Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rfid e Suas Aplicações - Um Estudo de Caso Com Prateleiras Inteligentes PDF
Rfid e Suas Aplicações - Um Estudo de Caso Com Prateleiras Inteligentes PDF
Fortaleza-CE
Setembro de 2010
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Marcelo Ferreira de Sousa
Fortaleza-CE
Setembro de 2010
Marcelo Ferreira de Sousa
Aprovada em 24/09/2010.
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Sérgio Bezerra Sombra (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
______________________________________________________
Prof. Dr. Giovanni Cordeiro Barroso
Universidade Federal do Ceará – UFC
______________________________________________________
Prof. Dr. José Ricardo Bergmann
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ
______________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Xavier Gouveia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE
Agradeço a Deus, pela Sua providência
Divina, ao professor Giovanni, pelo seu apoio
e motivação e a todos que colaboraram direta
ou indiretamente na elaboração deste trabalho.
“A diferença entre o ordinário e o extraordinário é aquele pequeno extra” (Autor
desconhecido).
RESUMO
This work presents a thorough study about radiofrequency identification, RFID, analyzing its
application to logistics of distribution of a specific product in its points of sale, focusing on
the stock of products in the retailer, searching for the best efficiency in the replenishment of
products in a Lean Supply system through the use of smart shelves. This work intends to
enable a lean supply system through the application of a smart shelf with RFID technology,
preventing out-of-stock situations in the retailer. Initially, the theoretical background about
RFID is presented, covering the theory and concepts related to this technology, as well as the
working principles. A study about Lean Systems is also presented, searching for a better
understanding about this approach which is being broadly used in the industry and in supply
chains, bringing an improvement in the operational efficiency of these organizations. In this
search for efficiency, one of the goals of Lean System is the inventory reduction, which
demands automation of monitoring the amount of products available in the points of sale. This
is the real need which motivated this work. RFID technology was analyzed as a technological
solution to this problem. So, a study case was developed through a proof of concept to
investigate the performance of RFID in its state of the art. Following, it was proposed an
architecture for the smart shelves to be used in the stock control of products in the retail
market. The challenges in this type of application are fully described. In this dissertation, the
whole process used in the project of the smart shelf prototype will be presented, as well as the
test procedures conducted to evaluate the performance of the realized system. The conclusion
of this work demonstrates the viability degree of RFID technology to be used in a smart shelf
in order to meet the needs of a Lean Supply system.
Keywords: Radio Frequency Identification, RFID, Lean Supply, tag, smart shelf, Electronic
Product Code (EPC), supply chain management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1 – Onda plana se propagando no espaço em um dado instante de tempo ................19
Figura 2.2 – Regra da mão direita para identificar a direção do vetor de Poynting .................20
Figura 2.3 – Bandas de frequência de RFID ............................................................................ 27
Figura 2.4 – Alocações de banda no mundo para RFID em UHF............................................ 28
Figura 2.5 – Componentes de uma tag e uma etiqueta inteligente na sua forma final.............29
Figura 2.6 – Tags passivas em UHF.........................................................................................30
Figura 2.7 – Leitora UHF (esquerda) e leitora de HF com sua antena em circuito impresso .. 32
Figura 2.8 – Polarizações lineares (esquerda) e circular interagindo com uma tag linear .......34
Figura 2.9 – Exemplos de configurações de antenas de tag para as frequências de RFID ...... 35
Figura 2.10 – Componentes básicos de um sistema de RFID ..................................................35
Figura 2.11 – Representação dos sitemas full duplex, half duplex e sequencial no tempo ......36
Figura 2.12 – Alimentação de energia para a tag a partir do acoplamento magnético ............ 37
Figura 2.13 – Princípio de operação de uma tag com backscatter (reflexão) .......................... 37
Figura 2.14 – Circuito equivalente de um sistema RFID com acoplado elétrico..................... 38
Figura 2.15 – Família de padrões para cartões inteligentes com e sem contato.......................39
Figura 2.16 – Sistema de prateleiras inteligentes (GLOVER; BHATT, 2006)........................44
Figura 3.1 – Ford modelo T (WEBMOTORS, 2010) ..............................................................49
Figura 3.2 – Diagrama da casa do TPS .................................................................................... 52
Figura 3.3 – Ilustração dos fundamentos do Seis Sigma Enxuto ............................................. 60
Figura 4.1 – Produto a ser rastreado nas prateleiras .................................................................66
Figura 4.2 – Estrutura de madeira para os testes iniciais.......................................................... 74
Figura 5.1 – Posições dos ganchos no aparato experimental de madeira.................................80
Figura 5.2 – Disposição da tag na embalagem, de acordo com o modelo................................82
Figura 5.3 – Sequência de testes em cada linha do aparato......................................................83
Figura 5.4 – Leiaute do protótipo desenvolvido para as prateleiras inteligentes .....................87
Figura 5.5 – Disposição das antenas nas prateleiras.................................................................88
LISTA DE GRÁFICOS
Tabela 2.1 – Expressões para α e k para meios com perdas e sem perdas. ..............................21
Tabela 2.2 – Comparação entre tecnologias de identificação. .................................................23
Tabela 2.3 – Características e aplicações das faixas de frequência populares em RFID. ........27
Tabela 2.4 – Formato de um código EPC.................................................................................41
Tabela 4.1 – Pontos fortes das faixas de frequência HF e UHF para RFID............................. 66
Tabela 4.2 – Tags selecionadas para os testes. ......................................................................... 68
Tabela 4.3 – Características das tags selecionadas para os testes. ........................................... 69
Tabela 4.4 – Leitoras selecionadas para os testes.....................................................................71
Tabela 4.5 – Antenas selecionadas para os testes..................................................................... 72
Tabela 5.1 – Níveis de potência do sinal em cada posição de gancho do aparato ...................80
Tabela 5.2 – Resultado do teste de cada combinação de leitora e tag no aparato ....................84
Tabela 5.3 – Resultado do teste de carga com antenas laterais ................................................ 88
Tabela 5.4 – Resultado do teste de carga com antenas na vertical...........................................89
Tabela 5.5 – Resultado do teste de estresse.............................................................................. 89
LISTA DE TERMOS E ABREVIATURAS
AAR – Sigla para Association of American Railroads. Associação da indústria ferroviária dos
EUA.
ANSI – Sigla para American National Standards Institute. É uma organização privada sem
fins lucrativos que administra e coordena o sistema de conformidade e padronização dos
EUA.
CONTRAN – Acrônimo para Conselho Nacional de Trânsito do Brasil do Brasil.
dB – Abreviatura para Decibel, que é uma unidade logarítmica de medida que expressa a
magnitude de uma grandeza física relativa a um determinado nível de referência.
dBm – Ganho em decibéis relativo a uma referência de 1 miliwatt.
CI – Circuito Integrado.
CRC16 – sigla para o termo em inglês Cyclic Redundancy Check, ou verificação de
redundância cíclica. É um código detector de erros que gera um valor expresso em 16 bits em
função de um bloco maior de dados.
DoD – Sigla para Department of Defense. Departamento de defesa dos EUA.
DSP – Sigla para Digital Signal Processor. Processador digital de sinais.
EAN – Sigla para European Article Numbering. Padrão de simbologia de código de barras
usado na europa.
EAS – Sigla para Electronic Article Surveillance. Tecnologia para identificar roubo de
produtos em lojas de varejo.
EIRP – Sigla para Effective Isotropic Radiated Power. É uma medida da potência da antena
de uma leitora usada nos Estados Unidos, normalmente expressa em Watts. EIRP = 1.64 ERP.
EPC – Sigla para Electronic Product Code. Padrão para identificação única de produtos na
cadeia de suprimentos.
ERP – Sigla para Effective Radiated Power. É uma medida da potência da antena usada na
Europa, normalmente expressa em Watts.
ETSI – Sigla para European Telecommunications Standards Institute. Organização
independente cuja missão é definir e regulamentar padrões de telecomunicações na Europa.
FCC – Sigla para Federal Communications Commission. Agência ligada ao congresso dos
EUA para regular as comunicações via radio, televisão, cabo e satélite nos EUA.
GPRS – Sigla para General Packet Radio Service. Melhoria do sistema 2.5G para o sistema
GSM que usa a tecnologia de transmissão por chaveamento de pacotes de dados.
HF – Sigla para High Frequency. Faixa de alta frequência que compreende a faixa de 3 MHz
a 30 MHz, sendo 13.56 MHz a frequência típica usada em RFID nesta faixa.
HTTP – Acrônimo para Hypertext Transfer Protocol. Protocolo de transferência de
hipertexto, utilizado para sistemas de informação distribuídos e colaborativos.
Inlay – Uma tag completamente montada em um substrato, ainda não pronta para o uso.
Inlet – Um inlay.
ISM – Sigla para Industrial, Scientific, and Medical. Sigla para a faixa de frequência de 2.4
GHz que é aceita mundialmente para uso em equipamentos da área industrial científica e
médica.
ISO – Sigla para International Organization for Standardization. A ISO é uma entidade não
governamental formada por rede dos institutos nacionais de padrões de 46 países, na base de
um membro por país, com secretariado sediado em Genebra, na Suíça.
Joint venture – Associação de empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos,
para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade
jurídica.
Lean – Palavra de origem inglesa cuja tradução literal é “enxuto”. Este termo vem sendo
utilizado como uma metodologia para melhoria da eficiência de processos baseada na
eliminação de tudo que for desnecessário ou que não agregue valor.
LF – Sigla para Low Frequency. Faixa de baixa frequência que compreende a faixa de 30 kHz
a 300 kHz, sendo 125kHz a frequência típica usada em RFID nesta faixa.
OCR – Optical Character Recognition. Termo em inglês que significa reconhecimento óptico
de caracteres.
POS – Ponto de venda ou ponto de serviço, do inglês: Point of Sale.
RF – Sigla para Rádio frequência.
RFID – Sigla para Identificação por Radiofrequência.
SINIAV – Sigla para Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos.
SKU – Sigla para Stock Keeping Unit. Unidade de manutenção em estoque.
SO – Sigla para Sistema operacional.
Tag – Etiqueta eletrônica que contém um microchip.
Transponder – uma tag que pode atuar tanto como transmissor como receptor. Na prática, é
comum usar transponder como sinônimo de tag.
UCC – Sigla para Uniform Code Council. Organização que administrava o UPC nos EUA.
UHF – Sigla para Ultra High Frequency. Faixa de altíssima frequência que compreende a
faixa de 300 MHz a 3 GHz, sendo 915 MHz a frequência típica usada em RFID para sistema
UHF passivos nos EUA e Brasil, e 868 MHz na Europa. Para sistemas ativos, as frequências
típicas são 315 MHz e 433 MHz.
