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Noções gerais sobre células, imunidade,

tecidos e órgãos - sistemas osteo-articular e


muscular

Código IEFP: 6565

Autor(a): Ana Teixeira


ÍNDICE
DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................................................... 3

a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas.......................................................................................... 3

2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO ................................................................................................. 5

a. Barreiras naturais .................................................................................................................................. 5

b. Fisiologia celular e humoral ................................................................................................................... 6

c. Imunidade natural ................................................................................................................................. 7

d. Imunidade Adquirida ............................................................................................................................. 9

3. SISTEMAS OSTEOARTICULAR E MUSCULAR ............................................................................................ 11

a. Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e músculos ............................ 11

b. Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros .................................................. 15

c. Função e estabilidade da coluna vertebral.......................................................................................... 16

d. Osteoporose, fracturas, luxações, principais doenças reumatismais, tumores ósseos - conceitos;


noções básicas sobre manifestações clínicas; implicações para os cuidados de saúde ............................. 16

e. Alterações osteoarticulares e musculares decorrentes do processo de envelhecimento e da


mobilidade - implicações para os cuidados ao utente ................................................................................ 19

4. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO ÂMBITO DE INTERVENÇÃO DO/A


TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE...................................................................................................................... 24

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão
directa .......................................................................................................................................................... 24

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a... 24

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................. 24

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DESENVOLVIMENTO

1. OS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO: CONCEITOS E


FUNÇÕES

a. Célula, tecido, órgão, aparelho ou sistemas

 Célula

A célula é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos, sendo que estes
podem ser constituídos por uma ou mais células.

São elas que realizam todas as funções fundamentais dos seres vivos, como por exemplo,
reprodução, crescimento, alimentação, movimentação, reacção a estímulos externos e respiração
(consumo do oxigénio com produção de dióxido de carbono). Sendo assim, a célula é a menor
parte de um ser vivo capaz de desenvolver-se e reproduzir, ou seja, a menor parte de um ser vivo
onde reconhecemos as propriedades básicas da vida.

 Tecido

Tecidos são conjuntos de células que actuam de maneira integrada, desempenhando


determinadas funções. Alguns tecidos são formados por células que possuem a mesma estrutura;
outros são formados por células que têm diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram
na realização de uma função geral maior.

Os tecidos animais podem ser classificados em quatro tipos principais:

o Tecidos epiteliais;

o Tecidos conjuntivos;

o Tecidos musculares;

o Tecido nervoso;

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 Aparelho ou sistema

Na biologia, um sistema ou sistema orgânico é um grupo de órgãos que juntos


executam determinada tarefa. Alguns sistemas comuns, como aqueles presentes em mamíferos e
outros animais, e vistos na anatomia humana, são aqueles como o sistema circulatório, o sistema
respiratório, o sistema nervoso, sistema reprodutor. Um grupo de sistemas compõe um
organismo, por exemplo o corpo humano.

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2. NOÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNITÁRIO

a. Barreiras naturais

Existe uma série de barreiras protectoras no corpo humano que servem para impedir ou
dificultar a entrada dos microorganismos patogénicos no mesmo. No entanto, se algum deles
conseguir vencer essas barreiras, deparar-se-á com vários mecanismos de defesa desencadeados
pelo sistema imunitário, com o objectivo de destruí-los ou desactivá-los.

Em primeiro lugar, a própria pele que reveste todo o corpo constitui uma barreira
inultrapassável para muitos agentes infecciosos. Para além disso, como se encontra revestida por
uma camada Lipídica ligeiramente ácida, proveniente das secreções das glândulas cutâneas, com
propriedades anti-sépticas, cria um meio desfavorável para o desenvolvimento de inúmeros
microorganismos na superfície do corpo. Embora exista uma flora cutânea permanente, esta
encontra-se formada por microorganismos saprófitas, ou seja, que vivem às custas do organismo,
mas não o danificam. Por outro lado, como a sua presença dificulta o desenvolvimento de
microorganismos patogénicos, ou seja, prejudiciais, podem ser considerados benéficos.

