Você está na página 1de 26

Análise da Corrente de Curto - Circuito

A Análise da corrente de curto circuito em sistemas de baixa


tensão é necessária para dimensionar corretamente a
proteção do equipamento (disjuntor de proteção) ou da
instalação elétrica (Cabos condutores).

Para realizar a análise, temos que representar o sistema


elétrico da indústria (transformadores e condutores
elétricos) em circuitos unifilares representados por
impedância (Z=R+jωl), onde os valores de R (Resistência)
e Z (impedância) para o transformador são retirados da
tabela I e dos condutores elétricos são retirados da
tabela 22 R(Resistência) e XL (ωl) (reatância indutiva)
(Dimensionamento Pirelli).
2 2 2 2
** OBS. Z=R+jωl e o seu módulo: Z   R    XL    R    l 
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 148
Tipos de Corrente de Curto - Circuito

1. Curto - circuito Monofásico (F-N ou F-T)


VF
Icc 
ZF  Z N Icc - Corrente de curto –
2. Curto – circuito Bifásico (F-F) circuito;
VL VF – Tensão de Fase;
Icc  VL – Tensão de Linha;
2  Z FF ZF – Impedância de Fase;
3. Curto – circuito Trifásico (F-F-F) ZN – Impedância de Neutro;
VL
Icc 
3  Z FF
Dentre estes curto -circuitos o pior caso é o curto – circuito
trifásico (produz a maior intensidade nominal de corrente de
curto – circuito).
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 149
Corrente de Impulso
No momento do curto – circuito, a corrente sofre uma alteração
brusca de intensidade e após um determinado instante de
tempo ela retorna ao seu estado nominal. Para isso temos
um fator de correção denominado fator de impulso, que é
referente a assimetria da corrente ao período transiente.
R
3,03
fi  1,02  0,98  e XL Onde:
IK= Corrente de Impulso do Curto
I K  2  fi  Icc Circuito presumido;
Icc = Corrente de curto – circuito;
fi = fator de assimetria;
Icc= Corrente de curto-circuito;
R = resistência total do percurso do
transformador até o ponto de curto –
circuito;
XL = Reatância indutiva total do
percurso do transformador até o
ponto de curto – circuito;

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 150


Impedância do Transformador

Tabela I – Impedância dos Transformadores – catálogo WEG

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 151


Exemplo de Cálculo de Impedância
Transformador – 150 kVA
R% VL2 1, 4 3802
RT     3
 13, 48m 
100 PT 100 150.10
Z % VL2 3,5 3802
ZT     3
 33, 69m 
100 PT 100 150.10
2 2 2 2
Z   R    XL    R    l 
2 2 2 2
XLT  ZT  RT   33, 69m   13, 48m   30,88m

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 152


Exemplo de Cálculo de Impedância
Transformador – 500 kVA
R% VL2 1,1 3802
RT     3
 3,18m 
100 PT 100 500.10
Z % VL2 4,5 3802
ZT     3
 12,90m 
100 PT 100 500.10
2 2 2 2
Z   R    XL    R    l 
2 2
XLT  ZT 2  RT 2  12,9m    3,18m   12,50m

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 153


Impedância dos Condutores
Utilizando a Tabela 22 (Dimensionamento Pirelli)

Cabo de 10mm2 RC  2,19  XLC  0,13 


km km
Cabo de 35mm2 RC  0, 63  XLC  0,11 
km km
Cabo de 120mm2 RC  0,19  XLC  0,10 
km km

2 Cabo de 120mm2 em paralelo RC  0, 095  XLC  0, 05 


km km

3 Cabo de 120mm2 em paralelo RC  0, 063  XLC  0, 033 


km km

4 Cabo de 120mm2 em paralelo RC  0, 0475  XLC  0, 025 


km km

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 154


Exemplo de Aplicação
Curto – circuito no Quadro de Distribuição Geral - QDG

Impedância do Transformador:
R % VL2 1,5 3802
RT     3
 2,17 m 
100 PT 100 1000.10
Z % VL2 5 3802
ZT     3
 7, 22m 
100 PT 100 1000.10
2 2
XLT  ZT 2  RT 2   7, 22m    2,17m   6,89m
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 155
Exemplo de Aplicação
Impedância do Condutor:
1 Cabo de 240mm2:
RC  0, 094  XLC  0, 098 
km km

