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F ASCÍCU LO / NBR 5419/ S P D A Normando V.B.

Alves, diretor-técnico da Termotécnica


Proteção Atmosférica - normando@tel.com.br
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Mitos e crendices

A primeira parte do fascículo irá abrir uma série de outros que irão do ar, aumentando a sua probabilidade estatística de serem atingidos
falar sobre as principais recomendações da norma NBR 5419:2001 por uma descarga. Daí garantir que essas estruturas atraem para si os
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre Sistemas raios que iriam cair em outros locais é outra conversa.
Proteção contra Descargas Atmosféricas, popularmente conhecidos A denominação de machadinha acredito que seja atribuída ao
como pára-raios, e também fornecer informações importantes e dicas material fundido no solo, devido a descarga direta no solo que tenha
de projeto e instalação. Nesta primeira parte iremos apenas fazer ficado acidentalmente com um formato de machadinha. Do mesmo
uma pequena introdução sobre as descargas atmosféricas e sobre as modo outras pessoas que sabendo da concentração de cargas nas
crendices e mitos que existem sobre o assunto. pontas, alguns imaginam que os chifres do boi possam atrair raios.
A maioria das crendices aparece na área rural, pois é na lá que os efeitos Um tipo de acidente comum em áreas rurais é a queda de raios
diretos e indiretos são mais sentidos, devido à falta de proteção natural de nas cercas ou próximo destas, induzindo nestas sobretensões que
outras estruturas altas (ausência de prédios) e consequentemente maior podem viajar longas distancias até se dissiparem no solo, seja através
exposição, à densidade populacional menor e à falta de informação, de aterramento (que porventura existam) seja através do contato
fazendo com que a criatividade popular seja mais exercitada. direto de pessoas ou animais com a cerca provocando morte por
O corisco, a machadinha e outros sinônimos fazem o folclore se tensão de toque. Essa correntes injetadas no solo, seja por uma
misturar com fatos reais. É comum se encontrar na área rural pessoas descarga direta, seja através de uma arvore, um SPDA, ou mesmo
que acreditam que talheres metálicos, espelhos e outros utensílios uma cerca, provocam sobretensões superficiais no solo que podem
metálicos, chifre de boi, árvores, cercas metálicas, etc, atraem os raios. causar desde mal-estar em bípedes, até a morte de quadrúpedes. Na
Na verdade não existe comprovação científica de nada que atraia área rural é comum um raio matar dezenas de cabeças de gado.
os raios. O que acontece na prática é que as estruturas mais altas Por incrível que pareça essas crendices não são privilégios só da
(árvores, torres, prédios etc.) por estarem mais perto das nuvens são área rural, as mesmas são encontradas nos centros urbanos. Nestes,
estatisticamente as mais prováveis de serem atingidas. Isto porque, as mais comuns dizem que o sistema de proteção atrai os raios, que
diminuem a distância entre o solo e a nuvem reduzindo o dielétrico é 100% eficiente e que protege os equipamentos eletrônicos.
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26 Março 2006
NBR 5419 / SPDA
O QUE É UM SPDA? da norma e o autor do projeto sujeito às penalidades da lei. No
segundo caso isso não ocorre, mas estará sendo gasto dinheiro
É um sistema de proteção contra raios que tem como objetivo desnecessariamente do cliente. A função do projetista é dosar a
escoar para o solo, no caminho mais curto e mais rápido possível os técnica, os custos e a estética.
raios que eventualmente atinjam a edificação onde estão instalados, Por exemplo, numa fábrica de explosivos a portaria pode ser
reduzindo os riscos de vida e de danos materiais. Um SPDA é nível 3 ou 4 (depende da quantidade de pessoas que freqüentam a
constituído pelos sistemas de captação, descidas, anéis de cintamento portaria), o escritório pode ser nível 2 de proteção; a fábrica e nos
(prédios altos) aterramento e equipotencialização. Obviamente para paióis onde o material perigoso é manuseado e/ou armazenado
que isso seja entendível e exeqüível é necessário a elaboração prévia deverá ser nível 1 de proteção e o galpão de sucata pode ser nível 4
de um projeto específico que faça a avaliação de risco, identifique de proteção ou até mesmo dispensar proteção.
o nível de proteção, o método de proteção a ser adotado, detalhe Se a proteção for dimensionada como sendo nível 1 para todas
o numero de descidas e o seu posicionamento correto, dimensione as edificações o custo final da obra será muito maior. A definição
a malha de aterramento e sua abrangência e as massas metálicas e dos níveis na verdade é também uma ponderação de custo/benefício
outras malhas existentes para que sejam integradas ao SPDA. equilibrada. No exemplo, partiu-se do principio que se trata de uma
Dessa forma, o principal objetivo de um SPDA é a proteção empresa formal que obedece a legislação sobre o afastamento entre
patrimonial e como conseqüência garantir a segurança das pessoas edificaçoes e sobre comunidades próximas. Na elaboração do projeto
que estão no interior da edificação. Apesar disso um SPDA nunca de SPDA é de suma importância a realização de visitas técnicas para
poderá garantir uma proteção de 100% uma vez que se trata de coletar dados e investigar todo o processo produtivo para definir os
um evento da natureza que o homem não tem controle. Aliás como níveis de proteção adequados.
todos eventos da natureza, a única coisa que o homem pode fazer é Quanto aos equipamentos eletrônicos, estes são facilmente
agir preventivamente. O furacão Katrina é um bom exemplo disso. queimados pela interferência eletromagnética provocada por um
A eficiência da proteção, assim como o custo final da obra, está raio que caia a algumas centenas de metros da sua edificação ou na
diretamente ligada ao nível adotado. Assim, o nível a ser adotado edificação propriamente dita. Neste caso somente medidas eficazes
deve ser criteriosamente definido para evitar sub dimensionamento para reduzir as sobretensões a níveis suportáveis dos equipamentos,
ou superdimensionamento. No primeiro caso o projeto ficará fora podem proteger estes dos efeitos dos raios.

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Os níveis de proteção, a classificação


correta e a necessidade de proteção
Para o dimensionamento de um SPDA o primeiro passo No nível 1 temos materiais perigosos que podem provocar
consiste em responder à seguinte pergunta: “A edificação precisa contaminação de pessoas e meio ambiente ou mesmo explosão,
ser protegida ou não?”. podendo atingir comunidades próximas. Nesse caso existe o risco
Para respondê-la, seria necessário fazer o cálculo estatístico de próprio da edificação e também existe o risco de vida coletivo.
necessidade de SPDA (anexo B da norma NBR-5419). Não iremos No nível 2 o risco maior é de vida, uma vez que se trata de
detalhar esse cálculo aqui, pois para uma explicação completa seria locais com concentração de pessoas (edifícios comerciais), com
necessário ocupar todo este espaço com o assunto. possibilidade de gerar pânico e conseqüentemente risco de vida.
Quem tiver interesse poderá acessar o site www.tel.com.br ou No nível 3 existe baixo risco de vida e material (edifícios
www.spda.com.br, onde existe uma ferramenta para executar esse residenciais).
cálculo de forma fácil (“cálculos on-line”). No nível 4 praticamente não existem riscos materiais nem de vida.
A norma cita que, se a edificação for classificada como nível 1 Em resumo, fica claro por que nos níveis 1 e 2 a proteção é
ou 2, já está evidenciado que precisa ser protegida, porém se for obrigatória, já os níveis 3 e 4 deverão ser ponderados através do
classificada como nível 3 ou 4 então é necessário recorrer ao anexo anexo B para verificar a real necessidade de proteção.
B da norma para fazer uma verificação.
Nível de proteção Necessidade do SPDA?
É importante também mencionar que a norma exige que, caso
Nível 1 OBRIGATÓRIO
um SPDA não seja necessário, é obrigatório que o anexo B seja
Nível 2 OBRIGATÓRIO
feito e documentado para que fique efetivamente documentada
Nível 3 ANEXO B
a não-necessidade e alguém seja responsável pela decisão da não-
Nível 4 ANEXO B
instalação.
São quatro os níveis de proteção, indo desde o nível 1 (mais Um outro dado interessante é que a norma diz que caso o
rigoroso) até o nível 4 (menos rigoroso). A classificação correta do proprietário queira se sentir seguro, mesmo que a memória de
nível de proteção é importantíssima, pois essa escolha irá determinar cálculo indique a não-necessidade, só esse fato é também uma
o rumo do projeto, bem como os custos de implantação. evidência para a instalação do SPDA.
Na verdade a escolha do nível de proteção é a escolha Alguns cuidados devem ser tomados na hora de fazer a
de uma relação custo–benefício, uma vez que quanto mais classificação do nível de proteção, uma vez que em indústrias
rigoroso for o nível de proteção mais onerosa será a instalação. aparentemente inocentes podem existir materiais potencialmente
Assim, em edificações de maior risco (risco próprio ou coletivo), inflamáveis que numa análise superficial podem passar
a proteção é mais exigente, e de riscos menores a proteção despercebidos, por exemplo: indústrias que liberem microfibras
será menos exigente. ou pós de grãos ou ainda pós de carvão ou coque, sem falar nos

TABELA PARA SELEÇÃO DO NÍVEL DE PROTEÇÃO

TIPO DE EDIFICAÇÃO NÍVEL DE PROTEÇÃO


Edificações de explosivos, inflamáveis, indústrias químicas, nucleares, laboratórios bioquímicos, fábricas NÍVEL I
de munição e fogos de artifício, estações de telecomunicações usinas elétricas, indústrias com risco de
incêndio, refinarias etc.
Edifícios comerciais, bancos, teatros, museus, locais arqueológicos, hospitais, prisões, casas de repouso, escolas, NÍVEL II
igrejas, áreas esportivas
Edifícios residenciais, indústrias, residências, estabelecimentos agropecuários e fazendas com estrutura de NÍVEL III
madeira
Galpões com sucata ou de conteúdo desprezível, fazendas e estabelecimentos agropecuários com estrutura de madeira NÍVEL IV

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NBR 5419 / SPDA
solventes ou produtos químicos que provoquem a liberação de depende da responsabilidade dessa estrutura.
gases perigosos quando entram em reação química com outros A mesma situação pode acontecer, por exemplo, numa
produtos. indústria de explosivos. Aparentemente trata-se de uma indústria
Todos esses riscos podem fazer com que a classificação do de nível 1 mas, se a empresa estiver dentro das normas do exército,
nível de proteção tenha que ser repensada. É sempre altamente as edificações de apoio, tais como escritórios, portarias, vestiários,
recomendável fazer visitas técnicas no local, para, além de fazer os refeitórios etc., não são nível 1, uma vez que por lei não podem
testes da resistividade do solo (exigidos na norma), seja feita uma ter materiais explosivos em seu interior. Possivelmente o galpão
avaliação bem criteriosa dos riscos. e os paióis sejam nível 1, mas as demais edificações talvez sejam
Determinados produtos usados isoladamente são inofensivos, nível 2, 3 ou 4. Essa classificação correta por edificação pode trazer
mas em combinação com outros podem ser altamente perigosos, redução dos custos expressivos na implantação do sistema.
daí a necessidade da visita in loco para averiguar com muita atenção No caso de edificações de uso misto (residencial e comercial) ou
todo o processo produtivo. casos duvidosos, deverá ser adotado sempre o nível mais rigoroso.
Sabemos que nem sempre as empresas cooperam com as Se, por exemplo, uma edificação for classificada como nível
informações que desejamos, alegando sigilo industrial, porém 3 quando na verdade deveria ser nível 1 e ocorra um acidente,
é interessante que tudo fique rigorosamente documentado para a perícia poderá determinar que aconteceu um erro de projeto,
que num caso de acidente o projetista esteja respaldado com as ou seja, nível de proteção inadequado com o risco da edificação,
informações fornecidas pelo cliente. classificado como ato de negligência.
Outro dado importante é que ao longo do tempo o cliente pode Se ao contrário a edificação era de nível 3 e foi protegida
mudar as atividades dentro da edificação, e nas vistorias anuais como nível 1, não houve negligência, apenas a proteção foi
deverá ser checada a necessidade de adaptação do SPDA, ou não, superdimensionada, gastando mais dinheiro do cliente do que
de acordo com a utilização atual. eventualmente seria necessário. Por isso é importante não cometer
Outra questão interessante é com relação à classificação de nenhum dos erros e sim fazer uma ponderação correta antes de
algumas estruturas que parecem óbvias mas não são. Por exemplo: atribuir o nível de proteção.
a caixa d’água de uma empresa que nível de proteção será? E Obviamente que um projeto que fique atento a todos esses
se essa caixa d’água for parte integrante do processo produtivo, detalhes está diretamente ligado à experiência que o projetista
cuja parada devido a um raio possa trazer prejuízos enormes? tem, e experiência só se adquire com o tempo, ninguém compra
Ou por exemplo no caso de uma caixa d’água que alimenta uma experiência. Assim em plantas industriais complexas sempre se
comunidade? Ou mesmo uma caixa d’água de incêndio? Veja que, deve dar preferência a empresas com mais experiência, apesar de
dependendo de quem faz a análise, o nível pode ir de 4 para 1, ser uma sugestão um pouco subjetiva.

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Capítulo III - os métodos de proteção


Até 1993 a norma NB165 apenas considerava o método Frankim
com 60 graus de abertura do ângulo de proteção para todas as
edificações exceto nas áreas classificadas onde se usava 45 graus.
A norma atual NBR5419 (antiga NB165) surgio no Brasil em 1993
tendo como fundo a IEC62305 (norma Internacional). Nesta data,
além do tradicional Método Franklim foram acrescentados o métodos
Eletrogeométrico e Gaiola de Faraday.
O método Franklim permaneceu com a mesma fórmula (R=H.Tg
α) onde α é o ângulo de abertura do captor em relação á tangente de
proteção, porém o ângulo de abertura α agora varia de acordo com O método das Gaiolas de Faraday consiste na instalaçào de
o nível de proteção e com a altura do captor até no solo. Com essas condutores horizontais ou inclinados com medidas padronizadas
limitações este método tem seu melhor rendimento para edificações , que tem como objetivo bloquear a passagem de raios, evitando
pequenas e baixas. que estes entrem em contato com a edificação preservando-a de
O Modelo Eletrogeométrico (esfera rolante / esfera fictícia / método danos materiais. Este método é quase tão velho quanto o Franklin,
da bola) é uma evolução do Franklim, onde a tangente ao invés de ser porém bem mais eficiente uma vez que oferece inumeros locais
reta é parabólica. Este método surgio na década de 70 e foi desenvolvido possiveis de impacto do raio, ao contrário dos outros 2 métodos,
pela engenharia de linhas de transmissão da europa com o objetivo de que ficam restritos aos pontos verticais determinados em projeto.
minimizar os danos materiais com desligamentos nas LT. Este método é ideal para edificações extensas (galpões ou grandes
Este modelo consiste, em linhas gerais, em fazer rolar uma esfera edificações) , ou altas (prédios).
fictícia sobre a edificação, em todos os sentidos , determinando assim
os locais de maior probabilidade de serem atingidos por uma descarga
atmosférica tendo como preceito que esses locais são locais com
potencialidade de gerar lideres ascendentes que deverão se precipitar
ao encontro com o lider descendente.
Podemos dizer que o modelo Eletrogreométrico é o primo em
primeiro grau do método Franklim porém com tangente de proteção
parabólica ao invés de reta.. Sua maior eficiência é também em
edificações pequenas e baixas uma vez que sua proteção varia em
Instalação de gaiola de
função da altura e do nivel de proteção adotado ver tabela 1.
Faraday em galpão

Método Eletrogeométrico
(esfera rolante)

Instalação de gaiola de
Instalação de postes Faraday em prédios
em casa, sistema isolado
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24 Maio 2006
NBR 5419 / SPDA
Tabela 1 - Posicionamento de captores conforme o nível de proteção R = raio da esfera rolante
(A) Aplicam-se somente os métodos ele­trogeo­
Largura do
Ângulo de proteção (α) (método Franklin), em função da métrico, malha ou da gaiola de Faraday.
módulo da
altura do captor (h) (ver nota 1) e do nível de proteção (B) Aplica-se somente o método da gaiola de
malha (ver
Faraday.
Nível de h (m) nota 2)
NOTAS
proteção R (m) 0 - 20m 21 - 30m 31 - 45m 46 - 60m > 60m (m)
1 - Para escolha do nível de proteção a altura é em
I 20 25º (A) (A) (A) (B) 5 relação ao solo e para verificação da área protegida
II 30 35º 25º (A) (A) (B) 10 é em relação ao plano horizontal a ser protegido
III 45 45º 35º 25º (A) (B) 10 2 - O módulo da malha deverá constituir um anel
fechado, com o comprimento não superior ao
IV 60 55º 45º 35º 25º (B) 20 dobro da sua largura

Na tabela 1 estão definidos todos os dados técnicos dos 3 métodos perfurar , podendo ser usado até em áreas classificadas. Um exemplo
prescritos pela norma. 5.1.1.2.1 Para o correto posicionamento dos prático disso são os tanques de armazenagem de combustíveis,
captores, devem ser observados os requisitos da tabela 1. devendo ser tomadas algumas medidas especiais com relação ao
É importante realçar que independente do método adotado, um tipo de tampa, caso seja móvel, e também a acessórios que existam
SPDA nunca será 100% eficiente por se tratar de um fenômeno da no topo do tanque e que possam ser alvo de uma descarga direta
natureza sobre o qual o homem não tem domínio. e provocar um acidente.
Ainda sobre as telhas metálicas é interessante ficar atento ás
NOTAS TÉCNICAS telhas tipo sanduíche e seus derivados. Como esse tipo de telhas
são razoavelmente recentes no mercado, motivo pelo qual este
Existe uma tendência a que o método Franklin seja retirado da assunto não é abordado na norma, deverão ser tomados alguns
norma seguindo uma tendência Internacional e também pelo fato cuidados durante o projeto.
do método Eletrogeométrico ser uma evolução do Franklin. Para telhas com recheio de lã de rocha ou lã de vidro não
Com relação ás telhas metálicas, estas podem ser usadas é interessante permitir a sua perfuração uma vez que esses
como elementos naturais de captação (como se fosse um grid com materiais apesar de não serem propagantes de chama, podem
mesh de zero por zero metros - totalmente fechado), desde que sofrer encharcamento podendo vir a trazer no futuro problemas
tenha uma espessura mínima de 0,5 mm de espessura. Gostaria estruturais com sobrecarga na estrutura do galpão.
de lembrar que as telhas mais comuns no mercado atualmente, As telhas com recheio de isopor não sofrem encharcamento,
tem espessura de 0,43 mm, as quais não atendem à esse requisito. porém este material é propagante de chama, por esse motivo a
Assim antes de usar as telhas como elemento natural de captação perfuração também deverá ser evitada.
certifique-se e documente essa espessura, seja através de um xérox As telhas com recheio de poliuretano aparentemente não
da NF do fabricante, seja através de um documento do cliente, seja apresentam nenhum dos problemas acima citados.
medindo “in loco” com um micrômetro digital (ver foto). É interessante lembrar que a maioria dos fabricantes de telhas
tipo sanduíche dá 20 anos de garantia contra infiltrações, desde
que o telhado não seja perfurado. Caso essa perfuração seja feita
por um raio pode comprometer a garantia, assim é interessante
instalar condutores mais altos que as telhas para que o raio possa
discernir os condutores em relação às telhas, evitando assim a sua
perfuração.
Gostaria de lembrar que neste capítulo foi dada ênfase apenas
aos métodos de dimensionamento do sistema de captação. As
Se a telha tiver espessura entre 0,5 mm e 2,5mm, esta pode descidas aterramento e equipotencializações, dimensionamento
ser usada como elemento natural de captação, a qual irá sofrer dos condutores, etc, serão enfatizadas nos próximos capítulos.
perfurações e pontos quente no telhado o que não é permitido em É também importante salientar que os métodos prescritos
áreas classificadas ou em locais com armazenagem de materiais visam a proteção do patrimônio e conseqüentemente as pessoas
caros ou susceptíveis ou que reagem na presença de umidade. que estão dentro da edificação, mas não protege os equipamentos
Se o telhado tiver espessura entre 2,5mm e 4mm a telha não eletroeletrônicos, os quais podem ser queimados devido à
irá ser perfurada porém no lado inferior desta haverá elevação de interferência eletromagnética causada por raios que caiam na
temperatura o que restringe ainda o uso em áreas classificadas. vizinhança. Apesar disso o SPDA instalado dentro da norma irá
Se o telhado tiver no mínimo 4 mm este não irá gerar o ponto fornecer a infra estrutura necessária para posterior proteção dos
quente na parte inferior da telha e obviamente também não irá equipamentos de acordo com a NBR5410 da ABNT.

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Capítulo 4 – Descidas do SPDA

Decidi fazer um capítulo específico sobre o item em virtude da Exemplo genérico da distribuíção das descidas ao
quantidade de opções que existem sobre esse assunto e também longo do perímetro
pelas questões psicológicas e estéticas que envolvem o assunto. Descida numa das Descida numa das
Até 1993 as instalações de SPDA vinham tendo suas descidas quinas principais quinas principais

externas localizadas nos fundos das edificações. Essa atitude se


devia principalmente pela interpretação equivocada da norma e
dos chamados “padrões do mercado” .
A partir de 1993 a norma, desde então chamada de NBR5419,
deixou essa questão bem explícita para que não pairem dúvidas Descidas Descidas
sobre esses assuntos.
Até 1993 havia três critérios para determinar o número de
descidas: em função do perímetro, da área e da altura da edificação;
aquele que apresentasse maior número deveria ser adotado. Descida numa das Descida numa das
quinas principais quinas principais
Atualmente o critério para determinar o número de descidas
para o SPDA externo é em função do perímetro e do nível de
proteção, ou seja, calcular o perímetro da edificação e dividir pelo A norma determina que as descidas deverão ser localizadas
espaçamento definido pelo nível de proteção. preferencialmente nas quinas principais da edificação, e as demais,
distribuídas ao longo do perímetro com espaçamentos regulares de
acordo com o nível de proteção.
NÍVEL DE PROTEÇÃO ESPAÇAMENTO DAS Caso dessa conta resulte um valor inferior a 2, deverão ser adotadas
DESCIDAS (m)
no mínimo duas descidas, diametralmente opostas com a intenção de
Nível 1 10 dividir as correntes e melhorar o desempenho da proteção.
Nível 2 15
Nível 3 20 Exemplo 2:
Nível 4 25 Uma edificação com 3,75 x 3,75 m = 15 metros de perímetro.
Nivel 3 de proteção = espaçamento = 20 metros
N. de descidas = perímetro/espaçamento
Regra para determinar o número de descidas no SPDA externo N. de descidas = 15/20 = 0,75 => deverão ser usadas, no
Número de descidas = perímetro/espaçamento mínimo, 2 descidas

Exemplo 1: Descidas
diametralmente opostas
Uma edificação comercial (nível 2 de proteção) com 140 metros
de perímetro.
Espaçamento = 15 m
N. de descidas = perímetro/espaçamento
N. de descidas = 140/15 = 9,3 => deverão ser usadas, no
mínimo, 10 descidas Deverão ser tomados cuidados na hora de fazer essa
NOTA: O número de descidas, quando apresentar valor distribuição das descidas, para que elas não sejam localizadas em
fracionário, deverá ser arredondado para o próximo janelas, portas, entradas de veículos, varandas etc. Para esses casos
número inteiro. é necessário fazer a relocação das descidas tentando, dentro do

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20 Junho 2006
NBR 5419 / SPDA
Tabela das bitolas dos condutores (mm2)
Nível de Material Captação Descidas Aterramento Equalizações Equalizações Espessura de Est. Metálica
proteção mm2 H até 20mt H (20mt) mm2 Alta Corrente Baixa corrente usar com captação (mm)
mm2 mm2 Não perfura Perfura
Cobre 35 16 35 50 16 6 5 0,5
I a IV Alumínio 70 25 70 -- 25 10 7 0,5
Aço 50mm 2 50mm 2
50mm 2
80mm 2
50mm 2
16 4 0,5

& (3/8”)* & (3/8”)* & 3/8”)* & (7/16”)* & (3/8”)*
mm2 mm2 mm2 mm2 mm2 mm2 mm mm
1) As bitolas acima se referem à seção transversal dos condutores em mm2 .
2) Cordoalha galvanizada a quente tipo SM 7 fios

possível, manter um afastamento de 50 centímetros de portas, com a descida, para que a corrente flua pelo lado externo do tubo
janelas e outros acessos. obedecendo ao princípio do efeito pelicular.
Em prédios redondos as descidas deverão ser instaladas ao redor Os condutores de descida podem também ser instalados dentro
dele, porém como não existem quinas não precisa obedecer à exigência do reboco da fachada da edificação, reduzindo o impacto estético na
de dar preferência para as quinas. edificação. Nesse caso não é recomendável o uso de cabos de alumínio,
Em alguns casos esse afastamento não é possivel devido à proximidade uma vez que estes são suscetíveis à degradação quando permanecem
de janelas, nesse caso poderão passar na distância que for disponível, tendo em locais úmidos. Assim, para essa situação o cobre seria o material
o cuidado de interligar todas as massas metálicas (janelas, esquadrias etc.) mais adequado.
que fiquem a menos de 50 centímetros de distância. A norma não permite o uso de emendas nos cabos de descida,
As descidas poderão ser executadas com cobre, alumínio ou aço exceto a conexão da medição, a qual é obrigatória para o SPDA
galvanizado a quente. Veja abaixo as bitolas mínimas exigidas pela externo. Até 2001 a norma permitia a emenda das descidas com solda
norma, em cabos ou perfis, desde que respeitadas as bitolas. exotérmica, atualmente isso não mais é permitido.
Os cabos de descida deverão ter uma proteção mecânica contra As descidas podem ser em cabos ou perfis, tais como barras chatas
danos, até 2,5 metros acima do solo, através de um eletroduto de de alumínio ou cobre, cantoneiras e outros tipos de perfis.
PVC ou metálico. Essa proteção não visa à proteção de pessoas Quando as questões estéticas são imperativas o uso das barras
contra choques por tensão de toque, até porque a proximidade de chatas são uma boa alternativa, principalmente as de alumínio pintadas
uma descida pelo lado externo da edificação implica outros riscos, nas cores da fachada. Apenas lembro que as barras de alumínio deverão
como descarga lateral por transferência de potencial, ou mesmo sofrer um tratamento de fundo para que possam receber a tinta e evitar
o deslocamento de material num nível acima da pessoa que atinja o seu desprendimento com as intempéries.
esta, por exemplo uma descarga direta no prédio. Resumindo, essa Para grandes edificações, galpões por exemplo, a norma
proteção não é para pessoas e sim para cabos. exige que a cada 40 metros de largura sejam instaladas descidas
Essa exigencia não se aplica a fitas, barras chatas e outro tipo de perfis. internas, no sentido do comprimento, e interligadas com a malha
No caso de tubo metálico, ele deverá ser aterrado nas extremidades de aterramento periférica.

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Descidas Naturais isoladores, até porque esse suporte não é isolador elétrico. Um SPDA
isolado é um sistema de proteção que apresenta uma distância mínima
Pilares metálicos de galpões ou de prédios com estrutura metálica de 2 metros da edificacão que está sendo protegida, por exemplo um
podem ser usados como elementos naturais de descida, desde que a poste metálico afastado 2 metros de uma casa ou de um paiol de
sua continuidade seja garantida, nem que seja visualmente. Nesse explosivos.
caso recomendo adicionalmente que todos os pilares (pelo menos os Para um sistema isolado em que a estrutura de suporte do captor
externos) sejam aterrados, como forma de reduzir os riscos de tensão não seja metálico (por exemplo um poste de madeira), será necessário
de toque para quem está fora da edificação. Apesar de isso não ser fazer uma descida. Esta é a única possibilidade em que a norma
garantia de ausência de outros riscos inerentes à descarga atmosférica. permite uma única descida, ou seja no sistema isolado.
Para o SPDA estrutural, dentro do concreto armado, irei dedicar um Dependendo da região do país as descidas podem ser chamadas
capítulo específico sobre o assunto. prumadas ou baixadas.
No caso de descidas naturais que não seja possível visualizar a Em edificacões tobadas pelo Patrimônio Histórico, a técnica é usar
sua continuidade, por exemplo pilares metálicos revestidos por outros as barras chatas de alumínio pintadas na cor da fachada em locais
materiais, seria altamente recomendável os testes de continuidade. escondidos, passandos pelos adornos das fachadas. Caso existam
Outra situacão é o caso de sistemas isolados, onde a própria condutores metálicos de água pluvial, estes podem ser usados como
estrutura de suporte do captor poderá ser usada como descida natural. condutores naturais, desde que sejam contínuos ou passem um
Gostaria de lembrar que um SPDA isolado não é um SPDA com suportes condutor dentro deles, de cobre.

Descida com Descida com barra Descida tubulada em Descida com cabo de
barra chata de chata de alumínio níveis de garagem cobre em fachada de
alumínio, conector pintada na cor da tijolo à vista
de compressão fachada. edifício
bimetálico e tubo tombado pelo
metálico patrimônio histórico

A execução das Aterramento de Descida com


descidas externas poste metálico, cabo de cobre
exige uma empresa descida natural embutida no
especializada, reboco
devido à
dificuldade de
execução e dos
riscos

Continua na próxima edição


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22 Junho 2006
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Capítulo V
Anéis de cintamento, aterramento e
medição de resistência.
INTRODUÇÃO 2ª – Distribuir as correntes da descarga atmosférica pelas descidas
fazendo com que a partir de um dado momento essas correntes
Como o objetivo destes capítulos é levar informações confiáveis, desçam de forma equilibrada pelo SPDA, reduzindo os campos
respaldadas pela norma e objetivando seu lado prático, alguns eletromagnéticos dentro da edificação, ajudando a preservar as
assuntos têm que ser abordados de forma superficial, para evitar instalações existentes.
que um artigo técnico vire um livro. O assunto “aterramento” é um Os anéis poderão ser instalados dentro do reboco, desde que
desses casos que, dependendo do uso dessa malha de aterramento, se admita o dano mecânico no acabamento da estrutura quando
irá exigir do projetista um investimento de tempo muito além das ocorrer uma descarga direta.
orientações que serão passadas neste texto simples. Para edificações já existentes poderá ser usado cabo de alumínio
A abordagem deste trabalho foi direcionada pela norma 70 mm2 ou cobre 35mm2, ou então perfis chatos para minimizar
NBR5419/2005 e tem foco para aplicação em instalações de SPDA. os danos estéticos, tais como barras chatas de alumínio, cobre ou
aço, desde que atendam as exigências da norma com relação à
ANÉIS DE CINTAMENTO espessura e seção transversal.

Os anéis de cintamento horizontal deverão ser instalados a


cada 20 metros de altura, a partir do solo, circundando a edificação
e interligando todas as descidas.
O primeiro anel deverá ser instalado no solo a 50 cm de
profundidade, (arranjo B) ou no caso de impossibilidade, no
máximo a 4 metros acima do solo. Esta impossibilidade deverá ser
documentada.
Os anéis intermediários têm duas importantes funções:
1ª – Receber as descargas diretas laterais, comuns acima de 20
metros de altura (ver fotos).
Foto 2 - Descida e anel de cintamento com barra chata de
alumínio reduzindo os danos estéticos

Todas as massas metálicas da fachada a menos de 50 cm


dos anéis de cintamento deverão ser interligadas aos anéis de
cintamento através de materiais bimetálicos para evitar a formação
de par eletrolítico.
O cruzamento dos cabos de descida com os anéis de cintamento
deverão ser feitos com conectores apropriados para garantir uma
boa conexão. É recomendável que em determinados locais os
anéis sejam interligados com as ferragens da estrutura para evitar
centelhamentos.
Os anéis de cintamento horizontal também poderão ser
chamados de anéis de amortecimento, anéis de captação lateral ou
anéis intermediários.
Foto 1 – Descarga lateral em prédio
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16 Julho 2006
NBR 5419 / SPDA
Desenho genérico de spda onde são mostrados o sistema de
Descida captação, as descidas, os anéis de cintamento, o aterramento
e as equalizações.

Anel de cintamento

20m
Interligação
das massas
metálicas com
as descidas
e anéis de

20m
cintamento

20m

centra
l de

Caixa de equalização z

SE 1250

O SETOR ELÉTRICO
Julho 2006 17
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A

ATERRAMENTO com perímetro de no máximo 25 metros e resistividade do solo até 100


ohms x metro. Assim o uso desse tipo de aterramento, de modo a
Ainda existem muito misticismo, crendices e confusões sobre atender as duas condições simultaneamente, somente em casos muitos
aterramentos. As mais comuns são: raros, por ser uma edificação muito pequena e a resistividade do solo
• “O aterramento tem que ter uma resistência de aterramento de no muito baixa.
máximo 10 ohms em qualquer época do ano”
• “O aterramento dos equipamentos eletrônicos tem que ser executado ARRANJO “B”
separado do SPDA” Esse tipo de aterramento é usado em 99% dos casos e consiste
• “Os equipamentos estão queimando porque a resistência de num anel de aterramento interligando todas as descidas com cabo de
aterramento é alta” cobre nu 50mm2 (NBR6524) a 50 cm de profundidade no solo. Para
• “O fabricante do equipamento não dá garantia se o aterramento não cada descida é recomendável a instalação de uma haste de aterramento
tiver no máximo 10 ohms” tipo copperweld de alta camada (254 mícron de cobre-NBR13571)
• “As concessionárias elétrica e telefônica não deixam interligar o de modo a reduzir os potenciais na superfície do solo. Essas hastes
aterramento do SPDA com o aterramento delas” deverão ser interligadas à malha de aterramento em anel que circunda
Na verdade o valor de resistência de aterramento não é muito a edificação, preferencialmente com soldas exotérmicas, ou no caso de
importante para as correntes de alta freqüência, como é o caso das conexão mecânica, ela deverá ser robusta e provida de caixa de inspeção
descargas atmosféricas. Elas têm miopia para a resistência e na verdade tipo solo para futuras manutenções. Essa caixa deverá ter um diâmetro
enxergam mais a impedância do aterramento, porém como não existem de no mínimo 250 mm para possibilitar manutenções futuras.
no mercado aparelhos para fazer a medição de impedância, se faz a De forma geral a malha de aterramento em anel (arranjo B)
medição da resistência para se ter uma idéia do valor, mas a norma não atende a maioria das situações, porém para edificações de nível 1 de
exige nenhum valor específico, apenas recomenda 10 ohms. mas não proteção, apenas esse anel pode não ser suficiente. Nesses casos deverá
exige esse valor. ser consultada a tabela abaixo onde é determinada a quantidade de
Esse valor medido serve para se ter um acompanhamento do condutores que deverão ser enterrados em função da resistividade do
histórico do aterramento, para identificar possíveis danos à malha, do solo (ver figura ilustrativa).
que pelo valor propriamente dito. Caso a quantidade de condutores seja maior que o próprio anel,
Já no caso de malhas de aterramento para subestações (baixa deverão ser instalados radiais horizontais (pé de galinha/corvo) ou
freqüência e tempo longo) é imperativo que a malha de aterramento seja, condutores horizontais, também chamados de contra- pesos, até
tenha valores de resistência baixa para controlar tensões de passo e consumir a quantidade de cabo determinada na tabela abaixo.
tensões de toque. Esses radiais deverão possuir uma abertura mínima de 60 graus
Para um bom dimensionamento de uma malha de aterramento para entre os radiais.
SPDA, o primeiro passo é fazer um reconhecimento das características
elétricas do solo. Para tal é necessário fazer a prospecção do solo “in Arranjo a Arranjo b

loco”, através do método de Wenner (4 estacas) e depois a estratificação


do solo em camadas.
Com relação aos questionamentos se as diferentes malhas numa
edificação podem ou não ser interligadas, esse é um ponto passivo e
as normas (NBR5410 e NBR5419) e outras afins estão exigindo essa
interligação. Na verdade a tendência é se acabar com essas malhas
separadas e executar uma malha única que irá atender a todas as
necessidades (energia/SPDA/telefonia/informática, etc). Em resumo, é lei
que as malhas têm que ser interligadas, porém deve-se ter cuidado para
evitar que uma interligação indiscriminada piore a situação ao invés de Aterramento para
nível 1 de proteção
ajudar. São nesses casos que as definições de projeto são importantes.
> 60°
De acordo com a norma NBR5419/2005, existem basicamente 2
tipos de aterramento :
ARRANJO “A”
> 60°
Esse tipo de aterramento somente poderá ser usado em edificações

O SETOR ELÉTRICO
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18 Julho 2006
NBR 5419 / SPDA
Tabela de condutoresde aterramento em MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
função da resistividade do solo ATERRAMENTO PARA SPDA
(verificar maisrigor em edif denível1de proteção)
l (m) Apesar da qualidade do aterramento estar diretamente
100
ligada à qualidade dos materiais e serviços aplicados na
90 instalação do que à medição, ela é necessária para se ter
80 Nível I uma idéia do valor apresentado e possa ser feito um histórico
70 do aterramento, para que, no futuro, caso haja algum dano
60 involuntário (acidental) ou voluntário (furto) seja possível
50 identificar o problema e corrigi-lo a tempo.
40 A medição deverá ser executada pelo método de “Queda
30 de Potencial” com um terrômetro.
20 Deve-se dar preferência para marcas consolidadas no

r (W.m)
10 Nível II a IV mercado, para que a medição seja confiável e o aparelho possa
0 ser aferido pelo menos uma vez por ano.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
A medição pelo método de “Queda de Potencial” consiste
nos seguintes passos:
1 – Em primeiro lugar é necessário conhecer as dimensões da
malha a ser medida;
Fotos da preparação
2 – Em seguida deverá ser determinada a maior diagonal da
da solda exôtérmica. 
malha (D);
3 – Multiplicar o valor da maior diagonal por 4 (ou 6) obtendo
o valor de 4D;
4 – O próximo passo consiste em determinar “in loco” a
melhor direção para realizar a medição, evitando locais de
difícil acesso, obstruídos ou com muitas interferências;
5 – Cravar a sonda de corrente a uma distância do centro da
malha de 4D a 6D;
6 – Cravar a sonda de corrente a intervalos de 10% de 4D (ou
6D, dependendo de qual você adotou) do centro da malha em
direção à sonda de corrente (fixa);
7 – Quando estiver chegando a 62% de 4D (ou 6D), cinco
Detalhe da solda exotérmica medidas antes e cinco medidas depois deverão ser de 1% de
entre a haste de aterramento, 4D (ou 6D). Como cada malha tem suas dimensões diferentes,
a malha e a descida logo D, D4 (ou D6), a distância da SC e SP irá variar para cada
medição;
8 – Após a coleta desses dados, deverá ser plotado o gráfico
de D X R (distâncias X resistência);
9 – O gráfico deverá ter uma aparência próxima do desenho
abaixo, onde possui duas curvas ascendentes e uma reta
horizontal. Essa linha horizontal é o valor que representa a

