Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 132

GUIA

G O V E R N O D O E S TA D O
RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DA SAÚDE

Guia de Manejo e
Controle de Morcegos
Técnicas de identificação, captura e coleta

Porto Alegre, 2012


Governo do Estado do Rio Grande do Sul G O V E R N O D O E S TA D O
Governador Tarso Genro RIO GRANDE DO SUL
Secretaria Estadual da Saúde SECRETARIA DA SAÚDE

Secretário Ciro Simoni


Centro Estadual de Vigilância em Saúde
Diretor Celso Bittencourt dos Anjos
www.saude.rs.gov.br

Publicação CEVS/RS do Programa de Pós-Graduação em Biologia


Tiragem: 1ª edição – ano 2012 - 2.000 exemplares Animal da UFRGS

Elaboração e Distribuição Colaboração


SECRETARIA DA SAÚDE DO Jairo Predebon, MV, DVAS/CEVS/RS
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Centro Estadual da Vigilância em Saúde Giovani Diedrich, MV, DVAS/CEVS/RS
Rua Domingos Crescêncio, 132 Marco Aurélio Wünsch Donini, MV, DVAS/
CEP. 90650-090 - Porto Alegre/RS CEVS/RS
Tel.: +55 (51) 3901.1117 / 3901.1091
Marco Antônio Barreto de Almeida, Mes-
Fax: +55 (51) 3901.1076
tre em Ecologia, Biólogo, DVAS/CEVS/RS
É permitida a reprodução parcial ou total Edmilson dos Santos, Mestre em Biologia
desta obra, desde que citada a fonte. Animal, Biólogo, DVAS/CEVS/RS
Responsabilidade Técnica Hamilton Cesar Zanardi Grillo, Mestre em
André Alberto Witt, Mestre em Biologia Biologia Animal UFRGS, Biólogo, professor
Animal, Biólogo, Divisão de Vigilância Am- adjunto do Centro Universitário Univates
biental em Saúde, Centro Estadual de Vigi- Projeto Gráfico
lância em Saúde (DVAS/CEVS/RS)
Fotos
Redação e edição
André Alberto Witt
André Alberto Witt, Mestre em Biologia
Animal UFRGS, Biólogo DVAS/CEVS Edmilson dos Santos (Platyrrhinus lineatus)
Marta Elena Fabián, Doutora em Ecologia Daniel Paulo de Souza Pires (Anoura cau-
pela Universidade Estadual de Campinas, difer, Anoura geoffroyi, Lasiurus ega, Molos-
docente do Curso de Ciências Biológicas e sops temminckii)

R585v Rio Grande do Sul. Centro Estadual de Vigilância em Saúde. Guia de


manejo e controle de morcegos: técnicas de identificação,
captura e coleta. Porto Alegre: CEVS/RS, 2012.

ISBN 978-85-60437-14-6

1. Vigilância Ambiental em Saúde 2. Raiva


3. Morcegos 4. Rio Grande do Sul I. Título.

NLM WA 30
Catalogação elaborada pelo Centro de Informação e Documentação/CEVS/RS
Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................... 07
1.1 Vigilância Epidemiológica da Raiva Humana ............... 07
1.2 Biologia e Ecologia de Morcegos ................................ 11

2 IDENTIFICAÇÃO DE MORCEGOS ............................ 21


2.1 Família Noctilionidae ................................................. 24
2.2 Família Phyllostomidae .............................................. 26
2.3 Família Vespertilionidae ............................................ 45
2.4 Família Molossidae ................................................... 59

3 CAPTURA, COLETA E PRESERVAÇÃO ..................... 75


3.1 Planejamento de campo ............................................ 76
3.2 Procedimentos de captura ......................................... 79
3.3 Procedimentos de coleta ............................................ 81
3.4 Preservação de amostras ........................................... 81
3.5 Material de campo ..................................................... 84
3.6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) ............. 85

4 CADASTRAMENTO DE ABRIGOS ............................ 89

03
5 MANEJO E CONTROLE DE MORCEGOS .................. 93
5.1 Desalojamento de colônias ...................................... 93
5.1.1 Colônias instaladas em forros .................... 93
5.1.2 Morcegos instalados em outros locais ....... 96
5.1.3 Adentramento ocasional em residências ... 97
5.2 Manejo de morcegos por empresas ............................ 99
5.3 Controle de morcegos hematófagos .......................... 99

6 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ..................................... 103


6.1 Legislação Federal ................................................... 103
6.2 Legislação Estadual ................................................. 107

REFERÊNCIAS ........................................................ 111

ANEXO A - Cadastramento Abrigos .................................. 123


ANEXO B - Preparação de Etiquetas (Modelo) ................... 125
ANEXO C - Planilha de Controle de Capturas (Modelo) ...... 127
ANEXO D - Planilha de Identificação de Amostras ............. 129

04
1
Introdução

05
06
1 INTRODUÇÃO

1.1 Vigilância Epidemiológica da Raiva Humana

A raiva é uma zoonose viral, que se carac-


teriza como uma encefalite progressiva aguda
e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao
vírus da raiva e, portanto, podem transmiti-la. A
transmissão se dá pela inoculação do vírus pre-
sente na saliva e secreções do animal agressor
infectado, geralmente pela mordedura, mais
raramente pela arranhadura e lambedura de
mucosas (BRASIL, 2009).
O período de incubação é altamente vari-
ável (de dias até anos). Em média, 45 dias no
homem e 10 dias a dois meses no cão. Esse
tempo está relacionado com vários fatores,
dentre eles pode-se citar: a localização e exten-
são da agressão, distância desse local ao sis-
tema nervoso central e concentração de vírus
inoculado.
07
Segundo a Organização Mundial da
Saúde, anualmente, cerca de 55.000 pessoas
morrem da doença no mundo (WHO, 2010). A
raiva tem ampla distribuição mundial, não ocor-
rendo na atualidade apenas em algumas regi-
ões como: Nova Zelândia, Nova Guiné, Japão,
Hawai, Taiwan, Oceania, Finlândia, Islândia, a
parte continental da Noruega, Suécia, Grécia e
algumas ilhas das Antilhas e do Atlântico (BRA-
SIL, 2008). A letalidade da doença é de aproxi-
madamente 100% e os custos para sua preven-
ção em animais de estimação, de criação e no
homem são altos e requerem contínua capacita-
ção dos profissionais da área da saúde.
No Brasil, o marco inicial da Vigilância
da raiva foi à criação do Programa Nacional de
Controle da Raiva através do estabelecimento
de um convênio entre os Ministérios da Saúde
e da Agricultura, a Central de Medicamentos e
a Organização Pan-americana de Saúde/Organi-
zação Mundial de Saúde. Neste sentido, coube
aos Estados a execução do referido programa.
Da sua criação em diante, o Programa Nacional
passou a monitorar a circulação do vírus e a
08
colocar em prática ações de prevenção e con-
trole da doença. Anualmente cerca de 400.000
pessoas procuram atendimento médico por
terem sido expostas ou por se julgarem expos-
tas aos vírus, sendo que deste total 64% rece-
bem esquema de profilaxia de pós-exposição.
Ainda assim, no país, 574 casos humanos ocor-
reram no período 1990 a 2009 (BRASIL, 2011).
O principal agente transmissor da doença
foi, até as décadas de 80 e 90, o cão (Canis
familiaris), contudo esta situação mudou depois
que iniciadas as campanhas massivas de vaci-
nação de cães.
A partir do ano de 2004 a importância do
morcego como transmissor da raiva aumentou,
passando a ser considerado como a principal
espécie agressora no Brasil. Essa mudança no
perfil epidemiológico da doença poderia ser
explicada por vários fatores, como a expansão
das áreas urbanas, o desmatamento, a falta
de planejamento da arborização urbana, entre
outros fatores ambientais.
Os morcegos são animais silvestres que
se adaptaram muito bem as áreas urbanas,
09
devido às condições encontradas nos ambien-
tes urbanos, como a oferta de abrigos e alimen-
tos (insetos e frutos). De acordo com a Instrução
Normativa IBAMA nº 141/2006, os morcegos
são considerados como animais sinantrópicos,
ou seja, animais que utilizam de recursos de
áreas urbanas de forma transitória ou perma-
nente, utilizando-as como áreas de vida.
Atualmente, 41 espécies de morcegos já
foram encontradas com evidências de infecção
pelo vírus da raiva no país (SODRE et al., 2010),
das quais muitas são sinantrópicas. A proximi-
dade destes animais silvestres (morcegos) com
a população humana tem causado preocupa-
ção ao longo dos anos por parte das autorida-
des governamentais da saúde, principalmente
pelo fato de que, além da raiva, os morcegos
podem carrear outras doenças de importância
em saúde pública.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria da
Saúde realiza a vigilância da raiva através do
monitoramento da circulação do vírus pela
amostragem de cães, gatos e animais silvestres

10
atropelados e/ou em condições suspeitas, prin-
cipalmente morcegos.
Como mais uma ferramenta para a vigilân-
cia dessa doença que causa tanto impacto na
saúde pública, a Secretaria Estadual de Saúde
por intermédio do Centro Estadual de Vigilância
em Saúde (CEVS/RS) instituiu o Programa de
Monitoramento de Morcegos, com o objetivo de
estudar a importância dos quirópteros na trans-
missão da raiva.
Neste contexto, este guia traz informa-
ções sobre biologia e ecologia de morcegos,
bem como orientações práticas para o manejo e
controle de morcegos em áreas urbanas, como
forma de subsidiar as ações da saúde pública
no controle de doenças transmitidas por ani-
mais silvestres, como a raiva, por exemplo.

1.2 Biologia e Ecologia de Morcegos

Os morcegos são mamíferos pertencentes


à ordem Chiroptera (cheir=mão; pteron=asa /
grego) (Fig.1).

11
01

Figura 1. Glândula mamária em morcego-fruteiro


(Sturnira lilium) em fase de lactação.

A capacidade de voar dos morcegos,


isto é voo autônomo e manobrável, é caracte-
rística única entre os mamíferos. Os morcegos
apresentam os membros anteriores adapta-
dos como asas. O polegar é livre e os demais
dedos e respectivos metacarpos dão sustenta-
ção à membrana que forma a superfície da asa.
As membranas do voo incluem o propatágio,
12
entre o ombro e o antebraço, o dactilopatágio –
conectando os metacarpos e as falanges, o pla-
giopatágio – membrana que conecta a asa com
a lateral do corpo e o uropatágio ou membrana
interfemural, entre as patas (Fig.2).

02

Figura 2. Uropatágio.

