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Brasília, 6 a 10 de outubro de 1997 - Nº 87

Data (páginas internas): 16 de outubro de


1997.

Este Informativo, elaborado a partir de


notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Anistia de Correção Monetária e OTN
Anulação da Sentença e Prisão Preventiva
Benefícios Previdenciários e Maridos
Crime Contra Empresa Pública Federal
Denúncia e Lei Inconstitucional
Intimação Pessoal do Defensor
Prefeito e Teto Remuneratório
Procuradoria da Fazenda Nacional no STF
Procuradoria-Geral da República e Vista
Regime Inicial de Cumprimento de Pena
Sentença e Fundamentação
Serviços de Telecomunicações

PLENÁRIO
Serviços de Telecomunicações - 1
Iniciado o julgamento de medida liminar em ação
direta de inconstitucionalidade proposta pelo Partido
Comunista do Brasil - PC do B, pelo Partido dos
Trabalhadores - PT, pelo Partido Democrático Trabalhista -
PDT e pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB contra
dispositivos da Lei 9.472/97, que dispõe sobre a organização
dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos
termos da Emenda Constitucional 8/95. O Tribunal, por
votação unânime, não conheceu da ação direta, sem prejuízo
de que outra possa ser proposta, em relação aos arts. 8 o e 9o
da referida lei, já que a inicial atacou, tão-só, determinadas
expressões deixando de questionar a validade de dispositivos
que com eles se acham em mútua relação de dependência.
Considerando a relevância da fundamentação jurídica, bem
como o perigo na demora, o Tribunal, por votação unânime,
deferiu o pedido de cautelar para suspender a aplicabilidade
das expressões “simplificado” e “nos termos por ela
regulados”, constantes do art. 119 (“A permissão será
precedida de procedimento licitatório simplificado,
instaurado pela Agência, nos termos por ela regulados,
ressalvados os casos de inexigibilidade previstos no 91,
observado o disposto no artigo 92 desta Lei.”). Vencidos os
Ministros Nelson Jobim, Ilmar Galvão, Octavio Gallotti,
Sydney Sanches e Moreira Alves, deferiu-se, ainda, a liminar
para suspender a eficácia do inciso XV do art. 19 — que
atribui à Agência Nacional de Telecomunicações poderes
para realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua
competência —, por ofensa, à primeira vista, ao art. 5, LIV
(“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal.”)
Serviços de Telecomunicações - 2
Continuando o julgamento, o Tribunal, vencido o
Min. Moreira Alves, deferiu, em parte, a cautelar quanto aos
incisos IV e X do art. 19, para, sem redução de texto, dar
interpretação conforme à CF, com o objetivo de fixar
exegese segundo a qual a competência da Agência para
expedir normas, subordina-se aos preceitos legais e
regulamentares que regem a outorga, prestação e fruição dos
serviços de telecomunicações no regime público e no regime
privado. Também quanto ao inciso II do art. 22 (“Compete
ao Conselho Diretor: ... II - aprovar normas próprias de
licitação e contratação.”), vencido o Min. Moreira Alves,
deferiu-se, em parte, para dar-lhe interpretação conforme à
CF, fixando a exegese, segundo a qual, a competência do
Conselho Diretor fica submetida às normas gerais e
específicas de licitação e contratação previstas nas
respectivas leis de regência. Vencidos os Ministros Carlos
Velloso, Octavio Gallotti, Sydney Sanches e Moreira Alves,
deferiu-se, em parte, a liminar para, em relação ao art. 59
(“A Agência poderá utilizar, mediante contrato, técnicos ou
empresas especializadas, inclusive consultores
independentes e auditores externos, para executar atividades
de sua competência, vedada a contratação para as
atividades de fiscalização, salvo para as correspondentes
atividades de apoio.”), dar interpretação conforme à CF
fixando, ao primeiro exame, entendimento segundo o qual a
contratação a que se refere o dispositivo há de reger-se pela
Lei 8.666/93 — Lei de Licitações.

Serviços de Telecomunicações - 3
Ainda no mesmo julgamento, o Tribunal, por
votação unânime, indeferiu a cautelar quanto aos incisos II e
III, do art. 18 (“Cabe ao Poder Executivo, observadas as
disposições desta Lei, por meio de decreto: ... II - aprovar o
plano geral de outorgas de serviço prestado no regime
público; III - aprovar o plano geral de metas para a
progressiva universalização de serviço prestado no regime
público.”). Em votação majoritária, indeferiu-se a cautelar
quanto ao inciso I do art. 18 (“Instituir ou eliminar a
prestação de modalidade de serviço no regime público,
concomitantemente ou não com sua prestação no regime
privado.”), vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence, Néri
da Silveira e Celso de Mello, ao argumento de tratar-se de
matéria reservada à lei do art. 21, XI da CF (“Compete à
União: ... XI - explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais.”). Vencidos os Ministros
Marco Aurélio, Maurício Corrêa, Sepúlveda Pertence, Néri
da Silveira e Celso de Mello, indeferiu-se o pedido quanto ao
parágrafo único do art. 54 (“A contratação de obras e
serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento das
licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
Parágrafo único. para os casos não previstos no ‘caput’, a
Agência poderá utilizar procedimentos próprios de
contratação, nas modalidades de consulta e pregão.”), e aos
artigos 55, 56, 57 e 58, que disciplinam as modalidades
consulta e pregão, previstas no art. 54.

