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Educação a Distância

Caderno de Estudos

BIOGEOGRAFIA

Prof. a Ângela da Veiga Beltrame


Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado

Editora Grupo UNIASSELVI


2010

NEAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nJ1.1.040,Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 - INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2010

Elaboração:
Prof." Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad- Víncula Veado

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


Grupo UNIASSELVI - Indaial.

910
B546p Beltrame , Ângela da Veiga.
Biogeografia/ Ângela da Veiga Beltrame [e]
Ricardo Wagner Ad- Víncula Veado. Centro
Universitário Leonardo da Vinci -: Indaial, Grupo
UNIASSELVI, 2010.x; 304.p.: il

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-314-3

1. Geografia 2. Geografia Política 3. Biogeografia


L Centro Universitário Leonardo da Vinci
lI. Núcleo de Ensino a Distância IlI. Título
UNIDADE 1

TÓPICO 3

A BIOSFERA

1 INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), neste tópico abordaremos temas referentes à Biosfera, como: conceito,
limites, fontes de energia, fluxos de energia e nutrientes (ciclos biogeoquímicos).

2 CONCEITO E LIMITES DA BIOSFERA

A biosfera é a camada do planeta capaz de ser habitada por organismos. Divide-se em hidrosfera,
troposfera (camada mais inferior da atmosfera) e a parte superior da litosfera, compreendendo uma
faixa ou camada do globo terrestre que não ultrapassa os 20 quilômetros de espessura.

o termo biosfera foi introduzido na ciência em 1875, pelo geólogo austríaco Eduard
Suess. O russo Vladimir Ivanovitch Vernadsky usou o termo numa conferência em 1929 e,
desta forma, o conceito de biosfera chegou ao Ocidente (Hutchinson, in Scientific American,
1972, p. 3).

É quase impossível demarcar os limites da biosfera - traçar esses limites é desenhar


a própria fronteira da vida.

É muito difícil demarcar os limites da biosfera. Formas simples de vida, como esporos
e bactérias, vivem a 8 ou 9 quilômetros de altura, camada em que o oxigênio é mínimo e a B
I
temperatura está por volta de 60° C abaixo de zero. Nos oceanos, a luz alcança cerca de 200 o
metros de profundidade, o que é o limite para as plantas que fazem a fotossíntese. Nas fossas G
E
submarinas, a mais de 10 quilômetros de profundidade, pequenos organismos vivem no limite o
G
da sobrevivência. Na superfície dos continentes, os desertos quentes e frios, as crateras de
R
vulcões, as fontes termais, onde a água atinge temperaturas de 80° C, são lugares em que A
F
a vida está no seu limite. Dentre estes lugares, estão os picos de montanhas com "neves I
A
"-
24 TÓPICO 3 -_UNIDADE 1

perpétuas" e lugares muito quentes e áridos. O limite do oxigênio é cerca de 6.000 metros de
altitude, o que obriga aos alpinistas o uso de equipamento especial. Hutchinson (in Scientific
American, 1972, p. 4) chama essas zonas de parabiosféricas.

3 AS FONTES DE ENERGIA DA BIOSFERA


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a TêiTâ'"'é"'Ô'''Sõl:'"Saa""energia"calorífica e luminosa
espalha-se de forma desigual pela superfície, unicamente devido à forma globular do planeta. As
latitudes e as altitudes criam variações diárias de luz e calor e os distribuem de forma irregular
na superfície, e isto é uma das condições para a expansão das espécies.

As leis da Termodinâmica dirigem o papel da energia na biosfera. A energia não pode


ser criada nem destruída, apenas pode ser convertida para outra forma - postula a primeira lei,
a Lei da Conservação da Energia. Quando uma dada quantidade de energia muda de forma,
ocorre uma perda da quantidade total de energia usada antes, que se dissipa na forma de
calor. A segunda lei, a Lei da Dissipação da Energia, explica essa perda.

