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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Previsão da Resposta Sísmica de Depósito de Solo Mole Mediante


Métodos Simplificados
Miguel A. Villalobos Bravo
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil,
mvillalobosbr@gmail.com

Celso Romanel
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil,
romanel@puc-rio.br

RESUMO: O presente artigo busca aprofundar o conhecimento sobre o comportamento sísmico de


solos moles não suscetíveis à liquefação, identificados pela National Earthquake Hazard Reduction
Program (NEHRP) como solos das classes E e F, nos quais se tem pouca evidência empírica do
comportamento sísmico. Para tal fim, foram comparadas a resposta sísmica real de um depósito de
solo mole com a resposta prevista pelo método de análise linear equivalente com o programa
SHAKE2000 e pelo modelo simplificado de Carlton 2014. O estudo foi feito para um depósito de
solo mole monitorado pela estação TKCH07 em Hokaiddo, Japão, da rede sismográfica KiK-net do
Japão, que tem a particularidade de dispor de um par de sismógrafos, um no fundo da perfuração no
contato com a base rochosa e outro na superfície. Os registros de acelerações no tempo dos sismos,
assim como as propriedades do perfil do solo, estão disponíveis na base de dados da National
Research Institute for Earth Science and Disaster Prevention (NIED) do Japão. O movimento
selecionado foi o sismo de Tohoku de 2011 de magnitude 9. As respostas estimadas mostraram uma
aceitável aproximação com a resposta real, porém apresentando picos de ressonância na
proximidade do período natural do depósito, comportamento não observado nos dados empíricos
pois a rigidez e o amortecimento mudam durante o movimento do terreno.

PALAVRAS-CHAVE: Resposta sísmica, solos moles, análise dinâmica, modelo simplificado de


Carlton 2014.

1 INTRODUÇÃO comportamento sísmico de solos NEHRP E e F.


A resposta sísmica do depósito foi prevista
A presente pesquisa tem foco na análise do com o programa SHAKE2000, com o método
comportamento sísmico de solos moles não linear equivalente, baseado na propagação
suscetíveis à liquefação, identificados pela vertical de ondas cisalhantes através de todo o
National Earthquake Hazard Reduction depósito de solo, originadas na base rochosa.
Program (NEHRP) e a International Building Os resultados também foram estimados
Code (IBC, 2012), como solos das classes E e mediante o modelo empírico proposto por
F, que incluem depósitos de argila mole, argilas Carlton (2014) baseado na análise 1D da
com alta plasticidade (IP>20) e solos orgânicos resposta dinâmica de sete depósitos de solo da
com velocidades médias de propagação de classe E e F, dos quais se dispunham de
ondas de cisalhamento, nos 30 metros informações detalhadas sobre as propriedades
superficiais, menor que 180 m/s e resistência ao do solo. Este modelo foi formulado em função
cisalhamento não drenada menor que 50 kPa. de parâmetros dinâmicos que incluem o período
Há pouca evidência empírica do natural do estrato de solo, espessura, a
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aceleração espectral da rocha, a velocidade Atkinson e Boore (2003) para fontes de


média de propagação da onda de cisalhamento, subducção do tipo interface, considerando uma
a deformação cíclica cisalhante média e a razão distância de 300 km e uma profundidade de
de resistência cíclica. ruptura de 24 km, de acordo com as
O estudo foi feito para um depósito de solo características reais do sismo Tohoku, para
mole correspondente a estação TKCH07 em produzir o espectro de resposta das acelerações
Hokaiddo, Japão, da rede sismográfica KiK-net na superfície do perfil de solo. O espectro é
do Japão que tem particularidade de ter um par mostrado na Figura 2 assim como o espectro de
de sismógrafos, um no fundo da perfuração no resposta real na base rochosa.
contato com a base rochosa e outro na
superfície. Os registros de acelerações no tempo
dos sismos, assim como as propriedades do
perfil do solo, estão disponíveis na base de
dados da National Research Institute for Earth
Science and Disaster Prevention (NIED) do
Japão. O movimento selecionado foi o sismo de
Tohoku de 2011 de magnitude 9.

