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Mandala | A Dimensão do Despertar

Em sânscrito, a palavra a palavra mandala (tib. kyilkhor / dkil 'khor, jap. mandara)
significa círculo. No buddhismo Vajrayana, mandala refere-se a um tipo de diagrama
(sânsc. yantra) simbólico de uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade
meditacional, a dimensão pura da mente iluminada. Geralmente, as mandalas são
pintadas como thangkas, representadas tridimensionalmente em madeira ou metal ou
construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é
desfeita após algumas cerimônias e a areia é jogada em um rio próximo, para que as
bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo da
impermanência.

Durante as práticas de sadhanas, é comum a


oferenda de mandalas aos buddhas. Neste caso, a
mandala representa um universo puro, com o Monte
na posição central e todos os continentes ao redor
dele, repletos de oferendas, metais e jóias preciosas.
A mandala é simbolizada por montes de cevada ou
por um mudra específico. Ao final da sadhana, o
mérito deste ato de generosidade é dedicado à
iluminação de todos os seres.

As mandalas são muitas vezes constituídas por uma série de círculos concêntricos, cercados
por um quadrado que, por sua vez, é cercado por outro círculo. O quadrado possui um
portão no centro de cada lado, o principal voltado para o leste, com outras três entradas em
cada ponto cardeal. Eles representam entradas para o palácio da divindade principal e são
baseados no desenho do templo indiano clássico de quatro lados. Tais mandalas são plantas
elaboradas do palácio, visto de cima. Os portais, porém, muitas vezes são "deitados", assim
como os muros externos. Estes portais são elaboradamente decorados com símbolos
tântricos. A arquitetura da mandala representa tanto a natureza da realidade como a ordem
de uma mente iluminada. [...]

A divindade central representa o estado da iluminação [...] e as várias partes do palácio


indicam os aspectos chave da personalidade iluminada. As divindades iradas representam as
próprias emoções negativas — como a raiva, o ódio, o desejo e a ignorância — transmutadas
na consciência iluminada de um buddha.

(John Powers, Introduction to Tibetan Buddhism)

Na suprema experiência da mandala, as cores e formas são simples metáfora. Naturalmente,


se percebermos uma paixão muito forte e intensa, podemos reproduzi-la em uma pintura
com toda a variedade de chamas e ornamentos. É muito interessante que os praticantes do
tantra na Índia tenham criado uma estrutura iconográfica com as divindades vestidas com

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trajes reais indianos, coroas e jóias, enquanto na China [e, conseqüentemente, na Coréia e
no Japão,] os praticantes do tantra tenham representado as divindades vestindo as vestes
imperiais chinesas, longas túnicas com brocados e grandes mangas, usando grandes bigodes,
segurando cetros chineses. [...] Se estivermos aptos a ver as energias do universo como
realmente são, então as formas, cores e padrões se sugerem; Esse é o significado do
Mahamudra, que significa "grande símbolo". Todo o mundo é um símbolo, não no sentido de
um sinal representando outra coisa, mas no sentido de culminância das vívidas qualidades
das coisas como elas são.

(Chögyam Trungpa, The Mith of Freedom and the Way of Meditation)

As mandalas simbolizam iconograficamente as virtudes da


iluminação. Em um esquema tradicional, os cinco dhyani-
buddhas são representados: Vairochana no centro,
Amoghasiddhi na direita (norte), Ratnasambhava na
esquerda (sul), Akshobhya embaixo (leste) e Amitabha em
cima (oeste). Estas posições também foram utilizadas, por
exemplo, na construção da stupa de Borobudur (Indonésia),
mas podem variar de acordo com a divindade representada.
Outros significados mais profundos sobre as mandalas
devem ser ensinados apenas por professores qualificados
da tradição Vajrayana.

[A] mandala representa a auto-identificação do microcosmo (a pessoa humana) com o


macrocosmo que, para uma pessoa não-iluminada, possui a natureza do samsara;
reciprocamente, ela se revela como a expressão perfeita da iluminação quando todas as
diferenciações errôneas desaparecem no estado iluminado da não-dualidade.

(David Snellgrove, Indo-Tibetan Buddhism)

Um exemplo de mandala

Kalachakra (tib. dus kyi 'khor lo / Dükyikhorlo), ou Roda do Tempo em sânscrito, é o


nome de uma das principais divindades do buddhismo Vajrayana tibetano. De acordo a
tradição, os ensinamentos de Kalachakra foram transmitidos pelo buddha Shakyamuni no
século VI a.C., a pedido de Suchandra, o rei da terra pura de Shambhala. Esses
ensinamentos, compilados em um texto chamado Kalachakra Tantra, teriam sido
transmitidos de geração a geração, de mestre a discípulo.

Os ensinamentos foram levados ao Tibet no século XI, em duas linhagens separadas


(Dro e Rva), unidas posteriormente pelo monge Butön Rinchen Drup. Um de seus
discípulos, Chökyi Pel, transmitiu os ensinamentos de Kalachakra ao lama Je Tsong
Khapa e, eventualmente, a linhagem chegou ao sétimo Dalai Lama. Ele introduziu os
ensinamentos em seu monastério pessoal, o Namgyel, e essa transmissão continua até
hoje, com o Dalai Lama atual.

