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Guia de Campo Morcegos PDF
Guia de Campo Morcegos PDF
G O V E R N O D O E S TA D O
RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DA SAÚDE
Guia de Manejo e
Controle de Morcegos
Técnicas de identificação, captura e coleta
ISBN 978-85-60437-14-6
NLM WA 30
Catalogação elaborada pelo Centro de Informação e Documentação/CEVS/RS
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................... 07
1.1 Vigilância Epidemiológica da Raiva Humana ............... 07
1.2 Biologia e Ecologia de Morcegos ................................ 11
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5 MANEJO E CONTROLE DE MORCEGOS .................. 93
5.1 Desalojamento de colônias ...................................... 93
5.1.1 Colônias instaladas em forros .................... 93
5.1.2 Morcegos instalados em outros locais ....... 96
5.1.3 Adentramento ocasional em residências ... 97
5.2 Manejo de morcegos por empresas ............................ 99
5.3 Controle de morcegos hematófagos .......................... 99
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1
Introdução
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1 INTRODUÇÃO
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atropelados e/ou em condições suspeitas, prin-
cipalmente morcegos.
Como mais uma ferramenta para a vigilân-
cia dessa doença que causa tanto impacto na
saúde pública, a Secretaria Estadual de Saúde
por intermédio do Centro Estadual de Vigilância
em Saúde (CEVS/RS) instituiu o Programa de
Monitoramento de Morcegos, com o objetivo de
estudar a importância dos quirópteros na trans-
missão da raiva.
Neste contexto, este guia traz informa-
ções sobre biologia e ecologia de morcegos,
bem como orientações práticas para o manejo e
controle de morcegos em áreas urbanas, como
forma de subsidiar as ações da saúde pública
no controle de doenças transmitidas por ani-
mais silvestres, como a raiva, por exemplo.
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01
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Figura 2. Uropatágio.
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A estrutura das asas já estava presente
nos primeiros fósseis de morcegos encontrados,
que datam de 51 milhões de anos, isto é, do
período Eoceno (GUNNELL; SIMMONS, 2005).
Entre outras adaptações morfológicas ao voo,
pode-se citar a redução da ulna, no antebraço;
o desenvolvimento de quilha no esterno e mem-
bros posteriores com rotação do joelho que é
direcionado para a região dorsal.
Outra importante característica dos mor-
cegos é a capacidade de emitir ultrassons, isto
é sons de alta freqüência, pela boca ou pelas
narinas e captar o eco destes sons que retorna
ao encontrar algum objeto – a ecolocalização.
Como adaptações para aumentar a superfície
de captação dos sons, os morcegos apresentam
algumas estruturas como o trago e o antitrago,
formações membranosas junto à orelha, assim
como pequenas dobras no pavilhão auditivo.
Nos representantes da família Phyllostomidae,
a folha nasal, estrutura membranosa localizada
junto às narinas, também está relacionada à
ecolocalização, participando no direcionamento
dos ultrassons que saem pelas narinas (NEU-
WEILER, 2000) (Fig. 3).
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2 IDENTIFICAÇÃO DE MORCEGOS
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Figura 6. Morfologia externa do morcego.
A B
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C D
24
Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758)
(morcego-pescador)
1 Subfamília Desmodontinae
2 Subfamília Glossophaginae
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Distribui-se por diversos países da Amé-
rica do Sul, como Venezuela, Colômbia, Equa-
dor, Guianas, Peru, Bolívia, noroeste da Argen-
tina e Brasil. No Rio Grande do Sul há registros
em Dom Pedro de Alcântara e Maquiné.
São morcegos relativamente pequenos,
com comprimento cabeça/corpo entre 47 e
70mm, antebraço entre 34 e 39mm e peso entre
8,5 e 13g. A coloração do pelo varia de mar-
rom a marrom acinzentado. Apresenta progna-
tismo, isto é, a mandíbula projeta-se mais para
frente do que a maxila superior. O uropatágio
é estreito, semicircular e a cauda usualmente
está presente, mas pode faltar em alguns exem-
plares. Não apresenta incisivos inferiores e os
superiores são reduzidos e deslocados lateral-
mente (NOGUEIRA et al., 2007). Fórmula den-
tária: i2/0; c1/1; pm3/3; m3/3. Dieta: pólen,
néctar, insetos e frutos.