2 ESTAÇÃO TKCH07 DA REDE


SISMOGRÁFICA KIK-NET
Figura 1. Registro de acelerações do sismo de Tohoku,
KiK-net é uma rede sismográfica operada pela 2011, na base do perfil de solo, no contato como a base
National Research Institute for Earth Science rochosa.
and Disaster Prevention (NIED) do Japão, que
consiste de pares de sismógrafos de alta
sensibilidade instalados no fundo dos furos de
perfuração e na superfície. Os dados geológicos
e geofísicos registrados em cada estação estão
disponíveis para consulta na internet. A estação
selecionada para o presente estudo foi a
TKCH07, localizada em um depósito de solo
mole da classe NEHRP F, cujas propriedades
estão descritas na seção 5.
A história de acelerações no tempo
utilizada na análise de propagação de ondas SV Figura 2. Espectro de acelerações do movimento
corresponde ao sismo Tohoku, ocorrido em registrado e previsto com a lei de atenuação de Atkinson
2011, com magnitude 9, registrado no fundo da e Boore (2003).
perfuração, a uma profundidade de 103m, no
contato com a base rochosa, conforme mostra a
Figura 1. O acelerograma foi corrigido por linha 3 DEGRADAÇÃO DO MÓDULO DE
base é filtrado pelo método de passa-banda CISALHAMENTO E AUMENTO DA RAZÃO
entre as frequências de 0.1 a 10 Hz. DE AMORTECIMENTO HISTERÉTICO
Para estimar a resposta com o modelo
simplificado de Carlton 2014 foi usado o Para uma análise de resposta dinâmica do sitio,
espectro de aceleração obtido mediante uma a rigidez e o amortecimento são as propriedades
análise determinística com a lei de atenuação de do solo mais importantes (Kramer, 1996). No
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modelo linear equivalente, as curvas de A figura 5 mostra curvas típicas de redução


degradação do módulo de cisalhamento do módulo de cisalhamento e de aumento da
representam a diminuição, com o nível das razão de amortecimento. Vucetic (1994)
deformações cisalhantes cíclicas (γ), do módulo dividiu-as em três regiões separadas por dois
secante normalizado em relação ao módulo de valores de deformação: a deformação cisalhante
cisalhamento máximo (Gsec/Gmax), enquanto que no limite elástico linear (tl) e deformação
a razão de amortecimento histerético D cisalhante no limite volumétrico elástico não
(independente da frequência) é proporcional à linear (tv). Para deformações cisalhantes
área da histerese no ciclo de carregamento – menores que tl o solo apresenta um
descarregamento, como mostra a Figura 3. comportamento linear elástico com o módulo de
cisalhamento máximo constante e o
amortecimento é mínimo e constante. Para
deformações cisalhantes entre tl e tv os solos
apresentam comportamento elástico não linear,
o módulo de cisalhamento degrada e o
amortecimento aumenta, porém a quantidade de
deformação plástica e a poropressão gerada são
desprezíveis com as deformações sendo
recuperadas no descarregamento.

Figura 3. Histerese no ciclo de carregamento –


descarregamento, com indicação do módulo de
Linear Não linear Não linear
cisalhamento secante G e da razão de amortecimento D Plástico
Elástico Elástico
no modelo linear equivalente.

A Figura 4 mostra a curva backbone,


correspondente aos valores extremos do ciclo
histerético para diferentes níveis de deformação Deformação Cisalhante (%)

cisalhante cíclica. Esta curva se aproxima


assintoticamente da resistência cisalhante do
solo τff para grandes deformações, enquanto que
Razão de Amortecimento (%)

a inclinação da mesma pela origem corresponde


ao módulo de cisalhamento máximo (Gmax). Não linear Não linear
Linear
Elástico Elástico Plástico

Deformação Cisalhante (%)

Figura 5. Curva de redução do módulo cisalhante (acima)


Curva Backbone
e aumento da razão de amortecimento (abaixo),
mostrando o limite elástico linear (tl) e o limite
volumétrico elástico não linear (tv).