As vias respiratórias são igualmente constituídas por um específico sistema protector, na


medida em que se encontram revestidas interiormente por urna camada mucosa, na qual a
maioria dos microorganismos que penetram com o ar inspirado fica presa.

Para além de ser constituído por substâncias antimicrobianas, este muco é constantemente
arrastado em direcção ao exterior pelo movimento de reduzidos cílios das células que revestem a
superfície das vias respiratórias.

Os microorganismos que penetram pela via digestiva também têm que enfrentar várias
barreiras protectoras. O primeiro obstáculo corresponde à acidez do suco gástrico, que é capar de
destruir inúmeros tipos de microorganismos que chegam ao estômago. As secreções de outras
partes do tubo digestivo criam igualmente um meio hostil para muitos microorganismos. Por
último, existe a flora bacteriana intestinal, composta por microorganismos saprófitas inofensivos,
que travam a proliferação de outros considerados perigosos.
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b. Fisiologia celular e humoral

Quando um antigénio entra num organismo e chega a um órgão linfóide, vai estimular os
linfócitos B que possuem na membrana receptores específicos para esse antigénio. Como
resposta, os linfócitos B dividem-se e formam células que sofrem diferenciação, originando
plasmócitos e células – memória. Os plasmócitos têm um retículo endoplasmático desenvolvido e
produzem anticorpos específicos para cada antigénio. Os anticorpos são posteriormente lançados
no sangue ou na linfa e vão circular até ao local de infecção (fig.10).

Fig.10 – Resposta imunitária humoral

As células-memória ficam inactivas, mas prontas a responder rapidamente, caso venha a


acontecer um posterior contacto com o antigénio.

Os anticorpos actuam de três formas distintas:

• Os anticorpos ligam-se a toxinas bacterianas e levam à sua posterior neutralização. As


toxinas livres podem reagir com os receptores das células hospedeiras enquanto o mesmo
não acontece com o complexo anticorpo-toxina.
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• Os anticorpos também neutralizam completamente partículas virais e células bacterianas
através da sua ligação às mesmas. O complexo anticorpo-antigénio é ingerido e degradado
por macrófagos.

• A activação do sistema complemento no âmbito da defesa específica, é feita através do


revestimento de uma célula bacteriana por anticorpos. Os anticorpos fixos formam
receptores para a primeira proteína do sistema complemento o que leva ao
desencadeamento de uma sequência de reacções que conduz à formação de poros e à
destruição da célula.

c. Imunidade natural

Os agentes patogénicos são impedidos de entrar no organismo pelos mecanismos de


defesa não específica, também designados por imunidade inata ou natural, ou são destruídos
quando conseguem penetrar. Estes mecanismos desempenham uma acção geral contra corpos
estranhos, independentemente da sua natureza, e exprimem-se sempre da mesma forma.

Os mecanismos de defesa não específica que impedem a entrada dos agentes patogénicos
são as barreiras anatómicas (pele, mucosas e pêlos das narinas), as secreções (produzidas pelas
glândulas sebáceas, sudoríparas, salivares e lacrimais) e as enzimas (existentes no suco
gástrico).Os mecanismos de defesa não específica que actuam sobre os agentes patogénicos que
conseguiram transpor as barreiras externas são a reacção inflamatória, a fagocitose, o interferão e
o sistema complemento.

 Reação inflamatória

No local onde os agentes patogénicos conseguem penetrar no organismo vai produzir-se


uma reacção inflamatória traduzida por uma sequência de acontecimentos que visam neutralizar
ou destruir esses agentes.

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No tecido lesionado, alguns tipos de células como os mastócitos e os basófilos produzem
histaminas e outras substâncias. Estes sinalizadores químicos, para além de funcionarem como
atracção de neutrófilos e outros leucócitos para a área danificada - quimiotaxia, provocam a
dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos mesmos.

Como consequência, vai aumentar o fluxo sanguíneo, responsável pelo calor e rubor local,
e a quantidade de fluido intersticial, originando um edema. A dor, normalmente associada, é
devida à distensão dos tecidos e à acção de várias substâncias nas terminações nervosas.

Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, os neutrófilos e os
monócitos começam a atravessar as paredes dos capilares – diapedese e a passar para os tecidos
infectados. Os monócitos transformam-se então em macrófagos.

 Fagocitose

Os macrófagos que já existiam nos tecidos que foram invadidos multiplicam-se e tornam-se
móveis. Estas células, os macrófagos resultantes da diferenciação dos monócitos e os já existentes
nos tecidos que são infectados, fagocitam os corpos estranhos e destroem-nos em vacúolos
digestivos por acção de enzimas hidrolíticas – fagocitose.

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 Interferão

Os interferões são proteínas produzidas por certas células quando atacadas por vírus ou
por parasitas intracelulares. Estas proteínas não apresentam especificidade pois podem inibir a
replicação de diversos vírus.

Os interferões difundem-se, entram na circulação e ligam-se à membrana citoplasmática


de outras células, induzindo-as a produzir proteínas antivirais que inibem a replicação desses vírus.
O interferão não é uma proteína antivírica mas induz a célula a produzir moléculas proteicas
antivirais.

 Sistema complemento

Este sistema é constituído por cerca de 25 proteínas no


estado inactivo que se encontram em maior concentração no
plasma sanguíneo e também nas membranas celulares. No
âmbito da defesa inespecífica, estas proteínas servem para facilitar
a fagocitose de agentes estranhos ou para perfurar as paredes
celulares das bactérias conduzindo à sua lise.O sistema
complemento também actua como mecanismo de defesa específica
para complementar a actividade dos anticorpos na destruição das
bactérias.

d. Imunidade Adquirida

A resposta imunitária específica subdivide-se em três funções: o reconhecimento do agente


invasor como corpo estranho, a reacção do sistema imunitário que prepara agentes específicos
que intervêm no processo e a acção desses agentes que neutralizam e destroem os corpos
estranhos.

A imunidade específica refere-se então à protecção que existe num organismo hospedeiro
quando este sofreu previamente exposição a determinados agentes patogénicos e pode ser
mediada por anticorpos (imunidade humoral) ou mediada por células (imunidade celular).
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 Imunidade mediada por células

Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigénios que se ligam a


marcadores da superfície de certas células imunitárias. Se uma bactéria for fagocitada por um
macrófago, os fragmentos resultantes da fagocitose ligam-se a certos marcadores superficiais
desse macrófago que os exibe e apresenta aos linfócitos T. A exposição e ligação de linfócitos T
com o antigénio específico estimula a sua proliferação.

Existem diferentes tipos de linfócitos "T" que desempenham funções específicas:

o Linfócitos T auxiliares (TH de helper) – estes linfócitos reconhecem


antigénios específicos ligados a marcadores e segregam mensageiros
químicos que estimulam a actividade de células como os fagócitos, os
linfócitos B e outros linfócitos T.

o Linfócitos T citolíticos (citotóxicos – TC) - estes linfócitos reconhecem e


destroem células infectadas ou células cancerosas (vigilância imunitária,
neste caso). Quando estão activos, migram para o local de infecção ou para
o timo e segregam substâncias tóxicas que matam as células anormais.

o Linfócitos T supressores (TS) - estes linfócitos, através de mensageiros


químicos, ajudam a moderar ou a suprimir a resposta imunitária quando a
infecção já está controlada.

o Linfócitos T memória (TM) - estes linfócitos vivem num estado inactivo


durante muito tempo, mas respondem de imediato aquando de um
posterior contacto com o mesmo antigénio.

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3. SISTEMAS OSTEOARTICULAR E MUSCULAR

a. Noções gerais sobre estrutura e classificação dos ossos, articulações e


músculos

 Ossos

O sistema esquelético é composto por ossos e cartilagens. Os ossos são órgãos


esbranquiçados, muito duros, que unidos uns aos outros, por intermédio de articulações
constituem o esqueleto.

O osso é formado por vários tecidos diferentes: tecido ósseo, cartilaginoso, conjuntivo
denso, epitelial, adiposo, nervoso e vários tecidos formadores de sangue.

Quanto à irrigação do osso, existem vasos sanguíneos maiores e outros menores, no


entanto, o tecido ósseo não apresenta vasos linfáticos, apenas o tecido periósteo tem drenagem
linfática.

