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criativas na impressão
Emely Jensen1
Eduardo Luis Schneider2
Resumo
Abstract
In this paper, it is presented silk-screen printing possibilities, either as a creative tool in the
search for solutions, as well as tests for a final product. To analyze the creative possibilities
that this process can provide, a theoretical framework was structured, addressing how a
screen printing is used to later explore creative applications developed by professionals who
are leading members in this field. Furthermore, a comparison between screen printing,
pad printing and hot stamping was made. The work shares a workshop on the perception
of creativity in screen printing, performed with students of arts and design. The results of
the workshop activities indicate the use of alternative substances as a way to fix the image,
the use of different types of substrates and direct changes on the screen and, besides that,
indicate that the screen printing process has a good potential to aid creativity. Thus, it was
possible elucidate various ways to use this printing method.
1 Bacharel em Design pela Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil. E-mail: emelyjensen@gmail.com
2 Doutor e mestre em Engenharia pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalurgia e Materiais (PPGE3M) pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. Engenheiro metalúrgico, professor e pesquisador nos gru-
pos de pesquisa em Materiais Metálicos e em Design da Universidade Feevale. E-mail: eduardoluis@feevale.br
É muito importante que o tecido seja ten- (2007) explica o processo de emulsão fotossen-
sionado uniformemente por toda a área da sível da seguinte maneira: quando a mistura do
matriz, pois, quanto mais esticado estiver, me- sensibilizador com a emulsão fotossensível é ex-
lhor será a qualidade da impressão. A fixação posta a uma fonte de luz ultravioleta, ocorre a
da tela à moldura geralmente é feita com um sua coagulação e o seu endurecimento. Assim, a
grampeador (ARTESANATO SOLIDÁRIO NO ideia central é expor a matriz serigráfica, previa-
AGLOMERADO DA SERRA, 2011). mente emplastrada com a emulsão fotossensí-
vel, à sombra de um dispositivo iluminado com
2.1.1 Preparação da emulsão fotográfica uma lâmpada ultravioleta. A sombra da imagem
faz com que certos pontos da matriz não sejam
A emulsão fotográfica oferece um acaba- atingidos pela luz. A emulsão endurece e torna
mento excepcional para a matriz serigráfica, a matriz impermeável, onde houve ilumina-
pois com ela, é possível imprimir ilustrações ção. (SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS
com linhas muito finas e detalhes muito su- TÉCNICAS, 2007, p. 16).
tis (SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS Uma fina, porém uniforme camada de
TÉCNICAS, 2007). Antes de revestir a matriz emulsão deve ser aplicada à matriz, cobrindo
com a emulsão fotossensível, é necessário de- toda a área do tecido em ambos os lados da tela.
sengordurar a tela de tecido com detergente, Isso deve ser feito em uma sala escura para que
sabão neutro ou outro produto desengorduran- o processo ocorra corretamente. Quando seca,
te similar. Quando seca, aplica-se a emulsão na a matriz tem suas tramas bloqueadas devido à
tela. O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas emulsão (ASHBY; JOHNSON, 2002).
Depois de pronta a “queima” da matriz, la- Feito isso, imprime-se a imagem, ao passar a
va-se completamente a tela com jatos de água tinta com um rodo (puxador) pela tela, fazen-
para eliminar por completo a emulsão fotográ- do com que a imagem positiva se transfira para
fica que não sofreu fotocoagulação, ou seja, a o substrato (ARTESANATO SOLIDÁRIO NO
parte positiva a ser impressa. A parte negativa AGLOMERADO DA SERRA, 2011).
fica endurecida e não se desprende com os jatos Terminada a impressão, a tinta remanes-
d’água. Posteriormente, quando seca, a tela pas- cente na tela, caso haja, é devolvida à lata e a ma-
sa por uma inspeção à procura de pontos de fa- triz é lavada logo, em seguida, que finalizados os
lha. Caso ocorram, os pontos de falha são reto- trabalhos. Assim, a matriz pode ser reutilizada,
cados com impermeabilizante (ARTESANATO se mantida na condição adequada, isto é “sob
SOLIDÁRIO NO AGLOMERADO DA SERRA, temperaturas entre 15°C e 20°C e umidade re-
2011). lativa entre 55 e 65%“ (SERVIÇO BRASILEIRO
DE RESPOSTAS TÉCNICAS, 2007, p. 22). A
2.2 A impressão serigráfica tela também pode ser reutilizada para novas
impressões. Basta extrair a emulsão, com um
Para imprimir, primeiramente, se fixa a removedor, emulsionar novamente e gravar a
matriz, alinhando-a devidamente com a área a nova arte na tela.
ser impressa. Após, levanta-se a tela e, sem apli-
car muita força, emplastra-se a mesma com uma 3 Processos de impressão similares
fina camada de tinta. Esse procedimento é exe-
cutado para remover o ar dos poros da matriz. Outros processos similares à serigrafia que
devem ser citados são a tampografia e a estam- da tampografia, é um processo seco. É usada na
pagem a quente. A tampografia, também co- aplicação de acabamentos decorativos em uma
nhecida como pad printing, é um processo de variada gama de substratos. A impressão é feita
impressão molhado, usado para aplicar tinta em por transferência térmica, realizada por meio de
superfícies delicadas e tridimensionais, em qua- uma matriz (geralmente de magnésio, bronze,
se qualquer material. Na tampografia, a tinta é alumínio ou silicone), na qual existe a gravação
transferida da matriz para a superfície a ser im- da arte. Ao prensar a matriz em uma película de
pressa, através do tampão, uma peça feita de si- impressão, a imagem é transferida ao substrato.
licone, similar a uma almofada (THOMPSON, Ambos os processos possuem bom acaba-
2012, p. 404). mento. Cabe ao designer saber, quando é melhor
A estampagem a quente, também conhe- usar um ou outro. O quadro 2 apresenta uma
cida como foil blocking, hot stamping, foil stam- comparação entre os processos citados, adapta-
ping, entre outros, ao contrário, da serigrafia e dos com base na descrição de Thompson (2012).