Detalhe da valeta do aterramento


resistência da malha medida. Caso não se consiga obter um
gráfico onde seja possível identificar claramente o patamar, a
medição deverá ser reproduzida em outra direção para fugir
das interferências existentes. Valores do patamar que tenham
50cm

um desvio acima ou abaixo de 5% deverão ser descartados do


gráfico, pois podem estar sinalizando interferências locais;
10 – Deve-se atentar que medições de malhas de SPDA que
Cabo de cobre nú
sejam executadas com a sonda de corrente a 20 m e a sonda
50mm2
de potencial a 10 m não são tecnicamente validadas, apesar
de alguns aparelhos mais antigos trazerem um diagrama

O SETOR ELÉTRICO
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Julho 2006 19
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A

mostrando essas distâncias. Esse desenho só é válido para o aterramento pode estar com uma resistência baixíssima
malhas pontuais (Arranjo A), que não é o caso de malhas de e a instalação não estar em conformidade com a norma. A
SPDA. eficiência de um SPDA será comprovada se a norma NBR5419
11 – Um laudo de aterramento que apenas mencione o valor for seguida fielmente.
da resistência não pode ser validado se não for apresentada
a tabela com valores medidos e as distâncias de cravação exemplo de um gráfico de medição de resistência de
das sondas, inclusive com a profundidade de cravação das aterramento pelo método de queda de potencial
sondas, última aferição do aparelho, temperatura ambiente, R10

tipo de solo, etc. R9

R8

12 – Outro dado importante é que um laudo de medição

Resistência (W)
R7

de aterramento de um SPDA não serve para validar a R6

R5
qualidade/eficiência do aterramento como comumente é R4

feito. A qualidade do aterramento está atrelada à qualidade R3

R2

dos materiais e serviços de execução e conformidade à R1

norma, como já mencionado. Também é comum as pessoas D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 D20 D21

usarem o laudo da medição para atestar se o SPDA está em Distâncias (m)

conformidade com a norma. Isso é um tremendo erro, pois Valor que representa a resistência da medição

Continua na próxima edição


SE 1255

O SETOR ELÉTRICO
20 Julho 2006
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Capítulo Vi
Equipotencialização de
malhas e instalação de DPS

Este assunto é muito delicado, pois, dependendo do ponto de essas duas normas irão chegar num denominador comum e passar
vista, pode parecer utópico. Quando se analisa o compotamento das a adotar uma única nomenclatura.
correntes de alta frequência e curta duração, fica mais fácil de entender
essa polêmica , porém como num mesmo sistema poderemos ter que NOMENCLATURAS PARA A PRIMEIRA EQUIPOTENCIALIZAÇÃO
conviver com eventos de curta e longa duração ao mesmo tempo, TAP (Terminal de Aterramento Principal)
essa análise não é linear. LEP (Ligação de Equipotencialização Principal)
Na verdade, a polêmica está mais focada na palavra , que pode BEP (Barramento de Equipotencialização Principal)
não traduzir plenamente a idéia, que na ação própriamente dita. Nota: A rigor, TAP=LEP=BEP
Polêmicas à parte, é importante salientar que as normas NBR5419
e NBR5410 exigem que a equipotencialização de todos os sistemas NOMENCLATURAS PARA AS DEMAIS EQUIPOTENCIALIZAÇÕES
sejam feitos. TAS (Terminal de Aterramento Secundário)
Há alguns anos se alguém falasse em interligar as malhas dos LES (Ligação de Equipotencialização secundária)
sistemas existentes (SPDA, telefonia, eletrico etc) cometeria uma BEL (Barramento de Equipotencialização Local)
heresia , correndo o risco de ser queimado em praça pública. Nota: A rigor, TAS=LES=BEL
A norma NBR5419 já faz essa exigência desde 1993, no entanto
somente agora o mercado está tomando consciência da necessidade Esse ponto único tem como objetivo ser a referência para todos os
de fazer com que os potenciais dos sistemas sejam o mais próximos sistemas. Então fazer malhas separadas fisicamente e depois interligar
possível, como atitude para reduzir os riscos de queimas de é o mesmo que fazer uma malha única para todas as aplicações.
equipamentos e preservar vidas. Num SPDA poderemos ter diversas equalizações de potências,
Menciono sempre o exemplo de um avião, onde existem entre as quais, temos as equipotencializações de alta corrente e
equipamentos eletrônicos altamente sofisticados e sensíveis, e todos, baixa corrente.
devidamente referenciados num mesmo potencial, ficam submetidos As equalizações de alta corrente são aquelas interligações entre o
a descargas diretas e nem por isso queimam sistematicamente. sistema de captação e as estruturas no topo da edificação, tais como:
O melhor de tudo é mostrar para as pessoas que o avião não tem antenas, placas de aquecimento solar, boiler, escadas de marinheiro ,
aterramento com 10 ohms e nem precisa. Aí a cabeça de algumas outdoors, chaminés
pessoas começa a fundir quando percebe que existe uma linha tênue As equalizações de baixa corrente são as interligações internas de
entre equalizar e aterrar. tubulações, esquadrias e demais estruturas internas.
Como já foi falamos em outros capítulos, o aterramento não é o
mais importante e sim equalizar, ou melhor, existe uma tendencia de
a palavra aterrar virar equalizar. A diferença pode ser sutil.
Outro procedimento são as malhas de referência que não deixam
Caixa de equalização =
de ser uma equipotencialização e não deixam de ser um aterramento.
BEP=TAP=LEP=BEL=LES=TAS
Em outras palavras uma malha de referência e blindagem é algo muito
próximo de um avião, independente da resistência do aterramento.
Na prática isso significa que todas as malhas de aterramento
deverão ser referenciadas num ponto único, chamado de TAP ou
LEP. Quando ele é instalado junto à entrada de energia , ou TAS .
Estas nomenclaturas são da NBR5419, já na NBR5410 são chamadas
Outra versão da caixa de equalização
de BEP e BEL, respectivamente. Tenho esperança de que um dia
O SETOR ELÉTRICO
26 Agosto 2006
NBR 5419 / SPDA
Algumas fotos de malha de referência e blindagem para um
pavimento com muitos equipamentos sensíveis

Equalização de central de gás

Equalização de sistema de aquecimento solar

Equalização de
massas metálicas

DPS (Dispositivos de Proteção de


Surtos=Supressores de Surtos)

Devido à complexidade do assunto e às variáveis envolvidas num


projeto de proteção de equipamentos, este assunto terá uma abordagem
superficial com caráter apenas informativo e conceitual.
Os supressores são sistemas ou dispositivos destinados a evitar os
danos decorrentes dos efeitos das descargas atmosféricas diretas ou
Equalização de tubos de cobre indiretas, dentro da edificação.

O SETOR ELÉTRICO
Agosto 2006 27
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A

Existem basicamente dois processos para a entrada de surtos


dentro da edificação: a indução e a condução. Os surtos induzidos Seguem abaixo alguns exemplos de instalação de dps como
e os conduzidos são fruto da incidência de descargas atmosféricas proteção de equipamentos

diretamente na linha de distribuição ou nas proximidades desta.


A incidência de descarga a distâncias de até algumas centenas de
metros é capaz de induzir sobretensões elevadas na linha ou em
circuitos no interior de edificações próximas.
Até 2004 não existia norma da ABNT que regulamentasse a
instalação de DPS. Em março de 2006 com a publicação da norma
NBR5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão) finalmente este
procedimento foi adotado por uma norma Brasileira.
Para as regiões com índice cerâunico acima de 25 dias de
trovoadas por ano (o que corresponde a cerca de 95% do território
brasileiro ) passa a ser praticamente obrigatória a instalação dos DPS.
Em linhas gerais a instalação de DPS deverá ser instalada
numa filosofia de proteção em cascata, sendo instalados
preferencialmente:
1ª cascata na entrada (ou QGBT) : DPS classe 1
2ª cascata nos demais quadros secundários (QDCs) DPS classe 2
3ª cascata na tomada dos equipamentos DPS classe 2
A quantidade e localização das cascatas é um critério do projeto
e poderão ser adotados mais ou menos níveis de proteção em
função dos equipamentos que se deseja proteger.
Dependendo do nível de responsabilidade, podem ser adotadas
medidas adicionais de equipotencialização e blindagem de modo a
garantir a segurança de pessoas, equipamentos e informações.

O SETOR ELÉTRICO
28
28 Agosto 2006
NBR 5419 / SPDA
Continua na próxima edição

O SETOR ELÉTRICO
Agosto 2006 29
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Capítulo ViI
Qualidade dos materiais de SPDA

QUALIDADE DOS MATERIAIS somente podem ter 7 fios, no entanto no mercado os mais comuns
são cabos de 19 fios, o que contraria a norma. Um problema ainda
A qualidade dos materiais empregados numa instalação é maior que este é com relação à bitola desses condutores. Como
de suma importância, uma vez que estes podem determinar o consumidor não está acostumado a conferir a seção transversal
a durabilidade da instalação e também a freqüência e custos de dos condutores, é comum comprar um cabo 50 mm2 e receber 38
manutenção dessa instalação. Em uma instalação de SPDA, uma mm2, 40 mm2 ou outras bitolas bem longe da bitola mencionada
simples peça pode comprometer o desempenho e/ou eficiência do na nota fiscal.
sistema como um todo. Um cabo de cobre 50 mm2 deverá possuir 7 fios com diâmetro
É comum em vistorias de SPDA se verificar o uso de materiais de 3mm por fio.
não normalizados, como, por exemplo, uso de materiais ferrosos Estes dados foram tirados da tabela de condutores no site www.
galvanizados eletroliticamente já em processo avançado de oxidação, prysmian.com.
mesmo com poucos meses de instalação. Cada fio terá uma área de 2,25 mm2 que, multiplicado por 7
Normalmente o cliente e/ou revendedores olham apenas o fios, irá apresentar uma seção transversal de 49,455 mm2, bem
preço na hora da aquisição, desprezando o fator qualidade e não próximo dos 50 mm2 prescritos na NBR5419/2005 e bem longe do
conformidade à norma NBR5419/2005 , esquecendo de computar que é fornecido pela maioria dos fabricantes. Posso destacar aqui
os custos de manutenção e reposição posterior. As fotos abaixo são uma minoria de fabricantes que realmente obedecem às prescrições
exemplos de peças com problemas na galvanização que mesmo da NBR6524 . Como vemos no desenho dos cabos, apenas o de 7
com pouco tempo de instalação já mostram um processo acelerado fios é aceito pela norma NBR6524, inclusive o cabo de descida (35
de ferrugem e contaminação das peças vizinhas. mm2 ou 16 mm2).

Formação 7 fios Formação 19 fios

Diametro Míni. 9mm Diametro Míni. 8.85mm


ø 1 fio = 3mm ø 1 fio = 1,77mm
Área = 50mm 2 Área = 47mm 2

Com as hastes de aterramento tipo “Copperweld” o assunto


é parecido. Existem as hastes de alta camada (NBR13571=254
mícrons) que são as exigidas pela NBR5419, no entanto existem
Outro item importante é a qualidade e conformidade dos cabos disponíveis no mercado as hastes “genéricas” de baixa camada
de cobre nu que são comercializados, na sua maioria fora das normas com10 mícrons de cobre, as quais são as mais comercializadas e
da ABNT. Um exemplo clássico disso são os cabos para aterramento aplicadas em instalações de SPDA e aterramentos. Para se certificar
de SPDA, que pela norma, deverão ser de 50 mm2. A norma que do tipo de haste, é obrigatório que as hastes de alta camada venham
mais se aproxima de uma especificação para este tipo de utilização com a inscrição em baixo relevo da espessura de cobre 254  e a
é a norma NBR6524 . Esta norma menciona que cabos de 50 mm2 norma NBR13751 (ver figura abaixo).

O SETOR ELÉTRICO
26 Setembro 2006
NBR 5419 / SPDA
A.1.1 Proteção contra corrosão
Nesta instalação somente deverão ser utilizados materiais
nobres, como o cobre, bronze aço inox ou metal monel. Este
requisito se aplica aos captores, condutores de descida e seus
suportes, conectores e derivações. Chaminés que ultrapassem
Outros cuidados a serem observados são em relação às conexões
o teto de uma estrutura em menos de 5m requerem esta
que possam formar par eletrolítico e comprometer essas conexões. A
proteção somente na parte externa à estrutura.
junção de materiais diferentes que possam formar pilhas galvânicas
NOTA: Neste tipo de instalação as ferragens convencionais não
(par eletrolítico) somente pode ser realizada através de conectores
são aceitas, somente materiais nobres, cobre e seus derivados
bimetálicos com separador, para evitar o contato físico e propiciar o
(latão e bronze).
contato elétrico. Seguem abaixo algumas fotos de alguns conectores
bimetálicos que têm a função de evitar a pilha galvânica.
INSPEÇÕES
A manutenção dos SPDA´s pode ser dividida em duas partes:
• A inspeção visual anual para todas as edificações
• A inspeção completa, que deverá ser:
a) cinco anos, para estruturas destinadas a fins residenciais,
comerciais, administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-
se áreas classificadas com risco de incêndio ou explosão;
b) três anos, para estruturas destinadas a grandes concentrações
ESTRUTURAS ESPECIAIS (Norma NBR5419/2005)
públicas (por exemplo: hospitais, escolas, teatros, cinemas,
ANEXO “A”
estádios de esporte, centros comerciais e pavilhões), indústrias
contendo áreas com risco de explosão conforme NBR 9518, e
A.1 Chaminés de grande porte
depósitos de material inflamável;
Chaminés são consideradas de grande porte quando a
c) um ano, para estruturas contendo munição ou explosivos,
seção transversal de seu topo for maior que 0,30m2 e/ou
ou em locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões
sua altura exceder 20m.
litorâneas, ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.).
fonte: norma NBR5419/2005

Continua na próxima edição

SE 1880

O SETOR ELÉTRICO
Setembro 2006 27
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Capítulo ViII
CUIDADOS NA ESPECIFICAÇÃO DE
PRODUTOS EM PROJETOS DE SPDA

A norma NBR5419/2005 de SPDA não especifica nem detalha


as emendas de cabos de um SPDA, uma vez que não é uma
norma de materiais e sim de procedimentos, assim o objetivo
deste tópico é exatamente dar uma idéia do que seria uma boa
conexão com um mínimo de qualidade.
Começo lembrando dois itens importantes da norma, a saber: Figura 1 Figura 2 Figura 3

As conexões de compressão podem ser feitas com alicate


Transcrito da norma NBR5419/2001
manual ou alicate hidráulico
5.1.2.4.2 Não são admitidas emendas nos cabos utilizados
como condutores de descida, exceto na interligação entre o
condutor de descida e o condutor do aterramento, onde deverá
ser utilizado um conector de medição (conforme 5.1.2.6).
São admitidas emendas nas descidas constituídas por perfis
metálicos, desde que estas emendas encontrem-se conforme
5.1.2.5.2. Para outros perfis referir-se ao item 5.1.4.2. Figura 4
5.1.2.4.3 Os cabos de descida devem ser protegidos contra
Figura 5 Figura 6
danos mecânicos até, no mínimo, 2,5 m acima do nível do
solo. A proteção deve ser por eletroduto rígido de PVC ou O maior problema deste tipo de emenda é exigir ferramenta
metálico; sendo que neste último caso, o cabo de descida específica que no caso do alicate hidráulico deve ser estudado o
deve ser conectado às extremidades superior e inferior do investimento.
eletroduto.
Soldas exotérmicas e outras
As emendas ou conexões num sistema de SPDA podem ser de A solda exotérmica é uma fusão molecular dos elementos a ser
dois tipos; mecânica ou por solda. soldados, por isso, quando bem executada, apresenta um aspecto
mecânico mais confiável. É usada em larga escala em aterramentos
Conexões mecânicas de SPDA, LT e SE.
Sua grande utilidade é o uso junto ao solo, apesar de poder
As conexões mecânicas podem ser de pressão ou compressão. ser usado em qualquer circunstância desde que efetuada com o
As conexões de pressão são aquelas executadas manualmente acompanhamento de profissional de segurança para avaliação de
com conectores de aperto tipo conector split bolt, pressionados riscos e procedimentos.
por uma porca ou parafuso. Reitero a proibição de emendas nos Não são recomendadas para uso em locais altos acima do solo,
CABOS de descida do SPDA externo (ver item acima). As emendas devido aos possíveis danos provocados por imperícia ou vazamento
aqui mencionadas poderão ser executadas na captação, descidas acidental quando de sua aplicação, podendo colocar em risco
e equalização de potenciais. pessoas ou a própria instalação abaixo do local da solda.
O SETOR ELÉTRICO
30 Outubro 2006
NBR 5419 / SPDA
Figura 7 Figura 8 Figura 9

Outro tipo de solda que raramente é feito e que não apresenta RUFOS METÁLICOS E O PROBLEMA DAS CORROSÕES
restrições na norma é a solda foscoper, executada com maçarico
e cilindros de oxiacetileno e eletrodos específicos. A sua aparência ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DO PROJETO
não é das mais confiáveis, mas é permitida pela norma. Seguem abaixo algumas das especificações corretas de acordo
Este tipo de solda tem o inconveniente do trabalho para com a norma NBR5419 com a descrição técnica explícita, as quais
transporte dos cilindros, por vezes em locais quase inacessíveis e deverão ser checadas na aceitação dos materiais.
exigir pessoa qualificada para uso desse equipamento, aumentando
o custo das conexões. Cabo de cobre nu 50mm2 (7 fios - Ø fio 3mm) norma NBR6524 xx gr/m
Cabo de cobre nu 35mm2 (7 fios - Ø fio 3mm) norma NBR6524 xx gr/m
CAIXA DE INSPEÇÃO E CONECTOR DE MEDIÇÃO Cabo de cobre nu 16mm2 (7 fios - Ø fio 3mm) norma NBR6524 xx gr/m
Sempre que forem executadas emendas de cabos/cabos ou Haste de aterramento tipo “Copperweld 5/8” x 3,0 m alta camada-254
cabo/haste no solo, a norma NBR5419 exige que seja instalada micras NBR13571
uma caixa de inspeção para futuras manutenções nessas conexões, Ferragens de origem ferrosa, galvanizadas a quente NBR6323
tais como reaperto ou troca, quando apresentarem sinais de
oxidação.
No caso de soldas, este procedimento é dispensado uma vez
que não se trata de uma conexão mecânica e sim, uma emenda
soldada. A solda não ‘afrouxa nem enferruja’, assim a caixa torna-
se dispensada.
Figura 10
Com relação ao conector de medição, este é obrigatório no NOTA: O cabo de aterramento deverá ser
SPDA externo em todas as descidas, para possibilitar a medição instalado a 50 cm de profundidade.

da resistência de aterramento com todo o sistema separado


fisicamente do aterramento. Este conector de medição pode ser EVITANDO O PAR GALVÂNICO
instalado, por exemplo, na metade do tubo de proteção, protegido
por uma caixa de inspeção suspensa, obrigatório nas descidas O par eletrolítico (pilha galvânica) acontece se uma cela
externas que usem CABOS como condutores de descida. galvânica for formada, isto é, se houver dois metais ou ligas situadas
Apenas uma curiosidade. Os tubos de PVC ou metálico a ser distantes na série galvânica conectados eletricamente e imersos em
instalados nos CABOS de descida são para proteção mecânica dos um mesmo eletrólito. Os efeitos galvânicos acontecem quando
CABOS e não de pessoas, uma vez que, mesmo com um pouco a diferença de potencial entre os dois metais ou ligas imersos no
de afastamento de uma descida, existe o risco de ocorrer uma mesmo eletrólito particular supera os 0,05 V.
descarga lateral, mesmo sem o contato físico. O aterramento das Esta junção, por exemplo, Alumínio/Cobre pode resultar num par
extremidades dos tubos metálicos se deve ao fato do efeito pelicular galvânico, em que um material tem a tendência de adquirir elétrons
fazer com que as correntes da descarga tenham preferência em e o outro, a perder, formando uma corrente elétrica, neste processo
percorrer a periferia do tubo e não o condutor dentro do tubo o próprio oxigênio da atmosfera poderá fornecer o eletrólito da
metálico. pilha.
Em resumo, se as descidas não forem instaladas com O modo de combater o par eletrolítico é através do uso de
CABOS, por exemplo, com perfis metálicos, tipo barras chatas conectores estanhados com separador (ver figuras 1, 3, 4, e 9) . No
de alumínio ou cobre, o tubo de PVC ou metálico é dispensado. caso da figura 4 não é necessário o separador, uma vez que não
Ver foto a seguir. existe contato físico entre os materiais envolvidos.
Continua na próxima edição

O SETOR ELÉTRICO
Outubro 2006 31
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Capítulo IX
PÁRA-RAIOS ESTRUTURAL
(dentro do concreto armado)

INTRODUÇÃO a usar a própria estrutura sem ter que assumir uma responsabilidade
As normas que regulamentam a instalação de SPDA - Sistemas solidária com a estrutura.
de Proteção contra Descargas Atmosféricas ficaram adormecidas por Numa obra civil existem tantos problemas executivos que podem
aproximadamente 20 anos, quando em 1993 a ABNT (Associação interferir nessa continuidade que qualquer engenheiro civil poderia
Brasileira de Normas Técnicas) atualizou estas normas, que passaram a se enunciar facilmente.
denominar NBR5419 e tiveram como referência as normas da IEC 61024 Por esses motivos e muitos outros e para não depender de fatores
(International Eletrical Comission). que estão fora do nosso controle e alcance, não garantir a execução
Com a edição desta norma em 1993, muitos conceitos foram do projeto da forma mais confiável, fácil de fiscalizar, fácil de executar,
atualizados e novas técnicas passaram a compor os novos sistemas de por custos bem abaixo dos demais sistemas normalizados, optamos
proteção fazendo que atingissem eficiências muito boas. por desenvolver o trabalho com a segunda opção da norma, ou seja, o
Das novidades, pode-se destacar: uso da barra adicional galvanizada a fogo dentro do concreto armado,
• Os condutores de descida não precisam mais ficar afastados 20 cm da conforme anexo D da norma.
fachada
• O condutor de descida tem que obedecer a um distanciamento entre SISTEMA ESTRUTURAL
condutores, o qual depende do nível de proteção. - Este sistema foi “batizado” de ESTRUTURAL pelo simples motivo de ser
• A classificação (nível de proteção) da edificação, de acordo com o instalado juntamente com a estrutura de concreto armado do prédio,
risco. distinguindo-se assim dos demais sistemas externos.
• A instalação de anéis de cintamento a cada 20 metros de altura para - Para evitar os problemas de continuidade, o modo mais seguro consiste
prevenção contra descargas laterais. na colocação de uma barra de aço liso  10 mm galvanizada a fogo
• A equalização de potenciais entre todas as malhas de aterramento e (tab. 4 da Norma), dentro de todos os pilares da torre do prédio desde a
todas as massas metálicas. fundação até o ponto mais alto.
• A possibilidade de usar a estrutura de concreto armado das estruturas. - Essa barra adicional é chamada de “Re Bar” (Reforcing Bar) e tem como
Direcionaremos o trabalho sobre este último item. missão garantir a continuidade vertical da estrutura.
A norma dispõe duas opções para este sistema. A primeira consiste
em simplesmente usar as ferragens do concreto armado como descidas PROCESSO EXECUTIVO
naturais, garantindo a continuidade dos pilares verticalmente e o Fundações
segundo, seria o uso de uma barra de aço galvanizada a fogo adicional - O primeiro ponto a ser observado é o tipo de fundação e a profundidade
às ferragens existentes (Anexo D), com a função específica de garantir média desta.
essa continuidade desde o solo até o topo do prédio. - Existem diversos tipos de fundação, entre elas, as mais usuais são: estaca
No caso do uso das próprias ferragens estruturais existem diversos Franki, estaca Strauss, estaca pré-moldada redonda (centrifugada) e
problemas a serem contornados. O primeiro deles é como garantir quadrada, estaca trilho, tubulão mecanizado ou manual, hélice contínua,
a continuidade vertical das ferragens uma vez que não existe essa fundação direta, radie plano e não plano etc.
preocupação durante o processo da construção civil, já que ela não é - Independente do tipo de estaca, o procedimento básico consiste em
necessária, estruturalmente falando. Seria necessária a presença de uma instalar a “Re Bar” dentro das fundações, garantindo a continuidade
pessoa especializada durante a execução de toda a estrutura, trazendo através de três clipes galvanizados (ver detalhe da Fig.1).
um ônus alto. - Para a estaca Franki, Strauss e Tubulão o procedimento é o mesmo
Descontinuidade da estrutura, como redução de seção, e e consiste na colocação da “Re Bar” dentro das fundações, o mais
deslocamento de pilares e alvenaria estrutural são mais alguns dos muitos profundo possível, sem, no entanto, atingir o solo (aprox. 20 cm), pois a
problemas que esta opção apresenta. acidez deste poderá corroer a barra, mesmo sendo galvanizada a fogo.
Outro problema a ser contornado é convencer os calculistas estruturais - No caso da fundação rasa, o procedimento é o mesmo.

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26 Novembro 2006
NBR 5419 / SPDA
Fig. 1

- Não é necessário colocar a barra em todas as fundações, bastando


apenas um tubulão/estaca para cada pilar, assim, o número de fundações
aterradas coincide com o número de pilares do pavimento tipo.
- No nível do solo (viga baldrame) deverá ser instalada uma “Re
Bar” horizontalmente interligando todas as “Re Bar” instaladas nos
pilares (verticalmente) da projeção do pavimento tipo. Assim, fica
evidenciado o aterramento em anel (arranjo B) prescrito na norma
NBR5410 e NBR5419.
- No caso de fundação com trilho metálico, é dispensado o uso
da “Re Bar” na fundação vertical, pois o próprio trilho já funciona
como aterramento natural atingindo grandes profundidades. A
“Re Bar” deverá ser soldada no topo do trilho, atravessar o bloco
e entrar nos pilares.
- No caso de fundação direta deverá ser adotado o mesmo critério
das fundações escavadas.
- No caso de estaca pré-moldada de concreto centrifugada, o
1- Re Bar procedimento será o mesmo da estaca trilho, visto as estacas
2- Clip galvanizado
terem seus ferros soldados nos anéis metálicos presentes nas
Fig. 2 3- 20 cm de transpasse
extremidades.
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Novembro 2006 27
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A

ESTACA METÁLICA (TRILHO)

“Re Bar” dentro das ferragens das estacas de fundação solidária aos
estribos helicoidais

Descidas
- O sistema de descidas será constituído pela instalação das “Re Bar”
em todos os pilares da torre do prédio (item D.2.1 do anexo D). Esta
barra deverá ser fixada na parte interna dos estribos do pilar, correndo
paralelo às demais ferragens estruturais. Nos pilares externos (de fachada)
recomenda-se colocar a RE-BAR na face mais externa do pilar, de modo
a receber as descargas laterais que só atingem estes. Nos pilares internos
sua localização poderá ser em qualquer face, porém sempre dentro do
Fig. 3
estribo, sem invadir o cobrimento e nunca no centro (núcleo) do pilar.
- No cruzamento das ferragens verticais dos pilares com ferragens
horizontais das vigas, lajes e blocos, a “Re Bar” deverá ser obrigatoriamente
ligada, através de ferro comum (sobra) em forma de “L” com 20 cm por
20 cm, amarrado com arame PG7 (arame recozido, comum), e as demais
ferragens verticais deverão ser amarradas em posições alternadas (uma
sim, uma não), conforme figuras seguintes.
- Estas amarrações deverão ser repetidas em todas as lajes, com todos os
pilares que pertencem ao corpo do prédio. Salientamos que a execução
deste procedimento não gera custos adicionais, pois os ferros em “L” são
aproveitados das sobras de outros ferros e a mão-de-obra é muito pouca.
Nas grandes construtoras este método já virou cultura e rotina de obra.
“Re Bar” dentro das vigas baldrame, aterramento em anel, arranjo B da norma

DETALHES DAS AMARRAÇÕES ENTRE “Re Bar” E FERRAGENS


VERTICAIS, COM FERRAGENS HORIZONTAIS.

“Re Bar” dentro das estacas. Fig. 4

O SETOR ELÉTRICO
28 Novembro 2006
NBR 5419 / SPDA
“Re Bar” dentro dos pilares amarrada aos estribos existentes

Encaminhamento das “Re-Bar” nos últimos níveis do topo do prédio

Captação
- A captação consiste basicamente na interligação horizontal das “Re-
Bar” que estiverem aflorando no topo do prédio.
Esta captação se divide em dois tipos:
a) Captação por fora - Nos locais onde existe acesso de público, a barra
deverá ser direcionada para o lado de fora do parapeito/platibanda,
reduzindo assim os riscos de acidentes pessoais pelo contato direto
com o SPDA, depredações no sistema e o medo que é provocado pela
sua presença. Neste caso as “Re-Bar” são interligadas na horizontal,
pelo lado de fora do parapeito (pingadeira/soleira/algerosa) com cabo
de cobre nu #35mm2 ou Barra chata de Alumínio ref. TEL-770 (por
questões estéticas).
Equipotencialização entre ferragens verticais e horizontais b) Captação por cima - Nos locais onde não existe fácil acesso ao público,
as Barras deverão sair por cima dos parapeitos (telhado de cobertura,
casas de máquinas, tampa de caixa d’água etc.) e ser interligadas com
cabo de cobre #35mm2 na horizontal (ver desenho abaixo). Neste caso
não é necessário o uso da barra chata de Alumínio, pois como os cabos
vão ficar por cima dos parapeitos não tem problemas estéticos, pois são
áreas onde somente o pessoal de manutenção tem acesso.

“Re-Bar” aflorando
na captação por
cima podendo
ser usada como
terminal aéreo.

Fig. 5

- Ao chegar na última laje tipo, alguns pilares irão morrer, outros


irão continuar e outros irão nascer. Os pilares que morrem deverão
ser interligados com os que continuam para os níveis superiores.
Esta interligação é feita com RE-BAR na horizontal, dentro da laje Captação por fora da
e vigas (ver exemplo abaixo) e todas as emendas da RE-BAR serão platibanda fora do fácil
contato com pessoas.
feitas com três clipes.

Continua na próxima edição

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CAPÍTULO X - EQUALIZAÇÕES DE POTENCIAIS

A equalização de potenciais se divide em dois itens:


a) Equalização de Potenciais no subsolo Equipotencialização de
No nível mais baixo da edificação (normalmente o subsolo), deverão ser tubulações de cobre

tomadas as seguintes providências:


• Instalar a caixa de equalização (por exemplo, a TEL-901 - 20 cm
X 20 cm) num pilar o mais eqüidistante possível do DG (quadro da
concessionária telefônica) e do QDG (quadro da concessionária de
energia elétrica) e interligar a caixa a qualquer ferragem do pilar,
escarificando cuidadosamente qualquer quina do pilar até remover o
cobrimento deste.
• Conectar os aterramentos telefônico e elétrico na caixa de equalização
de potenciais, através de cabo de cobre isolado (750 v) #16mm2.
Esta conexão deverá ser feita na haste mais próxima de cada um
dos aterramentos, lembrando que caso existam outros aterramentos
(elevadores, interfone etc.) o procedimento será o mesmo.
• Interligar toda a massa metálica (Prumadas de incêndio, recalque,
prumada de incêndio, tubos de gás, água quente, guias do elevador e
contrapesos etc.) na caixa de equalização, através de cabo de cobre nu
Instalação de caixa de
#16mm2 (também poderá ser encapado). A conexão com as respectivas equipotencialização
tubulações deverá ser feita com a fita perfurada de latão niquelada ref.
TEL-750 para abraçar tubos com diferentes diâmetros. Para a tubulação
de incêndio e recalque é recomendável que estas sejam aterradas no
subsolo com uma haste e depois equalizadas na caixa de equalização.

Equipotencialização de tubulações
Equipotencialização de massas
metálicas (esquadrias e tubulações)

• A central de gás normalmente localizada nos pilotis deverá ser aterrada,


através de chapas de inox perfuradas no piso do cubículo, de modo que
os botijões de gás sempre estejam em contato direto com a chapa.
• A tubulação metálica que sai da central de gás para distribuir para o
prédio também deverá ser aterrada ainda dentro do cubículo com chapa
de inox, assim como o portão metálico da central de gás. Após todas estas
Equipotencialização de massas metálicas com a ferragem estruturas aterradas, este conjunto deverá ser interligado com a ferragem
local usando materiais bimetálicos
da laje, no ponto mais próximo da central (ver desenho abaixo).
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26 Dezembro 2006
NBR 5419 / SPDA
Vista externa da
central de gás

Vista interna da central


de gás-tela inox perfurada
para aterramento dos Perspectiva genérica de
botijões, grades metálicas um sistema estrutural
e tubulação de gás
14.2.4 - OBSERVAÇÕES TÉCNICAS
a) O SISTEMA ESTRUTURAL não necessita de anéis de cintamento
Esta medida tem como objetivo equalizar os potenciais das horizontal (Item 5.1.2.5, d), conforme norma técnica, uma vez que
diferentes estruturas metálicas (botijões, portões e tubulações) as ferragens de cada laje, ao serem interligadas com as ferragens dos
evitando assim a possibilidade de centelhamento e possível pilares, fazem a função do anel horizontal em cada laje.
explosão. A norma não aborda este assunto especificamente, b) Pelo mesmo motivo acima, ao ligarmos as massas metálicas às
pois em cidades como São Paulo a maioria do gás é canalizado e ferragens da laje estamos garantindo a equalização com o SPDA..
nem sempre existe a central de gás. c) Recordo que este sistema deverá ser executado desde o início das
fundações pela construtora, com orientação do projetista. A captação
b) Equalizações no nível dos anéis horizontais deverão e equalizações deverão ser executadas por empresa especializada que
ser executadas do seguinte modo: emita uma ART junto ao CREA dos serviços prestados.
• A cada 20 metros de altura a partir do solo (onde seriam os d) O custo deste sistema é cerca de 50% a 70% mais barato que o
anéis de cintamento horizontal no SISTEMA EXTENO/EMBUTIDO) sistema externo/embutido, pelos seguintes motivos:
deverão ser feitas as equalizações de potenciais. 1) Ao invés de cabos de cobre serão usadas as barras de aço galvanizadas
• A caixa de equalização TEL-901 deverá ser locada de a fogo (mais baratas que o cabo de cobre).
preferência no Hall do andar (embutida na parede a ±20 cm do 2) A mão-de-obra empregada para a execução do aterramento e descidas
piso), interligada através de fita perfurada niquelada na ferragem está disponível na própria obra (armadores da ferragem).
da laje mais próxima e na carcaça metálica do QDC (quadro de 3) Não acarreta em danos estéticos e desgastes em reuniões com
distribuição de circuitos) do apartamento mais próximo. Se os arquitetos e proprietários, como acontece com o PSDA externo.
circuitos elétricos possuem fio “terra”, não é necessário interligar 4) É dispensada a execução dos anéis de cintamento horizontal a cada 20
os outros QDCs do andar, visto já estarem equalizados por este, metros de altura (Item 5.1.2.5, d).
caso contrário todos os QDCs deverão ser levados à caixa de 5) É consagrado no meio científico mundial há muitas décadas, como
equalização, através de cabo de cobre encapado #16mm2, sendo indiscutivelmente mais eficiente.
passando por baixo do contrapiso ou barroteamento ou por cima 6) Opção existente na norma desde 1993, e existem já alguns milhares
do forro de gesso do andar. de prédios executados pelo SPDA estrutural.

• As demais massas (Prumadas de Incêndio, recalque, água 7) Equaliza os potenciais do prédio com o SPDA, diminuindo as

quente, gás, guias dos elevadores e contrapesos etc.) poderão probabilidades de centelhamento.

ser ligadas diretamente nas ferragens das lajes através de fita e) O custo deste sistema é de cerca de 50% a 70% mais barato que o
sistema externo/embutido.
perfurada niquelada ou na caixa de equalização, dependendo da
Fotos do sistema acima detalhado podem ser vistas, bem como fotos
distância.
de acidentes e instalações e textos técnicos, no site www.spda.com.br.
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CAPÍTULO XI - DOCUMENTOS QUE DEVERÃO EXISTIR


NA OBRA DE ACORDO COM A NORMA.
A QUALIFICAÇÃO DAS EMPRESAS INSTALADORAS.