13
A estrutura das asas já estava presente
nos primeiros fósseis de morcegos encontrados,
que datam de 51 milhões de anos, isto é, do
período Eoceno (GUNNELL; SIMMONS, 2005).
Entre outras adaptações morfológicas ao voo,
pode-se citar a redução da ulna, no antebraço;
o desenvolvimento de quilha no esterno e mem-
bros posteriores com rotação do joelho que é
direcionado para a região dorsal.
Outra importante característica dos mor-
cegos é a capacidade de emitir ultrassons, isto
é sons de alta freqüência, pela boca ou pelas
narinas e captar o eco destes sons que retorna
ao encontrar algum objeto – a ecolocalização.
Como adaptações para aumentar a superfície
de captação dos sons, os morcegos apresentam
algumas estruturas como o trago e o antitrago,
formações membranosas junto à orelha, assim
como pequenas dobras no pavilhão auditivo.
Nos representantes da família Phyllostomidae,
a folha nasal, estrutura membranosa localizada
junto às narinas, também está relacionada à
ecolocalização, participando no direcionamento
dos ultrassons que saem pelas narinas (NEU-
WEILER, 2000) (Fig. 3).
14
03

Fig. 3. Sistema de ecolocalização (Fonte: Bat


Conservation).

Os morcegos apresentam grande


diversificação de hábitos alimentares, o que
lhes confere importante papel ecológico. Há
espécies exclusivamente insetívoras, como
os representantes das famílias Vespertilio-
nidae e Molossidae que são importantes
controladores das populações de insetos.
Na família Phyllostomidae as espécies apre-
sentam grande diversidade em suas dietas.
15
Há espécies frugívoras (que se alimentam de
frutos) e nectarívoras (que se alimentam de
néctar, pólen e partes das flores), que atuam
na dispersão de sementes e na polinização
de muitas espécies vegetais (Fig. 4), sendo
responsáveis pela regeneração de áreas flo-
restadas (BREDT et al., 1996). As três espé-
cies exclusivamente hematófagas (que se
alimentam de sangue) ocorrem somente na
Região Neotropical, todas ocorrendo no Bra-
sil. No Rio Grande do Sul, até o momento,
só foi encontrada uma delas, Desmodus
rotundus. Nos ecossistemas naturais, os
morcegos hematófagos auxiliam no controle
das populações de vertebrados, através
das sangrias e da transmissão de doenças
como a raiva (BREDT et al., 1996). Há tam-
bém espécies carnívoras que caçam peque-
nos vertebrados, inclusive outros morcegos,
como por exemplo, a espécie Noctilio lepo-
rinus (família Noctilionidae) cuja dieta se
baseia em peixes e insetos.

16
04

Figura 4. Sementes de figueira (Ficus cestrifolia) encon-


trada em fezes de morcego frugívoro.

Os abrigos diurnos utilizados pelos morce-


gos são áreas que apresentam características
que lhes propiciam proteção, área de repouso,
locais favoráveis para a criação dos filhotes e
também, constituem locais que permitem o
desenvolvimento de interações sociais. Essas
áreas se caracterizam por apresentar pouca
iluminação e um certo grau de estabilidade de
temperatura e umidade relativa. São os chama-
dos abrigos internos, ocupados pela maioria dos
morcegos. Nessa categoria estão as cavernas
(Figura 5), ocos de árvores, fendas em rochas
e inclusive telhados de prédios, e outros locais
17
associados a habitações humanas. No entanto,
algumas espécies permanecem durante o dia
em abrigos externos que são locais abertos,
como entre os ramos, folhagens ou sobre a
superfície do tronco das árvores. Essas áreas
apresentam maior variação de iluminação, tem-
peratura, umidade relativa e vento, e deixam os
morcegos mais expostos à predação.

05

Figura 5. Detalhe da entrada de uma caverna.


18
2
IDENTIFICAÇÃO DE
MORCEGOS

19
20
2 IDENTIFICAÇÃO DE MORCEGOS

A tualmente são conhecidas no mundo


pouco mais de 1.000 espécies, sendo
174 foram registradas até o momento no Brasil
(REIS et al., 2011; PAGLIA et al., 2012).
No Rio Grande do Sul (RS) há registro de
36 espécies incluídas em quatro famílias de
morcegos: Noctilionidae, Phyllostomidae, Ves-
pertilionidae e Molossidae.
A identificação de espécie exige conhe-
cimentos prévios da morfologia e da termino-
logia utilizada, mediante o uso de chave dico-
tômica. A Figura 6 mostra a morfologia externa
de um morcego, com a denominação de cada
estrutura.

21
Figura 6. Morfologia externa do morcego.

Chave de Identificação das famílias que


ocorrem no Rio Grande do Sul

1. Presença de folha nasal na extremidade do foci-


nho. (Fig. A) .......................... Família Phyllostomidae
1`. Ausência de folha nasal na extremidade do foci-
nho ............................................................................. 2

2. Lábio superior com profundo sulco ou dobra ver-


tical mediana (lábio leporino), cauda mais curta
que o uropatágio, perfurando-o dorsalmente.
(Fig. B) .................................... Família Noctilionidae
22
2`. Lábio sem dobra vertical ou sulco profundo
mediano .................................................................... 3

3. Cauda incluída no uropatágio até aproxi-


madamente a metade do seu comprimento
(Fig. C) ....................................... Família Molossidae
3`. Cauda longa, até um terço de seu cumprimento
total ou ainda completamente incluída no uropatágio
(Fig. D) ............................... Família Vespertilionidae

A B

Figura A. Família Figura B. Família Noctilio-


Phyllostomidae nidae (Noctilio leporinus)

23
C D

Figura C. Família Figura D. Família


Molossidae Vespertilionidae

2.1 Família Noctilionidae

Os morcegos pertencentes a essa família


são exclusivamente neotropicais. Caracterizam-
-se por apresentar lábio superior com dobra ver-
tical lembrando um lábio leporino, cauda mais
curta que a membrana interfemural que é muito
desenvolvida, pés grandes e calcâneos desen-
volvidos (EISENBERG; REDFORD, 1999).
Esta família apresenta um gênero e duas
espécies: Noctilio albiventris e Noctilio lepori-
nus, das quais apenas a segunda ocorre no RS.

24
Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758)
(morcego-pescador)

É uma espécie com ampla área de


distribuição, desde o México até o norte da
Argentina. No Brasil foi registrada desde o
Amapá e Amazonas até o RS (REIS et al., 2007).
Ocorrem em áreas próximas a corpos d`água.
É o maior morcego do RS. A pelagem é
avermelhada, com uma lista mediana e dorsal
de coloração clara, orelhas estreitas e pon-
tiagudas, pés proporcionalmente muito gran-
des. O comprimento do antebraço varia de 70
25
a 92 mm, comprimento cabeça-corpo de 98 a
132mm e peso em torno de 50g. Fórmula den-
tária: i 2/1, c 1/1, pm 1/2, m 3/3 = 28. Dieta:
peixes e insetos aquáticos.

2.2 Família Phyllostomidae

É a maior família de morcegos neotropicais.


Distribui-se do sul dos Estados Unidos até o
norte da Argentina.
Os morcegos dessa família caracterizam-
-se por apresentar uma estrutura membranosa
na extremidade do focinho, denominada folha
nasal.
A família está subdividida em cinco
subfamílias: Desmodontinae, Glossophaginae,
Phyllostominae, Carolliinae e Stenodermatinae.

1 Subfamília Desmodontinae

Nesta subfamília estão incluídos os morce-


gos hematófagos. Apresenta três gêneros, cada
um com uma espécie: Diaemus youngi, Diphylla
ecaudata e Desmodus rotundus. As duas pri-
meiras espécies alimentam-se basicamente
26
de sangue de aves, enquanto D. rotundus tem
preferência por sangue de mamíferos, sendo
comum e abundante. Os morcegos hematófa-
gos apresentam folha nasal reduzida e modifi-
cada, em forma de ferradura, dando o aspecto
de uma dobra de pele atrás das narinas.

Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810)

Distribui-se do México até a Argentina. É


a única espécie de morcego hematófago que
ocorre no RS. É um morcego de tamanho médio,
o antebraço varia de 60 a 65 mm. Pesam entre
25 e 40g. A fórmula dentária é i 1/2; c 1/1; pm
1/2; m1/1. Dieta: sangue.
27
Utiliza variados tipos de abrigos (caver-
nas, habitações humanas, ocos de árvores) e
geralmente vive em pequenas colônias de 10 a
50 indivíduos, porém há registros de grupos de
100 ou mais indivíduos (UIEDA et al., 1996).
Pode se reproduzir ao longo de todo o
ano, mas a maioria dos nascimentos de filho-
tes ocorre na estação mais quente e chuvosa
(GOMES; UIEDA, 2004).
Devido aos seus hábitos alimentares está
muito associada à transmissão do vírus rábico.

2 Subfamília Glossophaginae

Os glossofagíneos apresentam característi-


cas morfológicas que evoluíram para dieta base-
ada principalmente em néctar, apesar de muitas
espécies não serem exclusivamente nectarívo-
ras. Entre essas características, pode-se citar o
rosto alongado, a língua muito longa, com papilas
filiformes na extremidade distal, orelhas e mem-
brana nasal pequenas. Em razão de seus hábitos
alimentares, estes morcegos são polinizadores
de inúmeras espécies de plantas, algumas das
28
quais dependem exclusivamente dos morcegos
para se multiplicar (SAZIMA et al., 1999)
Esta subfamília está representada no Bra-
sil, por oito gêneros e 14 espécies. Destes, dois
gêneros e três espécies ocorrem no RS.

Glossophaga soricina (Pallas, 1766)

Ocorre desde o México até as Guianas,


sudeste e sul do Brasil e norte da Argentina.
Os morcegos desta espécie são de tama-
nho pequeno, o comprimento cabeça-corpo
varia entre 45 e 61mm, o comprimento do ante-
braço de 31,8 a 39,8mm e o peso varia de 7 a
17g. A coloração do pelo é marrom. Dieta: néc-
tar, pólen, insetos e frutos.
29
Utilizam como abrigo porões, bueiros,
debaixo de caixas d’água, cavernas, ocos de
árvores, fendas em rochas, em vãos de dilata-
ção, telhados e forros. Tamanho das colônias:
os grupos podem variar de cinco a centenas de
indivíduos.
Estes morcegos têm picos reprodutivos
duas vezes ao ano, na maioria das áreas de
ocorrência (BREDT et al., 2001). Fórmula dentá-
ria: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 3/3.

Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818)

30
Distribui-se por diversos países da Amé-
rica do Sul, como Venezuela, Colômbia, Equa-
dor, Guianas, Peru, Bolívia, noroeste da Argen-
tina e Brasil. No Rio Grande do Sul há registros
em Dom Pedro de Alcântara e Maquiné.
São morcegos relativamente pequenos,
com comprimento cabeça/corpo entre 47 e
70mm, antebraço entre 34 e 39mm e peso entre
8,5 e 13g. A coloração do pelo varia de mar-
rom a marrom acinzentado. Apresenta progna-
tismo, isto é, a mandíbula projeta-se mais para
frente do que a maxila superior. O uropatágio
é estreito, semicircular e a cauda usualmente
está presente, mas pode faltar em alguns exem-
plares. Não apresenta incisivos inferiores e os
superiores são reduzidos e deslocados lateral-
mente (NOGUEIRA et al., 2007). Fórmula den-
tária: i2/0; c1/1; pm3/3; m3/3. Dieta: pólen,
néctar, insetos e frutos.

31
Anoura geoffroyi Gray, 1838

Distribuição geográfica: Peru, Bolívia,


sudeste do Brasil, Guiana Francesa, Equador e
México; Trinidad; Granada (pequenas Antilhas).
No Rio Grande do Sul ocorre no norte da planície
costeira.
32
Apresentam comprimento cabeça/corpo
variando de 53 a 73mm, antebraço entre 39 e
47mm e peso entre 13 e 18g. A coloração da
pelagem é marrom acinzentada, mais escura
no dorso. Dorsalmente os pelos apresentam a
base mais clara. Cauda ausente e uropatágio
reduzido. Não apresenta incisivos inferiores e
os superiores são reduzidos e deslocados late-
ralmente, como em A. caudifer (NOGUEIRA et
al., 2007). Fórmula dentária: i2/0; c1/1;pm3/3;
m3/3. Dieta: pólen, néctar, insetos e frutos.

3 Subfamília Phyllostominae

Os morcegos desta subfamília estão repre-


sentados por 47 espécies das quais 33 ocorrem
no Brasil e apenas uma no RS. Apresentam
ampla variação de tamanho corporal, com as
menores formas apresentando em torno de 10g
e o maior representante (Vampyrum spectrum)
chegando a 200g. A maioria apresenta orelhas
bem desenvolvidas, que auxiliam na ecoloca-
lização e asas largas e curtas que permitem
o voo mais manobrável em meio à vegetação.

33
Embora haja registro de consumirem matéria
vegetal, alimentam-se, predominantemente, de
pequenos vertebrados e insetos (NOGUEIRA et
al., 2007; WITT; FABIAN, 2010).

Chrotopterus auritus (Peters, 1856)

Distribuição: Ocorre desde o México, até


as Guianas, sul do Brasil e norte da Argentina.
No Rio Grande do Sul ocorre no extremo norte,
depressão central, em áreas de floresta esta-
cional decidual; no planalto das araucárias,
em áreas originalmente de domínio da floresta
ombrófila mista e no planalto das missões em
34
região de influência da floresta estacional deci-
dual e campo (savana) (FABIÁN et al., 1999;
WITT; FABIAN, 2010). Foi registrada nos seguin-
tes municípios: Santa Cruz do Sul, São Lou-
renço do Sul, Canela, Nova Petrópolis, Parque
Estadual do Turvo (Derrubadas), Nonoai, Passo
Fundo, Machadinho, Barracão; Pouso Novo, Tra-
vesseiro e Marques de Souza (Hamilton C. Z.
Grillo, comum. pessoal).
Características: estão entre os maiores
morcegos que ocorrem no RS. O comprimento
cabeça-corpo varia entre 93 e 114mm, a cauda
entre 6 e 17mm, o antebraço entre 77 e 87mm
e o peso entre 61 e 94g. O uropatágio é largo
e forma dobras e pregas quando o animal está
em repouso, o que lhe valeu o nome popular de
“bombachudo”. As orelhas são grandes, ultra-
passando as narinas quando dobradas para
frente. A base da folha nasal tem forma de taça.
A pelagem é marrom acinzentado no dorso e
mais clara no ventre. Fórmula dentária: i2/1;
c1/1; pm2/3; m3/3. Dieta: carnívora - peque-
nos vertebrados: aves, roedores, anfíbios, rép-
teis e, ainda grandes insetos.
35
4 Subfamília Carolliinae

Esta subfamília é formada por dois gêne-


ros e nove espécies. No Brasil são encontrados
representantes dos dois gêneros, totalizando
sete espécies. No RS somente foi registrada
a presença de Carollia perspicillata. Entre as
características, pode-se citar a ausência de listas
faciais, cauda muito reduzida ou ausente, mas
uropatágio presente. (EISENBERG; REDFORD,
1999).

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)

36
Distribuição: Bolívia, Brasil, Guianas,
México, Paraguai, Peru, Tobago e Trinidad. No
Rio Grande do Sul é encontrada em áreas de
floresta ombrófila densa, na planície costeira.
Características: morcego de médio porte,
antebraço entre 38 a 44mm, peso em torno de
18 g. A coloração varia do marrom ao quase
negro ou marrom ferruginoso. A cauda é curta
e contida totalmente no uropatágio, as orelhas
são curtas e a folha nasal apresenta formato
triangular. O lábio inferior apresenta formato
em “V” com uma verruga no centro e ornada por
diversos outros pontos em redor. Fórmula den-
tária: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 3/3 = 32. Dieta:
Dieta: frutos, insetos, pólen e néctar.

5 Subfamília Stenodermatinae

Esta subfamília contém 17 gêneros, dos


quais 12 ocorrem no Brasil (33 espécies) e qua-
tro no RS (cinco espécies).
As espécies desta subfamília têm varia-
ção de tamanho. Apresentam geralmente listas
claras faciais que podem ser muito evidentes
37
ou fracamente perceptíveis, no entanto, nas
espécies de alguns gêneros as listas são ausen-
tes. Cita-se o caso dos gêneros Sturnira e Pygo-
derma que ocorrem no RS. São predominante-
mente frugívoros e por isso grandes dispersores
de sementes (ZORTÉA, 2007).

Artibeus fimbriatus Gray, 1838

Distribuição: Argentina, Paraguai e Brasil.


No Rio Grande do Sul há registros para a região
do planalto das araucárias, planalto das missões
38
e depressão central (FABIAN et al., 1999; RUI et
al., 1999; PACHECO; MARQUES, 2006).
Características: o antebraço varia de 59,4
a 71mm e o peso médio é de 54g. A coloração é
acinzentada com a extremidade dos pelos mais
claros na região ventral do corpo. As listras cla-
ras faciais são pouco evidentes (ZORTÉA, 2007).
Fórmula dentária: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 2/3 =
30. Dieta: frutos.

Artibeus lituratus (Olfers, 1818)

39
Distribuição: ocorre do México ao norte
da Argentina, Bolívia, Trinidad e Tobago,
Pequenas Antilhas, Ilhas Três Marias e Bra-
sil. É uma das espécies mais comuns no RS,
ocorrendo no planalto das missões, planalto
das araucárias, depressão central e planície
costeira. Além de ser encontrada em áreas
de vegetação conservada, também ocorre
em áreas alteradas, como áreas urbanas.
Descrição: morcego de grande porte, o
antebraço pode ultrapassar os 75 mm e o peso
acima de 75 gramas. A coloração é parda com
variações ao marrom, pode haver variação
regional, com indivíduos marrom-acinzentados.
As listas faciais brancas são bem conspícuas.
Fórmula dentária: i 2/2/ c 1/1; pm 2/2; m 2/3
= 30. Dieta: frutos.

40
Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810)

Distribuição: ocorre nas Pequenas Anti-


lhas e do México até a região nordeste da Argen-
tina, Uruguai, Paraguai e Brasil. No RS, distribui-
-se pela planície costeira, depressão central,
planalto das araucárias e planalto das missões,
tanto em áreas florestadas quanto em áreas
alteradas.
Características: espécie de porte médio,
apresenta antebraço 42,0mm e peso 21 gra-
mas. A pelagem apresenta coloração que varia
41
do amarelo ao alaranjado, alguns machos apre-
sentam manchas com tons laranja-vivo nos
ombros. O uropatágio é muito reduzido e com
densa pelagem entre os membros inferiores; os
olhos são grandes e no lábio inferior apresenta
verrugas em forma de meia lua. Fórmula dentá-
ria: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 3/3. Dieta: frutos.

Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810)

Distribuição: Colômbia, Equador, Guiana


Francesa, Suriname, Bolívia, Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai.
42
Características: apresenta listas faciais e
a dorsal brancas; pelagem de coloração cinza
escuro a marrom-chocolate; orelhas arredonda-
das; folha nasal desenvolvida e lanceolada. O
antebraço com 43 a 50mm. Fórmula dentária: i
2/2, c 1/1, pm 2/2, m 3/3. Dieta: frutos, néctar
e insetos.

Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843)

Distribuição: Bolívia, Paraguai, Argentina


e Brasil. No RS, distribui-se no planalto das mis-
sões e no planalto das araucárias, em especial
em áreas florestadas.
43
Características: olhos grandes, focinho
curto e largo, trago amarelo e serrilhado, glân-
dulas faciais e glândula na região da garganta
desenvolvidas nos machos, uropatágio piloso
na parte dorsal, manchas brancas nos ombros
na junção das asas. Antebraço com 37mm em
machos e 40mm nas fêmeas; peso de 15 a 22
gramas. Fórmula dentária: i 2/2, c 1/1, pm 2/2,
m 2/2. Dieta: frutos.

Vampyressa pusilla (Wagner, 1843)


Distribuição: Paraguai, Argentina e Brasil.
No RS na depressão central, em área de floresta
estacional semidecidual (FABIAN et al., 1999)
Características: apresenta tamanho
pequeno. O antebraço varia de 33 a 36mm.
As orelhas são pequenas e arredondadas, com
margem mais clara, o uropatágio é curto, com
franja formada pelos dorsais (ZORTEA, 2007).
Fórmula dentária: i 2/2, c 1/1, pm 2/2, m 2/2.
Dieta: frutos.