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Anoura geoffroyi Gray, 1838
3 Subfamília Phyllostominae
33
Embora haja registro de consumirem matéria
vegetal, alimentam-se, predominantemente, de
pequenos vertebrados e insetos (NOGUEIRA et
al., 2007; WITT; FABIAN, 2010).
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Distribuição: Bolívia, Brasil, Guianas,
México, Paraguai, Peru, Tobago e Trinidad. No
Rio Grande do Sul é encontrada em áreas de
floresta ombrófila densa, na planície costeira.
Características: morcego de médio porte,
antebraço entre 38 a 44mm, peso em torno de
18 g. A coloração varia do marrom ao quase
negro ou marrom ferruginoso. A cauda é curta
e contida totalmente no uropatágio, as orelhas
são curtas e a folha nasal apresenta formato
triangular. O lábio inferior apresenta formato
em “V” com uma verruga no centro e ornada por
diversos outros pontos em redor. Fórmula den-
tária: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 3/3 = 32. Dieta:
Dieta: frutos, insetos, pólen e néctar.
5 Subfamília Stenodermatinae
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Distribuição: ocorre do México ao norte
da Argentina, Bolívia, Trinidad e Tobago,
Pequenas Antilhas, Ilhas Três Marias e Bra-
sil. É uma das espécies mais comuns no RS,
ocorrendo no planalto das missões, planalto
das araucárias, depressão central e planície
costeira. Além de ser encontrada em áreas
de vegetação conservada, também ocorre
em áreas alteradas, como áreas urbanas.
Descrição: morcego de grande porte, o
antebraço pode ultrapassar os 75 mm e o peso
acima de 75 gramas. A coloração é parda com
variações ao marrom, pode haver variação
regional, com indivíduos marrom-acinzentados.
As listas faciais brancas são bem conspícuas.
Fórmula dentária: i 2/2/ c 1/1; pm 2/2; m 2/3
= 30. Dieta: frutos.
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Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810)
44
2.3 Família Vespertilionidae
a) Vespertilioninae
Eptesicus brasiliensis (Desmarest 1819)
45
Distribuição: sul do México ao norte
da Argentina, Paraguai, Uruguai e Trinidad e
Tobago. No Brasil tem registros em diversos
estados. No RS ocorre no planalto das arau-
cárias, planalto da campanha, planalto sul-rio-
-grandense e depressão central (PACHECO;
MARQUES, 2006). Está presente em áreas
primárias e secundárias, incluindo habitações
humanas.
Características: seus caracteres externos
e cranianos são similares aos de E. furinalis,
com quem pode ser confundida. O antebraço
varia de 40 a 46 mm. A coloração da pelagem
dorsal varia do castanho escuro ao castanho
avermelhado, a coloração ventral é mais clara
podendo ser amarelada ou esbranquiçada.
As orelhas são triangulares. A pele do rosto é
rosada e as membranas são escuras (BIAN-
CONI; PEDRO, 2007). Fórmula dentária: i 2/3, c
1/1, pm 1/2, m 3/3. Dieta: insetos.
47
pequenos, com a série de dentes maxilares
entre 5,3 e 6,3mm. Crânio com crista sagital
presente, mas pouco desenvolvida. Fórmula
dentária: i2/3; c1/1; pm1/2; m3/3 (BIANCONI;
PEDRO, 2007). Dieta: insetos.
48
Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824)
51
Características: A coloração do pelo é
pardo-avermelhado, com pontas esbranquiça-
das; coloração do ventre mais clara, com tons
amarelados e ferrugínea na face. Pode haver
manchas claras na base do polegar e na altura
da porção anterior do carpo. As orelhas são
curtas e arredondadas com coloração rosada. O
antebraço varia de 36 a 42mm. Possui dois pre-
molares superiores, sendo o primeiro minúsculo
ou ausente. Os incisivos inferiores são trífidos
e parcialmente sobrepostos. Fórmula dentária:
i1/3; c1/1; pm2/2; m3/3. Dieta: insetos.
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Distribuição: Canadá, Estados Unidos,
Havaí, México, Venezuela, Colômbia, Equador
(Ilhas Galápagos), Chile, Bolívia, Argentina, Uru-
guai e Brasil. No RS há registros na planície cos-
teira e no planalto das araucárias, em áreas de
floresta ombrófila densa e em áreas de forma-
ções pioneiras.
Características: coloração do pelo cinza
esbranquiçada, com as pontas quase brancas.
