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EBOOk - Guia de Utilização

A Guia de Utilização foi concebida inicialmente visando à possibilidade de


custeio da pesquisa, melhor conhecimento do bem mineral a ser pesquisado, e
a possibilidade de manutenção do fornecimento dos referidos bens no
comercio interno e externo.

Tal título autorizativo, tendo em vista uma maior dificuldade na obtenção da


Portaria de Lavra, uma vez que o trâmite de obtenção é mais moroso, os
empreendedores do Setor Minerário têm buscado com maior ênfase este tipo
de autorização.

A Guia de Utilização é uma autorização para extração e alienação, em caráter


excepcional, de substâncias minerais em área titulada, antes da outorga da
concessão de lavra, fundamentado em critérios técnicos, ambientais e
mercadológicos, mediante prévia autorização do DNPM, em conformidade com
o modelo-padrão e tabela constantes nos Anexos III e IV, da Portaria 155/2016.

Veja que apesar da obtenção da Guia de Utilização ser mais rápida se


comparada com os padrões normais de trâmite processual para emissão da
Concessão de Lavra, o projeto quando do requerimento da Guia, deve
obrigatoriamente levar em consideração critérios técnicos, ambientais e
mercadológicos, os quais passam pelo crivo dos servidores do DNPM/ANM
para análise e manifestação em relação à sua emissão. Tal parecer de análise
é subsídio técnico do Superintendente da unidade de requerimento, uma vez
ser de sua atribuição tal decisão.

Após a remodelagem da Portaria 144/2007, a qual foi revogada pela Portaria


DNPM 155/2016, são consideradas como condições excepcionais:

I - aferição da viabilidade técnico-econômica da lavra de substâncias minerais


no mercado nacional e/ou internacional;

II - a extração de substâncias minerais para análise e ensaios industriais antes


da outorga da concessão de lavra; e

III - a comercialização de substâncias minerais, a critério do DNPM, de acordo


com as políticas públicas, antes da outorga de concessão de lavra.

Já em relação ao item III, são definidas como políticas públicas as seguintes


situações:

I - Em situação de formalização da atividade e fortalecimento das Micro e


Pequenas Empresas, de acordo com os objetivos estratégicos do Plano
Nacional de Mineração - 2030;
II - Que visarem a promoção do desenvolvimento da pequena e média
mineração por meio de ações de extensionismo mineral, formalização,
cooperativismo e arranjos produtivos locais;

III - Que se destinarem à pesquisa dos minerais estratégicos (abundantes,


carentes e portadores de futuro) de acordo com os objetivos do Plano Nacional
de Mineração - 2030;

IV - Que visarem a garantia da oferta de insumos para obras civis de


infraestrutura, para o desenvolvimento agrícola e da construção civil;

V - Com investimentos em setores relevantes para a Balança Comercial


Brasileira, contendo substância necessárias ao desenvolvimento local e
regional; e

VI - Com projetos que promovam a diversificação da pauta de exportação


brasileira e o fortalecimento de médias empresas visando a conquista do
mercado internacional. Contribuindo para o superávit da balança comercial.

A Portaria relativa à Consolidação Normativa, estabelece em seu Anexo IV as


substâncias e suas respectivas quantidades permitidas para extração/alienação
por ano.
É admitida a emissão de Guias de Utilização de substâncias que não estejam
contidas no quadro acima ou ainda daquelas que constem porém em
quantidades superiores, desde que apresentadas as devidas justificativas e
submetidas à decisão do Diretor Geral, o qual avaliará a necessidade de
incremento de tal quantidade.

Após a obtenção do alvará de pesquisa, o titular de um dado processo


minerário, tem a oportunidade de requerer a Guia de Utilização. Para tanto
deve minimamente apresentar os seguintes aspectos:

I – justificativa técnica e econômica, elaborada por profissional legalmente


habilitado, descrevendo, no mínimo, as operações de decapeamento,
desmonte, carregamento, transporte, beneficiamento, se for o caso, sistema de
disposição de materiais e as medidas de controle ambiental, reabilitação da
área minerada e as de proteção à segurança e à saúde do trabalhador;

II – indicação da quantidade de substância mineral a ser extraída;

III – planta em escala apropriada com indicação dos locais onde ocorrerá a
extração mineral, por meio de coordenadas em sistema global de
posicionamento – GPS, Datum do Sistema de Referência Geocêntrico para as
Américas (SIRGAS 2000), dentro dos limites do alvará de pesquisa, sendo
plotados em bases georeferenciadas; e
IV - comprovante de pagamento dos respectivos emolumentos no valor fixado
no Anexo II.