44
2.3 Família Vespertilionidae

É a família com maior distribuição geográ-


fica e com maior diversidade de espécies. Das
405 espécies conhecidas, 24 ocorrem no Brasil
e destas, 13 no RS. A família está subdividida em
duas subfamílias: Vespertilioninae e Myotinae.
Caracterizam-se por apresentar cauda
longa, contida no uropatágio, raramente ultra-
passando sua borda distal em uma vértebra,
formando um “V” bem definido. Não apresen-
tam folha nasal. Todos os vespertilionídeos ali-
mentam-se de insetos, em geral capturados em
voo (BIANCONI; PEDRO, 2007).

a) Vespertilioninae
Eptesicus brasiliensis (Desmarest 1819)

45
Distribuição: sul do México ao norte
da Argentina, Paraguai, Uruguai e Trinidad e
Tobago. No Brasil tem registros em diversos
estados. No RS ocorre no planalto das arau-
cárias, planalto da campanha, planalto sul-rio-
-grandense e depressão central (PACHECO;
MARQUES, 2006). Está presente em áreas
primárias e secundárias, incluindo habitações
humanas.
Características: seus caracteres externos
e cranianos são similares aos de E. furinalis,
com quem pode ser confundida. O antebraço
varia de 40 a 46 mm. A coloração da pelagem
dorsal varia do castanho escuro ao castanho
avermelhado, a coloração ventral é mais clara
podendo ser amarelada ou esbranquiçada.
As orelhas são triangulares. A pele do rosto é
rosada e as membranas são escuras (BIAN-
CONI; PEDRO, 2007). Fórmula dentária: i 2/3, c
1/1, pm 1/2, m 3/3. Dieta: insetos.

Eptesicus diminutus Osgood, 1915


Distribuição: Venezuela, Paraguai, Uru-
guai, norte da Argentina e Brasil. No RS tem
46
registros para a planície costeira e para o pla-
nalto das araucárias. Pode ocorrer tanto em
áreas primárias quanto secundárias, inclusive
em construções humanas.
Características: a coloração pode apre-
sentar diferentes tonalidades de castanho.
O comprimento do antebraço varia de 30 a
36,5mm. No crânio, a crista sagital é pouco
desenvolvida e o comprimento do crânio varia
de 12,9 a 13,8mm. (BIANCONI; PEDRO, 2007).
Fórmula dentária: i2/3; c1/1; pm1/2; m3/3.
Dieta: insetos.

Eptesicus furinalis (d´Orbigny, 1847)


Distribuição: Do México ao norte da Argen-
tina, Paraguai, Bolívia, Guianas, leste do Peru e
Brasil. No RS está registrado para o planalto das
araucárias, em área de floresta ombrófila densa
(PACHECO; MARQUES, 2006).
Características: a coloração é castanho-
-escuro no dorso e um pouco mais clara (pon-
tas dos pelos amarelados) no ventre. O ante-
braço varia de 36,5 a 42,5mm. Os molares são

47
pequenos, com a série de dentes maxilares
entre 5,3 e 6,3mm. Crânio com crista sagital
presente, mas pouco desenvolvida. Fórmula
dentária: i2/3; c1/1; pm1/2; m3/3 (BIANCONI;
PEDRO, 2007). Dieta: insetos.

Histiotus montanus (Philippi & Landbeck,


1861)
Distribuição: Venezuela, Colômbia, Equa-
dor, Peru, Bolívia, norte do Chile, Argentina, Uru-
guai, e sul do Brasil. No RS tem registros para
o planalto das araucárias, a depressão central,
o planalto sul-riograndense e para a planície
costeira, em áreas de floresta ombrófila mista e
ombrófila densa (PACHECO; MARQUES, 2006),
áreas de campos, e áreas alteradas.
Características: os pelos apresentam a
base castanho-escura e as pontas amareladas
na região dorsal do corpo e pontas esbranquiça-
das na região ventral. O comprimento das ore-
lhas varia de 26 a 28mm e o do antebraço entre
42,5 e 49mm. A fórmula dentária é i2/3; c1/1;
pm1/2; m3/3. Dieta: insetos.

48
Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824)

Distribuição: Bolívia, Paraguai, noroeste


da Argentina e Brasil. No RS tem registros no
planalto das araucárias e planalto das missões,
na depressão central e na planície costeira,
em floresta ombrófila mista, ombrófila densa e
estacional decidual e em áreas alteradas.
49
Descrição: coloração dorsal castanho-
-acinzentado, ventre mais claro que o dorso
(esbranquiçado), orelhas grandes em formato
triangular com altura entre 28 e 30mm e largura
entre 22 e 25mm, com ligação membranosa
sobre a fronte desenvolvida. O antebraço varia
de 42 a 50mm. Fórmula dentária: i2/3; c1/1;
pm1/2; m3/3. Dieta: insetos.

Lasiurus ega (Gervais, 1856)

Distribuição: sul dos Estados Unidos ao


sul da Bolívia, Argentina, Paraguai, Uruguai,
Trinidad e Brasil. No RS tem registros para a
50
região da depressão central, planície costeira e
planalto sul-riograndense, em áreas alteradas e
áreas abertas.
Características: apresenta porte médio,
antebraço 40,5 a 52,0mm, coloração pardo-
-amarelo. A base dos pelos é de coloração cas-
tanho-escuro e nas laterais do corpo e no uro-
patágio é amarelo. O uropatágio é recoberto por
pelos em sua superfície dorsal até a metade ou
um terço de sua porção anterior. As membra-
nas das asas são de colorido pálido, levemente
transparentes e com pelos na região ventral e
dorsal da asa. Fórmula dentária: i 1/3, c 1/1,
pm 1/2, m 3/3. Dieta: insetos.

Lasiurus blossevillii (Lesson & Garnot,


1826)
Distribuição: Trinidad e Tobago, Equador,
Bolívia, Chile, norte da Argentina, Uruguai e Bra-
sil. No RS está presente no planalto das araucá-
rias, planície costeira e depressão central, em
áreas de floresta ombrófila densa, áreas aber-
tas e áreas alteradas.

51
Características: A coloração do pelo é
pardo-avermelhado, com pontas esbranquiça-
das; coloração do ventre mais clara, com tons
amarelados e ferrugínea na face. Pode haver
manchas claras na base do polegar e na altura
da porção anterior do carpo. As orelhas são
curtas e arredondadas com coloração rosada. O
antebraço varia de 36 a 42mm. Possui dois pre-
molares superiores, sendo o primeiro minúsculo
ou ausente. Os incisivos inferiores são trífidos
e parcialmente sobrepostos. Fórmula dentária:
i1/3; c1/1; pm2/2; m3/3. Dieta: insetos.

Lasiurus cinereus (Palisot de Beauvois,


1796)

52
Distribuição: Canadá, Estados Unidos,
Havaí, México, Venezuela, Colômbia, Equador
(Ilhas Galápagos), Chile, Bolívia, Argentina, Uru-
guai e Brasil. No RS há registros na planície cos-
teira e no planalto das araucárias, em áreas de
floresta ombrófila densa e em áreas de forma-
ções pioneiras.
Características: coloração do pelo cinza
esbranquiçada, com as pontas quase brancas.
As orelhas são pequenas, arredondadas, com
pelos amarelos na metade da superfície externa
e nos bordos internos. Apresenta pelos amare-
lados na região gular, na base do polegar e na
superfície dorsal do plagiopatágio. Na região
ventral, até a metade do uropatágio a pelagem
é mais amarelada, com tendência ao pardo;
os pelos do abdome são bicolores, com a base
escura e as pontas claras. É a maior espécie
brasileira do gênero, com antebraço que varia
de 50 a 57mm. Fórmula dentária: i 1/3; c 1/1;
pm2/2; m 3/3. (BIANCONI; PEDRO, 2007).
Dieta: insetos.
Esta espécie está na categoria de baixo
risco de extinção segundo IUCN (2012) e como
53
presumivelmente ameaçada no Rio de Janeiro
(BERGALLO et al. 2000 apud BIANCONI; PEDRO,
2007).

a) Myotinae

Myotis albescens (E. Geoffroy, 1806)


Distribuição: Sul do México, América Cen-
tral, Venezuela, Colômbia, Guiana, Suriname,
Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai,
Argentina e Brasil. No RS tem registros na planí-
cie costeira e no planalto sul-riograndense, em
áreas abertas, locais úmidos e florestas primá-
rias ou secundárias, assim como em ambientes
alterados.
Características: Os pelos dorsais são cas-
tanho-escuros ou negros na base, com as pon-
tas amarelas ou brancas; os ventrais são cinza
esbranquiçados. Nas membranas os pelos se
distribuem de forma esparsa. O comprimento
do antebraço varia de 31 a 37,3mm e o terceiro
metacarpo de 30,2 a 34,8mm. Fórmula dentá-
ria: i 2/3; c1/1; pm3/3; m3/3. Dieta: insetos.

54
Esta espécie está na categoria de baixo
risco de extinção segundo IUCN (2012) e como
presumivelmente ameaçada no Rio de Janeiro
(BERGALLO et al. 2000 apud BIANCONI; PEDRO,
2007).

Myotis levis (E. Geoffroy, 1824)

Distribuição: Bolívia, Argentina, Paraguai,


Uruguai e Brasil. No RS ocorre no planalto das
araucárias, depressão central, planalto sul-
-riograndense e planície costeira, em áreas de
floresta ombrófila mista, áreas abertas e de for-
mações pioneiras.
55
Características: Apresenta pelos dorsais
longos, de coloração castanho-avermelhado
a castanho-acinzentado; a região ventral é
cinza-esbranquiçado. As membranas são pra-
ticamente nuas em sua face dorsal, mas com
pelos esparsos que alcançam a altura do joe-
lho. O comprimento do antebraço varia de 33
a 41,1mm e o do terceiro metacarpo de 31,3 a
37,6mm. Fórmula dentária: 12/3; c1/1; pm3/3;
m3/3. Dieta: insetos.

Myotis nigricans (Schinz, 1821)

56
Distribuição: do México ao Peru, Bolívia,
norte da Argentina, Paraguai e Brasil. No RS
tem registros para o planalto das araucárias,
planalto das missões, depressão central e planí-
cie costeira (PACHECO; MARQUES, 2006), tanto
em áreas florestadas quanto em áreas abertas
e em áreas alteradas.
Características: morcego de porte
pequeno, pelos de cor marrom. As membranas
são nuas ou com pelos esparsos. No uropatágio
os pelos não ultrapassam a altura dos joelhos. O
antebraço varia de 29,9 a 36,2mm. E o terceiro
metacarpo de 28,6 a 33,2mm. Dentição: i 2/3,
c 1/1, pm 3/3, m 3/3. Dieta: insetos.

Myotis riparius Handley, 1960


Distribuição: de Honduras ao Uruguai. No
RS foi registrada pela primeira vez por Gonzales
e Fabián (1995) para a região de Caxias do Sul.
Características: O pelo é curto e lanoso,
de coloração que varia de cinza-escuro ao casta-
nho; na região ventral os pelos têm base escura
e pontas variando de castanho-claro amarelado
a castanho médio. As membranas são quase
57
totalmente desprovidas de pelos. O compri-
mento do antebraço varia de 31,5 a 37,7mm
e o do terceiro metacarpo de 30,3 a 34,6mm
O segundo premolar pode ser deslocado para a
borda lingual, dificultando sua visualização late-
ralmente (BIANCONI; PEDRO, 2007; GONZALES;
FABIAN, 1995). Fórmula dentária: i 2/3; c1/1;
pm3/3; m3/3. Dieta: insetos.