UPC – Sigla para Uniform Product Code. Sistema popular de código de barras usado nos
EUA.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 14
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................15
1.2 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO.........................................................................15
2 RFID................................................................................................................................... 17
2.1 PROPRIEDADES DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS ......................................... 18
2.2 COMPARAÇÃO COM OUTRAS TECNOLOGIAS ..................................................... 22
2.3 ORIGEM DO RFID .........................................................................................................24
2.4 FAIXAS DE FREQUÊNCIA E TIPOS DE ACOPLAMENTO ..................................... 26
2.5 TAGS ............................................................................................................................... 29
2.6 LEITORAS ...................................................................................................................... 31
2.7 ANTENAS ....................................................................................................................... 33
2.8 PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DE RFID ......................................................................35
2.9 PADRÕES E PROTOCOLOS......................................................................................... 38
2.10 APLICAÇÕES DE RFID ................................................................................................42
3 SUPRIMENTO ENXUTO ............................................................................................... 46
3.1 FALTA DE ESTOQUE ...................................................................................................47
3.2 PRODUÇÃO EM MASSA.............................................................................................. 49
3.3 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO.......................................................................... 51
3.4 SUPRIMENTO ENXUTO...............................................................................................55
3.5 SEIS SIGMA ENXUTO .................................................................................................. 59
4 PROJETO DAS PRATELEIRAS INTELIGENTES.................................................... 61
4.1 METODOLOGIA UTILIZADA PARA PROJETO E TESTES ..................................... 61
4.1.1 Definição das variáveis técnicas de RFID .................................................................62
4.1.2 Análise das variáveis técnicas e da aplicação ........................................................... 63
4.1.3 Escolha dos componentes e equipamentos ................................................................ 63
4.1.4 Definição dos testes a serem realizados e critérios de avaliação .............................64
4.1.5 Realização dos testes ................................................................................................... 64
4.1.6 Análise dos resultados.................................................................................................64
4.2 DEFINIÇÕES PRELIMINARES ....................................................................................64
4.2.1 Produto a ser monitorado...........................................................................................65
4.2.2 Frequência de operação .............................................................................................. 66
4.2.3 Padrão e protocolo ......................................................................................................67
4.3 ESCOLHA DOS COMPONENTES E EQUIPAMENTOS ............................................67
4.3.1 Tags...............................................................................................................................68
4.3.2 Leitoras.........................................................................................................................70
4.3.3 Antenas.........................................................................................................................71
4.3.4 Infra-estrutura de testes ............................................................................................. 72
4.4 DEFINIÇÃO DOS TESTES............................................................................................ 74
4.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO...................................................................................... 75
5 TESTES .............................................................................................................................76
5.1 TESTE PARA ESPECIFICAÇÃO DO LAYOUT DAS PRATELEIRAS ..................... 76
5.2 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE ..................................................................................... 77
5.3 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE RUÍDO DE RF NO AMBIENTE ................................. 78
5.4 MEDIÇÃO DO NÍVEL DE POTÊNCIA NA ÁREA DE COBERTURA...................... 79
5.5 TESTE DE POSICIONAMENTO E ORIENTAÇÃO DAS TAGS................................81
5.6 TESTES DE CARGA ......................................................................................................86
5.6.1 Testes com antenas nas laterais do móvel ................................................................. 87
5.6.2 Testes com antenas na parte superior e inferior do móvel......................................88
5.7 TESTE DE ESTRESSE DO PROTÓTIPO DA PRATELEIRA ..................................... 89
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 93
ANEXOS ................................................................................................................................. 96
ANEXO A – FABRICANTES DE PRODUTOS PARA RFID .......................................... 97
ANEXO B – FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE RFID............................................... 98
ANEXO C – TRABALHO APRESENTADO NO WIRELESS SYSTEMS
INTERNATIONAL MEETING 2010................................................................................... 99
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
metodologia dos testes a serem realizados para avaliarem o seu desempenho e a viabilidade de
aplicação em um Sistema Enxuto. Em seguida, serão apresentadas as várias etapas
desenvolvidas para a escolha dos componentes mais adequados para as prateleiras inteligentes
com RFID, chegando à concepção do protótipo final que será usado nos testes.
Os testes serão abordados no Capítulo 5, que apresentará todos os procedimentos
realizados para verificar o desempenho do protótipo desenvolvido, bem como todos os
resultados dos testes realizados.
As conclusões deste trabalho e perspectivas de trabalhos futuros serão
apresentadas no Capítulo 6.
17
2 RFID
μ 0 = 4π x 10 −7 H .m −1
10 −9
ε 0 = 8,854 x 10 −12 ≈ F .m −1
36π
e μr e εr são os valores relativos (μr = εr = 1 no vácuo).
Existem várias soluções para as equações de Maxwell e todas elas representam
campos que poderiam ser reproduzidos na prática. Entretanto, todas elas podem ser
representadas como um somatório de ondas planas, que representam a solução variante no
tempo mais simples possível (SAUNDERS; ARAGON, 2007), conforme mostrado na Figura
2.1.
19
Ε = E0 e j ( wt − kz ) xˆ
Η = H 0 e j ( wt − kz ) yˆ
Figura 2.2 – Regra da mão direita para identificar a direção do vetor de Poynting
Η = H 0e[ j ( wt − kz ) −αz ] yˆ
21
Na Tabela 2.1 são apresentadas as expressões para α e k que se aplicam tanto para
um meio sem perdas como para um meio com perdas.
Tabela 2.1 – Expressões para α e k para meios com perdas e sem perdas.
n = ck/w em Expressão exata Isolante Condutor
todos os casos (σ/ωε)2 « 1 (σ/ωε)2 » 1
μ∈⎡ ⎤
2
Constante de σ ⎞ σ μ ωμσ
⎛
⎢ 1+ ⎜ ⎥
atenuação ω ⎟ − 1 ≈ ≈
α [m-1] 2 ⎢ ⎝ ω ∈⎠ ⎥ 2 ∈ 2
⎣ ⎦
μ∈⎡ ⎤
2
Número σ ⎞ ωμσ
⎛
⎢ 1+ ⎜ ⎥
de onda ω ⎟ + 1 ≈
k [m-1] 2 ⎢ ⎝ ω ∈⎠ ⎥ ≈ω μ∈ 2
⎣ ⎦
Impedância jωμ μ ωμ
da onda ≈ ≈ (1 + j )
Z [Ω] σ + jω ∈ ∈ 2σ
Comprimento 2π 2π 2
de onda ≈ ≈ 2π
λ [m] k ω μ∈ ωμσ
Velocidade ω 1 2ω
de fase ≈ ≈
ν [m.s-1] k μ∈ μσ
eletromagnética (FINKENZELLER, 2003). A região entre a antena até o ponto onde o campo
eletromagnético está se formando é denominada de campo próximo (near field) da antena. A
partir do ponto onde o campo eletromagnético está totalmente formado e se separa da antena,
é chamado de campo distante (far field). Na região do campo próximo, a intensidade do
campo magnético decai com a distância em 60 dB por década de distância, já que a
intensidade do campo decai com a distância d pela relação de 1/d3. No campo distante, esta
taxa cai para 20 dB por década, já que a intensidade do campo passa a variar com a distância
pela razão de 1/d, pois nessa região se dá apenas a atenuação do espaço livre..
1
Reconhecimento óptico de caracteres, do inglês Optical Character Recognition
2
A velocidade de leitura considera o processo completo, incluindo o tempo para pegar o produto e orientá-lo, se
necessário.
24
3
A especificação S-918 define 10 frequências entre 902,25 e 921,5 MHz com potência de transmissão de 2
Watts nas leitoras.
26
RFID usa ondas de rádio que estão geralmente entre as frequências de 30 kHz e
5.8 GHz (LAHIRI, 2005). Conforme os sistemas foram evoluindo e os padrões foram
estabelecidos, algumas faixas mais específicas foram adotadas para utilização. As faixas de
frequência mais comumente encontradas são 125/134 kHz, 13,56 MHz, 860-960 MHz e 2,4-
2,45 GHz. Leitoras e tags na faixa de 900 MHz e em 2,4 GHz são ambas da banda de ultra-
alta frequência (UHF), que termina formalmente em 3 GHz, mas para fazer uma distinção
conveniente entre os dois, as leitoras e tags de 900 MHz são normalmente chamados de
dispositivos de UHF, enquanto as de 2,4 GHz são conhecidas como leitoras de microondas
(DOBKIN, 2008). Na Figura 2.3 é ilustrado o espectro de frequência usado em RFID e os
tipos de acoplamento usuais para cada faixa.
A forma de transmissão do sinal de RFID é particular para cada faixa de
frequência. Isto implica que diferentes aplicações podem exigir diferentes frequências e,
conseqüentemente, equipamentos distintos.
27
Baixas frequências são ideais em situações onde a tag precisa ser lida através de
materiais que contenham líquidos ou partes metálicas. Com o aumento da frequência, as
ondas de rádio passam a ter um comportamento semelhante ao da luz, ou seja, elas não
passam com facilidade por alguns materiais e são refletidas por alguns outros. Sinais na faixa
de UHF são facilmente absorvidos por líquidos 0, já que a profundidade pelicular δ diminui
com o aumento da frequência, conforme visto no item 2.1. Isso se constitui em um dos
grandes desafios da indústria de RFID/UHF. As principais características e aplicações para
cada faixa de frequência são mostradas na Tabela 2.3.
Cada país possui uma entidade regulatória do uso das faixas de frequência,
incluindo a concessão de faixa, o nível de potência permitido em cada faixa, tipo de
modulação, etc. No Brasil, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é o órgão
responsável por regular o uso de radiofrequência. Nos Estados Unidos, é a Federal
Communications Commission (FCC), vários países da comunidade européia são regidos pela
European Telecommunications Standards Institute (ETSI), e assim por diante.
O ambiente regulatório mundial na faixa de 860-960 MHz é muito complexo.
Conforme pode ser observado na Figura 2.4, cada país fez escolhas diferentes de uso desta
faixa para acomodar a operação da telefonia celular e outras aplicações importantes. Por outro
lado, a banda de 2,4-2,45 GHz é disponível para operação sem licença em praticamente todo
lugar, apesar de apresentar mais interferência por causa da sua utilização excessiva.
2.5 TAGS
Uma tag de RFID é um dispositivo que pode armazenar e transmitir dados para
uma leitora sem a necessidade de contato, usando ondas de rádio (LAHIRI, 2005).
Usualmente, a tag também é chamada de transponder, derivado dos termos em inglês
transmitter e responder (transmissor e respondedor) (MANISH; SHAHRAM, 2005). O
propósito de uma tag de RFID é anexar fisicamente a um objeto os dados pertinentes a ele.
Desta forma, pode-se chamar a tag de etiqueta eletrônica.
Fisicamente, uma tag passiva é formada por um microchip conectado a uma
pequena antena. Tipicamente, este arranjo é montado em um substrato de plástico ou papel. A
tag neste formato bruto é chamada de inlay ou inlet e posteriormente pode ser transformada
em etiquetas, cartões ou outro formato que melhor se adapte ao tipo de aplicação final. Na
Figura 2.5 é mostrada a representação de uma tag.