Como qualquer instalação, o SPDA também necessita de um b) desenhos em escala mostrando as dimensões, os materiais e as
registro fiel da instalação. Esse registro, além de facilitar as futuras posições de todos os componentes do SPDA, inclusive eletrodos de
vistorias do SPDA, é também uma exigência legal da NR10 do aterramento;
Ministério do Trabalho. c) os dados sobre a natureza e a resistividade do solo; constando
obrigatoriamente detalhes relativos às estratificações do solo, ou
“TRANSCRIÇÃO DA NR10 DO MT, SOBRE ATERRAMENTOS E PÁRA-RAIOS” seja, o número de camadas, a espessura e o valor da resistividade de
cada uma, se for aplicado 6.1. c) .
10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas d) um registro de valores medidos de resistência de aterramento a
unifilares atualizados ser atualizado nas inspeções periódicas ou quaisquer modificações
das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com ou reparos SPDA. A medição de resistência de aterramento pode ser
as especificações do sistema de aterramento e demais realizada pelo método de queda de potencial usando o terrômetro,
equipamentos e dispositivos de proteção. voltímetro/amperímetro ou outro equivalente. Não é admissível a
10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior utilização de multímetro.
a 75 kW devem NOTAS
constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, 1 Na impossibilidade de execução das alíneas c) e d), devido a
interferências externas, deverá ser emitida uma justificativa técnica.
contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:
2 As alíneas c) e d) não se aplicam quando se utilizam as fundações
....
como eletrodos de aterramento.
b) documentação das inspeções e medições do sistema de
proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos
No item a, a norma exige a elaboração do anexo B (cálculo
elétricos;
de necessidade de proteção) que pode ser feito online no site
..........
www.spda.com.br de forma bem prática e rápida. Lembro que
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com
para edificações de nível 1 e nível 2 de proteção não é necessário
recomendações, cronogramas de adequações,
a elaboração desse cálculo, uma vez que a norma menciona que
contemplando as alíneas de “a” a “f”.
essas edificações deverão ser obrigatoriamente protegidas por estar
evidente a sua necessidade. Este assunto será abordado no fascículo
A não existência de documentação atualizada é uma não
12. Caso a necessidade seja dispensada, esta dispensa deverá ser
conformidade. Mesmo que a instalação esteja de acordo com a
documentada através da apresentação da memória de cálculo.
norma NBR5419, a inexistência de documentação gera uma não
O item b exige os desenhos em escala mostrando dimensões, os
conformidade, o que irá implicar em fazer um novo cadastro.
materiais e as posições de todos os componentes do SPDA, ou seja, um

A documentação do SPDA projeto detalhado que possa ser facilmente interpretado pelo cliente
exigida pela norma NBR5419 é: e pela empresa que irá executar essa instalação. Gostaria apenas de
lembrar que, após a execução, o projeto deverá ser atualizado. Esta é
6.4 Documentação técnica também uma exigência da NR10 - Ministério do Trabalho.
A seguinte documentação técnica deve ser mantida no local, ou O item c exige os dados da prospecção e resistividade do solo em
em poder dos responsáveis pela manutenção do SPDA: camadas. Esta exigência só se aplica ao SPDA externo ou embutido
a) relatório de verificação de necessidade do SPDA e de seleção do no reboco; está fora desta exigência o SPDA estrutural, uma vez que
respectivo nível de proteção, elaborado conforme anexo B. A não o SPDA dentro do concreto armado já está aproveitando a melhor
necessidade de instalação do SPDA deverá ser documentada através condição que o terreno e a edificação poderiam fornecer, assim a
dos cálculos constantes no anexo B. estratificação do solo não tem utilidade para este fim.

O SETOR ELÉTRICO
24 Janeiro 2007
NBR 5419 / SPDA
O item d exige a medição da resistência de aterramento, Infelizmente muitas empresas fazem alterações deliberadamente
recomendando o método de “Queda de Potencial” . Existem em projetos sem a permissão formal do projetista. Esta atitude
outros métodos de medição, porém este é o mais fácil de isentará o projetista em futuras ações judiciais e certamente indiciará
ser aplicado e interpretado. É proibido o uso de multímetro o autor das alterações não permitidas.
para realizar este serviço devendo ser usado o terrômetro. O A contratação de uma empresa especializada e uma fiscalização
multímetro não possui uma fonte com a potência necessária para eficiente da instalação são, sem dúvida, ingredientes necessários
a realização deste trabalho. para o sucesso da instalação e do mecanismo para preservar a
Esta medição também é dispensada no caso de SPDA estrutural correta aplicação do investimento.
pelo mesmo motivo apresentado no item anterior. Poderia relatar diversos casos de empresas, inclusive
Como podemos perceber, os sistemas estruturais são mais multinacionais, que contrataram vistorias/auditorias e ficaram
tranqüilos para os projetistas, instaladores e consumidores, frustradas com o resultado após receber o laudo das não
dispensando a prospecção e estratificação do solo e a medição da conformidades. Houve inclusive um caso em que o cliente, não
resistência de aterramento. satisfeito com tantas não conformidades, decidiu contratar a própria
Desde 1993, com o aparecimento da norma NBR5419, o empresa instaladora para que ela emitisse um laudo, atestando que
nível de exigência dos projetos e instalações de SPDA aumentou tudo estava dentro das normas, mesmo com tantas evidências de
significativamente, exigindo engenheiros e técnicos atualizados e irregularidades. Legalmente, tanto a instaladora quanto o cliente
conscientes das novas exigências tecnológicas. passam a ser técnica, civil e moralmente responsáveis pelo ato, em
Em nível de projetos tem sido evidenciado o interesse de caso de ação judicial.
profissionais em se atualizar e alinhar com as normas técnicas, porém Infelizmente a grande maioria dos clientes que contratam
na área de instalações este movimento tem sido mais tímido. vistorias/auditorias apenas querem comprar um laudo que conste
Têm aparecido no mercado uma quantidade grande de empresas relatos de boa instalação para ficar livre do fiscal que exigiu tal
que fazem todo tipo de instalação e por muitas vezes o SPDA acaba documento.
entrando nesse pacote como uma instalação simples, sem o devido Uma empresa qualificada mantém em seu quadro técnicos e
tratamento. engenheiros capacitados e atualizados.
Tenho feito auditorias em instalações de empresas de grande Para aterramentos antigos ou com suspeita de danos ou furto, o
porte, onde o SPDA não teve o mesmo tratamento que as demais recomendável é fazer os testes de continuidade elétrica para garantir
instalações, e o resultado são listas enormes de não conformidades, a integridade física do aterramento. O anexo E da norma NBR5419
o que deixa o cliente frustrado. define critérios para esses testes de continuidade.
Este tipo de situação é mais comum em empresas de pequeno As medições de resistência de aterramento não deverão ser
porte, uma vez que nas empresas de grande porte, via de regra, usadas para determinar a qualidade do aterramento uma vez que
existe um engenheiro responsável que acompanha e fiscaliza a a norma não exige nenhum valor específico, apenas recomenda 10
instalação. Gostaria de ressaltar aqui a importância de um fiscal, ohms, mas aceita outros valores. As correntes transitórias de alta
preferencialmente de uma terceira empresa ou o próprio projetista, freqüência têm miopia para a resistência, enxergando muito mais a
para garantir fidelidade e a filosofia do projeto. impedância que a resistência.

SE 3075

O SETOR ELÉTRICO
Janeiro 2007 25
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Essa medição vai ter utilidade apenas para acompanhar o Um tipo de serviço que já vem sendo ofertado por algumas
comportamento da malha ao longo do tempo, permitindo a empresas é a auditoria para verificação da conformidade à norma.
identificação de furtos, vandalismos, danos involuntários ou Normalmente estes serviços são contratados para certificação ou
agressão química de tubulações próximas com vazamentos. manutenção das normas ISO.
Com relação à qualificação das empresas instaladoras, tem Um outro dado importante é que o investimento em SPDA
sido observado no mercado um pequeno movimento de empresas reduz a apólice de seguro patrimonial brutalmente, assim, acaba
instaladoras procurando se atualizar com relação às exigências das se tornando um atrativo como investimento para as grandes
normas, porém esse movimento ainda é muito tímido, incompatível empresas.
com as oportunidades de mercado que estão sendo abertas por leis Lembro ainda que o prazo da NR10 para que os profissionais
estaduais e outras como a NR10, por exemplo. que trabalham com eletricidade tenham o treinamento mínimo de
A NR10 está abrindo demandas não apenas para novos sistemas, 40 horas está se esgotando. Daqui em diante será exigido pelas
mas também para vistorias, auditorias, consultorias e adequação empresas o comprovante desse treinamento, e as empresas que já
dos sistemas às normas da ABNT. providenciaram esse treinamento sairão na frente.
É comum a instalação do SPDA ser incorporada ao pacote das
demais instalações. Isso é interessante, pois o gerenciamento fica
mais fácil, porém é preciso tomar cuidado, principalmente com
empresas pequenas onde normalmente não existe um engenheiro
acompanhando a obra, aumentando, assim, o risco de a instalação
não atender plenamente à filosofia do projeto.
Um dado importante nesse processo é a fiscalização realizada
por uma empresa ou profissional autônomo sem vínculo com
a empresa instaladora. Poderá também ser o próprio projetista
facilitando assim o diálogo.

Ser uma empresa qualificada não é apenas ter pessoas


que entendam do assunto, mas também pessoal treinado em
altura e segurança do trabalho, apresentáveis, com facilidade de
comunicação com o cliente, providenciar isolamento de áreas
inferiores para trabalhar em altura, verificar fechamento de janelas,
providenciar com antecedência o isolamento de trechos das
garagens e remanejamento de veículos para planejar a demolição e
recomposição dos pisos.
Cada vez mais é necessário, além de ter pessoas boas tecnicamente,
ter também pessoas que saibam se relacionar com os clientes para
que o resultado final seja uma boa imagem da empresa.

Continua na próxima edição


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Capítulo XII
Acidentes pessoais com raios
A norma NBR 5419 da ABNT que diz respeito à proteção de 2.0 - DESCARGA INDIRETA
edificações contra descargas atmosféricas não aborda a proteção Acontece quando uma pessoa está próxima de uma edificação
de pessoas contra acidentes especificamente, uma vez que o seu que foi atingida por uma descarga e uma parcela da corrente “pula”
objetivo é a proteção de estruturas contra descargas, e não a da estrutura para a pessoa próxima, descendo por ela.
proteção de pessoas.
Apesar disso não tem como dissociar os assuntos uma vez que
estes estão diretamente ligados.
O homem constrói edificações para usá-las, assim grande parte
de nossa vida é passada dentro das edificações. Por esse motivo,
apesar da norma não ter como foco principal a proteção de pessoas,
indiretamente isso acaba acontecendo.
Quando a norma exige que seja feito o aterramento das massas
metálicas, que as estruturas sejam interligadas ao SPDA; quando
recomenda cuidados em áreas com risco de tensão de passo ou
toque etc., essas exigências acabam tendo como foco a proteção
de pessoas. De forma indireta a norma NBR 5419 está preocupada
em proteger as instalações e as pessoas, pelo menos as que estão
dentro da edificação.
Para as pessoas que estão em áreas externas das edificações,
estas correm diversos riscos, entre eles:
• Descarga direta
• Descarga indireta, descarga lateral ou tensão de transferência 2,1- TENSÃO DE TOQUE
• Tensão de toque Acontece quando uma pessoa está em contato com uma
• Tensão de passo estrutura que foi atingida, e a diferença de potencial (DDP) gerada
• Outras situações de risco, que não vale a pena enumerar. entre o pé e a mão que estão em contato com a estrutura, faz
circular uma corrente pela pessoa.
1.0 - DESCARGA DIRETA
Ocorre quando uma pessoa se encontra em área aberta, fora da
edificação, e o raio cai na pessoa. Via de regra é fatal.

O SETOR ELÉTRICO
22 Fevereiro 2007
NBR 5419 / SPDA
3.0 - TENSÃO DE PASSO Uma grande maioria dos acidentes pessoais acontecem em
Acontece quando um raio cai numa estrutura qualquer áreas abertas (descampadas) e neste caso as pessoas acabam sendo
ou diretamente no solo. As correntes da descarga ao viajarem atingidas de forma direta ou indireta.
radialmente pelo solo provocam tensões superficiais que as pessoas Nos grandes centros urbanos este risco é minimizado pela
ou animais podem ficar expostos. No caso dos quadrúpedes costuma presença de outras estruturas, tais como prédios e casas, estruturas
ser fatal, dependendo da posição deste em relação ao ponto de metálicas, inclusive antenas etc, que acabam se tornando pontos
impacto. No caso dos bípedes raramente é fatal, uma vez que essa preferenciais para a queda do raio.
Diferença de Potencial (DDP) circula entre as pernas não passando Dos inúmeros acidentes que tive conhecimento, um dos que me
por nenhum órgão vital. chamaram mais a atenção foi um prédio em Governador Valadares-MG
onde um prédio foi atingido por uma descarga na fachada, atingindo
uma janela metálica e incendiando a cortina, destruindo o quarto.
A situação só não foi pior devido à rápida ação do Corpo de
Bombeiros local.
Outra situação de destaque na região metropolitana de Belo
horizonte foi a morte de um engenheiro eletricista que estava
encostado numa janela metálica, dentro da edificação, no momento
em que o raio caiu a poucos centímetros da janela.
Este acidente confirma a recomendação das pessoas evitarem o
contato físico com estruturas metálicas e aparelhos eletroeletrônicos
em dias de tempestade.
Acidentes dentro da edificação também podem acontecer, mas
são mais raros e estão diretamente ligados ao tipo de estrutura da
Anualmente morrem em torno de 500 pessoas em todo o Brasil,
edificação, por exemplo, estruturas metálicas, com partes metálicas,
em acidentes provocados por raios, seja de forma direta ou indireta.
ou de concreto armado, que são uma proteção adicional para as
Este dado é estimado, uma vez que não existe um estudo específico
pessoas, já edificações de madeira, pau a pique, barro, alvenaria
sobre esse assunto.
simples (sem ferragem) são mais perigosas (obviamente se não
tiverem um SPDA corretamente instalado) pois a descarga poderá
CRENDICES
penetrar na edificação e atingir as pessoas.
Existem diversas crendices sobre os raios, tais como:
A única solução para todos esses riscos é agir preventivamente,
- Um raio não cai duas vezes no mesmo local.
tomando os devidos cuidados em dias de tempestades, como
- Espelhos atraem raios
evitar contatos com equipamentos e massas metálicas, permanecer
- O pára-raios protege os equipamentos eletroeletrônicos.
em áreas abertas, e instalar um SPDA de acordo com a norma
- Árvores atraem raios.
NBR5419/05 da ABNT.
Continua na próxima edição

O SETOR ELÉTRICO
Fevereiro 2007 23
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A
Normando V.B. Alves, diretor-técnico da Termotécnica Proteção Atmosférica
normando@tel.com.br / www.tel.com.br

Capítulo XIII
Acidentes em edificações e memória de cálculo

Acidentes provocados por descargas atmosféricas em edificações


são comuns, principalmente em época de chuvas. Dependendo da
intensidade da descarga e do tipo de material da estrutura, os danos
podem ser quase imperceptíveis ou até danos muito grandes.
1) Normalmente os pontos de impacto (podem ser diversos) deixam
algum tipo de vestígio. Quando o material da estrutura é isolante
ou pouco condutor, tipo madeira, alvenaria simples, pau a pique
(barro com bambu), os danos costumam ser grandes, às vezes até a
destruição total da edificação.
1 a) Veja as fotos abaixo de uma pequena edificação de alvenaria
simples bastante danificada. Este acidente aconteceu no município
de Serra da Moeda (MG). Dano grande.

1 c) Apesar do prédio ter estrutura em concreto armado, a caixa


d´água era toda de alvenaria, por isso o estrago foi tão grande, inclusive
com projeção de material para as casas vizinhas que sofreram grandes
danos nos telhados. Também pode ser observado que existem mais
de um ponto de impacto da descarga. Dano grande.

1 b) Em seguida uma seqüência de fotos de um acidente que


aparentemente foi pequeno, mas internamente o estrago foi bem
maior, principalmente nas instalações internas. Dano médio.

TETO

PArede

O SETOR ELÉTRICO
46 Março 2007
NBR 5419 / SPDA
1 d) Este hospital foi atingido por uma descarga atmosférica, e, 1 f) Quina de prédio atingido por descarga atmosférica. Repare
mesmo possuindo um SPDA dentro das normas, o dano físico ao que a antena não foi atingida mesmo estando mais alta. O método
telhado aconteceu. Após longa análise e conversa com colegas e eletrogeométrico pode facilmente mostrar que a quina e a antena
pesquisadores, chegamos à conclusão de que a descarga atingiu o tinham a mesma probabilidade de serem atingidos, mas a descarga
SPDA (foi identificado o ponto de impacto e constatado que o dano atingiu a quina. Dano pequeno.
foi pequeno) porém, quando a descarga viajou pelo SPDA, criou por
baixo da telha uma região de baixa pressão que levantou o telhado
no ponto de impacto e o vento fez o resto do estrago, carregando
30 metros de telha tipo calhetão. Dano grande.

2) Quando os materiais da estrutura não são tão isolantes, tipo


estrutura metálica, concreto armado, os danos são bem menores,
chegando a ser pontuais ou quase imperceptíveis.
2 a) Poste de concreto armado de uma concessionária de energia
atingido lateralmente. Os equipamentos eletrônicos da casa em
frente ao poste queimaram. Dano pequeno

1 e) Quina de prédio atingida por raio pela segunda vez. Como


o local do impacto é de alvenaria simples, o dano foi grande.
Dano médio.

SE 3950

O SETOR ELÉTRICO
Março 2007 47
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A

2 b) Quinas de prédios em concreto armado. Danos pequenos. 3 B) Ponta de um cabo de cobre que foi atingida por uma descarga
direta. Este ficou ligeiramente derretido e chamuscado.

3 c) Mesmo a descarga tendo atingido o SPDA, esta enxergou que


o caminho pela cortina de concreto armado ao lado da descida tinha
impedância menor que a própria descida do SPDA. Esta foto apenas
comprova algumas exigências da norma atual, que são:
1º ) o SPDA deverá ser equipotencializado com todas as massas
metálicas próximas, inclusive a própria ferragem da construção.
2º ) O eletroduto de PVC nos CABOS de descidas servem apenas para
proteção mecânica destes contra danos mecânicos ou vandalismo,
não para a proteção pessoal como muitas pessoas pensam.
3º ) A descarga atmosférica sempre procura os caminhos mais
fáceis e mais curtos para o solo

3) Algumas fotos de raios que atingiram acessórios do SPDA ou


estruturas integrantes deste.
3 a) Ponta de um captor Franklim atingida por uma descarga direta.
A ponta do captor foi derretida e ficou rombuda.

O SETOR ELÉTRICO
48 Março 2007
Apoio
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A
Normando V.B. Alves, diretor-técnico da Termotécnica Proteção Atmosférica
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Capítulo XIV
PROCEDIMENTO DE CÁLCULO PARA VERIFICAÇÃO DA
NECESSIDADE DE SPDA
Para se ter uma idéia estatística da necessidade de um SPDA, o c) áreas com alta densidade de descargas atmosféricas;
anexo B (cálculo de necessidade de proteção) da norma NBR5419/05, d) estruturas isoladas, ou com altura superior a 25 m;
dá as dicas de como esse cálculo deverá ser feito, porém se você e) estruturas de valor histórico ou cultural.
não dispõe de tempo para entender esse procedimento, ele
pode ser feito on line no site www.spda.com.br, clique no link A rigor, o cálculo de necessidade de proteção acaba sendo
CÁLCULOS ON LINE e, de forma prática e rápida, você terá uma necessário apenas em edificações de nível 3 e 4. Reitero que, se
resposta, desde que forneça os dados da edificação e da região após o cálculo ficar evidenciado que a proteção não é necessária, é
onde esta será ou está construída. Lembro que para edificações fundamental que o fato seja documentado oficialmente para futuras
de Nível 1 (risco especial) e nível 2 de proteção (edificações consultas. Em relação ao procedimento de cálculo, mencionarei
comerciais e com concentração de pessoas) não é necessário a algumas dicas e informações adicionais, pois alguns profissionais
elaboração desse cálculo uma vez que a norma menciona que têm tido dificuldades em analisar estes fatores.
essas edificações deverão ser obrigatoriamente protegidas por
estar evidente a sua necessidade. PASSOS PARA REALIZAÇÃO DO Procedimento DE
No caso do nível 1 é obrigatória a proteção por se tratar de CÁLCULO DE NECESSIDADE DO SPDA
edificações com risco próprio e risco coletivo (vizinhanças). No
caso de edificações de nível 2, trata-se de risco de vida em que a 1) O primeiro passo consiste em calcular a área de exposição
necessidade está evidenciada. A terceira evidência da necessidade conforme desenho abaixo. Lembro que os detalhes arquitetônicos
de proteção acontece quando os usuários necessitam de proteção, como entradas da fachada para dentro da edificação deverão ser
este é um forte indicador de que a proteção é necessária. Abaixo, desprezadas.
alguns itens da norma que confirmam o texto acima. Para edificações não tão regulares quando o desenho da
norma, deve-se considerar as medidas maiores, considerando a pior
B.1.1 Estruturas especiais com riscos inerentes de explosão, tais situação, a favor da segurança.
como aquelas contenham gases ou líquidos inflamáveis, requerem Ae = LW + 2LH + 2WH + p .H2 [m2]
geralmente o mais alto nível de proteção contra descargas
atmosféricas. Prescrições complementares para esse tipo de estrutura
são dadas no anexo A.
B.1.2 Para os demais tipos de estrutura, deve ser inicialmente
determinado se um SPDA é, ou não, exigido. Em muitos casos, a
necessidade de proteção é evidente, por exemplo:
a) locais de grande afluência de público;
b) locais que prestam serviços públicos essenciais;
c) áreas com alta densidade de descargas atmosféricas;
d) estruturas isoladas, ou com altura superior a 25 m; Delimitação da área de exposição equivalente (Ae) - Estrutura vista de planta
e) estruturas de valor histórico ou cultural.
2) O segundo passo consiste em calcular a freqüência média de
B.4.5 Para estruturas destinadas a atividades múltiplas, deve ser
descargas que em um ano podem atingir a edificação.
aplicado o fator de ponderação A, correspondente ao caso mais
A freqüência média anual previsível n de descargas atmosféricas
severo.
sobre uma estrutura é dada por:
B.1.2 Para os demais tipos de estrutura, deve ser inicialmente
Nd = Ng . Ae . 10-6 [por ano]
determinado se um SPDA é, ou não, exigido. Em muitos casos, a
necessidade de proteção é evidente, por exemplo:
3) Para usar a fórmula acima é necessário primeiro calcular o valor
a) locais de grande afluência de público;
do Ng, que é dado pela expressão abaixo
b) locais que prestam serviços públicos essenciais;
Ng = 0,04 . Td1,25 [por km2/ano]

O SETOR ELÉTRICO
24 Abril 2007
Nesta expressão o Td (quantidade de dias de trovoadas da

NBR 5419 / SPDA


região) tem que ser retirado de um dos gráficos abaixo (transcritos da
NBR5419). Após achar o Ng, este deve ser substituído na expressão
do item 2 determinando o valor do Nd.

Mapa de curvas isocerâunicas da região Sudeste

4) O próximo passo consiste em multiplicar o Nd pelos fatores de


ponderação de A até E. Nas tabelas abaixo, transcritas da norma,
deverá ser selecionado um valor para cada fator de ponderação,
correspondente à situação da edificação em questão. Junto com
as tabelas existem algumas considerações que irão facilitar o
Mapa de curvas isocerâunicas do Brasil
raciocínio.

SE 4490

O SETOR ELÉTRICO
Abril 2007 25
F ASCÍCU LO 2 / NBR 541 9 S P D A
Tabela B.1 - Fator A: Tipo de ocupação da estrutura Tabela B.4 - Fator D: Localização da estrutura
Avaliação a ser feita em função do conteudo da edificação, Este fator leva em consideração a vizinhança da edificação, ou
principalmente com relação à vida humana ou dificuldade de seja, se existem outras edificações próximas, se elas são mais altas
evacuação em caso de necessidade. ou mais baixas, se são muitas ou poucas. Quanto menos edificações
existirem maior a probabilidade da edificação ser atingida, já
Tipo de ocupação Fator A
numa região com muitas edificações, a probabilidade vai sendo
Casas e outras estruturas de porte equivalente 0,3
Casas e outras estruturas de porte equivalente com antena externa1) 0,7 democraticamente dividida. Resumindo: numa região com poucas
Fábricas, oficinas e laboratórios 1,0 edificaçãoes do porte da sua, o seu risco é maior. Esta avaliação
Edifícios de escritórios, hotéis e apartamentos, e outros edifícios deve ser feita até onde sua vista alcance.
1,2
residenciais não incluídos abaixo Localização Fator D
Locais de afluência de público (p. ex.: igrejas, pavilhões, teatros, Estrutura localizada em uma grande área contendo estruturas ou
museus, exposições, lojas de departamento, correios, estações e 1,3 árvores da mesma altura ou mais altas (p. ex.: em grandes cidades 0,4
aeroportos, estádios de esportes) ou em florestas)
Escolas, hospitais, creches e outras instituições, estruturas de Estrutura localizada em uma área contendo poucas estruturas ou
1,7 1,0
múltiplas atividades árvores de altura similar
1)
Requisitos para instalação de antenas: Ver anexo A. Estrutura completamente isolada, ou que ultrapassa, no mínimo,
2,0
duas vezes a altura de estruturas ou árvores próximas
Tabela B.2 - Fator B: Tipo de construção da estrutura
Tabela B.5 - Fator E: Topografia da região
Tem a ver com o tipo de construção da estrutura, por exemplo,
Este fator leva em consideração a microrregião onde a edificação
concreto armado, estrutura metálica, madeira, alvenaria simples,
está, que pode ser o bairro. Para este fator o importante é saber se
etc. Edificações com estrutura condutora são mais seguras.
a edificação está numa planície, no pé da montanha, no meio da
Tipo de ocupação Fator B montanha ou no topo da montanha. Em resumo: quanto mais perto
Estrutura de aço revestida, com cobertura não-metálica 1) 0,2
das nuvens maior o risco. Esta avaliação deve ser feita até onde sua
Estrutura de concreto armado, com cobertura não-metálica 0,4
vista alcance.
Estrutura de aço revestida, ou de concreto armado, com cobertura 0,8
metálica Topografia Fator E
Estrutura de alvenaria ou concreto simples, com qualquer cobertura Planície 0,3
1,0
exceto metálica ou de palha Elevações moderadas, colinas 1,0
Estrutura de madeira, ou revestida de madeira, com qualquer Montanhas entre 300 m e 900 m 1,3
1,4
cobertura exceto metálica ou de palha
Montanhas acima de 900 m 1,7
Estrutura de madeira, alvenaria ou concreto simples, com cobertura 1,7
metálica
Qualquer estrutura com teto de palha 2,0 5) O último passo consiste em multiplicar o valor de Nd pelos fatores

Estruturas de metal aparente que sejam contínuas até o nível do solo estão excluídas
1) de ponderação, onde temos a expressão:
desta tabela, porque requerem apenas um subsistema de aterramento.
Nd`= Nd.A.B.C.D.E
Tabela B.3 - Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos
das descargas atmosféricas 6) Interpretando os resultados
Este fator leva mais em consideração perdas materiais como Este cálculo estatístico orienta uma avaliação que, em certos casos,
equipamentos, dados , processos industriiais interrupção de serviços pode ser difícil. Se o resultado de Nd` obtido for consideravelmente
essenciais principalmente em locais de atendiemnto médico e que menor que 10-5 (1 em cada 100 000), e não houver outros fatores
também que possam vir a afetarno meio ambiente. Locais com preponderantes, a estrutura dispensa proteção. Se o resultado obtido
concentração de pessoas ou com pessoas portadoras de deficiencia for maior que 10-5, por exemplo, 10-4 (1 em cada 10 000), devem
motora ou em recuperação o risco é maior. existir razões bem fundamentadas para não instalar um SPDA.

Conteúdo da estrutura ou efeitos indiretos Fator C


Os limites internacionalmente reconhecidos são:
Residências comuns, edifícios de escritórios, fábricas e oficinas que não 0,3
contenham objetos de valor ou particularmente suscetíveis a danos • riscos maiores que 10-3 (isto é, 1 em 1000) por ano são considerados
Estruturas industriais e agrícolas contendo objetos inaceitáveis;
0,8
particularmente suscetíveis a danos1) • riscos menores que 10-5 (isto é, 1 em 100 000) por ano são, em
Subestações de energia elétrica, usinas de gás, centrais geral, considerados aceitáveis.
1,0
telefônicas, estações de rádio
O resultado de Nd` pode apresentar três situações :
Indústrias estratégicas, monumentos antigos e prédios históricos, museus,
galerias de arte e outras estruturas com objetos de valor especial 1,3 a) se Nd ≥ 10-3, a estrutura requer um SPDA;
Escolas, hospitais, creches e outras instituições, locais de b) se 10-3 > Nd > 10-5, a conveniência de um SPDA deve ser decidida
1,7
afluência de público por acordo entre projetista e usuário ;
1)
Instalação de alto valor ou materiais vulneráveis a incêndios e às suas conseqüências. c) se Nd ≤ 10-5, a estrutura dispensa um SPDA.

O SETOR ELÉTRICO
26 Abril 2007
NOTA 1: Dizer que, de acordo com o cálculo estatístico a edificação

NBR 5419 / SPDA


dispensa proteção, não quer dizer que uma descarga não possa atingir
a edificação, apenas quer dizer que esse risco é muito baixo, por isso a
proteção pode ser dispensada.

NOTA 2: Para o caso dos itens a) e c) a situação está bem definida,


porém para o item b) a situação já não é tão bem definida. Neste caso
o resultado caiu em cima do muro, ou seja, a necessidade de proteção
não está evidente nem dispensada, é uma situação duvidosa, ou seja, é
um meio-termo entre as situações óbvias. Neste caso a norma diz que
a decisão deverá ser tomada entre o projetista e o proprietário e caso
se decida pela não instalação, deverá haver motivos bem justificados
para essa decisão, isto é, esse motivo deve ser explicitado num
documento.
A minha opinião é que o projetista para se preservar deverá indicar
a instalação e não envolver o proprietário, via de regra, é leigo no
assunto e vai forçar a decisão para a não instalação e querer jogar a
responsabilidade nas costas do projetista.
É um perigo deixar uma decisão técnica por conta de um leigo.

NOTA 3: Este procedimento de cálculo é especialmente exigida em


situações onde a proteção não é necessária para que fique comprovada
a não necessidade, impedindo que achismos, intuições ou crenças
populares conduzam a decisões equivocadas.

NOTA 4: A eficiência do SPDA está atrelada ao nível de proteção


derminado durante a avaliação de risco e pode ser determinada no
gráfico abaixo, transcrito da norma. Final

SE 4495

O SETOR ELÉTRICO
Abril 2007 27
F A SC Í CU LO 2 / NBR 541 9 SP D A
Normando V.B. Alves, diretor-técnico da Termotécnica Proteção Atmosférica
normando@tel.com.br / www.tel.com.br

Índice remissivo

Prezados leitores, TABELA PARA SELEÇÃO DO NÍVEL DE PROTEÇÃO


Com este artigo finalizo a proposta assumida com a revista O
SETOR ELÉTRICO de publicar fascículos mensais de temas diversos, TIPO DE EDIFICAÇÃO NÍVEL DE PROTEÇÃO
Edificações de explosivos, inflamáveis, NÍVEL I
sempre norteados pelas exigências da norma NBR 5419 da ABNT.
indústrias químicas, nucleares, laboratórios
Encarei esse período como um grande desafio profissional e, graças
bioquímicos, fábricas de munição e fogos de
ao feedback recebido, acabou sendo muito gratificante. artifício, estações de telecomunicações usinas
Os assuntos abordados tiveram principalmente um cunho elétricas, indústrias com risco de incêndio,
prático, de forma a esclarecer alguns temas da NBR5419 que refinarias etc.
Edifícios comerciais, bancos, teatros, museus,
não estão explícitos ou sobre os quais existem dificuldades de
locais arqueológicos, hospitais, prisões, casas NÍVEL II
entendimento com relação à determinada exigência da norma ou
de repouso, escolas, igrejas, áreas esportivas
de como poderia ser colocada em prática. Edifícios residenciais, indústrias, residências,
Todos os fascículos foram enriquecidos por fotos, desenhos estabelecimentos agropecuários e fazendas NÍVEL III

ilustrativos e gráficos, sempre com a intenção de facilitar o com estrutura de madeira


Galpões com sucata ou de conteúdo
aprendizado e a compreensão por parte do leitor.
desprezível, fazendas e estabelecimentos NÍVEL IV
Os assuntos abordados foram os seguintes: agropecuários com estrutura de madeira

Capítulo I - “Mitos e crendices” Capitulo III - “Os métodos de proteção”


Resumo: O que são mitos e verdades quando se fala em raios e Apresentação dos métodos de dimensionamento prescritos na
em proteção pessoal e patrimonial. Explicitamos ainda o que são os norma NBR5419 (Franklin, Eletrogeométrico e Gaiola de Faraday) e
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas e seu principal qual o mais adequado a cada tipo de edificação.
objetivo como proteção patrimonial.
Método Franklin

Método Eletrogeométrico

Capítulo II - Níveis de proteção, a classificação correta


e a necessidade de proteção”

Gaiola de Faraday
Tabela de Nível de Proteção

Nível de proteção Necessidade do SPDA?


Nível 1 OBRIGATÓRIO
Nível 2 OBRIGATÓRIO
Nível 3 ANEXO B
Nível 4 ANEXO B

O SETOR ELÉTRICO
24 Maio 2007
Apoio
Capítulo IV - “Descidas do SPDA” Capítulo VI

NBR 5419 / SPDA


Dimensionamento do número de descidas, qual o espaçamento, “Equipotencialização de malhas e instalação de DPS”
quais os tipos de condutores e materiais que são permitidos pela A interligação das diversas malhas de aterramento já existentes,
norma e preocupações com questões estéticas da edificação. a instalação das BEP´s e instalação de supressores de surtos para
proteção de equipamentos sensíveis.

Capítulo VII - “Qualidade dos


materiais de SPDA”
Qualidade dos materiais exigidos
Capítulo V - “Anéis de cintamento, aterramento e
pela norma nas diversas situações. Como
medição de resistência”
identificar esses produtos. Cuidados a
Dimensionamento dos anéis de cintamento, o arranjo de
serem observados em relação às conexões,
aterramento mais adequado e como realizar medição de resistência
inspeções e manutenção dos sistemas de
de aterramento pelo método de Queda de Potencial.
proteção contra descargas atmosféricas.

Capítulo VIII - “Cuidados na especificação de produtos


em projetos de SPDA”
Cuidados que deverão ser tomados na elaboração de projetos,
com relação à correta especificação dos produtos para garantir o
sucesso do projeto e evitar os materiais “genéricos” que poderão
acarretar uma não conformidade na qualidade dos materiais.

O SETOR ELÉTRICO
Maio 2007 25
F A SC Í CU LO 2 / NBR 541 9 SP D A
Capítulo XI - “Documentos que deverão existir
na obra de acordo com a Norma – A qualificação
das empresas instaladoras”
cuidados com relação à parte documental das instalações
de SPDA, que facilitam vistorias de SPDA e são exigência da
NR10.

Capítulo XII – “Acidentes pessoais com raios”


Situações em que as pessoas poderão ficar expostas a
Capítulo IX - “Pára-raios estrutural (dentro do
acidentes provocados por descargas atmosféricas, de forma
concreto armado)”
direta ou indireta. Recomendações e os devidos cuidados a
Como projetar e executar o Pára-raios estrutural, dentro do
serem tomados para evitar acidentes pessoais com descargas
concreto armado de acordo com o anexo D da norma. Materiais
atmosféricas.
a serem utilizados e as vantagens com relação ao custo-benefício
devido à utilização desse sistema.

Capítulo X – “Equalizações de potenciais”


Equalização de potenciais das massas metálicas dentro e nas
proximidades da edificação, de modo a reduzir os riscos pessoais e Capítulo XIII - ”Acidentes em edificações”
das instalações e equipamentos. Fotos e relatos de acidentes ocorridos com algumas conclusões
que comprovam a necessidade de SPDA para diferentes tipos de
edificações.

Capítulo XIV – “Procedimento de cálculo para


verificação da necessidade de SPDA”
Mostramos uma seqüência de procedimento de cálculos que
ajudam na decisão da implantação de SPDA.

O SETOR ELÉTRICO
26 Maio 2007
revisão e os interessados em participar e contribuir devem

NBR 5419 / SPDA


procurar a ABNT. A revisão atual está seguindo a International
Eletrical Comission – IEC - e terá um conteúdo técnico maior e
melhor, porém sem grandes mudanças na filosofia e métodos
de proteção, com critérios de avaliação mais bem definidos.
Aberto a colaborar e a dirimir dúvidas técnicas, estou à
disposição através da revista ou nos cursos de SPDA que
ministro regularmente no país para atender a mais esse
desafio, caso os leitores da publicação desejem abordar
algum assunto específico do tema.
Cordiais saudações!
Normando V. B. Alves

Mapa de curvas isocerâunicas do Brasil


Fontes de informações técnicas
www.spda.com.br – Informações técnicas/fotos de acidentes
e Instalações/Cálculos online/ Biblioteca de detalhes em CAD para
Os leitores que estão colecionando esses fascículos
download gratuito.
e a revista têm em mãos uma excelente ferramenta de
suporte@tel.com.br – Dúvidas técnicas e suporte técnico
trabalho, já que abordamos assuntos relativos à legislação,
gratuito completo a projetistas e instaladores disponibilizado pela
documentação, qualidade dos materiais, além de artigos Termotécnica.
sobre a situação dos aterramentos, os quais poderão ser www.rindat.com.br – Site de monitoramento do sistema de
muito úteis na hora de determinar qual o melhor sistema localização de tempestades.
de proteção e o custo-benefício de acordo com o tipo de www.inpe.br – site que provê uma visão geral das atividades
edificação. espaciais do governo brasileiro. Engenharia e dados de satélites,
Amazônia, queimadas, tempo e clima etc.
Vale ressaltar que a norma NBR 5419 está em processo de

O SETOR ELÉTRICO
Maio 2007 27
Apoio

Manual de instalação de DPS Por Jobson Modena

Capítulo I
Considerações preliminares
e conceitos básicos

Baseados em nossa experiência e critério de julgamento técnico,


acreditamos nas informações contidas neste compêndio e as utilizamos no
desenvolvimento do nosso trabalho. Entretanto, não nos responsabilizamos
por quaisquer tipos de perdas ou danos causados pela utilização indevida
ou por interpretação incorreta do conteúdo aqui disponibilizado.
Sucesso a todos!

