
. C 5
. E

104
Prescrição: Para desenvolver os exercícios, você deve interpretar textos filosóficos, sociológicos e
jornalísticos e associá-los com seus respectivos contextos culturais, históricos e políticos.

Prática dos a) amplificou os discursos nacionalistas e auto-


ritários durante o governo Vargas.

conhecimentos - E.O. b) revelou para o país casos de corrupção na


esfera política de vários governos.
c) maquiou indicadores sociais negativos du-
1. (ENEM) Homens da Inglaterra, por que arar rante as décadas de 1970 e 1980.
para os senhores que vos mantêm na miséria? d) apoiou, no governo Castelo Branco, as ini-
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas ciativas de fechamento do parlamento.
roupas que vossos tiranos vestem? e) corroborou a construção de obras faraônicas
Por que alimentar, vestir e poupar do ber- durante os governos militares.
ço até o túmulo esses parasitas ingratos que
exploram vosso suor — ah, que bebem vosso 3. (ENEM) A ética precisa ser compreendida
sangue? como um empreendimento coletivo a ser
SHELLEY. “Os homens da Inglaterra’. Apud HUBERMAN, L.
In: História da riqueza do homem. constantemente retomado e rediscutido,
Rio de Janeiro: Zahar, 1982. porque é produto da relação interpessoal e
social. A ética supõe ainda que cada grupo
A análise do trecho permite identificar que o social se organize sentindo-se responsável
poeta romântico Shelley (1792-1822) regis- por todos e que crie condições para o exer-
trou uma contradição nas condições socioe- cício de um pensar e agir autônomos. A re-
conômicas da nascente classe trabalhadora lação entre ética e política é também uma
inglesa durante a Revolução Industrial. Tal questão de educação e luta pela soberania
contradição está identificada: dos povos. É necessária uma ética renova-
a) na pobreza dos empregados, que estava dis- da, que se construa a partir da natureza dos
sociada da riqueza dos patrões. valores sociais para organizar também uma
b) no salário dos operários, que era proporcio- nova prática política.
nal aos seus esforços nas indústrias. CORDI et al. Para filosofar. São Paulo:
c) na burguesia, que tinha seus negócios fi- Scipione, 2007 (adaptado).
nanciados pelo proletariado.
d) no trabalho, que era considerado uma garan- O século XX teve de repensar a ética para en-
tia de liberdade. frentar novos problemas oriundos de dife-
e) na riqueza, que não era usufruída por aque- rentes crises sociais, conflitos ideológicos e
les que a produziam. contradições da realidade. Sob esse enfoque
e a partir do texto, a ética pode ser compre-
2. (ENEM) A chegada da televisão endida como:
A caixa de pandora tecnológica penetra nos a) instrumento de garantia da cidadania, por-
lares e libera suas cabeças falantes, astros, que através dela os cidadãos passam a pen-
novelas, noticiários e as fabulosas, irresis- sar e agir de acordo com valores coletivos.
tíveis garotas-propaganda, versões moderni- b) mecanismo de criação de direitos humanos,
zadas do tradicional homem-sanduíche. porque é da natureza do homem ser ético e
SEVCENKO, N. (Org). História da Vida Privada virtuoso.
no Brasil 3. República: da Belle Epoque a Era
do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1998. c) meio para resolver os conflitos sociais no
cenário da globalização, pois a partir do en-
A TV, a partir da década de 1950, entrou nos tendimento do que é efetivamente a ética, a
lares brasileiros provocando mudanças con- política internacional se realiza.
sideráveis nos hábitos da população. Certos d) parâmetro para assegurar o exercício políti-
episódios da história brasileira revelaram co primando pelos interesses e ação privada
que a TV, especialmente como espaço de ação dos cidadãos.
da imprensa, tornou-se também veículo de e) aceitação de valores universais implícitos
utilidade pública, a favor da democracia, na numa sociedade que busca dimensionar sua
medida em que: vinculação à outras sociedades.

105
4. (ENEM) “A ética exige um governo que am- (por exemplo, quanto ao aborto), mas tam-
plie a igualdade entre os cidadãos. Essa é a bém em assuntos menos chamativos, como,
base da pátria. Sem ela, muitos indivíduos por exemplo, a posição da família e dos con-
não se sentem “em casa”, experimentam-se sórcios semelhantes ao matrimônio, a acei-
como estrangeiros em seu próprio lugar de tação de normas de segurança ou a delimita-
nascimento”. ção das esferas de uma cultura majoritária,
SILVA, R. R. “Ética, defesa nacional, cooperação dos
dominante por motivos históricos. Por causa
povos”. In: OLIVEIRA, E. R. (Org.). Segurança & defesa
nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo: de tais regras, implicitamente repressivas,
Fundação Memorial da América Latina, 2007 (adaptado). mesmo dentro de uma comunidade republi-
cana que garanta formalmente a igualdade
Os pressupostos éticos são essenciais para a
de direitos para todos, pode eclodir um con-
estruturação política e integração de indi-
flito cultural movido pelas minorias despre-
víduos em uma sociedade. De acordo com o
texto, a ética corresponde a: zadas contra a cultura da maioria.
a) valores e costumes partilhados pela maioria HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de
teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.
da sociedade.
b) preceitos normativos impostos pela coação A reivindicação dos direitos culturais das
das leis jurídicas.
minorias, como exposto por Habermas, en-
c) normas determinadas pelo governo, diferen-
contra amparo nas democracias contemporâ-
tes das leis estrangeiras.
neas, na medida em que se alcança:
d) transferência dos valores praticados em casa
para a esfera social. a) a secessão, pela qual a minoria discriminada
e) proibição da interferência de estrangeiros obteria a igualdade de direitos na condição
em nossa pátria. da sua concentração espacial, num tipo de
independência nacional.
5. (ENEM) Na ética contemporânea, o sujeito b) a reunificação da sociedade que se encon-
não é mais um sujeito substancial, soberano tra fragmentada em grupos de diferentes
e absolutamente livre, nem um sujeito em- comunidades étnicas, confissões religiosas e
pírico puramente natural. Ele é simultanea- formas de vida, em torno da coesão de uma
mente os dois, na medida em que é um su- cultura política nacional.
jeito histórico-social. Assim, a ética adquire c) a coexistência das diferenças, considerando
um dimensionamento político, uma vez que a possibilidade de os discursos de autoen-
a ação do sujeito não pode mais ser vista e tendimento se submeterem ao debate pú-
avaliada fora da relação social coletiva. blico, cientes de que estarão vinculados à
Desse modo, a ética se entrelaça, necessaria- coerção do melhor argumento.
mente, com a política, entendida esta como d) a autonomia dos indivíduos que, ao chega-
a área de avaliação dos valores que atraves- rem à vida adulta, tenham condições de se
sam as relações sociais e que interliga os in-
libertar das tradições de suas origens em
divíduos entre si.
nome da harmonia da política nacional.
SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo:
Cortez, 1992 (adaptado). e) o desaparecimento de quaisquer limitações,
tais como linguagem política ou distintas
O texto, ao evocar a dimensão histórica do convenções de comportamento, para compor
processo de formação da ética na sociedade a arena política a ser compartilhada.
contemporânea, ressalta:
a) os conteúdos éticos decorrentes das ideolo-
7. (ENEM) A Convenção da ONU sobre Direitos
gias político-partidárias.
das Pessoas com Deficiências, realizada, em
b) o valor da ação humana derivada de precei-
tos metafísicos. 2006, em Nova York, teve como objetivo me-
c) a sistematização de valores desassociados da lhorar a vida da população de 650 milhões
cultura. de pessoas com deficiência em todo o mun-
d) o sentido coletivo e político das ações hu- do. Dessa convenção foi elaborado e acorda-
manas individuais. do, entre os países das Nações Unidas, um
e) o julgamento da ação ética pelos políticos tratado internacional para garantir mais di-
eleitos democraticamente. reitos a esse público.
Entidades ligadas aos direitos das pessoas
6. (ENEM) Na regulamentação de matérias cul- com deficiência acreditam que, para o Brasil,
turalmente delicadas, como, por exemplo, a a ratificação do tratado pode significar avan-
linguagem oficial, os currículos da educação ços na implementação de leis no país.
pública, o status das Igrejas e das comuni- Disponível em: http://www.bbc.co.uk.
dades religiosas, as normas do direito penal Acesso em: 18 mai. 2010 (adaptado).

106
No Brasil, as políticas públicas de inclusão TEXTO II
social apontam para o discurso, tanto da par- Nenhuma sociedade pode sobreviver sem
te do governo quanto da iniciativa privada, canalizar as pulsões e emoções do indiví-
sobre a efetivação da cidadania. Nesse senti- duo, sem um controle muito específico de
do, a temática da inclusão social de pessoas seu comportamento. Nenhum controle desse
com deficiência: tipo é possível sem que as pessoas antepo-
a) vem sendo combatida por diversos grupos nham limitações umas às outras, e todas as
sociais, em virtude dos elevados custos para limitações são convertidas, na pessoa a quem
a adaptação e manutenção de prédios e são impostas, em medo de um ou outro tipo.
equipamentos públicos. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de
b) está assumindo o status de política pública Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
bem como representa um diferencial positi-
vo de marketing institucional. Considerando-se a dinâmica do processo
c) reflete prática que viabiliza políticas com- civilizador, tal como descrito no Texto II, o
pensatórias voltadas somente para as pesso- argumento do Texto I acerca da violência e
as desse grupo que estão socialmente orga- agressividade na sociedade brasileira ex-
nizadas. pressa a:
d) associa-se a uma estratégia de mercado que a) incompatibilidade entre os modos democrá-
objetiva atrair consumidores com algum tipo ticos de convívio social e a presença de apa-
de deficiência, embora esteja descolada das
ratos de controle policial.
metas da globalização.
b) manutenção de práticas repressivas herda-
e) representa preocupação isolada, visto que o
Estado ainda as discrimina e não lhes possi- das dos períodos ditatoriais sob a forma de
bilita meios de integração à sociedade sob a leis e atos administrativos.
ótica econômica. c) inabilidade das forças militares em conter a
violência decorrente das ondas migratórias
nas grandes cidades brasileiras.
8. (ENEM) Os meios de comunicação funcionam
d) dificuldade histórica da sociedade brasileira
como um elo entre os diferentes segmentos
em institucionalizar formas de controle so-
de uma sociedade. Nas últimas décadas,
cial compatíveis com valores democráticos.
acompanhamos a inserção de um novo meio
e) incapacidade das instituições político-legis-
de comunicação que supera em muito outros
lativas em formular mecanismos de controle
já existentes, visto que pode contribuir para
social específicos à realidade social brasileira.
a democratização da vida social e política da
sociedade à medida que possibilita a insti-
1
0. (ENEM) “Quando Édipo nasceu, seus pais,
tuição de mecanismos eletrônicos para a efe-
Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram infor-
tiva participação política e disseminação de
mados de uma profecia na qual o filho mata-
informações.
ria o pai e se casaria com a mãe.
Constitui o exemplo mais expressivo desse
Para evitá-la, ordenaram a um criado que
novo conjunto de redes informacionais a:
matasse o menino. Porém, penalizado com
a) Internet.
a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal
b) fibra ótica.
de camponeses que morava longe de Tebas
c) TV digital.
para que o criasse. Édipo soube da profecia
d) telefonia móvel.
quando se tornou adulto. Saiu então da casa
e) portabilidade telefônica.
de seus pais para evitar a tragédia. Eis que,
perambulando pelos caminhos da Grécia, en-
9. (ENEM) TEXTO I controu-se com Laio e seu séquito, que, inso-
O que vemos no país é uma espécie de es- lentemente, ordenou que saísse da estrada.
praiamento e a manifestação da agressivida- Édipo reagiu e matou todos os integrantes
de através da violência. Isso se desdobra de do grupo, sem saber que entre eles estava
maneira evidente na criminalidade, que está seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até
presente em todos os redutos — seja nas chegar em Tebas, dominada por uma Esfinge.
áreas abandonadas pelo poder público, seja Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se
na política ou no futebol. O brasileiro não rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocas-
é mais violento do que outros povos, mas a ta, a mãe que desconhecia”.
fragilidade do exercício e do reconhecimen- Disponível em: http://www.culturabrasil.
to da cidadania e a ausência do Estado em org. Acesso em: 28/08/2010 (adaptado).
vários territórios do país se impõem como
um caldo de cultura no qual a agressividade No mito Édipo Rei, são dignos de destaque
e a violência fincam suas raízes. os temas do destino e do determinismo.
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime Ambos são características do mito grego e
sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 2010. abordam a relação entre liberdade humana

107
e providência divina. A expressão filosófica a) defina seus projetos a partir dos interesses
que toma como pressuposta a tese do deter- coletivos.
minismo é: b) guie-se por interesses econômicos, prescri-
a) “Nasci para satisfazer a grande necessi- tos pela lógica do mercado.
dade que eu tinha de mim mesmo.” (Jean c) priorize a evolução da tecnologia, se apro-
Paul Sartre) priando da natureza.
b) “Ter fé é assinar uma folha em branco e d) promova a separação entre natureza e socie-
deixar que Deus nela escreva o que quiser.” dade tecnológica.
(Santo Agostinho) e) tenha gestão própria, com o objetivo de me-
c) “Quem não tem medo da vida também não lhor apropriação da natureza.
tem medo da morte.” (Arthur Schopenhauer)
d) “Não me pergunte quem sou eu e não me 13. (ENEM) A filosofia grega parece começar com
diga para permanecer o mesmo.” (Michel uma ideia absurda, com a proposição: a água
Foucault) é a origem e a matriz de todas as coisas. Será
e) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a
sua imagem e semelhança.” (Friedrich Niet- sério? Sim, e por três razões: em primeiro
zsche) lugar, porque essa proposição enuncia algo
sobre a origem das coisas; em segundo lugar,
1
1. (ENEM) Um volume imenso de pesquisas porque o faz sem imagem e fabulação; e en-
tem sido produzido para tentar avaliar os fim, em terceiro lugar, porque nela embora
efeitos dos programas de televisão. A maio- apenas em estado de crisálida, está contido
ria desses estudos diz respeito a crianças – o o pensamento: Tudo é um.
que é bastante compreensível pela quanti- NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-
dade de tempo que elas passam em frente ao socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999
aparelho e pelas possíveis implicações desse O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza
comportamento para a socialização. Dois dos o surgimento da filosofia entre os gregos?
tópicos mais pesquisados são o impacto da a) O impulso para transformar, mediante justi-
televisão no âmbito do crime e da violência e ficativas, os elementos sensíveis em verda-
a natureza das notícias exibidas na televisão. des racionais.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. b) O desejo de explicar, usando metáforas, a
origem dos seres e das coisas.
O texto indica que existe uma significava
c) A necessidade de buscar, de forma racional,
produção científica sobre os impactos socio-
a causa primeira das coisas existentes.
culturais da televisão na vida do ser huma-
d) A ambição de expor, de maneira metódica,
no. E as crianças, em particular, são as mais
as diferenças entre as coisas.
vulneráveis a essas influências, porque:
e) A tentativa de justificar, a partir de elemen-
a) codificam informações transmitidas nos pro-
tos empíricos, o que existe no real.
gramas infantis por meio da observação.
b) adquirem conhecimentos variados que in-
centivam o processo de interação social. 1
4. (ENEM) Todo o poder criativo da mente se
reduz a nada mais do que a faculdade de
c) interiorizam padrões de comportamento e
compor, transpor, aumentar ou diminuir
papéis sociais com menor visão crítica. os materiais que nos fornecem os sentidos
d) observam formas de convivência social base- e a experiência. Quando pensamos em uma
adas na tolerância e no respeito. montanha de ouro, não fazemos mais do que
e) apreendem modelos de sociedade pautados juntar duas ideias consistentes, ouro e mon-
na observância das leis. tanha, que já conhecíamos. Podemos conce-
ber um cavalo virtuoso, porque somos capa-
12. (ENEM) O acidente nuclear de Chernobyl zes de conceber a virtude a partir de nossos
revela brutalmente os limites dos pode- próprios sentimentos, e podemos unir a isso
res técnico-científicos da humanidade e as a figura e a forma de um cavalo, animal que
“marchas-à-ré” que a “natureza” nos pode nos é familiar.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento
reservar. É evidente que uma gestão mais
humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
coletiva se impõe para orientar as ciências
e as técnicas em direção a finalidades mais Hume estabelece um vínculo entre pensa-
humanas. mento e impressão ao considerar que:
GUATTARI, F. As três ecologias. São a) os conteúdos das ideias no intelecto têm ori-
Paulo: Papirus, 1995 (adaptado). gem na sensação.
b) o espírito é capaz de classificar os dados da
O texto trata do aparato técnico-científico e suas percepção sensível.
consequências para a humanidade, propondo c) as ideias fracas resultam de experiências
que esse desenvolvimento: sensoriais determinadas pelo acaso.

108
d) os sentimentos ordenam como os pensamen- dúvida de que uma criança clonada irá apa-
tos devem ser processados na memória. recer em breve. Posso não ser eu o médico
e) as ideias têm como fonte específica o senti- que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou
mento cujos dados são colhidos na empiria. Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um
bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas
1
5. (ENEM) A filosofia encontra-se escrita neste não sei se é o caso. Não sofremos pressão
grande livro que continuamente se abre pe- para entregar um bebê clonado ao mundo.
rante nossos olhos (isto é, o universo), que Sofremos pressão para entregar um bebê clo-
não se pode compreender antes de enten- nado saudável ao mundo.”
der a língua e conhecer os caracteres com os CONNOR, S. Disponível em: www.independent.
co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).
quais está escrito. Ele está escrito em língua
matemática, os caracteres são triângulos, A clonagem humana é um importante assun-
circunferências e outras figuras geométricas, to de reflexão no campo da bioética que, en-
sem cujos meios é impossível entender hu- tre outras questões, dedica-se a:
manamente as palavras; sem eles, vagamos a) refletir sobre as relações entre o conheci-
perdidos dentro de um obscuro labirinto. mento da vida e os valores éticos do homem.
GALILEI, G. “O ensaiador”. Os pensadores. b) legitimar o predomínio da espécie humana
São Paulo: Abril Cultural, 1978. sobre as demais espécies animais no planeta.
c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso
No contexto da Revolução Científica do sécu-
dos valores de certo e errado, de bem e mal.
lo XVII, assumir a posição de Galileu signifi-
d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem,
cava defender a:
os processos de reprodução humana e animal.
a) continuidade do vínculo entre ciência e fé
e) fundamentar técnica e economicamente as
dominante na Idade Média.
pesquisas sobre células-tronco para uso em
b) necessidade de o estudo linguístico ser
seres humanos.
acompanhado do exame matemático.
c) oposição da nova física quantitativa aos
pressupostos da filosofia escolástica. 1
8. (ENEM) Seguiam-se vinte criados custo-
d) importância da independência da investiga- samente vestidos e montados em soberbos
ção científica pretendida pela Igreja. cavalos; depois destes, marchava o Embaixa-
e) inadequação da matemática para elaborar dor do Rei do Congo magnificamente ornado
uma explicação racional da natureza. de seda azul para anunciar ao Senado que a
vinda do Rei estava destinada para o dia de-
zesseis. Em resposta obteve repetidas vivas
1
6. (ENEM 2014) É o caráter radical do que se do povo que concorreu alegre e admirado de
procura que exige a radicalização do próprio tanta grandeza.
processo de busca. Se todo o espaço for ocu- “Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia
pado pela dúvida, qualquer certeza que apa- apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial.
recer a partir daí terá sido de alguma forma In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares
gerada pela própria dúvida, e não será segu- brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).
ramente nenhuma daquelas que foram ante-
Originária dos tempos coloniais, a festa da
riormente varridas por essa mesma dúvida.
Coroação do Rei do Congo evidencia um pro-
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade.
São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
cesso de
a) exclusão social.
Apesar de questionar os conceitos da tradi- b) imposição religiosa.
ção, a dúvida radical da filosofia cartesia- c) acomodação política.
na tem caráter positivo por contribuir para d) supressão simbólica.
o(a): e) ressignificação cultural.
a) dissolução do saber científico.
b) recuperação dos antigos juízos.
c) exaltação do pensamento clássico. Gabarito
d) surgimento do conhecimento inabalável.
e) fortalecimento dos preconceitos religiosos. 1
. E 2
. B 3
. A 4
. A 5
. D

1
7. (ENEM) Panayiotis Zavos “quebrou” o últi- 6
. C 7
. B 8
. A 9
. D 1
0. B
mo tabu da clonagem humana – transferiu 1
1. C 1
2. A 1
3. C 1
4. A 1
5. C
embriões para o útero de mulheres, que os
gerariam. Esse procedimento é crime em 1
6. D 1
7. A 1
8. E
inúmeros países. Aparentemente, o médico
possuía um laboratório secreto, no qual fa-
zia seus experimentos. “Não tenho nenhuma

109
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aula 2

Competências 3,4 E 5
Habilidades 11, 12, 16 E 24

BREVIÁRIO

Arte e política na ditadura militar


O Ato Institucional nº5 de 1968 suspendeu direitos e garantias constitucionais dos cidadãos e o habeas corpus;
ampliou os poderes do presidente – demitir, remover ou pôr em disponibilidade funcionários públicos federais,
estaduais e municipais, fechar casas legislativas, decretar estado de sítio e confiscar bens como forma de punição
por corrupção e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais; demitir ou reformar oficiais e membros
das Forças Armadas e das polícias militares.
Depois da edição do AI-5, o governo ditatorial endureceu suas medidas repressivas. As manifestações artís-
ticas sofreram rígida fiscalização, censura e perseguição política. Mas foram elas os principais recursos para criticar
o regime e denunciar a realidade brasileira. A música popular brasileira ganhou dimensão política, provocando uma
cisão entre artistas que defendiam a separação entre a música e a política e os que defendiam o engajamento de
cantores e compositores nas causas políticas e sociais, utilizando a arte como instrumento de resistência à ditadura.
Os maiores representantes desse grupo foram Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Milton Nascimento,
entre outros. Escreveram canções dúbias, que procuravam criticar o governo sem despertar a atenção da censura.

Chico Buarque, ao centro, interpreta Roda Viva, em 1967.

No cinema, Glauber Rocha, Cacá Diegues e Joaquim Pedro de Andrade destacaram-se no Cinema Novo.
Seus filmes buscavam revelar a realidade social, econômica e política do País. No final da década de 1960 e início
da década de 1970, o teatro brasileiro viveu um de seus momentos mais importantes de criação e realização. Foram
adaptadas algumas peças estrangeiras e produzidas várias outras com temáticas genuinamente nacionais, que
denunciavam a realidade brasileira, como “Eles não usam Black-tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, e “Roda Viva”,
de Chico Buarque.
A imprensa alternativa, representada pelos jornais O Pasquim, Opinião e O Movimento, recorria ao bom hu-
mor, a charges e a sátiras para criticar a ditadura. Suas marcas registradas eram a ironia inteligente e a metáfora de-
bochada com que tratavam os assuntos da realidade nacional, especialmente a política vigente, seu alvo principal.

111
A formação do operariado inglês
Em 1850, a Europa tinha duas grandes cidades: Londres, com 2,3 milhões de habitantes, e Paris, com 1 milhão de
pessoas. Mas elas não ofereciam boa qualidade de vida para seus moradores. Uma minoria de industriais e ban-
queiros habitavam as regiões nobres da cidade. A maioria da população, entretanto, sobrevivia precariamente em
habitações inóspitas, alimentação e higiene precárias. Em Londres, comprimiam-se milhares de famílias operárias
em cubículos imundos, sujeitas ao frio e à intensa fuligem das fábricas. Além dos migrantes rurais, haviam chegado
à capital inglesa centenas de milhares de irlandeses em busca de trabalho. Doenças e epidemias alastravam-se pela
cidade, matando as pessoas enfraquecidas em virtude do seu baixo poder de compra e das exaustivas jornadas de
trabalho a que eram submetidas. A fumaça da queima do carvão tornava o ar das cidades industriais irrespiráveis,
agravando ainda mais as já precárias condições de vida.
Um dos grandes problemas que a Revolução Industrial impôs ao operariado foi o ritmo de trabalho intenso
e com longas jornadas, sem garantias legais. Recrutavam-se homens, mulheres e crianças para os postos nas
fábricas. Na Inglaterra, predominava o trabalho feminino e infantil na indústria têxtil. As crianças começavam
a trabalhar a partir dos cinco anos de idade, em alguns casos.

Crianças Operárias na Inglaterra. Embora proibido, o trabalho infantil persistiu no início do século XX.

Em 1835, as indústrias têxteis inglesas empregavam cerca de 26,5% de homens, 30,5% de mulheres e
43% de adolescentes e crianças. Naquele período, na indústria ou nas minas de carvão, as mulheres recebiam o
equivalente à metade dos salários dos homens e as crianças, apenas um quarto.
Inicialmente, sem organização política e sem lideranças, os operários e os artesãos empobrecidos reagiram
de forma espontânea à superexploração capitalista. Suas manifestações eram lideradas por artesãos empobrecidos,
que viam nas máquinas a causa de sua miséria, passando, então, a destruí-las.
Entre 1811 e 1812, um artesão empobrecido, Ned Ludd, “organizou” o ludismo – movimento que, além
de destruir as máquinas, passou a perseguir e atacar os capitalistas. Em razão disso, o Parlamento inglês criou uma
lei para punir com a pena de morte a destruição das máquinas, o que forçou a classe trabalhadora a buscar novas
e mais maduras formas de lutas sociais.

Operação Condor: anos sangrentos na América Latina


A Operação Condor foi uma aliança político-militar criada para reprimir a resistência aos regimes ditatoriais insta-
lados nos seis países do Cone Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia) e contou com a participação
do Centro de Inteligência Americana, CIA.

112
Foi somente com a intervenção de um magistrado argentino, que o governo brasileiro, 15 anos depois da
redemocratização, determinou a abertura dos arquivos da ditadura militar (1964-1985). Na Argentina, o juiz Cláu-
dio Bonadío solicitou oficialmente à Justiça brasileira informações sobre a Operação Condor. Bonadío averigua o
destino de 16 cidadãos argentinos (três deles teriam sido sequestrados no Brasil por militares argentinos), entre
1976 e 1982.
No Brasil, Gilmar Mendes, advogado-geral da União, foi o autor do pedido do Planalto que determinou que
as Forças Armadas abrissem os arquivos da repressão no período da ditadura militar. Aguarda-se uma resposta até
o final de junho, sendo que o julgamento analisará os documentos antes de enviá-los ao Supremo Tribunal Federal,
que encaminhará os papéis à Justiça argentina.
O início dos anos 1970 são considerados os “anos de chumbo” para a América latina, marcados por gol-
pes militares, que inauguraram ditaduras assassinas em quase todo continente, destacando-se Bolívia (agosto de
1971), Chile (setembro de 1973) e Argentina (março de 1976), entre outros.
No Brasil, onde os militares já estavam no poder desde 1964, a ditadura ganhou força com a publicação
do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968. Em outubro de 1975, o jornalista Wladimir Herzog, militante do
Partido Comunista Brasileiro, é torturado e assassinado numa cela do DOI-Codi, em São Paulo. Destacam-se ainda
a morte sob tortura do metalúrgico ligado ao PCB, Manuel Fiel Filho, também no DOI-Codi de São Paulo, e o fuzi-
lamento de dois dirigentes do Pc do B, em 1976.
Nesse mesmo ano, Jimmy Carter elegia-se presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, com uma
campanha baseada na luta pelos direitos humanos, o que poderia representar o fim da colaboração dos EUA com
as ditaduras militares na América latina.

Em setembro de 1977, o jornalista estadunidense Jack Anderson divulgou uma carta redigida pelo coronel
Manuel Contreras, chefe da polícia secreta do Chile, endereçada ao general João Batista Figueiredo, chefe do
Serviço Nacional de Informações, que, em 1979, sucedeu o general Ernesto Geisel na Presidência da República.
Na carta, datada de 28 de agosto de 1975, Contreras mostra-se preocupado com a recente eleição nos EUA e
os defensores dos direitos humanos na América latina, citando entre eles o ministro do Chile Orlando Letelier e
Juscelino Kubitschek : “Também temos conhecimento das posições de Kubitschek e Letelier, o que no futuro poderá
influenciar seriamente a estabilidade do Cone Sul de nosso hemisfério. O plano proposto por você para coordenar
a ação contra certas autoridades eclesiásticas e políticos da América latina, conta com o nosso decisivo apoio”.
Coincidência ou não, Juscelino e Letelier morreram pouco depois da data da correspondência. Juscelino
morreu num acidente de carro, em 22 de agosto de 1976, e Letelier, num atentado a bomba, em 21 de setembro.
Em 6 de dezembro, era a vez de João Goulart, que com 58 anos morria de enfarte, em sua fazenda na Argentina.

113
No esteio desse processo, o Chile também sofreu um golpe militar liderado por Pinochet, que ficou no poder
por mais de 26 anos (1973-1990) e implementou uma das ditaduras mais sangrentas da América latina, somando
inúmeros mortos, torturados e desaparecidos.

Pensando sobre a coletividade da moral


A moral é comprovadamente fruto de relações sociais, uma vez que percebe-se diferença de valores entre povos
com vivências distintas. Contudo, como todo conjunto de valores e ideias, sua execução não depende somente da
vontade individual, mas de condições objetivas favoráveis.

Poder e liberdade no pensamento de Montesquieu


“Nos capítulos iniciais do livro XI de O espírito das leis, Montesquieu procura encontrar um significado para a pala-
vra liberdade até chegar ao conceito de liberdade no sentido político, que seria o direito de fazer tudo o que as leis
permitem. E argumenta: se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque
os outros também teriam tal poder. E alerta: é verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas
a liberdade política não consiste nisso. A liberdade consiste em fazermos algo sem sermos obrigados a assim agir.
Pois, continua a pensar numa sociedade em que há leis, a liberdade não pode constituir senão em poder fazer o
que se deve querer e em não ser constrangido, o que não se deve desejar.
Montesquieu insiste ainda em conceber a liberdade política limitada pela moderação do poder. Para ele, os
sistemas democráticos e aristocráticos, essencialmente, não são livres, exceto quando neles não se abusa do poder,
o que para se conseguir é preciso que pela disposição das coisas o poder freie o poder. O homem que tem o poder
é tentado a abusar dele. É preciso limitá-lo, frear seu desejo de comando. Só pode existir liberdade quando não
há abuso do poder. Estabelece, então, condições necessárias para a concretização da liberdade política como uma
expressão de valor para a cidadania. E pensando na consolidação de um Estado livre, Montesquieu vai afirmar que
somos livres, porque somos governados por leis que orientam nossa vida em sociedade. A moderação do poder
constitui princípio basilar da liberdade política. Pois uma constituição pode ser de tal modo, que ninguém será
constrangido a fazer coisas que a lei não obriga e a não fazer as que a lei permite.
A distinção entre governo moderado e governo imoderado é provavelmente central no pensamento de
Montesquieu. Permite integrar as considerações sobre a Inglaterra que se encontram no livro XI na teoria dos tipos
de governo dos primeiros livros.
Montesquieu descobriu na Inglaterra, por um lado, um Estado que tem por objeto próprio a liberdade polí-
tica e, por outro lado, o fato e a ideia da representação política.

Tripartição dos Poderes no Brasil em seus três níveis – federal, estadual e municipal. Claramente inspirada em Montesquieu.

114
Progresso tecnológico e mudança nas
relações de trabalho

O contexto sociológico fabril, originário das revoluções industriais, foi profundamente transformado nos países ca-
pitalistas centrais. Trata-se da ruptura da sociedade de massas, que é organizada a partir de grandes contingentes
proletários, e o início de uma realidade organizada em torno do setor de serviços. Muitos dos trabalhadores, antes
assalariados, prestam serviços às empresas como freelancers, isto é, por meio de pequenas empresas individuais,
por exemplo.
Se pensarmos no caso brasileiro, há a chamada criação do precariado, uma nova categoria de trabalhadores
urbanos.

Na Revista crítica de ciências sociais, o economista britânico Guy Standing assim define o precariado:
“O precariado tem relações de produção bem definidas e este tem sido o aspecto mais acentuado pela
maioria dos comentadores, apesar de não ser, efetivamente, o mais determinante para a sua compreensão. O
trabalho desempenhado pelo precariado é, de sua natureza, frágil e instável, andando associado à casualização,
à informalização, às agências de emprego, ao regime de tempo parcial, ao falso autoemprego e a esse novo fe-
nômeno de massas chamado crowd sourcing [modelo de criação e/ou produção, que conta com a mão de obra e
conhecimento coletivos, para desenvolver soluções e criar produtos.