Serviços de Telecomunicações - 4
Indeferiu-se, ainda, a liminar quanto: ao inciso III
do art. 65 (“Cada modalidade de serviço será destinada à
prestação: ... III - concomitante nos regimes público e
privado.”), ao § 1o do art. 65 (“Não serão deixadas à
exploração apenas em regime privado as modalidades de
serviço de interesse coletivo que, sendo essenciais, estejam
sujeitas a deveres de universalização.”), à expressão “ou
concomitância”, constante do § 2o do art. 65 (“A
exclusividade ou concomitância a que se refere o ‘caput’
poderá ocorrer em âmbito nacional, regional, local ou em
áreas determinadas.”), e ao art. 66 (“Quando um serviço for,
ao mesmo tempo, explorado nos regimes público e privado,
serão adotadas medidas que impeçam a inviabilidade
econômica de sua prestação no regime público.”), em todos
vencido o Min. Marco Aurélio. Também em relação ao art.
69 (“As modalidades de serviço serão definidas pela
Agência em função de sua finalidade, âmbito de prestação,
forma, meio de transmissão, tecnologia empregada ou de
outros atributos.”) a cautelar foi indeferida, vencidos os
Ministros Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence.

Serviços de Telecomunicações - 5
Quanto à expressão “as disposições desta lei e,
especialmente”, constante do caput do art. 89 (“A licitação
será disciplinada pela Agência, observados os princípios
constitucionais, as disposições desta Lei e,
especialmente: ...”), bem como aos incisos I a X do mesmo
art. 89, o pedido cautelar foi indeferido, vencidos os
Ministros Marco Aurélio, Maurício Corrêa, Sepúlveda
Pertence, Néri da Silveira e Celso de Mello. Vencido o Min.
Marco Aurélio, indeferiu-se a liminar em relação ao art. 91,
caput, que cuida das hipóteses em que a licitação é
inexigível, aos seus §§ 1o, 2o e 3o, e à expressão “ressalvados
os casos de inexigibilidade previstos no art. 91”, constante
do art. 119 (acima referido: item 1). Após o voto do Min.
Marco Aurélio, relator, concedendo a liminar para suspender
a eficácia do art. 210 (“As concessões, permissões e
autorizações de serviço de telecomunicações e de uso de
radiofreqüência e as respectivas licitações regem-se
exclusivamente por esta Lei, a elas não se aplicando as Leis
8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de
1995, 9.074, de 7 de julho de 1995, e suas alterações.”), o
julgamento foi suspenso em virtude de pedido de vista do
Min. Nelson Jobim. ADIn 1.668-UF, rel. Min. Marco
Aurélio, 8.10.97 .

Procuradoria da Fazenda Nacional no STF


Apreciando questão de ordem, suscitada pelo Min.
Celso de Mello, Presidente, o Tribunal, por unanimidade,
reconheceu a legitimidade da Procuradoria da Fazenda
Nacional para representar a União Federal nas causas de
natureza fiscal de competência recursal do STF. Considerou-
se não aplicável à espécie o entendimento proferido na SS
(AgRg) nº 1.015-SP (acórdão pendente de publicação, v.
Informativo 34) em que o Tribunal reconhecera a
preliminar de ilegitimidade do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional para representar a União Federal perante o STF, ao
fundamento de que somente o Advogado-Geral da União
poderia fazê-lo, nos termos do art. 4º, III, da LC 73/93 (“São
atribuições do Advogado-Geral da União: ... III -
representar a União junto ao Supremo Tribunal Federal;”)
tendo em vista que neste precedente o feito em causa era
suspensão de segurança (RISTF, art. 297), de competência
originária do STF. RE 201.465-MG, rel. Min. Marco
Aurélio, 9.10.97.

Procuradoria-Geral da República e Vista


Prosseguindo no julgamento do recurso
extraordinário acima mencionado, em que se discute
sobre a constitucionalidade do art. 3º, inciso I, da Lei
8.200/91 (com a redação dada pela Lei nº 8.682/93), o
Procurador-Geral da República pediu o adiamento do
julgamento com o objetivo de apresentar seu próprio
parecer sobre a causa. Os Ministros Marco Aurélio,
relator, Carlos Velloso, Ilmar Galvão, Octavio Gallotti
e Néri da Silveira, indeferiam o pedido por concluírem
que a Procuradoria-Geral da República já se
manifestara nos autos através do parecer de um de seus
sub-procuradores que atuara nos termos do art. 48,
parág. único do RISTF (“Os Subprocuradores-Gerais
poderão oficiar junto às Turmas mediante delegação
do Procurador-Geral.”) e, ante a circunstância de o
Procurador-Geral não ter subscrito o referido parecer,
consideraram que a eventual falta de manifestação
deste estaria sanada porque não argüida até a abertura
da sessão de julgamento (RISTF, art. 50, § 3º: “Caso
omitida a vista, considerar-se-á sanada a falta se não
argüida até a abertura da sessão de julgamento,
exceto na ação penal originária ou inquérito de que
possa resultar responsabilidade penal.”). Os Ministros
Maurício Corrêa, Nelson Jobim e Sepúlveda Pertence,
proferiram voto no sentido de abrir vista ao
Procurador-Geral por entenderem não atendido o art.
103, § 1º, da CF (“O Procurador-Geral da República
deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de
competência do Supremo Tribunal Federal.”). Em
seguida, o julgamento foi adiado em virtude do pedido
de vista do Min. Moreira Alves. RE 201.465-MG, rel.
Min. Marco Aurélio, 9.10.97.

