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O Programa Escola sem Partido é uma proposta de lei que

torna obrigatória a afixação em todas as salas de aula do


ensino fundamental e médio de um cartaz com o seguinte
conteúdo:
Esses deveres já existem, pois decorrem da Constituição
Federal e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Isto significa que os professores já são obrigados a respeitá-
los ‒ embora muitos não o façam ‒, sob pena de ofender:

 a liberdade de consciência e de crença e a liberdade de


aprender dos alunos (art. 5º, VI e VIII; e art. 206, II, da
CF);
 o princípio constitucional da neutralidade política,
ideológica e religiosa do Estado (arts. 1º, V; 5º, caput;
14, caput; 17, caput; 19, 34, VII, 'a', e 37, caput, da CF);

 o pluralismo de ideias (art. 206, III, da CF); e

 o direito dos pais dos alunos sobre a educação religiosa


e moral dos seus filhos (Convenção Americana sobre
Direitos Humanos, art. 12, IV).

Visão do Professor na Perspectiva Filosófica e Sociológica

Infelizmente essa discussão é travada no campo político ideológico entre direita e esquerda, a
primeira alega que a liberdade de falar incentiva e acirra os ânimos políticos enquanto a
segunda alega que tal proposta é uma posição fascista e autoritária. O Artigo 1 da Constituição
Federal afirma que “a república é um Estado democrático de direito” (...) e finaliza alegando
sobre o direito ao pluralismo político. Isso quer dizer que a política como política pode ser
discutida e debatida na escola (sala de aula). A política faz parte da vida do cidadão, as relações
sociais são também relações políticas. “Para a política o homem é um meio; para a moral é um
fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.” (Ernest Renan). Para a
política acontecer é preciso o homem e para o homem fazer acontecer na sociedade é preciso
a política.

Uma das consequências do processo político é a tomada de partido do cidadão de um


determinado ideal, podendo ser a favor do poder vigente ou oposto. Sabemos que nem
sempre a discussão política fica no nível dos problemas práticos e teóricos do poder, as pessoas
acabam entrando em um debate político partidário, não defendem a política em si mas
defendem o partido como instituição desvinculada do corpo social, chegam a sandice de
defender com unhas e dentes o próprio político. Nesse contexto de discussão os ideais
escapam do interesse público e são reduzidos ao ponto de vista individual ou uma visão
perfeita do partido.

O professor como líder ou figura importante no processo de construção de opiniões deve ser
bem informado e equilibrado para conversar sobre o posicionamento político, da mesma forma
que ele não pode utilizar do espaço ou cargo para defender ou explanar sobre sua crença
religiosa, tão pouco ele poderá usar desse espaço para tentar defender a sua visão partidária.
Escola em si como instituição pública subordinada ao poder público federal deve respeitar o
artigo 1 da CF, mas enquanto instituição não deve assumir um caráter ideológico partidário. A
escola em si não deve ser partidária mas o seu espaço participante do Estado democrático
pode ser um espaço para discussão e debate.

“Partido político é um agrupamento de cidadãos para defesa abstrata de princípios e elevação


concreta de alguns cidadãos.” (Carlos Drummond de Andrade)

“Um grande estado não pode ser governado com base nas opiniões de um partido.”

A manifestação partidária é importante pois sem os partidos o Estado não seria democrático de
direito, seria totalitário. O Estado também não pode ficar refém de somente a ideologia
partidária, pois a liberdade social é múltipla em suas opiniões. Da mesma forma a escola deve
respeitar o pluralismo político bem como a diversidade de ideologias e opiniões, a escola então
serve de espaço para formulação ou debates e não um local para apologias partidárias.

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