Operadores de telemarketing

Todas estas formas de trabalho “flexível” têm vindo a crescer um pouco por todo o mundo. O que já não
é tão visível é que, nesse processo, o precariado se vê obrigado a desempenhar uma proporção elevada e em
crescimento de trabalho para trabalhar relativamente ao trabalho propriamente dito. Assim, ele acaba por se ver
tão explorado fora do local de trabalho e do período laboral remunerado como quando se encontra no emprego
dentro do horário normal. Esse é um fator que distingue o precariado do velho proletariado. [...]
O precariado tem também relações de distribuição bem definidas, na medida em que depende quase ex-
clusivamente de salários nominais, estando normalmente sujeito a flutuações e não dispondo nunca de um
rendimento seguro. Ao contrário do que, também neste aspeto, se passava com o proletariado do século XX, cuja
insegurança no emprego podia estar coberta por medidas de proteção social, o precariado encontra se exposto a
uma incerteza crônica, tendo pela frente uma vida de desconhecidas incógnitas.”
(STANDING, G. O Precariado e a Luta de Classes. Disponível em: <https://rccs.revues.org/5521#tocto1n1>,
Acesso em: 08/2016)

A maximização dos lucros empresariais: o caso dos bancos


Uma empresa – seja um banco ou uma indústria – sempre almeja o lucro. Entende-se por lucro a diferença entre
receitas e custos. Receitas são todos os seus recebimentos; custos são as despesas necessárias para se produzir
aquilo que se vende. Sendo o custo trabalhista, quase sempre, o maior custo de uma empresa, o empresário sempre
buscará contratar o mínimo de trabalhadores necessários e com o menor salário possível.

115
Saldo líquido de contratações bancárias no Brasil (janeiro de 2014 a março de 2016)

Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET – CAGED LEI 4.923/65


Elaboração: DIEESE – Rede Bancários

O gráfico acima descreve o comportamento do saldo líquido de contratações (contratações – demissões)


bancárias no Brasil, entre janeiro de 2014 e março de 2016. Observam-se valores negativos na maior parte dos
meses, oriundos de demissões em massa causados pela substituição em massa dos bancários por meios digitais,
como caixas eletrônicos, computadores e aplicativos de celular. Alguns poderiam associar o comportamento descri-
to como causa da crise econômica pela qual o Brasil vive, tendo o ano de 2015 acumulado uma retração de 3,8%
em nosso produto interno bruto.
Contudo, ao analisarmos o gráfico abaixo, o qual descreve a evolução das receitas médias e do lucro médio
dos bancos brasileiros, vemos que a hipótese acima é falsa. Houve, sobremaneira, ascensão significativa nos lucros
das instituições financeiras. Dessa forma, conclui-se que as demissões nos bancos não provêm da crise, mas de um
progressivo e estrutural desemprego tecnológico dentre os trabalhadores do setor.
Receita Líquida e Lucros Anuais
* em bilhões

116
O iluminismo na perspectiva de Immanuel Kant
O iluminismo auferiu críticas severas aos dogmas religiosos e ao poder coercitivo do Estado absolutista. Kant pre-
conizava a reconstrução de um espaço público capaz de organizar os indivíduos politicamente de forma autônoma
e racional, sem a tutela do dogma e do Estado. Esclarecer-se é primar pela razão.

Eis uma breve síntese do texto, “O que é esclarecimento?”, de Immanuel Kant:


“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem
de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.

Immanuel Kant 1724-1804

Sapere aude! Ter coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A pre-
guiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os
libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também
as causas que explicam porque é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. [...]
É difícil, portanto, para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase
uma natureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar seu próprio enten-
dimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder. [...]
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão LIBERDADE. E a mais inofensiva entre tudo
aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões.”
(Disponível em: <http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/b47.pdf>, Acesso em: 08/2016).

Lutas sociais e o movimento negro no Brasil

“O movimento negro atualmente é uma forma de organização e mobilização política da sociedade civil centrada
em uma identidade étnico-racial-negro, afrodescendente, afro-brasileiro – e com o objetivo de luta contra a dis-
criminação racial dos negros em diferentes instituições e espaços sociais: escolas, universidades, hospitais, clubes,
restaurantes, shoppings centers, hotéis etc. O movimento tem como meta a perspectiva da igualdade e da justiça
social entre negros e brancos.

117
Essa definição é válida particularmente para o Movimento Negro Unificado (MNU), fundado em 1978, no
contexto de abertura da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985), e outros movimentos mais atuais. O MNU é um
agente coletivo e político importante na reivindicação e conquista de muitas ações políticas, jurídicas e educa-
cionais que ocorreram nas últimas décadas destinadas à população negra no Brasil. Antes de conversamos mais
sobre este período mais recente, é importante fazer referência às organizações negras que antecederam o MNU.
Os movimentos negros no Brasil tem uma história de descontinuidades e de posturas políticas bastante
diferentes. Eles costumam ser divididos, a grosso modo, em quatro períodos principais: 1) República Velha (1889-
1930); 2) Revolução de 1930 ao Estado Novo de Getúlio Vargas (1930-1937); 3) Da democratização ao Golpe
Militar (1945-1964); 4) Da abertura política (1978/79) ao contexto atual.
Na primeira fase, especialmente entre 1910-1930, as organizações dos “homens de cor”– clubes cívicos,
grêmios, sociedades beneficentes etc–, como geralmente eram nomeadas, eram sobretudo assistenciais, recrea-
tivas e/ou culturais. Estas organizações não tinham um caráter partidário, eram locais e muitas delas vinculadas
à religião católica. Muitos clubes e grêmios serviam como espaços de sociabilidade e lazer para os “homens de
cor”.
O segundo período (1930-37) vale destacar particularmente a Frente Negra Brasileira (FNB), criada em
1931, no início do governo de Getúlio Vargas (1930-45). Trata-se de um movimento social centrado na ideia na-
cionalista de defesa da inserção da “raça negra” no mundo do trabalho, uma vez que os imigrantes estrangeiros
eram preferidos no mercado de trabalho, deixando a maioria dos negros e mestiços na condição de desempre-
gados e marginalizados.
A Frente Negra Brasileira visava construir um “novo negro” (“trabalhador”, “ordeiro”, “civilizado”) por
meio de valores morais e instrução escolar, afastando-se dos estereótipos relacionados ao negro: “vagabundo”,
“sem instrução”, “bêbado” etc. A inclusão do negro na sociedade nacional ocorreria por meio de uma postura
assimilacionista de valores da cultura dominante.

No terceiro período (1945-64) merece referência o Teatro Experimental do Negro (TEN), criado ainda em
1944 por Abdias do Nascimento. O TEN é um movimento político de vanguarda artística focado na defesa da
negritude, o negro como protagonista no teatro e na vida política. O negro passa a ser visto como o povo bra-
sileiro. Não se trata de uma minoria, mas de uma maioria explorada e excluída, incluindo os mestiços e pardos
sem direitos civis e sociais.
Da redemocratização aos dias atuais, o Movimento Negro Unificado se apresenta como um movimento
de esquerda e mantêm relação com outros movimentos sociais (movimento feminista, novo sindicalismo, novos
movimentos urbanos, entre outros) no contexto da abertura política no Brasil. É um movimento centrado na
discussão de classe e raça, isto é, numa perspectiva mais complexa.”
<Adaptado de: <http://www.comfor.unifesp.br/wp-content/docs/COMFOR/biblioteca_virtual/UNIAFRO/mod1/Disc3-Unidade5-
-UNIAFRO.pdf>
Acessado em: Agosto/2016)

118
Aplicação dos 3. (ENEM) É verdade que nas democracias o
povo parece fazer o que quer; mas a liber-

conhecimentos - Sala dade política não consiste nisso. Deve-se ter


sempre presente em mente o que é indepen-
dência e o que é liberdade. A liberdade é o
1. (ENEM) A poluição e outras ofensas am- direito de fazer tudo o que as leis permitem;
bientais ainda não tinham esse nome, mas se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas
já eram largamente notadas no século XIX, proíbem, não teria mais liberdade, porque os
nas grandes cidades inglesas e continentais. outros também teriam tal poder.
E a própria chegada ao campo das estradas MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo:
de ferro suscitou protestos. A reação anti- Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).
maquinista, protagonizada pelos diversos A característica de democracia ressaltada
ludismos, antecipa a batalha atual dos am- por Montesquieu diz respeito:
bientalistas. Esse era, então, o combate so- a) ao status de cidadania que o indivíduo ad-
cial contra os miasmas urbanos. quire ao tomar as decisões por si mesmo.
SANTOS M. A natureza do espaço: técnica e tempo, b) ao condicionamento da liberdade dos cida-
razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado). dãos à conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no po-
O crescente desenvolvimento técnico-produ- der e, nesse caso, livre da submissão às leis.
tivo impõe modificações na paisagem e nos d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àqui-
objetos culturais vivenciados pelas socieda- lo que é proibido, desde que ciente das con-
des. De acordo com o texto, pode-se dizer sequências.
que tais movimentos sociais emergiram e se e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de
expressaram por meio: acordo com seus valores pessoais.
a) das ideologias conservacionistas, com mi-
lhares de adeptos no meio urbano. 4. (ENEM) Estamos testemunhando o reverso
b) das políticas governamentais de preservação da tendência histórica da assalariação do
dos objetos naturais e culturais. trabalho e socialização da produção, que foi
c) das teorias sobre a necessidade de harmoni- característica predominante na era indus-
zação entre técnica e natureza. trial. A nova organização social e econômi-
d) dos boicotes aos produtos das empresas ex- ca baseada nas tecnologias da informação
ploradoras e poluentes. visa à administração descentralizadora, ao
e) da contestação à degradação do trabalho, trabalho individualizante e aos mercados
das tradições e da natureza. personalizados. As novas tecnologias da in-
formação possibilitam, ao mesmo tempo, a
descentralização das tarefas e sua coordena-
2. (ENEM) O brasileiro tem noção clara dos
ção em uma rede interativa de comunicação
comportamentos éticos e morais adequados,
em tempo real, seja entre continentes, seja
mas vive sob o espectro da corrupção, revela
entre os andares de um mesmo edifício.
pesquisa. Se o país fosse resultado dos pa- CASTELLS, M. A sociedade em rede. São
drões morais que as pessoas dizem aprovar, Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado).
pareceria mais com a Escandinávia do que No contexto descrito, as sociedades viven-
com Bruzundanga (corrompida nação fictícia ciam mudanças constantes nas ferramentas
de Lima Barreto). de comunicação que afetam os processos
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de produtivos nas empresas. Na esfera do tra-
S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
balho, tais mudanças têm provocado:
O distanciamento entre “reconhecer” e a) o aprofundamento dos vínculos dos operários
“cumprir” efetivamente o que é moral cons- com as linhas de montagem sob influência
titui uma ambiguidade inerente ao humano, dos modelos orientais de gestão.
b) o aumento das formas de teletrabalho como
porque as normas morais são:
solução de larga escala para o problema do
a) decorrentes da vontade divina e, por esse desemprego crônico.
motivo, utópicas. c) o avanço do trabalho flexível e da terceiriza-
b) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é ção como respostas às demandas por inovação
destituído de obrigação. e com vistas à mobilidade dos investimentos.
c) amplas e vão além da capacidade de o indi- d) a autonomização crescente das máquinas e
víduo conseguir cumpri-las integralmente. computadores em substituição ao trabalho
d) criadas pelo homem, que concede a si mes- dos especialistas técnicos e gestores.
mo a lei à qual deve se submeter. e) o fortalecimento do diálogo entre operários,
e) cumpridas por aqueles que se dedicam intei- gerentes, executivos e clientes com a garan-
ramente a observar as normas jurídicas. tia de harmonização das relações de trabalho.

119
5. (ENEM) A introdução de novas tecnologias d) a compreensão de verdades religiosas que liber-
desencadeou uma série de efeitos sociais que tam o homem da falta de entendimento.
afetaram os trabalhadores e sua organização. e) a emancipação da subjetividade humana de ideo-
O uso de novas tecnologias trouxe a diminui- logias produzidas pela própria razão.
ção do trabalho necessário que se traduz na
economia líquida do tempo de trabalho, uma
vez que, com a presença da automação micro- Raio X
eletrônica, começou a ocorrer a diminuição
1. A alternativa E é a única possível, pois afir-
dos coletivos operários e uma mudança na
ma corretamente que o surgimento dos mo-
organização dos processos de trabalho.
vimentos sociais como produto do desen-
Revista Eletrônica de Geografia Y Ciências Sociales.
Universidad de Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004. volvimento técnico-produtivo estava ligado
essencialmente à contestação, tendo em vis-
A utilização de novas tecnologias tem cau- ta as transformações que tal desenvolvimen-
sado inúmeras alterações no mundo do tra- to proporcionou – e tem proporcionado - nas
balho. vidas das pessoas, transformações estas que
nem sempre significam melhora na quali-
Essas mudanças são observadas em um mo- dade de vida. Tanto no século XIX como em
delo de produção caracterizado: pleno século XXI, os efeitos do desenvolvi-
a) pelo uso intensivo do trabalho manual para mento tecnológico e industrial se mostram
desenvolver produtos autênticos e persona- nocivos a grande parcela da população.
lizados. Os movimentos sociais que no século XIX se re-
b) pelo ingresso tardio das mulheres no merca- voltavam contra as máquinas, porque elas su-
do de trabalho no setor industrial. postamente restringiam as oportunidades de
c) pela participação ativa das empresas e dos emprego, degradavam a vida daqueles que com
próprios trabalhadores no processo de quali- elas trabalhavam e, ainda, poluíam as cidades.
ficação laboral. 2. O texto publicado na Folha de São Paulo
d) pelo aumento na oferta de vagas para traba- intitula-se “Ninguém é inocente” e se re-
lhadores especializados em funções repetiti- fere à ambiguidade inerente à moralidade,
vas. indicando o evidente distanciamento entre
e) pela manutenção de estoques de larga escala “reconhecer” e “cumprir” a norma moral. O
em função da alta produtividade. princípio ético – a norma moral – resulta da
idealização do comportamento, ou seja, ele
postula o comportamento ideal, aquele que
6. (ENEM) Esclarecimento é a saída do homem
de sua menoridade, da qual ele próprio é corresponde o que deveria ser.
culpado. A menoridade é a incapacidade de 3. É certo que a liberdade da sociedade demo-
fazer uso de seu entendimento sem a dire- crática é justificada pela sua limitação de-
ção de outro indivíduo. O homem é o próprio signada pela constituição da lei, porém a
culpado dessa menoridade se a causa dela grande questão passa, então, a ser: qual é o
não se encontra na falta de entendimento, conteúdo da lei?
mas na falta de decisão e coragem de servir- Se a democracia é um regime fundado sobre
-se de si mesmo sem a direção de outrem. o valor da liberdade, então como a própria lei
Tem coragem de fazer uso de teu próprio en- poderia livrar-se desse condicionamento pri-
tendimento, tal é o lema do esclarecimento. mordial? O que Montesquieu estabelece é a
A preguiça e a covardia são as causas pelas necessidade de a lei ser a limitação da licen-
quais uma tão grande parte dos homens, de-
ça de se fazer tudo aquilo que não esteja de
pois que a natureza de há muito os liber-
tou de uma condição estranha, continuem, acordo com a racionalidade do espírito da lei.
no entanto, de bom grado menores durante 4. O desenvolvimento das redes imateriais
toda a vida. possibilitou a separação entre a gerência e
a produção. Com a maior celebridade dos
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
meios de comunicação, tornaram-se mais
eficazes as ações de controle da produção,
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimen- mesmo quando esta se dissemina no espaço.
to, fundamental para a compreensão do contex- 5. O trabalho atual, em consequência com a
to filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no Terceira Revolução Industrial, baseia-se na
sentido empregado por Kant, representa: qualificação do trabalhador, ou seja, estimu-
a) a reivindicação de autonomia da capacidade ra- la-se a formação de engenheiros e técnicos,
cional como expressão da maioridade. por exemplo.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto 6. Como diz Kant em Resposta à pergunta:
menor diante das verdades eternas. “O que é Iluminismo?” (1784), a palavra
c) a imposição de verdades matemáticas, com cará- de ordem deste movimento de renovação
ter objetivo, de forma heterônoma. cultural é “Sapere aude!”, isto quer dizer

120
basicamente que os homens deveriam dei-
xar sua menoridade, da qual são culpados, e
direcionarem seu entendimento a partir de
suas próprias forças, sem a guia de outro.
Esta posição perante o mundo possibilitou
um movimento em busca da liberdade e de
um ideal de independência política, econô-
mica e intelectual. Desta busca nasce, entre
muitos outros movimentos, a Independência
americana, a Independência haitiana e a Re-
volução francesa (esta última influenciada
pelo pensamento do filósofo Jean-Jacques
Rousseau). E sendo uma posição opositora
dos regimes absolutistas, o Iluminismo al-
meja a libertação da riqueza e de tudo mais
dos mistérios divinos tão presentes no pen-
samento medieval e influentes neste tipo de
Estado absoluto. Tudo passa a ser problema
resolvível se o entendimento do homem se
empenhar de maneira metodológica. Nada é
misterioso. Desta confiança na razão nasce
uma reflexão sobre a riqueza e sua adminis-
tração – Adam Smith, A riqueza das nações
(1776), por exemplo. Neste contexto Mon-
tesquieu também é importante, na sua obra
O Espírito das Leis temos um tratado sobre
as relações do poder administrativo e uma
teorização sobre a tripartição deste poder
(executivo, legislativo e judiciário) de modo
a serem separados, porém interdependentes.

Gabarito
1
. E 2
. D 3
. B 4. C 5. C
6. A

121
Prescrição: Para desenvolver os exercícios, você deve estar a par das discussões teóricas de autores
clássicos, associando a produção intelectual com os anseios sociais de cada período histórico.

Prática dos Para Hobbes, antes da constituição da socie-


dade civil, quando dois homens desejavam o
conhecimentos - E.O. mesmo objeto, eles:
a) entravam em conflito.
b) recorriam aos clérigos.
1. (ENEM) Ora, em todas as coisas ordenadas a c) consultavam os anciãos.
algum fim, é preciso haver algum dirigen- d) apelavam aos governantes.
te, pelo qual se atinja diretamente o devido e) exerciam a solidariedade.
fim. Com efeito, um navio, que se move para
diversos lados pelo impulso dos ventos con- 3. (ENEM) Trasímaco estava impaciente porque
trários, não chegaria ao fim de destino, se Sócrates e os seus amigos presumiam que a
por indústria do piloto não fosse dirigido ao
justiça era algo real e importante. Trasíma-
porto; ora, tem o homem um fim, para o qual
co negava isso. Em seu entender, as pessoas
se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece,
acreditavam no certo e no errado apenas por
porém, agirem os homens de modos diversos
terem sido ensinadas a obedecer às regras da
em vista do fim, o que a própria diversida-
sua sociedade. No entanto, essas regras não
de dos esforços e ações humanas comprova.
passavam de invenções humanas.
Portanto, precisa o homem de um dirigente
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
para o fim.
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao
rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de
O sofista Trasímaco, personagem imortaliza-
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). do no diálogo A República, de Platão, susten-
tava que a correlação entre justiça e ética é
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a resultado de:
monarquia como o regime de governo capaz a) determinações biológicas impregnadas na
de: natureza humana.
a) refrear os movimentos religiosos contestató- b) verdades objetivas com fundamento anterior
rios. aos interesses sociais.
b) promover a atuação da sociedade civil na c) mandamentos divinos inquestionáveis lega-
vida política. dos das tradições antigas.
c) unir a sociedade tendo em vista a realização d) convenções sociais resultantes de interesses
do bem comum. humanos contingentes.
d) reformar a religião por meio do retorno à e) sentimentos experimentados diante de de-
tradição helenística. terminadas atitudes humanas.
e) dissociar a relação política entre os poderes
temporal e espiritual. 4. (ENEM)

2. (ENEM) A natureza fez os homens tão iguais,


quanto às faculdades do corpo e do espíri-
to, que, embora por vezes se encontre um
homem manifestamente mais forte de cor-
po, ou de espírito mais vivo do que outro,
mesmo assim, quando se considera tudo isto
em conjunto, a diferença entre um e outro
homem não é suficientemente considerável
para que um deles possa com base nela recla-
mar algum benefício a que outro não possa
igualmente aspirar.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

122
No centro da imagem, o filósofo Platão é 7. (ENEM) No final do século XIX, as Grandes
retratado apontando para o alto. Esse gesto Sociedades carnavalescas alcançaram ampla
significa que o conhecimento se encontra em popularidade entre os foliões cariocas. Tais
uma instância na qual o homem descobre a: sociedades cultivavam um pretensioso obje-
tivo em relação à comemoração carnavalesca
a) suspensão do juízo como reveladora da ver- em si mesma: com seus desfiles de carros
dade. enfeitados pelas principais ruas da cidade,
b) realidade inteligível por meio do método pretendiam abolir o entrudo (brincadeira
dialético. que consistia em jogar água nos foliões) e
c) salvação da condição mortal pelo poder de
outras práticas difundidas entre a população
Deus.
d) essência das coisas sensíveis no intelecto di- desde os tempos coloniais, substituindo-os
vino. por formas de diversão que consideravam
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sen- mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de
sibilidade. Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto
a abrir mão de suas diversões para assistir
5. (ENEM) Alguns dos desejos são naturais e ao carnaval das sociedades. O entrudo, na vi-
necessários; outros, naturais e não necessá- são dos seus animados praticantes, poderia
rios; outros, nem naturais nem necessários, coexistir perfeitamente com os desfiles.
mas nascidos de vã opinião. Os desejos que PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das
mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas
não nos trazem dor se não satisfeitos não em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais
são necessários, mas o seu impulso pode e outras frestas: ensaios de história social da cultura.
ser facilmente desfeito, quando é difícil ob- Campinas: Unicamp; Cecult, 2002 (adaptado).
ter sua satisfação ou parecem geradores de
dano. Manifestações culturais como o carnaval
EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, também têm sua própria história, sendo
V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. constantemente reinventadas ao longo do
tempo. A atuação das Grandes Sociedades,
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o descrita no texto, mostra que o carnaval re-
homem tem como fim: presentava um momento em que as:
a) alcançar o prazer moderado e a felicidade. a) distinções sociais eram deixadas de lado em
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais. nome da celebração.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida b) aspirações cosmopolitas da elite impediam a
com resignação. realização da festa fora dos clubes.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas c) liberdades individuais eram extintas pelas
pela divindade. regras das autoridades públicas.
e) defender a indiferença e a impossibilidade d) tradições populares se transformavam em
de se atingir o saber. matéria de disputas sociais.
e) perseguições policiais tinham caráter xenó-
6. (ENEM) A felicidade é portanto, a melhor, a fobo por repudiarem tradições estrangeiras.
mais nobre e a mais aprazível coisa do mun-
do, e esses atributos não devem estar sepa- 8. (ENEM)
rados como na inscrição existente em Delfos
“das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a
melhor é a saúde; porém a mais doce é ter
o que amamos”. Todos estes atributos estão
presentes nas mais excelentes atividades,
e entre essas a melhor, nós a identificamos
como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos


mais excelentes atributos, Aristóteles a
identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual a ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e per-
feitas.
e) expressão do sucesso individual e reconheci- O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskie-
mento público. go nasceu em 1976 e recebeu diversos prê-
mios por suas ilustrações.
Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil,
Kuczynskiego usa sua arte para:

123
a) difundir a origem de marcantes diferenças so- 1
1. (ENEM) A questão ambiental, uma das prin-
ciais. cipais pautas contemporâneas, possibilitou o
b) estabelecer uma postura proativa da socie- surgimento de concepções políticas diversas,
dade. dentre as quais se destaca a preservação am-
c) provocar a reflexão sobre essa realidade. biental, que sugere uma ideia de intocabili-
d) propor alternativas para solucionar esse pro- dade da natureza e impede o seu aproveita-
blema.
mento econômico sob qualquer justificativa.
e) retratar como a questão é enfrentada em vá- PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza
rios países do mundo. e a natureza da globalização. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).
9. (ENEM) A crescente intelectualização e ra- Considerando as atuais concepções políticas
cionalização não indicam um conhecimento sobre a questão ambiental, a dinâmica carac-
maior e geral das condições sob as quais vi- terizada no texto quanto à proteção do meio
vemos. Significa a crença em que, se quisés- ambiente está baseada na:
semos, poderíamos ter esse conhecimento a a) prática econômica sustentável.
qualquer momento. Não há forças misterio- b) contenção de impactos ambientais.
sas incalculáveis; podemos dominar todas as c) utilização progressiva dos recursos naturais.
coisas pelo cálculo. d) proibição permanente da exploração da na-
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H., tureza.
MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia.
Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
e) definição de áreas prioritárias para a explo-
ração econômica.
Tal como apresentada no texto, a proposição
de Max Weber a respeito do processo de de- 1
2. (ENEM) Ninguém nasce mulher; torna-se
sencantamento do mundo evidencia o(a): mulher. Nenhum destino biológico, psíqui-
a) progresso civilizatório como decorrência da co, econômico define a forma que a fêmea
expansão do industrialismo. humana assume no seio da sociedade; é o
b) extinção do pensamento mítico como um conjunto da civilização que elabora esse pro-
desdobramento do capitalismo. duto intermediário entre o macho e o castra-
c) emancipação como consequência do proces- do que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de
so de racionalização da vida. Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
d) afastamento de crenças tradicionais como
uma característica da modernidade. Na década de 1960, a proposição de Simone
e) fim do monoteísmo como condição para a de Beauvoir contribuiu para estruturar um
consolidação da ciência. movimento social que teve como marca o(a):
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a
1
0. (ENEM) Apesar de seu disfarce de iniciativa violência sexual.
e otimismo, o homem moderno está esma- b) pressão do Poder Legislativo para impedir a
gado por um profundo sentimento de impo- dupla jornada de trabalho.
tência que o faz olhar fixamente e, como que c) organização de protestos públicos para ga-
paralisado, para as catástrofes que se avizi- rantir a igualdade de gênero.
nham. Por isso, desde já, saliente-se a neces- d) oposição de grupos religiosos para impedir
sidade de uma permanente atitude crítica, o os casamentos homoafetivos.
único modo pelo qual o homem realizará sua e) estabelecimento de políticas governamen-
vocação natural de integrar-se, superando a tais para promover ações afirmativas.
atitude do simples ajustamento ou acomo-
dação, apreendendo temas e tarefas de sua 1
3. (ENEM) Não nos resta a menor dúvida de
época. que a principal contribuição dos diferentes
FREIRE. P. Educação como prática da liberdade.
tipos de movimentos sociais brasileiros nos
Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2011. últimos vinte anos foi no plano da recons-
trução do processo de democratização do
Paulo Freire defende que a superação das di- país. E não se trata apenas da reconstrução
ficuldades e a apreensão da realidade atual do regime político, da retomada da democra-
será obtida pelo(a): cia e do fim do Regime Militar. Trata-se da
a) desenvolvimento do pensamento autônomo. reconstrução ou construção de novos rumos
b) obtenção de qualificação profissional. para a cultura do país, do preenchimento de
c) resgate de valores tradicionais. vazios na condução da luta pela redemocra-
d) realização de desejos pessoais. tização, constituindo-se como agentes inter-
e) aumento da renda familiar. locutores que dialogam diretamente com a
população e com o Estado.
GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania.
São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado).

124
No processo da redemocratização brasileira, A situação imaginária proposta pelo autor
os novos movimentos sociais contribuíram explicita o desafio cultural do(a):
para: a) prática da diplomacia.
a) diminuir a legitimidade dos novos partidos b) exercício da alteridade.
políticos então criados. c) expansão da democracia.
b) tornar a democracia um valor social que ul- d) universalização do progresso.
trapassa os momentos eleitorais. e) conquista da autodeterminação.
c) difundir a democracia representativa como
objetivo fundamental da luta política. 1
6. (ENEM) Só num sentido muito restrito, o
d) ampliar as disputas pela hegemonia das en- indivíduo cria com seus próprios recursos o
tidades de trabalhadores com os sindicatos. modo de falar e de pensar que lhe são atri-
e) fragmentar as lutas políticas dos diversos buídos. Fala o idioma de seu grupo; pensa à
atores sociais frente ao Estado. maneira de seu grupo. Encontra a sua dispo-
sição apenas determinadas palavras e signi-
1
4. (ENEM) Em sociedade de origens tão niti- ficados. Estas não só determinam, em grau
damente personalistas como a nossa, é com- considerável, as vias de acesso mental ao
preensível que os simples vínculos de pessoa mundo circundante, mas também mostram,
a pessoa, independentes e até exclusivos de ao mesmo tempo, sob que ângulo e em que
qualquer tendência para a cooperação autên- contexto de atividade os objetos foram até
tica entre os indivíduos, tenham sido quase agora perceptíveis ao grupo ou ao indivíduo.
MANNHEIM, K. Ideologia e utopia. Porto
sempre os mais decisivos. As agregações e Alegre: Globo, 1950 (adaptado).
relações pessoais, embora por vezes precá-
rias, e, de outro lado, as lutas entre facções, Ilustrando uma proposição básica da socio-
entre famílias, entre regionalismos, faziam logia do conhecimento, o argumento de Karl
dela um todo incoerente e amorfo. O pecu- Mannheim defende que o(a):
liar da vida brasileira parece ter sido, por a) conhecimento sobre a realidade é condicio-
essa época, uma acentuação singularmente nado socialmente.
enérgica do afetivo, do irracional, do passio- b) submissão ao grupo manipula o conheci-
nal e uma estagnação ou antes uma atrofia mento do mundo.
correspondente das qualidades ordenadoras, c) divergência é um privilégio de indivíduos
disciplinadoras, racionalizadoras. excepcionais.
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São d) educação formal determina o conhecimento
Paulo: Cia. das Letras, 1995. do idioma.
e) domínio das línguas universaliza o conheci-
Um traço formador da vida pública brasilei- mento.
ra expressa-se,segundo a análise do historia-
dor, na: 1
7. (ENEM) Parecer CNE/CP nº 3/2004, que ins-
a) rigidez das normas jurídicas. tituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais
b) prevalência dos interesses privados. para a Educação das Relações Étnico-Raciais
c) solidez da organização institucional. e para o Ensino de História e Cultura Afro-
d) legitimidade das ações burocráticas. -Brasileira e Africana. Procura-se oferecer
e) estabilidade das estruturas políticas. uma resposta, entre outras, na área da edu-
cação, à demanda da população afrodescen-
1
5. (ENEM) Quanto ao “choque de civilizações”, dente, no sentido de políticas de ações afir-
é bom lembrar a carta de uma menina ame- mativas. Propõe a divulgação e a produção
ricana de sete anos cujo pai era piloto na de conhecimentos, a formação de atitudes,
Guerra do Afeganistão: ela escreveu que – posturas que eduquem cidadãos orgulhosos
embora amasse muito seu pai – estava pron- de seu pertencimento étnico-racial — des-
ta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu cendentes de africanos, povos indígenas,
país. Quando o presidente Bush citou suas descendentes de europeus, de asiáticos —
palavras, elas foram entendidas como mani- para interagirem na construção de uma na-
festação “normal” de patriotismo america- ção democrática, em que todos igualmente
no; vamos conduzir uma experiência mental tenham seus direitos garantidos.
simples e imaginar uma menina árabe mao- BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em:
www.semesp.org.br. Acesso em: 21 nov. 2013 (adaptado).
metana pateticamente lendo para as câme-
ras as mesmas palavras a respeito do pai que A orientação adotada por esse parecer fun-
lutava pelo Talibã – não é necessário pensar damenta uma política pública e associa o
muito sobre qual teria sido a nossa reação. princípio da inclusão social a:
ZIZEK. S. Bem-vindo ao deserto do real.
São Paulo: Bom Tempo. 2003.

125
a) práticas de valorização identitária.
b) medidas de compensação econômica.
c) dispositivos de liberdade de expressão.
d) estratégias de qualificação profissional.
e) instrumentos de modernização jurídica.