É importante fazer algumas considerações acerca dos itens supracitados:

Em relação ao item I:

 O requerimento deve apresentar no mínimo uma das três justificativas


previstas no parágrafo 1º do art. 102;
 O profissional habilitado a requerer a Guia de Utilização é o Engenheiro
de Minas, ou outro profissional que tenha habilitação junto ao
CONFEA/CREA, de acordo com a sua grade curricular e consequente
autorização pelo CREA no campo Atividades Técnicas na Anotação de
Responsabilidade Técnica para lavra;
 Apesar do projeto de requerimento de Guia de Utilização não ser um
Plano de Aproveitamento Econômico, tal requerimento deve levar em
consideração o plano de lavra e descrever minimamente suas etapas,
incluindo as descrições relativas ao meio ambiente e segurança e saúde
do trabalhador. Nestes itens devem ser apresentados os principais
aspectos para minimizar os impactos ambientais e a forma de recuperar
tais áreas quando da exaustão do bem mineral e as medidas de
minimização dos riscos à saúde e vida dos trabalhadores, apresentando
para tanto planos de resgate e salvamento, plano de emergência, e
dependendo da complexidade das atividades Programa de
Gerenciamento de Riscos.

Em relação ao item II:

 No que tange a quantidade a ser requerida, deve-se atentar para o


anexo IV da Portaria DNPM 155/2016, uma vez que caso o valor
requerido exceda aquele constante no quadro, dever-se-á apresentar
justificativa plausível para o interesse no valor excedido. É importante
frisar que tal decisão passa pelo crivo dos servidores, como análise
técnica e posteriormente o processo é encaminhado ao Diretor Geral
para manifestação final, por ser deste a atribuição de tal decisão.

Em relação ao item III:

 Este item é um dos que mais geram exigências. A apresentação de


planta em escala apropriada com a devida indicação do local a ser
realizada a extração comumente geram dúvidas e consequentemente
exigências para melhor instrução.
 Um aspecto importante a ser considerado é que caso o requerimento
seja efetuado antes da apresentação do Relatório Final de Pesquisa, tal
ponto poderá estar em qualquer lugar dentro da poligonal do processo
minerário em apreço. Contudo, caso o Relatório Final de Pesquisa já
tenha sido apresentado, faz-se necessário que o requerente atente-se
para a locação do ponto dentro das reservas bloqueadas quando do
RFP. Tal afirmativa vai de encontro com a necessidade de se lavrar
dentro de reservas aprovadas, conforme estabelece o art. 322 em seu
inciso VI dado pela seguinte redação:
“Será lavrado AUTO DE INTERDIÇÃO de áreas ou setores de empreendimentos
minerais com título autorizativo de lavra outorgado, interditando parcial ou
totalmente as atividades de extração mineral, quando, durante fiscalização do
DNPM, forem constatadas as seguintes irregularidades:
VI - lavra executada dentro da área concedida e fora dos limites das reservas
aprovadas.”

Em relação ao item IV:

 Deve-se atentar para o anexo II da Portaria DNPM 155/2016 que


estabelece os valores de emolumentos, estando dentre eles o
referente ao requerimento de Guia de Utilização.

Após o devido protocolo de requerimento de Guia de Utilização, o projeto será


alvo de análise por parte da equipe técnica do DNPM/ANM, o qual exarará
parecer sugerindo o deferimento ou indeferimento do pleito considerando
justificativa técnica, os dados relativos aos depósitos potencialmente existentes
ou passíveis de estimativa e a extensão da área, exarará parecer sugerindo a
emissão da GU ou o indeferimento do pedido.

Caso seja favorável ao deferimento tendo em vista o projeto estar


satisfatoriamente instruído, será exigida a apresentação da Licença Ambiental
(LI ou LO) objetivando a emissão da GU. Porém, cabe frisar que a Guia de
Utilização somente será emitida, mesmo estando com o projeto
satisfatoriamente instruído, caso:

 apresente todos os documentos de que trata o art. 104 da Portaria


155/2016, quando do requerimento;
 esteja com a taxa anual por hectare devidamente quitada; e
 apresente ao DNPM a necessária licença ambiental ou documento
equivalente (neste caso pode-se admitir a apresentação de certidão
emitida pelo órgão ambiental competente).