FIGURA 1 -A BIOSFERA E OS SEUS SUBSISTEMAS

Atmosfera

t
Lítosfera
1
Hídrosfera

+-+- +-+-

Plant~ c: Pla~ ~.iS

FONTE: Os autores

A luz emitida do Sol compõe-se de vários comprimentos de onda, que originam o


B
I espectro eletromagnético da luz. Isaac Newton (1643-1727) foi o primeiro cientista a observar
O
a luz solar decomposta nas suas diversas faixas de luz diferentes. Ele chamou as faixas de
G
E espectro. Newton mostrou que a luz não era formada apenas por luz branca, como se supunha
O
G até então.
R
A
F Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar sofre modificações e perde considerável
I
A parte da quantidade total com que chega ao topo da atmosfera. As moléculas e os íons dos
';
UNIDADE 1 TÓPICO 3 25

gases, as partículas de poeira, o vapor d'água, as nuvens são agentes que modificam a energia
incidente.

Eis alguns dados sobre a energia solar (TUBELlS & NASCIMENTO, 1984, p. 31;
AYOADE, 1994, p. 23):
- 56 x 1026 calorias são irradiadas pelo Sol por minuto nas formas seguintes:
- radiação ultravioleta (comprimento de onda menor que 0,4 IJm) - total de 9% recebido pela
Terra;
- radiação visível (de 0,4 a 0,7 IJm) - total de 41 %;
- radiação infravermelha (maior que 0,7 IJm) - total de 50%;
- a Terra intercepta 2,55 x 1018 cal - meio milionésimo do total, mas cerca de 30 mil vezes mais
energia do que o total anual que a humanidade produz e consome;
- constante solar: total de energia que incide numa superfície de 1 em- do topo da atmosfera
por minuto. Equivale, aproximadamente, a Zcal/cmvmin. A energia solar gasta 9,5 minutos
para percorrer os 150 milhões de quilômetros entre a Terra e o Sol.

Cerca de 98% da energia incidente se perdem e a biosfera absorve apenas 2% deste


total, conforme explica a Lei da Conservação da Energia.

A energia radiante que chega à superfície da Terra é formada, num dia claro, por 45%
de luz visível, 45% de infravermelho e 10% de ultravioleta. (ODUM, 1985).

4 OS FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES


NA BIOSFERA: OS CICLOS BIOGEOQuíMICOS «.::::.,,~1->~:::-::::::~::':':'~:::"':"~::':;::;:;::::~'::;;::::~:~;::::::::::."='::'::'.:'~«~:;"::::;:::;:":::;:::X~~::·::;:::::~:X~::::::::::::::::'::::;:;:::::;:~:~~:::::;x::w::::m:".x<:;:::::::::.;:~~m~~:;:;:::::::9:::>;:;;;;»::::::;~;::;::::,,:::::::::»::~;::~<:::;;::.<::::::::;::,: :.:::::~->X"':::::;:;}~,.

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As formas da matéria na biosfera são pouco variadas - gasosa, sólida ou líquida. A


matéria transita na biosfera em círculos, ao contrário da energia, que tem apenas uma direção.
O intemperismo é uma das formas de movimento dos materiais.

O escoamento superficial transporta grandes quantidades de detritos, provenientes


do desgaste do solo e das rochas, que são depositadas nos vales e nos leitos dos rios. É um
processo contínuo de exportação e importação de matéria pelos geossistemas. A decomposição
orgânica gera uma enorme quantidade de elementos e compostos químicos, como nitratos,
fosfatos, sulfatos, ácidos orgânicos e elementos livres, como o enxofre, o carbono etc., que B
são prontamente absorvidos pelas plantas. I
o
G
E
Tudo começa com a absorção da energia solar pelas plantas clorofiladas. Esse início
O
determina como a energia solar entra na biosfera e sofre modificações na sua forma, qualidade G
R
e quantidade. Esse trajeto é denominado cadeia trófica e tem várias etapas. A
F
I
A
26 TÓPICO 3 UNIDADE 1

Na fotossíntese, as plantas verdes produzem carboidratos, que, mais tarde, são usados
como fonte de energia para o metabolismo da planta. As plantas verdes são chamadas de
produtores primários. São autótrofas, porque produzem sua própria fonte de energia.

