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Revisão de Véspera DPE-SP

Direitos Difusos e Coletivos


Direitos Humanos

Professora: Karoline Leal


TUTELA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
1) A proteção à pessoa com deficiência é fruto da Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova Iorque).
2) A capacidade é a regra. PCD (inclusive os deficientes mentais) não é incapaz.
Criação da tomada de decisão apoiada.
3) Há prioridade no acesso a serviços públicos
4) Há necessidade de prévio e esclarecido consentimento para tratamento
médico para as PCD. Para os curatelados, deve ser assegurado a participação
máxima.
5) Os curatelados podem participar, excepcionalmente, de pesquisas científicas
desde que haja indícios de benefícios e inexistência de outra opção de pesquisa
6) Possibilidade de concessão de PBC
7) Barreiras urbanísticas, arquitetônicas, tecnológicas e atitudinais. Desenho
universal
8) A PCD tem direito a acompanhante ou atendente pessoal na hipótese de
internação/observação. Se impossível, negativa com justificação por escrito.

9) Deve haver notificação compulsória na hipótese de suspeita de violência pela rede


pública ou particular de saúde à polícia, MP e Conselhos de Direitos da PCD.

10) O direito à moradia deverá ser efetivado no âmbito familiar, em residências


independentes ou residências inclusivas.

11) Haverá prioridade e reserva de 3% nos programas habitacionais públicos e


subsidiados – a concessão desse direito ocorrerá apenas uma vez.
12) Deve ser garantido 2% nas vagas de estacionamento público ou privado de acesso
ao público, garantida pelo menos 1 vaga.

13) No tocante a transporte, reserva de 10% de táxi de veículos acessíveis da frota.


Locadoras: 1 carro acessível a cada 20.
14) A Lei Federal n. 8899/94 garante o passe livre interestadual para transporte de
ônibus, trem e barco. Não é extensível às cias aéreas. Reserva de 2 assentos aos
comprovadamente hipossuficientes em cada veículo. Possibilidade de acompanhante a
depender da

15) A LC paulista n. 666/91 garante a isenção para o transporte intermunicipal. Ambas


as leis contemplam um acompanhante. Na lei paulista, é possível, ainda, a isenção
temporária, por decreto, para situações de calamidade pública ou de grave crise
social ou econômica.

16) Inserção da educação especial no ensino público (obrigatório e gratuito) e privado


(educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e
reabilitação profissionais);

17) Matrícula obrigatória e quando possível a integração inclusão no sistema regular de


ensino.
TUTELA COLETIVA DOS IDOSOS

1) Competência absoluta no foro do domicílio do idoso.


2) Assistência social. BPC: O benefício já concedido a qualquer membro da família não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
3) Habitação: 3% nos programas habitacionais
4) Transporte público urbano, semiurbano e interestadual. Reserva de vagas em
estacionamento: 5%.
5) Saúde pública e privada (STJ)
6) Comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos: quando de interesse do
poder público, o servidor irá; quando de interesse do próprio idoso, procurador irá.
7) É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS
8) Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de
prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada. Nas filantrópicas ou casa lar, é possível
cobrança de mensalidade, que não poderá exorbitar 70% (Conselho Municipal do Idoso ou da
Assistência Social irá definir esse percentual.
DIREITO À EDUCAÇÃO

1) Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade e educação


infantil, em creche e pré-escola, até os 5 anos de idade. Educação básica: pré-
escola, ensino fundamental e ensino médio.

2) O sistema federal de ensino abrange as instituições de ensino mantidas pela União,


as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada, os
órgãos federais de educação.

3) Os sistemas de ensino dos Estados/DF compreendem as instituições de ensino por


eles mantidas, as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público
municipal, as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela
iniciativa privada, os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
respectivamente
8) Regime de colaboração entre União, Estados/DF e municípios.