PRIMEIRA TURMA
Intimação Pessoal do Defensor
Tendo em vista que é prerrogativa dos membros da
Defensoria Pública da União receber intimação pessoal em
qualquer processo e grau de jurisdição (LC 80/94, art. 44, I),
a Turma deferiu habeas corpus para anular o acórdão do
STM que julgou a apelação do Ministério Público contra a
sentença absolutória do paciente, que se realizara sem a
prévia intimação da defensora do réu da pauta de julgamento
e da publicação do acórdão condenatório. HC 75.289-RJ, rel.
Min. Ilmar Galvão, 7.10.97.

Anulação da Sentença e Prisão Preventiva


Anulada a decisão absolutória proferida pelo
tribunal do júri, o restabelecimento da prisão preventiva do
réu tem de estar devidamente fundamentado. Com base
nesse entendimento, a Turma, considerando não ser o caso
de anular todo o acórdão recorrido, deferiu, em parte, o
habeas corpus para que o tribunal apontado coator
fundamente a decisão que decretou novamente a prisão
preventiva do paciente. HC 75.947-RJ, rel. Min. Sydney
Sanches, 7.10.97.

Regime Inicial de Cumprimento de Pena


Tendo em vista que a gravidade do crime,
abstratamente considerado, não serve de fundamento à
adoção do regime de cumprimento de pena mais gravoso
para o condenado, a Turma deferiu habeas corpus em favor
da paciente ré primária e condenada à pena mínima de 5
anos e 4 meses pela prática do crime de roubo qualificado
(CP, art. 157, § 2º, I e II) para fixar o regime semi-aberto
para o início do cumprimento da pena, previsto no art. 33, §
2º, b, do CP (“o condenado não reincidente, cuja pena seja
superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semi-aberto”), pela
circunstância de ter a Turma deferido anteriormente habeas
corpus em favor da mesma paciente para que o tribunal
apontado coator fixasse motivadamente o regime fechado a
ela imposto, sendo que, ao se renovar o julgamento, a corte
coatora não fez referência a elementos concretos de modo a
justificar a manutenção do regime mais gravoso. HC 75.647-
SP, rel. Min. Octavio Gallotti, 7.10.97.

SEGUNDA TURMA
Denúncia e Lei Inconstitucional
Considerando que o Supremo Tribunal Federal
declarou — no julgamento do HC 72.930 (DJU de 15.3.96)
— a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 1.071/90,
do Estado do Mato Grosso do Sul, que dispunham sobre a
criação e funcionamento dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais no âmbito do Poder Judiciário do Estado, já que
não precedida da edição de lei federal prevista no art. 98, I,
da CF, a Turma deferiu o pedido para anular o processo
desde a denúncia, inclusive, visto que o paciente fora
denunciado com base na mencionada lei. Precedente citado:
HC 71.713-PB (julgado em 26.10.94, acórdão pendente de
publicação) HC 75.456-MS, rel. Min. Nelson Jobim,
7.10.97.

Crime Contra Empresa Pública Federal


À vista do que dispõe o art. 109, IV, da CF — que
diz da competência dos juízes federais para processar e
julgar as infrações penais praticadas em detrimento de bens
da União ou de suas empresas públicas —, a Turma deferiu
habeas corpus para anular acórdão do Tribunal de Alçada
Criminal do Estado de São Paulo que condenara o paciente
por roubo de bens de Agência de Correios e Telégrafos,
determinando a remessa dos autos à Justiça Federal. HC
75.944-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 7.10.97.

Sentença e Fundamentação
A adoção pelo acórdão, como razão de decidir, de
parecer do Ministério Público, atuando como fiscal da lei,
não ofende o disposto no art. 93, IX, da CF (“Todos os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade ...”). Com esse entendimento, a Turma indeferiu
pedido de habeas corpus interposto contra decisão do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao argumento da
falta de fundamentação. Precedente citado: HC 62.703-RJ
(DJU de 31.5.85). HC 75.385-SP, rel. Min. Nelson Jobim,
7.10.97 .

Benefícios Previdenciários e Maridos


A Turma afetou ao Pleno o julgamento de recursos
extraordinários interpostos pelo Instituto de Previdência do
Estado do Rio Grande do Sul, com fundamento no art. 102,
III, a, da CF , em que se discute o direito de inclusão como
dependentes perante aquele órgão previdenciário dos
cônjuges das recorridas. O acórdão impugnado acolheu a
tese da ofensa à CF: artigos 5 o, I (“Homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição.”) e 226, § 5o (“Os direitos e deveres referentes
à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem
e pela mulher.”), já que o pedido das recorridas fora
indeferido. Alega o recorrente afronta aos artigos 195, § 5 o
(“Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
fonte de custeio total.”) e 201, V (“Pensão por morte de
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, obedecido o disposto no § 5o e no art. 202.”).
RREE 204.193-RS e 207.260-RS, rel. Min. Carlos Velloso,
7.10.97.