Para deformações cisalhantes maiores que


Figura 4. Curva backbone que caracteriza o tv, os solos apresentam comportamento elasto-
comportamento dinâmico do solo. plástico não linear, com variação volumétrica e
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geração de poropressão não totalmente as amplitudes das ondas harmônicas para cada
recuperáveis no descarregamento. componente da frequência. As soluções destas
Para solos coesivos, o índice de plasticidade ondas harmônicas de cisalhamento, propagando
(IP) é o parâmetro de maior influência na verticalmente através do perfil de solo até a
definição das curvas de redução do módulo, superfície, são usadas para gerar as funções de
pois à medida que este aumenta a curva G/Gmax transferência para estimativa das amplitudes
é deslocada para direita, com o aumento do amplificadas (ou de-amplificadas) na superfície
valor do limite volumétrico elástico não linear do terreno. Este espectro de amplitudes na
(Vucetic and Dobry, 1991; Darendeli, 2001). superfície é transformado finalmente no
No presente estudo, para estimativa do módulo domínio do tempo por meio da FFT inversa
de cisalhamento e da razão de amortecimento (Kramer, 1996).
foram usadas correlações empíricas propostas No método linear equivalente, a resposta
por Darendeli (2001), em função do índice de sísmica é calculada em um processo iterativo no
plasticidade e tensão normal efetiva. qual o módulo de cisalhamento e a razão de
amortecimento são redefinidos em cada passo
de cálculo para os valores correspondentes à
4 ANÁLISE DE RESPOSTA SÍSMICA deformação cisalhante efetiva, esta geralmente
considerada como 65% da máxima deformação
4.1 Método Linear Equivalente cisalhante observada em toda a história de
acelerações. As iterações são executadas até que
O método linear equivalente é o mais a deformação cisalhante efetiva seja compatível
comumente usado para análises de resposta com os valores do módulo de cisalhamento e da
sísmica, pois é robusto, simples, flexível e razão de amortecimento adotadas no passo de
requer um baixo esforço computacional, pois cálculo atual.
tem a vantagem de aplicar o princípio da É importante observar que, neste método, o
superposição de soluções lineares, o que torna módulo cisalhante e a razão de amortecimento
possível a análise no domínio da frequência. ajustados na última iteração permanecem
Além disso, os parâmetros de entrada são constantes ao longo da análise, sendo que na
parâmetros físicos bem definidos como a realidade os parâmetros dinâmicos mudam
velocidade de onda de cisalhamento, peso constantemente em função do nível de
específico, curvas de redução de módulo de deformação que apresenta o material em cada
cisalhamento e aumento da razão de instante do movimento. Esta simplificação do
amortecimento para o perfil de solo, que podem comportamento não linear pode gerar respostas
ser obtidos de ensaios de campo ou laboratório que não correspondem à realidade devido aos
ou mediante correlações com outros parâmetros seguintes motivos:
geotécnicos. Estes parâmetros contrastam com
aqueles necessários para os modelos não - Quando a deformação cisalhante de pico é
lineares, que geralmente são parâmetros obtidos muito maior que a deformação cisalhante em
matematicamente por ajustes de curva, sem outros intervalos de tempo, pode resultar em
significado físico. uma subestimativa da rigidez e uma
A análise linear equivalente consiste em sobrestimativa do amortecimento.
converter o movimento do terreno de entrada na
base do perfil de solo, representado pelo - Quando a deformação cisalhante é
registro de acelerações no tempo, para o aproximadamente uniforme ao longo do tempo
domínio da frequência mediante a execução de pode resultar em uma sobrestimativa da rigidez
uma Transformada Rápida de Fourier (FFT - e uma subestimativa do amortecimento.
Fast Fourier Transform) com a qual são obtidas
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- Como a rigidez e o amortecimento não


mudam no tempo, altos níveis de amplificação Tabela 1. Propriedades do perfil de solo na estação
TKCH07.
podem ser previstos nas proximidades da
Prof. Esp. γ Vs τff Gmax
frequência natural do perfil de solo. Essas altas (m)
USCS
(m) (kN/m3) (m/s)
OCR IP
(atm) (atm)
ressonâncias não são observadas em
0.7 CH 0.7 15.5 80 5 80 0.03 99.9
observações empíricas porque a rigidez e
1.4 CH 0.7 15.5 80 4 80 0.0493 99.9
amortecimento em depósitos reais mudam
2.1 CH 0.7 15.5 80 3.5 80 0.0738 99.9
durante o movimento do terreno.
3.1 CH 1 16.5 110 3 80 0.1002 201.1
4.2 CH 1.1 16.5 110 2 80 0.1057 201.1
- O método linear equivalente é formulado em
termos de tensões totais e, portanto, não é 5.3 CH 1.1 16.5 110 1.5 80 0.1116 201.1

possível prever geração de poropressão, o que 6.4 CH 1.1 16.5 110 1.3 80 0.1242 201.1

eventualmente pode reduzir a rigidez e a 7.5 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.135 201.1