Correndo riscos – tentando simplificar o que energia de baixa tensão – Parte 1: Requisitos de desempenho
eventualmente não possa ser simplificado –, desenvolvemos e métodos de ensaio;
esta coletânea de conceitos e recomendações existentes em − IEC 62305-1 a 4:2006 – Protection against Lightning.
normas nacionais e internacionais na tentativa de esclarecer
eventuais dúvidas da comunidade técnica interessada no Considerações
assunto. Esse grupo de técnicos encontrou na revisão da Com a mesma veemência com que exige a instalação
norma de instalações elétricas de baixa tensão, publicada dos DPSs na maioria das instalações elétricas de baixa
em 2004, prescrições que obrigam a utilização de Dispositivo tensão, a norma 5410 deixa claro que a proteção contra
de Proteção contra Surtos (DPS) na maioria das instalações surtos de tensão causados por descargas atmosféricas ou
elétricas do País. manobras não deve ser executada simplesmente com a
Por acreditarmos que grande parte das instalações instalação do DPS. Essa proteção deve ser fruto de, pelo
elétricas de baixa tensão encontra-se em desacordo com menos, três medidas a serem implantadas em conjunto:
as normas por falta de conhecimento ou familiarização • Eletrodo de aterramento corretamente projetado e
com seu conteúdo, nosso objetivo é o de esclarecer as instalado;
recomendações e prescrições normativas e facilitar sua • Eqüipotencialização utilizada como conceito; e
compreensão pelos profissionais que projetam, instalam e • Instalação de DPSs, pelo menos, no primeiro nível de
mantém essas instalações. proteção da instalação.
Este trabalho enfatiza o último item, referindo-se aos
Embasamento normativo demais como assuntos complementares quando necessário
Este trabalho está embasado na interpretação das e poderá ser assunto de novos artigos.
seguintes normas técnicas:
− ABNT NBR 5410:2004 – Instalações elétricas de baixa Surtos de tensão em uma instalação
tensão; São várias as causas dos surtos de tensão em uma
− ABNT NBR 5419:2005 – Proteção de estruturas contra instalação elétrica. As mais comuns e, portanto, de
descargas atmosféricas; destaque são:
− ABNT NBR 14306:1999 – Proteção elétrica e
compatibilidade eletromagnética em redes internas de Surtos induzidos ou indiretos
telecomunicações em edificações; Quando as descargas atmosféricas atingem as linhas
− ABNT NBR IEC 61643-1:2007 – Dispositivos de proteção de transmissão e de distribuição de energia, incidindo
contra surtos conectados a sistemas de distribuição de diretamente em árvores, em estruturas ou no solo, as

O SETOR ELÉTRICO
54 Julho 2008
Apoio
ondas eletromagnéticas originadas pela corrente elétrica que circula no Surtos conduzidos ou diretos

canal da descarga atmosférica propagam-se pelo meio (geralmente pelo Quando uma descarga atmosférica incide diretamente sobre a
ar), induzindo corrente elétrica nos condutores metálicos que estiverem instalação, sobre a estrutura ou sobre pontos muito próximos dela,
em seu raio de alcance. Estima-se uma distância da ordem de um a três todos os elementos metálicos ali existentes e o eletrodo de aterramento
quilômetros. Esses efeitos causados indiretamente por acoplamento ficam, por frações de segundos, submetidos a níveis de tensão diferentes.
indutivo e/ou capacitivo também podem colocar em risco a instalação, Essas diferenças de tensão geram correntes de surto que circularão por
os equipamentos por ela servidos e as pessoas que os utilizam. diversos pontos da estrutura, inclusive, e no nosso caso principalmente,
Manobras na rede elétrica de energia: chaveamento para pela instalação elétrica. Podem ocorrer ainda diferenças de tensão entre
abertura ou fechamento de circuitos elétricos de transmissão e eletrodos de aterramento de estruturas diferentes, por exemplo: o
distribuição também geram impulsos de tensão na rede elétrica. eletrodo do prédio e os eletrodos de aterramento dos serviços públicos
Esses impulsos são chamados de “surto de manobra” e, do ponto (concessionárias de energia, TV a cabo, telefonia, etc.).
de vista da proteção, seus efeitos devem ser tratados e prevenidos
da mesma forma que os efeitos indiretos causados pelos raios.

Figura 2 – Possibilidades de ocorrências de surtos conduzidos ou diretos

Eletrodo de aterramento: Todo elemento condutor de eletricidade enterrado


no solo capaz de dispersar para a terra correntes elétricas indesejáveis que
eventualmente circulem na instalação. Esses condutores podem ser instalados com
essa finalidade (eletrodo convencional, como uma malha com cabo de cobre) ou
Figura 1 – Possibilidades de ocorrências de surtos induzidos ou indiretos
não (eletrodo natural, como ferragens estruturais das fundações da edificação).

O SETOR ELÉTRICO
Julho 2008 55
Apoio

Manual de instalação de DPS


Diferenças de tensão no solo
Quando chega a terra, por incidência direta ou por meio
de condutores aterrados, a corrente elétrica das descargas
atmosféricas flui pelo solo. Ao encontrar resistência (oposição)
à sua passagem, dá origem a linhas de tensão assimétricas e
com intensidades diferentes. Essas linhas têm ponto de origem
no local de incidência da corrente na terra e podem manter
valor significativo, embora decrescente, a distâncias que variam
conforme as influências do solo e outros elementos enterrados.
As diferenças de tensão no solo podem gerar correntes
circulantes indesejáveis em muitos componentes que tenham Figura 4 – Eqüipotencialização principal, local e suplementar
suas partes condutoras de eletricidade integradas a duas ou
mais dessas linhas com tensões diferentes. − Equipamento de tecnologia da informação (ETI): Definido como
Se uma instalação elétrica de energia e de sinal possui vários um conceito que abrange todo o equipamento microprocessado ou
eletrodos de aterramento diferentes e independentes, haverá aqueles equipamentos que não sejam microprocessados, mas que
circulação dessas correntes indesejáveis entre os equipamentos possuam duas entradas elétricas externas à edificação (de energia e de
servidos pela instalação. sinal) simultaneamente;

− Categoria de suportabilidade a impulsos: Nível máximo de


tensão de impulso que uma determinada parte da instalação e/ou seus
componentes podem ser submetidos sem causar danos às instalações;

− Dispositivo de proteção contra surtos (DPS): Dispositivo


destinado a limitar as sobretensões transitórias (chamado limitador de
tensão ou supressor de surto) ou a desviar correntes de surto (chamado
comutador de tensão ou curto-circuitante).
Para uma correta análise e comparação de produtos, por parte do
projetista, os fabricantes devem, segundo a NBR IEC 61643-1, fornecer
as seguintes informações sobre os DPSs:
Figura 3 – Ocorrência de diferenças de tensão entre aterramentos individuais
− Nome do fabricante ou marca comercial e modelo;
− Categoria para aplicabilidade no local de instalação (suportabilidade
Alguns conceitos
a tensão impulsiva);
− Eqüipotencialização: Medidas que devem ser tomadas para
− Método de montagem ou modo de proteção, preferencialmente
minimizar as diferenças de tensão (temporárias ou transitórias)
acompanhado de croqui orientativo;
a níveis suportáveis pela instalação elétrica, os componentes
− Tensão máxima de operação contínua UC, que é a tensão nominal do
por ela servidos e seus usuários. Em geral este objetivo
DPS, (um valor para cada modo de proteção) e freqüência nominal;
é atingido com a interligação dos elementos metálicos e o
− Classificação de ensaio (classe I, II ou III) e parâmetros de descarga;
eletrodo de aterramento de forma direta ou indireta. Os
− Corrente de impulso IIMP e carga Q para o DPS classe I (valor para cada
pontos preferenciais em que são feitas as interligações são
modo de proteção);
denominados:
− Corrente de descarga nominal IN para o DPS classe II (valor para cada
− BEP – Barramento de Eqüipotencialização Principal;
modo de proteção);
− BEL – Barramento de Eqüipotencialização Local;
− Nível de proteção de tensão UP (valor para cada modo de proteção);
− TAT – Terminal de Aterramento de Telecomunicações;
− Suportabilidade a sobretensões temporárias;
− Eqüipotencialização suplementar – Criação de um “plano
− Suportabilidade a correntes de curto-circuito no ponto de
eqüipotencial”, por meio de uma barra PE, distante do BEP, do
instalação.
BEL ou do TAT. Esta barra PE terá interligação com o eletrodo
Parâmetros mínimos que devem constar dos dados de placa
de aterramento unicamente pelo BEP ou pelo BEL, o que
dos DPSs:
proporciona interligação mais curta e reta possível.
− Classe I: UC, UP, IIMP, Q e curva “T1/T2” de ensaio;
Estes conceitos devem ser utilizados individualmente (para
− Classe II: UC, UP, IMÁX, IN e “T1/T2” de ensaio;
cada edificação ou estrutura que for avaliada).
− Classe III: UC, UP, UOC, IMÁX, IN.

O SETOR ELÉTRICO
56 Julho 2008
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− DPS comutador de tensão ou curto-circuitante: Dispositivo que


Manual de instalação de DPS

tem a propriedade de mudar bruscamente o valor de sua impedância,


de muito alto para praticamente desprezível, função do aparecimento
de um impulso de tensão na instalação.
Para explicar o funcionamento deste dispositivo, podemos fazer
uma associação de conceitos. Dois reservatórios de água, posicionados
conforme a Figura 5. O reservatório 2 está equilibrado sobre um
rolete, estando posicionado o conjunto (reservatório + rolete) de forma
a perder esse equilíbrio no momento em que a água atingir o nível
predeterminado – nível de desequilíbrio. Quando a água atinge aquele Figura 7 – Associação de conceitos: funcionamento do DPS com
nível, o conjunto desequilibra e o reservatório 2 derrama toda a água características de atenuador de tensão
armazenada de uma só vez pelo solo.
Volume de água

Nível de
desequilíbrio

Figura 5 – Associação de conceitos: funcionamento do DPS com característica


de comutador de tensão

Tempo

Volume de água
Figura 8 – Curva originada pela associação de conceitos relativa ao
funcionamento do DPS com características de atenuador de tensão
Nível de
desequilíbrio
Se substituirmos o parâmetro “volume de água” por “tensão
do surto”, teremos a curva de um DPS com característica de
atenuador de tensão.
− DPS combinado: Dispositivo que incorpora as propriedades
dos DPSs comutadores e dos limitadores;
− Nível de proteção de tensão do DPS (U P ): Valor
caracterizado pela limitação de tensão do DPS entre seus
Tempo
terminais;
Figura 6 – Curva originada pela associação de conceitos relativa ao − Tensão residual do DPS (U RES): Valor de pico da tensão
funcionamento do DPS comutador de tensão
entre os terminais do DPS devido à passagem da corrente de
descarga gerada pela atuação do DPS;
Se substituirmos o parâmetro “volume de água” por “tensão do
surto”, teremos a curva de um DPS com característica de comutador
de tensão.

− DPS limitador de tensão ou supressor de surto: Dispositivo


que tem a propriedade de mudar paulatinamente o valor de sua
impedância, de muito alto para praticamente desprezível, quando
do aparecimento de um impulso de tensão na instalação.
Valendo-nos da mesma associação, utilizamos na Figura 7
o mesmo conjunto da Figura 5 e com o mesmo princípio de
funcionamento, mas fazemos alguns furos no reservatório 2, situados
abaixo do nível de desequilíbrio. Neste caso, a água armazenada
no reservatório 1 começa a escoar para o reservatório 2 e deste
paulatinamente para a terra, sem atingir o nível de desequilíbrio do
Figura 9 – As tensões UP e URES
conjunto reservatório 2 mais o rolete.

O SETOR ELÉTRICO
58 Julho 2008
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Manual de instalação de DPS

− Tensão de operação contínua do DPS (UC): Máxima tensão ser considerado na classificação deste DPS é a carga (Q), em
que pode ser aplicada continuadamente ao modo de proteção Ampére por segundo. Dessa forma, pode-se saber a energia
do DPS sem comprometer seu funcionamento. É a tensão que o DPS suporta ao dissipar a corrente impulsiva;
nominal do DPS; − Classificação dos DPSs: Segundo a NBR IEC 61643, um DPS
− Modo de proteção do DPS: Cada possibilidade de ligação de é classificado conforme as especificações de construção do
um DPS na instalação (entre: fase/fase, fase/neutro, fase/terra, fabricante e, principalmente, função dos parâmetros de ensaio
neutro/terra e demais combinações); a que é submetido:
− Corrente máxima do DPS (IMÁX): Valor de crista de um • Classe I: DPS ensaiado em condições de corrente que melhor
impulso cuja forma de onda tempo versus corrente é utilizada simule o primeiro golpe da descarga atmosférica, IIMP e Q;
para ensaio do DPS; • Classe II: DPS ensaiado em condições de correntes que melhor
− Corrente nominal do DPS (IN): Fração do valor de crista simulem os golpes subseqüentes das descargas atmosféricas,
de um impulso cuja forma de onda tempo versus corrente IN;
representa o mais fielmente possível o impulso gerado pelos • Classe III: por ser um dispositivo de ajuste de tensão, utilizado
golpes subseqüentes ao primeiro de uma descarga atmosférica. em níveis internos de proteção este DPS é ensaiado de forma
É utilizada para ensaio e classificação de DPSs classes II. A NBR combinada com IN e UOC (que veremos a seguir).
IEC 61643-1 utiliza o parâmetro IN também para determinar a
Continua na próxima edição
vida útil mínima do DPS. O mesmo deve suportar, pelo menos, Encaminhe suas dúvidas, sugestões e críticas para o e-mail
15 a 20 surtos com o valor de IN; redacao@atitudeeditorial.com.br

− Corrente de impulso do DPS (IIMP): Fração do valor de crista


Jobson Modena é engenheiro eletricista, mestrando em energia no
de um impulso cuja forma de onda tempo versus corrente
Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/
representa o mais fielmente possível o primeiro golpe de USP) e diretor da Guismo Engenharia. É autor do livro Manual para
uma descarga atmosférica. Esta é utilizada para ensaio e Instalação de DPS e membro das comissões CE:03-64.01, CE:03-64.10
e CE:03-102.01 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-03 da
classificação de DPS classe I. Outro parâmetro importante a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O SETOR ELÉTRICO
60 Julho 2008
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Manual de instalação de DPS Por Jobson Modena

Capítulo II
Análise de risco e avaliação da
necessidade de proteção

Em continuidade ao capítulo anterior, iniciaremos − Pulsos criados em laboratório para ensaio dos DPSs:
este artigo com algumas definições e conceitos. Após analisarmos a curva da Figura 1, podemos
Abordaremos também a análise de risco de um sistema e compreender melhor a terminologia utilizada na
a necessidade de proteção em uma instalação elétrica. classificação dos DPSs, que depende, em primeira
– Influências externas, AQ-1, AQ-2 e AQ-3: elementos análise, de sua capacidade de atuação e suportabilidade
fundamentais de balizamento para a determinação da térmica ao dissipar a energia do pulso gerado.
necessidade da instalação da proteção contra surtos
em uma instalação elétrica. AQ-1, AQ-2 e AQ-3 são
parâmetros da norma ABNT NBR 5410 relativos às
descargas atmosféricas e dão condições para o início
da análise de riscos que poderão existir nas instalações
elétricas. São encontrados na tabela 15 da NBR 5410,
sendo:
• AQ-1: classificação atribuída às instalações que
não necessitam de proteção. Figura 1 – Curva tempo versus corrente
• AQ-2: classificação atribuída às instalações que se Em que:
encontram em regiões com índice ceráunico (dias do T1= tempo de frente de onda (front time);
ano com ocorrência de trovoadas) > 25 e condutores T2= tempo em que o valor da cauda atinge metade do
alimentadores da instalação elétrica instalados, total ou valor de pico (half time value);
parcialmente, de forma aérea. Quando uma instalação IMÁX= corrente máxima de pico (peak current).
se enquadra em AQ-2, significa que ela está exposta,
pelo menos, aos efeitos indiretos causados pelas É comum encontrarmos a associação entre a classe
descargas atmosféricas (riscos indiretos); do DPS e a curva de pulso, com a qual ele foi ensaiado
• AQ-3: classificação atribuída a edificações ou [%IMÁx x (T1/T2)], expressa pela razão entre os tempos T1
estruturas em que exista grande probabilidade de e T2.
incidência direta das descargas atmosféricas na sua A NBR IEC 61643-1 especifica somente a curva
instalação elétrica, nos seus componentes ou em (8/20) para ensaio de DPS, mas complementa o ensaio
regiões muito próximas a eles. Quando uma edificação do DPS classe I especificando a carga em Ampère versus
se enquadra na classificação AQ-3, significa que há segundo (energia), que o dispositivo deve suportar ao
grande probabilidade de ser danificada pelo impacto dissipar IIMP, mantendo a relação:
direto de uma descarga atmosférica (riscos diretos). O
cálculo de probabilidade de dano por impacto direto
de descarga atmosférica, bem como os parâmetros de Já a IEC 62305 fixa a curva do pulso de
risco, são encontrados no roteiro descrito no anexo B da corrente que melhor simula a primeira descarga
norma ABNT NBR 5419. atmosférica (devido ao impacto direto da descarga

O SETOR ELÉTRICO
38 Agosto 2008
Apoio
atmosférica) como sendo a curva (10/350). Esta é a curva de Determinação da necessidade de proteção
ensaio comumente utilizada pelos fabricantes nos ensaios de Com a revisão da ABNT NBR 5419 em andamento, algumas
DPS classe I. Assim, foi criada no meio técnico uma convenção alterações estão previstas no sentido de melhorar a qualidade da
para relacionar a classe do DPS e a curva de pulso de ensaio a análise de risco e, conseqüentemente, a proteção das instalações
qual ele foi submetido: elétricas, dos equipamentos e das pessoas contra descargas
− Classe I (ou B*), curva (10/350) atmosféricas e seus efeitos. Oportunamente, falaremos a
− Classe II, III (ou C, D*), curva (8/20) respeito do conceito já internacionalmente conhecido de “Zonas
Logo, o DPS (10/350) é ensaiado com um pulso de corrente de Proteção contra Raios (ZPR)”, ou “Lightning Protection Zones
traduzido por uma curva cuja frente de onda atingiu 90 de (LPZ)”, que será introduzido na norma nacional.
I MÀX em 10 µs e a cauda chegou 50% I MÀX em 350 µs. Já o DPS Durante o período de revisão, devemos utilizar as
(8/20) foi ensaiado com um pulso de corrente traduzido por ferramentas normativas atualmente em vigor, que nos
uma curva cuja frente de onda atingiu 90 de I MÀX em 8 µs e a proporcionam a realização de um trabalho seguro, tanto do
cauda chegou 50% I MÀX em 20 µs. ponto de vista técnico quanto legal.
Por analogia, explica-se a diversidade de tempo de diversos Nessa linha de pensamento, os parâmetros iniciais a serem
outros pulsos de corrente e tensão utilizados em ensaios considerados, quando começamos a verificação das condições
específicos tanto de DPS quanto de outros componentes. das instalações elétricas para determinarmos se há necessidade
* Antes dos DPSs serem normalizados pela IEC (internacionalmente) da instalação de proteção contra surtos, são:
e pela ABNT (no Brasil), foram utilizadas as normas alemãs para − O índice ceráunico da região (Td) e a forma como os condutores
padronização do assunto. Essas normas classificam os DPSs como alimentadores, de energia ou sinal adentram na edificação. O mapa
“B, C e D”, portanto é comum encontrar no mercado dispositivos
isoceráunico do Brasil pode ser consultado na página 30 da ABNT
com essa terminologia de classificação.
NBR 5419.
− Índice ceráunico (Td): número de dias com ocorrência de − Probabilidade de danos a essas instalações causadas por
trovoadas por ano em uma região. impactos diretos de raios.

O SETOR ELÉTRICO
Agosto 2008 39
Apoio

Manual de instalação de DPS


Parâmetros da edificação:
L = comprimento
W = largura
H = altura
Densidade anual de descargas atmosféricas para a terra (Ng)
Dada em número de descargas atmosféricas por km² por ano no local:

Área de exposição da estrutura (Ae):

Figura 4 – Fator C: conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas atmosféricas

Freqüência média anual previsível de descargas atmosféricas sobre


a estrutura (Nd):

À freqüência média anual previsível de descargas atmosféricas sobre a Figura 5 – Fator D: localização da estrutura
estrutura (Nd) aplicam-se os valores das tabelas B.1 a B.5 da NBR 5419, que
são apresentadas a seguir, e obtêm-se a avaliação geral de risco (Ndc):

Figura 6 – Fator E: topografia da região

Freqüência admissível de danos (Ndc):

− N dc ≥ 10 -3 (um dano a cada 1.000 anos): freqüência de danos


considerada inaceitável pela ABNT NBR 5419. Dessa forma, é
Figura 2 – Fator A: tipo de ocupação da estrutura provável que haverá dano na edificação ou na estrutura por
incidência direta de descarga atmosférica a cada, pelo menos,
1.000 anos. A ABNT NBR 5419 determina a instalação do
Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) no
local estudado.

NOTA: Embora a correlação “SPDA x AQ-3” seja considerada


saudável, é importante desenvolver o cálculo de análise de
risco toda vez que se for estudar a necessidade da aplicação de
DPS na instalação elétrica, independentemente do estudo do
SPDA existente, principalmente se houver um lapso de tempo
muito grande entre a instalação de um e de outro.

Justificativa: As condições de influências externas ou a


situação da edificação ou da estrutura no local pode ter mudado,
Figura 3 – Fator B: tipo de construção da estrutura por exemplo: estruturas mais altas podem ter sido construídas

O SETOR ELÉTRICO
40 Agosto 2008
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no perímetro, reformas na própria estrutura ou algum outro pelas descargas atmosféricas das linhas de alimentação que
fator que tornou aquele SPDA desnecessário, porém ele não adentrem a edificação: condição AQ-2 – DPS Classe II instalado
foi desinstalado. Assim, estaríamos superdimensionando a no 1º nível de proteção. A proteção contra riscos indiretos deve
proteção contra surtos. ser feita, basicamente, com DPS de característica atenuador de
− N dc ≤ 10 -5
(um dano a cada 100.000 anos): freqüência de tensão (supressores de surto).
danos considerada aceitável. Com isso, é provável que somente NOTA: Cabe salientar que este tipo de proteção também
haverá uma incidência direta de raio a cada 100.000 anos é eficaz para os efeitos dos surtos de tensão causados por
na estrutura ou na edificação. Nessas condições, deveremos manobras na rede de alimentação elétrica.
verificar se há necessidade de instalação apenas para satisfazer − Riscos de danos provenientes do impacto direto das
às condições impostas pela classificação AQ-2 de influências descargas atmosféricas no SPDA ou em outros componentes
externas. da instalação: condição AQ-3 – DPS Classe I instalado no 1º
NOTA: O intervalo compreendido por 10-5 < Ndc < 10-3 nível de proteção. A proteção contra riscos diretos deve ser
é mencionado na ABNT NBR 5419 como objeto de estudo feita, basicamente, com DPS de característico comutador de
individualizado (caso a caso) em função da ocupação, da tensão (descarregador de corrente) ou misto, minimizando o
utilização, da construção e da localização da instalação e de surto via escoamento de uma parcela da corrente diretamente
seus componentes. para a terra e/ou para os condutores vivos de alimentação
Efetuando os cálculos da análise de risco e comparando o da instalação (concessionárias e redes de serviços públicos),
resultado aos índices das influências externas, determinamos dependendo do esquema de aterramento do local.
se o tipo de proteção utilizado no primeiro nível de proteção Continua na próxima edição
da instalação deverá ser contra riscos diretos ou indiretos. Encaminhe suas dúvidas, sugestões e críticas para o e-mail
redacao@atitudeeditorial.com.br
Definidas as classificações das influências externas e
Jobson Modena é engenheiro eletricista, mestrando em energia no Instituto
conhecendo o tipo de operação de cada DPS, poderemos de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e diretor da
também fazer outras associações conceituais: Guismo Engenharia. É autor do livro Manual para Instalação de DPS e membro
das comissões CE:03-64.01, CE:03-64.10 e CE:03-102.01 do Comitê Brasileiro de
− Riscos de danos provenientes dos efeitos indiretos gerados
Eletricidade (Cobei), CB-03 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O SETOR ELÉTRICO
Agosto 2008 41
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Manual de instalação de DPS Por Jobson Modena

Capítulo III
Seleção, dimensionamento e
coordenação de dispositivos de
proteção contra surtos

Para selecionarmos corretamente um Dispositivo de Correntes de impulso (IIMP) e nominal


Proteção contra Surtos (DPS), devemos definir alguns (IN) para DPS classe I e classe II
parâmetros, como veremos a seguir: A norma ABNT NBR 5410 fornece parâmetros
mínimos para a especificação do conjunto de DPS no
Tensão de operação contínua do DPS (UC): primeiro nível de proteção da instalação e determina
A determinação do valor de UC depende do o estudo de proteção nos demais níveis. Para detalhar,
conhecimento do modo de proteção e do esquema de agregamos às prescrições da NBR 5410 aquelas
aterramento da instalação. existentes nas normas NBR 5419 e IEC 62305.
Enquanto não incorporados à revisão do texto
da NBR 5419, os dados que constam da tabela
da norma IEC 62305-4 fornecem os valores das
correntes de primeira descarga atmosférica para
as condições AQ-3, função do nível de proteção
atribuído ao local:

Figura 1 – Tensão de operação contínua do DPS em função do modo


de proteção e do esquema de aterramento (Tabela 49 da ABNT NBR
5410).

Como exemplo, temos:


- Tensão da instalação: 220 V/380 V;
- Esquema de aterramento empregado: TN-C;
- Modo de instalação do DPS: entre os condutores Fase Figura 2 – Parâmetros para a corrente de simulação da primeira
e PEN. descarga atmosférica, segundo a IEC 62305-4. (tradução ainda não
oficial)

Devemos especificar um DPS que tenha valor A Tabela B.6 da NBR 5419 fornece os níveis de
comercialmente disponível de UC imediatamente proteção considerando estrutura, utilização, localização,
superior ao calculado. Para este caso, 250 V ou 255 V. topologia e outros critérios.

O SETOR ELÉTRICO
44 Setembro 2008
Apoio

Manual de instalação de DPS

Figura 3 – Referência para atribuição do nível de proteção contra descargas


atmosféricas. Tabela B.6 da norma ABNT NBR 5419.

Para os casos de danos provocados por impacto direto na


instalação, as normas NBR 5419 e IEC 62305 convencionam:
− Nível I: 200 kA (10/350) µs;
− Nível II: 150 kA (10/350) µs;
− Níveis III e IV: 100 kA (10/350) µs.
A norma 62305 admite ainda que a corrente elétrica da descarga
atmosférica se divide, sendo que metade se dispersa pelo solo e a outra
metade retorna para a instalação, função da diferença de tensão que
aparece entre os aterramentos da edificação e da fonte de alimentação.

Figura 4 – Divisão das correntes das descargas atmosféricas que atingem um Sistema
de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), segundo a norma IEC 62305.

Aqui temos a oportunidade de esclarecer um mito em relação


a uma instalação elétrica e seus componentes cuja edificação
tenha SPDA instalado: pelo explicado anteriormente, é fácil notar
que somente com o SPDA instalado os níveis de corrente e tensão
que circulam na instalação elétrica no momento da ocorrência
da descarga atmosférica aumentam descontroladamente,
fator que eleva a probabilidade da ocorrência de danos, logo,
SPDA NÃO PROTEGE A INSTALAÇÃO ELÉTRICA NEM SEUS
COMPONENTES DOS DANOS CAUSADOS POR SURTOS DE
TENSÃO.
Voltando ao dimensionamento de correntes, o SPDA – embora
passe a maior parte de sua “vida” sem conduzir corrente elétrica
– deve, por definição, estar eletricamente vinculado à instalação
elétrica por meio do barramento de eqüipotencialização principal

O SETOR ELÉTRICO
46 Setembro 2008
Apoio
(BEP), tornando-se parte integrante dessa instalação. Assim, se
estivermos protegendo o local para a condição AQ-3, poderemos
estimar o valor da corrente atribuído ao primeiro nível de proteção
para aquela edificação e dividir este número pela quantidade de
Dessa forma, teríamos três condutores expostos à metade
condutores de alimentação que entrar nela.
da corrente que retornou pelo aterramento. Ficaríamos com
Como exemplo, na Figura 5, utilizaremos o valor máximo de
protetores de IIMP = 33,3 kA ou de valor comercialmente encontrado
corrente considerado pelas normas NBR 5419 e IEC 62305 para
imediatamente superior para cada condutor.
o nível I de proteção. I= 200 kA, (10/350) µs.
A NBR 5410 estabelece limites mínimos de corrente para cada
situação:
− IIMP = 12,5 kA, por modo de proteção;
− IIMP = 25 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
− IIMP = 50 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.

Uma boa prática de engenharia é desenvolver o raciocínio


apresentado anteriormente e comparar o resultado aos
normalizados. Lembramos que o fator “segurança” deve
prevalecer em qualquer caso.

Se a proteção visa um local sob a condição AQ-2, em que o foco


é minimizar surtos já atenuados (pela impedância das linhas ou por
DPS classe I instalado a montante), as correntes nominais mínimas
Figura 5 – Divisão das correntes das descargas atmosféricas que atingem um normalizadas seriam:
SPDA, segundo a norma IEC 62305. Aplicação numérica.
− IN = 5 kA, por modo de proteção;
No exemplo numérico da Figura 5, é m ostrado que os valores − IN = 10 kA para DPS de neutro em ligações monofásicas;
para uma condição ideal seriam atingidos se, pelas medidas de − IN = 20 kA para DPS de neutro em ligações trifásicas.
proteção implantadas, conseguíssemos:

O SETOR ELÉTRICO
Setembro 2008 47
Apoio

É importante lembrar que, no caso de se instalar DPS classe II no δ – Posicionamento, situação e topologia da linha aérea e da
Manual de instalação de DPS

primeiro nível de proteção da instalação, é prudente que IN tenha valores edificação:


maiores do que o que consta da NBR 5410. Esta afirmação visa a garantir δ=0 – para linha aérea e edificação completamente envolvidas
a efetiva coordenação e proteção do conjunto (DPS versus Instalação), por outras estruturas;
pois a vida útil do DPS classe II, construído com componente(s) δ=0,5 – para linha aérea e edificação com algumas estruturas
semicondutor(es), tipicamente varistor(es), está diretamente ligada a IN. próximas ou em situação desconhecida;
Então, quanto maior IN maior será a vida útil provável do DPS. Outro fator δ=0,75 – para linha aérea e edificação em terreno plano ou
de grande importância é a relação custo versus benefício. A diferença de descampado;
valor entre um DPS com corrente nominal IN = 10 kA e outro com IN δ=1 – para linha aérea e edificação sobre morro, em presença de
= 20 kA é muito pequena se considerarmos as mesmas condições de água superficial e área montanhosa.
exposição e atuação. Os parâmetros determinantes nessa comparação Comparando resultados obtidos, podemos adotar os seguintes
serão o valor da mão-de-obra para instalação do DPS, o provável tempo valores de IN como referência mínima na especificação do conjunto
de parada para troca dos dispositivos e o número de trocas. de DPSs: - F ≤ 40 IN = 5 kA
Se o foco de proteção for um local de habitação ou mesmo pequenas - 40 < F ≤ 80 IN = 10 kA
edificações comerciais, poderemos nos valer de um método prático, - F > 80 IN = 20 kA
apresentado no livro Instalações elétricas em locais de habitação, de J.R.A. Errata
de Souza, que utiliza o nível de exposição a sobretensões provenientes No capítulo anterior, na página 40 da edição 31, a fórmula da área de exposição
das descargas atmosféricas: da estrutura (Ae) foi publicada erroneamente (Ae= LW +2LW + 2HW + πH²).
Esclarecemos que a fórmula correta é a seguinte: Ae= LW +2LH + 2HW + πH²

Em que: Continua na próxima edição


Encaminhe suas dúvidas, sugestões e críticas para o e-mail
F – Nível de exposição a surtos provenientes das descargas
redacao@atitudeeditorial.com.br
atmosféricas; Jobson Modena é engenheiro eletricista, mestrando em energia no Instituto
Td – Índice ceráunico, anteriormente tratado; de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e diretor da
Guismo Engenharia. É autor do livro Manual para Instalação de DPS e membro
LBT – Comprimento, em km, da linha aérea de alimentação da
das comissões CE:03-64.01, CE:03-64.10 e CE:03-102.01 do Comitê Brasileiro de
instalação; e Eletricidade (Cobei), CB-03 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O SETOR ELÉTRICO
48 Setembro 2008
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Manual de instalação de DPS Por Jobson Modena

CAPÍTULO IV
NÍVEIS DE PROTEÇÃO E SUPORTABILIDADE
A TENSÕES IMPULSIVAS

Neste capítulo, abordaremos a suportabilidade dos Níveis de proteção da instalação e


componentes da instalação elétrica às sobretensões coordenação de proteção
transitórias (impulsivas) e o que a norma ABNT NBR As três figuras seguintes mostram o conceito dos
5410 exige. Trataremos ainda dos níveis de proteção em níveis de proteção e como instalar os DPSs de forma
uma instalação elétrica e como instalar os Dispositivos coordenada em relação à suportabilidade impulsiva da
de Proteção contra Surtos (DPSs) de forma coordenada instalação. Para o exemplo particularizamos um caso de
em relação à suportabilidade impulsiva da instalação e tensão eficaz da tabela 31 da NBR 5410.
de acordo com os níveis de proteção.

Suportabilidade a tensão impulsiva


Os parâmetros de suportabilidade das instalações
elétricas são encontrados na tabela 31 da norma ABNT
NBR 5410. Após ampla pesquisa de mercado não
conseguimos encontrar até a data da divulgação deste
trabalho, nenhum equipamento – de computadores a
aparelhos de ressonância magnética passando por câmeras
de vigilância e centros de automação – que disponibilize
Figura 2 - Coordenação dos DPSs por suportabilidade de tensão
em seus dados de placa ou nos manuais os níveis de impulsiva em função das categorias dos produtos
suportabilidade a surtos, ficando, portanto, o alerta aos
leitores e uma solicitação aos fabricantes. Por ser uma
norma de instalações elétricas e não de equipamentos,
o anexo E da NBR 5410 compõe suas especificações e
prescrições considerando que os mesmos suportem, no
mínimo, os valores que constam da tabela 31.

Figura 3 – Coordenação dos DPSs por suportabilidade de tensão


impulsiva. Determinação dos níveis de proteção

A coordenação por tensão dos DPSs em diversos


níveis da instalação é atingida de maneira satisfatória
com a comparação de três parâmetros já estudados:
− Tensão de impulso suportável requerida (tabela 31 da
norma 5410)
− UP do DPS
Figura 1 - Suportabilidade dos componentes da instalação a − URES do DPS
impulso - Tabela 31 da ABNT NBR 5410

O SETOR ELÉTRICO
40 Outubro 2008
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O DPS classe II pode ser instalado no 1º nível de proteção


Manual de instalação de DPS
OBS: A NBR 5410 determina que, quando for instalado um
único conjunto de DPS, no ponto de entrada ou do QDP da instalação apenas quando esta se encontra nas condições
em diante, o dispositivo deve possuir UP compatível com a de classificação AQ-2 ou no 2º e outros níveis de proteção
categoria II mostrada na tabela da Figura 1. subseqüentes da instalação, quando esta se encontra nas
condições de classificação AQ-3 e houver um DPS classe I já
Devemos analisar se UP do DPS está dentro do parâmetro instalado no 1º nível de proteção.
de tensão de impulso suportável exigido para aquela categoria Os DPS classe III funcionam como “atenuadores locais”,
da instalação. Para a análise de coordenação, é prudente os quais, praticamente, restabelecem as condições normais
considerar, salvo informação resguardada pelo fabricante ou de tensão. Seria o “ajuste fino” da proteção. São sempre
pela própria instalação, a pior situação, ou seja, que não haja instalados nos últimos níveis de proteção determinados, ou
nenhuma distância entre o nível ponto a jusante de um nível de seja, exatamente antes do equipamento. Algumas vezes ficam
proteção para o ponto a montante do nível subseqüente, como, embutidos.
por exemplo, entre o 2º e o 3º níveis de proteção URES do 2º Na coordenação por tempo devemos considerar que cada
nível ≈ UP do 3º nível. DPS terá um tempo de resposta (atuação) em função dos
Sob o ponto de vista da tensão impulsiva, para locais em que componentes que foram utilizados em sua construção. Via de
não haja condição (física ou econômica) de criação de mais de regra, podemos adotar a seguinte correlação: DPSs com maior
um nível de proteção, a melhor alternativa é instalar somente o suportabilidade à dissipação de energia leva mais tempo para
primeiro nível de proteção com um conjunto de DPS que tenha “sentir” o surto. Essa característica exige que o projetista
UP exigido para o nível de proteção mais crítico (de menor valor) coordene adequadamente os dispositivos na instalação para
na instalação. que atue primeiro sempre o DPS mais robusto.
Para haver coordenação efetiva, os fabricantes adotam
distâncias mínimas de condutores entre os níveis de proteção.
Quando não existir esta distância mínima recomendada há a
necessidade da inserção de um elemento que “atrase” o surto,
geralmente, indutor (L1 e L2 na Figura 5) ou termistor, a fim de
fazer com que o DPS instalado no 1º nível de proteção “sinta”
o surto e atue antes do DPS instalado no 2º nivel de proteção e
assim sucessivamente.