Os herbívoros alimentam-se das plantas - são os consumidores de primeira ordem.


Os carnívoros alimentam-se dos herbívoros e são os consumidores de segunda ordem. Há
também os decompositores, micro e macro-organismos, que degradam ou mineralizam os
restos orgânicos e compõem um importante papel na reciclagem dos nutrientes. Todos esses
são heterótrofos, isto é, a fonte de energia é externa a eles.

Na fotossíntese, a energia solar ou energia dispersa é transformada em matéria ou


energia concentrada. A primeira lei da Termodinâmica explica essa transformação. É chamada
de Lei da Conservação da Energia. Esse processo constitui a primeira etapa da fabricação de
matéria na biosfera. Por isto é denominada de produção primária. Representa a quantidade
de tecidos orgânicos produzida pelas plantas.

Apenas 2% da energia solar são absorvidos pela biosfera - 98% se perdem. O total
absorvido, nada mais que 0,1%, é usado na fotossíntese. Não obstante esse valor tão baixo,
as plantas produzem de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de matéria orgânica seca por
ano.

Esse mecanismo complexo representa a única forma de manter a energia nos


ecossistemas. A transformação de uma forma de energia - energia solar - para outra - a
matéria ou energia concentrada - implica numa perda ou dissipação da energia, que supera
90% do total. Portanto, apenas 10% da matéria produzida num nível trófico são usados no
nível trófico seguinte.

Os nutrientes minerais têm outro processo. Aenergia tem um fluxo contínuo numa direção
apenas - ele não volta sobre si mesmo. Mas os minerais circulam livremente na biosfera. Esse
movimento circular permite que os nutrientes sejam usados várias vezes pelos seres vivos,
antes de se dispersarem nos sedimentos, na água ou na atmosfera.

Os nutrientes deixam os ecossistemas na forma de biomassa. A dispersão da biomassa


é feita por três caminhos:
- como matéria orgânica morta, que vai ser degradada pelos decompositores, na forma de
B
restos vegetais, e na forma de outros produtos exportados (pólen, sementes, gases, líquidos
I
o etc.);
G
E - serapilheira, restos vegetais decompostos, que serão transformados em húmus pelos
o saprófagos - isto constitui o ciclo curto;
G
R - transformação dessa matéria orgânica em nutrientes por fungos e bactérias.
A
F
I As plantas reabsorvem os nutrientes e o ciclo é fechado, para recomeçar em
A
UNIDADE 1 TÓPICO 3 27

seguida.

o ciclo longo inclui todos os consumidores (parasitas, herbívoros, onívoros e carnívoros).


Embora este ciclo seja menos representativo em termos de quantidade de matéria orgânica
reciclada, os consumidores são considerados os reguladores de todo o sistema: "Asobreposição
dos circuitos reguladores forma as cadeias alimentares. O ciclo longo é formado por uma
sucessão dessas cadeias, que garantem, apesar das flutuações, o alto grau de estabilidade
média do ecossistema".

O fluxo de gás carbônico proveniente dos processos de decomposição da serapilheira


e do húmus é conhecido como respiração do solo.

Os ciclos são relativamente estáveis, mas estão sujeitos a flutuações, provocadas pela
quantidade de matéria que entra no sistema, por pragas, moléstias, queimadas, escoamento
superficial, nevascas, vendavais etc. Walter (1986, p. 9) cita, por exemplo, que o pastoreio
moderado em pradarias ''[...] também estimula o crescimento vegetativo das gramíneas, a ponto
de aumentar a produção anual total" de biomassa vegetal (fitomassa), incluindo a quantidade
consumida pelos animais.

