Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Projeto FAO TCP/BRA 3001
PREFÁCIO
3
Projeto FAO TCP/BRA 3001
RESUMO
Os recursos pesqueiros, como patrimônio ou bem comum de uma sociedade, são objeto de
norma regulamentadora conforme, previsto constitucionalmente. Nos últimos 50 anos, a
gestão dos recursos pesqueiros passou a merecer atenção especial do Estado em
decorrência, sobretudo, do crescimento da sua importância socioeconômica. A estrutura
institucional adotada pelo Estado para gestão da atividade pesqueira ao longo desse
período foi bastante variada. Essa sucessão pode ser dividida em três momentos bem
distintos, cada qual pela sua atuação, em maior ou menos escala dos organismos em suas
competências e atribuições. É característica comum a essas entidades o desempenho de
papéis de normatização, fiscalização, fomento e gestão do segmento aquícola e pesqueiro.
Em janeiro de 2003 é criada a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR. A
divisão de competências entre o Ministério do Meio Ambiente - MMA, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e Departamento de Pesca e
Aqüicultura do Ministério da Agricultura e Abastecimento - DPA/MAA foi mantida, apenas
substituindo-se o DPA/MAA pela nova Secretaria. Consequentemente, a competências dos
órgãos nas questões de ordenamento permanecem divididas.
Este documento contextualiza a situação atual do setor no Brasil, caracterizando sua
singularidade no contexto mundial, tanto devido ao grande potencial socioeconômico da
atividade produtiva, quanto ao marco institucional e suas implicações com relação às
competências, ordenamento, fomento e fiscalização. Nessa perspectiva, apresentam-se os
critérios técnicos e tendências mundiais em matéria organizacional de aqüicultura e pesca,
de maneira a brindar o assessoramento solicitado pelo Senhor Ministro de Aqüicultura e
Pesca (SEAP/PR) sobre opções institucionais para o Brasil.
Uma administração da pesca e da aqüicultura moderna requer uma estrutura institucional e
processos de tomada de decisão adequados. Os principais critérios técnicos a serem
considerados são as características especiais da aqüicultura e da pesca; a internacionalização
da atividade; a vinculação entre ordenamento e desenvolvimento sustentável; e a inter-relação
da atividade aquícola e pesqueira. Discutem-se também as tendências mundiais nessa matéria
e uma análise das diversas instituições mundiais responsáveis pelo tema. Com base nessa
análise, são apresentados os atributos necessários à modernização de uma administração
aquícola e pesqueira. Um importante aspecto visualizado nos modelos mundiais é a necessidade
de uma Instituição única responsável e capaz de instituir e formular uma Política Aquícola e
Pesqueira Nacional. Essa necessidade expõe uma questão a ser discutida e alinhada de modo a
promover o ordenamento e o fomento à atividade produtiva de forma sustentável e ambien-
talmente correta em se tratando da sua enorme potencialidade sócio-econômica.
Ao se analisar os pontos de questionamento com relação à situação atual e também sua
necessidade de modernização conforme os atributos apresentados, conclui-se que a
5
estrutura institucional vigente não está em consonância com a tendência mundial
apresentada. Além disso, verifica-se que a internacionalização da atividade também exige
uma adequação da estrutura institucional vigente. Ela deve estar desenhada de forma que
esteja apta a representar seu país em fóruns internacionais, assim como deve estar inserida
no governo com hierarquia suficiente para exercer a coordenação dos diversos organismos
relacionados à atividade aquícola e pesqueira, brindando com o apoio técnico necessário às
instituições relacionadas ao atendimento dos acordos internacionais estabelecidos e
vigentes. Soma-se a esse cenário a estrutura organizacional vigente da SEAP/PR.
Conclui-se que a continuidade dessa situação, tanto em aspectos estruturais como em sua
forma de organização, manteria e, provavelmente, aprofundaria as deficiências existentes e
relacionadas a uma adequada administração das atividades aquícolas e pesqueiras do país. A
manutenção da situação jurídica em que a SEAP/PR hoje se encontra não apresenta viabilidade
na sua continuidade. Da mesma forma, não há uma forte justificativa para melhorá-la em seus
aspectos organizacionais. Colocamos-nos diante da situação, a qual o Brasil necessita de uma
estrutura capaz de suplantar a visão histórica e dar continuidade a gestão dos recursos
aquícolas e pesqueiros em consonância com a sua importância ambiental e potencialidade
socioeconômica. Entretanto, essa nova visão implica em iniciar uma reforma institucional. Uma
reforma que esteja vinculada aos resultados dos trabalhos que as instituições vêm realizando.
Que esteja de acordo com os interesses nacionais e com as modernas práticas de gestão que
consideram a interação da atividade com o meio ambiente.
A partir dessa constatação, foram delineadas três alternativas distintas para a organização
de sua estrutura, sempre adotando como premissa um rol de funções e competências que
deverão estar vinculadas em consonância com as modernas práticas adotadas mundialmente e
os princípios do Código de Conduta para Pesca Responsável da FAO. As três alternativas
apresentadas são: a atribuição dessa autoridade à administração direta da União, um órgão
público do Poder Executivo Federal, ou seja, a denominação de Ministério da Aqüicultura e
da Pesca; a atribuição desta autoridade à administração indireta da União uma Autarquia
Federal Administrativa, ou seja, a criação de um Instituto; e por fim a atribuição dessa
autoridade à administração indireta da União, uma Autarquia Federal Reguladora e
Executiva, ou seja, a criação de uma Agência. Recomenda-se na adoção de qualquer uma
opções ser importante a revisão e adequação do marco jurídico na avaliação das propostas,
visando a sua correta implementação.
A atividade aquícola e pesqueira é de suma importância para o desenvolvimento do Brasil,
seja por considerar aspectos estratégicos, como defesa de fronteiras e integração nacional,
ou por avaliar seu potencial para sociedade como geradora de divisas, emprego e renda.
Assim, deve adotar uma estrutura institucional moderna, instituir o ordenamento e fomento à
atividade produtiva de forma sustentável e ambientalmente correta, assim como promover
sua potencialidade socioeconômica.
6 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
ABSTRACT
7
institutional structure in effect does not match the world trend presented. In addition to this, it can
be verified that the internationalization of the activity also demands the improvement of the
institutional structure in force. It must be designed in such manner as to be capable of
representing its country at international forums, at the same time as it should be inserted into the
government with sufficient hierarchy to be able to exercise the coordination of the various
organizations related to the aquiculture and fishing activity, providing the necessary technical
support to all the institutions involved in addressing the established international agreements that
are in force. To this scenario is added the current organizational structure of the SEAP/PR.
It is concluded that the continuation of this situation both in the structural aspects and in its
form of organization, would maintain and probably aggravate the existing deficiencies
regarding an adequate administration of the aquiculture and fishing activities of the country.
The maintenance of the legal situation in which the SEAP/PR is placed today, fails to present
feasibility of continuance. For the same reason, there is a strong justification to improve its
organizational aspects. We are faced by a situation in which Brazil needs a structure capable
of superseding the historical vision and providing continuity to the management of the
aquiculture and fishery resources in harmony with its environmental importance and socio-
economical potential for the country. However, this new vision entails initiating an institutional
reform; a reform that is linked to the results of the work being executed by the institutions;
that harmonises with the national interests and with the modern management practices that
take into account the interaction between the activity and the environment.
On the basis of this verification, three different alternatives were outlined for the organization
of the future structure, always adopting as a premise a role of functions and areas of
competence that must be linked to the modern practices adopted throughout the world and
the principles of the Code of Conduct for Responsible Fishing issued by the FAO. The three
alternatives are: the attribution of this Authority to the direct administration by the State, a
public organ of the Federal Executive Power, that is, the designation of the Ministry of
Aquiculture and Fishing; the attribution of this Authority to the indirect administration by the
State as an Autonomous Federal Administration, that is, the creation of an Institute; and
finally, the attribution of this Authority to the indirect administration by the State as an
Autonomous Federal Regulatory and Executive Entity, that is, the creation of an Agency. It is
recommended that in the adoption of any of these options it is important to consider the
revision and upgrading of the legal framework as a part of the evaluation of the proposals,
with a view to their correct implementation.
The aquiculture and fishery activity is of extreme importance for the development of Brazil,
both on account of strategic aspects, such as the defence of frontiers and national
integration, as also to evaluate its potential for society as a generator of foreign exchange,
employment and income. Thus, it must adopt a modern institutional structure, incorporating
the regulation and promotion of productive activity in a sustainable and environmentally
correct form, as well as promote its socio-economic potential.
8 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
SUMÁRIO
9
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................................... 77
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 81
ANEXOS.................................................................................................................................. 87
ANEXO 1 - FORMULÁRIO.................................................................................................... 89
ANEXO 2 - ENTREVISTAS REALIZADAS ........................................................................... 90
ANEXO 3 - INSTITUIÇÕES VINCULADAS AO CONAPE.................................................... 94
ANEXO 4 - MARCO HISTÓRICO ......................................................................................... 96
ANEXO 5 - DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL ............................................................ 98
ANEXO 6 - POTENCIAL DA AQÜICULTURA E PESCA BRASILEIRA ............................... 110
ANEXO 7 - EXEMPLOS DA CRESCENTE INTERNACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
E COMÉRCIO DOS PRODUTOS AQUÍCOLAS E PESQUEIROS E SUA
INTERAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE E AÇÕES DE PRESERVAÇÃO ....... 120
ANEXO 8 - CONSIDERAÇÕES SOBRE SERVIÇOS RELACIONADOS À GESTÃO
DOS RECURSOS AQUÍCOLAS E PESQUEIROS EM NÍVEL MUNDIAL ........ 123
ANEXO 9 - PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ORGANISMOS COMPETENTES
POR PAÍSES ...................................................................................................... 126
ANEXO 10 - TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA AQÜICULTURA E PESCA NA
AMÉRICA LATINA E CARIBE............................................................................ 128
ANEXO 11 - ASPECTOS DE ADEQUAÇÃO INSTITUCIONAL E ESTRATÉGICA
PARA ESTRUTURAÇÃO DA AUTORIDADE AQUÍCOLA E PESQUEIRA
NO BRASIL......................................................................................................... 132
ANEXO 12 - TENDÊNCIAS DE MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ................................ 135
ANEXO 13 - IMPLICAÇÕES JURÍDICAS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
E INDIRETA........................................................................................................ 137
10 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
1 INTRODUÇÃO E ANTECEDENTES
11
a) as propostas emergentes de processo de aprimoramento do Plano Estratégico
de Desenvolvimento Sustentável da Pesca e da Aqüicultura;
b) a forma Jurídica e Institucional que a SEAP/PR assumiria no final de seu
processo de transição como Secretaria Especial da Presidência da República.
Os resultados esperados pelo Governo com relação à atividade de assistência
técnica da FAO e as atividades que deveriam conduzir a sua obtenção encontram-se no
quadro 1.
Resultado 1
Proposta de estrutura para a SEAP/PR, levando em consideração os possíveis cenários de seu futuro desenvolvimento
orgânico, em consonância com sua competência legal, suas funções próprias e aquelas de outras institucionai,s no âmbito
federal ou estadua,l ligadas ao setor e prestando devida atenção ao plano estratégico de desenvolvimento sustentável da
aqüicultura e da pesca.
Atividade 1.1
Elaboração de uma metodologia integral para apoiar o processo de implantação dos núcleos estaduais de aqüicultura e
pesca da SEAP/PR e dos comitês regionais de gesta,o previstos no documento de “Projeto Político Estrutural”.
Atividade 1.2
Preparação de uma proposta de estrutura institucional para a SEAP/PR, que preveja em sua formulação opções para seu
desenvolvimento orgânico em médio prazo, em função dos objetivos para os quais foi criada.
Atividade 1.3
Organização de um programa de seminários de familiarização do pessoal técnico e gerencial da SEAP/PR, em nível central e
regional, com a natureza legal, orgânica e operativa da instituição e com a missão, os objetivos e os métodos de gestão.
FONTE: Projeto de Fortalecimento Institucional da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) - TCP/BRA/3001
Durante uma recente visita de uma Missão da FAO de apoio técnico ao Projeto,
que ocorreu em 7 de dezembro de 2005, o Secretario Especial de Aqüicultura e Pesca
Ministro José Fritsch solicitou que o assessoramento previsto pelo projeto em matéria
institucional levasse em consideração alguns aspectos que considerava de singular
importância. O Sr. Fritsch apontou que as opções institucionais a serem identificadas
deveriam, partindo da consideração da situação atual, constituir propostas que superassem
o presente, visando a uma modernização do setor público pesqueiro do Brasil, de acordo
com os desafios mais atuais, nacionais e internacionais, apresentados para a atividade de
aqüicultura e pesca responsável. A incorporação de tais opções deveria considerar uma
estrutura institucional que reconhecesse a necessidade de reunir as principais funções e
competências de ordenamento e fomento em uma única instituição, mencionando a
possibilidade de criação de um Ministério sem descartar outras opções possíveis, tais como
a figura de um Instituto ou de uma Agência.
12 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
13
2 ANÁLISE DO MARCO INSTITUCIONAL DO SETOR PESQUEIRO1
NO BRASIL
1
Entende-se por setor pesqueiro as atividades de aqüicultura e pesca.
2
Cabe ainda ressaltar a importância do período anterior a 1950, que nos remete à formação do Estado nacional
e do estabelecimento da Marinha de Guerra Brasileira, organismo intimamente ligado ao desenvolvimento da
atividade pesqueira no Brasil. (Anexo 4).
14 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
3
DIAS-NETO, J. Gestão do uso dos recursos pesqueiros marinhos no Brasil. Brasília: Edições Ibama.
2003. 242p.
4
DIEGUES, A. C. S. Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. São Paulo: Ática, 1993. 287p.
15
dificuldade de implantação, devida, em parte, ao período político econômico nacional, foi
agravada pela falta de estrutura operacional, alocação de meios e instabilidade
administrativa vivida pela instituição na época.
No início da década de 70 o Brasil vive o período de crescimento acelerado, o
chamado “milagre econômico”, segundo o qual crescer era importante e exportar era a
solução. Essa diretriz comprometeu os dois últimos PNDPs aprovados pela SUDEPE em
1974 e 1980. Entretanto, a falta de fundamentação técnica, aliada ao conturbado momento
político que gerava uma forte dificuldade na gestão da instituição, foi o fator responsável por
alguns dos fracassos atribuídos aos Planos.
Além disso, a autarquia passou a enfrentar uma série de denúncias de uso
inadequado de recursos públicos, culminando com a adoção de diversos projetos de
investimentos para o setor, economicamente inviáveis (DIAS NETO, 1996).5 A crise institucional
da SUDEPE pode ser em grande parte relacionada à crise do Estado, que ditada pelos impasses
econômicos, pelo sucateamento da sua infra-estrutura física e humana e pela dificuldade de
gestão adequada contribuiu fortemente para a crise institucional do Setor.
Em que se pese o entorno, durante a vigência da SUDEPE aumentou-se
consideravelmente a produção pesqueira no Brasil, além disso, modernizou-se a frota
pesqueira e a indústria de processamento de pescado. Também é notável a implantação
das bases da pesquisa pesqueira com o apoio da FAO e de investimentos no setor via
Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID.
Entretanto, a principal questão que pode resumir o aspecto institucional e fornecer
subsídios para a configuração de uma nova estrutura para o setor é, conforme cita Dias
(2003), o fato de a SUDEPE atravessar uma série de gestões e governos sem incorporar
uma cultura institucional única, o que a tornou carente de um conjunto de valores próprios
que conformasse um perfil, uma auto-imagem infundida e negociada com o ambiente.
A adoção de planos econômicos diversos, a necessidade de retomada do
crescimento frente a uma crise mundial e o forte autoritarismo, que permeou grande parte
do período de atuação da SUDEPE, são fatores considerados em sua análise institucional.
Esses fatores relativos ao momento nacional extraíram de grande parte das instituições
governamentais de apoio ao setor produtivo os instrumentos de política econômica e social,
sendo essas instituições apenas responsáveis pela sua implementação.
5
DIAS NETO, J. Diagnóstico da pesca marítima no Brasil. Brasília: IBAMA, 1996. 165p.
16 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
Este segundo momento vivido pela atividade passa a gestão dos recursos
pesqueiros, o patrimônio, os recursos orçamentários e financeiros, a competência legal, as
atribuições e o pessoal, a cargo do IBAMA. O Instituto incorpora a SUDEPE, além da
Secretaria Especial de meio Ambiente - SEMA, a Superintendência do Desenvolvimento da
Borracha - SUDVHEA e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF.
Cabe ao novo órgão, por meio de suas instâncias competentes, o papel de
coordenar, regulamentar, orientar e fiscalizar a execução das ações e atividades relacionadas à
gestão dos recursos pesqueiros. Além da realização das estatísticas pesqueiras, o IBAMA passa
a atuar como órgão de pesquisa, regulamentação e fiscalização do setor, focalizando suas
ações e políticas na necessidade de manutenção da biodiversidade aquática e costeira.
A característica da administração dos recursos pesqueiros desse período tem um
enfoque singular. Isso é devido tanto porque as funções e atribuições que eram setoriais se
disseminaram em uma estrutura funcional, como pela natureza de âmbito institucional
imediato, um organismo responsável pelo meio ambiente que concentrava as competências
de ordenamento e fomento à Aqüicultura e Pesca (GUMY, 1998)6.
