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A Escala de Blues

e Outras Escalas Derivadas


As escalas nesta seção são principalmente derivadas de
progressões de acordes, em vez de acordes específicos. Na
maioria das vezes, elas podem ser usadas como pontes
entre acordes, o que permite que você toque a mesma
escala, ou escalas muito aproximadas, sobre dois ou mais
acordes diferentes. Isso é às vezes chamado de
generalização harmônica.

A Escala de Blues
A escala de blues é geralmente a primeira escala, depois
da escala maior, ensinada a iniciantes na improvisação, e
em muitos casos é a única outra escala que aprendem.
Essa escala supostamente tem suas raízes na música afro-
americana com surgimento na época da escravidão, mas
as origens exatas de sua encarnação moderna são
desconhecidas. A escala de blues em Dó consiste de "Dó,
Mi Bemol, Fá, Fá Sustenido, Sol, Si Bemol". O segundo
grau dessa escala, que é a terça bemol da escala menor, é
chamada de "blue note". Na música vocal, ela é
geralmente cantada em alguma parte entre um Mi Bemol e
um Mi. Na música instrumental, várias técnicas são
empregadas para se alcançar o mesmo efeito, tais como
esticar a corda enquanto se toca um Mi Bemol em
instrumentos de corda, tocar mais baixo um Mi num
instrumento de sopro, ou tocar Mi Bemol e Mi
simultaneamente num instrumento de teclado. A sétima e
a quinta bemóis também são às vezes chamadas de blue
notes, e nem sempre são cantadas ou tocadas exatamente
na altura grafada. Variações da escala de blues que
incluem uma terça, quinta ou sétima naturais também
podem ser usadas. Além disso, observe que se uma quinta
bemol for omitida, a escala resultante é a escala
pentatônica menor. A escala pentatônica menor pode por
isso ser usada como substituta da escala de blues, e vice-
versa.
A beleza da escala de blues é que ela pode ser tocada
sobre toda uma progressão de blues sem nenhuma nota
evitada. Se você tentar linhas melódicas baseadas nessa
maneira de tocar, por exemplo, uma escala de blues em Dó
sobre um acorde C7, você recebe um retorno positivo
instantâneo, já que quase tudo que você consegue fazer
soa bem. Isso infelizmente leva muitos músicos a usar
demais essa escala, e a esgotar suas ideias rapidamente.
Há somente um número limitado de fraseados que podem
ser tocados numa escala de seis notas, e a maioria deles já
foi tocada milhares de vezes a esta altura. Isso não
significa dizer que você não deva nunca usar a escala de
blues; pelo contrário, ela é vitalmente importante para o
jazz. Mas não vá ficar tão encantado com a gratificação
fácil produzida por ela a ponto de praticar fraseados de
blues exaustivamente, em vez de expandir seu vocabulário
harmônico.

A metáfora da língua é uma boa. É difícil dizer coisas


interessantes com um vocabulário limitado. Geralmente
músicos como Count Basie são dados como exemplos de
músicos que tiram muito de muito pouco, mas há uma
diferença entre dizer poucas palavras porque você está
escolhendo elas cuidadosamente, e dizer poucas palavras
porque você não tem nada a dizer ou porque seu
vocabulário é muito limitado para exprimir suas ideias.
Esse conselho transcende a escala de blues, é claro.

Não é sempre necessário variar o conteúdo harmônico de


sua música se você for suficientemente criativo em outros
aspectos. Uma maneira de criar um interesse maior
quando estiver usando a escala de blues é usar qualquer
efeito especial à sua disposição para variar seu som. Eles
podem incluir honking (tocar uma mesma nota repetidas
vezes) e screaming (tocar notas nos registros mais altos)
para saxofonistas, growling para baixistas, ou o uso
de clusters no piano.

Escalas Menores
A escala menor harmônica é às vezes tocada sobre acordes
m-maj7. Seus modos não têm nomes padronizados, e são
raramente usados por músicos de jazz, exceto como
pontes sobre uma progressão harmônica ii-V-i. Por
exemplo, considere a progressão | Bm7b5 | E7alt | Am-
maj7 |. Uma escala menor harmônica de Lá pode ser
tocada sobre todos os três acordes, em vez do tradicional
uso das escalas Si Lócria, Mi Alterada e Lá Menor Melódica.
Outra maneira de dizer isso é que o segundo modo pode
ser tocado sobre um acorde m7b5, e que o quinto modo
pode ser usado sobre um acorde alterado da dominante.
Mesmo quando você não está usando a escala menor
harmônica sobre uma progressão inteira, talvez seja uma
boa usar o seu quinto modo sobre um acorde de V numa
progressão ii-V-i em tonalidade menor. A vantagem de
usar essa escala nesse exemplo é que ela difere das
escalas Si Lócria e Lá Menor Melódica por somente uma
nota cada. A desvantagem é que a tônica da escala é uma
nota evitada nesse contexto.

