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MECÂNICA BÁSICA

COLISÕES
SUMÁRIO
1 Impulso e Força Média
2 Colisões em Uma Dimensão
2.1 Colisões Perfeitamente Inelásticas
2.2 Colisões Elásticas
3 Colisão Inelástica de Duração Finita
4 Coeficiente de Restituição
5 Referencial do Laboratório
7 Referencial do Centro de Massa
8 Colisões em Duas Dimensões
IMPULSO E FORÇA MÉDIA
• Durante uma colisão os dois corpos interagem fortemente durante um
intervalo de tempo muito curto.
• As forças de interação são iguais e opostas.
• As forças externas são desprezíveis, por serem menos intensas que as forças
de interação entre os dois corpos.
• O momento linear total do sistema se conserva.

• A força média é a força constante que causaria o mesmo impulso que o da


força variável, atuando durante o mesmo intervalo de tempo.

Exemplo
• Uma bola de golfe recebe um golpe de um taco. Estime o impulso,
o tempo de colisão e a força média. Considere m = 45 g, raio r = 2
cm e que o alcance é R = 160 m.
• A velocidade da bola de golfe após o golpe está relacionada com o
alcance do lançamento:

• Supondo que o ângulo de lançamento seja igual a 45o, que


corresponde ao alcance máximo, temos

• O impulso é igual à variação do momento da bola:


• A duração da colisão pode ser estimada com x = r = 2 cm e
vm = v0/2.

• Podemos calcular a força média:

• A força do taco sobre a bola é aproximadamente 4.000 vêzes o


peso da bola.
COLISÕES EM UMA DIMENSÃO
• O corpo de massa m1, com velocidade inicial u1 aproxima-se
do segundo corpo de massa m2 que tem velocidade u2 < u1. v1
e v2 são as velocidades finais após a colisão.

• A conservação do momento linear proporciona a seguinte


relação entre as velocidades

• Para se determinar v1 e v2 necessita-se de uma segunda


equação. Esta equação depende do tipo da colisão.
Colisões Perfeitamente Inelásticas (uma dimensão)
• Uma colisão é perfeitamente inelástica quando as duas partículas
formam uma única partícula após a colisão. Temos então que
v1 = v2 = vcm
• Quando esta equação é combinada com a conservação do momento
linear, obtemos

• A energia cinética K de uma partícula de massa m em termos do


módulo do momento linear p = mv é dada por

• Suponhamos o caso em que u2 = 0. O momento total do sistema,


conservado, é p = m1u1. A energia cinética inicial é
• Depois da colisão, os dois corpos movem-se em conjunto com
velocidade comum vcm. A energia cinética final do sistema após a
colisão é

• Vemos que a energia cinética final do sistema é menor do que a


inicial.
• Observe que a variação da energia cinética (mecânica) do sistema
é dada por

• Por exemplo, se m1 = m2, então


Exemplo
• Pêndulo Balístico. Uma bala atinge o pêndulo esquematizado na
figura. O bloco do pêndulo oscila com a bala cravada até atingir a
altura h. Determinar a velocidade da bala.

• Admitindo-se que o tempo de colisão é muito pequeno, podemos


desprezar o deslocamento do bloco durante a colisão. Aplicando-se
a conservação do momento linear, temos
• A conservação da energia mecânica fornece a velocidade do
sistema “bala + bloco”:

• Finalmente, determina-se a velocidade da bala:

• Se a colisão é instantânea, as forças externas se anulan no


momento da colisão; mas se a duração é finita, as forças externas
não se anulan e, portanto, não se pode aplicar o principio da
conservação do momento linear.
• Movimento depois da colisão. Aplicando-se a o princípio da
conservação da energía, calcula-se a velocidade v quando o
centro de massa do pêndulo sofe um deslocamento angular θ
após a colisão.
Colisões Elásticas (uma dimensão)

• Numa colisão elástica, a energia cinética inicial e final são iguais:

• Esta equação pode ser escrita como

• ou
• Da equação da conservação do momento linear, tiramos a relação

• Portanto,
• ou
• O lado esquerdo é a velocidade de recessão e o lado direito é a
velocidade de aproximação.
Numa colisão elástica, a velocidade de recessão é igual à velocidade
de aproximação.

• Exemplo
• Um nêutron de massa m e velocidade u1 colide elasticamente
com um núcleo de carbono de massa M inicialmente em
repouso. (a) Qual a velocidade final de cada partícula? (b) Que
fração da sua energia inicial o nêutron perde?
• (a) Conservação do momento linear:
Conservação da energia cinética:
Segue então que

E, portanto,
• (b) A variação da energia do nêutron é

• Temos então, usando-se os resultados do ítem (a):

• onde Kn é a energia inicial do nêutron. A fração da energia


perdida pelo nêutron é

• Observe que f = 1 para m = M.


Perda Relativa de Energia

0.8

0.6
f

0.4

0.2

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
M/m
Colisão Inelástica de Duração Finita
• A bala é disparada horizontalmente contra uma das faces do
bloco ao longo da linha horizontal que passa por seu centro de
massa.

• À medida que a bala penetra no bloco, a bala exerce uma força


F, que podemos considerar constante, sobre o bloco.
• O bloco exerce uma força F igual e oposta sobre a bala cujo
resultado é diminuir sua velocidade. A colisão se completa
quando a velocidade da bala e do bloco se igualam.
• A aceleração média que atua sobre a bala dentro do bloco é
igual a F/m, onde m é a massa da bala. A aceleração média do
bloco é igual a F/M, sendo M a massa do bloco.
• A variação das velocidades da bala e do bloco são
v = v0 - Ft/m e V=Ft/M,
• respectivamente. Posto que o sistema é isolado, o momento
linear do centro de massa é constante e igual ao seu valor
inicial. Temos então

• O instante em que as velocidades se igualam é obtido da


equação v0 – Ftc/m = Ftc/M,
• A velocidade final do bloco e da bala é dada por

• Distâncias percorridas pela Bala e pelo Bloco


Trabalho da Força Interna e Variação da Energia Cinética

• O trabalho realizado pela força interna F sobre a bala é

• Pelo teorema do trabalho-energia, esta é a variação da energia


cinética da bala.
Coeficiente de Restituição
• Em geral, as colisões reais situam-se entre o caso extremo das
colisões elásticas, em que ocorre a reversão das velocidades
relativas, e o das perfeitamente inelásticas, em que a
velocidade relativa é nula depois da colisão.
• O coeficiente de elasticidade, e, é a medida da elasticidade de
uma colisão. É dada pela expressão

• Esta relacão foi proposta por Newton e sua validade é


aproximada. No caso de colisão elástica, e = 1. No de colisão
perfeitamente inelástica, e = 0.
Colisões em Uma Dimensão
Referencial do Laboratório

• No referencial do laboratório, a conservação do momento se


escreve

• Por outro lado -e(u1 - u2) = v1 - v2. Resolvendo-se para v1 e v2,


obtemos
• Velocidade do centro de massa:

• Em termos de Vcm, v1 e v2 escrevem-se como

v1 = (1+e)Vcm - eu1
v2 = (1+e)Vcm - eu2

• Se a segunda partícula está em repouso no sistema de laboratório


as velocidades após a colisão são
Colisões em Uma Dimensão
Referencial do Centro de Massa
• As velocidades das partículas em relação ao centro de massa
antes da colisão são

• e, depois da colisão,

• Vemos que v1cm = - e·u1cm


v2cm = - e·u2cm
• Observemos ainda que m1·u1cm+m2·u2cm = 0 e
m1·v1cm+m2·v2cm = 0.
Energia Dissipada na Colisão
• A energia perdida na colisão, Q, é a diferença das energias
antes da colisão e depois da colisão. No sistema do laboratório

• No sistema do centro de massa,


Exemplo
• Primeira partícula: m1=1,0 kg, u1=2,0 m/s. Segunda partícula: m2
= 2,0 kg, u2=0. Coeficiente de restituição: e = 0,9.
• Conservação do momento linear:
1·2+2·0 = 1·v1+2·v2
• Coeficiente de restituição:
v1 - v2 = - 0,9(2 - 0)
• Resolvendo o sistema obtemos:
v1 = - 0,53, v2 = 1,27 m/s
• Energia perdida na colisão (Sistema-LAB)
Q = ½ 1,0·(0,53)2+ ½ 2,0·(1,27)2- ½ 1,0·(2,0)2 → Q=-0,253 J.

• Calculada mediante la fórmula (Sistema-CM)


Q = -½ (1,0 – 0,92)(1·2/(1,0+2,0))(2,0-0)2 → Q=-0,253 J.
Rebote em Queda Livre
• Quando uma bola quica numa
superfície rígida, a componente
perpendicular da velocidade
diminui, e a componente
paralela permanece inalterada:
vx = ux
vy = - e·uy
• A velocidade da bola antes da colisão
com a superfície se obtém aplicando a
conservação da energia:

• A velocidade depois do primeiro


quique, em módulo, é v1=e·u1.
• A bola sobe com velocidade inicial v1, e alcança una altura
máxima h1. Temos portanto que

• Na descida subsequente a bola colide com a superfície com


velocidade u2. Temos então

• A velocidade da bola depois do choque é v2 = e·u2.


• A bola sobe com velocidade inicial v2, e alcança una altura
máxima h2. Temos portanto que

• Depois de n colisões sucessivas a altura máxima da bola é


dada por
hn = e2nh
Perda da energia da bola
• No primeiro choque, a bola perde a energia

• No segundo choque, a bola perde a energia

• No n-ézimo choque a bola perde a energia

• A soma ΔE1+ ΔE2+ ΔE3+…. ΔEn é a energia perdida pela bola


depois de n choques. Depois de infinitos choques a bola terá
perdido toda sua energia inicial mgh.
• Temos uma progressão geométrica de razão q = e2, cujo primeiro
termo é ΔE1.
• De fato a variação da energia após um número infinito de choques
é

• Podemos determinar o tempo gasto até a bola parar. Supondo que


a bola é largada do repouso da altura h, então

• Depois do choque a bola sobe até a altura máxima h1. O tempo


gasto para subir e descer de novo é

• O tempo gasto para a subida e descida seguinte é


• Temos uma progressão geométrica de razão q = e, cujo primeiro
termo é t1=2et0. O tempo decorrido após infinitas colisões é

ou

• Determinação de e. Entre dois choques sucessivos tn = 2ent0.


Tomando-se o logarítmo, vem
ln tn = nlne + ln(2t0)

• Se representamos graficamente ln tn em
função de n obtenemos una linha reta,
cuja inclinação dá o coeficiente de
restituição e.
Colisão Vertical entre duas Bolas

• Se as duas bolas partem do repouso


de uma altura h0, as equações de
movimento são
v = - gt
y = h0-½gt2
• As bolas chegam ao solo quando
y=0, com velocidade –v0 tal que
• A primeira bola choca com o solo
e quica. Temos que
u1 = e1v0
• sendo e1 o coeficiente de
restituição para o choque entre a
primeira bola e o solo.
• A seguir as duas bolas sofrem uma
colisão frontal.
m1u1+m2(-v0) = m1v1+m2v2
v1 - v2 = - e2(u1-(-v0))
• Onde e2 é o coeficiente de restitui-
ção para o choque entre as duas
bolas. Fazendo e1 ≈ e2=e, encon-
tramos
• Após o choque, a primeira (segunda) bola sobe com velocida-
de inicial v1 (v2) governada pelas equações horárias
v = v1,2 - gt
y = v1,2t - ½gt2
• A altura máxima alcançada pela primeira (segunda) bola é

• Casos Particulares
• Se m1 = 3m2 e e = 1 (choque elástico), vemos que
• v1 = 0, v2 = 2v0, h2 = 4h0

• Quando m2<<m1, e a colisão é elástica (e=1), obtemos v2≈3v0


e a altura máxima alcançada pela segunda bola h2≈9h0.
Colisões em Duas Dimensões

Sistema de Referência do Laboratório


• Os dois discos ou esferas têm massas m1 y m2 e raios r1 y r2.
• O parâmetro de impacto b é a distância
entre a direção da velocidade do primei-
ro disco, u1, e o centro do segundo disco
que suporemos inicialmente em repou-
so.
b=(r1+r2)·senθ
• As velocidades dos discos antes do choque em relação aos eixos X
e Y são u1= u1cosθ i + u1senθ j
u2 = 0
• As velocidades dos discos depois do choque são
v1 = v1cos(θ+Φ) i + v1sen(θ+Φ) j
v2 = v2i
• Conservação do momento linear:
m1u1 + m2u2 = m1v1 + m2v2
• ou,

• O coeficiente de restituição nos fornece a relação


• Da última equação obtemos

• Substituindo na primeira equação, vem

• Dividindo-se a segunda equação da conservação do momento por


esta última, obtemos

• que fornece o ângulo entre as velocidades dos discos depois da


colisão.
• Verifica-se também que as velocidades depois da colisão são
• O parâmetro de impacto fornece o ângulo θ:

• Colisão elástica (e=1) com m1 = m2


• Neste caso particular, temos

• Os três vetores velocidade formam


um triângulo retângulo.
Sistema de Referência do Centro de Massa

• A velocidade do centro de massa é a razão entre o momento


linear total P, e a massa do sistema de partículas (u2 = 0):

• As velocidades iniciais das partículas no Sistema-CM são

• Como vimos anteriormente, as velocidades finais das partículas


no Sistema-LAB são
• Portanto, as velocidades finais das partículas no Sistema-CM
são

• Observe-se que se cumpre o princípio da conservação do


momento linear no Sistema-CM:

• A energia dissipada na colisão, Q, é a diferença entre as


energias cinéticas depois do choque e antes do choque. No
Sistema-CM é fácil obter:

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