Gabarito
1. C 2. A 3. D 4. B 5. A
6. C 7. D 8. C 9. D 10. A
1
1. D 12. C 13. B 14. B 15. B
16. A 17. A

126
R.P.A.
ENEM
Geografia
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 1 e 2

Competências 1 e 2
Habilidades 2, 5 e 6

BREVIÁRIO

Correntes e conceitos do pensamento geográfico


§§ Princípio da extensão: estudar um fato ou área a partir da delimitação.

CE
MA
RN

PI PB
Oceano
PE
Atlântico
AL

SE

BA

MG

Delimitação da bacia hidrográfica do São Francisco

§§ Princípio da analogia: a partir da delimitação da área, compará-la com outras buscando semelhanças e
diferenças entre elas.

129
§§ Princípio da causalidade: explicar as causas dos fatos observados.

§§ Princípio da conexão: perceber que os fatores físicos e humanos nunca atuam isoladamente.

§§ Princípio da atividade: a paisagem possui sempre um caráter dinâmico.

O processo de escavação do Grand Canyon pelo rio Sacramento

130
Escolas Geográficas
Determinismo
§§ Fredrich Ratzel: as condições naturais determinam o comportamento do homem, interferindo na sua
capacidade de progredir.

Possibilismo
§§ Paul Vidal de La Blache: entende que o homem tem condições de transformar o meio natural e adaptá-lo
às suas necessidades.

Método regional
§§ Karl Ritter: enfatiza a diferenciação da área a partir da integração de fenômenos heterogêneos em uma
dada porção da superfície.

Nova Geografia
§§ Nasceu na escola americana.
§§ Utiliza-se de métodos matemáticos e técnicas estatísticas para analisar os fatos geográficos

Geografia Crítica ou Marxista


§§ Enfatiza a necessidade de engajamento político dos geógrafos e defende a diminuição das disparidades
socioeconômicas e regionais.

Conceitos geográficos
§§ Território: é concebido, nas mais diversas análises e abordagens, como um espaço delimitado pelo uso de
fronteiras – não necessariamente visíveis – e que se consolida a partir de uma expressão e imposição de
poder.

131
§§ Paisagem: é a parte visível do espaço geográfico, sejam aspectos naturais ou culturais. Na prática, ela se
constitui de uma parte da Terra que, quando estudada tanto do ponto de vista físico quanto do humano,
apresenta características próprias. Pode ser dividida em paisagem natural e paisagem modificada.

“Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem [...]. Não
apenas formada de volumes, mas também de cores, odores, movimentos, sons etc.”
Milton Santos

§§ Lugar: representa a porção do espaço geográfico dotada de significados particulares e relações humanas. É
a porção do espaço onde vivemos, é nele que ocorre o nosso cotidiano, onde vivemos nossas experiências.

132
Origem da cultura
“Um povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura
é como uma árvore sem raízes.”
Marcus Garvey

§§ Claude Lévi-Strauss identifica o surgimento da cultura com o aparecimento da primeira regra, que seria a
proibição do incesto, um comportamento comum a todas as sociedades humanas.
§§ O antropólogo Leslei White considera que a origem da cultura ocorreu quando o homem foi capaz de gerar
e compreender os símbolos.
§§ Entende-se por relativismo cultural uma ideologia político-social que defende a validade e a riqueza de se
observar sistemas culturais, não partindo dos conceitos ocidentais modernos de ética e moral, mas sim,
estabelececendo que cada cultura deve ser entendida em seus próprios termos e vai contra a ideia que
existam culturas melhores ou piores, ou ainda, evoluídas ou primitivas.

Mestre Darcy, criador do Jongo da Serrinha

§§ Entende-se por diversidade cultural os diferentes costumes de uma sociedade, como as vestimentas, a culi-
nária, as manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos.

Mulheres da tribo Kallawayas mascam a folha da coca nos altiplanos bolivianos, tradição sagrada em sua cultura.

133
§§ Os principais disseminadores da cultura brasileira foram os colonizadores europeus, a população indígena
e os negros africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre
outros.
§§ Uma das questões de diversidade é a dos nativos brasileiros, quanto à demarcação das terras indígenas,
entre os silvícolas e nativos com madeireiros, posseiros, ribeirinhos e fazendeiros.

§§ Outra questão são os quilombolas, que buscam a legalidade de suas terras, inclusive em áreas urbanas.
Lutam contra a especulação imobiliária e pelo reconhecimento identitário.

Comunidade do Mandira, remanescente do quilombo localizado na ilha do Cardoso, município de Cananeia, onde residem 25 famílias.
Com a impossibilidade de fazer roças e criar animais para a subsistência, devido às restrições ambientais, e indefinição na titulação do
território, a principal fonte de renda da comunidade é o manejo de ostra e o artesanato.

134
Coordenadas geográficas
O sistema de mapeamento da Terra, por meio das coordenadas geográficas, dizem respeito às linhas imaginárias
que cortam o Planeta nos sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na superfície
terrestre.

Paralelos e Meridianos
§§ Greenwich (meridiano central);
§§ Equador (paralelo central); Trópico de Câncer; Trópico de Capricórnio; Círculo Polar Ártico; Círculo Polar
Antártico.

Longitude e latitude
§§ Longitude: distância em graus de qualquer ponto da Terra em relação ao Meridiano de Greenwich. As
linhas de longitudes também são chamadas de meridianos.
As longitudes variam entre 0º e 180º para Leste (E) ou para Oeste (W), sendo contadas a partir do meridiano
de Greenwich.
§§ Latitude: distância em graus de qualquer ponto da Terra em relação à linha do equador. É também cha-
mada de paralelo por se tratar de linhas imaginárias traçadas paralelamente ao Equador. Os principais
paralelos são: o Círculo Polar Ártico, o Círculo Polar Antártico, o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio.
As latitudes variam de 0º a 90º, sendo contadas a partir da linha do Equador, que é a latitude 0º, responsá-
vel por dividir o Planeta em hemisférios Norte (Boreal ou Setentrional) e Sul (Austral ou Meridional).

135
Zonas climáticas
São cinco as zonas climáticas da Terra:

§§ Zona Tropical ou Intertropical: está localizada entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio. É
a região mais quente da Terra.
§§ Zona Temperada do Norte: entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico. Como recebe raios do
sol mais inclinados, é menos aquecida e iluminada. Nessa zona, é fácil perceber a passagem das quatro
estações do ano, pois cada estação apresenta as características que as diferenciam nitidamente das outras.
§§ Zona Temperada do Sul: entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico.
§§ Zona Polar do Sul: abrange as áreas localizadas dentro do Círculo Polar Antártico.
§§ Zona Polar do Norte: abrange as áreas situadas dentro do Círculo Polar Ártico.
As zonas polares são as regiões mais frias do Planeta. Essas regiões recebem os raios do sol muito incli-
nados e, por isso, muito fracos. Por causa disso são muito frias, ocorrendo nelas a formação de grandes geleiras.

Solstício e equinócio
§§ Entre 21 e 22 de dezembro, os raios solares incidem perpendicularmente no Trópico de Capricórnio, deter-
minando maior aquecimento no hemisfério Sul e definindo seu solstício de verão, dando início, portanto,
ao verão no hemisfério Sul, enquanto no Norte é inverno.
§§ Entre 20 e 21 de junho, a situação se inverte. Quando o planeta atinge aquela posição em relação ao Sol,
é o Trópico de Câncer que recebe os raios solares perpendicularmente, definindo o solstício de verão no
hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul.
§§ Existem duas posições intermediárias: entre 20 ou 21 de março e em 22 e 23 de setembro, quando os raios
solares incidem perpendicularmente na linha do Equador, determinando os equinócios, ou seja, quando os
dois hemisférios são igualmente iluminados e se alternam as estações primavera e outono.

136
Noções de cartografia

Cartografia sistemática
§§ Produzir mapas com o máximo de precisão possível.

Cartografia Temática
§§ Tem como objetivo a utilização de mapas com variados temas da geografia física e humana.

Classificação de mapas e cartas


§§ Cadastrais: com escalas de 1:500 a 1:10.000
§§ Topográficos: com escalas de 1:25.000 a 1:250.000
§§ Geográficos: com escalas de 1:500.000 a 1:1.000.000

Interpretação das curvas de nível


§§ Quanto maior a declividade do terreno representado, mais próximas são as curvas de nível. Na representa-
ção de terrenos pouco íngremes, elas são mais afastadas.
§§ Entre duas curvas de nível há sempre a mesma diferença de altitude.
§§ Pontos situados na mesma curva de nível têm a mesma altitude.
§§ Os rios nascem nas áreas mais altas e correm para as áreas mais baixas.

137
Geomática
§§ Aerofotogrametria;
§§ Sensoriamento remoto;
§§ Sistema de posicionamento global;
§§ SIG (Sistemas de Informações Geográficas).

Projeções cartográficas
Classificação
§§ Semelhantes ou conformes: mantêm as formas, mas distorcem as áreas.
§§ Equivalentes: mantêm as áreas, mas distorcem as formas.
§§ Equidistantes: as distâncias são representadas corretamente, mas há distorção das formas e das áreas.
§§ Afiláticas ou indeterminadas: distorcem pouco cada uma das dimensões, sendo utilizadas para fins
didáticos.
§§ Anamorfose: não mantêm as formas nem os tamanhos, sendo utilizadas para representar algum fenô-
meno.

Projeção cilíndrica (Peters e Mercator)

Projeção cônica

Projeção azimutal

138
Escala

1:25000000 Quanto MAIOR o


denominador, menor a
escala, menos
detalhes

1:4000000
Quanto menor o
denominador, MAIOR a
escala, mais detalhes

§§ Mapas de plantas cadastrais, usadas para identificação de lotes no espaço urbano: 1:1.000 a 1:2.000
§§ Mapas topográficos municipais: 1:5.000 a 1:20.000
§§ Mapas topográficos regionais: 1:50.000 a 1:250.000
§§ Mapas de grandes regiões brasileiras: 1:500.000 a 1:2.000.000
§§ Mapas de países: escalas menores que 1:5.000.000

139
Aplicação dos 3. (ENEM) Pensando nas correntes e prestes a
entrar no braço que deriva da Corrente do
conhecimentos - Sala Golfo para o norte, lembrei-me de um vidro
de café solúvel vazio. Coloquei no vidro uma
nota cheia de zeros, uma bola cor rosa-cho-
1. (ENEM) Portadora de memória, a paisagem que. Anotei a posição e data: Latitude 49°49’
ajuda a construir os sentimentos de perten- N, Longitude 23°49’ W.
cimento; ela cria uma atmosfera que convém Tampei e joguei na água. Nunca imaginei
aos momentos fortes da vida, às festas, às que receberia uma carta com a foto de um
comemorações. menino norueguês, segurando a bolinha e a
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. estranha nota.
São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado). KLINK. A. Parati: entre dois polos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998 (adaptado).
No texto é apresentada uma forma de inte-
gração da paisagem geográfica com a vida No texto, o autor anota sua coordenada geo-
social. gráfica, que é:
Nesse sentido, a paisagem, além de existir a) a relação que se estabelece entre as distân-
como forma concreta, apresenta uma dimen- cias representadas no mapa e as distâncias
são: reais da superfície cartografada.
a) política de apropriação efetiva do espaço. b) o registro de que os paralelos são verticais
b) econômica de uso de recursos do espaço. e convergem para os polos, e os meridianos
c) privada de limitação sobre a utilização do são círculos imaginários, horizontais e equi-
distantes.
espaço.
c) a informação de um conjunto de linhas ima-
d) natural de composição por elementos físicos
ginárias que permitem localizar um ponto
do espaço. ou acidente geográfico na superfície terres-
e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo tre.
com o espaço. d) a latitude como distância em graus entre um
ponto e o meridiano de Greenwich, e a lon-
2. (ENEM) Os yanomami constituem uma so- gitude como a distância em graus entre um
ciedade indígena do norte da Amazônia e ponto e o Equador.
formam um amplo conjunto linguístico e e) a forma de projeção cartográfica, usada para
cultural. Para os yanomami, urihi, a “terra- navegação, onde os meridianos e paralelos
floresta”, não é um mero cenário inerte, ob- distorcem a superfície do Planeta.
jeto de exploração econômica, e sim uma en-
tidade viva, animada por uma dinâmica de 4. (ENEM)
trocas entre os diversos seres que a povoam.
A floresta possui um sopro vital, wixia, que é
muito longo. Se não a desmatarmos, ela não
morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não se
desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as
plantas crescem. A floresta não está morta
pois, se fosse assim, as florestas não teriam
folhas.
Tampouco se veria água. Segundo os yano-
mami, se os brancos os fizerem desaparecer
para desmatá-la e morar no seu lugar, fica-
rão pobres e acabarão tendo fome e sede.
ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque
Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 (adaptado).

De acordo com o texto, os yanomami acredi- As figuras representam a distância real (D)
tam que entre duas residências e a distância propor-
a) a floresta não possui organismos decomposi- cional (d) em uma representação cartográ-
tores. fica, as quais permitem estabelecer relações
b) o potencial econômico da floresta deve ser espaciais entre o mapa e o terreno. Para a
explorado. ilustração apresentada, a escala numérica
c) o homem branco convive harmonicamente correta é:
com urihi. a) 1/50.
d) as folhas e a água são menos importantes b) 1/5.000.
para a floresta que seu sopro vital. c) 1/50.000.
e) Wixia é a capacidade que tem a floresta de d) 1/80.000.
se sustentar por meio de processos vitais. e) 1/80.000.000.

140
5. (ENEM) O Projeto Nova Cartografia Social da 5.
O Projeto Nova Cartografia Social da Amazô-
Amazônia ensina indígenas, quilombolas e nia permite consolidar e ampliar o conheci-
outros grupos tradicionais a empregar o GPS mento das comunidades tradicionais (indí-
e técnicas modernas de georreferenciamento genas, extrativistas e ribeirinhos) sobre os
para produzir mapas artesanais, mas bastan- seus territórios com o acesso a tecnologias
te precisos, de suas próprias terras. modernas como os sistemas geográficos de
LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha informação (informática integrando GPS,
de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado). sensoriamento remoto e cartografia). Assim,
valoriza as identidades culturais locais e am-
A existência de um projeto como o apresen-
plia a capacidade de resistência a fatores ex-
tado no texto indica a importância da carto-
ternos que ameaçam as comunidades como o
grafia como elemento promotor da:
avanço da fronteira agrícola.
a) expansão da fronteira agrícola.
b) remoção de populações nativas.
c) superação da condição de pobreza.
d) valorização de identidades coletivas. Gabarito
e) implantação de modernos projetos agroin-
dustriais. 1
. E 2
. E 3
. C 4
. C 5
. D

Raio X
1.
A paisagem constitui a aparência do espaço,
é o que se pode visualizar no horizonte, sen-
do composta por elementos naturais e ele-
mentos artificiais produzidos pelo homem.
Além da dimensão concreta, os elementos da
paisagem carregam uma dimensão simbólica
e cultural, uma vez que a percepção da pai-
sagem é individual e carregada de elementos
subjetivos.
2.
As expressões do povo yanomami utilizadas
no texto fazem referência aos sistemas e ci-
clos naturais da floresta e mostram o enten-
dimento que esse povo possui em relação aos
aspectos que mantêm a floresta viva.
3.
O sistema de coordenadas geográficas é for-
mado por um conjunto de linhas imaginá-
rias de posição que cobrem a esfera terres-
tre como uma rede. Os paralelos fornecem a
posição de latitude (distância em graus de
um ponto da superfície ao Equador) e os
meridianos fornecem a posição de longitude
(distância em graus de um ponto da super-
fície ao meridiano de Greenwich). O sistema
permite a localização de pontos na superfí-
cie da Terra.
4.
Conversão métrica: D = 2.000 m ou
D = 200.000 cm; d = 40 mm ou 4 cm.
Cálculo:
1 cm do mapa — x com do real
4 cm do mapa — 200 cm do real
4x = 200.000

​ 200.000
x = ________
 ​   
4
x = 50.000

Portanto, como mencionado corretamente


na alternativa [C], a escala do mapa será
1 : 50.000 ou 1/50.000.

141
Prescrição: Para desenvolver os exercícios, é preciso obter informações com base em dados coleta-
dos em diversos tipos de fontes de pesquisas (mapa, obras de arte, patrimônio arquitetônico, docu-
mentos escritos etc.), estabelecendo relações com as sociedades que os produziram e os contextos
históricos e geográficos que os geraram.

Prática dos 3. (ENEM) O meu lugar,


Tem seus mitos e seres de luz,
conhecimentos - E.O. É bem perto de Oswaldo Cruz,
Cascadura, Vaz Lobo, Irajá.
O meu lugar,
1. (ENEM) O Projeto Nova Cartografia Social da É sorriso, é paz e prazer,
Amazônia ensina indígenas, quilombolas e
O seu nome é doce dizer,
outros grupos tradicionais a empregar o GPS
e técnicas modernas de georreferenciamento Madureira, ia, Iaiá.
para produzir mapas artesanais, mas bastan- Madureira, ia, Iaiá
te precisos, de suas próprias terras. Em cada esquina um pagode um bar,
LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha Em Madureira.
de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado). Império e Portela também são de lá,
A existência de um projeto como o apresen- Em Madureira.
tado no texto indica a importância da carto- E no Mercadão você pode comprar
grafia como elemento promotor da Por uma pechincha você vai levar,
a) expansão da fronteira agrícola. Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar,
b) remoção de populações nativas. Em Madureira.
c) superação da condição de pobreza. CRUZ, A. Meu lugar. Disponível em: www.vagalume.
d) valorização de identidades coletivas. uol.com.br. Acesso em: 16 abr. 2010 (fragmento).
e) implantação de modernos projetos agroin-
dustriais. A análise do trecho da canção indica um tipo
de interação entre o indivíduo e o espaço.
2. (ENEM) A hibridez descreve a cultura de pes- Essa interação explícita na canção expressa
soas que mantêm suas conexões com a terra um processo de:
de seus antepassados, relacionando-se com a) autossegregação espacial.
a cultura do local que habitam. Eles não an- b) exclusão sociocultural.
seiam retornar à sua “pátria” ou recuperar c) homogeneização cultural.
qualquer identidade étnica “pura” ou abso- d) expansão urbana.
luta; ainda assim, preservam traços de ou- e) pertencimento ao espaço.
tras culturas, tradições e histórias e resistem
à assimilação.
4. Há muitas comunidades quilombolas, for-
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e
raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado). madas no passado por africanos e afro-bra-
sileiros, que atualmente são habitadas por
Contrapondo o fenômeno da hibridez à ideia seus descendentes em diversas partes do
de “pureza” cultural, observa-se que ele se
Brasil. No Vale do Ribeira, no sul do estado
manifesta quando:
a) criações originais deixam de existir entre os de São Paulo, onde se localizam algumas des-
grupos de artistas, que passam a copiar as sas comunidades, está uma das áreas mais
essências das obras uns dos outros. preservadas da Mata Atlântica. Nessa região,
b) civilizações se fecham a ponto de retomarem diversos moradores dos chamados “remanes-
os seus próprios modelos culturais do passa- centes de quilombos” se especializaram no
do, antes abandonados. manejo adequado do solo e dos recursos na-
c) populações demonstram menosprezo por seu turais, sendo que em algumas dessas comu-
patrimônio artístico, apropriando-se de pro- nidades se desenvolveu o cultivo de banana
dutos culturais estrangeiros.
orgânica.
d) elementos culturais autênticos são descarac-
terizados e reintroduzidos com valores mais Em relação a essas comunidades, é correto
altos em seus lugares de origem. afirmar que:
e) intercâmbios entre diferentes povos e cam- a) sua existência se restringe à região do Vale
pos de produção cultural passam a gerar no- do Ribeira, onde esses povos indígenas se
vos produtos e manifestações. instalaram e se mantêm até hoje.

142
b) os africanos, no período da escravidão, po- 6. (ENEM) Os tropeiros foram figuras decisivas
diam comprar livremente grandes porções de na formação de vilarejos e cidades do Brasil
terra no país, criando assim fazendas cha- colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa”
madas de quilombos. que, no passado, se referia ao conjunto de
c) os africanos escravizados no Brasil eram reu- homens que transportava gado e mercado-
nidos em quilombos, de onde eram recruta- ria. Por volta do século XVIII, muita coisa era
levada de um lugar a outro no lombo de mu-
dos para o trabalho nas lavouras dos grandes
las. O tropeirismo acabou associado à ativi-
proprietários de terras.
dade mineradora, cujo auge foi a exploração
d) sua formação se deu no período da escra- de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em
vidão, quando africanos e afro-brasileiros, Goiás. A extração de pedras preciosas tam-
tanto fugitivos quanto libertos do regime de bém atraiu grandes contingentes populacio-
trabalho escravista, fundaram quilombos. nais para as novas áreas e, por isso, era cada
e) sua atividade agrícola causa sérios riscos à vez mais necessário dispor de alimentos e
preservação do meio ambiente, uma vez que, produtos básicos.
como ocorre no Vale do Ribeira, não mane- A alimentação dos tropeiros era constituída
jam de forma adequada o solo de seus lati- por toucinho, feijão preto, farinha, pimen-
fúndios. ta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de
vinagre com fruto cáustico espremido).
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão qua-
5. (ENEM) Ó sublime pergaminho
se sem molho com pedaços de carne de sol e
Libertação geral toucinho, que era servido com farofa e couve
A princesa chorou ao receber picada. O feijão tropeiro é um dos pratos tí-
A rosa de ouro papal picos da cozinha mineira e recebe esse nome
porque era preparado pelos cozinheiros das
Uma chuva de flores cobriu o salão
tropas que conduziam o gado.
E o negro jornalista
Disponível em: http://www.tribunadoplanalto.
De joelhos beijou a sua mão com.br. Acesso em: 27 nov. 2008.
Uma voz na varanda do paço ecoou:
A criação do feijão tropeiro na culinária bra-
“Meu Deus, meu Deus
sileira está relacionada à:
Está extinta a escravidão”
a) atividade comercial exercida pelos homens
MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime
que trabalhavam nas minas.
Pergaminho. Disponível em: http:// www.letras.
terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
b) atividade culinária exercida pelos moradores
cozinheiros que viviam nas regiões das mi-
O samba-enredo de 1968 reflete e reforça nas.
c) atividade mercantil exercida pelos homens
uma concepção acerca do fim da escravidão
que transportavam gado e mercadoria.
ainda viva em nossa memória, mas que não
d) atividade agropecuária exercida pelos tro-
encontra respaldo nos estudos históricos
peiros que necessitavam dispor de alimen-
mais recentes. tos.
Nessa concepção ultrapassada, a abolição é e) atividade mineradora exercida pelos tropei-
apresentada como: ros no auge da exploração do ouro.
a) conquista dos trabalhadores urbanos livres,
que demandavam a redução da jornada de 7. (ENEM) Os vestígios dos povos tupi-guarani
trabalho. encontram-se desde as Missões e o rio da
b) concessão do governo, que ofereceu benefí- Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas
cios aos negros, sem consideração pelas lu- ocorrências ainda mal conhecidas no sul da
tas de escravos e abolicionistas. Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa li-
c) ruptura na estrutura socioeconômica do torânea, desde o Rio Grande do Sul até o Ma-
país, sendo responsável pela otimização da ranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata)
inclusão social dos libertos. no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia.
Evitam as terras inundáveis do Pantanal e
d) fruto de um pacto social, uma vez que agra-
marcam sua presença discretamente nos cer-
daria os agentes históricos envolvidos na
rados do Brasil central. De fato, ocuparam,
questão: fazendeiros, governo e escravos. de preferência, as regiões de floresta tropi-
e) forma de inclusão social, uma vez que a abo- cal e subtropical.
lição possibilitaria a concretização de direi- PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio
tos civis e sociais para os negros. de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005.

143
Os povos indígenas citados possuíam tradi- 1
0. (ENEM) O cidadão norte-americano desper-
ções culturais específicas que os distinguiam ta num leito construído segundo padrão ori-
de outras sociedades indígenas e dos colo- ginário do Oriente Próximo, mas modificado
nizadores europeus. Entre as tradições tupi- na Europa Setentrional antes de ser trans-
-guarani, destacava-se: mitido à América. Sai debaixo de cobertas
a) a organização em aldeias politicamente in- feitas de algodão cuja planta se tornou do-
dependentes, dirigidas por um chefe, eleito méstica na Índia. No restaurante, toda uma
pelos indivíduos mais velhos da tribo. série de elementos tomada de empréstimo o
espera. O prato é feito de uma espécie de ce-
b) a ritualização da guerra entre as tribos e o cará-
râmica inventada na China. A faca é de aço,
ter semissedentário de sua organização social.
liga feita pela primeira vez na Índia do Sul;
c) a conquista de terras mediante operações o garfo é inventado na Itália medieval; a co-
militares, o que permitiu seu domínio sobre lher vem de um original romano. Lê noticias
vasto território. do dia impressas em caracteres inventados
d) o caráter pastoril de sua economia, que pres- pelos antigos semitas, em material inventa-
cindia da agricultura para investir na criação do na China e por um processo inventado na
de animais. Alemanha.
e) o desprezo pelos rituais antropofágicos pra- LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia.
São Paulo; Martins, 1959 (adaptado).
ticados em outras sociedades indígenas.
A situação descrita é um exemplo de como os
costumes resultam da:
8. (ENEM) Leia.
a) assimilação de valores de povos exóticos.
Minha vida é andar
b) experimentação de hábitos sociais variados.
Por esse país
c) recuperação de heranças da Antiguidade
Pra ver se um dia
Clássica.
Descanso feliz
d) fusão de elementos de tradições culturais di-
Guardando as recordações
ferentes.
Das terras onde passei
e) valorização de comportamento de grupos
Andando pelos sertões
privilegiados.
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL, H. A vida de viajante,
1953. Disponível em: www.recife.pe.gov. 11. (ENEM) Na linha de uma tradição antiga,
br. Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento). o astrônomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.)
afirmou a tese do geocentrismo, segundo a
A letra dessa canção reflete elementos iden- qual a Terra seria o centro do universo, sen-
titários que representam a: do que o Sol, a Lua e os planetas girariam em
a) valorização das características naturais do seu redor em órbitas circulares. A teoria de
sertão nordestino. Ptolomeu resolvia de modo razoável os pro-
b) denúncia da precariedade social provocada blemas astronômicos da sua época. Vários
pela seca. séculos mais tarde, o clérigo e astrônomo
c) experiência de deslocamento vivenciada polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao
pelo migrante. encontrar inexatidões na teoria de Ptolo-
d) profunda desigualdade social entre as regi- meu, formulou a teoria do heliocentrismo,
segundo a qual o Sol deveria ser considerado
ões brasileiras.
o centro do universo, com a Terra, a Lua e
e) discriminação dos nordestinos nos grandes
os planetas girando circularmente em torno
centros urbanos. dele. Por fim, o astrônomo matemático ale-
mão Johannes Kepler (1571- 1630), depois
9. (ENEM) Quando é meio-dia nos Estados Uni- de estudar o planeta Marte por cerca de trin-
ta anos, verificou que a sua órbita é elíptica.
dos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando
Esse resultado generalizou-se para os demais
na França. Bastaria ir à França num minuto planetas.
para assistir ao pôr do sol. A respeito dos estudiosos citados no texto, é
SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. correto afirmar que:
Rio de Janeiro: Agir, 1996.
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas,
A diferença espacial citada é causada por por serem mais antigas e tradicionais.
qual característica física da Terra? b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocen-
a) Achatamento de suas regiões polares. trismo inspirado no contexto político do Rei
b) Movimento em torno de seu próprio eixo. Sol.
c) Arredondamento de sua forma geométrica. c) Copérnico viveu em uma época em que a
d) Variação periódica de sua distância do Sol. pesquisa científica era livre e amplamente
e) Inclinação em relação ao seu plano de órbita. incentivada pelas autoridades.

144
d) Kepler estudou o planeta Marte para atender
às necessidades de expansão econômica e
científica da Alemanha.
e) Kepler apresentou uma teoria científica que,
graças aos métodos aplicados, pôde ser tes-
tada e generalizada.

Gabarito
1
. D 2
. E 3
. E 4
. D 5
. B
6
. C 7
. B 8
. C 9
. B 1
0. D
1
1. E

145
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 3 e 4

Competências 2, 3 e 4
Habilidades 7, 8, 12, 15, 17 e 18

BREVIÁRIO

Relações de poder no mundo


As guerras, como meio de obtenção de poder geram transformações no cenário político e geográfico.

A ordem bipolar da Guerra Fria


§§ 1945: criação da ONU;
§§ EUA (lideram bloco capitalista) ´ URSS (lidera o bloco socialista);
§§ 1947: EUA lançam a Doutrina Truman e o Plano Marshall;
§§ 1949: criação da Otan para defender a Europa ocidental da ameaça soviética;
§§ Pacto de Varsóvia: organização militar comandada pela URSS;
§§ Corrida armamentista;
§§ Divisão da Alemanha, em 1949, e a construção do Muro de Berlim, em 1961.

O mundo bipolar

Jurandyr L.S.Ross (org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008.

Momentos de tensão
§§ Crise dos mísseis (1961);
§§ Guerra da Coreia (1945);
§§ Guerra do Vietnã (1964-1973);
§§ Guerras civis no continente africano.

147
A nova ordem mundial
§§ Crise do socialismo soviético na segunda metade dos anos 1980;
§§ Fragmentação da URSS;
§§ Queda do Muro de Berlim, em 1989;
§§ A queda dos regimes pró-Moscou do leste europeu e o consequente abandono do centralismo estatal e da
planificação da economia;
§§ A desintegração da Iugoslávia com a Guerra dos Balcãs a partir de 1991;
§§ Formação da CEI (Comunidade dos Estados Independentes);
§§ Mundo multipolar;
§§ Hegemonia capitalismo;
§§ Confronto econômico-comercial;
§§ Disponibilidade de capitais;
§§ Avanços tecnológicos;
§§ Elevada produtividade;
§§ Altos índices de competitividade;
§§ Maximização dos lucros (redução dos custos; busca de incentivos fiscais e mão de obra barata);
§§ Fortalecimento dos blocos econômicos.

Divisão Norte-Sul

§§ Países centrais
§§ Países periféricos
§§ Países semiperiféricos

A nova divisão internacional do trabalho


§§ Países industrializados centrais
§§ Países industrializados semiperiféricos
§§ Países periféricos (economias agroexportadoras)

G-7
§§ É o grupo internacional que reúne os sete países mais industrializados e desenvolvidos economicamente
do mundo. São eles: Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido. Em março de
2014, a Rússia foi excluída do grupo por envolvimento na questão da Ucrânia.

G-20
§§ Criado em 1999, é o grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores eco-
nomias do mundo mais a União Europeia, com o objetivo de favorecer a negociação internacional, promovendo
discussões sobre questões políticas relacionadas com a promoção da estabilidade financeira internacional.

148
BRICS

É um grupo político de cooperação formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Não se trata
de um bloco econômico ou uma instituição internacional, mas de um mecanismo internacional na forma de
um agrupamento informal, ou seja, não registrado burocraticamente com estatuto e carta de princípios.

Blocos econômicos

Formas de integração econômica:

§§ Zona de livre comércio: eliminação ou redução das taxas alfandegárias;


§§ União aduaneira: além dos benefícios da área de livre comércio, também propõe a criação de regras
comuns de comércio com países exteriores ao bloco e a abertura de mercados internos;
§§ Mercado comum: além das vantagens das fases anteriores, libera também fluxo comercial de capitais, de
mão de obra e de serviços entre os países do bloco;
§§ União monetária: inclui também a coordenação de políticas econômicas e de defesa e a utilização de
moeda única.

Blocos

§§ União Europeia
§§ Nafta (Livre Comércio da América do Norte)
§§ Apec (Associação de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico)
§§ Alca (Associação de Livre Comércio das Américas)
*Existem mais de 250 blocos econômicos registrados na Organização Mundial do Comércio

149
Principais blocos econômicos

OMC (Organização Mundial do Comércio)


Criada em 1994 na Suíça, tem como função:
§§ regulamentar e fiscalizar o comércio mundial;
§§ resolver conflitos comerciais entre os países membros;
§§ gerenciar acordos comerciais, tendo como parâmetro a globalização da economia;
§§ criar situações e momentos para que sejam firmados acordos comerciais internacionais;
§§ supervisionar o cumprimento de acordos comerciais entre os países membros.