A ciclagem dos elementos é a essência do funcionamento do ecossistema. Nos


ecossistemas terrestres, elementos essenciais circulam nos detritos que recobrem o solo. No
meio aquático, as fontes de nutrientes são os sedimentos.

Odum (1985, p. 27) ilustra bem a importância desta reciclagem, ao afirmar que:

"( ...) a degradação da matéria orgânica é um processo longo e complexo, con-


trolando várias funções importantes no ecossistema. Por exemplo: (1) recicla
os nutrientes através da mineralização da matéria orgânica morta; (2) (ligação
entre íons metálicos e moléculas orgânicas) e complexa (ligação metal-carbono)
nutrientes minerais; (3) recupera nutrientes e energia por ação microbiana;
(4) produz alimento para uma sequência de organismos na cadeia alimentar
de detritos; (5) produz metabólitos secundários que podem ser inibidores ou
estimuladores e que são, muitas vezes, reguladores; (6) modifica os materiais
inertes da superfície terrestre, produzindo, e.g., o complexo característico da
terra que é o 'solo'; e (7) mantém uma atmosfera que permita a vida de aeró-
bios de grande biomassa, como nós."

Aciclagem dos nutrientes é mais conhecida como ciclos biogeoquímicos, porque deles
fazem parte tanto componentes bióticos quanto abióticos. Os ciclos biogeoquímicos são de
B
dois tipos: ciclos gasosos, cujo reservatório é a atmosfera, e ciclos sedimentares, em que a I
crosta terrestre é o reservatório. O
G
E
O
Os nutrientes variam em quantidades usadas pelos seres vivos. Por esta razão, foram G
classificados em duas categorias: os macronutrientes e os micronutrientes. R
A
F
I
A
28 TÓPICO 3 . UNIDADE 1

Os macronutrientes existem em maior quantidade, porque as plantas os usam em grande


quantidade. Os micronutrientes são elementos de que as plantas têm menor necessidade -
embora, igualmente, sejam imprescindíveis - e, por isto, ocorrem em menor quantidade na
natureza.

Esses elementos são de origem natural. Contudo, o homem tem introduzido nos ciclos
elementos artificiais ou não, que não fazem parte da matéria orgânica, que Odum denomina
elementos não essenciais (1985, p.132). Esses elementos provêm de indústrias, da mineração,
da agricultura e contêm concentrações mais ou menos elevadas de metais e compostos
orgânicos tóxicos e, sobretudo, elementos radioativos.

Por não fazerem parte da matéria orgânica, os elementos não essenciais não são
eliminados pelos mamíferos e acabam por se concentrar neles em órgãos como o fígado, rins,
pulmões, coração, no cérebro e nas gorduras e nos músculos.

Na crosta terrestre ocorrem 90 elementos químicos. Deste total, 30 são fundamentais


para os organismos - são os macronutrientes. Carbono - que aparece no dióxido de carbono,
CO2, e é a base da matéria orgânica - hidrogênio, oxigênio e nitrogênio são essenciais para a
vida na Terra. Os demais macronutrientes são: potássio, cálcio, magnésio, fósforo, enxofre, ferro
e manganês, que fazem parte dos ciclos sedimentares. O dióxido de carbono, o hidrogênio, o
oxigênio e o nitrogênio são elementos gasosos e ocorrem na atmosfera da Terra.

Os macronutrientes ou oligonutrientes são: boro, magnésio, zinco, cobre, molibdênio,


ferro (que também pode ser macro) e cloro.

Homeostase em ecossistemas e geossistemas

A energia flui nos ecossistemas e nos geossistemas de maneiras diferentes. Esse


movimento da energia está estreitamente vinculado às estruturas funcionais dos ecossistemas e
dos geossistemas - ou melhor, da Ecologia e da Geografia. A Ecologia tem um fluxo no sentido
vertical- os ciclos biogeoquímicos, a cadeia trófica, as relações sociológicas, a decomposição
orgânica, são alguns dos processos ecológicos. A Geografia tem um fluxo horizontal, que se
dá no espaço geográfico organizado.