Por outro lado, como falado anteriormente, existem umas partes do esqueleto
denominadas de cartilagem que têm uma forma elástica de tecido conectivo semi-rígido que
forma partes do esqueleto onde há movimento. A cartilagem não possui suprimento sanguíneo
próprio e obtêm oxigénio e nutrientes através de difusão.

Relativamente à classificação dos ossos:

 Ossos longos: Tem o comprimento maior que a largura e são constituídos por um
corpo e duas extremidades. Eles são um pouco encurvados, o que lhes garante
maior resistência. O osso um pouco encurvado absorve o stress mecânico do peso
do corpo em vários pontos. Os ossos longos têm as diáfises formadas por tecido
ósseo compacto e apresentam grande quantidade de tecido ósseo esponjoso nas
epífises. Exemplo: Fémur.

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 Ossos curtos: são semelhantes a um cubo, tendo o comprimento praticamente
iguais às suas larguras. Eles são compostos por osso esponjoso, excepto na
superfície, onde há uma fina camada de ósseo compacto. Exemplo: osso do carpo

 Ossos laminares: São ossos finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido
ósseo compacto, com uma camada de osso esponjoso entre elas. Os ossos planos
garantem proteção e geram grandes áreas para inserção de músculos. Exemplo:
osso parietal e frontal.

 Ossos alongados: são ossos longos, porém achatados e não apresentam canal
central. Exemplo: costelas.

 Ossos pneumáticos: são ossos ocos, com cavidades cheias de ar e revestidos por
mucosa, apresentando um pequeno peso em relação ao seu volume.

 Ossos irregulares: apresentam formas complexas e não podem ser agrupados em


nenhuma das categorias já referidas. Têm quantidades variáveis de osso esponjoso
e osso compacto. Exemplo: vértebras.

 Ossos sesamóides: estão presentes no interior de alguns tendões em que há


considerável fricção, tensão e stress físico, como as palmas e plantas. Eles podem
variar de tamanho, número, de pessoa para pessoa e não são sempre
completamente ossificados.

 Ossos suturais: são pequenos ossos localizados dentro de articulações, chamadas de


suturas, entre alguns ossos do crânio. O seu número varia muito de pessoa para
pessoa.

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o Estrutura dos ossos longos:

o A disposição dos tecidos ósseos compactos e esponjoso num osso


longo é responsável pela sua resistência. Os ossos longos contêm
locais de crescimento e remodelação, e estruturas associadas às
articulações. As partes de um osso longo são as seguintes:

 Diáfise: é a haste longa do osso. Ele é constituído


principalmente de tecido ósseo compacto,
proporcionando resistência ao osso longo.

 Epífise: as extremidades alargadas de um osso


longo. A Epífise de um osso articula ou une este
com um segundo osso com uma articulação. Cada epífise consiste de uma fina
camada de osso compacto que reveste o osso esponjoso.

 Metáfise: parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise.

 Músculos

Os músculos são estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela
sua contração são capazes de transmitir-lhe movimento. O movimento é efectuado por fibras, as
fibras musculares, controladas pelo sistema nervoso. Um músculo vivo apresenta cor vermelha e
representam cerca de 40-50% do peso corporal.

Relativamente à classificação, estes podem ser classificados segundo a situação, a forma e


à função.

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 Quanto à situação

o Superficiais ou cutâneos: estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma


das inserções na camada profunda da derme.

o Profundos: são músculos que não apresentam inserções na camada profunda da


derme, na maioria das vezes inserem-se nos ossos.

 Quanto à forma

o Longos: são encontrados maioritariamente nos membros. Os mais superficiais são


mais longos, passando por duas ou ais articulações.

o Curtos: encontram-se nas articulações cujos movimentos têm mais amplitude.

o Largos: caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das
grandes cavidades.

 Quanto à função

o Agonistas: são os músculos principais que activam um movimento específico do


corpo. Contraem-se activamente para produzir um movimento desejado.

o Antagonistas: músculos que se opõem à acção dos agonistas. Quando um agonista


contrai, o antagonista descontrai.

o Sinergistas: participam estabilizando as articulações para que não ocorram


movimentos indesejáveis.

o Fixadores: estabilizam a origem do agonista de modo a que ele possa agir mais
eficazmente.