Figura 4 – Coordenação dos DPSs por suportabilidade de tensão


impulsiva e análise de necessidade de proteção a partir do 2º nível

OBS.: É válido reforçar que as figuras aqui mostradas são


puramente ilustrativas. O objetivo é salientar que, em geral,
não há linearidade espacial na determinação dos níveis Figura 5 – Coordenação dos DPSs por tempo de atuação
de proteção. Uma edificação terá tantos primeiros níveis
de proteção quantos condutores metálicos a adentrarem, Posicionamento dos DPSs no 1º nível
bem como poderá ter mais de um determinado nível de de proteção da instalação
proteção repetido (2o, 3o, etc.), dependendo da localização Seguindo a classificação das influências externas e a análise
dos circuitos, componentes e equipamentos a serem de riscos, a NBR 5410 divide as possibilidades de instalação do
protegidos. conjunto de DPS no primeiro nível de proteção em duas:
− proteção contra surtos causados por descarga atmosférica
induzidas na linha externa de alimentação ou contra surtos
Considerando os exemplos nas figuras anteriores, é
causados por manobra (AQ-2 ou efeitos indiretos): os DPSs
importante alertar para que não sejam confundidos os conceitos
devem ser instalados junto ao ponto de entrada da linha na
de nível de proteção da instalação, com classe do DPS. Por
edificação ou no quadro de distribuição principal, localizado o
exemplo, um DPS classe I deverá sempre ser instalado no 1º
mais próximo possível do ponto de entrada;
nível de proteção da instalação quando esta se encontra nas
− proteção contra sobretensões provocadas por descargas
condições de classificação AQ-3.
atmosféricas diretas sobre a edificação ou próximo a ela (AQ-3

O SETOR ELÉTRICO
42 Outubro 2008
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ou efeitos diretos): os DPSs devem ser instalados unicamente que essa prescrição seja atendida sem interferir no controle
Manual de instalação de DPS

no ponto de entrada da linha na edificação*. sobre o furto de energia, infelizmente comum no nosso País.
Embora algumas concessionárias já utilizem prescrições
* Este posicionamento vem causando certo conflito entre as conciliatórias, ainda não há consenso sobre o assunto. Para
prescrições da norma 5410 com aquelas contidas nas normas estes casos sugerimos que o projetista informe, por escrito,
internas das concessionárias de fornecimento de energia elétrica, a concessionária sobre esta prescrição da norma NBR 5410
visto que o ponto de entrada, em certos casos, pode estar e proponha uma solução conjunta. Como são muitos os
localizado em segmento da instalação a montante do medidor, padrões de caixas de entrada e medição, a solução torna-se
região da instalação conhecida como “de energia não medida”. individualizada (por concessionária).
A seguir sugerimos algumas alternativas para o assunto:
O ponto de entrada da instalação na edificação é definido
pela norma 5410 como o ponto em que o condutor penetra
(adentra) a edificação. É admitida apenas uma exceção: em
casos de edificações de uso individual existentes, atendidas
pela rede pública de distribuição em baixa tensão, quando a
barra PE utilizada na caixa da medição for interligada ao BEP e
essa caixa de medição não distanciar mais de 10 m do ponto
de entrada na edificação. Nessas condições os DPSs podem ser
instalados junto a este barramento na caixa de medição.
Tecnicamente o posicionamento do DPS é indiscutível,
pois somente no ponto de entrada é obtido o caminho mais
curto para que a maior parcela das correntes provenientes das
descargas atmosféricas diretas saia da edificação, distribuindo
a menor parte possível de corrente impulsiva para o seu
Figura 6 – Algumas possibilidades de posicionamento do quadro de
interior. A questão reside em se encontrar uma solução para
seccionadoras em prédios

O SETOR ELÉTRICO
44 Outubro 2008
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Figura 8 – Instalação dos DPSs de 1º nível no ponto de entrada quando o
quadro de chaves seccionadoras não está no ponto de entrada

A Figura 9 estabelece quatro esquemas de ligação que deverão


ser adotados para a instalação dos DPSs. Vale lembrar que esta é a
recomendação mínima de proteção estabelecida pela ABNT NBR 5410
e visa, basicamente, a proteção contra surto de modo comum (que
Figura 7 – Instalação dos DPSs de 1º nível junto ao quadro de chaves
seccionadoras situado no ponto de entrada ocorre entre condutores vivos e o PE ou terra) no primeiro nível de
proteção da instalação. A proteção contra surto modo diferencial (que
ocorre entre condutores vivos) deverá ser implantada após estudo

O SETOR ELÉTRICO
Outubro 2008 45
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de necessidade (proteção em função da utilização da instalação) e


Manual de instalação de DPS
TN C e em seguida passa a TN S. O neutro de entrada,
localização de seus componentes.
necessariamente PEN, deve ser aterrado no BEP, direta ou
A verificação da necessidade de instalação nos demais níveis de indiretamente. A passagem do esquema TN C a TN S, com
proteção deve ser feita por meio de uma comparação direta dos valores a separação do condutor PEN de chegada em condutor
desejados de tensão suportável para cada categoria da instalação e os neutro e condutor PE, seria feita no quadro de distribuição
valores determinados na tabela mostrada na Figura 1. principal (globalmente, o esquema é TN-C-S).

(c) A hipótese configura três possibilidades de esquema de


aterramento: TT (com neutro), IT com neutro e linha que
entra na edificação já em esquema TN S.

Quando houver necessidade da instalação de DPSs em mais


níveis de proteção, os esquemas da Figura 9 devem ser repetidos
ao longo dos vários níveis, conforme o esquema de aterramento
instalado:

• Para esquemas TN-S, TT com neutro e IT com neutro:


− esquema da conexão 2: entre cada fase e PE e entre neutro e PE;
− esquema de conexão 3: entre cada fase e neutro e entre neutro
e PE.

• Para circuitos sem neutro, qualquer que seja o esquema de


aterramento:
− entre cada fase e PE (esquema de conexão 1).

• Para esquema TN-C:


− Esquema da conexão 1: entre cada fase e PEN.

Figura 9 – Esquemas de conexão dos DPSs no ponto de entrada da linha de energia


ou no quadro de distribuição principal da edificação – Figura 13 da NBR 5410.

Notas da Figura 9:
(a) A ligação ao BEP ou à barra PE depende de onde,
exatamente, os DPSs serão instalados e de como o BEP
é implantado na prática. Assim, a ligação será no BEP
quando:
– o BEP situar-se a montante do quadro de distribuição
principal (com o BEP localizado, como deve ser, nas
proximidades imediatas do ponto de entrada da linha na
DP - Dispositivo de proteção contra sobrecorrentes;
edificação) e os DPSs forem instalados então junto do BEP,
DR - Dispositivo diferencial residual;
e não no quadro; ou TR - Transformador.
– os DPSs forem instalados no quadro de distribuição
principal da edificação e a barra PE do quadro acumular a Figura 10 – Exemplo de aplicação para três níveis de proteção
função de BEP.
Por conseqüência, a ligação será na barra PE, propriamente
dita, quando os DPSs forem instalados no quadro de Continua na próxima edição
distribuição e a barra PE do quadro não acumular a função Encaminhe suas dúvidas, sugestões e críticas para o e-mail
de BEP. redacao@atitudeeditorial.com.br
Jobson Modena é engenheiro eletricista, mestrando em energia no Instituto
(b) A hipótese configura um esquema que entra TN C de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e diretor da
Guismo Engenharia. É autor do livro Manual para Instalação de DPS e membro
e que prossegue instalação adentro TN C, ou que entra
das comissões CE:03-64.01, CE:03-64.10 e CE:03-102.01 do Comitê Brasileiro de
Eletricidade (Cobei), CB-03 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O SETOR ELÉTRICO
46 Outubro 2008
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Manual de instalação de DPS Por Jobson Modena

CAPÍTULO V
INSTALAÇÃO E COORDENAÇÃO COM
OUTROS DISPOSITIVOS E PROTEÇÃO
BÁSICA PARA LINHAS DE SINAL

Concluindo esta série de artigos sobre instalação


de Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS),
abordaremos, neste último capítulo, a instalação
e coordenação de outros dispositivos, como
condutores de conexão e Dispositivos Diferenciais
Residuais (DR). Encerraremos o artigo tratando de
proteção básica para linhas de sinal. O objetivo da
divulgação desse material foi difundir um assunto Fig. 1 – Comprimento máximo total dos condutores de conexão do DPS
ainda pouco conhecido pela maioria da comunidade
técnica brasileira. A seção reta nominal do condutor das ligações DPS–PE
deve seguir a seguinte prescrição:
Condutores de conexão − Proteção contra riscos indiretos (AQ-2): no mínimo, 4
O comprimento dos condutores para a conexão mm2 em cobre ou equivalente;
do DPS deve ser o mais curto possível, sem curvas ou − Proteção contra riscos diretos (AQ-3): no mínimo, 16
laços. No primeiro nível de proteção, o comprimento mm2 em cobre ou equivalente.
total do condutor de ligação não deve exceder 0,5
m, como ilustrado na Figura 1. Obrigatoriedade de proteção contra
sobrecorrentes
A justificativa válida para a coordenação pode
Por conta do fim da sua vida útil ou por deficiência
ser utilizada para explicar esta prescrição. Se nas
interna, o DPS pode entrar em curto-circuito
condições de instalação o DPS for posicionado no
permanentemente, criando uma falta à terra naquele
quadro de modo a existir excesso de condutores,
ponto do circuito. Prevendo este tipo de situação, a norma
as famosas “folgas de cabos” poderão incorrer nas
NBR 5410 prescreve a utilização de dispositivo de proteção
seguintes situações de mau funcionamento:
contra curto-circuito (DP) instalado à montante do DPS.
- Excesso de cabo à montante do DPS: atraso no
As alternativas de arranjos para instalação desses
tempo de atuação do dispositivo fazendo uma
dispositivos são mostradas na Figura 2 e permitem, na
parcela maior de surto passar para o próximo nível
hipótese de falha do DPS, priorizar a continuidade do serviço
de proteção ou para a instalação;
ou a continuidade da proteção. Então os dispositivos de
- Excesso de cabo à jusante do DPS: dificuldade na
proteção contra sobrecorrentes podem estar posicionados:
dissipação da corrente do surto elevando a energia
a) na própria linha de conexão do DPS. Esse DP também
dissipada (calor) no DPS.

O SETOR ELÉTRICO
38 Novembro 2008
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pode ser um desligador interno que eventualmente integre o dispositivo, O dispositivo de proteção contra sobrecorrentes a ser
contudo, o fabricante deve informar quando o DPS é provido desse tipo instalado deve possuir corrente nominal compatível à indicada
de proteção. Essas configurações de ligação asseguram continuidade pelo fabricante do DPS. A capacidade de interrupção deve ser
ao serviço (carga), mas significam ausência de proteção contra qualquer inferior ou igual à corrente de curto-circuito presumida no
novo surto que venha a ocorrer antes da troca do DPS danificado; ponto de instalação.
b) no circuito ao qual está conectado o DPS. Corresponde geralmente A seção nominal dos condutores destinados à conexão entre
ao próprio dispositivo de proteção contra sobrecorrentes do circuito e o dispositivo de proteção contra sobrecorrentes especificamente
afeta a continuidade do serviço, uma vez que a atuação do dispositivo previsto para eliminar um curto-circuito aos condutores de fase
de proteção, devido à falha do DPS, interrompe a alimentação do do circuito deve ser dimensionada levando em conta a máxima
circuito; corrente de curto-circuito no local.
c) repetição da primeira situação com redundância da proteção.
Embora apresente maior custo, essa alternativa minimiza a possibilidade Coordenação de DPS com dispositivos DR
de perda de proteção contra surto em caso de dano em um dos DPSs. Para cada nível de proteção, devem ser respeitadas as
Nesse caso, os dispositivos devem ser tecnicamente idênticos. seguintes condições:
− Preferencialmente, os DPSs devem ser instalados à montante
do dispositivo DR. Para o esquema TT, os DPSs devem ser
conectados conforme o esquema de terceio nível de proteção,
como mostrado no capítulo anterior.
− Quando o DPS for posicionado à jusante do dispositivo
DR, seja ele instantâneo ou temporizado, deve possuir uma
imunidade a correntes impulsivas (de surto) de, no mínimo, 3
kA (8/20) µs. DR tipo “S”.

Figura 2 – Possibilidades de posicionamento do dispositivo de proteção contra


sobrecorrentes

O SETOR ELÉTRICO
Novembro 2008 39
Apoio

Manual de instalação de DPS

Figura 5 – Indicação do posicionamento dos DPSs de sinal no 1o nível de proteção

− Linha que se dirija a outra edificação, a estruturas anexas ou


Figura 3 – Coordenação entre DR e DPS: DR à montante do DPS no caso de linha associada à antena externa ou outras estruturas
no topo da edificação: o DPS deve ser localizado com o BEP, ao
BEL ou ao terminal “terra”, o que estiver mais próximo em cada
edificação ou estrutura.

Figura 6 – Proteção de sinal para comunicação entre edificações

Os DPSs sempre devem ser conectados à linha de sinal com


a referência de eqüipotencialização mais próxima. Dependendo
do posicionamento do DPS, a referência de eqüipotencialização
Figura 4 – Coordenação entre DR e DPS: DR à jusante do DPS mais próxima pode ser o BEP, o TAT, o BEL, o condutor PE ou,
caso o DPS seja instalado com algum equipamento, o terminal
Proteção básica para linhas de sinal conectado à massa desse equipamento. O eletroduto por onde
Para proteção de linhas de sinal (vídeo, dados, telefonia), passará o condutor do sinal deve ser metálico, ter continuidade
há algumas prescrições a serem acrescidas àquelas feitas elétrica garantida e suas extremidades interligadas aos eletrodos
anteriormente, entretanto, o vínculo com os barramentos de de aterramento de cada edificação.
eqüipotencialização é fundamental e deve ser mantido:
− Linha originária da rede pública de telefonia: deve ser instalado Seleção do DPS de sinal
um DPS por linha. Os DPSs devem ter características curto- Assumindo que o DPS venha a ser instalado no DGS da
circuitantes e estar localizados no distribuidor geral de sinal edificação, são especificadas a seguir as características exigíveis
(DGS) da edificação em que está o terminal de aterramento de dos DPSs destinados à proteção de linhas de telefonia em par
telecomunicações (TAT), como determina a norma NBR 14306. trançado:
O TAT será ligado ao aterramento por meio do BEP. O DGS deve − Tipo de DPS: o DPS deve ser do tipo comutador de tensão,
estar situado o mais próximo possível do BEP; simples ou combinado (com limitador de sobretensão em
− Linha externa originária de outra rede pública que não a de paralelo);
telefonia: o DPS, instalado para cada linha de sinal, deve ser − Tensão de disparo c.c.: o valor da tensão de disparo c.c. deve
localizado com o BEP; ser de, no máximo, 500 V e, no mínimo, 200 V, quando a linha

O SETOR ELÉTRICO
40 Novembro 2008
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telefônica for balanceada ou 300 V, quando a linha telefônica por meio de DPS, este deve ter as seguintes características:
não for aterrada (flutuante); − Tipo comutador de tensão;
− Tensão de disparo impulsiva: o valor da tensão de disparo − Tensão disruptiva c.c. entre 200 V e 300 V;
impulsiva do DPS deve ser de, no máximo, 1 kV; − Corrente de descarga impulsiva de no mínimo 10 kA (8/20 µs);
− Corrente de descarga impulsiva: − Corrente de descarga c.a. de no mínimo 10 A (60 Hz / 1 s).
− No mínimo, 5 kA, quando a blindagem da linha telefônica Demais critérios para a seleção de DPS destinado à proteção
for aterrada; de outros tipos de linha de sinal devem ser compatibilizados
− No mínimo, 10 kA, quando a blindagem não for aterrada. com os fabricantes dos DPSs e dos equipamentos a serem
Nota: para condições AQ-3, recomenda-se a comparação dos protegidos. Em alguns casos, há a necessidade de casamento
valores de correntes de primeira descarga atmosférica possíveis (já de impedâncias e/ou freqüências.
demonstrada para DPS de energia) e a adoção do maior valor.
Falha do DPS de sinal
− Corrente de descarga c.a: o valor da corrente de descarga O DPS deve ser do tipo “falha segura”, isto é, deve
c.a. do DPS deve ser de, no mínimo, 10 A. incorporar proteção cuja atuação provoque curto-circuito da
− Protetor de sobrecorrente: linha de sinal para a terra.
− In do protetor entre 150 mA e 250 mA para a linha
FIM
telefônica aterrada (balanceada); Este artigo encerra a série de artigos “Manual de instalação de
− In do protetor (opcional) entre 150 mA e 250 mA, quando DPS”, assinada pelo engenheiro Jobson Modena. Dúvidas, críticas e
sugestões podem ser encaminhadas ao autor pelo e-mail redacao@
a linha telefônica for flutuante (não aterrada).
atitudeeditorial.com.br. Confira todos os artigos deste fascículo em
Interligação direta da blindagem ou capa metálica de www.revistaosetoreletrico.com.br
um cabo de sinal a eqüipotencialização ou à massa de um Jobson Modena é engenheiro eletricista, mestrando em energia no Instituto
equipamento: de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP) e diretor da
Guismo Engenharia. É autor do livro Manual para Instalação de DPS e membro
− Quando a blindagem ou capa metálica de uma linha de
das comissões CE:03-64.01, CE:03-64.10 e CE:03-102.01 do Comitê Brasileiro de
sinal for conectada ao BEP, TAT ou à massa de um equipamento Eletricidade (Cobei), CB-03 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O SETOR ELÉTRICO
Novembro 2008 41
Apoio
48
Aterramentos elétricos

Capítulo I

Aterramento elétrico
Jobson Modena e Hélio Sueta *

Esta série de fascículos sobre aterramento elétrico Critérios e procedimentos. O trabalho deste grupo está
tem o objetivo de levar ao conhecimento do leitor, da temporariamente encerrado desde setembro de 2009,
forma mais simples possível, os as untos que foram ou data da publicação da ABNT NBR 15751 – Sistemas de
estão sendo tratados pela CE (Comissão de Estudos) – aterramento de subestações – Requisitos.
102.01 do Cobei (Comitê Brasileiro de Eletricidade, Com o andamento dos trabalhos de confecção/revisão dos
Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações), com a textos normativos, a CE sentiu a necessidade da criação de
finalidade de normalizá-los. novos grupos:
GT6 – Grupo destinado a aglutinar assuntos correlatos
HISTÓRICO e apresentar à CE subsídios que justifiquem sua
A CE-102.01 foi formada em setembro de 2004 normalização;
com um escopo de trabalho bastante amplo que, na GT7 – Ligação entre eletrodos de aterramento;
ocasião, gerou a criação de cinco GTs (Grupos de GT8 – Aterramento temporário.
Trabalho), a saber:
GT1 – Materiais utilizados em sistemas de aterramento; Com exceção dos GTs 2 e 5, e quase o 4 (já que o
GT2– Medição da resistência de aterramento e dos projeto de norma em questão está em poder da ABNT
potenciais na superfície do solo. O trabalho deste grupo para ser colocado em votação pública), os outros grupos
está temporariamente encerrado desde setembro de 2009, continuam seu trabalho para que os assuntos mencionados
data da publicação da ABNT NBR 15749 – Medição da possuam textos normalizados o mais breve possível.
resistência de aterramento e dos potenciais na superfície Considerando o dinamismo com que as diretrizes
do solo em sistemas de aterramento; de um texto podem ser alteradas quando ele está sendo
GT3 – Projeto para aterramento de sistemas de distri­buição revisado, solicitamos à CE 102.01 que, sempre que
– Procedimento; necessário, nos auxiliasse neste trabalho, então desde já
GT4 – Medição da resistividade e determinação da agradecemos ao coordenador, ao secretário e a todos os
estratificação do solo – Procedimento. Este assunto membros que serão devidamente identificados quando
foi incorporado à revisão da ABNT NBR-7117:1981 – participarem.
Medição da resistividade de solo pelo método dos quatros
pontos (Wenner). Estima-se que o texto deste projeto PLANO DE TRABALHO
de norma revisado deverá entrar em consulta pública Nosso plano inicial é tratar de assuntos distintos a
nacional antes do carnaval. Vale a pena ficar atento e cada fascículo, portanto, não há que se esperar um tratado
dar sua contribuição: http://www.abntonline.com.br/ sobre eles, mas sim um guia básico, sempre alinhado com
consultanacional/default.aspx; a norma ou com o projeto de norma correspondente,
GT5 – Sistemas de aterramento de subestações – que proporcione ao leitor interessado embasamento para
Apoio
49

aprofundar seu conhecimento. Nessa linha de raciocínio, os assuntos PRINCIPAIS TERMOS E DEFINIÇÕES
inicialmente em foco para desenvolvimento, não necessariamente na Os termos e suas definições que utilizaremos durante todo o
ordem apresentada, serão: trabalho, relacionados a seguir, têm fonte em uma ou mais normas da
ABNT. O número da norma e seu respectivo item aparecem antes de
• Histórico da normalização dos aterramentos elétricos (abordado neste cada termo apresentado em “itálico”. A alguns termos será adicionado
fascículo); um comentário complementar sempre que julgarmos condizente com
• Principais termos e definições utilizadas nas normas de aterramento o objetivo deste trabalho.
elétrico (abordado neste fascículo);
• Projeto de aterramento de malhas de subestações elétricas: geometria [ABNT NBR 5410, 3.3.1] equipotencialização: Procedimento que
básica, cálculos preliminares e dimensionamento do condutor da consiste na interligação de elementos especificados, visando a obter a
malha; equipotencialidade necessária para os fins desejados. Por extensão, a
• Projeto de aterramento de malhas de subestações elétricas: cálculos própria rede de elementos interligados resultante.
de tensões permissíveis, correntes de choque, tensões de passo e toque; NOTA: A equipotencialização é um recurso usado na proteção contra
• Projeto de aterramento de malhas de subestações elétricas: cálculo da choques elétricos e na proteção contra sobretensões e perturbações
corrente de malha; eletromagnéticas. Uma determinada equipotencialização pode ser
• Projeto de aterramento de malhas de subestações elétricas: satisfatória para a proteção contra choques elétricos, mas insuficiente
recomendações gerais e aterramento de equipamentos da subestação; sob o ponto de vista da proteção contra perturbações eletromagnéticas.
• Métodos normalizados para medição de resistência de aterramento; COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: A equipotencialização deverá
• Medição de potenciais na superfície do solo em sistemas de ser sempre encarada do ponto de vista técnico (como um conjunto
aterramento; de medidas a serem implementadas para minimizar diferenças de
tensão entre pontos da instalação). Para os fins que se apresenta a
• Equipamentos para medição de resistência de aterramento;
etimologia da palavra não deve ser considerada.
• Medição da resistividade e determinação da estratificação do solo;
• Materiais utilizados em sistemas de aterramento; [ABNT NBR 5410, 3.3.2] barramento de equipotencialização principal (BEP):
• Projeto de aterramento em sistemas de distribuição de energia; Barramento destinado a servir de via de interligação de todos os elementos que
• Sistemas de aterramento temporário. podem ser incluídos na equipotencialização principal (ver 6.4.2.1).
Apoio
50

NOTA: A designação “barramento” está associada ao papel de via de [ABNT NBR 15749, 3.1, ABNT NBR 15751, 3.1 e ABNT NBR 7117,
Aterramentos elétricos

interligação e não a qualquer configuração particular do elemento. Portanto, 3.5] aterramento: ligação intencional de parte eletricamente condutiva
em princípio, o BEP pode ser uma barra, uma chapa, um cabo, etc. à terra, por um condutor elétrico.

[ABNT NBR-5410, 3.3.3] barramento de equipotencialização [ABNT NBR 15749, 3.2, ABNT NBR 15751, 3.3 e ABNT NBR 7117, 3.3]
suplementar ou barramento de equipotencialização local (BEL): condutor de aterramento: Condutor ou elemento metálico que, não
Barramento destinado a servir de via de interligação de todos os estando em contato com o solo, faz a ligação elétrica entre uma parte
elementos que podem ser incluídos em uma equipotencialização de uma instalação que deve ser aterrada e o eletrodo de aterramento.
suplementar ou equipotencialização local.
[ABNT NBR 15749, 3.3, ABNT NBR 15751, 3.5 e ABNT NBR 7117,
COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: A principal característica que 3.16] corrente de interferência: (no processo de medição de resistência
diferencia o BEL de uma equipotencialização suplementar é que, de aterramento e de resistividade do solo) qualquer corrente estranha ao
guardados certos cuidados com a execução da instalação (evitando processo de medição capaz de influenciar seus resultados.
laços), o BEL necessariamente deverá ter uma ligação direta local
com o eletrodo de aterramento, independentemente daquela já
[ABNT NBR 15749, 3.4 e ABNT NBR 15751, 3.9] eletrodo de
realizada via BEP.
aterramento: Elemento ou conjunto de elementos do sistema de
[ABNT NBR 5419, 3.11] subsistema de aterramento: Parte do SPDA aterramento que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa a
destinada a conduzir e a dispersar a corrente de descarga atmosférica na terra. corrente de defeito, de retorno ou de descarga atmosférica na terra.
NOTA: Em solos de alta resistividade, as instalações de aterramento
COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: O termo foi repetido em função
podem interceptar correntes fluindo pelo solo, provenientes de
de a definição apresentada ser mais abrangente.
descargas atmosféricas ocorridas nas proximidades.
[ABNT NBR 15749, 3.5 e ABNT NBR 7117, 3.6] eletrodo natural
[ABNT NBR 5419, 3.12, ABNT NBR 15749, 3.4, ABNT NBR 15751, 3.9 de aterramento: Elemento condutor ligado diretamente à terra cuja
e ABNT NBR 7117, 3.2] eletrodo de aterramento: Elemento ou conjunto finalidade original não é de aterramento, mas que se comporta
de elementos do subsistema de aterramento que assegura o contato naturalmente como eletrodo de aterramento.
elétrico com o solo e dispersa a corrente de descarga atmosférica na terra.
[ABNT NBR 15749, 3.6, ABNT NBR 15751, 3.12 e ABNT NBR 7117,
COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: É a parte enterrada do sistema 3.7] malha de aterramento: conjunto de condutores nus, interligados e
de aterramento.
enterrados no solo.
[ABNT NBR 5419, 3.13] eletrodo de aterramento em anel: Eletrodo de
aterramento formando um anel fechado em volta da estrutura. [ABNT NBR 15749, 3.7, ABNT NBR 15751, 3.13 e ABNT NBR 7117,
[ABNT NBR 5419, 3.14] eletrodo de aterramento de fundação: Eletrodo 3.8] potenciais perigosos: Potenciais que podem provocar danos
de aterramento embutido nas fundações da estrutura. quando aplicados ao elemento tomado como referência.
[ABNT NBR 15749, 3.8 e ABNT NBR 15751, 3.14] potencial
[ABNT NBR 5419, 3.15, ABNT NBR 15749, 3.9 e ABNT NBR 15751, transferido: Valor do potencial transferido para um ponto remoto de um
3.15] resistência de aterramento de um eletrodo: Relação entre a tensão dado sistema de aterramento.
medida entre o eletrodo, o terra remoto e a corrente injetada no eletrodo.
[ABNT NBR 15749, 3.10, ABNT NBR 15751, 3.17 e ABNT NBR 7117,
[ABNT NBR 5419, 3.16] tensão de eletrodo de aterramento: Diferença de 3.14] resistividade aparente do solo: Resistividade vista por um sistema
potencial entre o eletrodo de aterramento considerado e o terra de referência. de aterramento qualquer, em um solo com característica de resistividade
homogênea ou estratificado em camada, cujo valor é utilizado para o
[ABNT NBR 5419, 3.17, ABNT NBR-15751, 3.26 e ABNT NBR-7117, cálculo da resistência de aterramento desse sistema.
3.1] terra de referência (de um eletrodo de aterramento): Região
na terra suficientemente afastada do eletrodo considerado, na qual [ABNT NBR 15749, 3.11 e ABNT NBR 7117, 3.13] resistividade
a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer, causada pela elétrica do solo ou resistividade do solo: Resistência entre faces opostas
corrente nesse eletrodo, é desprezível. do volume de solo, consistindo em um cubo homogêneo e isótropo
cuja aresta mede uma unidade de comprimento.
[ABNT NBR 5419, 3.20] massa (de um equipamento ou instalação):
Conjunto das partes metálicas não destinadas a conduzir corrente, [ABNT NBR 15749, 3.12 e ABNT NBR 7117, 3.15] resistividade média
eletricamente interligadas, e isoladas das partes vivas, tais como do solo a uma dada profundidade: Valor de resistividade resultante da
invólucros de equipamentos elétricos. avaliação das condições locais e do tratamento estatístico dos resultados
Apoio
52

de diversas medições de resistividade do solo para aquela profundidade, devida ao sistema MRT (Monofásico com Retorno pela Terra), redes
Aterramentos elétricos

efetuadas em uma determinada área ou local, e que possa ser de distribuição trifásicas com cargas monofásicas entre fase e neutro,
considerado representativo das características elétricas do solo. transformadores com primário em estrela aterrada e outras configurações.

[ABNT NBR 15749, 3.13, ABNT NBR 15751, 3,20 e ABNT NBR [ABNT NBR 15751, 3.7] corrente de malha: Parcela da corrente de falta
7117, 3.4] sistema de aterramento: Conjunto de todos os eletrodos e dissipada pela malha de aterramento para o solo.
condutores de aterramento, interligados ou não entre si, assim como
partes metálicas que atuam direta ou indiretamente com a função de [ABNT NBR 15751, 3.10] falta (elétrica): Contato ou arco acidental
aterramento, tais como: torres e pórticos, armaduras de edificações, entre partes sob potenciais diferentes e/ou de uma ou mais dessas partes
capas metálicas de cabos, tubulações e similares. para a terra, em um sistema ou equipamento elétrico energizado.

[ABNT NBR 15749, 3.14, ABNT NBR 15751, 3.23 e ABNT NBR 7117, [ABNT NBR 15751, 3.11] haste de aterramento: Eletrodo de
3.9] tensão de passo: Diferença de potencial entre dois pontos da aterramento constituído por uma haste rígida cravada no solo.
superfície do solo separados pela distância de um passo de uma pessoa,
considerada igual a 1,0 m. [ABNT NBR 15751, 3.16] resistividade aparente do solo para um
dado espaçamento: Valor da resistividade resultante da avaliação das
[ABNT NBR 15749, 3.15, ABNT NBR 15751, 3.24 e ABNT NBR 7117, condições locais e do tratamento estatístico dos resultados de diversas
3.10] tensão de toque: Diferença de potencial entre uma estrutura medições de resistividade do solo para aquele espaçamento, efetuadas
metálica aterrada e um ponto da superfície do solo separado por uma em uma determinada área ou local, e que possa ser considerado como
distância horizontal equivalente ao alcance normal do braço de uma representativo das características elétricas do solo.
pessoa. Por definição considera-se esta distância igual a 1,0 m.
[ABNT NBR 15751, 3.19] sistema aterrado: Sistema ou parte de um
[ABNT NBR 15749, 3.16, ABNT NBR 15751, 3.25 e ABNT NBR 7117, sistema elétrico cujo neutro é permanentemente ligado à terra.
3.11] tensão máxima do sistema de aterramento: Tensão máxima
que um sistema de aterramento pode atingir relativamente à terra de [ABNT NBR 15751, 3.21] sistema diretamente aterrado: Sistema
referência, quando houver ocorrência de injeção de corrente de defeito, aterrado sem interposição intencional de uma impedância.
de retorno ou de descarga atmosférica para o solo.
[ABNT NBR 15751, 3.22] subestação: Parte de um sistema de potência,
[ABNT NBR 15749, 3.17, ABNT NBR 15751, 3.20 e ABNT NBR 7117, concentrada em um dado local, com os respectivos dispositivos de
3.12] terra de referência para um eletrodo de aterramento (ou ponto manobra, controle e proteção, incluindo as obras civis e estruturas de
remoto): Região do solo suficientemente afastada da zona de influência de montagem, podendo incluir também transformadores, equipamentos
um eletrodo ou sistema de aterramento tal que a diferença de potencial entre conversores e/ou outros equipamentos.
dois de seus pontos quaisquer, devido à corrente que circula pelo eletrodo
para a terra, seja desprezível. É uma superfície praticamente equipotencial [ABNT NBR 15751, 3.27] terra: Massa condutora de terra; sistema de
que se considera como zero para referência de tensões elétricas. aterramento ao qual são ligadas as partes metálicas do equipamento ou
da instalação que, normalmente, não ficam sob tensão.
COMENTÁRIO COMPLEMENTAR: O termo foi repetido em função
da definição apresentada ser mais abrangente.
Outros termos e definições surgirão ao longo do trabalho e
[ABNT NBR 15751, 3.2] circuito terra: Circuito elétrico formado pelos certamente serão apresentados para complementar este fascículo,
componentes responsáveis pelo escoamento da corrente de falta fase- que temos certeza será de muita valia para o acompanhamento
terra (ou de uma fração dela) para o solo. dos seguintes.