6
GUMY, Angel. Relatório da Missão do Departamento de Pesca da FAO de apoio ao Departamento de Pesca e
Aqüicultura do Ministério da Agricultura e Abastecimento. 28 set.-9 out. 1998.
17
A gestão da atividade pesqueira pelo IBAMA teve em sua vigência uma
administração da atividade baseada, principalmente, na conservação e preservação dos
recursos pesqueiros, com poucas ações de incentivo ao desenvolvimento e fomento à
atividade (RELATÓRIO PNUD, 2003)7.
Em 1991 é editada a Lei da Política Agrícola, que vem a reforçar o disposto na
Constituição de 1988, considerando a atividade pesqueira como parte integrante da
atividade agrícola, marcando o período também por uma luta do setor no cumprimento
dessa normativa. Nesse sentido foi encaminhado ao Congresso Nacional pelo então
Presidente Itamar Franco, a Medida Provisória n.o 309/92 propondo, em sua primeira versão,
transferir para o âmbito do Ministério da Agricultura a competência sobre a aqüicultura e a
pesca, atribuída ao IBAMA.
A estruturação política do período também estava articulada à criação do
Ministério do Meio Ambiente8. Assim, promoveu um acordo entre o governo e as lideranças
do setor, de forma que seria omitido da lei de aprovação da Medida Provisória o dispositivo
sobre a definição da competência ministerial referente à pesca; mas em contrapartida, se
obrigaria o Executivo a encaminhar projeto de Lei no prazo de noventa dias, dispondo sobre
essa matéria. Assim foi sancionada a Lei 8.490/92 com essa atribuição.
Apenas em 1994, foi constituído um Grupo de Trabalho Interministerial pela
Portaria 02/94 no sentido de resgatar a invocação da Lei 8490/92. O trabalho desenvolvido
por esse Grupo, entre outras diversas questões, considerou que:
7
VASCONCELLOS, M.; DIEGUES, A. C.; SALES, R. R. Relatório PNUD integrado: diagnóstico da pesca
artesanal no Brasil como subsídio para o fortalecimento institucional da Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca, SEAP/PR 2004.
8
Em 1990 o Ministério do Interior foi extinto e o IBAMA passa a estar vinculado a Secretaria de Meio Ambiente
diretamente ligada a presidência da República. Em 1992 esta Secretaria é elevada a status de Ministério e em
1996 é criado efetivamente o Ministério do Meio Ambiente.
18 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
19
Logo em seguida é estruturado o Departamento Pesca e Aqüicultura (DPA) no
Ministério da Agricultura, com competências semelhantes às do Departamento de Pesca e
Aqüicultura - DEPAQ do IBAMA, visando também ao fomento e desenvolvimento da atividade.
A instalação do DPA não foi acompanhada de adequada estruturação ou
rebatimento funcional nas Delegacias Federais da Agricultura nos estados. Em Brasília, o
quadro foi parcialmente preenchido com funcionários do IBAMA. Ainda assim a alocação de
recursos humanos não foi suficiente para executar todas as suas atribuições, necessitando
preencher quadros com pessoal de outros organismos comissionados ou terceirizados.
A divisão de competências entre o IBAMA e o DPA/MAA continuou durante os dois
anos do referido Governo. Cabe ressaltar que na análise institucional o DPA foi um ponto de
partida para antigas reivindicações do setor pesqueiro e, em conjunto com outras
instituições competentes, levando-se em consideração as políticas de descentralização do
Poder Público e à adoção de critérios responsáveis de aqüicultura e pesca, contribuiu para
uma considerável melhoria dessa atividade no Brasil. Foi, inclusive, o responsável pela
edição do Decreto 2.869/1998, que regulamentou a cessão de águas públicas para
exploração da aqüicultura.
Diante da importância dessa atividade para o desenvolvimento do País, a partir de
2003 criou-se uma estrutura mais definitiva e focada na temática socioeconômica adotada
pelo atual governo. Com a eleição do atual governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva,
foi criada pela edição da Medida Provisória 1039 de 28 de maio de 2003, a Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP/PR), ligada à Presidência da República. Relevante,
no contexto, é o fato de essa Lei, em seu art. 23, estabelecer que a pesca deve ser
desenvolvida com respeito à legislação ambiental, mantendo a divisão de competências
estabelecida historicamente.
No que concerne ao seu aspecto histórico-institucional, a SEAP/PR herdou
funções e atribuições do extinto DPA - Departamento de Pesca e Aqüicultura, Ministério da
Agricultura e Abastecimento - MAA, além de novas atribuições com respeito à legislação
ambiental, conforme citado. As suas áreas de competência foram definidas pelo Decreto
4.670 de 10 de abril de 2003. A divisão de competências que havia entre o MMA, o IBAMA e
o DPA/MAA foi mantida, apenas substituindo-se o DPA/MAA pela SEAP/PR.
A aqüicultura e a pesca envolvem diretamente diferentes temas e interesses, os
quais atualmente são de competência de diferentes pastas públicas federais. Além do
9
Posteriormente transformada na Lei n.º 10.683.
20 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
IBAMA e Ministério do Meio Ambiente, outros organismos atuam com relevância neste setor,
Tal como foi citado anteriormente, em 1.º de janeiro de 2003 o Governo do Brasil
criou, com base na Medida Provisória n.º 103, posteriormente transformada na Lei 10.683/03, a
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP. Atendeu, assim, ao primeiro ponto da Carta
de Compromisso aos Pescadores apresentada em Agosto de 2002.11
10
De acordo com o Relatório de Auditoria Operacional da Secretaria de Controle Interno da Casa Civil
o
Presidência da Republica - CISET n. 1100008 de 14/01/2005;
11
O referido documento se compromete a criar o órgão. A citar: “Criar uma Secretaria Nacional de Pesca e
Aqüicultura, visando integrar os diversos Ministérios, que possuem relação com o setor pesqueiro de maneira
a compatibilizar as diversas ações relativas à pesca no País”.
21
A Secretaria Especial foi criada como um organismo no qual o status do
Secretário Especial é de Ministro de Estado, vinculado diretamente à Presidência da
República. No artigo 23 da mencionada Medida Provisória estabelece que à SEAP/PR.
1 Objetivos
1.2 Estruturar a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República – SEAP, transferindo
para esta o patrimônio da União cuja atividade esteja relacionada às suas atribuições e que se encontrem sob a
responsabilidade de outros órgãos federais, dotar a Secretaria de recursos humanos necessários para o
desempenho de suas funções, e centralizar todas as políticas de fomento para o setor, acabando com os
sombreamentos existentes.
a) Dotar a Secretaria de um quadro funcional, em Brasília e nos estados, compatível com suas atribuições.
b) Transferir imediatamente a estrutura do Departamento de Aqüicultura e Pesca para a Secretaria.
c) Constituir um quadro funcional, nas regiões e estados.
d) Estruturar escritórios da SEAP nas regiões e estados, a partir das unidades de aqüicultura e pesca existentes
nas delegacias regionais de agricultura.
e) Transferir à SEAP todo o patrimônio da União, que esteja sob a responsabilidade de outros órgãos, cujas
atividades estejam relacionadas com as atribuições da Secretaria.
f) Transferência para a SEAP das atribuições de gestão de recursos pesqueiros do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama.
22 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
23
2.3.1 Competências da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR
24 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
12
Isto determina que o indivíduo interessado não possui a obrigatoriedade de comparecer aos 2 órgãos para
executar ambos os registros. Na prática, conforme citado nas entrevistas, o sistema não está implementado e
o atual sistema informatizado não atende à demanda e não contempla todas as categorias de registros.
25
[...] normatizar e estabelecer, respeitada a legislação ambiental, medidas
que permitam o aproveitamento sustentável dos recursos pesqueiros
altamente migratórios e dos que estejam subexplotados ou inexplotados [...].
26 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
13
VASCONCELLOS, M.; DIEGUES, A. C.; SALES, R. R. Relatório integrado: diagnóstico da pesca artesanal no
Brasil como subsídio para o fortalecimento institucional da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, 2004.
27
A competência para fiscalização14 da aqüicultura e da pesca é claramente definida
na lei sendo competência do IBAMA. A SEAP/PR tem a competência do desenvolvimento e
fomento à atividade enquanto o IBAMA tem a competência sobre a sua fiscalização.
No entanto, a principal questão nessa situação de divisão de competências sobre
a pesca entre os órgãos ambientais e a SEAP, se refere ao ordenamento15 e leva em
consideração as práticas institucionais utilizadas internacionalmente nesta matéria.
Existe também, no que tange aos aspectos ambientais, uma lacuna na questão da
gestão da pesca amadora e da pesca científica, apesar de não haver legislação de
hierarquia superior que especifique a competência sobre essa questão. Na prática, a
competência é do Ministério do Meio Ambiente, sendo executada pelo IBAMA. Outra questão
que relaciona a SEAP/PR ao MMA atribui a ação conjunta do Ministério com a Secretaria em
assuntos relacionados ao organismo de Relações Exteriores.
O quadro 3 resume, de forma simplificada, a divisão de competências entre os
dois órgãos.
14
A Fiscalização é um conceito amplo e considerado um componente do Ordenamento. Dentro de seu contexto
engloba o chamado de SCV, que se refere ao controle das operações pesqueiras. O monitoramento, controle
e vigilância (SCV) da pesca é um componente essencial e integrante do ordenamento pesqueiro. A finalidade
do SCV é garantir que as medidas de ordenamento, uma vez acordadas e adotadas pela autoridade
competente, se apliquem plena e rapidamente. Para que os programas de SCV sejam eficazes é
imprescindível que os Estados desejem e sejam capazes de exercer um controle efetivo sobre seus barcos e
que, no caso da pesca internacional, o Estado adote medidas para garantir que seus barcos cumpram
plenamente as disposições pertinentes de direito internacional e os acordos sobre ordenamento em una
determinada pescaria. Fonte: http://www.fao.org/docrep/meeting/W3861S.htm
15
Segundo a FAO (1997), a definição adotada para ordenamento seria "O processo integrado de coleta de
informação, análise, planejamento, consulta, adoção de decisões, designação de recursos e formulação e
execução, assim como a imposição quando seja necessária de regulamentos ou normas que rejam as
atividades pesqueiras para assegurar a produtividade dos recursos e a realização de outros objetivos”. Fonte::
FAO Fishery Resources Division and Fishery Policy and Planning Division. Fisheries management. FAO
Technical Guidelines for Responsible Fisheries. No. 4. Rome, FAO. 1997. 82p.
28 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
FONTE: Elaborado com base na Lei 10.683 de 28 de maio de 2003, Decreto n.º 4.756, de 20 de junho de 2003 e Decreto
n.º 5.583, de 16 de novembro de 2005(4)
(1) Conforme a definição adotada nesse documento e para fins metodológicos, consideramos as atividades de pesquisa e
geração do conhecimento, assim como fiscalização e controle, como parte integrante do ordenamento
(2) A lei 10.683 é omissa em relação à pesquisa.
(3) A normatização da aqüicultura está omissa na Lei.
(4) O Decreto n.º 5.583, de 16 de novembro de 2005, instituiu ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA a competência para estabelecer normas para a gestão do uso sustentável dos recursos
pesqueiros de que trata o § 6.º do art. 27 da Lei n.º 10.683, de 28 de maio de 2003.
29
O setor produtivo da aqüicultura e pesca nacional se relaciona diretamente a duas
instituições responsáveis pela gestão da atividade. Estas apresentam distintas naturezas o
que gera, de certa forma, uma dificuldade na formulação e aplicação de normativas, assim
como no desenvolvimento de políticas para o setor, já que os usuários não identificam uma
única instituição responsável por toda a atividade no Brasil.
A questão mais importante de ser considerada nesse aspecto é que cada instituição
aqui citada tem suas atribuições e funções definidas por Lei, conforme quadro 3. Estas estão
bem claras, entretanto não existe, em nível institucional um único ente responsável pela
elaboração e formulação de uma Política Aquícola e Pesqueira brasileira, tal como é definida
pela FAO:16 “uma linha de ação adotada por aqueles com responsabilidade de uma determinada
área e expressada como declarações ou posições formais”.
Na prática há uma instância de consulta ao setor e à sociedade que condiz com a
formulação de um Projeto Político Estrutural pela SEAP/PR, entretanto este é documento de
planejamento. A Política Aquícola e Pesqueira brasileira, conforme definição, é uma questão
mais abrangente. Levando em consideração hoje as competências atribuídas do ponto de vista
institucional, não se pode designar apenas uma única instituição para fazê-lo. Nesse sentido, ela
é debatida por um grupo interministerial determinado por Decreto do poder executivo.
16
FAO/SIFAR. A feasibility study for a programme of strengthening fisheries management in ACP countries: a
sectoral approach. Rome: FAO, 2003.
30 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
2.4 Conclusões
31
3 CRITÉRIOS E TENDÊNCIAS PARA UMA ADMINISTRAÇÃO
MODERNA DOS RECURSOS PESQUEIROS
Em função da solicitação feita pelo governo brasileiro à FAO, o que justifica a ação
deste Projeto, e considerando a situação atual em que se encontra a estrutura institucional
responsável pela administração dos recursos aquícolas e pesqueiros no Brasil, o objetivo
desse capítulo é identificar critérios e tendências que possam caracterizar essa
administração. Para tanto, faz-se necessário levar em consideração os diversos fatores que
determinam esses caracteres, uma vez que são relevantes na definição de modelos
estruturais aplicáveis à realidade nacional.
A identificação de critérios e tendências modernas tem a principal função de nos
indicar quais aspectos devem ser considerados para identificar possíveis campos de
melhoria na questão institucional da aqüicultura e da pesca no Brasil.
Na continuidade se buscará identificar, com base na experiência internacional, os
atributos necessários que a experiência internacional indicaria como importantes de serem
considerados na adoção de uma gestão responsável da aqüicultura e da pesca e também
na adoção de uma moderna e eficaz gestão operacional. Para tanto, será avaliado o padrão
mundial, suas autoridades competentes, estruturas institucionais e relações estabelecidas.
Ao final, o panorama mundial será contrastado com a situação atual brasileira
para, a partir dessa avaliação, elaborar propostas de melhoria para a estrutura institucional
responsável pela administração aquícola e pesqueira no Brasil.
Pesca17
17
FAO. Relatório preparado para o Governo do Brasil sobre a estrutura do setor pesqueiro: sugestões para seu
fortalecimento no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) FIMLAP -
Informe de Campo 91/7. 1992. p.33.
32 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
33
possuir a propriedade do recurso, apenas do produto capturado, a ação dos
usuários sobre esse recurso é de extrema competitividade. Capital e mão-de-
obra são constantemente atraídos pelo setor, situação esta que pode levar à
sobreexploração do recurso. Esse fato ocorre porque, passado o ponto de
máximo rendimento sustentável em termos de esforço pesqueiro, a percepção
individual dos operadores é que sucessivos incrementos de esforço às
capturas poderiam seguir aumentando, ainda que a taxas menores que no
princípio da operação. Não obstante, ao continuar operando nesse nível, tais
incrementos não poderiam se sustentar a longo prazo, e, em conjunto,
certamente levaria à sobrepesca. O processo de investimentos em um regime
de livre acesso continua até se dissiparem os benefícios econômicos em
virtude dos rendimentos decrescentes por unidade de esforço de pesca.
Sendo o recurso pesqueiro auto-renovável, no entanto finito, pode-se chegar a
situações de esgotamento. Outro aspecto importante do comportamento dos
investimentos na atividade de pesca é que em uma pesca de livre acesso ou
fracamente regulada é mais fácil para os usuários entrarem do que saírem
dela. Alcançado um nível crítico de exploração, no qual enormes volumes de
capital e trabalho haviam sido aplicados no esforço produtivo, a saída do
recursos não só implicaria em um forte custo social como também econômico,
se levarmos em consideração a escassa mobilidade dos bens de capital
utilizados na atividade pesqueira. A esse contexto devem agregar-se os
investimentos no componente de transformação (plantas processadoras), que
apresenta grandes perdas pelas dificuldades de se garantir a constância na
produção primária dentro da cadeia produtiva.
d) Os investimentos em infra-estrutura. A atividade primária, tanto a industrial
quanto a artesanal, requer investimentos em infra-estrutura e serviços que
dificilmente poderão ser realizados com viabilidade econômica, sem alguma
forma de intervenção ou apoio do Estado.
e) A oferta e demanda de produtos pesqueiros. A inteiração da oferta e da demanda
de produtos aquícolas e pesqueiros é influenciada por importantes questões:
- A descontinuidade da produção é mais importante na pesca do que na
agricultura. O fator climático, a sazonalidade de muitas espécies e as
grandes flutuações de estoques (independentemente de sua sazonalidade
natural) é ainda dificilmente previsível.
34 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
Aqüicultura
18
Aqüicultura é o cultivo de organismos aquáticos incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas,
com algum tipo de intervenção no processo de criação para aumentar a produção, tais como atividades
habituais de semeadura de juvenis, alimentação, proteção da ação dos predadores etc. O cultivo também
implica a propriedade corporativa ou individual da população de peixes submetida ao cultivo. (FAO, 1997):
Aquaculture development. (FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, 5: 40 p.)