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Quanto à estrutura os músculos classificam-se da seguinte forma:

 Músculos estriados esqueléticos: contraem-se por nossa vontade, isto é, são voluntários.
O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque ao microscópio verificam-se
faixas estriadas alternadas, de cor clara e escura.

 Músculos lisos: Localizado nos vasos sanguíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da
cavidade abdomino-pélvica. A acção involuntária é controlada pelo sistema nervoso
autónomo.

 Músculo estriado cardíaco: representa a arquitectura cardíaca. É um músculo estriado,


involuntário – com auto ritmicidade.

b. Biofísica da locomoção e dos principais movimentos dos membros

 Locomoção

o Flexão: curvatura ou diminuição do ângulo entre os ossos ou partes do corpo

o Extensão: endireitar ou aumentar o ângulo entre os ossos ou partes do


corpo.

 Movimentos

o Adução: movimento na direção do plano mediano num plano coronal

o Abdução: afastar-se do plano mediano no plano coronal

o Rotação medial: traz a face anterior de um membro para mais perto do


plano mediano

o Rotação lateral: leva a face anterior para longe do plano mediano

o Pronação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio medialmente em


torno do eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha
posteriormente no ombro

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o Supinação: movimento do antebraço e mão que gira o rádio lateralmente
em torno do seu eixo longitudinal de modo que a palma da mão olha
anteriormente no ombro

c. Função e estabilidade da coluna vertebral

A coluna vertebral é responsável por dois quintos do peso corporal total e é composta por
tecido conjuntivo e por uma série de ossos, chamados vértebras. A coluna vertebral é constituída
por 24 vértebras

As funções da coluna vertebral são:

 Protege a medula espinhal e os nervos espinhais

 Suporta o peso do corpo

 Fornece um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo

 Exerce um papel importante na postura e locomoção

 Serve de ponto de fixação para as costelas, a cintura pélvica e os músculos do dorso

 Proporciona flexibilidade para o corpo, podendo flectir-se para a frente, para trás,
para os lados e ainda girar sobre o seu eixo.

d. Osteoporose, fracturas, luxações, principais doenças reumatismais, tumores ósseos -


conceitos; noções básicas sobre manifestações clínicas; implicações para os cuidados de
saúde
 Osteoporose

A osteoporose é uma doença óssea sistémica, (i.e. generalizada a todo o esqueleto), que
por si só não causa sintomas, caracterizada por uma densidade mineral óssea (DMO) diminuída e
alterações da microarquitectura e da resistência ósseas que causam aumento da fragilidade óssea
e, consequentemente, aumento do risco de fracturas.

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Se não for prevenida precocemente, ou se não for tratada, a perda de massa óssea vai
aumentando progressivamente, de forma assintomática, sem manifestações, até à ocorrência de
uma fractura.

O que caracteriza as fracturas osteoporóticas é ocorrerem com um traumatismo mínimo,


que não provocaria fractura dum osso normal. Também se chamam, por isso, fracturas de
fragilidade.

Habitualmente não ocorrem sintomas clínicos de osteoporose antes da ocorrência de uma


fractura. A osteoporose é considerada uma doença assintomática. De facto, durante a progressão
da doença, os ossos tornam-se progressivamente mais frágeis sem que os indivíduos afectados o
percebam.

 Fracturas e luxações

Ao nível osteoarticular, as fracturas são o principal problema e é fundamental que em caso


de suspeita o membro deve ser imediatamente imobilizado. Os sinais e sintomas mais frequentes
são: dor intensa no local, edema, diminuição da força no membro afectado, perda total ou parcial
dos movimentos e encurtamento ou deformação do membro lesionado.

As fracturas podem ser consideradas segundo o seu tipo em fracturas expostas e fracturas
não expostas.

Numa fractura exposta há fractura do osso sem que haja lesão (corte) da pele mas podem
existir tecidos lesionados debaixo da pele, ao contrário na fractura não exposta há fractura do
osso com lesão com corte da pele, sendo que o osso fracturado pode sair pela pele, provocando
contaminação com possibilidade de infeção.

