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Curso de Preparação para Tradutor/Intérprete

da Língua Brasileira de Sinais 6ª Edição

LINGUÍSTICA GERAL
Prof.ª Esp. Mariana Correia

marianacorreiail@yahoo.com.br
http://profmarianacorreia.blogspot.com
PARTE 2: TEORIAS
LINGUÍSTICAS
Histórico do Estudo da Linguagem

• Índia, há mais ou menos 2500 anos atrás, Panini já


tinha elaborado uma gramática bastante sofisticada
do sânscrito, em seus aspectos
fonéticos, fonológicos, morfológicos, sintáticos e
semânticos.

• Na Grécia antiga, muitos filósofos também se


interessavam por vários aspectos da língua
humana, entre eles, a relação entre língua e
pensamento, a gramática, a retórica, e a poética.
Histórico do Estudo da Linguagem

• Na Idade Média, um grande esforço foi feito por


parte dos estudiosos da língua, no sentido de
preservar o latim da influência das línguas dos povos
bárbaros, que tinham invadido o Império Romano, e
que tinham se estabelecido em toda a Europa. Isso
significa que, nessa época, os estudos lingüísticos
tinham uma orientação prescritivista.
Histórico do Estudo da Linguagem

• Na Idade Moderna, com os descobrimentos da África


e das Américas, e com o domínio da Europa sobre
boa parte da Ásia, um novo interesse linguístico
surgiu. Os europeus estavam diante de línguas muito
diferentes daquelas com as quais eles estavam
acostumados.
Histórico do Estudo da Linguagem

• Os estudiosos das línguas não podiam mais ficar


limitados aos estudos sobre o grego e o latim, e
começaram a observar, ainda que perplexos, os
fenômenos fonéticos e gramaticais de línguas como o
chinês, como certas línguas indígenas da América, e
certas línguas africanas. Aí tem início uma linha de
estudos lingüísticos que atingiu seu apogeu no século
XIX: os estudos histórico-comparativos.
Histórico do Estudo da Linguagem

• Em 1816, um estudioso da história das línguas


chamado Franz Bopp publica um estudo comparativo
da conjugação verbal do sânscrito, do grego, do
latim, do persa e do germânico, que evidencia a
enorme semelhança entre essas línguas. Surge, nesse
momento, a idéia do parentesco entre línguas.
Ferndinand
de Saussure
O nascimento de uma ciência
• No contexto desses estudos histórico-comparativos
que Saussure lança suas ideias sobre a língua e sobre
a linguagem.
• Os estudos linguísticos começam a adquirir um
caráter mais profundo e abstrato passando a se
interessar pela língua como um sistema de valores
estruturado e autônomo, que é subjacente a toda e
qualquer produção linguística.
• A linguística passa a ser concebida como uma ciência:
ela não só descreve fatos linguísticos, mas busca uma
explicação coerente para sua ocorrência.
O nascimento de uma ciência
• No início do século XX, a afirmação de Saussure de
que a língua é fundamentalmente um instrumento de
comunicação constituiu uma das principais rupturas
da linguística saussureana, em relação às concepções
anteriores dos comparatistas e das gramáticas gerais
do século XIX. Porque, para estes estudiosos, a língua
era uma representação, ou seja, representava uma
estrutura de pensamento, que existiria
independentemente da formalização linguística, e a
comunicação e a “lei do menor esforço” que a
caracterizam, seriam causas da “desorganização”
gramatical das línguas, do seu declínio e
transformação em “ruínas linguísticas”.
BARROS in FIORIN (2010)
Curso de Linguística Geral

• O Curso de Linguística Geral, de Saussure, é uma


obra póstuma.

• Nos anos de 1907, 1908 e 1910, Saussure deu três


cursos na Universidade de Genebra, na Suíça. Alguns
de seus alunos tomaram notas de suas aulas, e, em
1916, publicaram a famosa obra intitulada Curso de
Linguística Geral, contendo uma boa parte do
pensamento de Saussure, que tinha morrido em 1913.
LINGUAGEM X LÍNGUA
Linguagem para Saussure
• A linguagem é uma faculdade humana, uma
capacidade que os homens têm para
produzir, desenvolver, compreender a língua e outras
manifestações simbólicas semelhantes à língua.