3 Cabo de 240mm2 em paralelo com 10m de comprimento:

RC  0, 0313  XLC  0, 0327 


km km
10
RC  0, 0313   313  0,313m
1000
10
XLC  0, 0327   327   0,327 m
1000

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 156


Representação do sistema

Z F  ( RT  jXLT )  ( RC  jXLC )
Z F  2,17 m  j 6,89m  0,313m  j 0, 327m  2, 483m  j 7, 217m
2 2 2 2
ZF   R    XL    2, 483m    7, 217m   7, 63m
VL 380
Icc    30,34kA
3  ZF 3   7, 23 10 
3

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 157


Corrente de Curto presumida

Fator de Assimetria:
R
3,03
XL
fi  1, 02  0,98  e
2,483 m
3,03
7,217 m
fi  1, 02  0,98  e
fi  1,365

Corrente Máxima de Curto –Circuito presumido


I K  2  fi  Icc
I K  2 1,365  30,34  103
I K  58,57kA O disjuntor deve suportar este valor de
intensidade de curto circuito
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 158
Especificação do disjuntor pela corrente de
curto - circuito

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 159


Exemplo de Aplicação 2
 Curto Circuito no Centro de Controle de Motores -CCM

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 160


Exemplo de Aplicação 2

Impedância até o QDG:


R  2, 483m e XL  7, 217 m

Impedância do Cabo de 185mm2 (tabela 22):

RC  0,12  XLC  0, 094 


km km
Impedância do cabo para comprimento de 100m:

100 100
RC  0,12   12m XLC  0, 094   9, 4m
1000 1000

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 161


Exemplo de Aplicação

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 162


Exemplo de Aplicação 2
Z F  ( RT  jXLT )  ( RC  jXLC )
Z F  2, 483m  j 7, 217 m  12m  j 9, 4m  14, 483m  j16, 617 m
2 2 2 2
ZF   R    XL   14, 483m   16, 617m   22, 04m
VL 380
Icc    9,95kA
3  ZF 3   22, 04 10 
3

Fator de Assimetria:
R 14,483 m
3,03 3,03
XL 16,617 m
fi  1, 02  0,98  e  1, 02  0,98  e
fi  1, 09
Corrente Máxima de curto – circuito presumido:
I K  2  fi  Icc  2 1, 09  9,95 103
I K  16,34kA
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 163
Especificação do disjuntor pela corrente de
curto - circuito

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 164


Classificação dos Disjuntores

 Características dos Disjuntores:


• Número de Pólos:
 Monopolares ou unipolares
 Bipolares
 Tripolares
• Tensão de Operação:
 Disjuntores de Baixa Tensão (até 1000V)
I. Minidisjuntores
II. Disjuntores em Caixa Moldada
III. Disjuntores Abertos
 Disjuntores de Média e Alta Tensão (acima de 1000V)
I. Vácuo
II. Ar comprimido
III. Óleo
IV. SF6

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 165


Classificação dos Disjuntores

 1) NBR NM 60898: disjuntores especialmente projetados


para serem manipulados por usuários leigos, ou seja, para
uso por pessoas não qualificadas e para não sofrerem
manutenção (normalmente instalações residenciais ou
similares)
 2)NBR IEC 60947-2: disjuntores para serem manipulados
por pessoas qualificadas, ou seja, com formação técnica, e para
sofrerem ajustes e manutenção (normalmente instalações
industriais ou similares).
• Disjuntores Térmicos: proteção contra sobrecarga;
• Disjuntores Magnéticos: proteção contra curto circuito;
• Disjuntores Termomagnéticos: proteção contra sobrecarga e
curto circuito. Podem ter ajuste do valor da proteção térmica e
da proteção magnética de atuação.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 166
Classificação dos Disjuntores

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 167


Curva Característica do Disjuntor

Curvas características de disparo:


• Curva B : Para proteção de circuitos que alimentam cargas com
características predominantemente resistivas, como lâmpadas
incandescentes, chuveiros, torneiras e aquecedores elétricos, além
dos circuitos de tomadas de uso geral.
• Curva C : Para proteção de circuitos que alimentam especificamente
cargas de natureza indutiva que apresentam picos de corrente no
momento de ligação, como microondas, ar condicionado, motores
para bombas, além de circuitos com cargas de características
semelhantes a essas.
• Curva D : Para proteção de circuitos que alimentam cargas
altamente indutivas que apresentam elevados picos de corrente no
momento de ligação, como grandes motores, transformadores, além
de circuitos com cargas de características semelhantes a essas.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 168
Curva Característica do Disjuntor

Curva B Curva C Curva D

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 169


Característica do Disjuntor

Corrente nominal (IN) do disjuntor: valor comercial do disjuntor.


