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RESUMO
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa de Iniciação Científica propõe a investigação da aplicabilidade das
Histórias em Quadrinhos (HQs) como ferramenta para o ensino de Língua Inglesa na
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Propõe-se nesse projeto uma descrição do gênero
HQs assentada na necessidade de investigação que contemplam os benefícios do uso
desse gênero na sala de aula para uma modalidade de ensino carente de métodos que
atinjam a realidade e interesse dos alunos no processo de aprendizagem.
O que se tem evidenciado nesse trabalho é a dificuldade no estabelecimento de
fronteiras entre a realidade dos alunos da EJA com a forma de abordagem dos tópicos
gramaticais da aula de Língua Inglesa. Desse modo, cria-se a oportunidade para a busca
de uma maneira mais dinâmica e ilustrativa de lecionar os tópicos em questão de forma
que abra caminhos para a reflexão sobre os usos da língua. E é nesse panorama que o
presente projeto se define, tendo como foco de pesquisa investigar as HQs como um
gênero provedor do evento comunicativo no qual engloba as ações cognitivas, sociais e
linguísticas, e não apenas a representação de palavras. (BEAUGRANDE, 1997, p.10
apud Elias, 2005).
Entretanto, neste estudo, busca-se alcançar os objetivos propostos pelos PCNs (2000),
como “desenvolver a possibilidade de compreender e expressar, oralmente e por escrito
opiniões, valores, sentimentos e informações”, “Comparar suas experiências de vida
com as de outros povos”, “Vivenciar uma experiência de comunicação humana no que
se refere a novas maneiras de se expressar e de ver o mundo, refletindo sobre os
costumes e possibilitando maior entendimento de seu próprio papel como cidadão do
país e do mundo em que vive”.
Com base nos princípios e pressupostos citados acima, a utilização das HQs na sala de
aula para a EJA justifica-se por expressam uma história, informação e/ou ação que
conjugado com imagens aborda diversos gêneros, o que facilitará a compreensão das
particularidades da Língua Inglesa estimulando a quebra de paradigmas no que se refere
à cultura e aprendizagem da língua.
Para tanto, fixaram-se os seguintes objetivos específicos:
1. Pesquisar a história e a evolução das histórias em quadrinhos no Brasil e no
mundo fazendo uma análise das HQs como gênero textual, abordando as suas
diferentes formas de leitura;
2. Em contraponto, examinar a situação do ensino de Língua Inglesa na EJA, tendo
como base os grandes teóricos da educação.
3. Apresentar um modelo exemplificando o uso efetivo das HQs, tendo como
ferramenta as tiras da Turma da Mônica, numa aula regular da EJA.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As HQ tornaram-se uma forma de comunicação de massa há mais de 70 anos. Nasceram
no final do século XIX, e segundo Cirne (1977, p. 71), simultaneamente na França e nos
Estados Unidos, lugar onde receberam o nome de Comics, o que significa humor,
cômico, ainda nos dias de hoje, mesmo quando não há humor nas tiras, elas ainda
recebem o nome de comic strips, e por sua vez as revistas em quadrinhos são chamadas
de comic books (Iannone, 1994).
As HQs foram pela primeira vez consideradas como gênero literário pelo americano
Richard F. Outcault que publicava suas histórias numa coluna de jornal. Richard inovou
ao expor os diálogos de seus personagens em balões, utilizando da sequencia de
imagens como forma de narrar a historia (Feijó, 1997). Alguns consideram a
denominada The Yellow Kid como a primeira história em quadrinhos.
Em 1905, surge nos Estados Unidos a série Little Nemo in Slumberland, de Winsor
MacCay, que também continha os elementos que caracterizam as HQs no que se refere
a recursos estilísticos, para Cirne (1977) é o primeiro grande marco das HQs.
Assim como na literatura, em determinados quadrinhos há expressões ideológicas, e
Cirne (1977, p.72) afirma que certos quadrinhos atendem às necessidades da política
direitista, de forma que em HQs como Tio Patinhas, Mickey, Super-Homem, Batman e
Homem de Ferro, ocorram a representação social e cultural dessa classe política.