Figura 2.5 – Componentes de uma tag e uma etiqueta inteligente na sua forma final
As tags semi-ativas (ou semi-passivas) usam uma bateria interna para alimentar o
circuito do microchip, mas, para comunicação, retiram energia do sinal originado na leitora.
Este tipo de projeto permite o aumento do alcance de leitura que pode chegar a 30 metros em
condições ideais usando a modulação refletida (backscatter) em UHF e microondas. A
energia extra permite também uma memória com maior capacidade de armazenamento e mais
poder de processamento (LAHIRI, 2005).
Cada tipo de tag apresenta uma necessidade mínima de energia para responder
adequadamente à leitora. Dependendo do tipo e do padrão aos quais ela pertença, existe uma
especificação neste sentido. Por exemplo, Sweeney (2005) descreve que a energia mínima
necessária para ler uma tag EPC é na ordem de 100 microwatts ou -10 dBm.
2.6 LEITORAS
Figura 2.7 – Leitora UHF (esquerda) e leitora de HF com sua antena em circuito impresso
33
2.7 ANTENAS
polarização circular seja usada na leitora, a onda irá interagir com uma antena linear da tag
disposta em qualquer ângulo no plano perpendicular ao eixo de propagação, mas em todo
caso, apenas metade da potência do sinal transmitido será recebida, já que a polarização
circular é dividida nas componentes vertical e horizontal em cada instante de tempo. Portanto,
antenas com polarização circular devem ser usadas apenas quando não for possível garantir a
orientação da tag, como mostrado na Figura 2.8.
Figura 2.8 – Polarizações lineares (esquerda) e circular interagindo com uma tag linear
Em RFID, duas antenas são cruciais: a(s) antena(s) da leitora e a antena da tag.
Elas operam sob os mesmos princípios, mas os desafios práticos entre elas são bastante
distintos, relacionados principalmente com custo e tamanho. Segundo Dobkin (2008),
enquanto uma boa antena de UHF para uma leitora custa em torno de US 150,00, uma tag
completa, incluindo microchip, antena, substrato, montagem e teste, tem um preço alvo de
US$ 0,05 para aplicações de alto volume em cadeias de suprimento. O tamanho da antena da
tag também é bastante limitado. Normalmente, as aplicações em cadeias de suprimentos
exigem tags minúsculas, mas o tamanho para a ressonância natural, que é metade do
comprimento de onda, é cerca de 16 cm para a faixa de 915 MHz.
As antenas de LF e HF são basicamente utilizadas em aplicações com
acoplamento indutivo. Neste caso, as antenas são basicamente bobinas. A tensão induzida em
uma bobina é proporcional ao número de espiras, tamanho, e frequência de operação. Em 115
kHz, uma antena de tag típica usa pouco mais de 100 espiras para produzir a tensão necessária
para alimentar seu microchip. Em 13 MHz, uma tag típica do tamanho de um cartão de
crédito precisa de 3 a 6 espiras para produzir alguns volts a alguns centímetros de distância
(DOBKIN, 2008). Alguns exemplos de tags e antenas são mostrados na Figura 2.9.
35
Figura 2.11 – Representação dos sistemas full duplex, half duplex e sequencial no tempo
Sistemas de RFID em que a distância entre a leitora e a tag é maior que 1 metro
são chamados de sistemas de longo alcance (FINKENZELLER, 2003). Estes sistemas operam
tipicamente na faixa de UHF e podem utilizar o acoplamento eletromagnético refletido
(backscatter). A energia que a tag precisa é fornecida pelo campo eletromagnético emitido
pela leitora, que gera uma tensão alternada na antena da tag e, então, esta tensão é retificada.
De acordo com Finkenzeller (2003), dada a frequência f, a distância r entre a leitora e a tag, o
ganho da antena da leitora GT e o ganho da antena da tag GR, a perda aF no trajeto em espaço
livre é dada por:
Portanto, se uma tag que consome 50μW de energia estiver numa configuração
em que a perda no espaço livre é de 40 dB, precisaria de uma leitora que transmitisse uma
potência de PS = 0,5W EIRP (Effective Isotropic Radiated Power).
Para transmitir dados para a leitora, a tag reflete parte do sinal recebido,
modulando-o através de uma carga resistiva (ou capacitiva), como mostrado na Figura 2.13.
Figura 2.15 – Família de padrões para cartões inteligentes com e sem contato
Os padrões ISO 14443 e 15693 foram criados na década de 90 para sistemas que
operam em 13,56 MHz. Eles foram bastante utilizados em cartões sem contato para aplicações
de controle de acesso e de bilhetagem eletrônica em ônibus urbanos. Em Fortaleza, a empresa
Fujitec 4 ainda utiliza esta tecnologia nos sistemas implantados em várias cidades no Brasil e
Colômbia. A NXP (spin-off da Philips), Infineon (spin-off da Siemens) e a Texas Instruments
desenvolveram vários componentes para fabricação de tags e de leitoras nestes padrões.
A série ISO 18000 é de particular interesse para as aplicações relacionadas à
cadeia de suprimentos, pois ela é dividida em várias partes para definir o padrão dos
parâmetros de interface aérea em cada faixa de frequência onde RFID é usada. A parte 6 trata
da interface aérea na faixa de 860-930 MHz, definida inicialmente pelos padrões ISO 18000-
6A e -6B. Entretanto, estes padrões são incompatíveis entre si e incompatíveis com os padrões
4
O autor trabalhou na Fujitec de 2001 a 2003.
40
definidos pela EPCglobal, causando alguns problemas entre sistemas. No final de 2004, a
GS1 e a ISO iniciaram um plano de unificar os padrões de interface aérea, que finalizou em
2006 com a definição da especificação EPC Classe I Geração 2 (conhecida como Gen2) como
o padrão de interface aérea na norma ISO 18000-6C (GLOVER; BHATT, 2006).
Como já foi apresentada na seção 2.3, a GS1 surgiu a partir da união das
administradoras mundiais dos padrões de códigos de barras para a cadeia de suprimentos.
Atualmente, a EPCglobal é o sistema global de padrões administrado pela GS1 que combinam
RFID, infra-estrutura de redes de comunicação e o EPC, permitindo a identificação imediata
de um produto em toda a cadeia de suprimentos no mundo (GS1 PRODUCTS, 2010). A GS1
está presente em 108 países, inclusive no Brasil (GS1 OVERVIEW, 2010).
Nos primeiros protocolos de leitura de tags, o ruído presente no sinal captado
pelas antenas das leitoras eventualmente conseguia atuar aleatoriamente até formar um código
válido pelo protocolo, mas que de fato não correspondia a uma tag real. Isto é o denominado
de tag fantasma.
Um mapa de memória de uma tag é a estrutura de dados que define como os bytes
estão organizados fisicamente na memória que compõe o chip da tag. Normalmente, a
memória é dividida em bancos, que são compostos por um grupo específico de bytes com
características específicas de acesso, funcionalidades e procedimentos de escrita e/ou leitura.
Os padrões EPC classe 0 e classe I apresentam algumas fragilidades. Tags
fantasmas surgiam nas leituras (devido ao fraco algoritmo de checagem de erro), alta
interferência quando mais de uma leitora está presente na mesma área e incompatibilidade de
mapas de memórias entre as tags. O padrão EPC Classe I Geração 2, ou simplesmente Gen2,
trouxe uma série de benefícios, além da unificação dos padrões, conforme descreve Dobkin
(2008):
Cada vez mais, as aplicações de RFID vêm se disseminando nos mais diversos
ramos de atividade da indústria e dos serviços. Algumas áreas já utilizam esta tecnologia há
algum tempo e apresentam vários exemplos de aplicações. Com a evolução da RFID e dos
dispositivos que compõem os sistemas, além do aumento da oferta de provedores de
equipamentos e soluções, novas áreas de aplicação começam a surgir. Conforme Lahiri
(2005) classifica, as aplicações de RFID podem ser divididas em dois blocos: as aplicações
prevalecentes e as aplicações emergentes.
As aplicações prevalecentes são aquelas já bem disseminadas e são divididas nos
seguintes tipos: rastreamento de itens, controle e monitoração de inventário, gerenciamento e
monitoração de patrimônio, sistemas antifurto, pagamento eletrônico, controle de acesso e
sistemas anti-falsificação.
No rastreamento de itens, estes recebem uma tag contendo um identificador
único, que é lido em determinados pontos de checagem à medida que o item se desloca pelos
lugares e/ou fases do processo, permitindo saber a data e a hora da passagem por estes pontos,
além de possibilitar a inserção de dados adicionais sobre o processo. As aplicações típicas
deste tipo são: rastreamento de bagagem nas companhias aéreas, gerenciamento da cadeia de
suprimentos e rastreamento de materiais perigosos. Exemplos dessas aplicações são:
rastreamento de bagagens na British Airlines em 1999 e na Delta Airlines em 2003, gerando
uma precisão de até 99%, comparado com apenas 85% com códigos de barras; exigência de
rastreamento de produtos em nível de paletas na rede Wal-Mart em 2005 e na rede Metro na
Alemanha (CAMPBELL et al., 2006); sistema de rastreamento de produtos químicos
implantado pela IBM em suas fábricas em Vermont, Nova Iorque e Quebec (LAHIRI, 2005);
rastreamento de corredores em competições esportivas (FINKENZELLER, 2003).
Na monitoração e controle de inventário, os itens a serem monitorados recebem
uma tag contendo um identificador único. Periodicamente, ciclos de leitura são realizados
para identificar a presença ou ausência de cada item do inventário. Exemplos dessas
aplicações são: prateleiras inteligentes (a serem mais detalhadas a seguir) e gerenciamento de
inventário de peças em fábricas de automóveis e de aviões (LAHIRI, 2005).
No gerenciamento e monitoração de patrimônio, os bens de patrimônio a serem
monitorados recebem uma tag contendo um identificador único. Periodicamente, ciclos de
43
5
Ponto de venda ou ponto de serviço, do inglês: Point of Sale.
44
controle de acesso a empresas, o controle de acesso com RFID em aplicações com maior grau
de segurança pode fazer o uso de tags aplicadas sob a pele dos usuários, como é o caso do
anúncio descrito por Lahiri (2005), feito pelo governo do México em 2004 para controlar o
acesso dos empregados ao seu centro de computação de 30 milhões de dólares.