Principais fluxos comerciais

150
Conceitos e fatores de crescimento populacional

§§ Populoso: é o total de habitantes de um determinado território;


§§ Povoado: é a relação do número de habitantes por km2;
§§ Taxa de natalidade;
§§ Taxa de mortalidade;
§§ Crescimento vegetativo;
§§ Fecundidade: número efetivo de filhos em relação às mulheres em idade reprodutiva (15-49 anos);
§§ Migrações

Fatores que influenciam o decréscimo da taxa de natalidade

§§ Industrialização;
§§ Inserção da mulher no mercado de trabalho;
§§ Urbanização;
§§ Métodos contraceptivos.

Fatores de redução da mortalidade

§§ Revolução Industrial;
§§ Melhorias sanitárias;
§§ Queda da mortalidade infantil;
§§ Urbanização.

Transição demográfica
§§ essa fase é marcada por altas taxas de natalidade e de mortalidade;
§§ caracterizada pela gradual redução da taxa de mortalidade seguida da lenta queda na taxa de natalidade;
§§ taxa de natalidade e mortalidade estáveis.

151
Tipos de pirâmides etárias
Pirâmide jovem
§§ Base larga, devido à elevada natalidade, e topo estreito, em consequência de uma elevada mortalidade e
esperança média de vida reduzida. As pirâmides deste tipo representam populações muito jovens típicas dos
países menos desenvolvidos.

Pirâmide de Moçambique em 2001.

Pirâmide envelhecida
§§ Base mais estreita do que a classe dos adultos. Reflete uma diminuição da natalidade e um aumento da
esperança média de vida. É característica dos países desenvolvidos.

Pirâmide etária da Itália em 2001.

Pirâmide adulta
§§ Base é ainda mais larga, mas existe um aumento da classe dos adultos e dos idosos. A taxa de natalidade
diminui e a esperança média de vida aumenta.

Pirâmide etária da Islândia em 2001.

152
População economicamente ativa (PEA)
§§ Considera-se PEA as pessoas que trabalham em atividades remuneradas, tanto as que estão ocupadas
como as que estão procurando emprego;
§§ População não economicamente ativa são as pessoas que não trabalham, nem estão procurando emprego
(estudantes que não trabalham, donas de casa, aposentados etc.).

Setores da produção

Setor primário

§§ Relativo à produção e exploração de recursos da natureza, como agricultura, mineração, pesca, pecuária,
extrativismo vegetal e caça.

Setor secundário

§§ É o setor da economia que transforma matéria-prima em produtos industrializados.

Setor terciário

§§ É o setor econômico relativo aos serviços, como comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços,
transportes, turismo, administrativos, etc.

Distribuição da PEA por setores da economia

Migração e população
§§ Após a Segunda Guerra Mundial, vários países europeus se reconstruíram e se destacaram no cenário eco-
nômico, como a França e a Alemanha. Esse crescimento econômico fez com que esses países se tornassem
áreas de atração, inicialmente de trabalhadores de outros países europeus.
§§ Esses trabalhadores, que não tinham boa qualificação, recebiam baixos salários e, geralmente, não tinham
vínculos empregatícios.
§§ No decorrer das décadas de 1970 e 1980, os imigrantes que se dirigiam para a Europa tinham origem das
ex-colônias.

153
Áreas de repulsão e atração
Hoje no mundo, podemos identificar algumas áreas com características de repulsão (países emissores) e de atração
(países receptores), que levam milhares de pessoas a se deslocar.

Áreas de repulsão

§§ América latina (México, América Central e América do Sul) – com seus históricos problemas de dese-
quilíbrio econômico, provocados por endividamentos e mau gerenciamento do dinheiro público, gerando
enormes bolsões de pobreza.
§§ África – onde, além da pobreza crônica da população, ocorrem conflitos raciais de extrema violência dentro
dos países artificialmente criados pelos colonizadores europeus.
§§ Ásia – o continente que concentra o maior contingente absoluto de pobres do mundo onde as estru-
turas sociais são profundamente injustas, muitas vezes exacerbadas pelos sistemas de castas e pelo
comportamento religioso.
§§ Leste europeu – onde o fim do socialismo gerou enorme desorganização econômica, com a eliminação
de empregos e benefícios estatais, expondo diferenças antes controladas pela ideologia política comum,
provocando conflitos étnicos e religiosos.

Áreas de atração

§§ América anglo-saxônica – os EUA e, em menor escala, o Canadá, com suas ricas economias, são atra-
tivos para as populações latino-americanas, principalmente mexicanos e centro-americanos que veem na
poderosa nação (EUA) a solução para seus problemas.
§§ Europa ocidental – essa região concentra as principais economias do continente: Alemanha, França,
Itália e Reino Unido, além da Holanda, Suécia e Suíça. A Europa é circundada por várias regiões com econo-
mias problemáticas, como a África, Oriente Médio, Europa oriental e, mais distante, o sul e sudeste asiático.

154
Crises migratórias
Causas
§§ Violação dos direitos humanos;
§§ Governos ditatoriais ou democracias pouco consolidadas;
§§ Guerras internas;
§§ Perseguições políticas e torturas;
§§ Extermínio étnico;
§§ Discriminação religiosa ou cultural;
§§ Problemas ambientais: desertificação, desmatamento, erosão dos solos e desastres químicos ou nucleares

Consequências nas áreas de partida


§§ Diminuição da população absoluta;
§§ Diminuição da natalidade;
§§ Diminuição da densidade populacional e da taxa de fecundidade;
§§ Desequilíbrio na pirâmide etária;
§§ Diminuição da PEA;
§§ Diminuição do dinamismo econômico;
§§ Diminuição do desemprego;
§§ Ligeira melhoria nos salários;
§§ Entrada de divisas enviadas pelos imigrantes;
§§ Diminuição na intensidade das relações familiares e de amizade.

Consequências nas áreas de chegada


§§ Aumento da população absoluta;
§§ Aumento da natalidade;
§§ Aumento da densidade populacional e da taxa de fecundidade;
§§ Maior número de jovens e adultos;
§§ Diminuição da mortalidade;
§§ Xenofobia;
§§ Aumento da PEA;
§§ Aumento do dinamismo econômico;
§§ Aumento do desemprego;
§§ Aumento da mão de obra barata;
§§ Saída de divisas;
§§ Difusão cultural;
§§ Aumento de favelas e cortiços.

Fluxos populacionais
§§ Crescente fluxo migratório de pessoas de países pobres para países ricos;
§§ Recrudescimento de políticas de imigração;
§§ Construção de barreiras físicas;
§§ Expulsão e prisões de imigrantes ilegais;
§§ Guerras, desastres naturais e convulsões políticas ampliam o fluxo de movimentos migratórios;
§§ Refugiados representam 7,1% do total de imigrantes no mundo.

155
Trabalho escravo
§§ O trabalho escravo continua sendo um tema de sérios questionamentos para a Justiça Trabalhista Brasileira.
Quando se fala em trabalho escravo, verifica-se a afronta direta aos princípios e às garantias individuais
previstos tanto na Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto na Constituição Federal.
§§ O trabalho escravo não é uma exclusividade de países em desenvolvimento e de países pobres, ele existe em
todas as economias do mundo, em todas as regiões e apresentando as mais diversas formas.

§§ O trabalho forçado se caracteriza quando o empregador, usando de ameaça, mantém os empregados em


sua propriedade, e lhes vende produtos (alimentos e vestuários) por preços elevados.
§§ Normalmente, estes empregados são aliciados por meio dos “gatos”, em locais distantes daquele em que pres-
tam os serviços, muitas vezes em outros Estados brasileiros, como os do Nordeste, o Pará e Tocantins, e são
levados a milhares de quilômetros de distância, em fazendas principalmente no Pará, Mato Grosso e Maranhão.
§§ O Brasil foi um dos primeiros países, perante a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a reconhecer o
problema, e criou desde 1995 o grupo móvel de fiscalização, formado por fiscais, procuradores do trabalho
e policiais federais, e atende denúncias em todo o País.
§§ A grande diferenciação e o grande salto, em termos de qualidade que o Brasil teve nestes últimos anos, foi
a constituição de uma comissão, que é a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, que traçou
uma estratégia para atuar frente a este problema.

156
§§ Os empregados, tendo em vista os altos valores cobrados quanto à alimentação, moradia e vestuário, jamais
conseguem saldar suas dívidas, sendo impedidos de deixar as propriedades. As jornadas de trabalho são
elevadas e as condições do ambiente de trabalho são precárias, tais como:
§§ alojamento inadequado (cozinha sem teto, quartos sem armários individuais, banheiros sem portas etc.);
§§ falta de fornecimento de boa alimentação e água potável (comida sendo preparada no chão, água sem
tratamento sendo utilizada para consumo, alimentos contaminados por agrotóxico etc.);
§§ falta de fornecimento de equipamentos de trabalho e de proteção (trabalhadores exercem suas ativi-
dades sem o mínimo de conhecimento e treinamento, equipamentos sem nenhuma condição para o
trabalho, equipamentos de proteção individual sem certificação etc.).

Outras irregularidades normalmente praticadas pelos empregadores é a retenção da Carteira de Trabalho e


o desconto de verbas salariais, como mensalidades sindicais de trabalhadores não associados ou que não autori-
zaram o desconto.

157
O empregado fica à mercê das vontades do empregador normalmente por três razões principais:
§§ a primeira é a inevitável servidão por dívida, ou seja, os trabalhadores, aliciados em municípios muito caren-
tes, acabam sendo levados para trabalharem localidades distantes. Os míseros rendimentos dos primeiros
meses de trabalho são para pagar as despesas de transporte, alimentação e vestuário, cobrados já pelo
deslocamento de suas cidades até o local de trabalho;
§§ a segunda é em relação ao isolamento geográfico em que o empregado, sem qualquer condição financeira
ou de transporte, acaba se sujeitando ao trabalho forçado, na esperança, em vão, de um dia poder se libertar;
§§ a terceira é a questão do confinamento armado. Os empregados, levados para estas fazendas de difícil
acesso, são vigiados por guardas armados que ameaçam e até matam os trabalhadores que tentam fugir
dos locais de trabalho.
Os estados do norte e nordeste são os mais citados quanto à prática de trabalho escravo, no entanto está
comprovado que outros estados de outras regiões como a região Sul, Sudeste ou Centro-Oeste, por exemplo, tam-
bém existem esta prática, embora não tão acentuada.

Fatores que contribuem para a prática de trabalho escravo


§§ Impunidade, pois a justiça é lenta e praticamente inexiste, se apresentando consideravelmente comprome-
tida com o poder econômico;
§§ Não há um trabalho preventivo da Justiça, de forma que haja um acompanhamento das empresas ou em-
pregadores que já foram fiscalizados, evitando que situações desta natureza se repitam;
§§ A verificação das denúncias são feitas dois, três dias ou até semanas depois, o que contribui para que os
empregadores eliminem as provas que poderiam confirmar a degradação do trabalho;
§§ O confinamento dos trabalhadores em lugares afastados dos grandes centros, onde os aliciadores se apro-
veitam da ausência de órgãos fiscalizadores;
§§ Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT, no Brasil, a maior parte do trabalho forçado está
concentrada nos Estados do Pará, Mato Grosso e Maranhão, sendo 53%, 26% e 19%, respectivamente.

Para coibir o uso ilegal de mão de obra análoga à escrava, o governo criou, em 2004, um cadastro na qual
figura os empregadores flagrados praticando a exploração. Ao ser inserido nesse cadastro, o infrator fica impedido
de obter empréstimos em bancos oficiais do governo e também entra para a lista das empresas pertencentes à
“cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil”.

158
Tipos de Indústria
Indústria de Base

Transformam a matéria-prima bruta em matéria-prima para outras indústrias, como as siderúrgicas, as mineradoras,
químicas e as petroquímicas;

§§ Indústria de bens de consumo: tem como objetivo a produção direcionada ao consumidor final e é dividida em:
§§ Indústria de bens duráveis;
§§ Indústria de bens semiduráveis;
§§ Indústria de bens não duráveis.

159
Tipos de industrialização
§§ Industrialização clássica: industrialização que ocorreu nos países desenvolvidos;
§§ Industrialização planificada: típica dos países socialistas;
§§ Industrialização tardia: industrialização implantada nos países subdesenvolvidos, também chamada de
substituição de importações.

Concentração e desconcentração industrial

§§ As indústrias procuram se localizar nas áreas que oferecem maior quantidade ou a melhor combinação
possível de fatores necessários à produção (fontes de energia, mão de obra, transporte, capitais, mercado
consumidor etc.);
§§ As concentrações industriais e financeiras ocorrem porque as indústrias procuram obter o menor custo pos-
sível de produção para ter o máximo lucro possível.

Concentrações financeiras
Monopólio

Situação em que uma empresa domina o mercado. Neste caso, a livre concorrência é quebrada, já que uma (ou
poucas empresas, como é o caso do oligopólio) fornece um determinado produto ou serviço. A tendência em situ-
ações monopolistas é de que essas grandes empresas cresçam cada vez mais e absorvam enormes fatias do mer-
cado, e as pequenas empresas tenham uma participação pequena, ou até mesmo sendo absorvidas pelas grandes.

160
Truste

Tipo de estrutura empresarial na qual se procura dominar todas as etapas da cadeia produtiva de um determinado
produto, desde a extração da matéria-prima até o ponto final da comercialização do produto. É uma forma de mo-
nopolização ou controle do mercado, através do qual se estabelecem preços elevados para aumentar ou garantir
o nível de lucratividade.

Conglomerado

É composto por um conjunto de empresas do mesmo grupo que atua nos mais variados seguimentos da econo-
mia. Difere do truste, pois neste, o conjunto de empresas atua no mesmo seguimento, enquanto o conglomerado
caracteriza-se pela diversidade de atuação. Essa diversificação é útil em tempos de crise econômica, pois umas
serão mais atingidas do que as outras, mantendo assim, a lucratividade do conglomerado.

Cartel

É uma atividade proibida do capitalismo. As empresas que compõem um monopólio fazem acordos secretos entre
si, inviabilizando a concorrência e estipulando o preço que melhor convier. Embora proibido, é praticado por meio
de ação coordenada, sigilosamente, entre grandes empresas.

161
Holding

É a empresa que gerencia outras empresas e, normalmente, não é conhecida pelo público, pois sua função é con-
trolar esse conjunto de empresas e viabilizar uma atuação sintonizada entre elas.

Primeira Revolução Industrial


Ocorreu na Inglaterra, no final do século XVIII e início do século XIX, e ficou caracterizada pela reviravolta no setor
produtivo e de transportes, com a utilização do carvão como fonte de energia, da máquina a vapor e da locomotiva.

Segunda Revolução Industrial


Iniciada na segunda metade do século XIX e terminada durante a Segunda Guerra Mundial, envolveu uma série
de desenvolvimentos dentro da indústria química, elétrica, de petróleo e do aço, e incluiu a introdução do navio
movido à vapor, o desenvolvimento do avião, a produção em massa de bens de consumo, a invenção do telefone e
de outras técnicas que ajudaram a intensificar o processo produtivo.

162
Terceira Revolução Industrial
Teve início em meados da década de 1940 e caracterizou-se pela utilização de várias novas fontes de tecnologia,
como energia hidrelétrica, nuclear, eólica, além, do uso crescente de recursos da informática nos processos de
produção industrial, como a robótica.

Revolução Verde
Teve início com os avanços tecnológicos do pós-guerra e refere-se à invenção e disseminação de novas sementes
e práticas agrícolas que permitiram um vasto aumento na produção agrícola, a partir da década de 1950, nos
Estados Unidos e na Europa, e nas décadas seguintes, em outros países.
Teve como objetivo aumentar a produção agrícola no mundo, por meio do uso de insumos industriais, mecani-
zação e redução do custo de manejo, com sementes geneticamente modificadas, fertilizantes e agrotóxicos potentes.
Também é marcada pelo uso intensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na colheita.
Teve como consequência, além de não resolver o problema da fome, o aumento da concentração fundiária,
a dependência de sementes modificadas, alterou a cultura dos pequenos proprietários, promoveu a devastação de
florestas e contaminou o solo e as águas.

163
Meio natural
Considera-se como meio natural os espaços ocupados pelos seres humanos nos primórdios de seu desenvolvimento.
§§ Absoluta predominância das formas da natureza;
§§ Os seres humanos pouco modificavam a natureza, pois viviam da coleta, da caça e da pesca;
§§ Forte harmonia entre o homem e a natureza;
§§ A humanidade estava subordinada às condições naturais e, por isso, em geral eram nômades;
§§ Também foi o período em que o homem deixou de ser nômade e tornou-se sedentário, com a domesticação
de animais e o surgimento da agricultura.

Meio técnico
Teve início há cerca de 250 anos com a criação de máquinas e técnicas no hemisfério Norte mas que se espalhou
por todo o globo.
§§ Processos industriais;
§§ Fabricação de mercadorias;
§§ Produção de energia;
§§ Início da sociedade industrial.

Meio técnico-científico-informacional
§§ Tem início no fim da Segunda Guerra Mundial;
§§ Utilização de tecnologias da informação;
§§ Uso da microeletrônica;
§§ Velocidade nas comunicações;

164
§§ Uso de satélites de comunicação;
§§ Velocidade no fluxo de informações;

§§ Desenvolvimento técnico no processo produtivo;


§§ Biotecnologia (Revolução Verde);
§§ Velocidade nos transportes.

Transportes
Os meios de transporte evoluíram de forma lenta até a Revolução Industrial do século XVIII. A introdução da máquina
a vapor tornou possível o transporte de grandes cargas a longas distâncias, substituindo a tração animal e a vela.
Posteriormente, a descoberta do motor de explosão e a aplicação da eletricidade ao comboio, automóvel e
avião, bem como as melhorias implementadas nos outros transportes, originaram um grande desenvolvimento nos
meios de comunicação. Estes fatos tornaram possível às pessoas e mercadorias deslocarem-se de forma rápida para
locais cada vez mais distantes e a baixo custo.
Os transportes e as comunicações são fatores que mais acentuaram o contraste entre países desen-
volvidos e subdesenvolvidos.

O desenvolvimento dos transportes:

§§ p ermitiu uma nova organização espacial;


§§ possibilitou a quebra do isolamento de certas regiões;
§§ permitiu certa mobilidade por parte das populações;
§§ criou condições para uma cultura cada vez mais global;
§§ contribuiu para o crescimento econômico.

165
Caracterização dos tipos de transporte

§§ Mobilidade;
§§ Velocidade;
§§ Segurança;
§§ Custo;
§§ Especialização;
§§ Capacidade de carga;
§§ Vocação de transporte (passageiro, mercadoria, leves, perecíveis).

Redes geográficas
§§ O espaço geográfico atual foi equipado para receber os fluxos da globalização. Quanto maior a base tecno-
lógica, mais globalizado o espaço fica.
§§ É de fundamental importância para a compreensão da realidade de um país entender como os sistemas
técnicos-territoriais estão organizados diante das possibilidades geográficas, como dimensão e aspectos
naturais, históricos, bem como os percalços do desenvolvimento econômico e político.

166
Redes
§§ Interligam e estruturam relações entre diversos pontos do mundo.
§§ Circulação de mercadorias, capitais e pessoas.

Em cada etapa do desenvolvimento industrial estruturam-se diferentes redes:


§§ viárias ou de transportes;
§§ elétricas;
§§ comunicação por satélite;
§§ de cabo de fibra óptica;
§§ de produção de empresas multinacionais;
§§ de circulação de capitais entre bolsas de valores.
Informações e capitais são transmitidos por um fluxo virtual > não vemos a informação e o capital
circulando de um lugar para outro.

Redes geográficas no Brasil

Rede de micro-ondas numérica


Rede de micro-ondas analógica
Rede de micro-ondas numérica TD
Rede de micro-ondas intraestado
estação de micro-ondas
Estação de fibra ópticas
Rede de fibras ópticas
Conexão Editorial

Rede de fibras ópticas intraestado


Estação de fibras ópticas
Rede Backbone internet secundária 0 500 km
Fonte: INGEO,
Estação de recepção de satélite Consórcio Brasileiro © MT - 2003 - MGM - Limbergeo

167
A densidade das redes de transportes no mundo

Londres

Nova Iorque
Los Angeles Tóquio
Hong Kong

Equador

Redes de transportes
densas
Redes de transportes Limite entre paíse desenvolvidos e
pouco densas países em desenvolvimento
Sem redes
0 2500 km
Os maiores corredores de transporte marítimo

Topologia dos produtos que lideram o crescimento da produção microrregional

Recursos Naturais/
Agronegócio
Baixa intensidade tecnológica/
Agroindústrias

Média intensidade tecnológica/


alavancada pela mineração

Administração pública/serviços-
base econômica frágil
Recursos naturais (132)
Área com diversidade de Baixa intensidade tecnológica (97)
tipologias Média intesidade tecnológica (83)
Alta intensidade tecnológica (42)
Alta intensidad tecnológica Serviços (26)
em produções urbanas O
Administração pública (17B)
400 800 1,200
(Transformação - Serviços)
Kilometros

Vantagem do modal hidroviário sobre os demais modais


Atributos Barco Trem Caminhão
Peso morto tonelada transportada 350 g 800 kg 700 kg
Força de tração – 1 CV arrasta sobre 4.000 kg 500 kg 150 kg
Energia: 1 kg de carvão mineral leva 1 tonelada 40 km 20 km 6,5 kg
Investimentos para transportar mil toneladas, em milhões de US$ 0,46 1,55 1,86
1 empurrador e 1 locomotiva e 50 cavalos mecânicos e
Quantidade de equipamento para transportar mil toneladas
1 balsa 50 vagões 50 reboques
Distância (km) percorrida com 1 litro de combustível e carga de
219 km 86 km 25 km
1 tonelada
Vida útil em anos de uso 50 30 10
Custo médio (R$/km) toneladas por km transportado 0,009 0,016 0,056
Fonte: Afonso (2006).

168
Rede multimodal

Comparativo internacional

169
Aplicação dos b) Pela ação de ONGs (Organizações Não Gover-
namentais) que limitam os investimentos
conhecimentos - Sala estatais chineses, uma vez que estes se mos-
tram desinteressados em relação aos proble-
1. (ENEM) O G-20 é o grupo que reúne os países mas sociais africanos.
do G-7, os mais industrializados do mundo c) Pela aliança com os capitais e investimentos
(EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Uni- diretos realizados pelos países ocidentais,
do, Itália e Canadá), a União Europeia e os promovendo o crescimento econômico de al-
principais emergentes (Brasil, Rússia, Índia, gumas regiões desse continente.
China, África do Sul, Arábia Saudita, Argen- d) Pela presença cada vez maior de investi-
tina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, Mé- mentos diretos, o que pode representar uma
xico e Turquia). Esse grupo de países vem ameaça à soberania dos países africanos ou
ganhando força nos fóruns internacionais manipulação das ações destes governos em
de decisão e consulta. favor dos grandes projetos.
ALLAN. R. Crise global. Dísponivel em:
http://conteudoclippingmp.planejamento. e) Pela presença de um número cada vez maior
gov.br. Acesso em: 31 jul. 2010. de diplomatas, o que pode levar à formação
de um Mercado Comum Sino-Africano, ame-
Entre os países emergentes que formam o
açando os interesses ocidentais.
G-20, estão os chamados BRIC (Brasil, Rús-
sia, Índia e China), termo criado em 2001
para referir-se aos países que: 3. (ENEM) As migrações transnacionais, inten-
a) apresentam características econômicas pro- sificadas e generalizadas nas últimas déca-
missoras para as próximas décadas. das do século XX, expressam aspectos par-
b) possuem base tecnológica mais elevada. ticularmente importantes da problemática
c) apresentam índices de igualdade social e racial, visto como dilema também mundial.
econômica mais acentuados. Deslocam-se indivíduos, famílias e coleti-
d) apresentam diversidade ambiental suficiente vidades para lugares próximos e distantes,
para impulsionar a economia global. envolvendo mudanças mais ou menos drásti-
e) possuem similaridades culturais capazes de cas nas condições de vida e trabalho, em pa-
alavancar a economia mundial. drões e valores socioculturais. Deslocam-se
para sociedades semelhantes ou radicalmen-
2. (ENEM) Os chineses não atrelam nenhuma te distintas, algumas vezes compreendendo
condição para efetuar investimentos nos pa- culturas ou mesmo civilizações totalmente
íses africanos. Outro ponto interessante é a diversas.
venda e compra de grandes somas de áreas, IANNI, O. A era do globalismo. Rio de
posteriormente cercadas. Por se tratar de pa- Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
íses instáveis e com governos ainda não con-
A mobilidade populacional da segunda me-
solidados, teme-se que algumas nações da
tade do século XX teve um papel importante
África tornem-se literalmente protetorados.
BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na na formação social e econômica de diversos
África: neocolonialismo ou mudanças na arquitetura estados nacionais. Uma razão para os mo-
global? Disponível em: http://opiniaoenoticia. vimentos migratórios nas últimas décadas
com.br. Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).
e uma política migratória atual dos países
A presença econômica da China em vastas desenvolvidos são:
áreas do globo é uma realidade do século a) a busca de oportunidades de trabalho e o
XXI. A partir do texto, como é possível carac- aumento de barreiras contra a imigração.
terizar a relação econômica da China com o b) a necessidade de qualificação profissional e
continente africano? a abertura das fronteiras para os imigrantes.
a) Pela presença de órgãos econômicos interna- c) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e
cionais como o Fundo Monetário Internacio- o acautelamento dos bens dos imigrantes.
nal (FMI) e o Banco Mundial, que restringem d) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão
os investimentos chineses, uma vez que es- dos imigrantes qualificados.
tes não se preocupam com a preservação do e) a fuga decorrente de conflitos políticos e o
meio ambiente. fortalecimento de políticas sociais.

170
4. (ENEM) Alemanha e Áustria, onde houve uma brusca
queda na taxa de natalidade. Esse fenômeno
é especialmente preocupante pelo fato de a
maioria desses países já ter chegado a um
índice inferior ao “nível de renovação da po-
pulação”, estimado em 2,1 filhos por mulher.
A diminuição da natalidade europeia tem vá-
rias causas, algumas de caráter demográfico,
outras de caráter cultural e socioeconômico.
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia.
São Paulo: Ática, 2004 (adaptado).

As tendências populacionais nesses países


estão relacionadas a uma transformação:
a) na estrutura familiar dessas sociedades, im-
pactada por mudanças nos projetos de vida
das novas gerações.
b) no comportamento das mulheres mais jo-
vens, que têm imposto seus planos de ma-
ternidade aos homens.
c) no número de casamentos, que cresceu nos
últimos anos, reforçando a estrutura familiar
tradicional.
d) no fornecimento de pensões de aposentado-
ria, em queda diante de uma população de
maioria jovem.
e) na taxa de mortalidade infantil europeia, em
O espaço mundial sob a “nova des-ordem” é contínua ascensão, decorrente de pandemias
um emaranhado de zonas, redes e “aglome- na primeira infância.
rados”, espaços hegemônicos e contra-hege-
mônicos que se cruzam de forma complexa 6. (ENEM) Os últimos séculos marcam, para
na face da Terra. Fica clara, de saída, a po- a atividade agrícola, com a humanização e
lêmica que envolve uma nova regionalização a mecanização do espaço geográfico, uma
mundial. Como regionalizar um espaço tão considerável mudança em termos de produ-
heterogêneo e, em parte, fluido, como é o tividade: chegou-se, recentemente, à consti-
espaço mundial contemporâneo? tuição de um meio técnico-científico infor-
HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C.W. A nova macional, característico não apenas da vida
des-ordem mundial. São Paulo: UNESP, 2006. urbana, mas também do mundo rural, tanto
nos países avançados como nas regiões mais
O mapa procura representar a lógica espacial desenvolvidas dos países pobres.
do mundo contemporâneo pós-União Sovié- SANTOS, M. Por uma outra globalização: do
tica, no contexto de avanço da globalização pensamento único à consciência universal. Rio
e do neoliberalismo, quando a divisão entre de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
países socialistas e capitalistas se desfez e as
A modernização da agricultura está associa-
categorias de “primeiro” e “terceiro” mundo
da ao desenvolvimento científico e tecno-
perderam sua validade explicativa. Conside-
lógico do processo produtivo em diferentes
rando esse objetivo interpretativo, tal distri- países. Ao considerar as novas relações tec-
buição espacial aponta para nológicas no campo, verifica-se que a:
a) a estagnação dos Estados com forte identi- a) introdução de tecnologia equilibrou o de-
dade cultural. senvolvimento econômico entre o campo e
b) o alcance da racionalidade anticapitalista. a cidade, refletindo diretamente na humani-
c) a influência das grandes potências econômi- zação do espaço geográfico nos países mais
cas. pobres.
d) a dissolução de blocos políticos regionais. b) tecnificação do espaço geográfico marca o
e) o alargamento da força econômica dos países modelo produtivo dos países ricos, uma vez
islâmicos. que pretendem transferir gradativamente as
unidades industriais para o espaço rural.
5. (ENEM) Um fenômeno importante que vem c) construção de uma infraestrutura científica
ocorrendo nas últimas quatro décadas é o e tecnológica promoveu um conjunto de re-
baixo crescimento populacional na Euro- lações que geraram novas interações socio-
pa, principalmente em alguns países como espaciais entre o campo e a cidade.

171
d) aquisição de máquinas e implementos indus- e) as notícias de terras acessíveis atraíram para
triais, incorporados ao campo, proporcionou São Paulo grande quantidade de imigrantes,
o aumento da produtividade, libertando o que adquiriram vastas propriedades produti-
campo da subordinação à cidade. vas.
e) incorporação de novos elementos produtivos
oriundos da atividade rural resultou em uma 8. (ENEM) Responda sem pestanejar: que país
relação com a cadeia produtiva industrial, ocupa a liderança mundial no mercado de
subordinando a cidade ao campo. etanol? Para alguns, a resposta óbvia é o
Brasil. Afinal, o país tem o menor preço de
7. (ENEM) O suíço Thomas Davatz chegou a São
produção do mercado, além de vastas áreas
Paulo em 1855 para trabalhar como colono disponíveis para o plantio de matéria-prima.
na fazenda de café Ibicaba, em Campinas. Outros dirão que são os EUA, os donos da
A perspectiva de prosperidade que o atraiu maior produção anual. Nos próximos anos,
para o Brasil deu lugar a insatisfação e revol- essa pergunta não deve gerar mais dúvida,
ta, que ele registrou em livro. Sobre o percur- pois a disputa não se dará em plantações de
so entre o porto de Santos e o planalto pau- cana-de-açúcar ou nas usinas, mas nos labo-
lista, escreveu Davatz: “As estradas do Brasil, ratórios altamente sofisticados.
salvo em alguns trechos, são péssimas. Em TERRA, L. Conexões: estudos de geografia geral.
quase toda parte, falta qualquer espécie de São Paulo: Moderna, 2009 (adaptado).
calçamento ou mesmo de saibro. Constam
apenas de terra simples, sem nenhum bene- A biotecnologia propicia, entre outras coisas,
fício. É fácil prever que nessas estradas não a produção dos bio combustíveis, que vêm
se encontram estalagens e hospedarias como se onfigurando em importantes formas de
as da Europa. Nas cidades maiores, o viajan- energias alternativas. Que impacto possíveis
te pode naturalmente encontrar aposento pesquisas em laboratórios podem provocar
sofrível; nunca, porém, qualquer coisa de na produção de etanol no Brasil e nos EUA?
comparável à comodidade que proporciona a) Aumento na utilização de novos tipos pri-
na Europa qualquer estalagem rural. Tais ci- mas para a produção do etanol, elevando a
produtividade.
dades são, porém, muito poucas na distância
b) Crescimento da produção desse combustível,
que vai de Santos a Ibicaba e que se percorre
causando, porém, danos graves ao meio am-
em cinquenta horas no mínimo”.
biente pelo excesso de plantações de cana-
Em 1867 foi inaugurada a ferrovia ligando
-de-açúcar.
Santos à Jundiaí, o que abreviou o tempo de
c) Estagnação no processo produtivo do etanol
viagem entre o litoral e o planalto para me-
brasileiro, já que o país deixou de investir
nos de um dia. Nos anos seguintes, foram
nesse tipo de tecnologia.
construídos outros ramais ferroviários que
d) Elevação nas exportações de etanol para os
articularam o interior cafeeiro ao porto de EUA, já que a produção interna brasileira é
exportação, Santos. maior que a procura, e o produto tem quali-
DAVATZ, T. Memórias de um colono no Brasil. São dade superior.
Paulo: Livraria Martins, 1941 (adaptado).
e) Aumento da fome em ambos os países, em
O impacto das ferrovias na promoção de pro- virtude da produção de cana-de-açúcar pre-
jetos de colonização com base em imigrantes judicar a produção de alimentos.
europeus foi importante, porque:
a) o percurso dos imigrantes até o interior,
antes das ferrovias, era feito a pé ou em Raio X
muares; no entanto, o tempo de viagem era
aceitável, uma vez que o café era plantado 1.
O termo BRIC foi criado pelo economista
nas proximidades da capital, São Paulo. chefe do banco Goldman Sachs chamado Jim
b) a expansão da malha ferroviária pelo inte-
O’Neil, para apontar países com maior po-
rior de São Paulo permitiu que mão de obra
tencial de desenvolvimento.
estrangeira fosse contratada para trabalhar
em cafezais de regiões cada vez mais distan- A alternativa [B] é falsa: os BRIC não são os
tes do porto de Santos. países de tecnologia mais avançada.
c) o escoamento da produção de café se viu be- A alternativa [C] é falsa: países como Índia, Bra-
neficiado pelos aportes de capital, principal- sil e China apresentam grandes deficits sociais.
mente de colonos italianos, que desejavam A alternativa [D] é falsa: a Índia não pos-
melhorar sua situação econômica. sui ambiente natural capaz de impulsionar a
d) os fazendeiros puderam prescindir da mão economia mundial.
de obra europeia e contrataram trabalhado- A alternativa [E] é falsa: os BRICs são países
res brasileiros provenientes de outras regi- culturalmente muito diversificados.
ões para trabalhar em suas plantações.