Nos anos 50, surge o quadrinho que marcou o inicio da era intelectual das HQ, Peanuts,
de Charles M. Schulz. Além de Schulz, Will Eisner cria sua maior obra, Spirit. Surgia
então uma narrativa extremamente visual marcada por rupturas e elipses, no qual
utilizava de recursos como balões, onomatopéias e legendas produzindo metalinguagem
e materializando a narrativa como um filme, que por sinal passou a ter uma relação
muito significativa quando no cinema a adaptação de quadrinhos de Will Eisner foi feita
por Fritz Lang e Orson Welles.
No Brasil, a primeira tradução de uma HQ foi feita por Olavo Bilac, para Max und
Moritz (1865) de Wilhelm Busch, que ficou conhecida como Juca e Chico.
Em 1934 surge o Suplemento Infantil que fazia parte do jornal carioca. A Nação,
porém com o seu sucesso, logo se tornou independente sendo denominada de
Suplemento Juvenil. Na revista eram publicadas as histórias de Tarzan e Flash Gordo,
para Moya (1993, p. 104) a revista influenciou “de forma impressionante, nas décadas
seguintes, o jornalismo, o radio, as revistas, os livros, as editoras, o cinema, a cultura
brasileira e, principalmente, todas as gerações futuras”. Na mesma década, o jornal O
Globo, lançou o jornal infantil chamada Gibi, que trazia diversas historinhas
estrangeiras.
MÉTODO
A proposta institui como objeto de exame as tirinhas da Turma da Mônica em inglês
(Monica´s gang), para ilustrar de forma dinâmica a aplicabilidade da língua inglesa e
assim torná-la mais próxima da realidade dos alunos da EJA.
A partir do estudo e discussão das referidas obras, desenvolveram as seguintes etapas de
pesquisa e análise:
a) Breve estudo sobre a história das HQs e síntese dos momentos mais importantes
desde o seu surgimento até os dias de hoje.
b) Estudo dos gêneros textuais, das HQs como gênero textual e as suas
particularidades no momento da leitura.
c) Estudo do ensino de língua inglesa na EJA e síntese de como utilizar HQs como
instrumento de ensino, e assim colocar em prática o que está previsto nos PCNs
de língua estrangeira para essa modalidade de ensino.
d) Breve pesquisa sobre a Turma da Mônica e seu autor Maurício de Souza.
e) Estudo da aplicabilidade das tirinhas da Turma da Mônica numa aula regular da
EJA, demonstrando com um exemplo de sua utilização em sala de aula,
baseando-se nas teorias educacionais, e nas teorias sobre HQ que foram
mencionadas no tópico anterior.
Durante a pesquisa, a Turma da Mônica foi escolhida por ser uma obra nacional e muito
conhecida por faixa-etária e classes sociais distintas, trazendo temas gerais que
impossibilitaria a primeira barreira muito comum no perfil dos alunos da EJA, que é o
medo de não compreender o que lhe é apresentado como algo novo.
Em tal direção, houve uma pesquisa a cerca dos teóricos das HQs como gênero textual e
como instrumento de ensino, além dos estudos das diversas teorias educacionais que se
aplicam ao perfil dos alunos da EJA.
No final da pesquisa, foi abordado um tópico de ensino comum em diversas etapas dos
ciclos escolares da EJA, e de extrema importância para iniciar o estudo da língua
inglesa, para demonstrar como usar alguns exemplos de tirinhas da Turma da Mônica
para facilitar a imersão dos alunos na língua Inglesa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o objetivo dessa pesquisa, será adotada a linha teórica, na qual segundo Ramos
(2009) “vê os quadrinhos como um grande rótulo que agrega vários gêneros que
compartilham uma mesma linguagem”.
Para Mendonça (2005, p. 196), as HQs são utilizadas como um recuso didático-
pedagógico por ser um facilitador da aprendizagem. Isso se refere ao papel dos
desenhos e ilustrações que concretizam a sequência de ações a serem executadas pelo
leitor, já que exerce um forte apelo visual e atinge largas parcelas populacionais, com
diferentes graus de letramento.
Porém, apesar da sua crescente popularidade, ainda são vistas de forma pejorativa, já
que seu gênero textual é considerado autônomo devido às suas características próprias.