19
BARG, U.C. 1992. Guidelines for the promotion of environmental management of coastal aquaculture
development. Fish. Tech. Pap. 328. Rome: FAO. ISBN 92-5-103264-5. 122p.
20
ARNASON R. Aquaculture and fisheries interactions: implications for the global supply of fish (first rough draft)
A paper presented at the EAAE 95th Seminar The Economics of Aquaculture with respect to Fisheries”
Civitavecchia. Italy, December 9-10 2005.
35
Interação com relação aos insumos. Muitos tipos de aqüicultura requerem
como insumos, principalmente com propósitos de alimentação, produtos
pesqueiros. Esse tipo de interação entre a pesca e a aqüicultura poderia ter
implicações para a oferta global de produtos pesqueiros no futuro. Na medida
em que os produtos da aqüicultura são de demanda crescente, o setor, por
sua vez, demanda da mesma forma produtos para a alimentação, como
farinha de pescado (que utiliza como insumo pescado capturado). Essa
expansão em cadeia poderia exercer pressão sobre os preços desses
insumos, re-estabelecer por sua vez, o crescimento do esforço de pesca e ter
um impacto na dinâmica das populações de espécies demandadas com
propósitos de alimentação e, também, no equilíbrio do ecossistema
respectivo, afetando definitivamente a oferta de produtos de pesca de captura.
Interação com relação à oferta e aos mercados. Produtos pesqueiros
provenientes da aqüicultura e da pesca de captura competem nos mercados,
com conseqüências tanto para a indústria da aqüicultura como para a da
pesca de captura e também para os consumidores.
Interação com relação aos impactos no meio ambiente. Ainda que a
informação disponível sobre os impactos ambientais esperados ou potenciais
seja deficiente ou incompleta, sabe-se que a aqüicultura gera vários tipos de
agentes contaminantes que podem afetar as populações silvestres de peixes
e seu meio ambiente.
Interação com relação à gestão efetiva da pesca e da aqüicultura. A
aqüicultura é crescentemente um competidor com a pesca de captura por
espaços do ambiente aquático e um componente cada vez mais freqüente dos
esforços de ordenamento em zonas ribeirinhas, fluviais e marítimas. O
denominado “acesso aberto” tem sido por séculos uma prática habitual nas
pescarias. Aceita-se agora amplamente que a limitação e o controle estrito da
captura de populações silvestres são essenciais para a sustentabilidade. De
forma similar, para a aqüicultura se está produzindo uma mudança a respeito
de um ordenamento mais localizado e delimitado geograficamente,
especialmente no que se refere à gestão da água e controle das doenças
(sanidade). Isso significa que um ordenamento efetivo e com base em um
enfoque de ecossistemas da pesca e da aqüicultura é essencial para alcançar
os objetivos de longo prazo de desenvolvimento sustentável.
36 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
Esta definição é em geral válida para abordar os problemas da pesca, uma vez
que implica um crescimento dos benefícios derivados dos recursos aquáticos para a
sociedade sem aumentar a taxa de exploração ou de uso desses recursos além do nível
21
Extraído de: GUMY, et al. A estrutura do setor pesqueiro: sugestões para seu fortalecimento no Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Informe Preparado para o Governo do
Brasil. Informe de Campo 91/7 Programa FAO GCP/INT/466/NOR. Roma, 1992. GUMY, A. Modernização do
setor publico pesqueiro. Frente Maritimico, Montevidéu, v.19, Junho, 2003.
37
ótimo ou sustentável. Incorpora-se a esse contexto o fator ambiental como uma das
condicionantes da exploração.
Por outro lado, os limites do conceito de pesca responsável se encontram na
Declaração de Cancún: "A necessidade vital de que a pesca continue e se desenvolva
dentro de um sistema integral e equilibrado sob o conceito de "pesca responsável"; que esse
conceito abranja a utilização sustentável dos recursos pesqueiros de maneira harmônica
com o meio ambiente; que o uso de práticas de captura e aqüicultura não provoquem danos
aos ecossistemas, aos recursos ou a sua qualidade; que a incorporação do valor agregado
a esses produtos se dê mediante um processamento o qual satisfaça as normas sanitárias
requeridas; que o uso de práticas comerciais de maneira que o consumidor tenha acesso a
produtos de boa qualidade.
Ambos os conceitos, o de desenvolvimento sustentável e o da pesca responsável,
apontam que:
papel do Estado é necessário à atividade pesqueira, no mínimo como último
responsável da sustentabilidade dos recursos (ordenamento) e como promotor
de condições técnicas, econômicas e sociais para uma exploração com tais
objetivos. Assim é de importância fundamental o estabelecimento de
mecanismos adequados para compatibilizar a capacidade de pesca com os
recursos pesqueiros disponíveis.
um enfoque de desenvolvimento sustentável da atividade aquícola e
pesqueira considerando questões de viabilidade tecnológica, econômica,
social e ambiental que resultam em critérios sob os quais o Estado e em
particular a administração pesqueira deveriam executar seu papel.
A atividade pesqueira constitui um sistema que estabelece uma cadeia produtiva.
Segundo o conceito de pesca responsável, tal sistema deveria desenvolver-se de forma
integral e equilibrada para dentro e fora desse sistema. A administração pesqueira deveria
ser executada sob um enfoque que abranja o conjunto do sistema, incluídas as suas
relações com o meio que, nesse caso são fortemente internacionalizadas.
O conceito de sustentabilidade tem estado sempre incorporado ao de
ordenamento pesqueiro. Inclui a sustentabilidade dos recursos biológicos, seu valor
econômico e os benefícios sociais derivados da pesca.
Com freqüência os recursos pesqueiros são explorados de maneira não
sustentável, apesar dos marcos jurídicos vigentes e dos mecanismos institucionais
estabelecidos. A intervenção adequada do Estado no ordenamento pesqueiro é necessária
38 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
39
responsável pela sustentabilidade dos recursos e, dessa forma, o promotor das condições
técnicas econômicas e sociais para uma exploração sustentável dos recursos.
A utilização do enfoque de desenvolvimento sustentável da atividade aquícola e
pesqueira leva em consideração a viabilidade tecnológica, econômica, social e ambiental. A
administração dos recursos aquícolas e pesqueiros deve estar dotado de uma capacidade
técnica interdisciplinar que permita abordar adequadamente todas as dimensões apontadas.
O conceito de pesca responsável considera que a administração pesqueira deve
possuir, por meio de uma estrutura adequada, uma capacidade de visão que corresponda
de capacidade regulatória e envolva todo conjunto da cadeia produtiva, desde a produção
primária até a segurança do consumidor final. Uma estrutura institucional responsável
deveria levar em consideração o enfoque do conjunto, incluídas suas relações com meio
ambiente e sua forte relação internacional.
Assim, com base nessa exposição, é possível extrair algumas questões e
atribuições pertinentes a uma estrutura institucional adequada para realizar a gestão dos
recursos de aqüicultura e pesca de forma responsável e cumprir os objetivos definidos pelo
governo e a sociedade em geral. São elas:
A pesca constitui um sistema de relações complexo e com atores de diferente
natureza. Por outro lado o conceito de desenvolvimento sustentável abrange não somente
nos aspectos biológicos, mas também econômicos e sociais e, como conseqüência, engloba
o conjunto do sistema. Assim, uma estrutura institucional deve considerar todas as etapas
da cadeia produtiva.
O enfoque sistêmico não implica apenas no tratamento dos componentes internos do
sistema aquícola e pesqueiro. A sua gestão deve refletir em sua estrutura a união com os
componentes externos, ou seja, o marco normativo e especialmente, a política de meio ambiente.
O enfoque sistêmico sugerido não implica em um grau de intervenção direta igual
sobre cada um dos componentes do sistema produtivo pelo organismo gestor, mas, sim, em
uma articulação que leve em consideração a política econômica, social, setorial e ambiental
e também as diversas instituições que assumem responsabilidades relacionadas ao setor de
aqüicultura e pesca. Uma política de desenvolvimento sustentável adequada e com
viabilidade de ser aplicada implica que o Estado deve assumir responsabilidades condi-
zentes com o conjunto do sistema.
40 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
22
O conceito de planejamento pesqueiro considera as duas funções principais de uma estrutura institucional
para gestão de recursos: o ordenamento pesqueiro e a promoção de seu desenvolvimento (fomento). Ambas
as funções mantêm uma estreita relação, ainda que seu peso relativo seja diferente dependendo da situação.
A função de ordenamento, entendida como uma tarefa de manejo dos recursos e em geral como uma
regulação do esforço de pesca, incorporou recentemente a consideração dos aspectos econômicos, sociais e
comerciais. Em pescarias sobreexplotadas aponta para a preservação do recurso e para a reversão do quadro
de exploração. Em pescarias subexplotadas assume um caráter preventivo com o objetivo de evitar processo
de investimento que tende a afetar a sustentabilidade do recurso. A função de desenvolvimento aponta para a
promoção de um melhor aproveitamento dos potenciais pesqueiros e aquícolas, já que se trata daqueles em
explotação, subexplotados ou ainda não-explotados. Contém sempre implícita a função de ordenamento que
assume, como já mencionado, o caráter preventivo.
41
3.3 A Importância e Contribuição da Atividade para o Brasil
42 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
43
perfaz uma área média de 0,80 hectares/propriedades. A produção média é de 1,46
toneladas/ha. (BERNARDINO, 2001).23
Um exemplo do potencial que a atividade representa é o caso do mexilhão. Essa
cadeia produtiva gerou 5.000 postos de trabalho diretos e 10.000 indiretos na década
passada. Cerca de 90% destes aquicultores eram pescadores artesanais que descobriram
na maricultura uma nova fonte de emprego e renda. (APEC PROJECT, 2005).24
Ao se considerar o aspecto da geração de empregos e fonte de alimentos para o
contingente de brasileiros que vivem no litoral do país e áreas ribeirinhas, pode-se verificar a
real importância dessa atividade. A pesca nacional é uma das poucas atividades que
absorve mão de obra de pouca ou nenhuma qualificação, quer seja de origem urbana ou
rural, sendo em alguns casos a única oportunidade de emprego para certos grupos de
indivíduos, principalmente para a população excluída. Esses fatos demonstram que a pesca
brasileira é um componente fundamental para a socioeconomia brasileira.
A pesca situa-se entre as quatro maiores fontes de proteína animal para consumo
humano no país. Os recursos pesqueiros de suas águas marinhas e doces constituem uma
importante fonte protéica e um potencial para produção de alimentos. Por recomendação da
FAO, os produtos pesqueiros, graças a suas qualidades nutricionais, devem ter um consumo
mínimo de 12 kg/hab/ano. Entretanto, no Brasil o consumo ainda é inferior a esta média.
Nesse sentido a atividade demonstra um forte potencial. Durante o ano de 2003
se lançaram muitas campanhas de comercialização, centradas nos mercados nacionais e
internacionais. Para estimular o consumo de produtos do mar, incluíram-se nos programas
de alimentação de escolas públicas produtos gerados por meio da aqüicultura, com a
expectativa de que o consumidor da próxima geração comerá pescados regularmente. Em
se tratando do tamanho da população brasileira, o Brasil apresenta um grande mercado
interno para o consumo de parte de sua produção nacional dos próximos anos.
Entretanto, é importante verificar que a questão de segurança alimentar deve ser
considerada na implementação de políticas públicas. Por exemplo, existe o problema de
peixes mal preparados. A Organização Mundial da Saúde (CECARELLI e FIGUEIRA, 1999)25
23
BERNARDINO, G. Desenvolvimento da aqüicultura e meio ambiente. Belém: CEPENOR/IBAMA, 2001.
(mimeo).
24
NORAMBUENA, C. R.; GONZÁLES, P. E. (2005) A Feassibility Study on the Establishment of na Inter-
Governamental Mechanism for the Development Management of na Aquaculture Network in the Américas.
APEC FWG 2004/01 PROJECT.
25
CECARRELLI, P.C.; FIQUEIRA, L. B. Possíveis problemas de saúde devido ao uso de excretas na
aqüicultura. Panorama da Aqüicultura, jan-fev, 1999. p.22-23.
44 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
45
para classe economicamente ativa. Da mesma forma, uma atuação mais ativa de
embarcações brasileiras nos limites costeiros do país fortalece o processo de defesa dos
interesses marítimos nacionais.
A despeito da constatação da limitada produtividade da ZEE brasileira, há indícios da
presença de novos recursos que, mesmo com prováveis rendimentos restritos, poderão abrir
novas frentes de trabalho para a diversificação do esforço de pesca (MMA/IBAMA, 2001).
46 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
26
Produto do desenvolvimento histórico da pesca como atividade econômica dentro de um marco de
desenvolvimento tecnológico e crescimento populacional.
47
Nesse sentido, adotou-se em nível internacional um conjunto de instrumentos
legais especialmente a partir da Conferencia de Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD) de 1992, em que se expressou formalmente e com caráter global uma decisão
sobre a sustentabilidade do setor pesqueiro e se adotou um programa de ação (Agenda 21).
A CNUMAD foi responsável para que a conservação dos recursos pesqueiros e
seu meio ambiente incorporassem plenamente a perspectiva ambiental. Muitas das
questões que são atualmente objeto de debate, além das negociações internacionais sobre
o tema da pesca estão hoje relacionadas aos aspectos ambientais.
Em seguida à realização da CNUMAD, adotaram-se ainda que pendentes de
ratificação, o Acordo de Nova York sobre Populações de Peixes (1995) e o Acordo de
Cumprimento (1994). Em 1995 se adotou o Código de Conduta da FAO para a Pesca
Responsável (CCRP).27
O CCRP constitui um instrumento internacional que serve como um guia em matéria
de desenvolvimento sustentável da aqüicultura e da pesca, e sua aplicação se desenvolveu
posteriormente por meio de estabelecimento de vários acordos internacionais no âmbito da FAO.
Trata-se dos planos de ação internacionais (PAIs), que são instrumentos de aplicação voluntária
elaborados de acordo com o marco do código de conduta para a pesca responsável. Aplica-se a
todos os estados e instituições, assim como aos pescadores.
A Autoridade Nacional de Aqüicultura e Pesca Nacional deve considerar em aspecto
organizacional uma estrutura adequada e preparada para lidar com todas as questões de
âmbito internacional, inclusive com a responsabilidade de garantir o cumprimento dos acordos
estabelecidos.
Em um ambiente globalizado, e em especial para a atividade de aqüicultura e pesca,
seus principais requerimentos serão: um ordenamento confiável empregando técnicas
modernas e respeitando o Código de Conduta para pesca responsável; um forte componente de
pesquisa e estatística propiciando o conhecimento necessário ao tomador de decisão; e um
corpo técnico envolvido nas principais discussões internacionais, instruído com informações de
relevância de forma a assegurar os interesses nacionais e demonstrar que este estará
realizando suas atividades com procedimentos adequados ao desenvolvimento sustentável,
considerando, no entanto o estímulo à atividade produtiva de acordo com sua potencialidade
social e econômica.
27
Partindo da Convenção Nacional de Direito do Mar de 1982 (CNDM), na qual pela primeira vez ficaram
delimitadas a ZEE sobre a qual os estados exercem soberania, desde então o Brasil tem-se incorporado de
forma progressiva a fóruns internacionais de integração regional tais como COPACO, COPESCAL,
MERCOSUL. Todos estes com objetivos comuns, racionalizar processos de produção, otimizar as capturas e
adequar-se ao Código de Conduta para a Pesca Responsável de 1995, o que põe de manifesto a implicação
do estado brasileiro na promoção da pesca responsável.
48 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
49
Os Planos de Ação Internacionais e a Estratégia Global de Informação foram
acordados em consenso pelos países membros da FAO até esta data. Na continuidade
serão expostos alguns aspectos importantes de tais instrumentos, assim como as
implicações de seus requerimentos técnicos, de estrutura e de recursos humanos para as
instituições responsáveis pela administração dos recursos aquícolas e pesqueiros nacionais.
Os principais PAIs importantes28 para a questão institucional no Brasil são:
Plano de ação nacional para o ordenamento da capacidade pesqueira (PAN-
CAPACIDAD): O PAN-Capacidad estabelece que os Estados devam apresentar
28
Os outros planos são o PAN-TIBURONES que tem por objetivo assegurar a conservação e ordenamento dos
tubarões e seu aproveitamento sustentável a longo prazo e o PAN-AVES MARINAS que tem por objetivo
reduzir a captura acidental de aves marinhas na pesca de palangre.
29
O PAI-Tiburón estabelece em seu artigo 3.1 o seguinte: “Por pesca ilegal se entende as atividades
pesqueiras: 3.1.1 realizadas por embarcações nacionais ou estrangeiras em águas sob a jurisdição de um
Estado, sem a permissão deste, ou contrariando seus leis e regulamentos; 3.1.2 realizadas por embarcações
nacionais que são partes de uma organização regional de ordenamento pesqueiro competente, mas o fazem
contrariando as medidas de conservação e ordenamento adotadas e em virtude das quais os Estados estão
obrigados por tratados internacionais aplicáveis; e 3.1.3 violando as leis nacionais ou obrigações
internacionais, inclusive as contraídas pelos Estados com respeito a uma organização regional de
ordenamento pesqueiro competente”.