Uma grande aplicação com RFID no Brasil que envolve um pouco de cada um
dos conceitos das aplicações já descritas é o SINIAV – Sistema Nacional de Identificação de
Veículos. Ele fará parte da vida de todo proprietário de veículos em breve. O SINIAV foi
criado pela resolução nº 212/2006 do CONTRAN e alterado pela resolução nº338/2009 do
mesmo órgão, publicada em março de 2010 (CONTRAN, 2010). Entre os objetivos deste
sistema, estão: acompanhamento do ciclo de vida do veículo, fiscalização urbana, gestão de
trânsito, fiscalização rodoviária, recuperação de veículos, gestão de meios de pagamento,
seguro de veículos, transporte de cargas e logística. A faixa de frequência escolhida é entre
915 e 928 MHz, no padrão ISO 18000-6C. As tags devem ser lidas com o veículo em
movimento em velocidade de até 160 Km/h. Apesar da resolução não restringir o uso de tags
passivas, o desempenho especificado provavelmente só deverá ser atingido com tags semi-
passivas.
3 SUPRIMENTO ENXUTO
Sigma corrige. Da mesma forma, a metodologia Seis Sigma existe fundamentalmente para
reduzir defeitos, mas ao fazer isso, normalmente permite que a empresa opere mais rápido.
O Sistema Enxuto usa o tempo como a principal métrica de interesse. O tempo
para se fazer uma tarefa, o prazo que leva entre o pedido e a entrega, o tempo de espera de um
cliente, etc. Apesar de não estar envolvido com a criação da metodologia enxuta, Benjamin
Franklin criou a célebre frase: “tempo é dinheiro” 6. Ela é bastante pertinente no contexto do
Sistema Enxuto.
Neste trabalho, é proposta a utilização de RFID como a base tecnológica para o
sistema de Suprimento Enxuto de um determinado produto. Para melhor entender esta
abordagem, os tópicos deste capítulo abordarão os princípios de gerenciamento de estoque,
enfocando o indicador diretamente relacionado, bem como a metodologia enxuta, desde o seu
surgimento baseado na produção em massa de automóveis, até sua evolução para o Sistema
Enxuto Seis Sigma, passando pelo sistema Toyota de Produção.
6
Texto de Benjamin Franklin: Advice to a Young Tradesman, de 1748. Disponível em:
http://www.historycarper.com/resources/twobf2/advice.htm
48
Caso os produtos corretos não sejam entregues aos pontos de venda adequados no
prazo devido e na quantidade correspondente à demanda, a perda potencial no ponto de venda
(canal de distribuição) pode ser enorme. Segundo Farris et al. (2006), os fatores que
dificultam para o suprimento atender à demanda são:
Ser listado por uma rede de vendas significa que a central de compras autorizou a
distribuição de uma marca, SKU ou produto no nível da loja. Por vários motivos, ser listado
nem sempre garante a presença na prateleira. Gestores locais podem não aprovar a
distribuição ou, ainda, um produto pode ter sido distribuído, mas está esgotado.
FE é normalmente expresso como uma porcentagem. Deve ser observado se um
percentual de falta de estoque é baseado numa distribuição numérica geral, na porcentagem de
lojas de uma dada rede que distribuem o produto ou em outros fatores de controle de estoque.
A utilização de prateleiras inteligentes com a tecnologia de RFID pode contribuir
para o Suprimento Enxuto a partir deste índice. Com este sistema, é possível identificar
antecipadamente a falta de um determinado produto, definindo uma quantidade mínima na
qual o seu reabastecimento na prateleira deve ser realizado, evitando que o produto chegue a
faltar no ponto de venda.
7
Matéria da revista Exame, disponível em http://portalexame.abril.com.br/internacional/m0127514.html
52
8
Kanban é uma palavra japonesa que significa registro ou placa visível. É um sistema de sinalização para
identificar as necessidades de uma fase do processo [Ohno, 1997].
9
Qualidade intrínseca [Ohno, 1997].
53
10
Palavra japonesa que significa nivelar a programação da produção em termos de volume e variedade [Ohno,
1997]
54
a) Produção em excesso – Produzir itens para os quais não há pedido, gerando perdas de
excesso de pessoal envolvido, armazenagem e custos de transporte por excesso de
inventário;
b) Espera ocupada – Operários ficando apenas "assistindo" uma máquina automática ou
esperando o próximo passo de um processo, ferramenta, peça, etc., ou apenas ficando sem
trabalho por falta de trabalho, atrasos de processamento, parada de equipamentos e
gargalos de capacidade;
c) Transporte desnecessário - Levar trabalhos inacabados por longas distâncias, gerando
transporte ineficiente, ou transportar peças, materiais ou bens acabados para armazenagem
ou entre processos;
d) Processamento em excesso ou incorreto – Fazer passos desnecessários para processar as
peças, devido a projeto de produto ou ferramenta de baixa qualidade, causando
movimentação desnecessária e produzindo defeitos. Perdas são também geradas quando se
provê qualidade de produto acima da necessária;
e) Inventário em excesso - Excesso de matéria prima, partes incompletas ou partes acabadas,
gerando prazos mais longos, obsolescência, produtos danificados, custos de transporte e
armazenagem e atrasos. Os excessos de inventário (estoque) também escondem problemas
55
Fora da Toyota, TPS passou a ser conhecido como “Sistema Enxuto” (do termo
em inglês Lean System) (RUFFA, 2008). A produção “enxuta” é, na verdade, um termo
cunhado no final dos anos 80 pelos pesquisadores do International Motor Vehicle Program –
IMVP, um programa de pesquisas ligado ao MIT, para definir um sistema de produção muito
mais eficiente, flexível, ágil e inovador do que a produção em massa; um sistema habilitado a
enfrentar melhor um mercado em constante mudança. Na verdade, produção enxuta é um
termo genérico para definir o Sistema Toyota de Produção (TPS).
James Womack et al. (2003) definem e descrevem os princípios do Sistema
Enxuto:
56
a) Valor – Este é o ponto de partida crucial para a abordagem enxuta. O valor só pode ser
bem definido pelo cliente final. Agregar valor significa atuar no que é realmente
importante para o cliente do processo ou produto;
b) Cadeia de valor – É o conjunto de todas as ações específicas necessárias para levar um
produto ou processo através das três tarefas cruciais de gerenciamento de qualquer
negócio: resolução do problema, gerenciamento da informação e transformação física. Isto
significa identificar claramente quais etapas do processo de fato agregam e quais não
agregam valor;
c) Fluxo – Após o valor ser precisamente definido e a cadeia de valor para um determinado
produto ser identificada, eliminando as etapas desnecessárias, o próximo passo é fazer as
etapas que realmente agregam valor fluírem. Isto significa manter a cadeia de valor
funcionando da melhor forma, sem desperdícios e atrasos;
d) Puxada – Significa fazer apenas o que o cliente realmente precisa e somente na hora que
ele precisa, ou seja, a produção é “puxada” pela necessidade do cliente;
e) Perfeição – à medida que uma empresa especifica o valor mais precisamente, identifica
toda a cadeia de valor, torna esta cadeia fluindo continuamente e permite que os clientes
puxem o valor que eles precisam da empresa, os quatro princípios anteriores interagem
entre si em um ciclo virtuoso. Cada um dos princípios ajuda a melhorar os demais,
gerando uma busca pela perfeição.
a) Mudança rápida – As mudanças nos processos devem ser realizadas de forma rápida e
eficiente, como na técnica SMED (Single Minute Exchange of Dies), utilizada para a troca
rápida de moldes de estampagem de folhas de aço. Este mesmo conceito se aplica a vários
tipos de serviços na indústria;
b) 5S – é uma metodologia para criar e manter um ambiente de trabalho organizado, limpo e
seguro. Os 5S se referem a Ordenar (Sort), guardar (Store), Limpar (Shine ou Sweep),
padronizar (Standardize) e disciplinar (Sustain);
c) 5 porquês: ferramenta na qual se pergunta o porque de cinco formas diferentes, para
garantir que a raiz do problema seja completamente entendida. Eles são perguntados de
forma sequencial: sintoma, alegação, culpado, origem e causa raiz;
d) Mapa de variáveis do processo – Também conhecido como mapa de entrada/saída, é uma
representação gráfica do processo. Ele é tipicamente usado como ferramenta básica para
identificar todas as entradas em um processo;
e) Sistemas de puxada e Kanban – Como já descritos, estes sistemas fazem com que somente
seja processado e produzido algo quando o processo cliente demandar, que é sinalizado
através do Kanban;
f) Controle estatístico do processo – Ferramenta para checar o que está sendo controlado no
processo em um dado momento, utilizando gráficos de controle;
g) Gráficos de controle – São gráficos usados para testar se um processo é estável e está sob
controle, apresentando uma média consistente e uma variação previsível;
h) Poka Yoke – é uma ferramenta de controle para tornar o processo à prova de erros,
garantindo que uma atividade não seja executada de forma errada. A equipe deve ser
capaz de rastrear a série de eventos que podem levar a um defeito e colocar um controle
no ponto mais próximo do início desta cadeia;
a) Em tempo real;
b) Precisa.
59
Conforme define George (2003), Seis Sigma é uma metodologia que maximiza o
lucro da empesa através de uma taxa mais rápida de melhoria em: satisfação do cliente, custo,
qualidade, velocidade do processo e capital investido. Seis Sigma estabelece o padrão de
qualidade de admitir apenas 3,4 problemas em 1 milhão de oportunidades. Nesta abordagem,
a fusão entre Sistema Enxuto e Seis Sigma é necessária porque o Sistema Enxuto não oferece
o controle estatístico do processo e o Seis Sigma isoladamente não consegue melhorar
significativamente a velocidade de um processo ou reduzir o capital investido. Segundo
George (2002), a sinergia do Sistema Enxuto com o Seis Sigma juntos tem ajudado as
empresas a reduzirem o custo de qualidade em 20% e o inventário em 50% em menos de 2
anos.
A metodologia Seis Sigma não criou novas técnicas ou ferramentas. Pyzdek
(2003) mostra que Seis Sigma usa métodos já consolidados e treina um pequeno grupo de
líderes técnicos da própria empresa, nomeados de Faixas pretas (Black Belts) Seis Sigma, para
serem altamente gabaritados na aplicação destas técnicas, em que algumas delas são altamente
avançadas. Estas ferramentas são aplicadas em um modelo de melhoria de desempenho
simples, conhecido como DMAIC, da sigla para Define-Measure-Analyze-Improve-Control,
descritas da seguinte forma:
a) Define – Definir as metas da atividade de melhoria;
b) Measure – Mensurar o sistema existente;
c) Analyze – Analisar o sistema para identificar maneiras de eliminar a lacuna entre o
desempenho atual e a meta pretendida para o sistema ou processo;
d) Improve – Melhorar o sistema;
e) Control – Controlar o novo sistema.
60
Os eventos kaizen também são aplicados no Seis Sigma. Quando eles são
aplicados para avançar rapidamente através das 5 fases da estratégia de ruptura Seis Sigma
DMAIC, os eventos kaizen são denominados Sigma kaizen (RUFFA, 2008).