A paisagem geográfica é representada pelos geossistemas, uma unidade natural, física.


B
Os geossistemas são formados pela união de elementos bióticos e elementos abióticos. Os
I
O ecossistemas constituem os elementos bióticos do geossistema. A integração dos elementos
G
E físicos do geossistema e dos elementos bióticos do ecossistema origina a organização espacial
O dos geossistemas. Em outras palavras, a paisagem geográfica organizada.
G
R
A Conforme Margalef (1989, p. 739), todas as interações da biosfera se dão no
F interior dos geossistemas e dos ecossistemas. Na Ecologia, as interações
I acontecem num único ponto, pois que os ecossistemas não têm escala. Por
A
UNIDADE 1 TÓPICO 3 29
outro lado, as inter-relações ecossistêmicas, no geossistema, ocorrem, pois,
no espaço geográfico. Logo, essas inter-relações se distribuem pelo espaço
geográfico. Segundo Walter (1986, p. 8), juntando-se aos fatores físicos do
geossistema, criam a paisagem geográfica. É um mecanismo muito complexo,
contínuo, em que o ambiente age sobre os organismos e os organismos agem
sobre o ambiente.

A sucessão vegetal é um dos componentes da organização espacial dos geossistemas.


As relações das plantas com o meio e com outros seres vivos são de ordem ecológica. A
expansão espacial é um ponto de vista geográfico. As relações sociológicas são outro meio
de expansão das plantas. Por exemplo, a polinização das flores.

Logo, existe um fluxo de energia e matéria no sentido horizontal no interior dos


geossistemas e um fluxo no interior dos ecossistemas no sentido vertical. Cada um deles com
um resultado diferente, que, entretanto, converge para a organização espacial.

o ecossistema não é espacial. É, na verdade, um conjunto de relações ecológicas que


se manifestam no interior dos geossistemas. Não é espacial, porque não tem escala - aspecto
fundamental nas diferenças entre a Geografia e a Ecologia.

Os geossistemas e os ecossistemas importam energia e também a exportam, como todo


sistema aberto. O calor é a principal forma de energia dissipada por ambos. A transpiração das
plantas e dos animais é uma das formas de dissipação da energia. A lixiviação dos elementos
e compostos solúveis é outra forma. Por outro lado, também há um ganho de energia quando
os nutrientes são incorporados ao solo ou são absorvidos pelas raízes. A captação da luz para
a fotossíntese das plantas é outra forma de importação de energia.

As quantidades de energia importadas e exportadas pelos sistemas são relativamente


semelhantes. Esse mecanismo mantém os sistemas, como o geossistema e o ecossistema, em
equilíbrio dinâmico. Por esta razão, os sistemas abertos funcionam em estado estacionário.

O funcionamento do geossistema e do ecossistema está na dependência da quantidade


e da qualidade da energia importada. Quando a importação muda, ocorre um desequilíbrio
o sistema. - o equilíbrio dinâmico é rompido e o sistema altera o seu funcionamento. Nesse
omento entram em cena mecanismos de reajuste ou de retroalimentação, que procuram
~eequilibrar o sistema.

O sistema equilibrado tem um dado grau de homeostase, isto é, sua estrutura ajusta-se
B
às mudanças. Neste caso, as transformações podem ser de dois tipos - uma vez instaladas, I

elas podem prosseguir até alterar totalmente o sistema, criando, então, outro sistema; por outro
o
G
ado, o mecanismo de desequilíbrio pode ser interrompido, a mudança não avança e o sistema E
o
-eadquire o estado - fisionomia - anterior. No primeiro caso, temos a retroalimentação positiva- G
e a muda por completo o sistema. No segundo caso, predominará a retroalimentação negativa, R
A
•.• e interrompe a mudança e o sistema se reequilibra e volta a ser o sistema antigo. F
A Ecologia também utiliza o termo resiliência, que expressa a capacidade do sistema I
A
30 TÓPICO 3 UNIDADE 1

em resistir às perturbações, retornando às suas condições originais. Todo sistema tem um


limite de resiliência, de resistência às mudanças. Na natureza, predomina a retroalimentação
negativa. Neste caso, a resiliência do sistema impede que ele mude totalmente. Para que
ocorra a retroalimentação positiva é necessário que a força introduzida no sistema seja muito
poderosa, a ponto de romper a sua resiliência e mudar a estrutura.