30
O PAI Tiburón estabelece em seu artigo 3.2 o seguinte “Por pesca não declarada se entende as atividades
pesqueiras: 3.2.1 que não são declaradas, ou são declaradas de modo inexato a autoridade nacional
competente, em contravenção de leis e regulamentos nacionais; e 3.2.2 realizadas em zona de competência
de una organização regional de ordenamento pesqueiro competente, que não foram declaradas ou foram
declaradas de modo inexato, em contravenção aos procedimentos da declaração da referida instituição”.
31
O PAI Tiburón estabelece em seu artigo 3.3 o seguinte “Por pesca não regulamentada se entende as
atividades pesqueiras: 3.3.1 na zona de regulação de uma instituição regional de ordenamento pesqueiro
competente, realizadas por embarcações sem nacionalidade, ou por embarcações que têm o distintivo de um
Estado que não é parte desta instituição, ou por una entidade pesqueira que não esteja em consonância com
as medidas de conservação e ordenamento da referida instituição, ou que as contradiga; 3.3.2 em zonas de
populações de peixes aos quais não se aplicam medidas de conservação ou ordenamento e naquelas em que
se realizam as ditas atividades pesqueiras de forma a transgredir as responsabilidades relativas a
conservação dos recursos marinhos vivos estas incumbidas ao Estado, em virtude de tratados internacionais.
50 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
eficazes e transparentes de amplo alcance para que atuem inclusive por meio de
suas organizações regionais de ordenamento pesqueiro pertinentes, estabelecidas
conforme o direito internacional. Os Estados e as organizações regionais de
ordenamento pesqueiro deveriam apresentar a FAO relatórios sobre o andamento
da elaboração e execução de seus Planos para impedir, diminuir e eliminar a
pesca INDNR, como parte de sua apresentação bienal de relatórios a FAO
coordenada com o Código de Conduta.
A Estratégia Global de Informação foi estabelecida para melhorar a situação
das tendências da pesca de captura. É um instrumento voluntário que se
aplica aos Estados e entidades. Seu objetivo principal é oferecer um marco,
uma estratégia e um Plano para melhorar os conhecimentos e a compreensão
da situação e as tendências da pesca como base para a formulação de
políticas e o ordenamento pesqueiro a favor da conservação e da utilização
sustentável dos recursos pesqueiros em seus ecossistemas. Essa estratégia
representa o compromisso dos países em melhorar e se adequar aos novos
desafios sobre o ordenamento e desenvolvimento sustentável da pesca em
seus sistemas de informação e estatísticas pesqueiras nacionais, com o
propósito adicional de contribuir para o monitoramento internacional do estado
dos ecossistemas.
Pode-se analisar que a internacionalização exige determinados requerimentos de
coordenação da Autoridade Aquícola e Pesqueira nacional. É importante que a instituição
responsável esteja em sintonia com as questões tratadas nos fóruns mundiais, além de
estar organizada de forma a atender os requisitos estabelecidos e acordados nos mesmos.
A internacionalização do comércio traz uma série de responsabilidades e
assuntos que devem ser cada vez mais debatidas. Quanto maior a presença brasileira nos
mercados mundiais, maior será a exigência por uma ação forte junto aos organismos
reguladores. Da mesma forma, as exigências comerciais trazem embutidas todas as
questões ambientais debatidas até aqui, pois elas estão intrinsecamente vinculadas ao
desenvolvimento da atividade produtiva.
Outro aspecto a ser observado é a necessidade de um forte preparo para
participação em rodadas internacionais de negociação visando ao bem estar do país, desde
o ponto de vista ambiental, os impactos na cadeia produtiva geradores de emprego e renda
até os interesses marítimos e de relações estratégicas.
51
Em suma, uma autoridade aquícola e pesqueira deve ter uma papel
determinante de forma a representar seu país e estar inserida no governo com hierarquia
suficiente para exercer a coordenação com os diversos organismos relacionados à
atividade, e da mesma forma brindar com apoio técnico necessário todas as instituições no
atendimento aos acordos internacionais estabelecidos.
Para tanto exige que a instituição tenha uma equipe fortemente capacitada e
dinâmica, em sintonia como os principais acontecimentos e tendências mundiais, além de
ser capaz de representar o país e defender seus interesses estratégicos junto a outros
órgãos de controle e regulação internacionais, assim como atender atributos e
requerimentos acordados em fóruns internacionais.
32
FAO (Food and Agriculture Organization) 1997, Fisheries Management, FAO. Technical Guidelines for
Responsible Fisheries n.4. Rome.
52 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
atividade. Esforços consideráveis foram feitos, ao longo das últimas décadas, para melhorar
sua administração e as estruturas institucionais relacionadas33 em diversos países.
Assim, na medida em que a formulação dos objetivos nacionais, em matéria aquícola
e pesqueira, devem levar em consideração o contexto internacional de notável influência, os
critérios de administração pesqueira moderna também devem evoluir nas suas formas de
ordenamento técnico e operativo, visando a garantir a sustentabilidade de recursos com
características especiais que, como tal, exigem uma administração singular e adequada.
Nesse sentido, esse tópico tem como objetivo apresentar as tendências
relacionadas à administração da aqüicultura e da pesca assim como modelos institucionais
implementados no mundo e que poderiam ser aplicáveis ou servir de componente norteador
na discussão da melhor estrutura institucional para o Brasil.
33
Verificar: FAO, (1997) Fisheries Management, FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, n.4, Rome
e OECD (2000), Transition to Responsible Fisheries: Economic and Policy Implications, Paris.
34
GUMY, A. Modernização do setor público pesqueiro. Frente Maritimico, Montevidéu, v. 19, junho, 2003.
53
Reforço ao processo de comércio da pesca, da aqüicultura e seus produtos, com
objetivo de promover a otimização dos benefícios econômicos, ambientais e sociais para o
setor produtivo.
Uma relação mais próxima entre o organismo responsável pela administração
aquícola e pesqueira e as questões de meio ambiente vinculadas à atividade. Melhoramento
da coordenação da cadeia produtiva e articulação com a formulação de estratégias,
políticas, programas de ordenamento e desenvolvimento aquícola e pesqueiro.
Uma percepção mais realista, à luz da experiência mais recente, na avaliação dos
potenciais econômicos, ambientais e sociais da aqüicultura e a conseqüente revisão das
estratégias globais para o seu desenvolvimento.
Atenção ao processo de conhecimento da política pesqueira internacional em
seus diversos aspectos e uma participação mais freqüente nas discussões a este respeito
que são celebradas nos foros internacionais mais representativos.
54 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
35
PEREIRA, F. JUSTE, J. Aspectos Técnico-Institucionais do Setor Pesqueiro Uruguaio. PROGRAMA DE
COOPERAÇÃO TECNICA FAO TCP/URU/2802. Abril, 2003.
55
recursos aquícolas e pesqueiros de importância tanto em volume quanto em
valor econômico, ou ainda em razão dos seus interesses marítimos.
segundo se refere a um cenário institucional em que a gestão dos recursos
aquícolas e pesqueiros tem seu organismo formulador de Políticas e norma-
tizador estruturado dentro de uma estrutura hierárquica estabelecida, em geral,
dentro de um Ministério, muito comumente o da Agricultura. Envolve uma grande
dependência do Ministério e pode resultar como conseqüência, uma atuação
como órgão normatizador e gestor, que não implica em uma consideração
especial das características peculiares de necessidades específicas do setor
pesqueiro. Uma grande parte dos países da América Latina se encontra nesse
modelo. As diferenças hierárquicas e de gestão dentro dos Ministérios vinculados
são bastante diversas, desde simples Divisões ou Departamentos até Vice
Ministérios ou Secretarias Nacionais. Pode-se considerar essa caracterização
hierárquica como resultado combinado da prioridade estabelecida pelo governo
para o setor e da importância socioeconômica do setor na estrutura econômica
política de cada um dos países.
Um terceiro cenário, que de certa forma expressa o grau de evolução das
Instituições pesqueiras mundiais e em especial na América Latina, refere-se
ao tipo de gestão na qual, apesar do organismo formulador de Políticas, e
normatizador, estar estruturado dentro de uma estrutura hierárquica de um
Ministério, este não é estritamente relacionado, como é o caso da Agricultura.
Além disso, possui um alto grau de competência jurídica, capacidade de
decisão, autonomia administrativa e financeira, e forte especialização técnica
que faz dessa instituição um excelente organismo para administrar
adequadamente os recursos do setor. Essa opção institucional expressa um
aumento da influência dos produtores do setor e também um aumento da
consciência da sociedade sobre a importância do mesmo. A influência
crescente de ambos os fatores gera uma decisão política que conduz ao
estabelecimento de instituições que atendem as exigências burocráticas
estatais e ao mesmo tempo respondem às necessidades específicas do setor.
Este figura jurídica institucional, em prática em alguns países como Uruguai e
Argentina, é normalmente um Instituto ou uma Comissão Nacional vinculada a
algum Ministério, mas com autonomia administrativa e financeira.
56 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
57
mencionam alguns atributos que a experiência internacional indicaria para ser levados em
consideração na adoção de uma gestão responsável da pesca.
A gestão e o fomento à aqüicultura e pesca devem integrar adequadamente
em seus aspectos institucionais e de estrutura, metodológicos e práticos as
dimensões sociais, econômicas e ambientais do desenvolvimento sustentável.
Com relação a este último, a instituição responsável deve considerar o
aspecto ambiental da atividade e estar estruturada de forma a considerar essa
questão em sua missão institucional, fator fundamental associado ao
desenvolvimento sustentável.
Um marco legal adequado e atualizado favorecendo em especial à criação de
leis de aqüicultura e pesca, além do estabelecimento de um forte sistema
regulatório e normativo.
Aspectos do organismo de gestão:
- Hierarquia institucional suficiente, de tal forma que permita autonomia
administrativa, financeira e de gestão do setor de aqüicultura e pesca,
necessária para poder atuar na tomada de decisões, com a rapidez requerida
pelo setor na aplicação dos princípios do Código para a Pesca Responsável.
- Capacidade suficiente de contratação pública e privada, de negociação
interinstitucional e de participação no âmbito internacional.
- Alto nível técnico de análise e multidisciplinariedade nos enfoques e
métodos de trabalho.
- Estrutura especializada que permita um enfoque na cadeia produtiva, como
um todo, na problemática do conjunto do sistema setorial e de cada um de
seus subsistemas.
- Adequada descentralização de funções.
Competências suficientes para liderar a coordenação com outras instituições
que tenham relações com a atividade.
Pesquisa aquícola e pesqueira. Trata-se de um elemento principal para apoiar a
tomada de decisões para a pesca e a aqüicultura responsáveis e deve contar
com autonomia de ação e os meios necessários para produzir os resultados
requeridos pelo organismo gestor em tempo e qualidade adequados. Deve-se
incorporar enfoques modernos, no sentido ambiental, tal como a integração da
pesca e a aqüicultura no ordenamento da zona costeira e a adoção de enfoque
de ordenamento pesqueiro com base nos ecossistemas.
58 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
3.7 Conclusões
59
ordenamento e desenvolvimento sustentável; inter-relação da atividade aquícola e pesqueira e
ainda analisar as diversas instituições mundiais responsáveis pelo tema.
A estrutura institucional adequada para a realidade brasileira deve considerar
todos esses aspectos e em grande parte está relacionada nos atributos citados no item 3.6
como necessários à modernização da administração aquícola e pesqueira. Não se pode
deixar de considerar nessa realidade a questão orçamentária derivada de políticas
macroeconômicas dos países em desenvolvimento. Contudo, desse ponto de vista, o
financiamento das atividades da administração pesqueira, um dos pontos mais fracos na
atualidade, poderia considerar desenhos alternativos aos usuais, que se sustentariam em
enfoques institucionais inovadores.
Além disso, tendo em vista as tendências mundiais, a apropriada execução das
funções por parte de uma estrutura institucional responsável pela gestão da aqüicultura e da
pesca requer: (a) multidisciplinariedade em seus processos de trabalho; (b) flexibilidade nos
mecanismos de formulação de estratégias, políticas, programas e projetos; (c) mecanismos
de consulta e participação dos operadores em níveis de formulação, execução, avaliação e
controle de suas atividades; (d) forte mecanismo de coordenação interinstitucional; (e)
rápida capacidade de tomada de decisão e adequada dotação orçamentária.
Diante dessas considerações, um importante aspecto visualizado nos modelos
mundiais, e considerado determinante para o desenvolvimento sustentável do setor, é a
necessidade de uma Instituição única e responsável, capaz de instituir e formular uma
Política Aquícola e Pesqueira Nacional. Expõe-se assim, uma questão a ser discutida e
alinhada de modo a promover o ordenamento e o fomento à atividade produtiva de forma
sustentável e ambientalmente correta diante da sua enorme potencialidade socioeconômica.
Em suma, com base na análise da situação atual apresentada no capítulo 2 e
todas as questões relacionadas neste capítulo, as quais, em sua totalidade, refletem as
principais tendências mundiais, fica evidente a necessidade de modernização e adequação
do marco institucional do setor público pesqueiro brasileiro, considerando, em especial, sua
potencialidade social e econômica, já discutida anteriormente.
60 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
61
imprescindíveis para o setor. Entre eles deve estar contemplada a exploração sustentável,
em consonância com as premissas do Código de Conduta para a Pesca Responsável, além
daqueles relacionados com a segurança alimentar, a geração de emprego e renda e a
diminuição da pobreza, entre outros.
36
PEREIRA, F. JUSTE, J. Aspectos técnico-institucionais do setor pesqueiro uruguaio. PROGRAMA DE
COOPERAÇÃO TECNICA FAO TCP/URU/2802. Abril, 2003.
62 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
uma Pescaria Responsável e uma forte relação com o setor privado, industrial
e artesanal, disponibilizando um mecanismo adequado de consulta e
participação dos setores interessados para requerer suas opiniões e informar-
lhes sobre as decisões que se estejam formulando ou implementando.
IV É importante considerar que se tenha adequada autonomia para tomada de
decisões, especialmente nas questões relacionadas ao ordenamento e
normatização. Sobre esse aspecto também há necessidade de um organismo
único centralizador de todo o ordenamento. Segundo Gumy (1998) citando
Sassay (1992), a luz das controvérsias relativas às competências sobre a
aqüicultura e a pesca, a missão da FAO de assistência ao IBAMA em matéria
institucional verificou que tecnicamente era conveniente conservar as
competências de ordenamento integradas em apenas uma instituição. E por
sua vez propor que a instituição mesma se constitua num contexto técnico,
político e administrativo adequado, tanto para o fomento quanto para o
ordenamento da aqüicultura e da pesca.
Ainda citando Gumy (1998), é possível que no contexto da Lei 8171 da
Política Agropecuária se coloque um conflito de competências sobre a origem
das iniciativas da política nacional aquícola e pesqueira. É possível também
que para tanto se proponham soluções que dividam as responsabilidades do
setor público federal relacionado à questão pesqueira entre várias entidades.
Entretanto, o adequado é que o conjunto de atividades públicas em nível
federal em matéria aquícola e pesqueira deve permanecer centralizado em
um único organismo. A atividade pesqueira é complexa, tanto pela
diversidade de produtos que a envolve, quanto pelos impactos ambientais
que produz e, sobretudo pelos impactos ambientais que recebe.37
V A pesquisa aquícola para contínua e permanente avaliação dos estoques dos
principais recursos pesqueiros e aqueles cuja exploração se queira implementar
deve ser incorporado no processo de ordenamento e é de extrema importância
para garantir o desenvolvimento sustentável dos mesmos.
VI Outra questão importante é considerar a necessidade de estatísticas
atualizadas, não apenas das capturas, mas também de outras variáveis
37
FAO, 1992 - Relatório preparado para o Governo do Brasil sobre a Estrutura do Setor Pesqueiro: Sugestões
para seu Fortalecimento no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
FIMLAP – Informe de Campo 91/7. p.33.
63
econômicas e sociais. É de extrema importância para a análise setorial e uma
tomada de decisão eficaz a atualização permanente dos dados.
VII Para garantir o cumprimento das normas de ordenamento e outras questões
legais aquícolas e pesqueiras é de extrema importância um adequado
sistema de monitoramento, controle e vigilância. Essa função, contrapartida
necessária da regulação, deve ser cumprida pelo organismo que implementa
e estabelece as normas, quando relacionadas diretamente à atividade, e deve
considerar o envolvimento da Guarda Nacional e da Marinha em defesa da
soberania e fronteiras nacionais.
VIII Considerar a necessidade de um núcleo de profissionais capacitados e
preparados para atuar com as questões internacionais, conforme citado
anteriormente.
IX Com relação às questões sanitárias que afetam a atividade, em virtude das
leis e estruturas estabelecidas no País, devem ser mantidas sua regulação e
fiscalização no órgão da agricultura.
X A aqüicultura no cenário brasileiro é uma prioridade e deve ser considerada
como tal por qualquer estrutura institucional responsável pela gestão dos
recursos aquícolas e pesqueiros. Esse setor tem um grande potencial de
expansão e deve contribuir em maior escala com a economia nacional. Essa
razão justifica uma área específica que tenha um corpo técnico especializado
e qualificado, assim como um orçamento adequado necessário para
implementação de Políticas e Programas, sempre relacionados a um
processo de planejamento estratégico do setor.