Prefeito e Teto Remuneratório - 1


Após o voto do relator, Min. Marco Aurélio, que
deu provimento ao recurso extraordinário interposto pelo
Município de São Paulo contra decisão do Tribunal de
Justiça do Estado — em que se discute o teto dos
vencimentos de servidor público municipal, tendo como
parâmetro a remuneração do Prefeito —, por afronta ao
disposto no art. 37, XI, da CF (“A lei fixará o limite máximo
e a relação de valores entre o maior e a menor remuneração
dos servidores públicos, observados, como limites máximos
e no âmbito dos respectivos Poderes, os valores percebidos
como remuneração, em espécie, a qualquer título, por
membros do Congresso Nacional, Ministros de Estado e
Ministros do Supremo Tribunal Federal e seus
correspondentes nos Estados, no Distrito Federal e nos
Territórios, e, nos Municípios, os valores percebidos como
remuneração, em espécie, pelo Prefeito.”), ao entendimento
de que teto constitucional compreende os vencimentos e as
vantagens de caráter pessoal, o julgamento foi suspenso em
virtude do pedido de vista do Min. Nelson Jobim. Precedente
citado: ADIn 14 (RTJ 130/475). RE 199.540-SP, rel. Min.
Marco Aurélio, 7.10.97.

Prefeito e Teto Remuneratório - 2


Ao argumento de que o art. 42 da Lei 10.430, de
20.2.88, do Município de São Paulo [“A remuneração bruta,
a qualquer título, dos servidores municipais, das Autarquias
e do Tribunal de Contas, incluídos os Conselheiros, não
poderá implicar, ao final, em importância superior a 7 (sete)
vezes o valor da Referência DA-15.”], não foi recepcionado
pela CF, já que o referido dispositivo deveria fixar não só o
limite máximo de remuneração dos servidores públicos, mas
também a relação de valores entre a maior e a menor
remuneração, observados, como limite máximo no
Município, os valores percebidos como remuneração, em
espécie, pelo Prefeito — tal como dispõe o art. 37, XI, da CF
—, o relator, Min. Marco Aurélio, não conheceu do
extraordinário interposto pelo Município contra decisão do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. O julgamento
foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Nelson
Jobim. RE 215.612-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 7.10.97 .

Anistia de Correção Monetária e OTN


Iniciado o julgamento de recurso extraordinário —
interposto por instituição financeira contra decisão do
Tribunal de Justiça de São Paulo — em que se discute
eventual ofensa ao art. 47, § 3 o, IV, do ADCT, que trata da
isenção da correção monetária na hipótese do “financiamento
inicial” não ultrapassar o limite de cinco mil obrigações do
Tesouro Nacional. Após os votos dos Ministros Marco
Aurélio, relator, Nelson Jobim e Maurício Corrêa, no sentido
de que para efeito do disposto no mencionado artigo há de se
considerar — à vista do vocábulo “inicial”, constante no
referido dispositivo — o valor da OTN em vigor na data do
empréstimo, e não aquele resultante da adoção do sistema
pro rata, dando, pois, provimento ao extraordinário para
julgar improcedente o pedido formulado na inicial, pediu
vista o Min. Carlos Velloso. RE 163.208-SP, rel. Min. Marco
Aurélio, 7.10.97 .

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 8.10.97 9.10.97 4


1ª Turma 7.10.97 --------- 141
2ª Turma 7.10.97 --------- 184

CLIPPING DO DJ
10 de outubro de 1997

ADIn N. 1.416-1 - medida liminar


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Medida Cautelar.
2. Estatuto da Polícia Civil do Estado do Piauí (Lei Complementar
nº 01, de 26.6.1990), art. 151; Portaria nº 12.000-007/96, de
9.1.1996, do Secretário de Segurança Pública do Estado do Piauí. 3.
Legitimidade ativa ad causam da autora. Precedente do STF, na
ADIN 866-8. Há, no caso, também, pertinência temática, eis que se
cuida de entidade sindical confederativa que impugna ato normativo
destinado a impedir desconto automático de contribuição sindical
em folha de pagamento dos servidores policiais associados da
autora. 4. A Portaria nº 12.000-007/1996 revela-se como ato
normativo autônomo, confrontável com os preceitos constitucionais
tidos como violados. 5. Alega-se que a Portaria nº 12.000-007/1996
está em conflito com o art. 8º, IV, da Constituição, com o precedente
na ADIN nº 962 - PI. 6. Quanto ao art. 151, do Estatuto da Polícia
Civil do Estado do Piauí, alega-se que a inconstitucionalidade
decorre de reconhecer como únicas entidades representativas da
Polícia Civil do Estado do Piauí a Associação dos Delegados da
Polícia Civil - ADEPOL - e a Associação dos Policiais Civis,
indicando-se como vulnerados os arts. 5º, XX e XXI, e 8º, VI,
ambos da Constituição. 7. Relevância jurídica do pedido e periculum
in mora configurados. 8. Medida cautelar deferida, para suspender,
até o julgamento final da ação, a vigência da Portaria nº 12.000-
007/96, do Secretário de Segurança Pública do Estado do Piauí, e do
art. 151, da Lei Complementar nº 01, de 26.06.1990.
* noticiado no Informativo 22