172
2.
A China lança-se cada vez mais como nação A alternativa [C] é falsa: o número de casa-
com projeção geopolítica global. Sua atuação mentos diminuiu nos últimos anos.
comercial é praticamente mundial. Seus in- A alternativa [D] é falsa: as pensões estão em
vestimentos diretos em vários países podem alta devido ao aumento da população de idosos.
significar ameaças à soberania de países A alternativa [E] é falsa: devido às condições
africanos. Isso sem falar em investimentos socioeconômicas de alta qualidade, a morta-
científicos e militares crescentes. lidade infantil da Europa ocidental está en-
A alternativa [A] é falsa: não existem restri- tre as menores do mundo.
ções do Banco Mundial e do FMI aos investi- 6.
As tecnologias desenvolvidas e aplicadas na
mentos chineses na África. agricultura mostram disparidades de volume
A alternativa [B] é falsa: a China tem mostra- de investimentos. Países mais ricos investem
do interesses em problemas sociais africanos. mais com melhores resultados. O Brasil tem
A alternativa [C] é falsa: os grandes países oci- na EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa
dentais têm mostrado uma retirada constante Agropecuária), sua melhor expressão no setor.
de suas posições na África, de modo geral. O país exporta tecnologias em diversos produ-
A alternativa [E] é falsa: não existe ainda tos, mas ainda investe pouco em comparação
uma perspectiva de formação de um mercado com outras nações mais desenvolvidas.
comum entre a China e os países africanos. A alternativa [A] é falsa: os países mais po-
3.
As perspectivas de crises financeiras pro- bres recebem investimentos tecnológicos
longadas nos países da zona do Euro e nos externos em contrapartida de uma produção
Estados Unidos estão pressionando muito o intensiva e exclusiva dedicada à exportação
emprego com novas formas de mobilidade. e não ao bem-estar social de suas popula-
Isto se deve principalmente à capacidade e ções;
rapidez dos atuais sistemas de transporte A alternativa [B] é falsa: o capital tecnológico
disponíveis. A xenofobia retorna com força. em agricultura possibilita melhoria na produ-
A alternativa [B] é falsa: não há facilidade nas
tividade não implicando em transferência de
fronteiras, principalmente nos países mais ricos.
unidades de produção para a zona rural;
A alternativa [C] é falsa: não há acautela-
A alternativa [D] é falsa: a questão tecnoló-
mento dos bens dos imigrantes.
gica submete o campo cada vez mais ao ca-
A alternativa [D] é falsa: os imigrantes quali-
pital urbano;
ficados levam vantagens sobre outros grupos.
A alternativa [E] é falsa: é justamente pela
A alternativa [E] é falsa: há um esvaziamen-
relação tecnológica urbana aplicada no campo
to das políticas sociais.
que não existe essa inversão de subordinação.
4.
O retrato das relações internacionais pro-
7.
Uma das principais mudanças socioeconô-
posto na ilustração resulta de um sistema
micas decorrentes da expansão cafeeira em
marcado por dependência de vinculação ge-
ográfica e histórica, colonial e mercantilista, São Paulo foi a implantação e expansão da
com fortes vínculos de projeção geopolítica rede ferroviária. Esse processo permitiu uma
em áreas de influência a partir das grandes penetração cada vez maior de população em
potências econômicas. direção ao interior, favorecendo a expansão
A alternativa [A] é falsa: estados como a da produção além do escoamento através do
China ou a Índia possuem forte identidade porto de Santos. No entanto, a falta de visão
cultural e não estão estagnados; estratégica de longo prazo de seus gestores
A alternativa [B] é falsa: o mundo nunca foi na época fez com que as ferrovias tivessem
tão capitalista; problemas desde seu início, com traçados ir-
A alternativa [D] é falsa: blocos políticos re- regulares, bitolas dos trens diferentes, que
gionais estão em franca atuação; inviabilizavam qualquer tipo de integração.
A alternativa [E] é falsa: os países islâmicos ain- O mesmo aconteceu com as rodovias, mal
da encontram dificuldades econômicas e sociais. construídas e sem infraestrutura em seu
5.
Os grandes centros urbanos, localizados nos percurso, apontando para um modelo econô-
países desenvolvidos, apresentam quedas re- mico preocupado apenas com as exportações
gulares nas taxas de crescimento populacional. e ganhos auferidos a uma minoria de pro-
A cosmopolitização de sua população mostra prietários rurais e banqueiros.
novos focos de atenção nas pessoas que aca- A alternativa [A] é falsa: como diz o texto os
bam enfatizando as carreiras profissionais, imigrantes, à época, viajavam por estradas.
viagens e lazer, diminuindo o número de casa- A alternativa [C] é falsa: os aportes de capi-
mentos ou casando-se tarde e com pouco nível tal às ferrovias eram promovidos pelos gran-
de preocupações com a geração de filhos. des cafeicultores, proprietários de terra.
A alternativa [B] é falsa: as mulheres im- A alternativa [D] é falsa: para muitos fazen-
põem cada vez mais sua autonomia profis- deiros a mão de obra estrangeira era impres-
sional aos homens. cindível na produção.

173
A alternativa[E] é falsa: as terras eram con-
centradas nas mãos de poucos grandes pro-
prietários, denotando uma forte concentra-
ção fundiária.
8.
A biotecnologia propicia usos variados para
diferentes matérias-primas, ajudando a au-
mentar a oferta de produtos para os vários
segmentos econômicos e sua produtividade.
A alternativa [B] é falsa: a evolução na bio-
tecnologia é justamente com o intuito de,
além de elevar a produtividade, diminuir
também danos ao meio ambiente.
A alternativa [C] é falsa: o investimento em
biotecnologia é justamente para aumentar a
produtividade.
A alternativa [D] é falsa: a exportação de eta-
nol para os Estados Unidos esbarra em medi-
das protecionistas aplicadas pelos americanos.
A alternativa [E] é falsa: ambos os países
possuem produção alimentícia diversificada
e o etanol nos Estados Unidos é extraído do
milho, onde os americanos são os maiores
produtores mundiais.

Gabarito
1. A 2. D 3. A 4. C 5. A
6. C 7. B 8. A

174
Prescrição: Deve saber interpretar mapas, modelos esquemáticos e gráficos, fundamentais para a
compreensão das relações de poder e da produção socioeconômica em um espaço geográfico. A
interpretação dessas figuras exige o domínio da linguagem cartográfica (formas de projeção, tipos
de escala, uso de cores e convenções cartográficas), que permite identificar o tema tratado, as
principais informações selecionadas e as relações estabelecidas entre elas. Também é importante
entender as transformações técnicas e seus impactos no processo de produção.

Prática dos 3. (ENEM) A Unesco condenou a destruição da


antiga capital assíria de Nimrod, no Iraque,

conhecimentos - E.O. pelo Estado Islâmico, com a agência da ONU


considerando o ato como um crime de guer-
ra. O grupo iniciou um processo de demoli-
1. (ENEM) O principal articulador do atual mo- ção em vários sítios arqueológicos em uma
delo econômico chinês argumenta que o mer- área reconhecida como um dos berços da ci-
cado é só um instrumento econômico, que se vilização.
emprega de forma indistinta tanto no capita-
Unesco e especialistas condenam destruição de cidade
lismo como no socialismo. Porém os próprios assíria pelo Estado Islâmico. Disponível em: http://
chineses já estão sentindo, na sua sociedade, oglobo.globo.com. Acesso em: 30 mar. 2015 (adaptado).
o seu real significado: o mercado não é algo
neutro, ou um instrumental técnico que possi- O tipo de atentado descrito no texto tem
bilita à sociedade utilizá-lo para a construção como consequência para as populações de pa-
e edificação do socialismo. Ele é, ao contrário íses como o Iraque a desestruturação do(a):
do que diz o articulador, um instrumento do a) homogeneidade cultural.
capitalismo e é inerente à sua estrutura como
b) patrimônio histórico.
modo de produção. A sua utilização está levan-
c) controle ocidental.
do a uma polarização da sociedade chinesa.
d) unidade étnica.
OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros
Amigos, 31 jan. 2011 (adaptado). e) religião oficial.

No texto, as reformas econômicas ocorridas na 4. (ENEM) Até o fim de 2007, quase 2 milhões
China são colocadas como antagônicas à constru- de pessoas perderam suas casas e outros 4
ção de um país socialista. Nesse contexto, a ca-
milhões corriam o risco de ser despejadas.
racterística fundamental do socialismo, à qual o
modelo econômico chinês atual se contrapõe é a: Os valores das casas despencaram em quase
a) desestatização da economia. todos os EUA e muitas famílias acabaram de-
b) instauração de um partido único. vendo mais por suas casas do que o próprio
c) manutenção da livre concorrência. valor do imóvel. Isso desencadeou uma espi-
d) formação de sindicatos trabalhistas. ral de execuções hipotecárias que diminuiu
e) extinção gradual das classes sociais. ainda mais os valores das casas. Em Cleve-
land, foi como se um “Katrina financeiro”
2. (ENEM) Atualmente, as represálias econô- atingisse a cidade. Casas abandonadas, com
micas contra as empresas de informática tábuas em janelas e portas, dominaram a
norte-americanas continuam. A Alemanha paisagem nos bairros pobres, principalmen-
proibiu um aplicativo dos Estados Unidos te negros. Na Califórnia, também se enfilei-
de compartilhamento de carros; na China, raram casas abandonadas.
o governo explicou que os equipamentos e HARVEY, D. O enigma do capital. São Paulo: Boitempo, 2011.
serviços de informática norte-americanos
representam uma ameaça, pedindo que as Inicialmente restrita, a crise descrita no tex-
empresas estatais não recorram a eles. to atingiu proporções globais, devido ao(à):
SCHILLER, D. Disponível em: www.diplomatique. a) superprodução de bens de consumo.
org.br. Acesso em: 11 nov. 2014 (adaptado). b) colapso industrial de países asiáticos.
c) interdependência do sistema econômico.
As ações tomadas pelos países contra a es-
d) isolamento político dos países desenvolvidos.
pionagem revelam preocupação com o(a):
e) austeridade fiscal dos países em desenvolvi-
a) subsídio industrial.
mento.
b) hegemonia cultural.
c) protecionismo dos mercados.
d) desemprego tecnológico.
e) segurança dos dados.

175
5. (ENEM) O jovem espanhol Daniel se sente não é assim. A sociedade é muito mais avan-
perdido. Seu diploma de desenhista indus- çada que o sistema político. Ele se mantém
trial e seu alto conhecimento de inglês de- porque consegue convencer a sociedade de
vem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a taxa que é a expressão dela, de seu conservado-
de desemprego, que supera 52% entre os que rismo.
têm menos de 25 anos, o desnorteia. Ele está
NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em:
convencido de que seu futuro profissional www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).
não está na Espanha, como o de, pelo menos,
120 mil conterrâneos que emigraram nos A característica do sistema político brasilei-
últimos dois anos. O irmão dele, que é en- ro, ressaltada no texto, obtém sua legitimi-
genheiro-agrônomo, conseguiu emprego no
dade da:
Chile. Atualmente, Daniel participa de uma
“oficina de procura de emprego” em países a) dispersão regional do poder econômico.
como Brasil, Alemanha e China. A oficina é b) polarização acentuada da disputa partidária.
oferecida por uma universidade espanhola. c) orientação radical dos movimentos populares.
GUILAYN, P. “Na Espanha, universidade ensina a d) condução eficiente das ações administrativas.
emigrar”. O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado). e) sustentação ideológica das desigualdades
existentes.
A situação ilustra uma crise econômica que
implica:
7. (ENEM) O processo de concentração urbana
a) valorização do trabalho fabril.
no Brasil em determinados locais teve mo-
b) expansão dos recursos tecnológicos.
c) exportação de mão de obra qualificada. mentos de maior intensidade e, ao que tudo
d) diversificação dos mercados produtivos. indica, atualmente passa por uma desacele-
e) intensificação dos intercâmbios estudantis. ração do ritmo de crescimento populacional
nos grandes centros urbanos.
BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração
6. (ENEM) Existe uma cultura política que
no crescimento populacional e novos arranjos
domina o sistema e é fundamental para en- regionais. Disponível em: www.sbsociologia.com.
tender o conservadorismo brasileiro. Há um br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).
argumento, partilhado pela direita e pela es-
querda, de que a sociedade brasileira é con- Uma causa para o processo socioespacial
servadora. Isso legitimou o conservadorismo mencionado no texto é o(a):
do sistema político: existiriam limites para a) carência de matérias-primas.
transformar o país, porque a sociedade é b) degradação da rede rodoviária.
conservadora, não aceita mudanças bruscas. c) aumento do crescimento vegetativo.
Isso justifica o caráter vagaroso da redemo- d) centralização do poder político.
cratização e da redistribuição da renda. Mas e) realocação da atividade industrial.

8. (ENEM)

Na imagem, é ressaltado, em tom mais escuro, um grupo de países que na atualidade possuem
características político-econômicas comuns, no sentido de:
a) adotarem o liberalismo político na dinâmica dos seus setores públicos.
b) constituírem modelos de ações decisórias vinculadas à social-democracia.
c) instituírem fóruns de discussão sobre intercâmbio multilateral de economias emergentes.
d) promoverem a integração representativa dos diversos povos integrantes de seus territórios.
e) apresentarem uma frente de desalinhamento político aos polos dominantes do sistema-mundo.

176
9. (ENEM)

Os mapas representam distintos padrões de distribuição de processos socioespaciais. Nesse senti-


do, a menor incidência de disputas territoriais envolvendo povos indígenas se explica pela:
a) fertilização natural dos solos.
b) expansão da fronteira agrícola.
c) intensificação da migração de retorno.
d) homologação de reservas extrativistas.
e) concentração histórica da urbanização.

1
0. (ENEM)

A interpretação e a correlação das figuras sobre a dinâmica demográfica brasileira demonstram um(a):
a) menor proporção de fecundidade na área urbana.
b) menor proporção de homens na área rural.
c) aumento da proporção de fecundidade na área rural.
d) queda da longevidade na área rural.
e) queda do número de idosos na área urbana.

177
1
1. (ENEM) Subindo morros, margeando córre- 1
3. (ENEM) Um gigante da indústria da inter-
gos ou penduradas em palafitas, as favelas net, em gesto simbólico, mudou o tratamen-
fazem parte da paisagem de um terço dos to que conferia à sua página palestina. O site
municípios do país, abrigando mais de 10 de buscas alterou sua página quando aces-
milhões de pessoas, segundo dados do Ins- sada da Cisjordânia. Em vez de “territórios
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística palestinos”, a empresa escreve agora “Pales-
(IBGE). tina” logo abaixo do logotipo.
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da BERCITO, D. “Google muda tratamento de territórios
cidade. Disponível em: http://www.revistaescola. palestinos”. Folha de S. Paulo, 4 maio 2013 (adaptado).
abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
O gesto simbólico sinalizado pela mudança no
A situação das favelas no país reporta a gra- status dos territórios palestinos significa o:
ves problemas de desordenamento territo- a) surgimento de um país binacional.
rial. Nesse sentido, uma característica co- b) fortalecimento de movimentos antissemitas.
mum a esses espaços tem sido: c) esvaziamento de assentamentos judaicos.
a) o planejamento para a implantação de infra- d) reconhecimento de uma autoridade jurídica.
estruturas urbanas necessárias para atender e) estabelecimento de fronteiras nacionais.
as necessidades básicas dos moradores.
b) a organização de associações de moradores
1
4. (ENEM) DISNEYLÂNDIA
interessadas na melhoria do espaço urbano e
financiadas pelo poder público.
c) a presença de ações referentes à educação Multinacionais japonesas instalam empresas
em Hong-Kong
ambiental com consequente preservação dos
E produzem com matéria-prima brasileira
espaços naturais circundantes.
Para competir no mercado americano
d) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a
[...]
enchentes ou desmoronamentos com conse-
Pilhas americanas alimentam eletrodomésti-
quentes perdas materiais e humanas.
cos ingleses na Nova Guiné
e) o isolamento socioeconômico dos moradores
Gasolina árabe alimenta automóveis ameri-
ocupantes desses espaços com a resultante
canos na África do Sul
multiplicação de políticas que tentam rever-
[...]
ter esse quadro.
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtêm visto no consulado americano do
1
2. (ENEM) Egito
Para entrarem na Disneylândia
ANTUNES, A. Disponível em: www.radio.uol.com.
br. Acesso em: 3 fev. 2013 (fragmento).

Na canção, ressalta-se a coexistência, no


contexto internacional atual, das seguintes
situações:
a) Acirramento do controle alfandegário e estí-
mulo ao capital especulativo.
b) Ampliação das trocas econômicas e seletivi-
dade dos fluxos populacionais.
c) Intensificação do controle informacional e
adoção de barreiras fitossanitárias.
d) Aumento da circulação mercantil e desregu-
lamentação do sistema financeiro.
O processo registrado no gráfico gerou a se- e) Expansão do protecionismo comercial e des-
guinte consequência demográfica: caracterização de identidades nacionais.

a) Decréscimo da população absoluta.


b) Redução do crescimento vegetativo.
c) Diminuição da proporção de adultos.
d) Expansão de políticas de controle da natalidade.
e) Aumento da renovação da população econo-
micamente ativa.

178
1
5. (ENEM) Pesquisa de Padrão de Vida, feita pelo IBGE,
em 1996, aponta que, entre os nordestinos
que chegam ao Sudeste, 48,6% exercem
trabalhos manuais não qualificados, 18,5%
são trabalhadores manuais qualificados, en-
quanto 13,5%, embora não sejam trabalha-
dores manuais, se encontram em áreas que
não exigem formação profissional.
O mesmo estudo indica também que esses
migrantes possuem, em média, condição de
vida e nível educacional acima dos de seus
conterrâneos e abaixo dos de cidadãos está-
veis do Sudeste.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br.
Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado).

Com base nas informações contidas no texto,


depreende-se que:
A partir do mapa apresentado, é possível a) o processo migratório foi desencadeado por
inferir que nas últimas décadas do século ações de governo para viabilizar a produção
XX, registraram-se processos que resultaram industrial no Sudeste.
em transformações na distribuição das ati- b) os governos estaduais do Sudeste prioriza-
vidades econômicas e da população sobre o ram a qualificação da mão de obra migrante.
território brasileiro, com reflexos no PIB por c) o processo de migração para o Sudeste con-
habitante. Assim: tribui para o fenômeno conhecido como in-
a) as desigualdades econômicas existentes en- chaço urbano.
tre regiões brasileiras desapareceram, tendo d) as migrações para o sudeste desencadearam a
em vista a modernização tecnológica e o valorização do trabalho manual, sobretudo na
crescimento vivido pelo país. década de 80.
b) os novos fluxos migratórios instaurados em di- e) a falta de especialização dos migrantes é po-
reção ao Norte e ao Centro-Oeste do país pre- sitiva para os empregadores, pois significa
judicaram o desenvolvimento socioeconômico maior versatilidade profissional.
dessas regiões, incapazes de atender ao cresci-
mento da demanda por postos de trabalho. 1
7. (ENEM) A soma do tempo gasto por todos os
c) o Sudeste brasileiro deixou de ser a região navios de carga na espera para atracar no
com o maior PIB industrial a partir do pro- porto de Santos é igual a 11 anos – isso, con-
cesso de desconcentração espacial do setor, tando somente o intervalo de janeiro a outu-
em direção a outras regiões do país. bro de 2011. O problema não foi registrado
d) o avanço da fronteira econômica sobre os es- somente neste ano. Desde 2006 a perda de
tados da região Norte e do Centro-Oeste resul- tempo supera uma década.
tou no desenvolvimento e na introdução de Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
novas atividades econômicas, tanto nos seto-
res primário e secundário, como no terciário. A situação descrita gera consequências em
e) o Nordeste tem vivido, ao contrário do res- cadeia, tanto para a produção quanto para
tante do país, um período de retração eco- o transporte. No que se refere à territoriali-
nômica, como consequência da falta de in- zação da produção no Brasil contemporâneo,
vestimentos no setor industrial com base na uma dessas consequências é a:
moderna tecnologia. a) realocação das exportações para o modal aé-
reo em função da rapidez.
b) dispersão dos serviços financeiros em função
1
6. (ENEM) O movimento migratório no Bra- da busca de novos pontos de importação.
sil é significativo, principalmente em fun- c) redução da exportação de gêneros agrícolas
ção do volume de pessoas que saem de uma em função da dificuldade para o escoamento.
região com destino a outras regiões. Um d) priorização do comércio com países vizinhos em
desses movimentos ficou famoso nos anos função da existência de fronteiras terrestres.
80, quando muitos nordestinos deixaram a e) estagnação da indústria de alta tecnologia
região Nordeste em direção ao Sudeste do em função da concentração de investimen-
Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, tos na infraestrutura de circulação.
este processo continuou crescente no perío-
do seguinte, os anos 90, com um acréscimo
de 7,6% nas migrações deste mesmo fluxo. A

179
1
8. (ENEM) SOBRADINHO TEXTO II
O homem chega, já desfaz a natureza Com a globalização da economia ampliou-se
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar a hegemonia do modelo de desenvolvimento
O São Francisco lá pra cima da Bahia agropecuário, com seus padrões tecnológicos,
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar caracterizando o agronegócio. Essa nova face
E passo a passo vai cumprindo a profecia do da agricultura capitalista também mudou a
beato que dizia que o Sertão ia alagar. forma de controle e exploração da terra. Am-
SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pliou-se, assim, a ocupação de áreas agricul-
pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado). táveis e as fronteiras agrícolas se estenderam.
SADER, E.; JINKINGS, I. Enciclopédia Contemporânea da América
O trecho da música faz referência a uma im-
Latina e do Caribe. São Paulo: Boitempo, 2006 (adaptado).
portante obra na região do rio São Francisco.
Uma consequência socioespacial dessa cons- Os textos demonstram que, tanto na Euro-
trução foi: pa do século XIX quanto no contexto latino
a) a migração forçada da população ribeirinha. americano do século XXI, as alterações tec-
b) o rebaixamento do nível do lençol freático local. nológicas vivenciadas no campo interferem
c) a preservação da memória histórica da região.
na vida das populações locais, pois:
d) a ampliação das áreas de clima árido.
a) induzem os jovens ao estudo nas grandes ci-
e) a redução das áreas de agricultura irrigada.
dades, causando o êxodo rural, uma vez que
formados, não retornam à sua região de ori-
1
9. (ENEM) Subindo morros, margeando córregos
gem.
ou penduradas em palafitas, as favelas fazem
b) impulsionam as populações locais a buscar
parte da paisagem de um terço dos municí-
linhas de financiamento estatal com o obje-
pios do país, abrigando mais de 10 milhões
tivo de ampliar a agricultura familiar, garan-
de pessoas, segundo dados do Instituto Brasi-
tindo sua fixação no campo.
leiro de Geografia e Estatística (IBGE).
c) ampliam o protagonismo do Estado, possibi-
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da
cidade. Disponível em: http://www.revistaescola.
litando a grupos econômicos ruralistas pro-
abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010. duzir e impor políticas agrícolas, ampliando
o controle que tinham dos mercados.
A situação das favelas no país reporta a gra- d) aumentam a produção e a produtividade de
ves problemas de desordenamento territorial. determinadas culturas em função da inten-
Nesse sentido, uma característica comum a sificação da mecanização, do uso de agrotó-
esses espaços tem sido: xicos e cultivo de plantas transgênicas.
a) o planejamento para a implantação de infra- e) desorganizam o modo tradicional de vida
estruturas urbanas necessárias para atender
impelindo-as à busca por melhores condi-
as necessidades básicas dos moradores.
b) a organização de associações de moradores ções no espaço urbano ou em outros países
interessadas na melhoria do espaço urbano e em situações muitas vezes precárias.
financiadas pelo poder público.
c) a presença de ações referentes à educação 2
1. (ENEM) Se, por um lado, o ser humano,
ambiental com consequente preservação dos como animal, é parte integrante da natureza
espaços naturais circundantes. e necessita dela para continuar sobreviven-
d) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a do, por outro, como ser social, cada dia mais
enchentes ou desmoronamentos com conse-
sofistica os mecanismos de extrair da natu-
quentes perdas materiais e humanas.
e) o isolamento socioeconômico dos moradores reza recursos que, ao serem aproveitados,
ocupantes desses espaços com a resultante podem alterar de modo profundo a funcio-
multiplicação de políticas que tentam rever- nalidade harmônica dos ambientes naturais.
ter esse quadro. ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil.
São Paulo: EDUSP, 2005 (adaptado).
2
0. (ENEM) TEXTO I
Ao se emanciparem da tutela senhorial, mui- A relação entre a sociedade e a natureza vem
tos camponeses foram desligados legalmente sofrendo profundas mudanças em razão do
da antiga terra. Deveriam pagar, para adqui- conhecimento técnico. A partir da leitura do
rir propriedade ou arrendamento. Por não texto, identifique a possível consequência do
possuírem recursos, engrossaram a camada avanço da técnica sobre o meio natural.
cada vez maior de jornaleiros e trabalhadores a) sociedade aumentou o uso de insumos quí-
volantes, outros, mesmo tendo propriedade micos – agrotóxicos e fertilizantes – e, as-
sobre um pequeno lote, suplementavam sua sim, os riscos de contaminação.
existência com o assalariamento esporádico. b) O homem, a partir da evolução técnica, con-
MACHADO, P. P. Política e colonização no Império. seguiu explorar a natureza e difundir har-
Porto Alegre: EdUFRGS, 1999 (adaptado). monia na vida social.

180
c) As degradações produzidas pela exploração d) divisão de tarefas na propriedade.
dos recursos naturais são reversíveis, o que, e) estabilização da fertilidade do solo.
de certa forma, possibilita a recriação da na-
tureza. 2
4. (ENEM) Um carro esportivo é financiado
d) O desenvolvimento técnico, dirigido para a pelo Japão, projetado na Itália e montado
recomposição de áreas degradadas, superou em Indiana, México e França, usando os mais
os efeitos negativos da degradação.
avançados componentes eletrônicos, que fo-
e) As mudanças provocadas pelas ações huma-
nas sobre a natureza foram mínimas, uma vez ram inventados em Nova Jérsei e fabricados
que os recursos utilizados são de caráter re- na Coreia. A campanha publicitária é desen-
novável. volvida na Inglaterra, filmada no Canadá,
a edição e as cópias, feitas em Nova Iorque
2
2. (ENEM) De todas as transformações impos- para serem veiculadas no mundo todo. Teias
tas pelo meio técnico-científico-informacio- globais disfarçam-se com o uniforme nacio-
nal à logística de transportes, interessa-nos nal que lhes for mais conveniente.
REICH, R. O trabalho das nações: preparando-
mais de perto a intermodalidade. E por uma
nos para o capitalismo no século XXI. São
razão muito simples: o potencial que tal Paulo: Educador, 1994 (adaptado).
“ferramenta logística” ostenta permite que
haja, de fato, um sistema de transportes A viabilidade do processo de produção ilus-
condizente com a escala geográfica do Brasil. trado pelo texto pressupõe o uso de:
HUERTAS, D. M. O papel dos transportes na expansão recente a) linhas de montagem e formação de estoques.
da fronteira agrícola brasileira. Revista Transporte y Territorio, b) empresas burocráticas e mão de obra barata.
Universidade de Buenos Aires, n. 3, 2010 (adaptado). c) controle estatal e infraestrutura consolidada.
A necessidade de modais de transporte in- d) organização em rede e tecnologia da informação.
terligados, no território brasileiro, justifica- e) gestão centralizada e protecionismo econômico.
-se pela(s)
a) variações climáticas no território, associadas 2
5. (ENEM) No dia 28 de fevereiro de 1985, era
à interiorização da produção. inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, per-
b) grandes distâncias e a busca da redução dos tencente e diretamente operada pela Com-
custos de transporte. panhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região
c) formação geológica do país, que impede o Norte do país, ligando o interior ao principal
uso de um único modal. porto da região, em São Luís. Por seus, apro-
d) proximidade entre a área de produção agrí- ximadamente, 900 quilômetros de linha, pas-
cola intensiva e os portos. sam, hoje, 5353 vagões e 100 locomotivas.
e) diminuição dos fluxos materiais em detri- Dísponivel em: http://www.transportes.gov.
br. Acesso em 27 jul. 2010 (adaptado).
mento de fluxos imateriais.
A ferrovia em questão é de extrema impor-
2
3. (ENEM) Tanto potencial poderia ter fica- tância para a logística do setor primário da
do pelo caminho, se não fosse o reforço em economia brasileira, em especial para por-
tecnologia que um gaúcho buscou. Há pouco ções dos estados do Pará e Maranhão.
mais de oito anos, ele usava o bico da boti- Um argumento que destaca a importância
na para cavoucar a terra e descobrir o nível estratégica dessa porção do território é a:
de umidade do solo, na tentativa de saber o a) produção de energia para as principais áreas
momento ideal para acionar os pivôs de ir- industriais do país.
rigação. Até que conheceu uma estação me- b) produção sustentável de recursos minerais
teorológica que, instalada na propriedade, não metálicos.
ajuda a determinar a quantidade de água de c) capacidade de produção de minerais metálicos.
que a planta necessita. Assim, quando inicia d) logística de importação de matérias-primas
um plantio, o agricultor já entra no site do industriais.
sistema e cadastra a área, o pivô, a cultura, o e) produção de recursos minerais energéticos.
sistema de plantio, o espaçamento entre li-
nhas e o número de plantas, para então rece-
ber recomendações diretamente dos técnicos
da universidade.
Gabarito
CAETANO. M. O valor de cada gota.
Globo Rural. n. 312. out. 2011. 1. E 2. E 3. B 4. C 5. C
A implementação das tecnologias menciona- 6. E 7. E 8. C 9. E 10. A
das no texto garante o avanço do processo de: 11. D 12. B 13. D 14. B 15. D
a) monitoramento da produção. 16. C 17. C 18. A 19. D 20. E
b) valorização do preço da terra.
c) correção dos fatores climáticos. 21. A 22. B 23. A 24. D 25. C

181
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 5 e 6

Competências 4, 5 e 6
Habilidades 19, 20, 21, 25, 27 e 28

BREVIÁRIO

A rede de cidades e seu desenvolvimento


Podemos estabelecer uma periodização histórica para o desenvolvimento das cidades brasileiras, a partir do perfil
da economia nacional desde o período colonial, quando os aglomerados urbanos se distinguiam em povoados,
freguesias, vilas e cidades, de acordo com a condição territorial, populacional e administrativa.