XI A comercialização da produção aquícola e pesqueira, assim como a
elaboração de produtos de maior valor agregado é um dos fatores que
condicionam e determinam o desenvolvimento do setor. Para agregar valor à
produção, se faz necessário estudar as possibilidades, ou seja, instituir áreas
de desenvolvimento tecnológico junto ao setor de pesquisa. Da mesma forma,
coordenar e avaliar esses estudos com as demandas do mercado mundial e
com a cooperação do setor privado. Não se pode dizer que a Autoridade
Aquícola e Pesqueira deva intervir na produção ou comercialização, salvo as
políticas públicas de fomento e sociais. Mas deve estudar e analisar seu
desenvolvimento para aconselhar da melhor maneira a atividade privada,
especialmente produtores artesanais de pequena escala, buscando envolvê-
64 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
65
acadêmico - quanto pela sociedade em geral. Da mesma forma, um
mecanismo de consulta para a instituição de políticas de acordo com a
realidade nacional.
XVI Finalmente, com relação à capacidade administrativa e jurídica do órgão, esta
deve ser compatível com a sua necessidade de solucionar aspectos
financeiros e burocráticos. Também seria importante caracterizá-la hierarqui-
camente segundo seu papel e importância dentro da esfera governamental e
dotá-la de pessoal qualificado, corpo técnico próprio e orçamento compatível
com suas funções.
66 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
67
A continuidade da situação atual em sua forma de organização manteria e
provavelmente aprofundaria as deficiências existentes e relacionadas a uma adequada
administração das atividades aquícolas e pesqueiras. As já mencionadas38 “áreas cinzentas”
em matéria de tomada de decisão manteriam as grandes dificuldades para se estabelecer
uma coordenação eficaz das diferentes atividades que, em conjunto, constituem o rol de
responsabilidades públicas do setor de aqüicultura e pesca.
Da mesma forma, ao analisarmos a tendência mundial em relação às questões de
ordenamento pesqueiro, com foco no desenvolvimento sustentável e práticas responsáveis de
gestão, vimos que o caso do Brasil é considerado singular.39 Existem outras opções adotadas
por diversos países, com sucesso, no sentido de garantir que o fomento à atividade seja
realizado de forma responsável sem que comprometa o desenvolvimento sustentável e
possibilite a atividade produtiva cumprir seu papel socioeconômico para o país.
Ainda assim, além de todas essas questões, ao se considerar uma revisão nos
aspectos de ordem organizacional, mencionados no diagnóstico apresentado no Anexo 3,
extrai-se algumas considerações. A princípio pela própria denominação da instituição. A
SEAP/PR foi criada como um órgão de assessoramento da Presidência da República. Está,
portanto, vinculada à Casa Civil. Conseqüentemente, tem um orçamento limitado, não tem
corpo técnico próprio e uma grande exposição. De certa forma, essa posição também
dificulta as ações de caráter executivas, típicas de organismo de fomento, pois não tem
flexibilidade administrativa e agilidade necessária para cumprir, adequadamente, o papel de
órgão centralizador das competências da aqüicultura e da pesca no Brasil. Outra questão é
a dificuldade de manutenção de adequado corpo técnico, pois não possui um quadro
funcional próprio.
A capilaridade das ações da SEAP/PR, em nível nacional, não tem atingido o
público-alvo uma vez que os escritórios estaduais e as gerências regionais contam com um
reduzido quadro de servidores, e carecem de corpo especialista nas áreas de aqüicultura e
pesca para atender demandas crescentes. Tal deficiência vem sobrecarregar as estruturas
técnicas e administrativas da Sede em Brasília/DF, além de prolongar o rito processual dos
inúmeros projetos a serem analisados.
Analisando um cenário no qual o Poder Público opte por extinguir as Secretarias
Especiais vinculadas à Presidência, isso pode representar para a SEAP/PR um retorno ao órgão
38
Relatório CISET, verificar item 1.3.2 em aspectos de ordenamento.
39
Verificar item 3.5 para modelos e tendências da gestão dos recursos aquicolas e pesqueiros mundiais.
68 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
69
administrativa, orçamento e corpo técnico próprio. Trazendo para sua
competência todo o ordenamento da atividade, assim como o papel de
fiscalizador e responsável pela realização de toda pesquisa, com a
necessidade de incorporação de patrimônio da União, relacionado aos centros
de pesquisa públicos e aos outros órgãos que atuam no setor da aqüicultura e
da pesca no Brasil conforme necessidade. Essa opção tem como premissa
que o Ministério seria o responsável pelo desenvolvimento da Política
Aquícola e Pesqueira nacional, assim como a executaria.
Uma segunda alternativa seria a atribuição dessa Autoridade à administração
indireta da União, uma Autarquia Federal Administrativa, ou seja, a criação de
um Instituto. Essa opção considera sua vinculação a um Ministério, mas com
autonomia administrativa, orçamento e corpo técnico próprio. Também
considera a unificação do ordenamento da atividade, assim como incorpora o
papel de fiscalizador e responsável pela pesquisa. Um Instituto deverá estar
obrigatoriamente vinculado a um Ministério e terá como papel assessorar e
executar a Política Aquícola e Pesqueira. Da mesma forma seu orçamento é
definido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, votada anualmente pelo
Congresso Nacional. Seus dirigentes são determinados pelo Poder Executivo.
Uma terceira alternativa seria a atribuição dessa Autoridade à administração
indireta da União uma Autarquia Federal Reguladora e Executiva, ou seja, a
criação de uma Agência. Esta opção também considera sua vinculação a um
Ministério, mas com autonomia administrativa, orçamento e corpo técnico
próprio. Também considera a unificação do ordenamento da atividade, assim
como incorpora o papel de fiscalizador e ser responsável pela pesquisa. Uma
Agência deverá estar obrigatoriamente vinculada a um Ministério com o papel
de assessorar e executar Política Aquícola e Pesqueira. Seu orçamento,
definido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, votada anualmente pelo
Congresso Nacional tem como peculiaridade um contrato de gestão com o
Ministério a que está vinculada. Seus dirigentes são determinados pelo Poder
Executivo com sabatina e aprovação pela instituição parlamentar e têm
mandato por período estabelecido.
O quadro 4 resume as três alternativas, incluindo seus aspectos jurídicos
relacionados.
70 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
QUADRO 4 - ALTERNATIVAS PARA ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA O SETOR DE AQÜICULTURA E PESCA NO BRASIL
FONTE: Os autores
(1) O art. 48, inciso XI da Constituição Federal dispõe que a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública cabem ao Congresso Nacional, com sanção do Presidente da República, ou seja, exige a
participação do Poder Executivo. Corroborando com o mencionado artigo encontra-se o art. 61 § 1.º, alínea “e” que dispõe que criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública é iniciativa privativa do
Presidente da República, ou seja, a discussão legislativa depende de iniciativa do Presidente da República.
(2) A Emenda Constitucional 19, de 1988, estabeleceu que somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. Entidades Autárquicas - são Pessoas Jurídicas estatais autônomas, criadas por lei e exclusivamente administrativas, ou seja, são
entes descentralizados com funções administrativas ou de gestão de serviços públicos específicos. Assim, em relação às autarquias, a Constituição Federal exige a edição de lei ordinária específica para sua
criação, dependendo de iniciativa do Presidente da República.
71
Alternativa 1: Estabelecimento da Autoridade Aquícola e Pesqueira Nacional
Atividade no País
72 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
40
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1998.
73
uma alta competência jurídica, forte capacidade de decisão, autonomia administrativa e
financeira, e adequada especialização técnica. Desde que se atenda aos requisitos jurídicos
para contratação de pessoal público por meio de concurso público.
A mesma ponderação a respeito de superposição de atributos e funções na opção
por um Ministério deve ser considerada. Para que esta alternativa seja adotada com
sucesso, deve haver uma profunda revisão das competências de todos os órgãos públicos
que têm suas funções relacionadas com a atividade de aqüicultura e pesca, de forma a
centralizar as competências e extingui-las de seus órgãos de origem. Logicamente, essa
proposta deve ser feita de forma a se adequar ao marco normativo nacional e internacional,
além de considerar aspectos do contexto institucional vigente.
Com relação às suas funções e competências, deveria considerar a centralização
de todas as funções discutidas no item 4.1.1 excetuando a questão sanitária, que deveria
continuar relacionada à pasta da agricultura, entretanto com forte vinculação.
Outra questão analisada no contexto mundial é o sucesso de instituições dessa
natureza, relacionadas a um Ministério que não seja o da Agricultura. Notadamente, as
instituições estão vinculadas ao Ministério da Economia, ou Indústria e Comércio Exterior.
74 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
75
exclusivas do Estado, as prerrogativas de fiscalização, regulação, arrecadação e polícia
seriam desempenhadas pelas agências autônomas com novos instrumentos de controle.
A mesma ponderação a respeito de superposição de atributos e funções na opção
por um Ministério deve ser considerada. Para que esta alternativa seja adotada com
sucesso, deve haver uma profunda revisão das competências de todos os órgãos públicos
que têm suas funções relacionadas com a atividade de aqüicultura e pesca, de forma a
centralizar as competências e extingui-las de seus órgãos de origem. Logicamente, essa
proposta deve ser feita de forma a se adequar ao marco normativo nacional e internacional,
além de considerar aspectos do contexto institucional vigente.
Com relação as suas funções e competências, deveria considerar a centralização
de todas as funções discutidas no item 4.1.1, excetuando a questão sanitária que deveria
continuar relacionada à pasta da agricultura, entretanto com forte vinculação. Outra questão
analisada no contexto mundial é o sucesso de instituições dessa natureza relacionadas a
um Ministério que não seja o da Agricultura. Notadamente, as instituições estão vinculadas
ao Ministério da Economia, ou Indústria e Comércio Exterior.
Por fim, a opção jurídica que considera os aspectos relacionados no Anexo 13, e
é, sabidamente, uma decisão que envolve os meios políticos. Deve, entretanto, ser feita com
cuidado e com base em uma premissa estratégica, que é o atendimento e a promoção do
desenvolvimento sustentável da atividade, empregando práticas responsáveis de gestão.
Para tanto, deve procurar unificar todas as competências de ordenamento, fiscalização e
fomento, inclusive considerando que o fomento deve ser direcionado conforme a avaliação
de um diagnóstico setorial, o qual deve contar com estatísticas confiáveis e um processo de
pesquisa adequado e em consonância com o mercado. Além de considerar, em última
instância, as implicações ambientais, sociais e econômicas decorrentes.
76 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
77
Da mesma forma, ao analisarmos a tendência mundial em relação às questões de
ordenamento pesqueiro, com foco no desenvolvimento sustentável e práticas responsáveis de
gestão, verificamos que o caso do Brasil é considerado singular. Existem outras opções
adotadas por diversos países, com sucesso, no sentido de garantir que o fomento à atividade
seja realizado de forma responsável, sem que comprometa o desenvolvimento sustentável e
possibilite a atividade produtiva cumprir seu papel socioeconômico para o país.
Ainda com relação às tendências mundiais, verifica-se que a internacionalização
da atividade também exige uma adequação da estrutura institucional vigente. Ela deve estar
desenhada de forma que esteja apta a representar seu país em fóruns internacionais, assim
como deve estar inserida no governo com hierarquia suficiente para exercer a coordenação
dos diversos organismos relacionados à atividade aquícola e pesqueira, brindando com o
apoio técnico necessário todas as instituições relacionadas ao atendimento dos acordos
internacionais estabelecidos e vigentes.
Soma-se a esse cenário a estrutura organizacional vigente da Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR. A Secretaria foi criada como um órgão de assessoramento da
Presidência da República e está, portanto, vinculada à Casa Civil. Em conseqüência tem um
orçamento limitado e uma grande exposição. De certa forma, essa posição também dificulta as
ações de caráter executivo, típicas de organismo de fomento, pois não tem flexibilidade
administrativa e agilidade necessária para cumprir adequadamente o papel de órgão
centralizador das competências da aqüicultura e da pesca no Brasil. Além disso, não possui um
quadro funcional próprio.
A estrutura formalmente aprovada para a SEAP/PR funciona de forma adaptada as
suas reais necessidades. É evidente a diferença entre a estrutura aprovada e a informal
vigente. A capilaridade das ações da SEAP/PR em nível nacional também não tem atingido o
público alvo uma vez que os escritórios estaduais e as gerências regionais contam com um
reduzido quadro de servidores e carecem de corpo especialista nas áreas de Aqüicultura e
Pesca para atender demandas crescentes. Tal deficiência vem a sobrecarregar as
estruturas técnicas e administrativas da Sede em Brasília/DF, além de prolongar o rito
processual dos inúmeros projetos a serem analisados.
Conclui-se que a continuidade dessa situação tanto em aspectos estruturais como
em sua forma de organização, manteria e provavelmente, aprofundaria as deficiências
existentes e relacionadas à uma adequada administração das atividades aquícolas e
pesqueiras do país. Sendo assim, avalia-se que a manutenção da situação jurídica em que
a SEAP/PR hoje se encontra não apresenta viabilidade na sua continuidade. Da mesma
forma, não há uma forte justificativa para melhorá-la em seus aspectos organizacionais.
78 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
79
A atribuição dessa Autoridade à administração indireta da União, uma
Autarquia Federal Administrativa, ou seja, a criação de um Instituto. Essa
opção considera sua vinculação a um Ministério, mas com autonomia
administrativa, orçamento e corpo técnico próprio. Também considera a
unificação do ordenamento da atividade, assim como incorpora o papel de
fiscalizador e responsável pela pesquisa. Um Instituto deverá estar
obrigatoriamente vinculado a um Ministério e terá como papel assessorar e
executar a Política Aquícola e Pesqueira. Da mesma forma, seu orçamento é
definido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, votada anualmente pelo
Congresso Nacional. Seus dirigentes são determinados pelo Poder Executivo.
A atribuição dessa Autoridade à administração indireta da União, uma
Autarquia Federal Reguladora e Executiva, ou seja, a criação de uma
Agência. Essa opção também considera sua vinculação a um Ministério, mas
com autonomia administrativa, orçamento e corpo técnico próprio. Também
considera a unificação do ordenamento da atividade, assim como incorpora o
papel de fiscalizador e ser responsável pela pesquisa. Uma Agência deverá
estar obrigatoriamente vinculada a um Ministério com o papel de assessorar e
executar Política Aquícola e Pesqueira. Seu orçamento deverá ser definido
pela Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, votada anualmente pelo
Congresso Nacional e como peculiaridade deve ter um contrato de gestão
com o Ministério a que está vinculada. Seus dirigentes são determinados pelo
Poder Executivo com sabatina e aprovação pela instituição parlamentar. O
mandato tem período estabelecido.
Por fim, recomenda-se que, na adoção de qualquer uma das opções é importante
considerar a revisão e adequação do marco jurídico na avaliação das propostas, visando a
sua correta implementação.
A atividade aquícola e pesqueira é de suma importância para o desenvolvimento
do Brasil, seja por considerar aspectos estratégicos, como defesa de fronteiras e integração
nacional, ou por avaliar seu potencial para sociedade como geradora de divisas, emprego e
renda. Assim, deve adotar uma estrutura institucional moderna, instituir o ordenamento e
fomento à atividade produtiva de forma sustentável e ambientalmente correta, assim como
promover sua potencialidade socioeconômica.
80 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, O. T.; McGrath, D. G.; Ruffino, M. L. The commercial fisheries of the lower Amazon: an
economic analysis. Fisheries Management and Ecology, v.8, n.3, p.253-269, 2001.
ANA - AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS 2002. A evolução da gestãodos recursos hídricos no
Brasil. Brasília. 32p.
ARNASON R. Aquaculture and Fisheries Interactions: Implications for the global supply of fish (first
rough draft) A paper presented at the EAAE 95th. Seminar The Economics of Aquaculture with
respect to Fisheries, 2005.
ASSAD, L. T., GOTFRIT, C. W. Acuicultura en Brasil: el despertar de un gigante. II Parte. In: TIMM,
José Ubirajara Coelho de Souza. Entrevista concedida. Revista Aqua, Santiago-Chile: Fundacion
Chile, ano 17, n.101, p.52-57, diciembre 2005.
BORGHETTI, N. R. B.; Ostrensky, A.; Borghetti, J. R. Aqüicultura: uma visão geral sobre a
produção de organismos aquáticos cultivados no Brasil e no mundo. Grupo Integrado de Aqüicultura
e Estudos Ambientais. Curitiba, 2003. 128p.
BOUDE J. P.; BONCOEUR J.; BAILLY D. Regulating the access to fisheries: learning from European
experiences. Marine Policy, v.25, Issue 4, p.313-322, 2001.
BRASIL (1987). Decreto-lei n.º 221, de 28 de fevereiro de 1967 - dispõe sobre a proteção e estímulos
à pesca e dá outras providências.
BRASIL (1989). Lei n.° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 - dispõe sobre a extinção de órgão e de
entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
e dá outras providências.
BRASIL (1992). Lei n.° 8.490, de 19 de novembro de 1992 - dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências.