Outra condição importante e que é alvo de verificação por parte dos técnicos
analistas quando do requerimento de GU é a possibilidade de existência de
lavra ilegal na área em apreço. Em caso positivo, a Guia de Utilização somente
será emitida, após a devida quantificação e qualificação do bem mineral
extraído, após a devida apuração dos fatos, com a imediata paralisação das
atividades e adoção das medidas exigidas pelo Manual de Procedimentos de
Fiscalização de Extração de Bem Mineral Não Autorizado.

Aspectos importantes e que geram muitas dúvidas:

 Caso exista pleito de Guia de Utilização para mais de uma substância,


serão emitidas Guias distintas para cada substância;
 Caso exista pleito de Guia de Utilização de uma mesma substância para
frentes distintas, o somatório da produção (extração/alienação) não
poderá exceder a quantidade prevista no Anexo IV da Portaria DNPM
155/2016, caso contrário, somente com justificativa plausível a ser
analisada e autorizada pelo Diretor Geral;
 A validade da Guia de Utilização não poderá exceder o prazo da Licença
Ambiental, tampouco o alvará de pesquisa, onde deverá prevalecer o
que vencer primeiro;
 Para que o titular de um processo, detentor de uma Guia de Utilização,
mantenha o direito de continuar a realizar extração/alienação de um
dado bem mineral, o mesmo deverá entrar com pedido de renovação da
Guia sessenta dias antes do seu vencimento, devendo para tanto
apresentar todo conteúdo previsto e já citado no presente documento;
 A Legislação não faz referência a mudança de titularidade quando da
realização de averbação de cessão de um processo com Guia de
Utilização. Algumas Superintendências exigem a apresentação de novo
pedido de Guia de Utilização. Outras, para facilitar o trâmite, caso não
haja mudanças no processo produtivo (equipamentos, mão de obra,
condições de contorno, ...), exigem a apresentação de uma
manifestação de que não haverá mudanças e apresentação de nova
ART assinada pelo Responsável Técnico legalmente habilitado e pelo
novo titular, certificando a manutenção das condições apresentadas na
Guia em vigor, acompanhados da Licença Ambiental em nome também
do novo titular.
 Na hipótese de extinção do direito minerário por qualquer motivo, a Guia
de Utilização perderá sua validade ensejando no seu imediato
cancelamento. Em caso de descumprimento, estará sujeito à
enquadramento na modalidade de usurpação de bem mineral e possível
crime ambiental, sujeito às penalidades previstas em lei.

Apesar da Guia de Utilização ser um título autorizativo teoricamente mais


rápido do que a Portaria de Lavra, o detentor de tal autorização fica obrigado a
atendimento às seguintes obrigações previstas em Lei:

I - executar os trabalhos de extração com observância da legislação minerária;

II - confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de extração a técnico


legalmente habilitado ao exercício da profissão;

III - não dificultar ou impossibilitar o aproveitamento ulterior da jazida;

IV - responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta ou


indiretamente, da extração;

V - promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local;

VI - evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e


prejuízos aos vizinhos;

VII - evitar poluição do ar ou da água que possa resultar dos trabalhos de


extração;

VIII - adotar as providências indicadas pela fiscalização dos órgãos federais;

IX – no caso de eventual interrupção temporária dos trabalhos de extração,


manter a(s) frente(s) de extração em bom estado de modo a permitir a
retomada das operações; e

X - apresentar ao DNPM, até o dia 15 de março de cada ano, relatório anual de


lavra - RAL observado o disposto nos arts. 66 a 81.
Vale destacar que para o caso de pedido de renovação da Guia de Utilização,
o titular deverá apresentar os seguintes aspectos:

I - relatório parcial de atividades de pesquisa mineral até então desenvolvidas


ou relatório final de pesquisa, em sendo o caso, incluindo informações sobre as
atividades de extração;

II - nova justificativa técnico-econômica apenas se for prevista modificação nas


condições operacionais definidas no inciso I do art. 104;

III – comprovação do recolhimento da CFEM, referente à quantidade da


substância mineral extraída;

IV – licença ambiental vigente ou documento comprobatório equivalente; e

V – comprovante do pagamento dos respectivos emolumentos no valor fixado


no Anexo II.

No que se refere ao prazo onde o titular ficará amparado para lavrar (para o
caso de pedido de renovação tempestiva), na ausência de decisão sobre
requerimento de nova Guia, a fim de manter a possibilidade de continuar o
direito de extração/alienação, o titular deverá anualmente, respeitando o prazo
de sessenta dias antes do seu vencimento, protocolizar novo pedido,
respeitando todos os documentos previstos para renovação incluindo o
respectivo pagamento do emolumento de requerimento de GU.

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