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de


[ABNT NBR 15751, 3.4] corrente de falta: Corrente que flui de um Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
condutor para outro e/ou para a terra, no caso de uma falta e no coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
local desta. No texto, a corrente de falta é a corrente de curto-circuito atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.

assimétrica fase-terra.
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, professor do IEE/USP, secretário da comissão
de estudos que revisa a ABNT NBR 5419:2005 e coordenador do Comitê Brasileiro
[ABNT NBR 15751, 3.6] corrente de malha de longa duração Imld: Eletricidade (Cobei)
Corrente que percorre a malha de terra por um tempo superior a 3 s,
Continua na próxima edição
podendo causar tensões de passo e toque perigosos aos seres vivos Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
que circulem na região da malha e arredores. Esta corrente em geral é e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
42
Aterramentos elétricos

Capítulo II

Projeto de eletrodos de aterramento


para subestações de energia elétrica
Jobson Modena e Hélio Sueta *

O assunto “projeto de eletrodo de aterramento de quatro terminais (dois externos para corrente e dois
(malhas) em subestações de energia elétrica” é internos para tensão), conjuntos de cabos e hastes
relativamente extenso e será apresentado em mais de auxiliares, devem ser realizadas em um período do ano
um capítulo. Neste, serão mostrados alguns aspectos em que a umidade no solo seja a menor possível. É
recomendados pela norma ABNT NBR 15751- importante também que, preferencialmente, o local já
2009: Sistemas de aterramento de subestações – tenha sido terraplanado e compactado, ou seja, esteja
Requisitos. Esta norma especifica as condições para no momento exato entre a preparação para receber as
dimensionamento do sistema de aterramento de instalações e o início das obras. O ideal seria efetuar
subestações de energia elétrica acima de 1 kV, quando mais de um conjunto de medições em diferentes
sujeito a solicitações em frequência industrial. Além épocas do ano.
disso, a norma estabelece os limites de segurança O método de ensaio mais conhecido para obtenção
para pessoas e instalações dentro e fora dos limites da de valores de resistência por metro que possibilitem
subestação. calcular a resistividade do solo é o “Método de
medição por contato com o arranjo de Wenner”. Este
Modelagem do solo método consta da NBR 7117, cujo projeto deve entrar
Um dos primeiros passos para o projeto de em votação nacional ainda neste trimestre.
aterramento de uma subestação de energia elétrica é
a obtenção de dados para a modelagem do solo. De Descrição do método de medição por
forma geral, a determinação de um modelo matemático contato (arranjo de Wenner)
equivalente para o solo em uma dada região onde Quatro eletrodos devem ser cravados firmemente
será implantada a subestação exige a realização de no solo, alinhados e dispostos simetricamente em
diversas medidas, dentre elas a execução de medições relação a um ponto de origem (A) e espaçados
para a determinação de um parâmetro conhecido por entre si por uma distância (d), todos a uma mesma
resistividade do solo. profundidade (p).
A resistividade do solo é definida como a resistência Basicamente, pelos eletrodos externos faz-se
entre as faces opostas (ambas metálicas) de um cubo circular corrente (I) e, entre os dois eletrodos internos,
de aresta unitária, preenchido com material retirado é medida a tensão (V). A relação (V/I) fornecerá a
do local. A resistividade depende do tipo, da umidade, resistência (R) em ohm (Ω), com a qual é calculada
da temperatura, da salinidade, da contaminação e a resistividade do solo até uma profundidade
da compactação do solo, entre outras variáveis. Estas aproximadamente igual à distância (d) entre os
medições, geralmente realizadas com um terrômetro eletrodos, segundo a equação:
Apoio
43

informações necessárias.
As medições de resistividade devem cobrir toda a área
(Ω·m) em que o eletrodo (malha) for instalado. O número de pontos
em que deverão ser efetuadas estas medições é função das
dimensões do terreno. A nova NBR 7117 trará uma série de
Se p ≤ d/10, a fórmula pode ser simplificada para: configurações permitidas.
(Ω·m) A partir da análise dos resultados obtidos no local,
podem ser necessárias medições com outras configurações.
Por exemplo, se o espaçamento (d) for de 4 metros e os O maior número de dados possível a respeito do local deve
eletrodos forem cravados a uma profundidade p = 20 cm, a ser fornecido, como tipo do solo (terraplenado, compactado),
fórmula simplificada pode ser utilizada, mas, se o espaçamento características da camada (visível), interferências encontradas,
for de 1 metro, haveria que se cravar o eletrodo a 10 cm ou umidade do solo, clima em que se deu a medição (chuvoso ou
menos, o que, via de regra, não é suficiente para se obter um seco); identificação com um croqui o local e as direções em
contato adequado entre o eletrodo de ensaio e o solo. que foram realizadas as medições.
Um conjunto de leituras na mesma direção (em linha) Para locais com grandes dimensões, basta dividir esses
geralmente tomadas para d = 1, 2, 4, 8, 16, 32 e se o local locais em segmentos e repetir a prática descrita para cada
permitir, até 64 e 128 m, indica como varia a resistividade fração de terreno.
do solo em função da profundidade. Podem ser utilizadas Além da área, outros aspectos devem ser observados na
distâncias intermediárias entre eletrodos desde que repetidas determinação do número de medições:
durante todo o ensaio.
Note que a resistência de contato dos eletrodos de potencial • As variações nas características do solo local, devendo-se
pode influenciar nos resultados. Em alguns instrumentos, há medir separadamente a resistividade nos diferentes tipos de
compensação automática para tais influências, em outros, terreno existentes;
podemos ajustar esses valores. Geralmente, os fabricantes • As variações entre os resultados obtidos nas diversas linhas
dos instrumentos fornecem nos catálogos dos produtos as de medição para uma mesma distância entre eletrodos;
Apoio
44

• Quanto maior a discrepância entre os resultados, maior deve Estabelecendo a geometria básica da malha
Aterramentos elétricos

ser o número de linhas de medição; Particularmente no caso da subestação de energia elétrica,


• Pontos de uma mesma área em que sejam obtidos valores o eletrodo de aterramento é muito importante para a proteção
de resistividade com desvio superior a 50% em relação ao da instalação, principalmente nas condições de falta para terra,
valor médio das medições realizadas podem vir a caracterizar em que os desequilíbrios causados pelas correntes de curto-
uma subárea específica, devendo ser realizadas medições circuito podem comprometer a segurança da rede elétrica, não
complementares ao seu redor para ratificação do resultado. Se desligando adequadamente o trecho afetado da rede.
isso não for possível, considerar a conveniência de descartar a Na subestação, o aterramento do neutro do transformador
linha de medição. e das massas metálicas fornece um caminho de retorno de
No caso de aterramentos em linhas de transmissão e baixa impedância para essa corrente de curto-circuito, o que
distribuição e subestações unitárias, as medições devem ser possibilita a maior segurança na operação da proteção. Dessa
efetuadas nas direções dos seus eixos. forma, o projeto do sistema de aterramento de uma subestação
A presença de elementos metálicos enterrados próximo às é definido para a condição de falta para a terra, sendo que
áreas de medição pode ocasionar erros sensíveis nos valores o dimensionamento do condutor da malha está diretamente
obtidos. Um dos fatores que indica a presença de interferências ligado à capacidade deste de suportar os esforços térmicos e
externas pode ser caracterizado pela não variação do valor da dinâmicos oriundos das altas correntes de curto-circuito. Além
resistência medida para os diversos espaçamentos. disso, a geometria da malha deve ser adequada para que os
Devem ser considerados os seguintes critérios na análise de potenciais de passo e de toque, causados pelo processo de
risco prévia ao ensaio: dissipação das correntes da malha para o solo, estejam dentro
de limites toleráveis e definidos pelas normas.
• Não fazer medições sob condições atmosféricas adversas, Vale destacar que os termos “topologia, geometria, arranjo”
tendo-se em vista a possibilidade da incidência de raios; do eletrodo (malha) de aterramento vêm sendo distorcidos ao
• Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) longo do tempo, comprometendo assim seu conceito primário,
compatíveis com o tipo e o local da medição a ser realizada; por exemplo: o item 5.1.3.1.2 da ABNT NBR 5419:2005
• Evitar que pessoas estranhas e animais se aproximem do prescreve que “para assegurar a dispersão da corrente de
local; descarga atmosférica na terra sem causar sobretensões perigosas,
• Não tocar nos eletrodos durante a medição. o arranjo e as dimensões do subsistema de aterramento
são mais importantes que o próprio valor da resistência
A interpretação dos resultados obtidos no campo é de aterramento. Entretanto, recomenda-se, para o caso de
a parte mais crítica do processo e, consequentemente, eletrodos não naturais, uma resistência de aproximadamente
necessita de maiores cuidados na sua validação. A variação 10 Ω como forma de reduzir os gradientes de potencial no
da resistividade do solo pode ser grande e complexa em solo e a probabilidade de centelhamento perigoso. No caso de
função da sua heterogeneidade, exceto para alguns casos solo rochoso ou de alta resistividade, poderá não ser possível
pode-se estabelecer uma equivalência simples com os valores atingir valores próximos dos sugeridos. Nestes casos a solução
apresentados a seguir. adotada deverá ser tecnicamente justificada no projeto.” (grifo
Esta tabela é uma fração da existente no texto do projeto da nosso).
NBR 7117 e apresenta valores típicos de resistividade do solo Esta é uma condição clássica da má interpretação dos termos
(ρ) em Ohm x metro (Ω.m). mencionados anteriormente, quando valores de resistência
ôhmica são exigidos em detrimento da geometria do eletrodo
Tipos de solo Faixa de resistividades estimada (Ω·m)
(malha) de aterramento e da resistividade do solo em que ele
Água do mar Menor do que 10
está inserido. A utilização dos termos topologia, geometria
Lama, limo, húmus Até 150
ou arranjo de um eletrodo de aterramento deve ser entendida
Água destilada 300
como sendo a configuração geométrica, a quantidade, a
Argila 300 – 5.000
direção (horizontal, vertical ou inclinado), o espaçamento e
Calcário 500 – 5.000
o posicionamento dos condutores de um eletrodo (malha) de
Areia 1.000 – 8.000
aterramento. As características mencionadas são as grandes
Basalto A partir de 10.000
responsáveis pela diminuição das tensões superficiais (passo
Molhado (*): 20 – 100
e toque) perigosas em um eletrodo de aterramento e seus
Concreto Úmido: 300 – 1000
arredores quando massas metálicas são adequadamente
Seco: 3 kΩ·m – 2 MΩ·m
interligadas a ele.
(*) Típica de aplicação em ambientes externos, notadamente fundações e demais aplicações afins. Há que se
destacar que valores inferiores a 50 Ω∙m devem ser considerados altamente corrosivos.
Apoio
46

Dimensionamento do condutor da malha


Aterramentos elétricos

O condutor da malha de aterramento de uma


subestação é dimensionado levando em conta os efeitos
térmicos e mecânicos das correntes elétricas que por ele
possam passar principalmente as correntes de curto-circuito. Em que:
S é a seção expressa em milímetros quadrados (mm2);
Para o dimensionamento mecânico, a norma ABNT NBR It é a corrente de falta fase-terra expressa em quiloampères (kA);
15751:2009 indica as bitolas mínimas para condutores de t é o tempo expresso em segundos (s);
cobre e de aço, que, neste caso, devem ser protegidos contra αt é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a t °C (°C-1);

corrosão conforme as normas aplicáveis: ρt é a resistividade do condutor de aterramento a t °C expressa em ohm x centímetro (Ω × cm);
TCAP é o fator de capacidade térmica em joule por centímetro cúbico vezes graus Celsius [J/(cm3 × °C)];
• Para cobre – 50 mm². Tm é a temperatura máxima suportável expressa em graus Celsius (°C), conforme Tabela 1;
• Para aço (protegido contra corrosão) – 38 mm² (5/16”). Caso Ta é a temperatura ambiente expressa em graus Celsius (°C);
k0 ;
não haja essa proteção, a ABNT NBR 5410:2008 e a ABNT NBR
k0 é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a 0 °C;
5419:2005 determinam uma seção transversal mínima de 80 mm². Tt é a temperatura de referência das cons0tantes do material em graus Celsius (°C).

Ao adquirir cabos de cobre, especialmente para esta


finalidade (corrosão), é necessária uma verificação criteriosa, A norma apresenta ainda a Tabela 1 – Valores dos parâmetros
pois existem no mercado cabos sendo comercializados como
para tipos de condutores mais utilizados em malhas de
“genéricos ou não normalizados”, cuja seção transversal
aterramentos.
real é bem inferior ao prescrito nas normas, por exemplo,
para cabos de cobre de seção 50mm². A “versão genérica”
Alguns parâmetros e simplificações possíveis dependem das
possui seção inferior a 32 mm², comprometendo, dentre conexões existentes na malha. Um destes parâmetros é Tm que
outros, o quesito tratado. é obtido na ABNT NBR 15751 – Tabela 2 – Tipos de conexões e
seus limites máximos de temperatura.
Para o dimensionamento térmico, a ABNT NBR 15751
fornece a equação de Onderdonk, que permite o cálculo da
seção do condutor. Conexão Tm oC
O condutor da malha de aterramento deve ter uma seção (S) Mecânica (aparafusada ou por pressão) 250
capaz de suportar a circulação de uma corrente máxima (I f), em Emenda tipo solda oxiacetilênica 450
quiloampères, durante um tempo (t) em que a temperatura se Emenda com solda exotérmica 850a
eleve acima de um valor-limite suportável (Tm), considerando Emenda à compressão 850b
uma temperatura ambiente (Ta) e que toda energia térmica fica a
Solda exotérmica, conhecida como aluminotermia, cuja conexão é feita através da fusão obtida pela
ignição e combustão de uma formulação em um molde.
retida no condutor devido à pequena duração da corrente de b
Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica.
curto-circuito.
ABNT NBR 15751 – Tabela 2 – Tipos de conexões e seus limites máximos
A equação de Onderdonk é dada por: de temperatura.

Tipo do condutor Condutância Coeficiente térmico de resistividade Temperatura de fusãoa Resistividade TCAP
% α0 (0 °C) αt (20 °C) (°C) (20 °C) [J/(cm3×°C)]
Cobre (macio) 100,0 0,004 27 0,003 93 1 083 1,724 3,422
Cobre (duro) 97,0 0,004 13 0,003 81 1 084 1,777 3,422
Aço cobreado 40% 40,0 0,004 08 0,003 78 1 084 4,397 3,846
Aço cobreado 30% 30,0 0,004 08 0,003 78 1 084 5,862 3,846
Haste de aço cobreadoa 20,0 0,004 08 0,003 78 1 084 8,62 3,846
Fio de alumínio 61,0 0,004 39 0,004 03 657 2,862 2,556
Liga de alumínio 5005 53,5 0,003 80 0,003 53 660 3,222 2,598
Liga de alumínio 6201 52,5 0,003 73 0,003 47 660 3,284 2,598
Aço-alumínio 20,3 0,003 88 0,003 60 660 8,480 2,670
Aço 1020 10,8 0,001 65 0,001 60 1 510 15,90 3,28
Haste de açob 9,8 0,001 65 0,001 60 1 400 17,50 4,44
Aço zincado 8,5 0,003 41 0,003 20 419 20,1 3,931
Aço inoxidável 304 2,4 0,001 34 0,001 30 1 400 72,0 4,032
a
Aço cobreado baseado em uma espessura de 254 µm de cobre.
b
Aço inoxidável baseado em 508 µm no 304 de espessura sobre o aço 1020.

ABNT NBR 15751 – Tabela 1 – Valores dos parâmetros para tipos de condutores mais utilizados em malhas de aterramentos.
Apoio
47

A norma apresenta também a Tabela 3 – Constantes Kf, que dimensionados para correntes inferiores à corrente de curto-circuito
mostra os valores deste parâmetro para as conexões mais utilizadas plena.
e que possibilita uma simplificação da equação de Onderdonk. Nos casos em que a temperatura de fusão da conexão for inferior à
Dessa forma, pode-se utilizar a seguinte equação para a temperatura de fusão do condutor, utiliza-se a temperatura da conexão
determinação da seção do condutor: no cálculo da constante Kf . Na Tabela 3 encontramos os valores de Kf
para o cobre, considerando o limite de fusão da conexão.
Em que: Uma vez calculada a seção do condutor, tanto considerando
Kf é a constante para materiais considerando temperatura o efeito mecânico como o térmico, deve-se utilizar o maior valor
ambiente (Ta) de 40 °C. encontrado, sempre a favor da segurança.
O tempo t deve ser escolhido de forma conservativa. Ele
Conexão kf
corresponde ao tempo de eliminação do defeito e influi diretamente
Mecânica (aparafusada ou por pressão) 11,5
nos potenciais toleráveis de passo e toque.
Emenda tipo solda oxiacetilênica 9,2
Como se pode notar, o assunto tratado neste fascículo terá
Emenda com solda exotérmica 7,5
complementação em diversas ramificações descritas em fascículos
Emenda à compressãoa 7,5
futuros. Até lá.
a
Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica.
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
ABNT NBR 15751 - Tabela 3 – Constantes Kf
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
As equações para o dimensionamento dos condutores indicam a atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
corrente de curto-circuito plena (If). Na ocorrência de uma falta para
terra, esta corrente irá circular pelo condutor de aterramento (rabicho) Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
no ponto de ocorrência do curto-circuito e, ao chegar à malha, se
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
subdividirá pelos diversos ramos da malha, proporcionalmente às
resistências equivalentes no ponto de injeção da corrente. Dessa Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
forma, existe a possibilidade de utilização de condutores de malha Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
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52
Aterramentos elétricos

Capítulo III

Projeto de eletrodo de aterramento (malhas)


de subestações de energia elétrica: cálculos
de tensões permissíveis, correntes de
choque elétrico, tensões de passo e toque
Jobson Modena e Hélio Sueta *

O assunto “projeto de eletrodo de aterramento metálico aterrado ou não e um ponto da superfície do


de subestações de energia elétrica” é relativamente solo separado por uma distância horizontal equivalente
extenso e teve parte de seu conteúdo abordado ao alcance normal do braço de uma pessoa. Essa
no fascículo anterior. Nessa oportunidade serão distância é também convencionada igual a 1 metro.
abordados aspectos complementares também
Conhecer as distâncias normalizadas para a
recomendados pela ABNT NBR 15751-2009: Sistemas
definição de tensão de toque e passo pode induzir
de aterramento de Subestações – Requisitos. A ênfase
ao pensamento incorreto e perigoso de que ondas de
será dada aos seguintes temas: cálculo das tensões
tensão consideráveis apenas aparecem de forma regular,
permissíveis, corrente de choque de longa duração, equidistante e simétrica em relação ao ponto de sua
corrente de choque de curta duração, tensão de passo inserção no solo ou no eletrodo. Definição tem função
e tensão de toque. de informar e regrar, porém, diversas situações em que
aparecem diferenças de potencial devem ser consideradas
CÁLCULO DAS TENSÕES PERMISSÍVEIS perigosas dependendo de como elas se apresentem, por
exemplo: o risco implícito de choque elétrico é muito
A norma ABNT NBR 15751-2009 estabelece os
parecido quando, sem a proteção devida, toca-se em
valores máximos permissíveis para as tensões de passo
uma carcaça metálica de um quadro não aterrado, não
e toque em condições locais preestabelecidas. Estes
importando a distância que se esteja dele.
parâmetros são importantes para que um sistema de
aterramento seja considerado seguro em uma condição Os valores máximos permissíveis são estabelecidos
de defeito na instalação elétrica. Relembrando, a tensão em função do tempo de eliminação do defeito (t) e
de passo é a diferença de potencial entre dois pontos da resistividade da camada superficial do solo. Nesse
da superfície do solo separados pela distância de um sentido, ressalta-se a importância dos diferentes tipos
passo de uma pessoa, considerada igual a 1 metro (em de recobrimento do solo, tanto no interior como na
função do sistema internacional de unidades). A tensão periferia das instalações. Em geral, estas coberturas são:
de toque é a diferença de potencial entre um objeto solo natural (terra ou grama), brita, concreto, asfalto, etc.
Apoio
54
Aterramentos elétricos
A escolha do tempo de eliminação do defeito (t) deve ser feita 0,116
Ichcd =
de forma conservativa, levando-se em conta o tipo de proteção t
adotado e as características dos equipamentos de proteção
Nesta equação, t corresponde à duração do choque. Este valor é
utilizados. Devem ser considerados dois casos: defeitos com
estabelecido pela correlação feita com o tempo máximo (tm) que o
duração determinada pelo sistema de proteção, tendo em vista a
dispositivo de proteção leva para eliminar a falta. No caso de haver
corrente permissível pelo corpo humano, ou seja, a corrente de
religamento automático, com um intervalo de tempo (tr) inferior
choque de curta duração ( Ichcd ), que é definida como sendo a
ou igual a 0,5 s, o tempo a ser considerado deve ser igual à soma
corrente máxima de não fibrilação (para 99,5% das pessoas de 50
dos tempos da falta inicial e das faltas subsequentes. Se o tempo de
kg) no intervalo de tempo 0,03 s  t  3 s. O segundo caso são os
religamento for superior a 0,5 s, o tempo a ser considerado deverá
defeitos de longa duração que não sensibilizam os dispositivos de
ser o tempo máximo de uma das diversas faltas.
proteção considerando a corrente permissível pelo corpo humano
A Figura 1 mostra como escolher o tempo t:
de longa duração ( Ichld ), que é definida como a corrente provocada
por uma tensão de toque ou passo devido a uma corrente de defeito i
de longa duração.
im

CORRENTE DE CHOQUE ELÉTRICO DE LONGA


DURAÇÃO (Ichld )
Esta corrente corresponde ao máximo valor de corrente que
in
circula pelo corpo humano sem provocar fibrilação.

A fibrilação auricular é um tipo de arritmia crônica mais


encontrada, durante a qual os estímulos podem ter uma frequência
de até 600 batimentos por minuto. Desses estímulos, somente alguns tr t3 t
t1 tr t2
chegam a provocar contrações dos ventrículos e uma frequência tão
elevada não é compatível com a sobrevida das pessoas acometidas, Figura 1 — Defeito com religamento.
sendo que com o coração batendo mais rápido, cerca de cinco vezes
Efeito do religamento no tempo utilizado para cálculo das
mais que o normal, a pessoa chega ao óbito em pouco mais de 30
minutos, se nada for feito. tensões de passo e toque:
A fibrilação ventricular é ainda mais grave e só é tolerada se for
de curta duração. O coração não é capaz de manter a circulação se tr ≤ 0,5 s, então tm = t1 + t2 + t3
eficaz com uma frequência cardíaca muito elevada.
se tr > 0,5 s, então tm = máx (t1, t2, t3)
Se a corrente atingir diretamente o músculo cardíaco, poderá
atrapalhar o seu funcionamento normal. Os impulsos periódicos que, TENSÃO DE PASSO
em condições normais, regulam as contrações (também chamadas Quando ocorre uma falta para a terra, a corrente de curto-
de sístole) e as expansões (diástole) são alterados. Na fibrilação, o circuito flui pelo aterramento. Esta passagem de corrente gera
coração bate desordenadamente, ocorrendo falha no fluxo vital de tensões no solo. A malha de aterramento deve ser projetada de tal
sangue ao corpo. Mesmo após a interrupção da corrente que causou forma que as tensões de passo na subestação e suas redondezas
a fibrilação, o fenômeno ainda continua e, na maioria dos casos, só não atinjam valores superiores aos permissíveis.
cessa mediante o uso de um aparelho chamado “desfribilador”. A ABNT NBR 15751:2009 mostra a Figura 2 em que uma
Os valores máximos de corrente de choque de longa duração pessoa é representada por um circuito elétrico equivalente aos
suportados pelos seres humanos são dados na Tabela 1 da ABNT parâmetros resistivos envolvidos. A partir deste é apresentada uma
NBR 15751. equação para se definir a máxima tensão de passo permissível.
Corrente limite de largar de longa duração (Ichld)
Ichld ou Ichcd
Porcentagem da população que suporta Homens Mulheres Rp
99,5% 9 mA 6 mA
50% 16 mA 10,6 mA
Ep Rmp Rch
Tabela 1— Limite suportado pelos seres humanos de corrente elétrica.

CORRENTE DE CHOQUE ELÉTRICO DE CURTA Ichld ou Ichcd


Rp
DURAÇÃO ( Ichcd )
A corrente de choque de curta duração é calculada pela seguinte Ep

equação: Figura 2 — Conceito de tensão de passo.


Apoio
56

Dessa forma, a máxima tensão de passo permissível pelo corpo estabelecido como modelo para representar o pé do ser humano);
Aterramentos elétricos

humano é dada pela equação: dp - distância padronizada entre os dois pés (1 m);
ρs - resistividade do recobrimento da superfície do solo (Ω x m),
conforme Tabela 2.

Em que: Resistividade (Ω x m)
Material Seco Molhado
Rch - resistência do corpo humano, adotada como sendo 1 k, Brita n. 1, 2 ou 3 3 000
expressa em ohms (Ω); Concreto 1.200 a 280.000 21 a 100
Rp - resistência própria de cada pé com relação ao terra remoto Asfalto 2x106 a 30x106 10x103 a 6x106
(ver definição no Capítulo 1 deste fascículo), expressa em ohms (Ω);
Tabela 2 — Resistividade do material de recobrimento (ρs).
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω);
Ichcd - máxima corrente de curta duração admissível pelo corpo
Caso não haja recobrimento, utilizar resistividade da camada
humano, expressa em ampères (A).
superficial do solo (C).
C - fator de redução que depende da espessura da camada de
As resistências próprias de cada pé e mútuas entre os pés são
recobrimento. As equações para determinação deste componente
dadas por:
são as mesmas utilizadas para a tensão de toque.
Rp = ρs x C (Ω)
Considerando Rmp desprezível quando comparada a Rp , tem-se:
4b

Ep = Rch + 6 x ρs x C Ichcd (V)


Rmp = ρs
(Ω)
2 x π x Rp
Em que: TENSÃO DE TOQUE
A tensão de toque em uma subestação acontece quando uma pessoa
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω); toca um componente energizado (não importando se em um tempo
b - constante igual a 0,083 m (raio de um disco metálico curto ou longo).
Apoio
58

A ABNT NBR 15751 apresenta na Figura 3 uma pessoa e um ρs - resistividade do recobrimento da camada superficial (Ωxm),
Aterramentos elétricos

componente energizado representados por um circuito elétrico conforme Tabela 2;


equivalente com os parâmetros resistivos envolvidos. A partir deste hs - espessura da camada de revestimento superficial (m).
modelo é apresentada uma equação para se definir a máxima tensão
de toque permissível.
Componente
Energizado

Ichld ou Ichcd
Figura 4 — Resistividade do recobrimento da camada superficial.

O fator também pode ser determinado graficamente a partir


Et Rch
Ichld da Figura 5.
ou
Ichcd

Rp C

Rp 1,20

1,10
Figura 3 — Conceito de tensão de toque. K=0,0
1,00
A máxima tensão de toque permissível pelo corpo humano é 0,90 K=0,1

dada por:
0,80
K=0,2
0,70
- curta duração: K=0,3
0,60
K=0,4
0,50
(V) 0,40
K=0,5

K=0,6
0,30
K=0,7
(V) 0,20

- longa duração: 0,10

0,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 hs
(V)
Figura 5 — Determinação gráfica do fator de redução C.

(V) Todos os parâmetros abordados neste capítulo têm extrema


importância para a confecção de um eletrodo de aterramento
O fator de redução é calculado pela equação completa: eficiente. Cabe informar que as equações apresentadas, geralmente,
podem ser substituídas por modelos matemáticos complexos,
executados em softwares que, obviamente, oferecem para quem os
manipula corretamente resultados mais completos e abrangentes.
Porém, o objetivo deste trabalho é o de apresentar as maneiras de
cálculo básicas que cumprem o que prometem, desde que também
tenham seus resultados bem interpretados quando confrontados
ou simplificada: com as diversas condições existentes do local em que a malha será
instalada.

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro


de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
Em que:
a é igual a 0,106 m
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
K = ρ1 - ρs revisa a ABNT NBR 5419:2005.
ρ1 - ρs
Continua na próxima edição
Legenda: Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
ρ1 - resistividade da 1a camada (Ωxm); e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
46
Aterramentos elétricos

Capítulo IV

Projeto de aterramento de malhas de subestações


elétricas: cálculo da corrente de malha
Jobson Modena e Hélio Sueta *

Dando continuidade ao nosso trabalho, este projeto do sistema de aterramento, principalmente no


capítulo trata do cálculo da corrente de malha e que concerne ao quesito “materiais envolvidos” no
parâmetros envolvidos, ou seja, no caso da ocorrência eletrodo mantendo a margem de segurança.
de uma falta, a corrente que circula pelo condutor de Quando tratamos do sistema de aterramento de
aterramento é dividida por alguns trechos do circuito, uma subestação de energia podemos admitir que ele
além de sofrer redução de seu valor modular em função é constituído pelo eletrodo de aterramento (malha),
das impedâncias existentes na instalação até chegar ao pelos rabichos de aterramento e por todos os elementos
eletrodo de aterramento. Nessas condições, a parcela metálicos e interconectados (cabos para-raios, torres
que atinge e se distribui pelo eletrodo de aterramento e postes metálicos, blindagem de cabos de energia,
é efetivamente menor que a corrente no ponto em condutores PEN ou neutro multiaterrado e eletrodos de
que ocorreu a falta. O cálculo correto desse valor aterramento circunvizinhos). A Figura 1 corresponde à
pode implicar uma significativa redução de custos no Figura 6 da ABNT NBR 15751 e ilustra a descrição.

Acoplamento das
fases com o neutro
Poste de
distribuição Acoplamento das
Alimentador Torre ou poste fases com o para-raios
Neutro de distribuição Pórtico de transmissão
Multiaterrado
Para-raios

Fases
Fases

Aterramento
do neutro Contrapeso

Blindagem dos cabos de


potência e eventual condutor
de acompanhamento

Malha de terra Malha da


SE remota
Eventuais contrapesos
Acoplamento das fases com contínuos
a blindagem dos cabos

Figura 1 – Principais elementos físicos a serem considerados em cálculos e simulações para o dimensionamento de uma
malha de terra.
Apoio
47

Quando ocorre uma falta de curta duração, a corrente de defeito


(If) se divide por todo o sistema de aterramento, cabendo então a cada Secundário do
transformador
um dos componentes interligados a função da dispersão de partes da
corrente. A parcela da corrente de falta que escoa para o solo pelo
eletrodo de aterramento é denominada corrente de malha (Im).
Uma parcela considerável deve ser atribuída às correntes
que retornam ao sistema pelo eletrodo e que são provenientes
Solo
de sistemas monofásicos com retorno pela terra ou qualquer
outra configuração capaz de gerá-la (rede de distribuição
com transformadores monofásicos ligados entre fase e neutro, Malha em análise
transformadores trifásicos com primário em estrela aterrada, etc.). Figura 2 – Sem cabo para-raios ou neutro (corresponde à Figura 7a da
A essa parcela de corrente dá-se o nome de corrente de malha de ABNT NBR 15751). A corrente If flui integralmente do eletrodo para o
solo, então Im = If.
longa duração (Imld).
Secundário do
Para se dimensionar o eletrodo de aterramento deve-se considerar o transformador

circuito compreendido por condutores de fase, de neutro e a terra,


mutuamente acoplados. As fases contribuem para a corrente de
Cabo para-raios
falta; o neutro (dependendo do esquema de aterramento adotado) ou neutro
e o eletrodo de aterramento são caminhos de escoamento dessa
corrente (ou fração dela) para o solo. Solo

A ABNT NBR 15751 apresenta duas situações para a distribuição de


Malha da SE Aterramento das
Im pelos caminhos possíveis de retorno à fonte em sistemas de potência alimentadora torres ou postes
Malha em análise

típicos quando há a ocorrência de uma falta. São mostrados sistemas de


Figura 3 – Com cabo para-raios ou neutro (corresponde à Figura 7b da ABNT NBR
transmissão ou distribuição, radial, com alimentação unilateral. O ponto 15751). Além das correntes já vistas também são mostradas as correntes que fluem
da falta está na subestação em que o eletrodo é analisado. pelo circuito formado pelos cabos para-raios e torres da linha de transmissão.
Apoio
48

Para a condição de falta ocorre o acoplamento magnético entre Itk Corrente complexa que penetra a terra na torre k.
Aterramentos elétricos

a fase e, por exemplo, os cabos para-raios. Dessa forma pode-se Ick+1 Corrente complexa no cabo guarda do vão k + 1.
decompor a corrente circulante em duas componentes: (Ip – Ick) Corrente complexa que retorna pela terra no vão k.
1- o componente devido ao acoplamento (Imutua); Zp Impedância própria, com retorno pela terra, do cabo fase
2- o componente devido à impedância dos cabos para-raios (ou (impedância própria de Carson).
neutro) multiaterrados (representados por I1 e I2). Zc Idem cabo guarda.
Analisando a situação verifica-se que o condutor para-raios Zm Impedância mútua entre o cabo fase em falta e o cabo guarda
drena parte da corrente de falta, diminuindo Im. (impedância mútua de Carson).
Rt Resistência de aterramento da torre ligada ao nó 2 (resistência
Cálculo da corrente simétrica eficaz de malha ôhmica, valor real, não complexo).
Quando Im e If são diferentes, deve-se calcular a corrente eficaz Ao modelarmos o sistema mostrado na Figura 3, teremos o
de malha. Calcular esta corrente exige o modelamento do sistema seguinte circuito elétrico:
por meio de um circuito equivalente. É importante lembrar que a
terra pode ser um dos caminhos de retorno para a corrente de falta.
A ABNT NBR 15751 utiliza a formulação encontrada na
teoria de Carson para a modelagem de linhas de transmissão
e de distribuição. Esta modelagem deve incluir o acoplamento
magnético entre os cabos de fase e de para-raio (ou fase-neutro
em linha de distribuição) durante o curto-circuito, por meio da
impedância mútua. Este acoplamento é importante, pois drena
pelos cabos para-raios (ou neutro) parte da corrente de defeito,
diminuindo a corrente de malha.
As impedâncias próprias e mútuas dependem da resistividade
do solo, da frequência do sistema, dos tipos de cabos utilizados e
Figura 5 – Circuito elétrico para cálculo da corrente de malha considerando
da disposição desses cabos na torre de transmissão (ou no poste, o sistema de potência da Figura 2 (Figura 9 da ABNT NBR 1575).
para linhas de distribuição).
Se houver geradores e motores contribuindo para a corrente
O circuito mostra o modelamento de um vão (entre postes ou
de curto-circuito fase-terra, devem ser utilizadas suas respectivas
torres) de uma linha de transmissão ou de distribuição.
impedâncias subtransitórias.
Com o sistema modelado e o circuito montado, calcula-se
a corrente que passa pela resistência representativa da malha
Rm, obtendo-se assim a corrente simétrica eficaz de malha. Para
a resolução do circuito elétrico há vários métodos oriundos da
teoria de circuitos elétricos, e cada método assume determinadas
hipóteses para simplificação. A escolha mais conveniente é feita
considerando-se estas hipóteses e a topologia da rede.
O Zeq da Figura 5 é a associação em paralelo dos elementos
constantes na Figura 6.

Figura 4 — Modelo completo de um vão de linha de transmissão ou rede


de distribuição (Figura 8 da ABNT NBR 15751).
Impedância para
a terra relativa ao
Resistência cabo para-raios
Em que: para a terra ou ao neutro
relativa à multiaterrado
k Representação genérica do vão, sendo k = 1 na torre em falta e malha da SE situado a jusante
no ponto da do ponto da falta
k = n na subestação de alimentação. falta.

Vpk+1 Tensão de fase entre pontos 1 e 3, V13 (valor complexo).


Vpk Idem, entre pontos 4 e 6, V46.
Ip Corrente de falta para terra (3 I0 = If, valor complexo).
Ick Corrente complexa no vão k do cabo guarda. Figura 6 – Circuito do Zeq da Figura 5 (Figura 10 da ABNT NBR 1575).
Apoio
50

A corrente simétrica eficaz de malha, que será o parâmetro


Aterramentos elétricos
de corte e deve considerar os efeitos do componente contínua.
utilizado no dimensionamento do eletrodo de aterramento, deve ser Obtém-se Df a partir da equação mostrada a seguir ou com a
multiplicada por um fator que leva em consideração a componente Tabela 1.
contínua da corrente de curto-circuito (Df) e o crescimento do
sistema (Cp), que serão tratados adiante.

Corrente de Falta If Tabela 1 – Fator devido à assimetria da corrente de falta


(Tabela 10 da ABNT NBR 1575).
Qualquer método de cálculo de obtenção de If necessita
Duração da Falta tf Fator de Decremento df
do fornecimento das potências de curto-circuito trifásica e de s Ciclos a 60 Hz X/R = 10 X/R = 20 X/R = 30 X/R = 40
fase para a terra no ponto em que será construído o sistema de 0,008 33 0,5 1,576 1,648 1,675 1,688
aterramento, bem como as contribuições das linhas envolvidas no 0,05 3 1,232 1,378 1,462 1,515
0,10 6 1,125 1,232 1,316 1,378
curto-circuito. Deve-se calcular também a corrente de malha de
0,20 12 1,064 1,125 1,181 1,232
longa duração (Imld). 0,30 18 1,043 1,085 1,125 1,163
A primeira etapa do cálculo dessa corrente consiste em 0,40 24 1,033 1,064 1,095 1,125
definir a maior corrente permissível no neutro de um ou mais 0,50 30 1,026 1,052 1,077 1,101
0,75 45 1,018 1,035 1,052 1,068
transformadores, que possam fluir permanentemente no sistema de
1,00 60 1,013 1,026 1,039 1,052
aterramento e que devem servir de parâmetro para o ajuste das
proteções de sobrecorrente de neutro dessa subestação.
Esse valor varia inversamente com o tempo de eliminação
A segunda etapa consiste em determinar a parcela de corrente
da falta e aumenta com a relação X/R do sistema. Para a faixa
que flui pela malha de terra da subestação, bem como aquela que
de tempo de eliminação de falta normalmente considerada
flui pelo aterramento das linhas de transmissão e dos neutros dos
igual ou superior a 0,5 s, o fator adotado pode ser de D f = 1.
alimentadores que estiverem em paralelo com esse eletrodo, na
proporção inversa de suas impedâncias de aterramento vistas por
Fator de Projeção Cp
essa corrente.
O fator de projeção C P considera o aumento da corrente
de falta ao longo da vida útil da instalação em função do
Com o resultado de Imld, deve-se verificar se os limites admissíveis
crescimento da rede de transmissão e de geração de energia
pelo corpo humano, em regime de longa duração (t > 3 s) das
tensões superficiais, conforme 7.1 da ABNT NBR 15751, não foram elétrica. Analisando os critérios adotados pelo planejamento
ultrapassados. Caso essa condição não seja atendida em qualquer das unidades geradoras, transformadoras e transmissoras,
ponto da subestação, ou arredores, o projeto do eletrodo de é possível prever a evolução do nível de curto-circuito do
aterramento deve ser refeito, de forma a suprimir a condição de risco. sistema, o que será quantificado pelo fator C p que multiplica a
corrente de malha simétrica eficaz.
Considerações quanto ao cálculo da corrente de Em algumas situações, pode-se identificar uma correlação
malha entre os fatores C p e S f, considerando, por exemplo, que um
Utilizar If ao invés de Im para o dimensionamento do incremento no número de linhas de transmissão chegando a
eletrodo de aterramento significa, na maioria dos casos, uma subestação resulta no aumento do nível de curto-circuito,
superdimensionamento. Há casos em que o uso de If no o que pode acarretar a redução do fator de divisão, em função
dimensionamento do eletrodo pode inviabilizar sua construção do maior número de caminhos para o solo, via cabos para-raios
em função da topologia e do espaço existente para a instalação e torres de linhas de transmissão.
do eletrodo, assim é importante entender que a utilização de Devido a esse fator, recomenda-se que os estudos de
Im pode ser a diferença para que o projeto seja executado sem aterramento considerem os níveis de corrente de falta
deixar de oferecer a segurança exigida. previstos até o ano horizonte disponível no planejamento e
Outro parâmetro que, se considerado individualmente, que reavaliações futuras sejam feitas quando houver alterações
pode levar a um dimensionamento inadequado do eletrodo é significativas no estudo realizado ou evoluções do sistema,
a corrente de suportabilidade de equipamentos. Então, deve-se além do ano horizonte inicialmente estudado.
considerar Im = If apenas em casos específicos, por exemplo,
em sistemas elétricos de transmissão sem condutor para-raio, ou Cálculo final da corrente de malha
sistemas de distribuição sem cabo neutro conectado ao eletrodo. Com os fatores já mencionados, utilizamos a seguinte
equação:
Fator de decremento Df
Imalha = Imalha sim ef x Df x Cp
Fator que permite a obtenção do valor eficaz equivalente
da corrente assimétrica de falta para um determinado tempo
Apoio
51

pessoas, desde que não sejam feitas expansões que provoquem


Imalha sim ef uma corrente de curto-circuito fase-terra superior à [corrente
Sf =
Ifalta de falta antes da expansão] x C p. Havendo qualquer expansão
no sistema, essa condição deve ser verificada.
Fator de distribuição Sf No dimensionamento de malhas de aterramento é
Fator que fornece a parcela da corrente de falta que necessária a verificação do surgimento de potenciais perigosos,
dispersa na terra pelo eletrodo de aterramento da subestação interna e externamente a essa malha, quando da ocorrência de
de energia. curtos-circuitos ou na existência de correntes de desequilíbrio
entre neutro e terra do sistema. Para tanto, devem-se calcular
os valores máximos de tensão de toque e de passo que podem
Im = Imalha = If x Sf x Cp x Df
ocorrer, bem como verificar possibilidades de ocorrência de
transferência de potencial para ambas as situações.
Para os casos em que a topologia da rede é muito simples
ou quando a impedância mútua for desprezível em relação
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
à impedância própria pode ser mais conveniente calcular-se de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
Sf. Obtém-se If por métodos convencionais, considerando-se coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
os circuitos sequenciais e, diretamente da relação abaixo, a atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.

corrente de malha:
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
Condição de segurança para futuras expansões revisa a ABNT NBR 5419:2005.
O eletrodo de aterramento dimensionado com a "corrente
Continua na próxima edição
de malha final", calculada conforme o procedimento que consta Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
da ABNT NBR 15715, aqui mostrado, garantirá segurança às e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
52
Aterramentos elétricos

Capítulo V

Projeto de aterramento de
malhas de subestações elétricas:
recomendações gerais e
aterramento dos equipamentos
Jobson Modena e Hélio Sueta *

Dando continuidade ao nosso trabalho, este exercem a importante função de interligar


capítulo apresenta algumas recomendações de todas as partes condutoras de eletricidade da
ordem geral e como se deve fazer o aterramento subestação, que não foram construídas com
dos principais equipamentos da subestação. esse fim, mas onde possa ocorrer a passagem
Sempre é importante ressaltar que um bom de correntes impulsivas, por exemplo: pés de
projeto de aterramento deve garantir que os torres, descidas de SPDA (Sistema de Proteção
níveis de corrente de curto-circuito fase-terra contra Descargas Atmosféricas) e aterramentos
sejam suficientes para sensibilizar a proteção de de para-raios de linha, diretamente ao eletrodo
retaguarda, bem como determinar potenciais de de aterramento.
passo e de toque suportáveis aos seres vivos. Estas Uma forma prática para considerar a divisão
condições são obtidas pela geometria da malha da corrente de curto-circuito para a redução do
de aterramento compatível com a resistividade do diâmetro do condutor da malha (assunto referente
solo no local de implantação da subestação, com ao capítulo IV desta série) consiste na utilização de
o cálculo correto da parcela da corrente de curto- dois condutores de aterramento em pontos distintos
circuito a ser dissipada pela malha e com os tempos da malha, quando do aterramento de equipamentos
de atuação das proteções instaladas. e elementos metálicos sujeitos à circulação da
Ao contrário de alguns mitos relacionados ao corrente de falta.
tema que persistem no tempo, baixas resistências Cuidados especiais devem ser tomados nos
de aterramento não garantem um projeto seguro, da locais em que possa haver movimentação de
mesma forma que altas resistências de aterramento veículos pesados dentro da subestação. Se estes
não significam, necessariamente, um projeto veículos passarem sobre locais onde a malha estiver
inseguro. enterrada, recomenda-se que o posicionamento dos
cabos condutores do eletrodo seja feito de forma a
Condutores de aterramento: rabichos e não deixá-los tensionados para que não arrebentem
condutores de malha ou não haja algum tipo de interrupção da malha,
Os condutores de aterramento (rabichos) principalmente nas conexões e emendas.
Apoio
53

Aterramento das cercas metálicas


Eventuais cercas metálicas localizadas no interior da Secionamento da cerca externa

malha da subestação devem ser multiaterradas, ou seja, Secão de cerca Secão de cerca
externa a malha externa a malha
interligadas à malha em vários pontos. As que estiverem
Cabo Cabo
localizadas fora da área de abrangência da malha devem ser
circulação de circulação de
seccionadas e cada seção deve ser multiaterrada, porém em corrente corrente

quadrículas (meshs) distintas da malha. A norma ABNT NBR Haste Haste


15751 apresenta duas figuras que representam estes casos, Resistividade Resistividade

reproduzidas a seguir.
Perfil do Queda de tensão
potencial entre duas hastes
no solo da mesma seção Queda de tensão
entre duas hastes
da mesma seção

Cerca interna à malha


Cabo

Figura 2 – Multiaterramento de cercas metálicas seccionadas situadas


no exterior do plano da malha de aterramento.