BRASIL (1995). Decreto n.º 1.697, de 13 de novembro de 1995 - cria o Grupo-Executivo do Setor
Pesqueiro - GESPE, e dá outras providências.
BRASIL (1998). Lei n.º 9.649, de 27 de maio de 1998 - dispõe sobre a organização da Presidência da
República e dos Ministérios, e dá outras providências.
81
BRASIL (1999). Decreto n.º 2.972, de 26 de fevereiro de 1999 - aprova a estrutura regimental e o
quadro demonstrativo dos cargos em comissão do grupo - Direção e Assessoramento Superiores -
DAS e Funções Gratificadas - FG do Ministério do Meio Ambiente, e dá outras providências
BRASIL (2003). Decreto n.º 4670 de 10/04/2003, aprova a estrutura regimental da Secretaria Especial
de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR.
BRASIL (2003). Lei n.º 10.683, de 28 de maio de 2003 - dispõe sobre a organização da Presidência
da República e dos Ministérios, e dá outras providências.
BRASIL (2005). Decreto n.º 5.583, de 16 de novembro de 2005. Regulamenta o § 6.º do art. 27 da Lei
n.º 10.683, de 28 de maio de 2003, e dá outras providências.
CARVALHO FILHO, Jose dos Santos. Manual de direito administrativo. Rio de Janeiro: Lúmen
Júris, 2002.
CASTOR, B. O Brasil não é para amadores: estado, governo e burocracia na terra do jeitinho.
Curitiba: EBEL: IBQP-PR, 2000. 270p.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 5.ed. São Paulo: Makron Books, 1997.
COXSENIOR, Anthony. Fisheries Management: Governance Issues. Public goods, governance and
fisheries management costs. XV EAFE Conference, France, 2003.
DE LIMA, J. A. F. A pesca no pantanal de Mato Grosso: (Rio Cuiaba: Importância dos peixes
migradores). ACTA AMAZON, p.16-17, p. 87-94, 1987.
DIAS NETO, J. Diagnóstico da pesca marítima no Brasil. Brasília: IBAMA, 1996. 165p.
DIAS-NETO, J. Gestão do uso dos recursos pesqueiros marinhos no Brasil. Brasília: IBAMA,
2003. 242p.
DIEGUES, A. C. Brazil: environmental impact assessments. The view from the other side.
SAMUDRA-Rep. 16: 3-9, 1996. .
FAO - Food and Agriculture Organization. Relatório preparado para o Governo do Brasil sobre a
estrutura do setor pesqueiro: sugestões para seu fortalecimento no Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) FIMLAP. Informe de Campo, 91/7, p.33, 1992.
FAO. Inland Fisheries. FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.6, 1998. 40p.
FAO. A fishery manager’s guidebook. Management principles and their application. FAO Fisheries
Technical Paper, Rome, n.424, 2002.
82 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
FAO. Aquaculture development. FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.5,
1998. 40p.
FAO. FAO regional workshop on the elaboration of national plans of action to prevent, deter and
eliminate illegal unreported and unregulated fishing – Pacific Islands Subregion. Nadi, Fiji, 29 August-
2September, 2005. FAO Fisheries Report, n.786, 2005.
FAO. FAO worldfish center workshop on interdisciplinary approaches to the assessment of small-scale
fisheries. Rome, 20-22 September, 2005. FAO Fisheries Report, n. 787, 2005.
FAO. Fisheries Management, FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.4, 1998.
FAO. Fisheries Operations. FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.1,
1996.
FAO. Implementation of the international plan of action to deter, prevent and eliminate illegal,
unreported and unregulated fishing. FAO Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome,
n. 9, 2002.
FAO. Increasing the contribution of small-scale fisheries to poverty alleviation and food security. FAO
Technical Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.6, 2005. 40p.
FAO. Indicators for sustainable development of marine capture fisheries. FAO Technical Guidelines
for Responsible Fisheries, Rome, n.8, 2000. 40p.
FAO. Integration of Fisheries into coastal area. FAO Technical Guidelines for Responsible
Fisheries, Rome, n.3, 1998.
FAO. Precautionary Approach to Capture Fisheries and Species Introduction. FAO Technical
Guidelines for Responsible Fisheries, Rome, n.2, 1997.
FAO. The State of World Fisheries and Aquaculture (SOFIA), 2004. Disponível em:
<http://www.fao.org/fi/default_all.asp>.
FAO. Third meeting of the planning group for the coordination of acoustic surveys off northwest África.
Dakar, Senegal, 22-23 October 2004. FAO Fisheries Report,n. 769, 2004.
FAO. Third Session of the regional commission for fisheries – Doha, Qatar, 9-11 May 2005. FAO
Fisheries Report, n.783, 2005.
FAO. Towards improving global information on aquculture. FAO Fisheries Technical Paper, 480, 2005.
83
GRAÇA LOPES, R.; FAGUNDES, L.; TUTUI, S. L. Programa de ação do pólo especializado de
desenvolvimento tecnológico do agronegócio do pescado marinho. São Paulo: Instituto de
Pesca, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento,
2001. 34p. (Série Relatórios Técnicos, 06).
GUMY, A. Modernização do setor público pesqueiro. Frente Maritimico, Montevidéu, v.19, 2003.
IBAMA (2005) Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Informações e estatísticas. Disponível em:
<www.ibama.gov.br>.
LE GALLIC, BERTRAND. The use of market-like instruments in OECD countries: Key Insights
From an Organisational Framework. IIFET, Japan Procedures, 2004.
MARRUL-FILHO, S. Crise e sustentabilidade no uso dos recursos pesqueiros. Brasília: IBAMA, 2003.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1998.
MORAES, S. C. Colônias de pescadores e a luta pela cidadania. São Paulo: Série Relatórios
Técnicos 06, 2001. Disponível em: <http://sindicalismo.pessoal.bridge.com.br/SergioCarSbs2001.rtf>.
NASO - National Aquaculture Sector Overviews. NASO and prospective analysis of future aquaculture
development (PAFAD) Brasil, 2005.
NORAMBUENA C., R.; GONZÁLES P., E. (2005) A feassibility study on the establishment of na inter-
governamental mechanism for the development management of na aquaculture network in the
Américas. APEC FWG 2004/01 PROJECT.
OECD. Towards sustainable fisheries: economic aspects of the management of living marine
resources. Paris, 1997.
OECD. Transition to responsible fisheries: economic and policy implications. Paris, 2000.
OSTRENSKY A.; BORGHETTI, J. R. Uma visão crítica sobre a pesca e a aqüicultura continental no
Brasil. In: REBOUÇAS, Aldo da Cunha; BRAGA, Benedito TUNDIZE, José Galicia (orgs.). Águas
doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3.ed. São Paulo: Escritura, Brasil.
84 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
OSTRENSKY, A.; Borghetti, J. R.; PEDINI, M. A situação atual da aqüicultura brasileira e mundial. In:
VALENTI, Wagner Cotrone (Ed.). Aqüicultura no Brasil: bases para o desenvolvimento sustentável.
Brasília, DF- Brasil: CNPq., 2000. p.353-382.
PETRERE JR., M.; BARTHEM, R. B.; MAGNAWITA A. Utilização dos recursos hídricos minerais.
Pesca e recursos pesqueiros. Relatório Final. Secretaria de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente do
Estado do Pará. Seminário Internacional sobre Meio Ambiente, Pobreza e Desenvolvimento da
Amazônia - SIMDAMAZONIA. Anais..., Belém: PRODEPA, 1992. 567p.
SOUZA, A. C.; OLIVEIRA, J. Estudo temático - pesca. Vitória: Plano Estratégico da Agricultura
Capixaba, 2003. V.14.
TIMM, J. U. Código de conduta para uma pesca responsável. Tradução para o português. Brasília:
Minsitério da Agricultura e Abastecimento, 1999.
TIMM, J. U. Livro anual da agricultura. 1967 (Ano I) e 1968 (Ano II). Brasília: Edições do Ministério
da Agricultura. (Coordenador das edições).
85
Projeto FAO TCP/BRA 3001
ANEXOS
87
Projeto FAO TCP/BRA 3001
ANEXO 1 - FORMULÁRIO
89
ANEXO 2 - ENTREVISTAS REALIZADAS
1 Metodologia
90 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
José Fritsch
Ministro Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR
Altemir Gregolin
Subsecretaria de Desenvolvimento de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR
Cleberson Zavazki
Subsecretaria de Planejamento de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR
João Scorvo
Diretoria de Desenvolvimento da Aqüicultura - SEAP/PR
Chico Machado
Diretoria de Ordenamento, Controle e Estatística - SEAP/PR
91
Karim Bacha
Diretoria de Desenvolvimento da Pesca - SEAP/PR
Felipe Matias
Gerencia de Cooperativismo Assoc Aqüicultura Pesqueiro - SEAP/PR
Felipe Suplicy
Coordenação de Maricultura - SEAP/PR
Mauro S. Moura
Coordenação de Ordenamento, Registro, Cadastro e Licenças - SEAP/PR
Marcelo Pires
Coordenação de Crédito - SEAP/PR
Romeu Daros
Gerente Geral do Projeto Bijupirá-Brasil
Reinaldo K Yokoyama
Membro do Conape representante Banco do Brasil
92 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
Kowalsky Pescados
Setor Empresarial
Uilians Ruivo
Empaf / Netuno - Itajaí - SC
Wagner Camis
Presidente da ABRACOA
Pe. Barturen
Gerente Executivo da FUNDIPESCA
93
ANEXO 3 - INSTITUIÇÕES VINCULADAS AO CONAPE
2. Entidades:
Banco do Brasil S.A.;
Caixa Econômica Federal - CEF;
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES;
Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB;
Banco da Amazônia S.A. - BASA;
Petróleo Brasileiro S. A. - PETROBRÁS; e
Agência Nacional de Águas - ANA.
94 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
95
ANEXO 4 - MARCO HISTÓRICO
Antecedentes a 1955
96 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
97
ANEXO 5 - DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL
Estrutura Organizacional
98 USO RESTRITO
Projeto FAO TCP/BRA 3001
II – Órgãos Específicos e
Singulares
99
1.4 Assessoria de Gabinete - AG;
1.5 Assessoria Especial de Relações Sociais e Políticas - ARSP:
1.6 Coordenação-Geral de Relações Públicas - COGERP:
1.7 Coordenação-Geral de Gestão Interna - COGIN:
1.8 Assessoria Jurídica - AJUR;
1.9 Assessoria Internacional - AIN;
b) Unidades Descentralizadas:
1 Gerências Executivas Regionais - GER (05);e
1.1 Escritórios Estaduais - EE (27);
SEAP/PR
Unidades Descentralizadas
Gabinete
Escritórios Estaduais - EE
Chefe de Gabinete - CG
Coordenação-Geral de Relações
Públicas - COGERP
Assessoria de Gabinete - AG
Coordenação-Geral de Coordenação-Geral de
Planejamento, Logística, Infra- Coordenação-Geral de
Acompanhamento e Estrutura e Promoção à Estatística e
Avaliação - COGPA Comercialização e à Informações - COGESI;
Exportação - COGLIC
Coordenação-Geral de
Cooperação,
Articulação Institucional Coordenação-Geral de
Coordenação-Geral de
e Promoção do Incentivo à Pesquisa de
Ordenamento, Registro,
Cooperativismo - Geração de Novas
Cadastro e Licenças -
COGCOP Tecnologias - COGENT
COREG
101
b) Subsecretaria de Desenvolvimento de Aqüicultura e Pesca - SUDAP:
1 Diretoria de Desenvolvimento da Aqüicultura - DIDAQ;
1.1 Coordenação-Geral de Maricultura - COGMAR; e
1.2 Coordenação-Geral de Aqüicultura Continental - COGEAC;
2 Diretoria de Desenvolvimento da Pesca - DIDEP;
2.1 Coordenação-Geral da Pesca Artesanal - COGPAR; e
2.2 Coordenação-Geral da Pesca Industria - COGPIN.
Subsecretaria de Desenvolvimento de
Aqüicultura e Pesca - SUDAP
Diretoria de Diretoria de
Desenvolvimento da Desenvolvimento da Pesca
Aqüicultura - DIDAQ - DIDEP
Coordenação-Geral da
Coordenação-Geral de
Pesca Artesanal -
Maricultura - COGMAR
COGPAR
Coordenação-Geral de Coordenação-Geral da
Aqüicultura Continental - Pesca Industria -
COGEAC COGPIN
41
Uma instituição pode ser entendida como um sistema de relações interorganizacionais, ou seja, relações entre
vários setores ou departamentos. Estes são afetados não apenas por questões técnicas e econômicas, mas,
também, por fatores normativos de interpretação e culturais. Esses fatores determinam as lógicas de ação ou
a forma como a instituição encontra para desempenhar melhor seu próprio trabalho. Uma vez
institucionalizadas, são estes fatores informais que orientam a ação de indivíduos no sentido de atender aos
interesses e aos objetivos difundidos pela diretoria e nos grupos de trabalho.
103
IV A Subsecretaria de Planejamento Aqüicultura e Pesca – SUPLAP foi a unidade
que mais sofreu alterações, seja por um processo de acomodação de função ou
por não desenvolver o papel para o qual foi planejada. Essa questão não envolve
um déficit de competências e sim uma extrapolação de funções, precisando
assumir diversas atividades além das que haviam sido planejadas.
V A SUPLAP tem apenas uma Diretoria restante, a Diretoria de Logística, Infra-
Estrutura e Comercialização - DILIC, na qual se mantém a estrutura original
com duas coordenações, uma relacionada à infra-estrutura e outra
relacionada à pesquisa.
VI A Assessoria internacional está deslocada de sua vinculação à Secretaria
Adjunta. Funciona, na prática, vinculada à SUPLAP. Esta cuidaria da parte
econômica e de questões de negociações internacionais. Assessoria com
pouco reconhecimento no organismo e de grande importância.
VII Na SUPLAP foram criadas duas coordenações independentes: Coordenação de
Promoção ao Crédito e a Coordenação de Promoção Comercial. Funcionam
vinculadas à DILIC como gerências exclusivas, não têm coordenadoria.
VIII A Subsecretaria de Desenvolvimento de Aqüicultura e Pesca - SUDAP foi a
unidade que teve maior expansão da estrutura.
IX A Diretoria de Ordenamento, Controle e Estatística da Aqüicultura e Pesca –
DICAP, assim como suas coordenações, a Coordenação-Geral de Estatística
SEAP/PR
Gabinete do Ministro
Gerências Regionais e
Escritórios Estaduais
Administração - DIGEAI
COGIN
Assessoria
Internacional
Extensão e
Cooperativismo
Apesar de uma estrutura formal aprovada por Decreto, a SEAP/PR tem atuado com
uma estrutura informal, buscando desempenhar e executar, da melhor forma possível, as
funções e competências próprias de um organismo para a atividade aquícola e pesqueira.
Aspectos Organizacionais
Gestão Pública
De forma geral, a administração pública enfrenta diversos problemas em seu
processo organizacional. Normalmente esses estão relacionados ao modelo burocrático
adotado pelo Estado na administração do Poder Público, apresentando disfunções
operativas, sistemas de informações ineficazes, deficiente avaliação de quadro funcional,
falhas no gerenciamento da organização, falta de motivação e baixa remuneração.
105
Nas entrevistas realizadas na SEAP/PR, a maiorias dessas questões foram
levantadas e debatidas. A necessidade de melhoria operacional nos organismos públicos
está, de certa forma, vinculada à Reforma Administrativa do aparelho estatal. Essa
discussão envolve aspectos relacionados à Reforma Administrativa do Poder Público
Nacional e vinculados ao Plano de Gestão Pública para um Brasil para Todos do atual
governo, buscando a melhoria e estruturação da administração pública federal. Essa política
de Estado adotada para gestão pública prevê a redução do déficit institucional, que é a
ausência do Estado e a sua incapacidade de assegurar direitos civis e sociais (fazer o que
deve ser feito); o fortalecimento da governança, que significa promover a capacidade de
formulação e implementação de políticas públicas; aumento da eficiência, otimizando
recursos (fazer mais e melhor com menos); transparência e participação, assegurando,
desta forma, o comprometimento da sociedade e a legitimação do processo.
Esse tema transcende as competências da SEAP/PR, apesar de estar relacionado à
estrutura organizacional e, conseqüentemente, incorporar em sua missão os critérios
levantados pelo governo. A gestão pública e seus movimentos reformistas decorrentes devem
estar alinhados com o contexto mais geral em que se insere o país e a sociedade em questão,
com o tipo de desenvolvimento pretendido, com o modelo de Estado que se quer (papéis e
funções a desempenhar) e com as estratégias e planos a implementar.
Recursos Humanos
Atualmente o quadro funcional da SEAP/PR é formado por funcionários oriundos
de outros órgãos, absorvendo alguns funcionários da estrutura do antigo DPA, IBAMA e
recentemente INCRA, em cargos comissionados e contratos terceirizados. Os cargos em
comissão, que podem ser ocupados indistintamente por funcionários e não-funcionários
geram um quadro de extrema rotatividade, evidenciada por algumas distorções
apresentadas pelos entrevistados que culmina em um processo de baixo comprometimento
com a missão institucional.