• A linguagem é heterogênea e multifacetada: ela tem


aspectos físicos, fisiológicos e psíquicos, e pertence
tanto ao domínio individual quanto ao domínio social.
Linguagem para Saussure

• Para Saussure, é impossível descobrir a unidade da


linguagem. Por isso, ela não pode ser estudada como
uma categoria única de fatos humanos.
Objeto de estudo: Língua
• Diferentemente da linguagem a língua é uma parte
bem definida e essencial da faculdade da linguagem.

• É um produto social da faculdade da linguagem e um


conjunto de convenções necessárias, estabelecidas e
adotadas por um grupo social para o exercício da
faculdade da linguagem.

• A língua é uma unidade por si só.


Objeto de estudo: Língua

• A língua é um fenômeno que está além do domínio


individual de cada um de nós.

• É produto de uma comunidade, ela é parte do


domínio dessa comunidade.
Objeto de estudo: Língua
• Essas línguas não se limitam a uma ou outra pessoa.
Elas nascem e se desenvolvem no âmbito de um
grupo social, não no âmbito individual.

• Uma consequência do fato de a língua ser social é ela


ser também convencional: ela existe e se mantém por
um acordo coletivo tácito entre os falantes.
Linguagem X Língua
• O que Saussure pensa é que os homens têm uma
capacidade para produzir sistemas simbólicos, ou
seja, sistemas de conceitos associados a uma
determinada forma, como a língua, as artes
plásticas, o cinema, o teatro, a dança. Essa
capacidade é a linguagem. Para Saussure, a
capacidade da linguagem não pode ser o objeto de
estudo de uma única ciência como a linguística, na
medida em que ela tem características de naturezas
diversas: física, fisiológica, antropológica, etc. O
objeto da linguística deve ser a língua, que é um
produto social da faculdade da linguagem, e que é
uma unidade.
Por que a língua é um produto social?
• A língua é um fenômeno que está além do domínio individual de
cada um de nós.
• É produto de uma comunidade, ela é parte do domínio dessa
comunidade.
• As línguas não se limitam a uma ou outra pessoa. Elas nascem e
se desenvolvem no âmbito de um grupo social, não no âmbito
individual.
• Uma consequência do fato de a língua ser social é ela ser
também convencional: ela existe e se mantém por um acordo
coletivo tácito entre os falantes.
• Isso significa que um falante de uma língua não pode fazer
modificações nessa língua a seu bel prazer.
• A comunicação humana seria impossível se a língua não fosse
convencional.
Linguagem X Língua
• Todas as manifestações da faculdade da linguagem, a
língua é a que mais bem se presta a uma definição
autônoma. Por isso, ela ocupa um lugar de destaque
entre as manifestações da linguagem, e, como tal, deve
ser tomada como base para o entendimento de todas
essas outras manifestações.

• A linguagem é uma capacidade humana, da qual a língua


é um produto.

• A língua é um fenômeno social e convencional.


Manifestações da faculdade da Linguagem
Dicotomias

•Divisão lógica de um conceito em dois outros


conceitos, em geral contrários, que lhe
esgotam a extensão.

•As dicotomias saussureanas só fazem sentido


quando relacionadas, pois uma ganha sentido
pleno quando em relação à outra.
LÍNGUA X FALA
Língua

 Coletiva;
 Social;
 Sistemática: quer dizer que ela é um sistema, um
conjunto organizado em que um elemento se
define pela oposição a outros;
 Independente (não é uma função do falante);
 Produto que o indivíduo registra passivamente;
 É um sistema de signos.
Definição de Língua

• A língua é um sistema cujo valor de cada elemento se


define pelas diferenças que apresenta em relação a
outro elemento e pela sua relação com o conjunto.

• A língua é um princípio de classificação: uma forma


de interpretar, organizar e categorizar o mundo.
Definição de Língua
• As peças de um jogo de xadrez são
definidas unicamente segundo suas
funções e de acordo com as regras
do jogo. A forma, a dimensão e a
matéria de cada peça constituem
propriedades puramente físicas e
acidentais, que podem variar
extremamente sem comprometer a
identidade da peça. Essas
características físicas são
irrelevantes para o funcionamento
do sistema (= o jogo de xadrez).
Uma peça até pode ser substituída
por outra, desde que a substituta
venha a ser utilizada conforme as
regras do jogo.
CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure. 2ª Ed.
Exemplos
•Pata

•Bata

•Mata

•Lata
Fala
Manifestação ou concretização a língua;
Assistemática: ato individual de vontade, ao falar, o falante
precisa fazer opções por uma ou outra maneira de dizer a
mesma coisa, fazer escolha entre vocabulários;
Particular;
Individual;
Dependente;
Lugar da fantasia, da liberdade, da diversidade
(conotação);
Para Saussure, a fala não deve ser estudada pela
linguística, pois é secundária e assistemática.
Língua X Fala

•Pessoas que falam a mesma língua conseguem


comunicar-se porque, apesar das diferentes
falas, há o uso da mesma língua. Ou seja, o
código é o mesmo, embora a realização varie.