resistência das camadas de solo, resultando em 8.6 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.1574 201.1
ruptura para solos coesivos ou liquefação para 9.7 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.1797 201.1
solos granulares. 10.8 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.2021 201.1
11.9 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.2245 201.1
- O método também não prevê adequadamente 13 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.2469 201.1
a resposta do solo para grandes deformações, 14.1 CH 1.1 16.5 110 1.15 80 0.2692 201.1
pois comportamento do solo é altamente não 16 SM 1.9 17 200 2 60 0.4689 685
linear com significativas mudanças nos valores 18 SM 2 17 200 1.5 60 0.4252 685
de rigidez e amortecimento ao longo do tempo. 20 SM 2 17 200 1.3 60 0.4275 685
22 SM 2 17 200 1.3 60 0.4757 685
4.2 Propriedades do Perfil de Solo 24 SM 2 17 200 1.3 60 0.5239 685
26 SM 2 17 200 1.3 60 0.5721 685
O depósito de solo KIKNET consiste de 14
28 SM 2 17 200 1.3 60 0.6203 685
metros de argila de alta plasticidade, com uma
30 SM 2 17 200 1.3 60 0.6686 685
crosta altamente pré-adensada, seguida de 14
32 SM 2 17 200 1.3 60 0.7168 685
metros de areia siltosa de plasticidade
34 SM 2 17 200 1.3 60 0.765 685
moderada, 10 metros de areia siltosa de baixa
plasticidade e 55 metros de silte sobre uma base 36 SM 2 17 200 1.3 60 0.8132 685

rochosa situada a 103 metros de profundidade. 38 SM 2 17 200 1.3 60 0.8615 685

O perfil geotécnico na estação TKCH07 41 SW-SM 3 19 350 1.5 35 1.2538 2344.5

(coordenadas geográficas 42° 48’ 41’’ N, 143° 44.5 SW-SM 3.5 19 350 1.3 35 1.2383 2344.5
31’ 13’’ E), está disponível no Japanese 48 SW-SM 3.5 19 350 1.3 35 1.3677 2344.5
National Research Institute for Earth Science 53 ML/MH 5 18 500 3.5 100 3.3454 4532.9
and Disaster Prevention (NIED, 2012), 58 ML/MH 5 18 505 3 100 3.2789 4624
incluindo dados de velocidade de propagação de 63 ML/MH 5 18 510 2.75 100 3.3584 4716
onda S, espessura e tipo de camada de solo 68 ML/MH 5 18 515 2.5 100 3.3899 4809
(Tabela 1). 73 ML/MH 5 18 520 2.5 100 3.6679 4902.8
78 ML/MH 5 18 525 2.5 100 3.9459 4997.5
83 ML/MH 5 18 530 2.5 100 4.2239 5093.2
88 ML/MH 5 18 530 2.5 100 4.5019 5093.2
93 ML/MH 5 18 530 2.5 100 4.7799 5093.2
98 ML/MH 5 18 530 2.5 100 5.0579 5093.2
103 ML/MH 5 18 530 2.5 100 5.3359 5093.2
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em tensões efetivas para uma combinação de 15


4.3 Modelo de Darendeli (2001) sítios em 12 cenários de movimento do terreno.

Darendeli (2001) apresentou curvas de redução


de módulo cisalhante e aumento de
amortecimento com base em resultados

Redução do Módulo de Cisalhamento (G/Gmax)


experimentais de 110 amostras de solo
provenientes de 20 sítios, usando um método
bayesiano. Um equipamento combinando
Darendeli, M. (2001)
coluna ressonante e cisalhamento torcional foi Profundidade: 0.0 – 8.6m
utilizado para medir as propriedades dinâmicas
Darendeli, M. (2001)
do solo para baixas e altas deformações Profundidade: 8.6 – 32.0m
cisalhantes. Estas curvas, incorporadas no
programa computacional SHAKE2000, estão Darendeli, M. (2001)
Profundidade: 32.0 – 103.0m
disponíveis para uma faixa de valores de índice Rocha G/Gmax
(schnabel 1973)
de plasticidade e tensão confinante efetiva
expressa em atmosferas.
O perfil do solo estudado foi subdividido em Deformação Cisalhante (%)
40 subcamadas cujas propriedades estão listadas Figura 6. Curvas de redução de módulo de cisalhamento
na Tabela 1. Para executar a análise no de Darendeli (2001), para solo, e Schnabel (1973), para
programa SHAKE2000 as subcamadas foram rocha.
agrupadas em três camadas maiores, em função
da média dos valores do índice de plasticidade e
tensão confinante efetiva, representando o Darendeli, M. (2001)
comportamento dinâmico de cada camada pelas Profundidade: 0.0 – 8.6m

curvas incluídas no programa computacional, na


Razão de Amortecimento (%)