Quando o sistema se reequilibra, dizemos, pois, que é homeostático. Um exemplo de


homeostase pode ser visto no cerrado após a ação do fogo: ''[...] são numerosas as plantas que
possuem adaptações ou dispositivos aparentemente correlacionados ao fogo [...]". (RIZZINI,
1976, p. 89).

o reequilíbrio dos sistemas naturais depende muito da sua complexidade. Quanto mais
complexo um sistema, maior a sua capacidade de homeostasia. A complexidade do sistema
está intimamente ligada a dois fatores - o número de elementos e o grau de resistência desses
elementos às mudanças.

o intemperismo das rochas e a fertilização artificial são dois exemplos de reequilíbrio


das perdas do solo e fazem com que ele readquira o estado anterior. O homem é um agente
de introdução de energia nos ecossistemas e nos geossistemas, tanto quanto é também um
agente de desequilíbrio. Neste caso, o homem sempre introduziu atividades que ultrapassam
o grau de homeostase da natureza, o que leva muita gente a tecer prognósticos sombrios
quanto ao futuro da humanidade. Drew (1994 p. 194) já alertava que "É inevitável que, em
data futura, as provisões serão inferiores à demanda, enquanto se vai tomando consciência de
que o crescimento infinito é impossível num mundo finito". É o fantasma de Malthus voltando
para assombrar a humanidade.

As perspectivas de um desequilíbrio que leve á fome generalizada no planeta são


visíveis, no dizer de muitos pesquisadores. A National Wildlife Foundation (WWF) estudou a
pressão que cada habitante exerce sobre o planeta quanto ao consumo de alimento, materiais e
energia em relação à área biologicamente produtiva, e não chegou a números otimistas. Foram
excluídas da pesquisa as necessidades de água e a área ocupada por poluição e produtos
tóxicos, por falta de dados globais disponíveis.

Segundo os cálculos da pesquisa, a Terra dispunha de 12,6 bilhões de hectares de terras


produtivas em 1996. São necessários 2,85 hectares/habitante para satisfazer as demandas
individuais. Atualmente somamos mais de 6 bilhões de habitantes no planeta. Multiplicando
B esse dado pela demanda, verificamos que já estamos em débito com a biosfera. Seremos 8,9
I bilhões no ano 2050 (ÂNGELO, 2000). Quanta terra a mais precisaremos para satisfazer esta
o
G necessidade? Será que as novas tecnologias serão suficientemente adequadas no sentido de
E
equacionarmos este débito? Esse fato é uma representação da segunda lei da Termodinâmica.
o
G Terá a humanidade, no futuro, meios de introduzir mecanismos retrorreguladores? Poderá a
R
tecnologia existente compensar essas perdas e procurar novamente o estado homeostático
A
F da natureza, como assegura a primeira lei da Termodinâmica?
I
A
UNIDADE 1 ~TÓPICO 3 31

I' '

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• A biosfera é a camada do planeta capaz de ser habitada por organismos. Divide-se em


hidrosfera, troposfera (camada mais inferior da atmosfera) e a parte superior da litosfera,
compreendendo uma faixa ou camada do globo terrestre que não ultrapassa os 20 quilômetros
de espessura.

• O termo biosfera foi introduzido na ciência em 1875, pelo geólogo austríaco Eduard
Suess.

• A principal fonte de energia para a Terra é o Sol. Sua energia calorífica e luminosa espalha-se
de forma desigual pela superfície, unicamente devido à forma globular do planeta. As latitudes
e as altitudes criam variações diárias de luz e calor e os distribuem de forma irregular na
superfície, e isto é uma das condições para a expansão das espécies.