9) Compete à União:
i) normatização e coordenação da Política Nacional de Educação;
ii) elaborar o Plano Nacional de Educação, com duração decenal segundo a CF;
iii) prestar assistência técnica e financeira aos demais entes para o desenvolvimento
de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
exercendo sua função redistributiva e supletiva;
iv) estabelecer, em colaboração com os demais entes, competências e diretrizes que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação
básica comum;
v) estabelecer, em colaboração com os demais entes, diretrizes e procedimentos para
identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação
superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação;
vi) autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os
cursos das instituições de educação superior – pode ser delegado aos Estados/DF
para suas instituições.
10) Compete aos Estados: i) assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
prioridade, o ensino médio; ii) definir, com os Municípios, formas de
colaboração na oferta do ensino fundamental; iii) oferecer o transporte escolar
dos alunos da rede estadual.

11) Compete aos municípios: i) oferecer a educação infantil em creches e pré-


escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as
necessidades de sua área de competência; ii) assumir o transporte escolar dos
alunos da rede municipal. OBS: Os Municípios poderão optar, ainda, por se
integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de
educação básica

12) Alteração legislativa recente: as instituições de ensino tem o dever de


notificar o CT quando as faltas forem acima de 30%.
POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA

1) A Lei n. 12587/12 instituiu a PNMU objetivando a integração entre os diferentes modos de


transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do
Município.

2) A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso
universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a
efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por
meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana.

3) Em 2018, a PNMU foi alterada para contemplar o transporte remunerado privado


individual de passageiros. Competência exclusiva dos Municípios e ao Distrito Federal, que
irão exigir, necessariamente: os impostos municipais, a contratação de seguro de Acidentes
Pessoais a Passageiros (APP) e do Seguro Obrigatório, inscrição do motorista como contribuinte
individual. A lei prevê, ainda, exigência de carteira B ou superior, nada consta criminal.
4) Instrumentos de gestão do sistema de transporte e da mobilidade urbana: i)
rodízio, limitação de circulação permanente ou temporária de veículos motorizados;
ii) limitação de emissão de poluentes; iii) aplicação parafiscal de tributos visando a
desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade, vinculando-se a
receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana destinada ao transporte público
coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento do subsídio público da
tarifa de transporte público, na forma da lei; iv) convênio para o transporte coletivo
urbano internacional nas cidades definidas como cidades gêmeas nas regiões de
fronteira do Brasil com outros países, observado o art. 178 da Constituição Federal.

5) O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de efetivação da Política Nacional


de Mobilidade Urbana que deverá contemplar os serviços de transporte público
coletivo; a circulação viária; a integração dos modos de transporte; áreas de
estacionamentos públicos e privados, gratuitos ou onerosos; areas e horários de acesso
e circulação restrita ou controlada.

6) PMU deve ser revisado – prazo máximo de 10 anos. Obrigatório para municípios
com mais de 20 mil habitantes
INSTITUTOS IMPORTANTES DE PROMOÇÃO DO DIREITO À MORADIA

1) Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia (individual e coletiva) – criada pela
Medida Provisória 2.220/2001 (alterada quanto às datas pela MP 759/2016, que, por
sua vez, foi convertida em Lei n. 13465/17).

2) Autorização de uso - em caso de imóveis comerciais, prevista pela MP 2220/01.

3) Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV): Previsto na lei 11.977/2009, objetiva
incentivar a produção e aquisição de novas casas ou a requalificação de imóveis
urbanos, bem como produção ou reforma de habitações rurais.

4) Lei no 13.465/2017 (REURB): A lei instituiu normas gerais e procedimentos aplicáveis


para a regularização fundiária urbana, conhecida pela sigla REURB. O regramento teve
sua origem na MP no 759/2016.
NOVIDADES LEGISLATIVAS

1) Instituição da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, cria o


Banco de Pessoas Desaparecidas e altera o ECA. Obs: se os Estados não
alimentarem o cadastro? Suspensão das transferências voluntárias da União.