Myotis ruber (E. Geoffroy, 1806)

Distribuição: sudeste do Paraguai, nor-


deste da Argentina, Brasil. No RS tem registros
para o planalto das araucárias, planalto das
58
missões e planície costeira (PACHECO; MAR-
QUES, 2006), em áreas florestadas.
Características: pelagem avermelhada,
sedosa, membranas amarronzadas ou enegre-
cidas. O antebraço varia de 37,7 a 40,5mm.
Fórmula dentária: i 2/3, c 1/1, pm 3/3, m 3/3.
Dieta: insetos.
Esta espécie está na categoria de vulnerá-
vel, segundo IUCN (2012) e pela Lista de Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO
et al., 2005). No Rio Grande do Sul a espécie
consta na Lista das Espécies da Fauna Ameaça-
das de Extinção na categoria Vulnerável (MAR-
QUES et al., 2002).

2.4 Família Molossidae

Os morcegos desta família caracterizam-se


por apresentar “cauda espessa e livre”, isto é, a
cauda ultrapassa a borda distal do uropatágio
(membrana interfemural) e projeta-se livremente
em pelo menos um terço de seu comprimento
total. As asas são longas e estreitas, o que per-
mite voo rápido e manobrável. O focinho é largo e
59
de aspecto truncado. As orelhas são largas, mas
variáveis em tamanho e forma. Em molossídeos,
geralmente, há dimorfismo sexual em relação
ao tamanho do corpo, como os machos maiores
que as fêmeas. São morcegos exclusivamente
insetívoros (FABIAN; GREGORIN, 2007).

Eumops auripendulus (Shaw, 1800)


Distribuição: Do sul do México até o
norte da Argentina. No Brasil tem distribuição
disjunta: uma população ocorre na floresta ama-
zônica e pantanal (E. a. auripendulus) e outra se
estende por uma faixa ao longo de toda a costa
leste, desde a região Nordeste até ao Sul. No
RS Pacheco e Marques (2006) citam a espécie
para o planalto das missões.
Características: espécie de médio porte,
pesando entre 23 e 35g. O comprimento do
antebraço varia 59,6 a 67,7 mm nas popula-
ções do leste do Brasil, mas é menor nas popu-
lações amazônicas. A pelagem é escura. As ore-
lhas são espessas, arredondadas e unidas entre
si em um ponto comum sobre a cabeça, com
uma dobra membranosa bem desenvolvida.
60
As narinas são envolvidas por uma fileira de
verrugas grandes e pontiagudas; trago pontia-
gudo. A segunda falange do quarto dedo cerca
de metade ou 2/3 do comprimento da primeira
(FABIAN; GREGORIN, 2007). Fórmula dentária
1/2, 1/1, 1/2, 3/3 = 28. Dieta: insetos.

Eumops bonariensis (Peters, 1874)


Distribuição: desde o México até a Argen-
tina, porém em populações aparentemente
disjuntas. No Brasil, E. bonariensis ocorre na
bacia Amazônica, Brasil central e na região
sudeste (E. b. delticus), e na região sul (E. b.
bonariensis) (EGER, 1977; FABIÁN; GREGORIN,
2007).
Características: a pelagem dorsal varia de
castanho claro até acinzentada e a ventral tem
tonalidade grisalha. As orelhas são amplas, uni-
das entre si em um ponto comum, com verrugas
pontiagudas na sua borda superior. O compri-
mento do antebraço varia de 46,0 a 49,5 mm. A
comissura do terceiro molar superior é longa (em
forma de “N” invertido, oclusalmente). Fórmula
dentária 1/2, 1/1, 1/2, 3/3 = 28. Dieta: insetos.
61
Eumops perotis (Schinz, 1821)
Distribuição: do sudoeste dos Estados
Unidos até o sul da América do Sul. No Brasil,
E. perotis se distribui desde a região sul por
uma extensa faixa nas porções leste e central
do país, contornando a bacia amazônica (EGER,
1977; BEST et al., 1996). É comumente encon-
trado em áreas mais abertas e xéricas, mas
podem ocorrem em florestas secas e semidecí-
duas (FABIÁN e GREGORIN, 2007).
Características: a pelagem dorsal é casta-
nho clara e a ventral levemente mais clara. As
orelhas são muito desenvolvidas e o trago é qua-
drado. Apresentam um tufo subnasal de pelos
muito longos. O comprimento do antebraço
varia de 75,6 a 83,4 mm. O primeiro pré-molar
superior é alinhado com a fileira de dentes e
a terceira comissura do último molar superior
cerca de 1/4 da segunda (GREGORIN; TADDEI,
2002). Fórmula dentária: 1/2, 1/1, 1/2, 3/3 =
28. Dieta: insetos.

62
Molossops temminckii (Burmeister,
1854)

Distribuição: Distribui-se por toda a Amé-


rica do Sul, desde a Venezuela e Colômbia até o
Uruguai, contornando a bacia amazônica (KOO-
PMAN, 1994). No RS está registrada para o
planalto das missões e para a campanha (FON-
SECA et al., 1996; PACHECO; MARQUES, 2006).
Características: Pelagem dorsal casta-
nha claro a chocolate e a coloração ventral leve-
mente mais clara e acinzentada. As orelhas são
delgadas, triangulares, e bem separadas entre si
(cerca de 4,5 mm ou mais). A lateral da face tem
63
protuberâncias arredondadas com um pelo emer-
gindo do centro. As narinas são envolvidas por
uma fileira de verrugas pequenas e pontiagudas.
A primeira e segunda falanges do quarto dedo
tem comprimento semelhante. O antebraço varia
de 27 a 33,5mm) (GREGORIN; TADDEI, 2002).
Fórmula dentária 1/2, 1/1, 1/2, 3/3 = 28. Dieta:
insetos.

Molossus molossus (Pallas, 1766)

64
Distribuição: ocorre desde os Estados Uni-
dos (Florida), México, América Central e Caribe,
Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname, Peru,
Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.
No Brasil está amplamente distribuída. Segundo
Marinho-Filho e Sazima (1998), no Brasil, a
espécie está presente em cinco grandes biomas
(Amazônia, Floresta Atlântica, Cerrado, Caatinga
e Pantanal). No RS tem registro para os Cam-
pos Sulinos (FONSECA et al., 1996) e para o
planalto das araucárias, planalto das missões,
depressão central e planície costeira (PACHECO;
MARQUES, 2006; BORNE, 1985).
Descrição: animais de porte médio. O ante-
braço varia de 38 a 42mm. Apresentam pelagem
com coloração que varia do marrom claro a ene-
grecido, ventralmente a coloração é mais clara.
As orelhas são arredondadas e unidas na linha
média da cabeça. O antitrago é desenvolvido e
com constrição na base. Apresentam uma qui-
lha na região mediana do focinho. Sobre o lábio
superior há pelos longos, duros e espessos.
(FABIÁN; GREGORIN, 2007). Dentição: i 1/1, c
1/1, pm 1/2, m 3/3. Dieta: insetos.
65
Molossus rufus E. Geoffroy, 1805

Distribuição: distribuem-se de Sina-


loa (México), América Central até América do
Sul, exceto Uruguai e Chile. (BARQUEZ et al.,
1999). No RS, ocorre no planalto das araucá-
rias, planalto das missões e nos campos sulinos
(PACHECO; MARQUES, 2006).
Características: o antebraço varia
de 46,1 a 53mm nos machos e de 46,3 a
51,8mm na fêmeas (GREGORIN, 2000). O pelo
do dorso é castanho escuro, quase preto ou
66
castanho-avermelhado, com as porções basais
um pouco mais claras. A base do uropatágio é
recoberta de pelos. As orelhas são arredonda-
das e unidas na linha média sobre a cabeça.
Apresentam quilha rostral não muito elevada.
(FABIÁN; GREGORIN, 2007). A fórmula dentária
é i1/1; c 1/1; pm 1/2; m 3/3. Dieta: insetos.

Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy,


1805)
Distribuição: México, América Central,
incluindo algumas ilhas caribenhas, e por quase
toda a América do Sul. No RS ocorre na planície
costeira e na depressão central.
Características: apresenta a pelagem dor-
sal castanho escura e a ventral levemente mais
clara. A base dos pelos é mais clara que a extre-
midade distal. Nos machos, o antebraço varia
de 42,3 a 47,3mm e nas fêmeas, de 43,2 a
46,6mm O lábio superior é pregueado, formando
sulcos verticais. As orelhas projetam-se para
a frente e são unidas na linha mediana sobre
a cabeça. A segunda falange do quarto dedo
mede menos que 5mm. Os incisivos superiores
67
são distintamente separados entre si devido a
uma reentrância palatal (FABIÁN; GREGORIN,
2007). Dieta: insetos.

Nyctinomops macrotis (Gray, 1840)


Distribuição: América do Norte, desde os
42 N, ilhas do Caribe, México, América Central
o

e América do Sul incluindo o Brasil, até noroeste


da Argentina e Uruguai (MILNER et al., 1990).
No RS está citada para os campos sulinos por
Fonseca et al.(1996).
Características: a pelagem dorsal varia
do castanho-avermelhado ao castanho escuro,
quase preto. A porção basal dos pelos é esbran-
quiçada. As orelhas são grandes e unidas sobre
a região mediana da cabeça. O lábio apresenta
pregas profundas. O focinho é afilado. As nari-
nas abrem-se lateralmente, entre estas há um
eixo vertical na região mediana. Esta espécie é a
maior dentre as espécies deste gênero que ocor-
rem no Brasil. O antebraço dos machos varia de
59,8 a 64,7 mm e o das fêmeas, de 58,2 – 61,1
(GREGORIN; TADDEI, 2002). Fórmula dentária:
1/2; 1/1; 2/2; 3/3. Dieta: insetos.
68
Promops nasutus (Spix, 1823)

Distribuição: Trinidad, Venezuela, Guiana,


Suriname, Equador, Bolívia, Paraguai, norte da
Argentina e Brasil. No RS tem registros para o
planalto das araucárias, depressão central e
planalto sul-riograndense. Silva (1985) refere a
espécie associada a construções humanas.
Características: o pelo é de coloração
castanha, sendo mais escura em exemplares
de florestas úmidas. A base dos pelos pode ser
mais clara. A cor da pelagem ventral é mais
clara que a dorsal (BARQUEZ et. al., 1999). As
orelhas são curtas e arredondadas, unidas na
linha média sobre a cabeça. O antítrago é oval,
69
com constrição acentuada na base. Quilha nasal
membranosa. Presença de diminutos pelos rígi-
dos, curvos e com ápice dilatado, na região sub-
nasal (GREGORIN; TADDEI, 2002). Esta espécie
apresenta antebraço variando entre 48,5 e 50,3
mm, nos machos e entre 45,7 e 51,8 nas fêmeas
(FABIÁN; GREGORIN, 2007). A fórmula dentária
é i 1/2;c 1/1; pm 2/2; m 3/3. Dieta: insetos.

Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824)

Distribuição: Estados Unidos, México, Amé-


rica Central e América do Sul incluindo Brasil,
70
Uruguai, Chile e Argentina. No Brasil, a distribui-
ção da espécie não é uniforme. Não há registros
para a Amazônia (NOGUEIRA et al., 1999) e na
região sul, em especial no Rio Grande do Sul,
ocorre em altas densidades. Esta espécie adap-
tou-se às áreas urbanas, ocupando telhados, for-
ros e outras construções humanas.
Características: a pelagem é de coloração
uniforme no dorso, variando de castanho escuro
a castanho-acinzentado e mais clara na região
ventral. O lábio superior apresenta sulcos bem
definidos (pregas) e pelos negros e rígidos espa-
lhados pela face. As orelhas se projetam para a
frente, são grandes e arredondadas, com sul-
cos paralelos na face interna e verrugas pon-
tiagudas na sua borda superior. As orelhas são
separadas na linha mediana sobre a cabeça e
entre elas geralmente há tufo de pelos que não
deixa visível esta separação. O antebraço varia
de 41 a 45mm (FABIÁN; GREGORIN, 2007). Fór-
mula dentária: i 1/3, c 1/1, pm 2/2, m 3/3 =
32. Dieta: insetos.
Esta espécie está na categoria de baixo
risco de extinção segundo IUCN (2012).
71
72
3
CAPTURA, COLETA E
PRESERVAÇÃO

73
74
3 CAPTURA, COLETA E
PRESERVAÇÃO

A captura, coleta e manejo de morcegos


deve ser precedida de prévia autorização
de órgãos ambientais (Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e só
podem ser executadas por profissionais habili-
tados e cadastrados no Sistema de Autorização
e Informação em Biodiversidade. Consulte o
SISBIO para obter maiores informações (BRA-
SIL, 2012).
A realização de estudos e procedimentos
de campo com mamíferos, em especial com
morcegos, requer prévio planejamento das ati-
vidades a serem desenvolvidas.
Alguns aspectos de planejamento que são
fundamentais para os trabalhos.

75
3.1 Planejamento de campo

1 - Definir objetivos do trabalho. O pri-


meiro passo é ter bem claro os obje-
tivos, ou seja, por quais motivos que-
remos capturar ou coletar morcegos?
Em nosso caso, o principal objetivo é
a coleta de morcegos para envio de
amostras ao laboratório para realiza-
ção de exames de raiva. Além disto,
pode-se realizar a coleta de outros
tecidos (sangue e vísceras, por exem-
plo) para verificação da presença de
bactérias, fungos, parasitos e outras
doenças transmissíveis ao homem.
2 - Local de coleta. É importante definir
o local de coleta com antecedência
para evitar surpresas (terreno aciden-
tado, falta de segurança, p.ex.) que
dificultem nossas ações, seja na área
urbana, seja na área rural. É prudente
verificar o local antes para definir o
esforço e os métodos a serem empre-
gados, otimizando assim a logística
76
necessária para atingir os objetivos
propostos.
3 - Material e métodos. Os materiais
comumente utilizados na captura de
morcegos são as redes de neblina,
dispostos próximos de abrigos (casas,
ocos de árvores, cavernas), ou em
meio a trilhas na mata. Eventual-
mente, a captura dos morcegos pode
ser realizada manualmente com auxí-
lio de puçás, luvas-de-raspa-de-couro
e com pinças, conforme a situação.
4 - Equipamentos de Proteção Individual
(EPI´s). O uso de EPI´s é obrigatório
no trabalho com animais silvestres.
São necessários luvas-de-raspa-de-
-couro, luvas de borracha, protetor
facial ou óculos de proteção, máscara
PFF3, macacão ou avental apropriado.
Outros materiais de primeiros socorros
também são úteis para emergências
(álcool iodado, gases, esparadrapo,
repelente para insetos, protetor solar,
solução fisiológica, entre outros).
77
5 - Recursos humanos. É recomendável
que a equipe seja composta por
no mínimo três pessoas, todas
elas treinadas e aptas a realizar as
atividades. Lembre-se que em casos
de emergência você talvez precise ser
carregado (p. ex. queda com fratura
de membro inferior ou acidente com
animal peçonhento).
6 - Vacinação. É extremamente recomen-
dável que toda equipe realize as
seguintes vacinas: antitetânica, hepa-
tite B, febre amarela, e, sobretudo,
anti-rábica. É essencial que após o
recebimento da vacina contra raiva
seja a realizado o teste de titulação de
anticorpos.
7 - Comunicação. Caso a equipe realize
atividades em áreas remotas e de
difícil acesso deve comunicar supe-
riores e/ou autoridades competentes
sobre o período e local em que estará
à campo. Além disto, o uso de rádios-
-portáteis em campo permite grande
mobilidade da equipe em campo.
78
3.2 Procedimentos de captura

Atualmente, em pesquisas sobre biologia


e ecologia de quirópteros, o método mais utili-
zado é o uso de redes de neblina. Contudo, em
algumas circunstâncias os animais podem ser
capturados manualmente com uso de luvas-de-
-raspa-de-couro e pinças. As redes de neblina
possuem diversos tamanhos e devem ser posi-
cionadas de várias formas, podendo ser disten-
didas em áreas de circulação dos animais, nas
margens de matas, próximas a refúgios (ocos
de árvores, cavernas, casas), junto a fontes
alimentares (árvores frutíferas, tais como goia-
beiras, mangueiras, ameixeiras, figueiras, entre
outras), próximos a cursos d`água, etc.
As redes devem ser fixadas com o auxílio
de hastes (metal, taquaras, outros) e barban-
tes, de modo que a rede apresente “bolsas” ao
ficar armada. Isto é fundamental, pois os mor-
cegos ao se chocarem contra a rede ficarão
emaranhados na malha da mesma. As mesmas
devem ser abertas ao entardecer e fechadas
ao amanhecer, cuidando sempre para evitar a
captura indesejada de aves, as quais também
79
apresentam horários de atividades intensos no
amanhecer (Figura 7).

Figura 7. Redes de neblina estendidas em trilhas na mata.


80
As redes deverão ser revisadas a cada 15
minutos para evitar que o animal seja ferido,
morto ou danifique a malha da rede. A retirada do
morcego pode ser iniciada pelos pés, pois facilita
o manuseio para remoção das asas e da cabeça.

3.3 Procedimentos de Coleta

Nesse caso, entende-se por coleta a euta-


násia e a preservação do animal. As coletas de
animais devem ser precedidas de autorização do
órgão competente (ICMBio – http://www4.icm-
bio.gov.br/sisbio/). Os animais deverão ser euta-
nasiados por profissionais devidamente habili-
tados e capacitados. A coleta de material para
exames de raiva deverá seguir os procedimentos
dispostos no “Manual de Diagnóstico de Raiva -
2011” elaborado pelo Ministério da Saúde.

3.4 Preservação de amostras

A preparação de amostras pode ser reali-


zada com dois objetivos: a) envio de exames de
raiva; b) coleções científicas.
81
a - Amostras para exames laboratoriais
de raiva. O envio de morcegos para
exames do vírus rábico deve ser feitos
SOMENTE através de material fresco,
vivo ou congelado.

Os animais deverão ser colocados em


recipientes refrigerados e hermeticamente
fechados (frascos com tampa de rosca, p. ex.).
De outra forma não é possível realizar os testes
que detectam a presença do vírus da raiva.

b - Coleções científicas. Caso seja neces-


sária a preparação para tombamento
em coleções científicas é necessário
que o animal seja eutanasiado por um
técnico capacitado para tal fim. Neste
sentido devemos tomar algumas infor-
mações importantes: dados de coleta,
dados biométricos e preparação dos
exemplares.

Identificação do material. Todos os ani-


mais coletados deverão ser identificados
82
individualmente através de etiquetas e fichas
apropriadas. Os dados principais que deverão
constar nestas fichas são: data e local da coleta
(o mais detalhado possível, p. ex. propriedade
Sr. Arnoldo Brecht, Linha Tigre, município de
Jaguari/RS), nome do coletor, espécie, sexo,
estado reprodutivo, entre outras observações
pertinentes.
Dados biométricos. Deverão ser tomadas
medidas, sempre com paquímetro, tais como:
antebraço, orelha, trago, cauda, cabeça/corpo
entre outras que achar necessário.
Preparação dos exemplares. Realizar um
breve mergulho em álcool 90% para retirada de
bolhas de ar e, posteriormente, deve ser inje-
tado formol 10% na cavidade abdominal e torá-
cica. É importante também que os exemplares
sejam mantidos com a boca aberta para facilitar
a identificação através da análise da dentição.
Para isto insira uma “pelota” de algodão na boca
do animal. Mantenha os morcegos recobertos
por algodão embebido em mesma substância
pelo período de 48 horas. Após esse período os

83
animais poderão ser transferidos para frasco
com álcool 70%.
Obs.: substâncias químicas como formol,
álcool e/ou outros produtos não devem ser utili-
zados na amostra quando esta se destina para
o diagnóstico virológico, pois estas substâncias
podem inativar os vírus.

3.5 Material de campo

Os materiais de campo são compostos


basicamente pelos seguintes itens:

- redes de neblina;
- hastes e estacas;
- paquímetro;
- balança de precisão (gramas);
- sacos de pano;
- marreta e facão;
- caixa de isopor;
- lanternas de cabeça (cefálicas);
- frascos (plásticos, vidros);

84
- líquidos conservantes (álcool 70%, for-
mol 10%);
- seringas;
- etiquetas de identificação (Anexo B);
- planilha de controle de capturas (Anexo
C).