Por não possuir um quadro funcional próprio, herdou um quadro de outras
instituições com modelos de gestão típicos de organismos executivos, o que auxiliou, diante
da forte demanda do setor, a transformação da instituição em um organismo de fomento,
assim como promoveu a continuidade de políticas já adotadas.
Outra questão é com relação às gratificações e vantagens salariais derivadas do
exercício de funções de chefia ou confiança. Estas são consideradas muito importantes na
formação da remuneração total dos funcionários, o que estimula a criação de diversas
Infra-estrutura
Em suma, os entraves operacionais da SEAP/PR têm como foco central a infra-
estrutura e a estrutura institucionais não compatíveis com a demanda requerida pelo setor
de aqüicultura e pesca. Além disso, tem um forte vínculo de dependência com o MAPA em
relação a aspectos estruturais e de competências conforme analisado no item 3.1.2.
Na mesma linha, a capilaridade das ações da SEAP/PR, em nível nacional não
tem atingido o público alvo, uma vez que os escritórios estaduais e as gerências regionais
contam com um reduzido quadro de servidores e carecem de corpo especialista nas áreas
de aqüicultura e pesca para atender demandas crescentes. Tal deficiência vem a
107
sobrecarregar as estruturas técnicas e administrativas da Sede em Brasília/DF, além de
prolongar o rito processual dos inúmeros projetos a serem analisados.
Com relação às gerências regionais e escritórios estaduais, cabe citar a avaliação
feita pelo Relatório da CISET:
Cultura Organizacional
Quando se relacionam as questões sobre a cultura organizacional com itens como
a colaboração e o trabalho em equipe, percebe-se que os funcionários estão comprometidos
com seu trabalho de forma idealista. Entretanto, falta uma preocupação global com a
instituição. Grande parte das entrevistas evidenciou o fato de que áreas correlatas têm
dificuldade de desenvolver trabalhos em conjunto com equipes multi-setoriais e
multidisciplinares, seja pelo excesso de demandas para um corpo técnico reduzido, seja por
falta de processos adequados de gestão.
Grande parte das respostas relacionadas à qualificação técnica e educação foram
categorizadas como existentes parcialmente na organização. Esse comportamento pode ser
explicado, pois o órgão utiliza algumas estratégias para manutenção de recursos humanos
qualificados e procura contribuir com a educação e capacitação dos colaboradores. Admite-
se que a estratégia da Direção seja a de absorver tecnologia e repassá-la. Importante citar a
iniciativa da Administração em promover treinamentos e capacitação do corpo técnico para
os processos inerentes à administração pública.
Com relação ao acesso às informações e o seu próprio fluxo interno, pode-se
considerar que o processo é deficiente, atingindo apenas determinados níveis ou os setores
relacionados com a questão vigente. Analisando o sistema de disseminação de informações
podemos concluir que o fluxo de informações internas é horizontal, a organização é
hierarquizada. Falta a consolidação de uma cultura da informação. A necessidade da
visibilidade é uma premissa do compartilhamento das informações, e também incluída no
109
ANEXO 6 - POTENCIAL DA AQÜICULTURA E PESCA BRASILEIRA
1 Introdução
A importância do setor tem aumentado, tendendo a ter papel cada vez mais
relevante no futuro. A produção pesqueira total foi de 994.000 toneladas em 2003 e de
1.015.914 em 2004. A produção pesqueira (aqüicultura e pesca nacional) estimadas em
2004 atingiu cerca de 1 milhão de toneladas, um crescimento na ordem de 2,6% em relação
ao ano anterior (2003) que foi de 950 mil toneladas (IBAMA e SEAP/PR, 2005).
(Em milhões de t)
1250
1000
750
500
250
0
1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003
111
2.2 Produção da Pesca de Captura (marinha e continental)
(Em milhões de t)
100 0
90 0
80 0
70 0
60 0
50 0
40 0
30 0
20 0
10 0
0
1985 1986 1 987 1988 1989 1990 19 91 1 992 1993 1994 1995 1 996 1997 1998 1999 20 00 2 001 2002 2003 2004
113
TABELA 3 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO TOTAL DA AQÜICULTURA
NO BRASIL
(Em milhões de t)
PRODUÇÃO
ANO ÁGUA DOCE MARICULTURA
TOTAL
1985 10 0 10
1986 10 1 11
1987 12 1 13
1988 15 1 16
1989 17 1.4 18.4
1990 19 1.8 20.8
1991 21 2.1 23.1
1992 28 2.2 30.2
1993 28 2.2 30.2
1994 29 2.2 31.2
1995 41 5.4 46.4
1996 69 8.5 77.5
1997 77 10.2 87.2
1998 89 15.3 104.3
1999 114 26.5 140.5
2000 134 38.4 172.4
2001 151 52.8 203.8
2002 171 71.7 242.7
2003 168 109 277
2004 181 89 270
FONTE: FAOSTAT - Fishery Data (2006)
(Em milhões t)
300
250
200
150
100
50
0
1985 198 6 1 987 1988 1989 19 90 1991 1992 199 3 1 994 1995 1996 1997 1 998 1999 2000 200 1 2002 2003 2004
115
(Em 1.000 t)
1,400
1,200
1,000
800
600
400
200
0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
117
(Em milhões de US$ )
500
400
300
200
100
0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
-100
-200
-300
-400
-500
TABELA 6 - BALANÇA COMERCIAL DE PRODUTOS PESQUEIROS NO BRASIL, AS FASES DO SETOR E O MARCO INSTITUCIONAL - 1984-2004
(Em milhões US$)
ÊNFASE NO FOMENTO DA ATIVIDADE ÊNFASE NO ORDENAMENTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS DE ORDENAMENTO E FOMENTO
COMERCIAL
IBAMA
SUDEPE IBAMA
DPA/MAA SEAP/PR
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991(1) 1992 1993 1994 1995(2) 1996(2) 1997(2) 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Exportações 179.316 174.275 153.333 180.099 187.671 130.167 141.037 158.683 172.289 193.402 180.465 161.633 135.726 128.096 124.741 140.351 242.035 287.046 346.831 423.403 436.328
Importações 40.699 47.790 130.528 128.636 82.171 186.228 195.154 193.452 133.873 201.136 263.092 400.461 481.824 488.074 458.491 293.108 328.132 270.522 225.135 216.779 252.454
Saldo 136.617 126.485 22.805 51.463 105.500 -56.061 -54.117 -34.769 38.416 -7.734 -82.627 -238.828 -346.098 -359.978 -333.750 -152.757 -86.097 16.524 121.696 206.624 183.874
42
GUMY, A. Modernização do setor publico pesqueiro. Frente Maritimico, Montevidéu, v.19, junho, 2003.
III Pesca ilegal, não regulada e não registrada. O conceito de Pesca Ilegal, Não
Regulada e Não Reportada (INDNR) exclui um número importante de práticas:
por exemplo: pesca não regulada e não registrada realizada por grandes
embarcações, utilizando bandeiras de conveniência que exploram populações
de alto mar sujeitas ao ordenamento e acordos de Organismos Regionais, e
que não respeitam tais acordos. Durante a Reunião Ministerial sobre a
aplicação do Código de Conduta para a Pesca Responsável (Roma, 10 e 11
de Março de 1999), os Ministros e seus Representantes emitiram uma
declaração em que pontuaram que seria desenvolvido um Plano de Ação
Global para tratar efetivamente de todas as formas - não regulada e não
registrada. Recentemente esse Plano foi aprovado no âmbito da FAO, visando
à eliminação do pesca ilegal, não regulada e não registrada.
IV Ecoetiquetagem de produtos pesqueiros (Ecolabelling). A idéia proposta por meio
dessa questão, tão nova como polêmica, é a de que se deveriam etiquetar (selo
de origem e garantia) os produtos pesqueiros, tal como sucede em outras
categorias alimentícias. As etiquetas deveriam certificar que o pescado vendido
foi capturado em pescarias sustentáveis, ou seja, pescarias conduzidas com
devido respeito às espécies capturadas e para ao meio ambiente. Do ponto de
vista teórico se trata de um mecanismo que facilitaria a criação de vínculos mais
estreitos entre o comércio e os objetivos da sustentabilidade. A sustentação
dessa proposta está na crescente preocupação de setores da população de
países ricos com a preservação do meio ambiente e no interesse dos grandes
empórios comerciais e produtores de alimentos de todo mundo em não perder
essa fatia do mercado. Considerando, entretanto, as questões operacionais,
existe uma série de questões não bem clarificadas, como, por exemplo, quem
seria o ente certificador. As objeções principais para o estabelecimento do
ecoetiquetagem provêem da preocupação de muitos países quanto a sua
implementação e de que esse procedimento poderia se constituir como mais uma
barreira adicional ao comércio. A questão tem tido um grande avanço em suas
negociações. Recentemente, durante a Vigésima Sexta reunião do Comitê
de Pesca da FAO, aprovaram-se as Diretrizes para a Ecoetiquetagem de
Produtos Pesqueiros.
V Biodiversidade, a pesca de captura e aqüicultura. A biodiversidade significa a
121
variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, entre
outros, os ecossistemas terrestres, os aquáticos e os complexos ecológicos de
que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,
entre espécies e de ecossistemas.43 A biodiversidade das populações naturais
provê a base dos recursos para a pesca comercial e os meios para se adaptar
as mudanças ambientais e a pressão da sobrepesca. A diversidade do
pescado cultivado também permite o contínuo melhoramento das espécies
para satisfazer demandas de produção e de um mercado em constante
mudança. Em Junho de 1999, o Conselho da FAO aprovou dois Planos
Internacionais de Ação, com o propósito de proteger a biodiversidade. Um
deles aponta a ordenar e conservar os tubarões, o outro tem como propósito
reduzir a captura acidental de aves marinhas na pesca de arrasto.
VI Utilização de organismos geneticamente modificados na aqüicultura. Uma
forma relativamente nova de modificação genética implica o traslado de genes
entre espécies, produzindo em conseqüência “transgênicos”. Projetos
experimentais e pilotos têm demonstrado que essa técnica pode melhorar
comercialmente importantes aspectos da produção. Até o momento nenhum
produtor comercial está comercializando espécies aquícolas transgênicas para
consumo humano. Os principais problemas que impedem seu comércio são: a
resistência do consumidor a estes produtos e também as questões relativas à
proteção da propriedade intelectual. Por outro lado existe uma grande
preocupação de que as tecnologias transgênicas poderiam criar riscos para o
meio ambiente e para a saúde humana.
43
Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica, MMA, 2005.
Instituto Nacional
de Pesca e Burocracia Governamental para
Aqüicultura planejamento das políticas da pesca e
aqüicultura
Provê as pesquisas e
informações sobre o setor Cria as políticas, normas e
produtivo. Conselho de instrumentos de gestão.
consulta e
articulação.
Diretoria ou Secretaria da Pesca e
Aqüicultura
Atores do Setor governamental e
institucional
Administra o setor e executa
as leis e normas e políticas
123
premissas e dispor da melhor forma possível os serviços relacionados à atividade, assim
como seus incentivos. Dentro de uma estrutura institucional, diversos organismos podem
estar relacionados a esses serviços, sejam eles do setor público, do setor privado ou de
organizações não-governamentais.
O termo “serviços relacionados à gestão dos recursos aquícolas e pesqueiros” se
refere à combinação de três componentes: organização e normatização (ordenamento), a
pesquisa aplicada e a fiscalização e monitoramento. Os custos implícitos consideram
aqueles associados às atividades que suportam sua gestão, desta forma então, relacionada
a esses três componentes. Além disso, há que se considerar os instrumentos de fomento do
governo aplicados à atividade. Transferências de recursos feitas ao setor produtivo e
institucional, incluindo pagamentos, investimentos diretos, subsídios, infra-estrutura, e
mecanismos de sustentação de mercado, ente outros, são os objetivos principais para
melhorar o desempenho econômico e social do setor produtivo.
Os serviços da organização e normatização podem ser entendidos como “normas
e procedimentos” para a atividade produtiva. Compreendem geralmente três funções:
ajustar a estrutura organizacional dentro de um modelo de gestão existente; recomendar
emendas ou melhorias ao modelo de gestão existente; e a administrar o modelo,
propriamente. Isso envolve todo o processo de planejamento estratégico do setor, além da
fixação de normas, expedição de licenças e permissões, registro de pesca e embarcações,
e entre outros serviços. Normalmente este papel é cumprido pelo governo dentro de um
modelo de gestão para o setor, visando ao fortalecimento deste.
Os serviços da pesquisa são usados como base para tomada de decisões do
núcleo estratégico de gestão da atividade e também para a criação de novos modelos de
gestão e suas normativas. O termo pesquisa está sendo empregado neste documento no
seu sentido amplo, considerando todas as atividades de levantamento de dados, pesquisa
de campo aplicada e sua análise, tanto para fins científicos como estatísticos. Exemplos
comuns de atividades da pesquisa incluem a análise de dados estatísticos, a avaliação de
estoque para fixação de cotas e o levantamento de perfil socioeconômico e ambiental do
setor, além daqueles aplicados no campo dos cultivos aquícolas. As atividades da pesquisa
são determinadas normalmente pelas necessidades de informação dos responsáveis pelas
tomadas de decisões e que estão implementando novas regras para o setor, além do setor
privado, que necessita de novas tecnologias para o aumento sustentável da produtividade.
Dentro de uma perspectiva econômica, os tomadores de decisão estão
preocupados se uma mudança na gestão da atividade irá trazer retornos econômicos,
sociais e ambientais para o setor produtivo e para a sociedade em geral. A pesquisa é de
44
A transparência diz respeito às ações e decisões de suas agências públicas, assim como as leis e diretrizes
que governam aquelas ações e normatizam o setor. O grau de transparência é influenciado também pela
extensão e pelo tipo de participação do usuário no processo de tomada de decisão. É importante salientar que
a transparência relaciona-se não somente às decisões sobre o uso de recursos públicos, mas também ao
controle público sobre estes recursos.
125
ANEXO 9 - PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ORGANISMOS
COMPETENTES POR PAÍSES
Argentina Consejo Federal Pesqueiro Instituto de Investigação e Secretaría de Agricultura, O DNPA, a Prefectura
(Formado por representantes de Desarrollo Pesqueiro Ganadería, Pesca e Nacional Argentina
províncias com litoral, o (INIDEP) Alimentação (SAGPeA) por (PNA,) a Polícia
Secretario de Agricultura, Gado, intermédio da Direção Marítima y de Frontera
Pesca e Alimentação; Ministério Nacional de Pesca e Fluvial, a Armada
de Relações Exteriores; Acuicultura (DNPA) Nacional (ARA) e o
Secretaria de Recursos Naturais Servicio Nacional de
e Poder Executivo Nacional) Sanidad Animal e
Cualidade
Agroalimentar
Austrália Governo Central - Minister for Fisheries Research and Australian Fisheries Australian Fisheries
Agriculture, Fisheries and Development Corporation Management Authorite Management Authorite
Forestre com assessoria da (agência de pesquisa) (AFMA) (AFMA)
Australian Fisheries
Management Authorite (AFMA)
Bolívia Ministerio de la Agricultura e Dependente de estudos em Ministerio de la Agricultura y Ministerio de la
Asuntos Rurais e Ministério de lo universidades e pelo Centro Asuntos Rurais através da Agricultura y Asuntos
Desarollo Sustenible de Investigação e Desarollo Unidade de Pesca e Rurais através da
Acuícola Boliviana - CIDAB Agricultura do Ministério da Unidade de Pesca e
vinculado ao Ministerio de la Defesa Nacional através da Agricultura do
Agricultura Unidade de Pesca Ministério da Defesa
Oceânica Nacional através da
Unidade de Pesca
Oceânica
Brasil Secretaria Especial da IBAMA e SEAP/PR com Secretaria Especial da Marinha, IBAMA e
Aqüicultura e Pesca e Ministério parcerias descentralizando a Aqüicultura e Pesca Ministério da
do Meio Ambiente - MMA pesquisa para universidades SEAP/PR Agricultura Pecuária a
/Instituto Brasileiro de Meio e centros científicos Abastecimento (Defesa
Ambiente - IBAMA sanitária)
Canadá Governo Central - Minister of Laboratórios do governo e Department of Fisheries and Department of
Fisheries and Oceans com universidades direcionados Oceans (DFO) Fisheries and Oceans
assessorial do Department of pelo Fisheries and Oceans (DFO) é o principal,
Fisheries and Oceans (DFO) e Science Advisore Council porém alguns serviços
Fisheries Research (FRCC) e pelo Fisheries portuários são feitos
Conservation Council (FRCC) Conservation Councils em cooperação com a
guarda nacional
Chile Ministerio de Economía, com Instituicion de Fomento Servicio Nacional de Pesca Servicio Nacional de
assessoria da Subsecretaría de Pesqueiro e Servicio Nacional - SerNaPesca e Ministerio Pesca - SerNaPesca e
Pesca - SubPesca e da de Pesca - SerNaPesca de Defensa Nacional para Direção General del
Secretaría Ejecutiva del Fondo (estatística) concessão do uso de águas Territorio Marítimo y de
de Fomento de la Pesca públicas Marina Mercante
Artesanal
Equador Ministerio de Comercio Exterior, Instituto Nacional de Pesca e Subsecretaría de Recursos Direção General de
Indústrias, Pesca y a Direção General de Pesca Pesqueiros do Ministerio Pesca e o Ministerio de
Competitividad com assessoria pela Direção Geral de Defensa
do Consejo Nacional de Pesca seu órgão executivo
Desarrollo Pesqueiro.