No caso de cercas metálicas que saem da área ocupada pela


Malha malha, elas devem ser secionadas e cada seção deve ser aterrada por
Queda de tensão Queda de tensão duas hastes (ver Figura 2). Esta é uma forma de evitar a transferência
entre dois pontos entre dois pontos
de interligação de interligação de potencial perigoso para pontos distantes. Trechos de cercas
à malha Perfil do potencial à malha
no solo
externas embaixo de linhas de alta tensão e mesmo de baixa
tensão devem ser tratados da mesma forma. Estas recomendações
procuram reduzir os riscos do aparecimento de potenciais de toque
Figura 1 – Multiaterramento de cercas metálicas no interior do plano da
malha de aterramento da subestação.
perigosos nestes trechos de cercas metálicas.
Apoio
54

Um exemplo de tensões de toque que podem acontecer em • Aterramento de luminárias e projetores instalados em colunas
Aterramentos elétricos

cercas metálicas de subestação está exibido na Figura 3. de concreto ou metálicas;


• Aterramento de tomadas de força e telefônicas do pátio da
subestação;
Potencial da malha e elementos aterrados
• Aterramento de torres de telecomunicação (dentro ou fora da
malha de terra);
• Aterramento de ferragens de cadeias de isoladores;
• Aterramento de cabos e hastes para-raios;
• Aterramento de blindagens de cabos isolados;
• Aterramento das canaletas e eletrodutos de pátio de
subestação;
• Aterramento de caixas de passagem;
• Aterramento de circuitos segregados por função;
Último cabo Último cabo
da malha da malha • Anel de amortecimento ou eletrodo de terra de blindagem;
• Aterramento dos equipamentos eletrônicos no interior da
casa de comando;
Figura 3 – Níveis de potencial que podem aparecer na malha e nas
massas metálicas conectadas na malha.
• Aterramento de quadros de serviços auxiliares C.A.;
• Aterramento de quadros de serviços auxiliares C.C.;
As tensões de toque que aparecem na Figura 3 podem ser • Aterramento de retificadores;
transferidas a uma pessoa na zona de influência do eletrodo • Aterramento de banco de baterias;
em função da posição e da condição de aterramento da cerca: • Tomadas de força no interior das edificações, geradores,
— E t1 é a tensão de toque na cerca na posição 1 se esta estiver leitos de cabos, esquadrias, portas e janelas.
em contato com o solo, mas não ligada à malha (supondo que
um cabo energizado não caia sobre a cerca); Cada equipamento tem alguma particularidade para
— E t2 é a tensão de toque caso a cerca na posição 2 esteja o aterramento que a norma detalha, principalmente, em
aterrada; relação aos pontos a serem aterrados, à bitola do condutor
— E t3 é a tensão de toque na cerca, na posição 3, se esta não
estiver aterrada;
— E t4 é a tensão de toque na cerca, na posição 4, aterrada.
Terminal de aterramento do
equipamento
Aterramento de equipamentos (pára raios)

A ABNT NBR 15751 apresenta no item 10.4 uma série de


recomendações para aterramento dos diversos equipamentos
que compõem uma subestação:

• Aterramento de para-raios sobre suportes e de disjuntores de


corpo único;
• Aterramento de para-raios sobre vigas;
• Aterramento de transformadores de potencial indutivo;
• Aterramento de transformadores de potencial capacitivo;
• Aterramento de transformadores de corrente;
• Aterramento de isoladores de pedestal;
• Aterramento de chaves seccionadoras;
• Aterramento de disjuntores com polos separados;
Ramais da
• Aterramento de transformadores de potência monofásicos ou malha
bancos de transformadores monofásicos;
• Aterramento de transformadores de potencia trifásicos;
• Aterramento de reatores de potência; Haste de
aterramento
• Aterramento de transformadores de serviços auxiliares;
• Aterramento de bancos de capacitores (aterrados ou isolados);
• Aterramento de postes de iluminação;
Figura 4 – Aterramento de equipamentos sobre suportes.
Apoio
56

de interligação, à fixação e aos tipos de conectores para esta O uso de equipamentos ou de dispositivos de proteção e
Aterramentos elétricos

interligação e forma (quantidade) de ligações à malha. a utilização de transformadores de isolamento e/ou filtros são
De forma geral, os equipamentos possuem terminais recomendados principalmente para os circuitos de comunicação
identificados para o aterramento. Estes terminais devem ser e de baixa tensão.
interligados diretamente à malha de terra por meio de um Neste fascículo, pudemos notar que, embora haja um
condutor de mesma seção que o da malha. Na maioria dos padrão a ser seguido para o aterramento dos componentes
casos, perto do nível do solo, o cabo de interligação deve possuir em uma subestação, há também uma série de detalhes a ser
um conector com duas saídas para que seja possível interligar considerada e que está diretamente relacionada com a forma,
o equipamento a dois pontos distintos da quadrícula da malha. com a quantidade, com a disposição e com a característica de
Se o equipamento possuir suporte, o cabo de interligação deve cada elemento em questão. Esta condição torna cada caso uma
ser fixado a ele de forma adequada, por exemplo, por meio de situação particular e poderá influenciar de maneira crucial o
conectores de fixação a cada 2,5 metros. A Figura 4 mostra um desempenho do eletrodo, bem como o conceito de segurança a
exemplo de aterramento de equipamentos sobre suportes. ser ali aplicado.
No caso de transformadores, o projeto da subestação deverá
especificar detalhadamente os pontos de aterramento em função Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
do tipo de transformador e ligações envolvidas. de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
Cuidados especiais sempre devem ser tomados no
atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
sentido de evitar a transferência de potenciais perigosos via
elementos metálicos que partem da área ocupada pela malha Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
de aterramento. Tubulações metálicas devem ser isoladas e diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que

seccionadas a partir do ponto de cruzamento deste com o último revisa a ABNT NBR 5419:2005.

condutor da malha, por material com isolamento compatível em Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
pontos predeterminados, possíveis de ocorrência de potenciais Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
de toque acima dos toleráveis.
Apoio
40
Aterramentos elétricos

Capítulo VI

Métodos normalizados para medição


de resistência de aterramento
Jobson Modena e Hélio Sueta *

A ABNT NBR 15749, denominada Medição de aterramento e de potenciais na superfície do solo, bem
resistência de aterramento e de potenciais na superfície como define as características gerais dos equipamentos
do solo em sistemas de aterramento, foi publicada em que podem ser utilizados nas medições, assuntos
agosto de 2009 e, finalmente, estabelece os critérios que se apresentam como polêmicos, interessantes
e métodos de medição de resistência de sistemas de e incrivelmente desconhecidos pela maioria dos
profissionais que atua na área.
Quando há injeção de corrente elétrica na terra, seja
pela ocorrência de uma falta na instalação ou por raios, as
correntes dispersas pelo sistema de aterramento provocam
o surgimento de diferenças de tensão entre pontos da
superfície do solo (tensões superficiais). Dependendo
da forma com que essas tensões forem referenciadas,
aplicam-se os conceitos de tensão de passo e de toque,
embora, conceitualmente ou não, os riscos oferecidos
por esse fenômeno sempre serão consideráveis.
Há ainda o risco para os circuitos que, de alguma
forma, estejam ligados ao sistema de aterramento e a
pontos distantes da superfície do solo ou a outros sistemas
de aterramento afastados (por potencial transferido).
Para determinação dos parâmetros com finalidade
de pesquisa, verificação de níveis de segurança
em instalações em funcionamento ou, ainda, no
comissionamento de instalações novas, os ensaios
de campo são uma forma eficiente para obtenção
dos valores da resistência ôhmica do eletrodo de
Legenda: aterramento e dos valores dos potenciais de passo e
Ie Corrente de ensaio (A)
Ve Elevação de potencial da malha de aterramento (V)
toque calculados em projeto. Portanto, a resistência
Et Tensão de toque (V) do eletrodo de aterramento associada aos potenciais
Ep Tensões de passo (V)
h Profundidade da malha de aterramento (m) na superfície do solo de uma instalação elétrica são
Figura 1 – Tensões que podem aparecer em uma instalação. grandezas a serem medidas, visando a:
Apoio
41

• verificar a eficiência do eletrodo em dispersar corrente elétrica valores máximos de tensão que possam ocorrer no sistema sob medição;
no solo em que está inserido; • evitar a realização de medições sob condições atmosféricas
• detectar tensões superficiais que ofereçam risco aos seres vivos adversas, tendo em vista a possibilidade de ocorrência de descargas
e equipamentos; atmosféricas;
• determinar a elevação de potencial do sistema de aterramento • impedir que pessoas estranhas ao serviço e animais se aproximem
em relação ao terra de referência. dos eletrodos utilizados na medição;
• utilizar aparelhos compatíveis aos especificados no Anexo C da
É importante ressaltar que o valor da resistência ôhmica ABNT NBR 15749 a fim de garantir a segurança dos operadores e
do eletrodo não determina a sua integridade física, uma fidelidade dos resultados. A utilização de equipamentos de medição
vez que os resultados obtidos dependem, além do eletrodo, em desacordo com os requisitos do Anexo C torna necessária a
das condições do solo em que este foi inserido. adoção de medidas de segurança adicionais, tais como aquelas
utilizadas para trabalhos em áreas energizadas.
Além dos métodos da queda de potencial e da queda de
potencial com injeção de alta corrente, a ABNT NBR 15749 Medição de resistência de aterramento
normaliza o método síncrono à frequência industrial; o método utilizando o método da queda de potencial
do batimento; o método de injeção de corrente com amperímetro, Este método é recomendado para medições por meio de
voltímetro e wattímetro adicional; e métodos alternativos de equipamentos específicos, por exemplo, o terrômetro. O
medição com as instalações energizadas. Trata ainda dos seguintes método consiste basicamente em fazer circular uma corrente
assuntos decorrentes: compensação capacitiva, especificação de por meio de um circuito compreendido pela malha de
equipamentos para execução dos ensaios e informações sobre o aterramento que queremos saber o valor da resistência ôhmica
terrômetro alicate. de aterramento, um trecho da terra e um eletrodo auxiliar de
De forma geral, não importando o método escolhido – o que corrente. Simultaneamente deve-se medir a tensão entre a
dependerá da situação de ensaio encontrada – certas regras técnicas malha e o terra de referência (terra remoto) por meio de uma
e de segurança são recomendadas: sonda ou eletrodo auxiliar de potencial. A Figura 2 mostra, de
• utilizar calçados e luvas com nível de isolamento compatível com os forma esquemática, como é feita a medição.
Apoio
42

Esta curva característica teórica (Figura 3) apresenta duas


Aterramentos elétricos

partes curvas que são zonas de influência mútua entre a malha,


o eletrodo auxiliar de corrente e a terra, e uma zona chamada de
“patamar de potencial”, onde se pode encontrar o valor verdadeiro
de aterramento.
A Figura 4 mostra curvas típicas de resistência de aterramento
em função das posições relativas dos eletrodos auxiliares de
potencial e de corrente.

Legenda:
I Corrente de ensaio
S Borne para a sonda ou eletrodo auxiliar de potencial
H Borne para o eletrodo auxiliar de corrente
E Borne para a malha de aterramento sob medição
Figura 2 — Método da queda de potencial.

Os eletrodos auxiliares de corrente e de tensão são constituídos


cada um deles por uma ou mais hastes metálicas interligadas
Legenda:
e cravadas no solo, de forma a garantir a menor resistência de X Área de influência do sistema de aterramento sob medição E
Y Zona de patamar de potencial
aterramento do conjunto. Z Área de influência do eletrodo auxiliar de corrente H
A sonda, ou eletrodo auxiliar de tensão (também chamado de Rv Resistência de aterramento do sistema sob medição (valor
verdadeiro da resistência de aterramento do sistema
eletrodo de potencial), deve ser deslocada (geralmente em uma reta a,b,c Curvas de resistência de aterramento em função do espaçamento e
posição relativa dos eletrodos auxiliares de potencial e de corrente
entre a malha de aterramento e o eletrodo de corrente) a partir
Figura 4 — Curvas típicas de resistência de aterramento em função das
da periferia do sistema de aterramento sob ensaio em intervalos
posições relativas dos eletrodos auxiliares de potencial e de corrente.
regulares de medição iguais a 5% da distância “d” mostrada na
As curvas “a” e “b”, apresentadas na Figura 4, mostram a
Figura 1. Dessa forma, é possível obter uma curva (Resistência X
configuração do resultado quando o deslocamento do eletrodo de
distância), conforme mostrado na Figura 3.
potencial foi coincidente com a direção e o sentido do eletrodo de
corrente. Na curva “c”, o sentido do eletrodo de potencial foi contrário
ao do eletrodo de corrente. Desta análise também podemos verificar
que nas curvas “a” e “c” temos o patamar que corresponde ao valor da
resistência de aterramento da malha sob ensaio. No caso da curva “b”,
o eletrodo de corrente está em uma distância insuficiente, sendo que as
zonas de influência do sistema de aterramento e do eletrodo de corrente
podem estar se sobrepondo, não sendo possível obter um valor confiável
da resistência de aterramento. Neste caso, para viabilizar o ensaio, é
necessário um afastamento do eletrodo de corrente ainda maior que o
utilizado para a medição. Esse expediente pode ser utilizado também
para obtenção das curvas “a” e “c” dependendo das condições do local.
Legenda:
R: Resistência obtida variando a distância da sonda desde a distância d = D Tomemos como referência a Figura 2. Em geral, a distância “d” da
até d = 0 (o eletrodo a medir)
RV: Valor verdadeiro do aterramento periferia da malha de aterramento sob ensaio até o eletrodo de corrente
deve ser de, no mínimo, três vezes a maior dimensão da malha. Para

Figura 3 — Curva característica teórica da resistência de aterramento


verificar o trecho horizontal da curva (patamar em que deve ser
de um eletrodo pontual. tomado o valor da resistência de aterramento), devem ser tomadas
Esta curva característica teórica (Figura 3) apresenta duas algumas medições variando a posição do eletrodo de potencial em
partes curvas que são zonas de influência mútua entre a malha, 5% de “d” para a direita (S1) e para esquerda (S2) do ponto de medição
o eletrodo auxiliar de corrente e a terra, e uma zona chamada inicial S. Se este ponto não estiver na área de sobreposição das áreas
de “patamar de potencial”, onde se pode encontrar o valor de influência e a porcentagem entre a diferença dos valores medidos
verdadeiro de aterramento. com o eletrodo de potencial em S1 e S2 e o valor medido em S não
A Figura 4 mostra curvas típicas de resistência de ultrapassar 10%, podemos tomar o valor de resistência medido em S
aterramento em função das posições relativas dos eletrodos como a resistência de aterramento da malha.
auxiliares de potencial e de corrente. Uma medida importante para evitar erros na medição é verificar
Apoio
44

as influências externas no local de instalação do eletrodo de corrente. de acoplamento entre os circuitos de corrente e potencial, sendo
Aterramentos elétricos

É muito importante que entre este eletrodo e o sistema de aterramento esta, em muitas situações, a única alternativa prática viável pelo
sob ensaio não existam condutores metálicos enterrados, tubulações método de queda de potencial. Para os sistemas maiores (dimensões
metálicas, contrapesos de linhas de transmissão ou armações de superiores a 10 metros), não se recomenda este procedimento
fundações de edificações. Assim, torna-se muito difícil, na maioria das e, assim, as medições devem ser executadas com os eletrodos de
vezes, impossível a medição por meio deste método em locais em que corrente e de potencial alinhados e na mesma direção e sentido.
haja áreas urbanas densamente ocupadas ou indústrias com eletrodos Para sistemas de aterramento com valores de resistência muito
de aterramento interligados, etc. baixos, o efeito do acoplamento entre os cabos de interligação
Em relação ao sentido de movimentação do eletrodo de potencial, dos circuitos de corrente e potencial é um fator importante nas
existem vantagens e desvantagens nas duas formas de medição. Na medições, principalmente nos sistemas de grande porte, pois estes
teoria, o deslocamento do eletrodo de potencial no mesmo sentido necessitam de cabos com grandes comprimentos.
do eletrodo de corrente apresenta, para um determinado ponto S, o Regra prática:
valor verdadeiro da resistência do sistema de aterramento sob ensaio. - os problemas de acoplamento são desprezíveis nas
Assim, como referência, temos que, para solos homogêneos, sistemas medições de resistências de aterramento acima de 10 Ω;
de aterramentos considerados pequenos (maior dimensão inferior a 10 - são importantes para as medições abaixo de 1 Ω; e
metros) com distância de afastamento “d” adequada entre o sistema - são passíveis de análise, caso a caso, nas medições
(ponto E) e o eletrodo de corrente (ponto H), o ponto S dista de E envolvendo valores entre 1 Ω e 10 Ω.
aproximadamente 62% da distância “d”. Em muitas medições é necessário o aumento da corrente de ensaio. A
Em solos não homogêneos ou em sistemas de aterramento forma mais simples quando se usa equipamento que não permite variação de
complexos, a determinação adequada de S é mais difícil. A norma corrente é reduzir a resistência de aterramento do eletrodo de corrente, o que
ABNT NBR 15749 apresenta um exemplo (Figura 5) para sistemas de pode ser feito diminuindo a resistência de contato entre o eletrodo auxiliar e o
aterramento pequenos (para fins teóricos, um eletrodo hemisférico) por solo, aumentando-se o número de hastes em paralelo, utilizando-se hastes de
meio de um gráfico relacionando p/d (em valores percentuais) com h/d maior comprimento ou diminuindo-se a resistividade do ponto de instalação
(sendo h a profundidade da primeira camada do solo não homogêneo) do eletrodo auxiliar de corrente. O valor máximo admissível da resistência
para diversos valores do coeficiente de reflexão K, dado por: de aterramento de cada eletrodo auxiliar é geralmente especificado pelos
fabricantes dos instrumentos de medição.

  Outro problema que pode interferir seriamente nas medições com


instrumentos de corrente contínua são os potenciais galvânicos, polarização
e correntes contínuas parasitas. De forma geral, os instrumentos utilizam
corrente alternada. Mesmo estes podem ser afetados por correntes parasitas
que circulam no solo, no sistema de aterramento ou nos circuitos sob
ensaio. Como uma forma de minimizar este problema, pode-se utilizar
uma frequência de ensaio diferente das frequências das correntes parasitas.
Alguns instrumentos permitem variar a frequência da tensão aplicada sendo
mais adequada, para estes casos, a utilização de filtros. Instrumentos de
banda estreita são alternativas viáveis.
Como vimos, o método apresentado é bastante limitado e não
deve ser utilizado indiscriminadamente. É importante lembrar que em
qualquer tipo de ensaio um dos fatores que mais contribuem para o
seu sucesso é a experiência e o bom senso de quem o realiza. Outros
métodos para medições de resistência de ôhmica em eletrodos de
Figura 5 — Posição do eletrodo auxiliar de potencial para um solo de aterramento serão apresentados em capítulos futuros.
duas camadas.
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
A movimentação do eletrodo de potencial S em sentido contrário coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
ao eletrodo de corrente H apresenta, teoricamente, valor de atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
resistência inferior ao verdadeiro, denominado como limite inferior
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
da resistência real. Apesar disso, este valor pode ser perfeitamente
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
aceitável, desde que H esteja adequadamente afastado de E, uma
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
vez que o valor da resistência dentro dos procedimentos globais de
Continua na próxima edição
análise dos sistemas pode ser considerado com alguma aproximação. Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
A grande vantagem deste procedimento é a minimização dos efeitos e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
28
Aterramentos elétricos

Capítulo VII

Métodos normalizados para medição


de resistência de aterramento
Parte 2
Jobson Modena e Hélio Sueta*

Neste capítulo, será abordada a utilização ensaio e o outro é um transformador para medida
do terrômetro alicate. Devido à praticidade e à de corrente. Visando a atenuar perturbações
facilidade de transporte e de manuseio, a medição provocadas pela presença de tensões indesejáveis,
com esse equipamento vem se popularizando e o que produziria erros nos resultados obtidos ou
se mostrando bastante eficiente na determinação até mesmo inviabilizaria a execução do ensaio,
da resistência (impedância) de aterramento nos os equipamentos geralmente trabalham com
sistemas que servem as instalações elétricas, frequências de medição diferentes (entre 1,5 kHz e
principalmente em áreas densamente edificadas. 2,5 kHz) da frequência industrial.
O método da queda de potencial, especificamente O equipamento possui núcleo
quando executado pelo terrômetro convencional, ferromagnético e bobinas de N espiras que o
mostra-se completamente ineficaz e a ABNT NBR envolvem. Esse núcleo, na forma de um alicate,
15749 trata do assunto em seu anexo E. deve “abraçar” um condutor auxiliar (ca)
propositalmente conectado entre o eletrodo a ser
Construção, funcionamento e aplicação medido (em) e um eletrodo auxiliar (ea), formando
A maior parte desses medidores é construída o circuito de ensaio (visto pelo terrômetro alicate
na forma de um alicate de dois núcleos partidos como o elemento secundário de espira única):
e com dimensões para envolver os condutores do (em) + (ca) + (ea) e o trecho de solo entre eles. A
sistema de aterramento. Um dos núcleos gera uma medição é feita quando, pela bobina de tensão, o
força eletromotriz (f.e.m), que, por sua vez, produz aparelho provoca uma f.e.m conhecida que induz
a corrente elétrica que circula pelo circuito de corrente elétrica no circuito de ensaio:
Apoio
29

Figura 1 – Identificação do circuito de ensaio – aplicação da f.e.m.


A outra bobina de corrente do aparelho proporciona a medição A soma dos valores das resistências (impedâncias) é obtida
da corrente induzida: pela relação entre a tensão gerada e a corrente circulante, mas,
dependendo do modelo do aparelho, é o valor apresentado em
seu visor. Em que:
R ca = resistência (impedância) ôhmica do cabo de ensaio
auxiliar;
R x = resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado
pelo eletrodo a ser ensaiado, mais a região do solo sob a zona
de influência desse eletrodo; e
Rc = resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado
pelo eletrodo auxiliar mais a região do solo sob a zona de
influência desse eletrodo.
Figura 2 – Equipamento – surgimento e medição da corrente induzida.
Apoio
30

Para simplificarmos a condição apresentada, devemos


Aterramentos elétricos

sempre procurar tomar um eletrodo auxiliar que esteja Comumente, vê-se o terrômetro sendo inserido
interligado a um conjunto de outros eletrodos ligados em em uma descida do SPDA (para-raios) de uma
paralelo, por exemplo, os aterramentos do condutor PEN da edificação e o valor obtido nessa “medição” é
concessionária ou o aterramento do cabo para-raios das torres fornecido como a resistência ôhmica do eletrodo.
de transmissão. ESTA PRÁTICA É ERRADA!
Neste caso, dependendo de outras restrições
que serão mencionadas a seguir, apenas
consegue-se um resultado confiável no ensaio se o
eletrodo for desconectado do restante do SPDA e o
aterramento do condutor PEN, que eventualmente
servirá como eletrodo auxiliar, estiver distante
o suficiente da edificação para que não haja
superposição das suas zonas de influência.

Figura 3 – Sistema multiaterrado para referência – circulação


preferencial da corrente elétrica. 2. A resistência do sistema de aterramento que fecha o laço (Rca
+ Rc) deve ser muito menor que a resistência do aterramento
Sob essas condições: sob medição. Para casos em que a resistência estiver na casa de
unidades de Ohm, a boa prática da engenharia recomenda que
RX = [ Valor _ no _ aparelho ] - RCA , pois (Rca + Rc) não ultrapasse a casa dos centésimos de Ohm;
1 1 1 3. Para todas as situações, a distância entre os eletrodos de
RC = +...+ + ≅ 0; aterramento sob ensaio deve ser suficiente para que não haja
R1 Rn-1 Rn
interpolação das suas respectivas zonas de influência;
4. Para o caso de vários eletrodos interligados, o ensaio só é
Ainda: válido em casos bastante específicos, como para a determinação
Rca = pode ser medido diretamente com o próprio terrômetro da integridade dos condutores e conexões existentes no trecho
alicate. Basta inserir o equipamento na espira única criada (laço) ensaiado. A desconexão dos eletrodos para execução
quando se fecha as duas pontas do cabo auxiliar. Cuidados separada da medição de cada um, calculando posteriormente
especiais devem ser tomados para que o cabo auxiliar não a resistência total pela soma dos resultados encontrados, não
esteja enrolado ou forme espiras que possam influir no é um artifício válido especialmente por não se ter controle das
resultado da medição. zonas de influência de cada eletrodo;
5. O sistema sob medição deve ser percorrido por quase
Restrições para utilização a totalidade da corrente injetada no terreno, ou seja, o
A vantagem da não necessidade em se cravar hastes posicionamento do equipamento e do condutor auxiliar é de
auxiliares no solo e a redução da quantidade de condutores extrema importância para o sucesso do ensaio.
utilizados criam a tendência natural de se tentar realizar
o ensaio em todos os eletrodos de aterramento com um A ABNT NBR 15749 ainda apresenta outros métodos de
terrômetro alicate. Não existe método universal para medição ensaio que serão abordados nos próximos capítulos.
da resistência ôhmica de eletrodo de aterramento, portanto,
todos os casos devem ser analisados individualmente e o
melhor método de ensaio sempre será aquele que proporcione
valores que traduzam o mais fielmente possível a realidade
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
local, independentemente do nível de complexidade envolvido
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
na execução do ensaio ou na obtenção dos resultados. coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
As seguintes restrições devem ser consideradas para este método: atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.

1. Necessariamente deve existir um circuito fechado (laço), Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
incluindo a resistência do aterramento que se deseja medir o
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
eletrodo auxiliar de referência e o solo comum que os envolve.
Continua na próxima edição
Dessa maneira, o equipamento não pode ser utilizado na Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
medição de eletrodos que não formam parte de um laço; e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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30
Aterramentos elétricos

Capítulo VIII

Métodos normalizados para medição


de resistência de aterramento –
Parte 3: Método da queda de potencial com injeção de alta
corrente e ensaios em instalações energizadas
Jobson Modena e Hélio Sueta*

Neste fascículo, serão abordados outros métodos da malha e do eletrodo de corrente, que deve ser
normalizados para medição de resistência de posicionado a uma distância mínima superior a cinco
aterramento, incluindo as medições com instalação vezes a maior dimensão do eletrodo de aterramento
energizada. sob ensaio. Esta distância depende da configuração do
sistema de aterramento, da instalação elétrica e do tipo
Método da queda de potencial com do solo. Uma maneira prática para se executar este
injeção de alta corrente tipo de medição em sistemas ainda não energizados é
Utilizado geralmente com a instalação injetar a corrente de ensaio nos condutores de fase das
desenergizada, consiste em circular uma alta corrente linhas de transmissão, curto-circuitados e interligados
entre o sistema de aterramento sob ensaio e o solo por a uma torre aterrada que esteja posicionada a mais de
meio de um eletrodo auxiliar de corrente, medindo-se 5 km do eletrodo a ser medido.
os potenciais na sua superfície. O valor da resistência O eletrodo de potencial será uma haste metálica
ôhmica do eletrodo de aterramento é obtido pela cravada firmemente no solo. Este eletrodo (S) deve ser
relação dos parâmetros mencionados. Este método deslocado radialmente a partir da periferia do sistema
é recomendado para a medição dos potenciais na de aterramento sob ensaio (E), sendo que a leitura da
superfície do solo e também da resistência de um tensão entre S e E deve ser feita com um voltímetro
sistema de aterramento particular ou a impedância de de alta impedância de entrada. O deslocamento
um sistema de aterramento global, em que podem ser do eletrodo de potencial deve ser em uma direção
envolvidas também subestações com cabos para-raios que faça um ângulo entre 90° e 180° em relação à
das linhas de transmissão, condutores de neutro de direção do eletrodo de corrente para evitar eventuais
alimentadores, entre outros. acoplamentos entre estes dois circuitos.
Geralmente utiliza-se como eletrodo auxiliar de A resistência de aterramento do sistema sob ensaio
corrente uma torre da linha de transmissão com um é dado por:
trecho da linha, uma malha de aterramento de uma
subestação adjacente ou uma malha de aterramento
auxiliar especialmente construída para este fim. Para a Em que:
obtenção de alta corrente é importante que o eletrodo V é a tensão medida (fora da região de influência da
de corrente tenha valor de resistência de aterramento malha e do eletrodo de corrente) em volts;
compatível com o sistema utilizado no ensaio. I é a corrente total injetada no eletrodo de corrente,
É importante verificar as regiões de influência expressa em ampéres.
Apoio
31

A confiabilidade dos valores obtidos é diretamente


proporcional ao valor da corrente de ensaio, pois assim
haverá menor influência relativa de eventuais correntes de
interferência. O valor de corrente dependerá da fonte utilizada
e é muito importante verificar as questões de segurança
referentes ao pessoal envolvido nas medições, assim como
aqueles que transitem pelas imediações. Dependendo dos
valores de ensaios utilizados, tensões superficiais perigosas
podem surgir nas proximidades do local de medição, sendo
necessário o uso de EPIs (calçados de segurança, luvas, etc.) e
até mesmo isolar a área com barreiras para evitar a aproximação
de pessoas.
Se houver interesse em se verificar o comportamento Legenda:
do sistema de aterramento como um todo, ou seja, não CH A/CH B - chaves para inversão de polaridade da fonte com
só o eletrodo, mas os cabos de para-raios, os neutros dos intertravamento
CH C - chave de by-pass da fonte
transformadores ou as blindagens de cabos de potência
isolados, uma configuração especial deve ser utilizada de - corrente de ensaio
forma a considerar todos os caminhos de retorno ligados a esse
- resistência de aterramento da instalação
eletrodo.
- resistência de aterramento das estruturas da linha de transmissão

Método síncrono à frequência industrial –


apresentado no anexo A da ABNT NBR 15749 A corrente de ensaio, na frequência de 60 Hz, deve ser
A Figura A.1 da norma apresenta o circuito de corrente fornecida por uma fonte em que seja possível a mudança na
utilizado neste método: polaridade, por exemplo, um transformador. Inicialmente, com a
Apoio
32

fonte de alimentação desconectada, devem ser medidas a corrente


Aterramentos elétricos

de interferência e a tensão de interferência. Com a fonte de


Em que:
alimentação ligada e a chave A fechada, é obtido o valor para a
tensão e a corrente . Com a abertura da chave A e fechamento da
Xφ1 é a reatância indutiva de sequência zero, expressa em ohms (Ω);
chave B, é possível a inversão da polaridade da fonte para serem
Xφ é a reatância indutiva de sequência zero por unidade de
obtidas as leituras da tensão e da corrente.
comprimento, expressa em ohms por quilômetro (Ω/km);
Com estes valores medidos é possível determinar a corrente
L é o comprimento do circuito de corrente, expresso em quilômetros
de medição fornecida pelo sistema de alimentação e a tensão
(km).
provocada pela passagem dessa corrente pelo sistema de
aterramento por meio das equações:
Para a correção da reatância indutiva para frequência da fonte,
deve ser utilizada a seguinte equação:

Em que:
Em que: X`φ1 é a reatância indutiva de sequência zero para frequência da
Ie é a corrente de ensaio, expressa em ampères (A); fonte de medição, expressa em ohms (Ω);
Ia é a corrente de medição numa determinada polaridade, expressa ƒ` é a frequência da fonte de medição, expressa em hertz (Hz);
em ampères (A); ƒ é a frequência industrial, expressa em hertz (Hz).
Ib é a corrente de medição de polaridade defasada de 180° da
corrente Ia, expressa em ampères (A); Assim, o valor da capacitância de compensação é dado pela
Ii é a corrente de interferência, expressa em ampères (A); seguinte equação:
Ve é a tensão de ensaio, expressa em volts (V);
Va é a tensão de medição em uma determinada polaridade, expressa
em volts (V);
Vb é a tensão de medição de polaridade defasada de 180° da tensão Va, Em que:
expressa em volts (V);
Vi é a tensão de interferência, expressa em volts (V). CC é a capacitância de compensação, expressa em microfarads .
Medições em instalações energizadas
A norma apresenta também em seu Anexo B um esquema básico
da configuração de um circuito de corrente com compensação
A necessidade da realização de medições de resistência ôhmica
capacitiva (Figura B.1 da ABNT NBR 15749). Esta compensação
em eletrodos de aterramento com as instalações energizadas é
capacitiva visa a diminuir a impedância da linha de transmissão
cada vez maior, visando a não interrupção do serviço, produção,
utilizada para servir como circuito da corrente de ensaio.
etc. Nestes casos, devem ser adotadas providências específicas e o
cuidado com a segurança deve ser muito maior, uma vez que as
medições com as instalações energizadas introduzem situações
e peculiaridades (presença de tensões entre neutro e terra, ruídos,
harmônicas, etc.) que não existem ou são muito menores quando os
pontos de ensaio estão desenergizados.
O item 8 da ABNT NBR 15749 descreve uma série de condições
para a realização dos ensaios sob essas condições específicas,
Legenda: além dos preceitos utilizados para as medições em sistemas não
resistência de sequência zero energizados que, dependendo da situação, possam vir a ser utilizados
com ressalvas e adaptações.
reatância indutiva de sequência zero
Uma inspeção detalhada do local deve ser realizada para
comprimento do circuito de corrente viabilizar o planejamento do ensaio, identificando todas as
conexões entre os elementos do sistema de aterramento, inclusive
capacitância de compensação
aquelas provenientes de blindagens de cabos de potência. Deve-se
Quando utilizamos as três fases interligadas de uma linha de também determinar quais conexões estão exercendo, realmente, sua
transmissão por um determinado comprimento como circuito de função no sistema, assim como se deve prever a possibilidade de
corrente, consideramos a seguinte equação: desconexão de alguns elementos, a complexidade de utilização de
Apoio
34

circuitos de medição, etc. Nesta fase de planejamento e programação, utilizado deve estar sob supervisão e ser sinalizado adequadamente.
Aterramentos elétricos

todas as áreas envolvidas deverão ser previamente escolhidas e O eletrodo de potencial, caso utilizado, também poderá estar
identificadas, deve-se definir o encaminhamento dos condutores sujeito a potenciais perigos, devendo estar também sob supervisão
auxiliares ou a utilização de estrutura externa (por exemplo, de linhas e sinalizado. Os cabos utilizados devem ter isolação adequada aos
de transmissão, cabos-guarda ou mesmo condutores de fase). Todos níveis de tensão envolvidos.
os aspectos de segurança dos profissionais envolvidos e a possível A aproximação de pessoas alheias ao ensaio deve ser proibida
presença de pessoas nas proximidades, a praticidade na realização das e todos os profissionais envolvidos na medição devem utilizar os
medições e o objetivo (estudos de fenômenos em frequência industrial Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados às classes
ou transitórios) são fundamentais para o sucesso do ensaio. de tensão que serão desenvolvidas, sempre estimadas para a pior
O planejamento antecipado para a escolha do método a ser condição de risco.
utilizado é importante visando os cuidados especiais a serem tomados A fim de expor os profissionais o mínimo possível às situações
no momento do ensaio, pois operadores e outros equipamentos de risco, devem-se utilizar dispositivos que permitam seccionar o(s)
ficam expostos (por instrumentos de ensaio conectados à instalação) circuito(s) quando eles não estiverem sendo utilizados.
aos riscos relacionados a eventos decorrentes dos sistemas elétricos, O sistema de aterramento de uma instalação energizada
por exemplo, curtos-circuitos, elevações de potencial, sobretensões geralmente está conectado a diversos elementos de aterramento, tais
transitórias (de origem atmosférica ou causadas por manobras), como os neutros de alimentadores, os cabos-guarda, as blindagens
campos eletromagnéticos, etc. de cabos de potência e as interligações entre malhas. Estas conexões
Outro aspecto a ser considerado em relação ao circuito auxiliar de possibilitam a divisão da corrente de curto-circuito e, portanto, das
corrente, quando utilizado, são as possíveis tensões de transferência correntes injetadas no sistema de aterramento durante as medições.
que podem ocorrer. Dessa forma, é necessário prover todos os circuitos Nestas medições, é necessário obter-se o valor real da corrente que
envolvidos na medição com proteção de sobretensão e sobrecorrente efetivamente flui da malha para o solo. Dessa forma, dependendo
por meio de dispositivos adequados e corretamente dimensionados. da metodologia escolhida para a medição, poderá ser necessária a
Se for utilizada uma malha auxiliar de corrente, esta também desconexão dos circuitos de aterramento da malha a ser medida ou
poderá sofrer elevação de potencial e criar tensões superficiais (de utilizar um método que permita a medição simultânea das correntes
passo e de toque) perigosas. De qualquer forma, o eletrodo de corrente que fluem pelos diversos elementos, mas que seja considerada apenas
Apoio
35

a corrente que flui da malha para o solo. evidentes quando os valores medidos forem da ordem de milivolts e
Especial atenção deve ser dada na desconexão dos elementos dezenas de miliamperes.
do sistema de aterramento de uma instalação energizada, pois há a Outros procedimentos importantes que devem ser analisados:
possibilidade do aparecimento de arcos elétricos. Outros problemas - o bloqueio para que não haja religamento indesejado dos circuitos;
na desconexão destes elementos são a possibilidade de estarem - a injeção de elevadas correntes pode sensibilizar os relés de alta
corroídos ou deteriorados. Os cabos-guarda, em especial, estando sensibilidade que podem atuar na realização dos ensaios;
sob tensão mecânica, podem se romper e caírem sobre cabos - a possibilidade de haver energização remota em instalações
energizados, provocando curto-circuito, ou colocar em perigo os conectadas à instalação sob ensaio.
profissionais envolvidos pelas elevações de potenciais superficiais a Os métodos de queda de potencial, de medição simultânea de
valores inaceitáveis. Toda desconexão deve ser estudada, planejada e correntes do sistema ou de injeção de corrente de alta frequência são
executada sob rigorosa supervisão. alguns dos mais utilizados para ensaios em instalações energizadas.
A necessidade ou não de desconexão de elementos do sistema De qualquer forma, diversos métodos podem ser utilizados desde
de aterramento é um fator determinante na escolha do método de que obedeçam às condições normalizadas, que foram descritas
medição. Nos casos em que a desconexão for perigosa ou de difícil neste artigo, além do fato de terem de, necessariamente, apresentar
execução, deve-se procurar outro método de medição em que essa resultados confiáveis.
prática não seja necessária. Os neutros dos transformadores de potência
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
não devem ser desconectados, pois podem deixar os sistemas isolados
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
sem referência de terra, inclusive com impossibilidade de detecção de
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
corrente de curto-circuito pelos dispositivos de proteção da instalação. atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
Nas medições com a instalação energizada, a presença de
ruídos, tensões (espúrias ou de desequilíbrio), harmônicas, etc. é Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
constante. Na escolha do método de ensaio, estes fatores devem ser
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
considerados, sendo que os medidores a serem utilizados devem
Continua na próxima edição
suportar estes ruídos e serem seletivos com os sinais injetados filtrando Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
as eventuais interferências na medição. Estes problemas são mais e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
30
Aterramentos elétricos

