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A
pesca desregrada na Amazônia vem causando muitos problemas para a região. O
principal deles é a diminuição da quantidade de peixes nos rios e lagos, com resultados
muito negativos para as comunidades ribeirinhas, que têm no peixe a sua principal fonte
de sobrevivência. Além disso, com a diminuição dos recursos pesqueiros, aumentaram
os conflitos sociais entre pescadores, fenômeno conhecido como a “guerra do peixe”.
Nos últimos anos, várias comunidades ao longo dos rios Amazonas e Solimões - com apoio
de organizações não governamentais, universidades e governos - têm criado estruturas de
gestão mais formais, com o objetivo de formular regras para a pesca em diversos lagos e
reduzir os conflitos na região.
Concebida como um instrumento de trabalho, esta cartilha poderá ser utilizada por
pescadores, agricultores, estudantes, técnicos agrícolas, professores e moradores de
comunidades ribeirinhas. Contém informações que vão facilitar as discussões e auxiliar no
planejamento e na execução do manejo da pesca - a partir da elaboração dos acordos de
pesca, garantindo a continuidade das pescarias e um futuro melhor para suas comunidades.
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ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ
Espécies ameaçadas
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ACORDOS DE PESCA: A COMUNIDADE É QUEM FAZ
o peixe que vem de área manejada, estão ajudando a conservar o meio ambiente e a
melhorar a vida das comunidades ribeirinhas.
Pesquisadores fizeram alguns estudos e descobriram que a pesca em lago manejado rende 60%
a mais do que em lago onde a pesca é feita sem controle.
Veja a diferença:
Então vale a pena fazer esse controle. Você não acha? Pense nisso!
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• Podem ainda, proibir a pesca em lagos onde os peixes se reproduzem para povoar outros
lagos na cheia, reservando estas áreas para servir de criadouro natural.
• áreas de preservação temporária - nesse caso, a pesca é permitida apenas durante uma parte
do ano);
Conflitos entre pescadores artesanais e comerciais já vêm de longa data na Amazônia. Para
solucionar esse problema, algumas comunidades já
desenvolveram experiências de manejo por conta
própria. Agora o Ibama reconheceu o esforço das
comunidades e publicou a Instrução Normativa
que regulamenta os acordos de pesca.
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Os acordos precisam:
• ser regulamentados por meio de Portarias Normativas do Ibama, que são complementares às
portarias de normas gerais que disciplinam o exercício da atividade pesqueira em cada bacia
hidrográfica . Essas normas têm que ser encaminhadas ao Ibama para serem aprovadas e
publicadas.
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• incluir a aplicação de multas, penalidades e taxas. Só quem pode fazer isso são os órgãos
oficiais de fiscalização, como o Ibama, por exemplo;
A organização da comunidade é muito importante na luta por uma vida melhor. Veja por que:
• Quando a gente se organiza junta forças e, quando vê, as coisas começam a acontecer;
• Pescadores, que tiram o peixe para vender ou para comer, agricultores e todos os interessados
na pesca participam das decisões e decidem o que é melhor para todo mundo, desde que
não prejudique o meio ambiente.
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• Fica mais fácil controlar quem não está seguindo as regras do acordo.
Em muitas comunidades, o pessoal já começou esse trabalho e está tendo o maior sucesso. E já
que os resultados estão sendo tão bons, a gente pode aprender com esses comunitários e usar
como base o caminho que eles já andaram. Então, vamos pegar essa estrada e conhecer,
passo-a-passo, o que é importante fazer para ter um bom acordo de pesca.
Importante! Antes de começar as discussões sobre o acordo, convide alguém que possa
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explicar sobre a legislação de pesca da sua região. É importante que a comunidade e todas as
pessoas que estão interessadas em discutir o acordo conheçam o que já é proibido pela lei. Assim
não vão correr o risco de aprovar propostas que vão contra a lei. Um bom caminho é chamar o
Ibama local para participar.
1. MOBILIZAR A COMUNIDADE
O primeiro passo é mobilizar a comunidade. Mobilizar quer dizer chamar todo mundo para
participar explicando porque é importante a colaboração de todos. Devem ser convidadas
pessoas que estão envolvidas com a atividade de
pesca, entre elas:
• lideranças comunitárias;
• representantes de
colônias de pescadores
e de associações;
• agricultores, criadores de
gado, donos de frigoríficos e de
geleiras;
• Enviar convite por escrito a todos os envolvidos com a atividade pesqueira, com a lista dos
assuntos que serão discutidos, além do lugar, dia e horário da reunião. É preciso que todos
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assinem um papel
confirmando que receberam
o convite. Assim, ninguém
vai poder dizer que não foi
convidado;
•Convidar lideranças
comunitárias,
representantes de colônias
de pescadores,
agricultores, criadores de
gado, estudantes,
professores, donos de
geleiras e frigoríficos,
órgão estadual de meio
ambiente, Ibama e ONGs parceiras.
Organização é importante!
Para isso, convide representantes do Ibama e de outras instituições parceiras para ajudar na
parte técnica.
É importante eleger o presidente da reunião e um secretário para fazer a ata. O presidente deve
organizar o tempo que cada um terá para falar, anotar cada proposta e encaminhá-la à votação.
O levantamento das regras que vão fazer parte do acordo começa na reunião comunitária.