Segundo George (2002), o princípio de Pareto (que define que a maioria dos
problemas – 80% ou mais – são advindos de poucas causas vitais – 20% ou menos das fontes
possíveis) é utilizado no sistema Enxuto Seis Sigma para definir as fontes de atraso de um
processo que serão foco de suas ferramentas. Este é o princípio do Seis Sigma Enxuto: as
atividades que causam problemas críticos de qualidade e criam os maiores atrasos nos
processos oferecem as maiores oportunidades de melhorias em custo, qualidade, capital e
prazo.
George, Rowlands e Kastle (2003) definem os quatro fundamentos do Seis Sigma
Enxuto, também representados na Figura 3.3:
Projetar e implementar uma solução prática de RFID não é uma tarefa simples
porque não existe uma solução geral em RFID. Cada problema apresenta características
únicas. Conforme descreve Lahiri (2005), várias variáveis devem ser consideradas e avaliadas
para se chegar à melhor composição que atenda cada situação em particular. Os testes em um
sistema que implementa a tecnologia de RFID também apresentam uma importância crucial
para uma avaliação efetiva da solução.
Ainda segundo Lahiri (2005), algumas das variáveis técnicas que devem ser
consideradas no projeto e implementação de soluções em RFID são:
a) Frequência de operação
b) Tags
c) Leitoras
d) Antenas
e) Itens a receber os tags
f) Condições de operação
g) Padrões
h) Fornecedores
i) Software de aplicação e hardware
62
Nesta fase, cada variável descrita no item 4.1.1 será analisada e serão definidas as
características necessárias de cada uma delas para atender aos objetivos propostos para este
trabalho. Será definida a frequência de operação a ser utilizada no estudo de caso, serão
pesquisadas, avaliadas e escolhidas as características necessárias para os modelos de tags,
leitoras e antenas, bem como o estudo do tipo de produto a receber as tags, para que se possa
avaliar o impacto que as características dele possa ter no ambiente de radiofrequência.
Também serão definidos os padrões e protocolos a serem adotados no projeto. Estas
definições preliminares serão descritas no item 4.2.
Esta fase terá início com a definição dos testes a serem realizados, juntamente
com os critérios de avaliação de cada um dos resultados obtidos. Os testes serão definidos em
termos de tipo de teste, procedimento a ser realizado, condições de realização do teste,
resultados esperados e resultados a serem extraídos de cada um deles.
A partir dos resultados obtidos na fase anterior, será realizada uma análise
detalhada de todos os testes realizados, avaliando o desempenho dos componentes individuais
e do sistema como um todo, para se chegar a uma conclusão sobre os objetivos definidos para
este trabalho, avaliando se eles foram plenamente atingidos.
11
Instituto Atlântico é uma empresa privada sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento de projetos de
pesquisa e desenvolvimento, localizada em Fortaleza-CE: www.atlantico.com.br.
12
Os membros do grupo de engenharia do Instituto Atlântico que participaram deste projeto de pesquisa foram:
Wagner Bezerra e Edmilson Moreira, além do autor desta dissertação.
66
Tabela 4.1 – Pontos fortes das faixas de frequência HF e UHF para RFID.
Frequência Vantagens
• Maturidade da tecnologia
• Uniformidade do campo
• Desempenho satisfatório com líquidos
• Desempenho satisfatório com metais
HF • Padronização de frequência em vários países
13,56 MHz • Pouca utilização da faixa do espectro
• Permite alta densidade de produtos durante a leitura
• Boa tolerância à leitura na presença de várias tags
• Pouca influência do posicionamento da tag
• Baixo custo da leitora
• Tendência de mercado
• Boa velocidade de leitura de várias tags
UHF • Maior faixa de alcance de leitura
900-930 MHz • Maior diversidade de formato das tags
• Menor preço da tag
• PREFERÊNCIA DO CLIENTE DO PROJETO
67
4.3.1 Tags
As tags a serem testadas foram escolhidas entre as que atendiam aos seguintes
critérios:
Modelo Fabricante
Frog UPM Raflatec
DogBone UPM Raflatec
AD-420 Avery Dennison
AD-812 Avery Dennison
Omni Squiggle ALL-9460 Alien Technology
Ninja Omron
4.3.2 Leitoras
Os critérios de seleção das leitoras aplicados neste estudo de caso foram baseados
em um relatório de comparação de desempenho elaborado por Deavours (2006), na lista de
leitoras certificadas EPC elaborada pela EPCglobal (2007) e na disponibilidade das leitoras no
fornecedor 13. Entre as leitoras certificadas de melhor desempenho para rastreamento em nível
de item, juntamente com a disponibilidade no fornecedor dos produtos, foram compradas as
leitoras Mercury4 do fabricante ThingMagic, ALR-9800 da Alien Technologies e a XR440 da
Symbol (que agora é Motorola), apresentadas na Tabela 4.4.
A leitora Mercury4 da ThingMagic possui 4 portas para antenas, na configuração
bi-estática, ou seja, cada porta possui conectores para duas antenas: uma dedicada para
transmissão e outra para recepção, que são usualmente montadas em um mesmo invólucro.
Portanto, esta leitora pode ser conectada a até 8 antenas. Esta leitora possui um servidor com
o protocolo HTTP que disponibiliza uma interface para configuração, status e diagnóstico. O
sistema operacional desta leitora é o Linux, baseado no kernel 2.4, juntamente com o sistema
operacional de tempo real MercuryOS que roda no DSP para a aplicação de leitura das tags.
Devido ao tamanho das antenas, apenas duas portas foram utilizadas.
A leitora Alien ALR-9800 apresenta 4 portas para antenas na configuração multi-
estática, na qual cada antena é usada para transmitir e receber em períodos alternados.
Entretanto, seu funcionamento é parecido com a configuração bi-estática, já que suas antenas
são sempre usadas em pares: uma está transmitindo enquanto outra está recebendo o sinal. As
portas 1 e 2 formam um par para conexão das antenas e as portas 3 e 4 formam o segundo par.
Isto significa que quando a porta 1 está transmitindo o sinal de RF, a porta 2 está recebendo o
sinal oriundo das tags; quando a porta 2 transmite, a porta 1 recebe. As portas 3 e 4 atuam da
mesma forma como o par de portas 1 e 2. Esta leitora também possui um servidor com o
protocolo HTTP e também utiliza o Linux como sistema operacional. O fabricante também
oferece uma aplicação simples de varredura de tags para esta leitora.
A leitora XR440 da Symbol apresenta características similares às da leitora
Mercury4 da ThingMagic, em termos da quantidade de portas e da configuração bi-estática
para as antenas. Esta leitora também dispõe de um servidor HTTP para configuração e usa o
sistema operacional Windows CE.
13
Todas as leitoras, antenas e tags foram adquiridas da loja virtual disponível em: www.buyrfid.com.
71
4.3.3 Antenas
Para tornar o sistema menos susceptível a problemas de orientação das tags, todas
as antenas escolhidas para utilização com as leitoras foram do tipo de polarização circular,
devido à sua capacidade de trabalhar melhor com arranjos não-orientados de tags.
Devido às configurações dos cabos de conexão entre as leitoras e as antenas,
também foram escolhidas as antenas do mesmo fabricante das leitoras escolhidas, evitando a
necessidade de adaptadores, conforme mostrado na Tabela 4.5.
As antenas da ThingMagic e da Symbol são antenas bi-estáticas, sendo que cada
uma é formada por duas antenas circulares: uma com polarização circular para a esquerda e a
outra com polarização circular para a direita. Devido ao tamanho, apenas duas de cada foram
necessárias para cobrir a área das prateleiras, ao mesmo tempo que utilizavam as quatro saídas
das leitoras. Este arranjo duplo de antenas circulares (uma à direita e outra à esquerda)
permite que um mesmo ponto no campo de leitura receba coberturas diferentes de cada
antena, já que as componentes verticais e horizontais de cada antena serão distintas.
72
frequência de interesse, bem como interferências que podem ocorrer nesta mesma frequência
ou em suas harmônicas. Nos testes, foi utilizado o analisador de espectro digital modelo FSP7
da Rohde&Schwarz, que possui faixa de frequência de 9 kHz a 7 GHz, largura de banda de
resolução de 1 Hz a 10 MHz e nível de ruído médio apresentado de -155 dBm.
Para utilizar o analisador de espectro, é necessário acoplar o sinal de interesse em
sua entrada. No caso de um sinal de RF, é necessário acoplar uma antena que seja compatível
com a faixa de RF a ser analisada. Para os testes realizados, foi utilizada a antena de celular
do fabricante Procom, modelo MU 901/1801/UMTS-MMS. Esta antena apresenta faixa de
frequência de 880-960 MHz, ganho de 0 dB, polarização vertical e impedância de 50 Ohms.
Como todas as leitoras apresentavam interface Ethernet para conexão em rede, foi
utilizado um computador com conexão de rede Ethernet para realizar a configuração das
leitoras através de um navegador com protocolo HTTP, bem como para execução da
aplicação de teste das leitoras.
Também foi utilizado um multímetro com um termopar para medição da
temperatura do ambiente. O modelo utilizado foi o multímetro digital Fluke 179, juntamente
com o termopar FE 80BK-A, também da Fluke.
Para os testes iniciais de disposição dos produtos em relação às antenas, foi
projetada uma estrutura simples de madeira com ganchos de acrílico para simular prateleiras
de lojas de varejo no estilo de gôndolas com ganchos. A escolha dos materiais do aparato foi
feita para diminuir a interferência que eles pudessem apresentar no sinal de RF.
Os ganchos de acrílico foram feitos com 30 cm de comprimento, podendo
suportar até 6 cartuchos de tinta em suas embalagens. O aparato foi feito a partir de uma
lâmina de madeira com furos na lateral para permitir o ajuste de altura em relação às antenas
laterais, que eram fixas, conforme mostrado na Figura 4.2.
Os ganchos foram fixados ao longo da lâmina, formando uma grade com 4 fileiras
e cinco colunas, apresentando uma distância horizontal e vertical de 5 cm entre as embalagens
dos cartuchos e 10 cm de distância horizontal mínima entre os cartuchos e as antenas.
74
De acordo com a EPCGlobal, a potência mínima necessária para ler tags EPC é -
10 dBm (SWEENEY, 2005). Portanto, este será o critério para avaliar o nível de interferência
do ruído do ambiente. Caso o ruído esteja abaixo deste parâmetro, o ruído poderá ser
considerado aceitável, já que não será capaz de energizar a tag. Também baseado nesta
especificação, este será o nível mínimo de sinal aceitável nos locais onde os produtos estarão
posicionados com as tags, já que, se o sinal das antenas for captado nestes locais com níveis
acima deste parâmetro, a tag do produto poderá ser lida.
No processo de leitura das tags, foi definido que pelo menos 50% das tentativas
de leitura devem ser bem sucedidas para considerar que a tag está presente na zona de leitura,
sendo este critério baseado na figura TornOn Value estabelecida pela EPCglobal para
determinar o alcance satisfatório de resposta de uma tag ou grupo de tags (BROWN, 2007).