• As formas da matéria na biosfera são pouco variadas - gasosa, sólida ou líquida. A matéria
transita na biosfera em círculos, ao contrário da energia, que tem apenas uma direção. O
intemperismo é uma das formas de movimento dos materiais.

• Os ciclos Biogeoquímicos começam com a absorção da energia solar pelas plantas


clorofiladas. Esse início determina como a energia solar entra na biosfera e sofre modificações
na sua forma, qualidade e quantidade. Esse trajeto é denominado cadeia trófica e tem várias
etapas.

• Na fotossíntese, a energia solar ou energia dispersa é transformada em matéria ou energia


concentrada. A primeira lei da Termodinâmica explica essa transformação. É chamada de
Lei da Conservação da Energia. Esse processo constitui a primeira etapa da fabricação de
matéria na biosfera. Por isto, é denominada de produção primária. Representa a quantidade
de tecidos orgânicos produzida pelas plantas.

B
• Apenas 2% da energia solar são absorvidos pela biosfera - 98% se perdem. O total absorvido
I
nada mais que 0,1% é usado na fotossíntese. Não obstante esse valor tão baixo, as plantas O
G
produzem de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de matéria orgânica seca por ano. E
O
G
• O fluxo de gás carbônico proveniente dos processos de decomposição da serapilheira e do R
A
húmus é conhecido como respiração do solo. F
I
A
32 TÓPICO 3 UNIDADE 1

• A ciclagem dos nutrientes é mais conhecida como ciclos biogeoquímicos, porque neles
fazem parte tanto componentes bióticos quanto abióticos. Os ciclos biogeoquímicos são de
dois tipos: ciclos gasosos, cujo reservatório é a atmosfera, e ciclos sedimentares, em que a
crosta terrestre é o reservatório.

• Os nutrientes variam em quantidades usadas pelos seres vivos. Por esta razão, foram
classificados em duas categorias: os macronutrientes e os micronutrientes.

• Os macronutrientes existem em maior quantidade, porque as plantas os usam em grande


quantidade. Os micronutrientes são elementos de que as plantas têm menor necessidade -
embora, igualmente, sejam imprescindíveis - e, por isto, ocorrem em menor quantidade na
natureza.

• Na crosta terrestre ocorrem 90 elementos químicos. Deste total, 30 são fundamentais para
os organismos - são os macronutrientes. Carbono - que aparece no dióxido de carbono,
CO2, e é a base da matéria orgânica -, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio são essenciais
para a vida na Terra. Os demais macronutrientes são potássio, cálcio, magnésio, fósforo,
enxofre, ferro, cobre, manganês, zinco, molibdênio, boro e cloro, que fazem parte dos ciclos
sedimentares. O dióxido de carbono, o hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio são elementos
gasosos e ocorrem na atmosfera da Terra.

o A energia flui nos ecossistemas e nos geossistemas de maneiras diferentes. Esse movimento
da energia está estreitamente vinculado às estruturas funcionais dos ecossistemas e dos
geossistemas - ou melhor, da Ecologia e da Geografia.

• A paisagem geográfica é representada pelos geossistemas, uma unidade natural, física.


Os geossistemas são formados pela união de elementos bióticos e elementos abióticos. Os
ecossistemas constituem os elementos bióticos do geossistema. A integração dos elementos
físicos do geossistema e dos elementos bióticos do ecossistema origina a organização espacial
dos geossistemas. Em outras palavras, a paisagem geográfica organizada. Portanto, todas
as interações da biosfera se dão no interior dos geossistemas e dos ecossistemas.

• Os geossistemas e os ecossistemas importam energia e também a exportam, como todo


sistema aberto.

B
• A Ecologia também utiliza o termo resiliência, que expressa a capacidade do sistema em
I
O resistir às perturbações, retornando às suas condições originais.
G
E
O
G
R
A
F
I
A

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