A escala menor melódica pode ser usada da mesma


maneira; seu quinto modo pode ser usado sobre o acorde
V numa progressão ii-V-i para manter algum ponto em
comum entre as escalas usadas. Observe entretanto que o
segundo modo da escala Lá Menor Melódica não é uma
escolha ideal sobre o acorde Bm7b5, porque essa escala
tem Fá Sustenido em vez de Fá. Essa é a única diferença
entre as escalas menores harmônica e melódica. A escolha
em relação a se se deve usar o quinto modo das escalas
menores harmônica ou melódica sobre um acorde de
sétima da dominante pode parcialmente depender da
tonalidade da música. Se Fá Sustenido estiver na armadura
de tom, então a escala menor melódica pode soar mais
diatônica. Você pode optar por essa escala se esse for o
som que estiver tentando obter, ou pela menor harmônica
se estiver tentando evitar soar diatônico. Por outro lado, se
o Fá Sustenido não estiver na armadura de tom, então a
escala menor harmônica pode soar mais diatônica. Uma
outra questão a considerar é qual dessas escalas está mais
perto da escala que você está usando no acordes anterior e
no posterior. Dependendo do som que você estiver
tentando conseguir, pode escolher a escala que tenha mais
ou menos notas em comum com as escalas adjacentes.
Escalas Bebop
A escala bebop maior é uma escala maior acrescida de
uma quinta aumentada ou sexta menor. A escala bebop
maior de Dó contém "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Sol Sustenido,
Lá, Si". Essa escala pode ser usada sobre acordes de
sétima maior ou acordes aumentados de sétima maior. A
escala bebop maior de Dó pode também ser usada como
uma ponte entre acordes numa progressão como | Cmaj7 |
Bm7b5 E7 | Am |; ou seja, a mesma escala pode ser
tocada sobre toda a progressão. Uma outra maneira de ver
isso é dizer que estamos tocando a escala bebop maior de
Dó sobre o acorde Cmaj7, tocando seu oitavo modo sobre
o acorde Bm7b5, tocando seu terceiro modo sobre o
acorde E7, e tocando seu sétimo modo sobre o acorde Am.
Esses modos lembram de perto as escalas maior, lócria,
alterada e menor, respectivamente. Observe que estamos
usando uma escala bebop maior de Dó sobre uma
progressão ii-V-i em Lá Menor. Em geral, podemos usar a
escala bebop maior em qualquer tonalidade específica
sobre uma progressão ii-V-i na relativa menor daquela
tonalidade.

Entre as outras escalas bebop está a escala bebop da


dominante, que é similar ao modo mixolídio, mas com uma
sétima maior adicional. A escala bebop dominante de Dó é
portanto formada por "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si Bemol,
Si". Essa escala pode ser usada sobre acordes de sétima da
dominante. A sétima maior não é na verdade uma nota
evitada se você a usar como um tom de passagem entre o
Dó e o Si Bemol. Ela também serve como a quarta elevada
do acorde Fmaj7 que provavelmente seguirá o acorde C7.
Há também uma escala bebop menor, que é uma escala
dórica com uma terça elevada adicional. A escala bebop
menor de Dó é portanto "Dó, Ré, Mi Bemol, Mi, Fá, Sol, Lá,
Si Bemol". Essa escala pode ser usada sobre acordes de
sétima menor, e é geralmente usada em progressões de
blues de tonalidades menores para dar um sabor mais de
sétima da dominante aos acordes.

Escalas Sintéticas
As escalas de blues e bebop são às vezes chamadas
escalas sintéticas, porque elas não se encaixam bem na
teoria clássica e parecem ter sido inventadas para se
adequar a uma situação particular. Em geral, um número
ilimitado de escalas sintéticas pode ser construído usando-
se intervalos de segunda menor, maior ou aumentada.
Talvez seja bom que você experimente criar suas próprias
escalas e procure oportunidades para usá-las.

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