ADIn N. 1.555-9
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
MEDIDA LIMINAR. DECRETO LEGISLATIVO Nº 08/96,
EDITADO PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO DE
JANEIRO. PERTINÊNCIA TEMÁTICA: REQUISITO NÃO
CONFIGURADO 1.O Decreto Legislativo nº 08/96, editado pela
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por ser um ato
de efeitos concretos, despido de qualquer atributo de abstração,
generalidade ou normatividade, não cabe ser questionado pela via da
ação direta de inconstitucionalidade. Precedentes: RTJ 131/1007 ;
RTJ 139/73 ; RTJ 146/483 e RTJ 147/545. 2. Não-conhecimento da
ação, restando prejudicado o pedido de medida liminar.
* noticiado no Informativo 81

ADIn N. 1.658-0
RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: - CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. INOCORRÊNCIA DE ATO
NORMATIVO.
I. - No caso, tem-se decisões do Tribunal de Justiça do Pará,
tomadas, administrativamente, em casos concretos e não atos
normativos. Não cabimento da ação direta de inconstitucionalidade.
II. - ADIn não conhecida.

AÇÃO ORIGINÁRIA N. 213-3


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação Originária Especial. Constituição, art. 102, I, n. 2.
Petição nº 732-8/170-PR, medida cautelar inominada, com pleito de
liminar, que veio a ser indeferido. 3. Existência sobre os mesmos
fatos de pedidos de intervenção federal no Estado, por parte do
Tribunal de Justiça. 4. Competência do STF que é de admitir-se para
a ação proposta, em face das circunstâncias do caso concreto,
envolvendo, como partes adversárias, o Governador do Estado e o
Tribunal de Justiça do mesmo Estado e, em particular, seu
Presidente e o Corregedor-Geral da Justiça do Estado (Constituição,
art. 102, I, letra n). 5. Ação originária a que se nega seguimento. Os
fatos que ensejaram as divergências entre os Poderes Executivo e
Judiciário do Estado já se encontram superados: a greve cessou, os
serviços forenses retomaram sua normalidade. Se há conseqüências
jurídicas decorrentes desses fatos, com eventuais danos ao erário
estadual reparáveis, certo não será a via eleita instrumento adequado
à sua apuração. Na hipótese de configuração de ilícito penal, como
alega a inicial, caberia ao Ministério Público agir. Se existente
eventual responsabilidade civil dos agentes indicados, ou dos
membros da magistratura, consoante pretende o autor, a ação não
haveria de ser a ora em exame, tal como deduzida, mas
procedimento específico do Estado contra seus servidores. 6. Nega-
se seguimento à ação originária e à Petição nº 732-8/170-PR,
julgando-se extintos os processos, sem apreciação do mérito, e
determinando-se o arquivamento dos respectivos autos.

AÇÃO ORIGINÁRIA N. 393-8


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação Originária. 2. Competência. Constituição, art.
102, I, letra "n". 3. A jurisprudência do STF tem se orientado no
sentido de a competência originária da Corte, prevista no art. 102, I,
letra "n", da Constituição, somente se afirmar quando a matéria
versada na causa disser respeito a privativo interesse da magistratura
como tal, e não se também interessar a outros servidores. 4. Na
hipótese, nenhum dos autores da demanda detém a condição de
magistrado, segundo a inicial. 5. Ação Originária de que não se
conhece, determinando-se a devolução dos autos ao Tribunal de
Alçada do Estado do Paraná, para que prossiga no julgamento do
feito, como entender de direito.

HC N. 74.679-9
RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Regime inicial de cumprimento de
pena estabelecido na sentença condenatória, de que não houve
recurso do Ministério Público, mas, tão-só, da defesa. 3. Ao
desprover a apelação do réu, não pode o Tribunal de Justiça,
entretanto, sem recurso do Ministério Público, agravar a situação do
condenado, no que concerne ao regime de cumprimento da pena. 4.
Mesmo em se tratando de crime considerado hediondo (Lei nº
8093/1990), se o juiz, na sentença, estabeleceu certo regime para
fase inicial de cumprimento da pena, sem recurso do MP, não cabe
alterar, nesse ponto, a sentença, para determinar que o regime
fechado há de ser observado durante todo o tempo de cumprimento
da pena. Hipótese que o STF tem considerado como "reformatio in
pejus" (HC 68.847, dentre outros). 5. Habeas Corpus deferido para
cassar, nessa parte, o acórdão e restabelecer a sentença quanto ao
regime inicial de cumprimento da pena.
* noticiado no Informativo 62

HC N. 75.309-4
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Sentença condenatória: nulidade na parte em que
condena o réu por um segundo crime, não descrito na denúncia, em
concurso material com o que nela lhe fora imputado.
1. À incidência do art. 14 da Lei de Entorpecentes é essencial tenha
havido associação prévia para a comissão do delito do art. 12, não
bastando seja ele praticado em concurso de agentes.
2. Limitada a denúncia à imputação de tráfico internacional de
entorpecentes em concurso de agentes, impossível que ao título da
condenação se acrescente a prática, em concurso material, do crime
de associação.
3. Independentemente de saber se o art. 18, III, da Lei de
Entorpecentes incide na hipótese de concurso eventual de agentes e
para exasperar a pena do art. 12, não é possível, em habeas corpus,
mandar aplicá-lo a sentença que, no ponto, transitou em julgado para
a acusação.

HC N. 75.355-8
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus".
- Embora julgados por Juiz estadual, em virtude do disposto no
artigo 27 da Lei 6.368/76 (que, como demonstra o parecer da
Procuradoria-Geral da República, esta Corte tem como recebido pela
atual Constituição), o certo é que foram eles denunciados e
condenados em primeiro grau por tráfico internacional de
entorpecentes, razão por que a competência para julgar a apelação é
do Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de
primeiro grau.
É, pois, de ser anulado o acórdão prolatado pelo Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, por incompetente para julgar a
apelação.
- Anulado esse aresto, fica prejudicado o exame da alegação de
nulidade do laudo de exame toxicológico, porquanto a alegada
coação, se existente, passa a ser apenas do magistrado de primeiro
grau enquanto não for julgada a apelação pelo Tribunal Regional
Federal, e, assim sendo, esta Corte é incompetente para julgar
originariamente "habeas corpus" contra juiz de primeiro grau de
jurisdição.
"Habeas corpus" deferido para anular, por incompetência, o
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que julgou a
apelação, ficando prejudicada a apreciação da alegação de nulidade
do laudo do exame toxicológico.
* noticiado no Informativo 81

HC N. 75.415-5
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO DE
TESTEMUNHA FORMULADO
APÓS O DECURSO DO TRÍDUO DISPOSTO NO ART. 405 DO
CPP.
Inexistência, na hipótese, de constrangimento ilegal. Precedentes do
STF. Habeas corpus denegado.
* noticiado no Informativo 82

HC N. 75.447-3
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - ATO DE TRIBUNAL
SUPERIOR. Ao Supremo Tribunal Federal compete julgar habeas-
corpus impetrado contra ato de Tribunal Superior - art. 102, I, alínea
"i" da Constituição Federal.
ALEGAÇÕES FINAIS - INTIMAÇÃO - CARTA PRECATÓRIA -
FORMALIDADE -NATUREZA. A intimação visando à ciência da
fase de alegações finais é essencial à validade do processo. Demora
no cumprimento de carta precatória, consideradas deficiências da
máquina estatal, não autoriza a designação de defensor dativo para a
prática do ato.
* noticiado no Informativo 81

HC N. 75.477-5
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE IMPRENSA.
Competência do Juiz do lugar onde estão localizadas a redação e
administração do veículo de comunicação em que publicadas as
alegadas ofensas. Art. 42 da Lei nº 5.250/67. Nulidade do processo.
Habeas corpus deferido.
* noticiado no Informativo 82

HC N. 75.583-6
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas corpus".
- Se, em se tratando de crime de quadrilha ou bando, não pode o
réu apelar em liberdade (artigo 9º da Lei 9.034/95), não tem ele
direito à liberdade provisória enquanto não for julgado seu recurso
especial e não transitar em julgado sua condenação.
"Habeas corpus" indeferido.
* noticiado no Informativo 83

HC N. 75.599-2
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. FALSO TESTEMUNHO.
ALEGADA MENORIDADE DO PACIENTE,
QUANDO DA OCORRÊNCIA DO CRIME.
Alegação improcedente, em face da prova contida nos autos. O
paciente, todavia, foi ouvido como simples declarante em inquérito
policial, na qualidade de co-autor, não podendo figurar como sujeito
ativo do crime de falso testemunho.
Habeas corpus indeferido, mas concedido de ofício.
* noticiado no Informativo 82

HC N. 75.778-2 - questão de ordem


RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Habeas Corpus. 2. Não cabe habeas corpus contra
despacho do Relator, no STF, que nega seguimento a pedido de
habeas corpus, notadamente, quando se cuida de inépcia da inicial.
3. Não cabe, também, habeas corpus, quando o paciente está
condenado, tão-só, a pena de multa, inexistindo ameaça à liberdade
de ir e vir. 4. Não é de admitir-se, por igual, habeas corpus para
discutir condenação, devidamente fundamentada, que se baseia no
exame de fatos e provas, inclusive no que concerne à caracterização
do dolo. 5. Não é de dar-se curso a habeas corpus, se se trata de
mera reiteração de pedido anterior já decidido. 6. Habeas Corpus
não conhecido.
* noticiado no Informativo 81

AG (Edcl-Edcl-AgRg) AG. N. 153.505-9


RELATOR : MIN. CARLOS VELLOSO
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E REGIMENTAL. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. INOCORRÊNCIA DOS SEUS
PRESSUPOSTOS. RI/STF, art. 337. EMBARGOS
PROTELATÓRIOS: MULTA. RI/STF, art. 339, § 2º; CPC, artigos
535 e 538 parág. único.
I. - Inocorrência dos pressupostos dos embargos de declaração, que
apresentam caráter de infringentes e que são meramente
protelatórios. Sua rejeição, impondo-se ao embargante o pagamento
ao embargado da multa de 1% (um por cento) sobre o valor da
causa, devidamente corrigido.RI/STF, art. 339, § 2º; CPC, art. 538,
parág. único.
II. - Embargos de declaração rejeitados.