Portanto, os testes realizados nesta pesquisa com os componentes de RFID
começam com os testes de posicionamento das tags nas embalagens dos produtos. A tag que
atingir o melhor índice de leitura será a escolhida para ser usada nas prateleiras inteligentes,
juntamente com a posição na embalagem em que este índice foi atingido. Da mesma forma, a
leitora e as antenas foram escolhidas baseado neste mesmo critério.
76
5 TESTES
Este teste foi executado durante pelo menos dez minutos, três vezes ao dia, sem
nenhuma leitora de RFID ligada. Com isto, foi possível observar se havia alguma fonte
espúria de RF gerando qualquer perturbação durante algum período do dia e também verificar
o nível de ruído presente na sala.
O primeiro passo foi garantir que as leitoras não estavam fornecendo nenhum
sinal para suas antenas. Outra antena móvel omnidirecional foi ligada a um analisador de
espectro e colocada no centro das prateleiras. O analisador foi configurado com parâmetros de
frequência central, faixa e nível de referência de amplitude definidos para 915 MHz, 50 MHz
e 10 dBm, respectivamente. Então, foi registrado o pico de potência de sinal de RF durante
um intervalo de dez minutos, como mostrado no Gráfico 5.1.
Este teste foi realizado para medir o nível de sinal em cada posição do aparato de
madeira onde os cartuchos de tinta seriam colocados nos ganchos de acrílico, já que as tags
precisam de um nível mínimo de sinal para serem energizadas e enviarem seus dados à
leitora. Este teste foi útil para identificar se haviam zonas nulas no campo eletromagnético
emitido pelas antenas das leitoras. Os passos para executar este teste foram:
a) Duas antenas foram fixadas em cada lado do aparato experimental de madeira, frente a
frente, como mostrado na Figura 4.2. Para configurações de antenas bi-estáticas, como é o
caso das leitoras Mercury4 e XR440, as antenas transmissoras foram colocadas em um
lado e as antenas receptoras foram colocadas do outro;
b) O analisador de espectro com a antena UHF foi ajustado para frequência central de 915
MHz, faixa de varredura de 50 MHz e o nível de amplitude de referência foi ajustado para
10 dBm, com a função de captura de nível máximo ativada;
c) A leitora foi ligada e a função de leitura de tags foi ativada, como mostrado no Gráfico
5.2;
d) A antena UHF do analisador de espectro foi colocada em cada posição onde seriam
colocados os cartuchos de tinta, como mostrado na Figura 5.1.
Gráfico 5.2– Leitora desligada (esq.) e ligada (dir.), detectados pelo analisador de espectro
O nível de sinal foi medido e o valor de pico foi registrado em cada posição. Este
procedimento foi aplicado para cada leitora.
80
leitora Alien ALR-9800 apresentou níveis de potência de sinal maiores próximo às antenas,
sem apresentar nenhum valor negativo, se mostrando também mais uniforme. A leitora
Mercury4 não apresentou um comportamento uniforme em relação a sua potência radiada. A
configuração das antenas da leitora Mercury4 no aparato foi da seguinte forma: uma antena
transmissora na lateral superior esquerda emitindo para uma antena receptora na lateral
superior direita e uma antena transmissora na lateral inferior esquerda emitindo para uma
antena receptora na lateral inferior direita. A leitora XR440 apresentou um comportamento
similar ao da leitora Mercury4. A diferença nos resultados se deve aos diferentes arranjos de
antena: um transmissor na lateral superior direita emitindo para um receptor na lateral inferior
esquerda e um transmissor na lateral superior direita emitindo para um receptor na lateral
inferior esquerda. Com estes resultados, é possível perceber que os campos das leitoras com
configuração de antenas multi-estática são muito mais uniformes que os campos das leitoras
com configuração bi-estática. O comportamento do sinal de RF para a leitora Alien, que
apresentou o melhor desempenho, pode ser visto no Gráfico 5.3.
O objetivo principal deste teste foi selecionar a melhor combinação entre leitora e
modelo de tag, como também o melhor posicionamento da tag na embalagem. Esta foi feita
baseada nas taxas de leitura de cada arranjo.
No momento de realização deste teste, apenas dezoito amostras de cartuchos de
tinta estavam disponíveis no laboratório. O pequeno número de amostras não permitiu a
realização de um teste de carga que pudesse reproduzir um ambiente real com altas taxas de
colisão de leitura que normalmente acontecem no momento que as tags iniciam seu processo
de resposta à leitora. Isto também limitou a avaliação das respostas em um ambiente muito
denso de tags, já que a proximidade entre elas pode interferir nas suas respostas. Para simular
um ambiente com uma população mais densa de tags, decidiu-se que todas as amostras seriam
83
distribuídas em uma única linha de ganchos no aparato de testes e 100 leituras seriam
executadas. Em seguida, as amostras ocupariam a linha inferior do aparato e outro ciclo de
leituras seria feito. Isto foi replicado para todas as quatro linhas do aparato, permitindo uma
simulação de 72 amostras no total (18 tags x 4 linhas).
Os passos para a execução do teste foram:
a) Duas antenas foram posicionadas em cada lado do aparato experimental, uma de frente
para a outra. Para as configurações bi-estáticas (Mercury4 e XR440), as antenas
transmissoras foram colocadas em um lado e as receptoras do outro;
b) A leitora foi conectada ao laptop onde era executada a aplicação de teste e foi ligada;
c) Cada uma das dezoito amostras de produtos teve uma tag de mesmo modelo colocada em
sua embalagem, com o posicionamento e orientação iniciais de acordo com a figura
acima;
d) As dezoito caixas foram distribuídas em uma única linha de ganchos no aparato. Quatro
amostras foram colocadas no primeiro, terceiro e quinto ganchos. O segundo e o quarto
ganchos receberam apenas três amostras cada;
e) Os parâmetros da aplicação de testes foram ajustados para a leitora em uso, com o número
de leituras ajustado para 100. O processo de leitura foi então iniciado;
f) O número de vezes que cada tag respondeu foi registrado;
g) Os produtos foram trocados de linha no aparato e outro ciclo de 100 leituras foi
executado. Isto aconteceu para todas as linhas, como mostrado na Figura 5.3.
uma tag como detectada na zona de leitura é que ela tenha respondido pelo menos 50% das
leituras executadas pela leitora.
A leitora ALR-9800 da Alien apresentou um desempenho muito bom com as tags
AD-812 e Ninja colocadas sem rotação na aba superior da embalagem, permitindo a leitura de
todas as tags. Este posicionamento de tags para o arranjo de antenas da Alien permitiu uma
alta taxa de leitura. Poucas leituras falsas foram captadas. A taxa de leitura e a quantidade de
tags detectadas caíram quando as tags foram rotacionadas em 90 graus. O pior caso ocorreu
com o modelo de tag Ninja posicionada na aba e rotacionada em 90 graus, o que mostra uma
alta sensibilidade à orientação desta tag. O resultado dos testes para esta leitora com o
posicionamento das tags na lateral das embalagens não foi satisfatório.
A melhor taxa de leitura com a leitora Mercury4 foi atingida com a tag Frog
rotacionada em 90 graus, mas mesmo assim, apenas 67 amostras foram detectadas. Mesmo
com uma taxa de leitura menor, foram detectadas 70 tags do modelo ALL-9460 (Omni-
Squiggle), o que, para o controle de estoque em prateleiras, é mais interessante. O pior
resultado dos testes para esta leitora ocorreu com a tag Ninja rotacionada de 90 graus na aba.
A leitora XR440 apresentou seu maior número de detecções, 69, com a tag Ninja
na lateral direita sem rotação e também apresentou a melhor taxa de leitura. O pior
desempenho desta leitora aconteceu com a tag Ninja na aba rotacionada em 90 graus.
99,94
100,00 93,81
84,03
80,00 72 70 69
60,00
Média de
leituras por
40,00 tag
Tags
20,00 detectadas
0,00
ALR-9800 com Mercury4 com XR440 com
AD-812 na aba ALL-9460 (90°) Ninja na lateral
No Gráfico 5.4 é mostrado o melhor resultado para cada leitora. As tags menores,
AD-812 e Ninja, apresentaram um bom desempenho, mas a AD-812 é menos sensível à
orientação e, portanto, mais interessante para controle de estoque em prateleiras. Os
86
resultados das duas tags mostraram-se semelhantes enquanto não houve rotação da tag, mas
com 90 graus de rotação, o desempenho da tag Ninja caiu bastante. As tags maiores, ALL-
9460 e Frog, tiveram resultados equivalentes entre si, mas suas dimensões não justificariam
seu uso.
As leitoras bi-estáticas, XR440 e Mercury4, mostraram-se inadequadas para
aplicações que exijam um alto grau de densidade de tags. A única leitora que detectou todas
as amostras em todas as posições do aparato de testes foi a ALR-9800 da Alien. Esta leitora
também apresentou a melhor taxa de leitura, 99,94% de acertos por tag.
A melhor combinação para uma aplicação de controle de estoque de produtos em
prateleiras foi atingida com a leitora ALR-9800 da Alien e a tag AD-812 posicionada na aba
superior da embalagem, sem rotação.
O critério de leitura foi o mesmo dos testes anteriores: o número de leituras bem
sucedidas dividido pelo número total de tentativas deve ser igual a 50 por cento, no mínimo,
para considerar a tag presente. Por motivos de confidencialidade, o algoritmo de leitura não
poderá ser descrito nesta dissertação, pois está sendo patenteado pelo cliente que solicitou este
estudo de caso.
Neste teste, todas as 89 tags foram detectadas na zona de leitura e cada tag
respondeu, em média, 99,9775% das 100 leituras executadas. Nenhuma tag fantasma foi
detectada.
Este teste é similar ao teste anterior, alterando apenas a posição das quatro
antenas, que agora foram distribuídas na parte de cima e de baixo, ficando duas em cada parte.
Após os mesmos 100 ciclos de leitura, os resultados foram os mostrados na
Tabela 5.4:
89
Neste teste, todas as 89 tags foram detectadas na zona de leitura e não houve
nenhuma falha nas respostas de todas as tags. Nenhuma tag fantasma foi detectada.
No teste de carga com 15.000 ciclos de leitura, todas as 89 tags foram detectadas
na zona de leitura e cada tag respondeu, em média, 99,9997% das 100 leituras executadas.
Nenhuma tag fantasma foi detectada.
91
6 CONCLUSÃO
ser disponibilizada em tempo real para toda a cadeia de suprimentos até a produção, isto
comprova que a tecnologia de RFID pode ser uma forte aliada para sistemas de Suprimento
Enxuto.
Entre as contribuições deste trabalho, está a realização de um estudo bastante
abrangente sobre a tecnologia de RFID, apresentando uma compilação de vários livros de
referência, artigos recentes e sítios eletrônicos relacionados à tecnologia de RFID e também
sobre o sistema de Suprimento Enxuto.
