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⦁ Dentro das anemias hemolíticas há as doenças falciformes com alguma hemoglobinopatia relacionada (AS,
AC, AD). E dentre as doenças falciformes, temos a anemia falciforme (homozigose para hemoglobina S).
⦁ Anemia falciforme Houve a substituição de 01 aminoácido na cadeia. Isso faz com que a Hb deixe de ser
oxigenada e adquiri um formato de foice (falcizada, rígida, ⬇ superfície de troca, ⬇ maleável).
OBS: O fato de ser ⬇ maleável contribui para o seu impacto quando atinge os pequenos vasos, contribuindo
para a oclusão vascular, acarreta hipóxia e consequentemente lesão do tecido.
⦁ A Hm vai apresentar uma destruição aumentada e os produtos da sua degradação (catabolismo do Heme)
vão aumentar os pigmentos biliares (⬆ bilirrubina indireta), levando a um aumento da
possibilidade/frequência de cálculos (litíase biliar).
OBS: Todo paciente com drepanocitose deve fazer exame de US abdominal todo ano, devido à probabilidade
de apresentar litíase e avaliar indicação de cirurgia se houver, para evitar um quadro de colecistite.
⦁ A hemácia do indivíduo com drepanocitose é destruída mais rapidamente e tem uma meia vida menor, por
esse motivo, o paciente sempre terá uma diminuição do nº de hemácias, pois o organismo não consegue
repor essa destruição. Por esse motivo, os órgãos hematopoiéticos – órgãos extramedulares (fígado, baço)
podem ser responsáveis pela produção das Hm. Devido a destruição aumentada, por feedback, a medula
“entende” que ela deve produzir mais e acaba liberando céls. muito jovens (obj: carregar O2), por esse
motivo, os reticulócitos (precursores das Hm) ficam aumentados (reticulocitose).
Ocorre uma hiperplasia medular, pois a mesma não é suficiente e precisa dos órgãos extramedulares
hematopoiéticos para contribuir na produção. O fígado e o baço ficam encarregados de formar novas células
sanguíneas, e como consequência, surge a hepatomegalia e a esplenomegalia.
OBS: A hepatomegalia e a esplenomegalia não serão mantidas por muito tempo, pois a vaso-oclusão que faz
parte do quadro da doença vai ocorrer no fígado e no baço fibrose e autoesplenectomia do baço. Criança
(2-3 anos) e com dor abdominal, pensar em sequestro esplênico.
⦁ A haptoglobina circulante tem afinidade pelo componente heme da Hb, quando ocorre a destruição da Hm,
a haptoglobina liga-se na Hb e forma um complexo. Como a sua grande maioria vai estar ligada a Hb, a
haptoglobina dosada estará ⬇.
⦁ A Hb fetal (⬆ afinidade com O2) é presente no paciente até 6-9 meses de idade. Se ela persistir, há algo de
errado, normalmente uma tentativa de compensar. O indivíduo não tem uma Hb com “boa troca” – HbS e a
fetal mantém-se aumentada para tentar garantir uma troca adequada. Já no caso da Hb AS, o paciente
portador não apresenta sintomas.
OBS: Hidroxiureia (medicamento) aumenta a HbF. Pode ser usada em pacientes com drepanocitose.
OBS: SS e SC tem Hb normais. A Hb SC tem uma clínica menos exuberante que a SS.
⦁ Diagnóstico: Triagem neonatal. Apesar da doença não ter cura, é importante detectá-la para prevenir
complicações.
Caso 01: Menina, 9 anos, dor em MMII. Fez uso de dipirona. Fáscies de dor, hipocorada (2+/4+), hidratada,
ictérica (2+/4+), sopro sistólico em borda esternal E (devido sobrecarga cardíaca), fígado 1,5 cm, baço não
palpável, dor a manipulação das articulações restringindo movimento. Não tinha sinais inflamatórios (edema,
calor e rubor local). Diagnóstico: Crise dolorosa/crise de falcização/crise vaso-oclusiva em membros (+2/+4).
⦁ Vaso-oclusão -> Episódios de obstrução -> Pode acometer vários lugares -> Tórax (síndrome torácica
aguda), pênis (priapismo), etc -> Dura ± 5 dias.
⦁ Fatores desencadeantes: Infecção, desidratação, épocas de frio, estresse (cirurgia), consumo de álcool,
menstruação (perda de líquido), etc.