3.6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s)

O uso de Equipamentos de Proteção Indi-


vidual (EPI´s) é imprescindível a todos os mem-
bros da equipe e devem ser constituídos dos
seguintes materiais:

- Máscara PFF3;
- Luvas-de-raspa-de-couro;
- Luvas de borracha;
- Botas de borracha;
- Capa de chuva;
- Roupas de campo (uniforme);
- Protetor facial ou óculos de proteção;
- Avental cirúrgico.
85
86
4
CADASTRAMENTO
DE ABRIGOS

87
88
4 CADASTRAMENTO DE
ABRIGOS

O cadastramento de abrigos é fundamental


para o planejamento de ações de manejo
e controle. É importante abrir um cadastro dos
abrigos em áreas urbanas e rurais, descrevendo
e classificando os tipos de abrigos (casas, gal-
pões, pontes, cavernas, ocos de árvores, entre
outros), inclusive preparando croquis detalha-
dos da localização e acesso as áreas.
Estes cadastramentos deverão conter obrigato-
riamente as coordenadas geográficas em graus,
minutos e segundos, em WGS 84 (Anexo A).

89
5
MANEJO E CONTROLE DE
MORCEGOS

91
92
5 MANEJO E CONTROLE DE
MORCEGOS

M orcegos são animais silvestres protegi-


dos por lei, sendo o manejo e/ou con-
trole regulamentado pela Instrução Normativa
do IBAMA nº 141/2006. Eventualmente, algu-
mas medidas podem ser tomadas para afugen-
tar exemplares de telhados, caixas de persianas
e/ou adentramento ocasional em residências.
Seguem abaixo recomendações para
afugentar e desalojar morcegos em diferentes
tipos de situações, as quais deverão sempre
ser acompanhadas por técnico habilitado e
capacitado.

5.1 Desalojamento de colônias

5.1.1 Colônias instaladas em forros

Morcegos encontrados em construções


humanas, em sua grande maioria, possuem
93
hábitos alimentares insetívoros e formam gran-
des colônias. Os abrigos mais comumente usa-
dos sãos forros, porões, vãos entre o ar-condi-
cionado, persianas de janelas, entre outros.
O maior incômodo gerado pela presença
dos morcegos é o odor das fezes que, por vezes,
caem de forros mal instalados. No Rio Grande
do Sul estes problemas são acentuados na pri-
mavera e verão, período de reprodução e cria-
ção dos filhotes. Assim sendo, o período reco-
mendado para manejo de morcegos em telha-
dos é o período de outono e inverno, época na
qual, teoricamente, não há presença de filhotes
recém-nascidos nas colônias.
Descreveremos a seguir os principais pas-
sos para desalojar os morcegos nesta situação:

a) Observar ao final da tarde e/ou anoitecer


os locais por onde saem os animais;
b) na noite seguinte, devidamente protegido
por EPI´s (luvas, máscaras), abra o telha-
do nestas regiões e deixe que os morcegos
saiam sem problemas, após a saída dos
mesmos vede com panos, jornais, lonas,
telas ou outros produtos semelhantes para
impedir seu retorno ao abrigo. Repita esta
94
operação durante duas ou três noites con-
secutivas e vede definitivamente os pontos
de entrada com materiais duráveis (telas
metálicas, chapas galvanizadas ou outros
materiais).
c a limpeza dos restos fecais deverá ser re-
alizada mediante o uso de Equipamentos
de Proteção Individual (EPI´s) (luvas de
borracha, botas, máscaras). Antes de re-
mover as sujidades é importante aspergir
uma mistura de água e hipoclorito de sódio
(água sanitária)(1:1) sobre todos restos or-
gânicos, para evitar a formação de poeira
e inalação de fungos (Histoplasma capsu-
latum, p. ex.).

Outro procedimento que pode ser ado-


tado é adaptar na saída do abrigo um “sistema
escape-morcego”, o qual possibilita a saída,
mas não permite o retorno do animal. Este tipo
de sistema pode ser confeccionado com canos
de PVC e lonas plásticas que são baratas e de
fácil manuseio (Fig. 8). Este mesmo sistema
pode ser adaptado para inúmeras situações,
observando-se sempre de que não haja filhotes
no interior do abrigo.

95
Fig. 8. Sistema “escape-morcego” instalado no beiral da
casa (Fonte: Bat Conservation).

5.1.2 Morcegos instalados em outros locais

Em residências existem outros locais que


podem ser ocupados como abrigos por morce-
gos, como, por exemplo, os vãos entre o equi-
pamento de ar-condicionado, vãos de janelas
e persianas. Caso seja necessário capturar os

96
animais para realizar os procedimentos de veda-
ção, utilize um puçá, pinças e/ou mesmo manu-
almente com o uso de luvas-de-raspa-de-couro,
podendo serem guardados em sacos de pano
ou gaiolas que permitam ventilação adequada,
pelo período máximo 1 hora até o ato de soltura.
Geralmente, não há necessidade de cap-
tura dos morcegos, bastando apenas abrir os
refúgios e deixar que os mesmos voem.

5.1.3. Adentramento ocasional em residências

O adentramento de morcegos em residên-


cias é um fato comum nas áreas urbanas, prin-
cipalmente na primavera e verão, pois é neste
período que os morcegos dão à luz aos filhotes.
Após 20 a 30 dias, na fase jovem, os mor-
cegos aprendem a voar e localizar-se através
do complexo sistema de ecolocalização. E é por
este motivo que ocorrem os acidentes com obs-
táculos e adentramento em residências próxi-
mas aos seus abrigos.

97
Para captura segura siga os passos:

1. Mantenha a calma;
2. Lance um pano sobre o animal;
3. Com o auxílio de uma vassoura ou
semelhante, coloque-o dentro de uma
caixa de papelão, lata ou outro reci-
piente (Obs.: Não se esqueça de fazer
pequenos furos para ventilação);
4. Não coloque álcool ou qualquer
outro tipo de líquido conservante no
recipiente;
5. Envie o animal para o Posto de Saúde
mais próximo para realizar exame de
raiva.

Obs. NÃO capture animais com as


mãos, pois a mordida é inevitável. Use
sempre EPI´s (luvas, máscaras, botas de
borracha).

98
5.2 Manejo de morcegos por empresas

O manejo de morcegos em áreas urbanas


pode ser realizado por empresas particulares,
desde que cadastradas e licenciadas pela Fun-
dação Estadual de Proteção Ambiental Henrique
Luiz Roessler/FEPAM (http://www.fepam.rs.gov.
br/), conforme as limitações impostas pela Ins-
trução Normativa nº 141, de dezembro de 2006
(Regulamenta o controle e o manejo ambiental
da fauna sinantrópica nociva) e demais legisla-
ções ambientais.

5.3 Controle de morcegos hematófagos

Este trabalho é realizado SOMENTE por


técnicos especializados da Secretaria da Agri-
cultura, Pecuária e Agronegócio do Estado. Caso
tenha problemas com mordeduras em animais
de produção (bovinos, equinos, outros) procure
a Inspetoria Veterinária mais próxima.

99
100
6
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

101
102
6 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

6.1 Legislação Federal

Os morcegos são protegidos pela legis-


lação ambiental brasileira, sendo que as infra-
ções são passíveis de penalidades civis, penais
e administrativas (Lei de Proteção a Fauna - Lei
Federal nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967; Lei
de Crimes Ambientais - Lei Federal nº 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998; Decreto Fede-
ral nº 6.514, de 22 de julho de 2008 - Dispõe
sobre as infrações e sanções administrativas ao
meio ambiente, estabelece o processo administra-
tivo federal para apuração destas infrações, e dá
outras providências).
A legislação é bastante clara quanto ao
infortúnio sobre o a fauna silvestre, estabele-
cendo penalidades severas aos infratores. A
referência é a Lei de Crimes Ambientais - Lei

103
Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
que em seus artigos 29 e 37 abordam o tema.

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar,


utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou
em rota migratória, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade compe-
tente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano,


e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:


I- quem impede a procriação da fauna,
sem licença, autorização ou em desa-
cordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ni-
nho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, expor-
ta ou adquire, guarda, tem em ca-
tiveiro ou depósito, utiliza ou trans-
porta ovos, larvas ou espécimes da
fauna silvestre, nativa ou em rota

104
migratória, bem como produtos e ob-
jetos dela oriundos, provenientes de
criadouros não autorizados ou sem a
devida permissão, licença ou autori-
zação da autoridade competente.

Art. 37. Não é crime o abate de animal,


quando realizado:

I- em estado de necessidade, para


saciar a fome do agente ou de sua
família;
II - para proteger lavouras, pomares e
rebanhos da ação predatória ou des-
truidora de animais, desde que legal e
expressamente autorizado pela autori-
dade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que
assim caracterizado pelo órgão
competente.

105
A lei foi regulamentada recentemente
pelo Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho
de 2008 que define e estabelece as penas e
multas, entre outras penalidades.

Seção III, Das Infrações Administrativas


Cometidas Contra o Meio Ambiente, Sub-
seção I, Das Infrações Contra a Fauna.

Art. 24. Matar, perseguir, caçar, apanhar,


coletar, utilizar espécimes da fauna silves-
tre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente, ou em desacor-
do com a obtida:

Multa de:
I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por in-
divíduo de espécie não constante de
listas oficiais de risco ou ameaça de
extinção;
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por in-
divíduo de espécie constante de listas
oficiais de fauna brasileira ameaçada
de extinção, inclusive da Convenção de
Comércio Internacional das Espécies
da Flora e Fauna Selvagens em Peri-
go de Extinção - CITES (Redação dada
pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
106
Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-
-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a


R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo.

6.2 Legislação Estadual

No Rio Grande do Sul a legislação que aborda


o tema é o Código Estadual de Meio Ambiente
do Rio Grande do Sul - Lei n º 11.520, de 03
de agosto de 2000) pelo que transcrevemos o
Art.170:

“ É a proibida a utilização, perseguição,


destruição, caça, pesca, apanha, captura,
coleta, extermínio, depauperação, muti-
lação e manutenção em cativeiro e em
semi-cativeiro de exemplares da fauna sil-
vestre, por meios diretos ou indiretos, bem
como o seu comércio e de seus produtos e
subprodutos, ...”

107
108
7
REFERÊNCIAS

109
110
7 REFERÊNCIAS

BARQUEZ, R. M.; MARES, M. A.; BRAUN, J. K. The


Bats of Argentina. Special Publications Museum
of Texas Tech University, Oklahoma, v. 42, p.
1-275, jan. 1999.

BAT Conservation International. Disponí-


vel em: http://www.batcon.org/index.php/
bats-a-people/bats-in-buildings/subcate-
gory.html?layout=subcategory. Acesso em:
16/07/2012.

BEST, T. L.; KISER, W. M.; FREEMAN, P. W. Eu-


mops perotis. Mammalian Species, Washing-
ton, n. 534, p. 1-8, dez. 1996.

BIANCONI, G. V.; PEDRO, W. A. Família Vesperti-


lionidae. In: REIS, N.R. et al. (Ed.). Morcegos do
Brasil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007. 153 p.