Estados Magnuson-Stevens Fishere National Marine Fisheries National Marine Fisheries National Marine
Unidos Conservation and Management Service (NMFS), Centros Service (NMFS) Fisheries Service
Act implemen-tado pelos Científicos, universidades e (NMFS) para serviços
Regional Fisheries Management pelos RFMCs portuários e US Coast
Councils (RFMC) Guard para defesa
nacional
Islândia Ministério da Pesca Marine Research Institute; Ministério da Pesca Directorate of Fisheries
(Ministre of Fisheries) Directorate of Fisheries (para (Ministre of Fisheries) e e Iceland Coast Guard
estatística) Directorate of Fisheries
(Secretaria Executiva)
Japão Fisheries Agence ligada ao Fisheries Research Agence, Fisheries Agence por meio Fisheries Agence por
Ministre of Agriculture, Forestre organismo independente do de agências regionais meio de agências
and Fisheries. Ministério, mas vinculado ao denominadas Fisheries regionais denominadas
Governo central. Coordination Offices Fisheries Coordination
Offices
Korea Ministre of Maritime Affaire and MOMAF por meio do National MOMAF por meio dos MOMAF por meio do
Fisheries (MOMAF) Fisheries Research and Fisheries Administration Fisheries Resource
Development Institute Bureau and Fisheries Bureau; Fishing
Resource Bureau Vessels mana-gement
Office e a National
Marine Police Agence
México Secretaria de Agricultura, Instituto Nacional de la Pesca Secretaria de Agricultura, SAGARPA,Comisión
Ganderia, Desarollo rural, Pesca - INP Ganderia, Desarollo Rural, Nacional de
e Alimentação (SAGARPA) Pesca e Alimentação Acuacultura e Pesca,
(SAGARPA) CONAPESCA e
Guarda Nacional
Noruega Ministério da Pesca Institute of Marine Research; Ministério da Pesca Directorate of Fisheries
(Ministre of Fisheries) Norwegian Institute of Marine (Ministre of Fisheries) e (Secretaria Executiva);
and Aquaculture Research Directorate of Fisheries Coast Guard
(Secretaria Executiva)
Nova Ministério da Pesca O Ministério da Pesca O Ministério da Pesca Ministério da Pesca
Zelândia (Ministre of Fisheries) contrata organismos de possui departamentos (Ministre of Fisheries)
pesquisa para coleta de responsáveis e também
informações pesquisa de subcontrata alguns
dados científicos serviços, como o registro da
pesca
Peru Ministerio de la Produção - Instituto del Mar del Perú - Vice Ministerio de Ministerio de la
PRODUCE pelo Vice Ministerio IMARPE, Instituto Pesqueria e vinculados: Produção - PRODUCE
de Pesqueria Tecnológico Pesqueiro - ITP, Fondo de Desarrollo e pela Direción de
Instituto de Investigaciones Pesqueiro - FONDEPES e Capitanías y
de la Amazonía - IIAP todos Direcciones Regionales de Guardacostas
vinculados ao PRODUCE Producion
Uruguai Ministerio de Ganadería, Direção Nacional de Direção Nacional de Direção Nacional de
Agricultura e Pesca por Recursos Acuáticos - Recursos Acuáticos - Recursos Acuáticos -
intermédio da Direção Nacional DINARA DINARA DINARA
de Recursos Acuáticos -
DINARA
Venezuela Ministerio de la Produção e el Institutos e pesquisa, SARPA SARPA e Servicio de
Comercio assessorado pelo universidades e Fondo Guardería de Pesca de
Servicio Autónomo de los Nacional de Investigaciones la Guardia Nacional de
Recursos Pesqueiros e Agropecuarias (FONAIAP) Venezuela
Acuícolas - SARPA
127
ANEXO 10 - TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA AQÜICULTURA
E PESCA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE45
45
GUMY, A. Modernização do setor publico pesqueiro. Frente Maritimico, Montevidéu, v.19, junho, 2003.
129
produção, a propriedade das instalações foi transferida ao setor privado. Como
conseqüência da reestruturação, se reduziu no mínimo as administrações
pesqueiras, as quais têm dificuldade para desempenhar suas funções
relacionadas com o ordenamento e desenvolvimento da pesca e da aqüicultura.
Dentro desse contexto levou-se adiante, sem nenhum sucesso até o momento,
experiências que poderiam qualificar-se de inéditas em nível mundial. Por
exemplo, o de se delegar a administração do setor a um organismo ambiental ou
de separar em dois diferentes organismos (meio ambiente e agricultura) as
funções de determinar o Máximo Rendimento Sustentável por espécie, o
ordenamento e a concessão de licenças, respectivamente. É importante
mencionar que não seria apropriado atribuir às políticas de ajuste aplicadas pelo
Estado o aumento das dificuldades dos governos no cumprimento de suas
funções indelegáveis, tais como a preservação e a conservação dos recursos da
pesca e da aqüicultura. Em todo caso, se trata de uma inadequada aplicação de
tais políticas ao não levar em consideração a especificidade técnica, econômica,
ambiental e social de alguns setores da produção nem dos princípios emergentes
da Conferência de Rio (RIO-92) e de outros instrumentos internacionais.
Atualmente está tratando de se recompor em alguns países a situação com o
auxilio de programas específicos de fortalecimento institucional, que, em alguns
casos, introduzem também inovações de caráter na questão de ordenamento dos
recursos pesqueiros.
III Desde 1995 até a data atual. Em 1995 foi aprovado o Código de Conduta para
a Pesca Responsável. As tendências de hierarquizar e melhorar a
administração pesqueira, ainda que tardias, são muito oportunas. Parado-
xalmente ao enfraquecimento das instituições em muitos governos, se
enfrenta uma necessidade nacional e uma pressão internacional crescente
para garantir a utilização sustentável dos recursos pesqueiros aplicando
critérios de pesca responsável; a proteção do meio ambiente aquático e a
adoção de outras medidas de caráter obrigatório ou voluntário, segundo
correspondam, cuja adoção é promovida pela comunidade internacional para o
qual necessitam imperiosamente melhorar suas capacidades de pesquisa,
planejamento estratégico, ordenamento, controle e vigilância. Em geral a
tendência de reforçar as instituições responsáveis pela administração
pesqueira na região tem recebido também o impulso de sua consideração
131
ANEXO 11 - ASPECTOS DE ADEQUAÇÃO INSTITUCIONAL E
ESTRATÉGICA PARA ESTRUTURAÇÃO DA
AUTORIDADE AQUÍCOLA E PESQUEIRA NO BRASIL
133
exemplo); tecnologia; infra-estrutura básica, desburocratização, agilização
da obtenção de cessão d’água para fins aquícolas, linhas de crédito e
comercialização.
Desenvolver a pesca de novas modalidades e novas espécies (pesca de
profundidade, pesca em águas internacionais, estoques existentes e não
explorados).
g) Planejamento Estratégico
A Instituição responsável pela gestão da aqüicultura e da pesca deve ter
como principal papel organizar o setor.
Organizar um grupo de planejamento estratégico para fazer levantamento
da cadeia produtiva e elaborar cenários futuros para o setor.
Promover processos de planejamento regional e garantir que as ações
sejam conduzidas e realizadas pelos escritórios estaduais.
h) Capacitação
Avaliar, apoiar a elaboração de políticas, programas, planos e projetos para
capacitação.
Incentivar a profissionalização dos pescadores e aquicultores.
Viabilizar a formação e qualificação dos pescadores e aquicultores.
i) Políticas Sociais
Implantar uma coordenação de aqüicultura familiar.
Implementar o conceito de aqüicultura familiar, harmonizar e estabelecer
suas normas.
Desenvolver a Pesca Artesanal Sustentável centrada no aumento da
qualidade de vida das populações que dela sobrevivem (questões de IDH,
dívida social, trabalho, renda e participação na economia nacional).
Incentivar a organização dos pequenos e médios empreendimentos de
aqüicultura, centrado na desburocratização de licenças e no acesso ao crédito.
Aumentar parcerias e articulação com outros Ministérios para efetivação
dos programas de promoção e inclusão social.
Fomentar o cooperativismo relacionado à pesca artesanal, produção em
conjunto, economia de escala com agregação de valor.
Fortalecer áreas de extensão para o pequeno produtor (forte demanda).
135
Abordagem do novo organismo focado no atendimento às necessidades do
“cidadão-cliente” ou o usuário final do serviço público.
Horizontalização das estruturas, com ênfase em ações matriciais.
Controle e melhoria nos processos de trabalho.
Descentralização e desconcentração de atribuições, com a cobrança de
responsabilidade das chefias.
Participação dos servidores e da sociedade interessada no planejamento
estratégico das ações de fomento ao setor.
Capacitação dos servidores para gestão pública.
Adoção de modernas tecnologias de informação.
Qualquer mudança proposta na Estrutura Organizacional da burocracia gover-
namental, responsável pela gestão e administração do setor, deve visar, por meio de uma nova
distribuição de responsabilidades, a agilizar a prestação de serviços internos e externos e
atender de forma adequada a demanda do setor produtivo, levando em consideração seu papel
normatizador, de forma a garantir o desenvolvimento sustentável da atividade.
46
Texto preparado pela consultora Ana Silvia Costa Silvino Consultora Nacional em Legislação Pesqueira
Projeto FAO TCP/BRA/3001.
137
Assim, a Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará
a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em
cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, re-aparelhamento e racionali-
zação do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
Salienta-se que compete privativamente ao Presidente da República a
organização e funcionamento da administração federal (quando não implicar aumento de
despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos) e extinção de funções ou cargos
públicos, quando vagos. Assim, o Presidente da República, mediante decreto, estabelecerá
a organização e o funcionamento dos Ministérios e das Autarquias.
A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvada as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Dessa forma, a regra de concurso público consiste em pressuposto de validade
da admissão de pessoal, tanto para as autarquias como para os ministérios.
II DOS MINISTÉRIOS
a) Conceitos
Autarquias são entes administrativos autônomos, criados por lei específica,
com personalidade jurídica de Direito Público interno, patrimônio próprio e
atribuições estatais específicas. (HELY LOPES MEIRELLES).
b) Características:
Criada por Lei específica (Emenda Constitucional n. 19, de 1998);
Personalidade jurídica de Direito Público;
Patrimônio Próprio;
Capacidade de auto-administração sob o controle estatal;
Desempenho de atribuições públicas típicas.
139
As autarquias prestam-se à realização de quaisquer serviços públicos típicos,
próprios do Estado, mas são indicadas especificamente para aqueles que requeiram maior
especialização ou imposição estatal e que, conseqüentemente, exijam organização
adequada, autonomia de gestão e pessoal especializado, liberto da burocracia comum das
repartições centralizadas. (Hely Lopes Meirelles)
É das autarquias que os Poderes Públicos devem valer-se quando pretendem
transferir o exercício de atos que impliquem na prática de prerrogativas de autoridade.
(Celso Ribeiro Bastos)
c) Criação
As autarquias deverão ser criadas por meio de lei específica (inciso XIX, do art.
37 da CF), mas sua organização se opera por decreto, que aprova o
regulamento ou estatuto da entidade.
d) Patrimônio Inicial
É formado com a transferência dos bens imóveis da entidade-matriz, os quais se
incorporam ao ativo da nova pessoa jurídica. A transferência de imóveis ou é feita
pela própria lei instituidora, caso em que dispensa o registro, ou a lei apenas
autoriza a incorporação, a qual se efetivará por termo administrativo ou por
escritura pública, para necessária transcrição no registro imobiliário competente.
e) Bens e Rendas
São considerados patrimônio público, mas com destinação especial e
administração própria da entidade a que foram incorporados, para realização
dos objetivos legais e estatutários.
f) Orçamento
O orçamento das autarquias é formalmente idêntico ao das entidades estatais,
com as peculiaridades indicadas nos arts. 107 a 110 da Lei 4320, de 1964 e
adequação ao disposto no § 5.º do art. 165 da CF.
g) Dirigentes
Os dirigentes na forma da lei ou a que o estatuto obedecer, mas o STF vem
decidindo que é inconstitucional a aprovação prévia de seus nomes pela
Assembléia Legislativa do Estado, por afrontar à independência dos Poderes.
i) Contratos
Estão sujeitos à licitação por expressa determinação do art. 1.º, parágrafo
único, da Lei 8.666, de 1993 e do art. 37 da CF, sendo nulos quando não
realizarem ou fraudarem o procedimento licitatório.
j) Pessoal
Está sujeito ao regime jurídico único da entidade-matriz, como dispõe o art. 39,
caput, da CF.
l) Privilégios
As autarquias nascem com privilégios administrativos (não políticos) da
entidade estatal que as institui, auferindo também as vantagens tributárias e
141
as prerrogativas processuais da Fazenda Pública, além dos que lhes forem
outorgados por lei especial, como necessários ao bom desempenho das
atribuições da instituição.
143
Salienta-se que a tais agências a lei assegura autonomia de gestão e a
disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para que possam cumprir suas
metas e seus objetivos institucionais.
Como visto, as agências são entes dotados de autonomia, sendo sua criação
realizada por lei específica, que lhe confere personalidade jurídica de direito público interno,
patrimônio próprio e competências especificadas em sua lei instituidora.
O instrumento legislativo criador das agências tem condições de limitar, de forma
detalhada e abrangente, toda a competência delegada pelo legislador a essa entidade.
Acrescenta-se que, a lei instituidora da agência deverá mencionar sua
configuração, delineando não só sua competência e estrutura, mas também sua relação
com os demais órgãos integrantes do Estado. É necessário que a lei defina com clareza e
precisão a estrutura e a competência da entidade, para que possa a agência ver-se capaz
de realizar uma atuação independente, uma vez que, sem essa delimitação, de acordo com
o que prevê o princípio da legalidade, não se aperfeiçoará a criação do ente regulador.
Por fim, necessário se faz informar que os “postos-chave” de um órgão desse
perfil deve pautar por critérios técnicos, e a indicação desses agentes não pode ser ato
exclusivo do chefe do executivo, mas deve envolver inclusive o Legislativo, mediante
sabatina e aprovação dos nomes pela instância parlamentar (Marques Neto, 2005).
Ocorre que esta sistemática tem ensejado polêmicas em função da prescrição
constitucional que remete ao Chefe do Executivo a competência para prover os cargos de
direção da Administração. Em que pese ter o Supremo Tribunal Federal se manifestado,
reiterada vezes, no sentido de que não pode a lei introduzir outra sistemática de provimento
desses cargos que prescinda da vontade do Chefe do Executivo, Floriano de Azevedo
Marques, acredita que isso não torna ilegal a previsão legal de que a indicação do
presidente, governador ou prefeito terá de ser referendada pelo Parlamento. Isso porque,
nesse caso, não se está manietando ou vinculando a vontade do governante eleito, mas
criando um procedimento complexo do qual este participa de forma determinante.
MODELO
CONCEITO CRIAÇÃO CONTROLE PESSOAL RECURSOS FINANCEIROS CARACTERÍSTICAS
INSTITUCIONAL
São pessoas jurídicas Somente podem - Supervisão do Concurso público, - Autonomia financeira - Autarquias têm personalidade
estatais autônomas, ser criadas por Ministro (a cuja ressalvadas as - Recursos podem ser oriundos de Direito Público, por isso
criadas por lei e Lei (art. 37, XIX, Pasta esteja nomeações para cargo de trespasse estatal ou hauridos podem ser titulares de
exclusivamente da CF). vinculada), o qual em comissão como produto da atividade que interesses públicos;
administrativas, ou seja, exercerá o controle declaradas em lei de lhes seja afeta. - gozam de liberdade
são entes descentralizados auxiliado pelos livre nomeação e - No que tange às relações administrativa nos limites da lei
com funções órgãos superiores ao exoneração. internas das autarquias, seus que as criou;
administrativas ou de do Ministério. - O regime de pessoal procedimentos financeiros - não são subordinadas a órgão
AUTARQUIAS
gestão de serviços públicos é o mesmo dos obedecem às mesmas regras algum, mas apenas
(INSTITUIÇÃO)
específicos. Servidores da de contabilidade pública controladas.
- Figuras da Administração Administração direta aplicáveis à Adminis-tração
indireta. (lei 8.112, de 1990). direta do Estado, ou seja, estão
sujeitos às normas gerais do
Direito financeiro e conseqüen-
temente, à Leis de
Responsabilidade Fiscal.
- Orçamento: Lei orçamentárias.
Unidade atuante integrante Somente pode Controle Interno - Concurso público, - Autonomia financeira
da estrutura da ser criada por Corregedoria Geral da ressalvadas as - Seus procedimentos financeiros
Administração direta. Lei. União; nomeações para cargo estão sujeitos às normas gerais
Controle Externo - em comis-são do Direito financeiro e
MINISTÉRIO Tribunal de Contas da declaradas em lei de conseqüentemente, à Lei de
União. livre nomeação e Responsabilidade Fiscal.
exoneração. - Orçamento: estabelecido por
- O regime de pessoal Leis orçamentárias.
- 8.112, de 1990.
145