Os ensinamentos registrados no Kalachakra Tantra são interpretados em três níveis —


externo, interno e alternativo. O Kalachakra externo se refere ao mundo físico, aos
elementos do universo e às leis do tempo e do espaço, lidando com a astronomia,
astrologia e matemática. O Kalachakra interno corresponde aos elementos do corpo, aos
agregados psicofísicos, às capacidades físicas e psíquicas, lidando com a fisiologia
tântrica e com o sistema de energia do corpo humano. O Kalachakra alternativo lida com
a base, o caminho e o resultado das yogas, ou meditações, que conduzem ao estado
iluminado da divindade Kalachakra e de sua mandala. Deste modo, a prática do
Kalachakra alternativo purifica os Kalachakras externo e interno.

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Todos elementos dessa mandala — o diagrama simbólico de um palácio divino, a própria


roda do tempo — representam algum aspecto da divindade Kalachakra e de sua terra
pura. Há 722 divindades na mandala, simbolizando os várias aspectos da consciência e
da realidade que constituem a sabedoria de Kalachakra. Interpretar e entender todos
estes símbolos equivale a ler e compreender toda a vasta gama de ensinamentos do
Kalachakra Tantra.

A divindade Kalachakra reside no centro da mandala. Seu palácio divino é constituído


pelas nossas próprias mandalas pessoais: corpo, fala, mente, sabedoria e grande êxtase.
O palácio é dividido em quatro quadrantes, cada um deles com muros, portões e centros.
As cores são representações específicas dos elementos: preto ou azul, no oeste (abaixo),
representa o ar; vermelho, no sul (esquerda), representa o fogo; amarelo ou laranja, no
oeste (acima), representa a terra; e branco, no norte (direita), representa a água.

O palácio quadrado das 722 divindades fica sobre o círculo da terra; os outros círculos,
representando a água, o fogo, o ar, o espaço e a consciência, se estendem para fora dos
muros do palácio. Os círculos externos representam o cosmos, e dez divindades iradas
residem em um desses círculos, servindo como protetores.

A mandala de Kalachakra é dedicada à paz e ao equilíbrio interior e exterior. Ao observá-


la, pode-se sentir a paz em muitos níveis. Segundo o Dalai Lama, as divindades da
mandala criam uma atmosfera favorável, reduzindo a tensão e a violência. "É um modo
de plantar um semente, e esta semente terá seu efeito kármico. Não é necessário estar
presente à cerimônia de Kalachakra para receber seus benefícios."

Descrição da Mandala de Kalachakra

Veja também: a mandala de areia e pintada;


e a animação em Flash com o Mantra de Kalachakra (explicações em Inglês).

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1. Mandala do grande êxtase, com um lótus que abriga três casais de divindades
(Kalachakra e Vishvamata, Akshobhya e Prajnaparamita, Vajrasattva e
Vajradhatvishvari), circundados por oito shaktis
2. Mandala da sabedoria iluminada
3. Mandala da mente iluminada
4. Mandala da fala iluminada
5. Mandala do corpo iluminado
6. Animais que representam os meses do ano
7. Meio-vajras com meias-luas, cada uma delas adornada com uma jóia vermelha
8. Formas geométricas que representam os seis elementos, ou seja, os cinco
elementos físicos (fogo, água, terra, ar, espaço) e o elemento da sabedoria
(consciência)
9. Trinta e seis deusas de oferendas, representadas por sílabas-semente em sânscrito
10. Vajras duplos que correspondem aos quatro pontos cardeais
11. Guirlandas e meias-guirlandas de pérolas brancas, circundadas pelos oito símbolos
auspiciosos
12. Goteiras que liberam a água da chuva que cai sobre o teto do palácio
13. Meio-lótus que simboliza a proteção contra as emoções aflitivas
14. Sete animais puxando uma carroça, levando duas divindades protetoras
15. Portão da mandala do corpo iluminado
16. Jardim de oferendas
17. Círculo do elemento terra com cruzes entrelaçadas, representando a firmeza

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18. Círculo do elemento água com ondas


19. Senge Kanga Gyepa, um leão de oito patas, puxando uma carroça com duas
divindades protetoras iradas
20. Círculo do elemento fogo
21. Círculo do elemento ar
22. Roda do Dharma, com um par de divindades protetoras no centro
23. Sílabas-semente em sânscrito
24. O círculo do elemento espaço com uma cerca de vajras dourados cruzados
25. Círculo do elemento da sabedoria (o grande círculo da proteção)

Imagens de mandalas

 Amitayus (pintura)
 Avalokiteshvara (areia)
 Chakrasamvara (pintura)
 Cosmos (pintura)
 Guhyasamaja (desenho)
 Hevajra (pintura)
 Kalachakra (areia)
 Kalachakra (pintura)
 Kurukule (pintura)
 Prajnaparamita (areia)
 Quatro Estações (pintura)
 Shakyamuni (pintura)
 Yamantaka (areia)
 Veja uma animação com a estrutura de uma mandala
 Assista a uma construção e dissolução de mandala (necessário Shockwave)

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