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RENATO ALMEIDA

• DO AUTOR

1:.-lll Relet'o, Rio - 1917 (exgotado ).


Fa 11~to (l!nsaio sobre o Problema do Sêr) (cxgo-
tado) Rio - 1922.
A F(JflflOÇão A1oderna .do Brasil - Rio 19~3 ..
/Jf,torin de A1usica Brasileira - Rio - 1926. DA
Ett PREPARAÇÃO

P~yrltologin .Biosilelrll.

Oltra N·.....;;;
M·------

RIO DE JANEIRO
F. BRIOUJE1 & CO \P. , EDITORE
RUA SACHET, ll
MCM VI
A

GRAÇA ARANHA

0025 1SS O

BA! .,
UF E~1
RJ

INTRODUC

A SYMPHONIA DA TERRA



,..
• •
INTRODUCÇÃO

A SYMPHONIA DA TERRA

• •

MUNDO em torno
é todo elle uma al-
legoria. Ao meio
da luz, rebrilham e
fulguram as coisa ,
tocada de oiro.J

como num tncen-
dio cintillante e
m'aravillioso: 'A côr cria e transfigura, no
reflexos cambiantes e ubti .. , entr o ton
intensos e os tnôtivo suave . . , numa ur-
preendente har-nlonia. O e a,
• ficou o
c6r doirada,
\)iJhosa. Co
MusiCA BRASILEIRA
Jj
HrsrORIA DA
HtsToRrA DA MusrcA BRASB.I!JRA
statua idéal, que renascer'
de plasmar a e
_,_ genio com e sa e,
ao sopro uu ' d
. t Jucida. Ouçam as vozes a
vtva e rans
. remos 0 rythmo de nossa rte,
terra e crta . ,
e immortal. As ertxertaas so pro-
pro f und a f .
duzem monstros. aibfDos a er de to-
dos los toques do concerto natural um mo-
tivo de arte e criaremos o nosso múndo s
noro. Qu à lição que tive de apren-
der não nos tolde a frescura aa voz, não
nos encàdeie em preconceitos, não nos
escureça os olhos! E preciso sentir o con-
tacto brutal com o universo para
a marca ·de sua força indomavel, que a
arte transfigura sem apoucar. Sejamos 9s
artistas --commovidos do nosso haoitat ma-
ravilhoso, onde cada espírito deve ser li- •

vre e sincero, sentindo intensament o


~ysterio das cois;as. Nos arrdubos da
illnagin~ção e nos temores da melan-

colia, façamos nosso canto extasiado ou


suave, de heroismo, ·de ternura, oti ~de dôr.
O arti~ta, que é um criador de valores,
não se póde isolar do meio sem' cair no
I

A MUSICA POPULAR

O CANTO POPULAR - AS VOZES HUMANAS NO


BRASIL - O CANTO DO INDIO, IX> POR-
TUGUÊS E DO NEGRO - A MODINHA -
OUTRAS EXPRESSOES DA MUSICA POPU-
LAR - AS CANÇOES DO CARNAVAL E O
SAMBA OS MOTIVOS POPUlARES A
ARTE.

A MUSICA POPULAR

CANTO popular,
em sua rudeza e
ingenuidade, é um
motivo pernranente

de emoção, em que
o homem primitivo
traduz em face da
-.'
.

natureza o an eio
de seu espirito, alegre ou nostalgico,
de extase ou · de temor. Nos velhos pov......
• pod.e mos deparar nessa origent mysterio-
sa a fonte de monumento! eterno", q
HtSTORIA DA MUSICA BRASILEIRA

HJSTORIA DA MusJcA BRASJLEI~ 23


do 0 gen.io lhe dá o prestigio do univer-
salismo, que vence o tempo e o espaço. essa arte deliciosa dos lieder, que ~the
As deidades sombrias da theogonia me- •
· e Heine tiraram' do fundo da alma da
dieval, sem a doçura e a subtileza dos Oermania e a que Beethoven, Shumann e
Sh,u bert deram o canto cheio de sincerida-
deuses gregos, encheram toda a poesia
de e frescura, não foi escutada na bocca
Jno·derna) que encontrou nas lendas ce lti-
do povo, traduzindo, pela imagem singe-
cas, germanicas e nordicas, um,a inspira- la, ? pendor irrimissivel do coração?

ção ardente e maraVilhosa. As fadas, as Nos p.o vos nov.o s, o motivo popular
ondina~ '1lS valküres, os gnomos, os elfos,

veiu com o conquistador e reflecte essa


os koringens, com suas historias terríveis dôr da adaptação, em que sangrou seu
e encantadas, po~oararn a imaginação dos

espírito audacioso. Entre nós, no ardor
homens barbaros, de um synibo ca- da' natureza tr,o pical, cheia de fulgurações,
prichoso e violento. gra Montaigne o canto foi melancolico. Melanco1ico era
via na poesia ar tanta ingenuidade e o indio fugidio e indolente, que vivia a
graça quanto na pOesia perftlta, segun- vida cheio de nostalgia, num perpetuo
do a arte, e Herder encontrava, no mytho espanto pelas coisas que o cercavam; nle-
popular, a fonte de toda poesia. As len- lancolico ero o lusitano, ousado mas tris-
das de cavallaria, os romat1ces, .o s cyclos, te, vivendo no tnar e com a saudade da
patria sempre no coração; melancoli o era
essa adim~ravel TaViola Redonaa não
o negro, caçado, roubado e escra' izatlo,
têlm sido pedras wra as melhores
que soffria no cativeiro uma dôr irreme-
con~~ruoções? Onde Wagner buscou os
heroJ~ de sua c . - . . diavel e aniquilante. Todas as yozes
...~ rta·çao gental sen·ã o na que se levantaratn · ram um contraste ro . n
poesta selvagem d os E dda e 'nos roman-
ces p · ·t· o scenario, de n1agnifico fulgor. alma
rtmi •vos da lenda francesa? ·B toda
28 HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA

quem' erl assegurar? ( 1) Nella ha


uma riqueza multipla de ryfhmos, mas
sem color' d s nem envolvencias, é direcJa
e o som vale por si, pela sua ""infinita sug-
gestão. Nessa fonte ha muito que be~er,
mas so agora começam as prtm etras pes-
e • L

quizas, salientando-se o trabalho que tem


feito o Sr. Villa Lobos, não só trazendo
para a sua obra muitó do rythm1o indíge-
' na, bem como o divulgando com entu- pelo ' da
siasmo. Como por:m esse trabalho ape- nella u o: fonte
nas se esboça, ninguem pode falar de in- r
. fluencia exacta da musica indígena no s
nosso canto popular. Oa
Agreste e rude, mas 'de pura em'o-
çio, livre como a propria natureza, era
um pouco da terra fresca e virginal. Até

(1) Os estudos da antropologia e ethnographia


~ que- agora se dão desenvolvendo nos não
•u~ contudo chegar a 1 '
OI IDdios d0 8 . cone usões seguras sobre
rasd. A intenção ti · .
uma sensibilidade . ,poe ca na mus1ca
01
reqwntada, de que não deram
1101801 selvagens. e verdade que houve
a ceramica de Maraj6. Mas perdura o
d

.,.. '
DA

o
nha, nome deri
...
1ao essa
. Seja como
no 'Brasil a i

e
do no
têm um
que
tornan o
tran formou
ja fonte, qualquer que '., .-
'

prejudicou o caracter tos do


melodia, timen-
tada em I
· themas, um·
I e o outro o
e deliciosa,

VIO
do
ao

.
• l
"'. f ,4
-t
,....
'~"'
. -
36 Ht TORI D MUSIC BR ILEJRA •

da fraternidade com todo o ~res · não


pode entir de perto a ·erdade do onho Porh1aal. N ambi
.:::-~-=-

de Budh"l a no a tr n fu ao na uni- modinha p rd ua


\'ersalidadc da ou a . foi criada para er 11
rnodinha J or '111 11ào fie 11 ó no t'lll J>erfeita comtm'Unicaçlo COIJI na
·io do po' . ·iu J>ara o alao, onde, rl'Za, conl(l uma vóz no eu con rto
,tliá , nãt-> tcn1 I nr. _COJTIJ)aitllada a majestoso. A rnodjnha é do caboclo, do
n1oleque, que The sabe transmittir to--
JlriuciJJio Jl ~to era ·o e depoi pelo piano,
do o langor, todo o enf itiçado d
t 'r o n1aior uc o na no sa o "iedade
' ua alma cie n1est~ço. De todas as com-
até rneiado do cuJo Jla sado, quando à
posições populares, ao lado dos lundú ,
cultura rtlU.."ical foi aprimorando e e.'i-
do fandangos, ~dos san1has c outra~ mais,
gindo flore.. rn ,.no.. ag-reste . En1 ortu-
a mtldinha é das n1ais car~ct~cistica <'
gal, sobretudo no te1t1po de O. Maria I) sua rnêlodia longa, nas serenatas, ou nls
a modinha teve o rnàiores favores, devi- ' noites de luar, parec,e un1 soan da pro-
do . . obretudo á D. Marianna Victoria, . pria terra, que se JlCrde no• vago indefi-
rainha-mãe e ao duque de Lafões, que • •
uivei de nos a en1oção. A sua fórn1a im-
eram e ·cellentes tnus}cistas, sendo este pie , a sua singeleza c o profundo cn ..
amigo de Glück, que o tratava con1 a timento das coi as a tornam uma da
maior sympathia. No Brasil, a modit1ha mais sincera vozes do coraç}o quei oso
cantada nos mais illustres salões da da gente do povo. modinhaa. de
sociedade do primeiro e do segundo im- Claudio Manoel da <:osta, Jgnacio I -
perio e cultivada pelos mais altos espi- · rcnga Peixoto, Thomaz ntonio Gonza-
ritos, inclusive José M'auricio e ga, João Leal, Frei Telles, João do R i
DA MusJCA

anna, eritre itas outras,(•)


celebridade. ' CaPios Gomes
compoz algumas modinhas, das
a de maior fama foi Tão, lomge
de mim distante ·I Mas, as melhores são
talvez as anonymas, nascidas não se sabe da
onde, nem quan'do, nem como, vindas da 1iUID8DO,
zindo os sons
(1) O Snr. Ouilherme de Mello, no seu livro dos sêres.
A Muslu 110 Brail (Bahia 1908) ~ de resumo «Na ...,
,
do mesauo que publicou na Historia Artistlca do Dlc· mero •
~ de
dOIIUlo Historico, (kogrtzp!Uco e Ethnographlco do
Btall, l.o Vol., da lntroducçlo Geral (Rio-1922) cita nosso, intimo,
01 aepirates cultores da nossa modinha, no seculo vez ainda
: Josi Mauricio, Marcos Portugal, Oabriel Fer- Na Europa
11andes ela Silva, S. C. Lobo, Candido lgnado da Silva,
Queiroz, Antonio José Oomes Ferreira, j. Ru- passou
• V QuintiHano da Cunha Freitas, estio os juizos
da Luz Pinto, Rafael Coelho Machado, Pa-
J. F IJao José Nunes, Pimenta Diz o primeiro:
J. Ooyaao, Henrique de Mes- original
110 IU.o de Janeiro: D. Augusto Balthazar as
Piato da Silveira Salles, Padre
Maplbles Cardoso, José Bruno d
de e 54, Manoel
Julio Antonio Leal
na que ti·
Roalaa O.
o
a

• I I I
JIIOIÜ
en
gran

to
HJSTORI. D M IC BR SILEIRA
HISTORIA DA

malicia, isto Bahia, um troveiro excel-


lente, pela naturalidade de seu canto re- anelhor, trata-se da
- '
passado de um liri mo nostalgico e \'ivo, sas lusitanas, I

Francisco Cardoso, José Bruno Serra, en- stca, como na ~ '.

tre outros, muitos outro tro\peiros, cujas tudo vem de


vozes melancolica ou chistosas cheia~ de por exemplo e descrewsn
conceitos a\.:isado ou remoques subtis, contra a mouraria, o
ão de uma emoção rude e doce, com catharineta e se e
instincto agudo e languido sen.time11to. panhà e areia de ».
Ta11tbeJIJ os fandangos, os sambas, as t) 7
-
ão é licito e quecer os
rannas, os ctlicumbys, os congos, os abo- que são cantos religiosos, do nosso ·
iados, são de uma grande sinceridade, rior, as implorações ao Céo feita
ora longorosos ora sensuaes, predomi- tont humilde e fervoroso com mt1ito •
nota no de origem afri ana, rismo e não raro certa vi
batuque Jyth111ados e violen- trastar com a expre ão sol
bailes pa o · do a- sica sacra. f preciso referir
.' I ' .
' .

D MUSICA BR IL!IR

, ora la civa , mov nd Ern


ou nimada , r pontam o quei- vas. N 11
' a gr , o d jo a alegria de • prodi
d no g nte franca rnelan- i d
olic . o tem o go my terio da can- ida, vo
o ali ml, n m a jo ialidade da fran- musica cheia de
Procurando, nas coi
' ou o fulgor inquieto e ingular da
m'eio entre ellas e n
la. ~ impl e di ereta. ua nos- • compõe a natureza, o sen
lgia nio é d rramada, nem a sua ale- são, consegue dar todo o
tr n bordante. La tima-se ou ri, com e toda a poesia popular, traduzin
re a dirão outros com temor nas, sem deformlar pela in~~·
m io termo em que, por força de o mtaxixe é a mais caru"'
mento, no concentramos, evitan- nossas dansas, tendo, a
. originalidade de rno sa nas esferas m~ais baixas,
dan a, alguma lenta , em de penetrar nos salões, on
languidas, outras sal· accei1o, modificados na
loridas, que brilham como
o i tae e fogem como in· (1) Para definir o r. Erneslo
Rodrigues Barbosa repete o louvor elo
boi , é deliciosa, refle- de todo justo, e 4ue vale :
zareth ' a verdadeira acamaçlo
o calor do nosso Ieira; elle tran mltte, na
polos, em torno
nte e
46 HISTORI DA r\USICA BRASILEIRA
HISTORIA DA MUSJCA
47

passos, para lhe tirar o cunho obscuro. um jongo ou uma congada, affectando 0
Primiti,·amente, era uma dansa de patul€a, proprio rythmo, não exclue a origem com-
com uma musica. em compasso similhante . , .
mum, negra, CUJa pureza nos Ja a per-
,
ao da polka, mas ~de r)rlhrnos muito (~.u~en­ demos talvez, mas sentimos de modo claro
tes e extranha lubricidade, mais acoe·n tua- e evidente. Queremos dizer que, na nossa
da pelos maneios dos pares. Depois que musica popular, é facil distinguir as ori-
se civilizou por assim dizer, tornou-se gens r)rthmicas, embora não se conservem
uma dansa commum, quanto aos passes, exactas as essenciaes. Um mundo de in-
mas guardou a musica e m~esmo calor e •
fluencias e interferencías o cltma, o
sensualidade. A sua base é afri~ana, mas c a .~ e amen o a e sangue, o cultivo e as
na adaptação ficou menos rude no lan- condições de vida d~e logar a logar, tudo
gor das suas linhas curvas. É a dansa es- isso, que a arte popular reflecte, refl'an-
sencialmente brasileira. (t) gend~o no prismà âe suas intenções, fez
O ryilimo sicopado dos africanos, com que os cantares fossem variando dia
caracteristico e inconfundivel, ora mais por ~dia , contornando-se, modifican ~o-se,
diluido em outros rythmos, ou abranda- mas sem perder o caracter basico e defi-
do pela adaptação, apparece sob fórmas nitivo do rythmo. As extranhas analogias
multiplas e diversas, através de uma "in- ' e as curiosas similhanças dessas fórtna ,
en tradas pelos raros colleccionadore.:
finidade de variantes, caracteristica~ aliás
de ·· osso folk-lore musical, revelam os
de folk-lore. A differença que vae, por
dois grandés troncos de toda o rythmo
ex~mplo, entre um batuque, um samba,
tbrasileiro: o negro e o português. elles
outros enxertos se fizeram, como o espa-
. (1)O maxixe é tambem uma expressão gene· nhol e o itali.ano e, ao seu lado, 11111 ter-
nca das dansas populares brasileiras.
o índio, te•••

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ct rn u1,1 t , ~ra n hnn d c 111 I 1ng ui (t z
p rd nd<l 'lU harbftrin. \ssin1, ehula •
. mha . \ 'O 'O Jundu~, rutt'ret \. ; ta
as sua, rn ltii lt variante\ t:t('S
orno 1 1iudinhc ~~ l1ora . 1h , rn-
mbtí \ 'Ort -j ncn , t~ r a ng-o~ a-
rantbcque ", u 'Unl qtti UJllh ", nlg·un~
puran1 nt' n 'gTO . ", Clutr : nc o-port1tg'tt '·
(mulat) ) n g·ro-indi~~ 'na (r·t ·u os)
\ n gro-e Jl , 01110 os lundt.. o,
ngo~ e n tyranua ~. Est· ultitn s fo-
da!"ltn<J ~ p lo coJn
• • •
1n n as e t' r 1nr· r l· \'H '
al~ntc bra il irns. nlt' 1 i muito
#
Ha ~'
la, ma· ha nclln u funéla intt t "a lllttlti
'
f- oi , qu n . torna eli . pra·
arr r (') da cabocla da é um do 1
urp end s ~ de n a vida •
int rior. I n 1n


Instrumento.
te. A
(1
HISTORIA DA MUSICA

tos estridentes, chocalhos,


pandeiros, clarins agudos,
e o bater grave e soturno
na cadencia ruidosa doa Zl
fiÚII. E essas multidões inqui
e eXtasiadas de prazer, são vo
saa e reflectem, nos seus can fre. VQ,
mito insopltavel do desejo. can
alo feitas para serem d~ e ado.
icas sio os sambas e I
picantes e
E uma bachanal de
icativas, pe
se combinam

aquelle
t ·~ t • "\ ,, t t '\ u t. ''
th 1otu '

r 1 I •taupt 1, n lU ' tuf


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h h t tUU' !I Ut f' IH ti l\ llh l '
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' r ' n' ' '" ' ·r ,, uu' 1 'I '1111 ' lu' '
1 I '11 u tU tut l ) h1 o ,
utr • t I• • ' ' f'' ·s • ) l\' ta '· ·' tltll .,
,tfr ·u 't' 'tt p u ) tttffn 'll lt, , -
t r nh ' , , nnt • t '\ i t u, u uat , · t\)
:tt nt· t' tt· I''' t'llt·' 11\tlt ,
l
h 'f t m ·m 1f í · m ' f i nm 1 u
r
"'' f t I ' ' , m ,,,, t' 1 ,r · •t tn 1i · I m·
l lU U I •I tu •'ti ' ', Ji.
' 'SI\
in '11 '' 'httt'ut , ' 111 lutfht, \l ,
' uttl u, ·' tppr hu ,, t 'tn '
1 I ,ri {I ) l · uu h,a , u (}
n ~~ tt( ' ti un hi , t ,
m nua h.\1 f() l\art"'' ai pt)r
n · u tu )\'I na nt )luptu ,.
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I n I tn ,li t 'tt 'oh 'rt '
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Jm
I I /tJ/~-1 m•1
n I
-

HJSTORI<\ Do\ .\\LSIC<\ BRASJLEIR"

ferivel, como ao ..fim são interpretes, que


fiquem todos como endo do povo, e
quanto mais se integrarem na alma ano-
será o merito dos que os
corupuzeran1. •
li
* * *
A MUSICA BRASILEIRA
COMEÇO DO SECULO XIX
Faltam á musica popular brasileira
o seus desbravadores,. Vez por outra, já
o têm tentado, como fizeram Alexandre A VINDA DE O. JOAO VI PARA O BRASIL E A
SUA INFLUENCIA O CULTIVO DAS AR-
Levy e .AJberto "epo o.J mas ainda TES - A\US A TERIORES A ESSE PE-
não ti\·ernos quem soubesse s~ embrjagar RIOOO - O PADRE jOSt MAURICIO E A
nessa ionte inexgotaveJ de inspiração, tra- SUA OBRA - FRA CISCO MA 0EL, MAR-
duzindo os pendores e anseios da alma COS PORTVOAL E O. PEDRO I.
popular. Até esse dia ficará mysteri
a psycbe brasileira, recolhida nas suas
\"'Ozes intimas e profundas, que nos ele-
,. am e e>.~iam..


li

A MlJSIC:A BRASILEIRA
C:()MEÇCJ OCJ SECULO XIX

VINDA de D. João VI
para o Brasil foi
tuna predestinaçJo
na nossa historia.
Traf'splantada pa-
ra a colooia ame-
ricana a côrte bra-
gantina, nio s6
, abriu uma época de florescimento, bem
como apressou o movimento da indepea-
dencia. Desde a Carta Régia de 28 de
neiro de 1806, seis depois da
. .
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' r 1 '1 - inf iz ri c I - it s. l~ "tt~·ls I 'lr n~~a \ t ' '3m
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'tdt 'r '"..' 1 is .. ), 1 r tnl, fi' u na"' 'h r ni' ~ ~ m
..
n d [ 1nd1 ;n luiu. F i ' rn 1 Yin i·1 d O. ..I ._
m I u ~. ~ , l riu p ri i
l)U F r. anu"-1 i . 1 bra$il ~ira.. p n
. ..
\ar: ! d
'a rt ·1 :t h·1ri na, F r .. nt lnio ntu, f l, P 1dr ' J aur1 1
,~-nt Elia . ~ Fr. F r n i " l~ "":tnta 1ar 'ia ( 1767-1 l , !li 'Um
Eulali~t. :\ u~r . . tnai ~ u mu:i "'a d . utu fulg nte ~ j ti .:·ti v , "'~ n 1 rrt
n ..'~n 'ialnt 'nt l ra~il ir \ ,'ti
pu I r tae orno Ore~rio
-~, a quem attribuem 'ern fun- h
\t\ \ a .\\ \ ~
nto :1liá . a autoria do lundú · Do- BroA ll t
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YUJ&UK to O
72 Hrs 1ORlA nA MusrcA HRASH r«A
l1rs rORlA UA MustcA BRASIL!IRA 73

sinan~o-a com ~m devotamento re1igioso.


Depo1s deJfe, slS alguns lustros n1ais tar-
de, haveria de appare~er um1gran'de 1nusi- do liym~Jzo Nacional, que o imrportalizou ,
se1n esquecer o papel preponderante que
co, porque Francisco Manoel era u•n ar-
teve no dcscnvoJvim ~nto do ensino musi-
tista menor.
cal do 13rasi I, de que foi un1 dos primei-
~Ainda assim Francisco Manoel da roc; cuidar.
C1
ilva (1795-1865) foi o n1ais illustre de , ,. just) t t:Icrir Marcos l,ortugal,
seus discipulos e ~o unico que sobresJaiu, con1•positor portuguf s de fama ern toda
tendo tamben1 tomado algun1as Jições de a Europa, que veiu para o Brasi1 cun
contr a-pon'to com Neuckomm, o grande 1813 e onde exerceu g;nandc influencia,
artista a1Jemã~o, discipuJo IJr~e ,dilecto de cujo beneficio não e póde conte tar,
H;aydn, e que dirigiu o celebre concerto posto seu ~orgulho o desmereça pelo mal
de 3.000 professores, na inauguração da que procurava faz~er ao outro arti ta ,
estatua d ~e Outtemberg. D'a sua obra, saJ- a José M'a uricio ( 1 ) a f ranci co Manoel
vou-se apenas o HynzJz ,o Nacional Brasi- e a Segismundo Neuckon1n1. IJon1 João
leiro, em cujos sons .quentes hfa alguma VI qu<.· c r a, corno vimos urn paixona·
coisa do nosso ·entusiasmo e da nossa d ~o, ou u1n suggestionado pela tnusi a e

im)aginação tropical. Como seu tnestre, cuja protccç:ao a Jo~~ J \ru1ricio f i a pro-
talvez por causa de1le, soffreu a guerri- va 111 a i s caba I c in cer :1 , 'nu i to f '/ p Ia
cu Itu r a anusical do lira, i I. Logo que ou\ iu
lha de Marcos Portuaa1, quando musico
os negros do ( ..-<>nser\ atorio d
Cap.ella Real, que o 1111aestro portu-
dirigia, e a quem succedeu mais tar- ( 1) C.. omo e abt, 30 fam da \a da, Portupl
Deixou varias composições, inclusive 'urou José Maurldo, qut fraternalmftlte o
Te-Deum e Hymno da /ndependen· nurna bondo a recondllaçlo.
, torna
em'qu
que realiza
em anta
ravoe,
tores ' valor.
foi n
fl~ 'Jlt•ln J(•('I.)IJJ'J)CII U (JU~· lht• JHCJdf.
JC&Ifl:lVQ, f:Jic· •JJ( fii'J't•~~QII (t ltJJ)ll() f'ur ..
tugttJ tlt· t*AJIIIJIOJ' ()IH'III, qu(· ftJJ''"Il' fo1tll·
tJll('lli(• CXCCIIfttdllHj J)(U~ (i Ht• llff'J'•IIIJí) tOIII
()H ti I', Jlj 11 c), d '. 1(' d(J (' '. ( HJ h( (.'-. d (, '. 1
qJ. OH ou VÍI'tiiJJ'II, b lf ,., ' ou (J (I I 011 II HI I 111
çõ~t-t ,,,. J), l,t-•(h·(, I, ~c·llruu ,. u1u:a ,,,,..,,ti,
cuja t1J>c•rtur·tt ((,j ,~X('( n1nclu (UI f )til i , f'lll I( j Jt( 'MAN II',MC, NA Mt JSIC A
J832, tl)S{UII~ hyJtJIHJH, IUIJ Í(•fJ IH'I'Il (• liltA~II.J IHA
umu síttlf11Jt)JJÍ;t purn (JJ't•JJ(• tru, S a obro
U(J JtJUHtcc-, Ht· ,,,.rcJt·u, U(, JH'Í"' Íf''' v ui( 1 lttJJ
1; 'n 1M A 1r p Mt 1 N( J HJ' A ,u A 1 • x•''' t
as íntcnçõ •H. (JI I~J II I ff I I IIAJ I ''' Jl I I 11
, Alll (jt, t»'JMt , ' Ar Ml t' A tHtA u r aw
1\ H~J 1111 tJI IA i I tAl IA 1 Aa.t

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111 M11 11Jt 1 At I k I IUI
I 1tUi A ' li J tu 1 " 1 IC ' 1 tt •
XIX

'

I
111

,O ROMANTISMO NA MUSICA
BRASILEIRA

f~O'M 1\ NTISMO, que


foi a tremenda re-
... volta do individuo
contra a sociedade,
]e\ ando-o a hyper-
7

trophia do eu e
a um devaneio da
personalidade,

quando veiu da Europa para o Brasil, por
volta de 1830, já encontrou no brasileiro
um romantico feito. Em regra, somo de
um individualistrJO e altado e fremente,


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·() a no ambas a~ meJbf,r ympathías,
gem em ~ ·- -.. radio num r a f:ança 'a ,, prí~irt' tri , leYaado 0
umbramen ~ Jn nn~ ~ ímphonia (Juarany n(:; 'fhf~a rf, Scata, etJm eraack
d orde mages r~ ;o n~o e b apaga-
,.t'f
exítt) t applau~~ franc:o. e ru~ Ve~.
(j t a-mpr ao admí- dí JrJU ~(JU•(J crJm p1f1avru ,
h p rduaria no (; amanf 'J: fJt.te to r~lr,vann~ crJnunetiJ de
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HISTORJA DA _M .USICA BRASILEIRA HISTORI.a\ DA MUSICA
86

À cisava, pois, ir buscar alhures o que llie f.. gente. Tirando das selvas brasileira
poderia dar o paiz. No ambiente do ·Bra- guns motivos quentes, que
sil, teria encontrado todas as forças para seus trabalhos, tem por vezes, Ullta
sua criação, independente dos mOdelos pressão forte, de mocidade e audada.
extrangeiros. Nem ·oonçalves Dias, nem Prejudicou-o, porém a escola de
José de Alencar delles precizaram1 e fize- italiana, fazendo-o desprezar as vo da
ram obras definitivas. A expressão bra- terra, ott comprimil-as nos modelos da
sileira de então, que bastára á poesia e <<arte», sacrificando a intenção á fórana.
ao romance, não desmereceria a musica, ~ A preoccupação de um genero em
antes pelimittiria uma força nova, inedita, arte é um preconceito infecundo e pertur-
do maior fulgor. Temos que conquistar o bador onde,. não raro se prendem os màis
rythmo brasileiro, como conquistam·os a
terra, numa tragedia estupenda e conti- desejo incontido, ansia que procura ex-
"-. nuada. Carlos Gomes, ao revés desse es- pressão na propiia vida, acima de todas
forço, acceitou tranquillo as indicações as contingencias, na sua idealidade a~
extranhas, esquecendo-se de que o trai- luta. Os entraves de genero, como as h-
iam. No Guarany, pretendeu criar o ·in- mitações de fórma, são graves emba~~ÇO&,
• • á livre communicação entre os esptn
tan1smo na musica, á guisa do Alencar e
Gonçalves Dias, despertando a terra, na nesse vago m~sterioso, em que a arte __os
evocação do autóchtone 1 assim tornado, enlaça e os domina. Ahi tud~ é. emoçao,
~mbora em falso, ·a symbolo da nossa exaltando a existencia e permttttndo eu-
til-a em toda a plenitude de força, de
~ belleza, de inten idad . Car
Alencar, dizendo que affirmou a independenda in- •
tellectual do Brasil.
por e emplo
Ht.. T< Rl.\ D Ml IC & LEnt

t(dore_ de eu e pinto e como lencar rompe quente, 'lri ·o . indoma el em nota


con trui e .. obre nos- moti,·o ~ uma violenta e combiae que bem lhe rtft-
obra bra ileira, eria no leaa o un1 mo- latn a origem. as, em geral, procwa
num nto bem ntai.... olido }Jara enfrentar ltma solução preconcebida e, em arte,
o tem1 o. Tran por attdo-o porétn para do dev · . . . 1 urpre--a ~ tnarav·lha inedi .
ilão ob a influencia da longa aria ~ O ucce o franco e retumbante foi
italiana obretudo a'"' de erdi ntão outra traição.. Empolgou-o, e acreditou
em franco '"'ucce :o. Carlo ·o ome do- que aquelle juizo
,
da platéa da ltalia e
minado pelo ambiente. em fo~ça ou em do Brasil uma '"'~age tionada pelo ge-
-
animo para reagir, libertando- e, cedeu nero que era o eu e outra delirante de
e compoz ~ua obra en1 Tórma italiana.. patrioti mo p la r aliza ão bra ileira
com a'" preoccupaçõe do <bel-canto o . seria definiti\ro. 1 im entr a u- e cada
que lhe tirou muito o fre cor a graça e o ,·ez mais ao molde italiano~ findando
infere e. Enquanto no Ouaratl)', lencar por esquecer O ' motiv·o, na tonae . O fa-
torna. inconfundivel a linauaaem do in- \ror popular foi o maior pos iY I " nzo
b h

dio da do'J branco na OIJera elJa e zLlla forza itzdolrzitLl. Ciel di Parahybll t

unem e e 111ituram na me ma aria · 1ia Piccerella, entre outra'", for m arias


nas me ma modulaçõe nos me tno ac- em oga de bocca em a.
centos. E 110 entanto os indios de nossa lém da itadas, ~ 'r Yêll .·1rl '
selva tinham sua mu ica, livre e audacio- Gome a eo11int opera,: Fo. ·o. 1 72).
.. . .. )

J. ~a. Esse fundo falso perdura na obra de alvador Rosa (1 7-l), d tn'ptr, ' 3 )
Carlos Gomes, onde a fórma é o en- factura italiana , qu Ih~ Y31 u ,;!ran
~a~e constante. Ás vezes, o espírito bra- succe o na ltalia t rnou-" t- P pu-
1
stletro se rebella contra humilhação e ir- lar omo a.. tim d . . d
. '
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100 HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA HISTORIA DA MUSICA BRASIL!IItA 101
-
uninao-se a~o ryth~mo uJúversal, cott1o m:ou de schumann"ianoJ. _tal . a infh•eaâa ., e

f. attcstam a sua Série Brasileira, para O!,· " do grande m.usico de Zwickau. A serie
chestra; as Variações sobre Ul1l 1"'/zenz'a -
Schumltlnnlana, para piano, é de urna poe-
'Brasileiro e o 7~ango Brasileiro} tratad~·o~s~=-= sia interior-Jfrõfunda, em que o coração
corn emoção sincera e ar~dentc, con1o u111á é o maior ádivinno da vida. Ama as coi-
interJJretação pessoal da aJn1a i11genua do sas silenciosam'ente, mas com uma tor-
povo. Na Série Brasileira ( fJreludio; Dan- tura do infinit·o, que é ansia e nostalgia ...
sa /~ustica canção 7~riste; Á beirtt d~o~==~ Sua •musica, onde, por vezes, perpassa
regato e Sa11Zúa), sobretudo 11a u1tin1a. tambem um.·a certa ·influencia de Beetho-

parte, o n1otivo J10JJular surge con1 un1a ven, quer a simphonica, quer a de piano e
adn1iravel côr local, ref]cctindo essa dan- cam·e ra, é feita com grande frescura e
sa rneio barbara dos africanos, con1' seus sinceridade, «Une musique d'aveu , pode-
ruidos, bizarria-s e IJatuques. O 1"'a1zgo é riamos d.izer sem exagero . D roman.tismo
deJicioso de frescura e graça; as varia~ções não era un1 desespero, ante buscava, por
em torno do nosso pOJJUlarissinlo V e1n. cá sobre o fundo pertinaz de melancolia, as
biití ... , feitas nun1a hora de saudade, quan- nota~ rutilas e brilhante , a orchestraçõe
. , .
do o artista estava distante' Cla Patri,a, são subtis e esmeradas, os color•do vartos e
ungidas de intensa nostalgia, num estilo empol,gantes.
colorido e sensivel. A'pesar de ser toda ella de iniciação,
Era Alexandre Levy umJ romantico essa musica, compo. ta com me tria e
apaixonado, que olhava o mun~do: oom me- fit1meza technica, ficará em no s~ arte
lancolia e cuja juventude viera nim,b ada como um sonho maravilho o. Ma• uma
por um véo de tristeza, participando da- Xvez o artista teve a sort da illu io.
A

quelle estado d'alma que Mauclair cha- quando alçava o voo...


j .i
110 HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA
HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA
111
pressão varia com a alma de cada povo.
· Aquelle que não conseguir dar á da fragilidade desta depende por igual
a grandeza criadora. O artista é, pois, o
arte uJrJa -feição propria, imprimir-lhe esse
aoontecimento m·a is subtil da natureza,
caracter decisivo e forte, não criará nunca.
realizando a união maravilhosa da alma
A criação exige esse toque maravilhoso
J.. conectiva com o i·~previst~ pes_soal. Os
e inconfundível, em que a persona1idade que não o consegutrem, terao fetto adap-
do artista se engrandece pela força hau- tações amaveis, copias fieis, decalques ca-
rida do espírito collectivo e o universa~ prichosos, não vingarão jamais.
Jiza, elevando-o a utrta expressão absolu-
tamente dominadora. E a actualidade da
arte, sem o que as mais beiJas producções * * *
fenecem, como foi o caso "'do theatro inac-
tual de Voltaire. Essa actualidade envof,. Á P.odemos caracterizar o esforço da
ve não só o momento, mas ainda o tneio, nossa 'musica, n~ g·era~ção que veiu de
reflectindo o complexo dos valores uni- },890 para eá, pela procura de uma ~x~re~-
versaes de cultura. Por sobre esse mate- s ão brasileira não simplesmente Imttatt-
rial a mão criadora do artista 'deixará, no ' ·
va nem tampouco regionalista mas q ue
modelado, o signal de sua vontade, as de- te~ha raizes profundas na terra, no sen-
fonnações de seu temperamento, que lhe ti·m ento da gente e nos pendore . d~ alma
fi
nacionaL O que ore ce no pa1z e uma
_ er
não permitte copia, mas interpretação, ou
"'-revelação. A· alma· do artista está sem-
pre presente na sua obra tanto mais for·- ·tt· homem decifrar a natureza qu
mt lU ao ~ osso trabalho
'
te quanto ntais pessoal e mais differente. o deslumbra e atordoa. bri
A sensibilidade dominará a materia, mas tem sido em regra o de adaptar, -
112 HISTORIA OA MUSICA BRASILEIRA tiiSTORIA l>A MUSICA BRASILEIRA 113

~ lho c fulgor, mas sem, forças para cri· , que nos cerca, n·a s energias de nosso es-
pírito, esse genio que nos permittirá criar
, . d - f.
curopco e aan a nao Jzcm;os urn·a civili-o a 'm1usica brasileira, como um môtivo ma-
zação brasileira, cujos indices se distin- .)( ravilhoso . de esthe.tica .uni~ersal. O neces-
gam com precisão. No entretanto, ha u1na sari.o é buscar a tnsptraçao em sua fon-
ansia inquieta de liberdade. As forças que te pura, beber a agua que cáe da pedra,
deverão reagir contra a oppressã·o das es- dirccta·m!ente; sentir a terra com~ a alma
livre de todos os preconceitos e não pro-
colas e do espirito estrangeir.o e criar 0
curar ver a paisagcrn1 brasileira enfeixa-
rythm~o brasileiro, parece que despertan1
da na natureza européa. Temos que . . cr
flUjantes e admiraveis. Acreditem·OS nel- hum1a110S antes ele tudo, querc1nos dizer,
las! • J)Ossuir o espectaculo das coisas oon1o nos
x Não exaltam1o.s arte regional, fique deslu~mllJra e não defornl'al-o por u1n pre-
bem claro nesta época de nacionalistnos conceito esteril. Sendo brasileiro , ficare-
ardentes, observamos,, apenas, que não miOs por 'força u111versaes, desde que eja:
temos uma expressão caracteristicamen- t3J111os ca))azes de criar por nó n1c Ino'" .. o
te brasileira, na mlus·ica, coan~o a a1lemã, as i·nl'itaçõcs passan11••• 'A no a ntu 1ca
a francesa, a espanhola, ou a russa, seu1 ainda está adorn11ccida, crá pr i o de -
/.. que isso as torne meJ1os universaes. A pertal-a c ouvir o seu canto d liberdade.
musica nacional é uma flôr de cultura,
que reflecte, em· geral, nos s}ftm~bolos, e • • •
sobretudo na factura, as "fórm:as alheias, •

desabrochadas em otitros nJeios c aqui -o esforço para unta c./prc ão mu l-


do ho-
revi~id.~·, pelo prestigio da intcll,genl.ia. cal 11ossa, no rcflc ·o da terra
Sentamos, todavia, no meio esplendido •
• I H
D

e plodiu
nha insidiosa, 6 a custo ven-
' J •

obra tem calor e vibraçio, 0


do da natureza e orbitante, que me-
mo
lancoliza o h m. f original sem ser do '
preciosa nenr 1oquaz, qualidade porven- a nat
tura rara nos nossos artistas. A nota pic-
e a
tural d na 'mais do que a psychologica, das do
mas ssa reponta por vezes, na seritimen· penetração,
talidade de muitas ·musicas, corno nessas que, se não com,p
admiraveis canções que, ao ouvil-as, se com'mov <i an d 1 .
nos acorda na metno?ia esse vago e "lu- ta,(') para orch tra,
minoso espirito da terra, na fantasia gra- pr.o imo da natu za,
ciosa dos rnoli . A emoção que d s- a po sia do nr.
revela a unda sinceridade qu fulg n a
arti ta para com a natureza, seja nos, cé
de claridad , na
8 nas ltas, ou seja no coraçlo t s ur.arc da ,
ua canções paginas de u
ora n 1
lar,
que fundeai o lirismiO natural com
n vibr prolongada,
• 'd AI
(1

t11 A t•la na rétlt f rl 16


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tic m lan li '3, t' foi u fie J cn:tJtlO- filin n r il n \ • I ~ •.

n m di ipul .
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influ. n nbum u
parid d b lu . Jl
ri t r ~· qu t m'
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a ltipla~ t ndencin.. d no o
,,•• i ' na trn d" unidad ,
tll qut~ rB.o
tnr . par d~tl nt d d
poi r pr .' ntn 111 v z s (I L:' p [\r. a , :ífi 11 - rd n1· "lt., n 1 i , fin l uni
da .. m i . ' peltl dinJ'l3 ..'ão da ('Ulturn do qu n a .
pela .- nota.... fulgurnnt . tJa t ~rra, " 1 - nr. H nriqu 1
d m notar 1 r v ze rtqu li ' ' ~ o . . .~ br i 1 i r s li 11 I

para uma f )rnl hrn "i I ira, l1a n c011 ta11· á nt\t . 'i 11 i 1
11
perturll3 ão da .' .. ola.. ..'trnn ~ir , dn m di<.t , nt
fa . . ~inando a n '3 in ta in1n irt. tiv . nt liri
a.. .. un.. obra.. en ontranl . . e.'pl tld r, rti
um ard nt liri mo . notn 1 .
r qu•n-
Uilla I gt dom;nant r
o ntintentali •
1
'
nr.
-~remo um • tint n
,

HISTfJRIA nA MUIICA

HJSTORIA DA MUSJCA BRASILEIRA


124
Como dissemos; o r,
que mais suggerem é:fo que com- wald nos deu a noçlo
mentam.' A sua muska, de uma Simplici- gosto, duvidosos na
dade requintada, é a é:fe um Civilizado eu- compositores, onde domina a
• •
ção artificial do effeito,
ropéo, volvido antes para s1 mesmo do
que para as coisas. Evitou o prestigio da sas com ternura nas fil ._.
natureza, ou por não sentiJ-a, ou por te- ci,lo caprichoso, mas que nlo
mel-a. Aliás, tambem Machado de .A.ssis ca a difficuldade do ponto, tio
se esquivou a esse jugo, mas, no grande se afigura, nas suas figuras, 1101
romancista, a tortura da intelligencia é buxos e nos seus ornatos.
que lhe annuviou os olhos e fez despre- procura humanizar os as
zar o esplendor, ao passo que, no musico, da realidade, nessa medida
não ha essa inquietação mental, antes nosso espírito, que as recria
amor ás f6rmas, mesmo uma certa vo1u- digiosa fantasia. A sua esquivança
pia, mas tão suave, tão delicada, tão carí- me'io foi uma libertação, no sen ido
. -
c1osa, que nao se narmoniza com o sce- que não traiu o seu tcmperamen o
nario deslumbrante do Brasil. A sua mu- lar e estranho. ícará, por certo, u
sica não é feita na nalureza, ao ar livre, co isolado, uma vez que em ua
mas nas doces intimidades nos ambientes palpita a energia da terra,
que desperta profunda,
d•ffusa,' tem jogos singulares. O Snr. Os- numa intensa nsibilidade,
artificíaliza no e t ri1
perfe.çao; nos, brasileiros, .omos ainda os motiv lo con
e desm~d<p, procuramos a taes, nem a i n ta
em sua mbsidade brutal.
li~l lNI lll\ \l I \ BR ~ll EIR
127
'

trios a I 'llttcna P a para iolino


numa fantnsia multifonm, n m s de- violotlcclto, ' n~ compo.. içõ p ra p
:r"'olvim"ntos , ão pr. li ·o u intrin a- ,c Jlara ·canto, são pagina magnif
d . sua musica \'Cill de urn , s{irito
grnnd po sia nas qua , para u r
qur sahc tran.Jormar em m tivos d gra-
c./ pr ssão do ·" nr. Rodrigu Bar
a t.' dt' beJiczn t dzl' a~. '-leu
. a cs, ale-
... prot osito do Quintrito. Op. 16
grcs ou rnagoada . HlSf .1ra ao na
id a 111 lodica s nt.pr original
fau tuo .. n, ncrn li procura r oi vel-a · 111
torturada jorra com' abund ncia d 'li-
largo . ae enho~ ont 'ntando-· .a con-
• iando Jl la un fr scura limpidez.
trnrio, con1 o n1oti' o · ingc'l o ~e as te-
traball1o de compo i ão '
nue. indicaçõ s. Jnu ica do r. 1-Jenri..
· ariado pe oal .
qut' . \vald feita ,'} ,·eze de JlCQUCit~os
'(lO\. .. i el distinguir na ua ntu i
tnotivos d ~c quadro ingenuo~ 011 in1pr s-
õc.. ugg utiva ' t 111 no colorido discrc.. alguma influencia dos romantico· n
to, ll:t gTaça oa 0111p0 içao Oll 110 requinte n1ães c 111 1110 1tnliana, cn1 certa:
do d nho, um grarid nl io romantico para orch tra m· a pr pond r nt ·
HISTORIA r'A MUSICA BRASILEIRA HISTORIA OA M
130

quando tudo se faz oíro, num radioso de composição no Instituto aelona


umbranrento de luz. O canto triste Musíca.
d es l b. Na sua muáica senteJtHe 81
de Marabá se ouve nesse am 1ente e to-
das as vozes se unem no mesmo lirismo, cias directas de Massenet e um
oomo se a naturtza ardéntc precisasse se Wagner na factura simphoniea,
humanizar naquclla magoa IndefiníveL que as daquelle foram muito 111als
Por igual Jupyra, cujo preludio sobretudo ponderantes, tendo sido discípulo do
é uma pagina muito brasiJeira, é um poe- sico francês, quando da sua estadia
ma da nossa natureza, no reflexo dessa Europa, onde esteve ás espensu do
melancolia a que SfJmos levados peJo pro- verno para aperleiçoar os 1tud01
prío mundo que nos cerca, na sua trans- classes. ·de com'J)Osição, contra-ponto' e fu..
bordante opulencia. f o Snr. Francisco ga, no C-onservatorio de Paris. A
de ·taes influencias, a•musica do Snr. Fran-
Braga autor ainda de varios hymnos, in-
cisco Braga retlccte tambem esse esforço
clusive o Hymno á Bandeira, adoptado
da arte brasileira para encontriar a
officialmente com letra de Olavo Bilac.
fórma, occulta na rea]idade monst....
Tem escrito para piano e canto, sendo
que nos cerca e atordôa.
que algumas ·de suas composiç,<jes nesse
genero, a exemplo das Virgens Mortas,
sobre o conhecido S(Jneto 'de Bílac, são
• • •

ições vivas e feitas com. irrecusa- ndo, tambem, fazer musica


brasíl pelo que e appro ima ·d
tUúz Oaribatdi. E um dos nossot mais dencias de eportruc no, tá o nr.
regentes e professa a cááeira roso etto, cuja m,
HISTORIA DA MUSICA BRAIIL!IRA
133
nA. MUSJCA BRASILEIRA
132 H•srORJ

A -.
to; Delgado de Carvalho, cuja
·ciosa frescura e singeleza. Can- filiava á escola romantica francesa
vezes, d e lJ -
. . Adeus Se eu morresse: amanha, Dor- to escrito a opera 'Moema, que '
ttga, n lsa Lenta
"' . f •t os ~~IIrores applausos, nlo só no
são pagtnas et as com
me, Va ntanea e ·
senstve I . S eu es t"l
1o m\as tam·bem, em Portugal e na
graça espo . .
claro e simples revê ·a ~nfJuenc1a d~s mes- e a opera num acto Hostia, al&n
s aiJemães e de Grteg. E um Vlrtuose ' rias composições para piano, inc
tre . I
de merito e professor de ptano no nsti- Sonata, Valsas Hum'Oristicas, Marche da
tuto Nacional de Musica. Poupées, etc. ; j. Araujo Vianna, que
Sobresaem ainda os nomes ·de Arthur creveu as operas Carttiela e Rei O
Napoleão, o admiravel pianista, que cer- Francisco Valle, discípulo de
cou seu nome de muita gloria em noites Franck, e cujas composições, segundo o
memor is, e lambem apreciavel compo- Snr. Rodrigues Barbosa, são «
sitor, sendo de sua autoria 'Romance ét ros documentos de seu immenso talen
Habanera, Suíte e Tarantella, p,ara dois e rmagnífioos attestados do grande apro-
pianos, Valsa impronvptu, Valsa Melodia, veitamento que colheu das sabias r
outras paginas de grana e poesia; Henri- do mestre e de seus estudos . E creveu

que de Mesquita, autor da simphonia dra- o poema simphonico Tel~maco
matica f eanne d' Are e de algumas ope- obras de mrqsica de ca1nara; Manoel
ras em estilo italiano; Carlos Mesquita, quim de Macedo, autor da opera
pianista, maestro e compositor de fórma dentes, libreto do nr. ugu to de Li·
. '
samples e elegante. Obteve pri ·ro pre- ma, e muitos trabal par
mio do Conservatorio de Paris, de 1885. tra, piano e canto, m numero u
E autor da opera Es~ralda e de varias a 300, todo i topou cou ,
ições para orchestra, piano e cãn-
HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA tSTORJA DA MustcA BRASn.e1u lS5
134

il. Assis Pacneco, autor de ves, que ·é um compositor de merito


mo no Bras ' . . . '
varias operas de merito aprec,•avel como 'd o mutto aprectaveis as suas ~··
1Moemo e 1ocy; F..rancisco_ Nasc1mento_que, quer simphonicas, quer de de
sem ser compositor, fo1 um· dos nossos mera e literatura de piano e canto,
mestres de harmonia e teve o ·m erito de tambem um pianista de innegavel
ter sempre o espírito aberto aos ~ovos e Sy:lvio F.róes, Paulino Chaves e .. ft

affirntar corajosamênte os modernos, tantos outros que procuram ntllll


como fez com Gtauco Velasquez e o Sr. esforço dar mais brilho e fulgor á
ViJJa .lobos; Abdon M'ilanez; Carlos de arte e á nossa musica.
Campos, autor da opera ~ 'Bella "Adorme-
cida; João Gomles Junio~, autor de varias
simphonias e de uma opera V. Cas-
mutro; Francisco Mignone, autor da ope-
ra 'Conftactador de Dütm)antes, feita na.

velha modelagem' italiana, mas onde ha


uma congàda de muita vlb'r ação e sabor
popu'lar; ·João Gomes de A'rauj.o (Senior)
au das operas Carmosina, 'Maria Pe-
e Helena; José OCtaviano Gonçal-

(l)Segundo • depoimento do Sr. Osçar Lorenzo


~emande~, referid~ lo Sr. Luiz A. da Silva na re-
vasta «Anel» F ed · N . '
. , r ertco asamento nos seus cursos
de harmonta obrigava os a1umnos a ' harmonisarem até
Scb oembtri.
O ESPIRITO
MUSICA

A ARI E MODEN A E SUA


OVAS TENDE CIAS DA
SJCA PURA - A CO TRJBVIÇIO
S(JS O SfJM PEUJ SlJM VOLTA ID
CLASSICf.J- ORlO I ALIDADE
A NOSSA MATERIA MU ICAL
VELASQ1,.,EZ E (J S R.. Vll.rLA L080I -
Fú•• TE'i DE (JS A MU ICA- CJ
TAU IJE UMA MU JÇA 811 LEI
140 HJsTORIA DA MusJCA BRASJLI!IRA

HISTORIA DA MUIICA
,
vas que movem os 'homens. Os phcnome. •

nos isolados se desconhecem na natureza, O 'miOm nto d


onde tudo se liga e se "ha,,n,o niza, nu1n11 pód parec r d svair ,~1
conjunto multipJo e surpretmdente. A sivo, tão rto como q l
arte é sem1p re; através de todos os tcJn~. virá dcp~ois, para a r t
pos e em1 todos os lo~arcs, 11m reflexo riação infinita das coi , .. lll'll

do genio coJJectivo, na rclativiclade de na·m1os a nossa ignor nci ,


suas contingencias c pendores, por sua penetrarmos o s gr "elo.
vez productos de causas efficientcs, de- cont m1poran os sobr tod ...
terminando tudo essa finalidade a que é outra coi a, gual n ,
aspira o homem, para Jllelhorar e ier
feliz. O. artista é a so1n~m'a imprevista de
innumeras qualidades e resíduos, cotno a
percepÇão esthetica de cada povo trans-
cen'de da troca resultante entre 0 meio e
o individuo, o qu_e ~qUivaJe dizer da adap-
tação do homem á terra. Quanao nos lan-
~~s em busca de um~a 'idéa, social ar-
ttsttca. ou econ~ · , ã
vmlca, n o nos rmovemos'

.' mas obedecendo a forças im


e •rremessiveis . pe sas
vencer. ' que se precasam realizar c
DA MaJIICA
142

e do · Um fundo de nega- outr*


(Jo ck falsidade defonnou todas as I, á
aJial e 01 saciados dessas eJrJO. petSOIJalidade
~ desprezaram a realidade como te. Bastará atúaader
~· e o como men t'•r~. nrultaneo, em
QJotra esse estado de espírito é que rattleattos simil
· a re~.. a sciencia se verificou se tinham • 11 t 111

o e110 das syntbeses apressadas e vaido- Jisado as A


sa~, quando o conhecimento é i eito va no ambiente, Wt 'I.

e apenas, e, de novo, o ridi- - e, como


çao,
caJo dos !wiiUtlleiiÚJS desapontou os Wa- idéa pairava no -
, de orgulho. a philoso- em gestação featóda e
contra o scepticismo etn niil O que se procura será
, a acção volveu salvadora, par~
- taçio mais larga da vida, oa,
a íntelligenda e o timento mais de accordo eo111 as irr · • •
·dos pelo instíncto, e renovar tingencias da realidade arl1tal,
a fé 1101 coraçõe,s endurecidos e do-se pela livre do
a arte, 11111a ansía por f - versa). A arte mod
e - ~ cf~tll mo, do impressi()oismo,
da YÍda mo, do symboli
p ...eensão differente da
inedita e ·
11
• r' I -
a e transfor- ÇO, OI
a
Hr rORJA DA Mu JCA BRA ILf!JRA H ISTOI{JA ()A MUSICA BkA~JLtlkA
l44 14S

arteu e quízcram dar á arte plastfca 0


'fTI()vímento, ,,coflocando o espectador no
centro do quadro,~, para o que attingiram
a um engenhoso etranscendentaJismo phy-
sico - confusão em que as coisas nos
fogem como ·dados irréaes, nos limites
do conhecimento humano e tendem~ao in-
finito, movidas pelas suas linhas-forças;
os cubistas decornpuzeram a materi~,
através das Jinhas e dos volumes, e fize-
ram uma arte estatica e cerebral, na qual
a ordem pJastíca domina a sentimental·
'
os dadaistas procuram o maximo de 'in-
tensidade psychoJogica nas coisas pu~eris
e triviaes, tratando-as ingenuamente; os
super-realistas querem fazer reagir o sub-
ODIIICÍeJJte por sobre a consciencia; os
II I ~
modernos se para
ao 10111 0 seu valor integral, dissocian-
Cfo.o de as e
00111 que ficam a a·
da clulica.
a da
o
D HJSTORIA D
I

a realidade e cria. pela emo.. rallelismo COIII a


1
1110
mundo . . en i,·el mai alto e mai na obra tttusical, que
in 1. demaL. arte ~ in i te ietzs- reza tttas nella se
• •
. ~ .
be a arte da ap arencia do phe- seu eno nso.
nomeno de nho. mu i-a urpreende A musica modetna,
e traduz o l!oum o. ... ). ..._endo portan- davel phenomeno de
mai a olu a da arte ao menos uttJ instante, deixou
para 0 e pirito ron m:J)oraneo é aquella '"eiu da renovação
que de\~ . . er a mai liberta, para melhor pendente da tonali
rea · o de ejo de no -a inquietação r'~mos
.. no ·os ·
que ,-oJ,·e á intel!i~ n~ia, depoi de de- harmonica impondo a ·
illudida pelo in_ tin to. E a an ia da eguindo outra son ·
mo i a moderna, que não é apenas tlttta go de gamma de onbecidas e
li rtação de fôrma ma de inspiração ineditos. Es a mo ica, vinda do
e moti,.. , dando á onoridade um \toam- te m terio o e fa cinante ·
. n e muito mai- amplo e uma atmosphe-

loridos e brilho e bebida no
ra mai ioten a pe1rnittiu alargar o eu russo foi um desl to.
poder -u je'""ti '09 tomando- e t•ggestão pio perturbadora aos
pttra ~ mt -: a e li\Ta das outra artes t••••a e pre são predil
e torna cada vez 111ai mu ica. O pa- , . a... e cola mu ica teto ido
meno a lição da liberdade
eqwcsslo da
a e póde e licar bu .
ao pecialmen
a .
COJ.Sa 1•
- . -
Sl, maca: SS'- •
o
n1ai forte o
e dleios.
e ; :11

e alo conlieci os ~ l •

" o occid; :

a revelaçlo de O
m ' até a
dos tlneo, de Mili Ba
Cai,

, Borodine e
,a oomta
do estilo classico. Com De · L~~
o (los seis ·
e pleiade de icos
que tOdOs os paizes,
na ltalia, na Espanh·a, na
e que teJQ um entre n
• Villa a

. ~

, CU]a fo1Jnidavel
• (lQ que no
adia a ' 1 • '·• ica a
DA MUSI~A BRASD.EIRA

ti I l I
seu sarcasmo irreverente e di- ria longa a
de originalidade erosa vagantes ou
e burlesca ás vezes emocionante, atra- ra encontrar
emoção
aquelle jogo da «arte que zom:ba da .pro- nliuma outra
pria arie». f Darius Milhaud, é Arthur tem havido
· , cujo engenho fonn!davel se parte,
realiza n~ ·musica erosa, forte e a ·nmteria
simples; é Arnold Schoenberg, Karol Szy- nia. Desse tran
manowsk, Casella, B·artok, Malipiero; chega a preconizar
Respigbi, Falia, Roussel, Poulenc; Au- a arte dos ru~res, pela
rie, Séverac e tantos e tantos que, num mtultanea 'de ruídos segun
de exxaltação e de crença, · (lo artista, ha-de surgir

a arte~ como o pensamento•

rente para os homen
O necessario é sentir a vida moder- inquietação, cuja toa t1ara é
na na sua intensidade real. O mo- artistas.
tivo, pouco importa: Honegger, escre- Um <los g.rand
•endo 'P. ic 231, que é um poema sam- ~os moderno é a j
phonico para glorificar 111na das mais al· seu valor ab lu
tas •
do engenho coatempora· essencaa,
que é a locomotiva, é tio moderno siof
reaurgindo no oratorio e fazendo o
primu da
'
r.

- •
l
11]11

F i i qtt 11r. r 1l
par os o . i dmir v lnl nre '"te . . ub ...- ~I II

erem a e 1as # tã li\T u p la ,·ontad ind pend


s de ·ario , d arti n t r11 n mai d in"-
. llr'l-ao
r __ ._,. a ..Í ] - ti\'i 111 m qtt d :appa ad
lo u lado nt i 11 a _ã p · It 1 gi a' . E p rf i ta
1 li a ã : n ã . 'tlhj
. tivi . . mo qu
aJtntilla, i i qtli\·al ri n r
_... . . . . en in a rt ~ n1 idéa d rei -
en1 q11 11n1 d I ~1 11t ... ~

iri 11n. i t n11ina 1 , e UJ
, 111a" a
j tl; ar · tn I i l r ta p l u
rnm nt l j th-n. \n m:,- n bj ·ti·
,, a ã ar a t r 1 ..... " lt l ~i n1 i : I •
I a~ ant s -;. livr m tltipl •
uma força qu nY lv infinit t n-
t . Por ant nã s . P •dl' 11 ·Iuir, :;
Hrr ir za qu ' a - '11 ihili i i 1 "app
11a art mod r11a, 111 qu P
f a cina ju ti fi' . •
m
'uando, m mu • '
~

lor do m int i n
IA

ua• variaçõ , consoant s ou cJiH·


1
ant , nlo se quer apenas a cl •lit·in . '
.
'

da oridade, que arrada ao ntfdo1, pura, qu n


mn meio muito mais amplo de prl.>· phl , pln r ,
curar a plenitude espiritual, que a arte a xpr •• o d
COIJI n . O som pelo som, ou a côr p In 'datt qttol on na11,
c6r, seria, sem duvida, uma stcril actlvi- qui on dan 11.·
dade de artífice, nms o qu aspira é o ~A 1 NM
som por tudo que o som dcsp rta, quan· d lro cl •I
do transfigurado pela emoção criadora, ravilhoao , , • hoj t
que delle faz surgir um mundo de ima- vantag ·n lmtm n a (no n
g ns e representações, 1111Uitiplicando in· vi ata) c d c b lm th 10 r 1
definidamente a nossa percepção do uni- v •i , pc)d r moH l~u lal..c)l,
verso. ssa é a funcçãfJ essencial d art , H ultra r a nlngu ~m, • "'
O Snr. Mario de Andrade escreve ()ficri dor , •t , h
justeza que teremos para amanhA vr qu • vi v rn nttN continK
«1UJI novo periocJo de hegemonia da Art u t •m.rpt>. Appr(JXifTlltnd 1-n
Pura, tal como a praticaram Se arlatti, bilid d d épot , n v
ydn Mozart, m que os ph n tal· , o ntr rio, ó d pol
nos IOnoroaalo tomados pelos u aap cto ç qu v ri te f
puramente musical, sem proa-ramma, mais I i rop11d pn
ri 1 d
" . :
do qu pela tua Iç d I t r~ '
a vida individual». ,. nd n· vlna
f
• , • I I
' I f .._,

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t • :
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. .
'
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•· • I li ..._•
HISTORIA D
H rORr o~ Mu JCA BRA JLFJRA
160

modernos dentro de no sas forças e da obra admira el, que


nossa sensibilidade. 11Jais ampla divul
Trair o meio seria tão funesto quan- Em essencia, era
to trair o . que111 as influencias de
Os nossos musico hão-de ser livres tudo ·de Anthero de Quental
e desabu ados, donos de sua arte, domi- o pessimismó. Ha nelle a
nando a convenções e- exaltando o som dessa doença do infinito, de
na prodigiosa simphonia da ierra. Embora M..auclair, como o
não fosse criador brasileiro, Glauco Ve- nio da tisica», que con uo
lasquez (1884-1914) foi um musico ex- trin(a annos, em plena
cepcional, abandonando os canones e as espirito. Esse res1duo de nostalgia, I.. • I ~

leis e fazendo .rmisica de uma suggestão que saciedade da vida que não foi
infinita, seguindo wr~ sJ·slema, é certo, ou o desencanto da imaginação, domina
mas pessoàl e independente. Com um for- a musica de Glauco ·velasquez, numa ele-
te tentpera nto artistico, accentuados gia constante, onde o tumulto dos senti-
pendores para a pintura e a escultura, tos se niove em ·to1·tura insana de de-
11111a sensibilidade requintada, Glauco Vé- sejos negados, de ansias · de
lasquez desen,~oJve a sua musica entre amor impossivel. Ha accentuad W.. :UI I

o symbolismo
. . e o impressionismo, em
metas-tmagens, que se cornp Ietam• em nos-
(1) Admiradores e amigos de Olauco fuada.
so es~irito,_ graças á sua intensa e.moçao. ram, apoz o seu falledmento, uma sociedade, pua
ReatctOnano e livre, servindo-se de ele- divulgar a obra, tendo organlsado la-
tnentos _proprios, com umt cromatismo rico teressantissimos. Tenaos in tido em obRr do
a pubUcaçio de QU obra que •
e novos, Glauco nos deixou sigaificativo na arte
.
. .: fl ~:

. ' l .

I
y, t '

(
' .f .
. •'.


. I i
oa
'Beatri%,
"... o
ao
. - \

· abSoluta. ser. f i

, que cop1asse a na- synthese dos
' ' '
interior, por
"

11111 folk-lorista, que vi


os motivos populares para na Segunda
Hza~s, sendo antes de 11111a perso- é uma

nalidade exorbitante, o Snr. Villa Lobos que serta
a ao· r sua arte o espirito da ter-
·I f ~ Aprovei
ra, ao da natureza, na melancolia principa
do , enfim na incerta ps ·e bra- Snr. Villa Lobos
sileira, a uni audaciosa e timida, elemento basico da
violenta e retraida. A riqueza dos seus to popular, semi trail-o, "< ..;
1

t
" '' , as dissonancias, o colorido vio-
• •
'd o o que nelle ha-de humano.
lento e ca · , a imagetica fecunda, artista é sempre um
a ironia .. e sardonica, um accento do, pelo milagre da ,a
elegiaoo que1apparece sempre sob tmU fór- transfigurada. A sua ica
<
' accentua111 os caracteristicos da alma
'li '
tt18r de brasileira, porque nel
·teira, que frem~e nessa musica de ca o a·rntbiente em; que e
I ' i' .

uma: forte influencia cul


J' é . . .
,
'
· de duzentas COJtt- gamos que se
• •
operas,. musica sacra, simphoni- tsso na aca,
.e 1rteratura de piano e can- na escul
ser analysada sob uan só te
os n


• • •

t .. f • -.

..... I f , ... •
VI

A CULTURA .MUSICAL NO
BRASIL

O TE.t\1PERAMENTO BRASILEIRO - "O ESPIRITO


LUSITANO O JESUITA E O GENTIO -
PRIMEIROS ENSAIOS DE MUSICA - OS
AUTOS E OS MYSTERIOS, COMO ELEMEN-
TO DE CATECHESE - A MU ICALIDADE
DO INDIO. O ..NOSSO ccFOLK-LORE MU·
SICAL A MODINHA - A CONTRIBUIÇAO
DO NEGRO A MUSICA NA COLONIA -
A VINDA DE O. JOAO VI - A ESCOL DE
SANTA CRUZ jOS~ MAURICIO E OS IR-
MÃOS PORTUGAL A CIDADE DOS PIA-
NOS. PERIODO 'DE FRA CISCO MA OEL
- CRIAÇÃO DO CO ERVATORIO DE MU·
SICA tPOCA DE E TAG AÇAO- O I
TITUTO NACIONAL DE MU JCA - OUTROS
CONSERVATORIOS E ESCOL MU
A FLORAÇAO DA CULTURA MU ICAL
NO BRASIL.
'-r • I •

-·fi.

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11 ... 11.1

e
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. da .
dos hollandesa,
da · de
a estes a e
e da vida social. e
o das IIBiíto
"' " iuo e a do ser ra
com a sua insípida PTo·
· de reino
foi aliás
:
'
.
'
,
. e

o
I
'
«
a •
u
I, an] , •
a natura ,
' I tirar a 'tnor li ad
ou punh dom·inando o 1.
Alvaro Lobo ou
gam 111y!ktlos , r r pr ntar n IIUt
"""'rlr.os, nqua d nava a ficado c I br o Mysterio de /1
lflo, até que, no sec. 111, corneçaram Anchieta vu ca t lhano
a Introduzir nelles um pouco de 1 n· j oão da unha rt u para o
' d lnado qu autor • ntado comi o
proibi a ind ,
larej oad ao ons
.o (tosa, vibrant p
.q pio~. silvos
m d scripção qu d 11
de M -I lo: «O~y Urlo
ma s cro.
burl J
194 HrsTORIA DA MustcA BRASILEIRA HISTORIA DA MUSICA

personagens inuteis, como esses impera- que tangertt frautas, violas, cravo, e
dare romanos, dos qaes não de\'iam sa- ciam missas em canto de ,
ber muito os nossos indigenas... Outros que os paes estimam muito.» Isso na
autos tiveram wande exito e citam-se segunda metade do seculo XVI. Criavam
ainda o de Santa :_."rsula, de : nchieta o ,J entre nós a mtusica instltiiJJental e
das Onze Mil Virgens, o Dialogo Pas- para as cerimonias religiosas e é sabido
toril, o Dialogo de Ave Maria, do padre que os indios com extrettta facilidade
Ah·aro Lobo, o Martyrio de S. Sebastião,
aprendiam musica e eram excellentes exe-
o Rico Avarento e muitos outros.
cutores, cantando afinados e com r}ihmo
A musica no seculo XVI, com a Re-
seguro. Jean de Lery refere o entusiasOlQ
forma, estava em plena floração e os
que lhe qausou uma especie de sabbat
choraes se oppunham á monodia do canto-
de indigena, em( que os viu, em numero
chão. Por outro lado entrava nas festas
galantes, c.om as dansas, os . ·tati vos de seiscentos, a tocar, cantar e dansar

perfeita a.
e yslerlos_ então voga. Além disso,
Ao • .
~nha facilitar-lhe a divulp-
: . ...... .

a
çio, 0 a reproducção dos orl- desenvolvia nas el as,
O 81 asil nasceu 001111 a · extaticos, ha ia na

do que nos
influencia do padre jesuíta foi in- da musica popular -I;

• te. Em pouco , por I ntava a


aldeias catecbizadas . «es- cantilena
I ~
ehaj

H HtsTORIA o~ Mu IC.\ BRASILEIRA
197

já imo o caracter da no sa de que não foi um elemento criad'lr para


ula a a i 1 ue11cia na alma
t
a nossa arte, nem lhe fav!Jre eu mei [)S de
ue o r ago a o que maior desen\"Ol\"Ímento.. \esmo os gran- À

o e 'l)~ :J e cu o mu- des artistas, quando as compuzeram riã
inno,·aram nem estilizaram. ma5 o ar -
ram a fórma primiti\"a, aa paladar cotn-
mum sem artificics nem aperf~i Jame~­
tos .. A materia permane~~u -emprt :. :n_ -
ma e ninguern ou ~u de~ . "J.rn1ar ---
lado. sal ·o na estilização nã~ raro pt-
~· a arte. dante.

I a I " en o O r il1mos afr·cano-- num_r _:j .. t
J
a e ~.a de •
riauissimof'"o pri cipalmen e o-- instrumc-n-
a; - co,_ ow.e- 1 •
• •
• ·ae . que não po erão d_ xa~ e •
n e _rde • - e emento de no a mu-:_a. u n
-- -
• ar- e e enco trar a sua ex. -=-- T
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, (J " u 11 u
DA M'ullcA

e os be
brar um a violencia, tornando mai
Jaaauida a melodia, nto ~11ais i-
ao 110110 nto, ha ma-
prodigiosa, pela riqueza ry- o
e pela variedade de timbre.. Ao
rcv& da modinha, que no salão se desviou
I . 11
da sua natural simplicidad , o
batlaqaae e o dos africanos nunca
o contacto com o povo e, na
, nio os co am arti fiei os.
Por fim, quanto aos cantos espa-
' os fandangos e as tyrannas, não
· deixar gran(fes traços, mas,
aioda ahim, foi accentuada a sua ínflu·
significa iaso que sobre taes pricho f n
tos nlo se venha ainda a f as A
altaa COII&trucçôes de íca brasi· do lo XV ,
VOI a escolas
• te transfoa'lDem em valores no-
e differentea. do, por lo,
""• 1 . dO seu abundante foi/e-
, nlo le n . i ' f

I .• , . '
20() lirsTORIA DA MUSICA BRASILEIRA
HtSTORIA DA .MU!ICA

renga Peixoto, autor de modinhas e al- com as reformas que D.


guns rondós. Não valem maiores refe- troduziu, entregando-a aos
rencias como ele~nento de cultura musi- e Simão Portugal, cujos est
cal. Foi quando em' 1808 D. João VI favor foram' assignalaveis.
aportou ao Brasil, vindo para o Rio de ....
escola, cdniD vi.nros, os jesuítas, na
Janeiro, para onde transrnudára a séde
da de Santa Cruz, onde D. João VI fez a
da côrte, que se passou a criar no paiz
sua moradia de verão, ao chegar ao Rio
aquiJJo com que nunca se preoccupára a
de Janeiro. Teve ensejo de ouvir os pre-
metropole, isto é, estabelecer um cen-
tos cantarem uma missa e foi enorme a
tro de Ct'ltura e actividade, que ·impulsio-
sua ádmiração e dos que o cercavatn ao
nasse a fortnação nacional. Em materia de
ver aquelle côrpo instrumental e coral tão
musica, pouco ou quasi nada encontrou. E
bem ensaido. A proposito dessa escola,
certo que se impressionou até 0 espanto
escreveu Balbi: «julgattlk>S não attingir
diante de José Mauricio e <ta escola de
o nosso f'im se não disse~JS algumas
S~nta Cruz. Mas, José Mauricio, já o ~alavras sobre uma especie de conser-
~tssemos, foi um desses apparecimentos viatorio de musica estabelecid~, já ha
mexplicaveis e assombroso~' que não re- · - do Rio de
d.1açoes
muito tempo nas 1mme
presentam em absoluto um fruto de cultu-
ra -
, senao um temperamento genial A es- ao ensino da musica aos e ravos.
~la ·
• •
o re tgtoso que . .
d d0 ' os ]esuJtas haviam fun- tas assim como toda aquella :
a para ensinar ·
sua infl . nrus1ca aos pretos, e a '
cidas no Brasil ante
que se occupam da i ·
n ° de níaior brilho, teria sido
trucção do po o.
(' E~ta ordem pod ·ro a, q u · ·ra r, cum~ta ncía, ·~1 a t~tlf:l su,Jas d pr
ríoo pr(Jprí ·tari() d AFJ c va trJ paíz, f>'''~ uia ra.E letra , df· r~'mfK,ítiçãt, mu•ical, dr can.
uma pJantaJ;ãr) d · ·r'~ cJ · 2(J I ·f~ Ja ~ (J · u-, · (J(w muit(, írt trurrat:ntr,_ ahí ~m Santa
xtençãf,, chamada anta (_..ruz. a t·Jl(Jta (__,ruz · ( r,,. ~t·gul· f·tn fY,uc:r, trmpt, form' r
da uppré 5ão d(J j · ,u; a.~ ·, ' r,r(Jprir·- ntr · ·u , (·~,ravr, tr)Cadtlfe• dt in tru·
dad · pa ~ *>U 1m r,dr, ~ (J) (JlJ rrJr, f,f·n . ·nt<,~ · cantad,,r -~ habílí ÍJII(JI.,
•....-:1

·mm(' ·i~ r)ara (J drfminírJ ,Ja ((,r{,á. f'(JI tt( J , ()(,; irmãr~ MartfJt t San1at,
t..~". íã lJ da ch ·f~ada d r, I ·i ar' I íc) J · J'('rt u~~~J c('' pt-tz~·rarr ·~r,r · arn. nte ,,.
j&r ·iro, an ·r, (~r z ·r írJ" ·111 ça~ para · , · ; r f)V()', :1m.ar, · . (I& l .u r -~
'" ~" d · ca m[)(J · , a r . a af~ · .í.a (J ·• qu · a ·x ·
rnn rK1a ·rf catJ
~z u · <, I ·í [ J # J(J ã(J t uífJ) íl' ·r•t ~ · ~ ·, , ~~~r ·f~:J(, 1J , n
r ''' ·a I(, " t:l · pr, í n J ~i r r> (J a 1 ' • 1

r·a ·, cJ · au a (.,rtz l· ,,, (.,a 1 ÍJ r


ch ·~~a r, rn :t t r
· ~1 J/, r
rr ·r• (' . · , '" r ar de uttt nlt,tfr, frtla·
tft.,íramente atlnzirav,el.
.1/l"a ~1írrJalr (), u r, Jj()(. r J;Jr ' lf
(: 1, lfÍI 1 ·Ír(:; ír,fir r1, (Jf, ,r JJ tr'
~
1
· ti(.J f>rÍrn ·Íf(J flarÍ I ·t t J " ri '

t ·11 á Ítn ((Jtnr, 'JIJJfJ t d J J J r f ri


CfU · cJ i tíni(UÍ m ntr
11l1 ·íra
~ nD
art1; e
t
I' P'' \1/IJ qur ,mP'' 11
tanttJ.
204 Hr TOHIA u Mu Jc. AN ~~~ IHA

«0 dois irmãos Ma_r,·o c Sitnlfo , (,I , ' , tn ' J M


Port uga 1 hem c >tn > C)S. tn:tl<)rl•s C(>JJ httc~. ,. Mnrl (J I'<Jr UJl I,
d J . f' st·u irua C) Sim , I
dore~ de musiea do Rio c tllll'Jro,. IZC·
ram tambcm as rneJhclrcs rcft•rcJJ<'Jtts a nu·uti tuH c t1 ,
estas duas cantoras. vi r i un1J1 tn tl l1
<' [). João V I tam,bctn enca rreg.,>u <Js <I,, I~ (,H;t ri<'. Jm
irmãos J'ortugal de coJnJlÔr <JJlCr' s, que prí 1u 1,,,. rt•l.( ·u tt , uj I
foram inteirarnente c>:ccuta las rJs <.lif;. IJIIISÍ( ufJít f:ttlllltltl r infl
cipuJos de, 'ouc.;ervatoric' do, jesuítas cc'm ~;;•ugu,., ,1u · , c,rrt t' 11 vrt
-.

OS appJaUSCJS l{Cf él<!S de fCJCJCJS OS tf,IJIJ(•· :tiiJHt Vi< t,,ri:t ,. 'lu J't''J,rta f)
ccdores c txpcctadorcs,,/ <'ia r :t C~afJt•IJ:t I~ cai ' tJtlttJ tr J
1 Í( Ífl iu fJt•(•f(Jr ''' " 11 ' 1 ' 1' t ud 'I 1 J
Podemos cçmtar desst! conscrvatorio, ' r:t ' 11 '. ~ t,,'• ' st I''·llu d ,' C ' th dr I' CJ u I
4ue pro Juziu c·,trc os S( us discípulos ccm- c),., 1.,.f(J <lt '2lJ (]c N ,v nthr, d I
certistas de mcrito, L~ tanto contribuiu 1t ítll~ff,rfJI(JIJ t ft1 ( :tJU JJa I ' r
para a diffu'>ih Jr, ,, JSÍ'J mw.ic"tl l'ntrc
nós, o inici J da nr,ssa cultura ncs~a arh·.
I

f ( 11 t,, , f ci 11, v:t ri ;J rc f t r 1


Ues .t penod'J ~~ que data <J nosso dc-..cn· ,,, M:1r, (J I 1t1rtu I,
volvimcnt-_, musical, tcnd(J sido, dcutro , ÍIHJíJt :• ua di r..: ~ i d J
das naturac~o, rcJatívidacJcs, um dos mah; ~'"''' f cz r pr~ nt r ra
fecundos que temos tid(>. Para issr, ctm· ,~,.,,._., IJt~nltJ/tJtJnlr, I 'Oto " "
correram fatio c.Jiver o , entre os quaes I' ttllltJft' t' Mrrop
sobrt ll~am a 1:

0
ac~a' pmtc hra c (J r ''('IJie, s dt• •
fll
aqui de vaw, artí ta d {:(JJJ 1ú r r d
lo
' 1- tiOIIIll
or certo, n i .
a revolta independente agi-
os nlo havia ereni- bene '
• •
. te para uma foJ•naçlo riCIO,
e dahi o frutos rela · te tida de •
da ép . cria peri cara- c o pela
l-a, não e e cessivo accen- ·nára aquella epoca
o an eio para despertar as vozes vida. A n independ
na , atravé de elementos extranho , pela liberdade, soffria
arcandro o primeiro contacto entre a& zes da g.loria. O to
f da terra e a cultura univer- nilo cada vez
1. encontro resultou a figura de feito do Ypira
· · , o que vale pela affi •
]oven

força incoattparavel

do espirito nativo J poputarida
ira florada. do povo, fo ••• t
I •

• •
os esp1r1
• • de
de
periodo da cultura
r de «
-

HrsTORIA DA MusrcA BRASILEIRA Ht~TORIA DA MUSICA BRASILEIRA


208

ran1 lançados pelo ideaJismo americano, m;a lqueren·ç a de Marcos


1
no amalgama da tradição jurídica pnrtu-
guesa, da sua experiencia e ensinamento.
Não se podia, naquella hora de tum'ulto, dando passar do violoncell para 0 vio-
desviar o espírito da· obra social co·nstruc- lin,o, sob a a~m!ea~ça de dispensai-o caso
tora e o ambiente artístico, criado e ani- não revelasse applicação igual nesse ins-
1
trumento, m.'as vencera pelo esforço e pela
Jnado pela corte bragantina, se ,d esfazia
aos poucos. J osé Mauricio Jastim1ava a dedicação á arte. Della fez o seu grande
partida de O. João VI eJ e'n1 palavras apostolado, pois tinh'a que, dentre as bel-
doidas, relen11Jrava «aquelles tetnpos » em las-artes, «é indubitavelmente uma das
que <'tinha nos seus olhos eJ-r2i e nos ,que m'a is directa e naturalmente contri-
srus ouvidos un1a orchestra in1111e11sa e buem' para a civilização dos povos, e
'
prodigiosa». Bm, 1830 11110rriam· o grande «IObremaneira influe no bem estar
~stre e Marcos Portugal, as figuras do- da ht~tnJanidade.» P que
mt~antes da epoca, e, enquanto o paiz se ceito lhe inspirou a
~tava contra o imperador, desapptare- exerceu ben ta e .... í .

ct~ as forças m~Ihores da primeira flo- estudo da ica.


raçao da nossa mJusica. Manoel fundou a
Conservado 0 patrimonio intellectual t~ Musiclll, 26
vetava Fr n · M
tor d a ctsco anoel. Se não era o au-
e, por f ... t• •'

, a sua 1ntu· -
deve o · tçao era profun·
d a e a elle vê reali
fund
ras,t. "Soffrera na miOCidade a q
jun miaCio,
a criaçio, tendo F hon
, no prologo da ediçlo do

. de IIIU ICa, que COU a
CapeiI
. Pedro I decidQ e111 palavras ai- cos
e .da o gesto do monar-
cba. (1) O si esta à pre- cta • .....
(t) E ta lHtli~tori• está assim escrita: misando o seu ensino e
.,,.,. Havendo V. M. I. pela resoluçlo de 27 de No- ses da soàedade. E tanto se
\tmhro de 1 41 Se Dignado Annuir ' creaçio de sar e promover por todos 01 o
um ~l*I'Ntorio tü "MIISka na Capital do lmperio, ddo d'esta arte encantadora, que ,._
facto que altam~nte testemunha a Magnanima Soliàtade França e a Allemanba, ollde elle
com que o progaesso da Naçio que a gatorio, aaaexo ao
vüfenda confiou ao Seu Paternal Oover11o,
maria; procu d'este 1 111r
orgio da Sodedade de Musica do Rio de J ro, de-
àmrntos que as
p6r •* o throno de V. M. f. o tributo de
clamam, fralfquear nmiJea
de ua eterna e cordial gratidlo.
tende ' e por
musica, Senhor, d'entre as beiJas-artes, ~ ia-
grau de feUddade que de
das que mais directa e natural- zivel e proveitosa lfO
mt para a dvlllzaçlo dos povos.
lcMBa
o homem; ~
>•
de certo modo
+ ....

coaslderaçtJes de
ao seu coraçio, ada a
.__ da ~esca~ta e que solm::manelra ID- DIO de
,._ 110 bem estar moral da raçlo de V. 1.; I
...! por isto que os Ooveruoa das Nações mais na Côrte do
Hentes
a beaeftca inflaeaàa da maslca, se
0
e cultura d'eete tram
lastltutos e
01111
'
••f
...
, I

~ ' . :


DA

a que Manoel absoluta


Jn na nova séde a 9 zação em
de Abril de 1872 e em 1881 foi dado ao COII,PI
Coaservatorio au mia de ensino e ad- Manoel.
ministração, rontin ndo, porém, annexa omeado
á Escola de BeiJas-Artes. do novo
Foi com a proclamação da Republica do o seu corpo docente,
e mercê dos esforços de Leopoldo Miguez a sua intallação, tornou-se l •I I

e do Sr. Rodrigues Barbosa, illustrado cultura de rito inco I,


critico musical, que o Conservatorio, de deficiencias e falhas. A
transformado em Instituto acionai de çao é liberal ·e tte o ensiao
·ca, pelo decreto de 12 de Janeiro de essencial arte, ·evitando
1890, se tomou um grande centro 'de çul- preconceitos e as · de
tura musical, de cujos benef não é tão iaes ao d
ücito duvidar. A iniciativa dessa ansfor-

tuaçio foi do sr. Rodrigues BarbOsa, que cutir as vantagens reaes do
se prevalecer do seu pre · · s ... n
to ao governo provisorio, na hora lhes dar
OB • er faceis e cu para pouco. 08
1aYir á , e pbte , depois de vido a
e ·trabalho, a • missão de el
turbam a
...... , •
do Pllldo, .. • ! I
f o

HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA .H ISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA


216 217

bilissima em favor da onra que ajudára acção por igual para o meio intellectual
a fundar, devemos citar Alberto Ne- torn'a'n do-se um centro fecundo de enst-·'

pomuceno, que por var1os ann·o s exer- ~almlento, desapaixonado e amplo, onde
ceu esse cargo, com1 o m·a ior desvelio e puldessemlos C·o,l her os melhores frutos.
os mais amorosos intuitos. Entre os seus Não se p·ó de li•mlitar a um~a escola de mu-
professores se contam' os nossos m1aestros sica, que •muito o restringe, mas deve ser
de maior nomeada, que procuram esfor- ampliado num orgão de cultura esthe-
çar-se para augtnentar o fulgor que cerca tica, para o que ~dispõe aliás .d·e poderosos
o estabelecim~e nto, .ás vezes prejudicado elemte nlos.
por acções indevidas. Comlo quer ~que seja, Alétn: 'd o 1 nstituto Nacional de Musi-
o Instituto é um elen1ento JJOderoso. JJara ca d,o Rio de Janeir.o, varios conservato-
a educação musical brasileira, embora a rios, quasi todos ·d e iniciativa particular,
sua funcçâo ·cultural be1111 pudesse ser têm se installado nos centros brasileiros,
~nais efficiente e decisiva. Cuida-se m1 u ito trabalhando todos com n1aior ou rnenor
de ensinar, formam-se nelle technicos de vitalidade para o desenvol\'imento da cul-
valor indiscutivel, mas deixa-se em segun- tura artistica 110 s ·rasil, não falando nas
d? plano.o cultivo esthetico, cuja influen- 'diversas sociedades musicaes que conta-
Cia devena ser sentida não só pelos alum~ mos e ~que com uma grande tenacidade
n?s, nlas por todos os que cultivam a ·mu- ' '
e dedicação, procuram incen n·ar t• 0 e tu
-
stca. Basta c't t ar o
f acto de 11ão~ haver ,. · .,.., · representando
do e ·O gosto jJela JuuSJCa, _
uma
_
cadeira
.
de 1 ·
11 t · ·
S ·orta da 'm us.ica e de muitas vezes sacrifícios e abnegaçoe~ os
e thetlca n1'Us· 1 . . . . . ntre os Con·
· Ica ' pa1 a a ~centuar sufftct-
entemente ess 1 onserva orlO
a acuna a que nos referi-
mos. O I nstit t 0 .
u deveria volver a sua 'Dramatico e Mu ical ile S. r~au 0
' un

, e•••1906, que é a éle
·tas escol musica do
áHifiado a prof illustres e o
cujo esforço se te111 affinnado
na ascensional que a exis
da desse estabelecimento de ensino e , como
cul No Conserva funccionam Oodofredo
dois : Curso

..tico e Curso em S. Paulo, a
Musical. O curso DratJJatico é dividido Chiafarelli de onde
quatro annos, e o Musical eJJI' doze cursos glorias do nosso ·
que ettl: Curso de Piano 8 Antonieta Rudge
lnnos. Curso de Canto, 6 annos. C de \ 'a . Pinto e o Sr. J
Violino, 9 annos. Curso de Viola, 4 annos. Depois de visto
Curso de Violoncello 7 annos. C cultivo sical no
Flauta, 6 annos. Cursa Oboé, 7 da R.
de Oarinetta, 6 annos. Curso de foi o in
Fágote, 6 annos. Curso de T 6 •• • •
patz, pel'IIH a
Curso de Pistoo, 6 annos. Curso ro de virtuosi1
de T 6 e Curso de li · estra
9 annos. tre os seus ·diploma-
~trant.se artistas de real merito.
llllda a citar o Conserva · da Ba- conserva
do e e do Sr. cied
reSes, de , de P.e. •
I
HISTORIA DA MUSICA
HJSTORlA DA 1u-IcA BRASILEIRA 221
2

criou-se um ambiente musical entre nós


muito mais fa,·oravel do 'IUe o existente • * *
para as artes plasticas por exemplo. Além
di so, o estudo de musica foi sempre um Não será muito grande talvez mas
pattimonio de todas as familias brasi- é seguro o que temos feito e d;
leiras, e a J lado das ~nrendas do ensino demos conta, em rapido escorso neste
feminino, o estudo e pi:~no tinha Jogar trabalho. ,É, porém
. bastante s~ificati-
marcado. Tudo isso fa\ oreceu esse cres-
7
\'0 . para nos antmar a uma mttior criação,
cente incenti\"O que e "iste pela musica no sobretudo quando sentimos forças viva
Brasil. 'o entretanto, ainda não temos • e fecundas para largas realizações. O que
u~a formação de cultura musical per- se deverá criar é ain~da um esforco for-
::t

fel~ e a edura ã : do t.o~so gosto não está mida\reJ, mas qualquer que elle seja não

ap~t~orado. H 1 a JJerlurbação do estran- desprezará o que fez o passado e. muito


g~msmo, que t um elemento de corrupção menos, a agitação moderna, buscando re-
digno de nota, e as preoccupacõ es infe- integrar a müsica nas origen da terra
cunda .. dé e~"': \J""s e ligai-a pela cultura ao espirito universal.
""''--V a ' aue queren1 ~ ~

t ran~-

qttiSfalaS. Mas através de t d


trav~es .' · o os os en-
., a musica no Brasil se liberta bus-
cando ha . '
~m~onizar as vózes da terra o
I

,
r)thmo crtador '
ra ar . -

oderno brasileiro.

INDICES

r
TABOA DOS NOMES PROPIUOS CITADOs

ALENCAR (José de) - 77, 82, 86, 88.


ALVES (Castro) 82.
AMBROZIO (Paulina d') - 166.
ANCiiiETA (José, padre)- 191, 191.
ANDRADE (Mario de) - 156.
ANDJ~ADE E SILVA (José Bonifacio) - 71.
• ARANHA (Graça) 85, 155.
ARAUJO (Damião Barbosa de) - 102
ARINOS (Affonso) 35, 128.
ASCHOFF (Mathilde de Albuquerque) - 166.
ASSIS (Machado de) - 124.
ASVELLOS (Januario) - 63.
AURIC (Oeorges) 150.
AYRES (Mathias) 71.
AZEVEDO (Antonio Araujo de) - 60.


HISTORIA DA MUSICA BRASILEIRA HJSTORIA DA MUSICA 8
226 RASIL!J~

8 CARVALHO (Delgado tfe) _


133
CARVALHO (Ronald de) _ .
185
BAHIA (Xisto) - 38, 42, lOJ. CASELLA (Alfredo) - 150. .
BACH (]. S.) - 70. CA YRO (Visconde de) _ Vide J0 sé
BALAKIREW (Mili) - l4S. CHABAULDT (Ch.) _ 120. da Silva Lisboa.
BALBI - 75, 201. CJ-IAVES (Paulino) - 135.
BARBOSA (Damião) - 38. CHAVES (Pimenta) - 38.
1)
BARBOSA (Domingos Caldas) 6 .... CH IAF ARELLI (Luiz) - 219.
BARBOSA (Rodrigues) - 45, 10, 94, 127, 133, 214. Cli IAFFITELLI (Francisco) - 209.
BARRETO (Francisco Muniz) 103. COCTEAU (Jean) 157.
BARRETO (José dos Santos) 102. COELHO NETTO (Henrique) - 89, 120.
BARRETO (Tobias) - 82. ,COL.K.S (Francisco Libanio) - 103.
BARROSO NETTO 105, 131. CORREA (José Bruno) 38.
BARTOK (Bela) 150. COSTA (Claudio Manoel da) - 37.
BAUDELAIRE (Charles) 167. COSTA (Eugenio) 38.
BEETHOVEN - 22, 158. CUJ (Cesar) 148.
BEKFORD - '38.
CUNHA (João da Cunha, padre) - 191.

BEVILACQUA (Alfredo) - 219.
BILAC (Olavo) - 130.
'BITTENCOURT SÃ (Joaquim Silverio de) 38. D
BORODINE - 148.
BRA,GA (Francisco) 105 128, 129, 130, 131, DEBI~ET' (João Baptista) - 60.
166. ' l)êNJ (Ferdinand) 26.
BRAGA (Tbeophilo) - 33. DEBUSSY (Ciaude) 147, 14 149 l7ti
DIAS (Gonçalves) ~2, 6.
DILLON (P·e dro) 61.
c .DONREPOS (Francisco) 21.
.CAi\1POS (Carlos de) - 134.
• DUHÃO (José de Santa Rita) - 71.
CARDih'\ (Fernão) 26 194
~ARDIM (Gomes) _ 21S. .
f
"'ARDOso (F ranciseo) - 38 42
103.
CARREIRA (jo,é Bruno) , 103,
CARVALHO (Carlos de) 166.. FACHINETTI (J) - 3
F ALLA (Manuel) 1S«l
-
1M. 176, 171.
~ OGalel) 38.
- 61.
- 166.
- 1
: .•
~ ~~··· t. --1M.
(CIIIr) 13:\ 162.
RJa) (Aatalllo) 103.
da
- 135, 218.

o
) - 48, 175.
) - 71.
OUNKA (Midael) 148.
-36.
-21
) 166.
Culoa) 3&, rr. 13, 14, as,
89, 00, 92, 121.
:fc*) 83.
) 166.
DI! ARAUJO OoloJ 134.
<J-Io) 134.
(Jelo ) -
--55.
-- 37.
BRAS)lEIRA
2 H

- · ..l •
-.. ~\E "EZES Card - 103..
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.... - \1\:i "' .. ,.E (FruQ~ro - lll.
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- 134.
- 166.
~
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36, 37, ~ 6'l
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238 HISTORJA DA MUSICA BRASILEIRA

se. A musicalidade do índio. O nosso


«folk-lore» musical. A .modinha. A
contribuição do negro. A musica na
colonia. A vinda de O. João VI. A
escola de Santa Cruz. José Mauricio e
os irmãos Portugal. A cidade dos pia-
nos. - Periodo de Francisco Manoel.
Criação do Conservatorio de Musica. ER
epoca de estagnação. O Instituto Na-
•• cional de Musica. Outros conservato-
rios e escolas musicaes. A floração
da cultura musical no Brasil. . . . . 181

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