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Índice
“Bienvenidos a la fiesta”: 11
O contador de histórias: 14
1
G. K. Chesterton:
contos de fadas, fábulas e brinquedos
“A Ética da Elfolândia”
“O Anjo vermelho”
2
“Observo que realmente há seres humanos que pensam que
contos de fadas são maus para crianças. (...) Mas uma senhora
escreveu-me uma enérgica carta dizendo que contos de fadas não
deviam ser contados às crianças mesmo que fossem verdade. Ela diz
que é cruel contar contos de fadas a crianças porque elas se assustam.
Da mesma forma poder-se-ia dizer que é cruel dar romances
sentimentais às moças porque as fazem chorar. Todo esse gênero de
conversa é baseado naquele completo esquecimento de como é uma
criança e que foi o fundamento firme de tantos esquemas educacionais.
Se você mantiver os fantasmas e os duendes longe das crianças, elas os
inventarão por si mesmas. (...)” (p. 111)
“Dessa forma, os contos de fadas não são responsáveis por
produzir nas crianças o medo ou qualquer uma de suas formas; os
contos de fadas não dão à criança a ideia do mau ou do feio; estas já
estão nela, porque já estão no mundo. Os contos de fadas não dão à
criança sua primeira ideia de fantasma. O bebê conhece intimamente o
dragão desde que começa a imaginar. O que o conto lhe dá é um São
Jorge para matá-lo. O que o conto de fadas faz é exatamente isto:
acostuma-a, através de uma série de imagens claras, à ideia de que
esses terrores ilimitados têm um limite, que esses inimigos sem forma
têm como inimigos os cavaleiros de Deus, que há no universo algo mais
místico do que a escuridão e mais forte do que o medo intenso.” (p.112)
“Tome por exemplo o mais terrível dos contos de Grimm em
acontecimentos e imagens, o excelente conto do “Menino Que Não Sabia
Tremer” , e você verá o que quero dizer. Há choques vivos nesse conto.
Lembro-me especialmente das pernas de um homem que caíam
sozinhas pela chaminé e andavam pela sala até se reunirem com a
cabeça decepada e o corpo que desciam a chaminé atrás delas. Isso era
muito bom. Mas o núcleo da história e dos sentimentos do leitor não é
que essas coisas fossem assustadoras, mas o fato muito mais chocante
de que o herói não se assustava com elas. A mais amedrontadora de
todas essas maravilhas era sua própria ausência de medo. Batia nas
costas dos fantasmas e convidava os demônios a beber vinho consigo;
muitas vezes na juventude, sufocado por alguma morbidez moderna,
rezei por uma dose dupla de sua coragem.” (p. 113)
3
presente no livro “Tremendas trivialidades”.
Este livro reúne algumas crônicas publicadas originalmente no jornal
“Daily News” entre 1901 e 1913.
Tradução: Mateus Leme.
Editora Ecclesiae, Campinas/SP, 2012.)
4
“As fábulas de Esopo”
5
com a brutalidade de algum sujeito brutal; por aquela aprovação a
todas as coisas delicadas, incluindo a virtude, que devem existir em
qualquer bom diplomata. Assim que colocar a coisa em duas pernas ao
invés de quatro e despi-las de penas, não se poderá deixar de procurar
por um ser humano, seja um herói, como nos contos de fadas, ou um
anti-herói, como nos romances modernos.” (p. 69 – 70)
“Nesta linguagem, como em um vasto alfabeto animal, estão
escritas algumas das primeiras certezas filosóficas dos homens. Da
mesma forma que a criança aprende A para asno, ou B para búfalo ou
C para cavalo, também o homem tem aprendido aqui a relacionar as
criaturas mais simples e grosseiras com as verdades mais simples e
grosseiras. (...) [As fábulas] são o alfabeto da humanidade (...)” (p. 70 –
71)
6
“O teatro de marionetes”
“Há apenas uma razão pela qual os adultos não brincam com
brinquedos; e é uma razão justa. É que brincar exige muito mais tempo
e dedicação do que tudo mais. A brincadeira, da forma como as
crianças a encaram, é a coisa mais séria do mundo; e assim que
passamos a ter pequenos deveres ou pequenas penas temos de
abandonar em parte esse plano de vida tão enorme e ambicioso. Temos
força suficiente para a política e o comércio, a arte e a filosofia; não
temos força suficiente para brincar. Esta é uma verdade que será
reconhecida por qualquer um que, quando criança, já brincou com
qualquer coisa: qualquer um que tenha brincado com blocos, com
bonecas ou soldados de chumbo. Meu trabalho como jornalista, que me
dá dinheiro, não é executado com tão terrível persistência quanto
aquele outro trabalho que não rendia nada.