As orelhas são pequenas, arredondadas, com
pelos amarelos na metade da superfície externa
e nos bordos internos. Apresenta pelos amare-
lados na região gular, na base do polegar e na
superfície dorsal do plagiopatágio. Na região
ventral, até a metade do uropatágio a pelagem
é mais amarelada, com tendência ao pardo;
os pelos do abdome são bicolores, com a base
escura e as pontas claras. É a maior espécie
brasileira do gênero, com antebraço que varia
de 50 a 57mm. Fórmula dentária: i 1/3; c 1/1;
pm2/2; m 3/3. (BIANCONI; PEDRO, 2007).
Dieta: insetos.
Esta espécie está na categoria de baixo
risco de extinção segundo IUCN (2012) e como
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presumivelmente ameaçada no Rio de Janeiro
(BERGALLO et al. 2000 apud BIANCONI; PEDRO,
2007).
a) Myotinae
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Esta espécie está na categoria de baixo
risco de extinção segundo IUCN (2012) e como
presumivelmente ameaçada no Rio de Janeiro
(BERGALLO et al. 2000 apud BIANCONI; PEDRO,
2007).
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Distribuição: do México ao Peru, Bolívia,
norte da Argentina, Paraguai e Brasil. No RS
tem registros para o planalto das araucárias,
planalto das missões, depressão central e planí-
cie costeira (PACHECO; MARQUES, 2006), tanto
em áreas florestadas quanto em áreas abertas
e em áreas alteradas.
Características: morcego de porte
pequeno, pelos de cor marrom. As membranas
são nuas ou com pelos esparsos. No uropatágio
os pelos não ultrapassam a altura dos joelhos. O
antebraço varia de 29,9 a 36,2mm. E o terceiro
metacarpo de 28,6 a 33,2mm. Dentição: i 2/3,
c 1/1, pm 3/3, m 3/3. Dieta: insetos.
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Molossops temminckii (Burmeister,
1854)
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Distribuição: ocorre desde os Estados Uni-
dos (Florida), México, América Central e Caribe,
Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname, Peru,
Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.
No Brasil está amplamente distribuída. Segundo
Marinho-Filho e Sazima (1998), no Brasil, a
espécie está presente em cinco grandes biomas
(Amazônia, Floresta Atlântica, Cerrado, Caatinga
e Pantanal). No RS tem registro para os Cam-
pos Sulinos (FONSECA et al., 1996) e para o
planalto das araucárias, planalto das missões,
depressão central e planície costeira (PACHECO;
MARQUES, 2006; BORNE, 1985).
Descrição: animais de porte médio. O ante-
braço varia de 38 a 42mm. Apresentam pelagem
com coloração que varia do marrom claro a ene-
grecido, ventralmente a coloração é mais clara.
As orelhas são arredondadas e unidas na linha
média da cabeça. O antitrago é desenvolvido e
com constrição na base. Apresentam uma qui-
lha na região mediana do focinho. Sobre o lábio
superior há pelos longos, duros e espessos.
(FABIÁN; GREGORIN, 2007). Dentição: i 1/1, c
1/1, pm 1/2, m 3/3. Dieta: insetos.
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Molossus rufus E. Geoffroy, 1805
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3 CAPTURA, COLETA E
PRESERVAÇÃO
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3.1 Planejamento de campo
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animais poderão ser transferidos para frasco
com álcool 70%.
Obs.: substâncias químicas como formol,
álcool e/ou outros produtos não devem ser utili-
zados na amostra quando esta se destina para
o diagnóstico virológico, pois estas substâncias
podem inativar os vírus.
- redes de neblina;
- hastes e estacas;
- paquímetro;
- balança de precisão (gramas);
- sacos de pano;
- marreta e facão;
- caixa de isopor;
- lanternas de cabeça (cefálicas);
- frascos (plásticos, vidros);
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- líquidos conservantes (álcool 70%, for-
mol 10%);
- seringas;
- etiquetas de identificação (Anexo B);
- planilha de controle de capturas (Anexo
C).
- Máscara PFF3;
- Luvas-de-raspa-de-couro;
- Luvas de borracha;
- Botas de borracha;
- Capa de chuva;
- Roupas de campo (uniforme);
- Protetor facial ou óculos de proteção;
- Avental cirúrgico.
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4
CADASTRAMENTO
DE ABRIGOS
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4 CADASTRAMENTO DE
ABRIGOS
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5
MANEJO E CONTROLE DE
MORCEGOS
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5 MANEJO E CONTROLE DE
MORCEGOS
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Fig. 8. Sistema “escape-morcego” instalado no beiral da
casa (Fonte: Bat Conservation).