Uma luxação é outra lesão considerada entre as lesões articulares, musculares e ósseas e
que consiste na perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos que
formam a articulação. Os sinais e sintomas mais frequentes são a dor violenta, incapacidade
funcional, deformação e edema.

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 Tumores ósseos

Os tumores ósseos são produzidos pelo crescimento de células anormais nos ossos.

Podem ser não cancerosos (benignos) ou cancerosos (malignos). Os tumores ósseos não
cancerosos são relativamente frequentes, enquanto os cancerosos são pouco frequentes. Além
disso, os tumores ósseos podem ser primários (tumores cancerosos ou não cancerosos que têm
origem no próprio osso) ou metastáticos, quer dizer, cancros originados noutro ponto do
organismo (por exemplo, nas mamas ou na próstata) e que depois se propagam ao osso.

Nas crianças, a maior parte dos tumores ósseos cancerosos são primários; nos adultos, a
maioria são metastáticos. A dor dos ossos é o sintoma mais frequente de tumores ósseos. Além
disso, é possível notar uma massa ou tumefacção. Por vezes, o tumor (especialmente se for
canceroso) enfraquece o osso, pelo que este se fractura com pouca ou nenhuma sobrecarga
(fractura patológica). Devem-se fazer radiografias das articulações ou de qualquer membro que
cause dor persistente.

Contudo, os raios X só mostram uma zona anormal, mas não indicam de que tipo de tumor
se trata. A tomografia axial computadorizada (TAC) e a ressonância magnética (RM) são úteis para
determinar a localização exacta e o tamanho do tumor. Contudo, não costumam fornecer um
diagnóstico específico.

A extracção de uma amostra do tumor para exame microscópico (biopsia) é necessária


para estabelecer o diagnóstico na maioria dos casos. Em alguns tumores, pode obter-se a amostra
extraindo algumas células com uma agulha (biopsia por aspiração). Não obstante, pode ser
necessário um procedimento cirúrgico (biopsia aberta) para obter uma amostra adequada para o
diagnóstico. O tratamento imediato (que consiste numa combinação de medicamentos, cirurgia e
radioterapia) é de grande importância no caso de tumores cancerosos.

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e. Alterações osteoarticulares e musculares decorrentes do processo de
envelhecimento e da mobilidade - implicações para os cuidados ao utente
Quando determinadas alterações osteoarticulares e musculares resultam do processo de
envelhecimento e que levam a alterações da mobilidade é necessário um planeamento de
cuidados adequado ao caso em questão. Na alteração da mobilidade, existem duas situações que
implicam cuidados de saúde: transferências do utente e prevenção de úlceras de pressão.

 Prevenção de úlceras de pressão

“As Úlceras de Pressão são áreas da superfície corporal localizadas que sofreram exposição
prolongada a pressões elevadas, fricção ou estiramento, de modo a impedir a circulação local, com
consequente destruição e/ou necrose tecidular.” (DGS, 2007).

a. Classificação das úlceras de pressão

i. Grau I

Presença de eritema cutâneo que não desaparece ao fim de 15 min de alívio da pressão.
Apesar da integridade cutânea, já não está presente resposta capilar.

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ii. Grau II

A derme, epiderme ou ambas estão destruídas. Podem observar-se flictenas e


escoriações.

iii. Grau III

Ausência da pele, com lesão ou necrose do tecido subcutâneo, sem atingir a fáscia
muscular.

iv. Grau IV

Ausência total da pele com necrose do tecido


subcutâneo ou lesão do músculo, osso ou estruturas de
suporte (tendão, cápsula articular, etc.).

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b. Fatores de Risco de úlceras de pressão

i. Fatores intrínsecos

1. Vasculares: incluem alterações como arteriopatias obliterantes, insuficiência


venosa periférica e microarteriopatia diabética.

2. Neurológicos: alterações da sensibilidade, da motricidade e do estado de


consciência, podem induzir situações de imobilidade ou agitação, que favorecem as
forças de pressão e/ou de fricção.