Quadro 2 - Comparação entre processos de impressão
Aplicações
Processo Adequação Qualidade Velocidade
comuns
Sistema manual:
Vestuário, eletrôni-
1-5 ciclos por
cos, material de Um à produção em Alta qualidade e
Serigrafia minuto); produção
divulgação e em- massa detalhe refinado
mecânica: 1-30
balagens
ciclos por minuto
Interior de au- Alta qualidade e Impressão: de 2 a 5
tomóveis, eletrôni- Lote à produção detalhe refinado, segundos; cura no
Tampografia
cos e equipamen- em massa mesmo em super- forno: de 20 a 60
tos esportivos fícies ondulantes minutos
Alta qualidade
Eletrônicos, em- Pouco volume
Estampagem a com acabamento Cerca de 1000
balagens e material à produção em
quente repetitivo e detalhe ciclos por hora
de divulgação massa
fino de borda
Fonte: Adaptado de Thompson (2012, p. 400-407; p. 412-415).
ou experiência. 2. Pôr em prática, executar. 3. puxador. Escalas de cor são comparadas a todo
Tentar, empreender. (...) 5. Conhecer pela ex- instante com as misturas de tinta, para confe-
periência...”. Pretende-se, portanto, exemplificar rir a cor certa à impressão. Porém, na serigrafia
a experimentação com a serigrafia, como mais grega Tind, usa-se a harmonia cromática de co-
uma ferramenta criativa no processo de desco- res ao acaso na tela, para a produção de diversos
brimento de solução ao designer. Logo, essas materiais gráficos, como pôsteres e cartões de
experimentações podem ter fins puramente visita, como pode ser visto na figura 2. Dessa e
artísticos, ser um teste para um produto final, de outras ideias inusitadas no uso da serigrafia
ser o resultado final ou ser uma ferramenta cria- com experimentações ao acaso, a empresa con-
tiva para se buscar um resultado. Por exemplo, seguiu destaque internacional, o que resultou
na serigrafia, deve-se saber de praxe, que tinta em outros trabalhos multicoloridos e aleatórios
usar para cada tipo de arte, antes de se passar o de comunicação gráfica (TIND, 2013).
4.2 Workshop sobre percepção da criatividade Dentro da amostra, cinco pessoas afirmaram já
em serigrafia ter tido bastante contato com a serigrafia. Duas
pessoas afirmaram conhecer pouco desse méto-
Na oficina de serigrafia da Universidade do de impressão, mas se mostraram interessadas
Feevale, foi realizado um workshop a respeito da em aprender e praticar mais, inclusive dedican-
percepção da criatividade em serigrafia, duran- do, o dia em questão, para a prática.
te um evento em comemoração aos 45 anos da Inicialmente no workshop, foram apresen-
universidade. A oficina permaneceu aberta para tados para esses alunos, dois processos de im-
a utilização livre aos alunos, à comunidade e aos pressão similares à serigrafia, a tampografia e
participantes do projeto Projeto Circular, proje- o hot stamping (estampagem a quente). Foi ex-
to de extensão com serigrafia. plicado como ocorrem esses dois processos de
A população do workshop foi composta impressão e suas indicações de usos mais fre-
de sete pessoas, quatro do sexo feminino e três quentes. O quadro 3 expõe um resumo do que
do sexo masculino, cuja média de idade é de 32 foi apresentado aos participantes. Maiores deta-
anos, provenientes dos cursos de Artes, Design lhes sobre esses processos de impressão foram
de Interiores e participantes do Projeto Circular. discutidos anteriormente, na seção 3.
Quadro 3 - Comparação entre processos de impressão
Hot Stamping
Preparação para a impressão; cilindro de fita de estampagem (1);
matriz aquecida (2); cilindro de enrolamento (3) e a peça a ser
estampada (4);
Tampografia
liberação do tampão.
Após a apresentação sobre a tampografia e momento, para não bloquear o fluxo criativo,
hot stamping, conversou-se sobre o que os par- construído colaborativamente.
ticipantes consideravam como processo padrão A amostra foi divida em dois grupos, de
de impressão serigráfica, a fim de contextualizar três e quatro pessoas, onde foi possível discu-
o brainstorming. Foram explicadas, para o gru- tir, escrever e desenhar, em folhas e cartolinas,
po, as regras de brainstorming (sessão de “agi- a respeito de soluções que surgissem sobre o
tação” de ideias), ferramenta criativa proposta questionamento proposto. Foi questionado:
por Baxter (2011). Nessa ferramenta, um líder “Como é possível utilizar a serigrafia de uma
orienta um grupo e explica um determinado maneira diferente do processo padrão desse tipo
problema a ser resolvido. Com esse problema, de impressão?”. A figura 6 apresenta uma foto-
são geradas ideias de soluções, que devem ser grafia, mostrando o processo de brainstorming,
registradas, para avaliação posterior. Foi ressal- realizado pelos participantes da atividade, onde
tado para os grupos que a aplicabilidade da ideia se discutia a respeito da colocação de stencils so-
não deveria ser levada em conta nesse primeiro bre a tela.