Do século XIV ao início do XX


§§ Urbanização na fase agroexportadora;
§§ Principais núcleos urbanos inseridos no contexto territorial na forma de “arquipélago” ou “ilhas” desarticu-
ladas entre si e todas ligadas à metrópole colonial;
§§ Recife e Salvador se destacavam como entrepostos do comércio do algodão e do açúcar;
§§ No século XVIII cresceram as vilas de Minas Gerais e Goiás, devido à mineração de ouro e pedras preciosas;
§§ Na segunda metade do século XX, a economia cafeeira impulsionou o crescimento das cidades do Rio de
Janeiro, do Vale do Paraíba, de Santos e de São Paulo.

LEGENDA
Ano da Criação

1711
1713 a 1728
1789 a 1814
Paracatu Minas Novas

Serro

Pitangui Sabará
Caeté
Itapecerica Ouro Preto Mariana N

Conselheiro Lafaiete o L
Jacuí Tiradentes S

São João del Rei Barbacena

Campanha Baependi
0 150 300

Quilômetros

Figura 1. Capitania das Minas Gerais, primeiras vilas criadas (1711 - 1814).
Fonte: RODARTE; Mario Marcos; PAULA, João Antonio de; SIMÕES, Rodrigo. Rede cidades em
Minas Gerais no século XIX. História econômica & História de Empresas, V.7, n.1, p.12, 2004.

183
Do início do século XX até meados dos anos 1940
§§ A urbanização se concentra nos núcleos da região Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro;
§§ Fase da modernização da economia e criação de laços entre as economias regionais;
§§ Mudanças sociais com o crescimento da massa do operariado urbano;
§§ Expansão e instalação de redes de infraestrutura (rodovias, ferrovias, energia e saneamento), dando um
conteúdo mais técnico ao território;
§§ Implantação de indústrias de base;
§§ Subordinação das demais regiões com o Sudeste, levando a uma estagnação ou redução da população de
várias cidades.

Pós-Segunda Guerra Mundial


§§ As grandes cidades tornaram-se o meio técnico apto para receber as inovações tecnológicas;
§§ Atuação de empresas transnacionais;
§§ São Paulo e Rio de Janeiro se consolidam como os centros mais importantes na economia e das finanças e
se articulam com outras regiões;
§§ Forte concentração urbana regional, em capitais como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte;
§§ Crescente metropolização;

§§ Interiorização da urbanização proporcionada pela construção de Brasília;


§§ Integração da Amazônia ensejada pelo Estado e por empresários estrangeiros e nacionais que diversificou
seu quadro urbano;
§§ Maior crescimento de cidade médias a partir dos anos de 1980;
§§ Conurbação;
§§ Em 1973, o Congresso Nacional aprovou uma lei que criou as Regiões Metropolitanas;
§§ RIDE (regiões integradas de desenvolvimento).

184
Hierarquia urbana
§§ As cidades podem ser classificadas em diferentes níveis hierárquicos de influência socioeconômica. As maio-
res aglomerações urbanas exercem uma polarização sobre as menores, formando um sistema integrado. No
Centro-Sul do País, essa rede é mais densa e existem cidades em todos os níveis hierárquicos. Na Amazônia,
no entanto, essa rede não é completa.
§§ Para delimitar essas áreas de influência, o IBGE considera o fluxo de consumidores que utilizam o comércio
e os serviços públicos e privados no interior da rede e mapeia a rede de transportes entre os municípios e os
principais destinos das pessoas que buscam produtos e serviços fora do seu município de origem.

Configuração interna das cidades brasileiras


§§ A cidade é palco das interações sociais com o espaço;
§§ Contraditoriamente, é lugar do encontro e do desencontro, com seus condomínios fechados e shoppings
centers, onde o espaço está segregado;

185
§§ Desvalorização dos espaços tradicionais de convivência;
§§ O automóvel reforçou a fragmentação;
§§ Especulação imobiliária que agrava o deficit de habitações para as classes populares;
§§ Aumento das favelas, cortiços, loteamentos clandestinos e movimentos sociais organizados de ocupação de
espaços urbanos ociosos.

Espaço agrário brasileiro


“O estudo da agricultura brasileira deve ser feito no bojo da compreensão dos pro-
cessos de desenvolvimento do modo capitalista de produção no território brasileiro.”
Ariovaldo Umbelino de Oliveira

§§ É importante saber como se organiza o setor agrário brasileiro, quanto ao uso da terra, à estrutura fundiária,
às relações de trabalho, à reforma agrária e à produção.

186
Modernização do campo
§§ Penetração do capitalismo no campo e aumento da tecnologia;
§§ Mudança de um perfil predominantemente rural para um perfil urbano industrial;
§§ O rural está subordinado ao urbano, que comanda as relações entre os espaços;
§§ Expansão da área cultivada e elevação do índice de produtividade;
§§ Diminuição da dependência da natureza;
§§ Aplicação de novos conhecimentos na área da biotecnologia;
§§ Mecanização intensiva e consequente diminuição da oferta de emprego;
§§ Incorporação de novos solos agrícolas;
§§ Subordinação do capital industrial.

Uso de transgênicos no mundo

§§ Manutenção da estrutura fundiária altamente concentradora com base no latifúndio;


§§ Acelerado êxodo rural agravado por políticas governamentais que relegaram a produção camponesa fami-
liar a segundo plano;

187
§§ A produção camponesa é a que mais emprega e a que mais produz alimentos;

§§ Apesar de ocupar uma área menor, os estabelecimentos da agricultura familiar são responsáveis por apro-
ximadamente 40% de toda produção nacional;
§§ O processo de modernização do campo é irreversível e desigual, pois não ocorre em todo território brasileiro

A expansão da fronteira agrícola


§§ Chama-se fronteira agrícola a área limite entre o que já foi incorporado e o que ainda está para ser incorporado;
§§ O Centro-Sul já está ocupado e modernizado, então, a fronteira agrícola está agora se expandindo para a
região Centro-Oeste e Amazônia;
§§ Forte participação do Estado, sobretudo na época da ditadura militar, que ordenou essa ocupação por meio
de incentivos fiscais, projetos agropecuários e agrominerais, em parceria com empresas privadas nacionais
e transnacionais.

188
Novas tecnologias e mudanças na cultura da sociedade moderna

§§ As mudanças apresentadas na implementação de novas tecnologias afetam diretamente o ambiente técnico


e social da organização e do modo de trabalho de seus participantes;

§§ Uma vez que a cultura é criada e sustentada pelas redes de comunicação, é inevitável que a mesma sofra
mudanças com a evolução das novas tecnologias.

Vantagens das modificações tecnológicas


§§ Torna a produção mais rápida e maior e, com ISS, o resultado final é um produto mais barato e com maior qualidade.

Desvantagens
§§ Poluição e contaminação dos rios;

189
§§ Desemprego estrutural;

§§ Com o aumento da produção, aumenta também o consumo e, consequentemente, a produção do lixo.

Os meios de comunicação e o cotidiano


§§ Os meios de comunicação representam aqui uma atividade econômica e um instrumento ideológico e polí-
tico de influência considerável;

§§ Embora, conceitualmente, informem, eduquem e entretenham, também têm sido utilizados de forma unila-
teral, proporcionando apenas um simulacro de interatividade;
§§ Registram e divulgam a história e influenciam a rotina, as relações sociais e de trabalho.

190
Globalização
§§ Integração e interdependência das economias nacionais;
§§ Descentralização dos meios produtivos;
§§ Mundialização do consumo;
§§ Globalização informacional (internet, celulares, satélites etc.);
§§ Globalização cultural, geográfica e política.

Aspectos discutidos sobre a globalização


Transnacionais

§§ Responsáveis por grande parte do comércio internacional;


§§ Poder econômico e político por vezes superior a muitos Estados;
§§ Procura incessante por incentivos fiscais;
§§ Aumentam a dependência dos países periféricos em relação aos países centrais.

Aspectos criticados sobre a globalização


Fim das soberanias nacionais

§§ Com o avanço da globalização pode-se dizer que houve um relativo enfraquecimento do poder do Estado.

A exclusão se intensifica

§§ Desemprego;
§§ Migrações;
§§ Dependência econômica;
§§ Regiões e países pouco desenvolvidos;
§§ Aumento da dependência tecnológica.

Para atender às suas necessidades de conforto e progresso, acaba por realocar os recursos naturais, mudando as
configurações do ambiente onde vive, por meio de de atividades como corte de árvores, tratamento de solo, cria-
ção e domesticação de animais, construção de edifícios, estradas, indústrias para transformar a matéria-prima em
produtos para o consumo, entre outros, modificando a paisagem e a história dos lugares.
Considera-se paisagem tudo aquilo que é perceptível pelos sentidos (visão, olfato, tato e audição). É for-
mada por diferentes elementos que podem ser de domínio natural, humano, social, cultural ou econômico, e se
articulam uns com os outros.
Podemos considerar paisagem sob dois aspectos: paisagem natural e paisagem modificada ou cultural.
Paisagem natural é aquela onde não houve ação modificadora do homem. Já a paisagem modificada ou cultural é
aquela modelada por meio de um grupo cultural, onde a cultura de um povo é o agente que modifica e modela a
paisagem; a área natural é o meio e a paisagem cultural é o resultado.
Quando tratamos da origem do processo de formação de uma paisagem, seja ela natural ou cultural, inter-
vém um conjunto de fatores geológicos, geográficos e biológicos que não permite analisá-la como ente indepen-
dente do ser humano e sobre sua incidência no mesmo.

191
O geógrafo Aziz Ab’Saber criou um modelo de classificação da paisagem natural do Brasil, baseada em
domínios morfoclimáticos, que são classificados de acordo com a semelhança de relevo, clima, solo e hidrografia
de uma determinada região.

Domínios morfoclimáticos brasileiros

Domínio dos mares de morros


Características
§§ Relevo mamelonar de estrutura cristalina;
§§ Escarpas planálticas;
§§ Mata Atlântica;
§§ Presença de árvores de médio e grande porte, formando uma floresta densa e fechada;
§§ Grande biodiversidade;
§§ Clima quente e úmido;
§§ Solos pouco férteis;
§§ Abriga uma vasta diversidade sociocultural de populações tradicionais: quilombolas, índios e caiçaras.

Histórico de ocupação e devastação da Mata Atlântica

§§ Distribui-se principalmente ao longo da costa litorânea brasileira, atravessando 17 Estados;


§§ Ocupava uma área de 1.110.182 km2 antes da chegada do colonizador português. Hoje, restam cerca de
7% da área original;

192
Domínio Mata Atlântica
Remanescentes
0 400 800

§§ Os índios extraíam da floresta seus alimentos, remédios e a madeira para a construção de seu abrigos.
Como muitas florestas, o solo apresenta baixa fertilidade, o que forçava os índios a desmatar outras áreas.
No entanto, a floresta, já adaptada, conseguia manter seu equilíbrio, por conta da umidade e da grande
quantidade de matéria orgânica;
§§ Após a chegada dos portugueses, estabeleceu-se a primeira atividade econômica: a extração do pau-brasil,
feita de forma predatória;
§§ Implantação dos engenhos de cana-de-açúcar nos séculos XVI e XVII, monocultura essa que forçava a troca
constante dos locais de plantio;
§§ Formação de vilas e cidades;
§§ A extração do ouro no século XVIII também favoreceu a destruição de grande parte da Mata Atlântica,
principalmente em Minas Gerais;
§§ No século XIX, foi a vez do café que, a princípio, foi introduzido inicialmente no Vale do Paraíba e no sul de
Minas, e mais tarde expandiu-se para São Paulo, acelerando ainda mais o desmatamento da floresta, em
função do aumento populacional, do aumento das cidades e da construção de ferrovias.

193
Domínio amazônico
Características

§§ Domínio de terras baixas (depressões e planícies), originando os baixos planaltos e planícies aluviais, com
depósito de sedimentos;
§§ Presença do planalto Norte-Amazônico, Pico da Neblina e Pico 31 de Março;
§§ Hidrografia abundante e diversificada;
§§ Clima Equatorial (quente e úmido) e subequatorial (com períodos de estiagem);
§§ Floresta equatorial Amazônica (grande biodiversidade). A floresta é dividida em: floresta estacional de terra
firme, floresta de igapós e mata de várzea;

§§ Solos pouco férteis;


§§ As comunidades tradicionais da Amazônia: seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, indígenas e quilombolas.

194
Mineração

§§ Extração de bauxita na região do vale do rio Trombetas;


§§ Serra dos Carajás: minério de ferro, manganês, nióbio, chumbo, níquel, entre outros;
§§ Criação da Companhia Vale do Rio Doce, em 1942, pelo governo Getúlio Vargas, e privatizada, em 1997,
no governo de Fernando Henrique Cardoso, mineradora que detém os direitos de extração de boa parte da
região, como a serra dos Carajás e a Mina do Sossego.

Projetos de integração nacional

§§ A partir de 1960, a Amazônia é alvo de iniciativas privadas e projetos estatais, que tinham como discurso
básico a ideias de integração nacional e o controle das fronteiras brasileiras;
§§ Criação da Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da Amônia), em 1966, órgão federal para pro-
mover e planejar projetos tecnológicos e sociais ligados à agricultura e à mineração em toda a Amazônia Legal;
§§ Criação da Zona Franca de Manaus e da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), em 1967,
com o objetivo de desenvolver um polo industrial para finalmente promover sua integração econômica e
estimular o deslocamento de um contingente populacional;
§§ A partir da criação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e de Reforma Agrária) e do Programa de In-
tegração Nacional, em 1970, desenvolveram-se projetos de colonização da Amazônia por meio de eixos de
ocupação, como a Transamazônica, uma rodovia em que, ao longo do seu traçado, seriam criadas proprie-
dades de 100 hectares para serem ocupadas por colonos, formando as agrovilas. Esse projeto não atingiu
seu objetivo por falta de incentivos governamentais e também pela questão ambiental. À medida que des-
matavam os terrenos, os solos não suportavam as chuvas frequentes, promovendo o processo de lixiviação
e deixando o terreno improdutivo. As terras abandonadas aceleravam o processo de grilagem na região;
§§ O Projeto Rondon, criado em 1967, ainda em funcionamento, tinha como objetivo a promoção da ocupação.
Reestruturado em 2005, hoje inclui atividades de inclusão social e sustentabilidade em diversas regiões do Brasil;

195
§§ O Projeto Jari, idealizado pelo magnata estadunidense Daniel Ludwig, previa a criação de inúmeras ativi-
dades na agricultura e na extração mineral, indústria de celulose e papel e até a criação de uma cidade
para abrigar os funcionários. No entanto, fracassou por causa dos danos ao meio ambiente, das dívidas que
acumulou, das denúncias de maus tratos a funcionários e da anexação de terras ilegais.

Vale do Jari

196
Desmatamento e projetos de defesa nacional

§§ O projeto fracassado das agrovilas transformou esse espaço abandonado em latifúndios agrícolas e pe-
cuaristas, acelerando o processo de desmatamento. No chamado “cinturão do desmatamento”, ocorre a
expansão da fronteira agrícola, com destaque para o cultivo da soja em Mato Grosso e Rondônia;

§§ A região Amazônica sempre mereceu atenção especial no que diz respeito à segurança nacional, por causa
da sua extensa área de fronteira e a dificuldade de um controle eficaz. Criado em 1985, o Projeto Calha
Norte, pretendia criar mecanismos de proteção da fronteira, evitando o contrabando de animais silvestres,
madeira ilegal, recursos minerais e combater o narcotráfico, com a construção de uma rodovia chamada Pe-
rimetral Norte, com bases militares espalhadas. No entanto, o processo erosivo dificultou a fixação humana
na área e, hoje, o projeto limita-se apenas para servir de base para treinamento militar;
§§ Em 1990, o presidente Fernando Collor de Mello criou o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), com
o objetivo de controlar a região por meio de radares e satélites. As duras críticas pelo alto custo de imple-
mentação do programa, comprometeram sua viabilidade e, a partir do Sivam, surgiu o Sipam (Sistema de
Proteção da Amazônia), para tentar criar mecanismos de proteção e sustentabilidade.

197
Domínio do Cerrado
Características
§§ O relevo do Cerrado é marcado por extensos planaltos, depressões e chapadas ou tabuleiros sedimentares;

§§ Possui clima tropical, com duas estações do ano bem definidas: alternância de períodos chuvosos, no verão,
e secos no inverno
§§ Os solos são comumente muito profundos, antigos e com poucos nutrientes, exigindo uma adaptação da
vegetação. Sob o solo do Cerrado existe um grande manancial de água que alimenta seus rios;
§§ A vegetação desse domínio possui, em geral, árvores de médio porte (vegetação do tipo arbustiva), espa-
çadas entre si, com cascas grossas e galhos retorcidos, mecanismo de adaptação às queimadas natural. É
também chamada “floresta invertida”, pois, no período de estiagem, suas raízes profundas alcançam as
águas subterrâneas. A vegetação está classificada em seis subsistemas:
§§ Campos
§§ Cerrado
§§ Cerradões
§§ Matas
§§ Matas ciliares
§§ Veredas e ambientes alagadiços

Ao longo dos rios e córregos, encontram-se as matas ciliares ou matas de galeria, cujas árvores são maiores
e mais densas, cobrindo uma estreita faixa que margeia os rios. Nos brejos, próximos às nascentes d’água, encon-
tram-se veredas e buritis. O Cerrado também recebe a denominação de berço das águas, pois é nesse domínio que
estão as nascentes da bacia do São Francisco, Araguaia-Tocantins e a bacia do Prata.

198
Com o impacto da ocupação humana e da exploração mineral, restam apenas 20% da cobertura original.
Esse processo foi intensificado com a expansão em direção ao Centro-oeste.

Área de distribuição original do Cerrado Principais remanescentes de vegetação


nativa de Cerrado em 2002

Fatores de ocupação do Cerrado


§§ Estrada de ferro ligando Goiás a São Paulo, em 1911;
§§ Fundação de Goiânia, em 1933;
§§ Fundação de Brasília, em 1960;
§§ Expansão da agropecuária extensiva na região, principalmente após os anos de 1970. Paralelamente à
expansão agropecuária cresceu o uso de equipamentos mecanizados no cerrado. O modelo de ocupação
agropecuária das terras do Cerrado provocou um aumento na incorporação de novas terras, mas também
aumentou a concentração latifundiária, o desmatamento, a erosão dos solos, contaminação de aquíferos e
redução da biodiversidade.

Área de expansão da agropecuária no Cerrado brasileiro


(em milhões de hectares - segundo a Embrapa)

Domínio da Caatinga
Características
§§ O relevo da Caatinga está dividido em duas formações dominantes:
1. Planaltos: o planalto encontrado na Caatinga é o planalto da Borborema, região montanhosa que
percorre 4 estados nordestinos e tem uma extensão de aproximadamente 250 km, e com uma altitude
média de 650 m a 1000 m, o que acaba sendo um paredão entre a seca da Caatinga e a umidade vinda
do oceano Atlântico;

199
2. Depressões: terrenos aplainados com áreas mais altas no seu entorno; e as principais regiões de
depressão da Caatinga são a Sanfranciscana, a Cearense e a do Meio Norte.

§§ Ainda em relação a geomorfologia da Caatinga, o planalto Nordestino é uma área em processo de pe-
diplanação, isto é, o aplainamento progressivo do relevo por ação do intemperismo físico e dos ventos,
já que é uma região que sofre com a escassez de chuvas e com a amplitude térmica. Há presença de
inselbergs, que são morros residuais compostos, normalmente, por rochas cristalinas que sofreram com
o intemperismo físico;
§§ O clima da Caatinga é o semiárido, com temperaturas médias anuais entre 27 ºC e 29 ºC e com
médias pluviométricas inferiores aos 800 mm ao ano. A rigidez climática da Caatinga é conferida
principalmente pela irregularidade na distribuição das chuvas. A estação seca se dá no meio do ano
(entre maio a setembro).
§§ O solo é predominantemente argiloso, vermelho, podendo ser também arenoso e quase sempre
com afloramentos rochosos. A chuva, quando cai, dificilmente permeia o solo, muito compactado e
muitas vezes pedregoso. Também é comum existir manchas de solos bem férteis, os brejos. Durante
as chuvas, possibilitam o escoamento de um grande volume de água e nutrientes superficiais. Nessas
manchas de umidade costuma haver prosperidade, com intensa produção de alimentos, principal-
mente frutas;
§§ Em geral, a população ativa vive da atividade agrícola, do extrativismo ou de uma pecuária bovina e
caprina, artesanal e rudimentar;
§§ A vegetação da Caatinga é extremamente diversificada, proporcionando a existência de espécies adap-
tadas às condições do ambiente (clima e solo). As espécies arbóreas e arbustivas apresentam folhas
pequenas (caducifólia) ou modificadas em espinhos; outras, com raízes superficiais para absorver o
máximo de águas pluviais.

200
§§ A rede hidrográfica da Caatinga caracteriza-se pela predominância de rios intermitentes, quando os
cursos d’água autóctones permanecem secos por cinco a sete meses durante o ano. Na maior parte
dos casos, os leitos são extremamente rasos e o início das chuvas pode provocar o aumento excessivo
do volume d’água de rios que voltam a correr e, mesmo em pleno sertão semiárido, podem ocorrer
grandes inundações. Os rios que cruzam a Caatinga são vitais para o equilíbrio dinâmico (homeostase)
do bioma, que, por sua vez, se relaciona com outros elementos essenciais para a macro-homeostase
do Planeta. As mais importante bacia hidrográfica é a do São Francisco, que é um rio perene. Sendo
um rio de planalto, apresenta, sobretudo em seu curso médio e baixo, várias quedas, favorecendo a
produção de energia elétrica. O rio São Francisco é navegável em seu médio curso, mas essa navegação
é de pouca expressão na economia regional, devido à ocorrência das rodovias. Quanto ao projeto de
transposição do São Francisco, podemos citar suas vantagens e desvantagens:

Vantagens Desvantagens
Prioriza a distribuição de águas pelas barragens, O rio São Francisco está sofrendo muita degradação, e
para tentar perenizar pequenos riachos, o que ne- com sua transposição, muita água é perdida por eva-
nhum outro projeto contra seca faz; poração;
Está sendo feito em etapas, para escolher primei-
ramente os vales onde as barragens teriam melhor A energia elétrica fica mais cara por causa do grande
retorno, aproveitando, também, para aperfeiçoar o custo da transposição;
sistema;
A pesca é prejudicada em decorrência da dificuldade
Propõe uma melhor e mais justa distribuição espa- de reprodução dos peixes;
cial da água ofertada, abastecendo de água 300 A água não chega aos mais necessitados, mas sim aos
municípios da região Nordeste. grandes fazendeiros, como tem sido até hoje em todos
os projetos no Nordeste.

201
Domínio das araucárias
Características

§§ O domínio das araucárias ocupa áreas pertencentes ao planalto meridional do Brasil, com altitudes que
variam entre 800 e 1300 metros. Apresentam terrenos sedimentares (Paleozoico), recobertos, em parte, por
derrames vulcânicos (basalto). Além do planalto arenito basáltico, surge a depressão periférica e suas cues-
tas, que são relevos formados pela erosão diferencial, isto é, formada pela erosão sobre rochas de diferentes
resistências, onde, de um lado, apresenta uma vertente inclinada chamada de front e um reverso suave.

Planaltos cuestiformes

§§ O clima é subtropical com zonas temperadas úmidas e subúmidas. A amplitude térmica alcança índices
elevados, com chuvas bem distribuídas durante o ano todo;
§§ Os solos são férteis, alguns com grande fertilidade natural, como a terra roxa, caracterizado por ser o resultado
de milhões de anos de decomposição de rochas de arenito-basáltico originada do maior derrame vulcânico que
este planeta já presenciou. Historicamente, esse solo teve muita importância, já que, no Brasil, durante o fim do
século XIX e início do século XX, foram plantadas grandes lavouras de café, fazendo com que surgissem várias
ferrovias e propiciando o crescimento de cidades como Maringá, Londrina, entre outras;

202
§§ Quanto à hidrografia, o domínio das araucárias é drenado, principalmente por rios pertencentes às bacias
do Paraná e do Uruguai. São rios de planalto que oferecem grande potencial hidrelétrico. Embora o Paraná
apresente um regime tropical, com cheias no verão, a maior parte dos rios desse domínio possui regime
subtropical, com duas cheias e duas vazantes anuais, apresentando pequena variação em sua vazão, conse-
quência do regime de chuvas bem distribuído durante o ano todo.

§§ A vegetação desse domínio apresenta o predomínio da floresta aciculifoliada (em forma de agulha). Não é
uma floresta homogênea, é menos densa e foi intensamente devastada. As plantas sobrevivem em ambien-
tes de moderada umidade e temperaturas moderadas e baixas no inverno. Ao longo de séculos de explora-
ção, as áreas das araucárias reduziram drasticamente, praticamente extintas. Foi responsável pela devasta-
ção a extração de madeira para a fabricação de casas e móveis e, mais tarde, também para a exportação.

203
Formações complexas
Essas formações ocorrem em áreas de transição entre formações que apresentam características de duas ou mais formações.

Mata dos cocais

Está localizada na sub-região nordestina, na transição entre a Caatinga e a floresta Amazônica. São constituídas
por palmeiras do tipo babaçu, cuja extensão do óleo e o bagaço do coco são importantes para a economia local.
Um grupo formado por mulheres de comunidades extrativistas do Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí, as quebra-
deiras de coco-babaçu, possui como fonte de renda a coleta e quebra do fruto do babaçueiro e desenvolve modos
peculiares de manejo da terra, além de um código próprio de organização de suas atividades. O óleo do babaçu é
utilizado como matéria-prima para diversos produtos manufaturados, além de servirem de alimento para as que-
bradeiras e suas famílias. Grupos organizados de quebradeiras vêm se articulando na defesa de seu modo de vida,
formando cooperativas e outras medidas protetivas, lutando pelo reconhecimento de seus direitos.

Pantanal

Trata-se de uma área deprimida recoberta por cerrados e formações inundáveis na região da bacia do Paraguai, que
se formou após a separação da antiga Gondwana e o soerguimento dos Andes. O clima tropical e a estação seca
prolongada criaram um mosaico de florestas, cerrados e campinas higrófilas, que abrigam a mais rica fauna do Pla-
neta. Ainda pouco conhecida, essa fauna está ameaçada pela pecuária, pelo garimpo, pelo extrativismo mineral e
por monoculturas que afetam a dinâmica das cheias, fundamental para a manutenção da biodiversidade da região.

204
Aplicação dos 3. (ENEM) A Inglaterra pedia lucros e recebia
lucros. Tudo se transformava em lucro. As

conhecimentos - Sala cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas


favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua
desordem lucrativa, sua ignorância lucrati-
1. (ENEM) Além dos inúmeros eletrodomésti- va, seu desespero lucrativo. As novas fábri-
cos e bens eletrônicos, o automóvel produzi- cas e os novos altos-fornos eram como as Pi-
do pela indústria fordista promoveu, a par- râmides, mostrando mais a escravização do
tir dos anos 50, mudanças significativas no
homem que seu poder.
modo de vida dos consumidores e também DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de
na habitação e nas cidades. Com a massifi- Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
cação do consumo dos bens modernos, dos
eletroeletrônicos e também do automóvel, Qual relação é estabelecida no texto entre os
mudaram radicalmente o modo de vida, os avanços tecnológicos ocorridos no contexto
valores, a cultura e o conjunto do ambiente da Revolução Industrial Inglesa e as caracte-
construído. Da ocupação do solo urbano até rísticas das cidades industriais no início do
o interior da moradia, a transformação foi século XIX?
profunda. a) A facilidade em se estabelecerem relações
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo
lucrativas transformava as cidades em espa-
globalizado: metrópoles brasileiras. Disponível em: http://
www.scielo.br. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado). ços privilegiados para a livre iniciativa, ca-
racterística da nova sociedade capitalista.
Uma das consequências das inovações tecno- b) O desenvolvimento de métodos de plane-
lógicas das últimas décadas, que determina- jamento urbano aumentava a eficiência do
ram diferentes formas de uso e ocupação do trabalho industrial.
espaço geográfico, é a instituição das chama- c) A construção de núcleos urbanos integrados
das cidades globais, que se caracterizam por: por meios de transporte facilitava o desloca-
a) possuírem o mesmo nível de influência no ce- mento dos trabalhadores das periferias até
nário mundial. as fábricas.
b) fortalecerem os laços de cidadania e solida- d) A grandiosidade dos prédios onde se loca-
riedade entre os membros das diversas comu- lizavam as fábricas revelava os avanços da
nidades. engenharia e da arquitetura do período,
c) constituírem um passo importante para a di- transformando as cidades em locais de expe-
minuição das desigualdades sociais causadas rimentação estética e artística.
pela polarização social e pela segregação ur- e) O alto nível de exploração dos trabalhado-
bana. res industriais ocasionava o surgimento de
d) terem sido diretamente impactadas pelo pro-
aglomerados urbanos marcados por péssimas
cesso de internacionalização da economia,
desencadeado a partir do final dos anos 1970. condições de moradia, saúde e higiene.
e) terem sua origem diretamente relacionada ao
processo de colonização ocidental do século 4. (ENEM) Os cercamentos do século XVIII
XIX. podem ser considerados como sínteses das
transformações que levaram à consolidação
do capitalismo na Inglaterra. Em primeiro
2. (ENEM) A maioria das pessoas daqui era do lugar, porque sua especialização exigiu uma
campo. Vila Maria é hoje exportadora de tra- articulação fundamental com o mercado.
balhadores. Empresários de Primavera do Como se concentravam na atividade de pro-
Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o dução de lã, a realização da renda dependeu
bairro de Vila Maria para conseguir mão de dos mercados, de novas tecnologias de bene-
obra. É gente indo distante daqui 300, 400 ficiamento do produto e do emprego de no-
quilômetros para ir trabalhar, para ganhar vos tipos de ovelhas. Em segundo lugar, con-
sete conto por dia. (Carlito, 43 anos, mara-
centrou-se na inter-relação do campo com a
nhense, entrevistado em 22/03/98). cidade e, num primeiro momento, também
Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e
se vinculou à liberação de mão de obra.
conflitos. Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).
RODRIGUES, A. E. M. “Revoluções burguesas”. In: REIS
FILHO, D.A. et al (Orgs.). O século XX, v. I. Rio de
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela Janeiro: Civilização Brasileira, 2000 (adaptado).
agricultura brasileira nas últimas décadas do
século XX, consequência: Outra consequência dos cercamentos que te-
a) dos impactos sociais da modernização da ria contribuído para a Revolução Industrial
agricultura.
na Inglaterra foi o:
b) da recomposição dos salários do trabalhador
rural. a) aumento do consumo interno.
c) da exigência de qualificação do trabalhador b) congelamento do salário mínimo.
rural. c) fortalecimento dos sindicatos proletários.
d) da diminuição da importância da agricultura. d) enfraquecimento da burguesia industrial.
e) dos processos de desvalorização de áreas ru- e) desmembramento das propriedades impro-
rais. dutivas.

205
5. (ENEM) Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o império da técnica,
objeto de modificações, suspensões, acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifí-
cio. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.

Considerando a transformação mencionada no texto, uma consequência sócio espacial que caracteriza
o atual mundo rural brasileiro é:
a) a redução do processo de concentração de terras.
b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis.
c) a ampliação do isolamento do espaço rural.
d) a estagnação da fronteira agrícola do país.
e) a diminuição do nível de emprego formal.

6. (ENEM) A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai estar aí para sempre. Foi preciso
alcançar toda essa taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na última
década do século XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se desse conta de que o maior
patrimônio natural do país está sendo torrado.
AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.

Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para acelerar o problema ambiental
descrito é:
a) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos à chegada de novas empresas mineradoras.
b) Difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas.
c) Construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do país.
d) Criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta.
e) Ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras.

7. (ENEM) Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras
francas. Ao passo que a outra o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na tra-
ma espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos
estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado;
árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no
espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora
agonizante…
CUNHA, E. Os sertões. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 2 jun. 2012.

Os elementos da paisagem descritos no texto correspondem a aspectos biogeográficos presentes na:


a) composição de vegetação xerófila.
b) formação de florestas latifoliadas.
c) transição para mata de grande porte.
d) adaptação à elevada salinidade.
e) homogeneização da cobertura perenifólia.