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animais para realizar os procedimentos de veda-
ção, utilize um puçá, pinças e/ou mesmo manu-
almente com o uso de luvas-de-raspa-de-couro,
podendo serem guardados em sacos de pano
ou gaiolas que permitam ventilação adequada,
pelo período máximo 1 hora até o ato de soltura.
Geralmente, não há necessidade de cap-
tura dos morcegos, bastando apenas abrir os
refúgios e deixar que os mesmos voem.
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Para captura segura siga os passos:
1. Mantenha a calma;
2. Lance um pano sobre o animal;
3. Com o auxílio de uma vassoura ou
semelhante, coloque-o dentro de uma
caixa de papelão, lata ou outro reci-
piente (Obs.: Não se esqueça de fazer
pequenos furos para ventilação);
4. Não coloque álcool ou qualquer
outro tipo de líquido conservante no
recipiente;
5. Envie o animal para o Posto de Saúde
mais próximo para realizar exame de
raiva.
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5.2 Manejo de morcegos por empresas
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6
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
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6 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
103
Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
que em seus artigos 29 e 37 abordam o tema.
104
migratória, bem como produtos e ob-
jetos dela oriundos, provenientes de
criadouros não autorizados ou sem a
devida permissão, licença ou autori-
zação da autoridade competente.
105
A lei foi regulamentada recentemente
pelo Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho
de 2008 que define e estabelece as penas e
multas, entre outras penalidades.
Multa de:
I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por in-
divíduo de espécie não constante de
listas oficiais de risco ou ameaça de
extinção;
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por in-
divíduo de espécie constante de listas
oficiais de fauna brasileira ameaçada
de extinção, inclusive da Convenção de
Comércio Internacional das Espécies
da Flora e Fauna Selvagens em Peri-
go de Extinção - CITES (Redação dada
pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
106
Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-
-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos:
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7
REFERÊNCIAS
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7 REFERÊNCIAS
112
Saúde, 2009. 816 p. (Série A. Normas e Manu-
ais Técnicos).
113
EGER, J. L. Systematics of the genus Eumops
(Chiroptera: Molossidae). Life Science Contribu-
tions, Royal Ontario Museum. n. 110. Ontario:
1977. p.1-69.
114
rotundus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Phyllostomi-
dae) from State of São Paulo, Southeastern Bra-
zil, Revta. Bras. Zool., v. 21, n. 3, p. 38-43., set.
2004.
116
MARQUES, A. A. B. de et al. Lista das espécies
da fauna ameçadas de extinção no Rio Grande
do Sul. Decreto nº 41.672, de 11 de junho de
2002. Porto Alegre: FZB/MCTPUCRS/PANGEA,
2002. 52p. (Publicações Avulsas FZB, n.11).
117
miological Record. v. 85, p. 309-320. Disponí-
vel em: <http:// www.who.int/wer. Acesso em:
10/11/2011. 2010.
118
Gray (Chiroptera, Phyllostomidae) no Rio Grande
do Sul. Rev. Bras. Zool., Curitiba, v. 16, n. 2, p.
447-460, 1999.
119
Uruguai, Rio Grande do Sul, Brasil. Mastozoolo-
gia Neotropical, v. 17, n. 2, p. 353-360, 2010.
Internet
www.saude.rs.gov.br
www.saa.rs.gov.br
www.saude.gov.br
www.sema.rs.gov.br
www.ibama.gov.br
www.sbeq.org.br
www.relcomlatinoamerica.net
120
8
ANEXOS
121
122
8
ANEXO A
G O V E R N O D O E S TA D O
RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DA SAÚDE
Cadastramento Abrigos
123
124
9 ANEXO B - Preparação de
Etiquetas (MODELO)
Coletor: ..................................................................................
(3X5cm)
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10 ANEXO C - Planilha de Controle
de Capturas (Modelo)
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11 ANEXO D - Planilha de Identi-
ficação de Amostras
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Sobre o Guia
Formato: 10,5 cm por 14,8 cm
Mancha Gráfica: 10,5 cm por 14,8 cm
Tipologias utilizadas: FrankfurtGothic
Franklin Gothic Book
Franklin Gothic Demi
Papel: capa: Triples Royal 250g
miolo: Colchê 150 gramas