Darendeli, M. (2001)
faixa de valores das propriedades da Tabela 1. Profundidade: 8.6 – 32.0m

Adicionalmente, o embasamento rochoso


presente na base do perfil de solo, foi Darendeli, M. (2001)
Profundidade: 32.0 – 103.0m
caracterizado pelas curvas de redução de
Rocha G/Gmax
módulo cisalhante e aumento de amortecimento (schnabel 1973)

histerético desenvolvidas exclusivamente para


materiais rochosos por Schnabel (1973).
As Figuras 6 e 7 mostram as curvas do
modelo de Darendeli (2001) usadas na análise
de resposta sísmica, com indicação dos valores
das tensões confinantes efetivas médias e dos Deformação Cisalhante (%)

correspondentes índices de plasticidade. Figura 7. Curvas de aumento de razão de amortecimento


de Darendeli (2001), para solo, e Schnabel (1973), para
rocha.

5 MODELO SIMPLIFICADO DE O desenvolvimento do modelo foi feito em


CARLTON (2014) duas etapas, a primeira avaliando os efeitos dos
diferentes cenários de movimento e a segunda
O modelo simplificado de Carlton (2014) etapa determinando a influência das
para estimar o espectro de resposta sísmica para propriedades de cada sítio. Mediante processos
depósitos de solo tipo NEHRP E e F foi de regressão os resultados de ambas as etapas
baseado nos resultados de análises não lineares foram combinados para estimativas dos
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coeficientes do modelo final, expresso pelas Eq.


1, 2 e 3:
 Sa T  Rock  0.1 
ln  Amp T    f1 T   f 2 T   ln  
 0.1 
(1)

f1 T   c1 T   c2 T   ln Th   c3 T   ln Vsmean 
c4 T   ln   0.5,mean 
(2)

f 2 T   c5 T   c6 T   ln  CRRmin  (3) Figura 8. Registro de acelerações na superfície, real e


previsto com o programa SHAKE2000.
Onde Amp(T) é a amplificação definida como a
razão da aceleração espectral superficial no As Figuras 9, 10 e 11 mostram as
período T dividida pela aceleração espectral funções de transferência, espectros de Fourier e
esperada na base rochosa para o mesmo período espectros de resposta de acelerações,
T, Sa(T)rock é a aceleração espectral em rocha respetivamente.
para o período T, Th é a espessura total das
camadas moles (classe NEHRP E ou F) em
metros, Vsmean é a velocidade média de onda
cisalhante nas camadas moles em m/s, 0.5,mean é
a deformação efetiva cisalhante para
G/Gmax=0.5 nas camadas de solo mole em
porcentagem, CRRmin é o mínimo valor da
razão de resistência cíclica das camadas moles e
c1 a c6, são coeficientes dependentes do período
(Carlton 2014).
Figura 9. Funções de transferência entre a base e o topo
do perfil, determinadas com o registro real e da análise
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS com o programa SHAKE2000.

A Figura 8 mostra as histórias de aceleração do


movimento real registrado e a calculada com o
programa SHAKE2000 na superfície do
depósito de solo. Pode ser observado que a
resposta calculada no SHAKE2000 apresenta
aproximadamente a mesma forma do
movimento real, porém a resposta prevista
contém maior quantidade de picos do que a
resposta real, indicando uma maior intensidade
do movimento previsto. A máxima aceleração
do movimento real foi 0.04g enquanto a da Figura 10. Espectro de Fourier do movimento na
resposta computada no SHAKE2000 foi 0.05g, superfície registrado e obtido da análise com o programa
uma variação aceitável na estimativa deste SHAKE2000.
parâmetro.
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deformações elstoplásticas, variação


volumétrica irreversível e geração de
poropressões.

Figura 11. Espectro de resposta de aceleração do


movimento registrado, obtido com o programa
SHAKE2000, e o espectro estimado com o modelo
simplificado de Carlton (2014) a partir da lei de Figura 12. Distribuição com a profundidade das
atenuação de Atkinson e Boore (2003). acelerações horizontais máximas no perfil de solo.