2) Lei que detalha e altera o cadastro positivo de crédito. Importante


modificação: i) desnecessidade de autorização prévia. Basta, agora, a notificação.
O consumidor poderá solicitar o cancelamento do cadastro; ii) empresas de agua,
esgoto, luz elétrica podem fornecer aos bancos de dados as informações sobre
adimplemento sem autorização prévia.
DICAS QUENTES DE DIREITOS HUMANOS

1) Características de DH: unidade, indisibilidade e interdependência;


indisponibilidade ou irrenunciabilidade; inalienabilidade, relatividade ou
limitabilidade; abertura ou não tipicidade; historicidade;
imprescritibilidade; vedação ao retrocesso. Universalidade vs. relativismo
cultural.
2) Incorporação dos tratados internacionais de DH: à exceção da CF 1824 que
concedia ao Imperador o poder absoluto de celebrar tratados, todas as CF
obedeceram a lógica de autorização prévia do Legislativo, CF/88: PR celebra
os tratados e o Legislativo resolve “definitivamente sobre tratados, acordos
internacionais que acarretem encargos ao patrimônio público”. Fases de
incorporação: 1) assinatura pelo PR; 2) apreciação legislativa (podendo ser
adotado o rito do art. 5, 3, da CF); 3) ratificação; 4) promulgação.
3) Comissão Interamericana de DH: pode atuar em face Estados que não tenham aderido a
Convenção Americana de DH (Pacto de Sant Jose), valendo da Carta da OEA e da Declaração
Americana de DH. Possui três funções básicas i) receber petições individuais; ii) emitir
relatórios e informes sobre situação de DH; iii) outras atividades orientadas à promoção de DH
assessoria e orientação em projetos de tratados. Composição: 7 membros, nacional de estado
membro da OEA, 4 anos (1 reeleição), para propor candidato o Estado não tem aderido a
CADH.

4) Corte IDH: corte judicial autônoma criada pelo Pacto de San José (CADH), não integra a
estrutura da OAE, como a Comissão. 7 juízes nacional de Estado da OEA (não precisa ter
aderido a CADH nem aceitado a competência da Corte). Possui competência contenciosa e
consultiva.

5) Execução das decisões de órgãos internacionais: A sentença é obrigatória, mas não é


autoexecutável. Assim, é possível, então, que o Estado seja duplamente responsabilizado no
plano internacional: por ter violado direitos humanos e por não ter cumprido a decisão. O
Estado não pode justificar o descumprimento de uma decisão alegando a existência de norma
constitucional ou mesmo utilizando em sua defesa a teoria da separação de poderes e o
respeito à posição do STF. Sentença internacional não é sentença estrangeira.
CASOS BRASILEIROS PERANTE A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

1) Caso Garibaldi vs. Brasil (2009): inércia do Estado na investigação e punição dos
responsáveis pela morte de Sétimo Garibaldi, assassinado por ocasião de despejo extrajudicial
realizado em fazenda situada no Estado do Paraná. O caso foi arquivado pelo TJPR e
confirmado pelo STJ em 2016. Primoroso voto-vista do Ministro Schietti.

2) Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil (2016): ineficiência do Estado
brasileiro em investigar e punir os responsáveis pela prática do crime de redução a condição
análoga à escravo em fazendas situadas no Estado do Pará. Cerne: 1) primeiro precedente da
Corte sobre trabalho escravo moderno e 2) imprescritibilidade do crime de escravidão.

3) Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil (2017): execuções (morte por resistência) por agentes da
PCRJ entre 1994 a 1995 nas operações na Favela Nova Brasília (Complexo do Alemão). Cerne: 1)
atuação da DPE/SP e da DPU como amicus curiae; 2) repúdio aos denominados “autos de
resistência à prisão ou à atuação policial”; 3) participação da vítima na investigação e art. 268
do CPP; e 4) inconvencionalidade da prescrição em crimes atentam contra os direitos humanos.
CASOS BRASILEIROS PERANTE A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

4) Caso Povo Povo Indígena Xucuru vs. Brasil (fevereiro 2018): Demora no processo de
reconhecimento, titulação e demarcação do território do Povo Indígena Xucuru, em
Pernambuco. Cerne: 1) primeira vez que o Brasil é condenado na Corte por violar
direitos dos povos indígenas. O Brasil tem 18 meses para concluir o processo de
demarcação.

5) Caso Herzog e outros vs. Brasil (2018): responsabilidade do Brasil pela falta de
investigação, julgamento e punição dos responsáveis pela tortura e pela morte de
Vladimir Herzog . Discussão também sobre a aplicação da Lei de Anistia e de outras
excludentes de responsabilidade proibidas pelo Direito Internacional em casos de
crimes contra a humanidade. Cerne: o Estado não pode invocar a prescrição, o princípio
do bis in idem, as leis de anistia nem qualquer outra disposição análoga para
descumprir seu dever de investigar e punir os responsáveis por violações de direitos
humanos.
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

Medida provisória da Corte: todas as medidas provisórias da Corte contra o Brasil


foram no âmbito de violações de DH em cárcere, a exceção do Caso Gomes Lund. A
Corte determinou que o Estado brasileiro, de imediato: 1) adotasse todas as medidas
necessárias para proteger de forma eficaz a vida e a integridade pessoal de todas as
pessoas privadas de liberdade no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (Complexo de
Bangu); 2) erradicasse concretamente os riscos de morte e de atentados contra a vida e
a integridade pessoal das pessoas privadas de liberdade; 3) elaborasse um diagnóstico
técnico e, com base nos resultados deste diagnóstico, um plano de contingência para a
reforma estrutural e de redução da superpopulação no IPPSC; e 4) apresentasse um
relatório periódico, a cada três meses, com as medidas adotadas em conformidade com
esta decisão.

Decisão da Corte: o tempo de pena ou de medida preventiva deve ser contado à razão
de 2 dias de pena lícita por cada dia de efetiva privação de liberdade em condições
degradantes, não automático nos crimes contra a vida, integridade física ou de natureza
sexual, que irá depender de exame criminológico.
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

Medida provisória da Corte: todas as medidas provisórias da Corte contra o Brasil


foram no âmbito de violações de DH em cárcere, a exceção do Caso Gomes Lund. A
Corte determinou que o Estado brasileiro, de imediato: 1) adotasse todas as medidas
necessárias para proteger de forma eficaz a vida e a integridade pessoal de todas as
pessoas privadas de liberdade no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (Complexo de
Bangu); 2) erradicasse concretamente os riscos de morte e de atentados contra a vida e
a integridade pessoal das pessoas privadas de liberdade; 3) elaborasse um diagnóstico
técnico e, com base nos resultados deste diagnóstico, um plano de contingência para a
reforma estrutural e de redução da superpopulação no IPPSC; e 4) apresentasse um
relatório periódico, a cada três meses, com as medidas adotadas em conformidade com
esta decisão.
Decisão da Corte: o tempo de pena ou de medida preventiva deve ser contado à razão
de 2 dias de pena lícita por cada dia de efetiva privação de liberdade em condições
degradantes, não automático nos crimes contra a vida, integridade física ou de natureza
sexual, que irá depender de exame criminológico.
OC 24/2017 e a ADI 4277. Resultado da OC: 1) o respeito à identidade de gênero
autopercebida está assegurada pela Convenção Americana de DH e os Estados
devem observar tal direito; 2) a alteração deve observar a autodeterminação,
sem a exigência de certificações médicas e/ou psicológicas, afastando o caráter
patologizante; 3) sigiloso, na medida do possível gratuito e célere. O melhor
modelo é o administrativo ou notarial mas não é obrigatoriamente esse. OBS:
também aos menores de 18 anos.

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