Veja o que deve ser feito nessa reunião:
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• apresentar o problema. Exemplo: “a quantidade de peixes vem diminuindo a cada ano; está
difícil encontrar as espécies mais procuradas e que têm melhor preço etc”...;
• discutir as diferentes idéias e propostas de solução, levando em conta o que diz a lei, para
que se possa chegar a um acordo;
• eleger representantes das comunidades para encaminhar, discutir e defender suas propostas na
assembléia intercomunitária. Essa assembléia vai juntar um representante de cada comunidade
que utiliza o mesmo lago ou trecho do rio.
Na Assembléia Intercomunitária
• colônias de pescadores do
local e de outros municípios;
• associações;
• organizações de proteção ao
meio ambiente;
• sindicatos;
• fazendeiros;
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• Deve-se fazer a quantidade de assembléias que forem necessárias até que se chegue a um
consenso (acordo) das propostas entre os diferentes usuários da área a ser manejada;
• É preciso fazer a Ata da Assembléia e pedir para todos os participantes assinarem. A ata deve
registrar o que foi discutido e o que foi aprovado na reunião.
Importante!!!
• Cuidado com o uso errado de palavras. Procure saber se o sentido daquela palavra usada no
texto é o mesmo entendido por todos;
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de habitantes etc. Essas informações ajudam os técnicos que vão analisar o documento do
acordo de pesca. Muitas vezes eles não conhecem com detalhes a região..
5. LEGALIZAR OS ACORDOS
• Além desse documento, tem que ser encaminhada também a Ata da Assembléia que aprovou
o acordo, com as assinaturas de todos os representantes das comunidades e dos outros
participantes da Assembléia;
• Assim que receber os documentos, a Gerência Executiva do Ibama no Estado vai elaborar um
parecer técnico e preparar uma minuta de Portaria (documento inicial), regulamentando o
acordo. Por isso é importante o envolvimento da gerência executiva do Ibama desde o início
do processo.
• A minuta será encaminhada à sede do Ibama em Brasília para a avaliação técnica e jurídica
e outras providências que forem necessárias. Depois, o presidente do Ibama deve assinar a
Portaria, e só então o documento é publicado no Diário Oficial da União.
6. DIVULGAR A LEI
Depois que a Portaria regulamentando o Acordo for publicada no Diário Oficial da União, é
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Se for possível, é bom divulgar a portaria nos meios de comunicação disponíveis: rádio,
televisão, jornal, jornais comunitários, murais das associações e escolas, etc ...
7. FAZER O MONITORAMENTO
O monitoramento do Acordo de Pesca deve ser feito com base em medidas possíveis de serem
cumpridas pelos próprios pescadores e que possam contar com o apoio do IBAMA. Monitorar
significa fazer o acompanhamento do acordo para verificar quais são os seus resultados.
Veja alguns exemplos de medidas (indicadores) que podem ser utilizadas no monitoramento do
acordo de pesca:
• número de panelas de
pirarucu;
• número de infrações
registradas;
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• tempo/esforço de captura;
• número de pessoas
participando dos
mutirões de fiscalização.
8. AVALIAR O ACORDO
AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser feita uma vez por ano, com base nas informações que foram conseguidas
com o monitoramento. Essa avaliação servirá para ver os resultados conseguidos com o acordo
e também para fazer as modificações que forem necessárias.
FIQUE DE OLHO
A fiscalização do cumprimento dos Acordos de Pesca é feita pelo Ibama e por agentes
ambientais voluntários. Esses agentes são pessoas da comunidade que vão ser treinadas pelo
Ibama para ajudar nesse trabalho.
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• Procure esclarecer as principais dúvidas e os problemas mais importantes que surgirem nessas
discussões. Lideranças comunitárias, professores e técnicos do governo, organizações não-
governamentais e universidades podem ajudar nessa empreitada;
• Divulgue o que está acontecendo nos meios de comunicação: rádio, jornal, televisão;
• Torne-se um agente ambiental voluntário. Os técnicos do Ibama que estão ajudando a fazer
os acordos podem lhe orientar sobre o que é necessário fazer para se tornar um agente
ambiental voluntário.
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Belém/PA
Av. Conselheiro Furtado, 1303
Batista Campos 66035-350 Belém, PA
Tel.: (91) 241-2621/224-5899
Fax: (91) 223-1299
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N
esta publicação, o WWF-Brasil e o PróVarzea/Ibama falam sobre a importância do manejo
comunitário e dos acordos de pesca como estratégias para a manutenção dos estoques pesquei-
ros na Amazônia. Concebida como um instrumento de trabalho, a cartilha poderá ser utilizada
por pescadores, agricultores, estudantes, técnicos agrícolas, professores e moradores de comuni-
dades ribeirinhas. Contém informações destinadas a facilitar as discussões, auxiliar o planejamento e
a ação de interessados em realizar o manejo da pesca a partir da elaboração dos acordos de pesca,
garantindo a continuidade das pescarias e um futuro melhor para suas comunidades.
WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil, autônoma e sem fins lucrativos, dedicada à
conservação da natureza, reconhecida pelo governo como instituição de utilidade pública. Atua em
nível nacional com o objetivo de harmonizar a atividade humana com a proteção da biodiversidade
e com o uso racional dos recursos naturais, em benefício dos brasileiros de hoje e das próximas
gerações. O WWF-Brasil realiza cerca de 70 projetos em todo o país e integra a maior rede mundial
independente de conservação da natureza, com atuação em 96 países e 5 milhões de afiliados em
todo o mundo.
WWF-Brasil ProVárzea
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