Em cada gráfico são comparadas as respostas


obtidas com os dados registrados no sismógrafo
(resposta real), com aquelas previstas com o
modelo linear equivalente no programa
computacional SHAKE2000 e com o modelo
simplificado de Carlton (2014). De modo geral,
as respostas calculadas com o programa
SHAKE2000 são satisfatórias, em relação à
resposta real, observando-se, porém, picos de
amplificação por ressonância nas proximidades
do período natural de vibração do depósito de
solo (1.1s). Figura 13. Distribuição com a profundidade das
Na Figura 11 são comparados os espectros deformações cisalhantes máximas no perfil de solo.
de resposta de aceleração. No modelo de
Carlton (2014) a aceleração espectral na rocha
Sa(T)rock foi determinada com base na lei de 7 CONCLUSÕES
atenuação de Atkinson e Boore (2003),
obtendo-se resultados próximos do espectro Nesta pesquisa verificou-se uma limitação
obtido com as acelerações reais registradas. importante na aplicação do método linear
Finalmente, as Figuras 12 e 13 mostram a equivalente na análise da resposta sísmica de
distribuição com a profundidade da aceleração solos moles, pois a rigidez e o amortecimento
horizontal máxima e da deformação cisalhante computados não mudam com o tempo, ao
máxima, respetivamente. Observa-se que a contrário do comportamento do solo real,
aceleração horizontal máxima de 0.05g é resultando na previsão da ocorrência de picos de
relativamente baixa, mas a deformação amplificação nas proximidades da frequência
cisalhante máxima na camada mole é natural do depósito de solo (1,1s).
considerável, ultrapassando o limite Observou-se também que a resposta
volumétrico elástico não linear tv, o que indica calculada com o programa computacional
que a camada apresenta ocorrência de SHAKE2000 apresentou aproximadamente a
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mesma forma geral do movimento real, porém The University of Texas at Austin, 362 p.
contendo uma maior quantidade de picos. A
Kramer S. L. (1996), Geotechnical Earthquake
máxima aceleração do movimento real foi engineering, Prentice Hall, 673p.
registrada em 0.04g enquanto na resposta IBC (2012). International Building Code, by
calculada pelo SHAKE2000 foi 0.05g, uma International Code Council, Delmar Publishers.
variação aceitável nos valores deste parâmetro. Idriss, I. M., "Earthquake Ground Motions at Soft Soil
O método de Carlton (2014) para estimativa Sites" (1991). International Conferences on Recent
Advances in Geotechnical Earthquake Engineering
do espectro de resposta de acelerações também and Soil Dynamics.
forneceu valores adequados, podendo este NIED (2012). Base de dados online do Japanese National
método simplificado ser usado em estudos Research Institute for Earth Science and Disaster
preliminares do comportamento de depósitos de Prevention, http://www.k-net.bosai.go.jp/. Acessado
solo mole. em maio de 2018.
Schnabel et al., 1973. “SHAKE: A Computer Program for
Constatou-se nesta investigação que baixos Earthquake Response Analysis of Horizontally
níveis de aceleração são suficientes para Layered Sites”, Berkeley, University of California.
provocar consideráveis deformações Vucetic, M. and Dobry, R. (1991). “Effect of soil
elastoplásticas, variações de volume e geração plasticity on cyclic response.” Journal of Geotechnical
Engineering. ASCE, 117(1), 89–107.
de poropressão devido à grande
compressibilidade de solos das classes NEHRP
E e F.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi possível ao apoio do


governo de Brasil mediante as agências de
fomento de pesquisa Faperj e Capes.
Agradeço ao meu orientador Celso Romanel
por direcionar este trabalho, ao eng. Abel
Ordóñez, e aos colegas Carlo Aguinda, Paul
Pinedo e Karl Martins pelo valioso
conhecimento transmitido no desenvolvimento
deste trabalho.

REFERÊNCIAS

Atkinson, G. M. and Boore, D. M. (2003). “Empirical


Ground-Motion Relations for Subduction-Zone
Earthquakes and Their Application to Cascadia and
Other Regions”, Bulletin of the Seismological Society
of America 93 (4): 1703-1729.
Carlton B. (2014) “An Improved Description of the
Seismic Response of Sites with High Plasticity Soils,
Organic Clays, and Deep Soft Soil Deposits” A
Doctor of Philosophy Dissertation, University of
California, Berkeley, 845 p.
Darendeli M. B. (2001), “Development of a New Family
of Normalized Modulus Reduction and Material
Damping Curves”, Dissertation for the Ph.D. degree,

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