8. (ENEM)

No esquema, o problema atmosférico relacionado ao ciclo da água acentuou-se após as revoluções


industriais. Uma consequência direta desse problema está na:
206
a) redução da flora. 4.
Os cercamentos representaram, na prática,
b) elevação das marés. a concentração das propriedades até então
c) erosão das encostas. improdutivas, desde o final do século XVI.
d) laterização dos solos. Analisando-se a Revolução Industrial do
e) fragmentação das rochas. século XVIII, percebe-se a ausência de leis
trabalhista e a proibição de associação por

Raio X parte dos trabalhadores, o aumento da po-


pulação urbana e da riqueza na Inglaterra,
que possibilitaram a ampliação do mercado
1.
A complexidade crescente da economia mun- interno, apesar da pobreza da maioria dos
dial foi ajudada pela rápida evolução das co- trabalhadores.
municações e da informática que possibili- 5.
Um dos aspectos mais importantes da agri-
taram uma verdadeira revolução nos padrões cultura no Brasil a partir da década de 1980
de relação econômica e financeira com im- foram os avanços registrados no agronegó-
pactos sobre o preço da produção industrial e cio. Não só do ponto de vista tecnológico
no preço dos produtos de consumo. Forma-se com a incorporação de áreas agrícolas con-
uma rede de cidades mundiais interconec- sideradas inférteis, como também em ges-
tadas por processos financeiros. Trata-se de tão, financiamento e crédito. As mudanças
uma rede de cidades fortemente hierarqui- socioespaciais no campo são notáveis: novas
zada de acordo com seus níveis de produção, formas e arranjos socioeconômicos além de
projeção, integração e fluxos comerciais, re- novos agenciamentos como turismo, acesso
sultante do processo de globalização. Todo o à energia elétrica, ciclos econômicos mais
processo repercute na organização das popu- dinâmicos ajudam a mudar a paisagem e
lações dessas cidades. modificam a fama das zonas rurais outrora
A alternativa [A] é falsa: as cidades globais consideradas lugares pacatos e bucólicos.
são fortemente hierarquizadas. A alternativa [A] é falsa: o agronegócio não
A alternativa [B] é falsa: São cidades que se constitui em instrumento de justiça social
tendem a um processo de individualização na forma de distribuição de terras.
acentuada da vida urbana dificultando os la- A alternativa [C] é falsa: diminui o isola-
ços de solidariedade, a não ser em crises de mento com maior integração das áreas agrí-
grande magnitude ou em aspectos culturais.
colas facilitada por meios de comunicação e
A alternativa [C] é falsa: Os espaços urbanos
transportes baratos acessíveis e confiáveis.
de cidades mundiais sofrem com a disputa
A alternativa [D] é falsa: a fronteira agrícola
entre o capital, o Estado e o trabalho, o que
se expande e dinamiza.
favorece a especulação imobiliária, a segre-
A alternativa [E] é falsa: o emprego formal se
gação espacial e a polarização social.
expande, inclusive com necessidades crescentes.
A alternativa [E] é falsa: As cidades mun-
6.
A floresta Amazônica é a maior formação
diais constituem-se num fenômeno muito
original de floresta tropical úmida contínua
recente, mais relacionado à segunda metade
no Planeta. Sua localização expõe grandes
e final do século XX.
2.
A modernização por que passa a zona rural extensões de terra em contato com áreas de
brasileira traz avanços e dinamismo ao setor, cerrado, onde a expansão agropecuária (arco
demandando, no entanto, mão de obra cada de desmatamento) exerce forte pressão so-
vez mais qualificada. A mecanização, auto- bre a floresta.
mação e outras práticas técnicas necessitam Principalmente lavouras mecanizadas de
cada vez menos mão de obra o que favorece cultivo de soja.
correntes migratórias do campo para as cida- A alternativa [A] é falsa: o Projeto Carajás é
des, entre outros aspectos. operado pela Vale e a extração de minério é
3.
A Revolução Industrial que se processou na pontual;
Inglaterra a partir do final do século XVIII A alternativa [C] é falsa: a rodovia Transa-
teve características sociais nefastas para os mazônica é uma obra inacabada com muitas
trabalhadores, uma vez que, a inexistência de suas áreas já engolidas pela mata;
de legislação determinou um processo de A alternativa [D] é falsa: áreas extrativistas
superexploração. As condições de trabalho e representam atividades sustentáveis de pou-
de vida eram marcadas pela miséria. Surgi- co ou nenhum impacto sobre a floresta;
ram grandes bairros operários, caracteriza- A alternativa [E] é falsa: atividades indus-
dos pela formação de cortiços, marcados pela triais em áreas como a Zona Franca de Ma-
falta de infraestrutura e, muitas vezes, pela naus não geram queimadas em áreas flores-
promiscuidade. tais.

207
7.
Como mencionado corretamente na alterna-
tiva [A], o texto faz referência a uma pai-
sagem típica da Caatinga, cujas citações do
texto, como “trama espinescente” (espinho-
sa), “folhas urticantes”, “gravetos em lan-
ça”, “árvores sem folhas”, remetem às carac-
terísticas de uma vegetação adaptada à baixa
umidade, denominadas xerófilas. Estão in-
corretas as alternativas: [B], porque forma-
ções florestais latifoliadas são compostas por
porte arbóreo, perenes e heterogêneos, típi-
cos dos climas tropicais e equatoriais com
elevada pluviosidade; [C], porque a vegeta-
ção de transição para matas de grande porte
é composta por porte arbóreo; [D], porque os
elementos do texto indicam adaptação à seca
e não à salinidade; [E], porque o texto não
indica homogeneização da vegetação – que
geralmente ocorre em áreas mais frias – ou
presença de vegetação perenifólia – forma-
ções que não perdem folhas com a mudança
da estação do ano.
8.
A chuva ácida é a precipitação de ácido nítri-
co e sulfúrico formados pela emissão de ga-
ses poluentes como o SO2, NO3 e CO2, que em
suspensão reagem com a umidade resultan-
do em impactos como a redução da formação
fitogeográfica, mencionado corretamente na
alternativa [A]. Estão incorretas as alternati-
vas: [B], porque a elevação das marés ocorre
em razão da força gravitacional; [C], porque
o processo não tem relação direta com a ero-
são; [D], porque a laterização é consequên-
cia da concentração de hidróxido de ferro e
alumínio nos horizontes superiores do solo;
[E], porque a meteorização é um processo
natural e não consequência da chuva ácida.

Gabarito
1. D 2. A 3. E 4. A 5. B
6
. B 7. A 8. A

208
Prescrição: Para desenvolver os exercícios, deve-se selecionar argumentos favoráveis ou con-
trários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Estabelecer relações com as sociedades que os produziram e os contextos históricos e geográficos
que os geraram.

Prática dos e) a criação de novas referências culturais para


a identidade social por meio da dissemina-
conhecimentos - E.O. ção das redes de fast-food.

1. (ENEM) O Centro-Oeste apresentou-se como 3. (ENEM) Populações inteiras, nas cidades e na


extremamente receptivo aos novos fenôme- zona rural, dispõem da parafernália digital
nos da urbanização, já que era praticamen- global como fonte de educação e de forma-
te virgem, não possuindo infraestrutura de ção cultural. Essa simultaneidade de cultura
monta, nem outros investimentos fixos vin- e informação eletrônica com as formas tra-
dos do passado. Pôde, assim, receber uma dicionais e orais é um desafio que necessita
infraestrutura nova, totalmente a serviço de ser discutido. A exposição, via mídia eletrô-
uma economia moderna. nica, com estilos e valores culturais de ou-
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São
tras sociedades, pode inspirar apreço, mas
Paulo: EdUSP, 2005 (adaptado). também distorções e ressentimentos. Tanto
quanto há necessidade de uma cultura tradi-
O texto trata da ocupação de uma parcela do cional de posse da educação letrada, também
território brasileiro. O processo econômico é necessário criar estratégias de alfabetização
diretamente associado a essa ocupação foi o eletrônica, que passam a ser o grande canal
avanço da: de informação das culturas segmentadas no
a) industrialização voltada para o setor de base.
interior dos grandes centros urbanos e das
b) economia da borracha no sul da Amazônia.
c) fronteira agropecuária que degradou parte zonas rurais. Um novo modelo de educação.
do cerrado. BRIGAGÃO, C. E; RODRIGUES, G. A globalização a olho nu: o
mundo conectado. São Paulo: Moderna, 1998 (adaptado).
d) exploração mineral na Chapada dos Guimarães.
e) extrativismo na região pantaneira. Com base no texto e considerando os impac-
tos culturais da difusão das tecnologias de
2. (ENEM) O intercâmbio de ideias, informa-
informação no marco da globalização, de-
ções e culturas, através dos meios de comu-
preende-se que:
nicação, imprimem mudanças profundas no
a) a ampla difusão das tecnologias de informação
espaço geográfico e na construção da vida
nos centros urbanos e no meio rural suscita o
social, na medida em que transformam os contato entre diferentes culturas e, ao mesmo
padrões culturais e os sistemas de consumo e tempo, traz a necessidade de reformular as con-
de produção, podendo ser responsáveis pelo cepções tradicionais de educação.
desenvolvimento de uma região. b) a apropriação, por parte de um grupo social, de
HAESBAERT, R. Globalização e fragmentação do mundo valores e ideias de outras culturas para benefício
contemporâneo. Rio de Janeiro: EdUFF, 1998.
próprio é fonte de conflitos e ressentimentos.
Muitos meios de comunicação, frutos de expe- c) as mudanças sociais e culturais que acompanham
riências e da evolução científica acumuladas, o processo de globalização, ao mesmo tempo em
foram inventados ou aperfeiçoados durante que refletem a preponderância da cultura urba-
o século XX e provocaram mudanças radicais na, tornam obsoletas as formas de educação tra-
nos modos de vida, como por exemplo: dicionais próprias do meio rural.
a) a diferenciação regional da identidade social d) as populações nos grandes centros urbanos e no
por meio de hábitos de consumo. meio rural recorrem aos instrumentos e tecnolo-
b) o maior fortalecimento de informações, há- gias de informação basicamente como meio de
bitos e técnicas locais. comunicação mútua, e não os veem como fontes
c) a universalização do acesso a computadores de educação e cultura.
e a Internet em todos os países. e) a intensificação do fluxo de comunicação por
d) a melhor distribuição de renda entre os paí- meios eletrônicos, característica do processo de
ses do sul favorecendo o acesso a produtos globalização, está dissociada do desenvolvimen-
originários da Europa. to social e cultural que ocorre no meio.

209
4. (ENEM) Sozinho vai descobrindo o caminho c) maquiou indicadores sociais negativos du-
O rádio fez assim com seu avô rante as décadas de 1970 e 1980.
Rodovia, hidrovia, ferrovia d) apoiou, no governo Castelo Branco, as ini-
E agora chegando a infovia ciativas de fechamento do parlamento.
Para alegria de todo o interior e) corroborou a construção de obras faraônicas
GIL, G. Banda larga cordel. Disponível em: www.uol. durante os governos militares.
vagalume.com.br. Acesso em: 16 abr. 2010 (fragmento).

O trecho da canção faz referência a uma das 7. (ENEM) Uma mesma empresa pode ter sua
dinâmicas centrais da globalização, direta- sede administrativa onde os impostos são me-
mente associada ao processo de: nores, as unidades de produção onde os salá-
a) evolução da tecnologia da informação. rios são os mais baixos, os capitais onde os ju-
b) expansão das empresas transnacionais. ros são os mais altos e seus executivos vivendo
c) ampliação dos protecionismos alfandegários. onde a qualidade de vida é mais elevada.
d) expansão das áreas urbanas do interior. SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI:
no loop da montanha russa. São Paulo:
e) evolução dos fluxos populacionais. Companhia das Letras, 2001 (adaptado).

5. (ENEM) Algumas regiões do Brasil passam No texto estão apresentadas estratégias em-
por uma crise de água por causa da seca. Mas, presariais no contexto da globalização. Uma
uma região de Minas Gerais está enfrentando consequência social derivada dessas estraté-
a falta de água no campo tanto em tempo de gias tem sido:
chuva como na seca. As veredas estão secan- a) o crescimento da carga tributária.
do no norte e no noroeste mineiro. Ano após b) o aumento da mobilidade ocupacional.
ano, elas vêm perdendo a capacidade de ser a c) a redução da competitividade entre as empresas.
caixa-d’água do grande sertão de Minas. d) o direcionamento das vendas para os merca-
VIEIRA. C. Degradação do solo causa perda de dos regionais.
fontes de água de famílias de MG. Disponível em:
http://g1.globo.com. Acesso em: 1 nov. 2014.
e) a ampliação do poder de planejamento dos
Estados nacionais.
As veredas têm um papel fundamental no
equilíbrio hidrológico dos cursos de água no 8. (ENEM) Os meios de comunicação funcionam
ambiente do Cerrado, pois: como um elo entre os diferentes segmentos
a) colaboram para a formação de vegetação xerófila. de uma sociedade. Nas últimas décadas,
b) formam os leques aluviais nas planícies das bacias.
acompanhamos a inserção de um novo meio
c) fornecem sumidouro para as águas de recar-
de comunicação que supera em muito outros
ga da bacia.
d) contribuem para o aprofundamento dos tal- já existentes, visto que pode contribuir para
vegues à jusante. a democratização da vida social e política da
e) constituem um sistema represador da água sociedade à medida que possibilita a insti-
na chapada. tuição de mecanismos eletrônicos para a efe-
tiva participação política e disseminação de
6. (ENEM) A chegada da televisão. A caixa de informações.
pandora tecnológica penetra nos lares e li- Constitui o exemplo mais expressivo desse
bera suas cabeças falantes, astros, novelas, novo conjunto de redes informacionais a:
noticiários e as fabulosas, irresistíveis ga- a) Internet.
rotas-propaganda, versões modernizadas do b) fibra óptica.
tradicional homem-sanduíche. c) TV digital.
SEVCENKO, N. (Org). História da Vida Privada d) telefonia móvel.
no Brasil 3. República: da Belle Epoque a Era e) portabilidade telefônica.
do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1998.

A TV, a partir da década de 1950, entrou nos 9. (ENEM) A Estrada de Ferro Noroeste do
lares brasileiros provocando mudanças con- Brasil, que começa a ser construída apenas
sideráveis nos hábitos da população. Certos em 1905, foi criada, ao contrário das ou-
episódios da história brasileira revelaram tras grandes ferrovias paulistas, para ser
que a TV, especialmente como espaço de ação uma ferrovia de penetração, buscando novas
da imprensa, tornou-se também veículo de áreas para a agricultura e povoamento. Até
utilidade pública, a favor da democracia, na 1890, o café era quem ditava o traçado das
medida em que: ferrovias, que eram vistas apenas como au-
a) amplificou os discursos nacionalistas e auto- xiliadoras da produção cafeeira.
CARVALHO, D. F. Café, ferrovias e crescimento
ritários durante o governo Vargas.
populacional: o florescimento da região noroeste
b) revelou para o país casos de corrupção na paulista. Disponível em: www.historica.arquivoestado.
esfera política de vários governos. sp.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2012.

210
Essa nova orientação dada à expansão ferroviária, durante a Primeira República, tinha como ob-
jetivo a:
a) articulação de polos produtores para exportação.
b) criação de infraestrutura para atividade industrial.
c) integração de pequenas propriedades policultoras.
d) valorização de regiões de baixa densidade demográfica.
e) promoção de fluxos migratórios do campo para a cidade.

1
0. (ENEM) No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no centro das cidades é causa da
especialização dos bairros e de sua diferenciação social. Muitas pessoas, que não têm meios de pa-
gar os altos aluguéis dos bairros elegantes, são progressivamente rejeitadas para a periferia, como
os subúrbios e os bairros mais afastados.
RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).

Uma consequência geográfica do processo socioespacial descrito no texto é a:


a) criação de condomínios fechados de moradia.
b) decadência das áreas centrais de comércio popular.
c) aceleração do processo conhecido como cercamento.
d) ampliação do tempo de deslocamento diário da população.
e) contenção da ocupação de espaços sem infraestrutura satisfatória.

1
1. (ENEM) A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma ra-
dical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde
foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte
coletivo saiu definitivamente dos trilhos.
JANOT, L. F. A caminho de Guaratiba. Disponível em: www.iab.org.br. Acesso em: 9 jan. 2014 (adaptado).

A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pela


a) retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa.
b) demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana.
c) presença hegemônica do transporte alternativo localizado nas periferias das cidades.
d) aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a construção do transporte metroviário.
e) predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticas.

1
2. (ENEM) Trata-se de um gigantesco movimento de construção de cidades, necessário para o assen-
tamento residencial dessa população, bem como de suas necessidades de trabalho, abastecimento,
transportes, saúde, energia, água etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento urbano não tenha
respondido satisfatoriamente a todas essas necessidades, o território foi ocupado e foram construí-
das as condições para viver nesse espaço.
MARICATO, E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis, Vozes, 2001.

A dinâmica de transformação das cidades tende a apresentar como consequência a expansão das
áreas periféricas pelo(a)
a) crescimento da população urbana e aumento da especulação imobiliária.
b) direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido à existência de um grande número de serviços.
c) delimitação de áreas para uma ocupação organizada do espaço físico, melhorando a qualidade de vida.
d) implantação de políticas públicas que promovem a moradia e o direito à cidade aos seus moradores.
e) reurbanização de moradias nas áreas centrais, mantendo o trabalhador próximo ao seu emprego, dimi-
nuindo os deslocamentos para a periferia.

1
3. (ENEM) TEXTO I
A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso
país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio da
ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social,
como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grila-
gem de terras públicas.
Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

211
TEXTO II
O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio
mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de
propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que
gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.
LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acon-
tece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à:
a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês.
b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo.
c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural.
d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico.
e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.

1
4. (ENEM) Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos rit-
mos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a
iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a
se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional
entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult-CE. 2001 (adaptado).

Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a:


a) melhoria da qualidade da produção industrial.
b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.

1
5. (ENEM) TEXTO I

TEXTO II
A Índia deu um passo alto no setor de teleatendimento para países mais desenvolvidos, como os
Estados Unidos e as nações europeias. Atualmente mais de 245 mil indianos realizam ligações para
todas as partes do mundo a fim de oferecer cartões de créditos ou telefones celulares ou cobrar
contas em atraso.
Disponível em: www.conectacallcenter.com.br. Acesso em: 12 nov. 2013 (adaptado).

Ao relacionar os textos, a explicação para o processo de territorialização descrito está no(a):


a) aceitação das diferenças culturais.
b) adequação da posição geográfica.
c) incremento do ensino superior.
d) qualidade da rede logística.
e) custo da mão de obra local.

212
16. (ENEM) O Projeto Nova Cartografia Social da 19. (ENEM) Nos últimos decênios, o território
Amazônia ensina indígenas, quilombolas e conhece grandes mudanças em função de
outros grupos tradicionais a empregar o GPS acréscimos técnicos que renovam a sua ma-
e técnicas modernas de georreferenciamento terialidade, como resultado e condição, ao
para produzir mapas artesanais, mas bastan- mesmo tempo, dos processos econômicos e
te precisos, de suas próprias terras. sociais em curso.
SANTOS, M.; SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e sociedade
LOPES, R. J. O novo mapa da floresta. Folha do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado).
A partir da última década, verifica-se a ocor-
A existência de um projeto como o apresen- rência no Brasil de alterações significativas
tado no texto indica a importância da carto- no território, ocasionando impactos sociais,
grafia como elemento promotor da: culturais e econômicos sobre comunidades
a) expansão da fronteira agrícola. locais, e com maior intensidade, na Amazô-
nia Legal, com a:
b) remoção de populações nativas.
a) reforma e ampliação de aeroportos nas capi-
c) superação da condição de pobreza. tais dos estados.
d) valorização de identidades coletivas. b) ampliação de estádios de futebol para a rea-
e) implantação de modernos projetos agroin- lização de eventos esportivos.
dustriais. c) construção de usinas hidrelétricas sobre os
rios Tocantins, Xingu e Madeira.
17. (ENEM) A partir dos anos 70, impõe-se um d) instalação de cabos para a formação de uma
movimento de desconcentração da produção rede informatizada de comunicação.
e) formação de uma infraestrutura de torres
industrial, uma das manifestações do desdo-
que permitem a comunicação móvel na região.
bramento da divisão territorial do trabalho
no Brasil. A produção industrial torna-se 2
0. (ENEM) Embora haja dados comuns que dão
mais complexa, estendendo-se, sobretudo, unidade ao fenômeno da urbanização na África,
para novas áreas do Sul e para alguns pontos na Ásia e na América Latina, os impactos são
do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte. distintos em cada continente e mesmo dentro
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território de cada país, ainda que as modernizações se
e sociedade no início do século XXI. Rio de deem com o mesmo conjunto de inovações.
Janeiro: Record, 2002 (fragmento). ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Revista
Ciência Geográfica, ano IV, n. 11, set./dez. 1988.
Um fator geográfico que contribui para o
tipo de alteração da configuração territorial O texto aponta para a complexidade da ur-
descrito no texto é: banização nos diferentes contextos socioes-
a) obsolescência dos portos. paciais. Comparando a organização socioeco-
b) estatização de empresas. nômica das regiões citadas, a unidade desse
c) eliminação de incentivos fiscais. fenômeno é perceptível no aspecto:
d) ampliação de políticas protecionistas. a) espacial, em função do sistema integrado
e) desenvolvimento dos meios de comunicação. que envolve as cidades locais e globais.
b) cultural, em função da semelhança histórica e da
condição de modernização econômica e política.
1
8. (ENEM) Em 1961, o presidente De Gaul- c) demográfico, em função da localização das
le apelou com êxito aos recrutas franceses maiores aglomerações urbanas e continuida-
contra o golpe militar dos seus comandados, de do fluxo campo-cidade.
porque os soldados podiam ouvi-lo em rádios d) territorial, em função da estrutura de or-
portáteis. Na década de 1970, os discursos ganização e planejamento das cidades que
do aiatolá Khomeini, líder exilado da futura atravessam as fronteiras nacionais.
Revolução Iraniana, eram gravados em fita e) econômico, em função da revolução agrícola
que transformou o campo e a cidade e con-
magnética e prontamente levados para o Irã,
tribui para a fixação do homem ao lugar.
copiados e difundidos.
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX
(1914-1991). São Paulo: Cia. das Letras, 1995. 2
1. (ENEM) A maior parte dos veículos de trans-
porte atualmente é movida por motores a com-
Os exemplos mencionados no texto eviden- bustão que utilizam derivados de petróleo. Por
ciam um uso dos meios de comunicação causa disso, esse setor é o maior consumidor
identificado na: de petróleo do mundo, com altas taxas de cres-
a) manipulação da vontade popular. cimento ao longo do tempo. Enquanto outros
b) promoção da mobilização política. setores têm obtido bons resultados na redução
c) insubordinação das tropas militares. do consumo, os transportes tendem a concen-
d) implantação de governos autoritários. trar ainda mais o uso de derivados do óleo.
e) valorização dos socialmente desfavorecidos. MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio
de Janeiro: Garamond, 2011 (adaptado).

213
Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de transporte e uma medida para
promover a redução do seu uso, estão indicados, respectivamente, em:
a) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas.
b) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria automobilística.
c) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de massa.
d) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de medicamentos gratuitos.
e) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão de gás carbônico.

2
2. (ENEM)

A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe:


a) impedir a perfuração de poços.
b) coibir o uso pelo setor residencial.
c) substituir as leis ambientais vigentes.
d) reduzir o contingente populacional na área.
e) introduzir a gestão participativa entre os municípios.

2
3. (ENEM)

No mapa estão representados os biomas brasileiros que, em função de suas características físicas
e do modo de ocupação do território, apresentam problemas ambientais distintos. Nesse sentido,
o problema ambiental destacado no mapa indica:
a) desertificação das áreas afetadas.
b) poluição dos rios temporários.
c) queimadas dos remanescentes vegetais.
d) desmatamento das matas ciliares.
e) contaminação das águas subterrâneas.

214
2
4. (ENEM) A moderna “conquista da Amazônia” O esquema mostra depósitos em que aparecem
inverteu o eixo geográfico da colonização da fósseis de animais do Período Jurássico. As ro-
região. Desde a época colonial até meados do chas em que se encontram esses fósseis são:
século XIX, as correntes principais de popula- a) magmáticas, pois a ação de vulcões causou
ção movimentaram-se no sentido Leste-Oeste, as maiores extinções desses animais já co-
estabelecendo uma ocupação linear articula- nhecidas ao longo da história terrestre.
da. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios b) sedimentares, pois os restos podem ter sido
passaram a se verificar no sentido Sul-Norte, soterrados e litificados com o restante dos
conectando o Centro-Sul à Amazônia. sedimentos.
OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada. c) magmáticas, pois são as rochas mais facil-
Jornal Mundo, ano 16, nº 4, ago. 2008 (adaptado). mente erodidas, possibilitando a formação
de tocas que foram posteriormente lacradas.
O primeiro eixo geográfico de ocupação das
d) sedimentares, já que cada uma das camadas
terras amazônicas demonstra um padrão re-
encontradas na figura simboliza um evento
lacionado à criação de:
de erosão dessa área representada.
a) núcleos urbanos em áreas litorâneas.
e) metamórficas, pois os animais representados
b) centros agrícolas modernos no interior.
precisavam estar perto de locais quentes.
c) vias férreas entre espaços de mineração.
d) faixas de povoamento ao longo das estradas.
e) povoados interligados próximos a grandes rios. 27. (ENEM)

2
5. (ENEM) A Floresta Amazônica, com toda a sua
imensidão, não vai estar aí para sempre. Foi pre-
ciso alcançar toda essa taxa de desmatamento de
quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na úl-
tima década do século XX, para que uma pequena
parcela de brasileiros se desse conta de que o maior
patrimônio natural do país está sendo torrado.
AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à
práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.

Um processo econômico que tem contribuído


na atualidade para acelerar o problema am-
biental descrito é:
a) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incen-
tivos à chegada de novas empresas mineradoras.
b) Difusão do cultivo da soja com a implanta-
ção de monoculturas mecanizadas.
c) Construção da rodovia Transamazônica, com
o objetivo de interligar a região Norte ao
restante do país. Dois pesquisadores percorreram os trajetos
marcados no mapa. A tarefa deles foi ana-
d) Criação de áreas extrativistas do látex das se-
lisar os ecossistemas e, encontrando pro-
ringueiras para os chamados povos da floresta.
blemas, relatar e propor medidas de recu-
e) Ampliação do polo industrial da Zona Franca
peração. A seguir, são reproduzidos trechos
de Manaus, visando atrair empresas nacio-
aleatórios extraídos dos relatórios desses
nais e estrangeiras.
dois pesquisadores.
Trechos aleatórios extraídos do relatório do
2
6. (ENEM) pesquisador P1:
I. “Por causa da diminuição drástica das es-
pécies vegetais deste ecossistema, como
os pinheiros, a gralha azul também está
em processo de extinção.”
II. “As árvores de troncos tortuosos e cascas
grossas que predominam nesse ecossis-
tema estão sendo utilizadas em carvoa-
rias.”
Trechos aleatórios extraídos do relatório do
pesquisador P2:
III. “Das palmeiras que predominam nesta
região podem ser extraídas substâncias
importantes para a economia regional.”

215
IV. “Apesar da aridez desta região, em que en- 29. (ENEM) Em 1872, Robert Angus Smith criou
contramos muitas plantas espinhosas, não o termo “chuva ácida”, descrevendo precipi-
se pode desprezar a sua biodiversidade.” tações ácidas em Manchester após a Revolução
Ecossistemas brasileiros: mapa da distribuição Industrial. Trata-se do acúmulo demasiado de
dos ecossistemas. Disponível em: http:// dióxido de carbono e enxofre na atmosfera
educacao.uol.com.br/ciencias/ult1885u52. que, ao reagirem com compostos dessa cama-
jhtm. Acesso em: 20 abr. 2010 (adaptado).
da, formam gotículas de chuva ácida e partí-
Os trechos I, II, III e IV referem-se, pela or- culas de aerossóis. A chuva ácida não neces-
sariamente ocorre no local poluidor, pois tais
dem, aos seguintes ecossistemas:
poluentes, ao serem lançados na atmosfera,
a) Caatinga, Cerrado, Zona dos cocais e Flo-
são levados pelos ventos, podendo provocar a
resta Amazônia.
reação em regiões distantes. A água de forma
b) Mata de Araucárias, Cerrado, Zona dos co-
pura apresenta pH 7, e, ao contatar agentes
cais e Caatinga. poluidores, reage modificando seu pH para
c) Manguezais, Zona dos cocais, Cerrado e 5,6 e até menos que isso, o que provoca rea-
Mata Atlântica. ções, deixando consequências.
d) Floresta Amazônia, Cerrado, Mata Atlânti- Disponível em: http://www.brasilescola.com.
ca e Pampas. Acesso em: 18 maio 2010 (adaptado).
e) Mata Atlântica, Cerrado, Zona dos cocais e
Pantanal. O texto aponta para um fenômeno atmosfé-
rico causador de graves problemas ao meio
28. (ENEM) ambiente: a chuva ácida (pluviosidade com
pH baixo). Esse fenômeno tem como conse-
quência:
a) a corrosão de metais, pinturas, monumentos
históricos, destruição da cobertura vegetal e
acidificação dos lagos.
b) a diminuição do aquecimento global, já que
esse tipo de chuva retira poluentes da at-
mosfera.
c) a destruição da fauna e da flora e redução de
recursos hídricos, com o assoreamento dos rios.
d) as enchentes, que atrapalham a vida do ci-
dadão urbano, corroendo, em curto prazo,
automóveis e fios de cobre da rede elétrica.
e) a degradação da terra nas regiões semiári-
das, localizadas, em sua maioria, no Nordes-
te do nosso país.

30. (ENEM)

Na imagem, visualiza-se um método de cul-


De acordo com as figuras, a intensidade de tivo e as transformações provocadas no espa-
intemperismo de grau muito fraco é caracte- ço geográfico. O objetivo imediato da técnica
rística de qual tipo climático? agrícola utilizada é:
a) Tropical a) controlar a erosão laminar.
b) Litorâneo b) preservar as nascentes fluviais.
c) Equatorial c) diminuir a contaminação química.
d) Semiárido d) incentivar a produção transgênica.
e) Subtropical e) implantar a mecanização intensiva.

216
3
1. (ENEM) A irrigação da agricultura é respon-
sável pelo consumo de mais de 2/3 de toda a
água retirada dos rios, lagos e lençóis freáti-
cos do mundo. Mesmo no Brasil, onde acha-
mos que temos muita água, os agricultores
que tentam produzir alimentos também en-
frentam secas periódicas e uma competição
crescente por água.
MARAFON, G. J. et al. O desencanto da terra:
produção de alimentos, ambiente e sociedade.
Rio de Janeiro: Garamond, 2011.

No Brasil, as técnicas de irrigação utiliza-


das na agricultura produziram impactos so-
cioambientais como:
a) redução do custo de produção.
b) agravamento da poluição hídrica.
c) compactação do material do solo.
d) aceleração da fertilização natural.
e) redirecionamento dos cursos fluviais.

Gabarito
1. C 2. E 3. A 4. A 5. E
6. B 7. B 8. A 9. D 10. D
11. E 12. A 13. E 14. E 15. E
16. D 17. E 18. B 19. C 20. C
21. C 22. E 23. A 24. E 25. B
26. B 27. B 28. D 29. A 30. A
31. E

217
Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos
H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de
poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-
H8
-social.
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade
H10
histórico-geográfica.
Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen-
tes grupos, conflitos e movimentos sociais.
H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca
H14
das instituições sociais, políticas e econômicas.
H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo-
recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e
geográficos.
H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas.
H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
Aulas 7 e 8

Competência 6
Habilidades 29 e 30

BREVIÁRIO

Recursos energéticos
O mundo passou por várias fases de desenvolvimento econômico e técnico, dependendo dos mais variados recursos
energéticos. Entende-se por matriz energética, o conjunto das fontes primárias e secundárias, somado aos proces-
sos disponíveis para transformá-las. A composição da matriz energética do mundo altera-se ao longo do tempo,
pelo esgotamento ou pelo desenvolvimento de novas alternativas, por serem mais baratas, ou mais eficientes, ou
menos agressivas ao meio ambiente.