Também há uma contribuição com a realização da prova de conceito de utilização
da faixa de frequência UHF no rastreamento em nível de produto, já que a maioria dos casos
documentados de UHF é relativa à aplicação desta faixa de frequência apenas em blocos de
produtos, como containeres e paletas.
Outra contribuição deste trabalho está no processo de validação do sistema
proposto, no qual um protótipo do sistema de prateleiras inteligentes foi construído para
verificar o índice de cobertura do sistema projetado, seguindo uma metodologia de validação
e testes incrementais, concluindo com um teste de carga.
Por fim, a contribuição final deste estudo de caso foi servir como base para a
implementação de um produto para a empresa que solicitou esta pesquisa, que já está sendo
instalado em fase experimental em alguns pontos de venda em São Paulo.
A partir do estudo de caso realizado, trabalhos futuros podem ser desenvolvidos
tanto para melhorar o sistema proposto, como para utilizar a idéia em outras aplicações. Cada
tipo de produto que apresente características distintas do produto que foi utilizado neste
estudo de caso necessita de outro processo de análise para que seja aplicada a tecnologia de
RFID, já que a composição, o tamanho e a disposição dos produtos podem interferir com o
sinal de RF.
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALIEN, IMPINJ, INTEL, SYMBOL, XTERPRISE, AND ADT TYCO & FIRE SECURITY.
RFID and UHF: A Prescription for RFID Success in the Pharmaceutical Industry. 2006.
DIAS, João Carlos Quaresma. Logística Global e Macrologística. Edições Sílabo, 2005.
DOBKIN, Daniel. The RF in RFID - Passive UHF RFID in Practice. Elsevier, 2008.
FARRIS, Paul W.; BENDLE, Neil T.; PFEIFER, Phillip E.; REIBSTEIN, David J..
Marketing Metrics. Wharton School Publishing, 2006.
Ford T, primeiro carro do mundo produzido em série, faz cem anos. Disponível em
<http://www.webmotors.com.br/wmpublicador/Antigos_Conteudo.vxlpub?hnid=40636>.
Acesso em: 14 jul. 2010.
GEORGE, Michael. Lean Six Sigma for Service. McGraw-Hill Osborne Media, 2003.
GEORGE, Michael; ROWLANDS, David; KASTLE, Bill. What is Lean Six Sigma?
McGraw-Hill Osborne Media, 2003.
HUBER, Nicholas; MICHAEL, Katina. Vendor Perceptions of How RFID can Minimize
Product Shrinkage in the retail Supply Chain. IEEE Syscon, 2009.
LEE, Young M.; CHENG, Feng; LEUNG, Ying Tat. Exploring the Impact of RFID on
Supply Chain Dynamics. Proceedings of the 2004 Winter Simulation Conference, 2004.
O’CONNOR, Mary. Gen2 EPC Protocol Approved as ISO 18000-6C. RFID Journal, 2006.
Disponível em: <http://www.rfidjournal.com/article/articleview/2481/1/1/>. Acesso em: 11
jul. 2010.
ODIN. Pharmaceutical Item Level RFID: Battle of the Frequencies. 2006. Disponível em:
<http://www.odintechnologies.com/odinstore.html>. Acesso em: 31 de jul. 2010.
OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de Produção. Artes Medicas Sul, Porto Alegre, 1997.
OSONO, Emi; SHIMIZU, Norihiko; TAKEUCHI, Hirotaka. Extreme Toyota. John Wiley &
Sons, 2008.
PYZDEK , Thomas. The Six Sigma Handbook. McGraw-Hill Osborne Media, 2003.
95
SCHONBERGER, Richard J.. Best Practices in Lean Six Sigma Process Improvement.
John Wiley & Sons, 2007
STIGALL, Randy. Integrating RFID with Plastic Products and Packaging. NPE: 2006.
Disponível em <http://www.plasticsindustry.org/files/industry/scitech/rfid/rfid-stigall-
062206.pdf>. Acesso em: 31 de jul. 2010.
SWEENEY, Patrick. RFID For Dummies. Jonh Wiley & Sons Inc., primeira edição, 2005.
TECHREPUBLIC. UHF Gen2: Deep and Wide, Near and Far. 2008. Disponível em
<http://whitepapers.techrepublic.com.com/abstract.aspx?kw=UHF&docid=1184053>. Acesso
em: 31 de jul. 2010.
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.. Lean Thinking. Free Press, segunda edição, 2003.
WOMACK, James P.; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. The Machine That Changed the
World: The Story of Lean Production. Free Press, segunda edição, 2007.
96
ANEXOS
97
http://www.accusort.com/
http://www.adt.com/
http://www.alientechnology.com/
http://www.autoassembly.com/
http://www.rfid.averydennison.com/
http://www.awid.com/
http://www.checkpointsystems.com/
http://www.datamaxcorp.com/products/rfid/
http://www.ekahau.com/
http://www.ems-rfid.com/
http://www.feig.de/index.php?lang=en
http://www.hitachi.com/
http://www.impinj.com/
http://www.intermec.com/
http://www.lxe.com/
http://www.maxell.com/
http://www.nxp.com/#/homepage
http://www.powerpaper.com/
http://www.printronix.com/
http://www.rfcode.com/
http://www.savi.com/
http://www.sirit.com/
http://www.cyntag.com/
http://www.motorola.com/Business/US-EN/Business+Product+and+Services/RFID/
http://www.ti.com/rfid/
http://www.ubisense.net/en
http://www.rafsec.com/
http://www.zebra.com/
98
Sistema Enxuto:
¾ www.leanbrasil.com
¾ www.lean.org.br/
¾ iSixSigma (www.isixsigma.com)
¾ iSixSigma Magazine (www.isixsigma-magazine.com)
99
Abstract— This paper presents an analysis of radiofrequency Besides the distribution logistics of retailers, many other
identification, RFID, applied to logistics of distribution of an industry sectors face similar problems and have also being
specific product in its points of sale, focusing on the retailer searching solutions for it. One of the major industries in this
stock, searching for the best efficiency in the replenishment of search is the automotive sector. Toyota stands out in this area
products. One of the key elements of a Lean Supply system is to
achieve a minimum, but satisfactory stock level at each sector of
by having created a very efficient system which inspires many
the whole supply chain, from the factory to the end retailer. By other sectors [4].
controlling the retailer stock level careful and precisely, a very
A. TPS and Lean Supply
efficient supply chain can be achieved. This paper intends to
enable a lean supply system through the application of a smart The most visible product of Toyota's quest for excellence is
shelf with RFID technology, preventing out-of-stock situations. its manufacturing philosophy, called the Toyota Production
As a proof of concept, a smart shelf prototype was developed to System (TPS). TPS is the next major evolution in efficient
investigate the performance of RFID in its state-of-the-art. Some business processes after the mass production system invented
technology fundamentals are explained to ease the understanding by Henry Ford, and it has been documented, analysed, and
of the case study. The challenges involved in a retailer-oriented exported to companies across industries throughout the world.
application are discussed, as well as the architecture proposed as
a solution. The equipments acquired for the tests and the
Outside of Toyota, TPS is often known as "lean" or "lean
experimental procedures applied to choose the best arrangement production" [4].
are described concisely. The final results are presented as tables In the TPS, there are two outer pillars: just-in-time (JIT),
and comparative graphics comprising performance and the probably the most visible and highly publicized characteristic
conditions in which those equipments performed well. The of TPS, and jidoka, which in essence means never letting a
conclusion of this paper shows the achieved performance ratings, defect pass. JIT means removing, as much as possible, the
presenting the feasibility of RFID as an enabling technology in inventory used to buffer operations against problems that may
smart shelves to compose a lean supply system. arise in production. TPS has been referenced as Lean
Production system. The principles of Lean System applied to
Keywords— Radio Frequency Identification (RFID), lean supply chain are called Lean Supply [5].
supply, tag, smart shelf, Electronic Product Code (EPC), supply A fundamental assumption of lean supply is the precision
chain management of the information. The whole work of stock management is
void if the information basis is not consistent. Part of the
I. INTRODUCTION development of a better stock control system is to guarantee
Nowadays, the out-of-stock situation is a major issue in that the information in the system is: in real-time and accurate.
logistics of manufacturers and retailers, leading to enormous Surveys showed that once costumers face stock-out of their
losses possibilities [1]. This knowledge area has some specific favourite product, up to 50 percent of them are ready to buy
terms that are widely used, demanding a brief description of another item in the category, even though the substitute is not
them. from the same manufacturer [6]. Another report presented that
Stock Keeping Unit (SKU) term refers to the storage 14 percent of the customers search other stores for the item
logistics and designates each and every unique stock item. not found, constituting an instantaneous loss for the retailer
They are usually associated with an identification code [2]. [6].
Out-of-Stock term is used under two basic situations: as a
performance index in supply chain management [3] and to B. RFID
describe the situation of the literal meaning. There are many different ways for identifying objects,
The search for solutions to mitigate the occurrence of out- people and animals. Radio Frequency Identification – RFID –
of-stock situation in the points of sale and retailers is being technology offers a mechanism for remote identification of
pursued for a long time, as this problem causes lots of items, requiring much less orientation between reader and
financial losses for everybody involved in the whole supply objects, no need for line of sight and human intervention is
chain of products.
101
dramatically reduced when compared to the other E. EPCglobal
identification methods [7]. Regarding the issues concerned with RFID, there are two
RFID is an automatic identification system that carries main organizations defining the standards (conflicting
information around using radio waves [7]. This technology is sometimes): ISO and Auto-ID Centre, which is now
emerging as the ultimate tool to help supply chain automation. controlled by EPCglobal.
The impact of that automation in shelf replenishment policy is EPCglobal, Inc. (http://www.epcglobalinc.org) was created
really significant [8]. It eases the replenishment processes aiming to establish and support the Electronic Product Code
minimizing human periodic verifications and it also allows (EPC) Network as a global specification to keep a unique
reduced shelf dimensions and a faster and more accurate identification standard for every item manufactured.
backroom and store inventories [9]. EPC is a 96 bit number composed of a header and three
C. Frequency Ranges data sets. Depending on the application specification, there
may be many iterations of EPC [11]. A typical EPC code is
Four frequency ranges are adopted in RFID: LF (Low shown on the Table I.
Frequency, 125-133 kHz), HF (high Frequency, 13.56 MHz),
UHF (Ultra-High Frequency, 862-870 MHz) and microwaves TABLE I
EPC FORMAT
(2.5 GHz / 5.8 GHz) [10].
Electronic Product Code Type 1
D. Main Components 02 0000A69 00012D 000112DE1
The main specific components of a RFID system are: HEADER EPC MANAGER OBJECT CLASS SERIAL NUMBER
(8 bits) (28 bits) (24 bits) (36 bits)
electronic label (called tag), the reader and its associated
antennas, besides the computer which runs the application
software. These are the main components located in the front
II. OBJECTIVES
end of an identification system, like a shop, for instance.