⇨ Dados:
- Peso: 12 kg.
OBS: Podem ser usados analgésicos fracos e fortes até chegar aos opióides. Se o analgésico fraco não está
resolvendo, pode intercalar com o paracetamol. Caso não seja efetivo, pode ser utilizado tramadol e se
necessário morfina.
⦁ Soro de manutenção p/ paciente (12 kg) 1000 + (2 x 50) = 1100 mL/h 1100 + ½ x 1100 = 1650 mL/24h.
SGI 5% -------- 400 mL 23 gotas OBS: Preferível dessa forma, pois após cada frasco é importante
SF 0,9% -------- 100 mL min reavaliar o paciente para saber se ele vai precisar de soro novamente.
OU assim
OBS: Se for dado muito soro, o paciente pode ter uma sobrecarga cardíaca e se for dado menos, o paciente
pode entrar em choque!
⦁ À medida que o paciente vai diminuindo a dor, aumenta a hidratação oral e diminui a quantidade de
hidratação venosa. Após o soro, independente da idade, deve-se realizar as medicações orais Ácido fólico
(pois a medula “não dá conta” de realizar o aporte de ácido fólico). A indicação de Hidroxiureia depende da
idade. Até 05 anos de idade, todos os pacientes devem tomar Penicilina (ATB profilático), pois a opsonização
das bactérias é deficiente nesses indivíduos.
⦁ Nesse caso não é necessário medicação inalatória. Os exames são hemograma e reticulócitos.
OBS: Quando a crise vaso-oclusiva é em crianças até 3 anos de idade, o nome dado é dactilite ou síndrome
mão-pé, acometimento maior em mãos e pés. Pode persistir até 02 semanas.
Caso 02: Criança, 02 anos de idade, peso: 10 kg. Apresenta palidez (3+/4+) e dor abdominal há 12 horas =
CASO AGUDO! Icterícia (1+/4+), FC: 168 bpm, pulsos finos, taquicárdica, apresenta sopro. Fígado à 2 cm e
baço à 8 cm. Paciente apresenta sequestro esplênico, pois o baço ainda é funcionante e ainda não apresenta
fibrose.
É um paciente que está chocado, com sequestro e tem drepanocitose. Primeiro trata-se o choque (dieta
suspensa), dados vitais (1h/1h), saturimetria contínua, O2 se necessário, antitérmico EV (devido dieta
suspensa), medicação venosa (soro de expansão com SF0,9%).
⦁ O que vai resolver a palidez que ele apresenta será a transfusão de hemácias ⟹ Prescrição: Concentrado
de hemácias deleucotizadas (⬇ anticorpos) fenotipadas ou triadas para a HbS. Sendo 10 mL/kg, ou seja, 100
mL EV ± em 2h.
⦁ Não deve receber NENHUMA medicação oral (ácido fólico, hidroxiureia, penicilina), pois sua dieta oral está
suspensa.
⦁ Após o 2º episódio de sequestro é realizado esplenectomia, pois o risco do paciente apresenta novamente
outro “sequestro (+3/+4)” é muito grande!
Caso 03: Menino, 4 anos, hipocorado, pulsos amplos, icterícia não tão importante, teve febre e piora da
palidez hoje = CASO AGUDO! Fígado à 3 cm. Hemograma com anemia importante, leucócitos ⬇ e plaqueta
mais baixa que o normal.
* Se o paciente está pálido e com alteração no hemograma = Algo está acontecendo na medula! A infecção
na medula está levando a uma pancitopenia Crise aplásica Infecção na medula pelo vírus parvovírus
B19.
⦁ DD: Crise hemolítica Apresenta o mesmo quadro, porém com uma piora da icterícia e o reticulócito ⬆,
pois o problema não é na medula e sim devido a uma exacerbação na homólise.
OBS: Nesse caso, se quiser dar o soro, pode usar 01 soro de hiperhidratação usando a velocidade do soro de
manutenção.
Caso 04: Menino, 08 anos, palidez, febre, taquipneia, dor torácica, dispneia, crepitação fina = Pensar em
pneumonia! Rx com aumento intersticial.
⦁ DD: Síndrome torácica aguda = Tratado com ATB de largo espectro (Cefalosporina 3ª G – ceftriaxona ou
cefotaxima).
OBS: Se for utilizar analgésicos, evitar opióides por causa do risco de depressão respiratória.