Fontes primárias
É toda forma de energia disponível na natureza antes de ser convertida ou transformada, ou seja, é a energia con-
tida nos combustíveis crus (petróleo), a energia solar, eólica, entre outras. Quando é transformada, torna-se energia
secundária (eletricidade, calor etc).
Quando a natureza, aliada ou não a intervenção do homem, consegue repor esses recursos em curto perí-
odo de tempo, essas fontes primárias de energia são consideradas renováveis, como o carvão vegetal. Quando a
reposição não pode ser feita em tempo hábil, os recursos são considerados não renováveis, como o petróleo e o
carvão mineral.

219
Hidrelétricas
A maior parte da energia elétrica no mundo é obtida por meio da rotação de uma turbina, que converte a energia
cinética da rotação em energia elétrica, a partir da construção das hidrelétricas, onde o curso do rio é bloqueado
por uma barragem, criando um grande lago artificial que serve para armazenar água e controlar a vazão.

Embora seja considerada renovável, seu impacto ambiental é considerado grande, pois além das áreas
inundáveis provocarem impactos imprevisíveis no micro-clima das regiões, as árvores submersas pela barragem
são decompostas anaerobicamente, liberando gás metano e aumentando o efeito estufa. Mencionemos ainda os
impactos sociais às populações próximas das barragens. Atingidas direta e concretamente através do alagamento
de suas propriedades, casas, áreas produtivas e até cidades, também sofrem os impactos indiretos, como a perda
de laços comunitários, separação de comunidades e famílias, destruição de igrejas, capelas, escolas, entre outras
instituições que guardam a cultura e a história de comunidades inteiras, principalmente comunidades tradicionais.

Vista aérea de Altamira (PA), próximo à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte

220
A hidrelétrica de Belo Monte está instalada em uma das regiões de maior sociobiodiversidade do Brasil, bem
próxima do Parque Indígena do Xingu e da cidade de Altamira.
A obra faz parte da primeira fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e será a 3ª maior hi-
drelétrica do mundo. Essa obra levou milhares de trabalhadores e migrantes para a região, causando um enorme
impacto sobre os serviços públicos, pois a população de Altamira deu um salto de 100 mil para 150 mil habitantes,
que refletiu no número de ocorrências policiais, acidentes de trânsito etc.

Termoelétricas
Países que não dispõem de recursos suficientes para a obtenção de energia, como muitos países europeus, costu-
mam utilizar usinas termoelétricas, onde a rotação das turbinas é feita pela alta pressão de vapor d’água, obtido
pela queima de carvão, óleo ou biomassa.

Um exemplo de usina termoelétrica são as usinas nucleares, onde a energia utilizada para ferver a água
provém da fissão nuclear. Um grande problema dessa fonte de energia é o destino do resíduo atômico, que deve
ser confinado em recipientes adequados para evitar o vazamento de radiação, bastante nociva à saúde.

221
Usinas de Angra I, II e III, no município de Angra dos Reis, RJ

Eólica
Nesse tipo de usina, o movimento de rotação das turbinas e causado pelo vento. No Brasil, é crescente o número
dessas torres com imensas pás, que alcançam mais de 20 metros de comprimento. Apesar de ser uma fonte re-
conhecida como limpa, sua eficiência é pequena e depende de ventos constantes e com velocidade adequada. O
impacto ambiental está ligado à sua estética, à colisão de aves e ao ruído gerado pela rotação das pás.

222
Petróleo
O petróleo se caracteriza por ser uma energia não renovável, pelo descompasso entre seu lento processo de forma-
ção e seu crescente consumo. Esse hidrocarboneto foi formado pelo soterramento de materiais de origem animal e
vegetal que, isolado do oxigênio do ar, foi lentamente sendo decomposto por bactérias anaeróbicas, gerando uma
mistura de substâncias.

A gasolina é um dos derivados do petróleo e seu uso como combustível é muito difundido no mundo. O uso
da gasolina é uma das causas do aumento no nível da poluição atmosférica.
A indústria petroquímica tem no petróleo a matéria-prima bruta para a fabricação de plásticos, tintas, me-
dicamentos e ferramentas.

223
Biodigestores
A existência do biogás é conhecida desde 1806, quando o químico inglês Humphry Davy identificou um gás rico
em carbono e CO2 que resultava da decomposição de dejetos animais em lugares úmidos. Com o passar dos anos,
vários estudos e experiências desenvolveram dois modelos principais de biodigestor: o chinês, mais simples e eco-
nômico, e o indiano, mais técnico e sofisticado. Os biodigestores são equipamentos de fabricação relativamente
simples, que possibilitam o reaproveitamento de detritos para gerar gás e adubo, também chamados de biogás e
biofertilizantes.

Para o uso de biodigestores, assim como a retomada de técnicas tradicionais para aumentar a autonomia
energética de uma sociedade, é preciso investimento no desenvolvimento de pesquisas na área técnica e na área
social, bem como o diálogo entre ambas as produções, para estimular a agricultura através dos biocompostos,
reduzindo perdas de transmissão, gerando autonomia energética e know-how tecnológico.
Se os biodigestores não efetivam toda oferta de energia, certamente resolvem o problema de muitas famí-
lias, de modo reconhecido e ecologicamente adequado.
Eficiência em energia significa racionalizar o uso de fontes e tipos de energia para melhor atender às ne-
cessidades vitais das populações do Planeta. Organizar a produção de energia com métodos considerados tecnica-
mente mais avançados é, de fato, uma boa estratégia de desenvolvimento de um povo, principalmente quando se
trata de melhorias econômicas, sociais e de segurança energética. Muitos países investem pesadamente em novas
tecnologias para ter maior controle sobre suas matrizes energéticas. Entretanto, atualmente, há uma revalorização
de processos tradicionais, como o moinho de vento, monjolos e outros equipamentos com eficácia comprovada, que
causam menos poluição e se associam à produção de alimentos orgânicos.

Moinho de vento, em Santarém

224
Preservação

É a ação de proteção e/ou isolamento de um ecossistema, com a finalidade de manter suas características naturais,
ou seja, pressupõe a intocabilidade do sistema.

Conservação

É o manejo dos recursos do ambiente, com o propósito de obter a mais alta qualidade sustentável da vida humana.
Admite o uso racional dos recursos naturais para as gerações futuras.

A produção de lixo e problemas ambientais


A produção de resíduos é um processo natural das diferentes formas de vida do Planeta. A vida em cidades acabou
expondo o problema da eliminação dos resíduos. O processo da Revolução Industrial instituiu um modelo de vida
centrado no consumo constante, ocasionando uma crescente produção de lixo.
A expansão do capitalismo acarretou um processo incessante de acumulação de lixo, que não se reduziu
com o avanço tecnológico, pelo contrário, gerou mais lixo ao estimular a substituição cada vez mais rápida dos
produtos fabricados.
Atualmente, esses processos estão atrelados ao intenso consumismo vivenciado pela sociedade e sustenta-
do pela exploração em larga escala de milhões de operários em diferentes modelos de produção.

225
É importante ressaltar que o aumento da produção de resíduos está diretamente ligado ao crescimento
econômico da sociedade, ou seja, de modo geral, quanto maior o poder aquisitivo, maior será o consumo e, conse-
quentemente, a geração de lixo.
Em sociedades com maior desenvolvimento econômico, onde a população urbana também é maior, verifica-
-se uma maior geração de lixo inorgânico e reciclável. Enquanto que nas sociedades com maior desenvolvimento
econômico, o volume de lixo compostável é maior.

Produção de lixo eletrônico

Técnicas de destinação do lixo


§§ Lixões;

§§ Aterros controlados, sanitários e energéticos;

226
§§ Compostagem;

§§ Incineração.

Problemas do solo brasileiro


§§ Lixiviação – fenômeno comum em regiões de clima muito úmido, onde a quantidade de água absorvida
pelo solo é superior à água evaporada. O solo é atravessado de cima para baixo pelas águas, sofrendo uma
verdadeira lavagem (lixiviação). Em regiões de clima árido, esse processo é inverso; graças à evaporação, as
águas ascendem do lençol freático, trazendo sais para a superfície, tornando os solos ácidos e quimicamente
pobres;
§§ Laterização – fenômeno comum em regiões de climas tropicais úmidos, que consiste na concentração
de hidróxido de ferro e alumínio, os quais, revestem o solo de uma crosta ferruginosa chamada canga ou
laterita, tornando o solo inadequado à prática agrícola. Exige investimentos para a recomposição das pro-
priedades essenciais à cultura que se pretende plantar;

227
§§ Compactação – é o uso indevido do solo, principalmente pela pecuária, em função do pisoteio do gado,
fazendo com que ele perca os poros e, com isso, a água e o ar que integram sua composição. Isso pode
provocar uma desertificação e contribuir para o sucesso erosivo;

§§ Salinização – processo que ocorre normalmente em regiões áridas e semiáridas, onde a prática de irriga-
ção é a opção viável para ampliar a atividade agrícola. A irrigação, sem os devidos cuidados, pode aumentar
muito a concentração de sais minerais, tornando o solo pouco produtivo;

§§ Erosão – em razão da ação das águas correntes pluviais, provoca uma escavação no solo formando sulcos
ou ravinas, que, quando profundas, provocam as voçorocas. O combate à erosão inclui:
§§ terraceamento e curvas de nível;
§§ reflorestamento;
§§ emprego de adubos e fertilizantes;
§§ rotação de culturas e pousio da terra.

Voçoroca ou ravina

228
Aplicação dos d) logística de importação de matérias-primas
industriais.
conhecimentos - Sala e) produção de recursos minerais energéticos.

3. (ENEM) A irrigação da agricultura é respon-


1. (ENEM) A usina hidrelétrica de Belo Monte sável pelo consumo de mais de 2/3 de toda a
será construída no rio Xingu, no município
água retirada dos rios, lagos e lençóis freáti-
de Vitória de Xingu, no Pará. A usina será
a terceira maior do mundo e a maior total- cos do mundo. Mesmo no Brasil, onde acha-
mente brasileira, com capacidade de 11,2 mos que temos muita água, os agricultores
mil megawatts. Os índios do Xingu tomam a que tentam produzir alimentos também en-
paisagem com seus cocares, arcos e flechas. frentam secas periódicas e uma competição
Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam crescente por água.
estradas de uma região que será inundada MARAFON, G. J. et al. O desencanto da terra:
pelas águas da usina. produção de alimentos, ambiente e sociedade.
BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim do Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
leilão, começo da confusão. Istoé Dinheiro. Ano
13, n.o 655, 28 abril 2010 (adaptado).
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas
na agricultura produziram impactos socio-
Os impasses, resistências e desafios associa- ambientais como:
dos à construção da Usina Hidrelétrica de a) redução do custo de produção.
Belo Monte estão relacionados: b) agravamento da poluição hídrica.
a) ao potencial hidrelétrico dos rios no norte c) compactação do material do solo.
e nordeste quando comparados às bacias hi- d) aceleração da fertilização natural.
drográficas das regiões Sul, Sudeste e Cen-
e) redirecionamento dos cursos fluviais.
tro-Oeste do país.
b) à necessidade de equilibrar e compatibilizar
o investimento no crescimento do país com 4. (ENEM) O crescimento rápido das cidades
os esforços para a conservação ambiental. nem sempre é acompanhado, no mesmo rit-
c) à grande quantidade de recursos disponíveis mo, pelo atendimento de infraestrutura para
para as obras e à escassez dos recursos di- a melhoria da qualidade de vida. A defici-
recionados para o pagamento pela desapro- ência de redes de água tratada, de coleta e
priação das terras. tratamento de esgoto, de pavimentação de
d) ao direito histórico dos indígenas à posse
ruas, de galerias de águas pluviais, de áreas
dessas terras e à ausência de reconhecimen-
to desse direito por parte das empreiteiras. de lazer, de áreas verdes, de núcleos de for-
e) ao aproveitamento da mão de obra especiali- mação educacional e profissional, de núcleos
zada disponível na região Norte e o interesse de atendimento médico-sanitário é comum
das construtoras na vinda de profissionais nessas cidades.
do Sudeste do país. ROSS, J. L .S. (Org.) Geografia do Brasil.
São Paulo: EDUSP, 2009 (adaptado)
2. (ENEM) No dia 28 de fevereiro de 1985, era
Sabendo que o acelerado crescimento popu-
inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, per-
tencente e diretamente operada pela Com- lacional urbano está articulado com a escas-
panhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região sez de recursos financeiros e a dificuldade de
Norte do país, ligando o interior ao principal implementação de leis de proteção ao meio
porto da região, em São Luís. Por seus, apro- ambiente, pode-se estabelecer o estímulo a
ximadamente, 900 quilômetros de linha, uma relação sustentável entre conservação e
passam, hoje, 5353 vagões e 100 locomoti- produção a partir:
vas. a) do aumento do consumo, pela população
Dísponivel em: http://www.transportes.gov. mais pobre, de produtos industrializados
br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). para o equilíbrio da capacidade de consumo
entre as classes.
A ferrovia em questão é de extrema impor-
tância para a logística do setor primário da b) da seleção e recuperação do lixo urbano, que
economia brasileira, em especial para por- já é uma prática rotineira nos grandes cen-
ções dos estados do Pará e Maranhão. tros urbanos dos países em desenvolvimen-
Um argumento que destaca a importância to.
estratégica dessa porção do território é a: c) da diminuição acelerada do uso de recursos
a) produção de energia para as principais áreas naturais, ainda que isso represente perda da
industriais do país. qualidade de vida de milhões de pessoas.
b) produção sustentável de recursos minerais d) da fabricação de produtos reutilizáveis e
não metálicos. biodegradáveis, evitando-se substituições e
c) capacidade de produção de minerais metáli- descartes, como medidas para a redução da
cos. degradação ambiental.

229
e) da transferência dos aterros sanitários para finalidade energética que devem ser obser-
as partes mais periféricas das grandes cida- vadas pela sociedade;
des, visando-se à preservação dos ambientes A alternativa [E] é falsa: como na alternati-
naturais. va [C], não havendo como inferir nas capaci-
tações de mão de obra.
5. (ENEM) No presente, observa-se crescente 2.
A importância de projetos de levantamento e
atenção aos efeitos da atividade humana, pesquisa como o Radam-Brasil, revelaram o
em diferentes áreas, sobre o meio ambiente, enorme potencial mineral da região Norte do
sendo constante, nos fóruns internacionais país. O Estado nacional como agente indutor
e nas instâncias nacionais, a referência à do processo de desenvolvimento promoveu a
sustentabilidade como princípio orientador criação dos projetos regionais e atraiu inves-
de ações e propostas que deles emanam. timentos de capital para sua realização. É o
A sustentabilidade explica-se pela: caso da construção da Ferrovia dos Carajás.
a) incapacidade de se manter uma atividade Muito embora tenha sido implantada justa-
econômica ao longo do tempo sem causar mente com a finalidade apenas de escoar a
danos ao meio ambiente. produção mineral, com o tempo acabou se
b) incompatibilidade entre crescimento econô- tornando uma ferrovia multimodal, melhor
mico acelerado e preservação de recursos na- articulada.
turais e de fontes não renováveis de energia. A alternativa [A] é falsa: apesar do grande
c) interação de todas as dimensões do bem-es- potencial a produção energética ainda é pe-
tar humano com o crescimento econômico, quena e destinada, até o momento, ao con-
sem a preocupação com a conservação dos sumo local;
recursos naturais que estivera presente des- A alternativa [B] é falsa: a produção se dá
de a Antiguidade. em escala industrial;
d) proteção da biodiversidade em face das ame- A alternativa [D] é falsa: a logística envol-
aças de destruição que sofrem as florestas vida está na exportação de matérias-primas.
tropicais devido ao avanço de atividades A alternativa [E] é falsa: a produção é de re-
como a mineração, a monocultura, o tráfico cursos minerais metálicos.
de madeira e de espécies selvagens. 3.
O uso intensivo da água em alguns rios e a
e) necessidade de se satisfazer as demandas modificação de seus cursos em alguns casos
provocam impactos socioambientais como:
atuais colocadas pelo desenvolvimento sem
redução da biodiversidade fluvial, modifica-
comprometer a capacidade de as gerações fu-
ção da vegetação do entorno (matas ciliares)
turas atenderem suas próprias necessidades
e até escassez de água para o consumo hu-
nos campos econômico, social e ambiental.
mano.
4.
As cidades são grandes concentrações capa-
Raio X zes de consumir e produzir enormes quan-
tidades de produtos e resíduos causando
variados graus de poluição no ar, nas águas
1.
O que se observa atualmente é um período e no solo. O uso de produtos recicláveis ou
de transição entre um modelo de consumo biodegradáveis pode ser uma forma de redu-
desordenado, onde recursos naturais come- ção da degradação ambiental.
çam a dar sinais inequívocos de desgaste e A alternativa [A] é falsa: o aumento de con-
esgotamento, para uma tentativa de desen- sumo de produtos industrializados em qual-
volvimento sustentável, onde se tenta orde- quer classe social gera resíduos poluentes na
nar o consumo de modo a garantir a vida pá- forma de lixo;
rea gerações futuras. Existe um campo neste A alternativa [B] é falsa: seleção e recupera-
período, aberto para discussões, marchas e ção de lixo urbano ainda não é prática roti-
contra-marchas para se chegar a um ponto neira mundo afora;
de equilíbrio. A alternativa [C] é falsa: o desenvolvimento
A alternativa [A] é falsa: não se trata de sustentável prevê o uso racional de recursos
análise comparativa de bacias e sim de pro- naturais e não sua diminuição acelerada;
grama de expansão de geração de energia A alternativa [E] é falsa: a tendência é que
elétrica de origem hidráulica; nas partes periféricas da cidade apareçam
A alternativa [C] é falsa: a questão trata áreas de preservação ambiental.
de produção energética e seus impactos so- 5.
O desenvolvimento sustentável é uma forma
cioambientais, não tendo como inferir em de promover o atendimento das demandas
questões de recursos financeiros; atuais de modo racional e equilibrado de
A alternativa [D] é falsa: existem legislações maneira a não comprometer as gerações fu-
pertinentes sobre reservas indígenas e so- turas quanto a suas necessidades econômi-
bre formas de aproveitamento natural com cas sociais e ambientais.

230
A alternativa [A] é falsa: o desenvolvimento
sustentável deve ser capaz de manter ativi-
dades econômicas sem causar danos ao meio
ambiente;
A alternativa [B] é falsa: na sustentabilida-
de o desenvolvimento econômico e a preser-
vação do meio ambiente devem ser compa-
tíveis;
A alternativa [C] é falsa: a sustentabilidade
deve preservar os recursos naturais em qual-
quer tempo;
A alternativa [D] é falsa: a sustentabilidade
não se limita a preservação de biomas, mas é
uma nova forma de pensamento e ação.

Gabarito
1. B 2. C 3. E 4. D 5. E

231
Prescrição: Para desenvolver os exercícios, é preciso obter informações com base em dados co-
letados em diversos tipos de fonte de pesquisa. Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam
seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-
-primas ou produtos industriais.

Prática dos 3. (ENEM) Suponha que você seja um consultor


e foi contratado para assessorar a implan-

conhecimentos - E.O. tação de uma matriz energética em um pe-


queno país com as seguintes características:
região plana, chuvosa e com ventos constan-
1. (ENEM) tes, dispondo de poucos recursos hídricos e
sem reservatórios de combustíveis fósseis.
De acordo com as características desse país,
a matriz energética de menor impacto e ris-
cos ambientais é a baseada na energia:
a) dos biocombustíveis, pois tem menos impac-
to ambiental e maior disponibilidade.
b) solar, pelo seu baixo custo e pelas caracterís-
ticas do país favoráveis à sua implantação.
c) nuclear, por ter menos risco ambiental a ser
adequada a locais com menor extensão terri-
torial.
d) hidráulica, devido ao relevo, à extensão ter-
ritorial do país e aos recursos naturais dispo-
níveis.
e) eólica, pelas características do país e por
A maior frequência na ocorrência do fenô- não gerar gases do efeito estufa nem resídu-
meno atmosférico apresentado na figura os de operação.
relaciona-se a:
a) concentrações urbano-industriais.
b) episódios de queimadas florestais. 4. (ENEM) A maior parte dos veículos de trans-
c) atividades de extrativismo vegetal. porte atualmente é movida por motores a
d) índices de pobreza elevados. combustão que utilizam derivados de pe-
tróleo. Por causa disso, esse setor é o maior
e) climas quentes e muito úmidos.
consumidor de petróleo do mundo, com altas
taxas de crescimento ao longo do tempo. En-
2 . (ENEM) Antes de o sol começar a esquentar
quanto outros setores têm obtido bons resul-
as terras da faixa ao sul do Saara conhecida
tados na redução do consumo, os transportes
como Sahel, duas dezenas de mulheres da al-
tendem a concentrar ainda mais o uso de de-
deia de Widou, no norte do Senegal, regam
rivados do óleo.
a horta cujas frutas e verduras alimentam a MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio
população local. É um pequeno terreno que, de Janeiro: Garamond, 2011 (adaptado).
visto do céu, forma uma mancha verde – um
dos primeiros pedaços da “Grande Muralha Um impacto ambiental da tecnologia mais
Verde”, barreira vegetal que se estenderá por empregada pelo setor de transporte e uma
7.000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de medida para promover a redução do seu uso,
um plano conjunto de vinte países africanos. estão indicados, respectivamente, em:
GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. a) Aumento da poluição sonora – construção de
Paulo. 20 maio 2013 (adaptado). barreiras acústicas.
b) Incidência da chuva ácida – estatização da
O projeto ambiental descrito proporciona a indústria automobilística.
seguinte consequência regional imediata: c) Derretimento das calotas polares – incentivo
a) Facilita as trocas comerciais. aos transportes de massa.
b) Soluciona os conflitos fundiários. d) Propagação de doenças respiratórias – distri-
c) Restringe a diversidade biológica. buição de medicamentos gratuitos.
d) Fomenta a atividade de pastoreio. e) Elevação das temperaturas médias – crimi-
e) Evita a expansão da desertificação. nalização da emissão de gás carbônico.

232
5. (ENEM) O uso da água aumenta de acordo A postura consumista de nossa sociedade in-
com as necessidades da população no mun- dica a crescente produção de lixo, principal-
do. Porém, diferentemente do que se possa mente nas áreas urbanas, o que, associado a
imaginar, o aumento do consumo de água modos incorretos de deposição,
superou em duas vezes o crescimento popu- a) provoca a contaminação do solo e do lençol
lacional durante o século XX. freático, ocasionando assim graves proble-
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São mas socioambientais, que se adensarão com
Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009. a continuidade da cultura do consumo de-
senfreado.
Uma estratégia socioespacial que pode con- b) produz efeitos perversos nos ecossistemas,
tribuir para alterar a lógica de uso da água que são sanados por cadeias de organismos
apresentada no texto é a: decompositores que assumem o papel de eli-
a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica. minadores dos resíduos depositados em li-
b) expansão da irrigação por aspersão das la- xões.
vouras. c) multiplica o número de lixões a céu aberto,
c) intensificação do controle do desmatamento considerados atualmente a ferramenta capaz
de florestas. de resolver de forma simplificada e barata o
d) adoção de técnicas tradicionais de produção. problema de deposição de resíduos nas gran-
e) criação de incentivos fiscais para o cultivo des cidades.
de produtos orgânicos. d) estimula o empreendedorismo social, visto
que um grande número de pessoas, os ca-
tadores, têm livre acesso aos lixões, sendo
6. (ENEM) Um dos principais objetivos de se assim incluídos na cadeia produtiva dos re-
dar continuidade às pesquisas em erosão síduos tecnológicos.
dos solos é o de procurar resolver os proble- e) possibilita a ampliação da quantidade de re-
mas oriundos desse processo, que, em últi- jeitos que podem ser destinados a associa-
ma análise, geram uma série de impactos ções e cooperativas de catadores de mate-
ambientais. Além disso, para a adoção de riais recicláveis, financiados por instituições
técnicas de conservação dos solos, é preciso da sociedade civil ou pelo poder público.
conhecer como a água executa seu trabalho
de remoção, transporte e deposição de sedi-
8. (ENEM)
mentos. A erosão causa, quase sempre, uma
série de problemas ambientais, em nível lo-
cal ou até mesmo em grandes áreas.
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas.
In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia:
uma atualização de bases e conceitos. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).

A preservação do solo, principalmente em


áreas de encostas, pode ser uma solução para
evitar catástrofes em função da intensidade
de fluxo hídrico. A prática humana que se-
gue no caminho contrário a essa solução é:
a) a aração.
b) o terraceamento.
c) o pousio.
d) a drenagem.
e) o desmatamento. A imagem indica pontos com ativo uso de
tecnologia, correspondentes a que processo
7. (ENEM) Como os combustíveis energéticos, de intervenção no espaço?
as tecnologias da informação são, hoje em a) Expansão das áreas agricultáveis, com uso
dia, indispensáveis em todos os setores eco- intensivo de maquinário e insumos agríco-
nômicos. Através delas, um maior número de las.
produtores é capaz de inovar e a obsolescên- b) Recuperação de águas eutrofizadas em de-
cia de bens e serviços se acelera. Longe de corrência da contaminação por esgoto do-
estender a vida útil dos equipamentos e a méstico.
sua capacidade de reparação, o ciclo de vida c) Ampliação da capacidade de geração de
desses produtos diminui, resultando em energia, com alteração do ecossistema local.
maior necessidade de matéria-prima para a d) Impermeabilização do solo pela construção
fabricação de novos. civil nas áreas de expansão urbana.
GROSSARD, C. Le Monde Diplomatique Brasil. e) Criação recente de grandes parques indus-
Ano 3, nº 36, 2010 (adaptado). triais de mediano potencial poluidor.

233
9. (ENEM) Os lixões são o pior tipo de disposi- d) ao direito histórico dos indígenas à posse
ção final dos resíduos sólidos de uma cidade, dessas terras e à ausência de reconhecimen-
representando um grave problema ambien- to desse direito por parte das empreiteiras.
tal e de saúde pública. Nesses locais, o lixo e) ao aproveitamento da mão de obra especiali-
é jogado diretamente no solo e a céu aberto, zada disponível na região Norte e o interesse
sem nenhuma norma de controle, o que cau- das construtoras na vinda de profissionais
sa, entre outros problemas, a contaminação do Sudeste do país.
do solo e das águas pelo chorume (líquido
escuro com alta carga poluidora, provenien- 1
1. (ENEM) Cerca de 1% do lixo urbano é cons-
te da decomposição da matéria orgânica pre- tituído por resíduos sólidos contendo ele-
sente no lixo). mentos tóxicos. Entre esses elementos estão
RICARDO, B.; CANPANILLI, M. Almanaque
Brasil Socioambiental 2008. São Paulo, metais pesados como o cádmio, o chumbo e o
Instituto Socioambiental, 2007. mercúrio, componentes de pilhas e baterias,
Considere um município que deposita os re- que são perigosos à saúde humana e ao meio
síduos sólidos produzidos por sua população ambiente.
em um lixão. Esse procedimento é conside- Quando descartadas em lixos comuns, pilhas
rado um problema de saúde pública porque e baterias vão para aterros sanitários ou li-
os lixões: xões a céu aberto, e o vazamento de seus
a) causam problemas respiratórios, devido ao componentes contamina o solo, os rios e o
mau cheiro que provém da decomposição. lençol freático, atingindo a flora e a fauna.
b) são locais propícios à proliferação de vetores Por serem bioacumulativos e não biodegra-
de doenças, além de contaminarem o solo e dáveis, esses metais chegam de forma acu-
as águas. mulada aos seres humanos, por meio da
c) provocam o fenômeno da chuva ácida, devi- cadeia alimentar. A legislação vigente (Re-
do aos gases oriundos da decomposição da solução CONAMA no 257/1999) regulamenta
matéria orgânica.
o destino de pilhas e baterias após seu esgo-
d) são instalados próximos ao centro das cida-
tamento energético e determina aos fabri-
des, afetando toda a população que circula
cantes e/ou importadores a quantidade má-
diariamente na área.
e) são responsáveis pelo desaparecimento das xima permitida desses metais em cada tipo
nascentes na região onde são instalados, o de pilha/bateria, porém o problema ainda
que leva à escassez de água. persiste.
Disponível em: http://www.mma.gov.br.
Acesso em: 11 jul. 2009 (adaptado).
1
0. (ENEM) A usina hidrelétrica de Belo Monte
será construída no rio Xingu, no município Uma medida que poderia contribuir para
de Vitória de Xingu, no Pará. A usina será
a terceira maior do mundo e a maior total- acabar definitivamente com o problema da
mente brasileira, com capacidade de 11,2 poluição ambiental por metais pesados rela-
mil megawatts. Os índios do Xingu tomam a tado no texto seria:
paisagem com seus cocares, arcos e flechas. a) deixar de consumir aparelhos elétricos que
Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam utilizem pilha ou bateria como fonte de
estradas de uma região que será inundada energia.
pelas águas da usina.
b) usar apenas pilhas ou baterias recarregáveis
BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim
do leilão, começo da confusão. Istoé Dinheiro. e de vida útil longa e evitar ingerir alimen-
Ano 13, n.o 655, 28 abri 2010 (adaptado). tos contaminados, especialmente peixes.
c) devolver pilhas e baterias, após o esgota-
Os impasses, resistências e desafios associa- mento da energia armazenada, à rede de as-
dos à construção da Usina Hidrelétrica de
sistência técnica especializada para repasse
Belo Monte estão relacionados
a) ao potencial hidrelétrico dos rios no norte a fabricantes e/ou importadores.
e nordeste quando comparados às bacias hi- d) criar nas cidades, especialmente naquelas
drográficas das regiões Sul, Sudeste e Cen- com mais de 100 mil habitantes, pontos
tro-Oeste do país. estratégicos de coleta de baterias e pilhas,
b) à necessidade de equilibrar e compatibilizar para posterior repasse a fabricantes e/ou
o investimento no crescimento do país com importadores.
os esforços para a conservação ambiental.
e) exigir que fabricantes invistam em pesquisa
c) à grande quantidade de recursos disponíveis
para as obras e à escassez dos recursos di- para a substituição desses metais tóxicos por
recionados para o pagamento pela desapro- substâncias menos nocivas ao homem e ao
priação das terras. ambiente, e que não sejam bioacumulativas.

234
1
2. (ENEM) As mudanças climáticas e da vege-
tação ocorridas nos trópicos da América do Gabarito
Sul têm sido bem documentadas por diver-
sos autores, existindo um grande acúmulo 1. A 2. E 3. E 4. C 5. A
de evidências geológicas ou paleoclimatoló-
gicas que evidenciam essas mudanças ocor- 6. E 7. A 8. C 9. B 10. B
ridas durante o Quaternário nessa região. 11. E 12. D 13. C
Essas mudanças resultaram em restrição da
distribuição das florestas pluviais, com ex-
pansões concomitantes de habitats não flo-
restais durante períodos áridos (glaciais),
seguido da expansão das florestas pluviais
e restrição das áreas não florestais durante
períodos úmidos (interglaciais).
Disponível em: http://zoo.bio.ufpr.
br. Acesso em: 1 maio 2009.

Durante os períodos glaciais,


a) as áreas não florestais ficam restritas a re-
fúgios ecológicos devido à baixa adaptabili-
dade de espécies não florestais a ambientes
áridos.
b) grande parte da diversidade de espécies ve-
getais é reduzida, uma vez que necessitam
de condições semelhantes a dos períodos in-
terglaciais.
c) a vegetação comum ao cerrado deve ter se
limitado a uma pequena região do centro do
Brasil, da qual se expandiu até atingir a atu-
al distribuição.
d) plantas com adaptações ao clima árido,
como o desenvolvimento de estruturas que
reduzem a perda de água, devem apresentar
maior área de distribuição.
e) florestas tropicais como a amazônica apre-
sentam distribuição geográfica mais ampla,
uma vez que são densas e diminuem a ação
da radiação solar sobre o solo e reduzem os
efeitos da aridez.

1
3. (ENEM) Até o século XVII, as paisagens ru-
rais eram marcadas por atividades rudimen-
tares e de baixa produtividade. A partir da
Revolução Industrial, porém, sobretudo com
o advento da revolução tecnológica, houve
um desenvolvimento contínuo do setor agro-
pecuário.
São, portanto, observadas consequências
econômicas, sociais e ambientais inter-re-
lacionadas no período posterior à Revolução
Industrial, as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição
das áreas urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, en-
tre os quais os recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos
e corretivos na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego
no setor primário da economia, em face da
mecanização.

235

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