Barbieri (apud Ramos, 2009) defende a ideia de que várias formas de linguagem são
interconectadas, ou seja, não são separadas, “o autor usa uma metáfora para explicar seu
ponto de vista. A linguagem seria como um grande ecossistema, cheio de pequenos
nichos distintos uns dos outros (que chamou de ambientes). Cada nicho (ou ambiente)
teria características próprias, o que garantiria autonomia em relação aos demais”,
porém, isso não quer dizer que não possam compartilhar características comuns.
A imagem que acompanha o texto narrativo de uma HQ se dá num quadro, que é como
uma representação estática de uma determinada cena, lá contém personagens
interagindo num espaço e tempo.
Eisner (1989) define as cenas nas HQs como “um quadro que contém determinada
cena”, e Paulo Ramos (2009) a compara com uma fotografia que “registra no espaço da
foto um fragmento de momento observado” e completa afirmando que eventualmente
sugere movimento mesmo que “congelando” determinado instante. Essas imagens
fragmentas, comparando-as entre si permitem a condução narrativa, com o auxilio de
frases, textos, figuras de linguagem, pontuação e as imagens.
De acordo com Vergueiro (2006), antes da aceitação das HQs no Brasil, a Europa foi a
primeira a despertar-se e reconhecer as HQs como mais um gênero cultural, já aqui no
Brasil, com o intuito de disseminar os clássicos da literatura, nos anos 50 foram
lançadas adaptações das obras de Dickens, Shakespeare e outros. Desde então as
criações de novas HQs foram bem vistas e disseminadas em jornais, revistas e
adaptações para desenhos animados.
Devido à grande popularidade das HQs nos meios de comunicação, a introdução desse
gênero na sala de aula como ferramenta de ensino, fará parte da construção do
conhecimento de mundo dos alunos, e para a realização desse trabalho, será utilizado a
Turma da Mônica como ferramenta já que é uma produção nacional e conhecida por
públicos de diversas idades e contextos sociais.
No ensino da língua estrangeira devemos privilegiar todo o leque que torna viável a
comunicação na língua em questão, promovendo a interação com uma comunicação
básica seja em textos escritos, diálogos ou em situações do cotidiano, ajudará o aluno a
compreender e reconhecer seus sentidos e usos, levando em conta a diversidade de
gênero e influências contextuais. Para tanto, a utilização das HQs se dá como
instrumento ilustrativo da aplicabilidade da língua ensinada.
Logo em seguida fazer um debate similar ao primeiro, porém mais breve, e então
solicitar que criem em grupo, dupla ou individual um texto diferente do que está no
balão usando o verb to be.
Percebe-se que as HQs auxiliam para ilustrar como é aplicada a gramática da Língua
Inglesa no uso cotidiano, deixando as aulas mais dinâmicas, motivando a participação
de todos sem privilegiar uma faixa etária especifica e nem expor o aluno à algo
totalmente desconhecido e distante da sua realidade.
CONCLUSÃO
Ao longo desta pesquisa, buscou-se apresentar os aspectos mais relevantes que devem
ser considerados ao utilizar as Histórias em Quadrinhos como ferramenta de ensino da
Língua Inglesa para a Educação de Jovens e Adultos.
Analisou-se, na pesquisa, as particularidades das HQs como um gênero autônomo, e de
que forma o seu uso poderá alcançar as premissas descritas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais referentes à língua estrangeira na EJA.
No levantamento e análise, verificou-se que há dificuldades em transmitir a Língua
Inglesa para o aluno da EJA, devido à fronteira que o separa do uso efetivo da língua e a
sua realidade de cotidiano, o que resulta no medo de aprender a nova língua, tão
diferente e distante do seu dia-a-dia, e consequentemente aumentando o sentimento de
opressão diante de um mundo que exige cada vez mais o domínio de uma segunda
língua.
As particularidades do gênero HQs foram utilizadas como parâmetro para explicar de
que forma poderia ocorrer o estreitamento da fronteira entre o aluno da EJA e a Língua
Inglesa.
Verificou-se ainda que, a utilização do quadrinho nacional Turma da Mônica, ajudaria a
demonstrar aos alunos o uso da língua e cultura estrangeira, por intermédio de uma
literatura popular, abrangente a diferentes gerações e de fácil acesso.
REFERÊNCIAS
BEAUGRANDE, Robert de. New Foundations for a Science of Text and Discourse.
Norwood: Ablex, 1997.