Tome o exemplo dos blocos. Se você publicar amanhã um livro em
doze volumes (seria típico de você) sobre a “Teoria e Prática da
Arquitetura Europeia”, seu trabalho poderá ser laborioso, mas é
fundamentalmente frívolo. Não é sério como o de uma criança
empilhando um bloco sobre o outro, pela simples razão de que se o seu
livro é ruim ninguém conseguirá em última análise e completamente
provar-lhe isso. Ao passo que, se o equilíbrio dos blocos for ruim, a
pilha simplesmente cairá. E, se conheço algo sobre crianças, o menino
voltará solene e tristemente ao trabalho de reconstruí-la. Ao passo que,
se conheço algo sobre autores, nada o induzirá a reescrever seu livro,
ou até a pensar nele novamente se puder evitar.
Tome o exemplo das bonecas. É muito mais fácil cuidar de uma
causa educacional do que cuidar de uma boneca. (...)
Lembro-me de uma menina em Battersea que levava a passear
sua irmã menor apertada em um carrinho e boneca. Quando
questionada sobre isso, ela respondia: “Eu não tenho uma boneca, e a
Bebê está fazendo de conta que é a minha.” A Natureza estava de fato
imitando a arte. Primeiro uma boneca substituía uma criança; depois a
criança se tornava um mero substituto de uma boneca. Mas isso abre
outros assuntos; o ponto aqui é que tanta devoção exige a maior parte
do cérebro e a maior parte da vida, quase como se fosse realmente a
coisa que é simbolizada. O ponto é que o homem que escreve sobre a
maternidade é meramente um educador; a criança que brinca com uma
boneca é uma mãe.” (pág. 147 -148)
7
(Da crônica “O teatro de marionetes”,
presente no livro “Tremendas trivialidades”.)
Este livro reúne algumas crônicas publicadas originalmente no jornal
“Daily News” entre 1901 e 1913.
Tradução: Mateus Leme.
Editora Ecclesiae, Campinas/SP, 2012.)
8
“A respeito dos contos de fadas”
P.–J. Stahl
9
Sim, tudo o que faz rir e sorrir essas pequenas criaturas é para
elas o começo da sabedoria. O bom humor e a curiosidade do espírito
são a sua ginástica mental.” (pág. 44)
“Os contos são curtos e isso lhes permite ser cheios de espírito em
cada palavra sem ultrapassarem o duplo objetivo a que se propõem:
cativar a criança e provocar sorrisos e reflexões no adulto.” (pág. 46)
10
BIENVENIDOS A LA FIESTA
Cuaderno de notas e diccionario de
literatura infantil y juvenil”
WWW.bienvenidosalafiesta.com
Isso é bem formulado por Italo Calvino quando explica que "os
contos de fadas são verdadeiros" porque ”tomados em conjunto, com
sua sempre reiterada e sempre diversa casuística de acontecimentos
humanos", nos dão uma explicação geral da vida e nos mostram todo
”um catálogo dos destinos que podem ter um homem ou uma mulher".
11
NOTAS
2) O caso sobre Einstein foi contada por Mem Fox em sua obra
“Leer como por arte de magia: cómo enseñar a tu hijo a leer em edad
preescolar y otros milagros de la lectura en voz alta” (Reading Magic,
2001). Barcelona: Paidós Ibérica, 2003; 156 pp.; col. Guías para padres;
ilust. De Judy Horacek; trad. De Joan Carles Guix; ISBN: 84-493-1359-
7. [Mem Fox é autora de “Wilfrid Gordon McDonald Partridge”, com
ilustrações de Julie Vivas, lançada originalmente em 1984. No Brasil,
esta obra foi lançada pela Editora Brink Book com o título “Guilherme
Augusto Araújo Fernandes”. WWW.memfox.net ]
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“A beleza
é a única vestimenta
para a verdade.”
George MacDonald
Sugestão de leitura:
George MacDonald
Girona – España
2012
http://www.atalantaweb.com/libro.php?id=83
13
O contador de histórias
Chico dos Bonecos
***
14
Os contos de fadas me revelaram também que tudo depende de
um “mas”, um limite, uma proibição. E foi o vidro que me ajudou a
entender tudo isso...
15
fria, seca, vazia, porque tudo na vida é uma eterna repetição: acordar,
trabalhar, comer, dormir; nascer, crescer, morrer; um ano atrás do
outro, um dia atrás do outro... Aí eu comecei a pensar... Ora, ora,
carambola! A partir da minha filosofia das fadas, eu posso muito bem
entender que o sol nasce e se põe todos os dias por um motivo muito
simples: ele adora fazer esse passeio! A minha vó costumava dizer: “Um
dia atrás do outro: piloto.”
16
Quatro fábulas
para exercício de leitura em voz alta
17
Jardineiros e Jardins
18
O Sol e o Vento
20
Brejaúva. Já estou descendo, amiga Raposa. E vamos nos
abraçar num abraço cinco vezes fraterno. Estou descendo.
Jazinho.
21
O Pernilongo e a Onça
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