3. Tópicos: a diminuição da elasticidade da pele, a perda de gordura sub-


cutânea e a atrofia muscular, levam ao aparecimento de proeminências ósseas
mais salientes, facilitadoras do aparecimento de úlceras de pressão, sobretudo em
pessoas idosas

4. Gerais: neoplasias, febre, infecções, desnutrição, fármacos (córticosteroides,


analgésicos e sedativos) que possam diminuir a sensibilidade.

ii. Fatores extrínsecos

São as forças físicas que actuam a nível local, como compressão prolongada, fricção
e estiramento.

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c. Medidas de Alívio de Pressão

Medidas de alívio de pressão

Áreas de risco O A localização das úlceras está associada às


proeminências ósseas
O São áreas preferenciais para o seu
aparecimento
O região sacro coccígea
O região trocanteriana / crista ilíaca
O região isquiática
O região escapular
O região occipital
O cotovelos
O calcâneos
O região maleolar.

Medidas de conforto, higiene e O Observação da pele e cuidados específicos


hidratação cutânea O Manter a pele seca (e limpa);
O Lavar com água morna e sem esfregar/causar
fricção;
O Secar a pele, sem friccionar e utilizar toalhas
ou outros tecidos suaves e lisos;
O Não utilizar álcool;
O Usar sabões não irritantes e hidratantes;
O Massajar com cremes hidratantes;
O Não massajar sobre as proeminências ósseas
ou zonas ruborizadas (os capilares já estão
afectados);
O Quando presentes situações de incontinência,
a zona afectada deve ser limpa e seca o mais
rapidamente possível;
O Usar meios de protecção que não danifiquem
ou irritem a pele
Medidas de alívio de pressão O Colchões:
O Roupa:
O lençóis moldáveis, sem bordas, lisos
O roupa de tecidos naturais
O têxteis de lã de carneiro (“meias”, resguardos)
O Suportes
O Almofadas
O Almofadas e dispositivos especiais para suporte
dos pés e cotovelos
O Almofadas em “donut”(com uso limitado)

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Técnicas de alívio de pressão O Técnicas de posicionamento dos doentes:
O evitar arrastar o doente –levantar!
O distribuir o peso do doente no colchão,
evitando zonas de pressão.
O colocar o doente em posições “naturais”.
(respeitando o alinhamento corporal).
Reposicionar doentes em intervalos de 3-4 horas!!!

Alimentação O O aporte dos nutrientes necessários deverá ser,


tanto quanto possível, garantido através de
produtos naturais e uma alimentação com
confecção e apresentação “normais”, devendo o
recurso a produtos farmacêuticos (suplementos
alimentares) ser restrito aos casos em que existe
indicação estrita para tal.

d. Posicionamentos

i. Decúbito Dorsal

ii. Decúbito lateral

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4. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO
ÂMBITO DE INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE

a. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar


sob sua supervisão directa

O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão directa de uma profissional de saúde pode executar
determinadas tarefas de transferências e posicionamentos de utentes em estado critico, auxiliando o
enfermeiro.

b. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode


executar sozinho/a
O Técnico Auxiliar de Saúde, sob supervisão e orientação de um profissional de saúde pode
executar tarefas como posicionamento e transferências de utentes com mobilidade reduzida, mas que não
requerem cuidados especializados.

Por outro lado, ainda podem vigiar a pele do utente, alertando o enfermeiro sempre que haja
alterações da integridade ou aspecto da mesma.

BIBLIOGRAFIA

 RAMÉ, ALAIN ; THÉROND, SYLVIE, CO-AUT - ANATOMIA E FISIOLOGIA. LISBOA : CLIMEPSI,


2012.

 SERRA, Luís M. Alvim ; OLIVEIRA, António Fonseca, co-aut ; CASTRO, José Costa e, co-aut -
Critérios fundamentais em fraturas e ortopedia. 3ª ed. atualizada e aumentada. Lisboa :
Lidel, 2012

 CALAIS-GERMAN, Blandine - Anatomia para o movimento : introdução à análise das


técnicas corporais. São Paulo : Manole, 2002

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