Capítulo IX

Medição de potenciais na superfície


do solo em sistemas de aterramento
Jobson Modena e Hélio Sueta*

Neste capítulo serão abordados diversos aspectos medição ou um instrumento específico que atenda às
referentes às medições de potenciais na superfície do solo condições necessárias. Eventualmente, para sistemas
em sistemas de aterramento. Dois tipos de medições são simples e pequenos (casas, edificações simples e locais
realizados: medição das tensões de toque e de passo. em que não há suspeita de fortes correntes parasitas),
Para facilitar a leitura reproduzimos as definições podem-se utilizar instrumentos comuns, sempre
de tensão de toque e de passo que constam nas normas seguindo as especificações do fabricante.
e no capítulo I desta série: Os procedimentos descritos neste fascículo visam a
determinar os potenciais superficiais devido a correntes
• [ABNT NBR 15749, 3.14, ABNT NBR 15751, 3.23 em frequência industrial, principalmente as de curto-
e ABNT NBR 7117, 3.9] tensão de passo diferença circuito com o objetivo principal na segurança de
de potencial entre dois pontos da superfície do solo pessoas que circulem sobre e nas redondezas dos
separados pela distância de um passo de uma pessoa, sistemas de aterramento. Os potenciais que ocorrem
considerada igual a 1,0 m. nos sistemas de aterramento devido às correntes
• [ABNT NBR 15749, 3.15, ABNT NBR 15751, 3.24 e de alta frequência, por exemplo, as das descargas
ABNT NBR 7117, 3.10] tensão de toque diferença de atmosféricas, devem ter um tratamento específico.
potencial entre uma estrutura metálica aterrada e um O circuito de corrente deve ser estabelecido de
ponto da superfície do solo separado por uma distância uma forma bastante parecida com o descrito nos
horizontal equivalente ao alcance normal do braço de fascículos anteriores para medição da resistência
uma pessoa. Por definição, considera-se esta distância de aterramento. Os valores de correntes que serão
igual a 1,0 m. injetados na malha de aterramento devem ser
compatíveis com o sistema de medição.
A metodologia de medição de potenciais na As medições dos potenciais devem ser efetuadas
superfície do solo assemelha-se à utilizada na em pontos previamente assinalados no projeto
medição dos valores de resistência de eletrodo e ou no planejamento das medições, em regiões
de resistividade do solo já descrita em capítulos estratégicas das subestações, utilizando voltímetro
anteriores. É aconselhável que o levantamento dos de alta impedância de entrada, em geral, não inferior
perfis de potenciais na superfície do solo e as medições a 1 mΩ/V. Voltímetros eletrônicos geralmente são
das tensões de toque e de passo sejam realizados com adequados para esta finalidade.
a injeção de elevados valores de corrente elétrica no
solo. Nestas medições devem ser utilizados voltímetro Medição da tensão de toque
e amperímetro com escalas adequadas às faixas de A medição da tensão de toque deve ser feita
Apoio
31

entre elementos metálicos (estruturas metálicas, carcaças de Medição da tensão de passo


equipamentos, massas metálicas) ligados ao sistema de aterramento A medição das tensões de passo deve ser feita entre dois
sob estudo e o eletrodo de potencial cravado no solo (ver Figura eletrodos auxiliares de potencial cravados no solo e afastados
1) ou como indicado na Figura 4 (uso de placas como eletrodos de 1 metro (ver Figura 2) ou eletrodos conforme a Figura 4
auxiliares), guardando sempre a distância de 1 metro. (utilização de placas).

Figura 1 – Medição do potencial de toque utilizando eletrodo cravado Figura 2 – Medição do potencial de passo utilizando eletrodos
no solo.  cravados no solo.
Apoio
32

A fonte de corrente elétrica para a realização das medições deve muitas vezes isto não é feito (geralmente por limitação de tempo),
Aterramentos elétricos

ter potência e tensão adequadas para fornecer valores suficientes de devendo ser preferencialmente realizadas as medições na periferia do
corrente elétrica. Geralmente, esses valores são elevados de forma sistema de aterramento onde, geralmente, são encontradas as maiores
a reduzir os erros nas medições devido às correntes de interferência tensões na superfície do solo. Algumas medições devem ser realizadas
que geralmente circulam no solo. na região central do sistema principalmente aquelas em que haja a
Usualmente é empregado como fonte de corrente um grupo motor- possibilidade de presença de pessoas. Em relação à medição de tensão
gerador ou um transformador isolador com um regulador de tensão de toque nas partes metálicas aterradas, muitas vezes, não se sabe o
ligado à rede elétrica próxima do local da medição. O mesmo circuito ponto onde é obtida a maior tensão, dessa forma, recomenda-se realizar
indicado para medição da resistência de aterramento (ver Figura 3), várias medições (mínimo 3) em diferentes direções (particularmente as
utilizando o método síncrono à frequência industrial (já mostrado em direções que se afastem dos condutores enterrados do aterramento e/ou
capítulo anterior), pode ser utilizado para estas medições. as que aproximem da periferia do sistema). Correntes da ordem de 100
A, ou acima, geralmente são necessárias para sistemas interligados para
se obter valores de tensão confiáveis.
Os valores de tensão medidos devem ser corrigidos para o valor real
durante uma falha para terra (VR, expresso em volts). Esta correção deve
ser feita conforma a equação a seguir:

Em que:
VR é a tensão real durante uma falha para a terra, expressa em volts (V);
Ve é a tensão medida durante o ensaio, expressa em volts (V);
IM é a corrente de malha, expressa em ampères (A);
Legenda   Ie é a corrente de ensaio, expressa em ampères (A).
CH  A/CH  B     chaves  para  inversão  de  polaridade  da  fonte  com  intertravamento    
CH  C       chave  de  by-­‐pass  da  fonte    
    corrente  de  ensaio     A determinação da resistência de contato pé-brita (ou solo) deve
    resistência  de  aterramento  da  instalação  
ser realizada no ensaio de injeção de corrente, assim como a tensão
    resistência  de  aterramento  das  estruturas  da  linha  de  transmissão  
aplicada diretamente sobre a pessoa. A Figura 4 fornece detalhes para a
Figura 3 — Método síncrono à frequência industrial – Circuito de corrente.

A norma apresenta também os anexos B (Compensação capacitiva)


e D (Método do batimento) que auxiliam as medições, sendo como
uma alternativa para se elevar a corrente injetada ou nos casos em que
existam correntes de interferência significativas em relação à corrente de
ensaio.
Nas medições, os cabos para-raios e contrapesos das linhas de
transmissão, os neutros dos transformadores, as blindagens e as capas
metálicas de cabos isolados que chegam à instalação devem ser
desconectados do sistema de aterramento sob ensaio.
O valor da corrente de ensaio é muito importante para esta
E – estrutura metálica aterrada
medição, pois se por um lado esta deve ser alta para propiciar maiores
M – malha de terra
valores de tensões a serem medidas (portanto mais confiabilidade nos
valores medidos), por outro, para se obter estas correntes mais altas é
necessária a utilização de tensões mais elevadas na fonte, aumentando
assim também os problemas com a segurança do pessoal envolvido
nas medições e os que eventualmente estiverem nas redondezas.
Geralmente são utilizadas tensões de ensaio do gerador ou transformador
da ordem de 100 V nestas medições.
Outro aspecto muito importante a ser considerado é a escolha
Legenda:  
dos locais preferenciais para medição dos potenciais na superfície do S     solo         B     pedra  britada  (brita)  
F   feltro  embebido  em  água  e  sal   P     peso  de  25  kg  
solo. O ideal é fazer um mapeamento completo da instalação e fazer L     1,0  m  para  tensão  de  passo     V   voltímetro  eletrônico  

as medições de forma a cobrir toda a área a ser investigada, porém,


Figura 4 — Medição das tensões de toque e passo.
33

medição das tensões de toque e de passo.


Nesta figura podemos verificar a utilização de duas placas de 25
kg, barra de contato da base de 200 cm² cada e duas resistências, uma
de 1000 Ω (simulando a resistência do corpo humano) e a outra de
3000 Ω. Pode-se melhorar a resistência de contato peso-brita com a
utilização de um feltro umedecido com uma solução salina saturada,
sendo importante fazer a investigação com a brita primeiramente seca e
depois molhada nos pontos de medição.
A tensão que surge sobre uma “pessoa” é a medida nos terminais
da resistência de 1000 Ω. Duas medições devem ser realizadas para
a determinação da resistência de contato peso-brita: uma sobre a
resistência de 1000 Ω e outra sobre a de 3000 Ω.
Considerando os circuitos equivalentes representados na Figura 4,
as seguintes relações podem ser obtidas:
• no circuito para a tensão de toque, obtêm-se as equações 1 e 2:

[1]

[2]

• resolvendo-se o sistema, obtém-se a equação 3:

[3]

• no circuito para a tensão de passo, obtêm-se as equações 4 e 5:

[4]

[5]

• Resolvendo-se o sistema, obtém-se a equação 6:

[6]

Em que:
V1k é a tensão medida nos terminais do resistor de 1 000 Ω, expressa em volts (V);
V3k é a tensão medida nos terminais do resistor de 3 000 Ω, expressa em volts (V);
RCT é a resistência de contato pé-brita, simulando a tensão de toque, expressa em
ohms (Ω);
RCP é a resistência de contato pé-brita, simulando a tensão de passo, em ohms (Ω).
Dessa forma é possível obter as resistências de contato pé-brita,
simulando as tensões de toque e de passo.

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro


de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.

Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,


diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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30
Aterramentos elétricos

Capítulo X

Especificações de equipamentos
para medição da resistência
de aterramento em instalações
elétricas de baixa tensão
Jobson Modena e Hélio Sueta*

O anexo C da ABNT NBR 15749 normaliza C.2.3


o assunto definindo os requisitos aplicáveis aos resistência total de aterramento - resistência entre
equipamentos destinados a medir a resistência de o borne principal do aterramento e terra de referência.
aterramento ou resistividade do solo, utilizando
parâmetros para corrente alternada. Portanto, os São requisitos básicos desejáveis em aparelhos
equipamentos destinados à medição da resistência destinados aos ensaios:
de aterramento de subestações ou torres de linhas
de transmissão de energia não fazem parte das • Segurança intrínseca oferecida aos operadores:
informações contidas neste fascículo.
Para facilitar o entendimento do fascículo, Durante o ensaio, as tensões superficiais devem
serão repetidos alguns dos termos e definições ser controladas a níveis suportáveis. Para tanto, o
que constam da ABNT NBR 15749 e que já foram equipamento deve garantir as seguintes condições:
apresentados: Em terreno seco:

C.2.1 - o valor da tensão eficaz de saída em circuito


tensão de medida - tensão existente entre os bornes aberto deve ser limitado a 50 V;
(E) e (S) do equipamento de medição. - o valor da tensão de pico na saída em circuito
aberto deve ser limitado a 70 V;
C.2.2 Em terreno úmido:
tensão de interferência em modo série - tensão alheia - o valor da tensão eficaz de saída em circuito
ao sistema que está superposta à tensão de medida. aberto deve ser limitado a 25 V;
Apoio
31

- o valor da tensão de pico na saída em circuito aberto deve ser local da bateria;
limitado a 35 V; • tensão nominal da rede de distribuição;
Quando os valores acima forem ultrapassados nas condições • simbologia identificando a condição exigida de duplo
apresentadas, o aparelho deve limitar o valor máximo da isolamento de acordo com a IEC 61010-1 para equipamentos
corrente injetada no solo a: de medição com alimentação de rede;
• nome do fabricante ou marca registrada;
- valor eficaz: 7 mA; • número de modelo, nome ou outros meios de identificação
- valor de pico: 10 mA. do equipamento;
• limite (range) para execução de medidas dentro do qual se
No caso dessas condições não serem atendidas, o aplica o erro máximo de funcionamento;
equipamento deve promover o seccionamento automático • a frequência da tensão de saída.
do circuito interrompendo o ensaio. Os tempos admissíveis
para interrupção constam da Figura 1 da IEC 61010-1:1990. - Indicação preferencial dos bornes:
Basicamente, o evento ocorre em tempos da ordem de 0,3 s. (E): borne da tomada de terra;
- Os aparelhos, quando conectados à rede de alimentação, (ES): borne do eletrodo mais próximo à tomada de terra;
devem suportar até 120% de sua tensão nominal sem expor o (S): borne do eletrodo auxiliar de tensão;
usuário a tensões que excedam os valores e tão pouco ativar (H): borne do eletrodo auxiliar de corrente.
seus dispositivos de proteção.
- A tensão de saída dos bornes (E) e (H) deve ser alternada Manual de utilização
com frequência, e forma de onda do sinal deve ser gerado Este documento que acompanha o equipamento deve ter
de maneira a evitar interferências elétricas, em particular, especificadas todas as instruções de funcionamento e utilização
aquelas oriundas da instalação sob ensaio, por exemplo, sinais conforme a IEC 61557-1, bem como:
com frequência da rede de distribuição (60 Hz) não devem
afetar significativamente os resultados das medições. Caso • os locais de aplicação dos aparelhos destinados a medir a
esta condição não seja atendida, ela deve ser informada pelo resistência de terra, por exemplo, terrenos secos, úmidos ou
fabricante do equipamento. outros, conforme Tabela 19 da NBR 5410;
- o percentual do erro de operação deve ser inferior a 30% do • possíveis tensões de interferência em modo série quando estas
valor convencional medido. forem significativas (superiores àquelas anteriormente apresentadas);
• as indicações relativas a compatibilidade com equipamentos
Aplica-se o erro de funcionamento: e aparelhos complementares, quando necessário;
• identificação dos bornes, quando estas diferirem do padrão indicado.
- na existência de tensões de interferência no modo série em
frequências de 60 Hz e 50 Hz ou para uma tensão contínua Calibração
entre os bornes (E), (H) e (S). O valor eficaz da tensão em modo O equipamento deve ser calibrado periodicamente,
série deve ser inferior a 3 V; geralmente entre um e dois anos. Os métodos de ensaio e
- na resistência de aterramento dos eletrodos auxiliares de calibração, os resultados dos ensaios e as informações dos
corrente e de tensão, que não deve ultrapassar 100 vezes a padrões utilizados devem constar do documento que atesta
resistência que se pretende medir, com um limite de 50 kΩ. essa calibração, inclusive possibilitando eventual rastreamento.
O equipamento deve ser capaz de determinar as resistências Sempre que possível, a calibração deve ser realizada em
máximas admissíveis dos eletrodos auxiliares de corrente e laboratório pertencente à Rede Brasileira de Calibração (RBC),
tensão, informando se os limites citados foram ultrapassados. ou seja, laboratório acreditado pelo Inmetro.
Informações e instruções de funcionamento
Nos equipamentos de medição, devem constar as seguintes
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
informações, além daquelas definidas na IEC 61557-1:1997:
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
• campo de aplicação; atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
• tipo de equipamento; Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
• unidades de medida e múltiplos ou submúltiplos;
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
• tipo de proteção, geralmente feita por meio de fusíveis, e
Continua na próxima edição
especificação da corrente para dispositivos intercambiáveis; Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
• tipo de bateria, o acumulador e polaridade da conexão no e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
30
Aterramentos elétricos

Capítulo XI

Medição da resistividade do solo


Jobson Modena e Hélio Sueta*

O projeto da norma ABNT NBR 7117, atualmente Tabela 1 – Valores típicos de resistividade de alguns tipos de solo
em revisão, estabelece os requisitos para a medição
Tipos de solo Faixa de resistividades
da resistividade e a determinação da estratificação (Ω· m)
do solo. Estima-se que esta norma seja publicada Água do mar menor do que 10
no início de 2012. O texto do projeto apresenta Alagadiço, limo , humus , lama até 150
Água destilada 300
diversos métodos de medição com vários arranjos
Argila 300 – 5.000
para o método dos quatro eletrodos. Este capítulo Calcário 500 – 5.000
apresenta, de forma resumida, estes métodos e Areia 1.000 – 8.000
arranjos. Lembrando que resistividade elétrica do Granito 1.500 – 10.000
B asalto a partir de 10.000
solo ou resistividade do solo é a resistência entre (1)
Concreto M olhado: 20 – 100
faces opostas do volume de solo, consistindo em Úmido: 300 – 1000
um cubo homogêneo e isótropo cuja aresta mede Seco: 3 kΩ·m – 2 MΩ·m
(1)
uma unidade de comprimento. A categoria molhado é típica de aplicação em ambientes externos. Valores inferiores
a 50 Ω∙m são considerados altamente corrosivos.
O solo tem uma composição bastante
heterogênea, sendo que o valor da sua resistividade O solo é, geralmente, constituído por diversas
pode variar de local para local em função do tipo camadas, sendo que cada camada apresenta
(argila, calcário, areia, granito, etc.), do nível de um valor de resistividade e uma espessura. A
umidade (seco, molhado), da profundidade das determinação destes valores e a estratificação
camadas, da idade de formação geológica, da do solo são muito importantes para o cálculo
temperatura, da salinidade e de outros fatores das características do sistema de aterramento,
naturais. A resistividade do solo geralmente essenciais para o desenvolvimento dos projetos
é afetada também por fatores externos, como e estudos, assim como para a determinação de
contaminação e compactação do solo. O projeto potenciais de passo e solo.
da ABNT NBR 7117 apresenta a Tabela 1 com O projeto de norma apresenta na Figura
exemplos da variação da resistividade do solo, 1 exemplos que representam solo real (a) e o solo
reproduzida a seguir: estratificado (b).
Apoio
31

dos quatro pontos. Neste método são levantadas, em laboratório,


as curvas de resistividade em função da quantidade de água
adicionada ao solo e também da capacidade que o solo tem
de retê-la. Desta forma, o perfil do comportamento da variação
da resistividade com o teor de água para um determinado
solo mostra os valores mínimos de resistividade (solo saturado
com água) e o valor da resistividade com o solo totalmente
Legenda
ρ1, e1 Resistividade e espessura da camada de número 1 seco. Com a determinação da capacidade de retenção de água
ρ2, e2 Resistividade e espessura da camada de número 2
ρ3, e3 Resistividade e espessura da camada de número 3 pela análise de penetração da água no solo pelo efeito de
ρ4, e4 Resistividade e espessura da camada de número 4
capilaridade, pode-se estimar a umidade que o solo terá na
Figura 1 – Solo real (a) e solo estratificado (b). maior parte do tempo. Assim, o valor da resistividade nessa

São apresentados também os seguintes métodos de medição: porcentagem de umidade apresenta um valor representativo da

• Amostragem física do solo resistividade do solo.

• Método da variação de profundidade


• Método dos dois pontos Método da variação de profundidade
• Método dos quatro eletrodos, com os seguintes arranjos: Este método consiste em ensaios de medição de resistência

o Arranjo do eletrodo central de terra executados para várias profundidades (L) do eletrodo

o Arranjo de Lee de ensaio de diâmetro (d). Por este motivo também é conhecido

o Arranjo de Wenner como “método de três eletrodos”.

o Arranjo Schlumberger – Palmer A resistência de aterramento de uma haste enterrada em um


solo uniforme, para fins práticos, é dada pela fórmula:

AMOSTRAGEM FÍSICA DO SOLO


Este método é utilizado geralmente como um critério
comparativo com os resultados obtidos em campo pelo método
Apoio
32

É possível se estimar o valor da resistividade aparente A Figura 2 a seguir apresenta um esquema da medição por este
Aterramentos elétricos

em função do valor da resistência média e dos valores método:


do comprimento (L) da haste. Assim, quando colocado
graficamente em função de L, fornece uma ajuda visual para
a determinação da variação da resistividade do solo com a
profundidade.

Método dos dois pontos


Este método também apresenta valores aproximados
servindo para avaliar a ordem de grandeza da resistividade de
Legenda
pequenos volumes de solo. I corrente entre os eletrodos de corrente C1 e C2
Neste método, dois eletrodos iguais são cravados em uma V diferença de tensão entre os eletrodos de potencial P1 e P2
d1 distância entre os eletrodos C1 e P1
mesma profundidade, afastados a uma distância adequada d2 distância entre os eletrodos P1 e P2
d3 distância entre os eletrodos C2 e P2
(maior ou igual a 5 x L). Os eletrodos são interligados por um b profundidade de cravação dos eletrodos
cabo isolado eletricamente e mede-se a resistência em série
Figura 2 – Método dos quatro eletrodos (geral).
destes eletrodos com um terrômetro tipo alicate, com a pinça
enlaçando o cabo de interligação. Vários arranjos podem ser utilizados neste método:
O arranjo do eletrodo central é recomendado para prospecção
A resistência medida para os dois eletrodos R m é duas vezes a grandes profundidades ou em locais em que a resistividade
a de cada eletrodo, R1e: é alta.
Neste arranjo, o eletrodo C2 é fixado no centro da área a ser
medida, variando-se a posição de C1, P1 e P2, e obedecendo-se
a condição: d3 muito maior que d1 e d2, conforme a Figura
3. A resistividade para uma profundidade H (dada pela média
aritmética das distâncias d1, d2 e d3) é obtida (admitindo-se
Daí, a resistividade media do solo entre os eletrodos será:
erro de 1%) pelas fórmulas:

Em que:

Em que:
“ρ2e“ é a resistividade média vista pelos dois eletrodos em
(Ω.m); “R m“ é a resistência medida em (Ω); “L” é a profundidade
de cravação (m); e “r” é o raio do eletrodo (m). Em particular, se d 1 =
d 2:
Método dos quatro eletrodos
Este é o método mais utilizado para a medição da
resistividade média de grandes volumes de terra.
De uma forma geral, pequenos eletrodos são cravados no
solo a pequenas profundidades, alinhados e espaçados em
intervalos não necessariamente iguais. A corrente de ensaio I é
injetada entre os eletrodos externos e a diferença de potencial
V é medida entre os eletrodos internos utilizando um voltímetro
de alta impedância ou um potenciômetro. A resistividade é
dada pela fórmula:
Legenda
I corrente
P1 e P2 eletrodos de potencial
C1 e C2 eletrodos de corrente
d1 distância entre os eletrodos C1 e P1
d2 distância entre os eletrodos P1 e P2
d3 distância entre os eletrodos C2 e P2
ρ1 resistividade aparente da primeira camada

Figura 3 – Arranjo do eletrodo central.


Apoio
34

O arranjo de Lee requer duas medidas por espaçamento e


Aterramentos elétricos

permite detectar variações nas espessuras das camadas do solo.


Este arranjo utiliza 5 hastes (ver Figuras 4, 5 e 6).

a P1 a P2 a
C1 C2
a/2 a/2
A B C

Ponto
Legenda central
I corrente
P1 e P2 terminais de potencial para as medições comparativas entre os
eletrodos: A – B e B – C
C1 e C2 eletrodos de corrente
a distância entre os eletrodos Figura 7 – Arranjo de Wenner.

Figura 4 – Arranjo de Lee (ou das 5 hastes).


Na prática, são usados quatro eletrodos localizados em uma
linha reta em intervalos ‘a’, enterrados a uma profundidade que
1ª medição: ρ1a
= 4πa · VAB/I; 2ª medição: ρ2a
= 4πa · VBC/I
não exceda a 10% de “a”. Quando b ≤ a/10, a equação pode
ser simplificada pela fórmula:

Devem ser realizadas diversas medições com vários


espaçamentos entre eletrodos para a obtenção da variação da
resistividade com a profundidade.
Se VAB = VBC ===> = ρ2a O arranjo de Schlumberger é uma configuração do arranjo
ρ1a

de 4 pontos em que o espaçamento central é mantido fixo

Figura 5 – Solo com camadas sem variação de espessura.


(geralmente a uma distância de 1 metro), enquanto os outros
espaçamentos variam de forma uniforme. A Figura 8 é um
esquema deste arranjo.

VAB ≠ VAC === ≠ ρ2a


v

ρ1a

Figura 6 – Solo com camadas de espessuras variáveis.

Figura 8 – Arranjo de Schlumberger.


O arranjo dos quatro pontos igualmente espaçados (ver
Figura 7), mais conhecido como arranjo de Wenner é o mais As curvas padrão para arranjo de Schlumberger em duas
conhecido e utilizado. Antes da revisão, a NBR 7117 tratava camadas são obtidas pela fórmula:
apenas deste método. C1 e C2 são os eletrodos de corrente. A
tensão é medida entre os eletrodos P1 e P2 do arranjo. Sendo “a”
a distância entre eletrodos adjacentes e “b” a profundidade de
cravação destes, a resistividade em função de a e b é dada por:
Apoio
35

Em que: de resistividade com grandes espaçamentos, geralmente em


ρas
= Resistividade do arranjo de Schlumberger terrenos de alta resistividade, da ordem de 3.000 ohm.m ou
u
= metade do afastamento das hastes de potencial = (1,0) / 2 maior. A Figura 9 apresenta este arranjo em que os eletrodos de
v
= metade do afastamento das hastes de corrente = (a + 1,0 + a) / 2 potencial são situados muito próximos aos eletrodos de corrente
K(x) = função kernel das camadas correspondentes para melhorar a resolução da medida da tensão.
J 0 (y) = função de Bessel de primeira classe de ordem zero Se a profundidade b do eletrodo é pequena comparada
com as separações d e c, então a resistividade medida pode ser
O arranjo de Schlumberger – Palmer é utilizado para medição calculada pela seguinte fórmula:

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro


de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
Legenda diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
A amperímetro revisa a ABNT NBR 5419:2005.
V voltímetro
b profundidade dos eletrodos Continua na próxima edição
c distância entre os eletrodos de potencial Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
d distância entre os eletrodos de corrente e os eletrodos de potencial Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Figura 9 – Arranjo Schlumberger – Palmer.
Apoio
28
Aterramentos elétricos

Capítulo XII

Procedimentos para medição da


resistividade do solo
Jobson Modena e Hélio Sueta*

No capítulo anterior, foram apresentados, de forma Tabela 1 – Área do terreno e número mínimo de linhas de medição

resumida, alguns métodos de medição da resistividade Área do Número mínimo Croquis para
terreno de linhas de as linhas de
do solo e arranjos descritos no projeto da norma ABNT
(m2) medição medição
NBR 7117, com a revisão do texto já em fase de análise S ≤ 1.000 2 F igura 1-(a)
de votos. Este fascículo apresenta os procedimentos 1.000 < S ≤ 2.000 3 Figura 1-(b)
para a medição da resistividade do solo incluindo o 2.000 < S≤ 5.000 4 Figura 1-(c)
5.000 < S ≤ 10.000 5 F igura 1-(d)
número e o posicionamento das linhas de medição,
10.000 < S ≤ 20.000 6 Figura 1-(e)
as condições mínimas a serem observadas e alguns
cuidados a serem tomados durante o ensaio. área de 5.000 m² com um número mínimo de quatro
O número mínimo de linhas de medição, sua linhas, resultando em dez linhas de medição.
direção e localização dos pontos dependem da A Figura 1 apresenta os croquis com as direções
geometria, da área e das características locais do utilizadas para as medições de resistividade.
terreno sob estudo. É importante ressaltar que não é somente a área
A norma define como “uma medição” o conjunto de do terreno que determina o número de medições,
leituras obtidas em uma mesma direção de cravamento e devem ser levadas em conta também as variações
diversos espaçamentos entre hastes, realizado conforme nas características do solo local, devendo-se medir
o método de medição dos quatro pontos pelos diversos separadamente a resistividade nos diferentes tipos
arranjos descritos no capítulo anterior. de terreno existentes e também sempre analisar as
O projeto de norma ABNT NBR 7117 apresenta eventuais diferenças entre os resultados obtidos nas
uma tabela e uma figura (aqui reproduzidas como Figura diversas linhas de medição para uma mesma distância
1 e Tabela 1) onde é possível se obter o número mínimo entre eletrodos. Quanto maior for a discrepância dos
de linhas de medição em função da área do terreno. resultados, maior deve ser o número de linhas de
A tabela considera áreas de até 20.000 m². medição.
Para áreas superiores, deve-se dividir o terreno Condições mínimas a serem observadas:
remanescente em áreas de até 10.000 m²,
acrescentando-se linhas de medição equivalentes às • Variação sazonal. No mínimo uma medição no
descritas na tabela. período mais crítico deve ser realizada, sendo que,
Como exemplo, um terreno com uma área de de uma maneira geral, este período coincide com
25.000 m² deve ser considerada uma área de 20.000 aquele em que o solo está mais seco. Convenciona-se,
m² com um número mínimo de seis linhas mais uma dependendo da condição climática, que essa condição
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30

que possam evitar ou atenuar os efeitos da proximidade com


Aterramentos elétricos

circuitos energizados.
• No caso de projetos de linhas de transmissão, devem ser realizadas
duas medições em direções ortogonais nos pontos escolhidos, de
preferência no sentido longitudinal ao encaminhamento da linha
e outra no sentido perpendicular, que devem coincidir com a
localização das estruturas.
• Em cada linha de medição, um mínimo de 5 medidas com
distancias diferentes entre eletrodos devem ser realizadas.
• As medições em uma linha de medição devem iniciar com uma
distância de 1 metro entre eletrodos e prosseguir, se possível,
dobrando o espaçamento, por exemplo: 1, 2, 4, 8, 16, 32 ... metros.
Distâncias intermediárias entre eletrodos também são aceitas,
desde que repetidas nas demais direções.
• Qualquer condição diferente àquelas citadas anteriormente só
poderão ser utilizadas perante justificativas técnicas coerentes
depois de observadas as condições específicas do local da medição.

O projeto de norma apresenta também um modelo de planilha a ser


utilizado nas medições e um anexo completo com as características
dos instrumentos de medição. Descreve também os cuidados que
devem ser tomados quando estiver realizando as medições de
resistividade:
Legenda: A; B; C; D; E; F: linhas de medição • Não realizar medições sob condições atmosféricas adversas
Figura 1 – Croquis para medições de resistividade. devido à possibilidade de ocorrência de descargas atmosféricas;

geralmente pode ser atingida após um período de sete dias sem • Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados

chuvas. É recomendável que seja feita uma análise criteriosa em que com tipo e local da medição;

o bom senso prevaleça para que um dia onde ocorra, por exemplo, • Tomar providências para que pessoas não ligadas ao ensaio e

cinco minutos de chuva forte não tenha a mesma relevância de animais não circulem pelo local das medições;

um dia com 15 horas consecutivas de garoa intermitente. Ou • Não tocar nos eletrodos durante as medições.

seja, o parâmetro de comparação deve sempre ser a condição de


exposição do solo. A interpretação dos resultados obtidos nas medições deve

• Em projetos especiais ou para uma estimativa de projeto, ser bastante criteriosa e necessita de grandes cuidados para a

medições com o solo na situação que não seja a mais crítica sua validação. É muito importante estabelecer uma equivalência

podem ser realizadas, porém uma medição posterior sempre simples para a estrutura do solo. Esta equivalência depende

será recomendável a fim de garantir os parâmetros inicialmente da exatidão e extensão das medições, do método utilizado, da

adotados. complexidade matemática envolvida e da finalidade das medições.

• Em áreas em que há correção do nível do terreno, no mínimo Para a maioria das aplicações, a estratificação do solo obtida

uma medição deverá ser feita após a conclusão desta correção. para duas camadas já é suficiente, porém não se deve tomar essa

• Muito bom senso deve ser tomado na análise dos valores obtidos afirmação como regra. Há casos que um detalhamento matemático

nas medições. Pontos de uma mesma área com desvio superior a mais complexo se faz necessário para se determinar o modelo

50% em relação ao valor médio das medições realizadas podem estratificado para a terceira e até a quarta camada.

vir a caracterizar uma subárea específica, neste caso, medições


Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
complementares ao seu redor devem ser realizadas, para ratificação de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
dos resultados e, se isso não acontecer, deve ser considerada a coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas

conveniência de descartar esta linha de medição. atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
• Qualquer tipo de interferência na medição pode ser analisada.
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
No caso de medições de resistividade próximas a malhas existentes, revisa a ABNT NBR 5419:2005.
objetos condutores enterrados ou cercas aterradas, deve-se afastar Continua na próxima edição
a linha de medição a uma distância onde estas interferências sejam Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
reduzidas e devem ser utilizados instrumentos que possuam filtros e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
38
Aterramentos elétricos

Fim

Capítulo XIII

Assuntos pendentes
Jobson Modena e Hélio Sueta*

Os fascículos anteriores sobre aterramento projetos de aterramento de sistemas elétricos de


elétrico tiveram o objetivo de levar ao conhecimento distribuição, com tensões alternadas inferiores ou
do leitor, da forma mais simples possível, os iguais a 34,5 kV;
assuntos que foram tratados pela comissão de 3- Estabelecer os requisitos mínimos exigíveis para
estudos - 102.01 do COBEI e resultaram em norma materiais utilizados em aterramento temporário, em
técnica ou projeto de norma. instalações de subestações e distribuição de energia,
Infelizmente, o estudo do texto dos três últimos estabelecendo critérios para ensaios e inspeção
tópicos do compêndio previamente imaginado de equipamentos portáteis para aterramento ou
não avançou o suficiente para possibilitar aterramento e “curto circuitamento” temporário.
sua apresentação dentro dos parâmetros aqui
inicialmente estipulados. Dessa forma, fica aqui o compromisso de
São eles: retomar o assunto e apresentar material elucidativo
assim que os textos mencionados estiverem
1- Materiais utilizados em sistemas de aterramento; suficientemente desenvolvidos pelos seus
2- Projeto de aterramento em sistemas de respectivos grupos de trabalho dentro da comissão
distribuição de energia (MRT); e de estudos.
3- Sistemas de aterramento temporário.
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê
Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa
O objetivo inicial para normalização de cada atualmente como coordenador da comissão revisora da norma
assunto é: de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É
diretor da Guismo Engenharia.
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em
1- Estabelecer os requisitos mínimos exigíveis para
Engenharia Elétrica, diretor da divisão de potência do IEE-USP
materiais utilizados em sistemas de aterramentos e secretário da comissão de estudos que revisa a ABNT NBR
elétricos (permanentes e temporários) e prescrever 5419:2005.

critérios para os métodos de ensaio a serem FIM


Veja este e todos os artigos a série “Aterramentos elétricos” no site
realizados nesses materiais; www.osetoreletrico.com.br. Em caso de dúvidas, críticas e comentários,
2- Estabelecer diretrizes para elaboração de escreva para redacao@atitudeeditorial.com.br

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