Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ma rei o Go!d,nan 1
RESUf\10 : Este tex to ex plo ra alguns aspec tos do pcnsa ,nc nto de C laude
Lé, i-Strau:-.:-.a re ...pcito da história. Part inJo de uma crítica às leit ura\
reduc ionista\ de sua obra, trata-se de demonstrar do is pontos. E111primeiro
luga r. aind a qu e a rcll :~xão...ob re a hi~t6r ia oc upe na obra do autor un1a
di,n c nsão aparcntc1ncntc scc undüria, que é ju sta1ne 11tc a parti r de la qu e
se pode atin gir dim ensõ es in1portant cs e n1arginalila das do cha ,nado
c~trutur ali~n,o. Em sc ._Qu11<.lolugar,
'-
trat a-se de dc rnon~tra r qu e a reflexão
1c vi\ t ra u :-.
:-.ia na foi ca pa1. de de se nvol\'e r UJna pcrspcrcti va vcrdad c i-
ra,ncnte antropológica e não ctnocêntrica acerca da hi~tôria e da historicidade
da ~ ~oc icdadcs hu1nana s.
- 224 -
R1-.v1sT,\ DE J\NTROPOU>CIA, SAo PA Ui.O, USP, 1999,v . 42 n"' 1e 2 .
- 225 -
M ÁRCIO GOLDMAN. L tv t-ST RAUSS EO S S ENTIDOS DA HI STÓRIA
Ora, penso que, entre outras virtudes, a reflexão sobre o lugar da história
no pensan1entode Lévi-Strauss pode pe1mitir,talvez, atingir certas dimen-
sões usualrnentetidas como secundárias- ou "1nenores" - na obra daquele
que é indubitavehnente un1autor "tnaior". Pois o terna da história, e1nseus
1núltiplos sentidos, petmeia a obra de ponta a ponta, algu1na~vezesde modo
explícito, outras de fo1111a n1ais discreta. Entre os textos capitais estão, sem
dúvida, "História e etnologia", de 1949, "Raça e história" ( 1952), a "Aula
inaugura]" ( 1960), "As descontinuidades culturais e o desenvolvimento
econô1nico" ( 1960), as entrevistas co1nGeorges Charbonnier ( 1961), os
dois últimos capítulos de O Pensc1111 ento Selvage111( 1962), o segundo
"História e Etnologia" (publicado nosAnnales em 1983), "Um outro olhar"
( 1983), História de Lince ( 199 1), "Voltas ao passado" ( 1998)- alé1n,é
claro, de trechos, 1nais longos ou 1nais cu1tos, em pratica1nentetodos os livros
/
"E co n10 acred itam os. n6s rróprios , apree nder nosso dev ir ress oa i
udança con tínu a, parece- nos qu e o conhcc i 1nc nto h ístôrico
con 10 u 1na 111
vctn ao cncon tro da ev idênc ia n1ais ínti 111a
.,. ( 1962: 292)
- 226 -
R1~v1sTA DL AN ·1ROPOI.O G IA . SAo P AU LO, US P, 1999,v . 42 n'"' l e 2.
- 227 -
M ÁRCIO GOLOMAN. L ÉVI-ST RAUSS E os SENTIDOS DA HI STÓRIA
- 228 -
RE VISTA DE ANTRO POLOGIA, SAo PA ULO, USP, 1999. v. 42 n'" l e 2.
- 229 -
MÁRCIO GoLDMAN. Lí ::v 1-STRAUSS EOS SENTIDOS DA HI STÓRIA
- 230 -
RE V ISTA DE AN ·1 ROPOLOGI /\. SAo PAULO, U SP , 1999 , v. 42 n " I e 2 .
- 23 I -
MARc10 Go LD M A N. Ltv1-STRAU SS EOS SENTIDO S DA H1 sTúRIA
- 232 -
R1 :\ ' IST/\ DL ANTROPOLOGIA. S,,o PA ULO, USP, 1999, v. 42 n<"1e 2.
- 233 -
MÁRCIO Gül.DMAN. LÉVI-STRAUSS EOS SENTIDOS DA HI STÓRIA
·-
reconhecê-la plenarnente, faze111 o possível para elin1iná-la, Lévi-Strauss
abriu o ca1ninho para u1na reflexão histórica afastada das annadilhas de ..
. ,..'
todo s os evo ]ucionisn1os e de todas as ideologias celebratórias. Livre >
. J
das falsas totalidade s e das filosofias da história, a historicidade pode
reapar ece r na f orn1a do aco ntec i,nento e do dev ir, e a história pode
reto1nar seus direitos con10 reflexão crítica.
Eu anisc,uia, !X)is,dizer que algunselos desenvolvi1nentos conte1nporâneos
usualn1entc tidos con10 absolutan1ente estranhos ao pensa1nento de 1.,évi-
Strauss encontraran1 nele o ponto de apoio a partir do qual puderan1 se
lançar - e é principaln1entena obra de Michel Foucault que penso aqui'. ,.,
Se fosse preciso atenuar u1npouco a estranheza sugerida pela idéia de
que Lévi-Strauss poderia ser situado nas origens de alguns dos quase-
- 234 -
RE V ISTA DL ANTROPOLOGIA, Si\o P AULO, USP, 1999. v. 42 n"" 1e 2.
- 235 -
M ÁRCIO GOLDMAN. LÉYI-STRAUSS E os S ENTIDOS DA HI STÓRIA
Notas
Professo r do Progra1na de Pós-Graduação cn1 Antropologia Social (Museu
Nacio nal, Universidade Federal do Rio de Janeiro); pesquisador do CNPq;
pesquisador do NuAP (Núcleo de Antropologia da Política - Pronex 1997);
autor de Ra-;.ãoe Dife rença. Af etividade, Racionalidade e Relativisnzo no
Pe11sa1ne11tode Lévy-Brulz/ (Editora Grypho/Editora da UFRJ, Rio de Janeiro,
1994).
2 Agradeço a Pcter Gow por ter n1e revelado a existência desse texto. Agradeço
ta1nbén1, de n1odo 1naisgeral, a Tânia Stolze Li,na por unia série de sugestões
acerca de pontos espec íficos do texto.
Bibliografia
G AUORIAU . M 1\R C
GO ULD. S. J.
199l ·'Thc Case of thc Crccpi ng Fox Tcrricr Clone··. ín B111/yFor Brontosau rus.
Rejlections in Naturol Jlistor_,·,Ncw Yor k. London. W . W . Norton &
Co1npany. pp. 79 -93.
- 236 -
R EVISTA DE ANTROPOLOGIA, SAo PA ULO, USP, 1999, v. 42 n'"' 1e 2.
L tv 1-STRI\USS, C.
1952 119781 "Raça e Hist6ria", in Os Pe11sodores, ,·oi. L. São Paulo, Ahri l Cultural ,
1960h 119731 "Lcs Disco ntínuité s Cu lturc llcs ct lc Dévclorpcrncnt Éco non1iquc ct
Soc ial". in Antlzropologi e Struc turol e /) eux. Pari s. Plon.
1998 "Voltas ao Passad o'', Mana. Estudos de Antropologia Social 4 (2): 107- i 7.
MERL Lll~, D.
Ü VE RING, J.
1995 "O ,nito co,no história: um problema de temp o, realidade e ou tras ques -
tões ", Mona. Es1udos ele An rropolog ia Social, 1 ( 1): 107-40.
- 237 -
MARe to GoLDM/\N. L1-:v1-STRAuss E os SENT IDOS O/\ Ht s TóR t/\
V EYNE. P.
- 238 -