BORNE, B. Ecologia de quirópteros da Estação


Ecológica do Taim, com ênfase na família Mo-
111
lossidae. 1985. 88 f. Dissertação (Mestrado em
Ecologia) - Curso de Pós-Graduação em Ecologia,
Instituto de Biociências, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1985.

BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente


e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução
Normativa nº 141, de 19 de Dezembro de 2006.
Regulamenta o controle e o manejo ambiental
da fauna sinantrópica nociva. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20
dez. 2006. p. 139 -140.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vi-


gilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Manual de Diagnostico Labora-
torial da Raiva. Brasília, DF: Editora Ministério
da Saúde, 2008. 108 p. (Série A. Normas e Ma-
nuais Técnicos).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vi-


gilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Guia de vigilância epidemio-
lógica. 7. ed. Brasília, DF: Editora Ministério da

112
Saúde, 2009. 816 p. (Série A. Normas e Manu-
ais Técnicos).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vi-


gilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Normas técnicas de profilaxia
da raiva humana. Brasília, DF: Editora Ministé-
rio da Saúde, 2011. 60 p. (Série A. Normas e Ma-
nuais Técnicos).

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SISBIO.


Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/sis-
bio>. 2012

BREDT, A. et al. Morcegos em áreas urbanas e


rurais: manual de manejo e controle. Brasília,
DF: Fundação Nacional de Saúde. Ministério da
Saúde. 1996. 117 p.

BREDT, A.; UIEDA, W.; MAGALHÃES, E. D. Mor-


cegos cavernícolas da região do Distrito Federal,
centro-oeste do Brasil (Mammalia, Chiroptera).
Rev. Bras. Zoologia, v. 16, n. 3, p. 731-770,
1999.

113
EGER, J. L. Systematics of the genus Eumops
(Chiroptera: Molossidae). Life Science Contribu-
tions, Royal Ontario Museum. n. 110. Ontario:
1977. p.1-69.

EISENBERG, J. F.; REDFORD, K. H. Mammals of


the Neotropics. Chicago: University of Chicago
Press, 1999. 609 p. (The Central Neotropics,
v. 3).

FABIAN, M. E.; RUI, A. M.; OLIVEIRA, K. P. Distri-


buição Geográfica de Morcegos Pyllostomidae
(Mammalia: Chiroptera) no Rio Grande do Sul,
Iheringia, Porto Alegre, v. 87, p. 143-156, 1999.

FABIAN, M. E.; GREGORIN, R. Família Molossi-


dae. In: REIS, N.R. et al. (Ed.). Morcegos do Bra-
sil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007. 153 p.

FONSECA, G. A. B. et al. Lista anotada dos mamí-


feros do Brasil. Occasional Papers in Conserva-
tion Biology, Washington, v. 4, p. 1-38. 1996.

GOMES, M. N.; UIEDA, W. Diurnal roots, colony


composition, sexual size dimorphism and repro-
duction of the common vampire bat Desmodus

114
rotundus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Phyllostomi-
dae) from State of São Paulo, Southeastern Bra-
zil, Revta. Bras. Zool., v. 21, n. 3, p. 38-43., set.
2004.

GONZALES, J. C.; FABIÁN, M.E. Una nueva espé-


cie de murcielago para el estado de Rio Gran-
de do Sul, Brasil: Myotis riparius Handley, 1960
(Chiroptera: Vespertilionidae). Comun. Mus. Ci-
ênc. Tecnol. PUCRS, Porto Alegre, v. 8, p. 55-59,
1995.

GREGORIN, R.; TADDEI, V. A. Chave artificial para


determinação de molossídeos brasileiros (Mam-
malia: Chiroptera). Mastozoologia Neotropical,
Mendoza, v. 9, n. 1, p. 13-32, 2002.

GREGORIN, R.; Filogenia de Molossidae Ger-


vais, 1855 (Mammalia, Chiroptera). 2000.
247f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas
– Zoologia) - Universidade de São Paulo, São
Paulo,2000.

GUNNELL, G. F.; SIMMONS, N. B.. Fossil eviden-


ce and the origin of bats. Journal of Mammalian
Evolution, v. 12, n. 1-2, p. 209-246, 2005.
115
IUCN 2012. IUCN Red List of Threatened Species.
Version 2012.1. Disponível em: <http://<www.
iucnredlist.org>. Acesso em: 2 July 2012.

KOOPMAN, K. F. Chiroptera: systematics. Han-


dbuch der Zoologie, Mammalia, part 60. Berlin,
Walter de Gruyter, v. 8. 217 p. 1994.

LEWIS-ORITT, N. et al. Molecular evidence for


piscivory in Noctilio (Chiroptera, Noctilionidae).
Journal of Mammalogy, v. 82, n. 3, p. 749-759,
2001.

MACHADO, A. B. M.; MARTINS, C. S.; DRUM-


MOND, G. M. Lista da fauna brasileira ameaça-
da de extinção: incluindo as listas de espécies
quase ameaçadas e deficientes em dados. Belo
Horizonte: Fundação Biodoversitas, 2005.160p.

MARINHO-FILHO J. S., SAZIMA I. Brazilian bats


and conservation biology: a first survey. In: KUNZ
T.H.; RACEY, P.A. (Eds). Bat biology and conser-
vation. Washington, D.C. : Smithsonian Institute,
p. 282-294. 1998.

116
MARQUES, A. A. B. de et al. Lista das espécies
da fauna ameçadas de extinção no Rio Grande
do Sul. Decreto nº 41.672, de 11 de junho de
2002. Porto Alegre: FZB/MCTPUCRS/PANGEA,
2002. 52p. (Publicações Avulsas FZB, n.11).

MILNER, J.; JONES C.; JONES JR., J. K. Nyctino-


mops macrotis. Mammalian Species, New York,
n. 351, p. 1-4, 1990.

NEUWEILER, G. The biology of bats. New York:


Oxford University Press, 2000. 310 p.

NOGUEIRA, M. R.; POL, A.; PERACCHI, A. L. New


records of bats from Brazil with a list of addition-
al species for the chiropteran fauna of the state
of Acre, western Amazon. Mammalia, v. 3, n. 63.
Paris, p. 363-368, 1999.

NOGUEIRA, M. R.; DIAS, D.; PERACCHI, A. L.


Subfamília Glossophaginae. In: REIS, N. R et al.
(Ed.) Morcegos do Brasil. Londrina: Nelio R. dos
Reis, 2007. 153 p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Rabies


vaccines: WHO position paper. Weekly epide-

117
miological Record. v. 85, p. 309-320. Disponí-
vel em: <http:// www.who.int/wer. Acesso em:
10/11/2011. 2010.

PACHECO, S. M.; MARQUES, R. V. Conservação


de morcegos no Rio Grande do Sul. In: FREITAS,
R.O.F. et al. (Org.) Mamíferos do Brasil: gené-
tica, sistemática, ecologia e conservação. Ri-
beirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética,
2006. 170 p.

PAGLIA, A.P., et al. 2012. Lista Anotada dos


Mamíferos do Brasil / Annotated Checklist of
Brazilian Mammals. 2ª Edição / 2nd Edition. Oc-
casional Papers in Conservation Biology, No. 6.
Conservation International, Arlington, VA. 76pp.

REIS, Nélio R. dos et al. (Ed.). Morcegos do Bra-


sil. Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007. 153 p.

REIS, N. R. dos et al. Mamíferos do Brasil. 2. Ed.


Londrina: Nelio R. dos Reis, 2011. 439 p. 153 p.

RUI, A. M., FABIÁN, M. E.; MENEGHETI, J. O. Dis-


tribuição geográfica e análise morfológica de
Artibeus lituratus Olfers e de Artibeus fimbriatus

118
Gray (Chiroptera, Phyllostomidae) no Rio Grande
do Sul. Rev. Bras. Zool., Curitiba, v. 16, n. 2, p.
447-460, 1999.

SAZIMA, M.; BUZATO, S.; SAZIMA, I. Bat polli-


nated flower assemblages and bat visitors at two
Atlantic forest sites in Brazil. Annals of Botany,
v. 83, n. 6, p. 705-712, 1999.

SILVA, F. Guia para determinação de Morcegos:


Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro,
1985. 77p.

SODRÉ, M. M.; GAMA, A. R. da ; ALMEIDA, M.


de. Updated list of bat species positive for rabies
in Brazil. Rev. Inst. Med. Trop.,São Paulo, v. 52,
n.2, p. 75-81, 2010.

UIEDA, W. et al. Espécies de quirópteros diagnos-


ticadas com raiva no Brasil. Boletim do Instituto
Pasteur, v. 2, n. 1, p. 17-36, 1996.

WITT, A. A. ; FABIAN, M. E. Hábitos alimentares e


uso de abrigos naturais por Chrotopterus auritus
(PETERS, 1856) em cavernas na região do Alto

119
Uruguai, Rio Grande do Sul, Brasil. Mastozoolo-
gia Neotropical, v. 17, n. 2, p. 353-360, 2010.

ZORTEA, M. 2007. Subfamília Stenodermatinae.


In: REIS, N. R.; et al. (eds.) Morcegos do Brasil.
Londrina. 153 p.

Internet

www.saude.rs.gov.br

www.saa.rs.gov.br

www.saude.gov.br

www.sema.rs.gov.br

www.ibama.gov.br

www.sbeq.org.br

www.relcomlatinoamerica.net

120
8
ANEXOS

121
122
8
ANEXO A

G O V E R N O D O E S TA D O
RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DA SAÚDE
Cadastramento Abrigos

123
124
9 ANEXO B - Preparação de
Etiquetas (MODELO)

Data: ................ Espécie: .....................................................

Local (município): ................................................................

Coordenada: X .........................Y: ..........................................

Coletor: ..................................................................................

(3X5cm)

125
126
10 ANEXO C - Planilha de Controle
de Capturas (Modelo)

127
128
11 ANEXO D - Planilha de Identi-
ficação de Amostras

129
Sobre o Guia
Formato: 10,5 cm por 14,8 cm
Mancha Gráfica: 10,5 cm por 14,8 cm
Tipologias utilizadas: FrankfurtGothic
Franklin Gothic Book
Franklin Gothic Demi
Papel: capa: Triples Royal 250g
miolo: Colchê 150 gramas

Diagramação, Impressão e Acabamento


Triunfal Gráfica e Editora
Rua José de Alencar, 1.037 - Vila Xavier - Assis/SP
CEP 19802 010 - Fone: (18) 3322-5775 -Fone/Fax: (18) 3324-3614
CNPJ 11.184.290/0001-97

Você também pode gostar