There are two basic types of chip used in RFID tags: read- The main objective of this paper is to verify the feasibility
only and read-write. Depending on the power source, tags can of using a smart shelf system with RFID as a core technology
be classified as active, passive or semi-passive [11]. for a lean supply system. The focus is on retailers supply
Each type of tag presents a minimum power requirement to chain automation, intending to increase shelf replenishment
respond properly to the reader. Depending on the type and the efficiency, avoiding out-of-stock situations.
standard they belong, there is a specification for this The current analysis involves the arrangements of RFID
parameter. For instance, 10 dBm is the minimum power level equipments and the definitions of a prototype layout. As the
required to read EPC tags [12]. underlying technology is radiofrequency (RF), lots of issues
The readers use antennas to send digital coded information regarding interference and performance arise, because each
in a waveform using amplitude modulation or load modulation kind of material can affect the RF signal in a different way.
[10]. The readers can be found in handhelds, mounted in The whole methodology of design and the tests applied to
support brackets or fixed in furniture or walls. validate the smart shelf prototype are also explained. No
A RFID reader can have one or more antennas connected to software solution is evaluated.
it. The typical parameters of a reader are: transmission and
III. SMART SHELF SYSTEM
reception mode and polarization. Transmission modes are:
monostatic, bistatic and multistatic [13]. In monostatic mode, A smart shelf application allows a very accurate inventory
the same antenna transmits and receives signals during the of products by means of automated processes. If any item is
reading cycle. The bistatic type has antennas working in pairs: removed from or added to the shelf, some action of
one always transmits and another always receives. The replenishment or expiration date verification, for instance, can
multistatic system is a mix of the monostatic and the bistatic be applied instantly. A simulation shows that the shelf lost
configurations. Similar to a bistatic interrogator, the sales quantity decrease up to 99 percent with a RFID
multistatic has their antennas working in pairs, but like the automated shelf [8].
monostatic systems, both antennas send and receive signals in In short, the scanning cycle of tagged objects occurs when a
an alternated mode. computerized system requests the reader to communicate with
The polarization of an antenna can be linear or circular. A the tags in the read zone. The reader emits a RF signal through
linear polarized antenna irradiates the signal only in the its antennas to the tags attached on items. The tags send a
propagation direction plane. Linear propagation can be response with their unique numbers back to the reader, so
horizontal, where the propagation runs in parallel to the earth those objects can be identified.
plane, or it can be vertical, where the signal propagates A. Initial Specifications
perpendicularly to the earth plane [14]. If the direction of the
electrical component spins around the propagation axis, the After a deep analysis of the RFID market, some decisions
antenna is circular polarized [15]. had to be made in order to limit the number of variables
involving any RFID item-level application. It was decided to
use only UHF GEN2 equipments to be tested, instead of the
HF inductive coupling systems. This choice was supported by
102
the forecast of the decrease in Gen2 tag prices [16]. The model influenced by the vendor’s information about its best
layout of the shelf was influenced by such those found in performance in noisy RF environments.
department stores. The read performance index was defined to The Alien 9800 presents a monostatic configuration, while
require that at least 50 percent of read attempts had to be Mercury4 an XR440 uses the bistatic setup [13].
successful for considering a tag present in the read zone. This
performance criteria was based on the TornOn Value figure, IV. METHODOLOGY OF TESTS
established by EPCglobal to define the the minimum read The scope of the tests covered some environment analysis,
range of a tag or group of tags [17]. equipment evaluation and tag placement studies. Some simple
preliminary tests were conducted to gather initial data to
B. Tagged Items develop a shelf layout and to define a first approach for tag
The main challenges faced when choosing RFID positioning and orientation. The test procedures applied in this
equipments are related to the physical characteristics of the work were adapted from the ones explained by Dennis E.
items to be tagged. If the product composition contains liquid, Brown [17].
it can absorb the electromagnetic waves. Metal can reflect the All sets of tests were performed in the same environment,
RF signals or even cause a tag antenna detuning [18]. the temperature of the room was kept between 22 and 26
The products chosen to be used in the tests were ink Celsius degrees and the relative humidity was about 70%.
cartridges for printers, which have liquid substances and There were several other electrical and electronics devices
metallic parts which can disturb the communication between working at the room such as computers, telephones, cell
readers and tags using electromagnetic waves. Furthermore, phones and air conditioners, in order to simulate an ordinary
the tags should be placed on the package of the items without environment where shelves usually are located.
covering any information addressed to the final customers.
The packages can be held by hooks and their average volume V. PRELIMINARY TESTS
is about 335 cubic centimeters. Fig. 1 shows the RFID signal Some preliminary tests were performed in order to provide
attenuation process considering the product layout. a good background to determine tag placement and
orientation, as well as to specify the smart shelf design. The
preliminary shelf layout was proposed with about 1 square
meter exposition area which should use a matrix of hooks to
sustain the items.
A. Shelf Layout Specification
Before building the shelf prototype, its layout specifications
had to be validated. To perform some simulations, one reader,
four antennas, 18 items and a wooden table were employed.
All the items were tagged considering the product layout
constraints. The packages were placed on the table, simulating
the hooks positioning, forming columns. Intending to achieve
high read rates, several arrangements were tried, by varying
Fig. 1 RFID Signal Attenuation Process
the tag orientation, the space between columns, the height of
the table and the space between the antennas and the items.
C. RFID Equipments Selection The method was reproduced for all models of tags.
Several aspects must be considered to address the most The arrangement which achieved the highest read rates
suitable RFID equipment combination for a specific defined the layout of the shelf prototype in terms of
application, but basically, there are always three components dimensions, number of hooks, positioning of hooks and
in any architecture. The intelligent part of the system is the positioning of antennas. The material chosen to make the
reader, which contains a control unit that commands a RF hooks was acrylic instead of metal, to avoid RF disturbing.
module as well as the communication with other devices by The prototype sketch can be seen in Fig. 2. It was also defined
using serial and network interfaces. The second are the the initial tag placement.
antennas, responsible for transforming electrical signals into
radio waves and vice versa. The third is the transponder or
tag, which really carries the information around, being
composed of an antenna and an electronic microchip.
The selection criteria of readers applied in this case study
was based on EPC Certified Readers list [19] and a
performance comparison paper [13]. At the time of the
acquisition process, the ThinkMagic Mercury4 and the Alien
9800 were certified by EPCGlobal. Although the Symbol
XR440 was not certified, it was chosen instead of the XR400
103
All 89 tags were detected in the read zone and each tag
replied 14999.9551 times average for 15000 reads executed.
No ghost reads were detected.
VIII. CONCLUSIONS
This paper presents a RFID item-level management
feasibility analysis through the design, implementation and
validation of a smart shelf prototype intended to be used as the
core technology of a lean supply system. Despite of all those
Fig. 5 Best Read Rates by Tag Model
constraints usually found in RF applications, a very successful
solution could be developed. Cutting edge technology in this
area and the latest advances in RFID are breaking the barriers
to achieve results considered impossible some years ago. The
RFID UHF Gen2 standard is pushing the performance of
equipments and components to enable surprising results.
The prototype developed achieved impressive results in the
stress tests, with 99.9997% read rate, and all item packages
tracked. This result can be considered a consistent proof of
feasibility for RFID technology in smart shelf applications.
By using RFID, it is possible to identify the optimum
replenishment point for each SKU to be available in a point of
sale, avoiding out-of-stock situations. The whole supply chain
could be adjusted to work with the minimum stock level
possible, which would also enable a lean production. As the
information precision is guaranteed and data can be made
Fig. 6 Quantity of Detected Tags available in real time for all the players in the supply chain, as
required for such a system [20], RFID technology can be a
very strong ally for lean supply systems.
VII. SHELF PROTOTYPE STRESS TEST
The small amount of item samples used to evaluate the REFERENCES
shelf layout and tag placement was not enough to conduct [1] Nicholas Huber, Katina Michael. Vendor Perceptions of How RFID
can Minimize Product Shrinkage in the retail Supply Chain. IEEE
stress tests. All hooks on the shelf prototype had to be filled Syscon 2009.
with items to validate the performance of readers and tags on [2] DIAS, João Carlos Quaresma - Logística global e macrologística.
a more realistic scenario. For this test, other 71 product Lisboa: Edições Sílabo, 2005.
samples were acquired and added to the previous 18, [3] Paul W. Farris, Neil T. Bendle, Phillip E. Pfeifer, David J. Reibstein.
Marketing Metrics: 50+ metrics..., 2006.
intending to populate all hooks with tagged packages. Only [4] Jeffrey Liker. The Toyota Way. 2003.
[5] Tony Wild. Best practice in inventory management. 2002.
105
[6] Katia Campo, Els Gijsbrechts, and Patricia Nisol. The Impact of Stock-
outs on Whether, How Much and What to Buy, 2000.
[7] Glover, Bill; Bhatt, Himanshu, RFID Essentials, O'Reilly, Sebastopol
CA, 2006.
[8] Young M. Lee, Feng Cheng, and Ying Tat Leung. Exploring the
Impact of RFID on Supply Chain Dynamics. Proceedings of the 2004
Winter Simulation Conference, 2004.
[9] Lakshmi Bhadrachalam, Suresh Chalasani, Rajendra V. Boppana.
Impact of RFID Technology on Economic Order Quantity Models.
IEEE Syscon 2009.
[10] Daniel M. Dobkin. The RF in RFID - Passive UHF RFID in Practice.
Elsevier, 2008.
[11] Klaus Finkenzeller. RFID Handbook: Fundamentals and Applications
in Contactless Smart Cards and Identification. Second edition, 2003.
[12] Patrick J. Sweeney. RFID For Dummies. Jonh Wiley & Sons Inc., First
edition, 2005.
[13] Daniel Deavours. Choosing an EPC GEN2 Interrogator. RFID Journal,
2006.
[14] Carr, Joseph J., Practical Antenna Handbook, 4TH ed, McGraw-Hill,
New York, 2001.
[15] Thomas A. Milligan. Modern Antenna Design. Jonh Wiley & Sons
Inc., Second edition, 2005.
[16] Alien, Impinj, Intel, Symbol, Xterprise, and ADT Tyco & Fire
Security. RFID and UHF: A Prescription for RFID Success in the
Pharmaceutical Industry, 2006.
[17] Dennis E. Brown. RFID Implementation. McGraw-Hill, First edition,
2007.
[18] Philips Semiconductors, TAGSYS, and Texas Instruments Inc. Item-
level Visibility in the Pharmaceutical Supplay Chain: A Comparsion of
HF and UHF RFID Technologies, 2004.
[19] EPCglobal Inc. EPCglobal Certified UHF GEN2 Reader/Readers
Modules, 2007.
[20] Cheung, Y.Y.; Choy, K.L.; Lau, C.W.; Leung Y.K. The Impact of
RFID Technology on the Formulation of Logistics Strategy. PICMET
2008 Proceedings, 2008.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )