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Visita de Estudo ao Museu Gulbenkian

Obra

Cima da Conegliano (c. 1459-1460/c. 1517-1518)

Sacra Conversazione ou Descanso na Fuga para o Egito


Veneza, c. 1496-1498
Têmpera e óleo (?) sobre madeira
A.53,9; L.71,6 cm

O tema da pintura remete para a cena do descanso na Fuga para o Egito – alusão assinalada, em segundo plano, pelo burro
selado, pastando –, embora os dois santos nos flancos laterais façam pensar simultaneamente na obra como uma Sagrada
Conversação. Além dos anjos e de São José, podemos ver à esquerda do núcleo central a figura de São João Baptista, enquanto
no extremo oposto Santa Lúcia de Siracusa segura na mão uma lâmpada, um dos seus atributos característicos, referência à luz
divina e à sabedoria.

No eixo da composição, plena de simetria e equilíbrio, ergue-se a árvore, símbolo da vida na tradição cristã. A paisagem,
simultaneamente real e imaginária, uma reação emocional à luz, à maneira de Giovanni Bellini, incorpora igualmente a
evocação virgiliana do mundo antigo, fonte inspiradora da paisagem idílica.

http://museu.gulbenkian.pt/Museu/pt/Colecao/Pintura/Obra?a=19
Círculo de Dierick Bouts (c. 1410-1475)

Anunciação
Flandres, c. 1480-1490
Têmpera e óleo (?) sobre madeira transpostos para tela
A. 27,3 cm; L. 34,4 cm

A pintura, transferida para tela em 1889, conheceu no passado diversas atribuições, encontrando-se Rogier van der Weyden,
Hugo van der Goes e o Mestre do Encarceramento de Munique, entre os nomes sugeridos. Acredita-se, hoje, que a obra foi
executada por um pintor próximo do círculo de Dierick Bouts.

A conceção espacial da obra, organizada através de uma construção trapezoidal, permite estabelecer entre todos os elementos da
composição uma estreita ligação. Pode afirmar-se, assim, que o significado da pintura se revela a partir da interpretação das
relações emergentes do seu conteúdo simbólico. A ordem do visível remete o observador para o domínio da espiritualidade – a
luz que anuncia o Salvador, a pomba que assinala a presença do Espírito Santo, a “cruz” que prenuncia a Paixão -, preocupação
que corresponde à finalidade essencial de toda a pintura religiosa. A paisagem, ainda que povoada de detalhes realistas à
maneira flamenga, obedece, também ela, a uma estética fundamentada na esfera do sagrado: é para a árvore da vida que
convergem numerosas linhas de fuga e é no muro do jardim, alusão ao Paraíso, que o pavão, símbolo da vida eterna, aparece
posicionado.

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