•Latim ainda é uma língua embora não existam


mais falas em latim.
O Signo linguístico

•Signo = significante + significado

Forma acústica de caráter linear Conceito


• Texto para discussão: FIORIN, José Luiz. Teoria dos Signos. p. 55
a 57. In. FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – I
Objetos teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2010. 227 p.
Sintagma X Paradigma
Eixo paradigmático ou das relações associativas, os
signos que tem algo em comum se associam em
nossa memória, formando grupos.

Eixo sintagmático: corresponde a uma determinada


ordem de sucessão dos elementos. Os signos que
formam a palavra “inconstitucional” não podem
aparecer em outra ordem, que não essa.
Sincronia X Diacronia
• Sincronia: estudo da língua em um dado momento, ou
seja, recorte e análise de um momento específico da
língua. Não relacionado a sua modificação ao longo da
história, mas às relações no momento do recorte.
Comer= radical + vogal temática + marca de infinitivo

• Diacronia: análise da língua numa sucessão, na sua


mudança de um momento a outro da
história, constatando, inicialmente, as mudanças que se
produzem e as localiza no tempo.
Comer do latim edere, diferenciar do latim vulgar + cum =
cum edere = cumedere = comer

Vossamercê Você
Arbitrariedade
• Arbitrariedade: caracteriza a relação existente entre
o significado e o significante. A língua é arbitrária na
medida em que é uma convenção implícita entre os
membros da sociedade que a usam; é nesse sentido
que ela não é natural. O conceito que exprime a
palavra mar não tem relação de necessidade com
sequência de sons ou com a grafia de mar.
Linearidade
• Os enunciados são sequencias de elementos
ordenados de forma linear.

• É uma característica da Língua.

• Cada morfema é uma sequência de fonemas, cada


frase é uma sequência de morfemas, cada discurso
uma sequência de frases.
Saussure: resumo
• Vídeo disponível no blog:
• http://profmarianacorreia.blogspot.com

• Ou no You tube:
• http://www.youtube.com/watch?v=WiURWRFcQsc
Vamos organizar os conceitos e suas
interrelações?
Mapa conceitual

Elaborado Mariana Correia, disponível em: http:// profmarianacorreia.blogspot.com


Cruzadinha

• Responda a cruzadinha utilizando o quadro resumo


recebido.
Referências
• BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: O que é e como se faz. 52ª Edição. Edições Loyola, 2009. 207 p.
• DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 2004. 653 p.
• FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – I Objetos teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
227 p.
• FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística – II Princípios de análise. 4 ed. São Paulo:
Contexto, 2010. 227 p.
• MEDEIROS, Janaína. O poder da palavra no Egito. Disponível em:
http://www.slideshare.net/marianacorreiail/o-poder-da-palavra-no-egito
• MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Christina (org.). Introdução à Linguística: Domínios e fronteiras.
Volume 1, 2 e 3. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 294 p.
• REITER, Aírton Júlio. Caderno de Estudos: Fundamentos da Linguística. Indaial: Editora ASSELVI, 2007.
136 p.
• SPARANO, Maria Cristina de Távora. Linguagem e significado: O projeto filosófico de Davidson. Coleção
filosofia 164. Edipucrs, 2003. 208 p.
• VIOTTI, Ivani. Temática 1: O que é linguística. Os conceitos de Língua e Linguagem. Curso de Licenciatura
em Letras-LIBRAS – UFSC. Disponível em:
http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em: 10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 2: A língua para Fernidand de Saussure. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS –
UFSC. Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado
em: 10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 3: A língua para Noan Chomsky. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS – UFSC.
Disponível em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em:
10/09/2011.
• VIOTTI, Ivani. Temática 4: Linguística Geral. Curso de Licenciatura em Letras-LIBRAS – UFSC. Disponível
em: http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/index.htm. Acessado em: 10/09/2011.

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