Correntes estipuladas: 6 – 10 – 16 – 20 – 25 – 32 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100
– 125 A.
Corrente convencional de não funcionamento: valor para o qual o
disjuntor não deve funcionar durante o tempo convencional.
Corrente convencional de funcionamento: valor para o qual o
disjuntor deve funcionar antes de terminar o tempo convencional.
Poder de corte : corrente máxima de curto-circuito que o disjuntor é
capaz de interromper sem se danificar. Os valores normalizados são: 1,5
– 3 – 4,5 – 6 – 10 KA.
Tempo convencional: 1hora para IN≤ 63A e 2horas para IN≥ 63A.
Corrente Corrente convencional Corrente convencional de Poder de corte Tempo
Nominal de não funcionamento funcionamento (I2) (Pdc) convencional
(In) (Inf )
16 A 18 A (1,13 x In) 23 A (1,45 x In) 6 KA 1h
63A 71A (1,13 x In) 91 A (1,45 x In) 6 KA 2h

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 170


Característica do Disjuntor
Disjuntores Prediais e Comerciais (Catálogo Siemens):
Corrente Corrente Tensão Sobrecarga Curto Circuito Corrente Corrente de Corrente
Nominal nominal nominal (Térmico) (Magnético) Nominal (A) Curto (A) máxima de
(In) (A) máxima Atuação interrupção -
(V) Icu (KA)
3VF17 160 690 Fixo Fixo 50 600 40 – 70

LXD 600 600 Fixo Ajustável 500 3000 a 6000 40

NXD 1200 600 Fixo Ajustável 1000 5000 a 10000 40

Disjuntores Industriais (Catálogo Siemens):


Corrente Corrente Tensão Sobrecarga Curto Circuito Corrente Corrente de Corrente
Nominal nominal nominal (Térmico) (Magnético) Nominal (A) Curto (A) máxima de
(In) (A) máxima Atuação interrupção -
(V) Icu (KA)
3VL17 160 690 Ajustável Fixo 40 a 63 600 40 – 70

3VL37 250 690 Ajustável Ajustável 160-200 1000 a 2000 40 – 70 - 100

3VL87 1600 690 Ajustável Ajustável 0,4 a 1,0 x In 1,5 a 10 x In 40 – 70 - 100

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 171


Coordenação Condutor X Proteção

Coordenação entre condutores e dispositivos de proteção:


• A característica de funcionamento de um dispositivo de proteção
de um circuito contra sobrecargas deve satisfazer às seguintes
condições:
• a) Ip ≤ Id ≤ Ic b) I2 ≤ 1,45xIc:
Onde: Ip é a corrente de projeto do circuito;
Ic é a corrente de condução nos condutores;
Id é a corrente nominal do dispositivo de proteção (ou
corrente de ajuste para dispositivos ajustáveis;
I2 é a corrente convencional de atuação para disjuntores ou
corrente convencional de fusão, para fusíveis.
• OBS: A condição b) é aplicável quando for possível assumir que a temperatura
limite de sobrecarga dos condutores não seja mantida por um tempo superior a
100 h durante 12meses consecutivos ou por 500 h ao longo da vida útil do
condutor. Quando isso não ocorrer, a condição b) deve ser substituída por: I2 ≤ Ic
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 172
Fatores de Corrente convencional de atuação
(fusão) de dispositivos
Tipo Corrente Nominal (A) Corrente Corrente
Convencional de Convencional de
não Atuação (A) Atuação (I2) (A)
In ≤ 4A 1,5 x In 2,1 x In
4A < In ≤ 10A 1,5 x In 1,9 x In
Fusível gI 10A < In ≤ 25A 1,4 x In 1,75 x In
25A < In ≤ 100A 1,3 x In 1,6 x In
100A < In ≤ 1000A 1,5 x In 1,6 x In
Fusível gG Todos 1,2 x In 1,6 x In
In ≤ 63A 1,05 x In 1,35 x In
Disjuntor em Geral
In > 63A 1,05 x In 1,25 x In
Disjuntor em Caixa Todos 1,05 x In 1,35 x In
Moldada

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof. Carlos T. Matsumi 173

Você também pode gostar