RE (EDcl) N. 207.293-1
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Questões atinentes à correção monetária e aos juros
devem ser decididas no juízo de execução, conforme entendimento
da Primeira Turma deste Tribunal (EDRE 205.859).
Quanto às custas judiciais, por ser o Instituto de Previdência
uma autarquia estadual, é ele isento do pagamento.
Embargos declaratórios rejeitados.

RE N. 116.105-1
RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso extraordinário. 2. Membros do Ministério
Público estadual aposentados. 3. Gratificação de tempo integral. 4.
Reajuste dos proventos de aposentadoria sempre que se modificarem
os vencimentos dos membros do Ministério Público em atividade.
Lei Complementar Federal nº 40/1981, art. 43, parágrafo único. 5.
Hipótese em que a norma local de instituição da vantagem aos em
atividade é resolução do Colégio de Procuradores da Justiça, na
vigência da Emenda Constitucional nº 1/1969, a qual não estendeu a
referida gratificação aos inativos. 6. Vantagem concernente a regime
especial de trabalho - trabalho em tempo integral - o que está a
pressupor situação de atividade sujeita ao sistema novo, que não
cabe, desse modo, aplicar-se, automaticamente, a servidores
inativos. 7. Não se trata de situação enquadrável no § 1º, do art. 102,
da Emenda Constitucional nº 1/1969. Ofensa aos arts. 102, § 2º, e
98, parágrafo único, do mesmo diploma constitucional. Não
aplicação à espécie do art. 40, § 4º, da Constituição de 1988. 8.
Recurso extraordinário conhecido e provido, para cassar o mandado
de segurança.

RE N. 155.621-8
REL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MARCO AURÉLIO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - EQUIVALÊNCIA - SALÁRIO
MÍNIMO. O preceito do artigo 58 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias aplica-se aos benefícios previdenciários
concedidos antes e após a promulgação da Carta, tendo como termo
final de incidência a data da vigência e eficácia do plano de custeio e
benefícios que, por sinal, afastou do cenário jurídico efeitos
financeiros (atualização) no período anterior - 1988 a 1991 (artigo
144 da Lei nº 8.213/91). Evolução de entendimento em face de
melhor leitura e interpretação do preceito constitucional e
considerado, ainda, o precedente do Plenário, exsurgido com o
julgamento do recurso extraordinário nº 193.456-5/RS, do qual foi
redator para o acórdão o Ministro Maurício Corrêa, em que
assentada a constitucionalidade de dispositivo da Lei nº 8.213/91,
vedador da eficácia retroativa.
* noticiado no Informativo 59

RE N. 159.017-3
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Tem seu termo inicial de fluência na data da entrada em
vigor da Constituição de 1988 (5 de outubro), o prazo de usucapião
estabelecido no art. 183 da mesma Carta.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 192.205-2
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: 1. Controle incidente de constitucionalidade de normas:
reserva de plenário (Const. art. 97): inaplicabilidade, em outros
Tribunais, quando já declarada pelo Supremo Tribunal, ainda que
incidentemente, a inconstitucionalidade da norma questionada:
precedente (RE 191.905; 1ª T; 27.5.97).
2. Finsocial: empresa dedicada exclusivamente à venda de serviços.
Firmou-se a jurisprudência do STF no sentido da
constitucionalidade, não apenas do art. 28 da L. 7.738/89 - que
instituiu a contribuição social sobre a receita bruta das empresas
prestadoras de serviços -, como das normas posteriores que elevaram
em até 2% a alíquota da contribuição devida por essas empresas.
Precedente: RE 187.436 (Pleno, 25.6.97).

RE N. 202.063-0
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - O art. 8º, III, da Constituição, combinado com o art. 3º
da Lei nº 8.073/90, autoriza a substituição processual ao sindicato,
para atuar na defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais
de seus associados (AGRAG 153.148-PR, DJ 17-11-95).
Recurso extraordinário conhecido e provido.
* noticiado no Informativo 78

RE N. 205.511-5
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES. ARTS. 14 DA LEI Nº
2.551 DE 23 DE FEVEREIRO DE 1978 E 24 DA LEI Nº 3.563 DE
16 DE DEZEMBRO DE 1988, QUE PREVÊEM O
REENQUADRAMENTO DO SERVIDOR MUNICIPAL,
DESVIADO DE FUNÇÃO.
Incompatibilidade manifesta desses dispositivos com o art. 37, II, da
Constituição Federal, que exige concurso para investidura em cargo
ou emprego público.
Revogação do primeiro, pela nova Carta e inconstitucionalidade do
segundo.
Acórdão que dissentiu dessa orientação, já firmemente assentada
pelo STF.
Provimento do recurso, com declaração de inconstitucionalidade do
segundo texto sob enfoque.
* noticiado no Informativo 79

RE (Edcl) N. 207.332-6
RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso extraordinário. 2. Embargos de declaração.
Alegação de omissão no acórdão. 3. Reconhecida a auto-
aplicabilidade do art. 40, § 5º, da Constituição, isso significa a
incidência da norma, a partir de 5.10.1988, dela constando expressa
remissão ao § 4º do mesmo art. 40, no que concerne à revisão do
benefício “...sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade...”. Se o início da pensão ocorreu, após 5.10.1988, a
incidência da regra aludida sucederá a partir da data do fato gerador
do benefício. 4. Sobre as importâncias devidas, em atraso, incidirão
correção monetária a partir do ajuizamento da ação e juros de mora
desde a citação inicial. 5. Embargos de declaração recebidos, em
parte.

RE N. 203.267-1
REL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL. JORNAIS, LIVROS E PERIÓDICOS.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INSUMO. EXTENSÃO MÍNIMA.
1. A jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento no sentido
de que, além do próprio papel de impressão, a imunidade tributária
somente alcança o chamado papel fotográfico - filmes não
impressionados.
Recurso não conhecido.
* noticiado no Informativo 57

Acórdãos publicados: 407

T R A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.

Mandado de Segurança no Processo Penal


(v. Informativo 83)

HC 75.853-SP *

Ministro Sepúlveda Pertence (relator)

Relatório: O
paciente — condenado, embora, por crime
submetido à disciplina da Lei 8.072/90 —
obteve progressão do regime fechado inicial
para o regime semi-aberto, declarada pelo
Juiz da Execução a inconstitucionalidade
do 2º, § 1º, daquele diploma, que proibiria
o benefício (f. 28).
Dessa decisão, o Ministério
Público interpôs agravo e, para emprestar-
lhe efeito suspensivo, requereu mandado de
segurança (f. 37), ao final deferido (f. 56).
Donde, o habeas corpus, que
argúi nulidade do acórdão por falta de
citação do paciente, litisconsorte passivo
necessário, no mandado de segurança e, no
mérito, a ausência de direito líquido e certo
à outorga de efeito suspensivo ao agravo:
“com a decisão do Juiz” — argumente-se
— o paciente sentenciado irá ser removido
para estabelecimento de regime semi-
aberto; ele não será colocado em liberdade.
Ora, é certo que no regime semi-aberto
diminui o cerceamento de sua liberdade,
mas ele continua preso.
Para deferir a liminar,
acentuei (f. 56):

“A jurisprudência do Tribunal de há muito é


firme no sentido de que, no mandado de segurança contra
ato de jurisdição, o beneficiário da decisão questionada é
litisconsorte passivo necessário, de tal modo que a falta
de sua citação acarreta a nulidade do processo e, em
conseqüência, do julgado concessivo da ordem.
No caso, sem citação do paciente, deferiu-se
segurança, processada sem liminar, para outorgar efeito
suspensivo a agravo do Ministério Público contra decisão
que lhe deferira progressão de regime de execução da
pena.
Esse o quadro, defiro a liminar para sustar,
até decisão deste ‘habeas corpus’, os efeitos da decisão
do MS 303.364/1 do Tribunal de Alçada Civil do Estado
de São Paulo.”

A Procuradoria-Geral, com
parecer do il. Dr. Edinaldo de Holanda —
malgrado recorde a decisão da Segunda
Turma no HC 69.802, Brossard, que, em
situação similar, viu configurar-se situação
de assistência litisconsorcial e não de
litisconsórcio — opina pelo deferimento da
ordem, aduzindo (f. 68):

“A regra processual de que ocorre o


litisconsórcio necessário quando o juiz tiver a decidir a
lide de modo uniforme para as partes traduz o sentido do
reflexo jurídico da decisão sobre estas, o que, com
acentuado alcance, ocorre no caso sob apreciação.”

É o relatório.

Voto: Já não se questiona, em questões cíveis, que a situação da


parte beneficiária do ato judicial impugnado por mandado de
segurança, no processo deste, é de litisconsorte passivo necessário;
não, data venia, assistente litisconsorciado, até porque, segundo o
entendimento dominante, não se admite a intervenção de assistente
no mandado de segurança.
Não vejo como tratar
diversamente o problema no mandado de
segurança requerido contra atos judiciais
no processo penal.
Na espécie, o deferimento da
ordem afetou diretamente a situação
jurídica gerada em favor do condenado
pela sentença de primeiro grau, sujeita por
lei a recurso sem efeito suspensivo.
Mais que de litisconsorte
necessário, a hipótese é, pois, de
litisconsórcio unitário: pela natureza da
situação criada pela decisão do juiz da
execução, a concessão da segurança não
poderia deixar de acarretar modificação do
status quo em detrimento do beneficiário da
progressão de regime, por decisão de
eficácia imediata, posto que provisória,
pois sujeita a recurso.
De resto, afora e acima do
sutil distinguo processual ente
litisconsórcio e assistência, o princípio
constitucional do contraditório e da ampla
defesa em campo especial e enfaticamente
coberto pela garantia complementar do due
process of law — para compelir à
audiência do interessado real - que é o
condenado — não o juiz no processo em
que se vá decidir do seu status libertatis.
A construção jurisprudencial
do mandado de segurança do Ministério
Público contra decisões favoráveis ao
acusado, no processo penal, quando seja de
admitir — malgrado sua heterodoxia — não
pode ser ademais uma via transversa de
desvio das exigências das garantias da
ampla defesa, a que se teriam de submeter
os remédios processuais penais ortodoxos
de que dispõe a acusação.
Defiro a ordem para anular o
processo do mandado de segurança e
determinar sua renovação após citado o
paciente: é o meu voto.
* acórdão ainda não publicado

Assessores responsáveis pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
Márcio Pereira Pinto Garcia

informativo@stf.gov.br

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